revista jane auten portugal fevereiro de_2011

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1 Revista Jane Austen Portugal Um Mês, Um Livro Com Orgulho&Preconceito Fevereiro de 2011 Nº 2 janeaustenpt.blogs.sapo.pt Conteúdo original © Jane Austen Portugal

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Revista Jane Austen Portugal edição 02, fevereiro de 2011.

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Revista Jane Austen Portugal

Um Mês, Um Livro

Com Orgulho&Preconceito

Fevereiro de 2011

Nº 2

janeaustenpt.blogs.sapo.pt

Conteúdo original © Jane Austen Portugal

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Sumário 1. Sugestões Austenianas 3 2. Jane Austen e Eu 4 3. Orgulho e Preconceito 1980 7 4. Orgulho e Preconceito 1995 9 5. Bride and Prejudice 11 6. Orgulho e Preconceito 2005 12 7. Mr. Darcy 14 8. Elizabeth Bennet 16 9. As Irmãs Bennet 18 10. Lydia, Kitty e Mary 19 11. Mary Bennet 21 12. Mr. e Mrs. Bennet 22 13. Mr. Bingley e Jane Bennet 23 14. Mr. Wickham 24 15. Superficialidade, o teu nome é Collins 25 16. Lady Catherine 26 17. Georgiana Darcy 28 18. Caroline, a Incompreendida 29 19. Mr, e Mrs. Hurst 30 20. Charlotte Lucas 31 21. Sir Lucas e Maria Lucas 33

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Livro: Quem Quer Ser Milionário? Filme: Slumdog Milionaire Música: Banda Sonora Slumdog Milionaire

urinder Chadha, a realizadora do filme, a Noiva Indecisa, a adaptação de Bollywood do livro Orgulho e Preconceito, disse uma vez

que Jane Austen devia ter sido indiana numa outra vida, por causa daquilo que escreveu. Por isso pensei que nada melhor que cultura indiana para abrir esta rubrica de sugestões de filmes, livros e cd’s.

A minha escolha recaiu sobre o filme Quem quer ser Bilionário? Slumdog Milionaire no original inglês. O filme que começou sem ter sequer distribuidor nos Estados Unidos, acabou por ser o grande vencedor da edição dos Óscares de 2009 e isso porque começou a fazer furor nos festivais de cinema. A estória de Jamal, um menino dos bairros de lata de Mumbai que chega à última pergunta do famoso concurso Quem Quer Ser Milionário? Danny Boyle, consegue pôr-nos mesmo lá e quando o filme começa é como se estivéssemos no descampado ou melhor na pista de aviões, a ver os miúdos a jogar críquete, o mais famoso desporto na Índia. Seria o mesmo que ver meninos brasileiros a jogar futebol perto da favela onde vivem e é aqui que o filme acaba por trazer uma estória universal, tendo em conta que meninos como o Jamal estão por todo o mundo, meninos a quem falta tudo, que lutam contra as mais diversas adversidades, rodeados por vidas desfeitas pelo crime e consumo de drogas. O filme ensina que pode-se nascer numa favela ou bairro de lata mas não temos de acabar necessariamente numa vida de crime, há opções.

E podia agora esquivar-me de falar do livro e dizer como nos slogans de uma qualquer editora: leiam o livro, vejam o

filme. Mas o livro de Vikas Swarup é bastante diferente do filme, a ideia é a mesma, mas a grande maioria dos acontecimentos é diferente. Por isso vale a pena ler e comparar. Pessoalmente gostei da escrita de Vikas Swarup que de resto não conhecia e devo vos dizer que achei o livro bem mais negro nas temáticas do que o filme, se houve muita indignação na Índia pelo filme imagino quanta não teria existido se a adaptação fosse mais fiel. Para terminar e porque tenho de vos recomendar um Cd, aconselho a banda sonora do filme. Da autoria de A.R. Rahman, a banda sonora resulta muito bem, Rahman, de quem conheço algum trabalho, consegue combinar de forma brilhante música mais orquestral com outra mais pop que dá para darmos um passinho de dança; sabe sempre bem ouvir em todas as situações. Destaco as composições: Paper Planes, pela letra e Milionaire, por aquilo que me consegue transmitir mesmo sendo uma música só orquestral.

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Sugestões Austenianas Por Vera Santos

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uerida Jane Austen, Aproveito esta oportunidade única para lhe dirigir umas

palavras relacionadas com a sua influência na geração desligada dos clássicos da qual eu faço parte. Ouvi falar de si, pela primeira vez, em 2007, quando a minha mãe comprou a adaptação de Orgulho e Preconceito (com Keira Knightley e Matthew Macfadyen) . Confesso que não me senti imediatamente atraída quando me apercebi que era baseado num clássico, não por não gostar desse género de filmes, mas porque estava mais numa "onda" de não-clássicos, se é que me entende, minha cara. Resumindo, quando vi o filme, não estava à espera de me apaixonar pela história - e muito menos pelo Mr. Darcy! Mas foi precisamente isso que aconteceu. Orgulho e

Preconceito, de 2005, deve ter sido o filme que mais vezes vi na minha vida (excepto, talvez, os filmes da Disney, mas esses são quase um mundo à parte!) e que me fazia rir sempre, sem excepção. Mas se pensa que isto ficou por aqui, lamento informá-la que se engana. Logo a seguir a me apaixonar pelo filme, a curiosidade surgiu de forma avassaladora: quem é Jane Austen? Que obras escreveu? Quais as suas influências? Que histórias nos conta? Rapidamente descobri que a senhora é, nada mais nada menos, do que um dos grandes nomes dos clássicos, tantas vezes ao lado de outras autoras como as irmãs Brontë e que tais. Tornou-se, então, necessário pesquisar mais sobre si e, mais

importante de tudo, ler Orgulhoe Preconceito e as restantes obras que escreveu. Tenho de confessar que senti algum receio ao ler o livro: o único clássico que tinha lido até àquela altura tinha-se revelado um desafio (nada mais natural para quem nunca tinha lido nenhum) e a forma como as histórias se desenvolvem é bastante diferente da forma como, hoje em dia, passamos as emoções -

