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Odornal do Commercio e o aen Corres- pondente sobre o Casamento civil' (') Onde vae jA a questão sobre o casamento ci- vil? Como todas as tendencias berecticas, eil-a ahi transviada de sua senda apparenle e entrada no campo da realidade. O casamento civil 6 um pequeno degráo na escada do abysmo moral para onde se prelende Ievar'a humanidade. Sempre assim o pensamos e para que não nos ficasse duvida os seus pro- pugnadores descobrem suas ultimas vistas. O casamento civil ! isso é uma q{iestão iiisi- gnificante; eslamos jft muito além d'ella ; tra- cta-se das ins1itui;óes ca tholicas, do celibato, da confissão, da auctoridade dos concilias, por tanto de toda a organisac,ào da Egrcja, portanto dii Religião Catholica. E' esta que 6 negada, 6 esta que se pretende arruiuar. (1) Do jornal«A Nação» copiamos estes artigos devidos 6 preclarissima pena do ex~.~" MARQUEZ de LAVRAD~O.

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Odornal do Commercio e o aen Corres- pondente sobre o Casamento civil' (')

Onde vae jA a questão sobre o casamento c i - vi l? Como todas as tendencias berecticas, eil-a ahi transviada de sua senda apparenle e entrada no campo da realidade.

O casamento civil 6 um pequeno degráo na escada do abysmo moral para onde se prelende Ievar'a humanidade. Sempre assim o pensamos e para que não nos ficasse duvida os seus pro- pugnadores descobrem suas ultimas vistas.

O casamento civil ! isso é uma q{iestão iiisi- gnificante; eslamos jft muito além d'ella ; tra- cta-se das ins1itui;óes ca tholicas, do celibato, da confissão, da auctoridade dos concilias, por tanto de toda a organisac,ào da Egrcja, portanto dii Religião Catholica.

E' esta que 6 negada, 6 esta que se pretende arruiuar.

(1) Do jornal«A Nação» copiamos estes artigos devidos 6 preclarissima pena do e x ~ . ~ " MARQUEZ de L A V R A D ~ O .

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O artigo do ((Jornal do Cornrnercio,)) que 4 a iiltima correspondencia do snr. F. ou do snr. G. prova o que dizemos por modo claro.

Iremos dii'eilos tis suas capitaes agressões. Dtz elle: O concilio de Trento B ((um tecido de torpe-

sas, foi mais a expressão da vontade dos Papas, do que a sincera manifestacào das crenças e desejos da reformagão, que animavam a Chris- tandadc e por isso houve, quem com raz8o dis- sesse, que o synodo era inspirado pelo Espirilo Santo que lhe chegava de Roma a miudo pelo

a correio. » uO concilio de Trento nào deri remedio rios

males da Clirislondade. A herrsia tririmpt-iou e arraiicoii ao Pontificado uma parte dn Europa; a dissoliiçiio dos coslumes continuou do mesmo modo serri euibargo das rec lama~oes dos mais austeros e virluosos prelados.))

Em testanrinho e prova d'esta opinião allegn o ((Jornal do Cornmercifi~ o ser o concilio. se- gundo rim frade portiiguez, um monslro.

<to monslnloso concilio de Trento nascido e vivido, tão torpemente, foi rojeilndo por miiitos principes catholicos e cslti eivado de tanta cor-. rupçdo que nao p6de merecer o respeito da- q i i~ l l e s que alguma coisa invrstigam o passado e biisoarn nos archivos a historia intima desses

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tempos tão desgraçados para a Egreja de Chris- to.»

Eis-nqiii a opiniiio dos snbioa do crlornal do Comriirrcio,v acc.rcli tia ass~mblt!ii mais nolavel do I:i\lliolicisrno, celobre prl;t sapiencia ev i r - tiides dos personagens que o dirigiram; assom- broso pelos resul lados que produaiu.

Não responderemos nds, ao aJornal do Com- mercio,)) não pediremos auxilio a nenhum es- criptor catholico. Iremos requerer As summida- des contemporaneas dasciencia historica, a idêa verdadeira da reformaçao operada pelo con- cilio. poderosamente pelo Papn.

Ser4 Macaitlny, serh Ranke ambos grand(>s historiadores, ambos profundamente imbuidos de preconceitos protestantes, ambus portanio insiispeilissirnos. Ambos elies viro ensinar ests ignorantes; quese pretendem sabios e qwc sUs I -

bem rebaixar este paiz, nprçsentando superfi- cialidades historicas por concep~ões p r o f u n d , ~ ~ e não rttparnndo que corn isto só conseguem ar- ruinitr as crencas, pouco seguras, de leilares menos lidos e que tomam por verdades incon- trastuveis as necedades do jornal. E eis como se comprehende a missào elevada do jornalis- mo: consiste em enganar as almas simples e boas, em niigmenliir os odios parvos contra a Kt:ligião, que s6 póde enchngar as lngrimas dos iiifcliztts, dar-lhes coragem para não irern aca-

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bar pelo suicidio, o u p o r amo vida d e deprava- cão.

