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À CONVERSA COM... Net.sa - José de Almeida Martins, DIrector Geral DE FORA CÁ DENTRO Matos Fernandes - Presidente da APDL DEPOIS DO ISEP Carlos Palhares pessoas: A bAse De uMA grande escola

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Boletim Informativo do Instituto Superior de Engenharia do Porto.

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Page 1: ISEP.BI 11

À CONVERSA COM...Net.sa - José de Almeida Martins, DIrector Geral

DE FORA CÁ DENTROMatos Fernandes - Presidente da APDL

DEPOIS DO ISEPCarlos Palhares

pessoas: A bAse De uMA grande escola

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02 ÍNDICE

06 EvENtos

10 à CoNvErsa Com...

21 INvEstIGaÇÃo à LUPa

16 DEstaQUE

03 EDItorIaL» editorial

04 a rEtEr» João Rocha reeleito presidente do IseP» Novas ofertas formativas » LsA compete na RObOCuP 2010» explorar o mar com criatividade e conhecimento

10 à CoNvErsa Com...» Net.sa - José de Almeida Martins, Director Geral

14 DE Fora CÁ DENtro» Matos Fernandes, Presidente da APDL

21 INvEstIGaÇÃo à LUPa» Projecto ReCOMP : CIsTeR

16 DEstaQUE» eixos estratégicos: Pessoas

24 a Nossa tECNoLoGIa» Projecto Physics LabFARM

28 brEvEs» Tecnologia nas portas da europa» Cister avança pedido de patente nos estados unidos» engenharia Civil continua a elevar padrões» GeCAD inicia projecto WORLD seARCH» Criar soluções tecnologias para PMe» Por um futuro sustentável» Departamento de engenharia Mecânica elege director» Conhecimento inclusivo» Mestre DeI recebe menção honrosa TLeIA» Congresso de Geotecnia com participação activa do IseP» CIDeM mostra avancos da mecânica exprimental» AP3e distingue Mestre do DeG

31 Provas DE DoUtoramENto» Ana Isabel Pereira de Moura» Pedro Miguel Areal

06 EvENtos» International CDIO Conference » Cister promoveu encontro da CONeT» QTDeI - “Arquitecta empresarial”» Cloudviews 2010 . Cloud ecosystem» 3as Jornadas electrótécnicas - Máquinas e Instalações eléctricas» IseP fora de portas

26 DEPoIs Do IsEP» Carlos Palhares

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03EDItorIaL

IsEP.BI 11_Ficha técnica

ProPriedade IseP - Instituto superior de engenharia do Porto direcÇÃo João Manuel simões Rocha ediÇÃo IseP|DCI - Divisão de Cooperação e Imagem redacÇÃo Alexandra Trincão, Flávio Ramos & Mediana deSiGn IseP - DCC - GD .2010iMPreSSÃo Gráfica, Lda tiraGeM 1.500 exemplares dePÓSito LeGaL 258405/10contactoS IseP|DCI - Divisão de Cooperação e Imagem » Rua Dr. António bernardino de Almeida, nº 431 | 4200-072 Porto - Tel.: 228 340 500 » Fax.: 228 321 159 » e-mail [email protected]

EDITORIAL

As organizações são feitas por pessoas e para as pessoas. e o IseP não é excepção. Nesta décima primeira edição do IsEP.BI realçamos a importância da massa humana que constitui a nossa comunidade. Desde os alunos, passando pelos docentes e os demais colaboradores, fazemos um levantamento de todas as acções que têm sido desenvolvidas em prol dos nossos recursos humanos e da percepção da comunidade acerca desta realidade.

empreendedorismo poderia muito bem ser a segunda palavra-chave desta edição do IsEP.BI. Quer pelos entrevistados que escolhemos para estas páginas, pelas suas palavras, quer pelos projectos que aqui desvendamos. Todos os recantos deste boletim têm impressa a convicção de que o espírito empreendedor é o futuro.

É precisamente esse espírito que o IseP quer imprimir aos seus alunos. Mostrar-lhes que devem sempre ser proactivos e ter a noção de que o sucesso do seu trabalho depende das suas atitudes e dos seus projectos. Numa altura em que um novo ciclo se inicia, é fundamental dar aos alunos as directivas correctas para que percorram o caminho do sucesso desde o início.

Os nossos convidados são muito diversificados. O Presidente da APDL fala-nos da necessidade de proactividade para vingar nos dias de hoje e na versatilidade que um engenheiro deve ter para alcançar a plenitude nas suas tarefas e na sua própria realização pessoal e profissional. Aos jovens engenheiros dirige alguns conselhos para o alcance destes propósitos e deixa transpare-cer o apreço pelo IseP e o desejo do desenvolvimento de futuros projectos em conjunto.

Nesta edição, realçamos também o que é feito “dentro de portas”. Abordamos o Physics Labfarm, um projecto que permite aos alunos um maior acompanhamento sobre o que é feito nos labo-ratórios do IseP promovendo uma aprendizagem contínua e que se pretende mais eficaz. Com este projecto, que entrará em funcionamento neste ano lectivo, os alunos poderão realizar uma panóplia de experiências de Física, numa espécie de laboratório remoto. Da informática, vamos conhecer o ReCOMP, um projecto europeu em que o CIsTeR está envolvido e que promete ope-rar uma verdadeira revolução na área dos sistemas computacionais.

Para último, deixamos mais um exemplo de empreendedorismo. Nomeado como role model no projecto Porto de Futuro, Carlos Palhares, ex-aluno do IseP, aceitou o convite do IsEP.BI para contar um pouco da vida e do percurso que lhe valeram a distinção.

Após estas coordenadas, que representam apenas um pequeno resumo daquilo que poderá en-contrar nas próximas páginas, não será difícil guiar-se pelo nosso mundo. uma vez mais quere-mos dar a conhecer um IseP com projectos e ideias de futuro e cujo objectivo principal é formar alunos e cidadãos conscientes.

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04 a rEtEr

O presidente do IseP, João Rocha, foi reeleito para um segundo man-dato à frente da instituição. Para o segundo mandato, João Rocha faz--se acompanhar por Joana sampaio e José barros Oliveira, mantendo, assim, a sua equipa de vice-presidentes.

As eleições decorreram a 15 de Abril de 2010. João Rocha submeteu--se a escrutínio como único candidato, tendo recolhido uma exemplar demonstração de confiança, expressa nas seguintes votações: 81% en-tre funcionários docentes e investigadores; 72% entre funcionários não docentes; e 61% entre estudantes, num acto eleitoral cuja participação rondou os 68% entre colaboradores IseP, facto especialmente significa-tivo por se tratar de candidatura única.

João Rocha cumpriu o seu primeiro mandato à frente do IseP entre 2007 e 2010. De acordo com o presidente reconduzido pelo IseP, a decisão em se recandidatar surgiu da vontade de superar novos desafios e consolidar a aposta na abertura da instituição, tornando-a mais competitiva.

Para o novo mandato a garantia de manter um forte espírito de con-tinuidade. De acordo com o programa de candidatura, a nova Presi-

dência espera contribuir para uma organização moderna e inteligente, assente no seu potencial humano, atenta às expectativas da sociedade e dos seus parceiros e aos desafios de um mundo crescentemente in-ternacionalizado e competitivo. Para tal, os eixos estratégicos dinâmi-cos para o mandato de 2010-2014 são: Formação; Pessoas; Investiga-ção; Internacionalização; Comunicação e Promoção; Requalificação do Campus; Gestão Operacional; Gestão estratégica.

A cerimónia pública de tomada de posse teve lugar no dia 11 de Maio de 2010, beneficiando das novas tecnologias de informação e comuni-cação para difusão em directo pela internet. este evento contou com a presença da presidente do Politécnico do Porto, Rosário Gambôa, e primou pela sua simplicidade e brevidade.

De acordo com os estatutos do IseP, João Rocha vai liderar o Instituto nos próximos quatro anos (2010-2014). O presidente do IseP é o res-ponsável máximo da instituição, responsável pela condução política e representação externa, sendo eleito por sufrágio universal entre o con-junto de docentes e investigadores, funcionários não docentes e não investigadores e estudantes.

JOÃO ROCHA ReeLeITO presIdenTe do Isep

novas OFeRTAs FORMATIvAs A globalização, a volatilidade dos mercados financeiros e a mudança

acentuada no paradigma industrial impõem às empresas nacionais de-safios cuja resposta passa pela aposta no desenvolvimento de produtos de base tecnológica mais complexos e com maior valor acrescentado. Para sobreviver e prosperar num mercado agressivo e dinâmico, é fun-damental melhorar a produtividade, eficiência e competitividade. Para tal, será necessário possuir recursos humanos capazes de gerir equipas multidisciplinares, optimizar estruturas e processos e ter capacidade de inovação. O licenciado em engenharia de sistemas irá assumir este papel importante e fará a diferença.

