jane ferreira neto

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  • 7/26/2019 Jane Ferreira Neto

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    UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES

    PR-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

    DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

    PROJETO A VEZ DO MESTRE

    A IMPORTNCIA DA LEITURA NA ALFABETIZAO E NA FORMAOESCOLAR

    JANE FERREIRA NETO

    ORIENTADOR:

    Prof. CARLOS ALBERTO CEREJA

    RIO DE JANEIRO

    JUNHO/2002

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    UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES

    PR-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

    DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

    PROJETO A VEZ DO MESTRE

    A IMPORTNCIA DA LEITURA NA ALFABETIZAO E NA FORMAOESCOLAR

    JANE FERREIRA NETO

    Trabalho monogrfico apresentado como

    requisito parcial para a obteno do Grau de

    Especialista em Psicopedagogia

    RIO DE JANEIRO

    JUNHO/2002

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    Trs coisas so necessrias

    para uma vida feliz: a beno

    de Deus, um amigo e boasleituras.

    Lacordaire

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    SUMRIO

    RESUMO.................................................................................................................5

    1 INTRODUO......................................................................................................6

    2 O QUE LER.......................................................................................................8

    3 LEITURA: CONCEITO E NATUREZA..................................................................9

    4 FUNES DA LEITURA....................................................................................10

    5 OS TIPOS DE LEITOR.......................................................................................11

    6 PRINCIPAIS TIPOS DE LEITURA.....................................................................12

    6.1 As dificuldades da Leitura................................................................................14

    6.2 Fatores que inibem o Desenvolvimento da Leitura..........................................15

    7 BIBLIOTECA ESCOLAR.....................................................................................17

    8 O PROFESSOR E A CONQUISTA DO LEITOR PERMANENTE......................19

    8.1 Atividades para promover o interesse pela Leitura.........................................20

    9 PR-LEITURA: PERSPECTIVAS PARA O FUTURO.......................................239.1 Ler, Escrever e Dizer: o caminho para a Escrita.............................................24

    9.2 Alfabetizao: crianas tratadas com todo o respeito.....................................25

    CONCLUSO........................................................................................................27

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................................28

    ANEXOS

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    RESUMO

    O trabalho mostra as atividades, os interesses e as fases da leitura

    que se fazem presente em todos os nveis educacionais, possibilitando a

    aquisio de diferentes pontos de vista e alargamento de experincias. Uma real

    contribuio na forma de incentivo leitura com alunos de alfabetizao e de 1.

    4. sries.

    Difundindo leitura entre as crianas estimula-se o ato de escrever.

    Escrever e ler so atos complementares: um no pode existir sem o outro.A importncia das tcnicas de incentivo ao hbito de leitura aqui

    expostas visam tentar desenvolver projetos, que nos permitam atingir os objetivos

    aqui propostos: aperfeioar a formao do professor e facilitar o acesso ao livro

    em sala de aula para que, a partir da criana e do jovem, se forme o leitor crtico,

    consciente dos seus direitos e deveres.

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    1- INTRODUO

    A leitura j foi considerada apenas como um meio de receber

    informaes como mensagens importantes. Hoje em dia, a pesquisa nesse

    campo definiu o ato de ler como um processo mental de vrios nveis, que tanto

    contribui para o desenvolvimento intelectual.

    A leitura uma forma exemplar de aprendizagem, um dos meios

    mais eficazes de desenvolvimento sistemtico da linguagem e da personalidade.

    Segundo Bamberger, a leitura favorece a renovao das

    barreiras educacionais de que tanto se fala, concedendo oportunidades maisjustas de Educao principalmente atravs da promoo do desenvolvimento da

    linguagem e do exerccio intelectual, e aumenta a possibilidade de normalizao

    da situao pessoal de um indivduo. (Bamberger, 1986, p.11)

    Os livros so to importantes hoje quanto no passado. So o que tm

    sido h sculos: portadores do conhecimento de uma gerao para

    outra (e dificilmente podero ser ultrapassados por qualquer outro meio de

    transmisso das descobertas intelectuais), pedras angulares da vida intelectual eemocional. Para os jovens leitores, os bons livros correspondem s suas

    necessidades Internas de modelos e idias, de amor, segurana e convico.

    Ajudam a dominar os problemas ticos, morais e sociopolticos da vida,

    proporcionando-lhes casos exemplares, auxiliando na formulao de perguntas

    e respostas correspondentes.

    A leitura e os livros tm hoje um novo significado e j no basta a

    uma pessoa completar sua educao escolar. O progresso da cincia e datecnologia se processa num rtmo tal que a instruo que hoje ministramos ser

    considerada insuficiente amanh. A tarefa do futuro a educao permanente.

    Todo ser humano pode ser ajudado pelos livros a se desenvolver

    sua maneira, podeaumentar sua capacidade crtica e aprender a fazer escolha

    entre a massa da produo geral dos meios de comunicao.

    Pela primeira vez na histria, a leitura deixa de ser privilgio de

    uma pequena parcela da nossa sociedade; tornou-se indispensvel que um

    nmero maior de pessoas leia. Alm disso, em face da riqueza infinita e

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    constantemente ampliada de assuntos e reas de informao a serem

    publicadas, a escolha individual cada vez mais importante.

