ja - jan2011

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jornal abrantes de Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5480 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA JANEIRO2011 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected] GRATUITO A NOSSA SAÚDE Luís Ferreira é o director da ESTA Mudar de instalações e fazer-se ao mar são as duas maiores apostas do novo director. página 3 ENTREVISTA Património e Urbanismo em encontro nacional “Território, Cultura, Ciência e Inclusão” é o tema em debate na Batalha e em Constância. página 17 CONSTÂNCIA Um destacável de 12 páginas, pelo curso de jornalismo da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes ESTA JORNAL mais uma vez connosco Antena Livre faz 30 anos e edita CD A pioneira das rádios livres comemora ani- versário com o lançamento de um CD com músicos da região. páginas 12 e 13 “ESTÁ DE MAL A PIOR” MAS NEM TUDO É MAU A falta de médicos é o cancro do sistema, e vai agravar-se. Há respostas em estudo, mas não são sufi- cientes. Mas, no resto, tem havido ganhos. Fernando Siborro explica a situação. páginas 4 a 6

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Jornal de Abrantes - Janeiro de 2011

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Page 1: JA - Jan2011

jornal abrantesde

Director ALVES JANA - MENSAL - Nº 5480 - ANO 111 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

JANEIRO2011 · Tel. 241 360 170 · Fax 241 360 179 · Av. General Humberto Delgado - Ed. Mira Rio · Apartado 65 · 2204-909 Abrantes · [email protected]

A NOSSA SAÚDELuís Ferreira é o director da ESTAMudar de instalações e fazer-se ao mar são as duas maiores apostas do novo director.

página 3

ENTREVISTA

Património e Urbanismo em encontro nacional“Território, Cultura, Ciência e Inclusão” é o tema em debate na Batalha e em Constância.

página 17

CONSTÂNCIA

Um destacável de 12 páginas, pelo curso de jornalismo da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes

ESTA JORNAL mais uma vez connosco

Antena Livre faz 30 anos e edita CDA pioneira das rádios livres comemora ani-versário com o lançamento de um CD com músicos da região. páginas 12 e 13

“ESTÁ DE MAL A PIOR”MAS NEM TUDO É MAU

A falta de médicos é o cancro do sistema, e vai agravar-se. Há respostas em estudo, mas não são sufi-cientes. Mas, no resto, tem havido ganhos. Fernando Siborro explica a situação. páginas 4 a 6

Page 2: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO20112 ABERTURA

FOTO DO MÊS

Isabel Borda D’ÁguaAbrantes

Num dia não se consegue

mudar nada. Mas como é

uma suposição, faria uma

profunda mudança na

educação que promoves-

se a ligação entre o que se

ensina e o que os alunos

precisam aprender para a

sua vida activa.

Se fosse primeiro-ministro por um dia, que medida tomaria?

SUGESTÕES

INQUÉRITO

Carlos AparícioArreciadas

Com toda a certeza, come-

çava por tomar as rédeas à

educação. É onde tudo co-

meça, e tem de começar

bem!

Fátima LobatoSardoal

Aplicava medidas seve-

ras aos contribuintes com

mais alta remuneração

e criava benefícios reais

para os mais desfavoreci-

dos, para diminuir o fosso

económico existente.

Edgard NunesAbrantes

Eu demitia-me e solicitava

a entrada do FMI no nosso

país.

EDITORIAL

“O ser é, o não-ser não é”

FERNANDA MENDESIDADE 43 anos

RESIDÊNCIA Abrantes

PROFISSÃO Técnica de informa-

ção

UMA POVOAÇÃO Fontes, para

contemplar a paisagem sobre a Al-

bufeira de Castelo do Bode.

UM CAFÉ Sopadel, Portugal e Cha-

ve d’Ouro.

UM BAR Alcaide; Aquapolis e Coff e

Break 53.

UM PETISCO Os que se servem nas

tascas do Pego.

PRATO PREFERIDO Pataniscas de

bacalhau.

UM LUGAR PARA PASSEAR Nos

parques urbanos: junto ao Tejo, no

Aquapolis e em S. Lourenço.

UM RECANTO PARA DESCO-BRIR Travessa do Tem-te-Bem, em

Abrantes. Subi-la e descê-la na Pri-

mavera. E sentir o cheiro das fl ores.

UM DISCO Verdes Anos à CAPELLA

– Quinteto Belle Chase e Projecto

“Zeca Sempre” – “O que faz falta”.

UM FILME ‘’A Lista de Schindler’

UMA VIAGEM Cá dentro: um cru-

zeiro no Douro. Lá fora: Regressar a

Sarajevo.

UM LEMA DE VIDA Um actual: Ou-

vir as palavras antes de as dizer. E,

(fundamental) dizê-las!

FICHA TÉCNICA

Director GeralJoaquim Duarte

DirectorAlves Jana (TE.756)

[email protected]

Sede: Av. General Humberto Delgado – Edf. Mira Rio,

Apartado 652204-909 Abrantes

Tel: 241 360 170 Fax: 241 360 179

E-mail: [email protected]

RedacçãoJerónimo Belo Jorge ([email protected]

Joana Margarida [email protected]

André Lopes

PublicidadeRita Duarte

(directora comercial)[email protected]

Miguel Ângelo [email protected]

Andreia [email protected]

Design gráfico e paginaçãoAntónio Vieira

ImpressãoImprejornal, S.A.

Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

Editora e proprietáriaJortejo, Lda.Apartado 355

2002 SANTARÉM Codex

GERÊNCIAFrancisco Santos,

Ângela Gil, Albertino Antunes

Departamento FinanceiroÂngela Gil (Direcção) Catarina Branquinho, Celeste Pereira,

Gabriela Alves e João [email protected]

MarketingPatricia Duarte (Direcção), Cata-

rina Fonseca e Catarina Silva. [email protected]

Recursos HumanosNuno Silva (Direcção)

Sónia [email protected]

Sistemas InformaçãoTiago Fidalgo (Direcção)

Hugo [email protected]

Tiragem 15.000 exemplaresDistribuição gratuitaDep. Legal 219397/04

Nº Registo no ICS: 124617Nº Contribuinte: 501636110

Sócios com mais de 10% de capital

Sojormedia 83%

jornal abrantesde

Na sua fuga para o Egipto, Jesus passou por aqui e não havia comboios. Então, rogou uma praga a este largo: - Nunca serás arranjado!

ALVES JANA

… disse Parménides há cerca de

2.500 anos. Vem isto a propósito do

ano – e da década – de crise em que

acabamos de entrar.

Vimos de uma civilização centrada

no ter, no comprar, no consumir. O

êxito da “Loja dos 300” e das “lojas

dos chineses” vem sobretudo do “po-

der” que deu às pessoas menos abas-

tadas, o poder de comprar. Por isso,

muitas casas estão cheias de inutilida-

des baratas. Mas se a vida se alimen-

ta do poder de comprar, não se es-

trutura sobre o poder de ser. Por isso

esta crise é tão ameaçadora: ameaça

o comprar, o consumir, isto é, aquilo a

que se centrou muita da vida que por

aí se vive. E se isso se vai, o que res-

ta? Esta é a questão. “O ser é, o não-

ser não é”, disse Parménides.

A crise que atravessamos é, por isso,

uma boa oportunidade– não apenas

este ano, mas esta década – para

darmos uma volta à nossa maneira

de viver, pessoal e colectiva.

Escusamos de chorar sobre o lei-

te derramado, de ruminar a desgra-

ça, de lamentar o ano de sacrifícios.

Isso não leva a lado algum. É bem

melhor estarmos neste ano do que

do que termos fi cado no ano passa-

do, mortos e sepultados. É óptimo es-

tarmos vivos, e melhor ainda se con-

seguirmos caminhar de modo activo

para aquilo que queremos. Que que-

remos ser, pessoal e colectivamente.

E é isso que se chama Viver e é, por

isso, o essencial do voto de Bom Ano.

Page 3: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO2011 ENTREVISTA 3

LUÍS FERREIRA DIRECTOR DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTES

“Em Angola nós temos um campo imenso para nos expandirmos”JOANA MARGARIDA CARVALHO

Luís Ferreira é o novo Director da ESTA, conforme o JA informou na última edição.

O que é ser Director de uma Es-cola Superior?

Ser director é basicamente abra-

çar este projecto, desenvolvê-lo,

fazer o melhor para daqui a cin-

co anos, quando terminar, poder

olhar para trás e ver resultados.

Para trabalhar numa instituição

de ensino superior, primeiro, é ne-

cessário adequar o nosso ensino

ao meio envolvente, ou seja, é fun-

damental que estejamos atentos

ao que as empresas precisam, de

modo a formarmos pessoas qua-

lifi cadas e adaptadas às empresas

da região.

De seguida, é garantir um ensi-

no com a melhor qualidade, desde

os professores, às instalações entre

outros componentes.

Por último, é criar um ambiente

académico. Nós temos uma des-

vantagem face às outras escolas

mais antigas e com uma vincada

tradição. Por a nossa escola ser re-

cente, ainda não é reconhecida,

logo ainda nos encontramos na

busca pela nossa tradição. Tudo

que garante a afi rmação da ESTA

a nível nacional e internacional é

uma preocupação minha e da pró-

pria escola.

Esta é uma etapa interessante,

pois estamos quase a mudar de

instalações, é quase fazer um reset aos últimos quinze anos e come-

çar tudo novo, o que vai ser grati-

fi cante.

Acredita mesmo que, como dis-se na tomada de posse, que a interioridade não afecta a quali-dade de ensino?

Não, não afecta, porque os pro-

fessores que aqui estão também

dão aulas noutros centros urba-

nos. Eu mesmo dei aulas noutras

universidades mais reconhecidas e

o empenho que eu coloquei lá foi

o mesmo que coloquei aqui.

E penso que isso acontece tam-

bém com os outros docentes. Mas,

por sermos uma escola peque-

na, que ainda se está a afi rmar, os

alunos têm de ver para querer. Ou

seja, devemos ter um bom desem-

penho, de grande qualidade, para

convencer os jovens a optarem por

este espaço de ensino. Nós temos

potencial para sermos uma escola

de qualidade.

Quais são os principais proble-mas que a escola enfrenta?

Neste momento, o que me parece

mais urgente, sem dúvida, é a mu-

dança de instalações para o Tecno-

polo. Neste local enfrentamos pro-

blemas de falta conforto, de espa-

ço, etc. Este edifício foi adaptado, o

que foi óptimo, pois mais vale ter

do que não ter nada. Agora já pas-

sámos um ciclo, já há experiência

adquirida, logo é necessário mu-

dar quanto antes.

wQuais são os desafi os da ESTA já para 2011?

O primeiro de todos é a mudan-

ça para o Tecnopolo. Já estamos a

mudar os laboratórios e em 2011

espero que fi que concluída esta

primeira etapa.

O segundo é apostar num rela-

cionamento íntimo entre a escola

e o meio empresarial. O ensino fi ca

muito mais valorizado pois encur-

tamos a distância entre o diploma

e a aplicação na prática e garanti-

mos pré-experiência ao aluno an-

tes de entrar no mercado de traba-

lho. Também temos como objecti-

vo criar um centro de investigação,

para todos os cursos da Escola. E

por último, pretendemos trabalhar

num projecto com o meio empre-

sarial de Angola.

O que é que as empresas da re-gião podem esperar da ESTA?

Da minha parte, toda a colabora-

ção possível. No início deste ano,

vou fazer uma carta de apresen-

tação em que vai ser mencionada

quais são as nossas valências e em

que aspectos nós podemos ajudar

as empresas.

Por exemplo, na área da enge-

nharia, aquela que navego melhor,

pois sou engenheiro, nós reunimos

aqui pessoas que trabalham em in-

vestigação que podem resolver si-

tuações das empresas. É uma for-

ma de casarmos interesses.

O que considera que pode ser a “vocação atlântica” da ESTA?

A possibilidade do nosso alarga-

mento pela Europa está quase es-

gotada. Mas com os países africa-

nos, nomeadamente com Angola,

está tudo por fazer. Em Angola nós

temos um campo imenso para nos

expandirmos, para aplicarmos os

nossos conhecimentos e criarmos

novas empresas.

O povo angolano está receptivo,

mas não podemos fi car conven-

cidos que eles é que precisam de

nós e que cabe a eles baterem-nos

à porta. É bom que sejamos ousa-

dos e não devemos ter receio de

os querer ajudar a resolver proble-

mas para os quais eles não têm so-

lução. Os brasileiros e os espanhóis

estão a apostar forte, e os chineses

um pouco. Mas eu sei que os por-

tugueses são os preferidos.

De que forma vão entrar os mes-trados na ESTA?

Já colocámos um mestrado a

concurso, mas não avançou por

falta de inscrições. Estamos agora

a propor dois novos mestrados, in-

formática para a saúde e manuten-

ção industrial.

Qual é a marca pessoal que pre-tende deixar?

Espero que as pessoas fi quem

com a ideia de que fi z um trabalho

positivo. O grande objectivo é dei-

xar a obra feita. Tenho um estilo de

liderança próprio que tenho apli-

cado ao longo destes anos. Não

costumo mandar, eu peço. Procuro

conduzir uma equipa onde as pes-

soas se sentem responsabilizadas

a fazer sem serem obrigadas, com

uma colaboração de amizade. Eu

dou sempre o benefício da dúvida,

dou 100% confi ança às pessoas e

depois vou avaliando a resposta. E

não me tenho dado mal.

Como foi a sua experiência como professor em Angola?

Eu gosto muito das pessoas de

Angola. Fui para lá muito novo,

adorei trabalhar com eles e fui mui-

to bem tratado.

Em Angola o ensino está dar os

primeiros passos, ainda é um en-

sino muito defi ciente, com muito

falta de professores especializados.

Encontrei bons alunos, a maior

parte deles vão muito mal prepa-

rados de base. Mas os alunos de lá

têm uma característica que cá não

é muito visível, estão muito dispo-

níveis para aprender. Já percebe-

ram, depois destes 35 anos de in-

dependência, que uma das formas

de sair da miséria é a estudar.

Luís FerreiraIdade: 58 anosFunção: Director da ESTAFormação: Doutoramento em Engenharia MecânicaResidência: Entroncamento

Page 4: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO20114 especial SAÚDE

“Centros de Saúde do Zêzere estão mal e vão fi car pior”A falta de médicos é uma realidade desesperante no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Zêzere. E vai agravar-se devido à refor-ma de mais clínicos para este ano de 2011, segundo o di-rector do ACES, Fernando Si-borro.

No concelho de Abrantes,

de 30 médicos de família, nes-

te momento estão 11 ao ser-

viço. Já no Sardoal, o pano-

rama complicou-se com a re-

forma recente de um clínico

e a entrada de dois em baixa

médica. Neste momento, não

há médico de família no con-

celho, e deveriam estar pelo

menos 3. Nos restantes con-

celhos abrangidos pelo ACES

a situação não é tão penosa

como se pode verifi car na co-

luna em baixo. Onde aparece

o número dos médicos colo-

cados face aos que deviam

estar no activo.

Fernando Siborro afi rma ao

JA que “a falta médicos é cul-

pa da Ordem dos Médicos e

dos políticos que não soube-

ram impor-se, já lá vão trinta

anos. Não deixaram formar

médicos sabendo que nesta

altura se iam reformar todos”.

Soluções possíveisO responsável pelo ACES

disse ao Jornal de Abrantes

que “nem tudo é mau” uma

vez que há a possibilidade

de o Ministério da Saúde vir

a contratar médicos colom-

bianos. “Eu tenho a promessa

que parte deles vêm para cá,

para reforçar estes inúmeros

lugares que estão vagos no

ACES”, admitiu Fernando Si-

borro. Mas não é certo, pois,

acrescentou, “em tempos

também se falou da vinda de

médicos ucranianos que nun-

ca chegaram a vir”.

Outra solução passa pela

compra pela Câmara Munici-

pal de Abrantes de duas uni-

dades móveis de saúde, que

asseguram a presença de um

médico e de um enfermeiro.

Estas unidades têm como ob-

jectivo garantir um serviço clí-

nico a todas as pessoas que vi-

vem isoladas ou a idosos que

estão incapazes de se desloca-

rem ao centro de saúde mais

perto. As unidades móveis de

saúde inicialmente vão es-

tar presentes no concelho de

Abrantes, assegurou Maria do

Céu Albuquerque presiden-

te da Câmara Municipal de

Abrantes, não desfazendo a

hipótese de possíveis acordos

com outros municípios, como

o caso de Sardoal.

Contudo, apesar destas

duas soluções, que estão a

ser tratadas, Fernando Sibor-

ro explica que “a mais impor-

tante é colocação do médico

numa localidade de modo a

servir várias freguesias. Desse

modo, todas as pessoas têm

o médico todos os dias da se-

mana, em vez de apenas dois

ou três dias por semana”.

Por exemplo, “eu antigamen-

te ia duas vezes por semana a

Vale das Mós, chegava lá tinha

sessenta pessoas para a aten-

der, mais as grávidas e crian-

ças. Basicamente fora meia

dúzia a quem dava consulta

o resto só queria receitas. Isto

não é nada! Pois se a pessoa

necessita de um serviço fora

destes dois dias, não tem. Eu

não quero isso, pretendo dar

aos utentes um serviço per-

manente e diário, nem que

para isso a pessoa tenha de se

deslocar para a freguesia mais

próxima onde eu colocarei

um médico fi xo… Isto, sim, é

um objectivo a alcançar”.

Para já, Fernando Siborro as-

segurou “que, se alguém en-

contrar um clínico interessa-

do em preencher o lugar, será

colocado de imediato, pois a

situação está má e vai piorar”.

Joana Margarida Carvalho

FERNANDO SIBORRO, DIRECTOR DO ACES DO ZÊZERE

Médicos colocadosAbrantes - 11 em 30Constância - 2 em 3Sardoal - 0 em 3Barquinha - 3 em 4Tomar - 23 em 26F Zêzere - 1 em 5Mação - 4 em 5

Page 5: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO2011 especial SAÚDE 5

Uma das acusações que se faz ao nosso sistema de saú-de é ser “medicocentrado” ou “demasiado medicocen-trado”. Dito de outro modo, há coisas que, segundo a lei, só os médicos podem fazer, mas que outros profi ssionais estão habilitados a fazer. E não o podem fazer apenas porque estão proibidos. Fer-nando Siborro concorda: “O mal é esse”.

Não há médicos e o serviço

fi ca por fazer, enquanto ou-

tros profi ssionais o poderiam

fazer. Então, este é o momen-

to ideal para dar a volta à situ-

ação e corrigir as coisas.

“Só que há um entrave, que

é a Ordem dos Médicos”, ex-

plica Fernando Siborro. “Nos

outros países, os enfermeiros

têm actuações muito mais in-

tensas que em Portugal. E eu

sou apologista disso. Porque

é que o enfermeiro não há

de seguir um hipertenso ou

um diabético ou uma grávi-

da? Não é difícil. Está tudo es-

crito. Há regras escritas e se-

guindo essas regras sabe-se

que se está a fazer bem. É o

que nós, médicos, fazemos. E

quando as coisas se alteram,

mandamos para o hospital.

Os enfermeiros, hoje, ao con-

trário de antigamente, são li-

cenciados e, por isso, está na

altura de dar o salto em fren-

te e dar-lhes muito mais au-

tonomias. Com supervisão

dos médicos, poderiam fazer

muito mais coisas. E se assim

fosse, os médicos que temos

seriam sufi cientes. Porque o

que nos consome grande par-

te do tempo e enche os cen-

tros de saúde são as vigilân-

cias, da grávida, do hiperten-

so, do diabético, dos meninos,

trabalho que um enfermeiro

sabe fazer. Se canalizássemos

este trabalho para os enfer-

meiros, nós fi caríamos com

os doentes agudos, ou seja,

o que adoece no dia e precisa

do médico. Quando as coisas

saíssem do que dizem os pro-

tocolos, o enfermeiro manda-

va para o médico, ou mesmo

para o hospital, que é o que

nós, médicos, também faze-

mos. Isto iria dar um centro

de saúde mais homogéneo,

porque o médico não perde-

ria a sua importância, que nin-

guém lha tira, e dava mais ên-

fase a um trabalho comunitá-

rio que os enfermeiros já estão

preparados para fazer.”

A situação, neste domínio

é hoje muito diferente. Até

há uns anos, os enfermeiros

saiam da escola e iam para os

serviços dos hospitais, mais

tarde, na pré-velhice, iam para

as consultas externas, e na ve-

lhice iam para os centras de

saúde, porque aí só se davam

injecções e vacinas e pouco

mais. Hoje, não, já encontra-

mos nos centos de saúde en-

fermeiros jovens, acabados

de formar. Com a nova fi lo-

sofi a da enfermagem, há já

enfermeiros novos que, não

pensando no dinheiro, por-

que nos hospitais se ganha

mais por fazerem turnos, pen-

sam na satisfação pessoal e

no sentido de um trabalho

com as pessoas. Há hoje, nos

centros de saúde, enfermei-

ros que nunca trabalharam

num hospital nem estiveram

interessados nisso. Isto mos-

tra que, hoje, os enfermeiros

têm outra mentalidade, têm

outra preparação, são capa-

zes de assumir estas funções.

Essa mudança de mentalida-

de terá de acontecer também

nos médicos, embora seja

mais difícil. Bastava que a Or-

dem dos Médicos abrisse essa

oportunidade.” É caso para di-

zer que os deuses devem es-

tar loucos.

“A saúde é uma casa fechada”

O sistema é medicocentra-

do, mas poderia abrir-se a um

maior papel dos enfermeiros

e, assim, resolver uma parte

signifi cativa dos problemas.