Ali ! qnaritos n o 'principio da lade i ra d o c r i - me não terao s ido precipitados no ab ismo po r estas doutr inas dissolventes, q u e destroem toda esperanca e com ella toda corajosa resignacão i Quantas vezes o instriimcnlo do supplicin niio foi movido pela mão do jornalista irripreviden- te? Ouantas ignominias, deviissidóes e immora- lidndes ncio tem ~ l l e caiisado ?

Se no espirito do povo alluís a s c r e n p s , que lhe diies crn trocíi? ...

O ((Jornal do Commcrcio» é poisum inimigo d o povo qriando assirn propala idêas qiie nern rio mcnos teem a desciilpa d o amor d a verdade.

Veja o povo como lha apresentam aquellas insuspeitaveis nuctoridadcs.

Ilernos a palavra a h5acaulay. descrevendo expressamente e c.om a suprr ior idade do seti genio a grandiosa liicta do Calholicismo com R Reforma.

«Queriarnos desenhar aqiii, em rap ido e$- b o ~ o , a verdadeira historin da liicta qiic, c s - m c c ~ d a pcliis pérgaccies tlr! Liilhcro contra a s indulgenci i~s terminara alk certo ponto 130 nn- annos depois pelo t ratado de II'estphalia.

«Nas partes septcmtrionaes da Europa a vistoria do protc~stantisriio foi rnpida e cornple- ta. A dominac lo do P a p a era para as n a ~ ó e s

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de reca leutonica, uma dominaçlo de italianos, de extrangeiros, differenles na lingua, costumes e id8as ...

«Meio seculo depois que Lulhero renrinciou publicamente á communhão de Roma e quei- moi1 a bulla de Leã X as portas de Wittemberg, o protestantismo havia chegado ao seu apogeu, mas para perder prestes as suas vantagens e não mais as rehaver ...

«Em quanto aqiiella grande obra se prose- guia ao Norte da Europa, operava-se no meio- dia uma outra em sentido opposto ...

«Duas reformas se manifestaram ao mesmo tempo com energia igual - refwmadedoutrina em o Norte ; reforma de cosnrygs E DE DISCIPLINA

NO MEIO DIA.

Em uma só gerapio se operou a rcnouapio io- do o espirito da Egreja de Roma. DESDE O PALA-

CIO no VATICANO a18 ao crema terio mais desviado dos Apenninos appareceu e sentiu-se estagrande renot)agão religiosa. Todas as instituiqões fun - dadas para a propngnqõo e defeza da f6 foram refundidas emunidss de arrnnsmaisseguras. (1)

(Macaiilny prosegiie indicando esses inslitu - tos, a reforiuia dos Crimaldulos. cis congregações dos Ríirnabitas e Somascos, os Thcalinos, os Je- suitns. Destes, a t r av~z de seus prcjuizos protes-

(I) Observne como Macaiilay d i z exactuiiienle o corilrario do que assevera o <Jornal do Coriimercio.»

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tentes, faz o grande historiador o mais alto elo- gio dizendo):

«A historia dos Jesuitas B a historia mesmo da grande reacc&o catholica. Esta ordem pos- suia todos os meios de actuar no espirito pu- blics - o pulpi to, o confessionario, a imprensa, as academias ... A litteratiira e a sc i~nc ia , d'an- tes associadas B heresia e A incredulidade, tor- naram-se alliadas da ortodoxia. 1)ominante no meio dia da Eriropa, d'ahi partiu a Companhia u fazer conquistas. A despeito do Oceano e dos ciesertos, da peste e da fome, dos espiões e das pennas, dos calabou~os e das torturas, das for- cas e dos cadafalços, - os Jesuitas são encon- trados, sob todos os disfarces, em todos os pai- zes, quaes professores, rnedicos, mercadores e trabalhadores ... Foram fazer proselitos nas re- giões onde nem a avareza, nem a curiosidade haviam levado os seus compatriotas; prégarnm e disputaram em linguas, dasquaes nenhum ha- bitante do Occidente havia ouvido uma s6 pa- lavra. O espirito, que animava esta ordem, ani- mava então todo o miindo catholico. Havia-se pririfioado a MESMA CORTE DE R O M A . . . ~

(O historiador faz aqui uma triste pintura dos homens da t\enascenca, desse quasi paga- nismo que se apoderou dos espiritos mais cul- tos.)

