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ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS / ARCO - ANO 4 - Nº 15 – ABRIL/MAIO 2010 CEARÁ Na terra de Padre Cícero, o rebanho cresce e ganha apoio oficial Páginas 10 e 11 Como eu vejo a ovinocultura Página 3 ENTREVISTA:

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abr-mai/10

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ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS / ARCO - ANO 4 - Nº 15 – ABRIL/MAIO 2010

CEARÁ

Na terra de Padre Cícero,

o rebanho cresce e ganha

apoio oficialPáginas 10 e 11

Como eu vejoa ovinocultura

Página 3

ENTREVISTA:

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abr-mai/10

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O ARCO JORNAL é o veículo informativo daASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS – ARCO Av. 7 de Setembro, 1159Caixa Postal 145 CEP 96400-901 – Bagé (RS) Telefone: 53 3242.8422Fax: 53 3242.9522e-mail: [email protected] page: www.arcoovinos.com.br

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente: Paulo Afonso Schwab1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos 2º Vice-presidente: Arnaldo Dos Santos Vieira Filho1º Secretário: Wilson Belloc Barbosa2º Secretário: Antônio Gilberto da Costa 1º Tesoureiro: Paulo Sérgio Soares2º Tesoureiro: Teófilo Pereira Garcia de GarciaCONSELHO FISCALTitularesCarlos Alberto TeixeiraRuy Armando GessingerLeonardo Rohrsetzer de LeonSuplentesEmanoel da Silva BiscardeJoel Rodrigues Bitar da CunhaFabrício Wollmann Willke

SUPERINTENDÊNCIA DO R.G.O.SuperintendenteFrancisco José Perelló MedeirosSuperintendente SubstitutoEdemundo Ferreira Gressler

CONSELHO DELIBERATIVO TÉCNICOPresidente: Fabrício Wollmann Willke

SUPERVISOR ADMINISTRATIVOPaulo Sérgio Soares

GERENTE ADMINISTRATIVOBismar Augusto Azevedo Soares

ARCO JORNALCoordenação GeralAgropress Agência de ComunicaçãoEdiçãoEduardo Fehn Teixeira e Horst Knak - Agência Ciranda Jornalista responsável Nelson Moreira - Reg. Prof. 5566/03DiagramaçãoNicolau BalaszowColaboradorLuca RisiFotografiaBanco de Imagens ARCO e DivulgaçãoDepartamento ComercialGianna Corrêa [email protected]: 51 3231.6210 / 51 8116.9782A ARCO não se responsabiliza por opiniões emiti-das em artigos assinados. Reprodução autoriza-da, desde que citada a fonte.Colaborações, sugestões, informações, críticas: [email protected] de Capa: Divulgação

Editorial

Passar uma se-mana visitando a Feinco - Feira

Internacional de Capri-nos e Ovinos - é viver a ovinocultura naquele estágio em que quere-mos chegar. Importantes e diversos criatórios mostrando o que têm de melhor em seus plantéis, palestras, debates e painéis sobre o setor, a área de pesquisa com demonstração de resultados dos seus trabalhos, a degustação de pratos com carne ovina e o encontro com as mais diversas pessoas, criadores, lideranças políticas e de associações, entre outras. A Feinco foi um mo-mento em que pudemos também ver a presença da nova raça produtora de leite e também dos trabalhos artesanais, a partir da lã naturalmente colorida. Ou seja, uma parte significativa da ovinocultura estava lá presente.

É claro que também é um ambiente que não esconde os pro-blemas do dia a dia da atividade. Até porque entre os debates e as rodas de conversas com os criadores, estes assuntos apare-cem. Como presidente da ARCO, muitos assuntos vêm ao meu conhecimento e por vezes, sou procurado para resolver certas questões. Pois foi justamente um destes problemas, que nova-mente apareceu nos debates e que ainda não temos resposta. Mas me deixou indignado, novamente. Durante a Feira fiquei impressionado com o volume de projetos de produção de carne ovina e de colocação nos mais diversos mercados, que estão em andamento. São projetos com dimensões pequenas, médias e grandes. E todos muito bem estruturados, buscando formar suas redes de fornecedores de cordeiro, trabalhando o mercado consumidor, enfim, fazendo muito bem a lição de casa. Só que a maioria acaba enfrentando um concorrente muito desleal, ve-noso, ardil; o abate sem fiscalização, o frigomato.

Volto a este assunto porque vejo que hoje isto é uma das principais travas do negócio ovino. Sei, temos que melhorar a produção dentro da porteira, utilizando melhor a nossa gené-tica que já é igual à dos países do primeiro mundo. Utilizando as tecnologias que estão disponíveis e melhorando a nossa pro-dutividade, a nossa prolificidade. Sei também que temos outros gargalos como a falta de extensão rural, ou a sazonalidade na produção de cordeiros. Mas isto se resolve muito rapidamente, creio.

As Travas da OvinoculturaO mais interessante é que para comprovar o que estou fa-

lando, recebi o balanço oficial de abates de cordeiros em 2009, realizado pelo Ministério da Agricultura com a colaboração das Secretarias Estaduais de Agricultura. Confesso que fiquei pasmo com uns dados que ali se encontram. Em todo o ano de 2009 no Distrito Federal, não houve abate oficial de ovinos. Poderíamos pensar que estes animais foram levados para ou-tros estados, pois não há abatedouro na região. Mas em todo o estado de Goiás, foram abatidos apenas 3.859 mil ovinos. Em Minas, outro estado próximo, 1.414 mil. Poderíamos pensar então que foram levados para São Paulo. Os números deste estado são 21.319 mil ovinos. Diante deste quadro só nos resta perguntar, onde está o resto?

Não estamos exportando, porque até nos falta. O rebanho é bem maior que isto e tem produzido um volume de cordeiros bem superior a estes, e então?

Ou os sistemas de fiscalização estão altamente fragilizados ou quase inoperantes, ou os setores de estatísticas não estão passando os dados para quem precisa deles. Sei que já falei deste assunto em edição passada, mas penso que se queremos realmente construir uma cadeia produtiva, que realmente fun-cione, onde nossos esforços neste sentido surtam efeitos, preci-samos de uma vez por todas começar a quebrar com as coisas que travam o crescimento sustentado da ovinocultura. De nada adianta termos projetos de produção e abate de ovinos carne pelo Brasil afora, se existe um sumidouro que consome boa parte da produção, dos recursos, dos impostos e arriscam a saúde do consumidor. De nada adianta fazer investimentos em genética, em programas de pesquisas se não temos estruturas competentes, para acabar de vez com problemas como este, do abate sem fiscalização. Creio que já fizemos encontros, seminá-rios, palestras suficientes. Já conhecemos os nós. Precisamos agora é começar realmente a desatá-los. Com a verdadeira vontade de resolver este e muitos outros problemas estruturais do setor. Do contrário, nunca sairemos desta situação em que nos encontramos, pequenos na produção, pequenos no merca-do, quase como subsistência. E a Ovinocultura não é e não pode ser apenas uma atividade de subsistência, de produção de churrascos para o fim de semana. Ela é uma atividade muito importante, que sustenta e dá empregos para uma infinidade de pessoas. É assim que devemos ver este setor, é assim que preci-samos trabalhar neste setor e é com este orgulho que devemos quebrar com todas as travas da ovinocultura.

Paulo Schwab - Presidente da ARCO

Humor

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3Entrevista

ARCO Jornal - Qual a sua per-cepção sobre a ovinocultura hoje?

Rafael Sachet - A ovinocultura é uma atividade que vem crescendo, de forma lenta mas gradativa, na maio-ria das regiões onde a mesma encon-tra-se pré-estabelecida. No entanto este crescimento é bastante limitado em função da falta de incentivo por parte dos órgãos governamentais as-sociados, ainda, a questões culturais referentes ao consumo de produtos oriundos desta espécie.

Sebastião Pereira de Faria Jr. - Minha percepção é das mais otimis-tas. O fato de o Brasil importar cerca de 70% da carne ovina que consome e ter cotas de exportação em aberto, nunca preenchidas, é a evidência de que a demanda já existe.

Alexandre Bombardelli Melo - Vejo a ovinocultura num momento de transição, percebe-se que os cria-tórios estão pensando na atividade verticaliza na produção de carne. Pas-

samos por um momento de fervor na genética, momento esse necessário e importante para atividade, mas hoje o momento é de produzir alimentos e a ovinocultura de corte vem para ser mais uma renda aos produtores rurais.