Mas não poderia pensar-se

num papel também mais ac-

tivo das comunidades de pro-

ximidade das pessoas? Por

exemplo na educação para a

saúde e na saúde preventiva?

Não podemos esquecer que

há aparelhos de controlo de

tensão para uso doméstico, e

que parte do controlo da dia-

betes é feito em família. Além

disso, há associações para a

área da cultura, para a acção

social, algumas já para a ciên-

cia, mas pouco ou nada para a

saúde. “A saúde tem sido uma

casa muito fechada, muito fe-

chada sobre si própria. Preci-

samente porque é medico-

centrada. Tudo se baseia no

médico, e quando o médico

falta, nada funciona. Eu pró-

prio, reconheço, que sou mé-

dico há quase trinta anos, por

vezes esqueço-me de contar

com as Juntas de Freguesia e

as Câmaras. Tendemos a vê-

los apenas nas reclamações

que fazem, que são legítimas,

sobretudo se forem para aju-

dar, mas eles são parceiros

muito para além das reclama-

ções. Aqui tenho aprendido e

jurei a mim mesmo não vol-

tar a tomar decisões sem avi-

sar os outros parceiros. Mas o

ACES não está fechado a isso,

nomeadamente através do

Conselho de Comunidade.

“Os deuses devem estar loucos”

• Centro de Saude de Constância, sede do agrupamento.

Page 6: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO20116 especial SAÚDE

Falamos muito na falta de mé-dicos, que é um problema de primeira importância. Mas isso absorve a nossa atenção de tal modo que corremos o risco de não reparar nos ganhos que têm vindo a ser conseguidos. É isso que nos diz Fernando Siborro.

“Nós temos coisas muito boas

no nosso ACES. Tenho que enal-

tecer isto. Quando assumi a di-

recção, em Março de 2009, ain-

da não há dois anos, Santarém ti-

nhas uns 15 técnicos superiores,

Serra D’Aire tinha uns sete, a Le-

zíria tinha uns oito ou nove e nós

tínhamos apenas dois, os outros

eram todos administrativos. Hoje,

na Unidade de Apoio à Gestão,

que é quem controla o funcio-

namento do sistema, tenho uma

equipa de onze técnicos, espec-

tacular, forte, com gente muito

nova, sem vícios, com empenho

e dedicação.

Hoje não tenho problemas em

comparar a minha equipa com as

dos outros.

“Além disso, temos uma Unida-

de de Saúde Pública, que inclui o

Delgado de Saúde, que são ape-

nas dois, e os técnicos de saúde

ambiental, que têm estado a de-

sempenhar um papel espectacu-

lar. Na Gripe, eles demonstraram

o que é a Saúde Pública. Deve

ser a Unidade, aqui da zona, mais

bem montada e mais efi ciente.

“Temos ainda a Unidade de Re-

cursos Assistenciais Partilhados,

que engloba a psicóloga, a fi sio-

terapeuta, a terapeuta da fala,

enfi m, os técnicos que não per-

tencem às outras Unidades, que

também estão muito bem orga-

nizados e muito activos e colabo-

rantes, e também não deve ha-

ver na zona outra a funcionar tão

bem.

“Portanto, embora a ponta do

iceberg seja má, que é a falta de

médicos, nós temos coisas muito

boas na nossa organização, das

quais eu me orgulho e procuro

sempre fazer jus às pessoas que

têm sido de muita dedicação e

competência.”

Fernando Siborro sente-se bem

acompanhado pela presidente da

Câmara de Abrantes. As autarquias

fazem agora parte do Conselho da

Comunidade do ACES e Maria do

Céu Albuquerque é mesmo a pre-

sidente do Conselho. “A nova presi-

dente tem tido uma postura com-

pletamente diferente do anterior,

para melhor. Não tem sido um pro-

blema, mas uma solução. Entendeu

o problema e estas reformas, e está

também empenhada nesta solu-

ções. Está a fazer um trabalho espec-

tacular de elucidação dos presiden-

tes de junta. Além da candidatura

que apresentou para as duas unida-

des móveis, está a tentar que as fre-

guesias sejam dotadas de carrinhas

para transporte de doentes. E empe-

nhou-se na construção de um novo

edifício para o Centro de saúde de

Abrantes, onde era o mercado diário.

“O actual é uma vergonha.”

No iceberg nem tudo é mau

Quando o médico vai a casa

A concentração dos cuidados médicos em

algumas das freguesias rurais acarreta al-

gum prejuízo às populações, que têm de se

deslocar à freguesia ao lado.

Por isso, defende Fernando Siborro, “tem

de ter alguma contrapartida. Eu vou fazer

tudo para conseguir recuperar o que nós, no

Sul de Portugal, perdemos, mas que o Nor-

te mantém, as visitações domiciliárias mé-

dicas, a ida do médico a casa. Isso revolve o

problema das pessoas acamadas e das que

tenham difi culdade de locomoção. E assim

fi ca toda a população coberta. Os que po-

dem deslocar-se vão ao médico, os que não

podem vai lá a casa o médico.

E o enfermeiro, porque o s enfermeiros já

vão a casa das pessoas. Falta só ‘empurrar’ os

médicos, e tem que ser com os novos, por-

que os velhos já não vão lá.”

Em sintonia com a Câmara

Page 7: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO2011 ACTUALIDADE 7

O contrato de adjudicação da

empreitada das obras de reabili-

tação da ponte sobre o Tejo, em

Constância, foi assinado no dia 11

de Janeiro com a empresa que vai

assegurar os trabalhos, a Tecnovia.

Encerrada ao tráfego rodoviário

desde o passado dia 20 de Julho,

por “falta de segurança devido ao

elevado estado de degradação”, a

ponte que liga Constância sul e a

Praia do Ribatejo, em Vila Nova da

Barquinha, foi alvo de um proto-

colo com vista à sua reabilitação.

Segundo o presidente da Câmara

de Constância, Máximo Ferreira,

o caderno de encargos aponta

para que no fi nal de Fevereiro ou

início de Março a ponte possa es-

tar já transitável a viaturas ligeiras,

durante o dia, já que os restantes

trabalhos serão efectuados à noi-

te. O autarca acrescentou que as

obras de reabilitação se deverão

estender por 18 meses, assegu-

rando à ponte um prazo de vida

útil de 50 anos.

Foi numa cerimónia pública, no início do mês de Dezem-bro de 2010, que a presiden-te da Câmara de Abrantes as-sinou com empreiteiros seis contratos de consignação de obras no valor global de cer-ca de dez milhões de euros.

Nestas adjudicações o valor

mais elevado é do centro es-

colar de Alferrarede, 2,7 mi-

lhões de euros e um prazo

de execução de 548 dias. To-

das as obras adjudicadas têm

comparticipações do Quadro

de Referência Estratégico Na-

cional (QREN) já aprovadas na

ordem dos 80%, fi cando a car-

go da autarquia os 20% rema-

nescentes. Todas as empreita-

das foram lançadas através do

dispositivo legal de obras com

carácter de urgência, por via

da necessidade do fi nancia-

mento europeu. Já em Janei-

ro foi a vez do Tecnopolo do

Vale do Tejo avançar com mais

um projecto de 2,4 milhões

de euros, numa empreitada

de requalifi cação do espaço

exterior e de loteamento do

espaço a par da dinamização

do espaço. A autarquia deverá

lançar no primeiro trimestre

deste ano mais duas emprei-

tadas de grande amplitude e

com concursos públicos inter-

nacionais, no valor de 23 mi-

lhões de euros: o Museu Ibé-

rico de Arqueologia e Arte e a

Escola Superior de Tecnologia

de Abrantes.

Centros Escolares Alferrarede, Rio de Moinhos e Bemposta

Trata-se da construção de

três novos centros escolares,

que vão receber alunos do

pré-escolar e 1º ciclo do en-

sino básico. As futuras insta-

lações respeitam as actuais

exigências curriculares, peda-

gógicas e sociais e vão pro-

porcionar a alunos, profes-

sores e educadores uma boa

vivência escolar. Os três cen-

tros escolares têm salas de

aula para 1º ciclo do ensino

básico e jardim-de-infância,

centro de recursos/bibliote-

ca, refeitório, salas polivalen-

tes, salas de pessoal docen-

te e não docente, salas para

associação de pais, cozinha,

áreas técnicas, pátios, recreios

cobertos e parque Infantil. O

investimento no centro es-

colar de Alferrarede é de 2,7

milhões de euros e um prazo

de execução de 548 dias. Já o

centro escolar de Bemposta

representa um investimento

de 2,1 milhões de euros e o de

Rio de Moinhos 1,9 milhões,

ambos com um prazo de exe-

cução de um ano.

Requalifi cação e Ampliação da E.B. 1 nº 1 de Tramagal para Centro Escolar

Em Tramagal, em vez da

construção de um novo edi-

fício a autarquia prevê a jun-

ção das três escolas do 1º ci-

clo básico existentes na fre-

guesia de Tramagal – EB1 n.º

1 de Tramagal, EB1 n.º 2 de

Tramagal e EB1 de Crucifi xo

num único espaço. Assim irá

criar um centro escolar com a

integração das escolas do en-

sino básico do 1º ciclo e edu-

cação pré-escolar da fregue-

sia de Tramagal, através da

requalifi cação do edifício exis-

tente e construção de um edi-

fício de raiz. Prevê a criação

de cinco salas de aula para o

1º ciclo, três salas de activida-

des para o jardim-de-infância,

vestiários/balneários alunos,

instalações sanitárias alunos/

professores/não docentes, re-

feitório/sala polivalente, cen-

tro de recursos/biblioteca,

sala de professores/educado-

res, copa, arrecadações, áreas

técnicas, pátios, recreio cober-

to e parque infantil/zonas de

estar. A requalifi cação da es-

cola de Tramagal representa

um investimento de um mi-

lhão de euros e será executa-

do no prazo de um ano.

Mercado de AbrantesDepois de muitas polémi-

cas sobre o encerramento do

Mercado Diário e a solução de

recurso encontrada, através

da criação de duas lojas em

locais distintos, a autarquia

avança com a construção de

um mercado com as infra-es-

truturas necessárias desenvol-

vidas em cinco níveis.

O nível 4 é o piso técnico. O

nível 3 vai ter os acessos para

o público e mercadorias por

escada e ascensores, Welcom

Center para exposições e di-

vulgação de actividades lo-

cais, local de cargas e descar-

gas, câmara frigorífi ca, sala de

desmancha e área técnica. O

nível 2 vai ter como espaços a

venda de produtos hortícolas

e frutícolas e fl ores. O nível 1

consistirá na venda de pro-

dutos hortícolas e frutícolas e

peixarias, bem como a venda

de carnes e enchidos. O nível

0, acesso pela Rua Nossa Se-

nhora da Conceição, terá um

átrio, recepção, talhos, pada-

ria, café, esplanada e escadas

de acesso aos pisos inferiores

e superiores O investimento é

de 1,1 milhões de euros com

um prazo de execução de 365

dias.

Centro de Acolhimento do Tejo Situado no Aquapolis,

margem Sul, esta emprei-

tada prevê a ampliação e

reordenamento de todos os

equipamentos existentes no

Parque de Campismo. Com

esta obra vai ser suprimida

a vocação maioritária para

acampamento e regista-se a

introdução de uma nova vo-

cação de apoio a todas as ac-

tividades estruturadas em tor-

no do rio Tejo. Vai ser criado

um espaço de amplo uso co-

munitário que constitua uma

referência no apoio a todas as

actividades que se desenvol-

vem em torno do eixo estra-

tégico sustentado pelo rio e

onde se desenvolvam o des-

porto, os tempos livres, a cul-

tura, o conhecimento, o con-

tacto com a natureza ou a

mera fruição contemplativa

com acesso directo a partir da

avenida da marginal do Tejo.

Vai ter ainda sala de convívio,

esplanada, cafetaria, parque

infantil e área para desportos

livres, para além do espaço

de acampamento e estacio-

namento de autocaravanas.

Esta empreitada prevê ainda a

criação de dois pavilhões mul-

tiusos, o aluguer, no futuro, de

bicicletas, de canoas e de ten-

das e terá uma capacidade

máxima de 300 utilizadores.

Será um investimento de

um milhão de euros e tem

um prazo de execução de 365

dias. Esta obra não está inclu-

ída numa já em curso, e já no-

ticiada pelo JA, que é a requa-

lifi cação da margem Sul do

Aquapolis.

Jerónimo Belo Jorge

Ponte de Constância reabre no inicio de Março

Abrantes adjudica 12 milhões em obras

• Centro de Acolhimento do Tejo.

Page 8: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO20118 ECONOMIA

Simão Pita é professor na Esco-

la Profi ssional de Desenvolvimen-

to Rural, em Mouriscas, e partici-

pa do Núcleo de Produtores do

Ribatejo Interior em representa-

ção da sua escola. Quando fala

de como o processo decorre, diz

sempre “nós”. “No início da sema-

na, abrimos o sistema e ele diz-

nos quantas pessoas estão inscri-

tas para receber cabaz nessa se-

mana.” Sim, mas quem é que abre?

E quem vê se algum dos inscritos

não pode ir buscar o cabaz na sex-

ta? Quase pede desculpa de con-

fi rmar o que já se adivinha. É ele.

Mas, mesmo assim, diz que “sim,

somos nós, a Escola Profi ssional”.

A Escola atribuiu-lhe três horas

semanais para trabalhar no pro-

jecto. Mas é fácil de ver que inves-

te mais. Quantas? “Umas dez ho-

ras por semana”, diz como quem

não quer dizer. A ele se deve uma

parte signifi cativa do bom funcio-

namento do projecto. Qual é o fu-

turo do projecto? Há a perspecti-

va de abrir outros postos de entre-

ga de capazes noutros concelhos

da acção da TAGUS. E a adesão de

mais produtores é possível? Diz

que sim e fi ca-se com a sensação

de que serão bem-vindos.

“Alegrias verdes e frescas” fazem o êxitoPROVE

Acima das expectativas mais animado-ras, os PROVE está a ser um sucesso. Es-peravam ter 40 consumidores inscritos ao fi m de vários meses. Mas ainda mal começou e já têm 160 inscritos.

Destes, 90 já recebem o seu cabaz de

frescos, alguns todas as semanas e ou-

tros apenas de 15 em 15 dias, conforme

a opção que fi zeram. E outros 70 estão

em lista de espera. Para os abastecer, 7

produtores estão a ampliar a sua pro-

dução, mas, mesmo assim, ainda não

conseguem dar a resposta à lista de en-

comendas. O Projecto veio da penínsu-

la de Setúbal pela mão da TAGUS. Os

produtores locais aderiram e são o Nú-

cleo de Produtores do Ribatejo Interior

que recebeu um programa informático

que permite gerir o processo. No início

da semana, uma mensagem electróni-

ca avisa os inscritos dessa semana, para

verifi carem se há algum problema. Na

quarta-feira sabem o número de caba-

zes que têm de preparar. Os produtores

reúnem-se e decidem a composição do

cabaz dessa semana e recebem o valor

apurado com os cabazes da semana an-

terior. Na sexta-feira, ao princípio da tar-

de, chegam com os seus produtos ao

antigo quartel dos bombeiros e com-

põem os cabazes. Das 17h00 às 19h30,

os consumidores vêm buscar as alegrias

verdes e frescas para mais uma semana

e pagam os 10€. E, no geral, os fi cam sa-

tisfeitos. Simão Pita diz que “os produto-

res fazem por que os cabazes valham a

pena”. E diz que “talvez por isso o projec-

to está a ter tanto êxito”, um êxito que

ninguém previa, “ou talvez a TAGUS te-

nha feito uma boa divulgação”, acres-

centa. O PROVE já está instalado em 20

locais no país e Abrantes apresenta os

melhores resultados. E não há dúvida

de que esta é uma ajuda tanto para as fi -

nanças familiares como para a nossa pe-

quena agricultura do sector horto-frutí-

cula. Contudo, não podemos esquecer

que, no caso de Abrantes, dos sete pro-

dutores dois são a Escola Profi ssional e

o CRIA, portanto produtores com um

estatuto muito especial. Dá para perce-

ber que ao nível da produção muito há

ainda por fazer. Mas talvez o PROVE seja

o canal de escoamento que venha esti-

mular a produção. Aliás, os actuais pro-

dutores já estão a fazer isso mesmo.

Alves Jana

Simão Pita, uma alma do negócio

Page 9: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO2011 ACTUALIDADE 9

Na sequência da “onda de

assaltos” que se tem verifi ca-

do em Abrantes, a PSP local

identifi cou, em dezembro,

passado dois grupos de as-

saltantes e recuperou algum

material roubado.

Segundo informação da

PSP, os dois grupos eram

constituídos por 7 e 5 indi-

víduos. O grupo de 7 ele-

mentos “foi autor de várias

ocorrências de furto em re-

sidência, viatura, estabeleci-

mentos comerciais e um rou-

bo por esticão”. Em resultado,

a PSP recuperou um telemó-

vel, material informático, má-

quina fotográfi ca, jogos en-

tre outros objectos. Quan-

to ao segundo grupo, a PSP

de Abrantes tem a decor-

rer várias diligências para o

apuramento cabal dos factos.

Esta informação vem mostrar

que é possível apurar os fac-

tos, encontrar os ladrões e re-

cuperar o material roubado.

Além disso, fi ca demonstra-

do que há, de facto, grupos

organizados de delinquentes

a operar em Abrantes.

No fi m-de-semana de 14 e

15 de Janeiro, o campo de fu-

tebol da freguesia de Rio de

Moinhos foi assaltado pela

quinta vez consecutiva.

Mário Pernadas, presidente

da direcção da Casa do Povo

de Rio de Moinhos, institui-

ção responsável pela manu-

tenção do mesmo, referiu ao

JA que a direcção está bas-

tante preocupada com situ-

ação.

Os prejuízos são elevados e

a instituição não tem meios

para pagar os danos, desde

fechaduras partidas, portas

arrombadas nos balneários,

até aos próprios cabos de

electricidade que são cons-

tantemente cortados. Além

destes estragos, o presiden-

te acrescentou que rouba-

ram “bebidas do bar, botijas

de gás e o saco do massagis-

ta”. O valor estimado do pre-

juízo ronda os mil euros. Má-

rio Pernadas assegura que,

se a Câmara Municipal de

Abrantes não prestar mais

uma vez o seu apoio, “não va-

mos conseguir ter o campo

pronto a ser utilizado breve-

mente”. A denúncia foi feita à

Guarda Nacional Republica-

na, na madrugada de domin-

go, mas, segundo o presiden-

te, as esperanças não são as

mais elevadas. “A denúncia é

feita contra desconhecidos,

o processo vai para tribunal,

mas o tribunal acaba por nos

devolver o documento por-

que não há provas de quem

foi e fi ca tudo em nada”, ex-

plica Mário Pernadas.

A primeira mostra de Cozinha Fervida

e Vinhos vai acontecer no concelho de

Sardoal entre o dia 1 de Fevereiro a 6 de

Março, nos restaurantes da vila.

Miguel Borges, vice-presidente da Câ-

mara Municipal de Sardoal, explicou

que este certame tem como objecti-

vo promover a gastronomia tradicio-

nal e atrair as pessoas ao Sardoal. Du-

rante estes dias, basta dirigir-se aos

restaurantes - A Fragata, As Três Naus,

Dom Vinho e Quatro Talhas e sentar-se

para provar a cozinha fervida. Segun-

do Miguel Borges trata-se de um acom-

panhamento à base de couves e feijão,

que pode saborear com bacalhau assa-

do, entrecosto, febras ou outros pratos.

Para acompanhar pode contar com os

dois vinhos produzidos no concelho,

Quinta do Côro e Quinta do Vale do

Armo, a preços mais baixos do que o

seu valor normal de mercado. Na próxi-

ma edição do Jornal de Abrantes dare-

mos destaque a este certame.

PSP de Abrantes recupera material roubado

Assalto no campo de Rio de Moinhos

Vila do Sardoal convida a provar os sabores da terra

Page 10: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO201110 PUBLIREPORTAGEM

Situada em plena freguesia de Alferrarede, a Urbanização Jardim dos Plátanos nasceu no ano de 2000. Este espaço

reúne quatro lotes com apartamentos T1, T2, T3 e T4, bem como, espaços para comércio, escritórios e serviços.

Actualmente, os apartamentos T1 e T4 estão já todos vendidos. Restam disponíveis alguns T2 e T3 e onze espaços

para comércio.

“A melhor urbanização de Abrantes”Foi assim caracterizada por Paulo Branco, funcionário da Mater

Control, empresa responsável pela urbanização. Este espaço tem

tudo à mão, desde escola primária, jardim-de-infância, parque in-

fantil, centro de dia, um recente centro de saúde, supermercados,

lojas, esplanadas e encontra-se junto à estação de comboios, ao

Tecnopólo e ao Parque Industrial de Abrantes.

“Muito mais pelo mesmo Preço”A urbanização oferece uma imagem de unidade e har-

monia, com diversas valências dentro dos próprios apar-

tamentos. Valências que foram enumeradas ao Jornal de

Abrantes por Júlio Bento, administrador da Mater Con-

trol. “Pavimentos em madeira, vidros duplos, aqueci-

mento central, lareira com recuperador de calor, banhei-

ra de hidromassagem nas suites, bancadas em pedra na-

tural nas cozinhas, porta de entrada blindada, sistemas

de segurança, rede de gás natural, elevadores em todos

os lotes, garagens para dois lugares, estacionamentos

reservados a moradores e isolamento térmico e acústico

nas paredes exteriores”.

Estes são alguns motivos para visitar este espaço ou

quem sabe, vir a ser o próximo morador ou comerciante

da Urbanização Jardim dos Plátanos.

Vox Pop O Jornal de Abrantes foi conhecer a opinião de alguns lojistas e moradores que estão instalados na Urbaniza-ção Jardim dos Plátanos.