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Com Laura Silva

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algumas vezes de uma maneira demasiado exagerada, devo acrescentar. Mas, mais uma vez, enganei-me! Não só adorei conhecer aquela história de novo, como adorei ler o livro. Jane (se é que me permite utilizar o seu primeiro nome, pois sinto como se já nos conhecêssemos à tempo suficiente para o fazer), tenho-lhe a dizer que o motivo pelo qual adorei o livro é, precisamente, a sua escrita. Bastante simples e precisa, dá-nos todas as informações necessárias para compreender o desenvolvimento das personagens e a forma como elas se relacionam - aliás,

devo acrescentar que a senhora tem uma excelente capacidade de captar a essência das pessoas e dos seus relacionamentos - sem, no entanto tornar a história simples. Inclusive, atrevo-me a dizer que as suas histórias são bastante complexas ainda nos dias de hoje: pessoas de diferentes estratos sociais que têm

de aprender a lidar com as semelhanças que acreditavam não existirem entre eles, paixões proibidas e/ou ilusórias, a forma disfarçada como se desgostava - ou gostava - de alguém, tudo isto nos é relatado com palavras fáceis e claras, mas a gravidade das situações não é inexistente. Isto é uma enorme vantagem para quem vive no século XXI, por vezes tão vazio de moral, bons costumes e maneiras: não só nos mostram que certas situações quase parecem ciclos viciosos, como nos

mostram a evolução da sociedade desde a sua época até agora. E a evolução da sociedade é outra coisa importante nas suas obras. Não que a Jane fale muito exaustivamente de alterações que se dão no mundo (aliás, a senhora dizia muitas vezes que as pessoas só deviam escrever sobre aquilo que conhecem e tem toda a razão!), mas faz uma análise detalhada do ambiente e dos costumes da Inglaterra dos seus dias. Obviamente, seria insensato descurar das enciclopédias e outro género de livros que nos falem mais detalhadamente do século XVII-XVIII, mas para quem não gosta de pesquisa ou está agora a iniciar-se nos clássicos, cada uma das suas descrições é uma lição na qual nada se perde (devo acrescentar que esta é

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uma das coisas que mais me faz gostar dos seus livros. Se no início não percebia muito bem algumas das situações, agora, quando leio um livro clássico, não consigo evitar ficar chocada com algumas situações que, para alguns, são completamente banais). E por falar em lições, algumas delas são de realçar quando comparadas com os

costumes da época, tais como as lições que nos dão em relação, por exemplo, ao orgulho e ao preconceito. Ninguém pode ficar indiferente a todas as perturbações geradas devido a falhas hoje tão comuns e das quais as pessoas não se conseguem libertar. E que dizer em relação ao amor verdadeiro? Quantos de nós não nos perguntámos já se esse amor poderá mesmo existir? Este é, sem dúvida, outro dos grandes temas debatidos nas suas obras - e, atrevo-me a dizer, o tema mais importante! - que nunca estará out. Tudo isto para dizer, minha cara Jane, que se houve livros que me despertaram o gosto pelos livros e pela leitura, os

seus fizeram-me redescobrir esse gosto, incentivando ainda mais a minha sofreguidão por outras vidas, outras épocas e outras mentes. E em consequência de tudo isto, minha querida Jane, nada mais apropriado do que agradecer-lhe por ter escrito obras tão magníficas e tão inspiradoras; nada mais justo do que homenageá-la pesquisando mais sobre si e passando a mensagem; nada mais correcto do que comprar todos os livros seus em que possa pôr as mãos e exibi-los, nas minhas prateleiras, lidos e amados. Com os melhores cumprimentos,

L a u r a

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Orgulho e Preconceito 1980 Por Clara Ferreira

sta Adaptação segue de muito perto a obra

original, embora haja alguns desvios, talvez mais do que na versão de 1995, não em termos de diálogos, mas sim de acrescento ou alteração de cenas. Embora as técnicas de realização e os próprios diálogos teatrais estejam fora de época, cativou a minha atenção e agrado.

Apreciei bastante a atenção dada a Mary Bennet, nesta versão rimo-nos muito com ela.

Fiquei decepcionada com a actriz que faz de Lydia, a de 1995 é mil vezes melhor. Esta actriz peca por falta de expressão ou exagero de expressão.

Não fiquei muito convencida com este Mr.

Darcy, demasiado sisudo e indiferente para ser "O Mr. Darcy". Já Lizzie é encantadora, embora Jennifer Ehle de 1995 tenha suplantado toda e qualquer uma, acho Elizabeth Garvie muitíssimo convincente como Lizzie Bennet.

Mr. Bennet não capta tanto a nossa atenção como na versão de 1995, e Mrs. Bennet está longe de ser tão irritante como era suposto.

Mr. Collins, muito bem interpretado, diga-se de passagem, embora não seja tão fantástico como o actor da versão de 1995. Uma cena original nesta versão é que nós, vemos o pedido de casamento de Mr.Collins a Charlotte Lucas, foi uma cena que gostei particularmente.

Nesta adaptação, e ao contrário das restantes

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versões, temos uma cena longa em que conhecemos Mrs. Phillips, a irmã de Mrs. Bennet.

