jóias do oriente novoform final1:layout 1 - nova-acropole.pt³ias do oriente.pdf · que serão...

73
www.nova-acropole.pt

Upload: domien

Post on 15-Dec-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

www.nova-acropole.pt

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 1

Page 2: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

Helena P. Blavatsky

JÓIAS DO ORIENTE

Edições Nova Acrópole

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 3

Page 3: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

ÍNDICE

PRÓLOGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7José Carlos Fernández

INTRODUÇÃO À OBRA LITERÁRIA DEHELENA PETROVNA BLAVATSKY . . . . . . . . . . . . . 23Harry Costin

H.P.B. E O DISCIPULADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43Delia Steinberg Guzmán

JÓIAS DO ORIENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

PREFÁCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

JANEIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

FEVEREIRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

MARÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 22-05-2008 22:05 Page 5

Page 4: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

ABRIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

MAIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

JUNHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

JULHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

AGOSTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

SETEMBRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141

OUTUBRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149

NOVEMBRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159

DEZEMBRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 6

Page 5: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

Prólogo

Este livro nasceu em 1889 da vivaz e profundamenteabis sal pluma de Helena Petrovna Blavatsky, H.P.B. para osseus dis cípulos. É um diário de máximas de sabedoria.

Extraindo os seus ensinamentos dos tesouros vivos dastra dições budistas, védicas, zoroastrianas… e do misticismode todas as épocas; imprime, para cada dia do mês e doano, uma máxima filosófica. É um livro para os seus dis cí -pu los e, na realidade, para todos os apaixonados pela sa be -do ria e pela al ma da vida. Cada sentença, assim são as sen -ten ças dos ver dadeiros sábios, é como uma gema, uma jóiaal química que se cristalizou à luz de uma sabedoria cer ta.Es ta máxima fi lo sófica não é uma opinião ou a va lorizaçãode um facto a partir de uma determinada perspectiva, não ése não uma verdade cer ta, captada pela intuição – a me mó -ria da alma – afirmada pela men te e corroborada – peloobservador mais atento e sem pre conceitos – em mi lharesde factos da vida.

Poderíamos falar desta pequena obra como de um diá -

7__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 7

Page 6: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

rio fi losófico, onde cada ensinamento – o desse dia – é umase men te que a meditação fará crescer e converterá numaár vore moral de milhares de frutos que poderão levar àdes co berta de novas verdades. E é precioso que em plenaac ti vi dade in ces sante – escrevendo, ensinando e pole mi -zan do – H.P.B. tenha en contrado o tempo necessário pa raes cre ver esta «agenda fi lo sófica» que se converteu, semdú vi da, em modelo de in con táveis agendas filosóficas a pos -te riori, tão na moda no nosso sé culo XXI.

Encontramo-nos perante os últimos e mais poderososlam pejos do génio de H.P.B., num labor incansável, se -deada no seu «quartel-general» em Londres. Primeiro emLans dow ne Road, n.º 17 e, a partir de 3 de Julho de 1890, no19 Ave nue Road, na casa que Annie Besant doou à So cie -dade Teo sófica e que serviria como sede central europeiada referida so cie dade, bem como de residência para H.P.B.até ao seu óbito no dia 8 de Maio de 1891.

Não podemos deixar de ficar assombrados diante damag ni tude do trabalho de H.P.B. nesses últimos três anos.

Fixemos a atenção em 1889, ano em que escreve estaobra, Jóias do Oriente:

• Dirige, revendo cada um dos artigos e provas, a re vis -ta Lúcifer.

• No mês de Julho aparece publicada A Chave da Teo -so fia, «uma clara exposição, em forma de per gun tas

8__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 22-05-2008 22:06 Page 8

Page 7: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

e respostas, de ética, ciência e filosofia, estudos paraos quais a Sociedade Teosófica foi fundada.»

• Passa férias em Fontainebleau, França, onde escrevea maior parte da obra mística A Voz do Silêncio, ba -seada em trechos que ela tinha aprendido de me mó -ria, num mosteiro tibetano, e que pertenciam ao Livrodos Preceitos de Ouro.

• Em Agosto dá-se a mudança da Sociedade Teosóficapara o 19 Avenue Road.

• Setembro é o mês de publicação de A Voz do Silêncio.• O ano finaliza com a nomeação do coronel Olcott co -

mo representante de H.P.B. na filial da Sociedade naÁsia.

É interessante destacar a série de artigos que só nessemesmo ano escreveu, na revista Lúcifer, da qual era a alma,directora e severa correctora.

— The year is dead, long live the year!— «The empty vessel makes the greatest sound»— Lodges of magic— A paradoxal world— If you shoot at a crow, do not kill a cow— Qabbalah. The philosophical writings of Solomon Ben

Yehudah Ibn Gebirol (or Avicebron)— Marriage and divorce - Religion, practical and po li ti cal

aspects of the question— The Mithra worship

9__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 9

Page 8: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

— On pseudo-theosophy— The roots of ritualism in church and masonry— «Those shalt not bear false witness...»— Theosophical queries— Japenese buddhism and Christianity— Thoughts on Karma and reincarnation— The struggle for existence— Over cycle and the next— On society’s «Agapae»— Buddhism through christian spectacles— «It’s the cat»— «Attention, theosophists»— Force of prejudice— World - Improvement or world-deliverance— The eighth wonder (escrita em 1885, publicado em Out. 1851)

— The «nine-days wonder» press— A puzzle from Adyar— The light of Egypt— Our three objects— «Going to and from in the earth»— The theosophist’s right to his God— Philosophers and philosophicales— The women of Ceylon— Memory in the Dying— An open letter— What shall we do for our fellow-men?— Theosophical (?) dogmatism and intolerance

10__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 22-05-2008 22:08 Page 10

Page 9: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

Nos arquivos da Sociedade Teosófica de Adyar en con -tram-se cartas e memórias que evocam este ano de 1889 eque serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foiMa dame Blavatsky. Sem dúvida, os melhores documentos dehis tórias são aqueles escritos por quem viveu a acção in situ.

Carta de Annie Besant, Primavera de 1889, Londres:«Desde 1886 que crescia lentamente dentro de mim a

cer teza de que a minha filosofia não bastava, de que a vidae a mente eram algo muito maior do que eu tinha sonhado.A psicologia desenvolvia-se velozmente; ex periências hip -nó ticas começavam a revelar enigmáticas complexidadesacer ca da consciência humana. Eu estudava o lado obscuroda consciência, sonhos, devaneios. Concluiu-se que os fe -nó menos da clarividência, cla riau diên cia e leitura do pen -sa mento eram factos comprovados.

Convencida de que existia algum tipo de poder ocultode cidi procurá-lo incessantemente. Certa vez, no início de1889, encontrava-me só e em silêncio, imersa nos meuspen samentos, como era hábito após o pôr-do-sol, quandouma sensação de “quase desespero” me arrebatou, uma in -saciável sede de descodificar o enigma da vida e da men te.Fez-se então ouvir uma voz que me encorajava,que me di -zia que a luz estava perto; uma voz, que para mim, viria ator nar-se o mais sagrado som do Universo. Poucos dias ti -nham passado quando Stead colocou dois volumosos li vrosnas minhas mãos. “Será que pode rever isso? Os meus jo -

11__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 11

Page 10: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

vens todos se en ver go nharam de o fazer. Mas você é de talfor ma apaixonada por estes temas que certamente con se -gui rá fazer algo interessante com tudo isso.” Peguei nos li -vros: eram os dois volumes de A Doutrina Secreta, es cri tospor H. P. Blavatsky.

Carreguei os volumes até casa e sentei-me a ler.Ao virar de cada pá gi na, o meu interesse tornava-se ca -

da vez mais absorvente; porém, tudo me parecia fa mi liar; afor ma como a minha mente deduzia todas as conclusões, oquão natural era, coerente, subtil e ainda assim quão in te -li gível. Eu estava maravilhada, cega pela luz no seio da qual,fac tos aparentemente desconexos surgiam como partes in -te grantes do grande todo, e as minhas incertezas, in da ga -ções, problemas, pareciam desaparecer.

Escrevi o resumo e pedi a Stead que me apresentasse aescritora e em seguida enviei um bilhete pedindo au to ri za -ção para telefonar. Recebi a mais cordial das respostas,agen dando o nosso en contro. Numa noite fresca de Pri ma -vera, Herbert Bur rows e eu – uma vez que as suas as pi ra -ções eram semelhantes às minhas no que diz respeito a es -tas temáticas – caminhámos desde a estação de Not tingHill, interrogando-nos acerca do que iríamos encontrar, atéà porta da ca sa 17 de Lansdowne Road. Uma pausa, umarápida pas sa gem pelo hall e pela sala de visitas, portas quese abri ram e uma pessoa numa grande poltrona em frentea uma me sa, uma voz vibrante. “Cara senhora Besant, hátan to tempo que desejo conhecê-la.” Eu estava de pé, a mi -

12__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 12

Page 11: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

nha mão estendida num firme aperto de mão, olhando pelapri meira vez na vida, di rectamente, nos olhos de H.P.B.Aper cebi-me de uma súbita palpitação cardíaca – seria re -co nhecimento? – após a qual,confesso com alguma ver go -nha, senti uma selvagem revolta , uma furiosa repulsa, com -parável à de um animal selvagem quando sente a mão queo domina. Sentei-me de pois de algumas apresentações quenão me permitiram retirar muitas conclusões, e ouvi. Elafa lou de viagens, de vários paí ses, uma dissertação simplese brilhante,os seus olhos velados, os seus dedos re quin ta -dos en rolando cigarros incessantemente. Nada de especiala re gistar, nem uma palavra acerca de ocultismo, nada demis terioso, uma mulher do mundo que conversa com osseus convidados. Quando nos levantámos para ir embora, ovéu levantou-se momentaneamente e dois olhos bri lhan tese perscrutantes cruzaram-se com os meus. “Oh, minha ca -ra se nhora Besant, como eu gostava que pudesse juntar-sea nós!” Senti um desejo incontrolável de me curvar e beijá--la, im pulsionada por aquela voz apelativa, aqueles olhosper sua sivos mas, num repentino acesso do meu já antigo ein do mável orgulho, indiciador da minha falta de dis cer ni -men to, limitei-me a proferir uma banal despedida, e afas -tei-me após alguns comentários vagos e formais. “Fi -lha”,dir-me-ia ela muito tempo depois, “o teu orgulho é ter -rí vel; és tão or gu lho sa quanto o próprio Lúcifer!”

Regressei uma vez mais, e coloquei questões acerca daSo cie dade Teosófica, desejosa de fazer parte dela mas lu -

13__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 13

Page 12: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

14__________

tan do contra a ideia, uma vez que vi de forma clara e dis tin -ta – com do lorosa clareza, de facto – o que essa opção iriasig nificar. Anteriormente, eu tinha sido alvo de preconceitopú blico devido ao trabalho que desenvolvera como di rec -tora da Lon don School. Iria eu mergulhar novamente numacor rente de conflito e discussão, expor-me ao ridículo – oque é ainda pior do que ser odiada – e lutar uma vez maisem nome do já consumido estandarte de uma verdade im -po pular? Deveria eu virar costas ao materialismo e encarara ver gonha de confessar publicamente que eu estava er ra -da, corrompida pelo intelecto que me forçara a ignorar a Al -ma? Qual seria a ex pres são nos olhos de Charles Brad -laugh quando eu lhe dissesse que me tornara uma teósofa?A luta interna era incisiva e persistente.