A licenciatura em engenharia de sistemas visa formar profissionais que aliam conhecimentos gerais de ramos importantes da engenharia clás-sica com uma sólida formação de base em ferramentas da matemáti-ca, competências específicas de gestão empresarial e organizacional, bem como com a configuração, adaptação e utilização de ferramen-tas informáticas. Para garantir que os conhecimentos, capacidades e competências dos licenciados correspondam às reais necessidades das empresas, esta licenciatura tem como parceira a maior associa-ção empresarial do norte de Portugal, a AeP – Associação empresarial de Portugal, e está organizada com base nos princípios do CDIO, um consórcio promovido pelo MIT e algumas das melhores universidades mundiais, do qual o IseP é membro oficial juntamente com mais de 50 outras instituições de ensino superior.

O licenciado em engenharia de sistemas pelo IseP será essencialmente um profissional de engenharia capaz de gerir equipas multidisciplina-res. Algumas das muitas áreas de trabalho contemplarão a indústria e os serviços nos domínios da saúde, energia, sustentabilidade, inovação e administração, onde as capacidades e competências adquiridas no curso farão a diferença. O projecto/estágio empresarial no último se-mestre curricular facilitará a integração no mercado de trabalho.

LICENCIatUra Em

engenharIa de sIsTemas

O sector energético mundial está em rápido crescimento, seguindo a linha de acção das políticas energéticas e ambientais cujo principal de-nominador é a produção de energia sustentável, competitiva e segura.

O crescimento económico do sector energético em Portugal, nome-adamente aquele que se enquadra em políticas de sustentabilidade ambiental, está actualmente a gerar um mercado de trabalho vasto e diversificado para técnicos com formação superior nas áreas da enge-nharia e afins. Isso verifica-se ao nível dos grandes investimentos de produção de energia baseados em fontes renováveis (eólica, marés, hídrica, geotérmica), assim como ao nível da produção de média e pe-quena escala, industrial ou doméstica (microgeração, co-geração) e ra-cionalização de consumos (climatização de edifícios, à recuperação de energia térmica, serviços de certificação energética, etc.). Além disso, a gestão ambiental é um aspecto fundamental no planeamento e explo-ração das empresas modernas, e que requer profissionais competentes e especializados.

Com a criação do mestrado em energias sustentáveis, o IseP responde à crescente procura de técnicos especializados nesta área. De modo a fornecer a melhor solução de mercado, o mestrado tem uma estrutura curricular transversal, que conjuga áreas-chave de conhecimento com pontos fortes do Instituto. O IseP passa, assim, a formar profissionais aptos a inovar soluções nos domínios da produção, distribuição e ges-tão de energias sustentáveis.

mEstraDo Em

energIas susTenTáveIs

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05a rEtEr

No discurso comemorativo do 36º aniversário do 25 de Abril, o Presi-dente da República elegeu o mar e as indústrias criativas como eixos estratégicos para o futuro da competitividade portuguesa. Após relem-brar o actual enquadramento estratégico nacional, em que “um jovem de 24 anos, que termina este ano o ensino superior, sempre viveu num Portugal membro das Comunidades europeias vê a europa como o seu espaço”, Cavaco silva enfatizou a urgência de aproveitar o potencial dos jovens valores para afirmar Portugal no mundo através do ensino, inovação e competitividade. entre as ideias em destaque, o discurso apontou que “o mar é um activo económico maior do nosso futuro”, e realçou ainda o potencial português nas “novas indústrias criativas” - incluindo informática, comunicação e digital - para agir como “núcleo dinamizador do engenho criativo”.

No IseP trabalha-se diariamente na formação de mais de 6.000 futuros profissionais de engenharia; aposta-se no conhecimento promotor de desenvolvimento humano sustentável; desenvolvem-se e transferem--se soluções de mercado assentes em investigação aplicada. ultima-mente, o Instituto superior de engenharia do Porto tem também promovido projectos que percepcionam uma das maiores zonas eco-nómicas exclusivas da europa como um mar de oportunidades ao ser-viço do engenho humano.

Através do protocolo com o Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores (INOvA), o IseP tem apoiado a prospecção e desenvolvimen-to de pólos ligados à energia geotérmica no arquipélago dos Açores (especialmente em s. Miguel e na Terceira). este projecto identifica potencialidades da água termal açoriana para a indústria da saúde e bem-estar, tendo os seus impactos sido apresentados recentemente na World Geothermal Congress, que decorreu em bali, Indonésia. A comunicação “Portugal Country Geothermal update 2010”, do coor-denador do projecto e docente do Departamento de engenharia Geo-técnica (DeG) José Martins Carvalho, avança exemplos das sondagens geotérmicas na plataforma costeira dos Açores.

Também através do DeG, o IseP está a trabalhar em investigação fun-damental para a protecção da orla marítima. O projecto GIsCOAsT, que parte do trabalho de doutoramento de Ana Pires, está a ser desenvol-vido pelo Laboratório de Cartografia e Geologia Aplicada (LAbCARGA). Consiste na análise de impactos das alterações climáticas na erosão da fachada Atlântica, propondo metodologias de conservação costeira. este projecto foi apresentado no Congresso Nacional de Geotecnia, sendo alvo de publicação na prestigiada revista norte-americana environmental & engineering Geoscience. O GIsCOAsT é desenvolvido pelo LAbCARGA em colaboração com o Centro GeobioTec, da universidade de Aveiro.

O Laboratório de sistemas Autónomos (LsA) participou entre 19 e 25 de Junho no Campeonato do Mundo de Futebol Robótico (RoboCup 2010). A presença em singapura serviu para testar e comparar tecno-logias IseP num evento que reúne milhares de participantes de todo o mundo.

A RoboCup (inicialmente denominada Robot World Cup Initiative) é um dos principais eventos mundiais na área da robótica e sistemas au-tónomos. Conciliando diversas vertentes académicas e científicas com uma dinâmica competitiva, serve de fórum de exposição por excelên-cia para a promoção da I&D em robótica e inteligência artificial. No sen-tido de captar novos públicos, dinamiza várias competições de futebol robótico que servem de plataforma para o estudo e aplicação de uma vasta gama de tecnologias inovadoras.

Os torneios de futebol robótico são desafios para equipas de robôs rá-pidos, cooperantes e inteligentes, onde a vertente futebolística serve de problema padrão para o desenvolvimento de várias aplicações. Para que uma equipa realize um jogo há todo um conjunto de tecnologias que devem ser incorporadas. estas incluem princípios de concepção/desenvolvimento de agentes activos; a cooperação multi-agente; as estratégias de aquisição e resposta (raciocínio) em tempo real; e a fusão sensorial. As equipas são assim confrontadas com uma série de

desafios que estão interligados com o desenvolvimento de projectos educativos e académicos. O grande objectivo da RoboCup é o desen-volvimento de uma equipa robótica capaz de competir com a selecção campeã do mundo em 2050.

Repetindo experiências anteriores, o IseP apurou-se nesta edição para a categoria rainha da RoboCup: a Middle size League – futebol para robôs médios. A equipa do LsA competiu com equipas oriundas da Alemanha, China, Japão, Holanda, Irão, Taiwan e Portugal, tendo-se classificado no oitavo lugar.

Primeiro destaque da participação vai para a presença portuguesa en-tre referências da tecnologia mundial – um excelente cartão-de-visita da competitividade tecnológica nacional. este torneio permitiu, uma vez mais, à equipa do LsA, experimentar e partilhar os seus mais recen-tes desenvolvimentos técnico-científicos, tendo avaliado e validado abordagens recentemente aplicadas aos sistemas multi-robóticos.

Os desenvolvimentos resultantes desta participação têm grande apli-cação a outros domínios da robótica e sistemas autónomos, como a monitorização ambiental, a inspecção de infra-estruturas, a busca e salvamento, a segurança e os transportes inteligentes – áreas de exce-lência da actuação do LsA.

LsA COMPeTe NAroBocup 2010

ExPLORAR O MAR COM CRIATIVIDADE E CONhECIMENTO

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06

INTeRNATIONAL CDIO CONFeReNCe

EvENtos

O IseP participou ente 15 e 18 de Junho na Conferência Internacio-nal CDIO, que se realizou na École Polytechnique de Montréal, no Canadá. esta sexta edição das conferências teve como tema “Mak-ing Change Last: sustaining and Globalizing engineering educational Reform”, incidindo o programa em boas práticas de reforma curri-cular dos programas de engenharia. Contando com a presença de 55 instituições de ensino superior de seis continentes, a delegação portuguesa foi composta pelo IseP, que representou igualmente o Instituto superior de engenharia de Coimbra, e pelo Instituto superior de engenharia de Lisboa.