Embora tenha gostado muito da interpretação de

Lizzie Bennet, confesso que não é a minha preferida, e este Mr. Darcy nunca me conseguiu convencer muito bem. Nesta versão dou destaque às interpretações

de Mary Bennet e para a de Jane Bennet que achei que foi a melhor interpretação de sempre.

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Orgulho e Preconceito 1995 Por Vera Santos

sempre mais difícil falar das adaptações de que

não gostei do que daquelas que gostei, ao falar daquilo que não gosto facilmente consigo apontar os defeitos, aquilo que menos me agradou, etc. Quando gosto tenho uma certa dificuldade em apontar o porquê desse apreço.

Esta série foi o meu primeiro contacto com a obra da Jane Austen, por isso mesmo por muitos defeitos que tivesse eu

nunca conseguiria apontá-los, o afecto que sinto por esta produção é tão grande que dificilmente veria esses defeitos. Felizmente, esta é a adaptação tida por todos os fãs como aquela que mais conseguiu se aproximar das personagens e da estória.

Não me lembro da primeira impressão que tive ao ver o Mr. Darcy, mas se me

conheço bem creio que devo ter achado que era um arrogante e quanto mais depressa desaparecesse do ecrã, melhor. Calculo que

devo ter torcido por um casamento entre a Lizzie e o Wickam e com certeza fiquei desapontada quando este revelou a verdadeira natureza do seu carácter.

Tudo isto para vos dizer que muitas vezes ficamos desapontados quando vemos primeiro a série ou filme e só depois lemos o livro, mas isso não acontece aqui, temos a perfeita

comunhão entre aquilo que a Jane escreveu e as imagens, algo que cada vez mais se torna difícil de encontrar nas adaptações.

É

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Não seria honesto não dizer que algumas cenas não fazem parte do livro, como a famosa cena de um Colin Firth, a mergulhar num lago e a sair de lá muito molhado, mas também não são essas cenas que alteram a estória, são um mero complemento a uma das melhores adaptações de uma obra de Jane Austen.

Eu podia falar-vos ainda do

guarda-roupa, dos actores, dos cenários, da música, mas acho que já é uma

verdade universalmente conhecida que esta

adaptação é uma das melhores de todos os tempos. Esta verdade está

tão fixada na cabeça dos fãs que

dificilmente outra versão que seja igualmente perfeita poderá roubar-lhe o lugar.

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Brinde and Prejudice Por Cátia Pereira

enso que não será descabido dizer que de entre todos os

livros de Jane Austen, o que mais tem gerado adaptações para o cinema e para televisão é "Orgulho e Preconceito".

Quando eu descobri que existia uma versão de Bollywood de "Orgulho e Preconceito" não esperei muito tempo para assistir. Por um lado, adoro musicais e filmes indianos;

por outro lado, trata-se de mais uma adaptação da nossa escritora amada.

O filme mantém, de uma forma geral, os traços do enredo do livro. Apenas sentimos falta dos nomes

dos personagens, mas a personalidade de cada um é transmitida. Os únicos personagens que mantêm o mesmo nome (se não estou em erro) são Mr. Darcy e Georgiana, porque os

restantes são todos personagens com nomes indianos.

O filme acaba por ser uma comédia romântica bem leve. Não é um filme com a densidade e beleza de

"Orgulho e Preconceito" versão 2005. Se for assisti-lo com esta expectativa sairá decepcionada. Esta versão de Bollywood é leve, colorida e divertida. É um bom tempo de

entretenimento, principalmente para quem gosta de musicais.

Eu confesso que eu me diverti imensamente com este filme. Somente lamento que não tenham escolhido um Mr. Darcy mais convincente.

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Orgulho e Preconceito 2005 Por Clara Ferreira

e há algo que tenha adorado neste filme foi, acima de tudo, o

guarda-roupa e as paisagens. O início do filme está brilhante, é algo pura e simplesmente poético. Depois, todas as roupas, vestidos, penteados, são fabulosas e ultrapassam, sem dúvida, o guarda-roupa de Emma 2009, também ele fenomenal.

O filme é demasiado curto para condensar o Grande Romance de Jane Austen,

mas para o tempo que tem, está excelente. A versão de 1995 ganha muitos pontos neste sentido porque detém seis episódios para poder contar a história em pormenor, daí que, também os actores tenham mais tempo para desenvolver as personagens.

Ainda assim, é indiscutível o lugar de Firth no papel de Darcy. Matthew Macfadyen faz uma boa interpretação, muito severa no início, mas que aos poucos, se vai tornando mais apaixonada - recordo a cena em que Lizzie está a

tentar contar o terrível sucedido da irmã Lidya ou a cena em que encontra Lizzie em Pemberley.

Sou uma grande fã de Keira, e a sua Lizzie está fantástica. Mas ainda assim, acho que Jennifer Ehle tem vantagem porque tem mais tempo e mais cenas para poder desenvolver melhor a personagem e para os espectadores se aperceberem

melhor da batalha que Lizzie trava dentro de si. No entanto, embora fuja em tudo do guião original, a cena da proposta de Darcy a Lizzie é, sem sombra de dúvidas, uma das grandes cenas do cinema, para além de lindíssima, cativa-nos de tal forma que somos capazes de fazer "rewind" várias vezes.

Quanto aos Bennet, gosto de todos eles e achei fenomenal darem melhor aparência a Mary, embora neste filme ela seja praticamente irrelevante. Lydia está genial, adoro-a na

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sua irritante forma de ser. Jane, no corpo de Rosamund Pike encontra muitas semelhanças com a original, mas a minha preferência vai para a actriz da versão de 1980 - Sabina Franklyn. Donald

Sutherland é um grande Mr. Bennet, assim como Brenda Blethyn que dá corpo à melhor Mrs. Bennet de sempre... quer dizer, Mrs. Bennet da versão de 1995 é brilhante também.

