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PROJECTOS QUE FAZEM A DIFERENÇA DE FORA CÁ DENTRO António Pêgo AEP Formação À CONVERSA COM... Joana Sampaio Vice-Presidente do ISEP DEPOIS DO ISEP Jorge Ferreira Swedwood Portugal

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Boletim Informativo do Instituto Superior de Engenharia do Porto.

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Page 1: ISEP.BI 12

PROJECTOS QUE FAZEM A DIFERENÇA

DE FORA CÁ DENTROAntónio PêgoAEP – Formação

À CONVERSA COM...Joana SampaioVice-Presidente do ISEP

DEPOIS DO ISEPJorge FerreiraSwedwood Portugal

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02 ÍNDICE

EDITORIAL03

A RETER04

» Primeiro Ministro inaugura ano lectivo no ISEP» Construir pontes para o mundo (EAIE Nantes 2010)» Dupla titulação Ibérica em Engenharia Geotécnica» ISEP a 100% no concurso nacional de ingresso ao Ensino Superior

EVENTOS06

» Physics LabFARM: Visir@ISEP» Boas Práticas na ligação entre IES e Empresas» NN2010 SummerSchool» Conhecer mais para melhor orientar» Workshop “Pedra Natural na Construção”» ECEL2010 - 9.ª Conferência Europeia de E-learning» QTDEI: Seminários ISEs – Inteligência Artificial

INVESTIGAÇÃO À LUPA 09

» Tecnologia de ponta ao serviço da Geotécnia : LABCARGA

DEPOIS DO ISEP12

» Jorge Ferreira, Swedwood Portugal

DE FORA CÁ DENTRO14

» António Pêgo, AEP – Formação

DESTAQUE16

» SIMPLEXmente Académico

À CONVERSA COM...19

» Joana Sampaio, Vice-Presidente do ISEP

A NOSSA TECNOLOGIA23

» E-learning: Carlos Vaz de Carvalho

BREVES25

» Bolsas de mérito académico» 1º Mestre em Gestão de Processos e Operações » Eduardo Tovar edita número especial de revista IEEE» Projecto FECOMPO: resultados finais» Coooperação Internacional à distância de um clique» Investigadores GECAD vencem eliminatória poliempreende» DEM recebeu Maismetal» Mestrando ISEP na Tansactions on Learning Technologies» LSA participa no projecto GEOMAD» MEIT 2010» Novos directores DFI e DOG» GECAD participa no projecto AAL4ALL» Eficiência energética nas estradas nacionais» Aires recebe menção honrosa em competição ISCTE-MIT» Estudo de Luís Oliveira destacado pelo American Institute of Physics

PROVAS DE DOUTORAMENTO28

A RETER03

DEPOIS DO ISEP12

DESTAQUE 16

À CONVERSA COM...19

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03EDITORIAL

ISEP.BI 12_

FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto DIRECÇÃO João Manuel Simões Rocha EDIÇÃO ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação REDACÇÃO Alexandra Trincão, Flávio Ramos & Mediana DESIGN ISEP – DCC – GDM.2011IMPRESSÃO Gráfica, Lda TIRAGEM 1.500 exemplares DEPÓSITO LEGAL 258405/10CONTACTOS ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação » Rua Dr. António Bernardino de Almeida, nº 431 | 4200-072 Porto – Tel.: 228 340 500 » Fax.: 228 321 159 » e-mail [email protected]

EDITORIALComo todas as previsões apontavam, 2011 será um ano particularmente difícil em todos os sectores da sociedade, nomeadamente no Ensino Superior. A crise económica está instalada e reflecte-se, como é natural, no dia-a-dia dos cidadãos e das instituições e um esforço acrescido é pedido a todos com grande incidência no sector público. E o ISEP não é excepção. Mas num ano de grandes mudanças e de restrições, temos de por em prática a audácia e empreendedorismo que nos caracteriza e que nos faz trabalhar todos os dias para responder, da melhor forma, às exigências da nossa comunidade.

Na décima segunda edição do nosso BI, não podíamos deixar de destacar uma distinção que nos enche de orgulho. O Prémio de Boas Práticas no Serviço Público, na categoria de Serviço ao Cida-dão, com o projecto SIMPLEXmente Académico. Não é a primeira vez que abordamos o Simplex no BI. Mas desta vez tem outra força. Os protagonistas deste projecto, e da tão importante dis-tinção, mostraram-nos os bastidores de uma iniciativa vencedora e desenvolvida com a prata da casa. Com este projecto, mostramos que as Instituições Públicas podem ser exemplos a seguir.

A internacionalização é, hoje em dia, uma palavra de ouro no Ensino Superior. Para o ISEP, inter-nacionalizar é abrir as portas do mundo aos seus alunos. E é exactamente sobre as oportunida-des e desafios deste processo de abertura que Joana Sampaio, vice-presidente do ISEP, aceitou ser a nossa convidada do “À conversa com...” e explicou como o Instituto forma “engenheiros para o mundo” e quais os caminhos que serão traçados para lidar com os desafios do futuro que está já aí.

Da Swedwood, uma das fornecedoras da IKEA, chega-nos um antigo aluno da casa, num “Depois do ISEP” descontraído e motivador. Jorge Ferreira mostrou-nos como o Instituto marcou, e mui-to, a sua vida pessoal e profissional e como fez dele um engenheiro multifacetado.

Nas páginas que se seguem, vamos ainda fazer duas viagens: uma ao futuro da educação, com o GILT e o professor Carlos Vaz de Carvalho, através do e-learning e das novidades no mundo dos jogos educativos; e uma viagem ao centro da terra, conduzida pelo LabCarga, constituído por excelentes profissionais e investigadores que se dedicam ao estudo da Geotecnia.

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04 A RETER

O ISEP acolheu, no dia 14 de Setembro, a cerimónia de abertura do Ano Lectivo do Ensino Superior Politécnico. Este evento solene contou com a presença do primeiro-ministro, José Sócrates, do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago, do presidente do Conse-lho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, João Sobrinho Teixeira, e da presidente do Politécnico do Porto, Rosário Gambôa.

O arranque oficial do ano lectivo foi marcado pela assinatura dos Pro-gramas de Desenvolvimento das instituições de Ensino Superior Poli-técnico para o quadriénio 2010-2013, inseridos no âmbito do Contrato de Confiança entre o Governo e as instituições de Ensino Superior. O Contrato de Confiança reafirma o papel fundamental destas institui-ções de ensino superior na vida económica, social e cultural do país. Espera-se que, até 2013, os politécnicos contribuam para a qualificação superior de mais de cem mil profissionais, promovam uma maior inter-nacionalização e expandam a sua oferta de índole tecnológica.

A escolha do Centro de Congressos do ISEP para palco deste evento foi simbólica, já que o IPP representa o maior politécnico nacional, e tem no ISEP a sua maior escola. O Instituto foi assim palco do discurso do primeiro-ministro, que reiterou a importância do Ensino Politécnico

para a formação de quadros mais competitivos, capazes de potenciar o desenvolvimento económico do país. José Sócrates avançou que “os institutos politécnicos são absolutamente determinantes para o suces-so da nossa economia e do Ensino Superior em Portugal”.

A cerimónia, promovida conjuntamente pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos e pelo Politécnico do Porto, assis-tiu ainda à assinatura do Protocolo de Qualificação Estratégica entre o IPP e a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CIMTS), cons-tituída pelos municípios de Amarante, Baião, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Resende.

Sobre este protocolo, a presidente do Politécnico do Porto afirmou tratar-se de “cumprir um programa em articulação com as necessida-des que estão detectadas e as emergentes na região, apoiando a for-mação geral das populações e a sua qualificação, contribuindo para a empregabilidade e competitividade”. Para Rosário Gambôa, “o IPP tem a ganhar com este protocolo, porque pode concretizar e cumprir a sua missão, em parceria, ouvindo os contextos locais e trabalhando de for-ma articuladas com os mesmos”.

PRIMEIRO-MINISTRO INAUGURA ANO LECTIVO NO ISEP

CONSTRUIR PONTES PARA O MUNDO EAIE NANTES 2010O ISEP marcou presença na conferência anual da European Associa-tion for International Education (EAIE), que decorreu entre 15 e 18 de Setembro, em Nantes, França. A presença neste evento insere-se no eixo de internacionalização do Instituto e permitiu um contacto privile-giado com representantes de instituições de Ensino Superior de todos os continentes.

A Divisão de Cooperação e Comunicação do ISEP esteve, durante uma semana, na Bretanha, para participar no maior encontro europeu de profissionais da área da cooperação internacional entre instituições de Ensino Superior. Este encontro de peritos promoveu vários seminários e oficinas práticas sobre temas como instituições empreendedoras, ma-rketing internacional ou projectos de mobilidade erasmus mundus. Ao reunir 3.600 participantes, oriundos de 83 países, a EAIE 2010 permitiu es-tabelecer canais de diálogo e reforçar a rede de contactos internacionais.

Num mundo globalizado, a aposta na internacionalização é indispen-sável à competitividade e modernização das organizações. Em conso-

nância, o ISEP alimenta actualmente mais de uma centena de parcerias com instituições europeias, lusófonas e latino-americanas, com vista à realização de projectos de mobilidade, ensino ou investigação. Esta aposta no alargamento e consolidação dos laços de amizade e coope-ração externos tem favorecido o lançamento de novos projectos que potenciam o intercâmbio de boas práticas. Assim, e seguindo a expe-riência de 2009, quando o ISEP marcou presença na European Higher Education Fair – Bangkok, o Instituto apostou este ano em participar na conferência da EAIE.

Além da participação em vários seminários e oficinas, e dos encontros de trabalho com colegas de instituições congéneres, destaque ainda para a presença de um stand do ISEP – o único espaço de promoção do Ensino Superior português – na exposição de Nantes. Este posto informativo serviu para promover a oferta formativa e a excelência da investigação realizada no Instituto, sendo de ressalvar o enorme inte-resse suscitado pelo European Project Semester – projecto que o ISEP lançará no segundo semestre do corrente ano lectivo.

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05A RETER

ISEP A 100% NO CONCURSO NACIONAL DE INGRESSOAO ENSINO SUPERIORO ISEP preencheu, pelo terceiro ano consecutivo, a totalidade das va-gas disponíveis nos cursos de licenciatura durante a primeira fase do concurso nacional de ingresso ao Ensino Superior.

Os resultados da primeira fase do concurso nacional de ingresso no Ensi-no Superior colocaram 855 novos estudantes no ISEP. Com uma oferta de 11 licenciaturas, as médias de ingresso variaram, este ano, entre os 145,7 e os 116,2 valores. Destaque para as licenciaturas em Engenharia Mecâ-nica, Engenharia Mecânica Automóvel e Engenharia Civil, que obtiveram as médias mais elevadas com 145,7, 142,8 e 141,5 respectivamente.

Em termos do índice de satisfação divulgado pela Direcção Geral do Ensino Superior, realce para cinco cursos com procura como primeira opção superior ao número de vagas disponíveis: Engenharia Mecâni-ca Automóvel (1,68), Engenharia Informática em regime pós-laboral (1,15), Engenharia Mecânica (1,06), Engenharia Electrotécnica – Siste-mas Eléctricos de Energia (1,02) e Engenharia Informática (1,02).

Os cursos do ISEP em Engenharia Electrotécnica – Sistemas Eléctricos de Energia e Engenharia Química colocaram-se entre as três opções com melhor média nas respectivas áreas em Portugal. Já as médias dos

cursos em Engenharia Civil, Engenharia Electrotécnica e de Computa-dores, Engenharia Informática e Engenharia Mecânica colocam o ISEP entre as cinco instituições com melhores médias no país. Engenharia Informática manteve-se ainda como o curso com maior número de va-gas na área a nível nacional.

Engenharia Geotécnica e Geoambiente, Engenharia de Computação e Instrumentação Médica e Engenharia de Instrumentação e Metrologia continuam a apresentar-se como soluções únicas no contexto do Ensi-no Superior português.

Engenharia de Sistemas, licenciatura lançada este ano e que resulta de uma parceria com a Associação Empresarial de Portugal, lotou a totali-dade das vagas disponíveis.

De realçar ainda que, os números da primeira fase, apresentam 726 candidaturas como primeira opção. A colocação de 185 mulheres no ISEP (22% das vagas) confirma uma tendência que ajuda a desmistificar a ideia de que a Engenharia é um mundo exclusivamente masculino. Também de relevante interesse são os números dos primeiros coloca-dos, onde a média combinada dos cursos do ISEP é de 181,2.

DUPLA TITULAÇÃO IBÉRICA ENGENHARIA GEOTÉCNICA E GEOAMBIENTEO Instituto Superior de Engenharia do Porto e o Instituto Politécnico do Porto assinaram, em Julho, um convénio com a Escola Técnica Superior de Engenheiros de Minas da Universidade Politécnica de Madrid (ETSIM.UPM), que prevê a dupla titulação do curso de Engenharia Geotécnica e Geoambiente. Este acordo possibilita que os estudantes beneficiem de um período de estudos em ambas as instituições ibéricas, tendo acesso a um diploma e a uma maior abertura de mercados de trabalho.

Rosário Gambôa, presidente do IPP, Carlos Ramos, vice-presidente do IPP, João Rocha, presidente do ISEP, Joana Sampaio, vice-presidente do ISEP e António Vega, director da licenciatura em Engenharia Geotéc-nica e Geoambiente, deslocaram-se à capital espanhola para firmar a parceria estratégica que reforça as relações de proximidade e amizade entre as duas instituições ibéricas.

Considerando o ISEP um “instituto muito interessante, ágil e dinâmico, que trabalha em áreas muito semelhantes à nossa escola”, Benjamin

Calvo, director do ETSIM.UPM, aponta a parceria entre ambas as insti-tuições como “uma das mais bem sucedidas relações em termos de co-operação internacional”. Ainda de acordo com comunicado da escola madrilena, “o prestígio do ISEP e a similitude dos cursos e da filosofia de ensino, propiciam este convénio que vem estreitar ainda mais os laços e a mobilidade de estudantes entre ambos os países.

O convénio assinado por Rosário Gambôa e João Rocha com o reitor da UPM, Javier Uceda, e o director do ETSIM.UPM, Benjamin Calvo, apon-ta às oportunidades resultantes da maior uniformização dos graus de ensino no Espaço Europeu de Ensino Superior. Com o novo protocolo inicia-se igualmente uma ambiciosa fase de projectos conjuntos. Além do reforço da mobilidade académica, o acordo deixa em aberto a pos-sibilidade de criação de um mestrado conjunto ou da realização de um projecto ALFA com instituições sul-americanas. As duas instituições discutiram ainda a possibilidade de reforçar a cooperação científica ou assuntos em torno do ensino pós-graduado.

