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Jardim Escola João de Deus do Funchal

utilizador

“Crescer passo a passo”

1

Jardim-Escola João de Deus

Avenida Estados Unidos da América, 163

9300-090 Funchal

PROJETO EDUCATIVO

“CRESCER PASSO A PASSO”

2015/2019

2

ÍNDICE

INTRODUÇÃO Pág. 5

I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: CRESCER PASSO A PASSO Pág. 6

II - O CONCELHO DO FUNCHAL Pág. 7

III - A ASSOCIAÇÃO DE JARDINS-ESCOLAS JOÃO DE DEUS Pág.14

IV - O MÉTODO JOÃO DE DEUS Pág.17

4.1 - João de Deus Ramos e a Sua Época Pág.26 4.2 - O Ambiente Pág.27 4.3 - Escola e Sociedade Pág.28 4.4 - Educação Moral Pág.28 4.5 - Enquadramento Teórico Pág.30 4.6 - As Práticas Pág.30

V - O JARDIM-ESCOLA JOÃO DE DEUS DO FUNCHAL Pág.35

5.1 – Caracterização do Jardim-Escola Pág.36 5.2 - Instalações Escolares Pág.38

5.2.1 – Salão Polivalente/Refeitório Pág.38 5.2.2 – Salas de aulas Pág.38 5.2.3 – Copas de Leite Pág.39 5.2.4 – Arrecadações Pág.39 5.2.5 – Instalações sanitárias Pág.39 5.2.6 – Gabinete de direcção Pág.39 5.2.7 – Secretaria Pág.39 5.2.8 – Sala dos Docentes/Reprografia Pág.40 5.2.9 – Lavandaria Engomadeira Pág.40 5.2.10 - Despensa Pág.40 5.2.11 – Cozinha Pág.40 5.2.12 - Vestiário Pág.40

5.3 – Caracterização da População Escolar Pág.40 5.3.1 – Pessoal Discente Pág.40 5.3.2 – Pessoal Docente Pág.41 5.3.3 – Pessoal Não Docente Pág.41 5.4 – Organização nos Períodos das Férias Pág.42 5.5– Relação entre o Jardim-Escola e a Comunidade Educativa Pág.42 5.5.1 – Contactos com os Pais/Encarregados de Educação Pág.43 5.5.2 – Projetos/Protocolos/Parcerias Pág.43

3

VI - INTENÇÕES EDUCATIVAS DO JARDIM-ESCOLA Pág.44 6.1 - Intenções Educativas Pág.44 6.1.1 – Objetivos Pág.44 6.1.2 - Princípios Básicos Pág.44 VII - AÇÕES EDUCATIVAS DO JARDIM-ESCOLA Pág.46 7.1 - Ações Educativas Pág.46

7.1.1 - Formação de Turmas Pág.46 7.1.2 - Manuais e Material Escolar Pág.46 7.1.3 – Visitas de Estudo Pág.46 7.1.4 - Atividades Extracurriculares Pág.47 7.1.5 - Acompanhamento das Crianças Pág.47

7.1.6 - Avaliação Pág.47

VIII - METAS EDUCATIVAS DO JARDIM-ESCOLA Pág.47

8.1 - Caracterização das Áreas Problemáticas Pág.47

8.2 – Metas/Objetivos Pág.48

8.3 – Identificação de prioridades de intervenção Pág.50

IX – DISPOSIÇÕES FINAIS Pág.52

9.1 – Destinatários Pág.52

9.2 – Vigência do Projeto Educativo Pág.53

9.3 – Avaliação do Projeto Educativo Pág.53

9.4 – Critérios de Avaliação Final do Projeto Educativo Pág.54

9.5 – Divulgação do Projeto Educativo Pág.55

BIBLIOGRAFIA Pág.56

ANEXOS

Anexo I – Projeto Eco-Escolas

Anexo II – Distribuição de Atividades

Anexo III – Planos de Trabalho

4

5

I – INTRODUÇÃO

O Projeto Educativo pressupõe a construção de um documento que desempenhe

um papel central na vida da Instituição, que se assuma como o fio condutor e o produto

final de todo o processo educativo. Ele parte da identidade da escola, articula-a com as

necessidades contextuais, organizacionais e específicas da escola e com os objetivos

curriculares e não curriculares definidos, tendo como meta a mudança e a inovação.

Cientes de tamanha importância, a equipa pedagógica do Jardim-Escola João de

Deus do Funchal elaborou este projeto pretendendo dar respostas às seguintes

questões: “Quem somos?”, “Onde estamos?”, “O que temos?”, “O que queremos” e

“Como vamos fazer?”.

Neste sentido, o nosso Projeto Educativo encontra-se dividido por 10 capítulos.

O primeiro refere-se à introdução. O segundo capítulo à fundamentação da escola do

nosso tema de projeto da escola. O terceiro ocupa-se da caracterização do Concelho do

Funchal, cidade onde estamos inseridos. No quarto falaremos da Associação de Jardins-

Escola João de Deus. Num quinto abordaremos as linhas de força do Método João de

Deus. O sexto refere-se à caracterização deste Jardim-Escola João de Deus do Funchal,

quanto a recursos temporais, materiais, espaciais e humanos. O sétimo aborda as nossas

intenções educativas. O oitavo inclui as ações educativas. No nono capítulo podemos

ver mencionadas as metas educativas e, por fim, no décimo capítulo falaremos da

duração deste projeto, assim como, a forma de avaliação e divulgação do mesmo.

O projeto educativo é o primeiro grande instrumento de planeamento da ação

educativa da escola, devendo por isso, servir de ponto de referência e orientação na

atuação de todos os elementos da comunidade educativa em que a escola se insere.

6

II – FUNDAMENTAÇÃO do tema “Crescer Passo a Passo”

O tema escolhido para orientar os próximos quatro anos de vigência do nosso

Projeto Educativo foi “Crescer passo a passo ”, tema este que se subdivide da seguinte

forma:

2015-2016 - As Expressões

2016/2017 - O Corpo Humano

2017/2018 - Temas de Vida

2018/2019 - As Profissões

O nosso Projeto Educativo compreende uma vertente de desenvolvimento

interno, assente no espírito crítico, observação e avaliação, tendo como objetivo a

melhoria contínua a nível da sua organização e gestão.

Este projeto, situando-se no presente, relaciona-se sempre com o passado e

aponta para o futuro. Tem dimensão temporal, é um processo contínuo, evolutivo e em

permanente atualização. É importante definir e desenvolver, neste Projeto Educativo,

princípios identificativos da comunidade escolar a que se destina e privilegiar uma

educação globalizadora e integrante, que potencie a aquisição de valores, como

interajuda, partilha, colaboração, igualdade de direitos e deveres, justiça, democracia,

equidade, autonomia, felicidade, respeito pela diferença e responsabilidade. Para que

estes valores sejam atingidos e interiorizados de uma forma significativa pela criança, é

praticada, ao nível da intervenção educativa, uma cuidada sequência de tarefas

educacionais. É dado enfâse à estimulação e despertar dos sentidos da criança

preparando cuidadosamente o meio ambiente onde ela se encontra inserida. Deste

modo promove-se o seu desenvolvimento físico, social, emocional e cognitivo. Esta

7

perspetiva de educação visa construir um Projeto onde se valoriza a qualidade, a

eficiência, a eficácia e a inovação. Deste modo, o nosso Projeto Educativo pretende:

- dar resposta às necessidades biopsicossociais da criança

- promover o desenvolvimento integral da criança numa perspetiva de educação

para a cidadania

- fomentar e favorecer uma progressiva consciência da criança como membro da

sociedade

- valorizar e implementar a autonomia da criança.

O Projeto Educativo é um instrumento dinâmico que evolui e se adapta às

mudanças da comunidade que nele intervêm, defendemos, por isso, a pertinência desta

temática com base na emergência de um processo de aculturação que se vive nesta

escola (ME/DEB, 2002:44).

Neste sentido, defendemos que o projeto deve ser construído em colaboração

com pais, e também de outros membros da comunidade, uma vez que o contributo dos

seus saberes e competências para o trabalho educativo a desenvolver com as crianças,

é um meio de alargar e enriquecer as situações de aprendizagem (ME/DEB, 2002:45).

Desta forma, houve um processo de negociação entre os diferentes agentes educativos,

envolvendo uma articulação de diferentes perspetivas e interesses chegando a

consenso quanto à escolha do tema.

Em suma, teremos como premissa, que a construção de um projeto deve ter em

conta a realidade social, o contexto onde se insere e os diferentes papeis de todos os

intervenientes. A tudo isto procuraremos ainda aliar a riqueza cultural que esta

instituição tem.

8

II - O CONCELHO DO FUNCHAL

O Município do Funchal ocupa uma área de 76,15 Km2, distribuída por dez freguesias, onde residem, com base nos resultados provisórios dos Censos 2011, 111892 habitantes (cerca de 41,8% da população da Região Autónoma da Madeira), sendo, portanto, o mais densamente povoado da Região, com cerca de 1469 hab/Km2. Esta elevada densidade populacional sofre um agravamento, se tivermos em conta que a ocupação do território não acontece de forma homogénea, ou seja, a fixação da população é feita, de um modo geral, abaixo da cota dos 700 metros.

O município é limitado a norte pelo município de Santana, a nordeste por Machico, a leste por Santa Cruz e a oeste por Câmara de Lobos, sendo banhado pelo oceano Atlântico a sul. Foi a João Gonçalves Zarco que coube a capitania da cidade em 1424, ano em que se iniciou o povoamento. As ilhas Selvagens, 250 quilómetros a sul do Funchal, pertencem a este município, havendo desta forma descontinuidade territorial.

Freguesias do Município do Funchal

Fonte: CAOP (Carta Administrativa Oficial de Portugal) 2009

9

Relativamente a 2001, os resultados dos censos de 2011, embora ainda provisórios,

apontam para um crescimento da população residente no Município do Funchal (7,6%),

que se traduz em mais 7.931 indivíduos.

Pop. Residente, Presente, Famílias, Alojamentos e Edifícios no Funchal em 2001 e

2011

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação 2001 (Res. Definitivos) e

2011 (Res. Provisórios)

Das dez Freguesias que compõem o Concelho, apenas quatro viram a sua

população aumentar. São elas: S. Martinho (28,3%), Santo António (24,9%) Sé (23,6%) e

S. Roque (1,2%). As restantes Freguesias sofreram perdas em relação a 2001,

destacando-se Santa Luzia, Imaculado Coração de Maria e o Monte, com variações de -

12,4%, -10,7% e -10%, respetivamente.

10

Variação da População Residente no Funchal, por Freguesia, entre 2001 e 2011

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação 2001 (Res. Definitivos) e

2011 (Res. Provisórios)

Em termos habitacionais a tendência também foi de crescimento, verificando-se

um aumento de 17,2% do número de edifícios e de 33,4% do número de alojamentos.

O número de famílias também acompanhou esta variação positiva na última década,

obtendo um crescimento na ordem dos 26,2%. Por seu turno, o número médio de

indivíduos por família ronda os 2,8 no Município.

11

Variação da Pop. Residente, Presente, Famílias, Alojamentos e Edifícios 2001-2011

(%)

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação 2001 (Res. Definitivos) e

2011 (Res. Provisórios)

Observando, no gráfico seguinte, a distribuição da população por Freguesia em

2011, destacam-se claramente Santo António, S. Martinho e Santa Maria Maior como

as mais populosas do Concelho, com 27383, 26482 e 13352, respetivamente.