SONIA PEDRO reside desde 2002

“Quando escolhi os Plátanos para ha-

bitar, pensei em dois factores de ime-

diato. A questão da centralidade, uma

vez que temos todos os serviços de que

necessitamos a um passo de casa, des-

de as escolas, centro de saúde, a estação

de comboios, os hipermercados, etc. Ou

seja, acabamos por estar centralizados neste novo centro que é

Alferrarede. Por outro lado, em termos visuais toda a envolvência,

com o aproveitamento dos plátanos, torna-se bastante agradável.

Ao nível das cores e da estética dos apartamentos, de facto exis-

te uma diferenciação dos outros apartamentos da região. Na altu-

ra, apreciámos essa estética bastante urbana. Também, a questão

da vinda da ESTA para o Tecnopolo vai fazer com que este espaço

ganhe um novo fulgor. Em termos imobiliários e comerciais, com

o acréscimo de alunos, este centro vai tornar-se bastante concor-

rido.”

FERNANDO MANUEL Loja “Musical FH5”

“Estou satisfeito com o espaço interior

da loja. Relativamente ao espaço exte-

rior, considero que é acessível, seguro e

tem bastantes estacionamentos. Pen-

so que falta apenas a presença de um

ecoponto”.

HÁLIA SANTOS Reside desde 2006

“O que mais me agradou, ao instalar-

me na urbanização, foi sem dúvida o es-

paço. Um espaço aberto e plano onde

posso circular com tranquilidade. A ur-

banização é uma zona agradável, que

tem tudo à mão, desde multibanco, ca-

fés, correios, centro de saúde… Gosto do

edifício, do interior da minha casa e do que a rodeia. Como tenho

uma fi lha pequena, a ideia de ela poder crescer num conceito de

bairro também me agradou. Outra questão importante é sem dú-

vida a vista. A vista que tenho da minha sala para uma praceta que

tem os plátanos torna-se extremamente agradável quando esta-

mos em casa”.

ANDREIA COSTA Academia na Palma da Mão

“Gosto do espaço envolvente às lo-

jas, pois quando se sai não nos encon-

tramos logo na estrada, o que é óptimo

para nós, uma vez que trabalhamos com

crianças e assim, há a possibilidade de

organizar actividades na calçada. A pre-

sença do parque infantil também é um

forte contributo para as nossas actividades de verão. Relativamen-

te às lojas, considero que são confortáveis e têm montras grandes,

o que é bom, pois permite a visibilidade por parte do cliente. está

bem localizada, é visível a todos os que passam na estrada e já para

não falar que é identifi cável. Todos conhecem os Plátanos!”

CARLA PEDROCafé restaurante “Jardim dos Plátanos”

“Foi no ano de 2009 que nos instalamos

na urbanização e até agora a experiência

tem sido bastante positiva. È um espaço

que reúne alguns estacionamentos, en-

contra-se perto dos hipermercados e é

acessível a todos”.

JARDIM DOS PLÁTANOS

“ Uma janela aberta para a natureza”

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25 DE JANEIRO DE 2011EDIÇÃO Nº 24WWW.ESTA.PT

F PÁGINA 03

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE ABRANTE

ESTA volta a ter Associação de Estudantes

MÓNICA RIBEIRO CARDOSO é a presidente da nova Associação de Estudantes (AE) da ESTA. Aluna de Engenharia Mecânica, explica o que a levou a criar uma lista: “A ideia não partiu só de mim, foi um grupo de amigos que decidiu.” A porta da AE “esta-va sempre fechada e era bastante complicado quando precisávamos de tratar alguns assuntos”A ESTA esteve sem AE durante vá-rios meses. Durante esse período foi o Conselho de Veteranos que assumiu as funções da AE, como a recepção aos novos alunos e o apoio em diferentes actividades.

A lista liderada por Mónica Car-doso foi a única a candidatar-se e conseguiu cerca de 75% dos votos. A nova AE é costituida por 19 elementos e tem, pelo menos, um representante de cada curso

da escola. Um dos primeiros ob-jectivos desta nova direcção foi o de saldar as dívidas, juntamente com a preocupação de repor uma boa imagem: “Limpar o nome da Associação e o nome dos estudan-

tes na cidade, porque nem sempre somos bem vistos pela comunida-de abrantina.”A nova presidente da AE consi-dera que o grupo de estudantes que consigo alinharam no desafio são pessoas activas e interessa-das, apesar de nem todas pode-rem estar presentes diariamente. E revela que “as expectativas são as melhores, apesar do estado em que a Associação está”. Por isso, Mónica Cardoso promete: “Vamos esforçar-nos para que o nome seja limpo e, claro, vamos trabalhar.” Um dos primeiros

desafios a concretizar será o de voltar a instalar o ‘espírito’ aca-démico na cidade.A primeira actividade da nova AE foi a colaboração num trabalho de voluntariado do Banco Alimentar e a prova de fogo, em termos de organização, foi o Jantar de Natal, que acabou por exceder todas as expectativas. Ainda numa fase de arranque, a presidente a AE des-creve o pensamento comum à sua equipa: “Todos para o mesmo, sem dúvida. Vamos trabalhar todos juntos e com o mesmo fi m, levan-tar a Associação.” TERESA FRANCO

PUB

www.nyb.pt

Carlos Pinto CoelhoAlunos da ESTA escrevem, em dife-rentes registos, sobre o Jornalista e sobre aquilo que com ele apren-deram.F PÁGINAS 8 e 9

Luís Ferreira, novo director da ESTA, defende que as boas rela-ções pessoais são um bom suporte para as relações profi s-sionais.

Presidente da Câmara de Abrantes quer criar condições para atrair novos cidadãos para a cidade.

F PÁGINA 11

Page 12: JA - Jan2011

02 ESTA JORNALTERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011Opinião

Uma nova imagem: grafi smo mais limpo e ‘arejado’, textos mais pe-quenos e novas apostas em termos de imagem. Este é o novo ESTA-Jornal, que passa, assim, por mais uma reformulação. Trata-se de uma adaptação aos novos tem-pos, caracterizados por um forte apelo da imagem e por tempos de leitura (dos jornais) mais rápidos. A nova imagem do ESTAJornal é o resultado do trabalho de José Gre-gório Luís, aluno do Mestrado em Tecnologias Editoriais da Escola Superior de Tecnologia de Tomar (ESTT), do IPT. A publicação que agora se apresenta responde na perfeição ao desafio que lançá-mos: um jornal feito por estu-dantes de Comunicação Social, generalista nos temas e arrojado na apresentação.Vale a pena dizer que os trabalhos que aqui se publicam são apenas uma pequena parte de tudo os que os alunos de Comunicação Social da ESTA produzem ao longo dos seis semestres do curso. Para além dos trabalhos de experimentação e aperfeiçoamento da prática jor-

EDITOR AL

Ficha TÉCNICA

HÁLIA COSTA SANTOSESTA D ABRANTES

Adaptação aos novos tempos

nalística, apenas apresentados em contexto de sala de aula, os futu-ros profi ssionais que estão a ser formados nesta Escola têm ainda uma outra importante ‘montra’ daquilo que são capazes de fazer: www.estajornal.com .Esta edição do ESTAJornal tem, ainda, alguns outros aspectos que merecem ser destacados: o traba-lho feito numa aula sobre Carlos Pinto Coelho, que gostava desta Escola de uma forma muito espe-cial (as duas páginas que publica-mos com textos e fotos sobre ele são um reconhecimento público pelo seu profi ssionalismo e pela sua capacidade de partilhar co-nhecimentos); os testemunhos de três dos muitos alunos que este ano estagiaram em jornais nacionais (porque valorizamos o percurso dos nossos estudantes); a apresentação de um projecto de cariz social, desenvolvido por quatro alunos da Escola Secundá-ria Dr. Manuel Fernandes (porque apoiamos aqueles que mostram valor, empenho e dedicação pe-los outros). Com estas três abor-dagens mostramos três facetas completamente diferentes, que vão construindo a marca deste ESTAJornal. Pelo menos, assim o esperamos...�

DIRECTORA: Hália Costa Santos

EDITORA EXECUTIVA:Raquel Botelho

COLABORADORES:Cláudia Ferreira, Daniel Teixeira, Élia Batista, João Pereira, João Vasco, Margarida Pereira, Pedro Ramos, Sara Corda, Sara Pereira

REDACTORES:Joana Rato, Manuel António, Juliana Madeira, Daniela Afonso, Joana Antunes, Joana

Ferreira, Paula Pereira, Vera Mendes, Vera Agostinho, Joana Lages, Teresa Franco, Sofi a Schabowski

PROJECTO GRÁFICO: José Gregório Luís

PAGINAÇÃO:João Pereira

Tiragem: 15000 exemplares

Se me pedissem para resumir a experiência no Público em ape-nas uma palavra a escolha seria, defi nitivamente, “aprendiza-gem”. Em três meses, num sim-ples estágio curricular, consegui obter uma visão completamente distinta do mundo que até então apenas conhecera através de teoria e pequenos trabalhos. Não minto quando afi rmo que foi uma das vivências mais enriquece-doras que tive até hoje, contudo também não vou omitir o receio que senti e as inseguranças que me acompanharam. Estar naquele jornal, que para mim é o melhor diário nacional, mesmo que por um curto período de tempo, era algo verdadei-ramente impensável, algo que exigia de mim muito trabalho e

Aqueles três meses do estágio são quase tão valiosos como os três anos do superior. Pode parecer frase feita, eu achava o mesmo, mas quando chegarem lá vão perceber. Quando vos dizem isto, normalmente referem-se à aprendizagem que trazem de lá. Eu refi ro-me mais à experiência em si, ao ambiente… Acho que só a sensação de experimentar tra-balhar numa redacção, depois de tantos anos a ouvir os professores contarem as histórias de redac-ção deles, só isso já vale a pena! O meu estágio foi um pouco mais longo, foram seis meses no “i”… e fi quei mesmo. Mais, na secção que mais cobiçava – o interna-cional. Imaginemos que, por alguma razão, eu deixo o jornal amanhã.

Acreditar nunca fez mal a ninguémCLÁUDIA FERREIRA

ESTA D ABRANTES

SARA PEREIRAESTA D ABRANTES

JOÃO NUNESESTA D ABRANTES

dedicação. Sei que na ESTA nos preparam para o melhor, para aquele tipo de jornalismo puro, completo e sério, mas chegar ao edifício verde na Rua Viriato faz pensar. Surge o frio na barriga, a estranha sensação de medo, e a pergunta não sai mais da nossa cabeça: “serei boa o sufi cien-te para estar aqui?”. É difícil. É exigente. É, acima de tudo, fascinante.Naqueles meses a “silly season” nem se fez notar. Tinha acesso ao verdadeiro jornalismo, aquilo que nos motiva diariamente. Trabalhos realizados em horas, pesquisa de campo, (chatos) assessores de imprensa, óptimas estórias, convívio com gran-des jornalistas! Em três meses mostrei trabalho e vontade, senti difi culdade e orgulhoso. O Público permitiu-me crescer um pouco mais, conhecer melhor a profi ssão que me apaixona. Cada vez mais.

Aquela “rotina” vai fi car colada a mim como se tivesse feito sempre parte da minha vida! O chegar na carrinha e ir direita ao “lounge” guardar o almoço, fazer um chá bem quente para acordar, sentar-me na secretá-ria (cheia de Hello Kitty´s que a minha irmã me dá sempre que vou a casa) e ir vendo o que po-derá abrir o Radar Mundo no dia seguinte. Esperar pela paginação e entretanto ir fazer a página da meteorologia. É um dia-a-dia mecânico que, de manhã, pouco muda, e a rotina só tem livre-trânsito até à hora de almoço. A partir daí é a incerteza. É o nunca saber o que se vai passar a seguir, a vertigem de trazer parte da História mundial até às pessoas é o que me move, todos os dias. E ao mesmo tempo, enquanto preencho as caixas de texto com a História, preencho-me a mim mesma, porque estou a fazer aquilo que me realiza.

Tive a oportunidade de es-tagiar no jornal “Record” e isso devo-o exclusivamente à ESTA. Nos dias que correm é muito difícil poder estagiar num jornal desportivo, e ainda mais num diário tão prestigia-do, que me é familiar desde a infância (como leitor) e onde sempre sonhei estar.Senti-me sempre, durante esse período de tempo, um jornalista e não um estagiário. O mito do “estagiário/garçon” ou do “estagiário/fotocopia-dor” já não faz sentido nos dias que correm pois os jor-nais, rádios, Tv’s ou empresas precisam de nós mais do que nunca.Sempre me deparei com as célebres frases de que “no Record depois ninguém fi ca”, mas nunca foi essa a minha preocupação. Centrei-me antes em esforçar-me e mostrar o meu valor a todos os minutos dos 90 dias (e mais alguns) que lá passei. O resto fi cou para segundo plano. O grande conselho que deixo a todos os alunos da ESTA é que tenham sempre espírito de iniciativa. Acreditem em vocês e nas vossas qualidades. Mas mais ainda na oportunidade. Irão surgir críticas e repreen-sões, mas isso são coisas que acontecem a todos. A única forma de não desmoralizar é interiorizar e seguir em frente, sempre com a perspectiva de que da próxima vez vão fazer melhor. Acredito em todos os meus colegas: os que estudaram comigo e os que hão-de vir no futuro, porque sei o quanto, e bem, a ESTA os prepara. Sei de “fonte segura” que qualquer um pode fazer um trabalho igual ou melhor que o meu. Acredito em todos. O fenóme-no “cunha” reina por todo o lado, mas penso que o mérito ultrapassa isso tudo. Por isso, façam o favor de acreditarem também em vocês.

O verdadeiro Jornalismo

Três meses e três anos

Page 13: JA - Jan2011

03WWW.ESTAJORNAL.PT EntrevistaMaria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes

“É preciso co-responsabilizar o cidadão pela gestão municipal”

Que balanço faz deste primeiro ano como presidente da Câmara Municipal de Abran-tes?É um balanço positivo. Penso que esta-mos a conseguir cumprir os objectivos a que nos propusemos e a expectativa que foi criada não saiu de maneira ne-nhuma defraudada, antes pelo contrá-rio. Estamos também a conseguir res-ponder àquilo que eram as expectativas do cidadão em relação a esta eleição e ao projecto que nos propusemos cons-truir. Quando diz que conseguiu cumprir os objectivos está a falar especifi camente de quê?Estou a falar em várias áreas. Em pri-meiro lugar aquilo a que nos propuse-mos foi a uma política de proximidade, de estar ao lado do cidadão abrantino, e isso temos conseguido. Temos estado sempre nas iniciativas da sociedade ci-vil e sempre que possível acompanha-mos o trabalho que é feito aos vários níveis pela comunidade empresarial e pelos movimentos associativos, que são muitos no nosso concelho. É também feito um acompanhamento em gabine-te dos cidadãos que pedem para falar connosco e que nos solicitam ajuda. Qual o objectivo dessa política de proxi-midade?Hoje é preciso co-responsabilizar o ci-dadão pela gestão municipal. É preciso que o próprio cidadão se envolva, que conheça aquilo que estamos a fazer. Ser autarca nos dias de hoje é muito dife-rente do que o ser há dez anos. Se nos mandatos anteriores, por via dos qua-dros comunitários abundantes e cheios de dinheiro, era possível fazer obra e criar projectos, hoje cada vez mais es-tes recursos são limitados. Isso faz com que tenhamos um novo paradigma de desenvolvimento, assente muito mais nas pessoas e nas questões imateriais do que na obra física. Esses constrangimentos orçamentais vão infl uenciar os projectos actuais ou futu-ros?Faz-nos ter prioridades e hierarquizar os investimentos. O plano de inves-timento material passa, por um lado, por criar melhores condições de vida aos cidadãos que já vivem em Abran-tes, mas também criar condições para que o concelho de Abrantes possa ser mais conhecido numa escala regional e numa escala nacional de maneira a que mais cidadãos possam vir viver para Abrantes.E como pretende fazer isso?Através da criação de infra-estruturas básicas como são as escolas. Hoje o nosso parque escolar, aquele que de-pende directamente da autarquia, que são os jardins-de-infância e escolas de primeiro ciclo, estão a ser comple-tamente revolucionados. Dentro de

JOANA RATOESTA D ABRANTES

dois, três anos, vamos ter um parque escolar completamente novo e capaz de proporcionar às nossas crianças as melhores condições de aprendizagem, mas também à comunidade educativa. Também por outro lado, ao nível do segundo e terceiro ciclo e secundário, as escolas estão a ser melhoradas atra-vés do esforço do Governo para que os nossos jovens possam ter melhores condições de aprendizagem. A ESTA, cuja obra vamos iniciar a curto pra-zo e que vai capacitar Abrantes para ter uma oferta formativa a nível supe-rior, não só capaz de gerar postos de

trabalho, mas também de trazer mais jovens para Abrantes, para que aqui se possam formar e que depois, através de um projecto mais alargado que é o tecnopólo, desenvolver os seus pró-prios postos de trabalho ou trabalhar em projectos empresariais capazes de gerar na comunidade empresarial va-lor acrescentado com base no conheci-mento, na inovação e na transferência de tecnologias. Por outro lado, fazer uma aposta mui-to clara no turismo. Turismo cultural, turismo desportivo, turismo activo e turismo de negócio, que também que-remos promover junto das nossas em-presas e aproveitando a ESTA. Quanto a investimentos futuros, por exemplo, a construção do centro náutico para dar apoio à canoagem, na criação de con-dições de fruição e acesso à água tanto a nível do Tejo como ao nível da alfân-dega de Castelo de Bode. Pretendemos também uma aposta muito signifi cativa no turismo cultural, com a instalação do Museu Ibérico de Arqueologia.Os cidadãos que habitam em Abrantes queixam-se de uma insegurança cres-cente…A Câmara não tem responsabilidade di-recta em matéria de segurança. É claro

que nos preocupa muito o sentimento de insegurança. O nosso dever é, junto de quem tem responsabilidade direc-ta nessa matéria, encontrar formas de pressão e de trabalho em conjunto. E essa pressão está a ser feita?Sim. Aos vários níveis. Pedimos à Poli-cia de Segurança Pública que reforçasse o policiamento no centro histórico, não só durante o dia mas especialmente à noite. E isto é o nosso maior proble-ma neste momento, é criar junto da PSP esta necessidade de andar na rua a pé e nomeadamente à noite. A Câ-mara criou, logo no início do manda-to, o Conselho Municipal de Segurança onde estão todos os responsáveis di-rectos em matéria de segurança, mas também a sociedade civil, as entida-des representativas das associações de comerciantes e empresários, para que possamos encontrar formas de promover a segurança. Este Conselho tem estado a trabalhar na construção de um diagnóstico local de segurança para podermos depois avançar para um contrato local de segurança com o Ministério da Administração Interna e, assim, criar condições para fazer o reforço da segurança para potenciar qualidade de vida. �

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FOTOGRAFIA DR

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A ESTA vai capacitar Abrantes para ter uma oferta formativa a nível superior

L Objectivo. Criar condições para que o concelho de Abrantes possa ser mais conhecido numa escala regional e nacional

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04 ESTA JORNALTERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011Destaque SÃO COMO TODAS AS OUTRAS. Casadas, algumas; enamoradas, outras tantas. Mas todas separam claramente o trabalho da vida sentimental. De acordo com uma investigadora do Porto, as mulheres que actuam no campo da prostituição são, até, muito conservadoras. A região de Abrantes não é diferente do que se passa no resto do país.

MANUEL ANTÓNIOESTA D ABRANTES

EM ABRANTES, como em qualquer outra localidade, a prostituição é uma realidade. Existem perto de dez casas, cada uma com três a quatro mulheres, que recebem clientes em ambientes discretos. Sónia Silva, 38 anos de vida e 20 de profi ssão, já viveu numa dessas casas. Hoje vive e trabalha sozinha num T1, bem no centro da cidade. “Assim é muito melhor. Muitos homens casados preferem vir a casa do que andar por aí em casas mais ou menos públicas. Assim é um serviço mais personalizado, marcam antecipadamente e pas-sam despercebidos”. Sónia Silva explica que os homens que procuram os seus serviços são de todo o tipo. São homens de to-das as classes sociais, idades, esta-tutos, estados civis e experiência de vida. São maridos, pais e irmãos de toda a gente, diz. Confronta-da com a possibilidade de sair do meio, responde com a fi rmeza de todas as certezas: “Nem pensar! Lavar escadas por 500€ por mês? Tenho as minhas despesas e com as minhas habilitações não consegui-ria ganhar para o que me faz falta.”Nas quatro casas, da região, aber-tas ao público e onde se conjuga o ‘alterne’ e o aluguer de quartos (Mouriscas, Sardoal, Pego e Ortiga) encontram-se mulheres dos 18 aos quase 60 anos. “Há clientes para todas, desde que se queira traba-lhar”, dizem. Ao todo, serão umas 40 mulheres que todas as noites se disponibilizam a beber copos, conversar, dançar e, em função da situação, subir aos quartos onde vivem e habitam durante o dia.Quem manda? O cliente só escolhe a prostituta. A partir daí, o poder passa a ser da profi ssional. Ela é quem dita as regras: quanto leva, o que faz ou não, se quer ou não preservativo – quase todas usam, algumas usam-no sempre e é as-sunto inegociável.Também há aquelas que, traba-lhando na noite, apenas ‘alter-nam’, ou seja, não sobem para os quartos. Só bebem copos que os clientes vão pagando a troco de conversa e da permissão de al-guns “atrevimentos” que vão au-mentando em função das bebidas pagas. “Elas são, até, muito conservado-ras, acreditam na monogamia. O que fazem é recorrer a técnicas de neutralização, de racionalização, formas de lidarmos psicologica-mente com os nossos problemas. Neste caso, é muito frequente, por exemplo, as prostitutas que têm companheiros – marido ou namo-rado –, que é a maioria, terem com eles relações de fi delidade. E são-lhes fi éis, porque não vêem infi -delidade na sua actividade: para

A PROSTITUIÇÃO entre adultos em Portu-gal não é uma actividade considerada ilegal por si só, não incorrendo em pe-nas nem aos clientes, nem às pessoas

que se prostituem. O artigo 215, nº2, do Código Penal apenas prevê e pune

a exploração da prostituta como pessoa e não a exploração do negócio da prostituição. Ape-nas a obtenção de lucros pela actividade de prostituição de

terceiros é considerado crime de lenocínio, punível com prisão.