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06 EVENTOS

NN2010 SUMMER SCHOOLO ISEP voltou a promover a Escola de Verão em Redes Neuronais (NN2010) entre 12-16 de Julho (de 2010). Dedicada ao tema “Neu-ral Networks in Classification, Regression and Data Mining”, esta última edição reuniu sessões teóricas e práticas e voltou a incluir uma sessão de posters/workshop que serviu de fórum de discus-são para aconselhamento de projectos em curso.

As redes neuronais (NN) são uma importante ferramenta para ta-refas de classificação e regressão, com aplicação em várias áreas da engenharia, economia, medicina ou bio-informática. Neste sentido, a Escola de Verão pretendeu contribuir para a divulga-ção e compreensão de paradigmas relevantes das NN, designa-damente o perceptrão multi-camada (MLP), as funções de base radial (RBF) e as máquinas de vectores de suporte (SVM) usados em tarefas de classificação, regressão e previsão, ilustradas com aplicações em dados reais.

Esta 7ª edição da Escola de Verão primou pela conjugação de uma forte orientação internacional, com a perspectiva empresarial, des-tacando-se a presença de sete oradores estrangeiros entre os 10 oradores convidados, com especial relevo para as contribuições de Hans-Georg Zimmermann (Siemens AG, Alemanha) e Craig Saun-ders (Xerox Research Centre, França).

Segundo Jorge M. Santos, docente do Departamento de Matemá-tica (DMA) e presidente da edição deste ano, o interesse suscitado pela Escola de Verão resulta, em grande parte, do elevado nível científico da mesma e da capacidade do seu comité científico em garantir a presença de peritos reconhecidos internacionalmente na área das redes neuronais.

A NN2010 foi organizada pelo ISEP conjuntamente com o Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade do Porto (INEB) e con-tou com uma colaboração especial do Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão do ISEP (GECAD).

BOAS PRÁTICAS NA LIGAÇÃO ENTRE IES E EMPRESASCom uma tradição centenária de proximidade ao tecido produtivo, o ISEP continua apostado em fazer a ponte entre o mundo acadé-mico e as empresas. Este investimento, indispensável à inovação e competitividade dos agentes nacionais, serviu de base à oficina “Boas Práticas na Ligação entre Instituições de Ensino Superior e Empresas: a Criação e Gestão de um Gabinete de Relações Empre-sariais”, que teve lugar entre 19-20 de Julho.

O sucesso de ecossistemas de comercialização tecnológica, de-pende de um eficaz alinhamento e partilha de conhecimentos e recursos entre parceiros governamentais, de Ensino Superior e em-presas. Deste modo, a crescente criação de gabinetes de relações empresariais visa facilitar estes contactos, com vista à identificação de oportunidades de parceria, produção, partilha e comercializa-ção de soluções tecnológicas inovadoras.

Organizado pela University Technology Enterprise Network (UTEN), através do Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimen-to e Apoio à Decisão (GECAD), o workshop apresentou modelos de gabinetes de relações empresariais existentes em instituições de Ensino Superior, de forma a espelhar boas práticas de cooperação com empresas a nível regional, nacional e internacional, e abordou temas como desenvolvimento de estratégias, estruturas e progra-mas, talento e relacionamentos.

Tendo como convidados especiais Bill Catlett, da University of Texas at Austin, EUA, e Anthony Boccanfuso, da National Academy of Scien-ces norte-americana, este evento contou com ampla participação de responsáveis por Oficinas de Transferência de Tecnologia (OTIC) de instituições académicas, incluindo a OTIC do Politécnico do Porto.

PHYSICS LABFARM NOVISIR@ISEPGustavo Alves e Arcelina Marques, docentes de Engenharia Electro-técnica e de Física, respectivamente, apresentaram o projecto Physics LabFARM, numa série de sessões que tiveram lugar entre 16 -17 de Se-tembro. Destaque para a participação de Ingvar Gustavsson, mentor do Virtual Instrument Systems in Reality (VISIR), na inauguração deste sistema no ISEP.

O Instituto apresentou, no dia 16 de Setembro o seu mais recente projecto-piloto no ensino à distância – o Physics LabFARM. Este pro-jecto visa desenvolver e promover a utilização de laboratórios remotos dedicados a experiências nas áreas de electricidade, electrónica básica e física experimental.

Para Barros Oliveira, vice-presidente do ISEP, esta “é mais uma aposta que o ISEP faz no ensino à distância, numa altura em que se fala em contenção de custos, numa área que é tradicionalmente complicada para os alunos, a Física”. Esta evolução permite disponibilizar uma tec-nologia de ensino remoto altamente interactiva e promotora de maior comodidade ao utilizador. Também o convidado de honra, Ingvar Gus-

tavsson, destacou o projecto do ISEP como “um meio flexível e de su-cesso”, estando “adequado às exigências do actual sistema de ensino, o Processo de Bolonha”.

A primeira fase do Physics LabFARM será operacionalizada ao longo do ano lectivo. Neste primeiro semestre, tem sido testado, com sucesso, no seio de uma unidade curricular de física aplicada na área dos cir-cuitos eléctricos. O projecto abre ainda oportunidades de cooperação internacional, destacando-se, para já, a colaboração em curso com ins-tituições de Ensino Superior brasileiras.

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07

No dia 24 de Setembro, o Grupo de Investigação e Consultoria em Engenharia Civil (GICEC) organizou um workshop intitulado “Pedra Natural na Construção”. Este evento reuniu um reputado painel de peritos nacionais e estrangeiros de diversos ramos da Engenharia, no Cen-tro de Congressos do ISEP, para discutir desafios e soluções associados à aplicação da pedra natural na construção.

De acordo com Rui Camposinhos, director do mestrado em Tecnologia e Gestão das Constru-ções e coordenador do GICEC, “a pedra natural é reconhecidamente um material de constru-ção cuja aplicação na construção de edifícios, por simples que pareça, se reveste de alguma complexidade sobretudo quando aplicada em exteriores”.

Neste sentido, e considerando o potencial económico da pedra portuguesa e das novas metodologias e ferramentas no sector da construção civil, o encontro abordou temas como “Fixação Mecânica de Pedra Natural em Fachadas”; “Painéis Pré-esforçados em Pedra Natu-ral”; “Sistemas de Fixação para Pedra Ornamental em Revestimentos”; “Estudo e Análise da Correlação Existente entre a Absorção de Água, Porosidade Aparente, Massa Volúmica Apa-rente, Condutividade e Difusibilidade de Três Pedras Naturais Quimicamente Distintas”; “Kerf Anchorage Design”.

A engenharia de fachadas e o estudo e desenvolvimento de novos sistemas estão entre as áreas de especialização do GICEC. O ISEP explora ainda estes temas na licenciatura em Enge-nharia Civil e no mestrado em Tecnologia e Gestão das Construções.

EVENTOS

WORKSHOP PEDRA NATURAL NA CONSTRUÇÃO

CONHECER MAIS PARA MELHOR ORIENTARO Instituto Superior de Engenharia do Porto, através da Divisão de Cooperação e Comunicação organizou, em Outubro, a iniciativa “Co-nhecer Mais para Melhor Orientar”. Direccionada para técnicos dos serviços de psicologia e orientação e docentes do Ensino Secundário e Profissional, que apoiam alunos na sua orientação vocacional, este evento abriu as portas do Instituto para mostrar o espírito que marca a comunidade ISEP.

Esta iniciativa pretendeu aprofundar o conhecimento sobre o Ensino Superior Público, designadamente as especificidades e potencialida-des do subsistema politécnico e da própria marca ISEP. Tendo por base que pessoas mais informadas têm liberdade para decidir melhor, foram abordadas questões associadas à transição e adaptação ao Ensino Supe-rior, a filosofia de ensino do ISEP, oferta formativa e saídas profissionais.

Contando com apresentações do Instituto, do perfil do corpo estudan-til, das onze licenciaturas e da abordagem de ensino CDIO (Conceber, Desenvolver, Implementar, Operacionalizar), “Conhecer Mais para Me-lhor Orientar” permitiu um contacto directo entre os agentes educati-vos do Ensino Secundário e Profissional com directores de curso e es-tudantes. Destaque ainda para a presença da presidente do Conselho Pedagógico, Eduarda Pinto Ferreira, e da vice-presidente do ISEP, Joana Sampaio. Além das apresentações, foram ainda realizadas visitas pelo campus, a laboratórios e grupos de investigação, o que permitiu obser-var e vivenciar tecnologias e ritmos do Instituto.

Os representantes de 24 escolas do Grande Porto assinalaram a iniciati-va como positiva, tendo sido já solicitadas visitas de alunos durante os dias abertos que o ISEP promove ao longo de todo o ano lectivo.

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08

ECEL 2010 9ª CONFERÊNCIA EUROPEIA EM E-LEARNINGO e-learning é uma das áreas mais activas em termos de prática e inves-tigação no sector da educação e formação europeia. O uso de novas e inovadoras tecnologias de suporte à aprendizagem tem vindo a levan-tar crescentes expectativas entre investigadores, professores, estudan-tes e outros intervenientes educativos.

Entre 4 e 5 de Novembro, o Centro de Congressos do ISEP foi palco do principal encontro europeu sobre ensino à distância. A ECEL 2010 – 9ª Conferência Europeia em E-Learning – reuniu no Porto os principais pe-ritos europeus da área. Este evento permitiu divulgar projectos em cur-so, discutir o estado da arte e promover oficinas, constituindo-se como mais um marco na prática consolidada do ISEP em ensino à distância.

Na edição deste ano, presidida por Carlos Vaz de Carvalho e Paula Es-cudeiro, docentes do Departamento de Engenharia Informática e in-vestigadores no Graphics, Interaction and Learning Technologies, GILT, foram apresentados perto de uma centena de projectos, entre comu-nicações, posters e mesas redondas, que serão alvo de publicação no Electronic Journal of e-Learning.

A ECEL 2010 albergou ainda um espaço de exposição para demonstração de produtos, e beneficiou da vocação universalista portuguesa para es-tender o convite à participação de profissionais da América Latina e África. Deste modo, o ISEP acabou por potenciar a troca de experiências na área do e-learning entre peritos europeus e de dois mercados emergentes.

EVENTOS

QTDEISEMINÁRIOS ISEs – INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL O Departamento de Engenharia Informática (DEI) promoveu, no dia 17 de Novembro, a primeira sessão no corrente ano lectivo das Quartas à Tarde no DEI (QTDEI). Organizada em parceria com o capítulo portu-guês da IEEE Computational Intelligence Society, esta sessão enqua-drou-se com os Seminários dos Institutos Superiores de Engenharia (ISEs), sendo dedicada ao tema da Inteligência Artificial.

As QTDEI são encontros de divulgação científica, promovidos regular-mente pelo DEI, em linha com áreas de actuação dos grupos de I&D do ISEP ou temas leccionados nos cursos do Instituto. Neste sentido, a sessão subordinada à Inteligência Artificial insere-se no âmbito de projectos desenvolvidos no Grupo de Investigação de Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GECAD) e trouxe ao ISEP os investi-gadores Amélia Loja, do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, e Viriato Marques, do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.

A sessão arrancou com a apresentação de Amélia Loja, que abordou a Optimização de Estruturas Laminadas Adaptativas Utilizando Modelos de Ordem Superior e Algoritmos Genéticos. Seguiu-se Viriato Marques, cuja comunicação, Criatividade Musical através da Computação Evolu-

cionária, explora caminhos da inteligência artificial que possibilitem o desenvolvimento de aplicações capazes de criar música.

Com uma longa tradição, as QTDEI são eventos abertos a qualquer in-teressado nos últimos avanços do universo computacional, e um pon-to de contacto para o meio académico nacional.

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Nasceu, formalmente, em 2005 e desde então nunca mais parou. O Laboratório de Cartografia e Geologia Aplicada (LABCARGA) é mais um caso de sucesso do ISEP, que nas-ceu e vingou. O professor Helder Chaminé, responsável pelo LABCARGA, esteve à conversa com o ISEP.BI e deu--nos a conhecer o trabalho desenvolvido em estudos de investigação académicos, mas também e, principalmen-te, na prestação de serviços especializados, em Portugal e no exterior. Sem dúvida, um crescimento exponencial e uma área de actuação vasta marcam os primeiros anos de vida do LABCARGA que, em 2008, deu um salto quali-tativo ao adquirir tecnologias de geoposicionamento de alta precisão, um auxiliar precioso nos estudos de Geoci-ências e Geoengenharia.

INVESTIGAÇÃO À LUPA

Longe vão os tempos da bússola ao serviço da Engenharia Geotéc-nica. Actualmente, o rigor na execução dos trabalhos impõe novas alternativas, soluções que o LABCARGA não hesitou em adquirir. A partir de 2008, a natureza das tarefas do laboratório simplificou-se e a utilização do GPS de alta precisão tornou-se uma realidade. Este aparelho versátil, portátil e de alta resolução, proporciona uma pre-cisão centimétrica na ordem de 30 a 40 cm, que pode atingir os 10 a 15 cm se for aplicada a correcção diferencial e, ainda, se atingir condições óptimas de recepção de sinal.

As geociências aplicadas à engenharia, a geotecnia dos maciços, a geoengenharia costeira, a hidrogeologia aplicada e, neste momento

a dar os primeiros passos, a geoconservação do património geoló-gico-mineiro, e o geoturismo, são algumas das áreas científicas em que o LABCARGA actua. Um leque de actividades vasto que exige, portanto, novos métodos de abordagem. Desenhar mapas cartográ-ficos, geoposicionar uma sondagem hidrogeológica ou geotécnica, trabalhar com uma malha de pontos de amostragem e fazer me-dições rigorosas, já não é “um bicho-de-sete-cabeças”. Para o pro-fessor coordenador Helder Chaminé, “felizmente, nos últimos anos, houve uma revolução completa a nível da tecnologia dos sistemas de informação geográfica e de geoposicionamento. Isso permitiu--nos dar um salto qualitativo e tornou-nos mais competitivos a vá-rios níveis”.

LABCARGATECNOLOGIA DE PONTA AO SERVIÇO DA GEOTECNIA

09

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O trabalho em equipas multidisciplinares faz parte do perfil do enge-nheiro geotécnico que, sucessivamente, tem que interagir com di-ferentes profissões, não só no ramo da engenharia, mas também de outras áreas. “É a nossa espinha dorsal”, afirma, sem hesitar, o coorde-nador do LABCARGA. De facto, essa articulação é fundamental, mais ainda, porque o espectro de actuação do LABCARGA extravasa, hoje, as fases de reconhecimento cartográfico e prospecção, intervindo tam-bém em estudos de monitorização, nos períodos durante e pós-obra.

Com vários projectos em mãos e outros tantos já concluídos, são inú-meros os exemplos da cooperação estratégica com instituições não só académicas, mas também empresariais.

O mais recente projecto denomina-se CARTGALICIA e foi encomenda-do pela Xunta de Galicia, através da Fundação Empresa da Universida-de de Santiago de Compostela, com quem o LABCARGA já colabora há alguns anos. O objectivo é “apoiar a cartografia SIG do plano de orde-namento da orla costeira da Galiza, que vai ter um impacto considerá-vel na região”, avança Helder Chaminé.

