jane austen portugal - junho 2011

44
Emma Junho 2011 | Nº º 6 janeaustenpt.blogs.sapo.pt Revista Jane Austen Portugal Conteúdo original © Jane Austen Portugal

Upload: adriana-zardini

Post on 24-May-2015

1.259 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

Revista Jane Austen Portugal

TRANSCRIPT

Page 1: Jane Austen Portugal - Junho 2011

Emma

Junho 2011 | Nºº 6

janeaustenpt.blogs.sapo.pt

Revista Jane Austen Portugal

Conteúdo original © Jane Austen Portugal

Page 2: Jane Austen Portugal - Junho 2011

Sumário

1. Sugestões Austenianas 03 2. Quando Conheci Jane Austen 04 3. Emma, Um Manifesto Anti-Casamento? 06 4. Emma, Uma Heroína Diferente 08 5. Emma, A Mulher 09 6. Lendo e Aprendendo com Emma 10 7. A Perfeita Isabella Kinghtley 13 8. Frank Churchill, O “Playboy” Ambíguo 14 9. Jane Fairfax, Uma Mulher Reservada 16 10. Porque Amo Mr. George Knightley 18 11. A Perfeição Escreve-se com K. 19 12. Quem Tem Medo de Mr. John Knightley? 20 13. Heroínas e Pais: Mrs. Bennet e Mr. Woodhouse 22 14. Passeando com Miss Smith 24 15. A Educação de Mrs. Goddard 28 16. O Excepcional Mr. Martin 29 17. Um Pai Extremamente Zeloso 31 18. Um Pai Sortudo 33 19. O Interesseiro e a Insuportável 35 20. O Casal Exemplar: Mr. e Mrs. Weston 37 21. Mrs. e Miss Bates 39 22. Os Lugares de Jane Austen 41

Page 3: Jane Austen Portugal - Junho 2011

Livro

Tempo de Fogo é o primeiro romance de Amadeu Ferreira, autor ligado à língua mirandesa, com vários livros publicados nesta segunda língua de Portugal. É baseado em factos reais retirados dos arquivos do Tribunal da Inquisição e cuja acção decorre, essencialmente, num período da nossa história que, como diz o autor, ainda nos dias de hoje marca o povo português. É um livro cru, à semelhança daquele tempo duro, frio e asfixiante, mas simultaneamente profundo. Com uma escrita naturalmente simples e autêntica, o autor leva-nos para uma viagem carregada de realismo que se centra nos últimos dias de um frade condenando por aquele Tribunal. Uma leitura empolgante. Fez-me lembrar "O nome da Rosa", talvez por causa da figura do frade e de todo o peso daquele período histórico. É impossível ficar indiferente a esta história.

Música

A minha sugestão de música recai sobre Stacey Kent , uma cantora de jazz americana. Stacey Kent tem uma voz doce, leve, capaz de criar um ambiente calmo e prazenteiro até mesmo para aqueles que admitem não apreciar jazz. É uma voz que se ouve em qualquer altura.

Filme

"Finding Forrester". Não é um filme brilhante, mas tem dois desempenhos bons, entre eles o de Rob Brown, um actor revelação que interpreta o jovem Jamal, e uma bonita banda sonora.

Blogue

E eu aconselho, este mês, que vejam o "Economia cá de Casa" porque é um blogue virado para a poupança doméstica. Ora, para aqueles que todos os meses se debatem com a gerência de um orçamento que, a maior parte das vezes, não é o ideal devido às circunstâncias actuais, este blogue surge como uma lufada de ar fresco para nos ajudar nesta empresa difícil. É certo que fujo a todas as inclinações de literatura, mas é também verdade que para termos livros e internet, precisamos de uma ferramenta fundamental: o mealheiro. Aqui descobrirão ideias engraçadas, úteis e, sobretudo, económicas.

Sugestões Austenianas

[Paula Freire]

Page 4: Jane Austen Portugal - Junho 2011

ão foi amor à primeira vista, mas lembro-me, como se fosse hoje, de

quando “conheci Jane Austen”. Estava no meu primeiro ano da faculdade quando uma amiga me emprestou o dvd da série da bbc de 1995 de Orgulho e Preconceito, na altura gostei bastante, no entanto, não dei grande importância.

Em 2005 vejo o filme associo-o à serie, reparo que é da mesma autora da série que tinha visto antes, mas novamente, fiquei por aí.

O ano passado, em Novembro, estava de férias e resolvi ver filmes e séries. Então, lembrei-me daquela série que tinha visto

há uns anos atrás, consegui arranjá-la pela internet e é aqui que surge a paixão pelo “Orgulho e Preconceito”e por Jane Austen. Fui pesquisar mais obras, descobri “Emma 2009” fiquei completamente fascinada; seguiu-se “Persuasão 2007” que me levou às lágrimas; rendi-me de vez, a partir daqui não parei mais, veio “Persuasão 1995”, “Sensibilidade e Bom senso 2008”, “O Parque de Mansfield 1999” e “Abadia de Northanger 2007”. Foi um consumo das séries e filmes da autora sem fim.

A par das adaptações, comprei os livros, primeiro o “Orgulho e Preconceito”, depois “Persuasão” e “Emma”. Eu que nunca fui

N

Por Juliana Cunha (Blogue A Tulipa Azul)

Page 5: Jane Austen Portugal - Junho 2011

amante das leituras já li os três livros seguidos.

O que me fascina na obra de Jane é a sinceridade, a pureza, a inocência, e o romantismo de como acontecem as histórias. Estas fazendo-nos sonhar e imaginar de como seria se “Eu fosse a Elizabeth ou a Anne?”, transportam-nos para um lugar mágico onde o amor é sincero e puro.

Para além disso as personagens criadas tem características que se encaixam na actualidade, o humor, o sarcasmo, a vaidade, o orgulho, a inveja… conseguimos identificar no nosso meio pessoas assim, estes defeitos não passam de moda e existem e vão existir sempre.

Não consigo escolher só uma obra como favorita mas sim três que são “Orgulho e Preconceito”, “Persuassão” e “Emma”, não me canso de lê-las e volta e meia vejo as séries e filmes,

descobrindo sempre algo novo. Identifico-me com cada uma das protagonistas, vejo-me com a insegurança da Anne, com a alegria e ironia da Lizzie e às vezes sou espontânea, distraída, infantil e bondosa como a Emma. São as três melhores heroínas a meu ver criadas pela autora e claro, as que têm o melhor par masculino, quer o Capitão Wentworth, o Mr. Darcy, ou o Mr. Knightley, são verdadeiros príncipes, os homens ideais, formando as melhores histórias de amor dos últimos tempos.

Desde já agradeço o convite à Clara, do Jane Austen Portugal, e quero felicitar todas pelo magnífico blog que fazemos, é bom ter um lugar assim onde podemos falar comentar as obras da nossa autora favorita.

Page 6: Jane Austen Portugal - Junho 2011

os tempos de Jane Austen, o casamento era a

quase única carreira disponível para as mulheres. Desde que eram apresentadas à sociedade que as mulheres tinham como objectivo encontrar um marido.

Lembro-me de ler em E Tudo o Vento Levou de Margaret Mtchell que as mães ensinavam às filhas uma série de comportamentos a adoptar para arranjarem maridos, um deles era comer o menos possível em eventos sociais porque supostamente uma mulher com pouco apetite, era atraente aos olhos do homem.

Não sei se nos tempos de Jane existiam este tipo de regras, mas a verdade é que E Tudo o Vento Levou passa-se durante a Guerra Civil Americana (1861-1865), e os livros de Jane foram escritos cerca de 50 anos antes, é de supor que existiam regras, ainda que

possam ser diferentes das que são apresentadas no livro de Margaret Mitchell.

Casar era um objectivo e por aquilo que lemos em Jane Austen, era um negócio, era desejável sentir afecto pelo futuro marido, mas era muito melhor se ele tivesse uma forma de sustentar um lar.

Unir amor e dinheiro nem sempre era fácil. E por isso o casamento de Charlotte Lucas não nos surpreende ou o facto de Edward só puder casar depois do Coronel Brandon lhe dar a paróquia.

Quem não casava ficava às sopas da família, ou então teria de arranjar um trabalho como preceptora, professora numa escola ou dama de companhia, não havia muito mais carreiras disponíveis. E como outras ficções nos ensinam estes cargos não eram profissões de sonho ou meios para alcançar satisfação a nível pessoal.

N

Emma, Um Manifesto Anti Casamento?

[Vera Santos]

Page 7: Jane Austen Portugal - Junho 2011

de supor que muitos dos casamentos que

aconteceram no círculo social e familiar de Jane Austen eram apenas uma tentativa desesperada de evitar a pobreza, a dependência económica ou ter de ganhar a vida com um trabalho. Jane não seria cega a estas coisas e de certeza que ao visitar amigas ou parentes casadas percebia que aquilo do casamento era na verdade um grande incómodo, porque a mulher era, muitas vezes, sujeita a uma vida infeliz da qual dificilmente conseguia escapar.

Talvez, ao ver isto Jane tenha decido criar uma heroína suficiente rica que não precisasse

de casar. Quando li Emma pela primeira vez surpreendeu-me que ela afirmasse que não pretendia casar, algo revolucionário para a altura. E todas as vezes que o Mr. Woodhouse lamenta o casamento da Miss Taylor, agora Mrs Weston é de crer que ele pensasse que o casamento não era nenhum mar de rosas e ela estaria muito melhor na casa dele, onde embora fosse a preceptora de Emma, era muito bem tratada.