Os trabalhos iniciaram-se no dia 15 com diversos workshops, sendo os dias 16 e 17 dedicados à apresentação de artigos e posters selecciona-dos por revisão de pares. De destacar as palestras de oradores convi-dados como Éric Mazur (Harvard university) e Maura borrego (virginia Polytechnic Institute), Jean-Paul Lemarquis (bombardier Aerospace) e Dave Wisler (General electric e consultor do consórcio CDIO), que abor-daram nomeadamente o papel actual da engenharia, além de uma sessão sobre certificação de programas CDIO.

Pelo IseP foram apresentados os seguintes artigos: “spinning New en-gineering students’ Minds”, de betina Campos Neves e Pedro barbosa Guedes; “CDIO as a Foundation for Program Accreditation/Certification in Portugal”, de João Rocha, António Cardoso Costa e Ângelo silva Mar-tins; “Three Years of CDIO/ACM based Informatics engineering under-graduate Program at IseP”, de António Cardoso Costa e Ângelo silva Martins; “Mass Customization in engineering Programs: A Framework for Program Management”, de Ângelo silva Martins e António Cardoso Cos-ta; e “A Weeklong event of Millennium Development Goals”, de Delmin-da Lopes, eduarda Pinto Ferreira, João Rocha e Alfredo soares Ferreira. eduarda Pinto Ferreira organizou ainda uma mesa redonda subordinada ao tema Active Learning in Large Introductory Classes in Mathematics.

Para Novembro de 2010, está já agendada uma reunião do sub-grupo europeu CDIO a decorrer no IseP, que incluirá pelo menos um dia de-dicado a palestras por oradores convidados. Perspectivam-se as pre-senças de Éric Mazur (Harvard university) para abordar o tema Memo-rization or understanding: Are We Teaching the Right Thing? e de Rob Niewoehner (usNA), que introduzirá o tema “engineering Reasoning”.

CIsTeR PROMOveu eNCONTRO DA CONETO Centro de Investigação em sistemas Confiáveis e de Tempo-Real (CIsTeR) promoveu entre 14 e 16 de Junho a assembleia-geral da Rede europeia de excelência em Objectos Cooperantes (CONeT), que reuniu no IseP cerca de 40 peritos internacionais.

Patrocinada pelo 7º Programa Quadro da Comissão europeia, esta rede inclui 16 parceiros, 11 dos quais pertencentes ao meio académi-co e cinco ao meio industrial, destacando-se, designadamente, nomes como, para além do IseP, Delft university of Technology (Holanda), Technische universität berlin (Alemanha), eidgenössische Technische Hochschule Zürich (suíça), university College London (Reino unido), schneider electric (Alemanha), boeing Research & Technology europe (espanha) ou a Telecom Italia (Itália).

A CONeT une esforços de investigação no sentido de avançar tecnolo-gias de ponta que unam objectos do mundo físico real com realidades

virtuais e do ciberespaço, geralmente denominados “objectos coope-rantes” ou “sistemas ciber-físicos”. esta integração não é uma novidade em si, mas a I&D nesta área espera agora proceder a uma revolução tec-nológica que permita criar uma ampla rede de sistemas cooperantes – inteligentes, incorporados e interligados – com diferentes níveis de ac-tuação. Tais sistemas apresentam, ainda, importantes desafios técnicos, que vão desde a programação, comunicação, a preocupações físicas e computacionais, que podem potenciar ganhos significativos em áreas como a gestão de infra-estruturas essenciais (energia eléctrica, recursos hídricos, distribuição de gás, redes de transporte), de processos de fa-brico ou monitorização ambiental, entre muitas outras.

Dentro da CONeT, o CIsTeR é responsável pelo pacote de trabalhos re-ferente à Difusão da excelência, liderando ainda dois dos sete projectos de investigação (clusters), podendo a evolução dos trabalhos ser acom-panhada em www.cister.isep.ipp.pt/projects/conet.

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07EvENtos

QTDEI ARQuITeCTuRA eMPResARIALO Departamento de engenharia Informática (DeI) voltou a dinamizar, no dia 9 de Junho, uma sessão da série “Quartas à Tarde no DeI”. Inti-tulado Arquitectura empresarial: visão Holística da Organização, o en-contro organizado por Carla Pereira e Nuno silva trouxe ao IseP convi-dados do Instituto superior Técnico (IsT-uTL) e das empresas LinkMs, MacWin e PHC.

As empresas são entidades complexas de difícil compreensão e mode-lação. Muitos projectos de engenharia de software empresarial falham ou não atingem resultados satisfatórios devido à desconsideração de dimensões cruciais ao funcionamento das empresas. Frequentemen-te, são menosprezados factores que fogem do âmbito das tecnologias de informação.

Arquitectura empresarial é um meio para descrever estruturas de ne-gócios e processos que ligam essas estruturas e que facilitam as ini-ciativas/projectos de engenharia de software. De uma outra forma, o Governo norte-americano sugere que a arquitectura empresarial é a base estratégica de activos de informação, que define o negócio, as informações necessárias para operar o negócio, as tecnologias neces-sárias para apoiar as operações comerciais e os processos de transição necessários para implementar novas tecnologias em resposta às neces-sidades de negócios em constante alteração.

CLOUDVIEWS 2010 CLOuD eCOsYsTeM

entre 20 e 21 de Maio, o Centro de Congressos do IseP acolheu a se-gunda edição da conferência internacional sobre cloud computing – CLOuDvIeWs 2010. subordinada ao tema “Cloud ecosystem”, a organi-zação partiu da questão “to cloud or not to cloud”, avançada na edição de 2009, para recordar que o sucesso deste paradigma computacional dependerá sempre da capacidade para desenvolver um ecossistema com todos os seus componentes.

Nos negócios, tal como na vida, é a participação activa no ecossistema envolvente que permite potenciar a comunicação. Por seu turno, é este sucesso comunicativo que alavanca a mobilidade e transferência de conhecimento e a previsibilidade e segurança da informação, fazendo com que, a uma maior confiança no ecossistema, possam equivaler melhores relacionamentos, projectos e resultados.

A CLOuDvIeWs 2010 providenciou um fórum para discussão das varia-das formas que fazem já deste ecossistema uma realidade quotidiana.

As sessões ao longo dos dois dias visaram, sobretudo, divulgar novas formas de concretização do principal objectivo do Cloud Computing: a transformação de plataformas de TI em plataformas multi-utilizador, mais acessíveis, elásticas, seguras e fiáveis. É o sucesso deste desígnio que permitirá aos técnicos de TI canalizar recursos da complexidade tecnológica para os focar nos reais objectivos estratégicos empresa-riais.

De acordo com Paulo Calçada, responsável pela euroCloud Portugal, o “cloud computing é já uma realidade no mercado nacional, onde em-presas portuguesas fornecedoras de produtos e serviços nas áreas das TIC, se têm afirmado com produtos muito maduros e muito agressivos do ponto de vista das funcionalidades e modelos”.

Winsig, Primavera, Galileu, eMC, salesForce, Microsoft, IbM e PHC sof-tware foram algumas das empresas presentes no evento, cujas apre-sentações podem ser visualizadas no sítio http://2010.cloudviews.org.

Portanto, arquitectura empresarial diz respeito ao negócio e à forma como este é suportado, nomeadamente por tecnologias de informação.

este evento das “Quartas à Tarde no DeI” serviu para apresentar o con-ceito de arquitectura empresarial e algumas ferramentas sectoriais, no-meadamente o eRP (enterprise Resource Planning).

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08 EvENtos

3As JORNADAs ELECTROTÉCNICASMÁQuINAs e INsTALAÇÕes eLÉCTRICAs

O IseP é uma marca da engenharia com tradição e prestígio na formação de engenheiros electrotécnicos. Com diplomados inseridos em empresas de produção, transporte e distribuição da energia eléctrica, fabricantes de máquinas e material eléctrico e pequenas e médias empresas industriais e de serviços, o Departamento de engenharia electrotécnica (Dee) sem-pre apostou numa forte ligação às indústrias e ao meio empresarial.

No sentido de promover mais um fórum de contacto, motivado pelo sucesso obtido nos eventos anteriores, o Dee organizou nos dias 29 e 30 de Abril a terceira edição das Jornadas electrotécnicas. O evento, que decorreu no Centro de Congresso do IseP, teve como tema “Má-quinas e Instalações eléctricas”.