Outra parceria já longa, estabelecida pelo professor coordenador José Martins Carvalho com o Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores (INOVA), envolve o LABCARGA na avaliação do potencial geotérmico de alta entalpia.

No Mosteiro de Tibães, através do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), o LABCARGA estudou a geotecnia e estabiliza-ção de uma galeria de uma antiga mina de volfrâmio das Aveleiras para ser intervencionada de forma a receber participantes num percurso subterrâneo singular.

A terminar está o projecto europeu TERMARED, através do qual con-seguiram inventariar mais de 340 locais no Norte de Portugal e 250 locais na Galiza, dos quais referenciaram 12 novos pontos, em Portu-gal, para a implementação de futuros pólos termais. Este projecto tem como parceiros a Xunta de Galicia, a Universidade de Vigo, o Instituto de Hidrotermalismo da Universidade de Bordéus, a Associação de De-senvolvimento do Alto Tâmega, entre outras instituições. Com conclu-

INVESTIGAÇÃO À LUPA

Doutorado em Geologia pela Universidade do Porto e Pós-Dou-torado em Geociências pela Universidade de Aveiro, Helder Chaminé chegou ao ISEP em 2003 como Professor Coordena-dor no Departamento de Engenharia Geotécnica. O coordena-dor do LABCARGA assume ainda a posição de director do curso de Mestrado em Engenharia Geotécnica e Geoambiente e o de sub-director do Departamento de Engenharia Geotécnica. Tem mais de 20 anos de experiência profissional em projectos in-terdisciplinares nas áreas de Cartografia, Geomecânica Mineira, Geologia Estrutural, Geoengenharia de Maciços Rochosos e Hi-drogeologia. Co-autor de mais de 160 publicações em revistas internacionais e nacionais, editor científico de quatro volumes de actas, participa em vários projectos científicos da FCT e Eu-ropeus. É ainda editor associado em quatro revistas internacio-nais, nos EUA, Canadá, Argentina e Espanha. Foi avaliador da DGES, como perito em Geociências, dos cursos de Bolonha.

PROJECTOS DE CARIZ INTERDISCIPLINAR E MULTIDISCIPLINAR

Com um grupo de trabalho composto por seis docentes/investigado-res e seis bolseiros, o LABCARGA congrega diferentes objectivos. Em primeiro lugar, o professor Helder Chaminé destaca a componente pedagógica, “especialmente no ensino pós-graduado e até de exten-são de cultura geo-científica, através de projectos Ciência Viva, para o grande público”. Por outro lado, continua, “somos um centro de pres-tação de serviços especializados”, com forte sentido empresarial ligado a apoiar problemas de I&D. O terceiro vector é o da investigação asso-ciada, pois, como adianta o impulsionador do LABCARGA, “em alguns projectos, não é só o relatório técnico que é a nossa prioridade, mas também a possibilidade de podermos publicar estudos interessantes a nível internacional em revistas de impacto”.

Vocacionado para o ensino teórico-prático, uma das vantagens para quem integra o LABCARGA é a experiência de campo. Aliás, Helder Chaminé garante que “a aquisição dessas ferramentas, da vivência no terreno, define a atitude conceptual e o perfil do engenheiro ge-otécnico ou de qualquer outro geo-profissional”. Para as empresas é, obviamente, uma mais-valia, pois transmite uma imagem positiva, de profissionais competentes, com elevado know-how. Hoje em dia, ga-rante, são notórias as vantagens na contratação deste tipo de serviços: “permite aumentar os níveis de segurança, a sustentabilidade e a opti-mização dos recursos”.

ENSINAR, PRODUZIR E INVESTIGAR

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De facto, o LABCARGA é, hoje, reconhecido a nível nacional e interna-cional, em estudos multidisciplinares de geoengenharia. O segredo do sucesso? “Muito trabalho, uma equipa fantástica e amor à camisola”, afirma, sem hesitar, o professor Helder Chaminé.

A maioria dos projectos permitiu a publicação de resultados em revis-tas de impacto internacional, tais como: Environmental & Engineering Geoscience, Environmental Earth Sciences, Hydrogeology Journal, International Journal of Speleology, Journal of Coastal Research, WIT Transactions on Ecology and the Environment, Geothermal Resources Council Transactions, Geosciences Journal, entre outras. Além disso, as conclusões dos projectos made in LABCARGA foram já apresenta-das em actas de congressos internacionais ou publicadas em volumes especiais, organizados por instituições como, International Society for Rock Mechanics (ISRM), International Association for Engineering Geol-ogy and the Environment (IAEG), International Association of Hydroge-ologists (IAH) e Geological Society of London.

Desde 2008, o LABCARGA lidera uma investigação multidisciplinar que envolve Portugal e a Galiza, “um eixo estratégico”, segundo o profes-sor Helder Chaminé. O principal objectivo do GISCOAST é o ensaio de metodologias cartográficas SIG, e análise do impacto das alterações climáticas nos geomateriais das obras de protecção costeira ao longo da faixa costeira Atlântica (entre Caminha e Figueira da Foz e alguns sectores na costa rochosa da Galiza) para que, desta forma, se possa actuar e contribuir para melhores metodologias de defesa.

Embora este projecto ainda se encontre em fase de arranque, uma vez que as conclusões finais estão agendadas para daqui a três anos, com a apresentação da tese de doutoramento da engenheira geotécnica e bolseira da FCT Ana Pires, o LABCARGA já colocou “mãos à obra”. Até ao momento, foi analisada a protecção costeira de Espinho, com base na criação de uma ficha geotécnica e inspecção visual dos geomate-riais que compõem a estrutura, para além da aquisição de imagens aéreas de alta resolução. Esta metodologia de georreferenciação foi igualmente aplicada na inventariação das pedreiras reconhecidas dos distritos do Porto e Aveiro, de forma a comparar resultados.

Até ao momento, a cartografia aplicada revela que são colocados ge-omateriais, com características geomecânicas menos adequadas, nas obras de defesa costeira. Tal conclusão já valeu ao laboratório artigos em publicações internacionais de prestígio. No futuro, o LABCARGA

PROJECÇÃO FORA DE PORTAS

GISCOAST – UM PROJECTO GALAICO-PORTUGUÊS

são prevista para Março de 2011, os resultados vão ser apresentados durante um congresso internacional de turismo termal, em Ourense.

A nível local, o LABCARGA participou no estudo da hidrogeologia ur-bana do Porto e da hidrogeologia do sistema montanhoso da Serra da Estrela, ambos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Também a nível local, mas como prestador de serviços, o LAB-CARGA participou, em parceria com a empresa GGC Lda, num estudo, com duração de dois anos, solicitado pela empresa Irmãos Cavaco SA, cujo principal objectivo era inventariar, cartografar, georreferenciar e avaliar todos os recursos geológicos próximos à faixada Atlântica com potenciais características geotécnicas como geomaterial de enroca-mento para obras marítimas.

No início de Dezembro, o ISEP recebeu o V Congresso Na-cional de Geomorfologia. Organizado pelo professor Helder Chaminé, elemento da direcção da Associação Portuguesa de Geomorfólogos, o encontro teve como figura de destaque o professor catedrático James Griffiths, Presidente da School of Geography, Earth & Environmental Sciences da Universidade de Plymouth (Inglaterra), uma referência mundial em estudos de Cartografia Aplicada e Geomorfologia de Engenharia.

não exclui a possibilidade de trabalhar noutros projectos relacionados com a orla costeira rochosa, que potenciem a protecção da sua riqueza.

O GISCOAST conta com a colaboração e participação de empre-sas e instituições nacionais, como os Irmãos Cavaco S.A., o Centro GEOBIOTEC|UA, o DG-FLUP, a CCDR-N, a APDL, mas também de insti-tuições estrangeiras, como o Centre d’Études Techniques Maritimes et Fluviales (França) e a Universidade de Santiago Compostela (Espanha).

INVESTIGAÇÃO À LUPA

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12 DEPOIS DO ISEP

Nesta edição do ISEP.BI apresentamos o percurso de mais um antigo alu-no do ISEP: Jorge Ferreira, director de fábrica da Board on Frame - Swe-dwood Portugal, empresa que integra o grupo IKEA. No final dos anos 80, concluiu a licenciatura em Engenharia Electrotécnica no ISEP e, desde essa altura, e após uma breve passagem pelo ensino, esteve sempre liga-do a empresas multinacionais: primeiro na United Technologies Automo-tive e, mais recentemente, na Swedwood. Com um percurso profissional estritamente ligado à gestão de equipas e pessoas, Jorge Ferreira garante que continua a sentir-se engenheiro, pois identifica em si características muito próprias à profissão: o gosto pelo detalhe e pelo rigor.

SWEDWOODA Swedwood nasceu no seio da IKEA para garantir uma van-tagem competitiva ao grupo, embora tenha uma estrutura organizativa independente da multinacional. Com produção exclusiva para as lojas IKEA, não é objectivo da Swedwood fa-zer concorrência a outras empresas no mercado. Por seu tur-no, a IKEA é livre de recorrer a outros fornecedores, sempre na condição de encontrar o melhor preço e a melhor qualidade.

O projecto português nasceu em 2007 e é único, em todo o mundo, pois engloba, no mesmo local, uma fábrica Board on Frame e uma fábrica de produção Flat Line.

Jorge Ferreira é director de fábrica da Board on Frame, uma das três divisões de produto da Sweedwood (as restantes são a Solidwood e a Flat Line). Este tipo de produção caracteriza--se por mobiliário com uma estrutura exterior em placas e o interior revestido com papel.

A fábrica que Jorge Ferreira lidera, comercializa mais de 160 produtos diferentes, para todas as lojas do mercado Ibérico e da Ásia. A aposta em Portugal é uma decisão estratégica, que tem por base dois pilares: reduzir a pressão sobre as fontes de matéria-prima no Leste Europeu e garantir capacidade de pro-dução mais próxima de utilizadores finais, diminuindo assim os custos de distribuição. Para além disso, o pólo de fabrico no nosso país está em melhores condições de fazer entregas à Ásia por via marítima.

A licenciatura em Engenharia Electrotécnica ligou-o ao ISEP de 1983 a 1987, mas o vínculo com esta casa ultrapassa, desde logo, o da apren-dizagem académica, pois foi aqui que Jorge Ferreira conheceu a sua esposa, também ela ex-aluna do ISEP.

Dos tempos de estudante recorda “uma casa séria e de trabalho, com professores que simultaneamente eram profissionais, o que nos per-mitia uma ligação muito interessante à realidade empresarial”. Não se confinando apenas aos estudos, Jorge Ferreira procurou que a sua pas-sagem pelo Ensino Superior fosse mais abrangente, razão pela qual in-tegrou as equipas de futebol de salão e de ténis de mesa do ISEP. Aliás, garante, “é o conjunto das experiências, das vivências e das influências que nos tornam pessoas multifacetadas.”

No entanto, o caminho faz-se também de alguns obstáculos, e Jorge Ferreira nunca mais há-de esquecer a sua fraca apetência para o es-tudo das “correntes fracas”. “Sou um homem de correntes fortes, mas nem por isso foram condescendentes comigo. Guardo na memória um ensino exigente, que me obrigou a esforços para atingir objectivos”.

Terminando oficialmente a licenciatura em 1988, este adepto ferre-nho do Futebol Clube do Porto estreou-se como professor no Ensino Secundário no primeiro semestre desse ano. “Uma experiência breve,

JORGE FERREIRA

“O ISEP É UMA CASA EM QUE ALGUNS DOS VALORES SWEDWOOD ESTÃO PRESENTES – A SIMPLICIDADE, O EMPREENDEDORISMO E AS PESSOAS”

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13DEPOIS DO ISEP

“SEMPRE TRABALHEI EM AMBIENTE MULTINACIONAL”

“É NECESSÁRIO MOLHARMO-NOS”Após mais de duas décadas de experiência profissional, Jorge Ferreira afirma que o melhor conselho para quem está agora a iniciar uma car-reira é, em primeiro lugar, “ser genuíno”. Como adianta, quando realiza entrevistas de trabalho “não me interessa ter o currículo à frente, mas sim saber quem as pessoas são, e como podem acrescentar valor humano”.

Neste sentido, deixa uma crítica ao sistema de ensino em geral, muito fo-cado nos conteúdos técnicos, e não na formação das pessoas, embora ad-mita que “hoje existe uma maior preocupação com a envolvente social”.

Em segundo, o director de fábrica da Swedwood considera que as experiências multifacetadas, que se adquirem ao longo da vida, são fundamentais. O sucesso também se constrói se “cada um de nós perceber onde pode fazer a diferença, e depois lutar por isso.” A for-mação pelo conhecimento, a curiosidade, o incentivo à multidisci-plinaridade, são outros aspectos a não descurar. Neste sentido, em 2004, Jorge Ferreira realizou uma pós-graduação em Gestão de Em-presas, e não invalida um regresso ao ISEP, se tal for útil e necessário ao seu percurso profissional.

“Curiosamente, o ISEP é uma casa em que alguns dos valores Swedwood estão presentes – a simplicidade, o empreendedorismo e as pessoas”.

“NÃO HÁ MELHOR MODELO DO QUE UM BOM EXEMPLO”

Desde Maio de 2007, que o antigo aluno do ISEP assume a direcção de fábrica Board on Frame, da Sweedwood, situada em Paços de Ferreira, tendo sob sua alçada mais de 700 funcionários. “Sou o topo de hie-rarquia e a minha função principal é estar na base, criando condições para que esta seja robusta, saiba enfrentar os problemas e esteja apta a responder aos desafios”.

Como líder, gosta de ressalvar que é sobretudo um receptor, pois “são as pessoas que nos dão inputs”. Para isso é fundamental “um ambiente informal, que motive as pessoas a comunicarem mais e melhor”. Razão

Chegado à sua primeira entrevista para o mercado de trabalho, foi-lhe proposto um lugar no Departamento de Recursos Humanos da United Technologies Automotive (UTA). Recorda na altura, aceitou o desafio do director de Recursos Humanos (RH) com alguma reticência, “pois a in-tenção era concorrer a um lugar técnico, como qualquer engenheiro”.

Ao fim de quatro anos nos RH, já como director-adjunto, a persistência de Jorge Ferreira na procura de outros caminhos deu frutos. “Não foi pacífico dentro da empresa, mas acabei por conseguir chegar à Produ-ção e fiz aí carreira.”

Em 1999, a UTA foi comprada pela Lear Corporation, ditando uma nova mudança na vida de Jorge Ferreira, que desde 1998 ocupava o cargo de director de Produção. De 1999 a 2001, foi director de fábrica na Pó-voa de Lanhoso, onde desenvolveu uma nova estrutura de raiz. Ainda em 2001, foi chamado a reestruturar a unidade de Valongo, tendo aí permanecido até ao seu encerramento, em 2007.