Eis-me novamente a caminho de Lansdowne Road pa rafalar a respeito da Sociedade Teosófica. H.P. Blavatsky o -lhou -me de forma penetrante por um momento. “Leu o re la -tório da Society for Psychical Research sobre mim?” “Não,até agora não ouvi falar dele.” “Então procure-o, leia-o e sede pois de o ler decidir regressar, muito bem.” E ela não vol -tou a tocar no assunto, e evitou-o falando novamente dassuas experiências nou tras terras.

Pedi emprestada uma cópia do relatório e reli-o muitasvezes. Observei quão frágeis eram as bases sobre as quaises tavam alicerçados aqueles fundamentos, a arrogância dasconclusões e o carácter acu satório das mesmas – e o pior detudo – a fonte de onde provinham as alegadas provas. Tudo

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 14

Page 13: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

15__________

estava contra os Cou lomb, que se auto-pro cla mavam par -cei ros das alegadas frau des. Como podia eu con siderar tudoo que se erguia contra aquela natureza fran ca e corajosa, daqual tive um vis lumbre? Tudo o que se dizia contra a or gu -lhosa e ardente sinceridade que saía daqueles olhos claros,ho nestos e destemidos semelhantes aos de uma nobrecrian ça? Seria a autora de A Doutrina Secreta aquela mi se -rável impostora, cúmplice de truques, abo mi ná vel e re pug -nante mentirosa, aquela médium que utilizava al çapões epai néis deslizantes? Ri-me perante to do aquele absurdo ecoloquei de lado o relatório com a cer teza de uma naturezahonesta que sabe reconhecer a sua própria identidade quan -do em contacto com ela, e que se arrepiava perante aquelementira ignóbil.

No outro dia, eu já estava no escritório da TheosophicalPublishing Company às 7 da manhã na Duke Street, Adel -phi, onde a Condessa Wachtmeister – uma das mais leaisami gas de H.P.B. – estava a trabalhar, para assinar a minhains crição como sócia da Sociedade Teosófica.

Ao receber o meu diploma, dirigi-me para LansdowneRoad e encontrei H.P.B. sozinha. Fui ter com ela, baixei-mee beij ei-a sempre em silêncio. “Então entrou para a So cie -da de?” “Sim!” “Leu o relatório?” “Sim.” “E então?” Ajoelhei--me à sua frente, segurei as suas mãos nas minhas e olhei--a directamente nos olhos. “A minha resposta é: aceita-mecomo sua pupila e dá-me a honra de proclamá-la minhamestra pe rante o mundo?” A sua face austera suavizou-se

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 15

Page 14: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

com um inesperado bri lho de lágrimas no olhar. Então, comuma dignidade régia ela colocou a sua mão so bre a minhacabeça. “Você é uma nobre mulher. Que o Mestre teabençoe.”»(1)

Carta de Herbert Burrows, Primavera de 1889, Londres:«Assediados por problemas da vida e da mente que o

nos so materialismo não conseguia resolver, inquirindo-nosin te lectualmente acerca do que significam para nós as inós -pitas praias do agnosticismo, Annie Besant e eu ansiávamospor mais luz. Tínhamos lido The Occult World e em anospas sados ou vido falar – quem não ouviu? – da estranha mu -lher cuja vida parecia ser uma total contradição das nossasmais queridas teo rias. Mas, tal como a filosofia dos livros,não era para nós mais do que acertivismo. A vida e a carreiradesta mulher carecia de provas para ser analisada.

Cépticos, críticos, treinados ao longo de vários anos decon trovérsia pública para exigirmos as mais rígidas provascien tíficas a respeito de coisas que estavam além da nossaex periência, a Teosofia era-nos desconhecida e parecia-nosum território impossível. Ainda assim, fascinava porque pro -metia muito, e com as conversas e as leituras esse fas cí niocresceu. Com ele, cresceu o desejo de conhecer H.P.B.. Foiassim que, numa tarde memorável, com uma carta de apre -

16__________

___________________

1. Esta carta foi originalmente publicada em The Occult World of MadameBlavatsky, por Daniel Caldwell, 1991.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 16

Page 15: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

sen tação de W. T. Stead (o então editor da Pall Mall Ga -zette), que substituía o passaporte, encontrámo-nos cara acara, no escritório de Lansdowne Road, com a mulher quemais tarde apren de mos a conhecer e a amar como a maismaravilhosa mulher do seu tempo.

Eu não era tolo ao ponto de procurar milagres. Nãoesperava ver Madame Blavatsky levitar, nem ma te rializarchávenas de chá. Queria, mais do que tudo, ouvir falar ares peito da Teosofia, mas não ouvi grande coisa acerca dis -so. A senhora forte e ma jestosa, que jogava “paciênciasrus sas”, conversou sobre tudo um pouco, excepto a res pei -to do as sunto que mais nos inte res sava. Nenhuma tentativade proselitismo, nenhuma ten ta ti va de nos manipular (nãoes tá vamos hipnotizados!). Mas durante o tempo em queaque les olhos magníficos emanavam luz e apesar da en fer -mi dade física, dolorosamente visível, havia tal poder nelaque dava a impressão de estarmos a ver não a mulher dever dade, mas apenas a superfície do carácter de alguémque sabia muito e que suportara muito ao longo da vida.

Tentei manter uma mente imparcial, aberta, e acre ditoque consegui. Estava genuinamente desejoso de apren der,mas mantive-me crítico e atento à mínima tentativa de en -ga no. Quan do mais tarde descobri a extraordinária per cep -ção de H.P.B., não fiquei surpreso ao perceber que ela ti nhacap tado claramente a minha atitude mental nessa pri meiravi sita, atitude essa que ela nunca desencorajou. Se ao me -nos os que comentam, levianamente, que ela hipnotiza as

17__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 17

Page 16: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

pes soas soubessem que ela faz questão absoluta que colo -que mos à prova todas as coisas, para nos ligarmos apenasàquelas que são boas!

Ir uma vez significava voltar, de modo que, depois de al -gu mas visitas, comecei a encontrar a luz. Captei vis lum bresde elevada moral, de um zelo que tocava o auto-sa cri fício,de uma filosofia de vida coerente, de uma clara e de fi nidaciên cia do homem e da sua relação com o universo es pi -ritual. Foi isto que chamou a minha atenção – não os fe nó -me nos paranormais, pois eu não vi nenhum. Pela primeiravez na his tória da minha mente eu tinha encontrado umapro fessora capaz de pegar nas pontas soltas dos meus pen -sa mentos e uni-las de forma satis fatória; e a infalível ha -bilidade, o vas to conhecimento, a adorável paciência destapro fessora tornavam-se mais evidentes a cada momento.Ra pidamente aprendi que a apelidada de charlatã e tra pa -ceira era uma alma nobre, que se dedicava diariamente aum trabalho altruísta, cuja vi da era pura e simples como ade uma criança, que nunca levava em linha de conta a dorou o entorpecimento físico se isso fizesse avançar a causamaior na qual to da a sua energia estava consagrada. Àsvezes trans pa rente como o dia, a encarnação da bondade,ou silenciosa como um tú mu lo quando necessário, H.P.B.es tava profundamente aten ta ao menor sinal de falta de féno trabalho que era a sua vida. Grata, extremamente gra tapor cada demonstração de afecto – indiferente a tudo o que

18__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 18

Page 17: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

dizia respeito a si mes ma – ela uniu-nos a si, não apenasco mo sábia professora, mas também como ado rá vel amiga.

Certa vez, quando eu estava deprimido devido a umlongo so frimento mental e físico, e a roda da minha vidadeslocava-se de forma tão lenta e pesada que quase parou,durante esse tempo a sua disponibilidade foi incansável e aprova que ela me deu, demasiado pessoal para aqui sermen cio na da, só uma pessoa num milhão a pensaria.

Perfeita, não; defeitos, sim; a coisa que ela mais odiavaera o louvor cego da sua personalidade. Se eu dissesse que,às vezes, ela era impetuosa como um redemoinho, um ver -da deiro ci clo ne ao enfurecer-se, não teria dito tudo. Fre -quen temente pensei que era perfeitamente possível que al -guns desses repentes fossem produzidos com um de ter mi -na do propósito. Mais tarde, eles desapareceram quase porcom pleto. Os seus inimigos diziam, por vezes, que ela eragros seira e rude. Nós, que a conhecíamos, sabíamos queuma mulher tão pouco con vencional como ela, no ver da dei -ro sentido da palavra, nunca existira antes . A sua absolutain diferença a todos os convencionalismos exteriores eraver dadeira, baseada no seu co nhe ci men to espiritual a res -pei to das verdades do universo. Sen tado junto a ela, quandore cebia estranhos – e eles vinham dos quatro cantos domundo – frequentemente observei, com o mais prazeirosodeleite, o seu es panto ao verem uma mulher que di ziasempre o que pensava. Aparecesse diante dela um príncipe

19__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 19

Page 18: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

e ela pro vavelmente deixá-lo-ia em estado de choque; sesurgisse um homem pobre, dar-lhe-ia o seu último centavoe dirigir-lhe-ia as suas mais gentis palavras.»(2)

Outra questão de grande interesse é saber se a atri bui -ção de cada uma das máximas a cada dia do ano é for tui taou não. Quer dizer, se H.P. Blavastky escolheu cada afo ris -mo tendo em conta a «vibração», tatva ou energia es piritualpró prio de cada dia; pois segundo a astrologia eso térica, ca -da um deles tem uma «carga» especial. Re cor demos no ca -pí tulo de A Doutrina Secreta(3) chamado «São Ci priano deAn tioquia», como este sábio, que finalmente se con verteuao cris tianismo, em meados do século III d.C, nu ma dassuas Ini ciações, aprendeu «a divisão caldeia do éter em 365partes e como cada um dos daimons que o re par tem estádo tado da força material necessária para executar as or -dens do Príncipe e guiar ali (no éter) os movimentos». H.P.B.comenta que se tratam dos 365 dias do ano e que, por tanto,cada um deles tem um «dom» especial, talvez vin culado aosensinamentos do «Oriente» por ela es co lhi dos. O melhor éque o leitor leia e medite sobre a máxima que cor respondeao seu dia natal, ou ao de pessoas que co nhe ça, e comprovese o aforismo do dia se «ajusta» es pe cial mente ou não.

20__________

___________________

2. Esta carta foi originalmente publicada em The Occult World of MadameBlavatsky, por Daniel Caldwell, 1991.

3. Volume V, secção XIX, Editora Pensamento, São Paulo.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 20

Page 19: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

Aquele que escreve estas linhas já o fez e fi cou sur pre -endido. É certo que no universo moral tudo está re la cio nadoe todo o ensinamento é válido para todo o ser hu mano, masnão constatamos, também, como alguns pa re cem cha vesque abrem portas internas enquanto que de ou tros per ce be -mos so men te a sua beleza e lógica, sem que nos co movamtan to, sem que nos sintamos tão iden ti ficados?

Seja como for, aqui estão 365 jóias da sabedoria do Orien -te, que podem converter-se num perfeito código mo ral. Má -xi mas que resplandecem como jóias, condensadas al qui mi -camente, da Luz do Sol da Sabedoria; Luz que, se gun do Pla -tão, ilumina todas as virtudes da alma e que nos per mite ca -minhar melhor no labirinto da vida.