Dedicadas a profissionais do sector electrotécnico, diplomados e estu-dantes em engenharia electrotécnica, as jornadas promoveram o deba-te sobre o actual panorama de desafios e oportunidades que surgem da associação entre as recentes evoluções técnico-científicas e a sus-tentabilidade. Como em qualquer outra área da engenharia, também aqui se assiste a uma rápida e enorme evolução. Deste modo, os dois dias do evento serviram para ajudar a compreender os últimos avanços em termos de energias renováveis ou racionalização energética e para relembrar as mais-valias das parcerias académico-empresariais no de-senvolvimento de soluções inovadoras.

Além de questões associadas a políticas energéticas, as jornadas abor-daram ainda vertentes como veículos eléctricos, sistemas electrome-cânicos, domótica e luminotecnia. Destaque para a presença de em-presas como a schmitt-elevadores, Abb, efacec, Televes electrónica

Portuguesa, TÜv Rheinland Portugal, GOOsuN Tecnologia solar de silício, schneider electric e ThyssenKrupp Acessibilidades, sendo que algumas também participaram na exposição de equipamentos. Ma-ciel barbosa (Ordem engenheiros), António Augusto sequeira Correia (Associação Nacional dos engenheiros Técnicos), Paulo Calau (Agência para a energia), borges Gouveia (universidade de Aveiro e energaia), Nuno Francisco Costa (efacec) e Jorge Miranda (Autoridade Nacional de Comunicações) foram alguns dos oradores convidados.

em virtude do interesse desta temática, o Dee disponibiliza a informação apresentada no evento em www.dee.isep.ipp.pt/~see/jornadas2010 e lança o convite para a já aguardada quarta edição das Jornadas.

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09

IseP FORA DE PORTASO Instituto superior de engenharia do Porto esteve em Leça da Palmei-ra, durante uma semana, para a mostrar a sua oferta formativa a futuros candidatos ao ensino superior e interessados pelo mundo da tecnolo-gia portuguesa. Continuando a tradição da campanha IseP FORA De PORTAs, a edição deste ano foi a maior jamais realizada.

Organizada entre 14 e 19 de Maio, a exposição continuou a tradição de promover a oferta formativa através de um contacto privilegiado com novos públicos do Grande Porto. este ano, a iniciativa envolveu os departamentos de engenharia Civil, engenharia electrotécnica, Ge-otécnica, Informática, Mecânica, Química, Física e o Laboratório de sistemas Autónomos, primando não só pela dimensão logística, como pelo reforço das experiências interactivas com os visitantes.

Foram mais de 50 os equipamentos e actividades científicas ofere-cidas ao público que visitou o Marshopping. entre as experiências tecnológicas disponibilizadas contavam-se a construção de pontes seguindo modelos de Leonardo da vinci, o teste de permeabilidade de solos, a edição de conteúdos multimédia, a operação de um sis-mógrafo, construção de moléculas, observação de processos de reci-clagem e de um modelo de casa inteligente, a produção de energia alternativa, a visualização em 3D, jogos de computador desenvolvi-dos por alunos do Instituto e a navegação remota de robôs. Não só a exposição reunia diferentes áreas de actuação da engenharia como transmitia as imagens de inovação, tecnologia e sustentabilidade as-sociadas ao IseP.

Durante uma semana foi possível descobrir o mundo da engenharia e compreender a actividade científica das várias licenciaturas lecciona-das no IseP.

MARsHOPPING

EvENtos

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10 à CoNvErsa Com...

JOsÉ DeALMeIDAMARTINs“uM eMPReeNDeDOR NÃO se FAZ, naSce”

empreendedor nato. Poderíamos caracterizar assim o Director-Geral da NeT - Novas empresas e Tecnologias, José de Almeida Martins. Mas deixaríamos de realçar o seu carácter visionário, persistente e crente no sentimento de empreendedorismo. No IseP, a NeT já deixou sementes: da parceria entre as duas entidades, entre as ideias inovado-ras do mundo académico e a experiência e traquejo do mundo empresarial, têm vindo a nascer projectos inte-ressantes. O trabalho de José de Almeida Martins é, dia-riamente, procurar novos talentos e fazer nascer e vencer ideias inovadoras e promotores dispostos a investir no seu próprio negócio. Ao IsEP.BI, o empreendedor que acre-dita que “para boas ideias há sempre capital”, explicou o que faz com que um projecto seja vencedor e deixou claro que há, no IseP, “um manancial de ideias inovadoras com queda para o sucesso”. Para a região Norte, adiantou que a Net está envolvida num grande projecto que pretende promover e estimular a criação de empresas de base tec-nológica nesta região.

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11à CoNvErsa Com...

IsEP.BI Pode-nos descrever brevemente qual a actividade da net?José de Almeida Martins (J.A.M.) A NeT, como business and Innova-tion Center (bIC) que é, tem como funções o apoio à criação de ne-gócios inovadores, com grande potencial de crescimento, através do lançamento de micro, pequenas e médias empresas e ainda a moder-nização de PMe’s, numa determinada região. Para implementar essas actividades, a NeT torna-se, também, um agente de apoio ao desenvol-vimento regional através da dinamização do empreendedorismo e da inovação. este é, fundamentalmente, o resumo da actividade conside-rada aos bICs e a NeT, como bIC mais antigo de Portugal, e um dos mais antigos da europa, cumpre, desde 1987, estes requisitos.

IsEP.BI o que levou ao surgimento da ideia de criar a net?J.A.M. em 1983 foi lançado um projecto-piloto, na bélgica, com o objectivo de transformar uma região que estava muito pouco desen-volvida e sem actividade económica, através da actividade de apoio à criação de projectos inovadores. No ano seguinte, em 1984, come-çaram a ser visíveis os primeiros resultados e um grupo de entidades portuguesas, da região Norte, deslocou-se àquele país para constatar, in loco, o sucesso desta nova actividade. Foi, assim, criada uma asso-ciação de business and Inovation Centers em Portugal, em 1986 e, em 1987, arrancou a NeT, exactamente com o propósito de ser uma enti-dade de apoio ao desenvolvimento regional através do lançamento de negócios inovadores.

IsEP.BI Quais os critérios que a net usa para apadrinhar o nascimento de uma nova PMe?J.A.M. Desde logo, o promotor e a ideia. em concordância com este pri-meiro critério, começamos por validar a capacidade empreendedora e as competências do promotor, para que possamos perceber se esta-mos perante alguém que está motivado para avançar com o projecto e se reúne as competências e qualidades necessárias para ser um em-preendedor de sucesso. Não é fácil ser empreendedor. existem riscos, é necessário estar preparado para abdicar... A ideia tem como condição crucial possuir características inovadoras que podem estar presentes no produto, no serviço, na forma de o promover, ou na tecnologia. Tem de se distinguir e diferenciar do que já existe no mercado. validado este binómio - ideia e promotor - estamos perante um projecto que nos interessa e com o qual, à partida, iremos avançar, pelo menos junto dos promotores, para procedermos à avaliação da sua viabilidade.

IsEP.BI Quais são os passos a seguir para a criação de uma PMe?J.A.M. validado o binómio ideia - promotor, propomos um contrato para que se avance para o amadurecimento da ideia. Com o apoio da NeT e através da criação de um plano de negócios, estrutura-se o futuro, para o promotor analisar, de forma correcta, o negócio e as suas vertentes. Acaba por ser a primeira iniciativa do promotor. Na NeT, orientamos, discutimos e validamos sempre em conjunto com os promotores para que estes fiquem a conhecer bem como é o seu ne-gócio e estejam treinados para quando surgirem situações diferentes daquelas que tinham previsto e, rapidamente, tenham capacidade de reorientar o projecto para os objectivos que tinham determinado. É, também, a melhor forma que têm de conhecer a sua empresa, para poderem defender o seu projecto junto de outras entidades, tais como financiadores ou novos sócios.

IsEP.BI depois da validação, a ideia parte para o mercado?J.A.M. Provada a viabilidade da empresa, com o plano de negócios elaborado, passamos à fase seguinte, que é a criação da empresa que pode arrancar dentro das nossas instalações, em incubação. Mesmo que não parta de dentro das nossas instalações, tem apoio da NeT nos três primeiros anos, em termos de consultoria, ao qual chamamos de

incubação de valor acrescentado. Para nós, a incubação não é apenas colocar a empresa num só o espaço sob a nossa alçada, consiste tam-bém no acompanhamento contínuo para verificarmos como está o plano de negócios e se a actividade da empresa está a fazer justiça a esse mesmo plano.