Penso que este livro, poderá ser considerado um manifesto anti-casamento e uma forma de criticar a obrigação que existia para contrair matrimónio ainda que não houvesse afecto ou vontade para isso.

É

“Casar era um objectivo e por aquilo que lemos em Jane Austen”

Page 8: Jane Austen Portugal - Junho 2011

mma é uma Heroína como as que não existem nos livros

habitualmente. Na realidade grande parte do livro é uma descrição da forma como é mimada, auto-confiante em excesso, pedante, cega ao carácter das pessoas que a rodeiam… E contudo com tanta coisa má, Emma é a mais adorável de todas as heroínas de Jane!

Parece-me impossível não gostar desta miúda que ao longo do livro cresce diante dos nossos olhos, é ferida no ego e aprende que mesmo para alguém tão fantástica como ela o amor é algo importante e que vale a pena. Ela que procura para todas as pessoas à sua volta companhia e que no entanto sente, que pela sua riqueza e posição social, se encontra acima dessas leis tão naturais, é apanhada no seu próprio enredo, apaixonando-se pelo fantástico Mr. Knightley.

Emma é contudo uma alma generosa, vive para fazer o bem! No caso desta heroína a sua percepção de auto-importância em vez de se reflectir numa vaidade exacerbada, impele-a a ajudar e a ter

um papel muito activo na sua comunidade e na sua família…

No fundo todas estas características que em qualquer outra personagem seriam consideradas vícios, no caso da nossa Emma juntam-se para criar uma personalidade marcante, numa mulher boa e Humana.

Ela não é alguém de quem gostamos pelas inúmeras qualidades… o mais apaixonante de Emma são as falhas, estas aproximam-nos fazendo-nos sentir que Emma é alguém alcançável. Quem é que estando apaixonado sem se sentir correspondida nunca teve vontade que não houvesse outra pessoa a desejar o objecto de afeição? Haverá sentimento mais humano do que este? É também uma das passagens mais adoráveis do livro…

Emma, que está habituada a ser dona do seu mundo, da sua vontade, do seu coração, aprende que nunca se é dono de nada… especialmente de nós mesmos!

E

Emma, Uma Heroína Diferente

[Eva Sousa]

Page 9: Jane Austen Portugal - Junho 2011

mma é das mulheres de hoje Austen a "menos perfeita"... É

mimada, julga-se superior e pratica o bem não por bondade mas porque, como "menina de familia" tem de o fazer... Estou a ser severa demais com ela?

As mulheres em Jane Austen, de uma forma ou de outra, encantam-me, não porque são perfeitas mas sim porque são justas e, mesmo Lizzy que é "tendenciosa" com Mr Darcy e com as meninas Bingley tem um fundo de bondade e ternura constante e que expressa claramente na sua relação com Jane e com o pai; Anne deixa-se "conduzir" pela sua amiga e deixa-se "anular" pela irmã e pelo pai mas é sempre fiel aos seus principios generosos e rectos; Elinor é "uma fortaleza", e é, para mim, a mais perfeita das mulheres de Austen...

Mas Emma não... a sua conduta tem como raiz o facto de ser uma "menina de familia", que pratica o bem porque é seu dever, que quer ver a sua "amiga" fazer um bom casamento, cujo alicerce seja não apenas o amor mas também a posição social do "potencial" marido. A forma como a vaidade a leva a ser completamente

"conduzida" por Frank Churcill é uma prova de que a sua base não é a bondade e a afabilidade puras mas sim a sua "posição social". Permite a lisonja, presta-se ao papel de ser "exageradamente" cortejada por ele, apenas se ressentindo uma vez dessa atenção exagerada de que era alvo mas de que nunca desconfiou, pois sempre achou que lhe era devida... Por quem mais se poderia encantar Frank Churchill?

Aliás acho que esta "fraqueza" de caracter dela e a "rigidez" de caracter de Mr. Knightley tornam a representação dos seus papeis dificeis, dado que facilmente se cai no "exagero" e se tornam os personagens "desagradaveis.

Claro que o final em que ela se apercebe dos seus "erros" e melhora, e a nossa simpatia por ela aumenta drasticamente e ela redime-se aos nossos olhos... e Mr Knightley perde o seu ar sério e coloca o seu "ar de apaixonado não retraido"que nos faz sorrir e sonhar!

Fui muito severa com a nossa Emma?

E

Emma,

A Mulher

[Marina Nunes]

Page 10: Jane Austen Portugal - Junho 2011

m meu

trabalho sobre

a construção

do leitor em Tolkien,

afirmo, parafraseando

Ezequiel Silva, autor

do livro Leitura na

escola e na biblioteca,

que a literatura suscita

em seu leitor intuições

acerca da vida humana,

pois o autor expressa

uma determinada

perspectiva cultural: a

sua própria. Lauren

Henderson, autora de

Jane Austen’s guide to

romance, demonstra que

ao ler Jane Austen, nós

podemos aprender um

pouco da cultura da

qual fez parte a autora.

Muito além disso,

podemos aprender

também algo sobre

como conduzimos

nossos romances hoje

em dia. Como todas as

obras da autora, Emma

também tem várias

lições para ensinar.

Quando Frank

Curchill, enteado de

Mrs. Weston, conhece

Emma Woodhouse,

imediatamente começa

a flertar com ela. Ele

não tem o mínimo

interesse amoroso na

jovem, flerta

simplesmente porque

ele gosta de jogar com

as situações e as

pessoas. Mais do que

qualquer coisa, ao

flertar abertamente

com Emma, Frank

pretende esconder os

sentimentos pelo

verdadeiro objeto de

sua paixão: Jane

Fairfax, uma jovem

reservada e prendada,

parente de conhecidos

de Emma. Frank não

se importa que possa

estar fazendo Emma se

apaixonar, ele

simplesmente gosta

desse jogo, e só toma

consciência de seus

erros quando Jane, sua

E

Lendo e Aprendendo com Emma

[Natallie

Alcantara]

Page 11: Jane Austen Portugal - Junho 2011

noiva em segredo,

acaba com o

compromisso. Nesse

ponto, Henderson nos

mostra a primeira

lição a ser aprendida:

não se vicie no jogo

do flerte.

Enquanto Frank

constantemente diz o

oposto do que gostaria,

ele também faz com

que Emma demonstre

o que há de pior em sua

personalidade. O

comportamento de um

espelha o do outro.

Frank sempre fala mal

de Jane para Emma,

constantemente

criticando a primeira

para o divertimento da

segunda. A provocação

contra Jane continua

até Emma ser

extremamente rude

com Miss Bates, tia de

Jane. Essa situação

demonstra que Frank e

Emma têm a tendência

de usar suas

capacidades de fazer

brincadeiras para

divertirem-se à custa

dos outros. Aqui,

Henderson demonstra

mais duas lições a

serem aprendidas: não

namore alguém que

encoraje seus

impulsos

autodestrutivos e

tenha consciência do

efeito que suas

“brincadeiras”

causam em outras

pessoas.

Foi Mr. Knightley

quem fez Emma ver e

repensar sua atitude

perante Miss Bates.

Ele, aliás, sempre

desempenhou esse

papel na vida de

Emma. Mr. Knightley

constantemente

observa e critica o

comportamento

autosuficiente de

Emma, aconselhando-a

quando acha

necessário. A amizade

entre a jovem e Frank

“Mr. Knightley constantemente

observa e critica o

comportamento autosuficiente

de Emma”

Page 12: Jane Austen Portugal - Junho 2011

Churchill o perturba

muito mais do que

deveria, não somente

porque, como já

mencionei, Frank traz

a tona o que há de pior

no caráter de Emma,

mas porque ele percebe

que está apaixonado

por ela. Quando

descobre a verdadeira

paixão de Frank e que

Emma não está

apaixonada por ele, Mr.

Knightley resolve

expor seus sentimentos

e a pede em

casamento. Ao

perceber, graças à

amiga Harriet, que

também o ama, Emma

aceita a proposta.

Apesar do final feliz,

Henderson chama a

atenção para o fato de

que, se ambos tivessem

exposto seus

sentimentos antes,

muitas situações

desagradáveis poderiam

ser evitadas. A última

lição apontada pela

autora, aprendida ao ler

Emma, é: fale, não

deixe as chances

escaparem por entre

seus dedos.

Em seu livro,

Henderson demonstra

várias lições que

podem ser aprendidas

ao se ler Jane Austen.

Podemos nos

identificar com cada

aspecto do caráter de

cada personagem.

Como Emma, nós

também somos

casamenteiras e

teimosas, mas não

tolas. Como ela, nós

também erramos.

Principalmente, como

essa improvável

heroína de Austen, nós

também gostaríamos

de ter um Mr.

Knightley sempre por

perto.

Referência:

HENDERSON, Lauren. Jane Austen's

guide to romance: the regency rules.

London: Headline, 2005.

“Como Emma, nós também

somos casamenteiras e

teimosas, mas não tolas”

Page 13: Jane Austen Portugal - Junho 2011

rs. John Knightley era de pequena estatura, mas

bonita e alegre, de modos afáveis e de índole notavelmente benévola e afectuosa; com um grande amor pela família, era uma esposa dedicada, uma mãe extremosa e tinha tão terna afeição pelo pai e pela irmã que, não falando no amor pelo marido e pelos filhos, era impossível encontrar afecto mais ardente. Jamais reconheceria um defeito em qualquer deles. Não era mulher de viva compreensão ou perspicácia; e a par da semelhança com o pai, tinha também herdado, em grande parte, a sua compleição; tinha uma saúde delicada, era extremamente cuidadosa com a dos filhos, passava por muitos terrores, era muito nervosa e na cidade apegava-se tanto a Mr. Wingfield como o pai a Mr. Perry. Também tinham muitas semelhanças na benevolência de carácter e no hábito pronunciado de dispensar grande estima aos amigos de velha data"

Sempre senti pena de Jane Austen não ter desenvolvido em "Emma" a relação entre Miss Woodhouse e Mrs. Knightley. Jane Austen habituou-nos a relações entre irmãs muito fortes (Orgulho e Preconceito; Sensibilidade e Bom Senso) ou, o contrário, como em Persuasão. Mas aqui em "Emma" isso não sucede, Emma e Isabella são descritas como nutrindo um amor imenso uma pela outra, mas depois, não há um

diálogo sequer entre ela e a irmã ao longo da história...