José Carlos Fernández

21__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 21

Page 20: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 22

Page 21: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

23__________

INTRODUÇÃO À OBRA LITERÁRIA DE

HELENA PETROVNA BLAVATSKY

O presente capítulo pretende ser uma breve introduçãoà obra literária de H.P.B. que, por enquanto, infelizmente,só se encontra disponível de forma relativamente completaem idioma inglês. Entre 1933 e 1985 foram publicados, eminglês, 14 vo lumes das suas obras com pletas, ordenadoscro nologicamente, os quais não incluem, mas com ple -mentam, o que H.P.B. escreveu em forma de livros, co moÍsis sem Véu e A Doutrina Secreta. Infelizmente, estes tex-tos só se encontram noutros idiomas de forma fragmen-tária, por agora. Devemos este abnegado tra balho derecompilação de to da o material escrito de H.P.B. ao com -pi lador das suas Obras Com pletas, Boris de Zirkoff, quecon tou com a colaboração das diversas Sociedades Teo só -fi cas e especialmente de um dos seus presidentes, Sr. N.Sri Ram.

___________________

As obras marcadas com (*) encontram-se contidas nos ca torze volumesdas Obras Completas.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 23

Page 22: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

24__________

A obra literária de Helena Petrovna Blavatsky foi imen-sa. Não só compreende os seus livros mais conhecidos, co -mo A Doutrina Secreta, Ísis sem Véu, A Voz do Silêncio, OGlossário Teosófico, A Chave da Teosofia, ou compilaçõesde contr i buições literárias surgidas em jornais como PelasGrutas e Selvas do Indostão; também inclui cerca de mil ar -ti gos em rus so, inglês, francês e italiano, cujo volume su pe -ra o do conteú do dos seus livros. Devemos igualmente con -si de rar as suas cartas, das quais só se publicaram dois vo -lu mes, e as instruções para a Escola Esotérica, das quaisso mente fragmentos são do domínio público.

Na nossa opinião, é possível que um futuro volume dasObras Completas (Collected Writings) inclua material adi -cio nal, como cartas inéditas, ou notas para a Escola Eso té -ri ca, que não são conhecidas pelo público. A ideia ge ral éque os apontamentos para a Escola Esotérica pu bli ca dos noto mo XII das Obras Completas, e em similar for ma em ADoutrina Secreta, edição de Adyar (Tomo V) por A. Besant, sãotodos os que H.P.B. deixou. O material in cluí do no tomo XIIdas Obras Completas (págs. 513-713) in clui cin co no tas e umasérie de ensinamentos baseados em res pos tas a perguntasde H.P.B. que devemos ao Dr. Roso de Lu na, to mada deuma carta de H.P.B. a Sinnett de 1889 (pág. 345) e que indi-caria um volume maior de escritos para a Escola Esotérica:

«Perguntais a mim quais são as minhas novas ocupa -ções? Nenhuma, excepto escrever todos os meses cin quen -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 24

Page 23: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

25__________

ta ou mais páginas sobre as minhas Instruções Eso té ri cas,que não podem se imprimir. Cinco ou seis mártires vo lun -tá rios e desgraçados entre os meus generosos esote ris tasfa zem trezentas cópias para mandá-las aos membros au -sen tes da minha Secção Esotérica: mas eu tenho, po rém,de revê-las e corrigi-las! Logo as nossas reuniões das quin -tas -feiras, com as perguntas científicas dos sa vants, taiscomo Bennet ou Kigsland que escrevem sobre elec tri ci da -de, com taquígrafos em todos os cantos e a se gu ran ça deque a menor palavra minha aparecerá no nosso no vo jornalTransactions of the Blavatsky Lodge, e que se rá li da ecomentada, não só pelos meus teosofistas, mas por cen -tenas de pessoas predispostas contra mim.»

Numa série de notas preliminares à instrução NúmeroIII, H.P.B. menciona ter recebido instruções de não conti -nuar os ensinamentos esotéricos (O.C. Tomo XII, págs. 581-600),as quais foram, ainda assim, resumidas na instrução Nú -me ro V. Porém, exista ou não material adicional da Es co laEso té rica, o leitor conta com um material precioso que abar -ca um terreno intelectual enorme.

Infelizmente, não são muitos os que tenham estu da doseriamente a obra de H.P.B. por completo, incluindo mui tosma logrados copistas, que cairam abertamente no sec ta ris -mo religioso ou no mais baixo medianismo e fantasia, es -que cendo o fio fundamental da obra de H.P.B.: o ecle tis moe um espírito fundamentalmente filosófico.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 25

Page 24: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

26__________

Esperamos que o presente trabalho contribua para aori entação do leitor das obras de H.P.B., que não deve sen-tir-se de sencorajado ao enfrentar o monumental conhe ci -men to eso térico expressado em Ísis sem Véu e A DoutrinaSe creta. Existem centenas de artigos, narrações de viagense contos ocultistas produzidos pela pluma de H.P.B., atra -vés dos quais o leitor pode penetrar no mais maravilhosomun do do Mis tério que H.P.B. tanto amava.

Relação das obras de Blavatsky

A obra literária de H.P.B. foi composta (exceptuando al -guns artigos anteriores) entre 1875 e 1891, principalmenteem língua inglesa, idioma que H.P.B. só dominava de umama neira rudimentar na sua chegada a Nova Iorque a 7 deJulho de 1874. Isto só por si é um enigma e um prodígio queex ce de a imaginação. Neste período H.P.B., com muito pou -ca aju da (cabe aqui citar a Olcott, a quem devemos o traba -lho edi torial de Ísis sem Véu), escreveu as seguintes obras:

— Ísis sem Véu (Nova Iorque, 1877).— A Doutrina Secreta (Londres e Nova Iorque, 1888).— A Chave da Teosofia (Londres, 1889).— A Voz do Silêncio (Londres e Nova Iorque, 1889).— Jóias do Oriente (Londres, 1890).(*)

—Transcrições da Loja Blavatsky (Londres e Nova Iorque,

1890 e 1891).(*)

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 22-05-2008 22:09 Page 26

Page 25: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

27__________

— O Glossário Teosófico, obra póstuma (Londres e Nova

Iorque, 1892).— Contos de Pesadelo (Londres e Nova Iorque, 1892).(*)

— Pelas Grutas e Selvas do Indostão. (Londres, Nova Iorque

e Madrás, 1892). Reeditado como tomo adicional àsObras Completas.

Finalmente temos os catorze volumes das Obras Com -ple t as de H.P.B. que contêm textos adicionais, dos quais sóo primeiro volume corresponde ao período comprendidoen tre 1874 e 1878, anterior a Ísis sem Véu. Estes catorze vo -lu mes foram publicados em Londres (Inglaterra), Madrás(Ín dia) e Wheaton (Illinois, EUA) entre 1933 e 1985 e contêmar tigos, contos, anotações várias, respostas a cartas (conti-das em O Teósofo e Lúcifer, dos quais H.P.B. foi editora), ein clusivamente material apresentado em livros a par tir de1874. Por exemplo, o volume XII inclui o pequeno li vro deafo rismos compilados por H.P.B. para cada dia do ano pu -blicado sob o título «Jóias do Oriente» em 1890. Tam bémfo ram incluídos, cronologicamente, os Contos de Pe sa de lo(pu blicados em espanhol sob o título de Nar ra ções Ocul -tistas), e outros textos anteriormente apresentados em for -ma de livros ou compilações (por exemplo Cinco Anos deTeo sofia). Os catorze volumes também incluem o materialde A Dou tri na Secreta que não apareceu na edição ori gi nalde dois to mos. Este material, que aparece no tomo XIV dasObras Com pletas corresponde ao tomo V de A Doutrina

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 27

Page 26: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

28__________

Secreta, edi ção de Adyar, e tomos V e VI da edição espanho-la publica da pela editora Kier em Buenos Aires.

Os primeiros escritos de H.P. Blavatsky

Não existe prova concludente de que H.P.B. tenha pu -blicado artigos antes de Outubro de 1874. No entanto, é al ta -mente provável. Por exemplo, numa entrevista a H.P.B. pu -bli cada no jornal Daily Graphic de Nova Iorque em 13 de No -vembro de 1874, H.P.B. referiu-se ao facto de ter es crito an -te riormente para a Revue de Deux Mondes de Pa ris e de tersi do uma correspondente do Independence Bel ge e de ou traspu blicações francesas. Também existem re fe rên cias o ra is aou tras publicações nos EUA, traduções para o russo, etc.

Entre 1874 e 1878, durante a sua estadia nos EstadosUnidos, H.P.B. escreveu uma série de artigos polémicosnos jornais espiritistas mais conhecidos: Banner of Light(Bos ton, Massachussets), Spiritual Scientist (Boston, Mas sa chu ssets),Re ligio-Philosophical Journal (Chicago, Illi nois), The Spi ri tua -list (Londres) e a Revue Spirite (Paris). Tam bém es cre veu umasé rie de contos ocultistas para al guns dos jornais america -nos mais importantes como The World, The Sun e The DailyGra phic, todos de Nova Iorque.

O primeiro artigo de H.P.B. sobre os habitantes do maisalém intitulou-se «Maravilhosas manifestações de Es pí ri -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 28

Page 27: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

29__________

tos» (O.C. Vol. I pág. 30) e foi publicado a 30 de de Ou tu bro de1874 no Daily Graphic de Nova Iorque. O artigo é uma respos-ta a um artigo anterior do Dr. G. M. Beard que tra tava de des -men tir os fenómenos espiritistas que es ta vam a su ceder naquin ta dos Eddy em Vermont, EUA. Na sua resposta, H.P.B.es cre via no seu estilo inimitável:

«Durante as últimas semanas, o Dr. G. M. Beard assu-miu o papel de “leão que ruge” procurando um medium para“de vorar”. Ao que parece, hoje este culto cavalheiro temma is fome do que nunca. Logo, o fra cas so que expe ri men -tou com o “leitor de pensamento” de New Haven não é desurpreender.

Não conheço o Dr. Beard pessoalmente, nem me inte-res sa saber até que ponto merece ter os louros da sua pro -fis são de doutor em Medicina. O que sim sei, é que jamais po -de rá aspirar a igualar, e muito menos ultrapassar, ho menssá bios como Crookes, Wallace, ou inclusivamente Flam ma -rion, o astrónomo francês, qualquer um dos quais se dedi-cou, du ran te anos, à investigação do espiritismo. Todos elesche ga ram à conclusão de que, mesmo supondo que o bemco nhe ci do fenómeno de materialização dos espíritos nãopro vas se a identidade das pessoas que dizem representar,não se tratava, de qualquer modo, da acção de mãoshumanas, e muito menos uma fraude».

Recordemos que H.P.B. havia chegado aos Estados Uni -dos em Julho de 1873 e que o seu conhecimento do in glês

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 29

Page 28: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

30__________

era, no melhor dos casos, rudimentar. Durante a sua in fân -cia ha via aprendido noções de inglês com uma instrutora deYork shire, Inglaterra. No entanto, como ela própria nos re -lata, ja mais voltou a falar e menos ainda escrever a dita lín -gua en tre os 14 e os 40 anos de idade. Na mesma nota au -tobiográfi ca (compilada por Mary K. Neff) recorda tambémuma ins tân cia em que lhe havia sido extremamente di fí cilentender um livro escrito em inglês durante uma estadia emVeneza em 1867. Porém, logo depois, teria que co me çar aescrever a sua grande obra em inglês, com a qual ganhariauma bem me recida reputação de insuperáveis conhecimen-tos ocul tis tas: Ísis sem Véu.