«&!as quando foi o grande despertar dos espi- 6

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ritos na Europa.. ,. homens de time bem diversa especie elevaram-se então h direcciro dos ner gcieios ecclesiasticos, homens cujo eapirito si- milhnva os dos Dunstan e Beckel. Os Pontifices Romanos mostraram, ern siias pessoas.ToDa AUS- TERIDADE dos primeiros anochoretas da Syria. Paulo 1 V levou tio t l~rono pontificio a mesma firmeza de zelo, qiie o levara ao convento tlos Theatinos; Pio V (Sõo) sob suas vestes esplen- didas, occullnva o celicio de iim simples tnon- ge; ia desciilco na frente das procissões : mes- mo no meio das mais laboriosas wcupncões achava tcmpo para a oraçao e edi6cou O seu re- banho com exemplos ianumeraveis de humil- dade, de caridade e de pclrdâo das injurias ... Gregorio XIZ1 esforqoii-se ndo só por irnilnr,se- niio por exceder a Pio V nas severas vi~tiides de sua profissão. TAL ERA A CABEÇA, T ~ F , S ERAM OS

~IEMBROS. Esta rnudanca do es pirito cntholico póde ser seguida em todos os ramos da litlera- tura e das artes».

((Assim emquanto n Reforma protesianla se espalhava rapidamente em lima pnrte da Eii- ropa : a regeneracao Caiholica se estendia com igual rapidez na outra parte. Quasi meio seculo depois de Luthero, em o Norte, governos e po- vos eram protestantes. No meio-dia pelo con- trario povos e governos estavam animados do

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a l o o mais ardente pela antiga Egrejn. Entre estas duas regiões hostis estendia-se, geogra- pbica como moralmente, um grande terreno cantestiido. (O historiador passa em revista os povos desta zona central - França, Belgica, Allemanha meridional, Hungria e Polonia e por toda a parte v4 o protestantismo preponderante ii'nqiiclla primeira epocha)~ .

«A historin das duns geracões, que se segui- ram, 6 a da grande Iiicta do Prot~stanlismo, possuidor do Norte da Europa e do Calholicis- rno, possuidor do meio-dia, qrie se dispiitavam o terreno mixto ou duvidoso. Empregaram-se todas as armas espirituaes e tempornes.

«Os dois partidos deram mostra de grandes talentos e altas virtudes; ambos liveram que la- nientar muitas loucuras e crimes. ds prohubili- dades penderam a principio pnrn o protestan- tismo ; mas a vicloria ficou por Fwa á Egreja Ro- mana. Ficou de cima em lodos os pontos. Se atravessamos outro meio seculo vemol-a ahi j6 triiirnphante eo Protestantismo n io foi capaz no curso de dois seculos, de reconquistar o que perdera.

<tCrirnpre não dissimrilar, que este assornbro- so triumpho do Papado deve principalrnenle ser attribriido, não á forca das armas, mas a urna grande reacgcio da opinido publica ... sessenta annos apenas depois da separação Liilherana o CaEbolicismo mantinha-se com dificuldade nas

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bordas do Mediterrrineo ; cem annos depois d'a- ta separacão com dificuldade se mantinha nas costas do Baltico o Protestantismo (I) !

(Macaulay examina este singular phenomeno, e conclue ;)

«Eni uma palavra, por toda a parte. do lado do protestantismo vemos a apalhia ; por toda pnrte, do lado catholico vemos ardor e deno- $do.

«Não sd havia, n'esta epocha entre os ca- tholicos, um zelo muito mais intenso, do qiie entre os protestantes, mas tambem esse zelo convergia contrn os prnlestantes emquanto os protestantes se cotnbalinm uns aos outros. No seio da Egreja Cathalica na0 existia nenhum disseritimento grave nas doutrinas. As decisões do C'oncilio de Trenío eram ado iada t e a conlro- versia do Jansenisrno niio havia nascido ainda. Hotna dispunha de todas as suas forcas : a Re- forma exleniiava-se em luctas civis ...

((0s cattiulicos tinham pois, sobre os pro- testantes a vantagem do zelo e (Ia uniiio, como tambem a da orgnnisaqâo. O protest&lismo niio estiiva organisado, para a aggrecao. As egrejas reforrnadlis eram apenas cgrejas nacio - naes, sem ligacóes enlre si.

(Macaulay compara os effeilos desta orga- nisacao. A reforma n tio enviava niissionarios fora

1) Macaulay desmente aqui de iim modo fiisaritc a s igrio- rnncias do c<Jorrial do Cornnicicio.»

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dias circurnscripções nacionaes, Roma chama- va o jesuita de Pelermo e rnandava-o evange- lisar para al6ni do Niernen).

«E' impossivel negar, que a politica da Egre- ja de Roma não seja a obra pririia da sabedo- ria humana ( I ) .Em verdade nenhuma outra ins- tituição, a não ser a de tal politica, huvcrin re- sistido a taes assaltos. A experiencia de doze seculos cheios de acontecimentos, a intelligen- c i i ~ e perseverante cuidado de quarenta gera- cões de grandes politicos aperfeiqoaram-n'a por modo que o governo desta Egreja occu- pn oprimtiiro'logar entre as invencões humanas. Tanto é mais forte a nossa convicqão de que a raa8o r! as Escripturas sáo a favor do Pro- test?ntismo, tanto maior B a admiraqao for- cada que em n6s excita um systeccia de tactioa contra o qual se elevaram em vlo a razão e as Escripturas. ( 2 ) ~

(Maucaulay traca depois um rapido e s b q o da transformacão da lucta religiosa em lucta politica e nacional operada primeiro pela pre- pondernncia da casa d'Austria que homens de todas as religiões, combateram, depois pela preponderancia do Luiz XIV que suscitou as.

