iv.teoria da norma penal

45
1 IV.Teoria da Norma Penal 4. Teoria da Lei Penal 4.1 Fontes do Direito Penal 4.2 Norma Penal e Lei Penal. Conceito 4.3 Lei Penal em branco 4.4 Interpretação e aplicação da Lei Penal: analogia; princípios gerais do direito e eqüidade 4.5 Lei Penal no tempo: irretroatividade e retroatividade da lei mais favorável;lei excepcional ou temporária; e, tempo do crime 4.6 Lei penal no espaço: princípios fundamentais; conceito de território nacional; lugar do delito; extraterritorialidade, imunidade diplomática e imunidade parlamentar

Upload: ivson-amilcar

Post on 30-Jun-2015

479 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: IV.Teoria da Norma Penal

1

IV.Teoria da Norma Penal4. Teoria da Lei Penal4.1 Fontes do Direito Penal4.2 Norma Penal e Lei Penal. Conceito4.3 Lei Penal em branco4.4 Interpretação e aplicação da Lei Penal: analogia; princípios

gerais do direito e eqüidade4.5 Lei Penal no tempo: irretroatividade e retroatividade da lei

mais favorável;lei excepcional ou temporária; e, tempo do crime

4.6 Lei penal no espaço: princípios fundamentais; conceito de território nacional; lugar do delito; extraterritorialidade, imunidade diplomática e imunidade parlamentar

Page 2: IV.Teoria da Norma Penal

2

IV.Teoria da Norma Penal “Já se disse – com acerto! – que o que distingue o

Direito Penal dos outros setores do ordenamento jurídico é a sua conseqüência: a pena. Todavia não se deve inferir que o Direito Penal se reduz ao estudo da pena. Na verdade, ele é estruturado em três grandes teorias: a Teoria do Crime, a Teoria da Pena e a Teoria da Lei Penal. Essas três teorias, portanto, formam a dogmática penal”. BRANDÃO, Cláudio. Introdução do Direito Penal. São Paulo: Forense, 2005.

Page 3: IV.Teoria da Norma Penal

3

IV.Teoria da Norma Penal A Teoria da Lei Penal estuda as Fontes do Direito

Penal, a Lei Penal no Tempo e a Lei Penal no Espaço. Fontes do direito penal:No âmbito semântico, fonte é

nascente, designando origem, procedência de algo. É também reveladora do que estava oculto, daquilo que

ainda não havia surgido. É o ponto de passagem do oculto ao visível.

Logo, fonte do direito é o local de origem do Direito; é na verdade o próprio Direito que sai do oculto e é revelado.

Page 4: IV.Teoria da Norma Penal

4

IV.Teoria da Norma Penal1. Fontes materiais: a sociedade e o Estado (o direito nasce do

fato social, isto é, das necessidades da vida em sociedade).Como o direito nascem da vontade dos indivíduos que compõem a

sociedade, podemos dizer que a consciência do povo que integra a nação é a fonte maior do direito.

A sociedade organizada, através do poder legislativo, por meio dos seus representantes, escolhidos pelo voto, escolhe os bens jurídicos que devem ser tutelados pelo direito penal, estabelecendo as penas e as demais regras relativas aos infratores das normas.

Por tal razão, em algumas sociedades, alguns fatos são considerados crime e outras não.

A fonte de produção, ou substancial é remotamente a consciência popular e diretamente (art. 22, I, CF) o Estado. Assim, a União, por meio do P.Legislativo, é a fonte material ou substancial do direito penal.

Page 5: IV.Teoria da Norma Penal

5

IV.Teoria da Norma Penal2. Fonte Formal: imediata e mediata.a)imediata: a lei penalb)mediatas: costume e princípios gerais do direito.a)O direito,para se estabelecer no seio da sociedade, para

valer e imperar, para ser obedecido por seus membros, os indivíduos, precisa ser conhecido da sociedade, exteriorizar-se, ganhar forma, tornar-se concreto, o que se dá através de estruturas lógicas, que são as leis, isto é, o documento emanado do Poder Legislativo. No direito penal, por força do princípio da legalidade, só a lei é fonte de exteriorização da criação dos crimes e das penas.

Page 6: IV.Teoria da Norma Penal

6

IV.Teoria da Norma Penalb) Mediatas:b.1 costume: “...“consiste na regra de conduta criada

espontaneamente pela consciência comum do povo, que a observa por modo constante e uniforme e sob convicção de corresponder a uma necessidade jurídica”. Compõe-se de dois elementos: um objetivo, o uso(consuetudo), e outro subjetivo, a convicção jurídica(opinio necessitatis). Sem a existência de um legítimo convencimento a respeito da necessidade de sua prática, o costume seria reduzido a mero uso social, desprovido de exigibilidade”.

“De outro lado, se destituído de seu conteúdo objetivo, tolhe-se-lhe o caráter de certeza e de precisão, próprio de todas as normas jurídicas, e que o costume apresenta, ainda que em menor grau”.

