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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ODONTOLOGIA JOÃO DA SILVA LESÕES PROFUNDAS DE CÁRIE: UMA INTRODUÇÃO Porto Alegre 2013 Atenção: Estes dados deverão constar na capa padrão, a ser adquirida na Secretaria

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

JOÃO DA SILVA

LESÕES PROFUNDAS DE CÁRIE: UMA INTRODUÇÃO

Porto Alegre 2013

Atenção: Estes dados deverão constar na capa padrão, a ser adquirida na Secretaria

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JOÃO DA SILVA

LESÕES PROFUNDAS DE CÁRIE: UMA INTRODUÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Cirurgião-Dentista. Orientador: Prof. Dr. Pedro Pereira Co-orientador: (se houver)

Porto Alegre 2013

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CIP – Catalogação na Publicação

Elaborada por Fulana de Tal – CRB-10/000

Silva, João da Lesões profundas de cárie: uma introdução / João da Silva. – 2013. 50 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Odontologia, Curso de Graduação em Odontologia, Porto Alegre, BR-RS, 2013. Orientador: Pedro Pereira

1. Odontologia. 2. Cárie dentária. 3. Dentina. 4. Radiografia dentária. I. Pereira, Pedro. II. Título.

Atenção:

A ficha catalográfica será elaborada pela bibliotecária e deve ser impressa no verso

da folha de rosto.

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Aos meus pais, Jorge e Maria, que me deram, além da vida, os princípios que me

conduziram até aqui.

À minha irmã, Amélia, pela amizade e incentivo.

(OPCIONAL)

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Pedro Pereira, pelas oportunidades de crescimento e aprendizado, pelo conhecimento transmitido, pela confiança e compreensão. À professora Verônica Sales, pelas palavras de otimismo, pelos ensinamentos e pela importante contribuição a este trabalho. Aos pacientes pelo interesse e colaboração.

(OPCIONAL)

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Tu não tens o direito de evitar um esforço, a não ser em nome de outro esforço, pois tua obrigação é crescer.

Antoine de Saint-Exupéry

(OPCIONAL)

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RESUMO

SILVA, João da. Lesões profundas de cárie: uma introdução. 2013. 50 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. Foram avaliados clínica e radiograficamente dentes com lesões profundas de cárie submetidos ao selamento de dentina cariada por 10 anos. Trinta e dois dentes permanentes foram submetidos à remoção parcial de dentina cariada da parede pulpar da cavidade, remoção completa da dentina cariada das paredes laterais, forramento com cimento à base de hidróxido de cálcio, selamento provisório por seis meses, reabertura da cavidade e restauração. O selamento de dentina cariada mostrou-se uma terapia efetiva para o tratamento de lesões profundas de cárie, sendo capaz de paralisar o processo carioso, promover reações dentino-pulpares e induzir ganho mineral na dentina cariada. Palavras-chave: Odontologia. Cárie dentária. Dentina. Radiografia dentária.

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ABSTRACT

SILVA, João da. Deep caries lesions: an introduction. 2013. 50 f. Final Paper

(Graduation in Dentistry) – Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. There were assessed clinically and radiographically teeth with deep caries lesions submitted to the sealing of carious dentine over a 10-year period. Thirty-two permanent teeth were submitted to partial caries removal from the pulpal cavity wall, complete removal of carious dentine from the surrounding walls, capping with a calcium hydroxide cement, temporary sealing for 6 months, cavity reopening and filling. Partial carious dentine removal is an effective therapy for deep caries lesions on a long-term basis, being able to arrest carious process, promote pulp-dentin reactions and induce mineral gain in the carious dentine.