Durante 18 anos, a UTA viu Jorge Ferreira crescer enquanto profissio-nal: começou por recriar os serviços de formação, passou pelo serviço de Higiene e Segurança no Trabalho e, mais tarde, pela Produção. Com a entrada do novo milénio e já sob alçada da Lear Corporation, as difi-culdades da empresa começaram a fazer-se sentir. “Em 2001, quando iniciei funções como director de fábrica em Valongo tinha 2600 traba-lhadores. Até 2007, foi sempre a descer.” Apesar de não negar que foi a fase mais complicada da sua vida pessoal e profissional, Jorge Ferreira acrescenta que foi uma “fase enriquecedora”, pois “todo o processo se desenvolveu com integridade e honestidade”. O segredo para uma dissolução tão pacífica? “A comunicação, que é o oxigénio das organi-zações, e a nossa credibilidade que, nestes momentos, é posta à prova”.

Em Abril de 2007, após o encerramento da empresa em Portugal, o grupo oferece-lhe outros cargos que implicavam emigrar. No entanto, “resolvi arriscar e fiquei”, declara com humor.

É então que aparece a Swedwood no caminho, por coincidência. Aliás, todo o seu percurso, garante, “foi feito com grande naturalidade, sem nada forçado ou planeado”.

pela qual na Swedwood ninguém se tratar pelo título. Assim, admite que a função de liderança apenas se manifesta quando se traçam cami-nhos e metas de chegada e, eventualmente, tendo que corrigir um ou outro desvio do objectivo proposto. Para Jorge Ferreira, “dar o exemplo não significa ir à frente, mas sim indicar caminhos, criar novas oportu-nidades e desafiar”.

De facto, “o que me move são as pessoas”, concorda Jorge Ferreira, adiantando que “são elas também a base dos valores da Swedwood, assentes noutros três vectores: o empreendedorimo, a simplicidade e o baixo custo”.

Talvez por isso, um dia na vida de Jorge Ferreira nunca seja igual, pois como refere “o dia de trabalho típico é estar disponível”. “Sou facilitador por natureza”, remata.

Com uma política de porta aberta e de partilha, Jorge Ferreira acrescen-ta que a Swedwood “pode ser um agente educador e impulsionador da região”. Não é por acaso que tem recebido empresas da área do mo-biliário, bem como instituições de Ensino Superior, que pretendem ab-sorver algumas regras de funcionamento e boas práticas da empresa.

mas enriquecedora, que me permitiu colocar em prática os conheci-mentos adquiridos no ISEP”, adianta. A mesma viria a estender-se, em-bora com outros moldes, como instrutor na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, durante o tempo de Serviço Militar.

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Com o propósito de se abrir ainda mais ao exterior e de incorporar nas suas ofertas formativas a participação de agentes externos, o ISEP con-vidou a AEP para colaborar na construção de um curso de raiz, desen-volvido com o contributo de ambas as entidades. “É, sem dúvida, uma iniciativa inovadora, que foge ao figurino tradicional das formações do meio académico”. Quem o afirma é António Pêgo, director de forma-ção da AEP, que acompanhou de perto a concepção do programa da licenciatura em Engenharia de Sistemas, em parceria com os docentes do ISEP.

Adequar o curso às necessidades do tecido empresarial e do merca-do de trabalho foi outra vontade, razão pela qual foram “mobilizados alguns empresários e empresas de referência, que puderam ajudar na estruturação do currículo”.

Em 2008, o protocolo estabelecido entre o ISEP e a As-sociação Empresarial de Portugal (AEP) definiu as bases de uma licenciatura inovadora, que recebe na sua génese inputs do meio académico e empresarial. Referimo-nos ao novo curso de Engenharia de Sistemas, que abriu este ano no ISEP com 20 vagas. Em conversa com António Pêgo, director de formação da AEP, percebemos que esta aproximação vai de encontro ao actual quadro de exi-gências profissionais.

ISEP/AEP

DE FORA CÁ DENTRO

Numa segunda fase, estando já o curso em funcionamento, está pre-vista a participação da AEP em iniciativas dinamizadas pelo ISEP, tais como a realização de colóquios, seminários e visitas a empresas. Aliás, segundo António Pêgo, “é nossa vontade que esta ponte se estenda

“UMA ESCOLA COMO O ISEP, VOCACIO-NADA PARA O ENSINO PRÁTICO, TEM O EMPREENDEDORISMO NA SUA GÉNESE”

para além da licenciatura em Engenharia de Sistemas e possa abarcar outros cursos do ISEP”.

Num contexto social e económico favorável à dinamização de acções e apoios à criação de empresas, esta licenciatura resulta do espírito co-mum de empreendedorismo partilhado entre a AEP e o ISEP. “Em tem-pos de crise, o estímulo ao empreendedorismo é determinante, pois trata-se de uma alternativa às soluções tradicionais”, afirma o director de formação da AEP. “Está no ADN dos portugueses serem pessoas em-preendedoras”, continua.

A licenciatura em Engenharia de Sistemas, que tem como principal in-terlocutor dentro do ISEP o Prof. Carlos Ramos, actual vice-presidente do Instituto Politécnico do Porto e membro do CESAE (Centro de Ser-viços e Apoio às Empresas), marca pela diferença ao dotar os alunos de novas ferramentas, caso eles queiram vir a criar o seu próprio negócio. Desta forma, a aquisição de conhecimentos que extravasam a apren-dizagem pura e dura das disciplinas de Engenharia é uma realidade. Áreas como a Gestão, o Marketing, a Logística e o Direito fazem parte do programa curricular. “Esta licenciatura teve aspectos inovadores, porque, desde a sua matriz, o objectivo é formar um engenheiro in-tegrado e multipolar, com uma série de outras valências que hoje são muito necessárias em determinadas condições de mercado. Sobretudo as empresas mais competitivas pedem pessoas polivalentes, de mente aberta e orientadas para o mercado global”, conclui António Pêgo.

ANTÓNIO PÊGO

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15DE FORA CÁ DENTRO

“A AEP É UM SELO DE QUALIDADE”

“HÁ AINDA POUCA MOBILIDADE EM PORTUGAL”

“MUDAMOS DE NOME SEM PERDER O NORTE”

A principal missão da AEP, “defender os interesses das empresas e oferecer serviços que potenciem a sua competitividade” engloba, tal como refere António Pêgo, “a promoção de projectos de apoio ao em-preendedorismo, quer na formação, quer noutras áreas”. A concreti-zação destes apoios traduz-se na participação em diversas redes, uma das quais com o ISEP e o IPP.

Com um leque diversificado de formações que pretendem desenvolver as soft skills (o empreendedorismo, a iniciativa, a criatividade, a lideran-ça, a capacidade de resolver problemas e de trabalhar em cenários de alguma pressão, bem como a versatilidade de adaptação a diferentes contextos), a AEP aposta também no ensino das TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação). Para António Pêgo, hoje assistimos a uma mudança de paradigma no mercado de trabalho, uma vez que “para além das competências técnicas, passamos a assistir à valorização de competências comunicacionais”. Estas competências transversais são, pois, fundamentais para um jovem licenciado vencer, “nunca descu-rando uma formação académica sólida”. Neste sentido, “os diplomas não são nada, se não forem somados às outras competências que têm que ser estimuladas, as tais soft skills, bem como o domínio das línguas e da informática”, conclui António Pêgo.

O ISEP, atento a estas mudanças, procura, através destas parcerias, estimular o desenvolvimento de todas estas competências, e as im-pressões do mercado de trabalho são, desde já, positivas. “O ISEP é uma escola de engenharia de referência no Norte do país e, enquanto marca, é muito forte. Regra geral, saem daí bons profissionais, bem re-ferenciados pelas empresas e que, posteriormente, têm facilidade em colocação. Esse contexto virtuoso estende-se a todas as escolas do IPP”.

Da mesma forma, António Pêgo entende que a AEP, pela sua tradição e pela sua história, também prestigia o ISEP, pois está consciente de que “a associação é capaz de trazer parceiros privilegiados à colocação de estagiários, através de uma rede de contactos alargada”.

Apesar de não considerar obrigatório, o director de formação da AEP acredita que, enquanto estudante, fazer Erasmus é uma mais-valia, pois permite ao jovem abrir novos horizontes. “As empresas que actuam em mercados internacionais, naturalmente, valorizam profissionais com ex-periências multiculturais”.

No entanto, lamenta que, em Portugal, a reduzida mobilidade seja uma realidade. “Ao contrário do que se possa imaginar, ainda há muita resis-tência por parte dos jovens em sair do país e, mais grave ainda, em mudar de cidade. Somos um povo latino, ainda muito resistente às mudanças” como tal, o conceito de família está muito enraizado e, infelizmente, isso reduz o leque de possibilidades”. Para António Pêgo, as oportunidades no exterior não deixam de existir, mas ficam confinadas a um número restrito que as aceita. Não obstante, está confiante que as gerações mais jovens estão melhor preparadas para estes novos desafios, uma vez que “já nasceram na era da Internet e das viagens low-cost”.

O trabalho, o esforço e o espírito de iniciativa, são marcas comuns que definem a AEP e o ISEP. Não é por acaso que António Pêgo encontra, nas áreas de formação e Recursos Humanos da AEP, pessoas oriundas do ISEP.

Num sentido mais lato, também o Norte do país é reconhecido como uma região transformadora, industrial e de trabalho. “É evidente que está a haver uma terciarização, do meu ponto de vista porventura ex-cessiva, mas ainda é o Norte que todos nós conhecemos”, defende o director de formação da AEP.

Consciente da importância desses valores tradicionais, e apesar da As-sociação Empresarial Industrial Portuense ter passado a ser Associa-ção Empresarial de Portugal há já 10 anos, António Pêgo afirma que

“mudamos de nome sem perder o Norte”. Por outro lado, “não fazia sentido mantermos a mesma designação, se somos uma associação multisectorial e representamos um leque muito alargado da indústria transformadora”, mas também do comércio e serviços”, conclui.

De facto, os princípios mantêm-se, mas tanto o ISEP como a AEP estão atentos aos ventos de mudança. “Os tempos que correm são de trans-formação e de ajustamento. O novo paradigma apresenta-nos novas formas de estar: em cooperação, em rede, na partilha de responsabili-dades com as forças vivas da região. Enquanto entidade promotora, a AEP tem obrigação de se adaptar aos novos contextos e ser, também, agente da própria mudança”.

Neste sentido, é com optimismo que António Pêgo encara a aposta no desenvolvimento das indústrias culturais e criativas na região Norte de Portugal. No entanto, não deixa de apontar o dedo a um entrave estru-tural ao desenvolvimento do empreendedorismo: a burocracia. Além disso, garante, “actualmente, as empresas já não procuram incentivos directos, mas sim a resolução de problemas de contexto, como as aces-sibilidades, as zonas circundantes e as qualificações”.

A abertura às novas exigências do mercado, no seu sentido mais es-tratégico é, portanto, decisiva para o futuro. A parceria ISEP-AEP para a licenciatura de Engenharia de Sistemas é um marco na cooperação en-tre as duas instituições, na procura de novas plataformas de formação de um engenheiro multifacetado.

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16 DESTAQUE

E é precisamente de economia que falamos quando o assunto é o pro-jecto Simplexmente Académico. Recuamos a 2004, quando um grupo de trabalho do ISEP, liderado por Berta Baptista e Paula Cristina Silva, decidiu tentar “resolver um problema da Divisão Académica e dar um melhor atendimento a alunos e funcionários”. Perante um universo de cerca de 6500 alunos, 150 funcionários e 480 docentes, concluiu-se que, em alturas de maior afluência de público, como é o caso das matrí-culas ou do final do ano escolar, quem procurava este serviço esperava longas horas em filas. “Era urgente e fundamental que se passasse a ter um sistema de inscrições online. Para além de passarem umas três ou quatro horas em filas, seguia-se outra espera morosa para entregar os papéis já preenchidos”. Conclusão: “os alunos ficavam insatisfeitos e nós, funcionários da Divisão Académica, não sentíamos que estivésse-mos a prestar um serviço de qualidade”.

O projecto que faz do ISEP um exemplo de boas práticas

11 de Novembro de 2010. Passava pouco das oito da noite

quando, no palco montado a preceito no Hotel Sheraton,

em Lisboa, tinha início a 8ª Gala do “Prémio Boas Práticas do

Sector Público”. O ISEP recebeu o prémio “Serviço ao Cida-

dão”, com o Simplexmente Académico, um dos 16 melhores

projectos a concurso. Esta foi, segundo a presidente do júri,

Suzana Toscano, “uma competição renhida que espelhou a

qualidade dos projectos apresentados”. Após alcançado o

consenso, foram determinados os vencedores e ficou pa-

tente a crença, de acordo com o Secretário de Estado da

Administração Pública, Gonçalo Castilho, de que é funda-

mental “apostar em projectos que façam a diferença, prin-

cipalmente no contexto actual da economia portuguesa”.

SIMPLEXmente Académico

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17DESTAQUE

“AGORA, SOMOS MAIS RÁPIDOS E EFICAZES”

A disponibilidade é outro grande ponto a favor: 24 horas por dia, sete dias por semana. Em simultâneo, de uma forma que já não é directa-mente visível para o estudante, “trata-se de uma plataforma que gere o fluxo de informação entre os vários intervenientes se necessário”. Por exemplo, um processo de creditação de competências “viaja” da Divisão Académica, para o Director de Curso, para o Conselho Técnico--Científico e, finalmente, para a Divisão Académica e para o estudante, que assim toma conhecimento do seu resultado, de uma forma segura e rápida. Este circuito integra os vários serviços: a Divisão Económico--Financeira (todos os emolumentos geram referências multibanco para pagamento e são integrados na aplicação de contabilidade do ISEP) e a Divisão de Recursos Humanos (as presenças e o absentismo de es-tudantes e docentes são diariamente processadas e integradas com a aplicação de gestão de recursos humanos do ISEP).

Apesar de estar activa desde 2004, a plataforma sofreu um ponto de viragem significativo em 2009, tal como explicou ao ISEP.BI Berta Bap-tista. “Instigados pela potencial pandemia da Gripe A, decidimos que iríamos mesmo criar as condições para que os estudantes deixassem de estar fisicamente presentes nos nossos serviços para resolver os seus problemas”, explica. Segundo relatam as duas responsáveis, a par-tir desse ponto, “sentimos logo as diferenças, passando a ter muitos mais pedidos por via electrónica do que presenciais”.

E, qual é o resultado prático? “Faz com que sejamos mais rápidos e mais eficazes”, conta. No entanto, Berta Baptista e Paula Cristina Silva explicam que esta simplificação de processos “exigiu também uma adaptação dos funcionários à nova metodologia de trabalho”, numa clara aposta do ISEP na formação, “mas permitiu-nos dar resposta a um número cada vez maior de alunos, com redução da despesa com funcionários, o que é uma das mais-valias importantes deste projecto para a Instituição”.