Mas como é vista, afi nal, a prosti-tuição? Numa manifestação que ocor-

reu em Fevereiro de 2002, em Ma-drid, um dos slogans usado foi: “Nem vítimas, nem escravas”. Mas em 1917, Camille Mauclair, no livro « De lémaour Physi-que », dizia: “A característica

mais impressionante do corpo da prostituta é que não lhe pertence.

Ela habita nele, mas é um cubículo que subaluga aos transeuntes. Decora-o, enfeita-

o e oferece-o”. Quase um século medeia entre estas duas frases.

No entanto e se há primeira vista tudo mudou, há um longo processo ainda pela frente. A história “da

mais velha profi ssão do mundo” – que não corres-ponde à realidade, pois há vestígios anteriores de trabalho agrícola, por exemplo -, é feita de muitos avanços e retrocessos. O estatuto das mulheres, entre “objecto de prazer” e “fêmea procriadora”, prolongou-se ao longo dos séculos. Na antiga Grécia, Apolodoro proclamava: “Temos raparigas para o prazer, amantes para o

refrigério diário dos nossos corpos, mas esposas para nos darem fi lhos legítimos e olharem pela casa”. Este estatuto atravessou séculos e sé-culos. À mulher era negado o prazer. Ainda não

há muito, a mulher que demonstrasse prazer na relação sexual poderia ser “mal vista”. Nalgumas

consultas médicas ainda se escuta: “Quando o meu marido se serve de mim”.A primeira regulamentação da prostituição, em Portugal, surgiu em 1853 (Regulamento Sanitário das Meretrizes do Porto). E em 1889, realizou-se o primeiro inquérito sobre a prostituição em Por-tugal. Um inquérito, com uma série de perguntas, respostas e apontamentos relativos às “mulheres de má nota”.O Regulamento de Braancamp, de 1865, tornou obri-gatória a matrícula policial das prostitutas, mas não lhes consagrando quaisquer direitos. “Eram presas, perseguidas, deportadas, humilhadas e violentadas pelos agentes policiais, sofriam duplamente a vio-lência da polícia sanitária e o horror das inspecções”.O sistema de regulação foi mais ou menos comum ao longo do Sé. XIX em praticamente todos os países europeus: registo, exames médicos, internamento em instituições quando estivessem infectadas. Em Portugal o sistema abolicionista foi instaurado em 1963, mas abolido 20 anos depois. Com a confe-rência de Pequim, em 1995, tenta-se a distinção entre “prostituição forçada” de “prostituição de livre escolha”. Actualmente afi guram-se três sistemas ou quatro sistemas, na forma de abordar a problemática:O sistema proibicionista (que considera a prosti-tuição um crime e condena todos os elementos envolvidos: prostituta, proxeneta e cliente); um enquadramento legal (que confere direitos e de-veres, incluindo acesso aos sistemas públicos de saúde, segurança social, associação, cobrança de impostos, que é o caso da Alemanha ed a Holanda); a descriminalização (com o propósito de uma menor estigmatização das pessoas envolvidas, como é o caso do enquadramento legal português); e pe-nalização de clientes (como o sistema vigente na Suécia, que faz com que os homens procurem esses serviços noutros países).�

“Lavar escadas por 500€ por mês? Nem pensar!”

elas, são relações de trabalho, relações instrumentais nas quais não há envolvi-mento emo-cional. Dis-tinguem essas relações das que têm com os com-panheiros, os quais usam as mesmas formas de racionali-zação”. Quem o diz é Alexandra Oliveira, investigadora da Fa-culdade de Psico-logia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, que se dou-torou com uma tese sobre a prostituição de rua no Porto, e que defende que esta actividade deve ser regulada como qualquer outra profi ssão.Por questões relacionadas com a religião e com a moral, a prostitui-ção está ainda associada a diversos preconceitos, o que faz com que a generalidade destas mulheres pa-reça ‘invisível’. Estão à nossa volta, mas são, muitas vezes, “olhadas de lado”. Estas mulheres que ac-tuam na área do trabalho sexual identificam situações em que são discriminadas quando se dirigem a determinados ser-viços e instituições públicas, nomeadamente no campo da saúde e da justiça.Para lutarem contra to-dos esses estigmas, “o dia 17 de Dezembro foi o dia escolhido pelas orga-nizações que trabalham na área do trabalho sexual para relembrar todos os trabalhadores e trabalhadoras de sexo que foram alvo de violência, opressão e ódio, por parte de clientes, parceiros, autoridades policiais ou pelo Es-tado. A violência contra os/as tra-balhadores/as do sexo é um fenó-meno em larga escala perpetrado, legitimado e aceite por muitos. As autoridades policiais e as leis que regulam esta actividade têm, em algum casos, aumentado o risco de violência contra os/as traba-lhadores/as do sexo, em vez de os/as proteger”. No ano 2000 o número de prosti-tutas em Portugal estimava-se em 28.000, sendo que, pelo menos 50%, são estrangeiras. Este fenó-meno tornou-se mais visível desde os princípios da década de 1990, com a chegada de muitas mulhe-res vindas do Brasil e da Europa de Leste. Quem não se lembra da pri-meira página da Revista “Time”, dedicada “Às mães de Bragança”?A prostituição, vista até há pouco

como um pequeno negócio, é hoje vista como uma actividade massifi cada e uma indústria multi-milionária. Com facilidade encon-tramos serviços de prostituição em revistas, jornais e sítios da Inter-net. O turismo sexual é reconhe-cido pela Organização Mundial do Turismo. No entanto, para todos efeitos, é uma actividade profi s-sional inexistente. Para as associações representativas do sector, o trabalho sexual devia ser legalizado e institucionaliza-do. Porque “A prostituição é uma escolha”! Exigem o direito a es-tabelecer “relações comerciais e sentimentais formais e informais”. Assumem, inclusivamente, o papel de “educadoras sexuais dos clien-tes” e reivindicam o reconheci-mento pelo papel desempenhado na sociedade como um “recurso valioso para fomentar a saúde e o bem estar sexual”.�

Entre o sexo e o corpo que lhes pertence

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ILUSTRAÇÃO PEDRO RAMOS

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05WWW.ESTAJORNAL.PT Destaque

“TODAS AS PESSOAS são diferentes e cada pessoa relaciona-se com cada outra de forma diferente, não se ama toda a gente de igual modo.” Quem o diz é a psicóloga Sara Pa-checo. A ideia de que o amor não escolhe pessoas nem idades é mes-mo verdade.O amor como o de Adão e Eva, de Romeu e Julieta, de Pedro e Inês de Castro, aquele que Camões des-creve como “fogo que arde sem se ver” é o mesmo que dá cor à rela-ção de Margarida e Carlos. Tudo começou quando a Margarida en-trou no comboio que seguia rumo à cidade de Faro, no qual também viajava Carlos. O rapaz perguntou o nome à rapariga e pediu-lhe o email. Margarida hesitou, mas acabou por dá-lo. Uns tempos mais tarde acabaram mesmo por combinar um encontro, altura em que surgiu um namoro que já dura há quase quatro anos. “Ele fez-me sentir especial”, diz ela.O romantismo faz-nos crer que é possível duas pessoas apaixona-ram-se desde o primeiro momento em que trocam um olhar. Sara Pa-checo, psicóloga, explica: “Amor à primeira vista? Não, existe uma atracção, a pessoa gosta do que vê e sente-se atraída por aquela pes-soa. O amor é um sentimento que é construído, não aparece de um dia para o outro. É um sentimento mais sólido, não é como uma mera atracção ou paixão.” O amor não escolhe idades, nem sexos. Flávio percebeu aos 17 anos

PRIMEIRO vem a vida real e depois a virtual. Será mesmo esta a ordem? A forma como as pessoas se relacio-nam está a mudar. Na sua maioria, as cartas são substituídas por e-mails, rápidas mensagens, conversas em redes sociais. Longas prosas? Até podem ser, mas quanto mais rápi-do chegarem ao seu destino melhor. Então, vêm acompanhadas de smiles, abreviaturas e, certas vezes, até de alguns erros ortográfi cos.“Cartas de amor?! Hoje em dia as cartas de amor foram substituídas

Era uma vez o amor sem tabus

que era homossexual. Só descobriu o que era o verdadeiro amor quan-do conheceu o seu actual parceiro, com quem já namora há um ano. Poderia ter a seus pés todas as mu-lheres do mundo que nada seria di-ferente. “Tentei estar com mulhe-res mas não sentia nada”, garante. “Foi sem dúvida com o Miguel que descobri o verdadeiro amor, foi algo completamente diferente. Eu já me tinha apaixonado outras vezes mas as coisas nunca deram certo, acabava sempre por me de-siludir. Com o Miguel isso nunca aconteceu, já estamos juntos há um

JULIANA MADEIRAESTA D ABRANTES

A Internet como cenário de relacionamentosDANIELA AFONSOESTA D ABRANTES

ano e cada vez gosto mais de o co-nhecer.” Flávio não lida bem com as pessoas que não entendem o seu amor, só porque é por outro rapaz.Questionado sobre esta distin-ção entre amor e sexo, Fernando Mesquita, sexólogo há sete anos, refere: “Existe uma ideia genera-lizada que as pessoas ‘fazem amor’ com quem amam e sexo com os ‘amantes’ ou com os outros. A base desta ideia é que no ‘amor’ esta-mos perante uma relação sexual mais afectuosa, com muito carinho e grande envolvimento de senti-mentos.” A questão que se coloca é, então, a de saber se o sexo é a base de uma relação estável. Este profissional admite que “o sexo pode ser um dos pilares”, mas não acredita que seja a base. No que diz respeito ao amor, a mu-lher é completamente diferente do homem. Geralmente, eles agem consoante o que sentem, enquan-to elas se movem conforme o que meditaram. “Os homens sentem à fl or da pele, sentem e agem. As mulheres não, elas pensam mui-to, tentam controlar a situação e tentam também testar os rapazes. Mal eles falham, elas já sabem o que vão dizer, é como se tivessem o discurso pronto antes do erro”, refere a psicóloga Sara Pacheco. Também no ciúme os dois géneros são diferentes. Hidehiko Takahashi é um neurologista Japonês que de-senvolveu um estudo, através de exames de ressonância magnética no cérebro de homens e mulheres, que prova a existência de disse-melhanças. Segundo a sua obser-vação, o homem, quando sente ciúmes, impulsiona as partes do cérebro aliadas a comportamentos agressivos e sexuais. Já a mulher, quando é dominada pelo senti-mento de ciúme, impulsiona ou-tras partes do cérebro que levam à associação e percepção de emoções nas outras pessoas.A psicóloga Sara Pacheco explica que “quando estamos com alguém que amamos, apesar de conhecer as qualidades e os defeitos dessa pessoa, nós esperamos tudo me-nos uma desilusão”. E quando as coisas não correm bem “é muito fácil passar para um sentimento negativo em relação a essa pessoa, porque nos desilude”. Da desilusão

nasce o desgosto amoroso, que é sobretudo perigoso na fase da ado-lescência. Trata-se de “uma fase de experimentação e de grandes transformações, quer tanto a nível físico, como psicológico”. A espe-cialista lembra que “um desgosto de amor nesta altura é vivido como o fim do mundo”. E acrescenta: “Se determinado desgosto de amor não trouxe coisas muito positivas é normal que, para a próxima, a pes-soa tenha algum receio, uma vez que já teve uma má experiência. Mas não tem de ser assim.”Nunca é tarde para se amar, e mui-tos só encontram o amor quando a idade já pesa. Diz-se que o amor na terceira idade é melhor, porque é um amor mais amigo e mais meigo. A psicóloga refere: “Na terceira ida-de já houve uma vida, muitos anos, muitas experiências, outros conhe-cimentos. É um amor diferente do dos mais jovens, é um amor mais calmo e mais companheiro.” Em termos físicos, Fernando Mesqui-ta explica que “o que acontece na velhice é que as pessoas têm um melhor conhecimento do seu pró-prio corpo.” Por outro lado, como os homens levam mais tempo a conseguir ter uma erecção, quem já está numa idade avançada dedica mais tempo aos preliminares. Isto “não quer dizer que seja melhor, ou pior, que o amor dos mais novos, apenas é diferente!”Elisabeth Guerreiro, de 64 anos, vive um amor na terceira idade. Conheceram-se há 14 anos quan-do Elisabeth, triste com a vida que tinha naquela altura, passeava numa rua a chorar. Um taxista re-parou nela e, preocupado, acom-panhou-a devagar. Preocupado, deu-lhe o seu cartão, dizendo que era um bom ouvinte. Passadas umas semanas Elisabeth telefo-nou-lhe e combinaram tomar um café. Apaixonaram-se. Casaram no dia 2 de Junho de 2010.“Achá-mos que ainda não era tarde para isso, e assim o fi zemos.” Perante a pergunta sobre o que vive de di-ferente neste amor que não viveu antigamente, Elisabeth responde: “Antigamente vivia um amor de submissão. Agora, finalmente, vivo um grande amor, aquele que sempre sonhei. Pode chegar tarde mas chega.” �

pelas mensagens e pelos e-mails”, confessa Joana Lopes, 19 anos. Os jovens andam baralhados. É esta a conclusão que se retira depois de uma conversa on-line com a estu-dante: “Muitos dos jovens de hoje em dia nem sabem o que é o amor. Hoje amam uma pessoa, amanhã já amam outra, por isso é preferível utilizarem as mensagens e os e-mails, sempre são mais rápidos a chegar ao desti-no. Ao enviarem uma carta até po-deriam correr o risco de quando esta chegasse ao remetente já não estar interessado na pessoa em questão.”As novas tecnologias vieram tirar o protagonismo da tinta e do papel em determinadas ocasiões. A rapidez é o mais importante. “Apesar de ser uma

maneira romântica de contactar, é pouco efi ciente porque demora muito tempo a chegar ao destino”, opina Fábio Moreira, 20 anos. Estas e outras tradições começam a esmorecer com o passar do tempo. Um computador ligado à Internet é parte fundamental nestes “novos relacionamentos”. Mas nem todos colocam o envio de cartas de parte. Tiago Damião, 20 anos, quer manter a tradição: “Exprimir os sentimentos na carta não só faz sentir bem, como também pode ajudar a que um rela-cionamento funcione.”Apesar da tradição, para muitos jo-vens a Internet é vista como um bem essencial. É assim que Joana Lopes, 19 anos, descreve a realidade actual

dos jovens. Muitos relacionamentos começam com uma simples conversa numa rede social: “O tempo que seria para estar na conversa com os ami-gos torna-se impessoal. As conversas são efectuadas pela Internet e não num contacto corpo a corpo.”Há quem considere a Internet um meio fi ável para se conhecerem no-vas pessoas, apesar de não ser com-pletamente seguro. “Pessoalmente, nunca tive problemas. Conheci as mi-nhas melhores amigas pela Internet”, conta Fábio Moreira. Adianta ainda que é uma óptima forma das pessoas mais tímidas conversarem de forma mais desinibida: “A Internet ajuda as pessoas que têm difi culdades em relacionar-se.” �

Verdade Paixão em todas as idades para todas as pessoas

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Redes sociais Uma alternativa às tradicionais cartas de amor

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Quando estamos com alguém que amamos esperamos tudo menos a desilusão

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06 ESTA JORNALTERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011Sociedade

Aluga-se quarto a estudante

PEDRO LOURO ABRE a porta da sua casa, em Abrantes, sorridente. Depois de um lance de escadas velhas, chega-se à cozinha de uma típica casa de estudantes, demasiado ocupados com os estudos para conseguirem ter tudo sempre arrumado. “A água faltou ontem o dia todo e não con-seguimos lavar a cozinha”. Pedro Louro tem 21 anos, é es-tudante no 2º ano do Curso de Engenharia Mecânica, na ESTA, e vem da Ilha Graciosa, dos Açores. Lembra como foi complicado con-seguir encontrar um quarto. Os avisos que estavam na Associação de Estudantes (AE) da ESTA esta-vam desactualizados. “Um quarto com uma cama e uma secretária” eram as únicas coisas que exigia quando procurava um espaço para alugar. Diz que fi cou ime-

ESTUDANTES Quando entram no ensino superior os jovens começam por ter que procurar o seu novo espaço, que adaptam ao seu tipo de vida. Nem sempre a escolha do quarto corre bem à primeira e nem sempre os senhorios são “impecáveis”.

JOANA ANTUNESESTA D ABRANTES

diatamente na primeira casa que encontrou. Actualmente, Pedro paga 125 euros com as despesas já incluídas. Não se queixa da qualidade em relação ao preço. Em relação ao senhorio, Ar-ménio de Sousa Alves, só diz elogios: “É um senhorio impecável. Sempre que nos queixamos que alguma coi-sa está estragada, o Sr. Arménio está pronto a resolver.” Mas nem todos os senhorios foram tão compreen-sivos como o actual. Outro senhorio que também aluga casas a estudan-tes é, também ele, um estudante na ESTA. Manuel António Lopes começou a alugar casas a estudante há mais de sete anos, altura em que comprou uma casa nova para o efei-to. Mais tarde começou também a alugar quartos na própria casa onde habita. “Uma das queixas perma-nentes dos estudantes era o facto de em Abrantes não haver casas de qualidade e pedirem demasiado pe-los quartos. Os senhorios aproveita-

vam todos os buracos para meter lá estudantes…”. Manuel António viu ali uma boa possibilidade investir e decidiu dar o primeiro passo, alu-gando casas novas a estudantes, na esperança de que muitos senhorios lhe seguissem o exemplo. Alugou uma casa por estrear a quatro estu-dantes da ESTA, que tinham saído de uma casa sem condições. “Tra-tavam a casa como se fosse delas, tinham muito cuidado.” Até à data, ainda só teve um problema com um estudante que não tinha o mínimo de condições de higiene e deixava a casa desarrumada. Apenas fi cou um mês. “Prefi ro ter um quarto vazio que uma casa mal tratada.” Manuel António pratica preços bastante va-riados, desde 150 euros, já com as despesas incluídas, até 210 euros, sem despesas. Neste caso trata-se de um quarto com duas camas, casa de banho privada, internet, telefo-ne e tv cabo. Este senhorio diz que lhe é totalmente indiferente alugar

quartos a raparigas ou rapazes. “Já tive rapazes que eram das pessoas mais incríveis e que tinham muito cuidado, enquanto algumas rapa-rigas eram uma desgraça total.” É tudo uma questão de boa educação e de responsabilidade.Tiago Dias tem 22 anos, vem de Se-túbal e está a viver em Lisboa há já dois anos. Alugou uma típica casa lisboeta, com um longo corredor e as paredes pintadas de branco, simples. A pequena sala a que tem direito tem apenas uma televisão com tv cabo, que entretanto trou-xe de outra casa, e um colchão que serve de cama para quem lá dor-mir. Teve de investir um bocado no quarto, uma vez que quando o alu-gou estava vazio. Teve de comprar a cama e uma secretária.Também a cozinha estava quase “nua”. Tiago lembra como teve que comprar um esquentador e uma máquina de lavar. Com o fo-gão teve sorte: um amigo deu-lhe.