Keywords: Dentistry. Dental caries. Dentin. Dental radiography.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Evolução da cárie .................................................................................... 11

Figura 2 – Lesão de cárie dentária ........................................................................... 12

(OPCIONAL)

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BDA British Dental Association

BVS Biblioteca Virtual em Saúde

CFO Conselho Federal de Odontologia

(OPCIONAL)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10

2 A DOENÇA CÁRIE ……………………………………………………………… 11

2.1 ASPECTOS CLÍNICOS E HISTOPATOLÓGICOS DA LESÃO DE CÁRIE

DENTINÁRIA ................................................................................................... 11

2.2 REAÇÕES DO COMPLEXO DENTINO-PULPAR À LESÃO DE CÁRIE

DENTINÁRIA.....................................................................................................12

3 O TRATAMENTO RESTAURADOR .............................................................. 14

3.1 CRITÉRIOS PARA REMOÇÃO DE DENTINA CARIADA ............................... 14

3.2 SELAMENTO DE DENTINA CARIADA SOB RESTAURAÇÕES ................... 14

4 A AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO ................................................................15

4.1 AVALIAÇÃO CLÍNICA ..................................................................................... 15

4.2 EXAME RADIOGRÁFICO CONVENCIONAL ................................................. 15

4.3 SUBTRAÇÃO DIGITAL DE IMAGENS RADIOGRÁFICAS ............................. 16

4.3.1 Raios X ……………………………………………………………………………. 16

4.3.2 Imagens digitalizadas .................................................................................. 16

5 CONCLUSÃO ................................................................................................ 17

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 18

APÊNDICE – FICHA CLÍNICA DO PACIENTE ............................................ 19

ANEXO A – CRITÉRIOS DE RESTAURAÇÃO DE ACORDO COM USPH .. 20

ANEXO B – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO.................................................... 21

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1 INTRODUÇÃO

O conceito atual de cárie dentária define a doença como um processo dinâmico

localizado na superfície dentária coberta por biofilme, caracterizado pelo

desequilíbrio nos processos de desmineralização e remineralização que ocorrem

constantemente na cavidade bucal. Ao longo de um determinado período de tempo,

a predominância de momentos de perda mineral dos tecidos duros do dente

(principalmente íons cálcio e fosfato) para o biofilme e saliva resulta no

estabelecimento da lesão cariosa. Diversos fatores, não só biológicos, mas também

sociais, ambientais e comportamentais parecem estar envolvidos e interagindo no

processo para determinar o estabelecimento da doença ( HOLST et al., 2001).

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2 A DOENÇA CÁRIE

O perfil da cárie dentária tem se alterado significativamente nas últimas décadas.

A menor prevalência da doença bem como a menor velocidade de progressão das

lesões ativas rumo à cavitação têm sido observadas (KRASSE, 1996; BARMES,

1999; BAELUM; HEIDMANN; NYVAD, 2006). Entretanto, apesar destas evidentes

alterações, a doença cárie continua sendo a maior causa de perdas dentárias em

todas as idades (BAELUM et al., 1997).

A lesão de cárie inicia em um nível subclínico, podendo evoluir, se não tratada,

para a formação de cavidade e, em estágios avançados, levar à perda dentária,

como pode ser observado na Figura 1.

Figura 1 – Evolução da cárie

Fonte: CONSOLARO, 1996, p.15.

Apesar do aperfeiçoamento dos métodos e critérios de diagnóstico (o que

possibilita a identificação cada vez mais precoce das lesões cariosas) e da

existência de medidas para o controle da doença, lesões de cárie em estágios

avançados ainda são rotina na prática clínica. Fatores como condição sócio-

econômica e acesso aos serviços de saúde podem estar relacionados ao atraso no

diagnóstico e à tardia oportunidade de tratamento observadas em lesões profundas

de cárie.

Para identificar as condições bucais do paciente foi eleaborada uma ficha clínica

para registro das informações (APÊNDICE).

2.1 ASPECTOS CLÍNICOS E HISTOPATOLÓGICOS DA LESÃO DE CÁRIE

DENTINÁRIA

A lesão de cárie dentinária pode ser dividida, morfologicamente, na direção da

superfície para a polpa, em cinco regiões: (1) zona de destruição e desorganização

total, constituída por uma dentina necrótica; (2) zona de demineralização avançada

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ou superficial; (3) zona de invasão bacteriana, caracterizada pela presença de

microrganismos no interior dos túbulos dentinários; (4) zona de demineralização

inicial ou profunda, promovida por produtos bacterianos, como ácidos e enzimas,

provenientes da zona de invasão bacteriana e (5) zona de esclerose dentinária

(CONSOLARO, 1996). A Figura 2 ilustra lesão de cárie dentinária.