Significativo é também o facto de terem conseguido desmaterializar processos que envolviam muito papel: os processos dos alunos (o seu historial, as suas notas), os registos de presenças em aulas (o contro-lo actualmente é feito pela passagem de um cartão), os concursos de acesso local (as candidaturas são feitas on-line e toda a informação é disponibilizada ao Júri em suporte digital) e os processos de creditação de competências dos estudantes que se transferem para a nossa insti-tuição, e que são em número significativo.

Mas as vantagens do Simplexemente Académico não se ficam por aqui. “A aplicação permite ainda melhorar significativamente o fluxo de informação, pois deixaram de existir documentos que viajavam fisica-mente dentro da instituição, acompanhados do respectivo protocolo em papel. Hoje a defesa de uma Tese de Mestrado está disponível para consulta, acompanhada da respectiva nota e acta de deliberação do Júri, mal é homologada superiormente”, explica Berta Baptista.

As responsáveis explicam que “a plataforma continua a evoluir, tendo vindo a ser acrescentadas novas funcionalidades todos os anos”. E, esta evolução é possível pois o ISEP é uma Escola de Engenharia e, como tal, tem capacidade técnica para desenvolver uma aplicação à medida, que já demonstrou claramente que representa uma poupança signi-ficativa no custo dos processos. Poupança essa que é especialmente significativa na actual conjuntura económico-financeira, quer para a escola, quer para os estudantes.

UM PROJECTO EM CONSTANTE EVOLUÇÃO

Berta Baptista, responsável pelos Serviços Académicos e Paula Cristina Silva, responsável pelo Departamento Económico-Financeiro, contam que Simplexmente Académico foi o nome escolhido para a platafor-ma electrónica no âmbito da candidatura ao prémio das “Boas Práticas na Administração Pública”. No dia-a-dia, dentro das quatro paredes do ISEP, chama-se apenas “portal”. Mas, actualmente, as valências do Simplexemente Académico mostram que é mais do que um simples portal. Em 2004, as funcionalidades que a plataforma disponibilizava eram relativamente básicas. Mas, com o tempo, e graças à perseveran-ça e às competências dos recursos humanos do ISEP, foi ficando cada vez mais completa.

Berta Baptista explicou-nos que, “na actual Presidência, é dado especial relevo às funcionalidades destinadas aos estudantes, já que eles são o maior corpo da Instituição”. Nos últimos três anos, o grupo de trabalho do Simplexemente Académico, tem vindo a desenvolver diversos servi-ços que simplificam a vida dos estudantes, desde o momento da inscri-ção e da escolha de turmas, até ao momento da inscrição em exames, passando por todas as fases do ano lectivo. Neste momento, explica, “os alunos já podem solicitar todas as operações desde sua casa ou de qualquer equipamento à sua disposição a aceder a todos os serviços existentes na escola, pagar através do multibanco e receber em casa, pelo correio, os pedidos que implicam o envio de um documento pela Divisão Académica do ISEP”. São, de facto, mudanças significativas que melhoram a vida dos estudantes e permitem melhorar também a qua-lidade dos serviços prestados pela Divisão Académica.

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Novas metodologias de trabalho, novos espaços. Desde que foi colo-cado em prática o Simplexemente Académico, os Serviços Académicos sofreram uma remodelação. Em primeiro lugar, o arquivo físico dimi-nuiu drasticamente. Por outro lado, embora o afluxo de estudantes seja, obviamente, muito inferior, sentiu-se a necessidade de transfor-mar o espaço, de forma a transmitir a filosofia do projecto, mais efi-cácia, em menos tempo. Como adianta Berta Baptista, “esta mudança permitiu um atendimento mais personalizado”. O balcão corrido foi substituído por boxes privadas, tendo ainda sido criado um sistema de senhas electrónicas, que não obriga as pessoas a esperar de pé dentro do próprio serviço. “Podem aguardar lá fora e até verem televisão, se assim o entenderem”. Aliás, a responsável garante que o facto de se ter adoptado este sistema de senhas, sabendo, à partida, quantas pes-soas têm para atender, melhorou a predisposição para o atendimento. “Conseguimos fazer o nosso trabalho com mais calma, porque a pres-são é menor.”, conclui.

A implementação deste projecto ditou também melhorias ao nível do serviço prestado, nomeadamente no tipo de atendimento realizado pelos Serviços Académicos. Além do atendimento presencial e telefó-nico que, obviamente continua a vigorar, foi introduzido o atendimen-to electrónico. Assim, através de dois endereços electrónicos distintos, o aluno pode colocar qualquer questão, que pode ser respondida por qualquer um dos funcionários do serviço.

“Antigamente só eu é que fazia essa tarefa, mas agora todos nós temos acesso às dúvidas e às questões que nos são endereçadas”, recorda Berta Baptista. “É apanágio chegar ao fim do dia com zero pedidos em fila. Não saímos daqui sem responder a toda a gente”. Aliás, este compromisso com a celeridade já resultou em vários elogios por parte dos estudantes.

Perante todas as vantagens que este projecto traz, Berta Baptista acre-dita que esta é uma aplicação utilizável facilmente noutras instituições de Ensino Superior, até porque as operações efectuadas são similares. As suas vantagens de “exportação” crescem se considerarmos que, “em termos de requisitos de sistema, são os habituais para um sistema de informação de uma instituição de Ensino Superior”. O maior cuidado que deve ter-se em conta é, tal como nos explicaram as responsáveis, a quantidade de dados gerada, que, por ser grande, exige algum cuida-do nos sistemas de salvaguarda de informação e tem de ter capacidade de resposta adaptada ao tamanho da instituição, ou seja, ao número de utilizadores. “Dada a interligação que tivemos de implementar com outras plataformas de utilização habitual na administração pública, no-meadamente as relacionadas com os Serviços Financeiros e a Divisão de Recursos Humanos, e a capacidade de desenvolvimento que temos no interior do ISEP, permite-nos considerar com alguma tranquilidade a possibilidade de produzir módulos utilizáveis noutras áreas da admi-nistração pública”, explicam.

Um dos mais completos portais do Ensino Superior em Por-tugal, o portal do ISEP, é o meio por excelência para os estu-dantes resolverem todas as questões de ordem burocrática. Ricardo Vieira, aluno do 1º ano do mestrado de Engenharia in-formática afirma que “desde 2006, ano em que vim para o ISEP, que o portal está em funcionamento, mas ao longo dos anos tem vindo a ganhar cada vez mais funcionalidades.” Fruto do projecto Simplexmente Académico, é agora possível fazer ins-crições online, obter certidões de matrícula, ou ainda pagar o parque automóvel, escolhendo a opção de pagamento mais conveniente: semestral ou anual. “Este ano, ainda não tive ne-cessidade de me dirigir aos Serviços Académicos por nenhum motivo. Tudo o quis fazer tratei através do portal e não tive problemas nenhuns”, conclui.

135 mil euros é um número modesto, e representa apenas a poupança directa da Instituição ao longo de um ano com o Simplexmente Aca-démico. Mas é um número já significativo na vida da Instituição. Berta Baptista explicou-nos que este número foi calculado “exclusivamente tendo em conta valores médios do tempo de processamento dos vá-rios pedidos, que diminuiu significativamente o valor de despesas de pessoal envolvidas. Neles não está contabilizada, por exemplo, a pou-pança em papel e outros consumíveis que tiveram uma diminuição brutal com a desmaterialização de processos. Há ainda a considerar a poupança indirecta para os estudantes, quer em termos de desloca-ções, quer em tempo de espera”.

No final, a receptividade de alunos, funcionários e docentes não podia ser melhor. E mede-se de três formas: “pelos elogios directos, que exis-tem e que mostram que estamos no bom caminho; pelas sugestões que recebemos para implementar novas funcionalidades, e que é outra forma de demonstrar que as pessoas consideram interessante e váli-da a aplicação; e pelas queixas, quando por alguns momentos, que já aconteceu, a aplicação ou alguma funcionalidade não está disponível”.

OS ESPAÇOS FÍSICOS REFLECTEM AS MUDANÇAS IMPLEMENTADAS

DO ISEP... PARA O MUNDO!

CONTRA A CRISE... SIMPLIFICAR!

DESTAQUE

O PORTAL DO ISEP É A PRINCIPAL FERRAMENTA DESTE PROJECTO

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FORMAR ENGENHEIROS PARA O MUNDO

JOANASAMPAIO

À CONVERDSA COM...

Os mais de 150 anos de história, imprimem no currículo do ISEP um conjunto de vivências que espelham uma

escola que procura estar sempre à frente do seu tempo. Na era da globalização, o espírito internacional e a aber-

tura ao mundo surgem como a direcção a seguir para que continue a crescer. Desde o intercâmbio de alunos

ERASMUS, passando pela participação em projectos de investigação e educação um pouco por todo o mundo,

o ISEP tem vindo a desenvolver, nos últimos anos, um caminho bem delineado rumo à internacionalização. O

ISEP.BI quis saber como o Instituto faz face às exigências de uma globalização inevitável e quais as alterações

que ocorrem no seu dia-a-dia. A vice-presidente, Joana Sampaio, aceitou falar-nos sobre os principais momentos

neste processo e a importância da internacionalização para o desenvolvimento de engenheiros e cidadãos.

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ISEP.BI A internacionalização das instituições de Ensino Superior parece uma inevitabilidade. Na sua perspectiva, quais os desafios e oportunidades que enfrentam?Joana Sampaio (J.S.) As oportunidades, penso que são óbvias. Peran-te o facto de estarmos numa sociedade cada vez mais global não é possível que uma Instituição de Ensino Superior, que não esteja mi-nimamente virada para a internacionalização, tenha futuro. Temos de pensar que, neste momento, os nossos alunos são os alunos de todo o mundo e que os alunos de nacionalidade portuguesa que frequentam os nossos cursos poderão ser futuros engenheiros em qualquer parte do mundo. Por outro lado, os desafios cada vez são maiores. São cada vez mais os programas que nos dão oportunidade de criar parcerias com instituições, centros de investigação estrangeiros... E são estes desafios que nos trazem satisfação quando os dominamos e consegui-mos levá-los a bom porto. Há pouco tempo vimos um grande desafio ser superado e que se prendeu com a obtenção da dupla titulação para os alunos da Licenciatura em Engenharia Geotécnica, em parceria com a Universidade Politécnica de Madrid. Este projecto começou há cerca de dois anos e foi um processo longo. Mas, finalmente, quando assi-námos a parceria, em Julho deste ano, foi com uma grande satisfação. E estamos com esperanças que daqui surjam outras parcerias. Aliás, a ideia é precisamente avançar com o mesmo processo para a Licencia-tura em Engenharia Informática num futuro próximo.

ISEP.BI No fundo podemos afirmar que a internacionalização tem de ser feita em duas vertentes: por um lado, adaptar o ISEP para receber alunos e investigadores de fora, e por outro lado preparar os enge-nheiros do ISEP para o mundo do trabalho?J.S. Na realidade, já há bastante tempo que o ISEP, mais na parte da investigação, está bastante lançado em termos de internacionalização;

já tínhamos muitos projectos internacionais e investigadores estran-geiros a trabalhar connosco. Porventura, a parte do Ensino era a que estava um bocadinho menos activa nesse sentido, apesar de termos vindo a desenvolver, desde 1989, parcerias Erasmus. Mas, nos últimos anos, e talvez resultante do processo de Bolonha, a internacionalização está mais facilitada. Ultimamente, tem sido no Ensino que tem havido mais preocupação em aumentar as parcerias Erasmus, em entrarmos em projectos internacionais. Continuamos, naturalmente, a ter algu-mas dificuldades com Instituições de Ensino que não estão dentro da União Europeia, mas que são ultrapassáveis. O nosso problema, muitas vezes, é a língua. Isto porque, nem todos os cursos ainda estão a inves-tir na leccionação em inglês. Há alguns casos como, por exemplo, no mestrado em Engenharia Geotécnica, em que os conteúdos apresen-tados nas aulas já são em inglês, apesar de as aulas serem conduzidas em português. Isto permite que os alunos, mesmo não percebendo o professor na totalidade, possam acompanhar a matéria pelas apresen-tações, por exemplo. Podem também colocar questões, porque todos os nossos docentes falam inglês. Mas para ajudar à integração dos alu-nos e investigadores estrangeiros, temos também cursos de português através do ISEPForGlobe, a nossa plataforma de formação.

ISEP.BI A internacionalização de uma instituição pressupõe mudan-ças internas. Que grandes transformações se têm vindo a notar?J.S. As mudanças são visíveis, tanto ao nível dos serviços, como a nível académico. Porventura, não foram realizadas exclusivamente no senti-do da internacionalização mas, no fundo, vieram ajudar a responder a essas necessidades. O site do ISEP veio, sem dúvida, melhorar a visibi-lidade do ISEP quer a nível nacional como a nível internacional. Neste momento, existe um site já traduzido para inglês, e as candidaturas a mestrados e pós graduações - que são os cursos que recebem mais

À CONVERSA COM...

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estrangeiros –, sem contar claro com a mobilidade Erasmus, já podem ser feitas pelo site. O aluno não precisa de vir cá inscrever-se: faz upload de toda a documentação através do site e há, inclusivamente, a possi-bilidade de os alunos que vivem fora do país pagarem a candidatura só no acto de efectivação da matrícula, que tem que ser feita cá no ISEP.

ISEP.BI Podemos considerar que a transição para o processo de Bo-lonha facilitou a mobilidade das pessoas entre as instituições de en-sino?J.S. Neste momento, pelo menos a nível da União Europeia, todas as unidades curriculares têm um número de créditos atribuído. Esses créditos, os ECTU, são definidos a nível europeu por decreto. Sabemos perfeitamente o que quer dizer um crédito ECTU: são 28 horas de es-

forço, de aulas, de estudo e de trabalho próprio. Apesar de ser uma das grandes vantagens de Bolonha, ainda não é suficiente porque, depois, temos de ter atenção aos programas das unidades curriculares, que têm de ser mais ou menos semelhantes, apesar de, do meu ponto de vista, as unidades curriculares não poderem ser vistas por capítulo. Por exemplo, se um aluno foi um semestre para fora e acabou por não ad-quirir algumas competências de uma determinada unidade curricular, acaba por adquirir outras que são complementares e que compensam a falta. Mas este sistema de créditos de Bolonha veio facilitar os proces-sos; veio tornar o ensino mais transparente e a avaliação mais fácil. O aluno, quando vem em mobilidade, sabe exactamente aquilo que vai encontrar, assim como nós sabemos o que os alunos que vão para fora vão encontrar.

À CONVERDSA COM...

“SERÁ MESMO A AMÉRICA LATINA A NOSSA MAIOR APOSTA”

ISEP.BI Como é que o ISEP tenta conquistar os alunos estrangeiros?J.S. Nós tentamos chamar os alunos estrangeiros para o ISEP de várias formas. Neste momento, além de todos os esforços nas feiras e mostras e no site bilingue, há o aumento de número de parcerias com institui-ções de Ensino Superior europeias e na América Latina. E será mesmo a América Latina a nossa maior aposta, principalmente devido à com-patibilidade da língua, que é igualmente uma forma de tentar atrair mais alunos. Por outro lado, acho que começa a funcionar muito bem o “boca a boca”. O aluno vem, gosta, regressa ao seu país de origem, diz que esteve no ISEP e leva boas referências, e isso traz mais alunos.