(1) E' claro qiie o escriptor protestante não podia fallar de outro modo alias scria absurdo não se converter ao Calholi- cismo.

(2) Esla uliirna observacão póe o cunho da verdade ineon- cussa nas confissóes do celebre historiador de Inglalerra.

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guerras; pelo eqailibrio europeu, terminadas pelo troclado de Westphalia J.

uEsta veio .constatar que a Egreja de Roma ficava em plena possessiio do vasto dominio, que em meio do seculo precedente parecia em termos de perder ; aos protestantes restavam apenas na Europa os paizes tornados todos protestantes diiranle a.geracào que ouvira a s prdgaçóes de Luthero.~

(hlacatilay passa a descrever o movimento e peripecias do movirriento religioso nos seculos XV.111 e XlX e mostra como apesar de todas Iransformacóes a Egreja immotavel @OU sem- pre de pd.)

«Duro,nte todo o XVIIC saeulo a influencia da Egreja Romana foi sempre declinando; a incredulidade fez conquistas importantes em todos os paizes catholicos e em alguns obteve mesmo um assendente completo ; o Papado desceu ta010 quu chegou a ser objecto de irri- stio palra OS incredulos e de compaixão mais do, que de odio pnra os protestanles. No XIX seculo esta Egreja tem-se levantado gradual- mente e reconquistou o seu antigo poder. Os gue reflectirem com calma no que se tem pas- sado nos ultimos annos na Hespanha, na Ita- lia, na America Meridional, na Irlanda, nos Pai- zes Baixos, na Priissia, em Franca mesmo, não poderao duvidar de que o seu imperio sobre os coracões e o espirito dos homens nãs seja maior

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do que.era,no tempo em que apparecem a Erc- cyelopedica e o Diccionario Yhilo.sophico. E' cer- tamente notavel que nem a revolucao moral do XVIII seculo nem a contra-revolugão inoral do XCX nada tenham ajuntado h potencia do pro- testantismo. N'essa primeira Bpoca quanto o ca- tholicismo perdeu, foi perdido lambem pelo ch~istianismo; na segunda quanto este recon- yuislori nos paizes catholicos foi reconquistado para o catholieisrno (1))).

O historiador protestante Hanke concorda com Macaulay, por modo que perecem cornbi- niidos neste ponto; fallando da reaccão catho- lica promovida pelos Papas na Allemanha diz :

«A Egreja cutholica toma na Allernanhh uma vida nova... Ahi são reconhecidos os dt?eretos do Concilio de Trento .... O Catholicisma reju- venesce no momento em que o julgavam mor- to ...

... Par toda a Parte resisteneias, e ~esisten- cias funiosa.~, guepros, revezes e vicissitudes.

.., Depois nos ultimas vinte annos do XC'I se+. cula nppareite uma resccfto irnmensa. ... O prc;l.lestantismcx vê-se repellido com a mesma energia com qtie fora acolhido ... Assim como n'outro tempo foram vistos pro.8

testantes italianos atravéssar os Alpes para se refugiarem na Suissa e na Allemanha ; viram-se

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tambern entb allemiíes refugiarem-se em gran- de numero ao norte e nascente desta regiao. Os protestantes belgas retiraram-se para a Hol- landa.

Era tima immensa victoria catholica avan- qando de provincia em provincia ... Opovo que- ria de novo ser catholico (I).

Ranke constata em outros logares de sua his- toria que no momento em que se pensava que Q morte110 do heresia redusira a p6 a moderna Bnbilonia foi que o Concilio de Trento veio pro- var que o edificio ca tholico estava ainda intacto.

Basta por hoje e C necessario resumir mnte- ria t lo vasta. Mas o que vae dilo C suficiente para destruir as asserções odientas e insipien- tes do crJornal do Commercio.»

Sobre este ponto 116s podemos acrescentar que a acç8o do Concilio de Trento, onde ella 6 livre, conlinún a ser eficaz e portentosa. A ins- tituição dos seminarios, em especial a dos des- tinados 8, propagaç80 da Fb, essa instituicão ge- neralisada pelas suas determinações progrida na conqriista do inundo. A Inglaterra, a Hollan- da, os Estados Unidos, a Allemanha rneridio- nal, baluartes do protestantismo, estão invadi- dos. Genebra a Roma protestante esth já meia catholicn. E' a continuação da reformaç80 de Tren to.

(1) Historia do Pontificiado. Tomo V do porteslnnle Ranke.

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Depois destes factos, depois destas auctori- dndes o que valem as diatribes do adorna1 do Cornmercio»S

Continuaremos no exame daquelle famoso artigo e vertio os leitores o qrie elle vale.

t O Concilio (de Trenlo) perdeu a suprema- cia de ecumenico, porqiie a Franca e parte da Allomanha não o receberam, nem o reconhece- ram nunca na parte disciplinar e portanto os seus canones ntio são leis univers~es da Egreja.))