“Queria um quarto num valor de 250 a 260 euros, mas com as despe-sas já incluídas.” Actualmente está a pagar 215 euros, sem despesas. Lembra-se das longas horas que teve de andar por Lisboa à procura de um quarto. “A minha AE não ajuda muito, somos quase lança-dos aos lobos, por assim dizer.” No entanto, não deixa de considerar o preço que paga bastante justo, tendo em conta o custo de uma renda em Lisboa. “Mas não deixa de ser caro quando comparada com todo o mercado imobiliário”. Tia-go queixa-se um bocado da falta de vontade do senhorio para arranjar os problemas da casa: “Demora muito tempo. Há que haver uma certa insistência pela nossa parte para que tudo seja resolvido.” Por média, todos os meses gasta cerca de 400 euros a estudar fora de casa, um preço que não considera muito elevado, tendo em conta que está a estudar na capital do país.�

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FOTOGRAFIA Joana Antunes

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07WWW.ESTAJORNAL.PT Sociedade

Feira Já não é como antigamente, mas ainda é vista como um local privilegiado para comprar

“Temos muitas responsabilidades para o ordenado que se ganha”

MAIS UMA GRANDE VIAGEM se aproxi-ma. São cinco horas da manhã de segunda-feira e Carlindo Silvério, motorista de profi ssão há cerca de vinte anos, prepara-se para mais um dia de trabalho. Um dia apa-rentemente normal, mas com uma particularidade diferente na maio-ria das actividades profi ssionais: o regresso a casa ainda não foi defi ni-do. França será o próximo destino onde pretende chegar. Acordar, levantar, vestir e comer são alguns verbos comuns e ha-bituais para uma manhã normal de trabalho. No caso de um moto-rista profi ssional de pesados, que faz viagens de longo curso, acres-centa-se o verbo ‘despedir’. Dizer “adeus” ou um “até já” prolonga-do torna diferente esta profi ssão. São horas e horas percorrendo terras, vilas, cidades e até mesmo países, ao som do rádio que nem sempre toca. Durante o dia faz-se nove horas de condução, mas a lei permite dez horas duas vezes por semana. O ruído do camião já se conse-gue ouvir. Chegou o momento de partir para mais uma viagem. Para trás deixa-se a família e muita sau-dade, que faz com que a hora do regresso a casa se torne cada vez mais distante. Ao volante de um grande camião, Carlindo Silvério percorre quilómetros de estrada, sempre na mesma posição. Para fazer face ao problema, este moto-rista não tem nenhuma preparação física em especial. “Pode se fazer às vezes pequenas marchas, mas não há nada em especial.”O dia vai avançando e já se viu um

Vida de camionista Horas de viagem, de saudades e de cansaço

JOANA FERREIRAESTA D ABRANTES

pouco de tudo nas estradas: condu-tores a cometerem asneiras impen-sáveis, acidentes e muito trânsito, entre outras coisas. Em relação aos acidentes, este motorista já teve dois, envolvendo o camião. “Feliz-mente não tive culpa, eles é que vi-nham com excesso de velocidade.”As muitas horas ao volante já pe-dem uma pausa mais prolongada, para o merecido almoço. Já é uma hora da tarde e a próxima estação de serviço aproxima-se. A sopa, feita em casa, aquece o estômago e relembra as saudades do doce lar. O tempo não é muito, mas o cansaço já se começa a sentir. Nada melhor do que trinta minutos a descansar para, depois, prosseguir viagem. Como refere Silvério, “a seguir ao almoço, se nos der sono, devemos fazer uma pequena pausa de 30 a 45 minutos e depois prosseguir.” A responsabilidade é muita e as ho-ras de descanso são fundamentais, para evitar acidentes. “Temos mui-tas responsabilidades para o orde-nado que se ganha.” Os motoristas são responsáveis pelo camião, pela carga que transportam e pelos ou-tros condutores que circulam na via, que “muitas vezes não são pro-fi ssionais e são mal encartados”. Havendo algum acidente, as pró-prias empresas têm seguro do ca-mião e de danos pessoais, porque são obrigados por lei. A empresa pode controlar quase tudo, se as-sim o entender: a hora a que os camiões saem e chegam, a veloci-dade que o camião está a atingir e o consumo que o camião vai fazer durante a viagem. As novas tecnologias também se fa-zem sentir nos camiões. Em relação às mudanças, em muitos deles já são automáticas. “Têm travões com tecnologias muito satisfatórias para nos ajudar em locais perigosos,

como descidas muito prolongadas com diversos quilómetros.” Nos dias de hoje, um sistema de nave-gação (GPS) é fundamental para chegar ao destino que se pretende mais rápido e com menos enganos. O fim do dia de trabalho está a chegar. Mais uma vez, a área de serviço mais próxima acolhe vá-rios camiões. É tempo de tratar das questões de higiene, de aquecer o jantar e de matar saudades da fa-mília que por outras terras fi cou. Aqueles que têm hábitos de higie-ne, conseguem mantê-los nas pró-prias áreas de serviço e em alguns restaurantes. No entanto, Carlindo Silvério admite que alguns dos seus colegas de profi ssão “não têm es-ses hábitos e, dessa forma, passam uma imagem negativa da classe.”

A higiene, assim como outras questões, por vezes levam a que as pessoas criem uma ideia extre-mamente negativa generalizada a todos os motoristas. “Muitas vezes com razão porque é criada pelos próprios, com falta de civis-mo e de respeito pelo próximo.” Frequentemente, os camionistas são associados a homens que têm determinados comportamentos, como os sinais de luzes, as apitade-las e os posters das mulheres nuas. Quanto ao relacionamento com os outros condutores, Carlindo Silvé-rio lembra que a maioria dos ca-mionistas “anda com muito stress, derivado aos horários das descar-gas e cargas impostas pela empre-sa, que por vezes são apertados”. Por isso, “a paciência para auxiliar

os outros condutores, que algu-mas vezes fazem asneiras, é mais reduzida”. Por isso, às vezes rea-gem quando os ligeiros se colocam à frente do camião sem atingirem rapidamente “uma velocidade que não estorve a circulação.”A noite passa rapidamente. Após dois dias de viagem, França já se começa a avistar. O sentimento de missão cumprida começa-se a fa-zer sentir. No país com uma língua diferente, os motoristas têm de se desenrascar, por conhecimento próprio ou pela experiência de al-guns anos que lhes ensinou algu-mas palavras em Francês ou Inglês. Depois de descarregar a mercadoria é hora de pensar em carregar para regressar a casa. Um imprevisto acontece, a carga não é para Por-tugal, mas para Espanha ou outro país. Mais alguns dias de viagem. O motorista tem, afinal, de fazer mais uma grande viagem até Itá-lia… Ainda não é desta que vai re-ver a família, que deixou há cerca de uma semana. Vai ter de aguentar e fazer mais um sacrifício. Mais horas de viagem, mais horas de saudade e mais horas de cansaço. Tudo re-vivido outra vez. A comida de que tanto gosta, como um bom cozido, acompanhado por um bom vinho, vai ter de esperar, fi cando, assim, pela água mineral. Uma vida sobre rodas onde por ve-zes o custo de vida não compensa. O ordenado base é um pouco mais que o ordenado mínimo nacional. “O custo de vida é caro, porque os salários não acompanham a infl ação e não são actualizados há muitos anos. As empresas não têm culpa, mas sim o Governo.”�

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FOTOGRAFIA Joana Ferreira

L Tecnologias. Camionistas já usam Internet para falar com a família

suas compras. Estas feiras, que em certos pontos do país são semanais noutros mensais, são já uma tradição de tempos antigos. Sofreram algu-mas alterações, mas não morreram. Maria Luísa foi à feira de Abrantes numa segunda-feira de Dezembro. Esta compradora estabelece com-parações: “A feira já não é o que era antigamente, havia mais gente e mais dinheiro. As pessoas com-pravam mais, embora na feira ainda seja mais barato do que nas lojas”. António Sousa é da mesma opinião: “As Segundas-feiras eram os dias dos grandes negócios, mas agora nada. Nesta crise em que nós estamos não

há nada mesmo.” E compreende o desespero dos feirantes que, “coi-tados”, perguntam: “O que é que eu venho aqui fazer à feira? Não venho aqui fazer nada, estamos no mesmo no caos.”Quem visitava a feira todos os oito dias vinha em busca dos bens mais essenciais. Compravam calçado, roupa variada como meias, cami-solas ou mesmo fatos para vestir ao Domingo, porque naquela altura já eram caros. Apesar das difi culdades, ainda há quem continue a ver na fei-ra o local comercial privilegiado. “Eu costumo comprar toda minha roupa e calçado na feira, tanto para mim

como para os meus fi lhos, porque é mais barato e algumas coisas até são tão bonitas como nas lojas”, refere Teresa Afonso. Antigamente, as pessoas que mora-vam nas freguesias mais próximas do centro de Abrantes deslocavam-se a pé, muitas vezes de madruga-da. Quem frequentava a feira nes-ses tempos diz que, mesmo assim, havia mais gente. Hoje já existem transportes para quem não tem carro próprio, mas nem esta evo-lução fez com que se chegasse ao movimento de há alguns tempos atrás.Embora estas feiras continuem a

encher a cidade de gente e de mo-vimento no início de cada semana, há quem considere que a tradição já não é o que era e que a mudança de moeda veio prejudicar o negócio. Maria Gonçalves, uma senhora já de alguma idade, diz que, antes do euro, “com qualquer coisinha as pessoas traziam uns saquinhos de compras. Agora os euros não rendem nada”. Esta cliente dos feirantes lembra que “500 escudos davam para comprar muita coisa”. Agora, como o dinheiro não rende, já não frequenta tanto o mercado semanal: “Só costumo vir à feira mesmo para comprar o essen-cial, nada mais”. �

“Havia mais gente e mais dinheiro”PAULA PEREIRAESTA D ABRANTES

DE OITO EM OITO dias, sempre às Se-gundas-feiras, Abrantes continua a receber a habitual feira. Nesses dias a cidade enche-se de gente. Este mer-cado regional, onde se pode comprar todo o tipo de roupas, calçado, utili-dades domésticas e outros, realiza-se no Campo de Futebol do Barro Ver-melho. Nos dias em que se realiza a feira, as pessoas das localidades vizinhas rumam até cidade para fazerem as

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08 ESTA JORNALTERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011Memória CARLOS PINTO COELHO A ESTA teve o privilégio de receber, em momentos diferentes, est grande profi ssional do Jornalismo, que marcou gerações de futuros profi ssionais da Comunicação.

A participação no workshop “Jor-nalismo, televisões e públicos hoje em Portugal”, que seria conduzido por Carlos Pinto Coelho, estava li-mitada aos primeiros 20 inscritos. Apressei-me a inscrever-me. Já assisti a bastantes workshops no decorrer da minha vida académica e posso afi rmar que este foi um dos que mais me marcou. Carlos Pinto Coelho fez questão de nos dizer que ser jornalista não é um emprego, mas sim uma pro-fi ssão. Afi rmou, ainda, que a pro-fi ssão de jornalista é a mais linda do mundo. Sabe bem ouvir frases como esta da boca de alguém com tanta experiência de vida e de car-reira profi ssional nesta área. “Esta noite é a vossa última noite” - frisou algumas vezes o jorna-lista ao longo do workshop. Com esta frase, quis dizer que em vez de se estar em frente à televisão, a ver coisas desinteressantes, que se inove e se cresça, que se façam trabalhos, se crie um jor-nal online, pois temos todos os meios ao nosso dispor. Outra fra-se muito importante que referiu foi: “Olhar, porém ver”. Carlos Pinto Coelho falou-nos também do público e das audiências e do jornalismo dos pontos de vista global e local.No fi nal desta “Grande Lição” to-dos os que assistiram foram embo-ra. Desci as escadas da ESTA, mas senti que não poderia ir simples-mente embora sem trocar umas palavras com este grande senhor da televisão. Subi as escadas, jun-tamente com uma colega, e re-parei que Carlos Pinto Coelho se encontrava sozinho junto à jane-la a fumar um cigarro. Fomos ao encontro dele. Virou-se para nós com um grande sorriso nos lábios

“Esta noite é a vossa última noite”VERA MENDESESTA D ABRANTES

e perguntou-nos se tínhamos gostado da aula. Respondemos que sim e agradecemos-lhe pelos conselhos que nos deu. Eu disse-lhe que gostei bastante da parte em que ele referiu os casos de sucesso de licenciados formados no perfi l de Jornalismo do curso de Comu-nicação Social da ESTA. E contei-lhe que também me marcou o mo-

O JORNALISTA Carlos Pinto Coelho, que foi afastado da apresentação do magazine “Acontece”, estava de volta à casa da RTP, para con-duzir um conjunto de entrevistas para a RTP Memória. Para o pro-grama “Conversa Maior”, estava a preparar uma série de entrevistas a várias personalidades, que seriam emitidas no canal RTP Memória. Foi durante a última entrevista, que estava a gravar, que Carlos Pinto Coelho se sentiu mal. Foi submetido a uma intervenção cirúrgica ao coração, mas na se-quência de uma complicação agu-da acabou por morrer.

Carlos Nuno de Abreu Pinto Coelho era um Homem Maior. Partiu a meio de muitos projectos que nunca poderiam terminar. Carlos Pinto Coelho, como era conhecido, foi, é, e continuará a ser uma referência. O “Senhor Acontece”, como gostava de ser referido, não fazia programas de televisão: entrava pelas nossas casas dentro e conversava connosco, assim mesmo, a conversar.Essa amabilidade que os telespectadores conhecem não era uma imagem de marca. “Era assim mesmo”, dizem todos os que com ele privaram de perto. “Profi ssional rigorosíssimo, com ele e com os restantes, cultor exímio da língua portuguesa e do seu uso, homem culto e de cultura”, é um testemunho recorrente.Nas artes da comunicação e da cultura fez muito e em muitos lugares: “Sou um homem sem Pátria, sem terra, sem raiz, sem sítio, um Homem do tempo, do dia, do momento”. Homem de grande sensibilidade e de sonhos permanentes, nunca estava quieto, havia sempre mais um projecto, uma ideia, uma coisa nova para dar. Homem de muita vida e de muitas vidas, sempre com uma alegria contagiante. Com uma simplicidade de encantar, marcava e deixava-se marcar pelas pessoas e lugares onde passava: “Corri mundo, conheci muita gente e muita coisa que me enriqueceu. Não sou daqui, onde estou de passagem, que tenho o meu coração. Tenho-o no sítio onde estou, no momento em que estou. E não sei qual será o último e onde estarei quando morrer”. Escreveu e editou vários livros, jornalista de referência em todos os géneros, amante da fotografi a, mas foi a televisão no “Acontece” que o tornou mais conhecido e acessível a todos. Laureado e premiado por diversas vezes, foi júri em diversos estilos, desde o jornalismo ao cinema. �

mento em que nos explicou que não era no fi nal do curso que nos deveríamos questionar: “E agora?”Perguntei-lhe se se importava que eu tirasse uma fotografi a com ele. Sinto-me lisonjeada por hoje poder guardar uma lembrança. Lembro-me que quando cheguei a casa mostrei logo a fotografia aos meus pais e à minha avó. O

O Senhor “Acontece” partiu sem avisar

Jornalista, sobretudo, mas também professor

meu pai disse-me que, provavel-mente, eu não tinha bem noção da importância que Carlos Pinto Coelho tinha no mundo da televi-são e da rádio. Fico contente por ter tomado a iniciativa de ter ido falar com ele.Encontrava-me no jantar de Natal da ESTA quando uma colega me enviou uma mensagem a dar-me

conhecimento da morte de Carlos Pinto Coelho. Senti um arrepio na espinha. Pode parecer estranho dizer isto, porque falei com ele apenas uma vez. O que mais me choca é ver que num dia as pessoas estão bem e no outro deixam-nos assim, sem mais nem menos. Com 66 anos. Ainda tanto para viver. Tanto para ensinar. �

MANUEL ANTÓNIOESTA D ABRANTES

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FOTOGRAFIA DR

VERA AGOSTINHOESTA D ABRANTES

Carlos Pinto Coelho começou como repórter no jornal “Diário de Notícias”, em 1968. Na sua carreira, evidenciou-se na rádio e na televisão, principalmente com a apresentação e produção do magazine “Acontece”, na RTP, entre 1994 e 2003. Ligado à televisão, foi também director-adjunto de Informação da RTP, chefe de redacção do programa Informação/2, da RTP2, direc-tor de Programas e director de Cooperação e Relações Interna-cionais.Carlos Pinto Coelho foi um dos fundadores do diário “Jornal Novo”, foi redactor da Agência de Notícias portuguesa ANI e assumiu a direcção da revista “Mais”, em 1982. TSF, Rádio Comercial, Ante-

na 1 e Teledifusão de Macau foram as estações de rádio onde Carlos Pinto Coelho trabalhou. Carlos Pinto Coelho recebeu vários prémios jornalísticos: o Prémio Bordalo, na categoria de Televisão, pela Casa da Imprensa; o Grande Prémio Gazeta do Clube de Jorna-listas; o Prémio Carreira Manuel Pinto de Azevedo Jr., de “O Pri-meiro de Janeiro”. Foi distinguido como comendador da Ordem do Infante D. Henrique.Na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, Carlos Pinto Coelho, leccionou a Unidade Curricular de Jornalismo Cultural e Atelier da Comunicação II entre 2003 e 2006. Juntamente com os alunos elaborou um suplemento no ESTA Jornal “Vistas do 4º”. �

Crónica

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09WWW.ESTAJORNAL.PT Memória

PARA CARLOS PINTO COELHO, a Fotografi a era “apenas um hobby”. Por isso, alertava quem entrava no seu sítio da internet, acontece.com, onde alojava esta paixão: “Não esperem que esta página mostre obras de mestre”. Apesar de não se considerar um profi ssional na área, chegou a fazer várias exposi-ções em Portugal, oportunidades para mostrar ao público e fãs os seus registos fotográfi cos.Desde África a Macau, da Tailândia ao Brasil, Carlos Pinto Coelho retratou cada canto do Mundo que visitou. As suas objectivas passaram ainda pelo México, E.U.A. e Europa: Grécia, Espanha, França, Veneza e Escandinávia. Não esquecendo, claro, o país que o viu nascer, o autor transmitia através da fotografi a o orgulho que tinha pelas terras lu-sitanas, incluindo os Açores e a Madeira.Na galeria podemos encontrar retratos, fotogra-fi as de nu artístico e grafi smos. Nos retratos capta principalmente ‘velhos’, como ele diria, e o povo. O lado mais simples do Mundo, e ao mesmo tempo o magnífi co que nos rodeia. O fotógrafo transparecia para os negativos muito da sua personalidade, era directo e sem rodeios. As imagens dele são registos de alguém que sabe o que é a vida, e que a viveu.Em nu captava a mulher e a beleza do sexo femini-no no seu esplendor. Casado por duas vezes, pai de quatro fi lhas, torna-se óbvio o motivo de tanto fas-cínio. Nas reportagens retratava sítios, momentos e pessoas. No site podemos ainda encontrar uma das suas obras favoritas, ‘Senhora Eva’. �

ENTRE 2003 E 2006, Carlos Pinto Coe-lho ensinou os alunos de Comuni-cação Social da ESTA. Na comuni-dade escolar da época deixou uma excelente imagem, que renovou há três meses, quando voltou para que a nova geração de alunos com ele também aprendesse. Foi só uma tarde, mas deixou marcas (ver crónica nesta página).Quem conheceu Carlos Pinto Co-elho na ESTA só tem recordações positivas. Tânia Matos, do secre-tariado, e Manuela Gaio, da secre-taria, são unânimes: distinguia-se por espalhar boa disposição por onde passava, era uma pessoa mui-to simpática, muito culta, simples, afável e divertida acima de tudo. Pelas redes sociais, desde o dia em que morreu, correram inúmeros agradecimentos dos alunos da ESTA, por tudo o que lhes ensinou e, sobretudo, pela forma como o fez: com convicção e com carinho.A passagem de Carlos Pinto Coelho pela ESTA fi cou marcada especial-

A passagem pela ESTA e outras memórias

mente pelo facto de tratar todas as mulheres da Escola, incluindo as alunas, por “minha menina”. Quem recorda este pormenor é Marta Azevedo, professora de In-glês. Chegava à escola de manhã e perguntava: “Então como estão as minhas meninas?” As palavras desta docente resumem o espírito da generalidade das pessoas que o conheceram na ESTA: “Admirava-o muito pelo facto de ser uma pes-soa da televisão e da rádio. Apesar disso, nunca se tentou superiori-zar, tratava toda a gente de igual para igual.”Pela ESTA circulam agora novas gerações de alunos e de docentes que não o chegaram a conhecer pessoalmente. Mesmo assim, têm memórias, sobretudo do jorna-lista. Margarida Gil ainda não era professora de Vídeo e Cinema Do-cumental na ESTA quando Carlos Pinto Coelho por cá passou. Re-corda que quando era estudante de Comunicação Social via o progra-ma “Acontece” todos os dias e via no seu autor e apresentador uma referência. Também Pedro Ramos, a fazer um estágio profi ssional no campo do audiovisual, refere a

importância que o programa teve para si. Ao contrário da maioria dos actuais alunos, que eram muito pequenos na altura, Francisco Rocha, aluno de Comunicação Social, lembra-se bem do “Acontece”. Recorda-se de “um jornalista especial que in-troduziu um estilo muito próprio aos seus programas e que veio preencher uma lacuna que havia no nosso jornalismo, que é justa-mente o aspecto cultural”. Já João Luz, indignado com o fi m que o “Acontece” teve, lembra a emoti-vidade com que Carlos Pinto Coe-lho apresentava o programa. “Era um homem que tinha um estilo muito emocional e notava-se que era uma pessoa muito empenhada no seu trabalho.”Porque o café Chave d’Ouro é pa-ragem obrigatória para todos os que passam pela ESTA, também Carlos Pinto Coelho lá ia. A pro-prietária, Telma Dias, recorda-o como “um charme, um senhor delicioso”. E garante que, com a sua morte, todos nós perdemos: “Ele era uma daquelas fi guras que nos marcou e de quem nos vamos lembrar para sempre.” �

Outra paixão: a Fotografia

JOANA LAGES E JULIANA MADEIRAESTA D ABRANTES

TERESA FRANCOESTA D ABRANTES

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FOTOGRAFIA VANDA BOTAS

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10 ESTA JORNALTERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011Media CAPAZ de continuar a exercer fascínio sobre os mais jovens, o mundo da televisão funciona de uma maneira muito própria. Rita e Roberto mostram-nos como trabalhar hoje em dia nesta indústria não é tarefa fácil.