Ísis sem Véu

Ísis sem Véu foi escrita entre 1875 e 1877, abarcandome nos de dois anos de trabalho contínuo nesta magna obraque, talvez pela primeira vez desde a desaparição dos pla tó -ni cos e neoplatónicos, representa um esforço coerente desin tetizar fragmentos de sabedoria esotérica de todas as ida -des e culturas do mundo. No prefácio à obra, H.P.B. ex pli caque o «seu objectivo é ajudar o estudante a descobrir os prin -cí pi os vitais que subjazem nos antigos sistemas filosóficos».

Ísis sem Véu teve um enorme êxito, esgotando-se napri meira edição de mil exemplares em dois dias. Em reco -nhe ci mento dos enormes conhecimentos desenvolvidos nas

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 30

Page 29: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

31__________

su as obras, H.P.B. recebeu o mais alto grau maçónico, o de«Prin cesa coroada» (Rito de Adopção sob os Ritos de Mem -phis e Mizraim). Aclaramos que H.P.B. jamais perten ceu àMa çonaria regular e, portanto, nas suas próprias palavras:«Não nos encontramos sob nenhuma promessa, obrigaçãoou juramento, e portanto não violamos nenhuma confian -ça», referindo-se à sua crítica da Maçonaria ocidental emÍsis sem Véu.

O leitor atento notará que Ísis sem Véu começa com umaex posição dos princípios fundamentais da tradição pi ta gó -rico-platónica e outras fontes gregas de sabedoria tra di cio -nal, ou seja, das raízes do Esoterismo no Ocidente. Nas suasre ferências a Platão, H.P.B. analisa entre outros o «Mito daCaverna» (A República) e refere-se à filosofia pla tó nica como«o mais perfeito compêndio dos abstrusos sis te mas da anti-ga Índia, e o único que pode oferecer-nos terreno neutral...Platão foi, na mais plena acepção da palavra, o intérprete domundo, o maior filósofo da era pré-cristã...».

Em Ísis sem Véu H.P.B. demonstrará o mesmo espíritofi lo sófico que caracterizará todo o seu labor. É uma obra desín tese que se esforça em demonstrar a identidade dasideias essenciais de todo o grande sistema filosófico. Se gun -do H.P.B.: «Há uma regra de interpretação que deve gui ar--nos no exame de qualquer opinião filosófica. A inteligênciahu ma na, sob a necessária acção das suas próprias leis, es táim pelida em manter as mesmas ideias fundamentais, e o co -ração do homem a alimentar os mesmos sentimentos em to -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 31

Page 30: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

32__________

da a época». Em Ísis sem Véu e suas obras posteriores, es -pe cialmente A Doutrina Secreta, H.P.B. esforçar-se-á porpro var esta afirmação.

Um facto lamentável em relação à publicação de Ísissem Véu foi que o material que viu a luz na primeira ediçãode dois to mos corresponde aproximadamente à metade oua um terço do que H.P.B. havia reunido para a obra. O restofoi des truí do, facto que ela lamentaria quando chegou a ho -ra de escre ver A Doutrina Secreta.

A Doutrina Secreta

A Doutrina Secreta foi indubitavelmente a obra literáriamais importante de H.P.B. Inicialmente havia sido concebi-da como uma revisão do material contido em Ísis sem Véu.No entanto, o produto final, para nossa sorte, contém pou -cas repetições e muitíssimo material original que, se gun doH.P.B., não seria compreendido ou discutido inte li gen te -men te até ao «próximo século» (nosso século XX).

Olcott relata que em 1879 havia começado a ajudarH.P.B. a escrever «o seu novo livro teosófico». No dia 24 deMa io de 1879 havia esboçado um índice e em 4 de Julho ha -via terminado de escrever o prefácio. Esta havia sido a se -men te da qual germinaria anos mais tarde A Doutrina Se -creta, cujo título Olcott havia sugerido durante um esboçoinicial.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 32

Page 31: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

33__________

O primeiro aviso da publicação da obra e solicitude desubs crições apareceu em O Teósofo de Fevereiro de 1884.Po rém, a publicação não seria possível até finais de 1888. Opri meiro volume saiu da gráfica em Londres no dia 20 deOu tubro de 1880 e o segundo em finais de Dezembro domesmo ano ou Janeiro de 1881.

O plano original da obra, segundo o que H.P.B. haviacon cebido, comprendia quatro volumes. A primeira ediçãofoi publicada em dois volumes dos quais faltava muito ma -te rial que H.P.B. havia preparado. O material que faltavacom preendia fundamentalmente um «longo prefácio» (nãoo pre fá cio que conhecemos) relativo à história dos grandesAdep tos e do Esoterismo através do tempo. Este é provavel-mente o material publicado no tomo V da edição de Adyar eto mos V e VI das edições em espanhol, excluindo as no tas pa -ra a Escola Esotérica (publicadas como Alguns Apon ta men -tos sobre o Significado da Filosofia Oculta na Vi da no to mo VIda edição em espanhol). A respeito do conteúdo do to mo IVori gi nal, existem várias referências que nos fa zem crer quever saria sobre Magia e Ocultismo prático. Pa rece-nos alta -men te provável que parte deste material te nha sido incluidopos teriormente nas instruções para a Es cola Esotérica.

Tal com chegou até nós, o material de A Doutrina Se -cre ta, no qual se citam 1.200 autores e obras, incluidos al -guns co mo O Livro Caldeu dos Números, que não foi possí -vel encontrar, foi ordenado do seguinte modo (incluindo oma terial pu blicado postumamente):

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 33

Page 32: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

34__________

— Estâncias de Dzyan sobre Cosmogénese e comen-tários.

— Estâncias de Dzyan sobre Antropogénese e comen-tários.

— Simbologia arcaica.— Capítulos sobre Ciência.— História dos grandes Adeptos e do Esoterismo.— Algumas instruções para a Escola Esotérica.

As estâncias e comentários obedecem à tradicional for -ma de exposição oriental conhecida como sutri, sutra esmrti, ou seja, a apresentação dos textos sagrados (su tra) eco mentários qualificados aos mesmos (smrti). No que dizrespeito aos capítulos relacionados ao Simbolismo, H.P.B.esclarece que, sem comprender Simbologia arcaica, é im -pos sível des vendar e compreender as antigas concep çõesacer ca da origem do Universo (Cosmogénese) e do Ho mem(Antro pogénese).

Em relação ao modo recomendado por H.P.B. para es -tu dar o material contido em A Doutrina Secreta, devemos asse guintes anotações, atribuidas a conversações com H.P.B.,a Robert Bowen, membro da Loja Blavatsky de Londres:

«Alguém que imagine que obterá uma imagem satisfa -tó ria da constituição do Universo de A Doutrina Secreta, sófi cará confuso com o seu estudo. Não pretende dar tal vere -dic to da existência, mas sim conduzir até à VERDADE...

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 34

Page 33: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

35__________

Deve encarar-se o estudo de A Doutrina Secreta comoum meio de exercitar aquele aspecto da mente jamais toca-do por outros estudos».

H.P.B. recomendava, para além disso, a reflexão acer-ca das seguintes ideias:

• A unidade fundamental de toda a existência. Trata-sedo en sino de que a existência é uma coisa, não sim -ples mente mui tas coisas ligadas. Fundamentalmentesó existe um Ser. Es te Ser tem dois aspectos, positivoe negativo. O aspecto po sitivo é Espírito ou Consciência.O negativo é substância.

• A segunda ideia vital é a de que não existe a matériamorta. To do o átomo está vivo. Não pode ser de outromo do posto que cada átomo é em si mesmo o SerAbsoluto.

• A terceira ideia fundamental é que o Homem é o Micro -cos mos. E se é tal, todas as Hierarquias dos Céus exis-tem den tro de si. Mas, na verdade, não existe um Ma -cro cos mos nem um microcosmos mas uma só Exis -tên cia. O grande e o pe queno são tais somente vistospor uma consciência limitada.

• A quarta e última ideia fundamental é a expressa nogrande axioma hermético que sintetiza as demais.

«Como é no Interior, é no Exterior; como é o Grande é oPe queno; como é Acima é Abaixo: só existe uma Vida e umaLei; e aquele que actua é Uno. Nada é Interior, nada Ex te ri or;

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 35

Page 34: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

36__________

nada é Grande nem Pequeno; nada é Alto nem Baixo na divi -na Economia».

A Chave da Teosofia

A Chave da Teosofia foi publicada em 1889. Trata-se deuma obra fundamentalmente pedagógica dedicada porH.P.B. «a todos os seus discípulos, que possam aprender epor sua vez ensinar». A obra está estruturada em forma deper guntas e respostas, mais um glossário de termos esotéri-cos e filosóficos. Segundo H.P.B.:

«Não se trata de um livro de texto de Teosofia completoou exaustivo, mas só de uma chave que permita abrir a por -ta que conduz a um estudo mais profundo. A obra traça asgran des linhas da Sabedoria-Religião, e explica os seus prin -cí pios fundamentais, enfrentando ao mesmo tempo as vá riasob jecções do investigador ocidental comum, e tra tando deapre sentar conceitos pouco familiares numa for ma e lingua -gem o mais simples possível. Seria demais es perar que te -nha êxito em mostrar de maneira inteligível a Teosofia semmui to esforço intelectual por parte do leitor. No entanto, es -pe ramos que a obscuridade que permaneça seja devido aopen samento e não à linguagem, à profundidade das ideias enão à confusão. Ao intelectualmente preguiçoso ou confundi-do, a Teosofia tem que parecer um enigma; pois nos mundos

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 36

Page 35: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

37__________

mentais e espirituais, cada homem deve progredir pelosseus próprios méritos».

A obra representa um esforço importante por parte deH.P.B. de tornar os princípios básicos da Filosofia esotéricaem termos acessíveis ao leitor médio, que teria dificuldadeao confrontar-se com os difíceis delineamentos e ex po si -ções de Ísis sem Véu e A Doutrina Secreta. A sua uti li dadeadi cional é a de resumir num livro traduzido em muitos idio -mas respostas a cartas e perguntas planeadas ao longo dosanos através das revistas O Teósofo e Lúcifer. No en tan to,não se trata de uma simples compilação do que apa re ceunas referidas publicações, material este que pode ser con -sulta do nas Obras Completas.

A Voz do Silêncio

A tradução de A Voz do Silêncio, que, como H.P.B. nosre lata no prefácio, ela havia memorizado durante o seutreino ocultista no Tibete, está relacionada com a aberturada Escola Esotérica. Isto fica manifestado na dedicatória daobra: «Dedicada aos poucos». Quer dizer, aos verdadeirosaspirantes à Sabedoria.

Esta obra importantíssima, que contém, segundo H.P.B.,ins piração tanto pré-budista como budista (Budismo Eso -térico), explica o «espírito» da verdadeira Tradição eso té rica.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 37

Page 36: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

38__________

Nela despreza-se a aquisição de poderes psí quicos e exalta--se a «Sabedoria ou Doutrina do Coração», conhecida exo -tericamente como a «doutrina de compai xão» de Buda.

As Transacções da Loja Blavatsky

Contrariamente às instruções para a Escola Esotérica, omaterial contido em As Transacções da Loja Blavatsky ja -mais foi considerado de uso restringido. O livro está basea-do em notas tomadas taquigraficamente por assistentes àsreu ni ões da Loja Blavatsky, nas quintas-feiras em Londres(1889-1891), nas quais se discutiam as estâncias de Dzyan, nasquais se baseia A Doutrina Secreta, e em que H.P.B. res pon -dia a diversas perguntas. Por se tratar do pe ríodo final da vi -da de H.P.B., só contém respostas a perguntas sobre asquatro primeiras estâncias de Dzyan corres pon dentes aCos mo génese.