Nós estamos com os olhos sempre em todo o lado e o que temos fei-to é uma aposta centrada em mercados concretos. O nosso próximo passo é apostar numa feira na América latina, mas primeiro teremos de pesquisar aquelas que, à partida, terão mais visibilidade. Já que o esforço é grande, tentamos que tenha o máximo de mais-valias. Em termos de licenciaturas, o mercado da América do Sul seria o mais pró-ximo, devido à semelhança da língua. Podemos oferecer um ensino de qualidade, somos uma Instituição a nível europeu já com um status bem posicionado, podemos oferecer um campus de investigação re-conhecido e, claro, a vantagem de sermos um país financeiramente mais acessível.

ISEP.BI Que estratégias têm vindo a ser seguidas pelo ISEP para fo-mentar a internacionalização? Já referiu as feiras, as parcerias...J.S. Para além de tudo o que já referi, as aulas em e-learning também facilitam a internacionalização. O aluno pode contactar o professor,

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22 À CONVERSA COM...

individualmente, em inglês. Há ainda outro tipo de parcerias, como projectos de investigação com grupos de alunos de outros países. Há um projecto Europeu, que envolve vários alunos de várias instituições e no qual cada um desenvolve a sua parte de projecto no seu país. Ou-tro projecto é o IP – Intensive Program, que consiste na possibilidade de, em 10 dias de ensino intensivo, os alunos poderem fazer créditos ECTU, que podem corresponder a uma unidade curricular. Há IPs que reúnem os alunos no ISEP, e outros em que vão os nossos alunos para fora. Facilita a mobilidade aos alunos, por ser mais curto e, logo, mais barato, e dá-lhes a oportunidade de conhecer outro país e fazer uma disciplina num local diferente.

Participamos também no European Project Semester, que corresponde a 30 créditos. Este projecto, totalmente leccionado em inglês, é dirigido a alunos no último ano do primeiro ciclo de estudos. Além de um pro-jecto transversal, desenvolvido em equipas com elementos de várias nacionalidades e internacionais, os alunos aprendem e desenvolvem competências que são transversais a todas as engenharias.

ISEP.BI É um projecto inovador... Podemos dizer que através deste projecto estamos a formar os engenheiros perfeitos para trabalhar em multinacionais?J.S. Penso que sim. Estes alunos vão, durante um semestre, trabalhar em equipa, o que é extremamente importante para que aprendam a ser o menos egoístas possível, em termos de trabalho, pois têm, efec-tivamente, de fazer o trabalho em conjunto. O facto de estarem com pessoas de outros países, de outras culturas, é uma mais-valia muito grande e ajuda-os a desenvolver como pessoas, principalmente quan-do acabarem o curso, começarem a trabalhar e perceberem que talvez Portugal seja pequeno demais para eles.

ISEP.BI Portugal tem uma ligação natural com os PALOPs. Qual é a potencialidade, para além da língua, que vê na aposta nestes países?J.S. Em relação à ligação aos PALOPs, do meu ponto de vista, trata-se de uma obrigação de Portugal, até mesmo pela história colonial. Há um vínculo histórico, uma obrigação de colaboração de uma forma mais próxima com os países africanos de língua portuguesa e com Timor--Leste também. É óbvio que alguns destes países passam por situa-ções muito complicadas, muitos com situações de extrema pobreza, dificuldades financeiras. Neste sentido, temos alguns projectos de aco-lhimento de alunos, por exemplo, de São Tomé e Príncipe, juntamente com a Universidade de Madrid e com a Repsol. Este projecto permite que os São Tomenses estudem no ISEP com uma bolsa de estudo, que lhes paga grande parte dos gastos e, o último ano do curso, é feito em Madrid, financiado integralmente pela Repsol. Este último ano é

feito na Escola de Minas de Madrid, com algumas unidades curriculares específicas de pesquisa e extracção de petróleo. A ideia é formar pro-fissionais e quadros técnicos superiores que depois possam voltar ao seu país, dar o seu melhor e poder colaborar no desenvolvimento da indústria. São Tomé e Príncipe é, no caso do petróleo, um país muito deficitário em termos de quadros técnicos superiores e, dado que tem um grande potencial na exploração de petróleo é, sem dúvida, uma mais-valia para o país.

ISEP.BI Já falamos um pouco nos mercados externos à Europa... Para que mercados aponta a aposta no futuro?J.S. Sem dúvida para a América Latina. Temos vindo a granjear uma óp-tima relação com o Brasil, que ficou expressa aquando da organização das Jornadas Luso-Brasileiras de Engenharia. Temos bastantes investi-gadores brasileiros a trabalhar cá, temos alunos em mobilidade ao abri-go de protocolos específicos de cooperação. Houve mesmo um grupo de alunos brasileiros, de electrotecnia, que ouviram falar do ISEP e do prestígio que tem, e propuseram-se a vir estudar para cá. Claro que por trás estão projectos de investigação e parcerias, mas é o processo de internacionalização a funcionar.

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A NOSSA TECNOLOGIA 23

CARLOS VAZ DE CARVALHO

Flexibilidade, motivação e exigência. Estas são as três palavras--chave directamente associadas ao conceito de e-learning. Para Carlos Vaz de Carvalho, responsável pelo GILT, o grupo de investigação do ISEP mais envolvido no desenvolvimento do e-learning, esta nova forma de aprendizagem tem inúme-ras vantagens como complemento ao Ensino convencional. O segredo está em conhecer bem o público-alvo, e em direccio-nar as ferramentas do e-learning para aqueles que realmente necessitam delas. O objectivo? Melhorar a motivação, os resul-tados dos alunos e manter o conceito de escola e o espírito académico sempre vivos.

“NÃO SE TRATA DE FACILITAR, MAS SIM DE FLEXIBILIZAR”

Começou a trabalhar no e-learning em 1996, mas admite que, só desde há oito anos a esta parte, o conceito começou a ganhar forma e a habi-tar os projectos de investigação das escolas de Ensino Superior de uma forma mais assertiva. Carlos Vaz de Carvalho começou, desde muito cedo, a trabalhar em projectos de investigação europeus, “praticamen-te desde que saí da faculdade”, conta. E este espírito de iniciativa per-mite-lhe, hoje, levar os projectos do GILT a candidaturas internacionais e a alcançar financiamento para projectos que têm dado os seus frutos.

Mas, de uma forma muito simples, como podemos definir o e-learning? “Trata-se da utilização de algum tipo de tecnologia para apoiar a apren-dizagem, seja apenas como complemento, como é o caso do ISEP, em que temos a aprendizagem presencial e os professores se apoiam numa plataforma de e-learning. Nestas plataformas podem colocar conteúdos e têm à disposição ferramentas de comunicação com os alunos, que também podem submeter os seus trabalhos online”. Ou então, acres-centa o responsável pelo GILT, “podemos ser um bocadinho mais ambi-ciosos e usar a tecnologia para suportar, de forma total, a aprendizagem”.

Segundo explicou ao BI Carlos Vaz de Carvalho, as vantagens do e--learning prendem-se, essencialmente, “com a flexibilidade no tempo, no espaço, e em termos de conteúdos curriculares”. Ou seja, o aluno pode estar em casa, não tem necessidade de vir à escola, para assistir a uma aula, e pode frequentar as aulas no espaço que prefere, no tempo em que prefere. Segundo o investigador, este tipo de aprendizagem é muito útil, nomeadamente, “para os trabalhadores estudantes, que têm a vida profissional muito atarefada, uma vida pessoal, muitas vezes já com filhos, e que têm que conseguir conciliar o processo de aprendi-zagem com todos esses outros momentos da sua vida”.

Carlos Vaz de Carvalho vai ainda mais longe: “o recurso às ferramentas de e-learning é uma forma de ajudar a combater o insucesso escolar

que existe nos primeiros anos, ou mesmo o abandono”, afirma. E o mais importante é dirigir as ferramentas de e-elarning para quem realmente necessita delas, ou seja, de encontrar “ferramentas novas e que pode-rão ser mais motivantes para aqueles alunos que não correspondem ao modelo de aluno tradicional, que se desmotivam facilmente”, remata.

Para Carlos Vaz de Carvalho, um dos aspectos fundamentais no e-le-arning é determinação do público-alvo. Porque, para que uma esco-la tenha sucesso, os alunos têm de ser motivados, logo, é necessário “adaptar a nossa oferta ao nosso público, e criar vários modelos de aprendizagem diferentes”. O investigador explica que “podemos ter um modelo completamente à distância, em que tudo é feito à distân-cia, desde a inscrição, passando pelo contacto com o professor, ava-liação, tudo”. Ou então, um modelo repartido entre aulas presenciais e aulas à distância. Estas aulas complementares podem ser repartidas pelo semestre. “Por exemplo, para os trabalhadores estudantes, pode-mos pensar em reduzir o número de vezes que vêm ao ISEP. Têm de vir ao ISEP todas as semanas, porque é muito importante manter o con-tacto, mas não têm de vir todos os dias”.

O investigador quer ainda desmistificar a ideia de que o ensino em e--learning é facilitador. O que não é verdade, até porque, “o e-learning tem sempre que garantir a qualidade e, por isso, é preciso fazer mais para garantir a qualidade”. E cita um exemplo: “Há uns anos, fizemos um trabalho na área da gestão, em que comparamos uma disciplina em duas formas de ensino diferentes: presencial e b-learning. A meio, os alunos do b-learning começaram a queixar-se que tinham muito tra-balho; muito mais do que os alunos da formação presencial.

E-LEARNING FLEXIBILIZAR O ENSINO RUMO AO SUCESSO ESCOLAR

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24 A NOSSA TECNOLOGIA

RESPONSABILIZAÇÃO E AUTONOMIA

Responsabilização e autonomia do aluno são os grandes pressupostos do e-learning. Ou seja, “exigir que o aluno seja mais responsável e que assuma o controlo daquilo que faz”. “E, de facto, os alunos chegam ao fim e percebem que o esforço compensou. Aqui há responsabilidade, trabalho, motivação e satisfação”, explica o investigador do GILT.

E, perante o desenvolvimento galopante do e-learning e do ensino à distância, uma pergunta parece pertinente: não há o perigo de se per-der o conceito de escola como espaço físico e como entidade forma-dora de pessoas? Carlos Vaz de Carvalho não hesita na resposta: “por isso mesmo é que o público-alvo tem de ser muito bem escolhido, de forma a dirigirmos o e-learning a quem realmente interessa. Quem pode vir às aulas regularmente, nós queremos que continue a vir. Até porque uma escola como o ISEP tem uma vivência que ultrapassa em muito aquilo que é estritamente académico. Mas faz sentido, por exemplo, além dos trabalhadores estudantes, um aluno que já falhou uma disciplina, pode tentar fazê-la novamente, mas com recurso a e--learning, a recursos diferentes, pode ser que resulte melhor”.

No que respeita ao desenvolvimento deste tipo de ferramentas, o GILT tem vindo a desenvolver um trabalho concertado nos últimos anos. Carlos Vaz de Carvalho explica que o grupo está, neste momento, “a trabalhar em vários projectos que visam o desenvolvimento de con-teúdos para o e-learning. Temos um projecto que terminou agora, na área das redes, em que produzimos conteúdos educativos para uma pós graduação, a nível europeu. Há vários parceiros, entre os quais vá-rias universidades estrangeiras, e cada parceiro produz conteúdos de e-learning. Gestão de sistemas, gestão de redes, entre outros. O segun-do passo é que os alunos possam ter um diploma de cada um dos par-ceiros do projecto. Para já, criamos uma estrutura de módulos para que cada um destes módulos possa ser leccionado independentemente”.

Mas os projectos não se ficam por aqui. Ao nível da computação grá-fica, o investigador explica que desenvolveram os conteúdos de uma pós-graduação, usada por alunos do Uruguai e alunos do ISEP, da Ar-gentina, Espanha e Brasil.

Num futuro próximo, vai ainda ter início, em consequência de uma candidatura ao programa Alfa, o projecto GAVIOTA, que consiste na criação de ambientes virtuais, entre eles um laboratório de computa-ção gráfica e outro de realidade virtual. “O objectivo”, explica o respon-sável do GILT, “é perceber como é que podemos usar um laboratório de realidade virtual, para contactar com a sociedade em geral”. Para já, há um conjunto de iniciativas programadas, no sentido de tentar inte-grar público mais info excluído e com maiores dificuldades financeiras. Espanha, Alemanha, Brasil, Uruguai, Argentina, Honduras e Bolívia são os parceiros.

PROJECTOS INTERNACIONAIS EM DESTAQUE

O GILT tem em curso vários projectos internacionais na área do e-lear-ning. Mas Carlos Vaz de Carvalho destaca um “projecto da FCT que pro-cura estudar temas relacionados com objectos educativos”. Este pro-jecto tem por objectivo criar um repositório de objectos educativos, no qual os professores podem juntar todos os recursos que criaram para uma determinada disciplina, etiquetá-los e, assim, torná-los acessíveis a quem necessitar de os usar, sejam professores ou alunos.

E como surgem as ideias para novos recursos educativos? Carlos Vaz de Carvalho explica-nos que “os conteúdos partem da percepção de um conjunto de necessidades; seja para projectos, seja para formação... Já no caso de outras actividades, principalmente a nível científico, tem a ver com a nossa ligação com parceiros internacionais. Ao sabermos o que se passa no mundo, procurarmos também contribuir da melhor forma, com novos projectos”. Mas as ideias podem também partir dos alunos e ser aproveitadas pelo GILT. “Se um aluno tem uma ideia e nós achamos que tem pernas para andar, damos-lhes as ferramentas certas para desenvolverem os seus projectos”. Para o responsável do grupo de investigação, “trata-se de pensar sempre ao lado e de não seguir os caminhos tradicionais. Pensar, o que é que eu posso fazer de diferente para melhorar?”. Fundamental é também tentar desenvolver os projec-tos com os recursos mais acessíveis. “Temos uma filosofia que é tentar fazer sempre tudo com os dispositivos mais acessíveis. Eu posso ter um recurso que custa 500 mil euros, uma sala de realidade virtual, e que é muito engraçado, mas não pode sair daqui. E se a ideia é levar os pro-jectos para fora do ISEP e dizer às escolas que podem replicar o objecto, não faz sentido que não seja acessível, pois não cumpre o objectivo de chegar ao público-alvo”, remata.

Para o futuro, Carlos Vaz de Carvalho adianta que há perspectivas de novos projectos. “O nosso grupo funciona à base de projectos. Se não houver pro-jectos não há financiamento... e deixa de fazer sentido a existência do GILT”, conclui. Segundo o responsável, há dois projectos do grupo que aguardam aprovação da Comunidade Europeia. Resta apenas aguardar o resultado e acreditar que o futuro do e-learning irá continuar a passar pelo ISEP.