Eduardo Amato – Eu penso que a ovinocultura hoje no país tem todas as ferramentas para ser de alta qua-lidade e ter excelente produtividade. Mas encontra realidades distintas. Se, por um lado tem propriedades com alto investimento chegando a ter sete mil animais em produção, por outro, vamos encontrar rebanhos com baixa condição de produção. Esta dispari-dade causa grandes diferenças para a evolução da atividade como um todo, forçando a busca de um olhar mais atento em termos de trabalho gover-namental, em busca de um equilíbrio que leve a ovinocultura ao patamar econômico que ela merece.

ARCO Jornal - Quais os pontos positivos que você percebe na criação hoje?

Rafael - É notado que mesmo com tantos entraves corroborando com o desenvolvimento do sistema, os criadores procuram, através de re-cursos próprios, alternativas que au-xiliem no crescimento e tecnificação da ovinocultura brasileira. Visto que, os ovinos são animais extremamente

delicados e sensíveis de se trabalhar, torna-se imprescindível que o desen-volvimento de técnicas de manejo sejam aprimoradas e aplicadas junto aos sítios de produção. Fato este de-monstra o quanto os ovinocultores estão trabalhando para que a ativi-dade não esmoreça, e que a falta de recursos não seja um fator limitante no crescimento da atividade.

Sebastião - O mercado de elite parece passar por um ajuste à realida-de, enquanto surgem iniciativas sóli-das na produção comercial. Arranjos produtivos locais baseados nos con-ceitos de integração serão um divisor de águas na ovinocultura, pois permi-tem a implantação de padrões tecno-lógicos e a consequente organização da oferta.

Alexandre - Capacitação técnica dos produtores, todos envolvidos na atividade estão ávidos em buscar in-formação. Outro ponto é a genética. Nosso rebanho não perde em nada para os de outros países e nutrição de qualidade.

Eduardo – A entrada de grupos fortes, introduzindo novas tecnolo-gias, novas genéticas para a produção de ovinos carne, e a preocupação de

produtores em melhorar a produtivi-dade do seu rebanho, visualizando a atividade como um negócio. É de se ressaltar também o padrão genético que o Brasil já possui, em todas as raças que aqui são criadas. Produtos já com nível de exportação.

ARCO Jornal - E quais os nega-tivos? O que está faltando?

Rafael - Os limitados incentivos por parte dos órgãos governamentais restringem muito o aprimoramento de novas técnicas de produção devido à falta de pesquisas junto à atividade. É inevitável que se trabalhe com raças de propósitos definidos e estas tenham sua genética lapidada para que a ca-

racterística seja explorada ao máximo, promovendo, assim, melhores resul-tados em seu desempenho, potencia-lizando a lucratividade do sistema de produção adotado. Sebastião - Expan-são do conceito de integração, em que a indústria remunere melhor quem as-segura qualidade padronizada e quan-tidade regular na oferta. Acompanha-da de difusão de tecnologia para que a redução de custos se dê por ganhos de produtividade, não por redução de investimentos em tecnologia.

Alexandre - Mercado da carne, dificuldade na escala, dificuldade em manter o padrão de qualidade, poucos frigoríficos compradores e o mercado informal. Está faltando mais união dos criadores em associações e coo-perativas, mais plantas frigoríficas e marketing para incentivar o consumo da carne.

Eduardo – Se por um lado há os que investem, ainda há um grande nú-mero de produtores que se mantém em sistemas de criação antigos. Sem acom-panhamento do quanto custa produzir, com baixo investimento em tecnologia pensando que assim, terão mais lucro. Muitas vezes o produtor vai procurar novas informações no seu vizinho, ao invés de contatar com técnicos ou ins-tituições de pesquisas. Temos aí um grande número de instituições, com trabalhos que trazem resultados exce-lentes para a propriedade e que não são ao menos consultados. É preciso mudar certos conceitos que ainda são vigentes, para que a ovinocultura se transforme, definitivamente.

ARCO Jornal - Em sua opinião o produtor está motivado para investir na atividade?

Rafael - Acredito que o produtor ainda esteja motivado, caso contrário, com tantos entraves, já teria abando-nado a atividade rumando para outro setor. Outro fato, que comprova esta motivação, é o crescimento da ovino-cultura em regiões como o nordeste e a realização de grandes feiras (Feinco) as quais direcionam todas a atenções para as novidades que o mercado tem a ofertar promovendo uma grande movimentação financeira no país.

Sebastião - O produtor começa a perceber que numa economia de escala ele deve valorizar uma cadeia que lhe dê liquidez e valorize a quali-dade, em lugar de buscar imediatismo de preço no mercado sem inspeção

sanitária.Alexandre - O momento é de tran-

sição e o produtor deve ter seus objeti-vos bem claros, sabendo onde vai che-gar e como vai alcançar seus resulta-dos, ainda vemos a ovinocultura como uma diversificação das propriedades, são poucos os exemplos de ovinocul-tura como atividade principal.

Eduardo - Sim, o produtor está motivado. Principalmente quando percebe que os mercados para a carne ovina, por exemplo, estão em franca expansão.

ARCO Jornal - Em termos sani-tários, de cuidados e manejos, como está a criação brasileira?

Rafael - No Brasil, quem cria ovi-nos com intuito de produzir para capi-talizar a atividade, possui preocupação com questões como sanidade e mane-jo, visto que, ambas são de extrema importância para o correto andamento da cadeia produtiva No entanto peque-nos produtores não direcionam atenção suficiente, limitando o desempenho dos animais e, muitas vezes, perdendo estes animais por falta de uma alimen-tação correta, de vermifugações, de vacinas etc. Para um setor em cresci-mento é interessante, que mesmo, o pequeno produtor, tecnifique-se e tra-balhe com a intenção de lucrar com o sistema para o bom desenvolvimento de toda a cadeia.

Sebastião - Existem desafios ine-rentes à ovinocultura, como o contro-le de clostridioses, de parasitas e um manejo reprodutivo que permita as-segurar oferta planejada e regular de produtos para o abate. Para todos eles já temos soluções tecnológicas dispo-níveis, o desafio é fazê-las chegar ao mercado.

Alexandre - No aspecto sanitá-rio, ainda esbarramos no desafio da verminose e na baixa utilização de vacinas nos rebanhos ovinos. Com relação à verminose, o grande segre-

do é o bom manejo do rebanho com rotação de pastos, uso do método Fa-macha®, OPG, e vermifugação estra-tégica, nessa ordem de importância, pois não temos moléculas milagrosas, e também de nada vale vermifugar o rebanho a cada 15 ou 30 dias se não aplicarmos as medidas acima.

Eduardo – Muito se perde ainda por não seguir as indicações técnicas para esta área que é tão importante. Há um grupo empresarial no Brasil, que vem pregando o cumprimento de um rito na questão sanitária. Que se trabalhe com um calendário sanitá-rio, cumprindo à risca as datas e os eventos ali propostos, evitando assim, perdas por doenças.

ARCO Jornal – O que você vê como necessário ser feito em termos de mudanças no setor?

Rafael - É importante que as asso-ciações organizem-se e trabalhem em cima de novas e aprimoradas técnicas de produção incentivando os produ-tores a adotarem estas, direcionar as raças, bem como, a adaptabilidade de cada uma, para regiões onde possam

ser exploradas ao máximo promo-vendo, assim, o desenvolvimento das regiões.

Sebastião - Todos os aspectos de manejo devem ser estruturados em pa-cotes tecnológicos, adotados por gru-pos de criadores para atender a uma demanda específica. Quem tem poder de coordenar esse sistema é a indústria, com política de preços para fidelizar sua cadeia de suprimento. O equilíbrio de forças com os produtores depende do associativismo, de ver meu vizinho como parceiro e não como concorren-te. O governo ajudar como catalisador dessa organização da cadeia.

Alexandre - O que ainda estamos falhos é com relação ao mercado da carne, e aí vale o apoio do governo em incentivar o marketing da carne, facilitar financiamentos para frigorífi-cos, associações e cooperativas.

