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M esmo com o ligeiro aumento de 0,24 pontos de Maio para Junho deste ano,
fazendo com que o indicador subisse de 69,59 pontos para 69,83 pontos, o Índice
de Confiança do Consumidor (ICC) medido em Julho pelo Centro de Estudos e
Investigação Cientifica (CEICin) do Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola
(IMETRO) registou uma subida encorajadora de 6,78 pontos, passando de 69,83 em
Junho, para 76,61 pontos em Julho deste ano. Contudo, ele permanece ainda em
território negativo. O ICC acumula agora uma queda de 10,22 pontos em um ano, isto é,
de Julho de 2017 a Julho de 2018.
O que esse aumento significa? Será que a população começa já a sentir o efeito das
reformas socioeconómicas e políticas do novo Executivo? É muito cedo para se
responder positivamente esta pergunta. A verdade é que a ligeira melhora atual da taxa
de inflação pode ser um dos factores que influenciou este registo positivo do ICC entre
os Luandeses. Segundo dados do INE, a inflação do mês de Julho caiu para o nível mais
baixo dos últimos dois anos e meio. Trata-se de uma notícia alentadora, principalmente
se levarmos em conta que a economia africana em geral tem vindo a enfrentar muitos
desafios nos últimos quatro anos.
Contudo, tal como indica o Índice Africano de Recompensa ao Risco (Africa Risk-
Reward Index) de Junho de 2018, as mudanças políticas significativas, particularmente
na África Austral, e a melhoria dos preços das comodities mudaram a tendência da
maioria dos mercados do continente. Seus maiores mercados (Nigéria, África do Sul e
Egipto) melhoraram suas pontuações de Risco-Recompensa, assim como muitas
economias menores seguiram no mesmo caminho. Zimbábue, Moçambique, Zâmbia e
Senegal estão entre os dez países que melhoraram suas pontuações de recompensa e
reduziram suas pontuações de risco.
Mas Angola ainda não arejou o seu ambiente económico. Africa Risk-Reward Index, de
Junho 2018, mostra isto mesmo: que apesar da mudança de Presidente, um ano depois
Angola ainda não melhorou a sua pontuação. O relatório no entanto acrescenta que o
novo Executivo está a agir com uma notável rapidez e determinação para consolidar a
sua autoridade, acrescentando que o seu esforço para desmantelar as redes e as
práticas da corrupção estimulam e proporcionam novas oportunidades para o
investimento estrangeiro no país.
O ICC MELHORA MARGINALMENTE, MAS PERMANECE EM TERRITÓRIO NEGATIVO
L U A N D A
J U L H O / 2 0 1 8
S O N D A G E M D O
C O N S U M I D O R
Índice de Confiança do Consumidor-Julho/2018
76.61
ISA 55.2
IE
ICC
104
76.6
Apesar da melhoria do ICC, IE e ISA, o preço
ao consumidor em Luanda é ainda
preocupante
“Preço ao consumidor é ainda alvo de contesta-
ções”. Na avaliação dos consumidores de Luanda, o Índice de
Situação Actual (ISA) sube 7,6 pontos, indo para 76,3 pontos neste
mês, o mais alto desde Agosto de 2017. Subiu também 11,98 pontos o
Índice de Expectativas (IE), indo de 92.02 para 104 pontos, o único
índice positivo desde Dezembro de 2017. Contudo, apesar da melhoria
destes indicadores, o preço ao consumidor é ainda alvo de
contestações dos luandenses.
O INE divulgou que os preços ao consumidor subiram 1,2% em Julho,
em relação o mês anterior, inalterados em relação à impressão de
Junho do nosso ICC. Este resultado deve-se em grande parte à elevação
dos preços de alimentos e bebidas não alcoólicas, assim como das
roupas e calçados. A Sondagem do CEICin mostrou justamente que,
entre todos os quesitos que integram o Índice de Confiança do Consumidor, a maior contribuição para a subida da
confiança no mês veio o optimismo com relação à economia nos próximos meses, que subiu 7,3 entre Junho e Julho,
passando de 68,04 para 104,09, o maior nível desde os 117,25 pontos de Outubro de 2017.