Se Emma Woodhouse é descrita como um modelo feminino, Isabella ainda o será mais por representar o protótipo da "mulher perfeita", excelente esposa, uma óptima mão, uma filha dedicada e uma irmã afectuosa. Isabella reúne todas as qualidades de Emma menos, digamos assim, o brilhantismo ou a vivacidade de espírito.

Mas acima de tudo, Isabella representa o insituto "família" na perfeição. E nisso, é claramente o oposto de Emma, que só descobre essa vocação nas últimas páginas do livro.

Isabella tem mais sete anos que a irmã, mas não exerce qualquer influência sobre esta, parece-me que Emma, apesar de mais nova, foi sempre a mais "espevitada" das duas e sobre a qual recaiu sempre mais atenção. O facto de ser tão parecida com o pai - refiro-me àquela tendência hipocondríaca - é capaz de levar, por vezes, John Knightley ao desespero, uma vez que ele nâo é muito complacente com esse tipo de coisas. Fora isso, esse casal representa a denominada "felicidade conjugal". E eu acredito profundamente na felicidade de Isabella, creio que não é meramente aparente.

"M

A Perfeita Isabella Knightley

[Clara Ferreira]

Page 14: Jane Austen Portugal - Junho 2011

rank Churcill é para mim o playboy mais

ambíguo da obra de Jane Austen. Com as suas maneiras astutas, consegue deliciar todos os que estão à sua volta, desde o pai, a madrasta (um pouco mais reticente no início), Emma, as pessoas das suas relações sociais.

Exceptuam-se Mr.Knightley e Jane Fairfax. O primeiro, não obstante do seu sentido de perspicácia constante, parece revelar ciúmes por Frank flirtar com Emma. A segunda, numa aparente indiferença, tenta esconder os laços que os unem, isto é, o noivado secreto que escondem das suas famílias e amigos.

Destaco dois pontos na dualidade desta personagem, que embora dispares em termos avaliativos, revelam o carácter deste jovem. O primeiro é de índole negativo. Mr.Churchill

alimenta especulações negativas quanto aos sentimentos e às acções de Miss Fairfax. Quando lhe é oferecido um piano, quiçá de um “admirador secreto”, é ele próprio que explora um possível relacionamento entre Jane e Mr.Dixon, o marido da sua amiga de infância e criação. Ora uma suspeita deste género seria passível de arruinar o bom-nome de qualquer jovem, em especial daquela órfã cuja situação pessoal e profissional era particularmente frágil.

Mesmo com todos os motivos que pudesse invocar (desviar o seu alvo amoroso das atenções públicas, pressionar de qualquer forma Jane a tomar uma decisão quanto ao seu futuro…), foi de facto uma leviandade imensa. Assim como flirtar com Emma, embora neste caso não sei até que ponto a imaginação casamenteira da protagonista e a pressão da família Weston não teriam fomentado tal situação irreal.

F

Frank Churchill, o “playboy” Ambíguo

[Fátima Velez de

Castro]

Page 15: Jane Austen Portugal - Junho 2011

Mas por outro lado há um segundo factor que me faz “reabilitar” o carácter de Frank Churchill, e que é a forma delicada como trata Miss Bates e a sua mãe. Note-se que no final do filme “Emma” (1996) aparece representado em pintura (numa indicação de futuro), de braço dado com Jane Fairfax e

Miss/Mrs.Bates. Mostra que, apesar de tudo, é alguém com bons sentimentos, que estima e protege a frágil tia e avó da sua amada.

Penso que Frank é um jovem que não é mau por natureza, e tem uma boa relação com a fortuna, pois casa com uma jovem sem herança, mostrando que preza o amor acima do dinheiro. E não sei se de facto se pode considerar um vilão, no pleno sentido do

termo. Comparar Mr.Churchill a Mr.Willoughby, como já li algures, não faz grande sentido, a menos que se queira partir do carácter playboy das personagens, derivando o primeiro para os bons sentimentos e o segundo para os maus. Talvez Jane nos tenha querido mostrar que, partindo desta mesma base, cada personagem, cada pessoa é livre de escolher o seu próprio caminho, daí os dois exemplos apresentados. Pessoalmente simpatizo com Frank Churchill, um jovem obstinado que brinca com os jogos sociais e a imaginação fértil da sociedade da época, e se diverte muito a confundir as pessoas. Apesar de tudo, é um bom rapaz.

“Penso que Frank é um jovem que não é mau por natureza”

Page 16: Jane Austen Portugal - Junho 2011

ane é a única self-made woman neste romance de Jane Austen. Ficou orfã muito jovem e por isso

rapidamente descobriu que tinha de cuidar de si mesma. Rapariga prendada, canta, toca piano, costura e está prestes a iniciar-se no ensino como preceptora/governanta; ou seja, faz tudo (e muito bem…)o que uma mulher de bem deve fazer no seu tempo. Pode mesmo afirmar-se que Emma não gosta de Jane exactamente por tudo isto, pela sua perfeição feminina, e especialmente quando Mr Knightley expressa o seu agrado perante a postura de Jane.

Jane está quase a tornar-se numa preceptora num mundo onde cuidar de crianças pode parecer algo muito altruísta mas também desagradável (crianças mal-cheirosas, chorosas, mimadas). No mundo de Highbury, as mulheres assumem esta posição apenas porque não são ricas ou não encontraram marido (veja-se o caso da Miss Taylor que quando passa a Mrs Weston deixa de ser governanta dos Woodhouse). E, apesar de poderem ainda ser consideradas mulheres de respeito não deixam de pertencer a um estrato social mais baixo. Talvez seja por isso que Mrs Elton se sinta na responsabilidade (irritante…) de apadrinhar Jane.

Quando chega a Highbury, Jane Fairfax está secretamente envolvida com Frank Churchill apesar de Emma parecer querer roubá-lo mesmo à frente dos seus olhos. Emma só muito tarde compreende que Jane não está envolvida com Mr Dixon como Frank a quer fazer acreditar. E essa é a razão pela qual ambos se divertem às custas da secreta amada dele. Jane não quer confessar ainda o seu envolvimento com Frank e, por isso, ele alinha na brincadeira (o que não me parece muito cavalheiresco, mas enfim… também nunca fui grande fã dele).

Jane Fairfax é uma rapariga resoluta mas calma, cujo comportamento indica que transporta consigo uma tristeza secreta. A sua beleza destaca-a mas a sua reserva torna-a desinteressante. Tal como Emma observa:

“there was no getting at her real opinion. Wrapt up in a cloak of politeness, she seemed determined to hazard nothing. She was disgustingly, was suspiciously reserved.”

Não será talvez uma avaliação muito justa mas é bastante correcta no que diz respeito à reserva de Jane.

J

Jane Fairfax:

Uma Mulher Reservada

[Sandra Freitas]

Page 17: Jane Austen Portugal - Junho 2011

O contraste entre a delicada decência e moralidade de Jane e a natureza apaixonada dos seus sentimentos é muito mais dramático que qualquer um dos conflitos que Emma experiencia na história. A sua situação é bem mais complicada que a da outra personagem uma vez que, não possuindo riqueza, o seu futuro será como governanta, enquanto que Emma sempre será rica e parte de um elevado estrato social.

O narrador dá pouco mais importância a Jane do que aquela que dá a Isabella Knightley, mas este facto parece acontecer por razões diferentes. Isabella não lhe ocupa muito tempo apenas porque não há muito a dizer sobre ela. Jane, por seu lado, não recebe muita atenção porque ela mesma assim o deseja. Afinal, um segredo para ocultar e um narrador curioso podiam interferir nos seus planos. Por outro

lado, talvez não nos seja dada a oportunidade de saber mais sobre Jane Fairfax porque Emma não quer saber das qualidades dela e o nosso narrador tende a seguir a perspectiva de Emma. Apenas quando o segredo de Jane e Frank é revelado, só aí nos é dada a oportunidade de aprender mais sobre Jane como pessoa.

A revelação do envolvimento secreto de Jane com Frank torna-a numa pessoa mais humana, assim como a humanidade de Mr. Knightley é influenciada pelo seu amor por Emma. Na verdade, assim que o seu segredo é revelado, Jane torna-se numa nova mulher. Ri e faz amizade com Emma e Mrs Weston (a sua sogra). E se conseguir fazer de Frank Churchill um homem decente, será uma Mrs Churchill muito feliz!

“Jane Fairfax é uma

rapariga resoluta mas

calma”

Page 18: Jane Austen Portugal - Junho 2011

uase todas as leitoras de Jane Austen amam Mr.

Darcy.

Digo "quase" para não ser extremista e dizer que "todas" amam Mr. Darcy. Eu confesso que também amo inúmeros aspectos em Mr. Darcy, mas o meu coração foi completamente arrebatado por Mr. Knightley desde a primeira vez que li "Emma".