Eduardo – A ovinocultura tem mostrado que traz ganhos a quem se dedica a esta atividade. Mas é preciso vê-la como atividade econômica e isto é uma mudança que muitos criadores precisam fazer na sua mentalidade. Organizar a cadeia produtiva também é uma necessidade. Acredito que tudo isto é possível e, aos poucos estamos caminhando neste sentido. •

Como eu vejo a Ovinocultura no BrasilEles são gerentes de produtos para ovinos ou consultores. E passam boa parte do seu tra-

balho viajando pelo Brasil, em feiras, em reuniões técnicas, visitando propriedades. Por conta disto acabam conhecendo a ovinocultura brasileira como ela realmente está, neste momento. O ARCO Jornal foi conversar com alguns destes profissionais a fim de obter estas respostas. Participam desta matéria Rafael Sachet, Gerente Técnico da Nuvital Nutrientes, Alexandre Bombardelli Melo, Gerente de Produtos para Ovinos e Caprinos da Tortuga Nutrição Animal, Eduardo Amato Bernhard, da Ovitec - Assessoria e Consultoria Veterinária Especializada em Ovinos, e Sebastião Pereira de Faria Jr., Gerente Técnico – Pecuária da Intervet Schering-Plough Animal Health.

Rafael Sachet

Alexandre Bombardelli

Sebastião Pereira de Faria

Eduardo Amato Bernhard

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4Notícias da ARCO Notícias do S.R.G.O.

DATA EVENTO LOCAL

02/12/09 Reunião da Câmara Setorial Salvador/BA01 a 04/12/09 Fenagro Salvador/BA04/12/09 2º/09 Reunião Extraordinária do CDT Bagé/RS08/12/09 Comissão Organizadora Fenovinos 2010 Ponta Grossa/PR18 a 20/12/09 Feira de Verão – Febrocarne Esteio/RS11 e 12/01/10 Reunião Extraorinária do CDT Bagé/RS15 a 17/01/10 II AGROVINO Bagé/RS21 a 27/01/10 Mercotexel Santana do Livramento/RS28 a 31/01/10 XXVI FEOVELHA Pinheiro Machado/RS10 a 13/03/10 VII Feinco 2010 São Paulo/SP

16/03/2010Comissão de Avaliação do pleito do reconhecimento do grupamento genético ovino Soinga como raça

Brasília/DF

14 a 18/03/10III Curso Sênior para Formação do Quadro de Jurados da ABC Dorper

Jaguariúna/SP

19/03/2010Reunião com ABC Dorper para atualização dos Padrões Raciais das Raças Dorper e White Dorper

Jaguariúna/SP

22 a 24/03/10 Auditoria Técnico-Fiscal e Operacional do MAPA Bagé/RS

08 e 09/04/10Comissão de Elaboração Regulamento de Exposições Oficiais

Bagé/RS

12/04/10 Reunião com o MAPA e CNA Brasília/DF

16/04/2010Reunião com Sr. Alistair Polson, designado pelo governo da Nova Zelândia

Porto Alegre/RS

20/04/1021ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos

Brasília/DF

“A ARCO tem por prática pre-miar em suas exposições oficiais, aqueles exemplares que mais se destacam entre todos, com a faixa de Grande Campeão. Temos aqui, uma pessoa que pode ser conside-rada Grande Campeã, pois vem se destacando no cenário da ovi-nocaprinocultura, principalmente depois de sete edições desta fan-tástica feira que é a FEINCO”, Com estas palavras o presidente

Empresas Importadoras de Material Genético

A Superintendência do SRGO - ARCO comunica às firmas importadoras de material genético (embriões, sêmen, ovócitos) que ao procederem à im-portação do mesmo, devem exigir do exportador a tipagem por DNA dos do-adores e doadoras. Além da documentação exigida pelo MAPA é obrigatório a apresentação de documentos fornecidos por Laboratórios credenciados no órgão oficial do país exportador, que especifique o DNA dos doadores e doadoras, sem o que o aludido material não será registrado no Serviço de Registro Genealógico da ARCO.

Reiteramos que a exigência da tipagem de DNA dos doadores de mate-rial genético importado, já é vigente desde janeiro de 2009.

Associados e Inspetores TécnicosI. Base legal1) Artigos 117, 118, 119 do Capítulo XIV da Instrução Normativa nº.

2 de 14/01/2004 – MAPA: os Serviços de Registro Genealógicos deverão exigir teste de comprovação de parentesco em 100% dos produtos nascidos da técnica de transferências de embriões, em 5% dos produtos nascidos de inseminação artificial e em 3%dos produtos nascidos de monta natural.

2) Regulamento do R.G.O. – Da Comprovação de Parentesco – Artigo 62, Capítulo XVII, através do qual torna obrigatória a aplicação das deter-minações da Instrução Normativa nº.2.

II. Registro Genealógico do Material Genético ImportadoEm cumprimento aos citados artigos da Instrução Normativa nº.2 do

MAPA e do Regulamento do R.G.O. – ARCO, comunicamos aos senhores as-sociados que todo o material genético (embriões, sêmen, ovócitos) importados terá que estar acompanhado de documento que comprove a tipagem por DNA dos doadores e doadoras, sem o que não será registrado na ARCO, bem como também não serão registrados os produtos originados do mesmo.

PROCEDIMENTOA colheita do material (sangue ou pelos) para comprovação de parentes-

co dos produtos por teste de DNA, deverá ser feito pelo Inspetor Técnico da ARCO, por ocasião do Inspeção ao Pé da Mãe.

Quando os produtos forem originados de IA ou de Monta Natural e as mães ou pais ainda não tiverem tipagem por DNA, o Inspetor colhera de material dos mesmos.

Tipagem por DNA dos doadores de material genético importado terá que ser feita por Laboratório credenciado em Órgão Oficial do país exportador.

O teste de comprovação de parentesco terá que ser realizado por labo-ratório credenciado no MAPA. Os custos de todo o procedimento, envio de material e outros será de responsabilidade do criador.

Os resultados dos testes terão que ser enviados diretamente para a ARCO.

Reiteramos que a exigência da tipagem de DNA dos doadores de mate-rial genético importado, já é vigente desde janeiro de 2009. •

ARCO homenageia diretor do Agrocentroda Associação Brasileira dos Cria-dores de Ovinos, ARCO, Paulo Schwab, homenageou ao diretor do Agrocentro, empresa responsá-vel pela organização da FEINCO, Décio Ribeiro dos Santos, com a entrega de uma faixa de Grande Campeão, confeccionada em lã. Segundo Décio, foi uma homena-gem inesperada, mas que o deixou muito feliz, pelo reconhecimento do trabalho que desenvolve. •

Comunicados

Agenda da ARCO

Dar início a um pro-grama de intercâm-bio técnico científico

e comercial entre o Brasil e a França é o principal objetivo do Convênio assinado entre a Associação Brasileira de Cria-dores de Ovinos, ARCO, e a Escola Superior de Agricultu-ra da Normandia, na França, em solenidade que aconteceu na Feinco, Feira Internacional de Caprinos e Ovinos, reali-zada de 8 a 13 de março, na capital paulista. A ideia deste convênio surgiu da vontade da Escola de Angers de contri-buir para o aprimoramento da ovinocultura brasileira, o que foi bem aceito pela ARCO.

Para o representante da Ins-tituição Francesa, Jean-Yves Carfantan, a troca de informa-ções vai ser muito importante

ARCO assina convênio com EscolaSuperior de Agricultura da França

para os dois países, principal-mente se for possível que téc-nicos brasileiros ou mesmo criadores, possam ir até a Fran-ça conhecer a realidade do país em termos de criação e produ-ção de ovinos. “Temos exper-tise nas áreas de carne e leite, por exemplo, e muito podemos contribuir para o criatório bra-sileiro”, assinala o professor. O presidente da ARCO, Paulo Schwab, concorda com Jean-Yves e comenta que também o Brasil pode fornecer tecnolo-gias e conhecimentos para os franceses. “A troca de infor-mações e conhecimento sem-pre será bem vinda e sempre enriquecerá o desenvolvimen-to da ovinocultura brasileira”, ressalta Schwab.

O convênio já está em anda-mento. Thomas Dumont é um

estudante da Escola de Angers que está no Brasil, visitando es-tados e propriedades para fazer seu projeto de estágio e mes-trado em Zootecnia. Sua tese será sobre a cadeia produtiva da ovinocultura no Brasil, bus-cando elaborar um diagnóstico e encaminhar soluções.