    Comparada ao cinema, ao rdio e televiso, a leitura tem

    vantagens nicas. Em vez de precisar escolher dentre uma variedade limitada,

    posta sua disposio por cortesia do patrocinador comercial, ou entre os

    filmes disponveis no momento, o leitor pode escolher dentre os melhores

    escritos do presente ou do passado. L onde e quando mais lhe convm, no

    rtmo que mais lhe agrada, podendo retardar ou apressar a leitura, interromp-

    la, reler ou parar para refletir, a seu bel-prazer. L o que, quando, onde e como

    bem entende. Essa flexibilidade garante o interesse contnuo pela leitura, tanto

    em relao educao quanto ao entretenimento.Stainer salienta quatro pontos importantes relativos natureza

    e ao processo da leitura:

    a) incentivo ao pleno uso das potencialidades do indivduo em sua

    leitura, de modo a influir ao mximo no seu bem-estar e lev-lo auto-realizao;

    b) emprego eficiente da leitura como um instrumento de

    aprendizado e crtica e tambm de relaxamento e diverso;

    c) ampliao constante dos interesses de leitura dos estudantes;

    d) estmulo a atitudes que levem a um interesse permanente pela

    leitura de muitos gneros e para inmeros fins.

    Para que se revelem vantajosas as pesquisas no campo da leiturae a experincia do ensino moderno da leitura, preciso encontrar meios de

    aplic-las no trabalho prtico. So necessrias as atividades que pem os

    jovens em contato direto e indireto com livros, sobretudo na escola, na

    biblioteca e nos grupos de jovens.

    Bons livros, escritos num estilo vivo e seguindo uma trama

    emocionante, que obriga o leitor a participar, podem oferecer matria para

    reflexo, alm de conhecimentos bsicos sobre o assunto. Existem vrias

    maneiras de utilizar os livros como base de discusso; todas as crianas

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    podem, por exemplo, ler o mesmo livro e depois discutir o seu significado,

    ou tambm vrios livros que tratam do mesmo assunto visto por prismas

    diferentes podem ser lidos e discutidos.

    especialmente importante que os mediadores e pregadores

    nessas reas utilizem os resultados da pesquisa e as experincias

    prticas aqui apresentadas quando prestam alguma informao sobre leitura

    ou literatura. (Stainer, 1973, p.61-8).

    2-O QUE LER

    Segundo Vargas, a criana inicia seu aprendizado a partir de sentidos

    anteriores aos da viso: aprende a respirar e, aos poucos, troca um modo de viver

    por outro, percebendo novas realidades atravs do tato, olfato, paladar, etc.

    Adaptar seus instintos as condies que o meio lhe oferece, estabelecendo desse

    modo relaes de sentido para acompanhar o sigiloso mover-se da vida.

    A palavra ler vem do latim legere, significando lere colher. A leituraconstitui-se numa das atividades humanas essenciais: penso, falo, ouo, escrevo

    e leio. (Vargas, 1993, p.5).

    A leitura tem efeitos sobre o indivduo como forma de conhecimento e

    reconhecimento da realidade.

    O ato de ler adquire importncia fundamental, porque o meio de

    facilitar a comunicao entre as pessoas, difundindo idias, sentimentos e

    interligando inteligncia, coraes e vontades. O ato de ler incompleto sem oato de escrever. Um no pode existir sem o outro.

    Ler aprender a redigir. S aprendemos a escrever bem depois de

    aprender a ler. atravs da leitura que tomamos lies de estilo. Fazendo uma

    leitura atenta, descobrimos as sutilezas do estilo do autor.

    O desenvolvimento do nosso modo de ler nos leva a um crculo vic ioso

    extremamente til: exigimos mais livros, os quais, por serem bons livros, exigem

    mais de ns. Ler situar-se socialmente entre aqueles que so responsveis, que

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    tm idias, que sabem, podem e tm o direito de discutir (voc nunca leu nada,

    no pode saber). Ler tambm poder justificar-se (eu l que, deve-se ter lido...)

    3-LEITURA: CONCEITO E NATUREZA

    No h dvida de que a leitura desempenha um papel fundamental, tanto a

    nvel individual como coletivo, pois o indivduo que l est contribuindo para o seu

    enriquecimento pessoal e para sua compreenso do mundo; paralelamente, o

    crescimento econmico de uma nao depende em grande parte do grau deinstruo de seu povo.

    A leitura uma forma exemplar de aprendizagem. Estudos psicolgicos

    revelaram que o aprimoramento da capacidade de ler tambm redunda no da

    capacidade de aprender como um todo, indo muito alm da mera recepo. A boa

    leitura uma confrontao crtica com o texto e as idias do autor.

    A leitura a reconstruo de uma obra nova pelo leitor.

    A leitura no comparvel a nenhum outro meio de aprendizagem e decomunicao, porque ela tem um rtmo que governado pela vontade do leitor; a

    leitura abre espaos de interrogao, de meditao e de exame crtico, isto , de

    liberdade; a leitura uma correspondncia no s com o livro, mas tambm com

    o nosso interior atravs do mundo que o livro nos abre.

    A leitura essencial para a compreenso de escrever, ou seja, s quando

    l-se o texto e este nos estimula a escrever ou criar apartir dele, que o crculo

    se fecha.Segundo Bamberger, o ensino da leitura deveria corresponder percepo

    que conseguimos da natureza da leitura. Processo complexo, a leitura

    compreende vrias fases de desenvolvimento. Antes de mais nada, um

    processo perceptivo durante o qual se reconhecem smbolos.

    A atividade de leitura se faz presente em todos os nveis educacionais das

    sociedades letradas. Tal presena, sem dvida marcante a abrangente, comea

    no perodo de alfabetizao, quando a criana passa a compreender o significado

    potencial de mensagens registradas atravs da escrita. Aps esta fase de

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    iniciao, o aluno continua a se encontrar com livros-textos ao longo de toda a

    sua trajetria acadmica.

    A habilidade de ler perfeitamente no consiste na capacidade bem

    treinada de combinar sons em palavras e unidades de pensamento, mas no

    reconhecimento imediato de grupos armazenados de palavras. (Bamberger,

    1986, p.23).

    Escrever e ler so atos complementares: um no pode existir sem o outro.