Eis ahi outro formidavel golpe dudo pelo ((Jornal do Conimerciofi no Concilio Tridentirio. Mas n8o se assustem as almas simples.

A sun fk arrosta aggressões muito meis teme- rosas e fica sempre de pé. Estas historias do «Jornal do Commercio)), apresentadas com lan- to entono, ndo passam de ninharias lilterarins, com que se entretem, os qiie tomam '4lexandre Dumas por um grande historiador. A historia &ria e grave diz outra coisa, milite differente.

Quereis ver, como falla verdade o ((Jornal do Commercio ?H Abramos um curso de historia

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ecçlesiaslica, muito seguido nos seminarios de Franca e que por tanto é guia seguro para sa- bermos o valor dado na Egreja de Franca ao Concilio de Trento.

«Os decretos do Concilio de Trento, relativos ao dogma, foram recebidos sem restricqão por todos os Eslados catholicos. Os disciplinares soffreram difiriculdades na Allemanhn e mais aitida em Franca. A promulgaçào d'estes, FOI

FEITA em conciliosparíiczclares, que se reuniram por toda parte e foi tarnbem o meio empregado pelos bispos de França para s~ipprir o silencio do governo. Assim os concilios de Reines (1564), de Cambrais (1565). de Noiien (1581), de Bor- dsaux e Tours (1583). de Aix 1585). reprbdii- ziram com mais ou menos dasenvolvimento os artigos de reforma, promulgados em Trento : btes concilios foram todos confirmados pela Sânta Se, a ciija sancçao foram submiltidas as suas decisões (I)».

Jslo diz um escriptor francez, que escreveu para uso dos seminarios, com agprovacSo do Cardeal Gousset. hlas ha mais: o Episcopado F,rapcez reclamou do rei a publicação Bios de- cretos do Concilio e isto por DOZE vezes -,- note o *Jornal do Conimercia» doze vezes, sem a po- der conseguir, porque, o governo imbuido de todfis as enage~acões do gallieanismo, via na

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Concilio n destruicão d'este. Mas o clero n&o fi- cou aqui, antes passou por cima da recusa do governo. Assim em o anno de 1615 a asseinblêa geral do clero adoptou a seguinte delibera- cão:

«Os Cardeaes, Arcebispos, Bispos, Prelados, e outros eeclesiasticos abaixo assignados, re- presenlondo o clero geral de Franca, reunidas, no convento dos Agostinhos de Paris, depoiu die haver maduramente deliberado Beerca da pii-

blicação do Concilio de Trenlo, unanimemente reconheceram e declararam, que estão obriga-. dos por dever e consciencia a receber, COMO EM

VERDADE RECEBEM, O dito Concilioe promettern ob- serva1:l.o quanto o podem no exercicio de s e t . ~ funcgóes, e de sua auctoridade espiritual c, pas- toral. E para d'elle fazer mais amplo, solemne e porbicular recebimento opinam, que os con- cilios provinciaes de todas as provincias rnetro- politanas d'este reino devem ser convocados e m cada provincia, o mais tardar d ~ n t r o do seis se- manas, c que os snrs. Arcebispos e Bispos au- sentes sejamsupplicadospor carta d'esta assem- blêa, janta a copia do presente acto, a fim do que, no caso de algum impedimento retardar a assemblba dos ditos concilias provincines, o Concilio seja ao menos recebido nos synodos diocesanos irnmediatos ; o que todos os eccle- siasticos e Prelados abaixo assignados promet-

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teram e juraram promover e fazer realisar, quanto lhes fosse possivel(1)e.

Assim pois não só o Concilio foi recebido em França apesar do mesmo governo, mas atb este facto prova claramente a estima, em que eram tidos os actos d'esta grande assemblha em iim tempo, em que A frente do clero estavam os sa- bios c! piedosos Cardeaes da Perron e Lnroche- fucaiild, S. Francisco de Salles, de Berulle e co- meçava a apparecer S. Vicente de Paulo, e ern que foi preciso que o clero arrostasse a opposi- qão de u m governo poderoso e forte como o francez.

V&-se, qrie os governos de alguiis paizes se opposerom 6 publicação do Concilio; mas de- mas mesmo que essa prohibieào tivesse effeito aomplelo, o que se, seguia d'aqiii? Só o «Jornal do Commerçio~ póde deduzir de tal facto a per- da do caracter de ecumenicidade no Concilio. Bois este caracior p6de vir do reconhecimento d'este ou d'aquelle Estado? Pois o principio da uctoridade da Egreja ha de estar subordinado B vontade dos principes?

Vejam como silo liberaes certos liberaes ! O cesarismo é idolo tãoseu, que sem o perceberem acham-se em plenas ttieorias absolii tistas e ris- cam da lista dos concilias geraes aqrielle que

(1) rCours de droil Canonique,, - de Mr. llAbbE André.