O Glossário Teosófico

O Glossário Teosófico foi a obra póstuma de H.P.B. Na in -tro dução à primeira edição de 1892 o editor lamenta que elasó tenha visto em vida as primeiras 32 folhas das provas deim pressão, pois tinha intenção de estender consi de ra vel -men te o volume da obra, tal como nós conhecemos. A maior

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 38

Page 37: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

39__________

parte dos escritos pertence em punho e letra a H.P.B., ex -ceptuando certos conceitos das doutrinas cabalísticas, ro sa-cruzes e herméticas, que ela delegou a W. W. Wes cott, umeru dito cabalista e rosa-cruz.

Pelas Grutas e Selvas do Indostão

Esta obra, publicada como tomo adicional aos XIV volu -mes das Obras Completas, corresponde a contribuições li -te rá rias de H.P.B. publicadas em jornais russos. Ela haviaco me çado a escrever regularmente para jornais russos em1877, desde Nova Iorque. Encontraram-se 17 artigos desteperíodo.

Pelas Grutas e Selvas do Indostão começou a ser publi -ca do em Novembro de 1879 em forma de cartas de viagem.A primeira série, publicada originalmente na Crónica deMos covo, foi interrompida em Janeiro de 1882. Em No vem -bro de 1885, o Mensageiro Russo, que havia reimpresso asé rie original entre Janeiro e Julho de 1883, reassumiu apubli ca ção de uma segunda série, que chegou a compreen-der 7 ca pítulos, terminando no final de um parágrafo com apro mes sa de continuar, e assinado com o pseudónimo deH.P.B. Raddha-Bai.

A obra não é simplesmente uma descrição literal dasaven turas de viagem de H.P.B. Não sabemos até que pontoHis tória, Literatura e Esoterismo se misturam. Na edição es -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 39

Page 38: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

40__________

panhola, o Dr. Roso de Luna tratou de elucidar estas per gun -tas nos seus copiosos comentários a cada capítulo. No en -tan to, grande parte do mistério permanece...

Devemos um detalhe biográfico notável (compilado noses critos de H.P.B. em russo) à sua irmã Vera de Zhelihovsky,que nos conta que durante a guerra entre a Turquia e a Rús -sia ela deu instruções para doar todos os seus honorários àCruz Ver melha e às famílias dos soldados feridos.

O Teósofo e Lúcifer

Pouco depois da sua chegada à Índia a 16 de Fevereiro de1879, em colaboração com Olcott, Blavatsky começou a pla -ni ficar a publicação de uma Revista exclusivamente de di cadaa temas ocultistas: O Teósofo. Esta viu a luz a 1 de Outubrodo mesmo ano e até finais do mês já contava com 381 subs -cri ções. Nela H.P.B. verteu muitos esforços e conhe cimentosatravés de artigos, notas editoriais, respostas a cartas, etc.Infelizmente nem tudo o que ela es cre veu tem a sua assi-natura ou um de um dos seus pseudónimos, facto que dificul-tou o tra balho do editor das sua Obras Completas. Ao longoda sua tra jectória literária, H.P.B. havia utilizado diversospseudóni mos como Hadji Mora, Raddha-Bai, Sanjna e «Ad -ver sário». O seu inimitável estilo te ve que servir muitas vezesde guia pa ra o reconhecimento de artigos e comentários não

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 40

Page 39: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

41__________

assinados, especialmente aqueles que aparecem em O Teó -so fo e Lúcifer.

Em Março de 1885 H.P.B. abandonaria a Índia para nãoregressar mais. Durante os seus últimos seis anos de vida,se gu ramente os mais difíceis, daria luz às suas mais mara -vilhosas flores: A Doutrina Secreta, A Voz do Silêncio e a Es -co la Esotérica. A este período corresponde também a fun da -ção de uma nova revista sob o nome de Lúcifer. O pri meironúmero de Lúcifer apareceu em Londres a 15 de Se tembrode 1887. A página titular levava a seguinte ins cri ção: «Umare vista teosófica, dedicada a “trazer à luz as coi sas ocultasda obscuridade”». Em Lúcifer, H.P.B. con ti nuou a ex pressara sua inesgotável creatividade e conhe cimento queincluíram im portantes trabalhos como «O carácter esotéri-co dos evangelhos», que surgiu em Lúcifer naquela época.

Conclusão: um Enigma chamado H.P.B.

Não conseguimos saber plenamente quem foi o ser queo mundo conheceu como H.P.B... mas não é necessáriocomprender a essência da luz para seguir um sinal lumi-noso. A obra de H.P.B. foi plena desses sinais luminososque per mi tem descobrir um património espiritual comumpara to da a Humanidade. Esperamos que o leitor tenha acoragem de enfrentar estes ensinamentos com os seus

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 41

Page 40: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

42__________

próprios meios e através dos seus próprios esforços. A re -compensa tal vez seja aquela Liberdade da qual tanto fala -mos e tão pouco vivemos.

Harry Costin

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 42

Page 41: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

43__________

H.P.B. e o discipulado

Ao fim de cem anos da sua desaparição física, H.P.B. pa -re ce-nos ainda mais atractiva e misteriosa do naqueles mo -men tos em que, ao alcance dos humanos, seja para elogiá-laou criticá-la, também escapava ao comum denomindador dagen te. Ela encarnou e continuará a encarnar uma persona -gem com plexa, de riquíssimas matizes, enigmá tica e simplesao mes mo tempo. Torna-se muito difícil separar aspectosisolados da sua vida sem referirmos o conjunto, que é o queou torga valor a cada elemento integrante. Uma existênciaple na de aventuras físicas e metafísicas, uns textos que pe loseu conteúdo em Sabedoria escorrem pe las duras ares tas damente somente racional, tudo se une ao ten tarmos analisaro factor discipulado em relação a H.P.B.

Numa primeira aproximação, o que é o discipulado?Uma forma de vida, em que um homem ou uma mulher fi -cam sob a orientação directa de um Mestre, impulsionadospor uma ân sia de perfeição moral e espiritual e dispostos a

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 43

Page 42: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

44__________

vencer todas as pro vas necessárias por amor à Sabedoriaque o seu Mestre en carna.

Esta questão, inclui pois, vários factores inseparáveis:O facto da existência dos Mestres de Sabedoria (sem os

quais não haveria discípulos) e que, neste caso particular,H.P.B. deu a conhecer no Ocidente, às vezes de maneira es -pe cífica e concreta, e outras vezes referindo-se à presen çaconstante desses Seres que animavam o seu labor e o detodos os homens de consciência desperta.

Apesar das críticas que reuniu a seu respeito, e aindaque até ao final da sua vida H.P.B. tenha sido tratada comoim pos tora, entre outras coisas, por mencionar uns Mes tresque só viviam na sua fantasia, este é um facto fundamentalque motivou, motiva e motivará uma boa parte do im pulsoes piritual e evolutivo que anima a humanidade.

O facto da existência de discípulos (sem os quais não ha -ve ria Mestres), em que se inclui a própria H.P.B., e todos osque autenticamente decidem aceder a estes graus de aper -fei çoamento progressivo.

A relação entre Mestres e discípulos, é muitas vezes tin -gi da de romântica ingenuidade e escasso conhecimento. Re -la ção que pode ser mais ou menos directa e concreta, maisou menos conhecida e publicitada, mais ou menos frequentese gundo as circunstâncias históricas e humanas. Re laçãomui to difícil de definir pois baseia-se em princípios de amor,com preensão, compromisso e entrega que ultra pas sam osen tido vulgar desses termos. Traduz-se em Devoção, In ves -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 44

Page 43: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

45__________

ti gação e Serviço por parte do discípulo; Provas, Orientação,Exi gên cias e Energia por parte do Mestre.

Tendo em conta estes três factores que acabamos decon siderar, propomo-nos a dividir este trabalho nas se -guin tes partes:

1 - H.P.B. como DiscípulaPosto que o foi de coração durante toda a sua vida, não

po demos fazer mais do que apoiar-nos em alguns pontosbio gráficos que nos ajudem a introduzir a sua constante re -la ção com os Mestres, a sua fidelidade e obediência, e a de -di cação à obra por Eles recomendada.

2 - H.P.B. como MestraAqui focaremos um determinado período da sua vida;

incluiremos alguns aspectos do seu carácter pessoal, a suacapacidade para se rodear de gente; os seus dis cí pulos, assuas obras, e o particular estilo do seu ensino.

H.P.B. como Discípula

Se bem que não exactamente dentro do contexto disci -pu lar, en contraremos sim referências às característicasex traor di nárias que distinguiram H.P.B. desde a sua maisten ra ida de. É possível que estas características tenham si -do a ev idência inicial ou o ponto de partida da sua relação

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 22-05-2008 22:10 Page 45

Page 44: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

46__________

com os Mestres, ou melhor dito, com o Seu Mestre e muitosoutros «Irmãos» - como ela costumava chamá-los - no Ca -mi nho espiritual.

Desde muito pequena assombrou os seus familiares eco nhecidos com dotes insólitos para desencadear todo otipo de fenómenos ao seu redor, para recordar o que nin -guém re cordava e ver ou entender o que ninguém via ou en -ten dia. De vemos interpretar esta inata predisposição co moum contacto inconsciente com os Mestres e com outrospla nos de ma nifestação, ou mais como uma habilidade pre -ma tura fa vo recida por outras muitas encarnações dedica -das ao de sen volvimento do potencial humano interior?

A. P. Sinnett assume a hipótese de que já na sua pri -meira infância, H.P.B. (a Srta. Hahn como ele a chama) es -ta va protegida por uma certa intervenção inexplicável, ca -paz de actuar no plano físico quando as circunstâncias o re -que ri am. E, efectivamente, foram muitas as ocasiões no de -curso da sua vida em que poderia ter sofrido perigosos aci -den tes ou ter morrido não fosse por essas intervenções «mi -lagrosas». No mesmo sentido escreve a condessa Wacht -meister: «Durante a sua infância ela via, perto dela, umaforma astral que sempre lhe aparecia num momento deperigo e a salvava justamente no momento mais crítico.H.P.B. considerava essa forma astral como o seu anjo daguarda encontrando-se sob o Seu cuidado e orientação.» Ames ma figura imponente acompanhou-a durante a suaado les cência; era sempre o mesmo protector e o seu rosto

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 46

Page 45: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

47__________

era in confundível, ao ponto de que quando tinha 20 anos e oen controu sob uma forma humana, o reconheceu imediata-mente e sentiu que sempre crescera sob o seu cuidado.

Depois do seu matrimónio, aos 17 anos, e após aban-donar o seu marido ancião, embora conservando para sem -pre o seu apelido, partiu do seu país e durante dez anos via -jou por lugares insólitos da Ásia Central, Índia, América doSul, África e Europa. Não é fácil saber com exactidão o quefez H.P.B. nos dez anos de incessantes viagens que men -cionámos. Não há relatos precisos a seu respeito, salvo osseus próprios comentários nem sempre extensos nemesclarecedores.

Como foi a sua viagem para a Índia e para o Tibete?Quanto durou e o que fez nesse tempo? Alguns dados perfi -la dos fazem ver que tentou várias vezes entrar no Tibete; eevidenciam que foi um samám tártaro quem a aju dou aentrar convenientemente disfarçada, e a recolher pes soal -mente experiências interessantíssimas .