Thomas diz que neste pri-meiro mês pode ficou a maior parte do tempo no Rio Grande do Sul. Segundo ele existem alguns pontos que a cadeia produtiva poderia melhorar já desde agora, mas prefere não comentar, na medida em que ainda não falou com todos os elos. O estudante deve ficar no Brasil por seis meses e ao final de sua pesquisa deve apresen-tar os resultados para os cria-dores brasileiros e também em sua escola, na França. •

Foto: Nelson Moreira

Décio Ribeiro dos Santos

Jean-Yves Carfantan, Paulo Schwab e Arnaldo Vieira assinaram convênio

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5Notícias do Brete

O programa “Pronaf Mais Ali-mentos”, linha de crédito criada no Plano Safra 2008/09 para reforçar a infraestrutura das unidades produti-vas da agricultura familiar, também vai atender projetos de caprino-ovi-nocultura. A resolução publicada pelo Banco Central beneficia, prin-cipalmente, agricultores familia-res do Nordeste, onde a atividade, hoje, representa 600 mil contratos do Pronaf do BNB - Banco do Nor-deste, o que corresponde a 40% das operações de crédito rural do ban-co. O limite de crédito é de R$ 100 mil, que podem ser pagos em até 10 anos, com juro de 2% ao ano e carência de até 3 anos. Os projetos

A Tortuga lançou campanha de incentivo ao consumo de carne de cordeiro, com a distribuição de três mil adesivos com o slogan: “Você já provou carne de cordeiro? Surpreenda-se”. “Esta carne é muito diferente, tanto em sabor, quanto em cor, textura e características nutricionais, em relação a outras carnes comer-cializadas no mercado. Cordeiro é um animal jovem e com carne de qualida-de. Estamos reforçando esta diferença aos consumidores e visitantes da Feinco 2010”, destaca Vicente Farias, gerente comercial da empresa.

Durante a feira, a Tortuga também realizou a 3ª Reunião do Grupo Gestor de Caprinos e Ovinos, que congrega técnicos de todas as regiões do País com a intenção de discutir a cadeia produtiva e os anseios do campo, assim como lan-çamentos e desenvolvimentos de novos produtos de acordo com as necessidades dos produtores. •

“Os estudos sobre o agronegócio da ovinocaprinocultura no Brasil não têm ocupado amplamente os espaços nas estantes

das bibliotecas, embora seja notória a importância econômica e social dessa atividade”. Pensando nisto a Universidade de

Brasília, através do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Agronegócios lançou um livro intitulada Gestão e Organização

no Agronegócio da Ovinocaprinocultura, em parceria com o Sebrae. A publicação reúne pesquisas realizadas em importantes regiões do país, onde a atividade se faz presente, e, em especial, no Distrito Federal. São diferentes abordagens, mas que focam e buscam informar ao leitor, práticas de Gestão da atividade. O trabalho foi organizado por Josemar Xavier Medeiros e Marlon

Vinícius Brisola. •

A Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos do Paraná está com nova diretoria. Em reunião realizada no dia 7 de abril, em Londrina, Paraná, foi escolhido como o novo Gerente Executivo Tarcísio Bartmeyer, que trabalha na Cooperativa Castrolanda. A secretaria ficou com Adriana Azevedo da Cooperaliança, de Guarapuava. Segundo o ex-gerente e presidente da Coopercapana, Ricardo Luca, os dois primeiros anos fo-ram ocupados principalmente com o debate e a busca de soluções para a questão do abate não oficial de ovinos. Ele revela que foram feitas ações junto às esferas governamentais, de todos os níveis, na busca de conscientizar os órgãos de fiscalização, sobre a importância de reprimir esta prática. “Tentamos mostrar que era um assunto de saúde pública, que a população corria riscos por consumir carne sem fiscalização”, salientou Luca.

O ex-gerente afirmou que o trabalho para os próximos dois anos estará focado na criação de Conselhos de Sanidade Animal e ter maior representatividade da Câmara, junto ao Governo Estadual. •

O Projeto para o Desenvolvimento da Ovinocul-tura em pequenas e médias propriedades, realiza-do em São Gabriel, RS, está completando um ano. Conforme o seu idealizador, o veterinário e Inspe-tor Técnico da ARCO, José Galdino Garcia Dias, um dos principais objetivos era o aumento e incen-tivo desta atividade na Região do Pampa Gaúcho, onde a ovinocultura é tradição. Ele visava a melho-ria da qualidade dos rebanhos (tanto no aspecto ge-nético como nutricional e sanitário), o aumento da produção e comercialização da lã e da carne ovina, buscando a organização da cadeia produtiva e con-seqüentemente o aumento da renda dos pecuaristas familiares e diminuição do êxodo rural.

“Também projetamos como objetivo secundário o incentivo e incremento do Artesanato em Lã na região e sua comercialização, sendo este uma ótima alternativa de geração de renda, em especial para as mulheres rurais”, salientou Galdino.

O veterinário lembra que em dezembro de 2008 o Programa Municipal de Ovinocultura beneficiou 116 pequenos produtores, pecuaristas familiares de São Gabriel com a entrega de 2320 borregas RD das raças Corriedale, Ideal e Merina Australiana e 102 carneiros melhoradores SO. Cada produtor re-cebeu 20 borregas (dente-de-leite e dois dentes) e um carneiro. Os produtores assinaram contrato se comprometendo a pagar 1kg velo/borrega/ano por três anos consecutivos pelos animais recebidos; bem como a cuidar e zelar pelos animais, receber e prestar as informações requeridas pelos técnicos das entidades envolvidas na execução do Progra-ma (Emater/RS-Ascar; Cooperativa de Lã Tejupá e Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Am-

Projeto de ovinocultura emSão Gabriel completa um ano

biente).Para Galdino os resultados esperados no pri-

meiro ano do Projeto são de 80% de natalidade, 61% de assinalação e uma mortalidade de 5% do rebanho e 19% dos cordeiros nascidos uma vez que muitos produtores ainda estão se adaptando com a nova atividade. “Acreditamos que através dos cursos que vêm sendo oportunizados para os contemplados com os ovinos deverá se elevar estes índices para o próximo ano”, destaca ele, acrescen-tando que está satisfeito pois o que se pretendia com este projeto era mostrar que a ovinocultura é uma atividade rentável para as Pequenas e Médias Propriedades de nosso Município”, ressalta.

Segundo o idealizador do Projeto os Produtores Familiares estão gerando mais renda para suas pro-priedades com da criação de Ovinos e muitos estão se mostrando entusiasmados com a nova ativida-de pois estão conseguindo incrementar os ganhos. “Tenho a certeza que com os resultados obtidos neste ano e nos próximos teremos condições de pleitearmos mais verbas junto ao Governo Estadual e Federal para o incentivo da Ovinocultura de nos-sa região”, acredita ele. Hoje o Projeto já tem como Fundo para Assistência Técnica para as Produtores 2.320 Kg de lã depositados na Cooperativa de Lã Tejupá que vai dar R$ 9.512,00 reais para serem usados no ano de 2010. “Queremos ainda formar uma APL (Arranjo Produtivo Local) para a comer-cialização da produção de cordeiros dos pecuaris-tas familiares participantes do programa. Além da produção do programa, muitos já têm a sua produ-ção própria, sendo estimada neste primeiro ano em torno de 2000 cordeiros”, conclui Galdino. •

Sebrae e UNB lançam livrosobre Gestão da Ovinocultura

Muda diretoriada Câmara Setorial do Paraná

Ovinos e caprinos agora no Pronafcontemplam, agora, também a pro-dução de ovinos e caprinos.

O gerente do Pronaf e do Pro-grama Nacional de Crédito Fundi-ário do Banco do Nordeste (BNB), Luis Sérgio Machado, avalia a nova oportunidade para os agricultores: “a ovinocaprinocultura tem o seu maior rebanho no Nordeste.

É uma produção que cresce em escala geométrica”. Agora, o pro-dutor poderá fazer investimentos na construção de açudes; melhoria de pastagens; produção de silagem e feno para armazenagem e ali-mentação dos animais nos perío-dos de estiagem; e melhoramento genético. •

Tortuga lança campanha de incentivoao consumo de carne de cordeiro

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6Reportagem

O veterinário Rafael Mora-es Renner, reconhecido no Brasil como um dos

especialistas de maior competên-cia neste tema, oferece informa-ções baseadas em pesquisas onde foi constatado que os animais têm capacidade de sofrimento. A com-provação se dá no fato de que os animais têm memória. “Um animal tem capacidade de recordar uma experiência negativa por três anos ou mais, ou seja, por praticamente toda a sua vida útil”, alerta. Para o técnico, se algum animal se tornou arredio em função de algo negati-vo que lhe aconteceu, é melhor que este indivíduo seja imediatamente eliminado, ou vai influenciar ne-gativamente outros animais. “O animal precisa estar adaptado ao ambiente onde vive”, orienta Ren-ner. Além, é claro, mantendo sua alimentação, nutrição, manejo téc-nico responsável e cuidados.

“O manejo humanitário dos animais está definido como um conjunto de medidas para diminuir a tensão, sofrimento, traumatismo e nas ações de comercialização, transporte e sacrifício”, diz. Ele adverte que a saúde física e mental dos animais deve ser considerada. “O animal deve estar em completa harmonia com seu ambiente, como também devemos nos preocupar com a adaptação em outros am-bientes desenhados pelo homem, para que não lhes cause sofrimen-to”, ressalta. As vantagens nos pro-cedimentos corretos do ponto de

Bem-estar animal é garantia de saúdeA definição de Bem-Estar Animal, assunto que ocupa cada vez mais espaço junto

ao produtor pode ser descrita resumidamente como a ausência de dor e sofrimento, como também a ausência de experiências negativas durante a vida dos ovinos. As boas práticas oferecem expressivos ganhos para a cadeia produtiva da carne. Para o pecuarista significa maiores taxas de fertilidade e desfrute do rebanho, maior resistência às enfermidades, maior produtividade por hectare, maior rendimento de carcaça, melhor resultado financeiro, entre outras vantagens.

vista da indústria representam: car-caças padronizadas e de alta qua-lidade, maior rendimento durante a desossa, maior competitividade e, com isto, a obtenção de merca-dos com poder de remuneração. E para o consumidor significa ter qualidade e segurança no produto adquirido.

Os frigoríficos, no entendi-mento do supervisor corporativo de Bem-Estar Animal do Marfrig Alimentos, Stavros Platon Tsei-mazides, também incentivam os maiores cuidados com os ovinos. “Primeiramente por questões éti-cas; respeito aos animais e pelo fato de ser possível melhorar a ren-tabilidade para toda cadeia através da minimização de perdas quanti-tativas e qualitativas da carne”. A razão disso é bastante evidente: é preciso oferecer aos mercados,

cada vez mais exigentes, produtos com qualidade superior. Tseima-zides lembra que o transporte dos animais é uma fase muito impor-tante na produção. “Muitos ani-mais que são transportados para abate nunca passaram por essa ex-periência anteriormente. Por esse motivo devemos ter o máximo cuidado possível. Essa é uma das etapas do manejo pré-abate que pode comprometer a qualidade da carne”. Ele diz ainda que em todo o processo pré-abate, o pecuarista na verdade não aumenta o lucro e sim diminui prejuízo causado pelo manejo impróprio.

O quê é preciso fazer? - O primeiro passo é preocupar-se no modo como está acontecendo a lida dos animais e é essencial a busca de apoio técnico que vai ajudar na verificação da qualidade

das carcaças entregues à indústria. Renner aconselha que o produtor deve assistir aos abates para reco-nhecer o tipo de animal e o acaba-mento da carcaça produzida. Com isso, verificar a presença ou não de lesões, a sua gravidade, extensão e origem das mesmas e o que isto significa no rendimento e no valor final do seu produto. “O que não pode mais acontecer é o produtor

carregar os animais e apenas ficar contabilizando os lucros. Uma coi-sa eu posso afirmar, nem sempre um bom lucro significa qualidade final da carcaça”. E ele assinala que na maioria das vezes aquele produtor que apresenta maior ren-dimento de carcaça nem sempre recebe o maior valor por elas devi-do à presença de lesões, sejam elas contusões ou reações às vacinas.

Outra providência, não menos importante, diz respeito às insta-lações e ao pessoal envolvido no trato dos animais. O custo disso

é pequeno, pois não implica na construção de novas instalações. O veterinário recomenda apenas a conservação das áreas já existentes e considera como fundamental a capacitação dos funcionários atra-vés de treinamentos específicos. Renner destaca alguns itens a se levar em consideração e determi-nantes na maior qualidade final da carcaça:

- Procurar manejar os animais com muito cuidado desde novos.

- Trabalhar com poucos ani-mais, sem pressa, sem correria, sem gritos.

- Procurar não trabalhar com cachorros durante o manejo.

Experiências positivas - Um exemplo da aplicação do Bem-Es-tar Animal vem da Fazenda Campo Verde, propriedade com 600 hecta-res, em São Paulo e que aplica cui-dados especiais na criação de ovi-nos. As instalações são muito bem cuidadas e os pastos, divididos

Resultado: carne de qualidade na mesa do consumidor

Técnicasmodernas de manejo

utilizamos bretes

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- Ao lidar com os animais, evitar agressões com traumas- As instalações devem ser revisadas periodicamente para que não aconteçam lesões nos ovinos- Planejar os trabalhos que serão realizados durante o dia- Os embarcadouros devem estar em condições para o carregamento do caminhão

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em piquetes, destinam-se à cria-ção. São duas mil cabeças, com a finalidade da seleção genética, e a formação de matrizes e reproduto-res. Na baia-maternidade ficam os cordeiros até os dez dias de vida. O chão é protegido para evitar a umi-dade. Depois de dez dias de vida, os borregos e as mães mudam de ambiente. Nos barracões, os co-chos foram projetados de uma for-ma que a comida pode ser servida pelo lado de fora. “Facilita no trato dos animais, pois anteriormente quando o cocho era interno, de-morava quase um dia inteiro para tratar todos os animais”, contou o veterinário Manoel Cunha.

Com dois meses de vida os cordeiros são transferidos para pi-quetes. São dez em cada módulo, sendo que as divisões têm mil me-tros quadrados. Todos os piquetes, usados num sistema de rotação de pastagem, têm acesso a um galpão onde os cordeiros podem se prote-ger do sol e da chuva e tem ainda água e suplementação alimentar. O curral foi baseado nas instalações idealizadas pela doutora Temple Grandin, uma psicóloga america-na especializada em instalações de currais. No Brasil, o curral com os corredores redondos é uma no-vidade na criação de ovinos. “É realmente uma vantagem porque os animais não se machucam”, ex-plica o administrador da fazenda, Lucas Heymeyer. No momento em que há necessidade de reali-zar transporte para exposições, são utilizadas gaiolas climatiza-das instaladas em um ônibus, com capacidade para levar 40 cabeças de uma só vez. Como a filosofia na propriedade não é apenas cui-dar do bem-estar dos animais, os funcionários além de trabalharem dentro das normas de segurança, também recebem treinamento e atualização.

Outra experiência acontece na Fazenda Campomar, distrito de Sucatinga, no município de Bebe-ribe, CE, onde são criadas matrizes através do sistema de cruzamento industrial para a produção de ani-mais mestiços. As unidades che-gam à fase de abate precoce aos cinco meses, quando atingem de 38 a 40 quilos de peso vivo. “Pro-duzimos uma carne de alta quali-dade, mais macia, que atende a um exigente mercado, com demanda crescente”, afirma o veterinário Michael Medeiros, responsável pela ovinocultura na proprieda-de do pecuarista Victor Sampaio.

Medeiros destaca que uma das preocupações do criatório, além de assegurar a qualidade genética do rebanho, é garantir o conforto ambiental para os animais. A meta é livrá-los de qualquer situação de estresse, como forma de obter a sa-nidade plena.

O manejo é desenvolvido por etapas, a primeira acontece na esta-ção de monta, por 60 dias, quando as fêmeas são soltas em piquetes no campo aberto para o cruzamen-to. Após exame de ultrassonogra-fia, as fêmeas prenhes são separa-das em piquetes-maternidade. Na fase seguinte, mães e crias ficam

em baias coletivas. Com dez dias de vida os filhotes iniciam no sis-tema de cocho privado. Nas baias coletivas, há uma área restrita para alimentação das crias, com ra-ção concentrada rica em proteína, energia e minerais. Após 60 dias, são desmamados, passando a no-vas baias coletivas, até a fase do abate. Em todas as etapas, o con-forto ambiental é assegurado com áreas de sombreamento, água lim-pa e alimentação adequada a cada fase.