Mr. Knightley tem uma excelência difícil de ser explicada. Sempre que leio "Emma", acabo por imaginar as expressões, os olhares, as palavras dele. Ele é, em tudo o que faz e diz, ponderado, atento, gentil, sábio e correcto. Como eu aprecio um homem que sabe ser gentil e correcto! Eu o imagino como um observador atento e reflectido. Alguém que não se precipita nem se deixa levar por comentários alheios. Todas as acções dele regem-se por princípios e

valores de rectidão. É alguém cujo o discurso corresponde às suas acções. Se pensarmos bem, isto não é uma coisa rara somente na nossa actualidade. Se tivermos em conta os outros personagens masculinos de "Emma", tais como Mr. Elton e Frank Churchill, constatamos que a dissimulação era prática social corrente. Diria até que ele é, utilizando uma expressão corrente, "a voz da razão" na vida de Emma.

Em quem se terá inspirado Jane Austen para criar um personagem com semelhante grandeza de carácter? Terá sido apenas resultado de um conjunto de características do homem que ela consideraria ideal? Estas são interrogações que coloco vezes sem conta.

Devo manifestar aqui a minha gratidão à querida Jane por nos ter concedido um personagem tão completo e fascinante como Mr. Knightley.

Q

Porque Amo Mr. George Knightley

[Cátia Pereira]

Page 19: Jane Austen Portugal - Junho 2011

r. Knightley é-nos apresentado após o casamento de Miss

Taylor ter acontecido. Ele chega de Londres, após ter visitado o seu irmão John e a sua cunhada Isabella, irmã de Emma. A familiaridade com que ele surge, no capítulo 1 do livro, à casa dos Woodhouse revela a grande intimidade que ele usufruía na casa; o que traduz uma afinidade alimentada por anos de convivência. São vizinhos mas são, sobretudo, amigos.

Ele é um homem maduro. Teria entre 37 e 38 anos e, para além de amizade, ele teria sobre Emma um papel quase paternalista: não no sentido de ser condescendente mas no aspecto de chamar a atenção para as suas acções incorrectas. Isto é uma evidência ao longo do livro. Foram inúmeras situações em que Mr. Knightley alertaria Emma para determinada acção ou atitude. O interessante nisto tudo é que eu não consegui encontrar alguma situação em que ele falhasse. De todos os heróis masculinos este é o único que se manteve íntegro, correcto e quase que perfeito. Se ele é, à primeira vista, o grande amigo de Emma enxergo-o ainda de outra forma. Ele vem contrabalançar os defeitos de Emma. Ela, dentre todas as heroínas, parece-me ser a que comete mais erros e cai em mais enganos. Já Mr.

Knightley é a voz da Razão. Poderemos falar de Sensibilidade e Bom Senso em "Emma"?

"Se a amasse menos, talvez pudesse dizer mais coisas. Mas a Emma sabe como eu sou. De mim não ouvirá senão a verdade."

Mr. Knightley observa, analisa, pensa, reflecte, alerta no momento adequado e sempre é verdadeiro. Usa sempre de franqueza e de verdade. Tem posição social e dinheiro, mas é simples e aprecia a simplicidade e a autenticidade nas pessoas. A sua postura e a sua personalidade são simples mas a sua perspicácia, capacidade de observação e correcção tornam-no complexo. É ele quem dá o abanão em Emma no seu categórico "Badly done, indeed!" no episódio em Box Hill quando Emma humilha Miss Bates. E com esta frase, ele selou o começo da redenção de Emma.

Ele não é unicamente o amigo de Emma. Ele não é somente o amigo revelado em amor de Emma. Ele completa-a. Neste sentido, este amor revela o que todos procuramos na vida: ser completos e sentirmo-nos verdadeiros no nosso elemento.

M

A Perfeição Escreve-se

com K.

[Cátia Pereira]

Page 20: Jane Austen Portugal - Junho 2011

omei a liberdade de me servir de um título de um filme

"Who's Afraid of Virginia Woolf", adaptando-o ao nosso John Knightley precisamente por ele ter um carácter muitíssimo peculiar...

John Knightley é daquelas personalidades que se gosta ou se odeia, é de extremos. Eu pertenço ao grupo que fica fascinado com tais caracteres. Se o tamanho da minha admiração pelo irmão me leva a colocá-lo como o meu herói austeniano preferido, confesso-vos que John Knightley virá logo de seguida porque do irmão só difere em (falta) de sensibilidade. A sua maneira de ser "terra-a-terra", a sua crítica, a sua honestidade e a sua dedicação atraem-me profundamente.

Outra das características que muito aprecio nestes irmãos é a sua cumplicidade, os poucos trechos da obra em que estes dois comunicam um com um outro são deliciosos e mostram a "fraternidade" no seu lado mais adorável. É curioso também o acrescento da série de 2009 onde colocam os Knightleys a atirar bolas de neve uns aos outros recordando os tempos de infância onde, na altura, as Woodhouse também entravam na brincadeira: uma cena muito simples, mas cheia de intensidade.

John Knightley é o filho mais novo, logo, sem direitos em termos de herança e por isso, naquele tempo, obrigado a investir numa profissão - John Knightley é advogado, e dos bons, por sinal. A profissão dele parece preenchê-lo bastante, é o seu principal ganha pão, e com cinco filhos não é de admirar que se dedique tanto a "fazer pela vida", e esta é outras das características que influenciam a minha opinião favorável sobre ele. John Knightley não recebe tudo de bandeja, embora oriundo de uma grande e abastada família, é obrigado a "meter mãos na massa" e a lutar pela sua independência.

Em determinados aspectos, lembra-me muito Thomas Palmer de Sensibilidade e Bom Senso, embora (em comparação) John me parece bem mais afável e sociável que o nosso "carrancudo" Mr. Palmer. Que vos parece? Pelo menos em relação ao humor negro e abuso de sarcasmo, os dois estão no mesmo plano.

Alguma certa impaciência e intolerância que ele demonstra para com Mr. Woodhouse tendem a levar-nos a desgostar do seu personagem, no entanto, convenhamos... por muito que Mr. Woodhouse nos enterneça, nem todos os caracteres têm níveis de paciência que possam suportar tanto medo irracional pela

T

Quem Tem Medo de Mr.

John Knightley?

[Clara Ferreira]

Page 21: Jane Austen Portugal - Junho 2011

doença. Neste ponto, coloco-me do lado de John Knightley. Como vêem, lido bem com os "defeitos" de John Knightley.

Não deixa de ser curioso que seja ele quem alerta Emma para as atenções desmesuradas de Mr. Elton e a avisa para deixar de ser tão aberta junto do pároco ou ele pensará que ela lhe está a "abrir as portas". John Knightley lida com Emma sem lhe prestar as atenções e maneirismos a que está habituada, ele é um amigo desinteressado, livre da cegueira da pequena sociedade de Highbury que idolatra as suas famílias mais importantes.

E acrescento, para finalizar que, todos aqueles que acusam John Knightley de ser pouco sociável, são obrigados a ter em conta o diálogo atencioso que ele tem com Miss Fairfax e que nos obrigam a rever alguns preconceitos criados sobre

a sua personagem. E além disso, tem uma tal dedicação à família que limpam qualquer falta. É certo que perante a passividade da mulher necessita, como Jane diz, de ser mais áspero nalgumas atitudes... mas alguém tem de educar e estabelecer regras às crianças, Mrs. John Knightley parece ser daquelas mães que deixa as crianças fazer tudo (não pondo em risco a saúde, claro) porque acha que assim os filhos são mais felizes. Entenda-se por isso o papel que John tem de assumir.

É um personagem que admiro bastante, não é tão perfeito quanto Mr. Knightley, mas talvez por isso seja mais real e se aproxime mais das pessoas com que lidamos todos os dias e se é certo que ser detentor de um certo mau-humor não lhe é muito favorável, os comentários assertivos e mordazes trazem-lhe uma certa mais-valia que abate um pouco essa maneira de ser.

“Alguma impaciência e

intolerância para com Mr.

Woodhouse tendem a levar-

nos a desgostar do seu personagem”

Page 22: Jane Austen Portugal - Junho 2011

pós ter revisto os filmes Emma e Orgulho e

Preconceito dei comigo a reparar num paralelismo entre o Pai de Emma e a Mãe de Lizzy. Sendo que a seguir exponho uma opinião pessoal sobre estas mesmas personagens e as suas relações com as filhas, as nossas Heroínas dos respectivos livros:

Ambas as heroínas vivem sujeitas aos caprichos destas figuras pouco inteligentes e

aparentemente incompletas… São personagens egoístas, centradas no seu próprio bem-estar através da imposição do que pensam correcto às pessoas mais próximas…

O “egoísmo” de que falo é um egoísmo desculpável. Ambos querem o melhor para as filhas, e pensam que sabem o que é o melhor, não é este sentimento uma visão muito realista do que sentem todos os pais em relação aos seus

“rebentos”?

Vemos assim a total dependência que o Pai de Emma tem pela filha que a impede de viver a sua vida livremente, e o egoísmo de Mãe de Lizzy que (para bem das filhas) não se importa em

prejudicar a saúde das mesmas conquanto que elas sigam a sua vontade e “persigam” os homens certos, que lhe darão um futuro seguro.

Então o que nos faz simpatizar com o Pai de Emma desculpando-lhe as possíveis falha de carácter por oposição à Mãe de Lizzy?

Na realidade penso que a diferença são os olhos pelos quais vemos estes progenitores… Segundo a visão de Emma não há ninguém que se assemelhe ao Pai, e nenhum Homem o poderia suplantar, ela nutre pelo Pai um amor incomensurável que a cega às eventuais falhas deste, um tema recorrente no Orgulho e Preconceito onde o

A

Heroínas e Pais: Mrs. Bennet e

Mr. Woodhouse

[Eva Sousa]

Page 23: Jane Austen Portugal - Junho 2011

mesmo acontece entre Lizzy e o Pai.