IsEP.BI Passando para o espírito empreendedor de que hoje falamos tanto. com a actual conjuntura é cada vez mais necessário que surjam novas ideias, novos caminhos... como avalia o espírito empreendedor dos jovens dos dias de hoje? J.A.M. seguramente que o espírito empreendedor é algo pessoal e que não depende, inteiramente, da época em que vivemos... Quem é empreendedor é sempre empreendedor. Defendo que haverá sempre a questão da diferença entre o empreendedor que nasce e o que “se faz”. Obviamente, há competências que podem ser desenvolvidas, que podem ensinadas ou até adquiridas... Mas o importante é que o empre-endedor o seja mais por motivação do que por motivo. Hoje há mais instrumentos de apoio à criação do próprio negócio que noutros anos não havia. Hoje há mais negócios que têm menos necessidade de forte investimento do que no passado. Hoje há mais empresas ligadas à área dos serviços em que a componente de investimento não será assim tão

forte e mais facilmente os próprios jovens terão sucesso com as suas empresas... são novas condições que deveriam fazer crescer o espíri-to empreendedor. Fundamentalmente, acredito que existe o espírito de empreendedorismo, embora alerte que em Portugal há algumas questões, até de foro cultural, que inibem bastante o empreendedoris-mo como, por exemplo, o estigma do insucesso. Quando um negócio corre mal, a pessoa fica marcada, o que faz com que se retraia num investimento futuro.

IsEP.BI Fazendo a ponte entre a net e o iSeP, há algum ex-aluno do iSeP que tenha procurado a net para ajudar a construir uma empresa?J.A.M. existem já situações de empresas criadas por ex-alunos do IseP, e, curiosamente, fruto de acções que tivemos no Instituto, entre as quais conferências e consultórios de ideias. Após as iniciativas, os alu-nos procuravam-nos para saber como a NeT os poderia ajudar, quais eram os passos que teriam de seguir e como poderiam trabalhar em conjunto connosco, o que acabou mesmo por dar origem a empresas.

IsEP.BI Participou numa conferência no iSeP sobre a criação de em-presas inovadoras e debate tecnológico. Que receptividade encon-trou por parte dos alunos a este tema?J.A.M. Foi uma conferência muito interessante, muito participativa, quer em termos de número, como na interacção com a plateia. Já te-mos, inclusive, reuniões marcadas com alunos que assistiram a esta conferência e que têm uma ideia a colocar em prática.

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12 à CoNvErsa Com...

IsEP.BI é uma iniciativa para repetir?J.A.M. um dos nossos objectivos é, precisamente, intensificar estas acções e sistematizá-las, tanto as conferências como consultórios de ideias, seminários de geração e maturação de ideias, ou seja, uma série de iniciativas de promoção do empreendedorismo inovador e debate tecnológico. Acreditamos, acima de tudo, que estas ideias se inserem muito bem no IseP, como entidade do IPP ligada às tecnologias, muito pelo seu grande potencial para a criação de empresas inovadoras e de base tecnológica.

IsEP.BI Quais os conselhos que deixa a todos aqueles que tenham uma ideia de negócio ainda não concretizada?J.A.M. O que os futuros empreendedores devem começar por fazer é divulgar, junto de quem os pode ajudar, neste caso a NeT, a sua ideia de negócio, porque se continuarem com ela dentro da sua cabeça, não funciona. Podem pedir ajuda a um consultório de ideias, marcar uma reunião com a NeT, contactar-nos para, em conjunto, começarmos a trabalhar a ideia. Depois, se é um projecto que entendemos que tem pernas para andar, avança o plano de negócios. e depois, vamos ver se realmente vale a pena. Durante os primeiros três anos, as empresas podem contar com o acompanhamento dos profissionais da NeT, dado que se trata do período mais crítico de arranque. Digamos que as em-presas, por norma, ao quarto ano já estão em velocidade de cruzeiro. Mas depois do quarto ano continuamos a apoiá-las, se assim tiverem necessidade, pois o nosso sucesso é o sucesso das empresas. e dentro destes moldes, a experiência tem sido excelente.

IsEP.BI Quais são os principais ingredientes para criar um projecto vencedor?J.A.M. Para além do binómio entre o projecto e o promotor, que é qua-se um pressuposto, outro dos aspectos fundamentais é a existência de um plano de negócios bem feito e um empreendedor que apresente inovação. É extremamente importante que o projecto seja permanen-temente inovador, e não apenas no início, se não corre o risco de se

tornar obsoleto, principalmente nos tempos em que vivemos. Com o avanço tecnológico que existe actualmente, as empresas têm que inovar e manter a dianteira tecnológica relativamente à concorrência. Os dirigentes têm que ser fortes e características como perseverança, criatividade e inovação são fundamentais.

IsEP.BI estarão comprometidos em tempos de crise os financiamen-tos para a criação de novos projectos? como contorna a diminuição das verbas?J.A.M. Tenho por hábito dizer que para bons projectos não falta di-nheiro. Aliás, é precisamente na altura de crise que surgem as grandes ideias e as grandes empresas. A primeira questão importante é que ninguém investe num projecto em que o promotor não invista! Os em-preendedores têm de estar disponíveis para apostar no seu trabalho. se estivermos perante um bom projecto e um bom empreendedor, há sempre facilidade de conseguir o financiamento. Há, inclusive, pro-gramas de apoio à criação de empresas que constituem formas impor-tantes de alavancar a criação de novos negócios. em alturas de crise, é também quando o crédito é mais difícil e poderá ser complicado, ou pelo menos mais moroso, obter o financiamento. Por estas razões que acabei de apresentar, deixamos sempre o financiamento para a última parte do plano de negócios: primeiro pensamos como vamos fazer a empresa, depois pensamos como vamos pagar.

IsEP.BI São inúmeros os organismos nacionais e internacionais com quem a net colabora. Quais as mais-valias de pertencer a todas estas entidades?J.A.M. As mais-valias são muitas e têm trazido grandes resultados. Desde logo, a NeT está ligada a várias entidades e business and Ino-vation Centers. em Portugal há vários bICs que se concentram numa associação à qual a Net está também ligada. Já em termos europeus, há 16 unidades como a NeT espalhadas pela ue e na qual a NeT tem também um peso bastante forte, quer pelo seu passado, quer pelas acções que tem implementado e que levou ao seu reconhecimento. Já fomos, também, reconhecidos pela Associação dos bICs como um caso de boas práticas para os novos bICs que estavam a abrir nos países aderentes à união europeia, os países de leste, e a NeT, foi, ainda, em 2008, reconhecida como a entidade entre os bICs que mais acções pro-moveu de apoio ao empreendedorismo... Temos também uma série

“PARA BOAS IDEIAS hÁ SEMPRE CAPITAL”

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IsEP.BI Porquê reunir estas entidades todas como associados da Pro-monet?J.A.M. Os associados não entraram todos de uma vez. Começamos com oito e, actualmente, temos 25 accionistas. este é exactamente o modelo proposto pela união europeia que recomenda que integrem o elenco de accionistas vários agentes económicos regionais, locais e nacionais. Daí a NeT ter começado com um número mais pequeno, tendo depois sido alargado, precisamente para ter como accionistas os vários agentes propostos, desde as associações, empresas, bancos, empresas de capital de risco e universidades. É, no fundo, um conjun-to diversificado que serve, através da sua experiência, para potenciar a concretização dos objectivos da Promonet, criando sinergias e poten-ciando uma massa crítica mais alargada.

IsEP.BI a net tem uma actividade intensa, desde o clube de em-presas e empreendedores, a Promonet, promovem conferência e workshops... Quais são os próximos projectos?J.A.M. Neste momento, para além da nossa actividade normal, temos um projecto que apresentamos na conferência realizada no IseP, e que constitui um grande desafio na criação de empresas inovadoras de base tecnológica. Neste projecto, que está pensado para o Norte de Portugal, o desafio para os próximos dois anos é o de promover e estimular a criação de empresas de base tecnológica. Paralelamen-te, pretendemos organizar uma série de acções de sensibilização e de captação, através de conferências, consultórios de ideias, concursos de ideias para criação de empresas, encontros informais de fim de tarde... sempre com o espírito de promover a inovação e o apoio a empre-sas ainda numa fase de arranque. Por fim, estamos também a preparar uma grande conferência ligada à temática do empreendedorismo, em princípio ainda para este ano. Consideramos que todas estas acções são importantes neste momento de crise económica e, quem sabe, podemos ajudar a apontar a saída para esta situação.