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tal, ori tal principe n8o qwiz receber na collec- cão de suas leia !

Ser4 liberdade, mas liberdade turca ... ou do ((Jornal do Commercio)).

Oucnmos ainda um escriptor ciija boa fb, mo- deracãoe gravidade naopodern ser contesladas:

4Quando se examina os decretos do Concilio sem prevencão reconhece-se que foram redigi- dos com loda clareza, precislo e sabedoria pos- siveis sobre discussões e exames os mais exa- \os feitas pelos Lhecilogus e canonistas. Os que sfio relativos ao dogina são fundados na Escri- plura c na Tradiccão, nas opiniões dos Padres, nas decisóes dos Concilios precedenles, na crcn . ca constante e universal dii Egrt!ja. As regras de disciplina, depois de lerem excitado a princi- pio reclamaçóes, foram depois pela maior parte adoptadas pelos soberannos catholicos; um grande numero siio entre nds observadas em vir- tude de ordenacóes reaes ; a p r e v e n ~ ã o e ripego aos a,nligos iisos poiico e pouco foram cedendo a Sabedoria que as ditou)).

((De tudo isto resulla que nenhum outro Con- cilio Geral foi reccibido nem mais authentica nern mais solemncmerile, qtinnto 6 doutrina, ern toda u Egreja Catholicn, do que o Concilio de l'rento ; os protestantes não lhe opposeram na- ~ i h u m a objeccão que náo podesse ser voltada contra lodos os oulros coiicilios (1))).

(1) BERGIER - Dicc. verbo - «Trentew coiicile de

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Assim fnlta Bergier e o seu juizo é o corolla- rio natural e pratico dos esforços dos grandes homens, que compuriham o Concilio.

Nada devia ser rnaio magestoso do qiie esta assernbl6a de cntholicos os mais provedos em negocios, nas letras e EM SMTRWDE (1)).

Islo diz a historia séria e grave ; o ((Jornal do Cornmercio» diz outra coisa ...

Mas os papas ficaram superiores ao Concilio; snnccionou-se esla doiitrinai mais urna vez)) diz escandalisado o «Jornal do Commercio!» qiie fi- cor8 muito espantado se lhe pedirem o tcxlo em que apoia n sua asserçtlo.

De feito ndo o apresentara, porque 6 um ab- surdo, facil de encontrar em sma redaccào do jornal, mas que esta a legoas infinitas do Santo Concilio, que fez e faz ainda a adiniraçdo de to- do o estudioso imparcial e em geral de toda Calholicidade.

Não ; o Concilio não decidi11 o que dizeis, por que liem o Papo é superior ao Concilio, nem es- te hqiielle. Concilio Gernl é n assemblha dos Bispos presidida pelo Pepa; nao h a Concilio Geral sern Pnpa do mesmo modo que nao ha corpo sem cabeça. Assim nem Papa nem Conci- lio se podem dizer superiores um ao outro sen- do que ambos formarri o Concilio Geral.

Tiido isso pois são ignorancias dos f ~ c l o s e

( i ) C~nrt i + ~Ilisiorian Livro XV eap. X IX.

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das ooisas, sempre para admirnr em quem ousa atacar em face a Egreja catholica.

Vem daquella segura observacho estou- tra; vem a ser, que os concilio$ acabaram; isto porque ha 300 annos que n8o os tem havido, razào que prova nunca os hoiive, porque aEgre- ja goternou-se a principio sem Concilios e por espaço do 32 5 annos e jB esteve pelo anno i000 quosi 300 annos sem Concilio Gcral.

E tnnto ndo 118 qiie Pio IK não se ntreveu a convocar rim Concilio para definir o dogma da Immuculoda Conceiqào. como SP, pnra iim sd ponls especial, o carecesse tendo previmm~nte colhido o parecer e trndiccùo de TODAS as Egre- jas do orbe cntholico e como se não foram sabi- das as difficuldadcs, que ha para a convocnciío de um Concilio, sendo que u ~ C o governo fran- cez se mostroii sobresaltado com a idêa de uin Concilio, qiiando o Papa procedeu á proclama-I qào daquelle dogma.

Eslamos mesmo pensando qiie se o Papa con- vocar iim Concilio Geral,o uJornal do Commer- cio)) sahirh logo a gritar, porque os Bispos por- tugriezes 16 ntio apparecam. Não Q bem snbida a gri toria levantada pela imprensa liberasta pela ida a Roma do Arcebispo de G8a I

Inconseqiientes sempre ! Vamos agora 6 opinido dos theologos auclo -

rimdos que dão o concilio por tolheato e mons- truoso.

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O grande dociimcnla B tima carta de umldoti Ires commissarios dYEl-Rei D. João I11 ao Con- cilio que assim o qualifica.