    O atode ler envolve uma direo da conscincia para a expresso referencial

    escrita, capaz de guiar pensamento e doao do significado.

    A leitura (ou a resultante do ato de se atribuir um significado ao discurso

    escrito) passa a ser , ento, uma via de acesso participao do homem nassociedades letradas na medida em que permite a entrada e a participao no

    mundo da escrita.

    4-FUNES DA LEITURA

    1) leitura uma atividade essencial a qualquer rea do conhecimento e

    mais essencial ainda prpria vida do ser humano.

    O patrimnio simblico do homem contm uma herana cultural registrada

    pela escrita. Estar com e no mundo pressupe, ento, atos de criao

    direcionados a essa herana, uma das formas do homem se situar com o

    mundo de forma a dinamiz-lo.

    2) leitura est intimamente relacionada com a sucesso acadmica do serque aprende; e, contrariamente, evaso escolar.

    Modernamente, a escola a principal responsvel pelo ensino do ler e

    escrever. Apesar da presena marcante dos meios audiovisuais na sociedade em

    geral, a escola ainda parece utilizar o livro como o principal instrumento de

    aprendizagem nas diferentes disciplinas. No ser alfabetizado adequadamente

    pode significar grandes dificuldades (quase sempre frustradoras) na aquisio do

    currculo escolar.

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    3) leitura um dos principais instrumentos que permite ao ser humano

    situar-se com os outros, de discusso e de crtica para se poder chegar praxis.

    O contexto da maioria das escolas nacionais ainda est longe de outros

    recursos de conscientizao (a cincia e a cultura chegam s escolas atravs do

    livro; negar isto formar o modelo da escola ideal, mas no considerar

    concretamente as escolas.

    4) a facilitao da aprendizagem eficiente da leitura um dos principais

    recursos de que o professor dispe para combater a massificao galopante,

    executada principalmente pela televiso.

    Mesmo com a presena marcante de outros meios de comunicao, o livro

    permanece como o veculo mais importante para a criao, transmisso etransformao da cultura.

    5) a leitura, possibilitando a aquisio de diferentes pontos de vista e

    alargamento de experincias, parece ser o nico meio de desenvolver a

    originalidade e autenticidade dos seres que aprendem.

    A tecnologia exigida na instalao de certos recursos eletrnicos nas

    escolas brasileiras parece envolver custos que as autoridades no se predispem

    a pagar. Por outro lado, a utilizao desses recursos depende de atualizao etreinamento dos professores. O livro, dadas as suas condies de produo e

    manuseio, levante-se como o recurso mais prtico para a difuso do

    conhecimento no meio escolar.

    5-OS TIPOS DE LEITORES

    Os interesses e as motivaes para a leitura diferem no s para vrios

    grupos de idade como tambm para cada tipo particular de leitor.

    Ao aconselhar leitores, Bamberger enfatiza quatro tipos de leitores:

    1) o tipo romntico, preferncia pelo mgico. Tipo especialmente

    conspcuo entre as idades 9 a 11 anos, quando entre as crianas

    so mais suscetveis as histrias ambientais ou no-fico;

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    2) o tipo realista. Reconhecvel, acima de tudo, pela rejeio do

    chamado livro fantstico (Alice no pas das maravilhas, As

    aventuras do Baro de Mnchausen, Dom Quixote, etc.).

    Tambm est ausente o amor dos contos de fadas e das histrias

    de aventuras improvveis. Esse tipo notabiliza-se particularmente

    como exceo da segunda e da quarta fase de leitura;

    3) O tipo intelectual. Busca razes, quer tudo explicado, gosta de

    material instrutivo, procura a moral ou vantagem prtica de uma

    histria. Prefere, portanto, a no-fico e deseja aprender cedo.

    Destaca-se do leitor mdio sobretudo na quarta e na quinta idadede leitura;

    4) O tipo esttico. Gosta do som das palavras, do rtmo e da rima.

    Predileo especial pela poesia, gosta de decorar poemas, copia os

    trechos bonitos dos livros, rel com frequncia. raro, mas

    encontra-se em todos os grupos de idade. (Bamberger, 1986, p.36).

    6-PRINCIPAIS TIPOS DE LEITURA

    Giehrl refere-se, em seu estudo der julge leser que h quatro tipos

    primrios:

    1) leitura informativaconsiderada como o tipo mais frequente e maisgenrico. Isso, naturalmente, s vale para adultos. A principal

    motivao para a leitura informativa a necessidade de orientao

    na vida e no mundo.

    A informao escrita merece mais confiana do que a oral, pois a

    primeira, sendo preto no branco, mais fcil de lembrar e verificar. Tambm tem

    essa vantagem sobre a informao audiovisual, que, de um modo geral, s se

    apresenta incidentalmente atravs da televiso.

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    A importncia da leitura informativa explicada pela extraordinria

    importncia da informao tanto para a nossa vida pessoal quanto comunitria.

    A necessidade de informao tambm tem efeitos negativos, quando se

    converte em meio de satisfazer curiosidade e nsia de sensacionalismo,

    expresso na leitura de notcias de crimes, etc. Por conseguinte, a orientao no

    uso correto da informao, a compreenso, a interpretao e a anlise do

    contedo so elementos importantes no desenvolvimento da motivao para ler.

    2) leitura escapista remonta necessidade de satisfazer desejos.

    Esse tipo de leitura, com certeza, predomina entre as crianas. A

    pessoa deseja escapar realidade, viver num mundo semresponsabilidade nem limites. O amor de todos os povos pelos

    contos de fadas, que mais tarde passou dos adultos para as

    crianas, prova disso. Considerada s pelo contedo, a leitura

    escapista predominantemente negativa. A fuga para um mundo

    de sonhos, para uma atmosfera, uma iluso, uma sensao, uma

    tenso e um estmulo ertico avulta em primeiro plano. O que no

    se encontra na vida (xito, prestgio e prazer) procura-se nomaterial de leitura. Revistas ilustradas e romances baratos devem

    sua existncia propenso para a leitura escapista.