Figura 2 – Lesão de cárie dentinária

Fonte: CONSOLARO, 1996, p. 20.

2.2 REAÇÕES DO COMPLEXO DENTINO-PULPAR À LESÃO DE CÁRIE

DENTINÁRIA

A dentina pode ser classificada em três tipos básicos: (1) primária, secretada

durante o período de odontogênese; (2) secundária, depositada lentamente ao longo

da vida biológica do dente, como uma resposta a estímulos de baixa intensidade

decorrentes da função fisiológica normal e (3) terciária, depositada frente a

agressões intensas, como a lesão cariosa. A dentina secundária caracteriza-se por

apresentar túbulos dentinários em menor número e com menor diâmetro do que a

dentina primária e desenvolve-se em toda a extensão da região circumpulpar,

determinando a redução lenta e gradual da luz da câmara pulpar. Já a dentina

terciária apresenta túbulos irregulares e tortuosos, em pequeno número ou mesmo

ausentes e é depositada subjacente ao local da injúria.

De acordo com Bjorndal, Darvann e Thylstrup (1998), as primeiras reações do

complexo dentino-pulpar à cárie dentária já podem ser observadas em lesões não

cavitadas em esmalte. Nestas situações, embora não sejam observadas alterações

no grau de mineralização da dentina subjacente, já se verificam as primeiras

reações celulares, como a redução da proporção citoplasma/núcleo dos

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odontoblastos. A esclerose dentinária, como é denominada, baseia-se na acelaração

da deposição normal de dentina peritubular, constituindo-se em uma tentativa de

bloquear a evolução da lesão cariosa (CONSOLARO, 1996).

À medida que a lesão cariosa evolui, as reações do complexo dentino-pulpar,

antes restritas a alterações nas dentinas primária e secundária, passam a envolver a

formação de dentina terciária.

A Tabela 1 mostra as características das mães com relação à realização do

exame pré-natal.

Tabela 1 - Distribuição (%) das mães segundo variáveis demográficas e de processos de assistência ao pré-natal, 2010

(continua) VARIÁVEIS

Casos % (n)

Controles % (n)

Total % (n)

Idade da mãe (anos) 10 a 19 20 a 34 35 ou mais

18,0 (34) 68,8 (130) 13,2 (25)

15,5 (77) 72,8 (362) 11,7 (58)

16,2 (111) 71,7 (492) 12,1 (83)

Cor da pele Branca Preta Parda Amarela Indígena

16,3 (33) 4,5 (9) 76,7 (155) 1,5 (3) 1,0 (2)

19,6 (98) 2,8 (14) 73,6 (369) 3,0 (15) 1,0 (5)

18,6 (131) 3,3 (23) 74,5 (524) 2,6 (18) 1,0 (7)

Situação conjugal Casada ou vive com companheiro Tem companheiro, mas não vive com ele Não tem companheiro

81,2 (164) 3,5 (7) 15,3 (31)

78,1 (392) 7,8 (39) 14,1 (71)

79,0 (556) 6,5 (46) 14,4 (102)

Realização pré-natal Não

4,9 (10)

2,6 (13)

3,3 (23)

Início do pré-natal 4 meses ou mais

28,6 (58)

22,5 (113)

24,2 (171)

Número de consultas pré-natal Até 6 consultas

58,5 (113)

46,3 (227)

49,8 (340)

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Tabela 1 - Distribuição (%) das mães segundo variáveis demográficas e de processos de assistência ao pré-natal, 2010

(conclusão) VARIÁVEIS

Casos % (n)

Controles % (n)

Total % (n)

Exame de sangue Não

4,3 (8)

1,6 (8)

2,4 (16)

Exame de urina Não

4,3 (8)

2,5 (12)

3,0 (20)

Aferição pressão arterial Nunca Às vezes Sempre

2,7 (5) 19,3 (35) 78,1 (146)

1,6 (8) 14,0 (68) 84,4 (410)

1,9 (13) 15,5 (104) 82,6 (556)

Peso ao nascer < 1.500g 1.500-2.500g > 2.500g

Idade gestacional no nascimento < 37 semanas ≥ 37 semanas

16,3 (33) 19,2 (39) 64,5 (131)