N80 cmtraremos na analyse da carla, nem d a aucloridade do escriptor; não é preciso; mas para se ver o seu nenhum valor k apontar-lhe para a data. A carta B datada de i 2 de j í~neiro de 1548 e o concilio que pouco mais de um anno funccionara, estava suspenso desde março de 1547, e transferido para Bolonlia contra vontade do Imperador Carlos V e portanto rniii- to nnluralmenle (ias coinmissnrios d'El-llei D. Joào que favorecia o Imperador. A carta pois nada tem de ~x l ran l io ; c:xplicarn-n'u estas cir- ciimstancicis e as appreherisões que deviam ser geraos de não ficar elle lo lhe i lo e por tanto rnonst ruoso.

Mas os prophetas foram de mB morle; o Con- cilio foi de novo. convocado, siisperidicio seguii- da vez, convocado terceira econcluido em 1563, 15 annosdepois de escripta u carla do chamado Oleastro e depois mereceu que se dissesse que S. Carlos Rorromeii, um dos grandes reformn- dores da disciplina e costumes, fora como a ici- carnagão do Concilio (1).

Assim pois o Concilio, que com effèilo esteve t o l h e i í o e anieacara ficnr monstruoso em 1548, depois tomou nova vida em 1550 e foiese de-

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s~rlvbliilvendo ate aer aquelle admiravel Concilia, que mereceu e msreca n venesaqao de toda a christandade. Fr. Olcaslro jrilgava-o no axlre mo e a indignatão fez-lhe senlis versos rima carta o c ~ r b a ; mtis depois quer-nos parecer que ficou wntente. E' certo que Portugnl se apres- sou 8 aceitar o Coneih.

Mas a esrtei revela um attentado de um bis* po, commissario &I Papa, que tenlou envens- riar o liscnl do Imperiidor.

Conçedamos luds, aindn qiie inslaurado o processo talvee a narrativa de Oieastro podesse soit'rer algumas duvidas. Sim. Senhor! Houve um bispo que commelteu um nttenttido, e o que se pegue d'oqiri P

Havia curiaes que não queriam o Concilio+ Roma ccirecia hmbem de reforma.

De aecordo ainda : bem que rros devamos ad- mirar da astiilticiti do malvado. Para que tants furor 4 Não diz o @Jornal do Comrnereio,» qiiaj em Trenlo só se fez o que o Papa quizf NAo c a i recia pois de tal attentado.

Hesumindo Olenstro 'fullnva de um Concilio apenas inçetado e stispenso, não fallnva do Con; cilio depois proseguido e completado, a menos que equelle fosse propheta, qualidade sobrenr- tiiral, de que sdo bem capazes de o einvestir os que não crbem no sobrenatural.

Expliquemo-nos aiitda mais prccisapenlc. 7

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O Papa é em materia de dogina e do moral i n - fallivel; Jesus Christo orou para qiie nunoa lhe fatlecesse a fé e a oracão do Salvador n i o po- dia ser inefficaz.

O que Christo porém não p romel t~u fui a im- peccabilidade; o Papa confessa-se como todo fiel. E' infallivel em doutrina, B peecavel nos factos Algrimas vezes Deus lem permittido que mios Vigarios tenham presidido B Egreja, como para mostrar que 6 obra tão divina, que nem o desvairarrienlo dos homens a pode arruinar.

Assim o Concilio de Trento, producto das rie- cessidades da reforma reclamada por todas as oonsciencias rectas prova, elle mesmo. essa ver- dade; por que suppóe uma degradação no clero e povo fiel.

Esse estado explicam- n'o miiilo bem notaveis factos - o grande scismn qiit? no seculo prece- dente liic6rui-a a Christandade - a invasáo do paganismo com a Renascenga das obras prinias da antiguidade pagã, que escureceu em muitns intelligciicias siiperiores o seriiimento chris- tão- e em especial em Konia as desordens pro- venientes do poder de certas familias, que que- riam dominar e assoberbavam a Santa SB - Os Colounas. Orsinis, Hiários, Savelli, Crescenzi, Conli e muilos outros, que encheram a cidade de sangue e de ruinas.

Em tal estado de anarchin foi facil a um Ale- xandre VI subir ao Solio pontificio, permiltin-

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do-o a Providencia para castigo daquelles or- gulhosos e sem perigo da Fé.

Foi depois qiie a Santa Sé se viu mais de- sembaraçada, que ella niesma comecou a re- formo seai esperar por Luthero. Iniciou-a no Concilio de Latrão (1512) e seguiria avante, impirisada pelos grandes santos e grandes ho- mens que illuslravam a Egreja no seculo BVI. Sómente, como era natural, Lulhero tornou-a mais urgente.

O que dizemos da famosacarta, diremos tam- bem do discurso e opiniões do Bispo do Porto, fr. Ballhazar Limpo. Fallava em 1547 qiianto ainda verdadeiramente não havia Concilio de Trento, pois apenas principiado fora logo sus- penso.