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M ercado ainda não está preparado para oferecer
"empregos dignos" a jovens licenciados. De acordo com o ICC (CEICin, Julho 2018),
o mercado de trabalho em Angola ainda
não está plenamente preparado para
oferecer aos jovens diplomados empregos
compatíveis com a formação e o mérito.
Quase 50% dos participantes de inquérito realizado pelo
CEICin sobre Carreira Profissional e Situação do Emprego são
licenciados, dos quais 80% tinham entre 25 e 40 anos de
idade. Dada a importância que jovens licenciados têm no
desenvolvimento da nossa economia, é crucial acompanhar as
suas percepções sobre a perspectiva de encontrar emprego
hoje ou amanhã.
A absoluta maioria
dos participantes
(81%) declarou que
é muito difícil encon-
trar emprego agora.
"Em Angola há
muitas pessoas que
terminaram os estu-
dos universitários,
mas que não conse-
guem encontrar um
emprego corres-
pondente às suas habilitações, e que ficam a perder tempo a
fazer biscatos", disse um jovem que tirou sua licenciatura há já
dois anos e ainda continua a procura do primeiro emprego.
Com certeza, o problema do desemprego afecta toda a gente,
não apenas os jovens licenciados, e conheceu piora em Angola
com a atual crise económica e financeira que começou em
2014.
Com a queda do preço do petróleo no mercado internacional
a econonima colapsou, obrigando muitas empresas a fechar e
milhares de cidadãos a engrossarem o exército de
desempregados. Além disto, a crise levou à uma drástica
redução dos sectores geradores de empregos para jovens
licenciados. Outra preocupação manifestada pelo licenciados é
o facto de, depois da formação, ser difícil arranjar emprego por
ainda prevalecer no contexto nacional a prática da corrupção
(comércio dos empregos) e dos compadrios: "A dificuldade de
encontrar um emprego está relacionada com questões do
favoritismo e da gasosa. Sem pagar alguma coisa, não só é
dificil conseguir emprego, é mesmo muito difícil. As pessoas
sem contactos (sic.) não conseguem ter o primeiro emprego”,
diz uma jovem licenciada de 26 anos que recusou a participar
no concurso público para o preenchimento de vagas na carreira
docente do ensino primário e secundário, lançado no último dia
28 de Maio em todo o território nacional pelo Ministério da
Educação.
Considerando que a população angolana é maioritariamente
jovem, e por ser esta faixa etária a locomotiva laboral para a
economia, há necessidade urgente de encontrar-se estratégias
de geração e fomento de empregos para os licenciados, recém-
formados e os jovens em geral. Facto interessante é que a
Sondagem, que envolveu 250 participantes, atesta um
optimismo confiante sobre a possibilidade de encontrar
emprego nos próximos seis meses. Em comparação com a
possibilidade de encontrar trabalho hoje, onde mais de 81%
dos entrevistados licenciados disseram que é difícil, apenas
53% disseram que ainda será difícil encontrar trabalho nos
próximos seis meses. Não há muita explicação para esse
optimismo, que muito provavelmente tem a ver com as notícias
do aumento do preço do petróleo no mercado internacional, e
também dos notáveis esforços do novo executivo para atrair
investimentos - fato que traduz claramente o compromisso
declarado pelo novo titular do poder executivo, General João
Lourenço, quando no seu discurso inaugural do ano de 2017
declarou: “Trabalhar para que todos os caminhos venham a dar
a Angola é o nosso desafio. Isso é bom, porque se abrem
perspectivas reais de diversificação da nossa economia, do
aumento dos produtos de exportação, do aumento da oferta de
emprego para os Angolanos, e para a juventude em particular”.
Por outro lado, no
dia 5 de Junho de
2018, o Ministro da
Administração Públi-
ca, Trabalho e Segu-
r a n ç a S o c i a l
(MAPTSS), Jesus Ma
-iato, apresentou na
107.ª Conferência
Internacional do
Trabalho (CIT), em
Genebra (Suíça), as
políticas do Execu-
tivo angolano para a valorização da mão-de-obra qualificada na
reconstrução e desenvolvimento do país. Na ocasião o gover-
nante destacou que o Estado angolano assumiu como um dos
primados para o desenvolvimento a aposta na definição de
políticas que visam valorizar a mão-de-obra qualificada e a
promoção do emprego por meio do incremento de sectores
como a agricultura e a indústria.