SOFIA SCHABOWSKIESTA D ABRANTES

SilêncioGravarAcção

ANA RITA CLEMENTE, 29 anos, licen-ciou-se em Produção e Argumen-to na Escola Superior de Teatro e Cinema. O interesse de Rita sempre foi cinema, e desde cedo percebeu que viver deste mundo não iria ser fácil. “Isto é um trabalho de cunhas”. Só se entra nesta in-dústria se tiver conhecimentos de alguém que já trabalhe nalguma empresa ou produtora a algum tempo, ou se tiver um contacto de um amigo que conheça o seu trabalho e o recomende.Desde o seu estágio curricular, não remunerado, Rita sempre trabalhou em

produção e admite que o início é duro, “quem começa em produ-ção é “pau para toda a obra”, nós fazíamos tudo, desde limpar, le-var cafés, tirar fotocópias, tudo”. Quando recebeu a sua primeira proposta por parte de um amigo, cuja mãe trabalhava numa pro-dutora televisiva, para trabalhar como assistente de produção, Rita hesitou, “era muito longe de mi-nha casa, não pagavam bem; havia mais contras do que prós, mas era a única maneira de entrar na área.” Uma vez dentro da indústria tele-visiva, e se se for bom profi ssional, facilmente se continua. Entre os inúmeros projectos no âmbito da fi cção e do entretenimento, as pau-sas de 2/3 meses, ou até de um ano, são uma constante. E actualmente cada vez mais se verifi ca isso. “O mercado está o caos, não

há trabalho em lado nenhum, e eu só vejo os meus colegas fazerem coisas que nunca fi zeram. Vejo as-sistentes de realização a serem mo-toristas. Vejo tudo, porque não há trabalho”, afi rma Rita. E acrescenta ainda que quem recusa trabalho é ultrapassado, “se um de nós recusa um trabalho, porque estão a pagar muito mal, eles vão chamar alguém sem formação para o fazer”.Como secretária de produção do projecto de fi cção “Morangos com Açúcar”, Rita Clemente defende o cargo de produção com “unhas e dentes” e acrescenta ainda que, para além das 12 horas de trabalho diárias na Plural, das 8h às 20h, há que estar sempre contactável: “Sem produção não há nada. So-mos sempre os primeiros a che-gar e os últimos a sair. A produção nunca dorme. O meu telemóvel está ligado 24 horas por dia! Se um actor me liga às 3h da manhã tenho que atender. Isto é um tra-balho que não pára.”Ao passarmos o dia nos estúdios da Plural, e ao ver como se desenvolve todo o trabalho que uma produção desta magnitude implica, perce-bemos que não é fácil ser-se tra-balhador na indústria televisiva. “Todos os dias há um problema”, repete Rita várias vezes enquanto falamos com ela e somos inter-rompidos pelo seu telemóvel de trabalho que não parou de tocar.Ao contrário de outros projectos como os de entretenimento, que duram três a quatro meses, um projecto de fi cção

demora nove meses, o que acaba por ser cansativo e desgastante; mas para o cenário que enfrenta-mos actualmente, nove meses são garantia de trabalho.Se é necessário ir para o estran-geiro para encontrar melhores condições, mais oportunidades e mais visibilidade? Rita não escon-de que o “ir para o estrangeiro” ajuda muito. A mentalidade por-tuguesa ainda valoriza bastante o que vem de fora e se alguém tem escrito no currículo que estudou no estrangeiro é colocado à frente dos outros. Mas Rita garante: “Se não tiverem cunha no estrangeiro não conseguem entrar na indús-tria. É uma ilusão.” O panorama nacional não assusta Rita e é importante que as pessoas que querem vingar nesta área es-tejam cientes que haverá alturas que estarão paradas. Rita espera um dia poder fazer o seu projecto de cinema, mas por enquanto pro-cura estabilidade pessoal e fi nan-ceira e acrescenta ainda: “Tenho tempo”.

“Enviado para o terreno”Roberto Roque é os olhos, ouvi-dos e boca do realizador, melhor dizendo, assistente de realização.Era dia de gravar no “corredor da escola”, por sinal um décor com-plicado de trabalhar. Toda a equipa técnica estava a postos: operadores de câmara, as meninas dos adereços e da maquilhagem, os fi gurantes.O momento que antecede o “Ac-ção” é importantíssimo. As cenas são ensaiadas para que nada falhe. É necessária a máxima concentra-ção por parte de todos e sobretudo silêncio. Como trabalho de equipa exige-se que todos dêm o máxi-mo de si para que a cena fi que bem

logo à primeira. Se não fi car

repete-se outra vez. O ambiente entre actores e técnicos é de boa disposição e de muita entreajuda. Há actores que fazem aquilo pela primeira vez e aí o trabalho dos técnicos é fulcral. O trabalho de assistente de reali-zação é bastante intenso. Não há tempo para pausas. Na televisão “fazem-se minutos”. 12 horas de trabalho são 12 horas de trabalho, com pouco menos de uma hora para almoçar. “A hora para almoço nunca é uma hora, como não se sai do trabalho para almoçar, come-se qualquer coisa e começa-se logo a discutir o que vai acontecer a se-guir. Depois há outro problema. Para as pessoas que têm carro e moram perto do trabalho, acordam às 6h45 e conseguem estar às 8h no trabalho; e depois às 20h quando saem, 20h30 mais tardar estão em casa. Agora imaginemos uma pes-soa que mora a 60 km do trabalho, tem que acordar às 5h45 e só chega às 22h a casa. Quem não tem carro tem que apanhar o transporte da empresa, e quem tem que apanhar o transporte da empresa ainda tem que estar mais cedo.”O esforço não compensa o resto.“Fazendo a conta às horas que se trabalha, mais as horas que se per-de nos transportes e quando soma-mos tudo e vemos o que ganhamos ao fi m do mês, deparamo-nos com uma realidade muito triste no re-cibo de vencimento”.Apesar disto Roberto explica que cada um tem as suas motivações para continuar e persistir no mun-do da televisão. “Muita gente faz isto com desejo de subir na vida, outros fazem com o desejo de um dia pode-rem chefi ar, outros fazem por amor ao trabalho que têm, outros porque estão a começar e é o entusiasmo de trabalhar neste meio. No início é sempre um deslumbre.” �

L Estúdios. Na indústria televisiva não há tempo para pausas

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11WWW.ESTAJORNAL.PT ESTA

À SEMELHANÇA do que acontece em qualquer outro lugar, à medida que vão sendo criados novos cur-sos, na ESTA, vão surgindo novas formas de estar e, também, de vestir. Se antes havia sobretudo “os engenheiros e os de comuni-cação”, os jovens que ingressaram no curso de Vídeo e Cinema Do-cumental (VCD) trouxeram, regra geral, estilos muito próprios.Sara Natal Lopes é caloira do curso de VCD. Desde que entrou na ESTA que sente que, por vezes, é olhada de forma diferente pelas outras pessoas. “Às vezes, quando uma pessoa tem tendência a fugir aos padrões de normalidade que a so-ciedade nos impõe, acaba por se destacar de alguma forma.” Esta jovem já ouviu comentários desa-gradáveis muitas vezes, mas não lhes dá grande importância. Com a sua forma de vestir, Sara Lopes não tem nada para dizer aos outros, afirma que apenas se quer sentir confortável e bem consigo mesma. Não tem qualquer

Estilos Alunos da ESTA que fazem a diferença

Natureza, música e arte inspiram formas de vestir

“TENHO O MEU ESTILO próprio, os meus objectivos, tenho o meu plano de acção e as minhas ideias. Mas há coisas muito boas feitas aqui e a essas irei dar continuidade.” Este é o cartão de visita de Luís Ferreira, novo director da ESTA.Uma nova direcção traz consigo sempre novos objectivos e ambi-ções. Como a ESTA não é excepção, Luís Ferreira, que tomou posse como novo director em Dezem-bro, revela alguns dos alvos que pretende alcançar: “O facto de a Escola mudar para outras instala-ções é uma medida urgentíssima e muitos dos planos que eu tenho só são facilmente exequíveis se isso acontecer.” Deste modo, e com o apoio da Câmara Municipal de Abrantes, os laboratórios de En-genharia da Escola já começaram a ser transferidos para o Tecnopólo, em Alferrarede, onde vai nascer a nova ESTA. Cursos novos são também uma das ambições que o director da ESTA tem: “Eu gostava de ter mais um ou dois cursos e a nova Escola vai facilitar isso. Já pensei em algumas opções, mas nada sólido, e tam-bém é algo a decidir com a presi-dência” do Instituto Politécnico de Tomar (IPT).Na cerimónia da tomada de posse, o relacionamento entre Abrantes e Angola, e outros países africa-nos de língua ofi cial portuguesa, foi um tema que fi cou no ar, com

Luís Ferreira, novo director da ESTA

Mais cursos e parcerias com países lusófonos

TERESA FRANCOESTA D ABRANTES

a ideia de possíveis parcerias. Em entrevista, Luís Ferreira explica: “Eu deixei um projecto de uma escola em Luanda, no qual estive em permanência três anos, e há vontade por parte de Angola em aprofundar este protocolo.” O IPT e a ESTA poderão ter uma parti-cipação activa no ensino naquele país, defende o novo director. Luís Ferreira também esteve ligado ao Instituto Piaget de Angola, que está a lançar a formação avança-da, como pós-graduações e mes-trados. Também neste caso a sua ideia é estabelecer parcerias, que envolvam intercâmbio de profes-sores e alunos.Luís Ferreira, doutorado em En-genharia Mecânica, foi director do departamento da mesma área da ESTA, nos seus primeiros anos. Depois, esteve vários anos em An-gola. “Eu tinha planeado estar lá mais um ano ou dois e, se não ti-vesse surgido este convite, fi cava. Já tinha sido abordado pelo novo presidente do IPT, Eugénio Pina de Almeida, quase há um ano. O fac-to de ele se ter lembrado de mim, mesmo estando ausente, pesou bastante na minha decisão.”Como estilo de liderança, Luís Fer-reira revela ter uma maneira pró-pria de ser. Não se revê na fi gura de um ditador e acrescenta: “Eu gosto de aplicar a minha liderança de forma a criar um bom ambien-te entre as pessoas, pois defendo que as boas relações pessoais são um bom suporte para as relações profi ssionais. As coisas assim têm mais possibilidade de sucesso. Lu-tarei por isso.” �

JOANA LAGESESTA D ABRANTES

problema em mudar o seu visual mas, como se sente bem na forma como se veste, só o faz em ocasiões mais especiais e requintadas como em casamentos ou baptizados. Ou seja, cerca de quatro vezes por ano. Para se vestir, Sara inspira-se no naturalismo e na arte, e é no ar-tesanato que encontra as peças de que mais gosta. Não é adepta das marcas, mas como por vezes não tem possibilidades de comprar nas feiras que vendem as suas roupas, acaba por ter que ir a um centro comercial e optar por lojas que têm roupas mais básicas.Quanto às distinções que existem na ESTA, Sara diz que as regras são para quebrar. Entende que é normal existirem esses contras-tes, devido aos gostos e aos cursos em si. Sobre o futuro e a sua forma de vestir quando for profi ssional, a aluna de VCD não tem dúvidas: “A partir do momento em que ti-ver que ser uma pessoa diferente para exercer a minha profissão será porque não deveria de estar a praticá-la. Eu tenho que estar 100% confortável no meu emprego e ter liberdade para ser quem sou. Se isso não acontecer, é mesmo

porque não estou no sítio certo.”Benedita Cameira, de 22 anos, frequenta o segundo ano do curso de VCD da ESTA. Também ouviu alguns comentários relacionados com a sua forma de vestir quando chegou à cidade e até mesmo na Escola. Chamaram-lhe “freak” ou “metaleira”, pela simples razão de ter preferência por roupa preta, como qualquer pessoa tem por outra cor qualquer. “Às vezes, na rua ou num café, as pessoas olham para mim, porque eu me visto toda de preto ou porque tenho botas. Por vezes devem pensar que sou maluca, mas penso que não me julgam muito! Talvez pensem que estou de luto.”Benedita Cameira brinca com a situação afi rmando que as únicas críticas que ouve são da sua mãe ou avó. Benedita é inspirada pela mú-sica que ouve e assume que a única coisa que quer transmitir é o seu gosto e nada mais. Não é grande fã das marcas e muitas vezes com-pra roupa na feira, sobretudo para poupar dinheiro. Esta jovem estu-dante orgulha-se de ser aquilo que é e garante que será diferente dos outros para sempre. Até porque “o mundo do cinema é muito artísti-co e não avaliam as pessoas pela maneira de vestir, mas sim pela maneira de pensar e de trabalhar”.Teresa Franco frequenta o curso de Comunicação Social da ESTA e destaca-se no seu curso por ter um estilo próprio, a que muitos cha-mam “calças no fundo do rabo”.

DFOTOGRAFIA JOÃO PEREIRA

L Desejo. “Gostava de ter mais um ou dois cursos”

É uma aluna como qualquer ou-tra, que se diferencia apenas pela sua forma de vestir. “A maneira como me visto acaba também por ser um fi ltro para mim: quem não gostar mantém a distância, e isso é óptimo.” Teresa Franco afi rma já ter sido julgada pela sua forma de vestir: “Em certos sítios parece que as pessoas pa-raram no tempo e tudo o que foge do banal, é cri-ticado.”A estudante de Jorna-lismo conta que já ou-viu comentários como “Puxa as calças para cima”. Teresa reco-nhece ter uma perso-nalidade muito pró-pria, mas diz que é uma pessoa que gosta de mudar constantemente e, se necessário, de um dia para o outro.Dependendo da ocasião,

Teresa Franco muda o seu visual. O seu estilo é inspirado na música, mais propriamente no Hip Hop.

Para esta jovem, não se trata só de música ou uma fi losofi a, é

também um estilo de vida. Acerca das distinções exis-

tentes na ESTA, Teresa Franco defende que “uma pessoa normal-mente veste-se con-forme o que sente” e acrescenta: “Cursos diferentes signifi-cam pessoas com estilos de vida e conceitos diferen-tes.” Apesar do seu lado mais descon-traído, Teresa de-fende o uso do traje académico. “Serve para representar a instituição onde se estuda.” �

D

FOTOGRAFIA DR

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12 ESTA JORNALTERÇA FEIRA, 25 DE JANEIRO 2011Última

EM CADA ANO de ensino, temo-nos deparado com desafi os diferentes. No primeiro ano, a aprendizagem do alfabeto, as somas, as subtrac-ções… No quinto, foi uma escola diferente, muitos professores… Num instante chegámos ao 12º ano, e com ele surgiram também novos desafi os! O principal deles todos é, sem dúvida, a disciplina de área de projecto, que regressa ao nosso curriculum depois de dois anos de férias, dando-nos espaço para amadurecer e crescer física e psicologicamente.E é o que temos feito desde Se-tembro! Amadurecendo ideias e fazendo crescer o nosso espírito de equipa. Foi assim que surgiu este grupo. “Colorindo Sorrisos” é a junção de quatro personalida-des, seres com diferentes objec-tivos e formas de ver e estar na vida, mas que decidiram formar o projecto “Necessidades básicas e sociais de crianças institucio-

nalizadas”, e melhorar, de certa forma, a vida de alguém, ao mes-mo tempo que se auto formam numa componente mais huma-na e social, tornando assim a sua formação futura mais complexa e abrangente. Durante as primeiras aulas apren-demos a teoria para depois, ao lon-go do ano, elaborarmos os ante-projectos, os relatórios e demais documentos que estão inerentes à disciplina. E a seguir veio a parte mais prática... A ideia de elaborar, ao longo deste ano, um projecto de cariz social, foi mútua e simultânea, partindo de todos os elementos do grupo. Juntámo-nos devido aos interesses comuns, e foi a partir deles que o projecto nasceu.Contactámos o Instituto de Apoio à Criança (IAC) e, através das in-formações obtidas, começámos a ter noção do que é realmente uma instituição. Pouco a pouco, con-vergimos no Centro e Acolhimento Temporário (CAT). O CAT, segundo a Dr.ª Ana Silva, é “uma resposta social que surge para responder às necessidades postas pela temática das crianças e famílias em situa-ções de risco, devendo caracteri-zar-se por garantir o acolhimento transitório de crianças em situação de urgência, decorrentes de aban-dono, maus tratos, negligência,

entre outros. O acolhimento em meio institucional deve ser visto como o último recurso de medida de protecção.

“Colorindo sorrisos” desenha o projecto Situado no Rossio ao Sul do Tejo, tem actualmente 10 crianças, em-bora a sua capacidade total seja para 12. Acolhe-as entre os 0 e os 12 anos de idade, e chegam ao cen-tro “através de decisão Judicial, da Comissão de Protecção de Menores ou da Segurança Social”, conforme relata o sítio na internet da paró-quia de Abrantes. Ao contactar a Dr.ª Ana Silva, as-sistente social responsável pela instituição, e tendo uma luz “semi – verde”, avançámos com o con-tacto formal, no qual especifi cá-vamos a base do nosso projecto e pedíamos a concretização de uma parceria que esperávamos ser pro-veitosa para ambas as partes.Após a aprovação da direcção do CAT, tornámos as nossas ideias soltas num anteprojecto. Dividi-remos o nosso trabalho em dois momentos: realizaremos diver-sas actividades com as crianças, onde tentaremos proporcionar-lhes um leque de acções lúdicas, como a visita à Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) e a hora do conto, na biblioteca António Botto; simultaneamen-te, realizaremos uma campanha através da colocação de panfl e-tos em vários locais públicos da cidade, onde exporemos o nosso projecto, e apelaremos ao espírito solidário de cada um, pois a aju-da de todos é fundamental. “ A união faz a força”! A cooperação tanto poderá ser feita através de doações materiais (aquecedores, aparelhos para fazer vapores, bens de higiene...) como mone-tárias, utilizando o N.I.B. 00350 003000 5050 260073. Decidimos também fazer uma “apresentação à comunidade” do trabalho que realizaremos ao longo deste ano lectivo. Para isso, deci-dimos produzir, com a assistência do departamento de comunicação social da ESTA, na pessoa da Pro-fessora Hália Santos, Margarida Gil e João Pereira e dos estagiários Romeu Fernandes e Pedro Ramos, auxílio a delinear, a fazer a capta-ção de imagens, e a cooperarem na montagem fi nal do documen-tário. Este foi planeado segundo os objectivos da instituição, que passamos a citar: - “Acolher por um período tran-sitório, as crianças em situação de risco;- Protegê-las, salvaguardando os seus direitos no que respeita à educação, saúde, alimentação,

privacidade, socialização;- Satisfazer as suas necessidades básicas em condições de vida tão aproximadas quanto possível às da estrutura familiar;- Definição do projecto de vida da criança, em conjunto com os organismos de solidariedade e se-gurança social, CPCJ’S, tribunais e família, promovendo o encami-nhamento adequado de cada situ-ação específi ca.”

Meninos “dão cor” à bibliotecaE chegou o dia 12 de Janeiro, e por-que isto não é só “conversa”, foi esta a data escolhida para a pri-meira actividade a realizar com as crianças!Quinze horas. Pontuais, chegam na carrinha do CAT quatro rostos com quem já tínhamos contac-tado, numa das nossas visitas à instituição, mas que pouco mais do que os nomes conhecíamos. Nada envergonhados, aproximá-mo-nos e lentamente, enquan-to caminhávamos para o último piso da biblioteca, as conversas

iam surgindo... Artur Marques, ou “senhor Ar-tur”, como depois lhe chama-ram, depressa colocou à vontade os quatro dos dez meninos do CAT que se deslocaram à biblio-teca. Introduziu a história e não tardou muito para que os olhos das crianças ficassem colados aos dele, a brilhar e com a maior atenção do mundo. As câmaras que filmavam não os intimidaram e, baixinho, lá iam dando o seu juízo também. Depois, claramente entusiasma-dos, fomos uns passinhos ao lado, visitar o estúdio de rádio da ESTA, e recontar a história que tínhamos ouvido. Lembraram-se de todos os pormenores, e ainda falaram da moral da história...Depois do lanche, e chegado o mo-mento de ir embora, ainda pedi-ram “mais uma hora...”Ficou também no ar o cheirinho da próxima actividade: “qualquer coisa relacionada com cavalos”, e depressa alguém disse “a quinta do cabrito”. Despediram-se de nós a pedir mais, e a pedir mais já para a semana...Sem dúvida que nesta quarta fei-ra, “colorimos sorrisos” nestas crianças!

Obrigado (s)Não podemos perder a oportunida-de de agradecer a muitas das pessoas que nos têm ajudado na concreti-zação deste projecto; primeiro que tudo, queremos dar os parabéns às crianças do CAT, por se terem por-tado tão bem e agradecer pela aju-da que nos vão proporcionar a esta disciplina. Esperemos contribuir também, colmatando algumas ne-cessidades sentidas na instituição, o melhor que pudermos e conse-guirmos! Depois, há que agradecer à Dr.ª Ana Silva, e a toda a direcção do CAT, a oportunidade que nos deram, no que depender da nossa força de vontade e iniciativa, não se vão ar-repender. Por fi m, agradecemos a todas as pessoas que directa ou indirecta-mente nos receberam de braços abertos e se prontifi caram a aju-dar no que for necessário, desde professores, em especial a profes-sora da disciplina, Sónia Louren-ço, à ESTA, à associação “Palha de Abrantes” e ao grupo “Espalha fi -tas”, à Quinta do Cabrito, e demais individualidades e entidades, que, embora não sejam mencionadas, sabem quais são.

Como tudo começou...

“Colorindo Sorrisos”, projecto de solidariedade

Daniel Teixeira, Élia Batista, Margarida Pereira e Sara Corda, alunos da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes, Abrantes

“”

Campanha de anga-riação de aquecedores e outros bens

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jornaldeabrantes

JANEIRO2011 ECONOMIA 11

A cantar “A todos um bom Na-tal”, os cerca de 60 funcionários do Gallo Worldwide receberam as meninas que residem no Patrona-to Santa Isabel, em Abrantes.

Incrédulas, lágrimas nos olhos,

sorrisos largos, as meninas en-

traram na sala de estar da ins-

tituição e percorreram com os

olhos todo o espaço, renovado.

Os funcionários do Gallo Worldwi-

de escolheram esta instituição para

fazer esta acção solidária de Natal.

Os trabalhos consistiram em res-

taurar, pintar, montar, equipar e

decorar todo o primeiro piso, que

apresentava sinais de deterioração.

Para além dos trabalhos, fei-

tos pelos próprios empregados

da empresa, que tem a fábrica de

azeite em Rossio ao Sul do Tejo, as

crianças e jovens receberam pren-

das individuais e uma despen-

sa cheia de produtos alimentares.