População Residente em 2011, Segundo o Sexo, por freguesia (N.º)

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação 2011 (Res. Provisórios)

12

Quanto à população residente em 2011, de acordo com os grandes grupos

etários, destaca-se o facto de cerca de 16,1% da população ser idosa (65 ou mais anos),

enquanto que o grupo dos 0 aos 14 anos corresponde a 14,7%.

População Residente em 2011, Segundo os Grupos Etários e Sexo

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação 2011 (Res. Provisórios)

Ainda tendo em conta a população com 65 ou mais anos, salienta-se o facto de

nesta faixa etária predominarem as mulheres (11508) em relação aos homens (6542). O

grande grupo dos 25 aos 64 anos representa 57,3% do total da população residente.

População Residente em 2011, Segundo os Grupos Etários (%)

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação 2011 (Res. Provisórios)

Analisando ainda a população residente em 2011 por grandes grupos etários, mas por

Freguesia, representada no gráfico seguinte, destacam-se Santo António e S. Martinho,

anteriormente identificadas como as mais populosas e como as que sofreram variações

mais positivas do ponto de vista populacional nos últimos dez anos, por serem também

13

as Freguesias que albergam o maior número de população em idade ativa na faixa etária

dos 25 aos 64 anos, rondando, em ambos os casos, os 16000 residentes.

População Residente Segundo os Grupos Etários, por Freguesia em 2011 (N.º)

Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação 2011 (Res. Provisórios)

Nota: Todos os dados sobre o concelho do Funchal foram cedidos pela Junta de

Freguesia de São Martinho e têm como base os últimos sensos realizados (Ano 2011).

14

III - A ASSOCIAÇÃO DE JARDINS-ESCOLAS JOÃO DE DEUS

Um Modelo Humanista

O Jardim-Escola João de Deus do Funchal pertence à Associação de Jardins-

Escolas João de Deus, sucedânea da Associação de Escolas Móveis pelo Método João de

Deus, que alfabetizou entre 1882 e 1920 cerca de 28 mil adultos e crianças. É uma

Instituição Particular de Solidariedade Social, devotada ao serviço da educação do povo

e da criança portuguesa.

A Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus foi fundada por

Casimiro Freire em 1882, época em que o índice de analfabetismo das classes

trabalhadoras rondava cerca de 87%. Acompanharam-no nessa iniciativa algumas

personalidades destacadas desse tempo como João de Barros, Bernardino Machado,

Jaime Magalhães Lima, Francisco Teixeira de Queiroz, Ana de Castro Osório, Homem

Cristo, entre outros.

Em 1908 por proposta de João de Deus Ramos, filho do Poeta-Educador, passou

a designar-se “Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, Bibliotecas

Ambulantes e Jardins-Escolas”.

Começa, então, a sentir-se a necessidade de dar caráter mais fixo, mais amplo e

perdurável à obra de instrução levada a cabo e, em 1911, João de Deus Ramos funda em

Coimbra o primeiro Jardim-Escola João de Deus. Cerca de metade da verba que se

despendeu nesta realização foi conseguida pelo Orfeão Académico de Coimbra dirigido

por António Joyce. E esse exemplo frutificou. Até 1953, data do seu falecimento, João

de Deus Ramos criou onze jardins-escolas, continuando infatigavelmente a missão

educativa da Associação.

Em 1917, foi inaugurado o Museu João de Deus, projeto de Escola-Monumento

(da autoria de Raul Lino e hoje classificado património municipal), ao qual se associaram

15

numerosos intelectuais e artistas dessa época, entre os quais João de Barros e Afonso

Lopes Vieira.

Jaime Cortesão que considerava a Associação de Jardins-Escolas dos melhores

legados da 1ª República escrevia: “O culto de João de Deus, esse, é mais íntimo, mas não

menos fecundo. Em volta do nome do grande Lírico, autor da “Cartilha Maternal”,

juntaram-se muitos professores, intelectuais, artistas e construtores que lançam os

verdadeiros alicerces da Pátria”.

A partir de 1920, a Associação de Jardins-Escolas João de Deus enriqueceu o

número de alfabetizados por aquele Método com mais cento e trinta e cinco mil e

seiscentas e quarenta crianças. Nesse ano, iniciou-se o primeiro ano de formação de

Educadores de Infância, mas só em 1943 seria fundado, com caráter sistemático, o

primeiro Curso de Didática Pré-Primária (designação de João de Deus Ramos). Vinte

anos depois, começa a funcionar um Curso de Auxiliares de Educação Infantil (que viria

a ser extinto em 1980), no intuito de evitar que as crianças estivessem entregues a

vigilantes sem preparação especializada.

Exemplo de respeito pela obra desta instituição, dedicada à Educação e à Cultura,

é, sem sombra de dúvida, a atitude de um dos principais apóstolos do salazarismo, o

ministro Carneiro Pacheco, que em 1936, decretou o encerramento das escolas do

Magistério Primário, mas não se atreveu, dado o peso e o reconhecimento públicos

desta instituição, a encerrá-la, reconhecendo, por Decreto-Lei de 15 de agosto de 1936,

o seu respeitoso projeto de responsabilidade e honestidade.

Foi este o reconhecimento público do trabalho de João de Deus Ramos, que de

si próprio dizia ironicamente: depois de João Sem-Medo e de João Sem-Terra, eis aqui o

João Sem-Nome. Era nesta modéstia, que se revia o pedagogo que já à época defendia:

“É preciso que o povo saiba ler e escrever, é preciso motivar os políticos para a execução

desses princípios”. Eleito deputado por duas vezes (em 1913 e 1915), João de Deus

Ramos exerceu ainda os cargos de Governador Civil, de Ministro da Instrução Pública e

de Ministro do Trabalho.

A 9 de novembro de 1988 o Decreto-Lei n.º 408/88 autoriza a criação da Escola

Superior de Educação João de Deus com os Cursos de Educadores de Infância e de

16

Professores do Ensino Básico 1ºCiclo. Aos quais se juntaram os CESES em Investigação

em Educação, Gestão Escolar e Desenvolvimento Pessoal e Social.

A Associação de Jardins-Escolas João de Deus e a Escola Superior de Educação

João de Deus tem ao seu serviço mais de mil pessoas, entre educadores, professores,

auxiliares de educação e outros colaboradores, cuja atividade se reparte pelos centros

infantis, jardins-escolas, ludotecas e museus.

Desde a fundação das Escolas Móveis pelo Método João de Deus e

posteriormente dos jardins-escolas com o mesmo nome já foram matriculadas cerca de

200.000 crianças.

A fase etária da frequência escolar faz-se entre os 3 e os 10 anos. Estes alunos

recebem duas refeições diárias e as quotizações são estudadas para custarem um

mínimo de encargos aos pais e encarregados de educação e de acordo com o

rendimento do seu agregado familiar.

A Associação de Jardins-Escolas João de Deus organiza, periodicamente, em geral

todos os anos, reciclagens e visitas de estudo a centros educativos em Portugal e no

estrangeiro, procurando assim manter os seus métodos a um nível europeu.

Recordando João de Deus Ramos, terminaremos com palavras suas:

“São assim os Jardins-Escolas João de Deus modelo português de escola Pré-Primária

que muito me orgulho de poder legar à minha Pátria.”

17

IV - MÉTODO JOÃO DE DEUS

O que é hoje o Método João de Deus deve-se, em grande medida, às ideias

pedagógicas do Poeta João de Deus (1830/1896), do seu principal mentor João de Deus

Ramos (1878/1956), de sua filha Maria da Luz Ponces de Carvalho (1916/1999) e de

todos aqueles que, ao longo destes anos, têm colaborado, com tanta dedicação e amor,

na obra educativa e cultural dos Jardins-Escolas João de Deus.

Os seus conhecimentos, as suas experiências, bem como as muitas viagens de

estudo que temos realizado por todo o mundo, contribuíram decisivamente para o sucesso do que continuamos a denominar por Método João de Deus.

Assume-se na metodologia João de Deus que o desenvolvimento da autonomia

é um dos pilares fundamentais no crescimento pessoal e social de cada criança e da sua

inter- relação com os outros, de forma a serem capazes de enfrentar os desafios do

momento quer todos aqueles que se lhes deparem numa sociedade em constante

mudança.

A educação deve proporcionar situações de distinção entre o real e o imaginário,

fornecendo suportes que permitam desenvolver não só a imaginação criadora, como

também a procura e a descoberta se soluções, explorando os diferentes “mundos”.

As oportunidades educativas, que o educador planeia e orienta são fatores que

estimulam o desenvolvimento de todas e cada uma das crianças, de forma a alargarem

o seu interesse, curiosidade e desejo de aprender.

A realização das diferentes atividades na metodologia João de Deus obedece a

uma adequada organização de espaço, a um ambiente motivador, enriquecidas pela

diversidade, qualidade, acessibilidade doa materiais disponibilizados, em que as regras

de utilização devem ser respeitadas e conhecidas pelas crianças.

A articulação e construção dos vários saberes deve ser integrada, permitindo

experiencias educativas numa perspetiva globalizante. Por isso, as áreas de conteúdo

não devem ser estanques. Neste processo educativo, a criança é o sujeito da

aprendizagem, e ao adquirir e aceder a sistemas simbólico – culturais, desenvolve o

ensino e a aprendizagem, favorecendo a sua formação e a inserção na sociedade.

Os valores subjacentes à prática do educador e o modo como este os concretiza

no quotidiano, permitem que a educação seja um contexto social e relacional facilitador

da educação para os valores. A criança ao ter um ambiente relacional em que é

18

valorizada, escutada e respeitada desenvolve num processo de construção da auto

estima, da autonomia e a progressiva capacidade individual e coletiva de assumir

responsabilidades.

Assim não só o contexto do jardim de infância permite aprendizagens

vivenciadas, como também propicia saberes sobre o “mundo”, apontando para

diferentes áreas científicas que são necessárias pra enquadrar e sistematizar a sua

compreensão.

A área de expressão e comunicação integra as aprendizagens relacionadas com

o desenvolvimento psicomotor e simbólico que permitem a compreensão e o

progressivo domínio de diferentes formas de linguagem.

O domínio de diferentes formas de expressão que tem a sua especificidade

própria são meios de comunicação, que exigem o progressivo domínio de instrumentos

e técnicas. A criança através de diferentes atividades e situações vai dominando e

utilizando o seu corpo, contactando com diversos matérias que poderá explorar,

manipular, e transformar, de maneira a tomar consciência de si própria na relação com

os objetos.

A utilização do barro, plasticina, areia, pasta de papel permitem as atividades

tridimensionais, a exploração de materiais bi ou tridimensionais com texturas,

dimensões e formas diferentes enriquecem a expressão plástica e desenvolvem o

domínio da matemática.

A pintura e a escultura permitem enriquecer o conhecimento do mundo

desenvolvendo o sentido estético e o domínio da matemática, ampliando os

conhecimentos da criança.

A aquisição dum maior domínio de linguagem oral e o objetivo primordial na

educação, cabendo ao educador proporcionar um clima de comunicação em que a

criança vá alargando o seu vocabulário, construindo frases mais corretas e complexas

adquirindo um maior domínio da expressão e comunicação. Esta aprendizagem, deverá

ter um carater lúdico em que as lenga lengas, os trava línguas, as rimas e as adivinhas,

que pertencem aos aspetos tradicionais da cultura portuguesa, poderão e deverão ser

trabalhados.

Ler é interpretar as mensagens emitidas pelas variadas e diversas formas de

expressão. A leitura e uma competência cognitiva, social e cultural.

Em 1865, João de Deus aceitou o convite do Senhor Rover, gerente da editora

Rolland em lisboa, para criar um método de leitura. Entusiasmou-se com o projeto, e

acabou por publicou por publicar a Cartilha Maternal, em 1876, pela Livraria Universal

19

de Magalhães & Moniz. Para João de Deus era claro que a unidade principal do discurso

é a palavras.