    3) leitura literria tambm constitui uma busca alm da realidade.

    Procura o significado interno, o reconhecimento do simblico nos

    acontecimentos cotidianos. Quando pensamos num bom-leitor,

    vem-nos mente o leitor literrio, para o qual a leitura umaexperincia esttica.

    Infelizmente, nem 5% das pessoas se conservam como leitores desse

    tipo durante a vida inteira, embora seja esse o primeiro objetivo da educao

    literria. Qualquer pessoa experimentada no trabalho prtico precisa perguntar se

    o estudo da literatura na escola no acaba afastando mais do que aproximando

    os alunos dela. Nesse contexto, tambm importante notar que, apesar do

    grande desenvolvimento feito pela interpretao da literatura nas ltimas dcadas,

    a capacidade de leitura literria e o amor pela literatura no aumentaram.

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    Se quisermos cultivar a leitura literria precisamos nos lembrar de que a

    literatura oferece possibilidades suficientes para que cada leitor possa desfrut---

    la de acordo com suas necessidades e seus mtodos, e que devemos ser

    cautelosos ao ajudar o leitor a descobrir seu mtodo.

    4) leitura cognitivatem a mesma motivao que a filosofia: o anseio

    do conhecimento e da compreenso de si mesmo, dos outros e do

    mundo. A leitura cognitiva basicamente uma leitura especulativa

    que exige grande dose de atividade intelectual da parte do leitor,

    compreenso crtica e capacidade receptiva. Sem embargo disso, a

    leitura cognitiva por um jornal pode provocar reflexo, assim comoprovocam a literatura cientfica, o material religioso ou a literatura

    pura. (Giehrl, 1986, p.41-2).

    6.1-As dificuldades da Leitura

    Quando uma criana pega um livro para ler e logo em seguida o deixa de

    lado, isso significa um retrocesso no desenvolvimento da leitura. No que o livro

    no seja interessante o suficiente, mas ele muito difcil e exige demais das

    habilidades de leitura da criana. importante fazer uma seleo de livros de

    acordo com o seu nvel de dificuldade, principalmente quando se trata de crianas

    que tm problemas de leitura.

    Algumas das dificuldades de um texto sob vrios pontos de vista:

    1) as dificuldades do texto do ponto de vista da forma: so decisivos o

    comprimento mdio das sentenas das palavras, a frequncia das

    palavras (determinada com um dicionrio de frequncia), e a

    frequncia da repetio das palavras (critrio de facilidade de um

    texto).

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    2) as dificuldades do texto do ponto de vista do contedo: s podem

    ser avaliadas no contexto da fase de escolarizao em que se

    encontra o leitor. Tanto o seu treinamento formal quanto o seu

    interesse por deteminados assuntos desempenham aqui um papel

    importante. Os leitores que se interessam por livros histricos, por

    exemplo, dominam com prazer livros mais difceis.

    3) a atrao emocional do texto ou dos elementos humanos: a

    pesquisa sobre a influncia da leitura feita nos Estados Unidos, na

    Alemanha e na ustria mostrou que certas qualidades do material

    de leitura so especialmente importantes no s para a motivao,mas tambm para o efeito da leitura. O estudo realizado pelo

    Instituto Internacional de Literatura Infantil e Pesquisa sobre leitura

    a respeito dos livros infantis mais populares tambm mostrou que

    os livros preferidos eram todos vividos e tinham atrao emocional.

    Idealizaram-se vrias frmulas de legibilidade a fim de ajudar a

    determinar objetivamente a dificuldade de um texto. Nos Estados

    Unidos existem mais de cinquenta frmulas desse gnero. A deSpache ajusta-se particularmente primeira idade de leitura e a de

    Dale-Chall aos nveis mdios e superior.

    O Instituto Internacional de Literatura Infantil e Pesquisa sobre leitura,

    de Viena est trabalhando no desenvolvimento de vrias possibilidades para rea

    de lngua alem, combinando a forma do texto com o progresso na leitura (teses),

    bem como o desenvolvimento da linguagem.

    6.2-Fatores que inibem o Desenvolvimento da Leitura

    Segundo Bamberger, cabe a ns evitar qualquer influncia que atalhe o

    desenvolvimento natural da leitura, e salienta alguns pontos importantes:

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    1) as crianas no so adultos em miniatura e, por isso mesmo, as

    motivaes baseadas na razo so quase todas

    ineficientes. Entretanto no se leva em considerao muitas vezes,

    a predominncia do impulso para brincar nos primeiros anos

    de escola. Aqui se cometem erros principalmente pela nfase

    excessiva dada aos exerccios de habilidade na leitura.

    2) a idia fundamental de que necessrio treinar especialmente

    aspectos isolados da tcnica de leitura pode prejudicar o

    desenvolvimento do interesse pela leitura.

    3) os hbitos tradicionais na metodologia do ensino da leitura afastam a

    criana do contedo do texto e, portanto, do interesse pela leitura:

    - o texto lido automtica e sucessivamente. O professor limita-se a

    dizer: outro e a criana seguinte comea. A ateno do aluno

    concentra-se em comear a leitura no ponto certo (se ele vier a ser

    chamado). Na leitura oral outro aluno chamado logo depois de

    algumas sentenas . O leitor no consegue sentir a atmosfera e ortmo do texto e no aprende, assim, a valoriz-los.

    - muitas escolas tm um nico livro de leitura para todo o ano

    escolar, o eu torna necessrio a frequente repetio de alguns

    textos. Dessa maneira, o interesse pelo texto se transforma em

    averso e antipatia.