Contudo também no Orgulho e Preconceito o mau comportamento familiar produz uma forte crítica em Lizzy … apesar de adorar Lizzy acho-a um pouco implacável, na relação com a família… Não deve o amor e admiração por aqueles que nos criaram suplantar quaisquer falhas destes? Nestes dois casos em concreto é uma falha Moral de Emma a dedicação ao Pai ou uma falha de coração o facto de Lizzy não nutrir da

mesma condescendência para

com o comportamento materno?

O mundo admirado nos livros de Jane Austen é um mundo onde tudo se rege por princípios morais, onde a disciplina traz frutos, e onde no fim as heroínas que merecem são premiadas com a felicidade total… ainda assim, o Amor Familiar quando assente em bons princípios é o valor principal. Vemos a “egoísta” mãe de Lizzy (um “egoísmo” baseado no amor que tem pelas filhas) ser premiada pelos bons casamentos da mesma, e castigada pelo amor que tem pela sua filha preferida (Lídia) sendo-lhe esta afastada…

“Segundo a visão de Emma não há ninguém que se

assemelhe ao Pai, e nenhum Homem

o poderia suplantar, ela

nutre pelo Pai um amor

incomensurável que a cega às

eventuais falhas

deste”

Page 24: Jane Austen Portugal - Junho 2011

arriet Smith was the natural daughter of

somebody. Somebody had placed her, several years back, at Mrs. Goddard's school, and somebody had lately raised her from the condition of scholar to that of parlour-boarder.

She was a very pretty girl, and her beauty happened to be of a sort which Emma particularly admired. She was short, plump and fair, with a fine bloom, blue eyes, light hair, regular features, and a look of great sweetness; and before the end of the evening, Emma was as much pleased with her manners as her person, and quite determined to continue the acquaintance. "

Harriet Smith é a filha natural de alguém que foi deixada aos cuidados de Mrs. Goddard para ser educada na sua escola. Sabemos que é possuidora de uma beleza requintada, mas pouco mais... À vista salta-nos a sua simplicidade, a sua humildade, a sua dependência da opinião de Emma, a quem ela venera do fundo do coração.

Não podemos dizer que Harriet seja muito perspicaz, mas também me parece demasiado fazer

dela tão obtusa como por exemplo na adaptação de Emma de 1996 da Miramax, ou tão rústica como na adaptação de 1997 da BBC. Harriet Smith tam apenas 17 anos e todas as dúvidas e incertezas próprias dessa idade, encontra em Emma um modelo a seguir e absorve tudo o que esta lhe transmite. Não acho que a influência de Emma seja totalmente negativa, embora não seja completamente bem conduzida.

"You surprize me! Emma must do Harriet good: and by supplying her with a new object of interest, Harriet may be said to do Emma good. I have been seeing their intimacy with the greatest pleasure. How very differently we feel! Not think they will do each other any good! This will certainly be the beginning of one of our quarrels about Emma, Mr. Knightley."

Muitas vezes vejo Harriet como uma Miss Morland, o que pensam desta associação?

Ambas possuem a mesma ingenuidade, a mesma modéstia, a mesma dependência das opiniões dos restantes e ambas têm uma considerável evolução ao longo da história.

"H

Passeando Com Miss

Smith

[Clara Ferreira]

Page 25: Jane Austen Portugal - Junho 2011

Tornar-se alvo de uma amizade vinda de Miss Woodhouse deve ter sido uma grande surpresa para a incógnita Miss Smith. Tal situação poderia levar muito boa gente a considerar-se deveras importante e a deixar para trás toda e qualquer amizade pois agora acompanhava a Miss Woodhouse. Tal sobranceirismo não existe em Harriet. Vemos que ela mantém as amizades na escola e, embora incentivada no contrário por Emma, mantém relação com a família Martin.

"She was not struck by any thing remarkably clever in Miss Smith's conversation, but she found her altogether very engaging -- not inconveniently shy, not unwilling to talk -- and yet so far from pushing, shewing so proper and becoming a deference, seeming so pleasantly grateful for being admitted to Hartfield, and so artlessly impressed by the appearance of every thing in so superior a style to what she had been used to, that she must have good sense and deserve encouragement. "

Emma vê em Harriet um objecto para modelar a seu gosto. Harriet, com a sua simplicidade, venera Emma e alimenta-lhe uma certa vaidade que satisfaz o seu ego. Mas acima de tudo, preenche um certo vazio deixado

por Miss Taylor - com Harriet, Emma não está sozinha.

"Harriet Smith's intimacy at Hartfield was soon a settled thing. Quick and decided in her ways, Emma lost no time in inviting, encouraging, and telling her to come very often; and as their acquaintance increased, so did their satisfaction in each other. As a walking companion, Emma had very early foreseen how useful she might find her. In that respect Mrs. Weston's loss had been important."

Embora não desgoste da amizade entre Emma e Harriet e o final da história seja bastante favorável... parece-me que Harriet serve apenas para provar a Emma quão negativa foi a sua influência. Emma melhorou-lhe as maneiras, enriqueceu-a com conteúdo mas também lhe deu esperanças frustradas, e quase pôs em causa a felicidade de tão terna criatura.

Mas não deixa de ser interessante que, no final de tudo, Harriet escolha, por iniciativa própria, o seu companheiro para o resto da vida, sem qualquer varinha de condão da nossa adorável Emma. É esta decisão que demosntra a evolução do carácter de Miss Smith, e Emma não deixa de ter razão quando, muitos capítulos antes afirma:

“Emma vê em Harriet um

objecto para modelar a seu

gosto”

Page 26: Jane Austen Portugal - Junho 2011

"Oh! Harriet may pick and choose. (...) And is she, at seventeen, just entering into life, just beginning to be known, to be wondered at because she does not accept the first offer she receives? No -- pray let her have time to look about her."

Miss Smith recebe a primeira proposta de Mr. Martin quando o "projecto" de Emma ainda estava a começar, havia, portanto, que terminar com tudo aquilo. A persuasão de Miss Woodhouse quando Harriet chega a Hartfield com a carta na mão, surte o seu efeito. É um momento engraçado no livro, uma vez que o desejo de Emma é exactamente o oposto daquele que diz.

Harriet, indirectamente influenciada pela amiga, rejeita a proposta. Os desígnios de Emma para o destino de Harriet são incompatíveis com Mr. Martin. Aliás, para Emma, é Mr. Martin que toma um tremendo atrevimento ao considerar Harriet sua igual... já o mesmo não pensa ela em relação à abismal diferença entre Mr. Elton e Miss Smith (curioso!).

"Miss Woodhouse, as you will not give me your opinion, I must do as well as I can by myself; and I have now quite determined, and really almost made up my mind -- to refuse

Mr. Martin. Do you think I am right?"

"Perfectly, perfectly right, my dearest Harriet; you are doing just what you ought. While you were at all in suspense I kept my feelings to myself, but now that you are so completely decided I have no hesitation in approving. Dear Harriet, I give myself joy of this. It would have grieved me to lose your acquaintance, which must have been the consequence of your marrying Mr. Martin. While you were in the smallest degree wavering, I said nothing about it, because I would not influence; but it would have been the loss of a friend to me. I could not have visited Mrs. Robert Martin, of Abbey-Mill Farm. Now I am secure of you for ever."

Quando conhece Mr. Martin, a opinião de Emma é totalmente parcial e por vias persuasivas transmite à amiga uma imagem de "rusticidade" muito pouco próprias do bom gosto.

"They met Mr. Martin the very next day, as they were walking on the Donwell road. He was on foot, and after looking very respectfully at her, looked with most unfeigned satisfaction at her companion. Emma was not sorry to have such an opportunity of survey; and walking a few yards forward,

“Os desígnios de Emma para o

destino de Harriet são

incompatíveis com Mr. Martin”

Page 27: Jane Austen Portugal - Junho 2011

while they talked together, soon made her quick eye sufficiently acquainted with Mr. Robert Martin. His appearance was very neat, and he looked like a sensible young man, but his person had no other advantage; and when he came to be contrasted with gentlemen, she thought he must lose all the ground he had gained in Harriet's inclination. Harriet was not insensible of manner; she had voluntarily noticed her father's gentleness with admiration as well as wonder. Mr. Martin looked as if he did not know what manner was.

"He is very plain, undoubtedly -- remarkably plain: -- but that is nothing, compared with his entire want of gentility. I had no right to expect much, and I did not expect much; but I had no idea that he could be so very clownish, so totally without air. I had imagined him, I confess, a degree or two nearer gentility."

"To be sure," said Harriet, in a mortified voice, "he is not so genteel as real gentlemen."

Harriet fica um pouco reticente em relação a tudo isto, mas aceita a opinião da amiga e toma-a como a relevante. Imaginemos o confronto de sentimentos que vão no interior daquela criatura... que não sabe se gosta ou não de Mr. Martin; gosta, mas não tem a certeza; mas Emma diz-lhe que ele não é seu igual; atrai a sua atenção para Mr. Elton...

enfim! É demais para qualquer um!!

É natural que as atenções de Harriet se tenham desviado para Mr. Elton. Totalmente permeável como ela é às opiniões de Miss Woodhouse é compreensível que o incentivo forçado que a amiga fazia para o destino conjunto dela com Mr. Elton fosse ganhando forma na sua mente, embora, como sabemos, sem qualquer argumento válido. Emma teve a ilusão de uma ligação de Elton com Harriet e forçou cegamente todas as atitudes do primeiro como interesse na sua amiga e, consequentemente, induziu em erro os sentimentos de Harriet.