O método João de Deus integra muitas das diretrizes que a investigação recente

tem vindo a enfatizar. João de Deus ao seu Método “Arte de Leitura”, e na palavra

“Arte”, engloba todo um projeto de ação criativa e interpretativa. Ele afirma que: “Não

basta saber ler, e necessário ler com conhecimento de causa. Quem não tem a análise

das letras, quem não sabe as regaras dos seus valores, não pode ensinar bem; e

ensinado mal, isto é, com muito custo e pouco proveito, naturalmente se furta a

ocasiões de ensinar os outros; o que é um grande mal. (…)”

O Método de Leitura João de Deus e considerado um método interaccionista,

Porque utiliza estratégias de leitura do tipo “Bottom-up” em sinergia com estratégias do

tipo “Top - Down”. Para João de Deus “ler é compreender”. Proporcionando ao leitor o

instrumento linguístico que é a palavra, levando a usa-la dentro do seu mundo e dos

seus interesses, integrando, numa frase, a palavra lida. Isto permite, ao aluno usar em

sinergia o processamento de leitura ascendente, através da descodificação do código

linguístico e da relação grafema / fonema, e o processamento descendente permitindo

uma leitura “com conhecimento de causa”. O aluno compreende, deste modo, o valor

da linguagem.

Sabendo que aprender a ler e um processo gradual de aquisição de

competências, nomeadamente, a compreensão da finalidade da leitura, das convenções

da leitura e escrita, do carater simbólico e abstrato da escrita, da estrutura segmentar

da fala e da relação entre grafemas e fonemas. A investigação provoca que o

desenvolvimento destas competências pode ser estimulado, pelo que caberá ao

educador o papel de avaliar e que nível de desenvolvimento se encontra cada crianças,

cada criança a fim de selecionar e implementar as metodologias e as estratégias mais

adequadas para promover o desenvolvimento e / ou a otimização desses

conhecimentos e competências. No processo de aquisição / construção da língua

escrita, a criança vai ter de que fazer uma integração do conhecimento que tem da

língua oral com as suas experiencias com a língua escrita. Esta integração e mediada

pelos processos cognitivos, e pelos métodos e estratégias usadas pelos educadores.

Considerando que “uma boa parte das dificuldades existentes na escola serão

superadas se as metodologias de ensino considerarem os princípios básicos que dirigem

a linguagem oral” (Golbert, 1988,p.110).Reconhecemos rigor num Método quando o

seu autor adverte que “a primeira condição para ensinar por este método é o estudo da

fala”, desenvolvendo uma metodologia que, segundo ele próprio, se “funda na língua

viva”. O Método de Leitura João de Deus estimula as capacidades meta cognitivas pois

a criança é conduzida num jogo. Do qual vai aprendendo regras e vai evoluindo de uma

forma construtivista. No discurso com a educadora a criança insere conhecimentos seus

20

na aprendizagem desenvolvendo o vocabulário e a construção frásica de uma forma

lúdica.

O recurso as estruturas gráficas artificiais, indicando a divisão da palavra em

silabas gráficas, permite obter a decomposição das palavras sem quebrar a unidade

gráfica (e sonora) das mesmas. Alias, a organização gráfica de cada pagina na cartilha

orienta também a sua leitura e integração dos estímulos visuais apresentados, devido

ao fato das palavras serem segmentadas silabicamente através do recurso às cores

preto/cinzento. O Método de Leitura João de Deus trata as silabas independentemente

das palavras em que estão inseridas, permitindo ensinar o código alfabético num

contexto de leitura significativo. O Método apresenta as dificuldades da língua

portuguesa, seguindo uma progressão pedagógica que constitui um verdadeiro estudo

desta língua. Uma grande parte dos problemas encontrados na escrita referem-se aos

erros cometidos por não serem tidas em conta as regras contextuais, ou seja, não se

dominar o fato das letras terem diferentes leituras consoante a sua posição na palavra

ou consoante a letra que se lhe segue. Se tomarmos como exemplo /s/, para escrever

corretamente teremos de saber quais os seus três valores de forma a aplicarmos o caso

e valor certo para que a palavra seja corretamente lida ou escrita.

Desde a primeira lição, a criança é convidada e estimulada a ser “analista da

linguagem”, isto porque desde a primeira lição a criança tem um papel ativo na

descoberta de que a posição na letra na palavra determina o seu valor sonoro. Desta

forma a criança pode e é colocada numa posição privilegiada de auto correção. O

caracter cientifico da análise da linguagem subjacente ao método e a consciência dada

ao aluno da realização linguística – são essenciais e explicam o fato de suscitar no aluno

um elevado grau de estilização interna. Cada letra consoante é incluída numa lição em

que estão reunidos os seus diferentes valores. As letras consoantes são ordenadas em

função do seu número de valores, sendo ensinadas primeiro as que correspondem

foneticamente e fricativas “ certas”, ou seja, aquelas que só têm uma leitura, um valor,

um som. Assim, e depois de apresentar as vogais, em sem as quais não há palavras, as

primeiras letras consoantes “certas” que se ensinam são v, f, j (constritivas, fricativas)

cujo valor se pode proferir e prolongar. Depois o t, d, b, p (oclusivas) que resultam de

uma obstrução total da saída do ar, não tendo por isso valor proferível. A seguir aparece

a constritivas lateral l e a oclusiva q. Só depois aparecem as consoantes incertas, aquelas

que têm mais de que um valor, mais do que um som, conforme a sua posição na palavras

ou a letra que se lhe segue, são elas: c, g, r, s, x, z, m, n, referidas nos pontos anteriores.

João de Deus embora não empregue o termo “fonema”, baseia o seu método

numa descrição da língua do tipo fonológico, utilizando mnemónicas na formação

temporária dos nomes das consoantes “incertas” para facilitar a aprendizagem e

apresentação criteriosa do alfabeto que serve a língua portuguesa.

21

A Cartilha, suporte físico das lições é um livro de grande dimensões que se

encontra na sala de aula e perante a qual as crianças, em grupo dão a lição. O recurso

ao livro grande desenvolve enumeras competências promovendo na criança os

princípios da escrita.

A importância da relação afetiva e o respeito pelos ritmos próprios de cada

criança perpassa toda a obra pedagógica de João de Deus. Desenvolvendo um método

que permitia “massificar” o acesso à leitura, o seu autor não esqueceu nunca a

necessidade da individualização, já que cada criança segue a Cartilha ao seu ritmo

próprio (e não ao ritmo da classe). Ele também não esquecia a necessidade de estimular

e reforçar as pequenas conquistas que a criança vai fazendo, porque aprender a ler

requer disponibilidade afetiva atenção e também esforço. Assim as lições são dadas a

grupos de 3 ou 4 crianças, de preferência escolhidas entre elas. Esta pequena “equipa”

torna as lições mais vivas e equilibra em interação o comportamento individual de cada

aluno. Nunca devem responder em coro, cada um falará por sua vez, mas estão todos

empenhados numa mesma tarefa. As palavras de cada lição são escolhidas de modo a

conter somente grafemas e regras anteriormente adquiridas e eventualmente uma nova

aprendizagem dedicada à nova lição. Em 1876, João de Deus, afirmava que eram

evidentes as relações estreitas entre o domínio da linguagem e o da leitura/ escrita. São

suas as palavras que transcrevemos em seguida. “A verdadeira do homem é a palavra

escrita, porque só ela é imortal. Mas enquanto o ensino da palavra falada é o encanto

de mães e filhos, o ensino da palavra escrita é o tormento de mestres e discípulos. Este

meio ou este método não pode ser essencialmente diferente do método encantador

pelo qual as mães nos ensinam a falar, que é falando, ensinando-nos palavras vivas, que

entretêm o espirito, e não letras e silabas mortas, como fazem os mestres...” (C.M. 1876,

p. 10).

A atitude do educador e o ambiente que é criado no quotidiano devem fazer

emergir e facilitar a perceção do código escrito. As atividades “imitar” a escrita, em

folhas, cadernos, aprender a escrever o nome proporcionam experiências que ajudam

na perceção das normas escritas e estimulam o desejo da escrita, dai a importância dos

ditados gráficos.

As capacidades de compreensão e produção linguística devem ser

progressivamente alargadas, valorizadas e incentivadas pelo educador e as imitações

que a criança fez do código escrito podem ser realizadas com tentativas de imitação de

letras e até de diferenciação de sílabas.

A criança ao perceber normas de codificação de escrita, pode escrever o seu

nome (que tem o sentido afetivo) e fazer comparações entre letras que se repetem

noutras palavras, identificar pequenas palavras e frases. Por isso na educação infantil

são indispensáveis livros de literatura infantil e o contacto com diferentes tipos de texto

escrito como os dicionários, os jornais, as revistas...

22

O papel da matemática representa uma das áreas fundamentais para o

desenvolvimento das crianças nomeadamente a nível da compreensão do mundo e da

estruturação do pensamento, bem como do raciocínio e do incremento de capacidades

relacionadas com a resolução de problemas. No documento das competências

essenciais da matemática elaboradas pelo Ministério da Educação e referido que “ a

matemática constitui um património cultural da humanidade e o modo de pensar. A sua

apropriação é um direito de todos” (p.3.). Em consonância, com o sugerido pelas OCEPE

(1997, p. 73) cabe ao educador, partir de situações do quotidiano e com experiências

diversificadas desenvolver “o pensamento lógico matemático, intencionalizando

momentos de consolidação e sistematização de noções matemáticas”.

A matemática, como ferramenta simbólica torna-se necessária para o sujeito que

nasce num universo cultural de que faz parte. Assim, vê-se impelido a aprendê-la para

continuar a fazer parte desse mundo, em que o motivo para ensinar e aprender e o de

colocar os sujeitos em sintonia com o seu coletivo.

A linguagem matemática pode e deve ser estimulada a partir de diferentes

meios: oral, escrita, pictórica, gestual em que registos escritos são importantes pois

podem ser retomadas pelo professor e discutidos com a criança, tanto individualmente

como em grupo. Esses registos quando realizados a partir de atividades de jogo,

promovem a reflexão do professor sobre a sua prática permitindo-lhe conhecer os

diferentes caminhos que a criança busca para expressar o seu raciocínio.

Nos Jardins Escolas João de Deus, entre as várias atividades vivenciadas usam-se

os materiais didáticos como um recurso a ser utilizado num processo que combina

aprendizagem e formação. O educador é o elemento chave na mudança porque tem um

papel primordial, no ambiente que se vivencia na sala de aula. Ele serve-se de materiais,

como instrumentos, para motivar as atividades que se pretendem enriquecedoras e

estimulantes, num processo de manipulação e ação e posteriormente de representação

– conceptualização.

Os diversos materiais utilizados na metodologia João de Deus permitem

desenvolver noções matemáticas, através de diferentes meios e processos, constituindo

um estímulo para a aprendizagem da matemática, pois dão “oportunidade” de resolver

problemas lógicos, quantitativos e espaciais. Várias são as possibilidades para que isso

ocorra: as situações de jogo; resoluções de problemas; as atividades lógicas, etc.

Guzmán (1990) valoriza a utilização de jogos, para o ensino da matemática, sobretudo

porque eles divertem e também extraem das atividades material suficiente para gerar

conhecimento, interessar e fazer com que as crianças pensem com motivação

No processo de ensino – aprendizagem, os diferentes recursos desempenham

um papel importante na metodologia João de Deus, pois permitem criar uma ampla

variedade de situações didáticas relacionadas, com um determinado contexto. Para vale

23

(2000), quando se desenrola aquele processo, há que recorrer a qualquer suporte

educativo, como a voz, o giz, o quadro, o computador, ou os materiais manipuláveis.