13à CoNvErsa Com...

de protocolos com várias entidades, nomeadamente com o Instituto Politécnico do Porto e com outras entidades de promoção e apoio a negócios inovadores.

IsEP.BI durante os sete anos de vida da Promonet – associação Pro-motora de novas ideias e tecnologias, quais são as principais preo-cupações da associação? Ponderam o alargamento do número de associados?J.A.M. A Promonet é uma associação na qual a NeT é o seu maior as-sociado. Tem outros associados de referência, nomeadamente o IPP, e o propósito era exactamente construir estas instalações, este “hardwa-re”, para que o software possa funcionar e implementar as estruturas de apoio necessárias à concretização do nosso trabalho. A incubadora que agora temos é de terceira geração; tem várias características im-portantes e que são valorizadas pelas empresas. Tivemos o cuidado de envolver na sua construção algumas das empresas que foram cria-das pela Net exactamente devido ao seu know how que impulsionou a construção de um edifício com boas condições para as empresas trabalharem. Como associação que é, a Promonet está sempre aberta e interessada em ter novos associados. Temos como projecto futuro valorizar ainda mais a associação para, quem sabe, podermos avançar com outros desafios. A Associação pode, desde que seja a vontade dos seus associados, avançar com outros projectos, ligados à promoção de novas tecnologias.

“UM EMPREENDEDOR NãO SE FAz, NASCE”

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14 DE Fora CÁ DENtro

se há mensagem que fica patente na conversa que o IsEP.BI teve com o Presidente da Associação dos Portos do Douro e Leixões, João Pedro de Matos Fernandes, é que as empresas e associações “são criadas para gerir e para gerar dividendos”, mas sempre com um sentimento de consciência social e ambiental muito presente. e aqui, segundo adian-tou, “as instituições de ensino superior, e o IseP em particular, como escola de engenharia, têm um papel preponderante”.

Apesar de não existir uma ligação formal, oficializada, da APDL com o IseP, os cargos de gestão de topo ocupados por ex-alunos revelam que o entendimento entre as duas instituições vai muito além do papel passado.

Na prática, a colaboração e coordenação de sinergias entre as duas instituições flui no dia-a-dia. A marca do IseP faz-se sentir de forma pre-mente na APDL, não só nos projectos conjuntos que se desenvolvem, mas, acima de tudo, pelos profissionais que aí trabalham. em simultâ-neo, engenheiros da APDL leccionam no IseP. “Temos uma abertura

Há muito a unir duas instituições de referência como o Instituto superior de engenharia do Porto (IseP) e a Asso-ciação dos Portos de Douro e Leixões (APDL), mesmo que não haja papéis a oficializar. Partilham, acima de tudo, a visão estratégica de que o caminho do futuro só pode ser traçado com sucesso com concertação de sinergias entre as empresas e as instituições de ensino superior, o que na prática se verifica com a “troca” de saberes e experiências entre ambas. A ligação que se tem vindo a criar, revela, na conversa com o Presidente da APDL, João Pedro de Matos Fernandes, engenheiro civil, que o repto é continuar a lan-çar mais desafios. Afinal, são muitos os técnicos formados pelo IseP que trabalham na APDL e vários os profissionais da APLD que leccionam no IseP.

A procura de soluções e de respostas, a necessidade de lançar metas e de se reinventarem métodos, fez nascer, naturalmente, a relação entre IseP e APDL. Nesta edição, o IsEP.BI procura dar a conhecer a APDL, pela voz de Matos Fernandes, num trabalho que mostra um profissional que acredita que “o empreendedorismo e a busca incessante de novos conhecimentos é a chave para o sucesso”.

ISEP/APDL

total às parcerias até porque a qualidade do ensino que o IseP pro-porciona cria nas pessoas vontade de trabalhar - e bem! - por aquilo a que assistimos, dentro das nossas instalações, todos os dias”, refere Matos Fernandes quando questionado sobre a importância desta liga-ção. Acrescenta que são “recrutados muitos alunos de engenharia Civil e Mecânica e por isso não é incomum encontrarmos na APDL trabalho, projectos e pessoas com o cunho do IseP”.

enquanto responsável pelos destinos da APDL, este engenheiro de formação, acredita no networking como aspecto fundamental para o desenvolvimento de uma instituição e, nesse sentido, os seus repre-sentantes têm estado atentos aos “projectos do IseP construídos em torno do cluster do mar que podem ser muito úteis para o trabalho que desenvolvemos todos os dias”. Matos Fernandes defende que “uma parceria deve ser sempre constituída à volta de projectos”.

Defensor acérrimo do mar como motor de desenvolvimento económi-co, Matos Fernandes, acredita que “o mar tem menos importância sem

PARCeRIA Que se CONsTRóI à vOLTA De PROJeCTOs

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15DE Fora CÁ DENtro

O Porto de Leixões é um dos maiores portos portugueses e tem, na Associação dos Portos do Douro e Leixões, a entidade que coordena e gere o trabalho desenvolvido diariamente. A equipa, liderada por Matos Fernandes, tem ciente os valores da responsabilidade social, da inovação tecnológica e está consciente que, trabalhar em rede, é uma mais-valia para qualquer entidade empresarial.

Tal como está considerada nos seus estatutos, a “A Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) (…) tem por objecto a administração dos portos do Douro e Leixões, visando a sua exploração económica, conservação e desenvolvimento…”. Mas o Presidente prefere afirmar que “a APDL tem duas grandes finalidades: gerir e promover uma infra--estrutura portuária que é Leixões e a gestão do domínio público ma-rítimo perto da área onde o porto existe”. Tal como explica, a APDL, enquanto empresa gestora da actividade portuária, “tem três grandes tarefas que se complementam mutuamente”: a primeira tem uma fina-lidade pública”, pela qual a APDL se esforça, diariamente, por cumprir “um conjunto de prerrogativas públicas em termos de segurança, de ambiente e de gestão tal como compete a uma infra-estrutura por-tuária”; depois “a prestação de serviços” para o exterior e que consiste numa das fontes de receita da Associação; finalmente, a APDL é tam-bém “senhorio de toda a infra-estrutura que é o Porto de Leixões”.

Matos Fernandes está convicto de que a APDL trabalha, sobretudo, “em prol de uma região”. e, dado os resultados obtidos, esta é uma “opção bem sucedida”. Trata-se, segundo o nosso entrevistado, de uma empresa altamente lucrativa que “distribui dividendos ao seu maior ac-cionista, que é o estado e, por consequência, todos nós.” Mas o mais in-teressante no seu discurso, como presidente de uma instituição como esta, é a preocupação patente na “relação com o exterior”. “Temos um perfil bem definido, em contínua construção, e que passa muito pela preocupação com o meio envolvente, por aquilo que somos enquanto infra-estrutura, pelo local onde estamos e pelas parcerias que estabe-lecemos”, reitera.

PRIMEIRO PORTO COM RELATóRIO DE SUSTENTABILIDADE

A segurança e o meio ambiente têm um grande enfoque na APDL. Aliás, tal como o IseP foi pioneiro ao nível das Instituições de ensino, também Leixões “foi o primeiro Porto da europa a fazer um Relatório de sustentabilidade, em 2006”. Para além das questões do ambiente, também as que se relacionam com a segurança “são uma obrigação”, até pelo conteúdo das cargas e a proximidade da refinaria. “Assumimos o seguinte: a localização é um valor da APDL e temos de agir no sentido de tratar bem aqueles que vivem connosco”, refere Matos Fernandes.

A responsabilidade social é um bem fundamental para as empresas e entidades que pretendem ter sucesso. “Quero acreditar que as empre-sas são cada vez mais responsáveis socialmente até porque no nosso caso, a nossa responsabilidade social, mais do que uma obrigação, é a construção da perenidade do nosso próprio negócio, não é apenas uma actividade altruísta. É garantia que daqui a dez ou vinte anos o Porto de Leixões está aqui ainda mais competitivo do que aquilo que é hoje”, conclui.

SOBRE A ADMINISTRAçãO DOS PORTOS DO DOURO E LEIxõES

o transporte marítimo e, neste âmbito, é fundamental que os portos desempenhem um papel nuclear para uma abordagem económica ao mar”. e, nessa área, considera que “o IseP tem estado à altura ao desenvolver alguns projectos de investigação neste domínio que têm em Leixões um campo de experimentação”. Aliás, reforçando as mais--valias da ligação empresas - academia, designadamente, APDL e IseP, o Presidente da APDL defende que é crucial, cada vez mais, “acertar a linguagem entre as empresas e as instituições de ensino superior”, para se conseguir maior eficácia. “As parcerias entre o mundo empresarial e o ensino devem centrar-se, fundamentalmente, na produção e desco-berta de novas tecnologias”, adianta, afirmando, convictamente, que “não há empresa, a não ser que trabalhe em monopólio, que não esteja preocupada com as questões da inovação”.