Tenho pena que a família Bingley não seja fortemente desenvolvida e que a própria história de Bingley tenha, forçosamente, de passar para um plano quase terciário. Gosto muito deste Mr- Bingley (Simon Woods) tem um ar adorável na sua inexperiência. Charlotte Lucas

(Claudie Blakley) é muito fraca, mas acima de tudo, porque o filme não lhe dá espaço para se desenvolver. Mr. Wickham (Rupert Friend) é o único, de todas as versões, capaz de

rivalizar em beleza com os actores "Darcys", todos os anteriores ficavam muito aquém do Darcy a quem correspondiam. Tom Hollander é um excelente Mr. Collins, super engraçado, mas que tem pouco tempo de antena, novamente, para dar mais da personagem, já de si, hilariante! Georgiana Darcy encontra em Tamzin Merchant a beleza e o brilho da juventude que lhe é devido.

Nesta adaptação a família Bennet é-nos apresentada menos aristocrata e mais "rural", em muito afastada da imagem dos Bennet da versão de 80 ou até da versão de 95,

mas a casa é maravilhosa,

aquela Longbourn é a que mais adoro. A cena do primeiro baile, embora afastada da obra e de

alguma classe que se espera, é magistral.

Assim como o início é extremamente poético, o final é-o duas vezes mais... acho que Jane Austen o aprovaria certamente!

Concluo por isso que é uma adaptação a não perder. Mais adaptada aos nossos dias, menos rigorosa no que diz respeito ao romance original, mas detentora da história de amor mais incrível do planeta

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Mr. Darcy Por Liliana Isabel

odos sabemos que para além do ar arrogante,

Darcy é um homem atencioso que dá valor às coisas certas. Certamente que em relação aos seus sentimentos por Elizabeth Bennett ele demorou mais um pouco a dar valor a essas mesmas coisas certas. Mas Elizabeth sabe no fim, que tem consigo o homem dos seus sonhos e

aquele que fará tudo por ela e por fazê-la feliz. Penso que é

muito isso o encanto que muitas de nós temos (senão mesmo todas), sabemos desde o início que Darcy é um bom homem, sabemos que no fundo no fundo ele apenas quer amar alguém,

apenas não sabe como o fazer. O facto de ser um homem reservado e até tímido e não galanteador como por exemplo Wickham (que fala, fala e não diz nada não é meninas), torna-o mais especial, um mistério à espera de ser desvendando. Eu penso que mesmo quando Elizabeth estava "apaixonada" por Wickham ela sabia que havia algo que a chamava para Darcy, não sabia era o quê... O facto de ser uma pessoa observadora e reservada ajuda-o a ver as

pessoas pelo que realmente são, o mau e o bom de cada pessoa. Talento que muitos de nós não temos. Isso permite-nos afirmar que por exemplo Darcy foi a única pessoa que

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conseguiu perceber logo que tipo de pessoa Wickham era. E se ao menos outros tivessem feito o mesmo... No entanto também esse seu comportamento levou a alguns equívocos na história, tal como foi o amor entre Bingley e Jane de que Darcy ao princípio duvidou. Nessa situação Darcy não "avaliou" correctamente os sentimentos dos intervenientes. Com isso

consegui também afastar ainda mais Elizabeth do seu coração. Mas uma coisa boa que Darcy tem é mesmo a sua integridade. Tudo fez para que Bingley e Jane ficassem juntos e mexeu montanhas para tentar salvar os Bennett da desgraça deixada por Wickham... Quando se solta do seu preconceito social e aceita as coisas tal como elas são Darcy torna-se mais presente e é como se a sua alma se iluminasse. Elizabeth notou isso mesmo e pela primeira vez sentiu que poderia amar um homem assim. Por tudo isto e muito mais pode-se dizer que não é à toa que Mr Darcy seja das personagens mais queridas de Jane Austen (senão a mais).

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Elizabeth Bennet: A Mais Famosa Heroína de Austen

Por Paula Freire

ão poucas as pessoas de quem

gosto realmente e mais restrito ainda o número daqueles de quem eu faço bom juízo. Quanto mais conheço o mundo, maior é o meu descontentamento por ele; e a cada dia confirma a minha crença na inconsistência de todos os carácteres humanos e na pouca confiança susceptível

de ser depositada na aparência quer do mérito como do bom senso." - Elizabeth Bennet

Elizabeth Bennet, Eliza ou Lizzy é, sem dúvida

alguma, a heroína mais famosa de Jane Austen. É a segunda de cinco filhas de Mr. Bennet e é a sua preferida. São cúmplices no divertimento e no gozo com que muitas vezes avaliam os demais. Mas é a menos considerada pela mãe devido à sua beleza que

não iguala a de Jane, a irmã mais velha, mas também devido ao seu espírito que não é tão jovial como o da irmã mais nova, Lydia. Era (efectivamente) a menos querida de sua mãe. Elizabeth possui um carácter confiante, vivo, brincalhão, inteligente, crítico, reforçado pelo seu sentido de observação

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apurado. Consegue sempre tirar partido das situações mais ridículas.

Contudo, ao longo desta história verificamos que também as pessoas com tais características podem ser iludidas. É o que acontece com Elizabeth quando conhece Mr. Wickham. Este homem de boa figura e de elevada eloquência desvia a atenção de Elizabeth e adormece-lhe estas suas características. Ao conhecê-lo ela não se dá conta de que o cavalheiro muito fala de assuntos tão

privados que ninguém, com um conhecimento tão recente da outra pessoa, abordaria se não tivesse a

clara intenção de iludir o seu ouvinte. Será apenas por ocasião do pedido de casamento de Mr. Darcy e através da sua carta que Elizabeth verifica quão ingénua foi. Como depois confidenciaria a sua irmã Jane "até aqui eu não me conhecia". Apesar de possuir um carácter tão marcante e tão independente, não está protegida das mentes mais maliciosas que vêm de um mundo que ela não conhece. Creio que Jane Austen

tenta, também, através deste livro chamar a atenção para esta realidade.