Há então uma luz no fim do túnel para o crescente
exército de licenciados desempregados, contudo ainda
pouco expressiva para estimular a auto-confiança dos jovens e
lança-los à luta pelo trabalho, sem temor da corrupção e do
compadrio que ainda prevalece no mercado do emprego em
Angola. Se o compromisso nacional de combater qualquer rei
da corrupção for sério e duradouro, se o preço do petróleo
continuar em rota ascendente até estabilizar-se em níveis
favoráveis, e se as estratégias do Executivo para o pleno
emprego forem bem executadas, haverá certamente esperança
de a percepção dos jovens licenciados em conseguir emprego
ajudar a aquecer a economia para o desenvolvimento do país.
E N T E N D A O Í N D I C E D E S O N D A G E M D O C O N S U M I D O R
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Período de Colecta
Foram entrevistadas 385 pessoas
entre os dias 2 - 17/07 de 2018
Mais informações
Para os detalhes metodológicos, questionário e
locais de colecta desta edição, consulte: http://
www.ceicin.com
A Sondagem do Consumidor de Luanda é um estudo de carácter qualitativo ordinal, isto é, busca transformar em indicador
numérico a avaliação que os consumidores fazem das variáveis/situações investigadas, com base nas frequências relativas para
cada opção de resposta do inquérito realizado. As respostas dos inquiridos são classificadas de maneira ordinal, de acordo com o
grau de avaliação que vai do mais negativo ao mais positivo, ou seja: as respostas possíveis sempre são e serão: Muito mal, Mal,
Normal, Bom, Muito Bom.
O inquérito, que acompanha a evolução da economia de mercado da capital angolana com base nos hábitos e tendências de
consumo, assim como nos níveis de confiança no futuro, que resultam da percepção das politicas e decisões económicas do
governo, é aplicado mensalmente a 500 cidadãos escolhidos aleatoriamente em diversos perímetros da capital angolana. O mérito
da pesquisa qualitativa é a possibilidade de captar, e antever, movimentos no ambiente económico no curto e médio prazos
através da mensuração, em forma de Indicador de dispersão que varia de 0 a 200 pontos, onde valores inferiores a 100 reflectem
avaliação negativa e valores acima de 100 mostram-se como avaliações positivas para cada indicador investigado.
Acreditamos que os resultados gerados são de grande valia para o aprimoramento das políticas económicas (passadas, presentes
e futuras), uma vez que capta dados que estudos tradicionais, de cunho quantitativo, não conseguem captar.
SONDAGEM CONSUMIDOR | Publicação mensal do Centro de Estudos e Investigação Científica | Instituto Superior
Politécnico Metropolitano de Angola | Investigadores Responsáveis: Prof. Zakeu A. Zengo (PhD), Prof. Francisco Kapalo
(PhD) | Estagiários (Iniciação Científica): Adriano Domingos, Denise António, Elizandra Chissola | Secretária: Zola Karina |
Campus Universitário IMETRO, 1º andar, edifício da Biblioteca | Contactos: (+244) 916 99 56 78 | (+244) 993 21 49 74
Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola
Campus Universitário do Morro Bento II, 1º andar | Edifício da Biblioteca
Tel: +244 916 84 91 26 | Fax: +244 915 84 53 38 | Correio eletrónico: [email protected]
C E N T R O D E E S T U D O S E I N V E S T I G A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
M I S S Ã O
“Produzir, promover e difundir conhecimento, contribuindo na capacitação
de pessoas e no desenvolvimento social e económico de Angola”
Barómetro de Conjuntura Socioeconómica Observatório do Petróleo Sondagem da Inflação
Centro de Estudos e Investigação Científica — CEICIN do Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola |
Direcção: Prof. Doutor Zakeu A. Zengo (Director Geral) e Prof. Doutor Francisco Kapalo Ngongo (Director Técnico)|
Secretária: Zola Karina | Campus Universitário do IMETRO, 1º Andar, Edifício Biblioteca |
Web-site: www.ceicin.com
O U T R A S S O N D A G E N S E P U B L I C A Ç Õ E S D O C E I C I N
P A R C E I R O S :