“A qUALIDADE DO ENSINO qUE O ISEP PROPORCIONA CRIA NAS PESSOAS VONTADE DE TRABALhAR - E BEM!”

Para Matos Fernandes, se as empresas devem estar conscientes da importância das instituições de ensino superior, também os futuros profissionais, em formação, devem ter “uma absoluta consciência da-quilo que é relevante na sua actividade e daquilo que é estratégico”. O mundo dos negócios, diz, “faz-se e constrói-se, não perguntando em primeiro lugar onde é que eu vou buscar dinheiro para fazer isto ou quanto é que aquilo custa”. à questão qual é a primeira pergunta que o engenheiro deve fazer, responde: “A minha ideia e a minha actividade são inovadoras para gerar riqueza e até que ponto é que estão alinha-das com a minha estratégia e com a estratégia da minha organização?”. “É fundamental ter um espectro de conhecimentos muito alargado e não subestimarem algumas questões que possam parecer básicas”. Aliás, remata, “a própria APDL tem um rumo que vamos construindo e moldando em relação às circunstâncias”.

No IsEP.BI lançou o desafio: “projectos que o IseP queira desenvolver no domínio da investigação aplicada que passem pelo transporte ma-rítimo e que estejam ligados à engenharia portuária, nós estaremos sempre disponíveis para poder partilhar e contribuir para que a parce-ria se construa e consolide e para que possamos partilhar esse mesmo saber e ajudar a que ele tenha uma aplicação justa”.

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DEstaQUE

Inerentes às conquistas de uma instituição estão as pessoas. Mais de 150 anos de história, a marcar consecutivamente pontos no pa-norama do ensino da engenharia em Portugal, exigem ao Instituto superior de engenharia do Porto uma constante aposta nos seus recursos humanos, motivando e estimulando todos aqueles que directamente ou indirectamente fazem do IseP uma casa e que assegurem a contínua competitividade da instituição.

É esta abordagem que o IsEP.BI dá a conhecer nesta edição. Com a certeza de que a qualidade de vida no trabalho não é expres-são vã, e à qual se imputam, largamente, os sucessos, fomos ou-vir quem está nos bastidores e perceber o que está a ser feito no terreno. Provavelmente, no final do artigo, se entenderá o porquê de recorrentemente ser uma primeira escolha de quem opta pela engenharia, da ligação a entidades de renome públicas e privadas, da interacção activa com a sociedade civil, de ser uma forma de orgulhosa identificação...

16

O universo IseP vai muito mais além dos muros e das pa-redes dos edifícios que o compõem. A motivação, a

realização e a superação, de todos aqueles que vi-vem a instituição são aspectos considerados com muita atenção. Afinal, ao longo da sua tradição, o IseP sempre considerou cada pessoa, inde-pendentemente da função que desempenhe na

Instituição, como uma parte importante da engre-nagem. Face aos novos desafios que decorrem

dos modelos actuais de desenvolvimento, es-pera-se que as pessoas sejam capazes de um maior desdobramento, empreendedorismo, adaptação e aprendizagem ao longo da vida.

Materializar, através de palavras, este conceito tão premente no IseP, é um desafio considerá-

vel, e mesmo sob pena de não ser conquistado na plenitude, valerá, certamente, pela tentativa.

Introduzir novas tecnologias, diferentes metodologias de trabalho, promover a eficiência e eficácia, estimular o estudo autónomo, a progressão na carreira e disponi-

bilizar melhores equipamentos, são algumas das orienta-ções que estão a ser concretizadas. sempre com o fim úl-

timo de proporcionar o melhor ambiente de trabalho para todo o universo IseP. Iniciativas como a Festa de Natal que

As pessoas: A bAse De uMA grande escola

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DEstaQUE 17

se realiza todos os anos, ou os convívios no Dia da Criança são apenas alguns dos exemplos que espelham o empenho, por parte da comu-nidade IseP, em construir um espírito de equipa sólido e saudável. e este empenho é reconhecido pelos colaboradores. berta baptista, do-cente e responsável pela Divisão Académica, não tem dúvidas: “Acho extremamente importantes os momentos de convívio da Comunidade Isepiana”.

Para além das obras de reestruturação e a manutenção frequente das infra-estruturas, pensadas com o objectivo de criar as melhores condi-ções de trabalho possíveis para a sua comunidade, a visão actual assen-ta, entre outras medidas, num Plano de Acção para a sustentabilidade (PAsus), apresentado em Janeiro de 2010. Mais do que um conjunto de parâmetros que visa assegurar a responsabilidade ambiental do IseP, este plano pretende, sobretudo, promover uma nova filosofia de vida em toda a comunidade IseP. O PAsus incita à adopção de com-portamentos ambientalmente sustentáveis, através, por exemplo, do correcto ordenamento e aproveitamento dos espaços, da implementação de medidas de eficiência e racionali-zação energética e da utilização dos transportes públicos. barros de Oliveira, vice-presidente do IseP, reconhece ser “um desa-fio, pois implica uma mudança de mentalidades”, mas acredi-ta no sucesso do plano. esta confiança reside na grande receptividade que alunos e colaboradores demonstram quando novos desafios lhes são lançados.

A qualidade das condições ma-teriais e técnicas de trabalho é outro aspecto destacado por barros de Oliveira na análise da motivação e pro-dutividade dos colaboradores. sobre este aspecto, o vice-presidente do IseP refere que “o plano de reestruturação e remode-lação física e arquitectónica em curso está praticamente concluído. entre as inaugu-rações mais recentes, destaque para o La-boratório Automóvel, uma aspiração antiga que veio melhorar as condições de trabalho nas áreas de docência, investigação e prestação de serviços em engenharia Mecânica. Outra realização recente é o Laboratório de sistemas Autónomos (LsA), que dispõe de uma área total de 1000 m2 dedicados à investigação e ao ensino, onde é possível fazer testes com protótipos de grande dimensão”.

e foi neste laboratório que o IsEP.BI encontrou Guilherme silva, diplo-mado em engenharia electrotécnica e investigador no LsA desde 2006. O jovem investigador, que pertence à equipa de futebol robótico que recentemente participou no campeonato do mundo em singapura, encontra-se a desenvolver um projecto de helicóptero com quatro hélices. sente-se feliz no IseP, diz. Considera que dispõe de boas con-dições de trabalho e destaca a camaradagem no laboratório. Por outro lado, a projecção que o grupo de investigação tem recebido fora de portas deixa-o orgulhoso e ainda mais motivado. Reconhece que ini-ciativas como o “IseP Fora de Portas” ou a “Robótica na Praia” mostram que o Instituto é apreciado e valorizado.

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18 DEstaQUE

É indiscutível a importância de manter um corpo de profissionais com conhecimentos e competências actualizados, aptos a enfrentar qual-quer novo desafio. Contando com 573 trabalhadores, 439 ligados à do-cência e investigação e 134 funcionários de suporte técnico e adminis-trativo, o IseP é uma Instituição que se preocupa em apoiar a contínua valorização dos seus profissionais.

O valor que é dado aos colaboradores do IseP reflecte-se no grande investimento feito em formação profissional. Relativamente ao tema, Maria João Magalhães, responsável pela avaliação do desempenho e pela formação profissional dos funcionários não docentes, está satis-

FORMAçãO CONTíNUA PARA TODOS: SENSIBILIzAR E APOIAR

feita com a adesão da maior parte dos colaboradores no último ano (foram realizadas 568 acções de

formação) e garante que “a formação profissio-nal é considerada um dos vectores essenciais na qualificação das pessoas”. uma das grandes vantagens“é que 80% da formação é realizada

em horário laboral e dentro de portas”, conclui. Tanto para a formanda sílvia Azevedo, secretá-ria da Presidência, como para Telmo Ferreira, da Divisão de Recursos Humanos, as mais-va-lias no desempenho das funções são notórias,

para além do facto da troca de experiências ser bastante positiva.

A formação pedagógica do corpo docente tem também tem sido uma preocupação do

IseP desde 2001. Neste sentido, o Núcleo de Apoio Científico-Pedagógico (NACIPe) e o IsePFORGLObe de-sempenham um papel decisivo. O NACIPe, coordenado

pela Assessoria de Formação, é responsável por acções de formação pedagógica inicial no ensino e Aprendiza-

AS VANTAgENS DO SIMPLEx RESIDEM NA MAIOR EFICIêNCIA E qUALIDADE DOS SERVIçOS

Não é só a nível da formação profissional que o IseP imprime o seu carimbo de qualidade. Iniciado há poucos anos, o Projecto simplex veio permitir uma maior optimização de tarefas diárias, com reflexos na organização dos serviços e na personalização do atendimento, estando em constante actualização.