Podemos achar Harriet um pouco volúvel no que respeita às questões do coração... de facto, como se diz nalguma parte do livro, até parece impossível que Harriet se tenha apaixonado por três homens diferentes em apenas um ano... mas, caríssimas leitoras, o coração das raparigas de dezassete anos não muda assim tanto de século para século, e quem já teve dezassete anos conhece as incoerências dos sentimentos próprios da idade.

Mas como já referi no artigo anterior, Harriet escolheu, livre de toda e qualquer influência e escolheu lindamente!

“Podemos achar Harriet

um pouco volúvel no

que respeita às questões

do coração...”

Page 28: Jane Austen Portugal - Junho 2011

ou ser sincera: se este mês não me tivesse

sido atribuída tal personagem, era bem capaz de nem dar por ela! Mrs.Goddard é a “preceptora” de Harriet Smith, a jovem amiga de Emma cuja misteriosa origem faz omitir qualquer indagação nesse sentido. Ao princípio considerei esta mulher como alguém de reputação algo duvidosa, uma espécie de fiel depositária de um(a) nobre, que a troco de dinheiro transaccionou a vida de uma inocente rapariga, cuja reputação poderia ficar manchada para sempre.

Porém, ao longo do livro mudei de

ideias, em primeiro lugar porque acho que a relação entre ela e a sua pupila é bastante correcta e cordial. Depois porque considero Harriet uma jovem bem-educada e bem formada, com bons sentimentos, não só fruto do seu carácter/temperamento, mas de certo por influência do meio em que vive, e em que Mrs.Goddard é a principal responsável. No fundo talvez tivesse livrado a sua pupila de uma vida verdadeiramente malograda. Se fosse uma mulher sem escrúpulos, era provável que estivesse a receber a pensão mensal paga pelo “pai/mãe” de Harriet, sem lhe dedicar a devida atenção. Acho que Harriet teve muita sorte em ser criada por Mrs.Goddard!

V

A Educação de Mrs. Goddard

[Fátima Velez de

Castro]

Page 29: Jane Austen Portugal - Junho 2011

r. Martin, é o chefe de família, uma vez que é órfão de pai e por isso, tem de sustentar a mãe

e irmãs. Imagino-o ainda bastante jovem e por isso, com uma enorme responsabilidade nas mãos que ele assume totalmente e com bastante honra e dignidade, diria eu.

Não faz parte da classe alta de Highbury e por isso pouca relevância lhe é dada, ainda assim, é um personagem interessante.

Um personagem consideravelmente

secundário... mas atenção, gerador das mais interessantes situações em toda a obra. Ele é o responsável por uma das melhores discussões entre Emma e Mr. Knightley, a propósito da rejeição de Harriet ao pedido de casamento de Robert Martin.

"Nonsense, errant nonsense, as ever was talked!" cried Mr. Knightley. "Robert Martin's manners have sense, sincerity, and good-humour to recommend them; and his mind has more true gentility than Harriet Smith could understand."

Conhecemos Robert Martin pela visão desfavorável de Emma Woodhouse que vê nele

uma ameaça para o seu feliz plano de juntar Harriet com Elton. No entanto é por Mr. Knightley que o ficamos a conhecer melhor, uma vez que Robert Martin trabalha para ele.

A alta conta em que Mr. Knightley tem a pessoa Mr. Martin, levam-me cegamente a considerá-lo de forma igual. Mas é a sua constância na paixão por Miss Smith que o valorizam ainda mais aos meus olhos.

Desconhecemos os seus sentimentos na primeira pessoa... é-nos dada a conhecer as características da carta em que propõe Harriet em casamento e, mesmo pela visão destorcida de Emma, esta considera-a uma excelente carta! Creio que esta situação não é explícita no livro, mas se sabemos da ajuda que Harriet teve de Emma para escrever a carta de rejeição...poderemos atribuir alguma ajuda de Mr. Knightley na redação da carta de proposta de Mr. Martin?

"She read, and was surprized. The style of the letter was much above her expectation. There were not merely no grammatical errors, but as a composition it would not have disgraced a gentleman; the language, though plain, was strong and unaffected, and the sentiments it conveyed very much to the

M

O Excepcional Mr. Martin

[Clara Ferreira]

Page 30: Jane Austen Portugal - Junho 2011

credit of the writer. It was short, but expressed good sense, warm attachment, liberality, propriety, even delicacy of feeling."

"Yes, indeed, a very good letter," replied Emma rather slowly -- "so good a letter, Harriet, that every thing considered, I think one of his sisters must have helped him. I can hardly imagine the young man whom I saw talking with you the other day could express himself so well, if left quite to his own powers, and yet it is not the style of a woman; no, certainly, it is too strong and concise; not diffuse enough for a woman. No doubt he is a sensible man, and I suppose may have a natural talent for -- thinks strongly and clearly -- and when he takes a pen in hand, his thoughts naturally find proper words. It is so with some men. Yes, I understand the sort of mind. Vigorous, decided, with sentiments to a certain point, not coarse."

Mais tarde, pela voz de Mr. Knightley conhecemos o coração destroçado de Mr. Martin.

Now, Mr. Knightley, a word or two more, and I have done. As far as good intentions went, we were both right, and I must say that no effects on my side of the argument have yet proved wrong. I only want to know that Mr. Martin is not very, very bitterly disappointed."

"A man cannot be more so," was his short, full answer.

É aqui que sabemos que Mr. Martin não está só "embeiçado" pelos lindos olhos de Miss Smith, ele está profundamente apaixonado... um pouco ao estilo de um Capitão Wentworth, mas sem a vertente do ressentimento. Mr. Martin com certeza, fica destroçado, mas os seus sentimentos em relação a Harriet mantêm-se apaixonados, e ele nunca desiste de a conquistar - lembro-me da cena na loja de Mr. Fox (creio que será este o nome). Isto, creio eu, porque ele sempre soube que a recusa de Harriet não viria do coração, mas sim da mão da recente amiga Miss Woodhouse. Mr. Martin, pela descrição de Mr. Knightley, tinha inteligência suficiente para perceber a "teia" em que Harriet estava envolvida. À semelhança de Wentworth, que nunca soube perdoar totalmente Lady Russell, penso que o nosso excepcional Mr. Martin, também nunca soube perdoar Emma Woodhouse.

Talvez esta similitude com Wentworth seja um pouco forçada, mas parece-me a mim que faz sentido... ambos tiveram de ganhar pela vida; ambos foram passados para segundo plano por não terem "pedigree"; ambos foram rejeitados pelas amadas por estas terem sido persuadidas a tal... será no mínimo, um "ante-projecto" de Wentworth!

“A alta conta em que Mr.

Knightley tem a pessoa Mr.

Martin, levam-me cegamente a considerá-lo de

forma igual”

Page 31: Jane Austen Portugal - Junho 2011

o Brasil há um ditado popular que diz “é

melhor pecar pelo excesso do que pela falta”. O pai de Emma e Isabela, Mr. Woodhouse, peca, justamente, por ser um pai excessivo. Ele se preocupa demais, se cuida demais, solicita demais, reclama demais, tudo em demasia. E por estas características, a meu ver, ele é muito encantador, pois pensa nos outros, mas sem deixar de priorizar suas necessidades.

Sua mulher morre muito jovem e ele é obrigado a assumir sozinho a responsabilidade de educar suas duas filhas. Provavelmente, esta fatalidade justifica suas preocupações descomunais em evitar doenças, pois ele teme que o mesmo mal possa atingir suas meninas e outras pessoas queridas. Deste modo, dedica-se a palpitar e planejar sua rotina e a de todos para afastar qualquer

atividade ou situação que, em sua opinião e na estimada opinião do Mr. Perry, cause doenças. É engraçado acompanhar as suas apreensões em fugir e proteger a todos das correntes de ar.

É esse temor de perder mais algum ente querido que o mobiliza a ser tão excessivo e exagerado na educação de suas filhas, em suas relações sociais e em seu cotidiano. Divertimos-nos ao longo da história (é possível que alguns leitores se irritem) em acompanhar suas peripécias e argumentos para não sair e/ou comer fora de casa, para não fazer viagens longas ou mesmo comer doces. Além disso, me parece que ele tem consciência do grande risco que corre em ficar sozinho em sua gigantesca residência e, por isso, muitas vezes “apela” para que Emma não viaje e pense em se casar ou lamenta que Mrs. Taylor tenha se casado.

N

Um Pai Extremamente

Zeloso

[Luan Fernandes]

Page 32: Jane Austen Portugal - Junho 2011

Sendo um hipocondríaco convicto, seus cuidados exagerados beiram o absurdo, mas ele é muito respeitado por todos, especialmente por Emma e Mr. Knightley, que fazem o possível para atender as suas exigências e mantê-lo entretido. Este respeito se deve, em grande parte, a outras qualidades de sua personalidade, pois Mr. Woodhouse é atencioso, amável, generoso e, porque não dizer empático, pois se preocupa com o bem-estar de todos.

Mr. Woodhouse é descrito por Jane Austen como um pai zeloso, complacente com os caprichos das filhas e desejoso da

felicidade de ambas. Preocupa-se tanto em mantê-las bem e próximas que chega a sufocá-las, dificultando que amadureçam e se arrisquem na vida. Ou mesmo que experimentem frustrações, condições que impedem que Emma seja mais tolerante a não realização de suas vontades e mais sensível aos sentimentos dos outros.