Carlos Gonçalves, funcionário dos

escritórios de Lisboa da empresa,

disse que “apesar de não ser uma

novidade, é gratifi cante participar

nesta acção. Levo daqui uma ex-

celente prenda de Natal para par-

tilhar com a minha família”. Carlos

Gonçalves revelou que esta é uma

forma de transportar para fora

aquilo que somos na empresa.

Isabel Alfredo fez parte da equipa

que preparou todo o trabalho que

os colegas fi zeram na instituição.

“Uma grande emoção. Sabe bem

ver no olhar das meninas a emoção

que refl ectiu o trabalho que aqui

fi zemos”, explicou Isabel Alfredo.

Os funcionários da Gallo de Lis-

boa levantaram-se cerca das 5 da

manhã para fazer a viagem até

Abrantes.

Muita animação, canções e mui-

ta vontade de ajudar. Foram forma-

das várias equipas para fazer o tra-

balho num único dia, em que a ins-

tituição fez deslocar as meninas a

uma visita à Vila Natal, em Óbidos.

Pedro Cruz, CEO da Gallo Worldwi-

de, explicou que a empresa quis

contribuir para melhorar uma insti-

tuição de Abrantes, onde está a fá-

brica da Gallo: “Quisemos contribuir,

mas contribuir com o nosso traba-

lho, para além do apoio fi nanceiro”.

Pedro Cruz, com as mãos ainda

com tinta, depois de uma tarde de

pinturas, revelou ainda que “foi um

dia de muito prazer, darmos uma

alegria a estas crianças”, adiantan-

do que “podemos dar mais uma

ponta de carinho a estas crian-

ças”. Por outro lado reforça o traba-

lho de equipa da própria empresa.

Alberto Margarido, vice-provedor

da Santa Casa da Misericórdia de

Abrantes, que gere esta valência do

lar de raparigas, agradeceu o traba-

lho desenvolvido e explicou que o

mesmo foi acompanhado pela Se-

gurança Social. O edifício necessita-

va de intervenção e esta acção da

Gallo veio dar mais condições a es-

tas 22 meninas que ali vivem longe

das suas famílias.

Jerónimo Belo Jorge

Esta frase pertence a Pedro Bu-

galho, gerente da loja Generi-

coAuto, um espaço que tem ao

dispor do cliente todo o tipo de

peças originais e genéricas para

o automóvel. Pedro Bogalho tra-

balha no ramo de peças de au-

tomóveis há cerca de quinze

anos. Foi no ano de 2008, que

decidiu abrir o seu próprio ne-

gócio. Hoje a empresa encontra-

se sediada em Rossio ao Sul do

Tejo e aposta na comercializa-

ção de peças e acessórios auto

de grande qualidade. Segundo

o gerente o objectivo passa por

“aliamo-nos às marcas de refe-

rência a nível mundial obtendo

assim a relação ideal entre qua-

lidade e custo, para o cliente que

tem necessidades empresariais

ou particulares”. A GenericoAu-

to comercializa todo o tipo de

peças para as várias marcas de

automóveis e vende sobretudo

para as ofi cinas do concelho de

Abrantes e concelhos limítrofes,

bem como para o consumidor

individual.

Relativamente às vendas,

Pedro Bogalho refere que “as ex-

pectativas para este ano são as

melhores. Uma vez que estamos

em crise, o cliente deixa de com-

prar um automóvel novo e pas-

sa a recuperar o seu já antigo. E

é ai que nós entramos com um

serviço e material de qualida-

de”. Este ano com a crise insta-

lada Pedro Bogalho explicou ao

JA “que esta é altura ideal para a

GenericoAuto se fazer valer dos

seus serviços, tal como aconte-

ceu o ano passado, onde o ba-

lanço foi bastante positivo”. Este

estabelecimento encontra-se

aberto ao público entre as 9h00

e as 13h00 e das 14h30 às 19h00,

e para mais informações sobre a

loja pode consultar o site www.

genericoauto.com

Hotel Segredos de Vale Manso é o

novo nome da antiga Estalagem de

Vale Manso, em Abrantes. A reabertu-

ra da unidade aconteceu no reveillon,

depois de algumas obras de requalifi -

cação e da colocação de uma nova de-

coração.

O espaço, recorde-se, foi adquirido

em hasta pública pela empresa Segre-

dos da Aldeia, uma empresa de turis-

mo abrantina que investiu cerca de

dois milhões de euros. A antiga uni-

dade hoteleira de cinco estrelas, situ-

ada junto à barragem de Castelo do

Bode, foi adquirida em hasta pública

por 1,25 milhões de euros, em Julho

do ano passado, pondo fi m a um pro-

cesso de insolvência que se arrastava

desde fevereiro de 2009. A venda em

leilão incluiu o imóvel, de 22 quartos

e duas suites, e todo o mobiliário e re-

cheio da estalagem. O resto do inves-

timento foi aplicado numa nova deco-

ração e em obras de modernização e

recuperação da estalagem.

Isabel Coimbra, da Segredos da Al-

deia, revelou que desde o início houve

a ideia de reposicionar o hotel no mer-

cado, baixando a sua classifi cação de

cinco para quatro estrelas. Segundo

Isabel Coimbra, o público-alvo do ho-

tel será a classe média, com uma ofer-

ta de um turismo de qualidade a pre-

ços mais acessíveis e à medida dos ser-

viços prestados aos clientes. O turismo

rural e de natureza é um nicho de mer-

cado com grandes potencialidades na

região de Abrantes, considera a pro-

prietária. Além do alojamento, o Hotel

Segredos de Vale Manso oferece ain-

da uma série de actividades outdoor

como canoagem, passeios de jangada

com skipper, motas 4×4, passeios BTT

de lazer ou o contacto com o cavalo

lusitano e o burro, e dispõe ainda de

um SPA e health club, piscinas de água

salgada, campos de ténis, squash e

mini golfe.

A empresa Segredos da Aldeia ex-

plora também a praia fl uvial de Aldeia

do Mato e tem o projecto para cons-

trução de uma unidade de turismo ru-

ral em Carreira do Mato, projecto que

mantêm apesar da abertura do Hotel

Segredos do Vale Manso.

Vale Manso está de volta com novo nome e posicionamento

Gallo renova Patronato de Santa Isabel

ABRANTES

GENÉRICO AUTO

“Para este ano, as expectativas são as melhores”

Page 24: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO201112 DESTAQUE

Parece que foi ontem, mas já lá vão 30 anos. E, para o me-lhor e para o pior, o mundo é hoje muito diferente. E a An-tena Livre também já não é a mesma.

Tudo começou com as

cheias e o bom serviço que

alguns radioamadores pres-

taram na informação às po-

pulações. Depois, veio a boa

ideia, o de transformar esse

serviço pontual numa rádio a

emitir todos os dias. E assim

foi. Depois de algumas expe-

riências… No dia 21 de Janei-

ro de 1981, a RAL; ou seja, a

Rádio Antena Livre, começou

as suas emissões regulares.

Os mais novos não sabem,

nem imaginam, que naquele

tempo só algumas rádios es-

tatais, mais a Rádio renascen-

ça, podiam emitir. Tratava-se,

portanto, de iniciar emissões

não autorizadas, não legais,

“piratas” dizia-se então. Ou “li-

vres” pretendiam, outros. Daí

o nome.

Daí também a caça do gato

ao rato, leia-se, dos Serviços

Radioeléctricos aos “piratas”

que era preciso apanhar e

multar. Muitas foram as peri-

pécias, algumas mais ou me-

nos heróicas. Mas foi também

uma luta nacional pela legali-

zação das emissões privadas,

o que viria a acontecer em

1989. Nessa luta, a RAL teve

um papel histórico de lideran-

ça, pelo que foi em Abrantes,

em 1984, que se realizou o En-

contro de Rádios Livres, cujo

objectivo era justamente a le-

galização das rádios “piratas”.

Entretanto, como em tudo

na vida, era necessário fazer

o trabalho de todos os dias e

mostrar, aí, que valia a pena

apoiar e legalizar aquilo que

estava a nascer. Foram tem-

pos heróicos também nesse

campo de inventar, primeiro

em completo amadorismo e

depois em regime semi-pro-

fi ssional, o que devia ser uma

rádio local. Mas os resultados

foram animadores, com todos

os problemas naturais naqui-

lo que é humano e está vivo.

Os fundadores, que con-

vém recordar, foram Sousa

Casimiro, já falecido, Augusto

Martins e Carlos Ramos. E en-

tre os muitos que deram cor-

po à história da RAL é justo, a

vários títulos, destacar Antó-

nio Colaço, pelo dinamismo

e criatividade que imprimiu

não só à luta pela legalização

como ao modo de usar a an-

tena em proveito das popula-

ções locais.

Em 1981, a RAL muda das

Arreciadas, onde nasceu, para

Abrantes, na Rua Manuel

Constâncio. Em 1987, muda-

se para a Av. Gen. Humberto

Delgado, onde ainda hoje se

encontra. A vida é feita de ci-

clos, e a RAL passou por um

momento bastante em baixo.

É então que Albano Santos li-

dera um projecto que levou

à integração da RAL no gru-

po Lena Comunicação e mu-

dança de nome apenas para

Antena Livre. E neste mês de

Janeiro, a RAL – Antena Livre

celebra o seu 30º aniversário

com a edição de um CD, “Es-

cuta”, de divulgação com ori-

ginais de bandas e intérpretes

da sua zona de infl uência.

Alves Jana

1981 – 21 de Janeiro – Início

das emissões regulares da RAL,

com a frequência 100.1 fm

1984 – Realiza-se em Abrantes

o 1º Encontro de Rádios Livres,

cujo objectivo era o de lutar

pela legalização das rádios “pi-

ratas”.

1985 – RAL edita, com apoio

da autarquia, um single de Jor-

ginho Portugal com o tema

Abrantes.

1988 – Dezembro – Fecho

das emissões para legalização,

com a frequência 96.7fm.

1989 – 9 de Maio – Início das

emissões legais, na frequência

93 fm.

1990 – Mudança de frequên-

cia para 89.7fm

1991 – RAL muda de instala-

ções para Abrantes, para a Rua

Manuel Constâncio.

1995 – Introdução dos pri-

meiros sistemas informáticos

de gestão de publicidade na

emissão.

1997 – Mudança de ins-

talações para a Rua Gen.

Humberto Delgado (actuais

Instalações)

2001 – A rádio integra da Lena

Comunicação, muda logótipo

e assume a designação Ante-

na Livre.

2011– 21 de Janeiro - Come-

moração do 30º Aniversário e

apresentação do CD “Escuta”

com originais de bandas e ar-

tistas da região.

ANTENA LIVRE

30 anos “é muito tempo”

• Era assim no início.

Antena Livre - Cronologia

A festa dos 30 anosCentenas de pessoas encheram o Aquapolis, em Abrantes,

na festa dos 30 anos da antena Livre. O ponto forte foi a

apresentação de “Escuta”, o CD de antologia de oito ban-

das ou artistas da região. A noite musical foi marcada por

David Antunes e pela participação de músicos de algu-

mas as bandas que integram o CD, Dionísio.com, KAVIAR

e KWANTTA. Não faltou o tradicional bolo de aniversário e

o cantar dos parabéns. A festa durou até às tantas e foi o

culminar de um dia de intensa animação em antena e de

presença na RTP a apresentar o disco que agora começa a

sua carreira.

Page 25: JA - Jan2011

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JANEIRO2011 DESTAQUE 13

Janeiro, 21 - Iniciam-se as emissões da Rá-dio Antena Livre.

Janeiro – Rui Martins assume a direcção ar-

tística do Orfeão de Abrantes.

Maio, 16 - É constituído o Rotary Club de Abrantes.

Junho, 1 – O Governo autoriza que a insta-

lação de uma unidade industrial de fabrico e

montagem de dispositivos de travagem.

Junho, 21 - Realiza-se o I Encontro de Co-ros do Ribatejo, organizado pelo Orfeão de Abrantes.

Junho, 27 - É inaugurado o abastecimento

de energia eléctrica a Vale do Açor e a Água

das Casas.

Julho, 10 - É lançada a primeira edição da

Memória histórica da notável vila de Abrantes,

da autoria de Manuel António Morato e de

João Valentim da Fonseca Mota, organizada

por Eduardo Campos, que “inaugura” a acti-

vidade editorial da CMA.

Julho – Devido a uma grande vaga de incên-

dios fl orestais o Serviço Nacional de Bombei-ros declara os concelhos de Abrantes e Cons-

tância zona de calamidade.

Outubro, 1 - É constituída a ANAMCAR — As-sociação de Naturais, Amigos e Moradores de Carvalhal.Outubro, 3 - É inaugurado o abastecimento

de energia eléctrica a Bairrada (Souto).

Outubro, 24 - É constituído o Lions Clube de Abrantes.

A rádio Antena Livre apre-

sentou na sexta-feira, dia 21

de Janeiro, na festa do 30º ani-

versário, o CD “ESCUTA”. Trata-

se de um disco que pretende

assinalar os 30 anos da esta-

ção emissora de Abrantes e,

ao mesmo tempo, ser uma

plataforma de apoio e lan-

çamento a artistas e bandas

da região, nomeadamente,

dos concelhos de Abrantes,

Constância, Mação, Sardoal

e Entroncamento. O “ESCU-

TA” contou com a colabora-

ção das bandas e autores das

músicas, que para o efeito, ce-

deram gratuitamente os di-

reitos de duplicação dos 16

temas ali divulgados. A rádio

vai agora pensar na comer-

cialização do álbum, sendo

que o mesmo poderá, desde

já, ser adquirido nos estúdios

da Antena Livre em Abrantes.

Este trabalho junta dois temas

musicais de cada um dos se-

guintes artistas ou grupos,

Ana Laíns, The Kaviar, Hyu-

bris, Kwantta, Dyonysyo.com,

Alf, The Scart e The Grim Re-

aper Society. Para Marco Pe-

reira, vocalista dos Kwantta “é

um grande orgulho para os

Kwantta fazer parte desta co-

lectânea. Para já, porque te-

mos grandes amigos nessa

casa, que é a rádio Antena Li-

vre, que nos ajudam em tudo

o que podem. Por outro lado,

sentimos uma alegria enor-

me em partilhar este CD com

bandas da nossa terra”. Mar-

co Pereira salienta ainda que

“é importante para a divulga-

ção das nossas bandas, e para

dar a conhecer o que, espero

eu, dentro de algum tempo

será conhecido como a cena

musical abrantina. Não é des-

conhecido o carinho que os

Kwantta têm pela terra que

os viu nascer.” Já Humberto

Felício, dos The Kaviar, refere

que “esta é uma iniciativa ex-

tremamente importante para

as bandas que nela têm opor-

tunidade de participar, para a

região e para a Antena Livre

pela iniciativa inédita. A rá-

dio está de parabéns”. Filipa

Mota, dos Hyubris, revela que

“jamais poderíamos deixar de

participar numa iniciativa des-

te género. A Antena Livre teve

uma grande ideia. É muito im-

portante divulgar a música da

região, que é riquíssima. Há

grandes músicos aqui, que a

Antena Livre sempre divulgou

e apoiou, e agora através des-

te CD. Os Hyubris tiram o cha-

péu à Antena Livre, que agora

vai pôr toda gente à “Escuta”.

Resta dizer que a Antena

Livre poderá vir a promover

uma festa de lançamento do

disco, com um espectáculo

que deverá contar com a pre-

sença das bandas que fazem

parte do “Escuta”.

Abrantes em 1981

Antena Livre lança “Escuta” com bandas da Região

Page 26: JA - Jan2011
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JANEIRO2011 CULTURA 15

LUGARES COM HISTÓRIA

A torre de Punhete (Constância)TERESA APARÍCIO

A Torre de Punhete, hoje Constân-

cia, infelizmente já não existe, nem já

há qualquer pessoa viva que dela se

lembre, pois, infelizmente, foi deita-

da abaixo, por ordem da Câmara, em

1905. Ainda entrou na era da foto-

grafi a e, pelo menos, as suas últimas

imagens puderam ser fi xadas para a

posteridade.

A esplanada Pèzinhos no Rio é um

local muito agradável, sobretudo

quando o tempo ajuda. Em baixo

desliza o Tejo manso ou acelerado,

consoante a época do ano e um pou-

co abaixo desagua o Zêzere, que ain-

da se vê por entre as copas frondo-

sas de algumas árvores centenárias.

Em tempo de cheias, o rio vem mes-

mo molhar os pés desta esplanada.

Abaixo desta encontra-se uma es-

cadaria e depois um pequeno largo

que dá para o Tejo e que se encon-

tra ladeado por um gradeamento de

ferro, que tem uma reentrância em

ângulo recto. Era aqui que se situava

a torre, restos do que foi um castelo

apalaçado e, se nós olharmos para

ver o que se encontra por baixo da

grade, ainda podemos ver restos de

uma forte muralha antiga, derradei-

ros vestígios do velho monumento.

Haver uma fortaleza perto da con-

fl uência dos rios era previsível, pois

locais como este eram muito sujei-

tos a ataques, desde a mais remota

antiguidade. Desconhece-se quem

foram os povos que construíram

neste local a primeira fortaleza. Sa-

be-se que quando a povoação foi

conquistada aos Mouros em 1150,

existia já ali um castelo em mau esta-

do, que Gualdim Pais, então mestre

da ordem dos Templários, mandou

reconstruir, para reforçar a defesa da

linha do Tejo. Nos séculos seguintes,

com a região pacifi cada, não há re-

ferências ao castelo, sabe-se apenas

que, nos princípios do século XVI,

se encontrava na posse dos Sande,

então senhores de Punhete. D. João

de Sande, por volta de 1530, fez no

castelo importantes obras e trans-

formou-o no seu palácio residencial,

como era moda no início do Renas-

cimento. É muito provável que date

desta época a confi guração exterior

de que fazia parte a emblemática

torre, cujas imagens ainda chega-

ram até nós.

Este palácio fortaleza teve os seus

tempos áureos no século XVI. Por

ali passaram convidados notáveis

dos senhores de Sande, contando-

se entre os mais famosos D. Sebas-

tião e muito provavelmente Luís de

Camões. Sabe-se que aquele rei pas-

sou várias vezes por Punhete e que

foi ele que elevou esta povoação à

categoria de vila. Seria também aqui,

na chamada Casa da Torre, que teria

anunciado aos nobres a sua inten-

ção de se deslocar até ao Norte de

África para combater os muçulma-

nos, campanha esta que desembo-

cou na infeliz batalha de Alcácer Qui-

bir, onde viria a falecer.

Depois destes tempos de glória,

a Casa da Torre foi entrando lenta-

mente em decadência, de modo

que, nos princípios do século XIX, já

estava reduzida a um monte de ruí-

nas, sobressaindo na paisagem ape-

nas a torre altaneira que lhe dera o

nome. No princípio do século XX, o

processo de degradação tinha che-

gado a tal ponto que o local encon-

trava-se transformado em retretes

públicas, o que tornava sítio desa-

gradável, insalubre e mal cheiroso. A

Câmara então resolveu cortar o mal

pela raiz, pelo que em 1905 tomou

a infeliz decisão de mandar deitar

abaixo o que restava do velho mo-

numento, o que, diga-se em abono

da verdade, não teria sido fácil com

a pouca tecnologia existente na altu-

ra. Os mais esclarecidos revoltaram-

se com a decisão de destruir este pe-

daço importante da sua história, mas

nada já havia a fazer. Hoje, só sobre-

vive na toponímia, pois aquele espa-

ço ainda conserva o nome de Largo

da Torre.

Bibliografi a: Coelho, António Matias, “Memórias da Torre de Punhete”, Zahara nº8, Novembro de 2006

Page 28: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO201116 CULTURA & ESPECTÁCULOS

Abrantes Até 31 de maio - Exposição - Me-

mória dos sítios nas colecções do

Museu D. Lopo de Almeida - Mu-

seu D. Lopo de Almeida - Castelo

de Abrantes

Até 31 de janeiro - Exposição

- Borboletas e outros insectos -

Trabalhos de colecçãon Bibliote-

ca António Botto

Até 28 de janeiro - Exposição

- À prova de fogo e de bala - Fo-

to-pinturas de Andrea Inocêncio

- Galeria Municipal de Arte

4 de fevereiro – Concerto – Rita

Redshoes apresenta “Lights & Da-

rks - Teatro São Pedro, às 21h30.