Page 7: IV.Teoria da Norma Penal

7

IV.Teoria da Norma Penal“Como características do costume, podem apontar sua

uniformidade, pois pressupõe sensível e múltipla repetição da mesma prática; sua constância, pois não pode ser interrompido, sob pena de descaracterizar-se como norma jurídica; sua publicidade, porque obriga a todos e por todos deve ser conhecido, e sua generalidade, no sentido de alcançar todos os atos e todas as pessoas e relações que realizam os pressupostos de sua incidência.

Em sua relação com a lei, o costume pode assumir três dimensões: secundum legem, que é o costume previsto em lei e, portanto de caráter cogente; praeter legem, que é o costume supletivo, destinado a suprir as lacunas da lei, e contra legem, que é o costume formado em sentido contrário ao da lei.

Page 8: IV.Teoria da Norma Penal

8

IV.Teoria da Norma Penal...Esta última forma, também denomidada consuetudo

abrogatoria ou desuetudo, resulta na não-aplicação da lei em virtude de seu descompasso com a realidade histórico-cultural. Carece, porém, de toda eficácia, pois uma lei só pode vir a ser revogada por outro diploma legal, conforme art. 2° da LICC. Das três espécies, o costume secundum legem e o praetem legem poderão ter validade para o direito penal, porque não atuam além dos limites do tipo ou em sua oposição, mas agem na intimidade da norma para que o seu sentido se ajuste às concepções sociais dominantes”.L.R.Prado.

No nosso sistema jurídico(escrito e romanísitico), o costume tem caráter complementar e subsidiário em relação à lei.

Page 9: IV.Teoria da Norma Penal

9

IV.Teoria da Norma Penalb.2 Jurisprudência: “...contribui a jurisprudência para o conhecimento do

Direito vigente no país, para o aperfeiçoamento e a justa concreção da lei criminal. É inegável que o trabalho dos juízes e tribunais não quer dizer mera aplicação mecânica as leis; ao contrário, como atividade de caráter nitidamente valorativo, implica a interpretação e a adaptação das norma jurídicas às necessidades individuais e sociais, com o objetivo de realizar a justiça como fim último do Direito”(Prado).

b.3 Doutrina: “como instrumento mediato, é o resultado da atividade jurídico-científica, isto é, dos estudos levados a cabo pelos juristas com o escopo de analisar e sistematizar as normas jurídicas, elaborando conceitos, interpretando leis, emitindo juízos de valor a respeito do conteúdo das disposições legais e apontando sugestões de reforma do Direito vigente”(Prado).

Page 10: IV.Teoria da Norma Penal

10

IV.Teoria da Norma Penalb.4 Princípios Gerais do Direito: Segundo Carlos Maximiliano,

apud Moura Teles, “não é constitucional apenas o que está escrito no estatuto básico, e, sim, o que se deduz do sistema por ele estabelecido”. Assim, o Direito é um sistema harmônico, do qual se deduzem alguns preceitos fundamentais, nem sempre escritos, mas que têm validade. São estes as bases, os fundamentos, os pilares decorrentes do ordenamento jurídico como um todo, tendo valor e aplicação geral.Não definem crimes ou estabelecem penas, mas aplicam-se, fundamentalmente, para informar e delimitar o Direito, no sentido de impor limites ao jus puniendi estatal, em face do status libertais do indivíduo.

Page 11: IV.Teoria da Norma Penal

11

IV.Teoria da Norma Penal Lei é o documento elaborado e emanado do Poder Legislativo, dentro

do devido processo de tramitação e publicização, que contém as normas jurídicas, de caráter bilateral, coercitivo, heterônomo, bilateral e atributivo(dialética de implicação polaridade).

A lei é o único instrumento utilizado pelo Estado para dar conhecimento do que é Direito Penal. É nela, somente nela, que estão contidas as normas que definem crimes e cominam penas(Moura Teles). Isso como evidência do Princípio da Legalidade.

Ora, se nas leis estão contidas as normas, impõe-se diferenciá-las: “A norma é a regra de conduta, imposta coativamente pelo Estado. É o comando. É a ordem. A norma está contida na lei. Esta é o instrumento de manifestação da norma. É o meio pelo qual a norma é comunicada aos indivíduos... Sendo que a norma penal por excelência é aquela que define o crime e comina a pena”(Moura Teles).

Page 12: IV.Teoria da Norma Penal

12

IV.Teoria da Norma Penal Classificação da Norma Penal: incriminadoras, não

incriminadoras e explicativas.a) Incriminadoras: aquelas que definem crimes e cominam penas.

São normas penais em sentido estrito, caracterizando-se por ser originária do Estado, imperativa e erga omnes, valendo inclusive para os absolutamente incapazes, é ainda abstrata e impessoal.

b) Não incriminadoras:O Direito Penal não se limita a definir a conduta considerada criminosa e a estabelecer as penas a elas adequadas, mas, em algumas situações, a dizer que a conduta definida como crime é permitida(legítima defesa ), ou ainda que, diante da conduta, a resposta não será a pena antes fixada(v.g. E.C.A. com as medidas sócio-educativas). São definidas pela doutrina como normas penais permissivas, que admitem duas espécies: justificantes e exculpantes.