Quando ao fim de dez anos, H.P.B. regressa para ondees tava a sua família de sangue, faz notar o indubitável desen -vol vimento que haviam adquirido as suas faculdades, até àal tura inseridas no conceito de espiritismo, que ganhava ter-reno e adeptos no Ocidente.

Enumerar a quantidade de fenómenos mais ou menoschamativos que ocurriam ao seu redor seria uma tarefainterminável: mó veis que se moviam sozinhos, aumento oudiminuição do pe so dos objectos, possibilidade de ver coisas

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 22-05-2008 22:11 Page 47

Page 46: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

48__________

invisíveis e pes soas ausentes, espectros de falecidos, ruí-dos, sussurros, gol pes rítmicos, campainhas, músicas... Nãoobstante H.P.B. não trabalhava como uma simples médium,quer di zer, não era governada por nenhum tipo de entidade,mas pe la sua pró pria vontade, rasgo este que foi desenvol -vido ca da vez com mais vigor, ainda que para sua infelicida -de se tenha visto forçada a ofe re cer ao público muitos fenó -me nos que comprovassem em par te as sua palavras, ouque ajudassem a des per tar in quie tu des espirituais adorme-cidas nos seus obser va dores. A sua irmã, a Sra. Zhe li hov -sky, comenta nos seus escritos que H.P.B. não estava sob ain fluência de fantasmas ou espectros de de fun tos mas pelapresença no corpo astral dos seus «potentes amigos».

Uma experiência particular que viveu perto dos seus 30anos, podia interpretar-se como um contacto mais profun-do com os Mistérios Iniciáticos e com a sua missão peranteo mun do orientada pelos Mestres. O episódio parte de umain com preensível doença que a levou a permanecer vá riosdias em estado de coma. Ela mesmo relata que então vi viauma du pla personalidade: uma era H.P.B., que ainda doen -te a bri a os olhos e respondia quando se chamava por esseno me; a outra - que nunca revelou quem era - actuava ple -na mente nou tro mundo e não fazia ideia de quem eraH.P.B.. A gravidade da doença fez com que fosse aconse -lhá vel transferi-la para Tiflis, com os seus parentes. Du ran -te a viagem, no fundo de uma simples barca que seguia airregular corren te de um rio, as suas criadas viam-na levan-

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 22-05-2008 22:11 Page 48

Page 47: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

49__________

tar-se e desapa re cer entre os bosques da margem, apesardo seu corpo de bi li tado e inconsciente não se mover da em -bar cação. Com quem se en contrava então e para quê? Cre -mos que a res posta forma par te dos muitos segredos a queela foi tão fi el quanto aos seus próprios Mestres.

Depois de outra estadia de vários anos no Oriente de di -cados a uma sólida formação relacionada com o domínio dosseus poderes e a sabedoria oculta, e após ter acedido mui toprovavelmente à Iniciação, compreende que a sua ta re fa é ade divulgar os seus conhecimentos entre as pessoas, masainda não vê claramente como deve fazê-lo.

Poderíamos considerar esta data [1870] como o início doseu trabalho concreto enquanto Mestra, mas antes de abor-darmos este as pecto da sua vida, devemos insistir que ja -mais, em ne nhu ma circunstância, deixou de ser uma fiel dis -cí pula. De acordo com os seus relatos, ela tomou conheci-mento no seu primeiro encontro com o seu Mestre, aos 20anos, do trabalho que a esperava no mundo, a funda çãodaquilo que futuramente viria a ser a Sociedade Teosófica, eto das as di ficuldades que isso acarretaria. Mas o seu amor ea sua obe diência levaram-na a aceitar tudo quanto fosse ne -ces sário: «Desde o início eu sabia o que devia esperar por queme haviam dito, e não cessei de o repetir aos de mais: Quandoalguém entra tão rá pido no Caminho... o karma pessoal, emvez de lhe ser atribuído ao longo de toda a vida, chega embloco e esmaga-o com todo o seu peso. Aquele que acreditanaquilo que professa e no seu Mestre, aguentará e sairá vito-

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 49

Page 48: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

50__________

rioso da prova; aquele que duvida, o cobarde que teme rece-ber o que em justiça merece e trata de evitá-lo, FRACASSA».

H.P.B. como Mestra

Poderíamos assegurar, sem receio de estarmos equivo-cados, que a maior lição de mestria de H.P.B. foi a sua in -que bran tá vel le aldade para com os seus Mestres. E talvezpor isso tenha sido Mes tra; não porque se sentisse segurado seu saber e da sua for ça, mas porque sempre tentoutransmitir aos de mais a pro ce dência Superior da sua ener-gia espiritual e da sua ex tra or di nária Sabedoria. Foi Mestrapara louvar os seus Mes tres, hu milde quando errava e maishumilde to da via quan do colhi a triunfos.

Os seus discípulos? Essa é outra longa e confusa históriaainda por esclarecer. Em todo o caso ensinou, es cre veu e fezo que fez porque assim lhe ordenaram. Quem en ten deu isso,seguiu-a, e quem não entendeu, nunca chegou a alcançá-la,nem à sua Mensagem.

Retomemos o fio da sua vida em 1870. No princípio pen-sou em actuar apoiando-se na difusão das ideias espiritistas.Encontrava-se então no Egipto onde fundou uma associa çãopa ra a investigação dos fenómenos espiritistas que lhe trou -xe ma is desgostos e problemas do que satisfações. A partirdes sa tentativa tem início a longa saga de críticas e calúnias

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 50

Page 49: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

51__________

in vejosas e ignorantes que a perseguiram até ao final dosseus dias... e ainda perseguem, cem anos depois. Mas esteprojecto falhado serviu-lhe para voltar a contactar o seu ve -lho amigo, o mago copta.

Foi em 1873 que se radicou nos Estados Unidos, e emNovembro de 1875 fundou, em Nova Iorque, a SociedadeTeo só fica, designando o Coronel Ol cott Presidente Vitalícioe re ser vando para ela o obscuro cargo de Secretário Cor -res pondente.

Este facto suscita-nos um importante enigma quanto àsua função de Mestra, pois aparentemente deixa de ladouma ex celente oportunidade de gerir de maneira directa atrans mis são do seu ensino. Ainda que seja provável que es -sa fosse a sua intenção ao desligar-se de todo o labor buro-crático (se bem que nunca pudesse afastar-se dele) e roti-na. Mas nesse ca so, é assombrosa a escassa se lectividadeque exercia so bre a gente que se aproximava da SociedadeTeo sófica e dela própria, tanto que foi vendida, atraiçoada ein juriada muitas vezes por quem havia tido o raro privilégiode estar junto a ela.

Tinha H.P.B. intenção de escolher e formar um núcleode discípulos, ou voltava o seu saber a mãos cheias e comto da a confiança para todos os que ensinava? Era Mestra deto dos e para todos, ou alguma vez pretendeu constituir umgru po,particular, assim como os seus Mestres haviam feitodis tin guido-a em especial? Talvez a resposta esteja na Es -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 51

Page 50: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

52__________

co la Esotérica e no Grupo Interno em que colocou as suases peran ças nos seus últimos anos, aos quais faremosreferência em seguida.

Não obstante, a Sociedade Teosófica tinha finalidadesbem concretas desde o seu começo, como testemunhamtan to H.P.B. como o coronel Olcott. Este último reconheceque a obra foi levada a cabo sob a direcção de um grupo deMes tres, especialmente de um Deles; Mestres a que Olcottte ve gran de acesso graças à mediação de H.P.B.. E elaadju di cou à So ciedade Teosófica a difícil tarefa de despertaras cons ciências adormecidas para Sabedoria Atemporal epara as trans cen den tes faculdades do Homem. Mas o co -nhe ci men to dos mo ti vos que levaram à fundação da So cie -dade Teo sófica não im pli cava que os Mestres lhe ti ves semas sina la do o método exacto para o fa zer. Assim, H.P.B. en -frentou a terrível dificuldade de desvelar as ciências ocultase a exis tência dos grandes Mes tres, adaptando as ideias da«Re li gião da Sabedoria» ao estilo do raciocínio ocidental.Co mo re sultado, muitos dos integrantes da Sociedade Teo -só fica con sideraram que não era suficiente gozar dos ensi -na men tos de H.P.B. e qui se ram entrar em contacto directocom os Mes tres, sem anali sarem primeiro a sua capacida -de. Para tal cho vi am as solicitudes para se rem aceites co -mo can didatos ao dis cipulado, o que conduziu a uma libera -lização das re gras de admissão a fim de que fossem dadasmai o res opor tu ni da des a quem demons trasse um forte im -pulso e convicção.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 52

Page 51: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

53__________

Mas mesmo assim, a Sociedade Teosófica e a própriaH.P.B. foram objecto de duras acusações por parte de quemse sentia excluído, rejeitado ou até enganado com o fan tás -tico relato de uns Mestres que, de ansiados, passa ram a serqualificados de inexistentes.

Estes membros da Sociedade Teosófica consideravam--se discípulos de H.P.B., ou tomavam-na como simples in -ter me diária, tratando de imitar os seus passos? A todo mo -men to ela fazia saber as difíceis condições que eram exi gi -das aos verdadeiros discípulos e advertindo para o perigo dofascínio pe lo adeptado e do exercício dos fenómenos semantes obter frutos no âmbito do trabalho pelo próximo, ani-mando e ele van do os mais débeis e menos favorecidos. Isso,sem con tar com o facto de passar a estar sob a observaçãode um Mes tre (quer o discípulo o veja ou não com os seusolhos) o que e qui vale a despertar toda essência nobre, mastam bém todas as paixões adormecidas da na tureza animal,as sim como carregar com os factores kár mi cos que afectamao seu próprio grupo ou nação, atraindo a an ti pa tia do me iocircundante enquanto tenta al te rá-lo com fins benéficos.

H.P.B. cita, desanimada, a grande quantidade de fracas-sos desses presumidos discípulos, ainda que destaque algu-mas honrosas excepções. «Durante os onze anos de exis -tên cia da Sociedade Teosófica (escrito em 1886) conhe ci, de se -tenta e dois probacionistas aceites regulares à experiência,e de cen te nas de candidatos laicos, somente três que nãofra cas sa ram até agora, e somente um que alcançou com -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 53

Page 52: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

54__________

ple to êxito.» «... a esses teósofos que estão descontentescom a So ciedade em geral, ninguém lhes fez nenhuma pro -messa im prudente; além de que, nem a Sociedade nem osseus Fun dadores lhes ofereceram os seus “Mes tres“ co mopré mio de boa conduta. Durante anos, a cada no vo mem broera-lhe dito que não se lhe prometia nada, e que tinha queesperar tudo a partir do seu próprio mérito pessoal.»

De certa forma, H.P.B. sentia-se responsável por terda do a conhecer no Ocidente a existência dos Mestres e porter revelado os sagrados nomes de alguns Deles, originan-do mais curiosidade e especulação do que um au tênti co de -sejo de progredir. Por isso viu-se obrigada a recorrer à na -tu reza desses Mestres, que são por sua vez dis cí pulos deou tros Maiores e que em conjunto estão sub me ti dos a leis,co mo todos. «Apesar da sua santidade e avanço na ci ênciados Mistérios, são ainda assim, homens, mem bros de umaFra ternidade, onde são os primeiros a observar as su as leise regulamentos correspondentes.»