4 de fevereiro a 11 de março -

Exposição - Eça de Queiroz - Mar-

cos Biográfi cos e Literários 1845-

1900 - Biblioteca António Botto

5 de fevereiro a 18 de março

- Exposição - Enciclopédia, Um

Projecto de Desenho - trabalhos

de Engrácia Cardoso - Galeria

Municipal de Arte

12 de fevereiro - Teatro infantil -

Partida, Lagarta, Fugida! - Teatro

São Pedro, às 10h30

24 de fevereiro - Entre nós e as

palavras com Moita Flores - Apre-

sentação do livro - Mataram o Si-

dónio - Biblioteca António Botto,

às 21h30

CINEMAEspalhafi tas - Teatro São Pedro, às

21h30:

26 de janeiro – “36 vistas do

Monte Saint-Loup”

Barquinha Até 31 de janeiro - 1 Mês, 1 es-

critor - Mostra Bibliográfi ca de

Miguel Sousa Tavares - Biblioteca

Municipal

5 de fevereiro - Sábados às cinco

com Tenente-General Mascare-

nhas - Palestra sobre “A evolução

da construção no território por-

tuguês até à romanização” - Cen-

tro Cultural, às 17h00

Constância Até 29 de janeiro - Exposição -

Casca de Caracol - Trabalhos com

objectos reciclados de Elisabete

Santos - Posto de Turismo

Até 31 de janeiro - Mostra Bio-

bibliográfi ca de Mário Vargas Llo-

sa - Biblioteca Alexandre O’Neill,

10h00 às 12h30 e das 14h00 às

18h30

1 a 28 de fevereiro - Mostra Bio-

bibliográfi ca de Catherine Ander-

sen - Biblioteca Alexandre O’Neill

6 de fevereiro - Recriação do an-

tigo mercado na Praça Alexandre

Herculano - Venda de produtos

locais - Das 10h00 às 13h00

11 e 12 de fevereiro - XVI En-

contro Nacional Museologia e

Autarquias e o VIII Fórum Nacio-

nal Urbanismo e Autarquias - dia

11 às 21h00, no Centro Ciência

Viva, dia 12 na Casa-Memória de

Camões em Constância, das 9h30

às 17h30

Sardoal 1 de fevereiro a 6 de março - 1ª

Mostra de Cozinha Fervida e Vi-

nhos – Restaurantes da vila

5 de fevereiro - Teatro - A Boda

Deslumbrante, pela Companhia

Ultimacto - Centro Cultural Gil

Vicente, às 21h30

CINEMACentro Cultural Gil-Vicente, às

16h00 e 21h30:

29 de janeiro - “Harry Potter e os

Talismãs da Morte - Parte 1”

13 de fevereiro – “Gru – O Mal-

disposto”

19 de fevereiro – “A Cidade”

AGENDA DO MÊS

Pintura de Engrácia Cardoso na Galeria de Arte de Abrantes

A pintora Engrácia Cardoso vai levar a sua pintura

à Galeria Municipal de Abrantes entre 5 de Feverei-

ro a 18 de Março. Nascida em Tomar, a artista que já

expos em todo o país, chega a Abrantes com o tra-

balho intitulado Enciclopédia, Um Projecto de Dese-

nho, com pinturas inspiradas em viagens, onde a “re-

lação homem-animal é explorada na perspectiva da

partilha do espaço físico”. Engrácia Cardoso já venceu

alguns prémios, de destacar o Prémio Jovens Criado-

res e o Prémio Amadeu de Souza-Cardoso, ambos em

2007.

Encontra-se patente ao público no

Posto de Turismo de Constância, até

ao dia 29 Janeiro, uma exposição de

trabalhos em casca de caracol. A ar-

tesã Elisabete Santos é natural de

Abrantes e realiza este tipo de traba-

lhos nos seus tempos livres.

Nesta mostra vai encontrar peque-

nas peças que representam o cara-

col na sua forma original. Esta expo-

sição dá especial valor ao acto de fa-

zer reciclagem. Além disso, promove

uma variedade de trabalhos para

decoração de interiores.

A mostra pode ser visitada nos se-

guintes horários: Dias úteis: 9h30-

13h00 /14h30 17h30; sábados, do-

mingos e feriados: 14h30-18h00.

“Ao contrário de fogo sem se ver / Contenta e descontenta

muita vez / Mas é fonte de quanto quer viver / Nasce e morre

por dia uma só vez.” Esta é uma adivinha em verso, uma das

60 da autoria de Ema Simplício, que acaba de publicá-las no

seu livro “Adivinhas das minhas” (Ed. Página Seguinte).

A obra vem na linha da melhor tradição das adivinhas

populares e apresenta-se mesmo com uma proposta de

jogo. Com base nos curtos poemas de Ema Simplício, ten-

tar adivinhar a resposta. Na sua maioria, as adivinhas foram

publicadas no já desaparecido jornal Notícias de Abrantes,

nos anos 1987/88.

Um livro divertido, para ler e jogar. Enquanto se aguardam

novas obras que a autora nos promete.

Na Biblioteca António Botto está patente,

até 31 de Janeiro, uma exposição de bor-

boletas e outros insectos. É uma iniciativa

da UTIA, Universidade da Terceira Idade de

Abrantes, que expõe a colecção de António

Trindade, um seu professor, aluno e mem-

bro do seu grupo de cavaquinhos além de

pertencer aos corpos directivos da UTIA

desde a sua fundação. A Biblioteca, como de

costume, apoia a exposição com um con-

junto de livros sobre o mesmo tema. Lem-

bremos que as borboletas são insectos que

aliam uma grande fragilidade com, por ve-

zes, uma rara beleza. São ainda animais que

podem servir como indicadores de qualida-

de ambiental, justamente pela sua grande

sensibilidade aos factores agressivos do am-

biente. O coleccionador, António Gonçalves

Trindade, de 68 anos, natural de Arronches,

casado e abrantino desde 1970, além de es-

tudar e coleccionar insectos, também o faz

relativamente aos minerais, de que já antes

ali pudemos ver uma exposição.

ARRECIADASVENDE-SE

CASA DE HABITAÇÃOEm bom estado com 4 assoalhadas

- cozinha - casa de banho - marquise - dispensa - sótão amplo - garagem - quintal - cave dividida

e pequeno jardim.

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Rita Redshoes apresenta-se a solo no Cine-teatro São Pedro para mostrar o segundo dis-

co de originais Lights & Darks. Composto por 14 temas, este álbum já conquistou o públi-

co por onde a cantora o tem levado, onde os singles Captain of my soul e You Should Go

são cantados em uníssono. Fazem ainda parte deste trabalho Marching In This Life, Bad

Lila, Holy Ghost, entre outros, que vão ser ouvidos neste concerto em Abrantes. “Golden

Era”, o seu primeiro trabalho a solo, lançado em 2008, conquistou o galardão de disco de

ouro por vendas superiores a 15 mil unidades. A última vez que esteve na cidade abran-

tina foi para acompanhar David Fonseca, na altura ainda em início de carreira enquanto

Rita Redshoes. Agora a artista estreia-se a solo com um disco muito aplaudido pela crítica.

Será que a cantora vai trazer os seus sapatos vermelhos? O concerto acontece dia 4 de fe-

vereiro, às 21h30.

Rita Redshoes estreia-se a solo em Abrantes

Adivinhas em verso para jogar

em família

Casca de caracol em exposição

Borboletas e outros

insectos

Page 29: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

JANEIRO2011

Deve ser tomado à letra o termo “construíram”. Foram eles e elas, com as suas mãos, dando o cor-po ao manifesto, que durante sete meses construíram o tem-plo que já está ao serviço das “congregações” de Abrantes e Alferrarede.

E pagaram da sua carteira os

cerca de 200 mil euros que a obra

custou. Um arquitecto fez o pro-

jecto e um empreiteiro dirigiu os

trabalhos. Mas os trabalhadores

foram os próprios crentes. “Fo-

ram centenas de pessoas, não só

daqui, mas de 43 congregações,

de Norte a Sul do país”, explica

José Luís Torres, um dos homens

que responde pela casa. Portan-

to, o valor da obra não entra em

conta com o trabalho voluntário.

E Massimo Esposito, outro dos

responsáveis da casa realça: “Foi

tudo pago por nós, em contribui-

ções pessoais. Não tivemos qual-

quer subsídio, nem recorremos a

empréstimo bancário”,

O novo templo, ou Salão do

Reino das Testemunhas de Jeová,

fi ca situado na zona dos Telheiros,

entre a Chainça e Alferrarede. É

sobretudo uma sala, ou melhor,

um auditório, muito bem equi-

pado, com cento e vinte lugares

sentados. “Nós não temos pro-

priamente um culto com um ritu-

al presidido sempre pela mesma

pessoa. Nós temos reuniões de

estudo bíblico. Lê-se um trecho

da Bíblia, depois desenvolve-se,

há uma interacção entre as pes-

soas da sala e quem está na tribu-

na, que não é sempre a mesma

pessoa, o bispo ou o chefe,”, expli-

ca Massimo Esposito.

As Testemunhas de Jeová, se-

gundo José Luís Torres, estão em

Abrantes desde a primeira me-

tade da década de sessenta. Ti-

nham até ao momento o Salão

do Reino em instalações provi-

sórias um pouco abaixo do an-

tigo quartel dos bombeiros de

Abrantes. Agora, a nova constru-

ção serve as duas congregações,

cada uma com cerca de sessenta

membros, que reúnem em dias

diferentes, quartas e quintas e sá-

bados e domingos. O Salão está,

portanto, calculado para o cresci-

mento da comunidade das Teste-

munhas de Jeová nesta zona.

O novo Salão do Reino já en-

trou ao serviço, mas a inaugura-

ção formal será apenas dentro de

alguns meses. Entretanto, fi ca o

convite, formulado por José Luís

Torres, para que “os nossos vizi-

nhos e amigos nos visitem. A casa

está aberta a quem quiser vir. Não

há colectas, a pessoa é livre, entra

quando quer e sai quando quer.

Serão bem-vindos.”

Alves Jana

CULTURA 17

O XVI Encontro Nacional Museologia e

Autarquias e o VIII Fórum Nacional Urba-

nismo e Autarquias decorrem no dia 11 de

Fevereiro na Batalha e nos dias 11 à noite

e 12 em Constância. “Território, Cultura, Ci-

ência e Inclusão” é o tema destes Encon-

tros e a irganização científi ca é da respon-

sabilidade dos Departamentos de Urba-

nismo e de Museologia da Universidade

Lusófona de Humanidade e Tecnologias.

Esta reunião de especialistas pretende

“debater a presença das áreas científi cas e

tecnológicas no mundo do património e

dos museus, analisar a utilização dos recur-

sos patrimoniais no ordenamento do terri-

tório à luz da recente legislação e procurar

caminhos para a inclusão no campo da co-

municação cultural”.

Em Constância, os trabalhos decorrem

no dia 11, a partir das 21h00, no Centro

Ciência Viva e no dia 12 na Casa-Memó-

ria de Camões em Constância, das 9h30 às

17h30. A participação no Encontro está su-

jeita a inscrição e ao pagamento de 20 €

para estudantes e 25€ para o público em

geral. Para mais informação e inscrições,

contactar a Câmara Municipal de Constân-

cia – Gabinete de Apoio ao Presidente (249

730 051).

ABRANTES

Testemunhas de Jeováconstruíram Salão do Reino

Especialistas vêm

debater Património

e Território

CONSTÂNCIA

Page 30: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

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Agradecimento

Joaquim Rodrigues ChaleiraN - 29/06/1926 F - 3/01/2011

A sua família agradece a todas as pessoas que o acom-panharam até à sua última morada, ou que por qualquer forma manifestaram o seu pesar.Um agradecimento especial a todos quantos o apoiaram e se interessaram pela sua doença.A todos o seu bem-haja.

AGRADECIMENTO

Conceição Maria MendesConceição Maria Mendes, faleceu no dia 14 de Dezembro de 2010, com 89 anos, residente em Fontes, tendo sido sepultada no cemitério de Fontes. Tinha seis fi lhos Joaquim Maria Mendes, Agostinho Maria Mendes, Maria da Conceição Mendes, João Martinho Mendes, Manuel Conceição Mendes, Martinho José Mendes. Era casada com Martinho Mendes

Agradecimento e apreço pelo pessoal médico do C.H.M.T. Abrantes extensivo ao pessoal de enfermagem e auxiliar pelo carinho dedicado, não esquecendo o trabalho do Exmo Dr. Pedro Pires.

NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES

A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

-Certifi co para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia dez de Dezembro de dois mil e dez, exarada de folhas cinquenta a folhas cinquenta e um verso, do Livro de Notas para Escrituras Diversas OITENTA E CINCO – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores JOAQUIMANASTÁCIO, contribuinte fi scal número 133 302 024 e mulher MARIA DE LURDES AGUDO ANASTÁCIO, contribuinte fi scal número 133 302 032, casados sob o regime da comunhão geral de bens, ambos naturais da freguesia de Sardoal, residentes na Rua da Espinhaça, número 11, em Sardoal, DECLARARAM QUE, com exclusão de outrém, são donos e legítimos possuidores do seguinte prédio:- Prédio urbano, sito na Rua da Espinhaça, na freguesia e concelho de Sardoal, composto de casa de habitação de rés-do-chão, primeiro e segundo andar, com a área coberta de setenta e seis metros quadrados e logradouro com a área de doze metros quadrados a confrontar de Norte com José Miguel, de Sul com Rua da Espinhaça, de Nascen-te com Manuel Grácio e de Poente com David Agudo, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 261.- Que o prédio ora justifi cado está inscrito na matriz em nome dele justifi cante marido e que são possuidores do prédio acima identifi cado e que este veio à sua posse por compra verbal, não titulada a Tobias de Carvalho e mulher Emília Carapuça, casados no regime da comu-nhão geral de bens, residentes que foram em Sardoal, no ano de mil novecentos e setenta e oito, logo há mais de trinta anos.- Que, desde a referida data, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, fazendo a sua conservação e obras de benefi ciação, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacifi camente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verifi cando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição do citado imóvel por usucapião.- Está conforme ao original e certifi co que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve.

Abrantes, 10 de Dezembro de 2010

A Notária,Sónia Maria Alcaravela Onofre

(em Jornal de Abrantes, edição 5480 – Janeiro de 2011)

NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES

A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE

Certifi co para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte e nove de Dezembro de dois mil e dez, exarada de folhas trinta e quatro a folhas trinta e seis do Livro de Notas para Escrituras Diversas OITENTA E SEIS – A, deste Car-tório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores JOÃO ANTÓNIO TAVARES LOURENÇO, contribuinte fi scal número 128 625 821 e mulher EMÍLIA ISABEL RODRIGUES DUQUE LOURENÇO, contribuinte fi scal número 175 196 010, casados no regime da comunhão de adquiridos, naturais, ele da freguesia e concelho de Sardoal e ela da freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, residentes na Rua da Alagoa, em Presa, Alcaravela, Sardoal, DECLA-RARAM que, com exclusão de outrém, ele marido é dono e legítimo possuidor dos seguintes prédios:- UM) Prédio rústico, sito em Horta Velha, na freguesia de Alcaravela, do con-celho de Sardoal, composto de cultura arvense de sequeiro, macieiras, oliveiras e pinhal, com a área de cinco mil metros quatrocentos e oitenta metros quadrados, a confrontar de Norte e Sul com Júlio Lobato, de Nascente com caminho público e de Poente com ribeira, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 252 da secção AE.- DOIS) Prédio rústico, sito em Rabo de Gato, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de mato, oliveiras, pinhal e horta com a área de mil seiscentos e vinte metros quadrados, a confrontar de Norte com Manuel Pereira, de Sul com ribeira, de Nascente com Manuel Lopes Pimenta e de Poente com Custódio Fernandes, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 68 da secção AF.- TRÊS) METADE do Prédio urbano, sito em Porto da Presa, na freguesia de Alcaravela, do concelho de Sardoal, composto de casa que se destina a azenha com uma pedra e uma porta, com a área coberta de dez metros quadrados, a confrontar de Norte, Sul, Nascente e Poente com António Lourenço Bernardo e Joaquim Pires Vital, omisso na Conservatória do Registo Predial de Sardoal, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 387.- Que os prédios ora justifi cados estão inscritos na matriz em nome dele justifi cante marido e que é possuidor dos mesmos desde pelo menos mil novecentos e setenta e quatro, os quais vieram à sua posse por partilha verbal, por óbito de seu pai JOSÉ LOURENÇO, casado com Maria da Luz Tavares, no regime da comunhão geral de bens, residente em Presa, Alcaravela, Sardoal, ainda no estado de solteiro.- Que, desde a referida data, vem exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades dos prédios, fazendo a sua conservação e obras de benefi ciação, amanhando-o, apanhando a fruta, cortando a madeira, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecido como seu dono por toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, pacifi camente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspon-dente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verifi cando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição dos citados imóveis por usucapião.Esta conforme ao original e certifi co que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve.

Abrantes, 29 de Dezembro de 2010

A NotáriaSónia Maria Alcaravela Onofre

(em Jornal de Abrantes, edição 5480 - Janeiro de 2011)

SÓNIA FRADEADVOGADA

Rua Nossa Senhora da Conceição, 20-1º2200 Abrantes

Telefone: 241364471Telemóvel: 938 066 087

Page 31: JA - Jan2011

jornaldeabrantes

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OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIADr.ª Lígia Ribeiro, Dr. João PinhelOFTALMOLOGIADr. Luís CardigaORTOPEDIADr. Matos MeloOTORRINOLARINGOLOGIADr. João EloiPNEUMOLOGIADr. Carlos Luís LousadaPROV. FUNÇÃO RESPIRATÓRIAPatricia GerraPSICOLOGIADr.ª Odete Vieira; Dr. Michael Knoch;Dr.ª Maria Conceição CaladoPSIQUIATRIADr. Carlos Roldão Vieira; Dr.ª Fátima PalmaUROLOGIADr. Rafael PassarinhoNUTRICIONISTADr.ª Carla LouroSERVIÇO DE ENFERMAGEMMaria JoãoTERAPEUTA DA FALADr.ª Susana Martins

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da educação alimentar e administração

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sina nos dentes posteriores - selante de fi ssuras - protege as zonas mais difíceis

de escovar e por isso mais frequente-

mente atingidas pela cárie dentária.

Em Portugal, na sequência de uma

reestruturação do Programa Nacional de

Promoção da Saúde Oral, existem agora

dois tipos de referenciação (encaminha-

mento para prestação de cuidados por

profi ssional especializado) – para higiene

oral, se a criança tem todos os dentes de-

fi nitivos sãos, e para medicina dentária, se

a criança necessita de tratamentos curati-

vos, como restaurações ou extracções.

No ACES do Zêzere as crianças referen-

ciadas para higiene oral são convocadas

através do Agrupamento de Escolas e

transportadas a maioria, pelas Câmaras

Municipais, às consultas de saúde oral de

Alferrarede ou de Tomar, para a aplicação

dos selantes de fi ssuras nos dentes defi -

nitivos sãos pelas higienistas orais.

As crianças com cárie dentária, através

da atribuição de cheques-dentista, po-

dem fazer tratamento aos dentes doen-

tes e aplicação de selantes de fi ssuras nos

que ainda se apresentam sãos. No nos-

so ACES colaboram com o programa 24

médicos-dentistas, que fazem parte da

lista nacional de médicos aderentes (ver

em www.saudeoral.min-saude.pt e de

listas concelhias disponíveis nos Centros

de Saúde e que pode ser escolhido livre-

mente, de acordo com a decisão e prefe-

rência do encarregado de educação.

No ano lectivo de 2009/10 recebe-

ram cheque-dentista cerca de 3000 alu-

nos de 7, 10 e 13 anos. Infelizmente cer-

ca de 45% perderam a possibilidade de

benefi ciarem dos cuidados de saúde

oral prestados nas consultas, por falta de

comparência.

Tratando-se de um processo comple-

tamente gratuito, desde a triagem dos

dentes defi nitivos nas escolas, até ao fi nal

dos tratamentos preventivos e/ou curati-

vos, não parece aceitável que atitudes

menos cooperantes por parte dos adul-

tos responsáveis possam prejudicar, no

presente e no futuro, a saúde oral e geral

das crianças benefi ciárias. Por isso, é de-

sejo dos serviços de saúde do ACES do

Zêzere que todos os alunos de 7, 10 e 13

anos, que no presente ano lectivo corres-

pondem às crianças nascidas em 2003,

2000 e 1997, aproveitem esta oportu-

nidade única, sendo para isso indispen-

sável que os pais/encarregados de edu-

cação assumam a sua responsabilidade

pela utilização dos documentos de refe-

renciação/cheques-dentista que lhes se-

rão enviados através da Escola e que te-

rão validade até 31 de Agosto de 2011.

Filipa SerraHigienista Oral

AfectividadeNível de cultura médio, idade madura, presença atraente.

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NOTARIADO PORTUGUÊSCARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES

A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRECertifi co para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia dezanove de Ja-neiro de dois mil e onze, exarada de folhas cento e trinta e cinco a folhas cento e trinta e seis verso, do Livro de Notas para Escrituras Diversas OITENTA E SEIS – A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO na qual os Senhores ROSÁRIA RODRIGUES D’OLIVEIRA ALVES FERNANDES e marido JOAQUIM ALVES FERNANDES, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Bemposta, do concelho de Abrantes, residentes na Rua Nova, no lugar de Chaminé, em Bemposta, Abrantes, DECLARARAM QUE ela outorgante mulher e com exclusão de outrem, é dona e legítima possuidora do Prédio urbano, sito na Rua Nova, no lugar de Chaminé, na freguesia de Bemposta, do concelho de Abrantes, composto de arrecadação com a área coberta de sessenta e quatro vírgula setenta e cinco metros quadrados e logradouro com a área de dois mil cento e seis virgula vinte e cinco metros quadrados, a confrontar de Norte com Herdeiros e Fernando de Matos Lourenço, de Sul com Firmino Duarte Simões, de Nascente com Rua Nova e de Po-ente com ribeira, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 2221.Que o prédio está inscrito na matriz em nome dela justifi cante mulher e que ela é pos-suidora do prédio acima identifi cado por lhe ter sido doado verbalmente, por seus pais JOSÉ DE OLIVEIRA DA FONTE e SENHORINHA MARIA RODRIGUES, casados no regime da comunhão de geral de bens, residentes que foram no lugar de Chaminé, em Bemposta, Abrantes, antes do ano de mil novecentos e setenta e sete, logo há mais de trinta anos.Que, desde a referida data, vem exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, fazendo a sua conservação e obras de benefi ciação, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecida como sua dona por toda a gente, pacifi camente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verifi cando-se assim todos os requisitos legais para que ocorra a aquisição do citado imóvel por usucapião.Está conforme ao original e certifi co que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve.Abrantes, 19 de Janeiro de 2011

A Notária, - Sónia Maria Alcaravela Onofre

(em Jornal de Abrantes, edição 5480 – Janeiro de 2011)

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