46,2 (92) 53,8 (107)

1,4 (7) 8,5 (43) 90,1 (453)

10,3 (51) 89,7 (445)

5,7 (40) 11,6 (82) 82,7 (584)

20,6 (143) 79,4 (552)

TOTAL

203 (28,8)

503 (71,2)

706 (100)

Fonte: BRASIl. Ministério da Saúde (2010)

Após obtenção dos artigos na íntegra, leitura dos mesmos, exclusão dos

repetidos e dos que não se encontravam nos critérios de inclusão, foram

selecionados 5 artigos na BBO , 9 artigos no LILACS e 19 na Wiley . (Tabela 2)

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Tabela 2 – Busca nas bases de dados BBO, LILACS, Wiley com o termo dental health education educação em saúde bucal julho a novembro de 2011

Base de dados

Artigos encontrados 2000-2011

Selecionados pela leitura do título/resumo

Total de artigos

Artigos repetidos

Seleção Final

BBO

19

17

5

5

--

LILACS

28

25

9

1

8

Wiley

31

25

19

3

16

Fonte: SÁ; VASCONCELOS, 2009

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3 O TRATAMENTO RESTAURADOR

O tratamento da doença cárie visa restabelecer o equilíbrio entre os processos

de desmineralização e remineralização através do controle dos diversos fatores que

integram neste processo, como o controle de biofilme através da higiene bucal, o

controle da dieta, o acesso ao flúor, entre outros. O tratamento restaurador

representa uma parte do tratamento da doença, sendo responsável pela substituição

da estrutura dentária perdida. As principais indicações do tratamento restaurador

são: impossibilidade de controle mecânico de biofilme, restabelecimento da função

ou da estética e proteção da estrutura dentária.

Uma das etapas do tratamento restaurador de lesões cariosas é a confecção do

preparo cavitário, o qual implica na remoção de tecido cariado permanente.

3.1 CRITÉRIOS PARA REMOÇÃO DE DENTINA CARIADA

A discussão acerca da quantidade de dentina cariada a ser removida durante o

preparo cavitário é bastante antiga. Já em 1859, Sir John Tomes escreveu “é melhor

permitir que uma camada descolorida de dentina seja deixada para proteção da

polpa do que correr o risco de sacrificar o dente.” Por outro lado, Black (1908), nos

primórdios do século XX, ao idealizar uma sequência lógica de procedimentos para

a confecção do preparo cavitário, sugeriu que a remoção de toda a dentina cariada

deveria ser realizada, seguindo critérios clínicos, como dureza e coloração. Segundo

o autor, o material restaurador não poderia ser colocado sobre a dentina amolecida,

pois causaria irritação nos tecidos dentários e induziria reações contra este corpo

estranho. Assim, o tecido dentinário estaria adequadamente limpo e pronto para

receber o material restaurador quando apresentasse resistência à sondagem

suficiente para promover o grito da dentina, além da coloração semelhante à dentina

hígida.

3.2 SELAMENTO DE DENTINA CARIADA SOB RESTAURAÇÕES

Diversos estudos foram conduzidos a fim de avaliar os possíveis efeitos do

selamento de dentina cariada sob restaurações. Características microbiológicas e

clínicas do tecido cariado selado foram investigadas tanto em lesões cariosas rasas

quanto em lesões profundas (BESIC, 1943).

Um dos primeiros estudos microbiológicos que avaliou a contagem bacteriana

antes e após o selamento de dentina cariada foi conduzido por Besic (1943).

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4 A AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO

O acompanhamento longitudinal de longo prazo é essencial para a avaliação da

taxa de sucesso de uma determinada terapia. A ocorrência de fracassos tende a

aumentar ao longo do tempo (LUNDIN; KOCH, 1999), demonstrando que taxas de

sobrevivência obtidas em curto prazo podem superestimar a real efetividade do

tratamento avaliado. Apesar de todas as evidências indicativas da paralisação do

processo carioso após o selamento de dentina cariada em lesões profundas de

cárie, os períodos de acompanhamento dos pacientes são geralmente reduzidos, o

que impossibilita a avaliação dos dentes tratados ao longo do tempo.