Desta forma, durante a sua estadia nos Estados Uni dosviu-se sempre rodeada de gente que a visitava no seu do mi -cílio e ainda que ela fosse extraordinariamente cons tante eleal para com os seus amigos, estes nem sempre lhe pa -garam na mesma moeda. As tertúlias prolongavam-se emlongas e eruditas conversas que atraíram um inte res santenú cleo de pensadores em Nova Iorque. Mas, como di zia umjor na lista do New York Times, «nem todos os que a visi-tavam partilhavam as suas opiniões, pois em verdade so -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 54

Page 53: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

55__________

men te alguns seguiam os seus ensinamentos com implícitafé. Mui tos dos seus amigos e dos que se fili a ram na So cie -dade Teo sófica por ela fundada, eram pessoas que afirma -vam pou co e não negavam nada.»

Sempre ganhava e perdia amigos. E discípulos...?Ao mudar-se para a Índia em 1879, pensou que ali en -

con traria um meio propício para a difusão das suas ideias.Mas não foi exactamente assim. Ainda que a gente simplesdo po vo a amasse pela sua generosidade e benevolência, nãofal ta ram novas traições e mal-entendidos no ambiente po lí -tico in glês que imperava, sendo curioso que H.P.B. pensasseque este era o melhor governo para a Índia tal como se en -contrava então. E também não foi ali que a sua enorme ca pa -ci dade pa ra produzir fenómenos se reflectiu nas reacçõespo sitivas que eram esperadas.

Sempre foi muito trabalhadora e activa. Madrugava pa raes crever artigos e traduções – faria o mesmo ao dedicar-seà sua Doutrina Secreta – quer fosse para re vistas in gle sas,americanas, russas ou para redigir intermináveis cartas re -la tivas ao funcionamento da Sociedade Teosófica. Aten dia du -ran te ho ras a fio os indígenas que iam visitá-la ou en tão dis -cu tia com os adoradores do moderno hinduísmo que, se gun -do ela, contradizia o verdadeiro signi fica do dos Vedas. Mases tivesse na actividade que estivesse, bas tava que ou vis se «avoz que os demais não podiam ouvir» (o cha mamento do seuMestre ou de algum dos «Irmãos») para que abando nassetudo e se encerrasse no seu quarto para receber instruções.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 55

Page 54: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

56__________

A partir de 1881 teve que suportar uma série de ata ques,ca da vez mais duros e continuados, que se centravam na suaca pacidade de produzir fenómenos, na sua presumida qua -li dade de «espiã russa», nas suas «manipulações» eco -nómicas, na sua «encenação» a respeito dos Mestres e umgrande e igual men te etc.. Infelizmente, isto roubou-lhe mui -tas ener gi as, atrasou em parte a compilação da DoutrinaSe cre ta e con tribuiu para o agravamento da sua débil saúde.

Em 1882 adoeceu gravemente e recebeu um aviso parase encontrar com os seus ocultos Instrutores em Sikkim.En tão escreveu a Sinnett:

«Adeus a todos, e se eu morrer antes de vos ver, não merotulem de “impostora”, porque juro que vos disse a verdade,ainda que tenha ocultado muita dela. Espero que a senhora Xnão se desonre evocando-me com alguma médium. Tenhama se gurança de que se alguém aparecer, não será nunca omeu espírito nem nada que me pertença, nem se quer a mi -nha casca, que morreu há muito tempo. A vossa, to davia emvida, H.P.B.»

Foram vários os que quiseram acompanhá-la nesta via -gem na certeza de poderem conhecer algum desses excep-cionais Mestres, mas Eles maquinaram formas de despistartoda a gente – bem ou mal intencionados – e manter o encon-tro a sós. Esta durou apenas dois ou três dias, após os quaisregressou curada da terrível doença que tinha estado a pontode acabar com a sua vida.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 56

Page 55: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

57__________

De regresso à Europa, passou por França, Alemanha, eInglaterra, relacionando-se com os membros da cada vezmais flo rescente Sociedade Teosófica. Se bem que muitosdeles fos sem partidários da doutrina exposta por H.P.B. noseu as pecto mais sério e profundo, é triste comprovar queo que con tinuava a chamar a atenção eram os fenómenosque se pro duziam ao seu redor e as suas comunicaçõescom os Mestres.

Em finais de 1885 começou a recompilar a sua ciclópeaDou trina Secreta. A este respeito são interessantíssimas asnotas da já mencionada condessa Wachtmeister, que viveujunto a H.P.B. e cuidou dela nos seus últimos anos, nasquais explica a maneira prodigiosa como foi escrita a obra,assim co mo a integridade pessoal da sua autora.

«A Doutrina Secreta é, na verdade, uma magna obra. Eutive o previlégio de ver como ia escrevendo, ler o manus -crito e presenciar o oculto procedimento com que obtém asuas informações.» «Um dia, ao entrar no seu escritórioen contrei o piso coberto por folhas manuscritas e quandolhe per guntei o significado daquilo respondeu-me: “Sim,tentei do ze vezes escrever esta página correctamente e oMes tre dizia sempre que estava mal. Creio que vou en lou -que cer es cre ven do-a tantas vezes, mas deixa-me sozinha,não me deterei até conseguir, mesmo que tenha que passartoda a noi te a fazê-lo“.» «Logo, cedo pela manhã, eu vi sobrea sua escriva ni nha um pedaço de papel com caracteres des -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 57

Page 56: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

58__________

co nhecidos tra çados em tinta vermelha. Ao perguntar-lhe osignificado des sas misteriosas notas, ela respondeu que in -di cavam o seu tra balho para esse dia.» «Frequentemente la -mentei ver co mo resmas de manuscritos, cuidadosamentepre parados e co piados, eram atirados às chamas após umapa lavra, uma in ti mação dos Mestres...!»

Passou os seus últimos anos em Londres, onde morreua 8 de Maio de 1891, quase de repente, sentada numa ca deirajun to à sua cama, já que o médico lhe havia dito nessa mes -ma manhã que não havia perigo eminente de morte.

Que conclusões extrair ante um panorama tão rico ecom plexo, tão pouco usual, tão extraordinário e enigmático?

Há, pelo menos, um par de ideias que ficam rela ti va -men te claras: não há nenhuma dúvida da condição de discí -pula de H.P.B., existem sim pontos obscuros quanto aosdis cí pu los que ela formou. H.P.B. é um modelo impecávelde dis ci pulado. H.P.B. é um mistério como Mestra, pa receque o seu labor nesse sentido foi transmitir e ensinar aqui-lo que a ordenaram, com amor pela humanidade, sim, in -dis cu ti vel mente, mas também por Amor aos seus Mestres.

Se os seus poderosos Instrutores a elegeram para cum -prir uma missão específica no mundo, se ela foi um dos pou -cos escolhidos no Ocidente, é difícil dizer o mesmo a res pei -to dos discípulos que H.P.B. elegeu.

Falámos na quantidade de decepções causadas porami gos, discípulos e membros da Sociedade Teo só fica em

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 58

Page 57: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

59__________

ge ral, ainda que soubesse carregá-las com grandeza filo -só fi ca, a Sociedade Teosófica não foi para H.P.B. o viveiro deho mens e mulheres ansiosos pela Sabedoria Superior quese esperaria.

Nos sete anos anteriores à sua morte, parece que exis -ti ram ten ta tivas – sempre a pedido dos Mestres – de formarum gru po de discípulos mais capacitados em esoterismopro fun do. Em 1887 é Judge – a cargo da Secção Americanada So ciedade Teo sófica – que solicita a H.P.B. um corpo deen si namentos que respondesse ao sincero desejo de mui -tas pes soas de rea lizarem um trabalho probatório prelimi -nar que as tornasse dignas de serem aceites como dis cí pu -los dos Mes tres. Tudo isso se materializou na Secção Eso -té rica ou Escola Eso térica, dirigida por H.P.B., que desdeLon dres enviaria as Ins truções a Judge, na América, e a Ol -cott nos países asiáticos.

Esta Escola, independente da Sociedade Teosófica, fun -da mentou o seu trabalho e a formação dos seus conteúdoscom base num «Livro das regras», redigido sob a ins pi ra çãodo Mestre M. e de H.P.B. O primeiro escrito com in di caçõesespecíficas – num momento estritamente privado, con fi den -cial e pessoal para os membros da Escola – foi uma Me móriaPre liminar elaborada por H.P.B. em 1888, na qual expõe umasé rie de razões para a formação deste grupo e ex plica o quese espera dos seus integrantes. À intenção especial da Es co -la Esotérica há que agregar ou tra mais profunda e preponde -

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 59

Page 58: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

60__________

rante: a constituição de um Grupo In terno para doze discípu-los pessoais, que receberam aulas de H.P.B. desde o dia 20de Agosto de 1890 até ao dia 22 de Abril de 1891, um total de23 aulas com uma periodicidade de 2 a 4 por mês, e atépoucos dias antes da sua morte.

Os resultados de tudo isso? A História, como sempre,te rá a última palavra e expressar-se-á em factos concretos.Não importa que muitos dos discípulos de H.P.B. tivessemfi ca do pelo caminho ou que tivessem caído no esquecimen-to; o seu labor não foi infrutífero porque apesar do tempocontinua a despertar almas e a ge rar discípulos atra vés dasua obra.

É provável que a sua grande missão tenha sido escreverincansavelmente, deixando provas de uma Sa bedoria quiçádemasiado avançada para o seu tempo e mesmo, quem sabe,para o nosso. O inegável é que H.P.B. co n hecia perfei tamenteas suas dificuldades para actuar co mo Mestra, mas não parase projectar na sua obra es cri ta, que é onde devemos pro cu -rá-la. Vejamos as suas próprias palavras, numa car ta dirigi-da à condessa Wa chtmeister: «Se está “preocupada” eu es -tou completamente perplexa para compreender o que se es -pera de mim. Nun ca prometi desempenhar o pa pel de gurú,mes tre de es co la ou professor... Disse-lho, em várias oca -siões, eu nunca ensinei ninguém a não ser no meu próprioestilo pessoal... Se tivesse de me castigar re partindo ins -truções ordenadas, à maneira de um professor, du rante umaho ra – e nem digo nada se fossem duas horas por dia – eu

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 60

Page 59: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

61__________

preferiria escapar para o Pólo Norte ou morrer a qualquermomento cortando inteiramente as minhas ligações com aTeosofia. Sou incapaz de fazer tal coisa, como qualquer umque me conheça deveria saber.»

Muito se insistiu sobre o enigma de H.P.B., tanto o dasua personalidade – aparentemente em contacto com os ho -mens mas vivendo a maioria das vezes em relação com ou -tros seres – como o da sua obra, extensa, complexa e difícilde a preciar através de uma simples leitura. A sua lingua gemabscura tende a enganar: a obscuridade é a de quem nãoestá à altura dos seus ensinamentos e a falta de clareza éprópria de temas que nunca serão claros para a mente, massim para a intuição.

Porém, soube transmitir com bastante clareza o sentidoda sua vida, a sua entrega a um Ideal nobre e o seu inalte -rável amor por quem a guiou no Caminho. Nada melhor,pois, que as suas próprias palavras para demonstrar o bri -lho lu minoso da verdade, a força da luz que arrasa as trevas:«Se me perguntarem: Quem sois vós, para encontrades fal-has em nós? Sois quem comunga com os Mestres receben-do diariamente os Seus favores, tão santa, tão im pe cá vel, tãodigna? A isto respondo: NÃO SOU. Imperfeita e de fei tuosa éa minha natureza, muitos e notórios são os meus er ros e porisso o meu karma é mais pesado que o de qualquer outroteósofo. É assim (e deve ser) desde que por tantos anos estouno alvo de inimigos e até de alguns ami gos. No entanto,aceito a prova alegremente. Porquê? Por que sei que tenho,

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 61

Page 60: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

apesar de todas as minhas faltas, a pro tecção do Mestreque se extende sobre mim. E se a tenho, a razão é simples-mente esta: ao longo de mais de 35 anos, desde 1851, quan-do vi ao meu Mestre em corpo real e pessoalmente pe laprimeira vez, jamais o neguei nem duvidei Dele, nem se -quer em pensamento. Jamais uma reprimenda, uma quei -xa contra Ele se escapou dos meus lábios ou cruzou o meucérebro por um instante, sob as provas mais duras... De -voção incondicional Àquele que encarna o dever que me to -ca, e crença na Sabedoria (colectivamente, dessa grande,mis teriosa, mas real Irmandade de homens santos), é omeu único mérito e razão do meu êxito na filosofia oculta.»