    - quando se usa apenas um livro de leitura lem-se repetidamente

    textos j conhecidos. Por que haveriam as crianas de escut-loscom interesse? a leitura de novos textos a nica maneira de

    estabelecer uma relao entre leitor/ouvinte e o interesse pelo

    contedo.

    - os professores, muitas vezes, corrigem de pronto (ou deixam que

    outros alunos o faam) todo e qualquer erro cometido na leitura

    oral. O leitor, portanto, fica to preocupado com a possibilidade de

    errar que no pode pensar no significado do texto. Os erros devem

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    ser discutidos depois de concludo o trecho, dando-se maior nfase

    aos conselhos de ordem geral do que aos erros isolados.

    4) rigorosa separao entre a leitura feita na escola e a leitura

    particular. Somente o professor que encara a leitura do aluno como

    um todo realmente capaz de formar leitores. (Bamberger, 1986,

    p.54-58).

    7-A BIBLIOTECA ESCOLAR

    Segundo Sandroni e Machado, a biblioteca escolar a coleo de todos os

    materiais educativos da escola, catlogos de acordo com uma norma geral. Os

    materiais de determinadas disciplinas (laboratrios por exemplo) no pertencero

    biblioteca, embora possam ser classificados e registrados segundo a mesma

    norma. importante que cada biblioteca escolar tenha seu prprio catlogo.

    (Sandroni e Machado, 1987, p.77).A biblioteca uma funo dentro da escola. Portanto, o seu xito e o seu

    valor dependem mais do seu modo de atuao que do quantitativo de sua

    coleo.

    Pela falta de uma tradio de uso do livro como instrumento de estudo,

    pesquisa, consulta ou lazer, a utilizao dos mtodos de ensino no adaptada

    individualizao da aprendizagem, que os professores no esto habituados a

    usar diferentes tipos de livros e diferentes tipos de situao de aprendizagem, hcarncia de bibliotecrios habilitados a organizar colees de materiais de ensino,

    alm da ausncia de uma tradio de uso de tcnicas audiovisuais.

    H trs possibilidades bsicas para instalao de bibliotecas nas escolas:

    1) os livros podero permanecer num depsito (sala, estante, armrio,

    etc.);

    2) estaro guardados numa sala central que funcionar como

    biblioteca;

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    3) ou sero guardados nas diferentes salas de aula, constituindo

    bibliotecas de classe.

    Uma possibilidade no exclui as outras e, conforme a escola, os trs

    tipos podem ser combinados ou existir isoladamente.

    Para estabelecer uma biblioteca escolar que funcione efetivamente,

    necessrio mant-la aberta durante todo o horrio de aulas e ter permanente

    controle das colees. Para que isso seja alcanado, tero de ser envolvidos,

    basicamente, o Bibliotecrio escolar, o professor de turma e funcionrios

    especializados dos CRECs (Centro Regional de Educao e Cultura).

    Segundo Sandroni e Machado, a localizao em reas urbanas de

    ocupao recente de grande parte das escolas municipais visa atender a umapopulao de baixa renda, em cuja composio se destaca o migrante. As

    condies de vidas, nesses novos ncleos residenciais, colocam dificuldades

    participao de seus moradores em inmeros aspectos da vida da metrpole.

    Cabe escola suprir, assim, necessidades impostas pelas deficincias de

    equipamento urbano. A sala de leitura da escola municipal desempenha, portanto,

    importante papel, j que freqente o emprstimo de livros a familiares de alunos

    e membros da comunidade. (Sandroni e Machado, 1987, p.89-92).As atribuies do profissional encarregado, na sala de leitura, so:

    - planejar e organizar atividades tcnicas e administrativas da sala;

    - colocar ao alcance do corpo tcnico, docente e discente, os

    recursos bibliogrficos , dando informaes e facilitando o estudo e

    a pesquisa;

    -

    desenvolver atividades que complementem o trabalho do professorregente de classe em relao ao Centro Regional de Educao e

    Cultura ao desenvolvimento de atitudes, hbitos e habilidade de

    leitura.

    necessrio proceder ao treinamento de todo o pessoal docente da

    unidade escolar, para o trabalho regular em tcnicas de leitura fundamental, nas

    primeiras sries, e para o conhecimento de tcnicas para a formao de

    hab ilidades de estudo, principalmente nas sries mais adiantadas. Tambm

    importante a formao da equipe docente em literatura infantil e juvenil.

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    As dificuldades expanso do programa biblioteca escolar encontram-se

    relacionadas, de modo geral, ausncia de estrutura de apoio. A extenso no

    pode ser feita em detrimento da manuteno do nvel de qualidade j obtido

    atravs da programao existente.

    A continuidade do atendimento e o desenvolvimento de novos projetos nas

    unidades escolares integradas constituem aspectos que exigem no apenas a

    alocao de verbas especiais, mas tambm a existncia de pessoal especializado

    estvel. No acompanhamento do trabalho na escola coloca-se ainda um srio

    obstculo: as dificuldades de locomoo existentes na rea metropolitana quanto

    s precariedades das vias de acesso e dos meios de transporte.

    8-O PROFESSOR E A CONQUISTA DO LEITOR PERMANENTE

    O desenvolvimento de interesses e hbitos de leitura se faz num processo

    constante que se inicia com a famlia, refora-se na escola e continua ao longo da

    existncia do indivduo, atravs das influncias recebidas da atmosfera culturalde que ele participa.

    O professor responsvel pelo desenvolvimento de um currculo escolar

    cada vez mais diversificado nem sempre consegue concentrar sua ateno na

    importante tarefa de formar leitores.