Tradicionalmente, critérios clínicos e radiográficos têm sido utilizados para

avaliar longitudinalmente a paralisação da progressão de lesões cariosas após

tratamento restaurador.

4.1 AVALIAÇÃO CLÍNICA

Em geral, a avaliação clínica longitudinal do tratamento restaurador restringe-se

à observação de sinais e sintomas, uma vez que a avaliação direta do tecido

dentário mediante a remoção do material restaurador consiste em um método

invasivo e clinicamente inviável. No caso de lesões profundas de cárie, o desfecho

principal a ser avaliado é a vitalidade pulpar, a qual pode ser verificada através do

teste de sensibilidade ao frio. Este teste é subjetivo e depende do relato do paciente,

sendo difícil utilização em crianças. O teste de sensibilidade pulpar deve ser

complementado pelo exame radiográfico a fim de avaliar a região periapical e a área

radiolúcida abaixo da restauração.

Resultados dos critérios de restauração e avaliação podem ser observados nos

Anexos A e B.

4.2 EXAME RADIOGRÁFICO CONVENCIONAL

A análise radiográfica é o método mais indicado para avaliar o comportamento

das lesões de cárie, seja sua progressão ou paralisação. Apesar de ser um método

de amplo conhecimento e utilização pelo clínico, a análise radiográfica convencional

apresenta algumas limitações. Toda lesão visível em uma radiografia

inevitavelmente será uma imagem bidimensional de uma estrutura tridimensional

(PITTS, 1983).

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18

4.3 SUBTRAÇÃO DIGITAL DE IMAGENS RADIOGRÁFICAS

A subtração digital de imagens radiográficas foi proposta inicialmente por

Gröndahl, Gröndahl e Webber (1983) como um método potencialmente mais

sensível do que a análise radiográfica convencional para a detecção de pequenas

alterações minerais em tecidos duros. A técnica baseia-se em um par de

radiografias tomadas com um determinado intervalo de tempo.

As imagens radiográficas utilizadas nesta técnica devem estar disponíveis no

formato digital, para, assim, serem processadas por softwares apropriados. Além da

própria radiografia digital, na qual a imagem é capturada diretamente por um

receptor de imagens e transferida para o monitor do computador, radiografias

convencionais podem ser digitalizadas por um scanner com leitor de transparência

(KHADEMI, 1996).

4.3.1 Raios X

A qualidade da imagem radiográfica convencional é determinada no momento

em que o filme é retirado das soluções de processamento, não sendo passível de

alteração. As condições de exposição e de processamento do filme determinam o

resultado final, que, quando insatisfatório, leva à repetição da tomada radiográfica,

expondo o paciente à nova radiação (WENZEL, 1993).

4.3.2 Imagens digitalizadas

A possibilidade de modificar características da imagem radiográfica digital no

computador (processamento de imagens) é a diferença essencial entre este tipo de

imagem e a radiografia convencional.

O uso da radiografia digital oferece uma série de vantagens ao clínico, como

ajuste de contraste e brilho, aumento e aproximação da imagem, medição de

distâncias, inversão dos tons de cinza, entre outras, que podem aumentar a

capacidade diagnóstica do profissional (WENZEL, 1993).

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19

5 CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho de acompanhamento de pacientes submetidos ao

selamento de tecido cariado em lesões profundas de cárie, com uma taxa de

sucesso de 63% após 10 anos contribuem para que a remoção parcial de dentina

cariada e restauração sejam consolidadas como uma abordagem de sessão única.

As evidentes reações pulpares observadas demonstram que a remoção superficial

da dentina necrótica associada ao adequado selamento da cavidade são suficientes

para modificar o ambiente cariogênico no sentido da paralisação do processo

carioso.

Page 22: JOÃO DA SILVA LESÕES PROFUNDAS DE CÁRIE: UMA …

20

REFERÊNCIAS

ALKURT, M.T. et al. In vitro comparison of four different dental x-ray films and direct Digital radiography for proximal caries detection. Operat. Dent., Seattle, v. 32, no. 5, p. 504-509, Sept./Oct. 2007. ANSARI, G. et al. Caries detector dyes: an in vitro assessment of some new compounds. J. Oral Rehabil., Oxford, v. 26, no. 6, p. 453-458, June 1999. BAELUM, V.; HEIDMANN, J.; NYVAD, B. Dental caries paradigms in diagnosis and diagnostic research. Eur. J. Oral Sci., Copenhagen, v. 114, no. 4, p. 263-277, Aug.