Onde pesquisar? - A Univer-sidade do Vale do São Francisco (Univasf) é fonte de informações para pesquisadores e proprietários rurais interessados em atualizar os seus conhecimentos sobre o tema. A professora, Silvia Helena Tur-co, mestre em Ciência Animal, é uma das técnicas que destaca a importância do Bem-Estar Animal e oferece recomendações relativas às vantagens de se contar com es-paços de higiene adequados para alimentação e o manejo de forma geral. “Isso favorece o controle de doenças, reduz o desperdício de alimentos, facilita a mão de obra para tarefas diárias e promove o bem estar para o desempenho pro-dutivo”. Ela explicou que as práti-

cas inadequadas trazem prejuízos aos criadores. “Um ambiente des-confortável somado a alta tempe-ratura e o estresse térmico, fazem com que o rebanho tenha sua pro-dução de carne e leite prejudica-da”, frisou. Ela defende alterna-tivas para facilitar a atividade de limpeza de apriscos e instalações, fazendo com que este trabalho se dê da forma mais rápida possível. Como exemplo, citou os come-douros feitos de bombona plásti-ca. “É um material leve, durável e que diminui a quantidade de horas na limpeza”, orienta.

O Grupo de Estudos e Pesqui-sas em Etologia e Ecologia Ani-mal (ETCO), em Jaboticabal, SP, é outra entidade que disponibiliza informações e orientação sobre Bem-Estar Animal. Um de seus técnicos, Adriano Gomes Páscoa, doutor em zootecnia e pesqui-sador, diz que não é necessário um alto investimento nas insta-lações. “O mais importante é ter uma equipe comprometida com o trabalho de manejo. De nada vai adiantar um local moderno para as atividades se os funcionários não tiverem o treinamento adequado para as ações junto ao rebanho”, destaca. •

O confinamento salubre é outro item a ser considerado

Instalações adequadas garantem conforto aos ovinos Manejo deve ser tranquilo, sem gritos e de preferência sem cães

aos ovinos e lucro ao produtor

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8Feiras

Ponta Grossa sedia o principal evento da ovinocultura brasi-leira de 25 a 30 de maio, reunindo os melhores exemplares das mais importantes raças e contando com Encontro In-

ternacional, reunindo experts de três continentesJá estão abertas as inscrições para a mais importante feira de

ovinos do país, a 22ª. Fenovinos – Feira Nacional Rotativa de Ovinos, que Ponta Grossa (PR) vai promover entre os dias 25 e 30 de maio, no Centro Agropecuário do município. A inscrição poderá ser feita pela internet, no site da Arco - www.arcoovinos.com.br, para sócios que possuíres login e senha. Para os demais, entrar em contato pelo telefone (53) 3242.8422 e pedir formulário de inscrição. Na página da Fenovinos haverá um link para o site da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, onde estará a ficha de inscrição.

De acordo com o secretário de Agricultura de Ponta Grossa, Fernando de Paula, a realização desta edição da Fenovinos, a pri-meira fora do Rio Grande do Sul, é uma prova da força da região no setor. “É um setor promete despontar nos próximos anos. A Fe-

Ponta Grossa prepara 22ª. Fenovinos

Fotos: Nelson Moreira

A 7ª edição da Feira Inter-nacional de Caprinos e Ovinos – Feinco 2010,

realizada no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, apre-sentou a elite da genética de ovinos e caprinos do rebanho nacional. Em cinco dias, o evento recebeu 26 mil visitantes e reuniu 4.200 animais de 20 raças diferentes, de 250 criadores. Destes, 2.200 parti-ciparam das pistas de julgamentos. A feira contou com a presença de 180 empresas expositoras de seto-res diversos. A pesquisa teve opor-tunidade de divulgar as novidades para o setor e as empresas apresen-taram novas tecnologias, produtos e serviços.

Os nove leilões realizados mo-vimentaram R$ 3,11 milhões, com a venda de 342 lotes de ovinos Santa Inês, Dorper e Texel, além de caprinos da raça Anglonubia-na. Este ano, os leilões oferecerem animais top de linha, de rebanhos consagrados, resultado de seleção

Feinco 2010 supera expectativas

dirigida para pista ou para produ-ção de carne. “Optamos por uma agenda mais enxuta, com ênfase

na qualidade”, afirma Santos.O ponto alto da Feinco foi o V

Congresso Internacional, que reu-

niu especialistas brasileiros, de ins-tituições e entidades, como Sebrae, Embrapa, FMVZ/USP, UFPR, Sin-

dicarne, além de palestrantes inter-nacionais da Espanha e da França. Debates realizados no Congresso, nas palestras paralelas e mesmo as conversas informais pelo pavi-lhão apontaram novos rumos para a consolidação da cadeia produtiva de ovinos e caprinos, que precisa se organizar e se profissionalizar para atender à demanda do mercado.

Entre as atrações, chamou aten-ção a Cozinha Interativa Feinco / Savana 2010, onde puderam ser degustadas receitas à base de car-ne de cordeiro e debates sobre o cenário e tendência do mercado e consumo de carne. Outro atrativo foram os cães especializados em pastoreio - Border Collie, Austra-lian Cattle Dog, Pastor de Shetland e Kuvaz. A 3ª Exposição Especiali-zada de Cães da raça Pastor Mare-mano Abruzês destacou a aptidão desta raça para o pastoreio e tam-bém para as exposições de beleza (leia ARCO Jornal de fevereiro/março 2010). •

novinos será uma ótima oportunidade para que todos debatam a ovi-nocultura, não só no Estado, mas em todo o Brasil, o que contribuirá para o desenvolvimento e o fortalecimento do setor na região”.

A Fenovinos foi criada em 1987 pela Arco com o intuito de fomentar o desenvolvimento da ovinocultura em regiões onde ela ainda não está firmada como força produtiva. Em suas 21 edições, o evento nunca havia saído do Rio Grande do Sul. Ponta Grossa é a primeira cidade fora do estado a realizar a exposição. A próxima ci-dade a sediar a Fenovinos, em 2011, será decidida pelos expositores no último dia do evento em Ponta Grossa.

O grande diferencial desta edição, de acordo com o secretário Fernando de Paula, é o Encontro Internacional de Ovinocultura, que será desenvolvido no Centro de Eventos “Cidade de Ponta Grossa” no dia 25 de maio, e contará com a presença de destacados experts no setor. O evento será aberto pelo prefeito Pedro Wosgrau Filho e pelo reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, João Car-los Gomes, e terá entre os palestrantes o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), dr. Paulo Schwab, que

falará sobre “Cordeiro Qualidade”, a partir das 9h. A seguir apre-senta sua conferência Dave Richards, general-manager da New Zealand Farmers Ltd., de Londres (Inglaterra), tratando da In-tegração Internacional da Cadeia e Mercado Mundial da Carne Ovina. A conferência será seguida de um debate, que terá como moderador o dr. Fernando Gottardi, da Rissington Brasil/Marfrig Group, de Araçatuba (SP). No período da tarde, retomando a pro-gramação, Simon Glennie, agribusiness consultant da AbacusBio Ltd., de Dunedin, Nova Zelândia, fala sobre “Eficiência Produti-va na Indústria Ovina da Nova Zelândia”. A conferência também será seguida por um debate, que terá como moderador Bruno F. S. Santos, da Áries Reprodução e Melhoramento Genético Ovino Ltda. e da AbacusBio Ltd., de Botucatu (SP).

A programação da Feira em si prevê exposições e leilões de diversas raças, com os primeiros julgamentos ocorrendo no dia 26, e os leilões começando com lotes de animais das raças Dor-per, White Dorper e Santa Inês já na quinta-feira e estendendo-se, contemplando as demais raças, até o sábado. •

Presidente da ARCO, Paulo Schwab, participou do V Congresso Internacional da Feinco, reunindo especialistas do Brasil, Espanha e França

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A produção ovina tem de-monstrado substancial crescimento nos últimos

anos, conseguindo englobar em seus números uma considerável fa-tia do mercado produtivo, no entan-to, ainda pequena se analisarmos o potencial que esta categoria possui. Com o aumento da produção, faz-se necessário o aumento do ritmo de crescimento destes animais, re-fletido no ganho de peso melhorado por meio de sua conversão alimen-tar. Para que consigam atingir tais níveis que garantam esta produção é importante que os níveis nutri-cionais sejam atendidos, tendo em vista a qualidade do alimento, as-sociada ao limitado consumo desta espécie, bem como suas restrições digestivas. Desta forma, o potencial genético dos animais é explorado ao máximo, garantindo a produção esperada.