Segundo Angel (2004) a manipulação é um passo necessário e indispensável para a

aquisição da competência matemática, mas não é a manipulação que é mais importante,

mas sim a ação mental que esta estimula quando as crianças têm a possibilidade de ter

os objetos e os diferentes materiais, nas suas mãos e utilizam o jogo, como recurso de

aprendizagem. Só depois de um trabalho lúdico – manipulativo podem usar-se recursos

mais elaborados de representação matemática, como a simulação virtual ou o trabalho

escrito com lápis e papel.

O material ao ser observado, manipulado e explorado provoca o

desenvolvimento e formação de determinadas capacidades, atitudes e destrezas sendo

“médio provocador” que possibilita as experiências e situações para interagir com os

adultos e com as outras crianças, para que na primeira conceção a criança realiza uma

representação e em última instância chegue à concetualização. Mas, para isso acontecer

é necessário que haja uma ação educativa, orientada pelo educador, de forma a cumprir

o objetivo proposto, simulando situações, desenvolvendo a imaginação, permitindo

tentativas e erros, para que haja aprendizagem significativa. Numa primeira abordagem

há um manuseio livre dos materiais, para que algumas noções emergir dessa exploração.

Depois atraves de determinados objetivos são colocadas situações problemáticas que

permitem ser investigadas, para mais tarde através do diálogo, serem trocadas opiniões,

em que os trabalhos individuais e coletivos possam ser registados.

A manipulação do material pelos alunos devidamente orientada, pode “facilitar

a construção de certos conceitos” e “servir para representar conceitos que eles já

conhecem por outras experiências e atividades, permitindo assim a sua melhor

estruturação”. O educador tira partido de diversos materiais atendendo em primeiro

lugar a que sejam manipulados pelo aluno, em segundo lugar que o aluno saiba

realmente qual a tarefa para a qual é suposto usar o material. É ineficaz ser o educador

a usar o material, com o aluno a ver, ou ter o aluno a mexer no material sem saber o

que está a fazer. Poder-se-á dizer que material didático é aquele que é utilizado na sala

de aula com o objetivo de facilitar o processo de ensino – aprendizagem. É qualquer

objeto manipulável, utilizado na sala de aula, para auxiliar o ensino, a aprendizagem,

tendo um determinado papel na construção / reconstrução de conceitos, servindo de

mediador, por meio da manipulação e análise, às teorias e às práticas sociais. Esta

posição está ligada à perspetiva construtivista do conhecimento, em que um ambiente

de aprendizagem, com materiais manipuláveis é favorável a uma aprendizagem

significativa da matemática que fundamenta o uso de materiais manipuláveis no ensino

– aprendizagem da matemática: (1) a aprendizagem baseia-se na experiência; (2) a

aprendizagem sensorial é a base de toda a experiência é o cerne da aprendizagem; (3) a

aprendizagem caracteriza-se por estádios distintos de desenvolvimento; (4) a

aprendizagem é aumentada pela motivação; (5) a aprendizagem do concreto para o

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abstrato; e (6) aprendizagem requer participação / envolvimento ativo do aluno. Estes

aspetos focados não são independentes mas estão interligados.

A utilização de materiais manipulativos no ensino da matemática é um processo

de crescimento com diferentes estádios de desenvolvimento que requer participação,

envolvimento e experiências por parte do aluno que com motivação vai desenvolvendo

num processo moroso formação de conceitos concretos e mais tarde abstratos. Os

materiais devidamente selecionados e utilizados permitem:

Diversificar as atividades de ensino;

Realizar experiências em torno de situações problemáticas;

Representar corretamente ideias abstratas;

Analisar sensorialmente dados necessários à formação de conceitos;

Dar oportunidade aos alunos de descobrir relações e formular

generalizações;

Envolver ativamente os alunos na aprendizagem;

Respeitar as diferenças individuais;

Aumentar a motivação.

Lorenzato (2006) afirma que qualquer material pedagógico é um meio que pode

tornar mais próximo da criança “linguagens e significados matemáticos”, pois não é um

material didático que realiza a aprendizagem, mas a própria criança, pela reflexão que

faz, como o acompanhamento e orientação do educador.

Os materiais manipulativos que se utilizam na prática educativa nos Jardins

Escolas João de Deus têm:

Função informadora – Mediante a observação e manipulação do

material, a criança adquire determinada informação em torno das

qualidades dos objetos: tamanho, cor...

Função estruturadora – A sua construção e proximidade pode despertar,

aguçar, as capacidades sensório – motoras precetivas, operativas, etc;

Função modeladora – O seu uso, “modela” as estruturas cerebrais da

criança, contribuindo para a estruturação da sua personalidade,

formando as suas estruturas mentais;

Função mediadora – O materiais pode ser mediador entre o concreto e a

ideia, pode ser o caminho que leva a criança da ação ao pensamento;

Função relacional – As primeiras noções da criança com os objetos, dos

objetos entre si, da sua situação entre o espaço e o tempo, são facilitadas,

em grande medida, pela interação com o material;

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Função simbólica representativa – é a função didática instrumental que

tem grande tradição oferecer modelos próximos à criança, realidades que

não sejam facilmente acessíveis de outro modo;

Função instrutiva – Deve existir a adequação entre os meios didáticos e

as destintas funções instrutivas; o educador deve ter isso presente na

hora de realizar a sua programação, saber o que pretende desenvolver e

estar atento às inquietações da criança, que podem ser despertadas

mediante uma preparação cuidadosa das situações.

Assim, ao utilizar materiais como o Cuisenaire, os Calculadores Multibásicos,

os Dons de Froebel, os Blocos Lógicos, o Geoplano, o Tangram entre outros

pretende-se:

1. Apresentação de estímulo;

2. Dirigir a atenção;

3. Fornecer o modelo de performance esperada;

4. Fornecer elementos insinuadores externos;

5. Guiar o pensamento;

6. Induzir à transparência;

7. Avaliar o alcance da aprendizagem;

8. Proporcionar o feedback.

Com o recurso de diferentes materiais e através de modelos concretos,

pretende-se compreender os conceitos matemáticos. Os significados que o aluno

constrói são resultado do trabalho do próprio aluno, da sua reinvenção, mas

também dos conteúdos de aprendizagem e da ação do professor (Caldeira,

2009).

A manipulação do material é pois uma atividade necessária e

indispensável para a aquisição de competências matemáticas em que a ação

mental que é estimulada quando as crianças têm a possibilidade de ter os objetos

e os diferentes materiais vão criar ou não a interface mediadora para facilitar na

relação entre o educador o aluno e o conhecimento, no momento preciso de

elaboração do saber.

Na metodologia João de Deus defendemos que os materiais

manipulativos poderão ser mediadores num contexto significação, num

ambiente motivador de sala de aula, em que através de diversas atividades

proporcionem a compreensão matemática, num processo evolutivo, em que

gradualmente as crianças vão descodificando e construindo o valor matemático.

São alguns dos objetivos do projeto João de Deus promover o direito a

brincar, estimular a iniciativa e a criatividade, desenvolver competências e

conhecimentos através do jogo, estimular as crianças para o prazer da leitura,

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acompanhar e colaborar na execução de tarefas e atividades escolares, favorecer

um trabalho de interação com as escolas da comunidade e outras instituições,

despertando o espirito da tolerância e liderança, desenvolvendo atitudes e

valores.

O Jardins Escolas João de Deus não se centram somente em ensinar o

conhecimento feito e totalmente elaborado, pretendem também proporcionar

os alunos, por meio de aprendizagens eficazes, as capacidades necessárias para

poderem ser cidadãos conscientes, responsáveis e críticos nesta sociedade

emergente em constante mudança.,

4.1 - João de Deus Ramos e a Sua Época

Nascido no final do século XIX, nos anos 70, anos estes que viram nascer

inúmeras personalidades eminentes em matéria de educação, João de Deus Ramos é também um homem da primeira metade do século seguinte, que costumava apelidar, carinhosamente, de «o século da criança».

É a época brilhante da Escola Nova, movimento a favor de uma infância mais compreendida e feliz, que tem também um eco em Portugal. João de Deus Ramos admirava intensamente os educadores ligados à Escola Nova, sobretudo A. Ferriére: as suas ideias e a sua obra permitem considerá-lo o representante português desta escola (1).

Seguia Ferriére, mas queria produzir uma obra original e portuguesa. Afirmava, frequentemente: «Rejeito toda a cópia servil do que se faz no estrangeiro, à exceção, contudo, daquilo que é universalmente adotável ou adaptável».

Muito consciente, já na sua época, da preservação da identidade cultural e dos valores próprios de cada nação, adorava citar o escritor português Almeida Garrett “Nenhuma educação pode ser boa se não for eminentemente nacional”. (1) João de Deus Ramos, para além dos Jardins-Escolas João de Deus, fundou no Estoril, em 1928, com João Soares (pai do antigo Presidente da República Portuguesa, Mário Soares) uma grande escola primária e secundária, que se inspirou no exemplo da escola de Roches, de E. Demolins. O Projeto era inovador e muito interessante: o «Bairro Escolar». Os alunos internos eram numerosos nesta época. O ensino secundário não estava muito divulgado e muitas crianças e adolescentes teriam que prosseguir os seus estudos dentro do internato. Dentro do «Bairro Escolar» existiu um centro Pré-Escolar e uma escola primária, um liceu e as vivendas onde as crianças viviam como em família, dormindo em quartos de duas e três camas. Infelizmente, a empresa não durará mais do que poucos anos, devido a dificuldades financeiras.

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4.2 - O Ambiente

A arquitetura dos primeiros edifícios é de um estilo verdadeiramente nacional,

português e até mesmo regional.

João de Deus Ramos considerava que a criança aceitará melhor a escola se a «fisionomia» arquitetural desta se assemelhar à da sua própria casa. A adaptação faz-se assim mais facilmente e atenta-se, também, a que a escola seja à escala da criança, para que esta se sinta como em sua casa.

João de Deus Ramos preocupava-se muito com o edifício: rejeitava os corredores longos e as escadas, aconselhava cores suaves, janelas grandes, espaço suficiente, mas não demasiado. A decoração era confiada a artistas, mas deveria ser discreta.

O edifício deveria ser circundado por um jardim, sem vizinhos demasiado próximos; as janelas permitiriam uma ligação com a natureza, as árvores, o céu. O jardim, segundo ele, devia ser seis vezes maior que o edifício, para permitir a realização de atividades em pleno ar livre e mesmo, por vezes, o cultivo de legumes e flores. Que alegria no dia em que se comem as maçãs que vimos crescer! E que lição bem aprendida!

A pedagogia fala muito da escola ativa e da importância da criação de um ambiente rico e de bom gosto estimulando o espírito da criança e o seu sentido de harmonia e equilíbrio.

João de Deus Ramos já estava dentro do movimento das ideias atuais: preservação da identidade cultural, necessidade de cuidar e preparar convenientemente o ambiente, tanto sobre o seu plano físico como nos seus aspetos humano e cultural.

No plano físico, pretendia um ambiente muito alegre, luminoso e florido. Aceita a ideia de Froëbel e o nome de «Kindergarten» (Jardim de Infância), não como uma imagem retórica, mas como uma necessidade de ligação entre a natureza e a criança. Não se trata de comparar a criança a uma flor, mas de constatar o entusiasmo das crianças perante as flores. O nome froebeliano de Jardim-Escola evoca isto.