A evolução da relação de Elizabeth com Mr. Darcy dá-se a partir da revelação do carácter de Mr. Wickham. Darcy traz a Elizabeth a clarividência que lhe faltava. A sua antipatia por ele era tão grande e tão preconceituosa que não lhe permitia ver para além da aparência. Com ele, reforça e lima o seu sentido de observação que passa a ser mais cuidado.

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As Irmãs Bennet O Lugar de Lydia, Kitty e Mary Por Fátima Velez de Castro

rs.Bennet, a matriarca de uma prole de

cinco raparigas jovens, persegue com obsessão o objectivo fulcral da sua vida: arranjar um bom casamento a cada uma das suas filhas. E se as duas mais velhas – Jane e Elisabeth – “arranjam” o seu para amoroso no início da história, para as outras três o percurso será ligeiramente diferente.

As duas mais velhas, embora com temperamento diferente, partilham dos mesmos gostos, de similar bom-senso, de uma educação impecável (não obstante da ousadia de respostas de Lizzy); as

duas mais novas, também elas inseparáveis – Lydia e Kitty – estão nos antípodas, criando sempre um turbilhão à sua volta. Imaturas, insensatas, de riso demasiado fácil, exibicionistas, vivem para as paixões fúteis e para as fardas dos oficiais que se instalam nas imediações da sua residência. Como diz Mr.Bennet são “as duas raparigas mais tolas do país”. Em oposição e num cenário de isolamento, situa-se Mary, a irmã do meio, “que em consequência da sua fealdade, se aplicara na árdua

aquisição de conhecimentos e dotes, na ânsia constante de os exibir”. É a irmã solitária que prefere a grandeza de uma paisagem aos actos dos homens.

Embora as mais velhas sejam protagonistas da história, não se pode deixar de ter em conta os desempenhos das manas mais novas, as quais pela sua diferença de temperamentos e de atitudes nos prendem à história.

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Lydia, Kitty e Mary: O final de cena (e um pouco mais) Por Fátima Velez de Castro

mbora no filme (versão de 2007) o

desfecho destas três personagens permaneça uma incógnita, mas com uma tendência altamente prometedora (é o próprio Mr.Bennet que o corrobora), na obra as irmãs aparecem com o destino traçado de forma mais regular.

A paixão de Lydia esfriou, mas ao que parece

a efusividade (ou devo dizer “explosividade” manteve-se). Esta dedução deve-se ao facto dos pacientes Bingleys

chegarem a desejar que ela e o marido, nas visitas efectuadas, se demorassem menos tempo em sua casa. Posso estar a ser maldosa, mas dada a

leviandade que demonstrou ao longo do livro, acho que a Lydia era rapariga para dar uma “facadinha” no matrimónio, mais que não fosse flirtando com outros oficiais colegas do marido.

Mary fica em casa e é “obrigada” a frequentar a sociedade. Embora Jane refira que ela continua a fazer “deduções morais” de

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tudo e de todos, a mim parece-me que, mais cedo ou mais tarde, acabaria por ser atraída pelos prazeres sociais, tornando-se numa frequentadora assídua de bailes e eventos afins.

Kitty parece ter sido a que mais beneficiou, dado que

ficou sob protecção das suas irmãs mais velhas, o que lhe permitiu “fazer progressos”, não só em termos relacionais, mas sobretudo em termos de carácter.

Desfecho da história: penso que todas as manas Bennet acabaram por se casar,

supõe-se que bem, dando uma grande alegria à sua mãe, também a Mr.Bennett, que viu o futuro das suas filhas assegurado do ponto de vista material e emocional.

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Mary Bennet Por Clara Ferreira

terceira irmã do clã Bennet de Orgulho e Preconceito.

Sempre achei esta personagem curiosa. Pena que não tenha tomado partes mais activas no romance, acredito que seria engraçado conhecermos melhor a sua personalidade. O livro descreve-a como a irmã menos dotada de beleza das cinco Miss Bennets.

Parece estar aparte de toda a família, Gostava muito de saber qual o seu futuro. Se casaria ou não, se seria uma Charlotte Lucas ou uma Tia

solteira. Muitos imaginam Mary como freira, mas não acredito que fosse esse o seu futuro. De acordo com "A Memoir of Jane Austen", casou-se com um dos aprendizes de direito do seu tio Phillip.

Foi com grande agrado que vi darem melhor aparência a Mary, transformando-a numa jovem bonita e em tudo contrastante com o comportamento das suas irmãs Kitty e Lydia. Embora eu própria utilize óculos, achei que era exagerado que Mary necessitasse de usar óculos

para ser estudiosa, outro ponto a favor neste filme.

É certo que Talulah não tem a relevância

que é atribuída a Mary na versão de 1980, nem tão pouco na versão de 1995, no entanto, conhecemos, neste filme, uma Mary estudiosa, prendada, educada, bonita e, diferente de outras Marys, a quem o pai atribui especial atenção e protecção. Neste filme esbate-se a preferência incondicional de Mr. Bennet por Lizzie, Mary parece ocupar o segundo lugar na escala - coisa que não acontece em qualquer outra versão, nem mesmo na obra original, onde Jane pretende ridicularizar esta irmã a todo e qualquer custo.