O FUTURO... À TECNOLOGIA PERTENCE

Numa outra vertente que, segundo Carlos Vaz de Carvalho, deve ser ex-plorada, o GILT está a coordenar o projecto europeu SELEAG, “que con-siste na utilização de jogos para aprendizagem, os chamados Serious Games, de forma a perceber como conseguimos colocar os conteúdos de entretenimento ao serviço do ensino/aprendizagem”, explica. O que o grupo fez foi criar um ambiente, em que o jogador e aluno se sinta di-vertido e motivado pelo jogo, e que aprenda sem sequer se aperceber. Neste caso, o conceito do SELEAG é estudar história, mais concretamen-te, os grandes eventos da Europa. É um jogo de aventura indicado para alunos do 7º ao 9º ano em que o jogador tem de explorar um contexto e falar com personagens. Temos três cenários: Descobrimentos, Revolu-ção Industrial e 2ª Guerra Mundial. O cenário da II Guerra Mundial já está completo e em fase de teste por professores qualificados.

Mas, de acordo com o responsável do GILT, “o ensino à distância vai muito além do e-learning, porque e-learning é o ensino à distância só com recurso a meios digitais”. O grupo de investigação sedeado no ISEP está, por exemplo, “a explorar a utilização de dispositivos de en-tretenimento para a associação ao Ensino”. Por exemplo, consolas de jogos. Carlos Vaz de Carvalho explica que “temos trabalho feito com consolas da Wii. Temos alunos de mestrado a usar comandos da Wii para experiências de física. O objectivo é perceber como é que posso usar um comando deste género para fazer experiências de física, em vez de usar um comando ou um rato.”

Aliás, uma das vertentes mais fortes do GILT é o suporte ao desenvolvi-mento de teses académicas (Doutoramento e Mestrado). Há cinco in-vestigadores do GILT a desenvolver o seu Doutoramento em e-learning, e o grupo já apoiou cerca de 20 teses de Mestrado nesta área. E, neste momento, há mais 25 alunos do Mestrado em Engenharia Informática do ISEP a desenvolver a sua tese, com investigadores do GILT, nesta área.

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BOLSAS DE MÉRITO ACADÉMICO

É com enorme prazer que o ISEP anuncia os sete vencedores de Bolsas de Estudo por Mé-rito referentes ao ano lectivo 2009-2010:

Nuno Luz (mestrado em Engenharia Informá-tica), Tiago Sousa (mestrado em Engenharia Electrotécnica – Sistemas Eléctricos de Ener-gia), Tiago Silva (licenciatura em Engenharia Informática), Mário Silva (mestrado em Enge-nharia Química), Carlos Lobo (licenciatura em Engenharia de Computação e Instrumenta-ção Médica), Irina Vieira (mestrado em Com-putação e Instrumentação Médica) e Álvaro Torrinha (mestrado em Engenharia Química).

A Bolsa de Estudo por Mérito é atribuída pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e visa reconhecer estudantes com aproveitamento escolar excepcional, que têm, simultaneamente, aproveitamento a todas as disciplinas e média igual ou superior a 16 valores.

PROJECTO FECOMPO: RESULTADOS FINAIS

O Centro de Investigação e Desenvolvimento em Engenharia Mecânica (CIDEM) começou a divulgar os resultados finais do projecto de investigação FECOMPO.

Desenvolvido por Luís Durão (coordenador), António Magalhães e Daniel Gonçalves, o projecto FECOMPO foi alvo de publicações em revistas internacionais como a Composi-te Structures (nº 92), Composite Materials (nº

EDUARDO TOVAR EDITA NÚMERO ESPECIAL DE REVISTA IEEEO director do Centro de Investigação em Sistemas Confiáveis e de Tempo-Real (CIS-TER), Eduardo Tovar, vai editar uma edição especial da reputada revista IEEE Transactions on Industrial Informatics, juntamente com Chenyang Lu (Washington University de St. Louis, EUA) e Raj Rajkumar (Carnegie Mellon University, EUA).

Intitulado “Cyber-Physical Systems and Coo-perating-Objects: the New Frontier for Embe-dded Systems”, este número especial da IEEE Transactions on Industrial Informatics será de-dicado à temática dos sistemas ciber-físicos e objectos cooperantes. Este é um dos tópicos mais estimulantes na actual investigação na área da Engenharia Electrotécnica e Informá-tica e manifesta a relevância do trabalho de-senvolvido no grupo de investigação do ISEP, que organizou, em 2008, o primeiro evento europeu dedicado ao tema dos sistemas ciber-físicos - a CPS-CA 08.

Os sistemas ciber-físicos e objectos coope-rantes descrevem o investimento científico e tecnológico em curso para conjugar o mundo real com sistemas computacionais. Este pro-cesso, que se encontra numa fase de matura-ção substancial, deixa antever uma revolução das tecnologias de informação superior à re-gistada no séc. XX.

1º MESTRE EM GESTÃO DE PROCESSOS E OPERAÇÕES

Francisco Silva tornou-se no primeiro mestre do ISEP em Gestão de Processos e Operações, após defesa do projecto “Aplicação da Técni-ca Análise do Valor a um Determinado Produ-to/Serviço”, no passado dia 20 de Julho.

Este projecto de mestrado aplica técnicas de análise de valor e métodos complementares a um serviço da indústria gráfica. Desenvolvi-do em ambiente académico e empresarial, a forte aplicação empresarial do projecto aju-dará, agora à, sua implementação progres-siva junto da entidade patronal do mestre Francisco Silva.

De acordo com Manuel Pereira Lopes, director do mestrado do Departamento de Engenha-ria Mecânica, a forte orientação empresarial é uma das vantagens do curso. Esta caracterís-tica, aliada ao regime lectivo em horário pós--laboral e à qualidade e experiência do corpo docente, são elementos diferenciadores da oferta formativa do ISEP.

A Gestão de Processos e Operações é uma integração de Engenharia e gestão industrial numa perspectiva de abordagem sistémica às organizações com vista a melhorar o seu de-sempenho global.

COOPERAÇÃO INTERNACIONAL À DISTÂNCIA DE UM CLIQUEGustavo Alves, docente do Departamento de Engenharia Electrotécnica e investigador no Núcleo de Investigação em Sistemas de Tes-tes (CIETI-LABORIS), participou, no passado dia 12 de Agosto de 2010, na inauguração de um novo laboratório remoto integrado na rede RexLab – à qual o ISEP pertence desde 2005.

Instalado na Faculdade da Associação Bene-ficente da Indústria Carbonífera (SATC) de Santa Catarina, Brasil, este novo laboratório oferece experiências remotas na área da me-cânica clássica (determinação de coeficiente de elasticidade de materiais) e da electrónica (modulação por largura de impulsos).

De acordo com a SATC, o RexLab permiti-rá “fazer experiências práticas comandadas pela internet e disponibilizadas na rede para entidades convencionadas. O novo laborató-rio funcionará 24 horas por dia, e será usado como forma de socializar o conhecimento”.

Na inauguração participaram, igualmente, os professores João Bosco da Mota Alves e Juarez Bento da Silva, responsáveis pelos la-boratórios remotos da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), igualmente integrados na rede RexLab.

Já no início de Outubro, Gustavo Alves lec-cionou duas aulas a partir do ISEP para alunos da UFSC. As lições foram proferidas via SKYPE, e recorreram a materiais pedagógicos e de apoio criados no ISEP, no âmbito do projecto PhysicsLabFARM.

44), Materials Science Forum (nº 636-637 e nº 638-642), assim como alvo de apresentações no 8º Congresso Nacional de Mecânica Expe-rimental, realizado em Guimarães, em Abril de 2010 ou a 14th European Conference on Composite Materials, que teve lugar em Bu-dapeste, em Junho de 2010.

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), este projecto permitiu es-tudar uma ferramenta adaptada à furação de laminados compósitos com resina epóxida; criar plataformas baseadas na visão compu-tacional para análise da extensão do dano; desenvolver um modelo de elementos finitos para simulação da operação de furação.

BREVES

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INVESTIGADORES DO GECAD VENCEM ELIMINATÓRIA POLIEMPREENDEAntónio Meireles e Carlos Filipe Freitas, in-vestigadores do Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à De-cisão (GECAD), e docentes no Departamento de Engenharia Informática (DEI), venceram a eliminatória do Poliempreende 2010, realiza-da no Politécnico do Porto.

O projecto apresentado, corresponde a um sis-tema de avaliação e controlo inteligente para ambientes de produção agrícola e industrial. Trata-se de uma rede sensorial distribuída, capaz de reconhecer automaticamente o am-biente e reagir em conformidade. Um exemplo prático, consiste no sistema de rega de uma exploração agrícola que, em caso de previsão de chuva, deixa de actuar poupando recursos.

O projecto tem como base uma rede de sen-sores distribuídos, capazes de mútua interac-ção e de elevada modularidade. O sistema plug & play dispõe de uma configuração pas-sível de utilização por um público alargado, já que dispensa qualquer tipo de configuração por parte do utilizador.

DEM RECEBEU MAISMETAL

Judite Mendes, administradora da Maismetal, visitou o Departamento de Engenharia Mecâ-nica (DEM). A empresa metalomecânica tem já um longo registo de colaboração com o ISEP, em projectos que vão da organização de eventos técnico-científicos ao acolhimento de estágios curriculares.

Entre as oportunidades de cooperação entre o DEM e a Maismetal destaque para: a orga-nização da conferência Business Sustaina-bility, onde o ISEP surge como organizador e a Maismetal é um dos patrocinadores; a colaboração activa ao nível da consultadoria realizada pelo DEM; o desenvolvimento de

projectos no âmbito do grupo de ressonância do projecto europeu Lean Learning Academy.

A presença de Judite Mendes serviu ainda para discutir áreas de actuação para a reali-zação de estágios académicos inseridos nos projectos de mestrado do DEM.

Com uma forte tradição de cooperação com o tecido empresarial, o ISEP mantém-se disponí-vel para encontrar soluções de Engenharia que acrescentem valor ao tecido produtivo nacional.

LSA PARTICIPA NO PROJECTO GEOMADO investigador Carlos Almeida, do Laboratório de Sistemas Autónomos (LSA), participa no projecto Geomad, tendo integrado uma das missões de reconhecimento do arquipélago da Madeira.

A equipa do Geomad, composta por 27 peritos europeus, esteve durante 10 dias em Setem-bro, no arquipélago da Madeira, para fazer um

MESTRANDO ISEP NA TRANSACTIONS ON LEARNING TECHNOLOGIESNuno Sousa, mestrando em Engenharia Elec-trotécnica e Computadores, publicou o artigo “An Integrated Reusable Remote Laboratory to Complement Electronics Teaching”, na re-vista Transactions on Learning Technologies.

O artigo apresentado na edição de Julho-Se-tembro desta publicação do Institute of Elec-trical and Electronic Engineers (IEEE), aborda a investigação desenvolvida no projecto de mestrado na área de Automação e Sistemas. Nuno Sousa descreve a bancada laboratorial remota para o ensino da electrónica conce-bida e implementada sob orientação de Ma-nuel Gericota e Gustavo Alves.

Esta tecnologia permite acesso remoto a ré-plicas exactas, dos diferentes trabalhos pro-postos nas aulas laboratoriais das unidades curriculares de Electrónica, permitindo exe-cutar, à distância, os projectos iniciados em contexto de aula presencial

O trabalho de Nuno Sousa destaca-se dos res-tantes laboratórios remotos existentes, pela sua simplicidade de utilização, e capacidade de reutilização sem necessidade de altera-ções na infra-estrutura base.

MEIT 2010O Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) dinamizou, entre 19 e 30 de Setembro, a Mechanical Engineering International Tour (MEIT 2010). A edição deste ano levou a equi-pa do ISEP ao Norte de Itália.

A delegação, composta por 36 estudantes e docentes do DEM, aproveitou a visita de estu-do técnica para conhecer de perto empresas de referência na área metalúrgica e metalome-cânica, destacando-se empresas do sector au-tomóvel como a Fiat, Ducati, Maserati, Lambor-ghini e Ferrari. A equipa do ISEP pôde observar processos de fabrico altamente produtivos e totalmente automatizados – alguns dos quais inexistentes em Portugal – visitar museus liga-dos à história do automóvel e conhecer um pouco da riqueza sociocultural italiana.

Exemplo do ensino próximo das empresas e apostado na internacionalização de oportu-nidades, a MEIT 2010 permitiu um enriqueci-mento técnico significativo de todos os parti-cipantes. Não só possibilitou o contacto com modelos de organização industrial evoluídos, como permitiu um intercâmbio cultural e po-tenciou um momento único de confraterniza-

BREVES

levantamento exaustivo de fenómenos mete-orológicos e levantamentos gravimétricos.

Sendo o primeiro estudo do género no arqui-pélago, e um dos maiores jamais realizados na Madeira, o Geomad incidiu na recolha de da-dos climatéricos e cartográficos, que possibi-litem uma maior previsibilidade de desastres climatéricos e o cálculo do geoide na zona da Ilha da Madeira.

Financiado em 200 mil euros por fundos eu-ropeus, este projecto é da responsabilidade do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental e da Universidade da Madeira, integrando ainda investigadores do LSA, Instituto de Meteorologia, Museu da Ba-leia, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Service des Avions Français Instru-mentés pour la Recherche en Environnement (SAFIRE) e Island Wakes.

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27BREVES

AIRES RECEBE MENÇÃO HONROSA EM COMPETIÇÃO ISCTE-MITO júri da ISCTE-IUL MIT-Portugal Venture Competition atribuiu uma menção honrosa ao projecto Advanced Intelligence Risk Eva-luation System (AIRES), pelo seu carácter ino-vador e potencial de criação de valor a partir de uma base tecnológica. O produto, desen-volvido por uma equipa liderada pelo investi-gador do GECAD, Armando Vieira, beneficiará agora da parceria com a Caixa Capital para a sua promoção comercial.

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NAS ESTRADAS NACIONAIS

O Departamento de Engenharia Electrotéc-nica (DEE) celebrou, recentemente, um pro-tocolo de consultadoria com a Ascendi, con-cessionária de uma rede de auto-estradas da zona Norte e Centro de Portugal, com vista à realização de estudos técnicos sobre ilumina-ção pública viária.

A parceria entre o ISEP e a Ascendi visa a ela-boração de um parecer técnico, sobre a via-bilidade e mais-valias da instalação de ilumi-nação pública, recorrendo à tecnologia LED no IP2, entre Vale Benfeito e a Junqueira. O recurso a este novo paradigma de iluminação, beneficia de uma inovação tecnológica para potenciar resultados em termos de eficiência energética nas estradas nacionais, mantendo a máxima segurança rodoviária.