Os animais? Não, dado que não podemos tê-los presos e mal alojados na escola. Os animais poderão sofrer e a criança não pode sentir-se culpada por esta situação de sofrimento de outros seres. Será prejudicial na formação da sua sensibilidade.

Por vezes, um pequeno peixinho vermelho, ou outro animalzinho já nascido em cativeiro, poderá dar uma nota de cor e movimento dentro da sala de aula. Poder-se-á fazer criação de bichos-da-seda. Para os alimentar será necessário que exista uma amoreira no jardim. João de Deus Ramos estimava que estas ideias eram muito importantes e, pode crer-se que, verdadeiramente, o são, dado que as crianças amam a sua escola e estão felizes dentro deste ambiente, nos planos educativo e humano.

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4.3 - Escola e Sociedade

Segundo João de Deus Ramos, a escola devia ter a imagem da sociedade desde

a Creche.

Democrata, pretendia acabar com as escolas de elites, mas, em 1911, ano de abertura do primeiro Jardim-Escola João de Deus, o país saía da monarquia e as suas ideias não iriam encontrar mais que um pequeno eco.

Não aceitava mais discriminação política na escola. A escola para todos, ricos ou pobres, de todas as raças, de todas as crenças religiosas ou políticas. Um bibe aos quadrados, cada idade com a sua própria cor esbate as diferenças de traje que, à época, eram por vezes muito acentuadas.

Todos os alunos deviam almoçar na escola, o que, segundo João de Deus Ramos, poupava o cansaço das deslocações e favorecia a socialização e hábitos alimentares saudáveis. Tudo era explicado: o que se comia, as razões de uma alimentação variada...

João de Deus Ramos desejava que se cultivassem na escola verdadeiros laços de fraternidade e solidariedade. Preconizava uma disciplina muito doce, sem prémios nem castigos. Esta disciplina, a que chamava de «ativa», devia ser o mais possível orientada como uma verdadeira educação cívica.

As próprias crianças organizavam a vida na escola, os jogos, as refeições...

4.4 - Educação Moral

A disciplina, compreendida como o modo de viver bem consigo mesmo e com os

outros, era mantida sem prémios nem punições e contribuía para a formação do caráter. «Sem prémios»: são fonte de vaidade e de inveja e deturpam o verdadeiro sentido do dever. «Sem punições»: prejudicam o desenvolvimento da dignidade humana e, na maior parte das vezes, são aplicadas sem que a criança tenha consciência de ter cometido o erro.

Como Rousseau, João de Deus Ramos acreditava que a criança nasce boa. É necessário defendê-la e compreendê-la. Aqueles que trabalham e se comportam bem, merecem elogios e carinhos. A estimulação é necessária, mas o termo de comparação, para a criança, é ela própria.

Em caso de um mau trabalho ou de problemas de conduta, devem estudar-se cuidadosamente os motivos e, eventualmente, permitir que a criança sofra as consequências dos seus atos, não como um castigo imposto, mas como um efeito natural, que poderá interiorizar, uma lição válida que lhe servirá de futuro. Sempre o raciocínio e a lógica ao nível da compreensão das crianças.

Por exemplo:

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É preguiçoso? Não existe preguiça sem motivo. Como está de saúde, que métodos de ensino lhe são aplicados, sente-se apoiado mental e afetivamente? Será que os trabalhos que lhe são pedidos estão de acordo com o seu próprio ritmo?

A atitude de João de Deus Ramos em face de problemas como o roubo, a mentira, a agressividade, era sempre muito coerente. É preciso melhorar e saber melhorar, mas não punir. É necessário dar a conhecer o gosto pelo bem e pelo fazer o bem, pondo-se à escala da criança e com amor.

Já em 1911, João de Deus Ramos pensava mais na educação do que na instrução; é uma ideia corrente nos nossos dias, mas não no início do século.

Na base da sua metodologia existia sempre uma ideia de simpatia, no real sentido da palavra: simpatia como convergência de pontos de vista e, mesmo, de sentimentos. Um ambiente de simpatia cria o meio ideal, a firmeza e a calma, tão importantes para dar à criança um sentimento de segurança.

As crianças mantêm-se calmas se estiverem ocupadas e se sentirem prazer nas tarefas que executam, mesmo que estas sejam trabalhosas. É necessário que o trabalho seja amado e respeitado, daí que o apresentemos de uma forma atraente, a fim que se possa gostar dele como se gosta de um jogo.

Era um traço que definia muito bem o caráter de João de Deus Ramos, o infinito respeito pela criança. O respeito pela criança é frequentemente proclamado, quase sempre mais na teoria do que na prática, mas João de Deus Ramos não respeitava somente a infância, respeitava cada criança.

Contemporâneo de Decroly e de Maria Montessori, João de Deus Ramos foi o instigador, em Portugal, de um movimento de interesse pelas crianças com menos de seis anos.

Na sua época e em Portugal, raramente as crianças saíam da casa familiar para frequentar um centro escolar antes dos quatro anos.

Tenta-se oferecer às crianças um ambiente familiar, favorável ao seu desenvolvimento: os jogos, as canções, a rítmica com arcos e bolas, os cálculos, as histórias, a casa das bonecas, os jogos simbólicos.

João de Deus Ramos, como todos os pedagogos daquela época valorizava os jogos, em matéria de educação. Mas aconselhava a escolhê-los bem.

Aos quatro anos, e sem que a fatigue, traça-se para a criança um programa muito alegre e harmonioso, que fará apreender bons hábitos e favorecerá a sua integração no grupo.

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4.5 - Enquadramento Teórico

Que aspetos mais importantes desenvolver, com quatro anos de idade, segundo

a psicologia e pedagogia, a nível das aquisições de base?

A educação percetiva, a motricidade e a educação verbal, são aspetos muito importantes. A educação percetiva começa desde o berço e, quase podemos dizer, é de grande valor para o indivíduo. Não se trata de «afinar» os sentidos, mas sim de saber utilizá-los melhor.

Na educação percetiva trabalha-se sobretudo a visão e a audição, os dois sentidos que permitem as aquisições mais espirituais e até mesmo estéticas. Trata-se de estimular o gosto, de observar, de criar o senso do belo e da harmonia, de melhor perceber os sons graves, os sons agudos, a intensidade dos sons e das sonoridades, o timbre dos instrumentos, etc.

A educação auditiva permite uma iniciação musical que favorece o bom ritmo da leitura. É com base na educação visual e auditiva que se pode falar, na escola, de uma educação através da arte.

Não se refere muito os outros sentidos; devem ser localizados, mas não têm a mesma importância.

4.6 - As Práticas

Com a visão e audição poder-se-á traçar um alegre programa de educação

auditiva e musical. Na escola cantam-se e dançam-se canções infantis e populares, todos os dias. Como o jogo, tenta-se preservar os valores tradicionais.

A educação da visão destina-se a uma boa coordenação óculo-manual e trabalha-se imenso a motricidade fina, o estímulo e uma correta lateralização através de toda uma gama de jogos destinados a este efeito.

Trabalha-se muito com o papel: no início tritura-se, rasga-se, corta-se, depois utiliza-se o «origami» japonês, que facilita a precisão e permite fazer pombas, peixes, rãs, barcos e as fitas multicoloridas de onde nascem diferentes tipos de harmonias.

Aos quatro anos, as crianças desenham sobre grandes folhas com lápis de cera. Desenham livremente, assim como modelam pastas variadas, mas sobretudo barro. A criatividade da criança é estimulada de várias formas.

Depois de ter ensinado as crianças a observar e a entender, são incitadas a exprimir-se: por gestos, pelo corpo, pelo desenho, mas sobretudo oralmente.

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A expressão verbal e não verbal é privilegiada; trabalha-se a linguagem e a expressão oral através do diálogo, das histórias, dos contos, das contas, das pequenas poesias, das pequenas dramatizações e marionetas.

Um programa batizado de «Tema de Vida» – que se chamava «lições das coisas», no tempo de João de Deus Ramos - contribui muito para o alargamento do léxico passivo e sobretudo do léxico ativo da criança. Este programa representa um dos aspetos mais originais da pedagogia de João de Deus Ramos. Aquilo que se pretende não é somente que a criança saiba as coisas, mas sobretudo que as compreenda, que possa estar em sintonia e em empatia com o que a rodeia.

A criança deve abordar o seu conhecimento como indivíduo e conhecer o seu corpo, ter uma ideia do seu esquema corporal. De seguida, deve tomar consciência da sua integração temporal, adquirir a ideia do hoje, do ontem e do amanhã. Para isto, damos-lhe uma referência, uma unidade de tempo: a mais simples é o dia. E recorremos à clássica experiência da bola que gira em torno de si mesma e à volta de uma fonte de luz.

Fala-se do que a rodeia: o que é sólido, líquido, gasoso. Fazem-se experiências. Depois fala-se das grandes famílias do nosso planeta: os minerais, as plantas, os animais. Tudo é apresentado como exemplos vivos, slides, filmes, imagens. As lições não são feitas sob a forma de exposições orais, mas sim de diálogos através dos quais a criança deve observar, descobrir e descrever. Sempre que possível, o objeto é observado diretamente ou através de lupas e microscópios, tocado, sentido e eventualmente provado. São realizadas experiências de molde a estimular o espírito científico. As formas, as qualidades são designadas com rigor.

A ideia de João de Deus Ramos é a de estabelecer um «curriculum» em forma de espiral: os ciclos são concebidos em função da idade das crianças; procura-se abordar o homem como indivíduo e depois como pertencente ao corpo social; finalmente é evocada a ideia de Deus.

Esta ideia de ciclos sucessivos está já contida no termo «enciclopédia». Porém, o que João de Deus Ramos deseja desenvolver não é uma ideia enciclopédica, mas sim uma lógica: relacionar bem é raciocinar bem.

Todas as lições estão ligadas umas às outras, a fim de fortificar a memória e de facilitar a aquisição de conhecimentos.

Aos quatro anos, os jogos contribuem para motivar a leitura, para distinguir a esquerda e a direita e estimular o desenvolvimento motor: sequências de imagens, palavras afixadas para designar os objetos circundantes, livros em local acessível, histórias lidas pelo educador.

As crianças também ditam frases que a professora escreve e que elas podem ilustrar.

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Tem-se um grande cuidado com a introdução da Matemática e esta é associada à vida prática da criança: há três degraus para subir; eu tenho três bombons, tu tens um a mais; eu joguei cinco vezes com a minha bola, etc. Estas situações constituem uma base de trabalho. João de Deus Ramos, como outros pedagogos da atualidade, aconselha a começar pela noção de «unidade». É um bom ponto de partida.

Os conceitos devem ser postos em prática através dos jogos e de materiais simples de encontrar e manipular.

Recorre-se, também, aos jogos de Froëbel, para interiorizar situações muito concretas, que estimulam a criança a contar e a fazer pequenas operações ligadas ao quotidiano. Têm à disposição ateliers de jogos de ação – uma mercearia ou armazéns onde se utilizam a moeda e uma balança, onde se comparam pesos e volumes, onde se pode empacotar e embrulhar os volumes, o que é um excelente exercício de motricidade fina.

O espaço está dividido em cantos: um canto das plantas, um dos jogos, outro da casinha, outro do médico, etc.

Cada sala possui uma biblioteca: aos 3/4 anos, a criança pode ver as imagens, sentada em almofadas e o acesso aos livros é muito fácil.

Ouve-se música, fazem-se jogos tradicionais ou livres, de preferência ao ar livre.

A criança gosta e aceita bem este programa variado, que contribui para a formação da sua personalidade. Procura-se que a criança seja calma, organizada, curiosa e recetiva.