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Mr. e Mrs. Bennet Por Marina Nunes

doro estes dois personagens... Acho que Jane Austen

conseguiu aqui reunir o que mais "caricato" poderia existir na sociedade. Mrs Bennet queria que as filhas casassem com homens de "posses", que garantissem a subsistência da família. E para conseguir isto era capaz de tudo... Mas nem por isso educou as filhas para serem mulheres discretas. Para

ela a beleza era o único trunfo que elas podiam "jogar", o único que importava. Era uma pessoa inconveniente e, no fundo, preconceituosa.

Aliás acho que ela e Darcy, no início da obra, são até parecidos. a grande diferença estava no facto de que o Sr Darcy tinha efectivamente dinheiro e posição social que tornavam o seu preconceito e orgulho "justificados", ao passo que Mrs. Bennet não... Se Mrs Bennet tivesse o dinheiro e ascendente social de Darcy seria igual a ele, não acham? Mrs. Bennet

admirava Jane pela beleza e Lydia pela elevada auto-estima. Apesar de tudo ela acaba recompensada dado que as filhas efectivamente

acabam bem casadas e a vida dela tal qual a queria... Mr Bennet é um anti-social e inconsequente, que sempre contou ter um filho e nunca pensou que teria de aprovisionar para que as suas filhas tivessem futuro assegurado. Gosto muito da sua ironia. Os diálogos dele com a esposa são fantásticos e a cena aquando da visita de Mr Collins é do melhor que

existe no livro. Contudo é

inconsequente quando deixa que a esposa e as filhas mais novas sejam tão "tontinhas" e as caracterize, ele próprio como tal. Mas são

duas personagens que

trazem alegria a toda a obra, trazem ironia, trazem situações que nos fazem sorrir...

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Mr. Bingley e Jane Bennet Por Eva Sousa

que dizer destas

duas personagens?

Antes devo dizer que são a encarnação do que cada pessoa deve ser para o seu género…

Mr. Bingley é convenientemente rico, atraente e deve ser considerado um Bom partido. A primeira frase do livro centra-se nesta personagem, dando-nos a ideia que talvez seja o elemento central do livro… Contudo não é!

Jane encarna exactamente o papel que uma mulher deve (ou devia ter naquela época), é linda, inteligente apesar de ingénua, e tem um grande coração. Conseguimos prever que estes dois farão uma família equilibrada,

apresentam-se como um par feito no céu!

Um daqueles casais que se inveja, porque nunca discutirão e mesmo quando fazem sofrer um ao outro é apenas devido à intervenção de elementos externos…

Então porque não são eles as personagens principais, já que concentram toda a virtude moral e humana que as obras de Jane tão bem enfatizam?

Eles são, na minha opinião, pouco carismáticos. Cansam pela perfeição!

São demasiado bons para serem admirados, demasiado perfeitos para aproximarem o leitor real para o livro… Lizzy e Darcy precisam deste apoio porque são um pouco menos polidos, mais humanos… com falhas!

É impossível não simpatizar com Jane e com Mr. Bingley… É impossível apaixonarmo-nos por eles!

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Mr. Wickham Por Vera Santos

belo Wickham faz suspirar as mulheres, com a sua beleza e charme pessoal, mal

entra em cena. As suas maneiras conquistam e até chegamos a ter pena da forma como foi tratado por Darcy. Se Charlotte Lucas é o oposto de Lizzie na questão do casamento, eu atrevo-me a dizer que Wickham é o de

Darcy. Não sendo um vilão, aliás acho que não existem vilões nos livros de Jane, Wickham ao contrário de

Darcy rapidamente cai nas boas graças da boa sociedade de

Merython, principalmente nas de Lizzie. Todos gostam dele e todos detestam Darcy. Wickham começa então a pregar a sua estória já que sabe que isso ajudará a que seja visto ainda de forma mais favorável, como ninguém o conhece todos acreditam.

Darcy começa então a ser mais

detestado, eventualmente a verdade é descoberta, mas até isso acontecer ainda algum tempo irá passar.

Wickham representa todos aqueles que conseguem enganar seduzir os outros. A verdade é que o ser humano é muitas vezes enganado por pessoas como ele, que se mostram atenciosas, simpáticas e amigas do seu amigo.

Se eu gosto dele? Sim, até acho que têm um certo charme, que eu talvez não resistisse e acho que o seu casamento com Lídia, um castigo merecido. Não há nada pior do que um casamento sem amor.

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Superficialidade, o teu nome é Collins Por Cátia Pereira

le é, sem dúvida, a imagem da pessoa artificial, bajuladora

e com complexo de inferioridade. Mr. Collins é, muitas vezes, ridículo, absurdo e patético. Os seus gestos e as suas palavras são previamente ensaiadas e estudadas o que revela a sua superficialidade. Ele louva a forma em detrimento do conteúdo. E ele valoriza, sobretudo, a posição social. É verdade que ele é um simples pároco, mas o estar dentro das boas graças de Lady Catherine de Bourgh constitui - na sua mente - uma elevação social. E ele é incansável a descrever todas as palavras, conselhos, gestos, propriedades, tudo o que tenha a ver com Lady Catherine de Bourgh. Não tendo o mesmo nível social, ao falar com familiaridade dela está a querer elevar-se ao mesmo nível e a beneficiar das vantagens que este conhecimento lhe pode proporcionar. Mr. Collins, sem

querer, chama para si uma inferioridade ao afirmar a superioridade da pessoa a quem serve; mas isto é algo que ele não se dá conta.

Para ele é um grande privilégio e torna-o um grande partido ser o pároco de Rosings e poder dizer que tem uma convivência constante com Lady Catherine. Neste aspecto, a sua simplicidade o trai: ele quer aparentar uma humildade que só o torna presunçoso. A sua presunção o torna, muitas vezes, motivo de riso.