Esta colaboração é mais um exemplo das oportunidades de cooperação entre o ISEP e as empresas portuguesas para a implementação de soluções técnicas de vanguarda. O estudo é coordenado por Beleza Carvalho, director do DEE, e conduzido pelos peritos do Departa-mento, Roque Brandão e Sérgio Ramos.

GECAD NO AAL4ALLO Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GECAD) participa no projecto de investigação, que visa o desenvolvimento de um ecossistema industrial para a massificação de produtos e serviços na área de Ambient Assisted Living.

O projecto Ambient Assisted Living for All (AAL4ALL) prevê o desenvolvimento de re-quisitos técnicos e especificações de padrões, que possibilitem a criação de produtos e ser-viços de AAL certificados. A principal contri-buição do GECAD, no âmbito deste projecto, respeita à especificação de uma arquitectura e framework. O grupo do ISEP contribuirá com conhecimentos no domínio da representação

NOVOS DIRECTORES DFI E DOGNatércia Pereira Machado Lima e José Alberto Madureira Salgado Rodrigues são os novos di-rectores dos departamentos de Física (DFI) e de Organização e Gestão (DOG), após eleição a 25 de Novembro.

Na cerimónia de tomada de posse, que decor-reu a 13 de Dezembro, o presidente do ISEP, João Rocha, agradeceu aos directores cessan-tes e desejou as maiores felicidades aos novos directores. Recordando que os Estatutos do ISEP vieram ajudar a clarificar o normal fun-cionamento dos cargos, João Rocha apelou ainda ao espírito de colaboração, manifes-tando que a presidência tudo fará para ajudar encontrar soluções para os desafios que se avizinham, de modo a continuar a elevar o ISEP a patamares superiores.

Natércia Lima foi eleita directora do DFI com 66% dos votos registados. Por seu turno, a lis-ta de Alberto Rodrigues à Direcção do DOG recolheu 82% dos votos.

e extracção de conhecimento, usando onto-logias e métodos de data mining, consideran-do as dimensões espácio-temporais da infor-mação/conhecimento.

Com um orçamento global superior a oito milhões de euros, o projecto AAL4ALL con-ta com contributos de organizações como a Fraunhofer Portugal, Critical Health, PT Inova-ção, Sonaecom, Universidade do Minho, Uni-versidade Nova de Lisboa, ISCTE, Universidade do Porto, INESC Porto, entre outras. Nuno Silva é o coordenador dos trabalhos no GECAD.

ção entre estudantes e docentes. Para a orga-nização, a visita comprovou ser um sucesso, tendo sido ressalvado o “elevado sentido de responsabilidade dos estudantes”.

ESTUDO DE LUÍS OLIVEIRA DESTACADO PELO AMERICAN INSTITUTE OF PHYSICSO artigo “Rat Muscle Opacity Decrease Due to the Osmosis of a Simple Mixture”, de Luís Oliveira, docente do Departamento de Física (DEFI), foi publicado no Journal of Biomedical Optics, da International Society for Optics and Photonics (SPIE). Este trabalho, desenvolvido em parceria com Armindo Lage, Universidade do Porto, Manuel Pais Clemente, Centro de Ciências e Tecnologias Ópticas, e Valery V. Tu-chin, Saratov State University, Rússia, foi igual-mente seleccionado pelo American Institute of Physics como referência da investigação em Física aplicada à Biologia.

Este artigo resulta da investigação inicial-mente realizada por Luís Oliveira, durante o mestrado em Engenharia Biomédica e incide no estudo dos efeitos clarificantes que vários agentes osmóticos conseguem produzir em tecidos biológicos, que por natureza apre-sentam grande turbidez à passagem da luz. Como conclusões deste projecto, verificou-se que o tratamento dos tecidos com os agentes osmóticos clarificantes aumenta, significati-vamente, a transparência do tecido biológico, sem danificar a estrutura do mesmo.

As mais-valias da Engenharia Biomédica são uma das vertentes passíveis de exploração no mestrado em Computação e Instrumentação Médica do ISEP.

O AIRES foi o principal resultado do projecto de investigação “Improving Financial Risk Analysis with Advanced Data-Mining Tools (IFRA)”, de-senvolvido pelo GECAD sob a orientação de Armando Vieira. O sistema usa técnicas de clas-sificação de dados, tais como redes neuronais ou máquinas de vectores de suporte, em áreas associadas ao risco financeiro e apoio à deci-são, nomeadamente na previsão de falências.

Criado para premiar projectos de cariz tecno-lógico, que revelem uma forte componente inovadora e potencial para abarcar mercados globais, esta primeira edição do ISCTE-IUL MIT-Portugal Venture Competition recebeu um total de 95 candidaturas e envolveu mais de 360 participantes.

Além de Armando Vieira, a equipa que de-senvolveu o AIRES integra João Carvalho das Neves, do Instituto Superior de Econo-mia e Gestão, e Bernardete Ribeiro, da Uni-versidade de Coimbra.

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Depois de um dia de trabalho stressante, muitos trabalhadores aguar-dam com expectativa a aproximação do fim de dia, do fim-de-semana ou das férias. É durante estes períodos de afastamento das exigências laborais que os trabalhadores têm a possibilidade de se recuperarem, e de restabelecerem os recursos que perderam ao longo do dia de traba-lho. Os benefícios deste processo de recuperação para a saúde e bem--estar do indivíduo têm sido comprovados pela investigação, sendo a relação com o desempenho profissional ainda pouco consistente.

Este trabalho insere-se nesta linha de investigação, tendo como ob-jectivo avaliar o impacto dos processos psicológicos (distanciamento psicológico, experiências de relaxamento, experiências de aprendiza-gem e controlo dos tempos livres) e do sono no estado de recupera-ção matinal e o impacto deste nas flutuações diárias do desempenho profissional (desempenho das tarefas, iniciativa pessoal, engagement e esforço necessário para realizar as tarefas). A investigação foi reali-zada com um grupo de 80 professores que, durante duas semanas consecutivas, responderam a dois questionários diários, um antes do inicio do trabalho, avaliando os processos psicológicos e o estado de recuperação matinal, outro no final do dia, avaliando as variáveis do desempenho profissional.

Os resultados do modelo de equações estruturais revelaram que, ape-nas as experiências de relaxamento e o sono influenciam o estado de recuperação matinal deste grupo de sujeitos. Evidenciaram ainda a existência de uma relação positiva e significativa entre estado de recu-peração matinal e desempenho das tarefas, iniciativa pessoal e enga-gement e uma relação negativa e significativa com o esforço necessá-rio para o desempenho das tarefas.

HÁ VIDA PARA LÁ DO TRABALHO:A RELAÇÃO ENTRE A RECUPERAÇÃO DE RECURSOS E O DESEMPENHO PROFISSIONAL

NomeMaria Alexandra Pacheco Ribeiro da Costa

Área CientíficaCiências do Trabalho

OrientadorCarlos Guillén Gestoso (Univ. de Cádiz) e José María León Rubio (Univ. de Sevilha)

LocalUniversidade de Cádiz (Espanha)

Data da ProvaSetembro 2010

PROVAS DE DOUTORAMENTO

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29PROVAS DE DOUTORAMENTO

Este trabalho visa contribuir para o aumento da eficácia do ensino de Física Introdutória, no contexto particular de Escolas de Engenharia. O estudo decorreu no ISEP, ao longo de sete semestres de intervenção, numa era pré-Bolonha e foi constituído por três estudos que se com-plementam:

Constatou-se que as modificações incrementais permitem uma construção iterativa de um currículo mais coeso, melhor alinhamento entre objectivos de aprendizagem, tarefas e me-diação adequada, possibilitando uma melhor integração dos conhecimentos, observada através do impacte positivo a nível dos resultados académicos dos alunos.

Uma mediação baseada nos factores de eficácia identificados na literatura, incorporados de forma integrada e harmoniosa permite obter melhores resultados em todo o tipo de alunos. Identificaram-se alguns traços de mediação dos professores em sala de aula capazes de promover aprendizagens de maior qualidade, nomeadamente quanto a resultados escolares, de-senvolvimento de competências e envolvimento dos alunos.

A reflexão sobre a prática permite fundamentar (através de relatos vivos) aspectos da mediação efectiva de um professor que resultam e outros que podem ser melhorados, e mostrar a sua pertinência a outros colegas.

Estes três estudos foram articulados permitindo contribuir para uma melhoria das sequências de ensino, das práticas efectivas e dos resul-tados de aprendizagem. Constatou-se ainda que a mediação dos pro-fessores pode ser distinta em tipos de aula diferentes, no entanto os traços de mediação que mais afectam a aprendizagem dos alunos não variam de forma sensível com os tipos de aula.

IDENTIFICAR E TESTAR FACTORES DE EFICÁCIA NO SENTIDO DE MELHORAR AS PRÁTICAS DE ENSINO DE FÍSICA EM ENGENHARIA NO ENSINO SUPERIOR

NomeMaria Clara Neves Cabral da Silva Moreira Viegas

Área CientíficaCiências Físicas (Didáctica da Física)

OrientadorJoaquim Bernardino de Oliveira Lopes (UTAD) e Manuel Azevedo (ISEP)

LocalUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)

Data da ProvaJulho 2010

Este trabalho de doutoramento foi dedicado a problemas de progra-mação semi-infinita (PSI) não linear, na sua forma mais geral. Os proble-mas considerados são caracterizados por possuírem um número finito de variáveis e um conjunto infinito de restrições.

Nas últimas décadas foram apresentados vários algoritmos para pro-blemas de PSI. Contudo, não há muito software disponível e nenhum fornece uma implementação de um método pertencente à classe de redução. Os métodos de redução possuem as melhores propriedades teóricas de convergência e são, também, os mais exigentes em termos numéricos, uma vez que exigem a resolução de problemas auxiliares.

UM MÉTODO DE REDUÇÃO PARA PROGRAMAÇÃO SEMI-INFINITA NÃO LINEAR BASEADO NUMA TÉCNICA DE PENALIDADE EXACTA

NomeAlzira Maria Teixeira da Mota

Área CientíficaEngenharia Industrial e de Sistemas

OrientadorAntónio Ismael de Freitas Vaz

LocalUniversidade do Minho

Data da ProvaJulho 2010

1)

2)

3)

Neste trabalho foi proposto um algoritmo de redução local baseado na técnica de penalidade. A função usada considera uma extensão de uma função de penalidade de norma - aumentada. A escolha desta função de penalidade deve-se à obtenção de melhores resultados nu-méricos em comparação com as funções de penalidade baseadas na norma um e dois da violação das restrições. Apresentou-se um estudo das propriedades teóricas da função de penalidade estendida.

Foi feita uma implementação do algoritmo de redução local proposto. O solver desenvolvido é designado por SIRedAl (Semi-Infinite Reduc-tion Algorithm). Este solver foi implementado em MATLAB e é capaz de resolver problemas de PSI na forma mais geral com dimensão infinita máxima de dois. O código do solver usa dois algoritmos diferentes na minimização da função de penalidade, e dois na resolução dos proble-mas multi-locais. O solver foi testado com 117 problemas teste da base de dados SIPAMPL e os resultados numéricos confirmaram a potencia-lidade do algoritmo proposto.

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30 PROVAS DE DOUTORAMENTO

O trabalho apresentado nesta tese, descreve um sistema de sonar de abertura sintética interferométrico de alta resolução para uso em pe-quenas embarcações ou veículos autónomos de superfície. Este siste-ma foi desenvolvido tendo como objectivo o seu uso em áreas sub-mersas com águas pouco profundas tais como rios, lagos ou estuários.

A abertura sintética é uma técnica que permite obter imagens de so-nar de alta resolução, independentemente da distância aos alvos e fre-quência dos sinais, por combinação coerentemente de ecos obtidos em posições sucessivas. Usando imagens obtidas a partir de profun-didades diferentes e técnicas de interferometria é possível, também, obter um mapa de elevação da área observada.

A combinação coerente dos dados impõe, no entanto, restrições duras para os erros de fase devidos à instabilidade do movimento da plata-forma e meio de propagação durante a aquisição dos ecos, podendo impedir a correcta síntese da imagem. A abordagem seguida neste trabalho foi de explorar técnicas de abertura sintética usando apenas um receptor e as estimativas de posições obtidas directamente a partir do sistema de navegação do veículo. Técnicas de focagem avançadas permitem posteriormente reduzir o impacto dos erros de fase na sín-tese da imagem.

O mapeamento de áreas submersas é uma tarefa importante para áre-as de aplicação tais como a navegabilidade de rios ou manutenção de infra-estruturas submersas. A formação de imagens sonar de abertura sintética e a obtenção de mapas batimétricos é ilustrada a partir de dados obtidos em missões de teste no rio Douro.

SONAR DE ABERTURA SINTÉTICA INTERFEROMÉTRICO APOIADO POR SATÉLITE

É possível prever um mundo onde estaremos rodeados por centenas ou até mesmo milhares de pequenos nós computacionais densamente instalados. Cada um destes nós será de dimensões muito reduzidas e possui capacidades para obter dados directamente do ambiente atra-vés de sensores e transmitir informação via rádio. Perante tal cenário, o problema de lidar com a considerável quantidade de informação gera-da por todos estes nós emerge como um desafio de grande relevância.

Este trabalho de investigação prova que é possível obter quantidades agregadas com uma complexidade temporal que é independente do número de nós computacionais envolvidos, ou cresce muito lenta-mente quando o número de nós aumenta. Isto é conseguido através uma co-concepção dos algoritmos para obter quantidades agregadas e do sistema de comunicação subjacente.

EFFICIENT AGGREGATE COMPUTATIONS IN LARGE-SCALE DENSE WIRELESS SENSOR NETWORKS

NomeNuno Alexandre Magalhães Pereira

Área CientíficaEngenharia Informática

OrientadorEduardo Tovar (ISEP) e Paulo Manuel Martins de Carvalho (UM)

LocalUniversidade do Minho

Data da ProvaSetembro 2010

Os resultados apresentados neste trabalho são relevantes porque sis-temas emergentes de redes de sensores sem fio são frequentemente concebidos para ser densos e de larga escala. É exactamente nestes casos que os algoritmos propostos para obter quantidades agregadas de forma eficiente apresentam maiores vantagens. A implementação e teste destes algoritmos distribuídos numa plataforma especialmente desenvolvida para o efeito demonstram que de facto podem ser ob-tidas quantidades agregadas de forma eficiente, mesmo em sistemas densos e de larga escala.

Este trabalho de investigação, desenvolvido no Centro de Investigação em Sistemas Confiáveis e de Tempo Real (CISTER) do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP/IPP), foi apresentado perante um painel de avaliação, onde o principal arguente é actualmente um dos mais reconhecidos especialistas na área: O Professor Doutor Tarek F. Abdel-zaher, da Universidade de Illinois, EUA.

NomeSérgio Rui dos Santos Barbosa Oliveira da Silva

Área CientíficaElectrónica e Processamento de Sinal

OrientadorSérgio Reis Cunha (FEUP)

LocalFaculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Data da ProvaJunho 2010

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