Page 13: IV.Teoria da Norma Penal

13

IV.Teoria da Norma Penal Justificantes: tornam lícitas, permitidas, justificadas, condutas

definidas como crime (arts. 23 e 128, I, II do CP); Exculpantes: não justificam as condutas definidas como crimes,

apenas as isentam de pena(arts. 21, 26, 27 e 28, § 1° do CP).c)Explicativas: são aquelas que tornam claras questões penais ou

explicam o conteúdo de outras normas(art. 25 do CP). “Para obedecer ao princípio da reserva legal, a norma penal

incriminadora é elaborada de modo diferente das demais normas do direito, com uma técnica própria. É constituída por duas partes, bem delimitadas na aparência, em sua forma: o preceito e a sanção.

O preceito, também chamado preceito primário ou preceptum iuris, está contido na primeira parte da norma, que é a descrição da conduta proibida, do comportamento que o direito deseja que não ocorra”.

Page 14: IV.Teoria da Norma Penal

14

IV.Teoria da Norma Penal “segunda parte da norma é a sanção, também

chamada preceito secundário ou sanctio juris. É a conseqüência jurídica da violação do preceito primário, do descumprimento do mandamento”(Moura Teles).

A construção da norma penal observa uma técnica legislativa que difere das demais normas jurídicas, com a delimitação da conduta proibida, como decorrência do princípio da legalidade, que exige lex praevia, lex scripta, lex stricta, lex certa.

Norma Penal em branco: “Em princípio, o Direito Penal deve definir de modo autônomo os pressupostos de suas normas, evitando a remissão a outras regras do ordenamento jurídico”.

Page 15: IV.Teoria da Norma Penal

15

IV.Teoria da Norma Penal “Ainda assim, a regulação jurídico-penal de certas

matérias(v.g.,economia popular, meio ambiente, relações de consumo, saúde pública, ordem tributária), altamente condicionadas a fatores histórico-culturais, que exigem uma atividade normativa constante e variável, costuma ser realizada por imperiosa necessidade técnica através do modelo legislativo denominado lei penal em branco (Blankettstrafgesetz), cuja origem remonta ao pensamento de Karl Binding”.

“Claro está que a principal vantagem da norma em branco é a estabilidade do dispositivo principal, emanado de autoridade legislativa de maior categoria através de moroso e complicado processo. As mutações impostas em razão do tempo e do lugar se fazem por meio de atos legislativos mais simples, de fácil maleabilidade, como é o caso da alteração de tabela de preços, dependente de mero ato administrativo e não do laborioso sistema de edição de lei ordinária(Prado)”.

Page 16: IV.Teoria da Norma Penal

16

IV.Teoria da Norma Penal A lei penal em branco pode ser conceituada como aquela em que

a descrição da conduta punível se mostra incompleta ou lacunosa, necessitando de outro dispositivo legal para a sua integração ou complementação. Isso vale dizer: a hipótese legal ou prótase é formulada de maneira genérica ou indeterminada, devendo ser colmatada/determinada por ato normativo(legislativo ou administrativo), em regra, de cunho extrapenal, que fica pertencendo, para todos os efeitos, à lei penal. Utiliza-se do chamado procedimento de remissão ou reenvio a outra espécie normativa, sempre em obediência à estrita necessidade(Prado).

Na lei penal em branco, o comportamento prescrito(ação ou omissão) vem apenas enunciado ou indicado(só parcialmente descrito), sendo a parte integradora elemento indispensável à conformação da tipicidade penal. Mas a conseqüência jurídica aplicável encontra-se regularmente prevista(Prado).

Page 17: IV.Teoria da Norma Penal

17

IV.Teoria da Norma Penal Exemplos: Lei 11.343;2006, art. 268 do CP. Lei penal em branco em sentido estrito e em sentido amplo.

a. “Chama-se norma penal em branco em sentido estrito(próprias) aquela cujo o complemento emana de outra instância legislativa inferior, por exemplo um decreto, uma portaria, uma resolução. Exemplos: art. 12 da Lei 6.368/76, complementado por Portaria da Dimed, do Ministério da Saúde; art. 269 do Código Penal, complementada por Portaria do Ministério da Saúde; art. 2°, VI, da Lei n.° 1.521, completada por Portaria da Sunab.

b. Norma penal em branco em sentido amplo(impróprias), quando o complemento provier da mesma lei ou de de outra,de mesma instância legislativa, como ocorre com a norma do art. 237 do CP: “Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause nulidade absoluta: Pena – detenção, de três meses a um ano”. Os impedimento estão no art. 1521 do C.Civil.

Page 18: IV.Teoria da Norma Penal

18

IV.Teoria da Norma Penal Necessário se faz identificar a diferença entre Lei penal

incompleta e Lei penal em branco. Lei penal estruturalmente imperfeita é aquela em que se

encontra prevista tão-somente a hipótese fática (preceito incriminador), sendo que a conseqüência jurídica localiza-se em outro dispositivo da própria lei ou em diferente texto legal(v.g., Lei 2.889/1956 – Genocídio).