João de Deus Ramos considerava a idade de 5 anos como muito importante para a formação do indivíduo. É como uma idade de transição, já não se encontra na fase pré-escolar, mas ainda não chegou à primária: é um degrau a subir, uma fase «pré-elementar», «pré-primária», como ele lhe chamava.

Praticam-se jogos, as «lições das coisas», fazem-se desenhos, mas a Matemática é mais avançada e inicia-se de uma forma muito racional e lúdica a leitura e a escrita.

João de Deus Ramos pensava, como os pedagogos de hoje, que aguardar por uma grande maturidade para aprender a ler é como esperar por ter músculos para começar a cultura física. É o exercício que contribui para a maturação mental requisitada.

É também muito importante, adaptar-se ao ritmo da criança sem a sobrecarregar, para a fazer alcançar o programa preestabelecido. É necessário fazer com que a criança aprenda agradavelmente, passo a passo, como num jogo. Isto põe a questão central das aprendizagens de base e de qual o momento ideal para começar o processo de preparação.

33

O insucesso escolar, e mesmo profissional, poderá estar ligado a uma preparação

escolar tardia e mal estruturada. É preciso compreender a palavra «aprendizagem» como conotada pelas noções de estimulação e de iniciação. A aprendizagem é vista não somente como aquisição de conhecimentos, mas, sobretudo, como exercício de faculdades.

Assim pensava João de Deus Ramos e os resultados deram-lhe razão. É necessário começar a adquirir as competências aos 5 anos e a aprendizagem da leitura é um bom ponto de partida.

A escolha de um método é essencial, método que permita o desenvolvimento das estruturas mentais da criança. Nos jardins-escolas - «A Cartilha Maternal».

Os resultados são surpreendentes: as crianças aprendem a ler geralmente em 90 lições e o insucesso escolar é quase inexistente.

O método utiliza estratégias de leitura do tipo «Bottom-up», em sinergia com estratégias do tipo «Top-down», baseado na unidade global da palavra – considera-a como a ferramenta linguística que permite o dinamismo verbal. É também um método que apresenta as dificuldades da Língua Portuguesa segundo uma progressão pedagógica e que constitui um verdadeiro estudo da Língua.

João de Deus Ramos considerava a aprendizagem da leitura e da escrita como o desenrolar natural da educação pré-escolar: depois do ensino do código oral, a criança pode ser iniciada ao código escrito, que lhe permite aceder à cultura. Estas duas aquisições deverão então constituir uma unidade e não revelar duas escolas diferentes – a creche e a escola primária – como é habitual nos nossos sistemas escolares.

Escreveu muito pouco, porque acreditava que, em pedagogia, as ideias são facilmente ultrapassadas e que é necessário viver com o seu tempo. Adorava transmitir as suas ideias às suas alunas, afetuosamente por ele consideradas como suas «discípulas».

Depois da morte de João de Deus Ramos, foram introduzidas algumas alterações necessárias, como por exemplo, o material Cuisenaire e os Blocos Lógicos de Dienés, e um material de um professor português, João Nabais, chamado Calculadores Multibásicos, excelentes para aprender a fazer operações sobre outras bases que não a base 10. Na época dos computadores é preciso trabalhar bem na base 2 ou 9.

A paz, o interculturalismo e a integração das crianças diferentes são tidos em conta desde as classes pré-escolares.

O bisneto de João de Deus

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António de Deus Ponces de Carvalho

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V – O JARDIM-ESCOLA JOÃO DE DEUS DO FUNCHAL

5.1 Caracterização do Jardim-Escola

Este jardim-escola, instituição particular de solidariedade social que faz parte da

Associação de Jardins-Escola João de Deus com sede na Av. Álvares Cabral nº69 em

Lisboa, é o primeiro Jardim-Escola João de Deus a funcionar na Região Autónoma da

Madeira. Trata-se de uma aquisição efetuada na região pela referida Associação e

funciona com a autorização da Secretaria Regional da Educação da Madeira e em

Parceria com a mesma. O acordo de cooperação assinado por ambas as partes, leva a

que este jardim-escola funcione como mais uma instituição da rede pública pelo que

período de abertura, encerramento e calendário escolar é regido pela Sec. Regional da

Educação.

O horário de funcionamento de atividades letivas e não letivas decorre das 8h às

18h30 tanto para a secção infantil como de creche.

O corpo docente é constituído por 10 educadoras e uma diretora.

O corpo não docente é constituído por dezasseis auxiliares de educação, duas

cozinheiras, uma auxiliar de cozinha, cinco auxiliares de limpeza e uma administrativa.

Trata-se de um edifício recuperado, denominado por “quinta”, com traços de

arquitetura vigente na região e como área coberta de 800 m2. Rodeada por espaços

verdes e árvores de grande porte que perfazem um total de área de 1.200 m2.

É composto por duas estruturas diferenciadas, o espaço denominado “casa

mãe”, insere no primeiro piso uma sala de aulas para crianças de três anos, uma sala de

aulas para crianças de quatro anos e uma casa de banho para as crianças. No piso inferior

está o refeitório, duas arrecadações, uma casa de banho e a cozinha.

No edifício contíguo de dois pisos, estão no primeiro piso duas salas de berçário,

com respetivas salas parque, casa de banho e copa de leite. No piso inferior estão três

salas de berçário com salas parque, duas salas de transição, duas casas de banho para

utentes e uma casa de banho para pessoal docente e auxiliar.

No jardim encontram-se os escritórios compostos por três gabinetes: diretora,

secretaria e sala de professores/reunião.

36

Entidade patronal: Associação de Jardins-Escola João de Deus

Presidente: António de Deus Ramos Ponces de Carvalho

Tipo de Instituição: Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS)

Alvará nº 59/2005

Código do Estabelecimento: 13060

Contribuinte nº 500852006

Endereço: Rua Estados Unidos da América, 163

Localidade: Funchal

Código Postal: 9000-090

Telefone: 291764142

Fax: 291776432

Direção Regional de Educação: Funchal

Secretaria Regional da Educação do Funchal

37

5.2. Instalações Escolares

Espaços Interiores

1 Salão Polivalente e Refeitório

10 Salas de Aula

2 Copas de leite

6 Arrecadações

9 Instalações Sanitárias

3 Pessoal docente e não docente (inclui WC Deficientes motores);

5 Pré-Escolar e creche;

1 Lavabos

1 Gabinete de Direção

1 Secretaria

1 Lavandaria engomadeira

1 Despensa

1 Sala de docentes/Reprografia

1 Cozinha

1 Vestiário

Espaços Exteriores

3 Recreios (creche e pré-escolar)

1 Horta

Há uma manutenção regular do mobiliário e todos os anos existe uma

preocupação em realizar melhoramentos. Os espaços interiores e de recreio encontram-

se em bom estado de conservação, adequação e apetrechamento. No que respeita aos

espaços verdes, uma vez por semana vem à nossa escola um Jardineiro que assegura a

conservação e limpeza destas áreas.

38

5.2.1 Salão Polivalente/Refeitório

O salão polivalente é um espaço amplo, coincidente com o espaço de refeitório.

Este espaço está disponível para realização de atividades de grande grupo e reuniões

gerais com os encarregados de Educação. É ainda, um espaço de acesso à cozinha e casa

de banho para as crianças e adultos. Desta forma é, como o próprio nome indica, um

espaço multifacetado que pode facilmente ser transformado quando necessário.

5.2.2 Salas de aula

As salas de aula são espaços onde se realizam as principais atividades curriculares

com as crianças. A sua organização e disposição tem implícita uma intenção educativa

que visa dar resposta às necessidades de cada grupo em particular. Desta forma, cada

educadora tem a liberdade de manipular esta área e dispor os materiais da forma que

entende ser a mais adequada para o contexto específico das crianças da sua sala.

Cada sala dispõe de armários e espaços de arrumação dos materiais didáticos.

5.2.3 Copas de Leite

As Copas de Leite são espaços de apoio às salas de berçário onde são

preparadas as refeições para os bebés.

5.2.4 Arrecadações

As arrecadações são espaços que permitem a arrumação de produtos de limpeza

e higiene.

5.2.5 Instalações Sanitárias

As instalações sanitárias desta instituição estão organizadas de forma a servirem

toda a comunidade escolar. As casas de banho das crianças são niveladas e

proporcionais ao seu tamanho, de forma a promover maior autonomia às mesmas e ao

grupo em geral. Os locais onde foram instaladas permitem o acesso de várias salas sem

que, para isso, as crianças tenham que percorrer grandes distâncias para elas acederem.

As casas de banho dos adultos encontram-se uma em cada andar e uma no exterior, o

que nos parece ser uma opção que satisfaz as necessidades de todo o pessoal.

39

5.2.6 Gabinete de Direção

Nesta sala são recebidos os pais/encarregados de educação, fornecedores e

todas as pessoas que necessitem de tratar de assuntos de Direção.

5.2.7 Secretaria

Na secretaria são recebidos todos os pais e encarregados de educação,

fornecedores e todas as pessoas que pretendam efectuar pagamentos ou tratar de

assuntos de Secretaria.

5.2.8 Sala de Docentes/Reprografia

Nesta sala tiram-se fotocópias, preparam-se materiais didáticos, planificam-se

aulas, e realizam-se reuniões de diversas naturezas (com crianças, docentes, não

docentes, pais/encarregados de educação, vendedores, representantes de outras

entidades, etc.).

5.2.9 Lavandaria Engomadeira

Aqui são tratadas todas as roupas , nomeadamente babetes e toalhas, desde a

sua lavagem, secagem e arrumação.

5.2.10 Despensa

Na despensa estão armazenados os mantimentos da escola.

5.2.11 Cozinha

As refeições são preparadas na cozinha e servidas no refeitório. Este é utilizado

por todas as turmas, onde são servidos os almoços e os lanches em regime de turnos.

5.2.11 Vestiário

Espaço destinado à troca de roupa.

40

5.3 Caracterização da População Escolar

5.3.1 Pessoal Discente

A média de crianças matriculadas é 175, distribuídas por 5 turmas de creche e 5

turmas do pré-escolar.

As crianças que frequentam este jardim-escola revelam diferentes níveis de

heterogeneidade: sócio – económico, cultural, cognitivo e comportamental.

5.3.2 Pessoal Docente

A Presidente e Diretora Pedagógica é representante perante o Ministério da

Educação e demais Instituições nos assuntos de caráter geral do Jardim-Escola e nos

assuntos relacionados com a Secção Infantil; preside os Conselhos escolares; é

responsável por toda a parte financeira e contabilística; pela organização/compra da

alimentação e material escolar; pelas obras a efetuar; pela organização do Pessoal

Docente e Não Docente e orientadora e visionadora do trabalho realizado na Creche e

Pré-Escolar.

O corpo docente do jardim-escola é constituído por 11 educadoras, 5 educadoras

da creche e 5 educadoras do pré-escolar e 1 educadora de apoio. Existem, também,

docentes a tempo parcial que vêm lecionar as áreas de Expressão e Educação Musical e

Expressão e Educação Físico-Motora e Expressão Plástica.

A estabilidade do corpo docente é muito importante, não só porque contribui

para uma melhor relação pedagógica com as crianças, famílias e restante pessoal mas

também porque contribui para um melhor desenvolvimento dos projetos em que o

jardim-escola está envolvido e para melhor ultrapassar os obstáculos que vão surgindo.

Quanto maior é o conhecimento da comunidade educativa e do seu contexto,

maior facilidade há na tomada de decisões e no estabelecimento das prioridades. Nos

últimos anos tem havido estabilidade do corpo docente e isso tem contribuído para um

melhor desempenho de todos os intervenientes desta comunidade educativa.