Bem, para mim, Mr. Woodhouse é um bom exemplo de como um pai pode demonstrar exageradamente amor aos filhos, inclusive das consequencias negativas decorrentes deste excesso de zelo. E Jane Austen descreve brilhantemente ao longo de “Emma” os erros e acertos de uma educação parental pautada no amor exagerado e sufocante.

“É esse temor de perder

mais algum ente querido

que o mobiliza a

ser tão excessivo e

exagerado na educação de suas filhas”

Page 33: Jane Austen Portugal - Junho 2011

ane Austen era uma grande fã de heroínas com famílias ridículas

que normalmente acabam bem. Se avaliarmos a fortuna de Mr Woodhouse em Emma, esta só será suplantada pela do seu vizinho em Highbury, Mr Knightley. Contudo, o ser abastado não impede estes nossos personagens de serem algo exagerados e, neste caso, o pai de Emma, apesar de não ser totalmente estúpido, não é exactamente uma pessoa inteligente ou perspicaz.

Pai de Emma e patriarca de Hartfield, Mr Woodhouse é uma personagem nervosa, frágil e conhecido pela sua simpatia e apego à filha mais nova. É pouco resistente a mudanças, chegando ao ponto de ficar infeliz por ver as filhas ou a sua governanta casar. Neste sentido, impede o crescimento e a aceitação da fase adulta de Emma e é, muitas vezes tolo e incapaz de acompanhar o desempenho intelectual da filha.

Emma, no entanto, assume uma postura generosa em relação ao seu pai, confortando-o com afecto genuíno. Raramente fala mal dele e quando o faz é bastante reservada e pouco se nota. Mr Woodhouse nunca "sofre

de qualquer apreensão" e é geralmente alheio a qualquer coisa que não envolva directamente o seu conforto ou a sua saúde.

O que Mr Woodhouse é na realidade é um hipocondrí-aco que tem, além de Emma, dois amores na sua vida: a sua saúde e o seu médico. Mr Woodhouse preocupa-se muito com a sua comida e o seu médico, Mr Perry, é a pessoa que mais aprecia no mundo, além de Emma, claro. Quando percebe que ninguém está doente é uma pessoa muito animada, como se pode verificar durante o jantar que oferece em sua casa:

"Mrs. Bates, let me propose your venturing on one of these eggs. An egg boiled very soft is not unwholesome. Serle understands boiling an egg better than any body. I would not recommend an egg boiled by any body else; but you need not be afraid, they are very small, you see - one of our small eggs will not hurt you. Miss Bates, let Emma help you to a little bit of tart - a very little bit. Ours are all apple-tarts. You need not be afraid of unwholesome preserves here. I do not advise the custard. Mrs. Goddard, what say you to half a glass of wine? A small half-glass, put into a tumbler of water? I do not think it could disagree with you."

Noutras palavras, ele é um senhor mimado e

J

Um Pai Sortudo

[Sandra Freitas]

Page 34: Jane Austen Portugal - Junho 2011

elitista que tem a sorte de ter uma filha como Emma para suavizar as gaffes que ele comete perante os outros, sem sequer se aperceber do ridículo de algumas situações e de alguns dizeres.

Numa obra sobre o casamento como o é Emma de Jane Austen, Mr Woodhouse é um homem um pouco estranho e indiferente a essas situações. Se o amor, ou mesmo o casamento, está no ar, ele prefere não lhe dar importância e chega mesmo a tentar convencer as pessoas a não casar, principalmente se são pessoas cujo distanciamento lhe vai trazer mudanças na vida. E, neste aspecto, podemos dizer que é um pouco

egoísta. Ele não está preocupado com o futuro de Mrs Weston ou Emma ou Harriet. Quando manifesta a sua tristeza relativamente aos casamentos da sua "poor Isabella" ou da "poor Miss Taylor" (que nunca consegue chamar de Mrs Weston), ele está na realidade a pensar em si mesmo. Se as pessoas se casam, passarão menos tempo em Highbury e consequentemente, menos tempo a mimá-lo e a olhar por ele.

Felizmente para os nossos enamorados Emma e Mr Knightley, Mr Woodhouse tem mais medo dos ladrões de galinhas do que tem do casamento, razão pela qual aceita que Emma case com Mr Knightley.

“Mr Woodhouse é

uma personagem nervosa, frágil e conhecido pela sua simpatia e

apego à filha mais nova”

Page 35: Jane Austen Portugal - Junho 2011

o universo austeniano há personagens que

gostamos logo, outras que detestamos e outras que com o desenrolar da estória acabamos a gostar.

Mr. Elton não encaixa em nenhumas destas categorias, simplesmente porque não sei o que pensar sobre ele. Afável, simpático e bonito é quase tudo o que sabemos dele. O mais provável, como li algures, é ele ser o filho mais novo e por isso não teria fortuna ou pertencia a uma boa família que se encontrava em circunstâncias reduzidas, tudo boas hipóteses para o desenrolar do personagem.

Eu julgo que Mr. Elton seria um homem interesseiro e daí a proposta de casamento a Emma e o rápido casamento com Miss Hawkins. Para Emma almejar o casamento dele com Harriet, ele teria com certeza um bom rendimento proveniente da paróquia, que lhe permitia ter um lar confortável, sem

necessidade uma esposa muito rica.

No inicio até pensei que ele ia ter muita importância na estória, mas enganei-me. Após recusado o pedido de casamento, Elton sai de cena para regressar casado com uma mulher de fortuna. A partir daqui, ele praticamente se eclipsa da estória dando lugar a Mrs. Elton.

Enfatuada, presunçosa, atrevida, ignorante e mal educada. Eis os simpáticos adjectivos que aparecem no capitulo XXXIII, logo após ser dito que o primeiro exame de Emma a Mrs. Elton fora deveras acertado. Se acrescentarmos insuportável, a esta pequena lista, temos o retrato fiel da Mrs. Elton.

Ela, para mim, pertence à categoria de personagens que detesto, ela é mesmo a mais insuportável de todas as personagens criadas por Jane. A Caroline Bingley também é igualmente insuportável, mas é um insuportável que tem justificação. A indelicadeza na forma como trata Elizabeth é

N

O Interesseiro

e a Insuportável

[Vera Santos]

Page 36: Jane Austen Portugal - Junho 2011

justificada pelo ciúme que sente de Darcy.

Mrs. Elton acha que todos os habitantes de Highbury devem

considerá-la uma espécie de rainha e nada deverá ser feito sem que ela possa meter o nariz. Tudo deverá passar por ela e pelo seu gosto impecável. Porque se tudo for organizado conforme ela quer, então será sempre muito bem e o melhor.

Mrs Elton toma-se de amores pela situação de Jane Fairfaix e faz tudo para que ela

possa arranjar uma boa posição de preceptora. Não acredito que o faça por bondade, mas porque deseja que Jane lhe preste vassalagem pela ajuda e todos possam considerá-la uma alma caridosa.

Ninguém parece gostar dela no livro, eu pergunto-me se o próprio Mr. Elton ao fim de um tempo também percebeu que tinha errado na escolha de esposa. Talvez não, talvez fosse mais parecido com ela do que aquilo que a aparência deixa transparecer.

“Eu julgo que Mr. Elton seria

um homem interesseiro e

daí a proposta de casamento a

Emma e o rápido casamento com Miss Hawkins”

Page 37: Jane Austen Portugal - Junho 2011

uando li "Emma" pela primeira vez, não reparei em

Mrs Weston ou Ms Taylor, nome de solteira. Não sei porquê. Mais tarde, vi o filme realizado por Douglas McGrath e fiquei encantada com Mrs. Weston. Para quem não se recorda, o filme começa com a voz de Mrs Weston e a apresentação da sua prenda de casamento, um globo pintado por Emma que revela os locais e as personagens mais importantes do círculo de amigos de ambas. E diz Mrs Weston: in a time when one's town was one's world and tha actions at a dance excited greater interest than the movement of army's, there lived a young woman who knew how this world should be runned. Esta apresentação é seguida da sua boda de casamento. E, logo ali, se percebe que aquele casamento é um casamento de amor. Mas não um amor qualquer. Um amor sedimentado no tempo, maduro, sincero, assente na amizade, no respeito, na tolerância e no afecto puro e sincero entre dois seres que souberam respeitar-se até à altura de casarem. O meu encanto e admiração por este casal.

No filme, não nos é dado a perceber a natureza deste amor. Julgamos que Emma terá efectivamente tido alguma influência. Mas não. É no livro que encontramos a fonte e o percurso longo e lindo deste casal. Mr. Weston, pai de Frank Churchill, casa, inicialmente, com Ms Churchill que pertencia a uma importante família de Yorkshire. Embora Mr. Weston pertencesse a uma família de respeito que, ao longo de três gerações, conseguira fortuna e respeito, o enlace não foi bem aceite. Ms Churchill veio a revelar-se uma mulher que não sabia apreciar as imensas qualidades do seu marido e o casamento ficou marcado pela distância dela para com ele. Na vã tentativa de agradar à perdulária mulher, Mr. Weston gastou mais do que lhe era permitido para manter a sua fortuna. Com a morte de Ms Churchill, viu-se obrigado a deixar o seu único filho com os cunhados para poder dedicar-se à recuperação da sua fortuna e à aquisição de património através do comércio, em detrimento da carreira militar.