Neste sentido, devo confessar que Mr. Collins é um dos personagens de que eu mais gosto no livro. É através dele que Jane Austen me faz rir desmedidamente. Ele protagoniza as situações mais embaraçosas e divertidas do livro. Gosto de Mr. Collins não pelas suas virtudes - e ele deve ter algumas - mas pelo seu lado absurdo e patético.

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Lady Catherine, O Cupido Involuntário Por Cátia Pereira

ady Catherine

era uma senhora alta e forte, de feições bem vincadas que, em tempos, poderiam ter sido bonitas. O seu ar não era acolhedor e a maneira como os recebeu tampouco permitiu às suas visitas esquecerem-se da sua inferioridade. Quando em silêncio, nada tinha de terrível, mas tudo o que dizia era pronunciado num tom autoritário que denotava a sua presunção"

Nesta descrição de Lady Catherine de Bourgh, Jane Austen nos previne quanto à personalidade desta personagem. Ela é

autoritária e pouco simpática. Lady Catherine é a imagem da pessoa que tendo título, bens e posição social acha-se acima de todas as outras pessoas. A sua frieza de modos não a torna mal-educada mas torna-a, inúmeras vezes, indelicada. Cada frase sua parece destacar a sua relevância em detrimento de qualquer outra pessoa. Na famosa cena em que questiona Lizzy sobre a

sua família, vemo-la criticar abertamente as opções de Mrs. Bennet sobre a educação de suas filhas. A sua insistência em dar conselhos sobre tudo e sobre como todos devem gerir as suas vidas demonstra a presunção de que aquilo que pensa é o correcto e que os seus pensamentos estão acima de qualquer tipo de crítica.

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Mas, apesar de tudo isto, Lady Catherine mostra-se uma peça chave no enredo. Ao visitar a amiga Charlotte em Rosings, propriedade de Lady Catherine, Lizzy voltou a contactar com Mr. Darcy, ouviu-lhe a declaração de amor, recebeu a fantástica carta em que Darcy admite que aconselhou o amigo Bingley a partir de Netherfield (e afastar-se de Jane) e onde também revela toda a verdade sobre Mr. Wickham. Muitas revelações aconteceram em Rosings. Considero este, um

dos pontos fulcrais da história. Se Lizzy fica revoltada com o facto de Darcy admitir o seu papel em relação ao amigo, por outro lado, é a partir daqui que as primeiras - erróneas - impressões começam a ser desfeitas.

Também é Lady Catherine de Bourgh quem dá o mote para a aproximação final entre Lizzy e Darcy. Quando Lady Catherine vai até Longbourn procurar Lizzy para esclarecer se ela estaria noiva do seu

sobrinho, a sua intenção era nitidamente evitar que isso acontecesse. Aos olhos de Lady Catherine, Darcy era noivo de sua filha e somente à ela estaria destinado. Mas ao fazer isso, ao procurar Lizzy, o efeito foi exactamente o contrário: acabou por uni-los e tornou-se um cupido involuntário. Lizzy tornou-se mais convicta do que nunca dos seus sentimentos e Darcy ganhou esperanças para (re)conquistar Lizzy. Este diálogo entre Lady Catherine e Lizzy é um dos trechos de que mais gosto e onde Lady Catherine, sem a capa de uma superficial civilidade revela toda a sua arrogância e autoritarismo.

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Georgiana Darcy Por Liliana Isabel

eorgiana Darcy é talvez das personagens de

Jane Austen que mais reflectem a mulher "ideal"

do tempo de Jane Austen: talentosa nas artes e prendada em todo o que faz. Mesmo assim não é uma personagem muito activa em toda a história, quer seja pelo tempo que temos conhecimento dela quer pela sua própria timidez e também o facto de ser bastante recatada.

Georgina é também bastante ingénua deixando-se levar pelos encantos de um falso príncipe encantado

chamado Wickham. Quererá no entanto dizer que tanta timidez signifique também algum orgulho e sentido de superioridade que muitas vezes encontramos no seu irmão Darcy? Apenas sabemos que é uma rapariga muito

querida e por quem Darcy e no fim também Elizabeth têm bastante apreço e carinho. Umas das forças motivadores do carácter de Darcy é precisamente o amor e carinho que sente pela sua irmã por quem faz tudo. Georgina tem muito orgulho no seu irmão e sente que ele é o seu verdadeiro salvador. Em tudo o que faz espera a aprovação do seu irmão. Darcy é quase como um pai para ela e não um irmão.

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Caroline, a Incompreendida Por Cátia Pereira

aroline Bingley é irmã de Mr. Bingley. Ao contrário do irmão que é uma pessoa amável e

simpática; ela é elitista, pedante, irónica, arrogante e superficial. A sua amabilidade resulta quase sempre de uma pretensão de civilidade socialmente exigida. Ao longo do livro, vemo-la constantemente a manifestar comentários menos simpáticos, alguns até desagradáveis, relativamente à família

Bennet. Ela, de certa forma, contribuiu para que acontecesse a partida do irmão de Netherfield e consequente separação entre o irmão e Jane Bennet. Mas apesar disto tudo, eu gosto de Caroline Bingley. Eu compreendo-a e sou solidária. Acho que ela é um pouco injustiçada e incompreendida.

Eu explico. Coloquem-se no lugar dela: surgem duas irmãs, uma que quer conquistar o seu irmão e a outra que quer roubar provavelmente o homem dos seus sonhos. Assim, de uma assentada só, vê diante dos seus olhos o risco de perder os dois homens da sua vida. Sendo que estas duas irmãs inserem-se numa família esquisita: mãe histérica, pai anti-social e as irmãs tolinhas.