No art. 304 do CPB podemos ver no mesmo artigo as duas espécies legislativas(lei penal em branco e incompleta) em um único tipo legal (Prado).

Page 19: IV.Teoria da Norma Penal

19

IV.Teoria da Norma Penal Interpretação e Aplicação da Lei Penal: Distinção entre Interpretação e Hermenêutica na

tradição jurídica. Interpretação “é um trabalho prático elaborado

pelo operador do Direito, através do qual ele busca fixar o sentido e o alcance das normas jurídica ou das expressões do direito”.(utiliza os princípios descobertos e fixados pela hermenêutica)

Hermenêutica “é a Teoria Científica da Interpretação, que busca construir um sistema que propicie a fixação do sentido e alcance das NJ”.(Rizzato Nunes).

A interpretação da lei penal, tendo em conta o intérprete, pode ser autêntica ou legislativa, doutrinária e judicial.

Page 20: IV.Teoria da Norma Penal

20

IV.Teoria da Norma Penal “A hermenêutica tem por objeto investigar e

coordenar, por modo sistemático, os princípios científicos e leis decorrentes que disciplinam a apuração do conteúdo, do sentido e dos fins das normas jurídicas e a restauração do conceito orgânico do Direito, para efeito de sua aplicação e interpretação, por meio de regras e processos especiais, procurando realizar, praticamente, estes princípios e estas leis científicas; a aplicação das normas jurídicas consiste na técnica de adaptação dos preceitos, nelas contidos e assim interpretados, às situações de fato que se lhes subordinam.

Page 21: IV.Teoria da Norma Penal

21

IV.Teoria da Norma Penal Fixando os precisos termos dessa distinção, não queremos

significar, entretanto, que hermenêutica, interpretação e aplicação constituem em três disciplinas inteiramente distintas, sem ligação, nem recíproca dependência.

Ao contrário, aquilo que as distingue é, tão-somente, a diferença que vai entre a teoria científica, sua prática e os diferentes modos técnicos de sua aplicação.

Em substância, entre elas existe uma unidade conceitual e uma continuidade, que devem ser devidamente consideradas, pois o Direito Teórico, Normativo ou Aplicado, é sempre e precipuamente uma ciência”.(Vicente Ráo, in O Direito e a Vida dos Direitos, São Paulo:Ed. Max Limonad, 1952, vol. 2, pg. 542)

Page 22: IV.Teoria da Norma Penal

22

IV.Teoria da Norma Penal A linguagem é de suma importância

para o direito, uma vez que é pela linguagem que se conhecem as NJ.

A NJ é um conjunto de conceitos, justapostos em proposições, que se interligam em contextos sintáticos, semânticos e pragmáticos.

A NJ contém: palavras, termos, expressões, proposições etc. que se inter-relacionam(função sintática).

Page 23: IV.Teoria da Norma Penal

23

IV.Teoria da Norma Penal Palavras, termos, expressões, proposições

etc. que apontam significados(função semântica); tais termos, proposições etc. são usados por pessoas e para pessoas num contexto social(função pragmática)..

Assim poder-se-ia dizer que o estudante de direito está a aprender uma nova linguagem, da qual, no futuro, será um intérprete para a sociedade.

Para fugir da imprecisão e vagueza da linguagem natural, cada ciência busca construir uma linguagem artificial, técnica, e com forte rigor conceitual.

Page 24: IV.Teoria da Norma Penal

24

IV.Teoria da Norma Penal É por intermédio da linguagem precisa que a

ciência constrói suas leis, verifica suas hipóteses, elabora seus sistemas.

Note-se que a linguagem da Ciência Dogmática, ou seja a lei em seu sentido amplo, não dá a segurança necessária ao direito, sendo a hermenêutica, através da interpretação, que garante a estabilidade das relações sociopolíticas e socioeconômicas.

Toda NJ carece de interpretação, mesmo que seja aparentemente clara, não sendo verdadeiro o princípio: in claris non fit interpretatio, ou seja, quando a norma é clara não se procede interpretação.

Diante da necessidade de interpretação de todas as NJ, podemos afirmar que uma das finalidades de se estudar o Direito é justamente interpretá-lo.

Page 25: IV.Teoria da Norma Penal

25

IV.Teoria da Norma Penal Interpretar não é declarar o sentido histórico já

inexistente na lei, mas aquilo que seja imanente e vivo, muitas vezes expresso em metáforas, que se esclarece à medida que é colocado em conexão com outras normas. Na interpretação o jurista deve ter sempre em mente o resultado prático que a lei visa atingir.

Podemos dizer que o objetivo da interpretação da lei é exatamente o desentranhar o sentido atual da NJ que nem sempre será o mesmo da época em que a lei foi promulgada.

Todavia, tal liberdade não pode ser levada a extremos para que o intérprete não venha, sob pretexto de interpretar, acabar por assumir a posição de legislador).

Page 26: IV.Teoria da Norma Penal

26

IV.Teoria da Norma Penal Mens legis é o sentido do prescrito na lei Mens legislatoris é o sentido querido pelo legislador;

o seu pensamento. Deve o intérprete buscar o mens legis, ou seja, fixar

o sentido pretendido pela NJ, e não o mens legislatoris, qual seja o sentido querido pelo legislador.

Espécies de Interpretação:1. Autêntica, quando parte do próprio legislador:a) Contextual: quando o legislador interpreta a lei

em seu próprio texto (v.g., art. 150 e o seu § 4°; arts. 312 a 326, interpretado no art. 327; a Lei 6.538/78 e o seu art. 47).

b) Posterior: quando é criada lei nova para esclarecer lei que causou dúvidas ou ambigüidades.

Page 27: IV.Teoria da Norma Penal

27

IV.Teoria da Norma Penalb. Doutrinária: é a realizada pelos juristas, pelos estudiosos, pelos

cientistas do Direito.c. Judicial, é interpretação realizada pelo Juiz, única obrigatória para os

casos das normas de efeitos concretos(decisões). Esta interpretação tem força obrigatória apenas para o caso em que estiver sendo julgado, não sendo obrigado o Juiz a dar a mesma interpretação dada por outro Juiz ou Tribunal. Não está o Juiz vinculado à interpretação dada pela instância superior, ou mesmo o STF.

• Métodos de Interpretação1. Gramatical, literal ou filológica as normas são comando expressas

através da língua oficial, devendo, como primeiro passo, descobrir seu significado léxico e gramatical.

Page 28: IV.Teoria da Norma Penal

28

IV.Teoria da Norma Pena

2. Teleológico ou finalístico: o intérprete visa descobrir a vontade da lei, perguntando quais seus objetivos, qual sua finalidade”.Como já foi dito, o DP tem como tarefa a proteção dos bens jurídicos mais importantes, das lesões mais graves...Para descobrir, portanto, a vontade da lei, é indispensável, em primeiro lugar, considerar o bem jurídico”Lei 9.434/97, sobre remoção de órgãos.M.Teles.

• Ratio legis: “o método teleológico ou finalístico impõe ao intérprete a obrigação de perguntar quais os motivos determinaram o estabelecimento do preceito penal, bem assim quais as necessidades e qual princípio superior deram à norma penal. Ao fazê-lo, estará descobrindo o fim da lei, sua razão de ser, seu elemento teleológico.

A interpretação finalística exige não apenas descobrir a ratio legis – razão teleológica, que é a consideração do bem jurídico -, mas impõe ao intérprete a atenção para com os outros elementos: o sistemático, o histórico, o direito comparado e outros, extrapenais e extrajurídicos”. M.Teles

Page 29: IV.Teoria da Norma Penal

29

IV.Teoria da Norma Penal• Sistemática: cabe ao intérprete analisar a NJ inserida no contexto maior de

ordenamento ou sistema jurídico.a) Não deve ler um artigo da NJ de forma isolada do conjunto dos artigos. Incisos e §§

devem ser lidos em consonância com o que está dito no caput(art. 342 caput e § 2°).

b) De igual maneira que os Incisos e §§, os artigos devem ser lidos levando-se em consideração a seção ou capítulo em que estão inseridos.

c) Os artigos da NJ e seus Incisos e §§ devem ser interpretados de forma sistemática, isto é, levando-se em conta outros setores do ordenamento jurídico; sua estrutura, isto é, hierarquia, coesão e unidade.

• Histórica, “que o estudo da história do Direito Penal nem sempre é útil para a compreensão do Direito Penal moderno, porque o que interessa é o significado que a norma num determinado momento apresenta, não as modalidades de suas formas precedentes,o como veio à luz. Mas se a indagção sobre transformações formais da norma em períodos sucessivos pode também trazer esclarecimentos, acerca do conteúdo substancial da própria norma, idêntica indagação deve ser realizada a respeito dos valores que ela atualmente tutela e tal indagação se enquadra perfeitamente nas exigências de uma interpretação teleológica” . Betiol apud M. Teles.

Page 30: IV.Teoria da Norma Penal

30

IV.Teoria da Norma Penal• Outros elementos: a confrontação do direito nacional com o de

outros países, verificando o tratamento dado para o mesmo instituto, mostra a relevância do direito comparado para a interpretação finalística.

Deve ainda o intérprete atentar para o elemento político-social, de natureza extrapenal, “que consiste na verificação do ajustamento harmônico da norma penal com as instituições políticas e sociais da sociedade e, particularmente, com os interesses dos cidadãos. É claro que a norma penal não pode integrar-se em dissonância com os anseios da sociedade, que se expressam por meio de suas instituições legítimas”. (ver poder da mídia).

Os conceito jurídicos nem sempre são suficientes para esclarecer a vontade da norma, devendo valer-se de elementos extrajurídicos, sociológicos, psiquiátricos, antropológicos, etc..

Page 31: IV.Teoria da Norma Penal

31

IV.Teoria da Norma Penal Quanto ao ResultadoI. Declarativa ou enunciativa, quando o legislador disse

‘exatamente o que está escrito, isto é, p mens legis é exatamente igual ao verba legis(art. 141, CP- varias pessoas deve ser interpretado c/c arts. 226,I e 288 do CP). Típico do Direito Penal, que não permite qualquer extensão do resultado interpretativo, salvo in bonam partem.

II. Extensiva: ocorre um desequilíbrio entre o mens legis e o verba legis, em benefício do primeiro, isto é, o legislador disse menos do que o desejado, necessitando a interpretação para estender o o seu alcance.(O significado do termo bigamia não significa que o terceiro ou quarto casamento não sejam punidos; art. 130, CP- a lei deseja punir não só a exposição, mas também o próprio contágio).

Page 32: IV.Teoria da Norma Penal

32

IV.Teoria da Norma Penal

III. Restritiva, quando as palavras do texto legal disserem mais que a sua vontade, o intéprete deve restringir seu alcance, amoldando-o à intenção da lei(Art. 28,I, CP – não toda a emoção ou paixão, mas limita a abrangência).

Conclusão: “interpretação finalística vai conduzir, necessariamente, a um resultado harmônico e conclusivo, induvidoso, e o intérprete não deve preocupar-se se o resultado será restritivo, extensivo ou meramente declarativo. Se o método teleológico tiver sido aplicado com critério, especialmente com a tenção à razão de ser da norma, considerando-se o bem jurídico, a agressão perpetrada e elemento sistemático, a interpretação terá sido realizada corretamente.

Aplicando-se o método teleológico e se, mesmo assim, não se chegar a um resultado harmônico, induvidoso, remanescendo ainda dúvidas, o caminho não pode ser outro: interpreta-se conforme seja mais favorável ao perseguido, ao acusado da prática do crime”. . M.Teles

Page 33: IV.Teoria da Norma Penal

33

IV.Teoria da Norma PenalIII. Analogia: é aplicar a um caso, em que não há uma lei específica, uma lei que se

aplica a um caso bem semelhante. Ver art. 4.° da LICC.• Pergunta-se: pode o juiz, diante de determinado fato, na ausência de

norma penal incriminadora, aplicar, ao fato, norma penal incriminadora que incide sobre outro fato, mesmo que muito semelhante? NÃO!!!!!!!!!!!!!, diante do preconizado pelo Princípio da Legalidade.(No caso do furto de uso, há ilícito de ordem penal se ocorrer dano material sobre a coisa, ou apenas ilícito civil, com a necessidade de reparação do dano, cf. art. 927, CC).

• Analogia pode ser in malam partem(proibida), e in bonam partem(permitida).

Interpretação Analógica difere da analogia, uma vez que a analogia não há norma incriminadora, há omissão da lei, enquanto que naquela é a lei que determina ao intérprete, quando for aplicá-la ao caso concreto, complementar seu preceito analogicamente(art. 121, § 2°, CP). Não é determinada apenas nas normas incriminadoras, mas também nas explicativas(Art. 28,II, CP).

Page 34: IV.Teoria da Norma Penal

34

IV.Teoria da Norma Penal

Eqüidade: “a eqüidade como recurso hermenêutico de aplicação do Direito é um procedimento que adapta a generalidade da norma às peculiaridades dos casos concretos. Como bem se afirma justiça e eqüidade são caminhos diferentes para chegar a um único valor: “a justiça considera o caso individual do ponto de vista da norma geral, a eqüidade procura achar a própria lei do caso individual”(R.Prado).

Page 35: IV.Teoria da Norma Penal

35

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Tempo.

O tempo para o Direito Penal é muito importante, em face da evolução da sociedade, que impõe a necessidade de incriminar novas condutas, e de descriminar outras. Vemos tal importância à luz do art. 5°, XL, da CF, e art. 2° do CP.Institutos que precisam ser entendidos:

a. Vigência da lei;b. Abolitio criminis (efeitos da condenação art. 91, CP);c. Novatio legis incriminadora(in pejus);

d. Novatio legis in mellius (até o trânsito em julgado, o juiz ou o tribunal, após, o juiz da execução criminal).

Page 36: IV.Teoria da Norma Penal

36

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Tempo.

Princípios solucionadores de conflitos intertemporais de leis penais comuns: CP, art. 2°, parágrafo único.

Obs. “O conflito temporal de normas pressupõe uma seqüência de leis penais e rege-se pelo princípio constitucional da irretroatividade(art. 5°, XL,CF), com a aplicação da lei vigente no momento da prática do fato punível – tempus regit actum – afirmando-se a anterioridade da lei penal e a exigência de segurança jurídica” R.Prado.

a. Ausência de conflito intertemporal de leis penais comuns: vigora o princípio da atividade da lei penal única;

b. Existência de conflito intertemporal de leis penais comuns: vigora o princípio da extratividade da lei penal mais benéfica, sob duas espécies:

b.1 ou o princípio da ultratividade da lei penal anterior mais benéfica(lex mitior);

b.2 ou o princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica.

Page 37: IV.Teoria da Norma Penal

37

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Tempo.

c. Princípio da ultra-atividade da lei anterior mais benéfica(ou da irretroatividade da lei posterior mais severa- lex severior):

c.1 A lei anterior ao fato é ultra-ativa qando for mais favorável ao agente que a lei posterior(nova) que a revogou;

c.2 A lei posterior ao fato, que agravar a situação de seu autor, não lhe será aplicada, não retroagindo.(art. 5°, XL, CF; arts. 1° e 2° contrario sensu, CP).

d. Princípio da retroatividade da lei posterior mais benéfica(ou da não ultra-atividade da lei anterior mais severa):

d.1 A lei posterior ao fato, que beneficiar a situação de seu autor, ser-lhe-á aplicável, retroagindo.

d.2 A lei anterior ao fato não será ultra-ativa quando for menos favorável ao agente que a lei posterior que a revogou.(art. 5°, XL, CF; Art. 1° CP – princípio da legalidade e da reserva legal; ; art. 2° CP, parágrafo único; e art. 2°, caput, CP-abolitio criminis e art. 107, III, do CP).

Também a lei intermediária – em vigor depois da prática do fato e revogada antes de seu julgamento final – permanece válido o postulado da retroatividade da lex mitio e a da não-retroatividade da lex gravior.

Page 38: IV.Teoria da Norma Penal

38

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Tempo.

Princípios solucionadores dos conflitos inter-temporais de leis excepcionais e temporárias e de normas complementadoras das leis penais em branco. Tempo do crime. Art. 3° do CP.

“A lei excepcional é aquela que visa atender situações excepcionais, de anormalidade social ou de emergência(v.g. estado do sítio, calamidade pública, grave crise econômica), não fixando prazo de sua vigência, que dizer, tem eficácia enquanto perdurar o fato que a motivou”.

“...a lei temporária prevê formalmente o período de tempo de sua vigência, ou seja delimita de antemão o lapso temporal em que estará em vigor. Exige duas condicionantes: situação transitória de emergência e termo de vigência”.R.Prado.Ultratividade da lei velha: as razões encontram-se na Exposição de motivos do CP: a) evitar que a sanção penal seja frustrada por expediente astucioso no retardamento dos processos; b) evitar enfraquecimento intimidativo da lei penal; e,c) evitar que não ocorra alteração do comportamento do criminoso, visto que, à época da conduta, ele violou o ordenamento jurídico, causando dano à sociedade.

Page 39: IV.Teoria da Norma Penal

39

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Tempo.

Leis penais em branco:Ultra-atividade da lei velha: Ocorrerá quando a lei penal em branco tiver natureza

temporária ou excepcional, e a revogação do complemento não alterar a criminalidade da conduta(vg. Art. 2°, VI da Lei 1.521/51 – com alteração da tabela de preço).

Retroatividade da lei mais benéfica: Ocorrerá quando a lei penal em branco tiver natureza de lei comum, e não natureza temporária ou excepcional, e a revogação do complemento alterar a criminalidade da conduta(v.g. art. 269 CP, quando uma doença deixar de ser considerada contagiosa).Tempo do Crime – tempus delicti – há três possibilidades de determinação:

I. Teoria da atividade ou da ação – considera-se o delito realizado com a ação ou a omissão do agente;

II. Teoria do resultado ou do evento – o momento da prática do crime é aquele em que ocorreu o efeito; e,

III. Teoria mista ou unitária – o tempo do delito é considerado tanto o da ação como o do resultado.

Page 40: IV.Teoria da Norma Penal

40

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Tempo.Da leitura do art. 4°do CP, constata-se que o Brasil adotou a teoria

da atividade ou da ação, sendo o tempo da infração penal tanto o da ação quanto o da omissão, independente do momento do resultado, salvo para efeitos de prescrição e decadência(arts. 111 e 103, CP). Temos então:

a. “Delito permanente: a conduta se protrai no tempo pela vontade do agente e o tempo do crime é o da sua duração(v.g. art. 148, CP);

b. Delito habitual – como o anterior, mas com a caracterização da habitualidade(prática repetitiva de atos);

c. Delito continuado – formado por uma pluralidade de atos delitivos, mas legalmente valorados como um só delito para efeito de sanção(art. 71, CP);

d. Delito omissivo – o que importa é o último instante em que o agente ainda podia realizar a ação obrigada(crime omissivo próprio) ou a ação adequada para impedir o resultado(crime omissivo impróprio);e,

e. Concurso de pessoas – o decisivo é o momento de cada uma das condutas individualmente consideradas”.R. Prado.

Page 41: IV.Teoria da Norma Penal

41

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Espaço.Ler art. 5° do CP.

“...princípio da territorialidade, aplica-se a lei penal aos autores ou partícipes de crimes ocorridos no território do Estado que editou a lei penal... para nossa legislação e, consoante o disposto no art. 5° do CP., é de ser aplicada a lei penal brasileira aos crimes cometidos no todo ou em parte no território nacional. Por território nacional em sentido estrito deve-se compreender o espaço físico em seu aspecto tridimensional, ou seja o solo, o subsolo e o suprasolo, compreendendo a superfície e a subsuperfície territorial, o espaço aéreo correspondente ao solo, as águas interiores(rios, lagos, etc.), o mar territorial e o espaço aéreo correspondente ao mar”.

Page 42: IV.Teoria da Norma Penal

42

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Espaço.

“Já por território nacional em sentido lato, deve-se albergar o denominado “território por extensão ou por ficção”, compreendendo as embarcações e aeronaves brasileiras oficiais onde quer que se encontrem, as embarcações e aeronaves brasileiras particulares em alto-mar ou no correspondente espaço aéreo, e as embarcações e aeronaves estrangeiras particulares que se encontrem em território brasileiro(em sentido estrito). De observar-se que escapam ao alcance do espectro de território as embarcações e aeronaves oficiais estrangeiras que se encontrem em território nacional; outrossim, será forçoso reconhecer a inviolabilidade dos prédios das sedes diplomáticas(embaixadas, consulados), havendo ainda imunidade aos agentes diplomáticos, familiares e empregados da mesma nacionalidade, tudo consoante dispõe a Convenção de Viena. Vige aqui, neste caso o princípio da impenetrabilidade da ordem jurídica estatal...”. Vander Andrade.

Page 43: IV.Teoria da Norma Penal

43

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Espaço.Princípios fundamentais que, por convenção, regem a aplicação do jus

puniendi do Estado, e orientam a solução dos conflitos:

I. “Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal aos fatos puníveis praticados no território nacional, independente da nacionalidade do agente, do ofendido ou do bem lesado.

II. Princípio real, de defesa ou da proteção de interesses: aplica-se a lei penal do Estado titular do bem jurídico lesado ou ameaçado, onde quer que o delito tenha sido cometido e qualquer que seja a nacionalidade do seu autor. Devem ser objeto de tutela exclusivamente bens ou interesses estatais, coletivos ou comunitários e não de ordem individual (v.g. art. 7°, I, CP).

III. Princípio da nacionalidade ou da personalidade: aplica-se a lei penal do país de origem do agente, onde quer que ele se encontre(v.g. art. 7°, II, b, CP). Decompõe-se em personalidade ativa e passiva – caso a lei aplicada seja da nacionalidade do sujeito ativo ou passivo da infração. Tem aplicação subsidiária para evitar a impunidade de delitos perpetrados em país estrangeiro por nacionais de outro estado, porque na maioria dos países vige a regra da não-extradição de seus cidadãos...diante da alternativa de punir ou entregar ao Estado legitimado para a punição, o princípio da personalidade dá preferência à primeira opção.

Page 44: IV.Teoria da Norma Penal

44

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Espaço.IV. Princípio da universalidade ou da justiça mundial: aplica-se a lei nacional a todos

os fatos puníveis, sem levar em conta o lugar do delito, a nacionalidade de seu autor ou do bem jurídico atingido(v.g. art. 7°, II, a, CP). Constitui-se em um expoente do ideal de uma justiça penal universal, sob a base do imperativo da justiça – eliminação da impunidade -, ainda que o delito tenha sido praticado no estrangeiro...a competência é operado pelo critério da prevenção;

V. Princípio da representação, da bandeira ou do pavilhão: aplica-se a lei do Estado em que está registrada a embarcação ou aeronave, ou cuja bandeira ostenta, quando o delito ocorre no estrangeiro e aí não é julgado(v.g. art. 7°, II, c, CP)”.M.Prado.Local do crime: art. 6° do CP.Princípio da extraterritorialidade: Art.7° do CP

a. Incondicionada: aplica-se a lei brasileira sem nenhuma condicionante(art. 7°, I, CP), ainda que o agente tenha sido julgado no estrangeiro(art. 7°, § 1°, CP), com fundamento nos princípios de defesa(art. 7°, I, a, b, e c, CP) e da universalidade(art. 7°, I, d, CP);

b. Condicionada: aplica-se a lei brasileira quando satisfeitos alguns requisitos(art. 7, II, a, CP), da personalidade(art. 7°, II, b, CP), ba bandeira(art. 7°, II, c, CP) e da defesa(art. 7°, §3°, CP).

Page 45: IV.Teoria da Norma Penal

45

IV.Teoria da Norma Penal: Lei Penal no Espaço.Conceito de território nacional: Art. 5°, CP – podendo ser real ou efetivo e por

extensão ou flutuante(ficção jurídica).Como exceção, a lei penal brasileira não será aplicada em algumas hipóteses:

I. Imunidade diplomática: versa sobre a hipóteses em que os embaixadores e funcionários encontram-se sujeitos à legislação de seus países de origem; segundo Noronha, “as imunidades diplomáticas não excluem o crime, deferem apenas apenas a outro pais a sua apreciação”.

II. Imunidade absoluta, material, ou inviolabilidade: refere-se à inviolabilidade do parlamentar(senador, deputados federal e estadual, vereador), no exercício do mandato, por suas opiniões, palavras e votos(art. 53, caput; 27, § 1°; 20, VII, CF);

III. Imunidade relativa ou formal: refere-se ao processo ao processo e julgamento(art. 53, § 1°, CF). Esta última foi estendida ao deputado estadual(art. 27, § 1°, CF), mas não ao vereador.Extradição, deportação e conflito aparente de normas: estudar material oportunizado(não está no programa).