Q

O Amor Exemplar de

Mr. e Mrs. Weston

[Paula Freire]

Page 38: Jane Austen Portugal - Junho 2011

Nesta batalha conhece a preceptora de Emma, Ms Taylor, uma mulher sem dote, como pretendia, e, acima de tudo, uma mulher doce, meiga, sensata e madura, por quem se apaixona. Todavia, a experiência anterior leva-o a ser prudente e a casar apenas quando alcançar a fortuna suficiente para se estabelecer em Randals. Os mais sensíveis poderão chocar-se com o facto de Mr. Weston procurar propositadamente uma mulher sem dote que ficasse agradecida por ser escolhida e não uma que pudesse escolher o seu marido. Mas, atendendo ao seu anterior casamento, não será desculpável? Mr. Weston era um homem afável, carinhoso, generoso que apenas queria ser feliz ao lado de uma mulher afável e sociável. E esta será uma união feliz para ambos. Nela se incluirá também Frank Churchill, como o próprio confidenciará numa carta que envia a Mrs Weston para explicar o seu segredo com Miss Fairfax e para se desculpar.

Mrs Weston foi sempre complacente com Emma. Mais do que sua preceptora, foi, durante dezassete anos sua amiga. E assim continuará depois do casamento. Nas suas (poucas) aflições, é a Mrs Weston que Emma recorre para se consolar e para se aconselhar. A preocupação do casal com Emma é genuína. assim como com todos os seus amigos. Mrs Weston preocupa-se com todos aqueles que recebe em sua casa. Chega a verificar se existem correntes de ar em atenção a Mr. Woodhouse.

Eu atrevo-me a dizer que Mr. e Mrs. Weston são o casal perfeito na obra de Jane Austen e nos dias de hoje. Sou suspeita, já que aprecio este tipo de amor, ao invés da tresloucada paixão juvenil. Este casal modelo é constante ao longo de toda a estória e é maravilhoso verificar como se protegem, se completam e se apoiam. Creio que neste aspecto, Mrs Weston era um verdadeiro exemplo para Emma.

“Mais do que sua

preceptora, foi, durante

dezassete anos, sua amiga. E

assim continuará

depois do

casamento”

Page 39: Jane Austen Portugal - Junho 2011

rs. Bates, viúva de um

antigo vigário (…) senhora de avançada idade, para quem já tudo havia passado, excepto o chá e o voltarete. Vivia muito modestamente em companhia de sua filha solteira, e era alvo de toda a consideração e respeito que uma mulher idosa e inofensiva desperta, quando em

circunstancias difíceis.”

“A filha gozava de uma popularidade em grau assaz invulgar para uma mulher que não era nova, nem bonita, nem rica, nem casada (…) demais não possuía superioridade intelectual suficiente para se bastar a si própria ou conter em devido respeito aqueles que porventura a detestassem. Nunca havia revelado nem beleza nem inteligência. A sua mocidade decorrera sem brilho, e agora na idade madura, dedicava-se a cuidar da sua alquebrada mãe (…)E, contudo, era uma mulher feliz (…) que ninguém citava sem simpatia. (…) sua larga bondade e o seu feitio

resignado que obravam tais maravilhas. Mostrava estima por todas as pessoas, interessava-se pela felicidade de toda a gente e descobria qualidades em todos; considerava-se uma criatura felicíssima e cercada de bênçãos divina, por ter uma mãe excelente, vizinhos e amigos tão bondosos e um lar a que nada faltou…”

Não sou uma fã de Ema, enquanto personagem. Enquanto obra no seu total agrada-me porque penso que é a obra em que Jane Austen mais critica a sociedade da época com os seus preconceitos e estratos sociais, o que torna a história muito interessante.

A relação de Ema com Mrs e Miss Bates é de “caridade e condescendência”: Ema apenas as visita e as trata bem para agir de acordo com o que ela considera ser o seu papel na sociedade; como pertencente a um estrato social superior, Ema tem o dever de visitar e levar algum conforto físico e

“M

Mrs. e Miss Bates

[Marina Nunes]

Page 40: Jane Austen Portugal - Junho 2011

moral aos “mais necessitados”. Não lhes atribui nenhum outro interesse que não seja a sua obrigação social, nem aparenta ter por elas especial carinho. A cena do piquenique demonstra claramente a “consideração” que Ema tinha por elas, personalizada em Miss Bates, e como se considerava superior (serei demasiado severa com Ema?). Outra situação que “dá relevo” a estas duas personagens é o facto de estarem directamente ligadas a Jane Fairfax, que pela sua ligação com Frank Churchill tem impacto directo na vida de Ema e nas alterações que se operam nela. Além de ter sido induzida em erro pela sua “vaidade” e pelas acções de F.Churchill tem também em Jane uma igual… Não igual em posição social mas em inteligência e beleza. Estas duas personagens poderiam ser apenas

mais duas personagens na história, de que ninguém se recordaria no final da história, mas Jane Austen colocou-as no “centro da história” e não conseguimos imaginar todas as mudanças que se operam em Ema sem elas… Sem terem, muitas vezes, acção directa nas diferentes situações que dão dinâmica a esta história, estão presentes e ligadas a todas estas situações: como por exemplo a situação do piquenique que leva a que Mr. Knightley repreenda a sua amada e é através delas que Jane Fairfax aparece na história.

“A relação de Ema com Mrs e Miss Bates é de

“caridade e condescendência

Page 41: Jane Austen Portugal - Junho 2011

[Por um lapso na edição anterior, dedicada a Abadia de Northanger, o artigo relativo aos Lugares de Jane Austen dessa edição, não foi publicado. Colmatamos agora essa falha.]

acção de Northanger

Abbey (NA) tem início em Fullerton, onde viviam os Morland, situado no Hampshire, perto de Andover. Para além desta são duas as outras localidades principais onde irão decorrer os acontecimentos deste romance. A saber: Bath e as suas ruas e colinas circundantes e a Abadia de Northanger, situada em Gloucestershire.

Fullerton é uma paróquia administrativa, ou seja, uma aldeia onde antigamente a igreja detinha o poder administrativo. Nessa altura, antes da alteração da legislação, eram os padres ou vigários que tomavam a

responsabilidade de regularem e organizarem estas pequenas comunidades.

No século XIX começam a perder importância devido ao cepticismo que se instala por razões de ineficiência e corrupção. O Poor Law Act Amendment, de 1834 vem então concretizar a retirar de soberania deste tipo de organização.

Bath é uma pequena estância balnear já referida neste blogue.

Sabemos que Jane Austen não gostava de Bath. Aliás, na altura em que lá viveu nada produziu em termos literários. Contudo,

A

Os Lugares de Jane

Austen – Abadia de

Northanger

[Paula Freire]

Page 42: Jane Austen Portugal - Junho 2011

será aqui que uma boa parte da acção de NA terá lugar. Resta-nos, pois, saber se as ruas e lugares mencionados existem mesmo ou se foram fruto da imaginação da nossa autora. Por mim, antes mesmo de investigar, estou em crer que estes serão reais. Porquê? Porque Jane Austen escreveu este livro como um esboço o que levaria a que não se desse muito ao trabalho de inventar lugares. Estarei certa? Vamos ver.

Acompanhem-me então nesta pequena incursão geográfica pelos sítios de NA em Bath.

O Pump Room é um salão grande que existe há mais de dois séculos. Era considerado, ao tempo de Jane Austen, como o coração social de

Bath. Trata-se de um salão termal onde também decorriam os encontros sociais tais como jogos e bailes. As pessoas bebiam água tépida que saía de um pequeno fontanário construído para o efeito. Poderá dizer-se que era um salão com alguma imponência. Ainda hoje é uma referência em Bath. Sobre este edifício vejam ainda este artigo.

O Crescent era uma residencial de trinta casas. Foi desenhado pelo arquitecto John Wood Younger e construído entre 1767 e 1774. Dele fazem hoje parte um hotel e um museu.

A Pulteney Street é uma rua larga que atravessa Bath. Em rigor, trata-se da avenida principal daquela cidade. Hoje

“O Pump Room é um salão grande

que existe há mais de dois séculos. Era

considerado, ao tempo de Jane Austen, como

o coração social de

Bath”

Page 43: Jane Austen Portugal - Junho 2011

é considerada uma avenida de grande importância, comparável às mais bonitas avenidas de França. Foi mandada alargar por William Pulteney, 5.º Baronete de Bath, um proeminente advogado escocês, membro do Parlamento, e um dos homens mais ricos de Inglaterra. Foi desenhada por Thomas Baldwin. Ficou completa em 1789 - ano em que rebenta a Revolução Francesa - e Jane Austen escreveria a primeira versão de AN, Susan, em 1798-9 (dez anos depois).

Laura Place foi construído entre 1788 e 1794 e fica situado no fim da Pulteney Street. Trata-se de um

conjunto de quatro casas que constituem um quadrado irregular em torno de uma fonte. Esta, curiosamente só foi erguida no século XIX, não fazia parte do plano original e, como tal, não existia ao tempo de Jane Austen.

Espero que esta pequena viagem tenha sido do vosso agrado. Tivemos a oportunidade de verificar que todos os lugares em Bath, bem como a localidade de residência de Catherine, existiam mesmo à data da escrita de NA. E os restantes lugares? Vamos descobrir?

“Sabemos que Jane Austen

não gostava de Bath. Aliás, na altura em que lá viveu nada produziu em

termos

literários”

Page 44: Jane Austen Portugal - Junho 2011

A Revista na próxima edição não estará aberta a artigos das nossas leitoras. Contará apenas com as opiniões pessoais das autoras

do blogue Jane Austen Portugal.

O tema da próxima edição é:

Top Jane Austen

Colaboraram nesta Edição:

Cátia Pereira

Clara Ferreira

Eva Sousa

Fátima Velez de Castro

Juliana Cunha

Luan Fernandes

Marina Nunes

Natallie Alcantara

Paula Freire

Sandra Freitas

Vera Santos

Conteúdo original © Jane Austen Portugal