    Esforos realizados por parte de especialistas e daqueles que se

    preocupam com o problema do livro e da leitura como meio de desenvolvimento

    humano tm chamado a ateno das autoridades educacionais para aresponsabilidade da escola na formao do leitor permanente. Comea-se hoje a

    reconhecer que escola no cabe apenas ensinar a ler ou fornecer

    informaes, mas enriquecer o aluno com a aquisio de instrumentos para o

    seu processo de permanente autoformao.

    Com apoio na criao de uma biblioteca de classe, cujo acervo dever

    atender sobretudo aos interesses e caractersticas da clientela a que se destina, o

    professor desenvolver, horrios estipulados, atividades que faro do livro e da

    leitura o centro de interesse da classe. O acesso s escolas, para pesquisas

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    nessa rea, depende muito das exigncias curriculares, de interesse e

    disponibilidade da direo e dos professores. Da a experincia extra-escolar se

    tornar uma alternativa, ainda que rara, para propiciar o contato espontneo com

    os livros e para testar mtodos e recursos, obtendo dados sobre condies de

    receptividade e possveis meios de transformao da relao adulto-livro-criana,

    favorecendo no s o gosto pela leitura como o crescimento do leitor em

    potencial, tornando-se um leitor crtico.

    Os bons livros infantis so o fundamento do ensino da leitura. Os

    interesses pelo enredo e pelo destino das personagens leva a criana a terminar

    o livro num curto prazo de tempo. Quando isso acontece, obtm-se o efeito

    prtico to necessrio compreenso na leitura. nesse ponto que a influnciada sala de aula se combina com as inclinaes na esfera pessoal. Mais

    importante, porm, do que toda a leitura feita na escola a influncia do

    professor sobre os hbitos particulares de leitura.

    Alm das cartilhas habituais, devem ser usados, desde o princpio, os

    textos tirados da vida prtica. Assim, as crianas aprendem que a leitura

    tambm essencial para fins prticos: elas lem instrues de trabalho, sinais de

    trnsito, proibies, guias de viagem, catlogos de lojas, etc. Entretanto, fundamental que se oferea grande quantidade de material de leitura capaz de

    interessar e divertir os alunos, no s aumentando a sua capacidade de leitura,

    como, tambm induzindo a um permanente hbito de leitura.

    8.1-Atividades para promover o interesse pela Leitura

    Segundo Bamberger, para que se revelem vantajosas as pesquisas no

    campo da leitura preciso encontrar meios de aplic-las no trabalho prtico. So

    necessrias atividades que coloquem os jovens em contato direto ou indireto com

    livros, sobretudo na escola, na biblioteca e nos grupos jovens. Tais como:

    1) leitura em voz alta e relato de histrias a leitura em voz alta e o

    relato de histrias que ofeream vigorosa motivao para a leitura

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    pessoal so empreendidos com facilidade nas escolas, nas bibliotecas,

    creches e nos jardins de infncia. Ler em voz alta uma histria at

    chegar a um trecho emocionante, de modo que a expectativa da

    criana seja de tal forma despertada que ela queira continuar lendo por

    conta prpria, um mtodo que tem tido muito xito;

    2) mostras de livros com discusses o Bibliotecrio apresenta

    diversos livros interessantes ao mesmo tempo;

    3) autores lem trechos de suas obraso contato pessoal com o autor

    aumenta o interesse. Tais contextos podem ser organizados embibliotecas, escolas e jardins de infncia;

    4) cursos, reunies e outros acontecimentos informativos sobre o

    contedo da leitura das crianasos livros deveriam ser levados

    em maior considerao, tanto no treinamento prvio do professor,

    quanto no exerccio da profisso, assim como na educao dos

    pais. Reunies e seminrios, geralmente combinados comexposies e discusses, so altamente recomendados, e o campo

    de ao no deve limitar-se ao trabalho na escola e na biblioteca,

    mas deve tambm incluir o trabalho em grupos de jovens, clubes e

    nos meios de comunicao de massa;

    5) clubes do livro e de leituraalm de tornar os livros acessveis, os

    clubes do livro devem desenvolver uma srie de outras atividadespara incentivar o interesse pela leitura;

    6) exposio de livros as melhores exposies so as que

    combinam com acontecimentos como as leituras feitas por autores.

    A mostra de livros necessita de anncios e cartazes informativos e

    convidativos, as listas e outros materiais de propaganda so

    essenciais;

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    7) ouvir ou olhar, ler, discutiros livros e os meios de comunicao

    audiovisuais no devem ser vistos como adversrios, e sim como

    meios interagentes a que os jovens devem ser apresentados. Os

    meios de comunicao de massa oferecem estmulos educacionais,

    estimulam a imaginao, despertam a curiosidade e o desejo de

    aprender, mas preciso completar com livros o que se ouve e o

    que se v;

    8) propaganda de livros as informaes acerca de livros

    freqentemente no ultrapassam o crculo dos interessados por

    leitura e bibliotecas. A propaganda nas escolas, creches e nosjardins de infncia oferece inmeras possibilidades.

    9) programas de livros nos meios de comunicao de massa para

    poderem promover hbitos de leitura, os livros precisam ser levados

    com maior freqncia aos programas infantis e aos programas

    educativos, tanto direta como indiretamente. Esses programas

    incluem discusses sobre livros, filmes, exposies e relatriossobre leituras e entrevistas com autores;

    10) induo leitura o programa de induo leitura tem trs

    passos:

    1. introduoem que se fala sobre o livro e se l em voz alta;

    2. leitura silenciosa na sala de aula e em casa;

    3. discusso na escola, sobre o livro lido.;

    11) desenhando histrias quando se desenham figuras e cenas de

    um livro, aumenta-se o interesse pelo livro e a compreenso dele;

    12) os livros como base de discusso a conversa um elemento

    indispensvel ao desenvolvimento de interesses comuns autnticos

    e a discusso tem um papel importante em nossa sociedade, tanto

    para adultos quanto para os jovens.