Não menos importante que os níveis nutricionais está a sua as-sociação aos fatores econômicos, visto que a alimentação é o mais oneroso dos custos de produção animal; sendo extremamente im-portante formular dietas de maneira que estes dois fatores estejam agre-gados e equilibrados, promovendo um satisfatório custo-benefício.

Quando pensamos em produção animal, necessitamos primeiramen-te compreender o que iremos pro-duzir, para que possamos escolher os animais - ou a raça - que de-monstrem melhor adaptabilidade, maior desempenho genético produ-tivo para tal característica, seja esta carne, leite ou ainda produção de lã. Posteriormente, necessitaremos trabalhar a parte nutricional destes animais.

Os ovinos possuem uma carac-terística funcional importante que é degradar alimentos compostos por quantidades elevadas de fibra, o que permite formular dietas com as mais diversas fontes de volumo-

sos associados ou não a concentra-do. Entre as mais utilizadas existe, ainda, uma grande variedade de forragens que podem ser pastejadas durante período de verão, tais como Pangola, Coast-Cross, Pensacola, Estrela Africana, Tifton e ainda al-gumas variedades de Panicum ma-ximum, como Mombaça, Aruana, Tanzânia. No entanto, é extrema-mente importante manter um ma-nejo sincronizado entre a qualidade e a quantidade de forragem oferta-da aos animais, visto que as plantas têm seus depósitos de lignina mais acentuados com o transcorrer de seu crescimento vegetativo. Com isso, os níveis nutricionais da planta decrescem consideravelmente e, em conseqüência, a sua digestibilidade. Em regiões onde os invernos atin-gem temperaturas baixas, o cultivo de aveia, azevém e alguns tipos de trevos podem ser uma boa alterna-tiva quando conjugados ou mesmo individualmente, pois estas plantas possuem parâmetros nutricionais excelentes para tal estação do ano.

Em consórcio com o pastoreio pode, ainda, ser fornecido um su-plemento na forma de concentrado, o qual complementará o déficit nu-tricional causado pelo consumo so-mente da forragem, proporcionan-do um aporte suficiente para que os níveis produtivos desejados sejam alcançados. Desta forma, é impres-cindível o conhecimento dos níveis nutricionais da forragem.

Os principais níveis a serem analisados nesta relação volumosos : concentrado são proteína, energia, vitaminas e minerais, de maneira que todos sejam atendidos sufi-cientemente evitando desperdício em função da não absorção, devi-do ao excesso dos mesmos. Com o aumento da produção de grãos, diversas fontes de matéria-prima estão disponíveis no mercado para a confecção de concentrados, tais como milho, farelo de soja, farelo de trigo, farelo de arroz, farelo de girassol, polpa cítrica, caroço de algodão, entre outras tantas. É ex-tremamente importante salientar

Artigo

que ao trabalharmos com resíduos da agroindústria, torna-se inevi-tável o conhecimento dos valores nutricionais dos mesmos para que a formulação da dieta proceda de maneira correta. A suplementação pode promover, além dos ganhos individuais, o aumento da carga animal, melhorando o rendimento de ganho de peso por área através da saciedade provocada pelo consu-mo do concentrado e do maior tem-po de permanência destes animais nas proximidades do cocho.

Quando trabalhamos com ali-mentação animal, precisamos ter a consciência de que quanto maior a variedade de matéria-prima tiver-mos à disposição, mais simples será de consorciamos o balanço nutri-cional da dieta, os ganhos efetivos dos animais e a rentabilidade do sistema de produção. •

A importância do balanço nutricional na dieta dos ovinosRafael Henrique Sachet*

* Zootecnista, mestre em Produção Animal e Analista Técnico da Nu-vital Nutrientes

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10Reportagem

Para muitos criadores, porém, a atividade já deixou de ser mera subsistência, passan-

do a gerar lucros, especialmente para aqueles que estão adotando técnicas modernas de criação, dei-xando de depender exclusivamente do clima e da sorte – especialmen-te em se tratando de sertão, onde se convive com a seca. Ainda há, por certo, carência de criadores com maior grau de profissionalização, mas a identificação de mercado para a carne ovina está abrindo as portas para novos investidores e para iniciativas que unem produto-res e governos federal e estadual, além dos organismos de fomento e pesquisa.

Neste ritmo, a ovinocultura vem crescendo a passos largos no Ceará. Os maiores e mais signifi-cativos criatórios estão localizados na Região Metropolitana de Forta-leza; no Sertão Central, des-tacam-se os municípios de Quixadá e Quixeramobim; na região do Baixo Jaguari-be, figuram os municípios de Limoeiro do Norte e Morada Nova. E tem o Cariri, terra do Padre Cícero, onde estão alguns dos bons rebanhos – no triângulo Juazeiro, Crato e Barbalha, congregando 28 municípios e uma população de 1 milhão de habitantes. A Expocrato é hoje referên-cia nacional em se tratando de feira de ovinos, porque congrega criadores de todo o Nordeste.

É nesta região carregada de misticismo, hoje um im-portante pólo da educação supe-rior, que atua o técnico da ARCO, Francisco Fernandes Ferreira, co-nhecido por Fernandinho. Criador de ovinos Morada Nova e Rabo

Na terra de Padre Cícero, o ovino é forteTradição, produção, suor, pesquisa e muita inovação. Estas

palavras resumem, com alguma margem de erro, é claro, o atual estágio da ovinocultura do Ceará, que detém o terceiro maior rebanho ovino do Brasil, com aproximadamente 2 milhões de animais. Na contabilidade da ovinocultura, o Ceará fica atrás apenas do Rio Grande do Sul e da Bahia. A estimativa é de que cerca de 70% a 80% dos 168 mil produtores rurais listados pelo IBGE criem ovinos. Isso demonstra que a atividade é visivelmente de pequena propriedade, servindo para venda de alguns animais e subsistência da família rural.

Horst Knak Largo em Icó, Fernandinho acre-dita que a ovinocultura vai ganhar impulso com a transposição do São Francisco e da Ferrovia Trans-nordestina.

No Estado, o rebanho ainda é formado por animais sem raça definida, o SRD. Os criadores de exemplares de elite, cerca de 10% do total, preferem as raças Santa Inês, Somalis Brasilei-ra, Morada Nova de pelagem vermelha, Cariri e Bergamá-cia e até a Rabo Largo. A raça Dorper, porém, está conquis-tando os criadores cearenses, crescendo via transferência de embriões e cruzamentos absor-ventes com Santa Inês ou So-malis Brasileira.

Apesar do crescimento ve-rificado nos últimos 15 anos, quando a ovinocultura tomou o lu-gar dos bovinos de corte, a oferta ainda não é suficiente para atender a crescente demanda. Somente a capital Fortaleza tem um déficit de

15 toneladas / mês de carne ovina, fazendo com que grande parte do produto comercializado no Estado venha da Região Sul, de ovelhas de descarte de rebanhos laneiros.

Pesquisa e Tecnologia

Parece clara a importância da unidade de pesquisa da Embrapa

localizada em Sobral, região noroeste do Estado, apropria-damente denominada de Em-brapa Caprinos e Ovinos, que centraliza todas as pesquisas do setor no País. Ela divide com a Embrapa Pecuária Sul, localizada em Bagé, RS, o desenvolvimento de projetos tecnológicos na área de ovinos. Como a ovinocultura – antiga-mente restrita ao Sul do País e criações empíricas espalhadas pelo sertão nordestino – está espalhada por todo o País, a importância da pesquisa regio-nalizada cresce.