2006. BAELUM, V. et al. Predictors of tooth loss over ten years in adult and elderly Chinese. Community Dent. Oral Epidemiol., Copenhagen, v. 25, no. 3, p. 204-210,

June 1997. BJORNDAL, L.; DARVANN, T.; THYLSTRUP, A. A quantitative light microscopic study of the odontoblast and subodontoblastic reactions to active and arrested enamel caries without cavitation. Caries Res., Basel, v. 32, no. 1, p.59-69, 1998. CASAGRANDE, L. et al. In vivo outcomes of indirect pulp treatment using a self-etching primer versus calcium hydroxide over the demineralized dentine primary molars. J. Clin. Pediat. Dent., Birmingham, v. 33, no. 2, p.131-135, Winter 2008. CASTRO, V.M. et al. In vitro comparison of conventional film and direct digital imaging in the detection of approximal caries. Dentomaxillofac. Radiol., Tokyo,

v. 36, no. 3, p. 138-142, Mar. 2007 CONSOLARO, A. Cárie dentária: histopatologia e correlação clínico-radiográficas. Bauru: FOB, 1996. 48 p. CORRALO, D.J. Efeito de diferentes materiais forradores sobre o comportamento biológico da dentina cariada e presença bacteriana análise clínicas e ultraestrutural. 2003. 87 f. Dissertação (Mestrado em Clínica

Odontológica) – Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. GRÖNDAHL, H.G.; GRÖNDAHL, K.; WEBBER, R.L. A digital subtraction techique for dental radiography. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol., St. Louis, v. 55, no. 1, p. 96-102, Jan. 1983.

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21

APÊNDICE – FICHA CLÍNICA DO PACIENTE

FICHA CLÍNICA DO PACIENTE

1 – Dados de identificação do paciente Nome: _____________________________ Data do nascimento: ___/___/___ Idade: ___ anos ___ meses. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Endereço: _______________________________________________________ Observações: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 – História odontológica Realizou algum tratamento dentário? ( ) Sim Qual: ________________________________________________ ( ) Não 3 – Higienização bucal

Periodicidade da higiene bucal ( ) 1 X ao dia ( ) 2 X ao dia ( ) 3 X ao dia ( ) Após as refeições ( ) outra: _________________________________________________________

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ANEXO A – CRITÉRIOS DE RESTAURAÇÃO DE ACORDO COM USPHS

Tabela 1 – Critérios de restauração de acordo com USPHS ___________________________________________________________________ Integridade marginal A B C Total ___________________________________________________________________ Formato anatômico 13 5 2 20 Descoloração marginal 10 7 2 19 Textura da superfície 8 10 2 20 ___________________________________________________________________ Fonte: BAELUM, 2006, p. 206

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ANEXO B – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Tabela 2 – Crítérios de avaliação

Variável n Sucesso (%) Falha (%) ___________________________________________________________________

Gênero Masculino 13 8 (61,5) 5 (38,5) Feminino 18 13 (72,2) 5 (27,8) Arco do dente Superior 8 6 (75) 2 (25) Inferior 23 15 (65,2) 8 (34,8) Superfícies restauradas Uma 17 15 (88,2) 2 (11,8) Duas ou + 14 6 (42,9) 8 (57,1) Crescimento anaeróbico Presença 11 8 (72,7) 3 (27,3) Ausência 20 13 (65) 7 (35) Cor da dentina Marrom claro 5 3 (60) 2 (40) Marrom escuro 26 18 (69,2) 8 (30,8)

Fonte: CASTRO, 2007, p. 140.

A T E N Ç Ã O

ESTE MODELO, MERAMENTE ILUSTRATIVO, NÃO DISPENSA O USO DAS

NORMAS TÉCNICAS E DO MATERIAL DE APOIO PARA ELABORAÇÃO DE

TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO (TCC)

PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA