issn 1984 indicadores ambientais: uma proposta para o cefet… · issn 1984 indicadores ambientais:...

23
INDICADORES AMBIENTAIS: UMA PROPOSTA PARA O CEFET/RJ Teodomiro Firmo (CEFET/RJ) [email protected] Aline Guimarães Monteiro (CEFET/RJ) [email protected] Alcançar a harmonia entre o crescimento econômico e a preservação do meio ambiente, é o maior desafio quando se discute a questão ambiental. Para isso, os indicadores podem ser os instrumentos mais adequados para constatar tais evidências, principalmente porque neles, estão contidas todas as informações pertinentes ao desempenho da empresa, instituição ou órgão público em um determinado período. A sociedade passa então, a conhecer os esforços e os procedimentos ambientais de uma organização, através da divulgação externa da informação ambiental, via indicadores de desempenho ambiental. Com isso, este artigo vem demonstrar, por meio de levantamento bibliográfico e documental, a importância do uso de indicadores ambientais para uma organização. De certa maneira, a avaliação de cada um dos indicadores se mostrou eficiente, bem como, permite ao tomador de decisão o seu uso como ferramentas eficazes de gestão, auxiliando no acompanhamento e monitoramento das informações. Além de servirem como um bom canal de comunicação entre os gestores e o grande público, facilitando dessa forma, o acesso à informação que é uma das recomendações descritas pela Agenda 21. Palavras-chaves: Gestão ambiental, Indicadores ambientais, Desenvolvimento sustentável 5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354

Upload: ngohanh

Post on 13-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

INDICADORES AMBIENTAIS: UMA

PROPOSTA PARA O CEFET/RJ

Teodomiro Firmo (CEFET/RJ)

[email protected]

Aline Guimarães Monteiro (CEFET/RJ)

[email protected]

Alcançar a harmonia entre o crescimento econômico e a preservação

do meio ambiente, é o maior desafio quando se discute a questão

ambiental. Para isso, os indicadores podem ser os instrumentos mais

adequados para constatar tais evidências, principalmente porque

neles, estão contidas todas as informações pertinentes ao desempenho

da empresa, instituição ou órgão público em um determinado período.

A sociedade passa então, a conhecer os esforços e os procedimentos

ambientais de uma organização, através da divulgação externa da

informação ambiental, via indicadores de desempenho ambiental. Com

isso, este artigo vem demonstrar, por meio de levantamento

bibliográfico e documental, a importância do uso de indicadores

ambientais para uma organização. De certa maneira, a avaliação de

cada um dos indicadores se mostrou eficiente, bem como, permite ao

tomador de decisão o seu uso como ferramentas eficazes de gestão,

auxiliando no acompanhamento e monitoramento das informações.

Além de servirem como um bom canal de comunicação entre os

gestores e o grande público, facilitando dessa forma, o acesso à

informação que é uma das recomendações descritas pela Agenda 21.

Palavras-chaves: Gestão ambiental, Indicadores ambientais,

Desenvolvimento sustentável

5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

2

1- Introdução

A maneira como a atividade humana interage com o meio ambiente vem gerando impactos

ambientais negativos e, alguns necessitam ser evitados a partir da identificação da causas que

os geram para que sejam gerenciados, da melhor forma. O conhecimento do processo que leva

a estes impactos é necessário para todos aqueles que estão sob a sua influência, direta e

indireta, e assim, tenham uma visão do que é correto e incorreto, o que é imprescindível para

garantir a sustentabilidade de uma organização (HERCULANO, 2000).

O desenvolvimento sustentável envolve as dimensões ambiental, ecológica, social,

econômica, cultural, política e psicológica, criando naturalmente a necessidade de estabelecer

indicadores capazes de fornecer informações relevantes e confiáveis sobre a viabilidade de

todos esses aspectos do sistema, e orientar as políticas e decisões em todos os níveis da

sociedade (FERREIRA, 2007).

Nesse sentido, busca-se neste artigo selecionar e desenvolver os indicadores que permitem

acompanhar e avaliar os fatos e as evidências no sistema, de forma a indicar ações na busca

de um meio ecologicamente equilibrado tão necessário à vida do ser humano com qualidade.

Segundo Dias (2006), as instituições de ensino precisam incorporar esta causa e gerar

soluções sustentáveis, contribuindo para modificar o quadro atual que se mostra ameaçador.

Almeja-se dessa forma, a responsabilidade na busca de um meio ambiente saudável e

equilibrado para todos, conforme é retratado no artigo 225 da Constituição Federal:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público

e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras

gerações.

Metodologicamente, este estudo caracteriza-se por duas abordagens: qualitativa e

quantitativa. Segundo Deslandes (1994, p. 94), a pesquisa qualitativa:

(...) trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores

e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos

processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de

variáveis.

(...) trabalha com a vivência, com a experiência, com a cotidianidade e também com

a compreensão das estruturas e instituições como resultados da ação humana

objetivada.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

3

A pesquisa quantitativa é expressa pela presença de números e respectivas fórmulas,

permitindo tratar as informações por meio de técnicas estatísticas, com objetivo de garantir os

resultados.

Com base nos objetivos gerais, a pesquisa é classificada como exploratória, permitindo ao

leitor “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito

ou a construir hipóteses.” (GIL, 1996). O estudo de caso “caracteriza-se pelo estudo profundo

de um ou de poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado” (GIL, 1996), que

em nosso caso, é expresso pela identificação, aplicação e análise de indicadores ambientais

propostos para uma instituição de ensino - o CEFET/ RJ - Centro Federal de Educação

Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.

2- Revisão Bibliográfica

2.1 – Histórico

Os indicadores começaram a ser usados em escala mundial em 1947, quando se disseminou

a medição do Produto Interno Bruto (PIB ou GNP – “Gross Domestic Product”) como

indicador de progresso econômico. Em meados da década de 60, os indicadores sociais foram

inaugurados, complementando a análise econômica e agregando novos conceitos, tais como:

“necessidades básicas”, “self-reliance” (autonomia), “crescimento com eqüidade”, “grass-root

development” (desenvolvimento de comunidades e associações de base, locais), “participatory

development” (desenvolvimento participativo), “enpowerment” (fortalecimento das

associações de base, movimentos sociais) (HERCULANO, 2000).

O PIB se mostrou ineficiente como indicador de desenvolvimento, pois ele não levara em

conta a real distribuição de renda de uma nação, além do que a sua metodologia de

mensuração é inadequada, pois contabilizava como atividades econômicas algumas que, na

verdade, são destrutivas ao meio ambiente, como por exemplo: de construção civil

(demolições – geração de entulhos), madeireiras (desmatamentos) e até mesmo imorais, como

as empresas de prostituição e tráfico de crianças (HERCULANO, 2000).

Em 1990, a ONU (Organização das Nações Unidas) começou a utilizar um índice com

caráter mais humano, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que considera quatro

parâmetros: a expectativa de vida, a taxa de alfabetização, os anos de escolaridade e o PIB per

capita. O índice é aplicado por 177 países, destacando-se nas primeiras posições os países

desenvolvidos (HERCULANO, 2000). O Brasil atualmente ocupa o 70° lugar no ranking do

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

4

IDH (0,807), segundo o relatório anual da ONU de 2009. Acredita-se que investimentos na

área social e econômica possam promover a melhoria da qualidade de vida do brasileiro,

elevando o IDH nacional, ainda que esse se encontre na categoria de alto (0,800 a 0,968)

(VEJA.com, 2010).

2.2- Definições e atributos

O IBGE (2008) define indicador como uma ferramenta constituída por uma ou mais

variáveis que, associadas através de diversas formas, revelam significados mais amplos sobre

os fenômenos a que se referem. Sendo assim, o indicador possui uma dimensão maior do que

os dados primários ou secundários relacionados a uma ação.

Segundo Meadows (1998) citado por Ferreira (2007), o termo indicador é derivado do latim

“indicare”, que significa tornar patente, demonstrar, revelar, denotar, o que permite explicar

os fenômenos que se alteram ou sofrem mudanças ao longo do tempo e que são objetos de

avaliação, derivando de valores (medimos aquilo com o que nos preocupamos) e criando

valores (nos preocupamos com aquilo que medimos).

A partir das definições dadas por outros autores, como Herculano (2000) e ANEEL (2000),

verifica-se que os indicadores constituem informações condensadas, simplificadas e

quantificadas, servindo como instrumentos de comparação e de comunicação para os

tomadores de decisão e o grande público.

Para que se cumpra satisfatoriamente a finalidade para qual são concebidos e utilizados,

devem-se admitir algumas características importantes para qualquer indicador (SILVA,

2008); (AMARAL, 2003):

- disponibilidade: apresenta uma base de dados acessíveis;

- simplicidade: são fáceis de serem compreendidos;

- comparabilidade: permite uma comparação temporal e espacial;

- validade e estabilidade: apresenta uma relação entre conceito e medida;

- seletividade/sensibilidade/especificidade: expressa características essenciais e mudanças

esperadas;

- representatividade: possibilita uma representação dos produtos essenciais;

- homogeneidade: considera apenas variáveis homogêneas;

- praticidade/robustez: dá garantia de que funciona na prática e permite a tomada de

decisões;

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

5

- cobertura: apresenta amplitude e diversidade;

- independência: não está condicionado a fatores externos (exógenos);

- confiabilidade: considera a qualidade dos dados (coleta, sistematização e padronização);

- baixo custo/fácil obtenção/periodicidade/desagregação: incorpora a manutenção dos

dados;

- complementar: são complementares a programas de acompanhamento legais existentes;

- úteis como ferramentas de gestão e possíveis de proteger os dados da companhia ou

instituição.

2.3 – Indicadores Ambientais

O termo desenvolvimento sustentável surgiu em 1980 e foi consagrado em 1987 pela

Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão

Brundtland, que produziu um relatório considerado básico para a definição desta expressão e

desenvolvimento dos princípios que lhe dão fundamento (IBGE, 2008, p.40).

desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração

dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento

tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforça o potencial presente

e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações futuras (...) é aquele que

atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações

futuras atenderem as suas próprias necessidades.

A interpretação que se dá ao conceito de sustentabilidade irá direcionar o foco para a

seleção dos indicadores que se fazem necessário, em detrimento de outros tantos, definindo e

limitando os problemas que podemos perceber e, conseqüentemente, o tipo de

desenvolvimento sustentável que podemos alcançar (FERREIRA, 2007).

Segundo Kraemer (2004), a formação de um indicador ambiental inclui variáveis

específicas de cada fator ambiental, o que permite a aferição das oscilações de

comportamento e/ou de funcionalidade do fator, tornando-se o elemento mais adequado para a

análise qualitativa e quantitativa das alterações da qualidade ambiental de um ecossistema. O

alcance dos objetivos ambientais de uma entidade pode ser medido por esses indicadores.

Portanto, para que estes sejam calculados, Kraemer (2004) diz que a entidade deve divulgar

algumas informações relativas ao meio ambiente que servirão como dados na geração de

novas informações, que por sua vez trarão informações valiosas para decisões que envolvam a

posição econômica da entidade em sua relação com o meio ambiente, afetando sua posição

presente, mas fundamentalmente no futuro.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

6

2.4 – Estrutura para Construção de Indicadores Ambientais

O pioneirismo na formação de indicadores ambientais provém de um sistema

tradicionalmente conhecido como estresse-resposta, pela qual a sistematização das

informações, visa facilitar a comunicação para um público mais amplo, em diferentes

variações dessa estrutura original. Essa estrutura compreende as interações humanas com o

ambiente no qual se está inserido e, foi inicialmente proposta pelo World Resources Institute

(WRI), em colaboração com o governo holandês (SILVA, 2008). Cabe citar algumas dessas

estruturas, como a PER (Pressão–Estado-Resposta) da OCDE (Organização para Cooperação

e Desenvolvimento Econômico), a PERE (Pressão – Estado – Resposta - Efeito) da EPA

(Agência de Proteção Ambiental Norte-americana) e a FPEIR (Força Motriz – Pressão –

Estado – Impacto - Resposta) da EEA (Agência Européia do Ambiente). O enfoque será na

estrutura da OCDE na qual o estudo está baseado.

- Pressão–Estado-Resposta (PER) – OCDE

Em resposta a uma demanda do então G-7, a Organização para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 1994, divulgou por todo o mundo, a estrutura

PER, que é a mais consagrada organização da informação, dando suporte à construção de

indicadores ambientais (SILVA, 2008).

a) Pressão – caracteriza as pressões exercidas sobre os sistemas ambientais e podem ser

traduzidos como indicadores de emissão e de lançamento de poluentes (resíduos), de

eficiência tecnológica, e de intervenção no território (KRAEMER, 2004). É o ponto de partida

para se enfrentar os problemas (SILVA, 2008).

b) Estado - refere-se à qualidade e quantidade dos recursos naturais. Reflete, assim, o

objetivo final das políticas ambientais e visa fornecer uma visão geral do estado do meio

ambiente e de sua evolução no tempo (KRAEMER, 2004). A esta categoria pertencem às

concentrações de poluentes nos diversos meios, o excesso de cargas críticas, a exposição da

população à degradação ambiental de um modo geral, o estado da fauna e da flora e das

reservas de recursos naturais

c) Resposta - são ações coletivas ou individuais, que aliviam ou previnem os impactos

ambientais negativos, mitigam ou compensam os danos ao meio ambiente, conservam os

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

7

recursos naturais e contribuem para melhoria da qualidade de vida da população local

(SILVA, 2008). Para Kraemer (2004) estes indicadores mostram em que grau a sociedade

responde às questões ambientais.

2.5 – Seleção de Indicadores Ambientais

Com base no modelo de estrutura de indicador ambiental desenvolvido pela OCDE, foram

selecionados indicadores ambientais – quantitativos e qualitativos, que serão apresentados, em

termos de conceito, importância e forma de cálculo, objetivando a determinação do “estado”

da instituição de ensino, perante as “pressões” ambientais.

QUANTITATIVOS:

- Percentual de Redução do Consumo de Energia Elétrica,

- Percentual de Redução do Consumo de Água,

- Percentual de Redução do Consumo de Combustível (Óleo Diesel/ Gasolina/Álcool) dos

Veículos,

- Percentual de Redução do Consumo de Gás Natural.

QUALITATIVOS:

- Reutilização de Papel,

- Destinação de Resíduos Sólidos,

- Voluntários.

a) Percentual de Redução do Consumo de Energia Elétrica

Descrição

Este indicador expressa a relação entre o consumo de energia elétrica de um mês em relação

ao mês anterior, permitindo assim, verificar se houve a redução ou não do consumo de energia

elétrica.

Importância

A energia passou a se tornar um fator limitante para o progresso econômico de muitos

países em desenvolvimento, pois chegara ao fim à era em que a sua obtenção se dava de

forma barata, passando a exigir o investimento de uma alta soma de capital internacional para

incrementar a sua produção e a sua distribuição. Algumas dessas nações chegam a gastar, por

exemplo, cerca de 30% do seu orçamento total em empreendimentos energéticos. O Banco

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

8

Mundial, dedica cerca de 25% dos seus empréstimos par projetos energéticos, sendo a maioria

deles para geração de eletricidade. Hoje em dia, a energia representa um fator de preocupação

tanto na esfera econômica quanto na esfera ambiental (JANUZZI e SWUISHER, 1997).

O crescimento rápido e mal planejado da produção e do consumo energético gera impactos

ambientais que pode comprometer o desenvolvimento. O uso da energia seja através de

combustíveis fósseis, nucleares ou, como no caso do Brasil, em larga escala da

hidroeletricidade provoca os mais severos impactos ambientais tanto em nações em

desenvolvimento quanto em nações industrializadas, como a poluição do ar, o lixo radiativo, a

sedimentação das bacias dos rios, o desmatamento, a erosão do solo, a perda da

biodiversidade, etc. (JANUZZI e SWUISHER, 1997).

Forma de cálculo

% c.e.e. = [ c.e.e. (kWh do mês i ) - c.e.e. (kWh do mês i -1) / c.e.e. (kWh do mês i ) ] * 100

Onde:

% c.e.e. – percentual de redução do consumo de energia elétrica

c.e.e. (kWh do mês i ) – consumo de energia elétrica em kWh do mês atual

c.e.e. (kWh do mês i -1) – consumo de energia elétrica em kWh do mês anterior

b) Percentual de Redução do Consumo de Água

Descrição

Este indicador expressa a relação entre o consumo de água de um mês em relação ao mês

anterior, permitindo assim, verificar se houve a redução ou não do consumo de água.

Importância

No cenário mundial de eminente escassez dos recursos hídricos, o uso racional da água

constitui quesito fundamental para um desenvolvimento equilibrado e em consonância com a

preservação do meio ambiente (ANEEL, 2000).

A aplicação de meios que possibilitem a otimização do consumo de água se dá de modo a

contemplar o seu uso múltiplo pela sociedade e, possibilitar sua preservação para as futuras

gerações, minimizando ou mesmo evitando os problemas decorrentes da escassez e da

poluição dos cursos de água, os quais afetam e comprometem os diversos usos dos recursos

hídricos (ANEEL, 2000).

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

9

Se uma população faz uso adequado da água, é possível, presumivelmente, a obtenção de

um alto nível de benefícios de saúde com menores custos. Por outro lado, isso implica no

atendimento de maior número de pessoas com o mesmo montante de capital investido.

Forma de cálculo

% c.a. = [ c.a. (m3 do mês i ) - c.a. (m

3 do mês i -1) / c.a. (m

3 do mês i) ] * 100

Onde:

% c.a. – percentual de redução do consumo de água

c.a. (m3 do mês i) – consumo de água em m

3 do mês atual

c.a. (m3 do mês i -1) – consumo de água em m

3 do mês anterior

c) Percentual de Redução do Consumo de Combustível (Óleo Diesel/ Gasolina/ Álcool)

dos Veículos

Descrição

Relaciona o consumo de combustíveis fósseis de um mês em relação ao mês anterior,

permitindo assim, observar se houve redução do consumo.

Importância

A redução de consumo de combustíveis fósseis (gasolina e óleo diesel) é um imperativo da

responsabilidade socioambiental (DIAS, 2006), para que se contribua com um meio ambiente

mais saudável e equilibrado, favorecendo a dignidade humana não só em termos locais como

também mundial, em sintonia com a máxima da Agenda 21 “agir local e pensar global”.

Sendo assim, a organização deve possuir uma frota de veículos com programa de

manutenção adequado a fim de evitar o alto consumo de combustíveis fósseis, bem como

evitar a poluição atmosférica (por falta de manutenção veicular), sonora (devido ao barulho de

motor) e do solo (por conta de possíveis vazamentos de óleo do motor).

Forma de cálculo

% c.c.f. = [ c.c.f. (L do mês i ) - c. c.f. (L do mês i -1) / c.c.f. (L do mês i) ] * 100

Onde:

% c.c.f. – percentual de redução do consumo de combustível fóssil

c.c.f. (L do mês i) – consumo de combustível fóssil em litros do mês atual

c.c.f. (L do mês i -1) – consumo de combustível fóssil em litros do mês anterior

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

10

d) Percentual de Redução do Consumo de Gás Natural

Descrição

Procura relacionar o consumo de gás de um mês em relação ao anterior, a fim de que se

possa avaliar a sua redução.

Importância

O gás natural é uma fonte de energia limpa, pois a sua combustão é completa com reduzida

emissão de poluentes e melhor rendimento térmico. Pode ser usada nas indústrias,

substituindo outros combustíveis mais poluentes, como óleos combustíveis, lenha e carvão.

Desta forma, contribui para reduzir o desmatamento e diminuir o tráfego de caminhões que

transportam óleos combustíveis para as indústrias (AMBIENTEBRASIL, 2009).

O gás natural, depois de tratado e processado, é utilizado largamente em residências, no

comércio, em indústrias e veículos. No Brasil, esse uso é quase exclusivo em cocção de

alimentos e aquecimento de água, muito embora, esteja sendo cada vez mais utilizado em

veículos, o chamado GNV (Gás Natural Veicular) (AMBIENTEBRASIL, 2009).

Em face da grande utilização dos combustíveis fósseis pela humanidade, observa-se, então,

que o consumo do gás natural é bem mais vantajoso, pois atende melhor aos quesitos:

segurança, toxidade e ambiental; contribuindo assim para uma melhor qualidade ambiental e

de vida (AMBIENTEBRASIL, 2009; COMPAGÀS, 2009).

Forma de cálculo

% c.g.n. = [ c.g.n. (m3 do mês i ) - c. g.n. (m

3 do mês i -1) / c.g.n. (m

3 do mês i) ] * 100

Onde:

% c.g.n. – percentual de redução do consumo de gás natural

c.g.n. (m3 do mês i) – consumo de gás natural em metros cúbicos do mês atual

c.g.n. (m3 do mês i -1) – consumo de gás natural em metros cúbicos do mês anterior

e) Reutilização de Papel

Descrição

Demonstra se há reutilização pelos departamentos da instituição de ensino, especificamente

do chamado papel de escritório, que é utilizado para confecção de documentos, provas, etc.

Importância

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

11

No mundo inteiro, a ordem é reduzir a geração do lixo. No Brasil, essa questão foi mais

divulgada com a Agenda 21 durante a RIO-92. Nesse documento, foi estabelecido o princípio

dos 3 R´s: reduzir o consumo e o desperdício de materiais; reutilizar e reciclar os materiais.

Combater a geração do lixo nas fontes geradoras causa menos impacto do que, reciclar os

materiais após o seu descarte (ABREU, 2001).

Sendo assim, a idéia de reutilizar os materiais considerados como lixo tem despertado o

interesse da sociedade e assumido, nos últimos tempos, proporções significativas nos centros

urbanos, já existindo inclusive um verdadeiro ciclo de produção visando ao aproveitamento

do material coletado seletivamente (SEMAD-MG, 2009).

Forma de mensurar

Verificar, a partir de entrevistas realizadas com responsáveis pelos departamentos

pesquisados, se há algum tipo de reutilização de papel.

f) Destinação dos Resíduos Sólidos

Descrição

Indica como a instituição trabalha com os seus resíduos sólidos, orgânicos e inorgânicos,

que são coletados e acondicionados internamente pelos funcionários terceirizados que

trabalham no CEFET/RJ.

Importância

A sociedade é invadida a todo o momento pelo desejo de consumir mais e mais supérfluos

que são promovidos pela mídia da categoria de simples produto a muitas das vezes ao patamar

de essencial, condicionador de status social. As embalagens que antes eram destinadas a

proteger os produtos, hoje estimulam o consumo (a embalagem “valoriza” o produto). O

resultado é um planeta com menos recursos naturais e com mais resíduos, que, além da

quantidade, aumenta em variedade, contendo materiais cada vez estranhos ao ambiente

natural (ABREU, 2001).

Forma de mensurar

Verificar, a partir de entrevistas realizadas com responsável pela coleta de resíduos sólidos

na instituição, se há algum tipo de orientação com relação ao modo, adequado, de coletar os

resíduos sólidos dos recipientes/ coletores presentes na instituição até a entrega à companhia

de limpeza urbana do município.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

12

g) Voluntários

Descrição

Indica o número de voluntários existentes na instituição.

Importância

Cada indivíduo, no âmbito das suas ações cotidianas, deve ser um agente transformador e

promotor da sustentabilidade. Nesse sentido, o trabalho voluntariado surge como um processo

eficaz, por meio do qual, as pessoas podem oferecer parte do seu tempo em favor da

sociedade, contribuindo para um mundo mais saudável, justo, enfim melhor (DIAS, 2006).

Nos bairros e comunidades, nos grupos de auto-ajuda e nos clubes, nas igrejas, nas

associações culturais e esportivas, nas instituições sociais, educativas e nas empresas, um

número imenso de pessoas ajudam umas às outras e ajudam a quem está em situação mais

difícil. Ao doarem sua energia e sua generosidade, os voluntários estão respondendo a um

impulso humano básico: o desejo de ajudar, de colaborar, de compartilhar alegrias, de aliviar

sofrimentos, de melhorar a qualidade da vida em comum. Amor, compaixão e solidariedade,

altruísmo e responsabilidade são sentimentos profundamente humanos e são também virtudes

cívicas (PORTAL DO VOLUNTÁRIO, 2009).

Forma de mensurar

Verificar, a partir de entrevistas realizadas com o responsável pelo desenvolvimento de

programas voluntários, a participação de alunos, professores e técnicos administrativos da

instituição nestes programas.

3- Procedimentos Metodológicos

Para realização do estudo, coletaram-se dados quantitativos, juntamente aos departamentos

de ordem financeira (DEPAF) e de infra-estrutura (DEIES) do CEFET/RJ, bem como foram

elaboradas entrevistas com professores e funcionários (técnico-administrativos) do CEFET/RJ

para levantamento dos dados e análise das informações qualitativas.

Por meio de gráficos, procede-se a análise dos indicadores quantitativos com base na

expressão (apresentada no capítulo anterior como “forma de cálculo) que retrata o percentual

de redução de consumo de uma “variável”. Para os indicadores qualitativos, a partir das

entrevistas com os funcionários de departamentos pesquisados, realizou-se uma análise

discursiva dos dados levantados.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

13

4- Resultados e Discussões

Busca-se a comprovação da eficiência dos indicadores escolhidos como forma de se

mensurar a sustentabilidade, bem como ajudar na tomada de decisões do CEFET/RJ,

mediante uma análise criteriosa de cada um deles. Para um estudo futuro, planeja-se elaborar

um índice, que contemple estes indicadores (quantitativos e qualitativos), e se possa medir,

entre as unidades descentralizadas do CEFET/RJ (Maracanã, Maria da Graça, Nova Iguaçu,

Friburgo, Itaguaí), a unidade mais sustentável ambientalmente.

4.1 - Indicadores Quantitativos

Para esses indicadores, foram utilizadas as contas relativas ao consumo (energia elétrica,

gás, etc.) fornecidas pelas respectivas concessionárias e que se encontravam no DEPAF.

a) Percentual de Redução do Consumo de Energia Elétrica

Este indicador procura mensurar os percentuais de redução de energia elétrica, sob a forma

de consumo e da demanda mensal de energia elétrica, durante um período de 13 meses (abril

de 2008 a abril de 2009).

O CEFET/RJ possui uma demanda (média da soma das potências solicitadas em um

determinado intervalo de tempo) de energia elétrica fixa contratada por mês junto à

concessionária Light, de forma que se pague sempre um mesmo valor, se não passar deste

limite. Caso ultrapasse-o, deve pagar pelo excedente. É importante conferir o consumo, e que

independente deste limite, deve-se incentivar a adoção de medidas eficientes que reduzam o

consumo e a demanda de energia elétrica, pois isso deve demonstrar o real comprometimento

socioambiental da instituição de ensino.

Cabe lembrar que praticamente todas as salas dos servidores/ departamentos são

refrigeradas a ar por aparelhos individuais, que por sua vez possuem uma potência alta (o

CEFET-RJ, não possui sistema de refrigeração central) e que quando estes são desligados, há

uma boa redução na demanda de energia elétrica. As atividades encerram-se por volta das

17:30h / 18:00h, justamente quando vigora o horário de ponta. Logo, o pico de demanda

localiza-se no horário fora de ponta.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

14

-50,0

-40,0

-30,0

-20,0

-10,0

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

abr/08-

mai08

mai/08-

jun/08

jun/08-

jul/08

jul/08-

ago/08

ago/08-

set/08

set/08-

out/08

out/08-

nov/08

nov/08-

dez/08

dez/08-

jan/09

jan/09-

fev/09

fev/09-

mar/09

mar/09-

abr/09

Período

%

HPT(%)

HTF(%)

Figura 1: Percentual de Redução da Demanda de Energia do CEFET/RJ de abr/2008 a abr/2009.

Nota: HPT (horário de ponta): corresponde ao período entre às 17:30 e 20:30 hs, com exceção de sábados,

domingos e feriados nacionais. É o período do dia de maior utilização de energia elétrica no sistema Light.

HTF (horário fora de ponta): corresponde a resto do dia não contemplado no horário de ponta.

A Figura 1 revela o percentual de redução na demanda de energia elétrica, que se mostra

bastante oscilante. Observa-se, nitidamente, que há uma redução nos meses em que a

temperatura começa a baixar por conta da estação mais fria (no caso, o inverno) e no período

das férias dos alunos. Isto se dá principalmente pelo não uso de equipamentos que solicitam

uma determinada potência. Contudo, verifica-se um aumento na demanda de energia, quando

os alunos voltam de férias e nos meses em que a temperatura é mais alta (no caso, o verão).

No caso do consumo (produto da potência da carga pelo número de horas que a mesma foi

ligada) de energia elétrica, em termos absolutos, observa-se que o consumo no horário de

ponta é muito maior do que no horário fora de ponta (Figura 2). Isto talvez se explique em

função de se verificar, ainda, um número de pessoas estudando/trabalhando dentro da

instituição neste período, bem como, é de se destacar um alto número de salas fechadas, sem a

presença de pessoas, mas com as luzes acesas.

O segundo fato que chama a atenção é que no bimestre de março de 2009 a abril de 2009

houve uma redução no percentual de consumo no horário de ponta, pois se verificou a

ocorrência de dois “apagões”, justamente no horário de ponta.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

15

-45,0

-40,0

-35,0

-30,0

-25,0

-20,0

-15,0

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

50,0

55,0

60,0

abr/08-

mai08

mai/08-

jun/08

jun/08-

jul/08

jul/08-

ago/08

ago/08-

set/08

set/08-

out/08

out/08-

nov/08

nov/08-

dez/08

dez/08-

jan/09

jan/09-

fev/09

fev/09-

mar/09

mar/09-

abr/09

%

HPT(%)

HTF(%)

Figura 2: Percentual de Redução do Consumo de Energia do CEFET/RJ de abr/2008 a abr/2009.

b) Percentual de Redução do Consumo de Água

Este indicador procura mensurar os percentuais de redução de consumo de água um mês em

relação ao outro, durante o período de abril/2008 a abril/2009. Foram utilizados como dados,

os valores constantes nas contas de consumo de água, fornecidos pela concessionária

CEDAE.

O percentual de redução do consumo de água (Figura 3) apresenta-se bastante oscilante,

contudo, observa-se uma clara predominância de um aumento do percentual do consumo

durante o período de análise. Isso se explica pelo fato de haver tido um aumento na

quantidade de alunos como na de professores contratados. Todavia, sugere-se investigar a

ocorrência de vazamentos, pois estes nem sempre são aparentes, porém, sempre são

responsáveis por uma parcela significativa no consumo d’água. Observa-se também a redução

do percentual durante o período de férias e o aumento na retomada das aulas.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

16

-15,0

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

abr/08-

mai/08

mai/08-

jun/08

jun/08-

jul/08

jul/08-

ago/08

ago/08-

set/08

set/08-

out08

out/08-

nov/08

nov/08-

dez/08

dez/08-

jan/09

jan/09-

fev/09

fev/09-

mar/09

mar/09-

abr/09

%

Figura 3: Percentual de Redução do Consumo de Água do CEFET/RJ de abr/2008 a abr/2009.

c) Percentual de Redução do Consumo de Combustível (Óleo Diesel/ Gasolina/ Álcool)

dos Veículos

Este indicador procura mensurar os percentuais de redução de consumo de combustíveis

(álcool, diesel e gasolina) dos veículos automotores de um mês em relação ao outro, durante o

período de abril/2008 a março/2009.

Na Figura 4, verifica-se que o comportamento do percentual de consumo de combustíveis se

mostra bastante oscilante em relação ao álcool e diesel. A frota de veículos do CEFET/RJ

contempla 10 veículos movidos a álcool, 10 veículos movidos a diesel (que são as

caminhonetes, as vãs, os micro-ônibus e os caminhões) e somente 1 (um) veículo movido a

gasolina. Os veículos são utilizados para atender o transporte de alunos (visitas técnicas as

empresas), o deslocamento de professores para outras unidades do CEFET e órgãos

governamentais. Nota-se que as quedas mais acentuadas no consumo de combustíveis,

principalmente álcool e diesel que são utilizados pela maior parte da frota, se dão justamente

no período das férias escolares.

Com relação ao uso do diesel, o consumo deste combustível ocorre por conta da realização

de visitas técnicas, bem como do deslocamento de funcionários (mais que 5 pessoas) do

CEFET/RJ para outros locais, acarretando um maior uso das vãs e micro-ônibus. No caso do

álcool, pode-se aferir que o período letivo de aulas, também ocasiona um maior uso destes

veículos. De um modo geral, o consumo de combustíveis não possui um padrão definido,

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

17

revelando-se, assim, com mais ou menos intensidade, conforme a necessidade apresentada no

respectivo mês.

-120,0

-100,0

-80,0

-60,0

-40,0

-20,0

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

140,0

160,0

abr/08-

mai08

mai/08-

jun/08

jun/08-

jul/08

jul/08-

ago/08

ago/08-

set/08

set/08-

out/08

out/08-

nov/08

nov/08-

dez/08

dez/08-

jan/09

jan/09-

fev/09

fev/09-

mar/09

%

Álcool

Diesel

Gasolina

Figura 4: Percentual de Redução de Consumo de Combustíveis do CEFET/RJ de abr/2008 a mar/2009.

Sugere-se que a frota, principalmente de diesel possa ser convertida a gás natural, que é um

combustível que impacta menos a atmosfera, contribuindo de maneira menos incisiva para a

intensificação do efeito estufa, já que o diesel é um dos grandes vilões do aquecimento global.

Embora tenha um investimento inicial alto, os custos mensais (de combustível e manutenção)

seriam amortizados ao longo do tempo.

d) Percentual de Redução do Consumo de Gás Natural

Este indicador procura mensurar os percentuais de redução de consumo de gás natural de

um mês em relação ao outro, durante o período de abril/2008 a abril/2009.

A Figura 5 apresenta o percentual de redução do consumo de gás natural, que é utilizado

nos seguintes locais: cozinha do NAE (Núcleo de Apoio ao Estudante), laboratório de

química (2° andar – bloco D e 3° andar – bloco A), laboratório de física, gráfica, pavilhão da

mecânica e pavilhão da construção civil. Portanto, o consumo de gás natural na instituição se

dá praticamente com fins didáticos. Percebe-se pouca variação no consumo durante o período

estudado, porém, observam-se dois picos (um em especial) bem altos de consumo.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

18

-200,0

-100,0

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

600,0

abr/08-

mai/08

mai/08-

jun/08

jun/08-

jul/08

jul/08-

ago/08

ago/08-

set/08

set/08-

out/08

out/08-

nov/08

nov/08-

dez/08

dez/08-

jan/09

jan/09-

fev/09

fev/09-

mar/09

mar/09-

abr/09

%

Figura 5: Percentual de Redução do Consumo de Gás Natural do CEFET/RJ de abr/2008 a mar/2009.

4.2 - Indicadores Qualitativos

e) Reutilização de Papel

Por meio de entrevista realizada com funcionários do CEFET/RJ durante os meses de maio

e junho de 2009, procurou-se investigar se há reutilização de papel, especificamente do

chamado papel de escritório, que é utilizado para confecção de documentos, como

memorandos, provas, etc. pelos departamentos do bloco E da instituição de ensino.

No Quadro 1, são mostrados os departamentos pesquisados e quais fazem à reutilização de

papel.

Quadro 1: Reutilização de Papel

Departamento Reutiliza papel ?

Departamento Disciplinas Básicas e Gerais NÃO

Departamento de Engenharia Civil SIM

Departamento de Ensino Superior SIM

Departamento de Administração Industrial SIM

Departamento de Engenharia de Produção SIM

Coordenação Curso Superior em Tecnologia de

Gestão Ambiental SIM

DEIES – PREFEITURA NÃO

SESUP SIM

Departamento de Informática SIM

COGRA SIM

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

19

Nota-se que 80% dos departamentos pesquisados fazem a reutilização. Contudo, esta ação

não parece fazer parte da política adotada pelo CEFET/RJ, pois os departamentos que fazem a

reutilização, o fazem por conta própria, sem levar em conta que cada departamento possui

uma cota de papel por mês. Por isso, sugere-se a adoção de uma política de reutilização de

papel para que se chegue aos 100% de reutilização de papel e quem sabe a adoção até do

papel reciclado na reprodução de provas e outros documentos, contribuindo, dessa forma, para

o meio ambiente.

f) Destinação de Resíduos Sólidos

Este indicador procura identificar como o CEFET/RJ trata (coleta, transporta e armazena) os

seus resíduos sólidos. Apesar de possuir coletores de coleta seletiva espalhados pelo seu pátio,

atualmente, a instituição de ensino não possui um programa de coleta seletiva. Já se

implementou o programa, no entanto, não houve continuidade do mesmo, e o que se verifica,

hoje, é que, quando os funcionários (terceirizados) da empresa responsável pela coleta de

resíduos no CEFET/RJ recolhem os resíduos, todos os “sacos” (isto é, os resíduos de cada

saco) são misturados juntos. Contudo, havendo a presença de latas de alumínio no lixo, as

mesmas são separadas.

A empresa privada que coleta o resíduo (KOLETA) exige que “alguma coisa” seja separada

nas caçambas, até por uma questão de preservação dos seus caminhões. Por conta disso, existe

o seguinte esquema de separação realizado pelo CEFET/RJ:

- uma caçamba para entulho, madeira e ferro (que no dia da pesquisa, estava sendo usada

para o lixo em geral, estando a madeira e os ferros separados à parte);

- uma caçamba com todo o lixo coletado no CEFET/RJ (varrição, lixo de banheiro,

escritório, coletores);

- uma caçamba com os resíduos do restaurante, que em grande parte é composto de material

orgânico (lixo úmido) e que por isso precisa ser separado (que no dia não havia, pois o

restaurante estava desativado).

Verificou-se, durante o período de estudo (primeiro semestre de 2009), que o local onde

ficam dispostas as caçambas com os resíduos para a posterior coleta pela empresa KOLETA é

suficiente, contudo, pequeno para que se realize um programa de gerenciamento de resíduos

sólidos.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

20

g) Voluntários

Buscou-se verificar o número de voluntários (alunos, professores ou técnico-

administrativos) existentes na instituição de ensino. O CEFET/RJ possui um projeto de

voluntariado denominado Programa Turma Cidadã (PROTC), sob a coordenação do professor

Silvino Netto. Considera-se este projeto como o ponto de partida para que a instituição de

ensino atinja a responsabilidade socioambiental, pois vem tornar o CEFET/RJ uma referência

na questão de responsabilidade social. Com isso, criou-se a terminologia sociopessoambiental,

justamente, para mostrar que o ser humano deve estar no centro de todas as ações, no sentido

de fazer algo, de verdade, quando se cria uma consciência de que, algo, deve ser realizado. E

não esperar que algo de externo ocorra (como uma tragédia, por exemplo), para que se

comece a tomar uma atitude em favor do próximo.

O PROTC elegeu como mote gerador a expressão: “Pensar globalmente, agir localmente e

conviver transculturalmente”, mostrando assim todo o seu comprometimento com a questão

sociopessoambiental, que contempla o respeito pela cultura e pela individualidade de cada

um.

O Programa conta hoje com 100 alunos voluntários atuantes, todos oriundos das matérias

ministradas pelo professor Silvino Netto. Indiretamente, há professores aderidos ao programa,

a partir do momento em que estes adotam os métodos do PROTC em suas matérias. O

Programa apresenta mais de 20 projetos, tais como:

- “Natal o Ano Inteiro”: Projeto que visa arrecadar doações para institutos sociais.

- “Brigadengue”: Projeto de combate a dengue.

- “Enade”: Haja vista que o curso de Administração Industrial do CEFET/RJ sempre obteve

o conceito máximo no Enade e a fim de que mantenha este grau para os próximos anos, esse

projeto visa dar apoio aos alunos com dificuldades de qualquer ordem (financeira, emocional,

aprendizagem, etc.);

- Coparceira: Sob a perspectiva das oportunidades que a Copa do Mundo de 2014 no Rio de

Janeiro vem trazer, os alunos da disciplina Responsabilidade Social vêm elaborando sub-

projetos que deverão ser negociados com as empresas da região, objetivando a criação de uma

sociedade de convívio e receptiva à Copa, na região da Grande Tijuca, onde o CEFET/RJ e o

Estádio do Maracanã estão inseridos. Já existem alguns sub-projetos, em fase de

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

21

desenvolvimento, como por exemplo: Preservação do Rio Maracanã, Cartilha de Relações

Sociais e Ambientais, entre outros.

- Apoio a Pessoas Deficientes: Com a implantação do Curso de Capacitação para

Atendimento a Pessoas Deficientes, identificou-se no CEFET/RJ a possibilidade de atender

este público no seu PROTC. Através desse projeto, construiu-se a rampa de acesso ao palco

do auditório 1 do CEFET/RJ.

5- Conclusões

As instituições de ensino, bem como outros atores do processo social, encontram-se em

contínua interação com o ambiente externo e devem atuar de forma a gerar as melhores

condições de qualidade de vida para a sua comunidade. Há necessidade que a instituição tenha

uma visão holística e sistêmica, de tudo que ocorre ao seu redor, de maneira, que venha a

construir uma postura pró-ativa. É de suma importância que através dessa atitude, do seu

comprometimento com a questão socioambiental, consiga despertar a consciência em seus

alunos e na comunidade como um todo, até por uma questão de cidadania, de que a sociedade

humana é totalmente dependente dos recursos naturais, sem os quais não se sustenta. Não há

economia e nem condições para uma vida saudável, sem um ambiente estável.

O CEFET/RJ, por ser uma instituição de ensino de perfil tecnológico, forma profissionais

que estarão amanhã em cargos destacados em indústrias consumidoras de recursos naturais.

Sendo assim, se torna realmente importante que a instituição tenha uma atitude

socioambiental responsável, até para mostrar a esses futuros profissionais, que não se pode de

forma irracional, destruir as bases da própria sustentação. Devem perceber que todos

dependem de uma base ecológica, tanto para as suas vidas como para a dos seus descendentes.

O uso dos indicadores ambientais é determinante para avaliar o desempenho econômico e

socioambiental de uma organização, pois compreendem as três esferas do desenvolvimento

sustentável. Constata-se que eles, realmente, auxiliam na tomada de decisões, e são claros

para a comunicação com o público, atendendo a uma das recomendações da Agenda 21, que é

o acesso à informação. As várias situações adversas identificadas, por meio da aplicação de

indicadores ambientais, possibilitaram a investigação de ações que venham a prevenir, bem

como controlar os impactos evidenciados, como é o caso, do já implantado Programa Turma

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

22

Cidadã (PROTC) que é uma ação que coloca o CEFET/RJ no caminho da responsabilidade

socioambiental.

6- Referências Bibliográficas

ABREU, M.F. Do Lixo à Cidadania: estratégias para a ação. Brasília: Caixa Econômica

Federal e UNICEF, 2001.

AMARAL, S.P. Estabelecimento de Indicadores e Modelo de Relatório de Sustentabilidade

Ambiental, Social e Econômica: uma Proposta para a Indústria do Petróleo Brasileiro. Tese

Doutorado submetida ao PPE/COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro, 2003.

AMBIENTEBRASIL. Gás Natural. São Paulo. Disponível em: www.ambientebrasil.com.br.

Acessado em 10/06/2009.

ANEEL. Introdução ao Gerenciamento de Recursos Hídricos. 2ª edição. Brasília: Agência

Nacional de Energia Elétrica. Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas, 2000.

DESLANDES, S.F. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes,

1994.

DIAS, G.F. Educação e Gestão Ambiental. São Paulo: Editora Gaia, 2006. 118p.

FERREIRA,L.M. A gestão ambiental do pólo industrial de Cubatão a partir do programa de

controle da poluição iniciado iniciado em 1983: atores, instrumentos e indicadores. Tese

Doutorado submetida ao Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da USP. São Paulo,

2007.

GIL, A.C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.

HERCULANO, S.C. Qualidade de Vida e Riscos Ambientais. Niterói: Eduff, 2000.

IBGE. Indicadores de Sustentabilidade. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.

JANUZZI, G.M. e SWISHER, J.N.P. Planejamento Integrado de Recursos Energéticos.

Brasília: Autores Associados, 1997.

KRAEMER, M.E.P. Indicadores ambientais como sistema de informação. Apresentado no

XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Florianópolis, 03 a 05 Novembro 2004.

LIGHT S.A. Fatura Comercial / Industrial – Alta Tensão. Disponível em: www.light.com.br.

Acesso em: 13/06/2009.

VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável

Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010

23

OCDE - ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO. Rumo a um Desenvolvimento Sustentável: indicadores ambientais. Tradução:

Ana Maria S.F. Teles. Salvador, 2002.

PORTAL DO VOLUNTÁRIO. A importância do trabalho de cada voluntário. Disponível

em: http://arquivo.portaldovoluntario.org.br. Acesso em 11/06/2009.

PROTC – Programa Turma Cidadã. Objetivos / Projetos. Disponível em: http://www.cefet-

rj.br/turmacidada. Acessado em: 15/06/2009.

SEMAD-MG. Programa de Coleta Seletiva de Papel. Disponível no site

http://www.ambientebrasil.com.br, 2009. Acessado em 20/04/2009.

SILVA, H.V.O. Uso de Indicadores Ambientais para Aumentar a Efetividade da Gestão

Ambiental Municipal. Tese submetida ao PPE/COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro, 2008.

VEJA.com Brasil mantém 70o lugar no ranking do IDH. Disponível no site

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/brasil-mantem-70o-lugar-ranking-idh-410419.shtml

Acesso em 28 de abril de 2010.