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    A discusso que conduz leitura pode ser inspirada por notcia de

    televiso ou dos jornais, ou se escolhem assuntos gerais de interesse para

    crianas, que proporcionem um bom tema de discusso, com argumentos pr e

    contra.

    9-PR-LEITURA: PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

    Bibliotecas escolares cheias de crianas curiosas. Alunos que descobrem

    que o livro d assunto para conversas e brincadeiras. Educadoras que despertempara o fato de que a literatura tem de fazer parte de seus planos de trabalho com

    crianas, e professores entusiasmados que s agora aprenderam a saborear o

    texto literrio. Situaes como estas podem acontecer e em alguns estados

    brasileiros j ocorrem. As escolas que desenvolvem o pr-leitura, um projeto

    criado em 1991, faz parte do programa de Cooperativa Educativa Brasil-Frana,

    desenvolvido pelo MEC e pela Embaixada da Frana, esto realizando este

    trabalho.A idia simples. A universidade, o magistrio e a escola de 1. grau so

    convidados para dar as mos e formar uma grande roda de leitura. na verdade,

    um trabalho de capacitao de professores, no qual o 1., 2. e 3. graus se

    realimentam mutuamente para garantir a qualidade do ensino. A prtica da sala

    de aula cria subsdios para a pesquisa pedaggica e a teorizao na rea da

    leitura.

    Duas profissionais especialistas na rea de promoo da leitura, foramchamadas para trabalhar como animadoras da sala de leitura. Foram elas que

    ensinaram os professores de 1. grau a contar histrias e a desenvolver atividades

    sobre o livro lido. As turmas do pr 4. srie passaram a ter oficinas semanais de

    40 minutos para trabalhar a leitura. Depois de ouvir histrias elas fazem teatro,

    participam de brincadeiras relacionadas com aquilo que leram na sala de leitura.

    Nesse espao criado na escola, os livros podem ser lidos no aconchego

    das almofadas espalhadas pelo cho. Os corredores centrais da escola ganharam

    frases soltas, fragmentos de textos interessantes, cuja funo no outra seno

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    despertar o leitor que existe em cada um. A idia fazer com que a palavra

    escrita invada tambm as paredes das salas de aula, para aproximar ainda mais o

    texto das crianas. E os resultados podem ser percebidos.

    Os alunos, atentos e motivados , ouvem a professora ler a histria do jeito

    que ela aprendeu com as animadoras, com a voz expressiva de quem entra e vive

    a histria para valer. Os alunos, organizados em grupo, agora vo criar uma

    histria, nas folhas de papel em branco que receberam da professora para

    desenhar e escrever. Ao final da aula, as folhas so recolhidas e grampeadas. O

    livro feito coletivamente vai para a estante da classe para ficar ao lado de outros

    de literatura. Ele poder ser lido, bem como os outros, no dia-a-dia da sala de

    aula, assim que cada um acabar de fazer as atividades propostas.

    9.1-Ler, Escrever e Dizer: o caminho para a Escrita

    Desenvolvido como um projeto piloto em apenas uma escola em cada

    estado, o pr-leitura est presente ainda no Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceare Minas Gerais, apresentando estgios diferenciados de desenvolvimento em

    funo das condies de cada regio. A idia do projeto surgiu durante o

    Encontro Internacional de Alfabetizao e Cidadania, acontecido em Braslia. As

    iniciativas francesas na rea de leitura e da produo do texto chamaram a

    ateno dos tcnicos do Ministrio da Educao.

    O projeto no francs e sim brasileiro. A avaliao de como ele deveria

    ser colocado em prtica saiu da cabea de tcnicos e educadores brasileiros, doMEC e das Secretarias Estaduais da Educao.

    A coordenao nacional da Secretaria de Ensino Fundamental do MEC.

    Nos estados, as Secretarias de Educao comandam o projeto. A cooperao da

    Frana vem por intermdio de consultorias de dois especialistas franceses e de

    tcnicos convidados para dar palestras aqui no Brasil.

    A Frana se encarregou de levar um grupo de 10 dos nossos professores

    ao Institut Universitaire de Formation de Maitres, em Donai (Frana), para fazer

    um estgio de formao durante um ms, isso ocorreu no final de 1992. A

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    proposta do pr-leitura preparar professores que sejam capazes de oferecer

    criana um encontro com a linguagem escrita, atravs de trs portas de entrada,

    que so ler, escrever e dizer. Ler uma atividade necessariamente individual e

    que, quando uma pessoa l, ela elabora ou produz um sentido para o texto lido.

    Escrever tambm uma atividade individual, cujo resultado a produo do

    texto. J o dizer consiste em transmitir verbalmente um texto lido para outras

    pessoas. Dizer envolve tanto a produo do sentido quanto a produo da

    oralidade. Ler e escrever so, em essncia, atividades solitrias , enquanto o

    dizer uma atividade social. atravs do dizer que a prtica da escrita ganha

    uma dimenso social. Cabe escola possibilitar a todas as crianas o domnio da

    escrita exigido pela sociedade. preciso ensinar a ler, escrever e dizer.

    9.2-Alfabetizao: crianas tratadas com todo o respeito

    Em Nova Holanda, no Rio, alunos pobres tm a oportunidade de mostrar

    que so capazes e se alfabetizam j na pr-escola.A Escola Comunitria Nova Holanda (favela localizada entre a Avenida

    Brasil e a Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, rea que j foi ocupada por

    mangues e palafitas), hoje consegue enviar para a prpria escola da favela ou

    para um dos CIEPs do bairro, crianas habilitadas para a 1. srie, sem passarem

    pelas classes de alfabetizao. H casos em que a matrcula acaba sendo feita

    na 2. srie, dependendo do domnio que a criana demonstra sobre a leitura.