O corpo docente trabalha em grupo nas planificações das atividades, em

situações de sala de aula e nos Conselhos Escolares, quando é feita a avaliação sumativa

dos alunos e no planeamento dos projetos a desenvolver.

41

5.3.3 Pessoal Não Docente

O corpo não docente é constituído por 15 auxiliares de Ação Educativa, 2

Cozinheiras e 5 Auxiliares de serviços Gerais e 1 Administrativa.

Este pessoal distribui-se pelos seguintes serviços: apoio à atividade letiva,

serviços de almoços e lanches, acompanhamento dos alunos nos recreios e nas entradas

e saídas.

As cozinheiras são responsáveis pela preparação das refeições e pela limpeza e

manutenção da cozinha.

Os auxiliares de limpeza são responsáveis pela manutenção e limpeza de todos

os espaços.

A Administrativa é responsável pela secretaria e reprografia.

5.4 - Organização nos Períodos das Férias

Durante as férias do Natal, Carnaval e Páscoa o jardim-escola funciona em regime

de roulement do corpo docente, não havendo, no entanto, atividades letivas. Haverá,

em sua substituição, atividades de tempos livres onde os alunos farão pintura, desenho,

plasticina, legos, jogos variados.

Durante os roulements o pessoal docente terá, também, como função realizar as

avaliações das crianças, planificar e organizar trabalhos para os períodos seguintes. O

pessoal não docente terá como função proceder a limpezas mais profundas e a toda a

arrumação dos espaços.

Durante o mês de janeiro, todos os anos, será realizado um inquérito aos

pais/encarregados de educação para se saber se há necessidade do jardim-escola

encerrar, ou não, durante o mês de agosto.

Toda esta organização é feita de acordo com as normas emanadas pela

Associação de Jardins Escolas João de Deus.

5.5 - Relação entre o Jardim-Escola e a Comunidade Educativa

42

Esta relação é feita através de contactos formais em dias e horas pré-

estabelecidos pelos membros do Conselho Escolar, para atendimento ao

pais/encarregados de educação a fim de informá-los sobre o processo de aprendizagem

dos seus filhos/educandos e as suas relações interpessoais com os colegas, pessoal

docente e não docente; e ainda, através de contactos mais informais, diariamente e

mais especificamente na Creche, para uma maior partilha de informações sobre o

desenvolvimento das crianças.

5.5.1 - Contactos com os Pais /Encarregados de Educação

No final do ano letivo, realiza-se uma reunião com os encarregados de educação dos alunos que irão integrar o ano letivo seguinte para apresentação e discussão das normas do Regulamento Interno e exclarecimento de dúvidas;

No início do ano realiza-se uma reunião geral, para apresentação do educador/professor, das principais normas do Regulamento Interno, do Projeto Educativo, do Projeto Curricular do Jardim-Escola, do Plano Anual de Atividades e Calendário Escolar;

No final de cada período letivo é feita uma reunião de pais para entrega das avaliações;

Semanalmente há 1h de atendimento individual aos pais/encarregados de educação.

Podem surgir reuniões extraordinárias para tratar assuntos relacionados com a orgânica e funcionamento do jardim-escola, problemas surgidos, avaliação, projetos e outros de interesse comum.

5.5.2 - Projetos/ Protocolos/Parcerias

Através de projetos, protocolos e parcerias pretendemos manter e ampliar

relações com todas as instituições e entidades que queiram trabalhar em parceria com

a nossa instituição. É nosso objetivo que daí resulte benefício pedagógico, social, cultural

e económico para a nossa comunidade educativa.

Alguns dos nossos parceiros habituais são: DRE ( Direção Regional de Educação),

Paróquia da Nazaré, Clínica do Amparo, Farmácia da Ajuda, entre outras instituições que

pontualmente vamos estabelecendo parceria.

Desde o ano 2008 o Jardim-escola João de Deus do Funchal está inscrito no

Programa Eco Escolas, participando em inúmeras atividades e projetos relacionados

com a preservação da Natureza e com a educação ambiental, sendo uma mais-valia para

43

a escola pois desde a sua inscrição tem vindo a ser galardoada pela Bandeira Verde- a

prova do seu bom desempenho ao longo do ano. (Anexo I)

44

VI – INTENÇÕES EDUCATIVAS DO JARDIM-ESCOLA

6.1 – Intenções Educativas

O principal objetivo do jardim-escola é apoiar as crianças e as famílias do

concelho do Funchal, dentro de uma filosofia comum a todos os Jardins-Escolas João de

Deus espalhados pelo país.

6.1.1 – Objetivos

Promover o desenvolvimento de ambientes que apoiem o bem-estar e o

desenvolvimento integral e harmonioso de todas as crianças.

Incentivar ao desenvolvimento de um clima de partilha de cuidados,

responsabilidades e desenvolvimento de cada criança, com as respetivas famílias.

Colaborar eficazmente no despiste precoce de qualquer inadaptação ou

necessidade educativa especial, assim como o seu encaminhamento adequado para

especialistas.

Proporcionar às crianças continuidade de vida em ambiente familiar;

Responder às necessidades dos pais, durante os seus períodos de trabalho, no

acolhimento diurno das crianças;

Criar espaços de encontro interfamiliares, de modo a incentivar e estimular o

espírito de convivência e de solidariedade humana e social;

6.1.2 – Princípios Básicos

Tratando-se de uma obra que se rege pela metodologia João de Deus, o

Jardim-Escola João de Deus do Funchal fundamenta a sua pedagogia em quatro

princípios básicos:

Criar um ambiente harmonioso, capaz de favorecer uma real parceria,

colaboração e respeito entre todos os intervenientes no processo educativo;

Promover a implementação do conceito de liberdade responsável, assente na

premissa de tolerância de crenças e convicções respeitando-as aquando não colidem

com as da instituição.

Favorecer o desenvolvimento de uma integração global de cada membro da

comunidade escolar, apoiando, desta forma, o gosto pelo trabalho e hábitos de parceria

saudável.

45

Respeito pela diferença, salientando uma conduta de inclusão e não de

uniformização artificial.

Os princípios base acima referidos representam as condutas gerais que

competirão a todos (adultos e crianças) cumprir e respeitar, pois consubstanciam os

fundamentos da Obra João de Deus.

Deste modo, pretendemos formar e educar cidadãos livres, responsáveis e

solidários, membros de uma sociedade que todos desejamos mais justo, feliz,

verdadeira e solidária, permitindo-lhes a aquisição das capacidades, conhecimentos e

valores que os ajudem a alcançar sucesso na vida.

46

VII – AÇÕES EDUCATIVAS DO JARDIM-ESCOLA

7.1 Ações Educativas

7.1.1 Formação de Turmas

A formação de turmas é feita tendo em conta a idade das crianças.

Nesta instituição existem as seguintes salas: Berçário I (3-8 meses), Berçário II (8-

14 meses) e Berçário III ( 14-18 meses), duas salas de transição ( 18-24 meses), duas

salas de Bibe Amarelo ( 3 anos), duas salas de Bibe Encarnado (4 anos) e uma sala de

Bibe Azul (5 anos).

Temos como objetivo manter os alunos sempre na mesma turma. No caso do

aluno ficar retido, o aluno será integrado na turma do ano de escolaridade

correspondente ou por decisão do conselho escolar. Sempre que se recebam alunos

transferidos de outros jardins-escola João de Deus estes serão integrados nos mesmos

anos a que pertencem.

7.1.2 Manuais e Material Escolar

A escolha dos manuais escolares é feita pelas Educadoras consoante os temas

abordados.

Relativamente ao material escolar, todos os anos, é elaborada, em Conselho Escolar,

uma lista específica para cada turma que se pretende que seja equilibrada

monetariamente.

7.1.3 Visitas de Estudo

As Visitas de Estudo são planeadas anualmente, de acordo com o Projeto

Educativo, com o Projeto Curricular do Jardim-Escola e com o Projeto Curricular de Sala.

Pretende-se que sejam planeadas cuidadosa e equilibradamente, como um

complemento das aulas lecionadas nas salas de aula.

47

7.1.4 Atividades Extracurriculares

Depois das atividades orientadas terminarem, as crianças podem permanecer no

jardim-escola. Com cada grupo há um educador ou auxiliar de ação educativa que

organiza e orienta diversas atividades: jogos de grupo, puzzles, legos, pintura, desenho,

recorte e colagem, apoio ao estudo, entre outras.

Há, ainda, atividades extracurriculares dadas por professores que podem, ou

não, pertencer ao corpo docente do Jardim-Escola.

7.1.5 Acompanhamento das crianças

Sempre que um docente falte é substituído pelo docente de apoio, auxiliar de

ação educativa ou pelo diretor pedagógico. Estes seguem, dentro do possível, as

atividades planeadas, que os educadores/professores titulares de turma fariam se

estivessem presentes.

7.1.6 Avaliação

A Avaliação é sistemática e contínua. É da responsabilidade do corpo docente,

envolvendo a participação dos encarregados de educação e outros técnicos específicos.

Em regulamento Interno é apresentada detalhadamente a forma de avaliação das

crianças. É seguido o Dec-Lei n.º 1/2001 e são seguidos os critérios de avaliação

aprovados em Conselho Escolar, no início do ano letivo.

48

VIII- METAS EDUCATIVAS DO JARDIM-ESCOLA

As áreas de intervenção educativa dentro do plano área projeto são:

As Expressões;

O Corpo humano;

Temas de Vida;

As Profissões.

Estas temáticas abordadas inserem-se dentro do tema “Crescer Passo a Passo”.

8.1- Metas/Objetivos

Tendo por base o Tema “Crescer passo a passo”, o Jardim Escola projetou as

seguintes metas educativas:

1. Fazer do jardim escola um espaço de Bem-Estar, em Amizade, Paz e Trabalho,

fomentando um clima de reflexão e de abertura ao outro.

2. Propiciar um ambiente atencioso, pessoal e respeitador de crianças e adultos.

3. Incentivar o respeito pelo outro, a tolerância e o civismo.

4. Promover uma estreita colaboração com a família, implicando-a no processo

educativo.

5. Reconhecer que todas as crianças, podem aprender, embora o façam de forma e

com ritmos diferentes, adotando metodologias que atendam a essas diferenças.

6. Valorizar o papel do jardim escola no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social

das crianças de modo a:

- Respeitar a individualidade de cada um e o direito à diferença.

- Desenvolver a capacidade de resolver problemas e tomar decisões de forma

crítica e criativa.

- Criar hábitos de trabalho e participação responsável e interventiva nas tarefas

individuais e em grupo.

- Sensibilizar para a busca de valores éticos e morais e para o apreço pelos valores

estéticos.

- Desenvolver o espírito de confiança mútua, auto e hetero-estima.

49

- Preparar para os avanços tecnológicos, proporcionando formação e prática no

uso das novas tecnologias da informação.

7. Aplicar uma pedagogia estruturada, intencional e sistemática, contextualizada e

avaliada, que se traduza no bem-estar, desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional

e social das crianças;

8. Estabelecer um trabalho cooperativo entre as equipas educativas, de forma a criar-

se um ambiente de inter-ajuda e intercâmbio que fomente um excelente ambiente

educativo e, consequentemente, uma boa educação para as crianças;

9. Estabelecer relações recíprocas entre as famílias/comunidade educativa

desenhando em harmoniosa cooperação o papel e a missão do Jardim-escola e da

família no desenvolvimento das crianças.

Para alcançar as metas delineadas apontam-se os seguintes objetivos para os

diferentes grupos que interagem nesta comunidade.