Delia Steinberg Guzmán

62__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 62

Page 61: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

JÓIAS DO ORIENTE

GEMS OF ORIENT

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 63

Page 62: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

PREFACE

Few words will be needed by way of preface to theseGems from the East.

At a time when Western minds are occupied in the studyof Oriental Literature, attracted possibly by its richness ofex pression and marvelous imagery, but no less by the broadyet deep philosophy of life, and the sweet altruistic doctri nescon tained therein, it is thought seasonable to present thepu blic with a useful and attractive little volume such as this.

The Precepts and Aphorisms, compiled by «H.P.B.» areculled chiefly from Oriental writings considered to embody,in part, teachings which are now attracting so much atten-tion in the West, and for the diffusion of which the Theo so -phi cal Society is mainly responsible.

As far as possible we have endeavoured to make the vo -lume attractive, handy, and useful to all.

It contains a Precept or an Axiom for every day in theyear; lines of a Theosophical nature, selected from sourcesnot invariably Oriental, preface each month; and the whole

64__________

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 64

Page 63: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

65__________

PREFÁCIO

Poucas palavras serão necessárias em jeito de prefácioa estas Jóias do Oriente.

Num tempo em que as mentes Ocidentais estão ocupa -das com o estudo da Literatura Oriental, provavelmente a -traí das pela sua riqueza de expressão e pelo imaginário ma -ravilhoso, mas não menos pela vasta, mas profunda fi lo so fiade vida e pelas doces e altruístas doutrinas nela con ti das,entendeu-se que era oportuno apresentar ao pú blico um pe -que no e atractivo livro como este.

Os Preceitos e Aforismos, compilados por «H.P.B.», sãoprin cipalmente escolhidos a partir dos escritos Orientais quese considera incluírem, parcialmente, os ensinamentos queactualmente tanta atenção merecem no Ocidente e por cu jadi fusão a Sociedade Teosófica é a principal responsável.

Tanto quanto possível, tentámos tornar a obra atraente,de fácil manuseio e útil para todos.

Ela contém um Preceito ou um Axioma por cada dia doano; cada mês é prefaciado por algumas linhas de natureza

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 65

Page 64: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

66__________

is embellished with drawings from the pen of F. W., a ladyTheosophist.

It is hoped that our efforts will meet with approval fromall lovers of the good and beautiful, and that they may not bewithout effect in the cause of TRUTH.

W.R.O. «THERE IS NO RELIGION HIGHER THAN TRUTH»

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 66

Page 65: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

67__________

Teosófica, seleccionadas de fontes não invariavelmenteOrien tais e todo o livro é embelezado com desenhos feitospor F. W., uma Teósofa.

Esperamos que os nossos esforços mereçam a apro va -ção de todos os apaixonados do bom e do belo e que elessejam úteis à causa da VERDADE.

W.R.O. «NÃO HÁ RELIGIÃO SUPERIOR À VERDADE»

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 67

Page 66: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

68__________

JANUARY

«UTTISHAT! - Rise! Awake!Seek the great Teachers, and attend! The road

Is narrow as a knife-edge! Hard to tread!»«But whoso once perceiveth HIM that IS;

Without a name, Unseen, Impalpable,Bodiless, Undiminished, Unenlarged,

To senses undeclared, without an end,Without beginning, Timeless, Higher than height,

Deeper than depth! Lo! Such an one is saved!

Death hath not power upon him!»

THE SECRET OF DEATH (fr. The Katha Upanishad).

1 The first duty taught in Theosophy, is to do one’s dutyun flinchingly by every duty.

2 The heart which follows the rambling senses leadsaway his judgment as the wind leads a boat astrayupon the waters.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 68

Page 67: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

69__________

JANEIRO

«UTTISHAT! - Levantem-se! Acordem!Procurem os grandes Mestres e prestem atenção! O caminho

É estreito como o fio de uma navalha! Difícil de trilhar!»«Mas quem uma vez O entendeu, esse que É;

Não tem nome, é Invisível, Intangível,Imaterial, Não Diminuído, Não Aumentado,

Não Revelado aos sentidos. Não tem um fim,Nem começo, é Intemporal. Mais Alto do que a altura,

Mais profundo do que a profundeza! Vejam! Esse está salvo!A morte não tem poder sobre ele!»

THE SECRET OF DEATH (fr. The Katha Upanishad)

1 O primeiro dever ensinado na Teosofia é cumprir fir -me mente o nosso dever através de cada dever.

2 O coração que segue os sentimentos errantes afasta oseu julgamento, tal como o vento que desencaminhaum barco nas águas.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 69

Page 68: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

70__________

3 He who casts off all desires, living free from attach-ments, and free from egoism, obtains bliss.

4 To every man that is born, an axe is born in his mouth,by which the fool cuts himself, when speaking bad lan-guage.

5 As all earthen vessels made by the potter end in beingbroken, so is the life of mortals.

6 Wise men are light-bringers.

7 A just life, a religious life, this is the best gem.

8 Having tasted the sweetness of illusion and tranquilli-ty, one becomes free from fear, and free from sin,drin king in the sweetness of Dhamma (law).

9 False friendship is like a parasitic plant, it kills thetree it embraces.

10 Cut out the love of self, like an autumn lotus, with thyhand! Cherish the road of peace.

11 Men who have not observed proper discipline, andha ve not gained treasure in their youth, perish likeold herons in a lake without fish.

12 As the bee collects nectar, and departs without injur-ing the flower, or its color or scent, so let a Sagedwell in his village.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 70

Page 69: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

71__________

3 Aquele que abandona todos os desejos, vivendo livrede algemas e livre de egoísmo, atinge a felicidade.

4 Por cada homem que nasce, nasce um machado nasua boca, com o qual o tolo se corta, sempre que pro-fere palavras grosseiras.

5 Tal como todas as vasilhas de barro feitas pelo oleiroacabam partidas, assim é a vida dos seres humanos.

6 Os homens sábios são portadores de luz.

7 Uma vida íntegra, uma vida devota é a melhor jóia.

8 Tendo provado a doçura da ilusão e da tranquilidade,libertamo-nos do medo e do pecado, bebendo a doçu-ra do Dhamma (lei).

9 A falsa amizade é como uma planta parasita, mata aárvore que abraça.

10 Arranca com a tua mão o amor por ti próprio, tal co -mo fazes a um lótus de Outono! Acarinha o caminhoda paz.

11 Os homens que não observaram uma disciplina cor-recta e não conseguiram ganhar riquezas na juven-tude, perecem tal como velhas garças num lago sempeixe.

12 Tal como a abelha recolhe o néctar e parte sem afec-tar a flor, a sua cor ou o seu cheiro, assim deixem oSábio habitar a sua aldeia.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 71

Page 70: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

72__________

13 As rain does not break through a well-thatched hou -se, passion will not break through a well-reflec tingmind.

14 He who hath too many friends, hath as many candi-dates for enemies.

15 That man alone is wise, who keeps the mastery ofhimself.

16 Seek refuge in thy soul; have there thy Heaven! Scornthem that follow virtue for her gifts!

17 All our dignity consists in thought, therefore let uscontrive to think well; for that is the principle ofmorals.

18 Flattery is a false coin which circulates only becauseof our vanity.

19 Narrowness of mind causes stubbornness; we do noteasily believe what is beyond that which we see.

20 The soul ripens in tears.

21 This is truth the poet sings - That a sorrow’s crown ofsorrows / Is remembering happier things.

22 Musk is musk because of its own fragrance, and not

from being called a perfume by the druggist.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 72

Page 71: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

73__________

13 Assim como a chuva não entra numa casa bem co -ber ta, a paixão não irrompe através de uma mentepensadora.

14 Aquele que tem demasiados amigos, tem o mesmonú mero de candidatos a inimigos.

15 Só é sábio quem possui profundo conhecimento de sipróprio.

16 Procura refúgio na tua alma; encontra lá o teu Céu!Despreza quem persegue a virtude pelas suas dá -divas!

17 Toda a nossa dignidade reside no pensamento, poris so deixemo-nos pensar bem; porque este é o prin -cí pio da moral.

18 A lisonja é uma moeda falsa que só circula devido ànossa vaidade.

19 A tacanhez de espírito provoca obstinação; não acre -di tamos com facilidade no que está para além daqui-lo que vemos.

20 A alma amadurece nas lágrimas.

21 Isto é verdade, canta o poeta - Que a coroa de la men -ta ções de uma lamentação / É recordar coisas maisfelizes.

22 O almíscar é almíscar por causa da sua própria fra -grân cia e não por ser chamado perfume pelo far -macêutico.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 73

Page 72: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

74__________

23 Not every one ready for a dispute is as quick in trans-acting business.

24 It is not every graceful form that contains as gracefula disposition.

25 If every pebble became a priceless ruby, then pebbleand ruby would become equal in value.

26 Every man thinks his own wisdom faultless, and eve -ry mother her own child beautiful.

27 If wisdom were to vanish suddenly from the universe,no one yet would suspect himself a fool.

28 A narrow stomach may be filled to its satisfaction, buta narrow mind will never be satisfied, not even withall the riches of the world.

29 He who neglects his duty to his conscience, will neg-lect to pay his debt to his neighbor.

30 Mite added to mite becomes a great heap; the heap inthe barn consists of small grains.

31 He who tasteth not thy bread during thy lifetime, willnot mention thy name when thou art dead.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 74

Page 73: Jóias do Oriente novoform FINAL1:Layout 1 - nova-acropole.pt³ias do Oriente.pdf · que serão úteis ao apresentar este enigma vivente que foi Ma dame Blavatsky. Sem dúvida,

75__________

23 Nem todo aquele que está pronto para uma discus -são é tão expedito para fazer negócio.

24 Nem todas as formas graciosas contêm um tempe -ra mento igualmente encantador.

25 Se todos os seixos se transformassem em rubis sempre ço, então o seixo e o rubi teriam o mesmo valor.

26 Todo o homem pensa na sua própria sabedoria per -fei ta e toda a mãe na beleza do seu próprio filho.

27 Mesmo que a sensatez desaparecesse de repente douniverso, ninguém se julgaria tolo.

28 Um estômago pequeno pode encher-se até ficar sa -tis feito, mas uma mente limitada nunca ficará satis-feita, nem mesmo com todas as riquezas do mundo.

29 Aquele que descura o dever perante a sua consciên-cia, esquecer-se-á de pagar a dívida ao vizinho.

30 Migalha mais migalha formam um grande monte; noceleiro o monte é constituído por pequenos grãos.

31 Aquele que não provou o teu pão durante a vida, nãopro nunciará o teu nome quando morreres.

J ias do Oriente_novoform_FINAL1:Layout 1 15-05-2008 17:14 Page 75