Digam: quem é que gostaria de perder o Mr. Darcy para uma "fulana de tal" de uma terrinha qualquer quando a situação parecia dominada? Ou alguém tem alguma dúvida que a Caroline Bingley já devia ter o vestido de noiva e toda a cerimónia de casamento com Mr. Darcy delineada na cabeça? Inclusive, ainda tinha o facto de que tendo Jane Bennet com cunhada, ganharia um parentesco indesejado.

Eu, se fosse a Caroline, também não perderia a oportunidade de minimizar a beleza dos olhos castanhos de Lizzie.

E vocês, não fariam o mesmo?

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Mr e Mrs. Hurst Por Paula Freire Se a arrogância, o orgulho, a vaidade, a hipocrisia e a presunção estão presentes em "Orgulho e Preconceito" é também através personagem de Mrs Hurst, irmã de Mr. Bingley, amigo de Mr. Darcy.

Mrs Hurst casa com Mr. Hurst, homem sem fortuna, vulgar e despropositado em todas as ocasiões que tinha como grande filosofia de vida dormir, beber, caçar e comer em demasia. Se acaso algumas palavras conseguia pronunciar em jeito de conversa, estas limitavam-se à comida e à sua impaciência para caçar. Trata-se de um homem sem interesses válidos e desinteressantes.

Com um marido com tais características, Mrs Hurst que era uma mulher elegante, bonita e educada mostrava a sua hipocrisia. Afinal, soube intervir na relação do irmão com Miss Bennet por não considerar que esta estivesse à altura do irmão, mas não teve o mesmo discernimento para si... Em virtude deste casamento, Mrs Hurst faz da casa do irmão a sua própria casa.

É por demais evidente o cinismo de Mrs Hurst ao longo da história. É uma personagem que considero de adorno. Existe para mostrar a antipatia e a crítica que Jane Austen fazia às classes mais abastadas. Através deste casal, a autora evidencia a futilidade, o vazio e a presunção que via em tais classes em contraposição com as demais. Senhores de tudo, vivem, contudo, muitas vezes apenas da aparência.

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Charlotte Lucas Por Vera Santos

um choque para Lizzie e para nós leitores quando

Charlotte Lucas anuncia o

seu casamento com o Mr.

Collins. Como é que alguém que se apresenta como inteligente e sensível pode

casar com um

tolo

como o Collins? Charlotte

justifica-se dizendo que não é romântica.

Pessoalmente penso que Charlotte representa um certo tipo de mulher que ainda existe actualmente, daí ter pedido para falar sobre ela.

Nos tempos de Jane Austen ter 27 anos e ser solteira, é olhar para o futuro e ver-se a si mesma como um fardo para a família, as hipóteses de casar já não serão muitas, para não dizer nenhumas, eis que surge Collins e Charlotte agarra aquilo que a vida lhe oferece, como consegue ela a proposta não nos é revelado...

Ainda hoje apesar de os tempos serem outros, há muitas mulheres que casam

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para não morrerem solteiras, daí eu achar a Charlotte uma mulher moderna. Até que ponto uma união assim poderá mais tarde revelar-se em amor nunca saberemos, mas sabemos que pouco tempo

depois quando Lizzie a visita, Charlotte fala de como encoraja o marido a tratar do jardim e parece ser feliz por haver dias em que raramente se vêem.

O papel de Charlotte

Lucas, não é meramente o de melhor amiga de Elizabeth. Há um claro objectivo de criticar as mulheres que casam por motivos financeiros e fazer a oposição a Lizzie que certamente prefere não casar a ter de fazê-lo por interesse.

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Sir Lucas e Maria Lucas Por Paula Freire

Mr. Lucas é uma personagem que a todos cativa. Trata-se de um homem que se desfaz em atenções para com os outros sujeitando-se algumas vezes ao ridículo. Pai de Charlotte Lucas, a melhor amiga de Elizabeth Bennet, é de trato amistoso, inofensivo e obsequiador.

Fora comerciante em Meryton e fizera fortuna razoável. O seu mandato como presidente do município valeu-lhe um título por ocasião de um discurso proferido pelo rei.

Passou então a gozar do título e afastou-se do seu negócio. Por isso, quando a sua filha mais velha se precipita para um casamento com Mr. Collins, ele encara-o como uma bênção e apenas vê vantagens naquele enlace. Não consegue alcançar o ridículo da situação que é ver a sua filha casada com um homem que pouco tem para lhe oferecer em todos os aspectos, não obstante ser o herdeiro de Mr. Bennet.

É também pai de Maria Lucas. Rapariga igualmente de bom trato e ingénua que viaja com Elizabeth e seu pai aquando da visita daquela a Charlotte. Vive num mundo encantado e

deslumbra-se com todas as pessoas que não sejam da sua classe. Tem muita consciência da sua

condição o que a leva a exagerar em algumas ocasiões por se deixar intimidar pela opinião de, por exemplo, Lady Catherine.

São mais duas personagens de adorno neste encantador enredo que constitui "Orgulho e Preconceito".

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Quem desejar ver o seu texto publicado na Revista Jane Austen Portugal, basta enviar um email para [email protected] com o artigo

até dia 30 de Abril de 2011 – mais informações em www.wix.com/janeaustenpt/janeaustenportugal

O tema da próxima edição é:

O Parque de Mansfield

Colaboradoras nesta Edição:

Cátia Pereira Clara Ferreira Eva Sousa Fátima Velez de Castro Laura Silva Liliana Isabel Marina Nunes Paula Freire Vera Santos

Conteúdo original © Jane Austen Portugal