Alunos

- Promover o seu desenvolvimento integral;

- Contribuir para a melhoria dos resultados escolares;

- Contribuir para a valorização das suas capacidades e autoestima;

- Reconhecer a importância do respeito no convívio com outros;

- Proporcionar desafios que levem o aluno a pensar;

- Promover a capacidade da expressão oral, corporal e artística;

- Fomentar o gosto pela leitura e pela poesia;

- Desenvolver competências pessoais e sociais;

- Fomentar a capacidade crítica, reflexiva e autónoma dos alunos;

Pessoal Docente

- Promover a troca de informação e formação entre os seus membros;

- Assegurar de forma articulada a adoção de metodologias específicas destinadas ao

desenvolvimento dos respetivos planos de atividades;

50

- Analisar e refletir sobre as práticas educativas e o seu contexto;

- Analisar a oportunidade de adoção de medidas de gestão flexível dos currículos e

de outras, destinadas a melhorar as aprendizagens e a prevenir a exclusão;

- Elaborar propostas curriculares diversificadas, em função da especificidade de

grupos de alunos e diferentes ritmos de aprendizagem;

- Analisar e debater questões relativas à adoção de métodos de ensino e de

avaliação,

- Apresentar propostas para elaboração e avaliação do Plano Anual de Atividades;

- Propor metodologias, estratégias, processos e critérios de avaliação;

- Fomentar o envolvimento dos pais/encarregados de educação no percurso escolar

dos seus educandos.

Pessoal Não Docente

- Participar na vida escolar de forma cooperante a ativa;

- Projetar na comunidade envolvente uma imagem positiva da escola;

- Investir na sua formação, tendo em conta a melhoria das competências

profissionais e a missão da escola;

- Manter e reforçar um bom ambiente de trabalho na escola.

Encarregados de Educação

- Consciencializar-se dos problemas que afetam os seus filhos/ educandos;

- Cooperar e participar ativamente nos projetos e atividades da escola;

8.2- Identificação de prioridades de intervenção

A área de desenvolvimento que terá maior enfoque este ano letivo será a área

de Formação Pessoal e Social. Desta forma, será nossa preocupação promover a

51

formação de cidadãos participativos, conscientes, autónomos, capazes de tomar

decisões, ou seja, que sejam cidadãos ativos.

Ações a implementar que reverterão para a sensibilização social:

Venda de Jornalinhos;

Exposição e venda de telas;

Feira do Livro.

No decorrer deste ano, o lucro de todas as ações reverterão a favor do CAT (Casa

de Acolhimento Temporário Rainha Santa Isabel) podendo eventualmente aparecer

durante o ano letivo causas beneficentes que serão também apoiadas.

52

IX - DISPOSIÇÕES FINAIS

9.1- Destinatários

N.º de Alunos Anos de Escolaridade Áreas de Estudo

Creche –

crianças

Pré-Escolar –

crianças

Creche

Berçário 1- 15 alunos

Berçário 2- 12 alunos

Berçário 3 – 14 alunos

Transição 1 – 16 alunos

Transição 2 – 16 alunos

Pré-Escolar

Bibe Amarelo 1 – 20

alunos

Bibe Amarelo 2 – 14

alunos

Bibe Encarnado – 20

alunos

Bibe Encarnado – 19

alunos

Bibe Azul -25 alunos

Área da Formação Pessoal e Social

Área de Expressão e Comunicação:

- Domínio da Expressão Plástica

- Domínio da Expressão Musical

- Domínio da Expressão Dramática

- Domínio da Expressão Motora

- Domínio da Linguagem oral e abordagem à escrita - Domínio da Matemática

Área do Conhecimento do Mundo

53

9.2- Vigência do Projeto Educativo

9.3 - Avaliação do Projeto Educativo

O Projeto Educativo terá três momentos de avaliação: inicial/diagnóstica (no

início do projeto/ano letivo), intermédia (no fim de cada ano letivo) e final (no fim do

quarto ano do projeto). As atividades desenvolvidas serão analisadas e sujeitas a uma

avaliação para que se façam os ajustes necessários.

Neste processo procurar-se-ão recolher e analisar os diferentes indicadores,

refletindo em equipa sobre os processos e os resultados.

Ao Conselho Escolar competirá o acompanhamento e avaliação do Projeto

Educativo, focando, entre outros, os seguintes aspetos:

A apresentação de sugestões para a etapa seguinte de desenvolvimento do Projeto Educativo.

Só no final dos quatros anos e com a respetiva avaliação do Projeto Educativo saber-

se-á se as metas propostas foram alcançadas, se as estratégias adotadas foram as mais

adequadas e se os problemas persistirão. Caso estes persistam, de futuro serão

adotadas novas estratégias para atingir as metas a que o jardim-escola se propõe.

Duração do projeto em meses 33

Data prevista para o início e final do projeto De setembro de 2015 a julho de 2019

A realização das atividades previstas e não previstas no Plano Anual de Atividades;

O grau de pertinência e consecução dos objetivos do Projeto Educativo;

Participação dos docentes envolvidos, num balanço a realizar em julho de cada ano letivo para avaliação do projeto;

Inquérito aos pais sobre o projeto desenvolvido;

Relatório final de cada ano letivo que inclua uma reflexão crítica sobre as atividades desenvolvidas;

54

9.4 - Critérios de Avaliação Final do Projeto Educativo

Insuficientes – As metas não foram atingidas

Suficiente – Foram atingidas apenas algumas metas

Bom – Foram atingidas todas as metas

Observar:

Comportamentos/atitudes

Aquisição de Conhecimentos

Capacidade de aprendizagem

Assiduidade

Pontualidade

Aquisição de capacidades, destrezas e habilidades

Aquisição de valores e atitudes

Valores:

A iniciativa própria e a criatividade

A persistência e a autonomia

A relação positiva com os colegas e os adultos

A avaliação do seu próprio trabalho.

Considerar:

Progressão na aprendizagem

Interesse e participação nos trabalhos

Atitudes na sala de aula e no recreio

Assiduidade

Pontualidade

Aplicação dos conhecimentos

Capacidade de trabalho em grupo e revelação de autonomia

Utilização de capacidades, destrezas e habilidades

Prática de valores e atitudes

Transversais:

Métodos de trabalho e de estudo

55

Tratamento da informação

Comunicação

Estratégias cognitivas

Relacionamento interpessoal e de grupo

9.5 - Divulgação do Projeto Educativo

O projeto será apresentado, no início de cada ano letivo, com exceção do

presente ano que será apenas no 2.ºperíodo por se encontrar em fase de elaboração,

às crianças e aos pais/encarregados de educação.

Ao longo do ano estará disponível, a toda a comunidade educativa, para consulta

na secretaria do jardim-escola.

A divulgação do projeto educativo far-se-á também ao longo do ano letivo em

diversas ações designadamente:

Reunião geral coletiva no início do ano letivo

Projeto curricular de Sala

Peça de natal, na qual retrataremos o nosso tema de projeto.

Desfile de Carnaval (na Placa Central - Funchal)

Festa de final de ano.

56

BIBLIOGRAFIA

João de Deus, Associação de Jardins-Escolas João de Deus. Regulamento Interno para a Valência de Creche nos Jardins-Escola João de Deus e Centros Infantis João de Deus: Associação de Jardins-Escolas João de Deus. 2011.

João de Deus, Associação de Jardins-Escolas João de Deus. Regulamento Interno para a Valência de Jardim de Infância e 1º Ciclo do Ensinos Básico: Associação de Jardins-Escolas João de Deus. 2011.

http://www1.cm-funchal.pt/

57

Anexo I Projeto Eco Escolas

58

Programa Eco-Escolas

O Eco-Escolas é um Programa de Educação para o Desenvolvimento Sustentável

promovido em Portugal pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), Secção

Portuguesa da Fundação de Educação Ambiental (FEE).

Desenvolvido em Portugal desde 1996, o Programa Eco-Escolas é atualmente

implementado em mais de 1000 escolas de 200 concelhos em todo o território nacional,

abrangendo todos os graus de ensino.

Visa a disseminação de uma metodologia de abordagem das questões

ambientais inspirada na Agenda 21.

Uma escola que adere ao Eco-Escolas compromete-se a desenvolver um

conjunto de ações e atividades que deverão envolver os diferentes elementos da

comunidade escolar, com especial enfoque nos alunos, nos professores, nos auxiliares

de ação educativa, nos encarregados de educação e ainda da comunidade envolvente,

nomeadamente o município.

59

Objetivos do Programa Eco-Escolas

Pretende encorajar, reconhecer e premiar o trabalho desenvolvido pela escola

na melhoria do seu desempenho ambiental e na sensibilização para a necessidade de

adoção de comportamentos mais sustentáveis.

Este Programa visa ainda criar hábitos de participação e cidadania, tendo como

objetivo principal encontrar soluções que permitam melhorar a qualidade de vida na

escola e na comunidade.

A ABAE, enquanto coordenação nacional, tem como principais objetivos

promover a formação dos mais diretamente implicados na dinamização do Programa

(professores e técnicos de municípios), bem como dinamizar na rede Eco-Escolas um

conjunto de iniciativas que potenciem o trabalho desenvolvido pelas Escolas, como por

exemplo a Brigada Verde, a Escola da Energia ou a Geração Depositrão.

Metodologia das Eco-Escolas

Os 7 Passos:

1. Conselho Eco-Escolas

É a força motriz do Programa e deve assegurar a execução das outras vertentes. O

Conselho Eco-Escolas deve incluir representantes da Comunidade Escolar Local, com

especial ênfase nos alunos.

60

2. Auditoria Ambiental

Permite analisar e diagnosticar aspetos relativos à gestão ambiental da escola, para

identificação das situações que necessitam ser corrigidas e/ou melhoradas.

3. Plano de Ação

Anualmente deverá ser aprovado um Plano de Ação pelo Conselho Eco-Escolas,

elaborado com base na Auditoria Ambiental. Este Plano de Ação deverá definir objetivos

exequíveis, medidas a implementar, metas e prazos realistas para a sua concretização.

4. Monitorização e Avaliação

A monitorização e a avaliação da implementação do Plano de Ação é uma

componente importante no processo, devendo estar previstos indicadores e formas de

avaliação das ações a levar a cabo.

5. Trabalho Curricular

Os assuntos ambientais que são estudados na sala de aula devem influenciar a forma

e o funcionamento da escola. As atividades a desenvolver devem estar relacionadas com

o currículo escolar.

6. Informação e envolvimento da Escola e Comunidade Local

61

A comunicação e divulgação são essenciais, podendo para isso recorrer-se a jornais,

internet ou outras formas de divulgação, para além da realização de exposições,

colóquios ou outros eventos, que permitam chamar a atenção da comunidade para o

trabalho desenvolvido. Aconselha-se a realização de pelo menos um Dia Eco-Escolas.

7. Eco- Código

O Eco-Código é uma declaração de objetivos traduzidos em ações concretas que

todos os membros da escola se comprometem a seguir. Este código de conduta

ambiental deve ser assumido de forma empenhada pela Comunidade Escolar.

62

Galardão Eco-Escolas

O Galardão atribuído anualmente às escolas que se candidatam consiste numa

bandeira verde, que deverá ser hasteada no exterior da escola, num certificado e na

autorização de utilização do logótipo do Programa nos materiais da escola.

Para se candidatar ao Galardão, a escola deverá demonstrar o cumprimento da

metodologia e dos temas de trabalho propostos, bem como das ações programadas.

Periodicamente as escolas são visitadas por elementos da Comissão Nacional.

Estas visitas visam reconhecer o trabalho em curso e assegurar os parâmetros de

qualidade do Programa.

Sites:

www.abae.pt

dramb.gov-madeira.pt

[email protected]

[email protected]