    Dificuldades materiais, pobreza e o estigma que persegue as crianas defamlias de baixa renda (classificadas pelo ensino tradicional como incapazes de

    aprender), nada disso impediu Nova Holanda de romper o cerco. O segredo,

    segundo a coordenadora da escola, Rose Mary Castro de Oliveira, est no

    empenho da comunidade, que sempre lutou por seus interesses e queria uma boa

    pr-escola para seus filhos. Est tambm na cobrana que os pais fazem aos

    professores, que optaram por um tipo de ensino, na linha construtivista,

    respeitando o rtmo e o conhecimento de cada aluno e dando-lhe oportunidade de

    conviver com a palavra escrita desde cedo.

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    A escola funciona em dois turnos (matutino e vespertino) com a merenda

    servida entre um turno e outro. a mesma Secretaria do Desenvolvimento Social,

    qual esto ligadas as pr-escolas da cidade que paga os salrios dos

    professores, da coordenadora, da supervisora e da merendeira, alm das contas

    de luz, gua e gs. E tambm fornece, no incio do ano, material para as aulas.

    Do ponto de vista do ensino, a equipe da escola se rene semanalmente e

    faz planejamentos mensais e grupos de estudo.

    As crianas se mantm em atividade constante, coisa que chamou a

    ateno de alguns pais mais disciplinados. No comeo, os pais no entendiam

    essa forma de ensinar. Achavam que as crianas deveriam ficar quietas, ouvindo

    o professor, mas nas reunies, o trabalho foi explicado, e eles agora aceitam epercebem quando seus filhos se desenvolvem mais depressa dessa forma.

    Alguns profissionais tambm no se adaptaram ao rtmo das crianas e

    metodologia e pediram transferncia. Hoje as vagas da escola comunitria so

    disputadssimas, as crianas passam por uma avaliao de leitura para serem

    matriculadas. Os pais sabem que seus filhos tero horizontes mais amplos pela

    frente.

    CONCLUSO

    Atravs desse trabalho foi possvel observar que a leitura, quando se

    transforma em rotina mecnica, perde sua funo de estmulo intelectual e

    emocional e pode redundar no embotamento da fantasia e do raciocnio. A leitura

    desprovida de crtica pode levar simples aceitao de argumentos e situaes.

    Por isso que to importante desenvolver as capacidades crticas juntamente

    com as capacidades de leitura.

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    O papel desempenhado pela biblioteca em conjunto com a escola deve ser

    repensado. As duas instituies, biblioteca/escola se completam quando ao

    mesmo tempo servem de apoio ao processo ensino-aprendizagem, estimulando e

    dando oportunidades aos educadores na formao do hbito de leitura.

    O profissional que atua na biblioteca deve ser educador que se

    compromete socialmente com o meio onde atua. necessrio tambm, contar

    com o apoio da direo e demais membros integrados em consonncia com o

    currculo escolar.

    O professor de classe a pessoa que operacionaliza o currculo e, com o

    aluno, dinamiza o ensino, portanto, o comportamento do professor uma das

    variveis mais importantes na seleo ensino-aprendizagem, nas relaes aluno-escola. Ao estabelecer relaes amistosas com o responsvel pela biblioteca

    proporcionar a afluncia biblioteca.

    Espero que as idias apresentadas neste trabalho possam servir de

    referencial para o trabalho realizado por Bibliotecrios, professores ou outros

    profissionais que atuem em biblioteca escolar, de acordo com os interesses,

    necessidades e objetivos da escola e s disponibilidades de recursos.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1- ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. Referncias

    Bibliogrficas; NBR 6023. Rio de Janeiro: ABNT, 1989. 17p.

    2- BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hbito de leitura. 2.ed. So

    Paulo: tica, 1986. 120p.

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    3- BAKER, Ronald. A fome de ler. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas,

    1975, 88p.

    4- BARTHES, Roland. O prazer do texto. So Paulo: Elos, 1973. 77p.

    5- FREIRE, Paulo. A importncia do ato de ler. 7.ed. So Paulo: Cortez, 1984.

    68p.

    6- GADOTTI, Moacir. Comunicao docente. So Paulo: Edies Loyola, 1975.

    130p.

    7- GIEHRL, Ham E. Der junge leser: einfhrung. Dnauwork: Ludwig Auer, 1968.

    47 p.

    8- GES, Lcia Pimentel. Introduo literatura infantil e juvenil. So Paulo:

    Pioneira, 1984. 166p.

    9- KLEIMAN, Angela. Leitura: ensino e pesquisa. Campinas: Pontes, 1989.187p.

    10-LINS, Osman. Problemas inculturais brasileiros. So Paulo: Summus, 1977.

    189p.

    11- LOURENO FILHO, M.B. O ensino e a biblioteca. Rio de Janeiro: ImprensaNacional, 1984.183p.

    12- MARTINS, Maria Helena. O que leitura? So Paulo: Brasiliense, 1986.

    142p.

    13- PERRONI, Edmir. A produo cultural para a criana. Porto Alegre: Mercado

    Aberto, 1982. 92p.

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    14- SANDRONI, Laura C. A criana e o livro. 2.ed. So Paulo: tica, 1987, 56p.

    15- SILVA, Ezequiel T. da. O ato de ler: fundamentos psicolgicos para uma nova

    pedagogia da leitura. 4.ed. So Paulo: Cortez, 1987. 104p.

    16- SILVA, Ezequiel T. da. Leitura e realidade brasileira. Porto Alegre: Mercado

    Aberto, 1983. 110p.

    17- VARGAS, Suzana. Leitura: uma aprendizagem de prazer. Rio de Janeiro:

    Jos Olympio, 1993. 61p.