Assim pois arranjae outros documentos; es- ses não prestam sendo para enganar os leitores ignorantes ou menos instruidos, deploravel ern- penho de um jornal, que devia trabalhar, não em perverter as intelligencias mas em Ihes des- vanecer as trévas, em as elevar e esclarecer.

f arece que não é esta a missão de um jornal libera 1.

O direito de petição consignado na carta im- posta ao paiz pelo Principe, que dissera a seu augusto Pae e Rei que de Portugal ttáo queria nada, para mais tarde querer tudo, ai6 a corba

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portugriezo para mia Fil hli, oficialmente decle- rada herdeira presurnpliva dn coroa de timr BaGão exlr~ngeira, o direito de peticáo, dize- mos, consignado nu carta, era jd velhissimo no paiz quando o novo regimen veia substiluir a anliga comstitciicãa neoional.

Em quanto nesilir terfa, babiliiadh desde O bekqo B liberdede, os Reis reinaram, e governdu rain, o dirt3ito da peticão encontrou sempre a melhor sombra na habitaqho real. Pedirt o nó. baie, pedia o plebeu ; pedia o rico, pedia o po- b r e ~ pediam as cdrtes, pediam as uaaaras, pe- dia o juiz d~ povo em nome do povo, pediam Iodos, e ti ptoprin pessoa do Rei, s qual jbmeiti se negava a rtcoeilar as sripplicas de seus s u b ~ ditos, ou elles padissem individual, ou collek etivamente. Ringlrem drirante os sete seculos da mnnarchia legitima, e ninde na 6 p c a d n i n t r u ~ e60 dos Reis aarttelhanoe, cahlra6tou o direito de petigha, dd que sempre go2utam os poriu- @dem desde as primeiros dias da independen- ciir do paiz. Foi, todnviii preciso qde a este rei- iw chegasse a planta exoiica, quo um impera- dor, extrangeiro, por livre escolha, lhe enviou pela mão do exbfrrngeifoi para q u e sahisse do campo onde a tal planta tem cullores uma voz, que ricgasse aos ptrrtuguezes um diteito, q u e alihs a aarta lhes não nega.

O indiriduo póde, na opinido explicita de slri dos johales dh capitrtl p d i t , rquef&t r4pteA

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sentar aio @verno ; a s acrrpoi(iiqões, Bs munici- palildiades, delegadas. e representantes dos iri- dividudg ds mitnicipio, é-lhes defesa a suppli- cn, embora possam, aos olbos da lei, pedir, re- querer, repreaenlur l

Temos visto o modo como varias associa~óes, peln voz d.8 respcelivn direccdo, teem represen- tado, nestes totnpoe de liberdade ao gover~io~; temos visto diversas cambtaa n~unicipnes fazer o mesmo, mas hinda nfngiiem vili, que as tues representa$ões tenham sido stygrnatisddas pelo poder ern virtiide de não serení individunes. Mos, credi te posiari I B uma das folhes, que ttbi mois blostinum de liberaes, que.embraça o 09-

ciido, e desce 6 lica a combater o diteito de pe- tiqãa, qunndo exercido colleclivarnente I

aQuod non fecerdát barbari, fecerunt Rarba- rini .k O que nAo riega a carta aos porliiguezes, repelie-o um dos seu9 mais ardidos campeões, n despeito do titulo com qtie se emplurna, soc- cot-rendoise d um oil outro acto irrito e nu110 por oppostc, a lei fimdamenlal, cujos rirtigos n8o podem ser alterados, ou revogados por me- ras portarias, ou decretos.

Nào podemos deixar de pugnar pelo direito, que assiste aos corpos c3ollectivos, como ao in- dividuo, de pedir, ou representar ao governo: direito immemorial e acceilo sempre por todos os soberanos do reino, e reconhecido pela car- ta conslitucional imposta ao paiz pelos prote-

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ctores extranhos da causa dos revolucionariw filhos desta pobre terra de portuguezes, porque propugnando aquelle direito defendernos um dos recursos para que podem appellar os op- primidos contra a tyrannia da auctoridade, qus OS vexa, iirn meio de se poder obviar u m gran'de vexame publico, ou de dolar o paiz. ou parte delle, com íilguma providencia de maior.ou me- nor momento, e não menos proficuidade.

Se as municipalidades do reino, na sua tota- lidade, viessem representar a favor de qiialqiier medida, ainda infesta h coisa publica, mas de iniciativa ministerial oh! entao os corpos col- lectivos teriam o direito incoritrastavel de re- presentar, poderiam, em face do lei, pedir !

Para os encomiastas do governo toda a liber- dade, todos os direitos, todas as isencóes; para os que usarn de direito de petição contra o po- der, o stygma, a vaia, a mordacal

E'assim a vossa igunldade perante a lei. E' assiiri o vosso amor 6 liberdade do pensamenio. E' assim o vosso zelo pela carta. Arrojae de to- do a mascara. Para que a conservaes ainda, se todos conhessern a hypocrisia desses arrotos d e liberalismo?

Ostenlae-vos taes quaes sois, e sereis de certo menos odiosos.