Segundo levantamento rea-lizado pela Unidade da Embra-pa de Sobral - Embrapa Ovinos

e Caprinos -, o sistema de produ-ção de ovinos no Ceará apresenta baixo nível tecnológico. Os pes-quisadores acreditam que, diante deste quadro, os planos dos pro-

dutores de reduzir tempo de abate, aumentar rebanho e melhorar as condições sanitárias, representam um grande desafio. “Do lado dos produtores, há necessidade de re-duzir as limitações predominantes em todos os segmentos de produ-ção, sejam sanitários, de manejo, reprodutivos ou de alimentação. Do lado da oferta, há necessidade de melhoria das políticas públicas, colocando-se uma ênfase maior na transferência e assistência tec-nológica”, revela o diagnóstico produzido pela Embrapa.

Na verdade, o Ceará não difere muito dos demais estados cria-dores de ovinos do Nordeste. Há uma nítida preferência pelas raças deslanadas, perfeitamente adap-

tadas ao clima e solos da região. Entretanto, a caminhada para os cruzamentos com as raças espe-cializadas em carne já iniciou. O pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, localizada em Sobral, Raimundo Nonato Braga Lobo, explica que a pesquisa está bus-cando a conciliação entre as raças tradicionais e as raças de corte, para evitar a perda de importantes materiais genéticos como as raças Morada Nova, desenvolvida no município do mesmo nome, além da Somalis, Rabo Largo, entre ou-tras.

Morada Nova

No caso da Morada Nova, está ocorrendo uma espécie de resgate, já que os criadores estavam deses-timulados, deixando até de regis-trar animais. “A habilidade mater-na e outras características positivas precisam ser preservadas e utiliza-das no rebanho Cearense”, explica Lobo, PhD em melhoramento ani-mal. O pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, Olivardo Facó, que lidera as pesquisas do Morada Nova, explica que o teste de de-sempenho visa à identificação de animais melhoradores dentro de vários rebanhos da região que con-centra o rebanho. Os animais são avaliados em cinco características: o ganho de peso, área de olho de lombo e a espessura de gordura

>>Francisco Fernandes

Raças Morada Nova (acima) e Cariri (ao lado) formam um banco genético precioso que está sendo preservado

Fotos: Nelson Moreira

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11(avaliadas por ultrassom), períme-tro escrotal (indicativo de fertilida-de) e avaliação visual (conforma-ção, precocidade, musculosidade, aprumos e caracterização racial). A partir disso, os animais são classi-ficados em quatro categorias: ani-mais elite, superiores, regulares e inferiores.

Agregar Valor

Com isso, explica Facó, serão identificados animais melhorado-res que poderão ser utilizados nos rebanhos. Ao garantir qualidade aos filhos destes reprodutores se-lecionados, os criadores certamen-te irão agregar valor aos animais produzidos. Outro fator que está trazendo a raça de volta ao con-vívio das feiras e eventos é o seu tamanho. Ao contrário das raças de corte, maiores e mais exigentes em alimentação, o Morada Nova está dentro da realidade cearense, ou seja, são animais pequenos, adap-tados ao semi-árido, menos exi-gentes na alimentação e já possui mercados no Pará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba.

Outro trabalho que encorpa a ovinocultura local é o Projeto Genecoc – Programa de Melho-ramento Genético de Caprinos e Ovinos de Corte. O Genecoc pres-ta assessoria genética a produtores de caprinos e ovinos de corte, con-tando com ferramentas eletrônicas via Internet (www.cnpc.embrapa.br/genecoc/pagen.htm), que per-

mitem ao produtor cadastrar dados sobre seu rebanho e, por meio do programa, obter informações con-fiáveis para ações como a seleção de acasalamentos que maximizem o ganho genético do rebanho, com controle de endogamia.

O programa possibilita, ainda, pela Internet, a integração entre rebanhos de diferentes regiões do país, democratizando o uso de recursos genéticos superiores e disponibiliza informações para a escolha de animais com desenvol-

vimento muscular, ganho de peso, capacidade de acabamento e ta-manho adulto adequados. Assim, podem ser reduzidos os custos de manutenção para o produtor, além de ele obter informações que per-mitam otimizar a capacidade re-produtiva do rebanho.

Outro trabalho importante está sendo desenvolvido em Inha-muns, região escolhida para a im-plementação do projeto de produ-ção integrada de ovinos. Iniciativa do Ministério da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento (MAPA),

o programa tem a participação de diversas instituições ligadas à caprino-ovinocultura na região, sob liderança da Embrapa Capri-nos e Ovinos, de Sobral. Para ini-ciar a implementação do projeto, técnicos da região passaram por treinamento em boas práticas na ovinocaprinocultura na unidade de Sobral.

A produção integrada visa a se-gurança alimentar da população, a preservação do meio ambiente, a higiene e segurança no trabalho, a saúde e bem-estar animal, a ras-treabilidade dos procedimentos, a viabilidade técnica e econômica, a integração da cadeia de clientes e fornecedores e a organização da base produtiva. Para ser posta em prática, deve envolver vários seg-mentos do agronegócio de ovinos. O coordenador das ações, pesqui-sador da Embrapa Caprinos Evan-dro Holanda, diz que a idéia é que o projeto seja um piloto para acumu-lar experiências e procedimentos que sirvam de referência para ou-tros locais. Ele acrescentou que a região dos Inhamuns, no Ceará, foi escolhida por apresentar um gran-de rebanho e tradição na produção e comercialização de ovinos. Outra particularidade é que a região apre-senta um arranjo produtivo forte.

Cordeiro do Cariri

No Cariri, prospera a idéia de criação de uma marca, o Cordei-ro do Cariri, cuja experiência está em fase inicial, com apoio de ór-gãos estaduais e federais, e finan-ciamento do Banco do Nordeste. “Estamos implantando Centros de Manejo, ou unidades demonstra-tivas, onde vamos usar dois mé-todos de terminação – utilizando pastejo rotacionado sobre capim tanzânia e, também, silagem de sorgo e milho e concentrado, em regime de semiconfinamento, ava-liando os custos de produção,”, explica Fernandinho. Segundo ele, a partir dos resultados, será possível disseminar a técnica da

região, que envolve criadores de cinco estados que fazem fronteira com o Ceará.

Rede de Inovação

Outra ação que promete bons resultados é a Rede de Inovação da Caprinocultura e da Ovinocul-tura no Nordeste (RICO), que in-tegra Embrapa e organizações es-taduais de pesquisa agropecuária

da região. O objetivo é inserir a RICO em trabalhos conjuntos para ovinocultura, no âmbito de pro-gramas como o Aprisco Nordeste, Mais Alimentos e o Territórios da Cidadania. Uma experiência pilo-to de transferência de tecnologia reunindo todos os parceiros deve ser firmada no Sertão Central.

Para o chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, que coordena a Rede, Evandro Holanda Júnior, esta nova modalidade de parcerias deve otimizar a aplicação de re-cursos e aperfeiçoar a capacitação dos atores e a organização das ca-deias produtivas para geração de

negócios. Ele citou como referên-cia para futuras ações a idéia da Rota do Cordeiro, concebida pela Embrapa para diversificar a ativi-dade da ovinocultura no Ceará.

“Nesta Rota, poderíamos apro-veitar o turismo religioso das roma-rias em Canindé, disponibilizando a carne em restaurantes na região, com pessoal capacitado pelo Se-brae. Há toda uma rota com estra-das onde há carência de restauran-tes especializados”, exemplificou Evandro. Os representantes do Banco do Brasil e Sebrae demons-traram interesse em estabelecer par-ceria no modelo proposto pela Rede de Inovação da Embrapa e Oepas. “O modelo que foi apresentado está alinhado com nossa proposta de atuação no Programa de Inclusão Produtiva da Ovinocaprinocultura no Semi-Árido; basta que façamos alguns ajustes estratégicos, para que contribuam para as cadeias produti-vas do Nordeste”, avaliou Antônio Cléber de Alencar, gerente de De-senvolvimento Regional Sustentá-vel do Banco do Brasil no Ceará.

O coordenador dos projetos de ovinocultura do Sebrae na-cional, Ênio Queijada de Souza acredita que, com o novo forma-to de parcerias em Rede, o pro-cesso de transferência de tecno-logia pode ganhar maior agilida-de. “Creio que esse ciclo que vai do desenvolvimento da pesquisa até que ela gere solução será en-curtado”, ressaltou. •

Evandro Holanda

Raimundo Nonato Lobo

Animais cruza com ovinos carne: uma nova fronteira que se abre

Fotos: Nelson Moreira

Animais cruza e SRD formam o núcleo do rebanho do Ceará

Page 12: Jornal Abril2010(3)

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