Na Divisão Académica as melhorias são notáveis. Para berta baptista, responsável pelo serviço, “nos últimos dois anos foi feito um esforço enorme para automatizar todos os processos”. A partir do portal da Ins-tituição, qualquer aluno pode solicitar todo o tipo de certificados ou mesmo matricular-se pela primeira vez, sem haver necessidade de se deslocar fisicamente à Divisão Académica. Na mesma linha, a respon-sável avança que, para além do atendimento presencial e por telefone, foi também criado o atendimento electrónico. A receptividade é ex-tremamente positiva, a constatar pelos inúmeros e-mails recebidos a agradecer a celeridade.

Outro dos aspectos que berta baptista salienta é o facto das novas tecnologias implementadas ao abrigo do simplex serem concebidas internamente. Além das vantagens orçamentais, há uma maior perso-nalização dos produtos e um aproveitamento dos recursos humanos,

gem de engenharia, e já vai na sua 10ª edição, tendo abrangido, até ao momento, cerca de 120 docentes. Para além disso, promove ainda acções de formação contínua em temas como a avaliação, a inteligên-cia emocional, a adaptação dos alunos ao ensino superior, sendo ainda complementada com apoio psico-pedagógico individual ou colectivo e consultas de psicologia clínica.

Já o IseP FORGLObe é um plano abrangente de formação de cursos de curta duração. Criado em 2009 e assente em formações com uma sólida base científica, este projecto destaca-se pela enorme diversida-de de oferta formativa, pela total liberdade na escolha do horário de formação e pela qualidade do quadro de formadores. esta plataforma de formação estende-se por áreas técnico-científicas, de valorização pessoal ou profissional, conhecimento geral e lúdicas, pretendendo contribuir para a aprendizagem ao longo da vida. Por outro lado, ao estar aberta a públicos externos acaba por representar um fórum de contacto e troca de experiências entre colaboradores provenientes do IseP, de empresas e de outras instituições públicas.

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19DEstaQUE

que ajuda a consolidar as relações pessoais e profissionais numa or-ganização de grande dimensão. A este nível, berta batista refere que, apesar de o IseP ser uma Instituição com mais de 550 trabalhadores, existe um óptimo ambiente de trabalho. Destaca o bom relacionamen-to com colegas de serviços como a Divisão de sistemas Informáticos, a Divisão de Recursos Humanos ou a Divisão económico-Financeira, o que permite uma boa interacção entre as diferentes áreas, com reflexos na qualidade global do Instituto.

Na perspectiva dos docentes, esta simplificação de procedimentos li-bertou o professor de certas tarefas burocráticas que faziam parte do quotidiano. segundo Rui Gomes dos santos, que viu o IseP duplicar o número de alunos nos últimos 10 anos, “o Moodle democratizou o en-sino ao permitir o fácil acesso às matérias leccionadas, além de ser um meio mais ecológico do que as fotocópias”. O director do Departamen-to de engenharia Civil ressalva a importância das novas tecnologias para conseguir estabelecer um contacto mais próximo com os estudantes--trabalhadores, sobretudo os que frequentam o regime pós-laboral.

PROMOçãO DO SUCESSO ACADÉMICO Só É POSSíVEL ATRAVÉS DE POLíTICAS ASSENTES NO BEM-ESTAR DOS ALUNOS

Com uma excelente imagem no mercado de trabalho, o IseP empe-nha-se no sucesso académico dos seus alunos. Neste sentido, o Con-selho Pedagógico, liderado desde o início do ano por eduarda Pinto Ferreira, procura coordenar as diferentes medidas implementadas por cada departamento. A título exemplificativo, a presidente do Conselho Pedagógico refere que ”houve disciplinas que, neste ano lectivo, au-mentaram para 100% o peso da avaliação durante o semestre, tendo

sempre o cuidado de não afectar a qualidade do ensino”. Para validação deste método, os alunos no final da dis-

ciplina fizeram um exame global, tendo-se notado um maior empenho no estudo da disciplina e, consequentemente, uma melhoria notória nos resultados finais. Por outro lado, “já várias disci-plinas adoptaram a política de troca de elemen-tos da equipa de uns trabalhos para outros. O

objectivo é tentar criar um ambiente de trabalho mais semelhante ao mundo real onde, na maior

parte dos casos, não são os trabalhadores que escolhem a sua equipa”.

A promoção do sucesso académico é uma dinâmica importante que passa por várias medidas, como a motivação dos estudantes ou a me-lhoria dos modelos de avaliação.

A filosofia de ensino no IseP sem-pre premiou uma orientação prática,

sem prescindir de uma sólida formação científica. esta fórmula ajuda a construir,

não só o conhecimento de facto, mas tam-bém a desenvolver uma mentalidade empre-

endedora, aberta à tentativa e erro. este mo-delo de ensino-aprendizagem vai de encontro

ao defendido pelo consórcio internacional CDIO (Conceiving-Designing-Implementing-Oper-ating), do qual o IseP é membro, juntamente com algumas das principais escolas de enge-nharia a nível mundial (MIT, Chalmers, DTu, etc). A troca de experiências e de modelos de ensino-aprendizagem favorecem a contínua evolução das instituições de ensino superior.

Para este ano lectivo está prevista a imple-mentação de um projecto de aprendizagem através da instrução por pares (peer instruc-tion) em algumas unidades curriculares do curso de engenharia Informática. A ideia é inspirada no trabalho do professor eric Mazur, da universidade de Harvard, e consiste em dividir uma turma em pequenos grupos, nos quais os alunos de-batem as soluções para os desafios lançados pelo do-cente. espera-se assim uma maior participação no pro-cesso de ensino, promovendo a motivação e o sucesso da aprendizagem.

A presidente do Conselho Pedagógico refere ainda a im-portância das actividades complementares e extra-curricula-res para a construção de novas mentalidades e desenvolvimento de competências transversais. um exemplo reside no envolvimento do IseP com a campanha dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) das Nações unidas.

Além do sucesso académico, o IseP promove o bem-estar dos alunos.

De facto, desde a implementação do Gabinete de Orientação (IseP|GO), em 2001, os alunos têm ao seu dispor uma equipa de Psicólogas que se dedica à promoção da qualidade de vida dos estudantes, não só através da consulta psicológica e aconselhamento, mas também pela realização de actividades promotoras do desenvolvimento de compe-tências transversais, integração académica e gestão da carreira. Neste âmbito, vai realizar-se a segunda edição do seminário INTeGRA, que obteve um elevado índice de participação no ano passado. Como destacam as técnicas, o principal objectivo do seminário “mais do que o acolhimento aos novos alunos, é prevenir o insucesso e abandono escolar precoce.” Com horário de atendimento alargado dois dias por semana até às 20:00h, o IseP|GO ajusta-se à disponibilidade dos estu-dantes tendo como lema “ser uma porta sempre aberta”. esta flexibili-zação de horários está presente em praticamente todos os serviços de apoio aos alunos para que nenhum aluno, inclusive os estudantes em período pós-laboral, sejam discriminados.

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CRIAçãO DE NOVOS ESPAçOS

Com um ambiente e infra-estruturas de qualidade, a imagem interna e externa do IseP consolida-se, à medida das melho-rias que vão sendo introduzidas. No final de 2007, abriu uma

nova sala de estudo no edifício da biblioteca, com um ho-rário alargado, das 8h00 às 22h00. segundo Patrícia Costa,

responsável pela Divisão de Documentação e Cultura, esta nova valência “permitiu disponibilizar mais espaços aos estudantes, que passaram a dispor de melhores condições

quer para estudo autónomo, quer para trabalhos de gru-po”. Todo o campus está também servido com internet sem

fios. Quanto à biblioteca, considera que têm sido introduzidas melhorias significativas, como “a rede sem fios, o sistema electró-

nico de requisição de livros e o livre acesso às estantes”.

“Mente sã em corpo são” é um lema acarinhado pela Instituição. O ginásio Fitness WorX abriu há cerca de dois anos dentro do Campus

do IseP, com condições especiais para toda a comunidade académica. De acordo com emanuel Fonseca simão, aluno finalista de engenharia electrotécnica e de Computadores, frequentador assíduo do ginásio, “venho cá porque alivia o espírito, especialmente em época de exames, para além de ser um local de convívio.”

FORTE ESPíRITO INTERNACIONAL

Com um sólido espírito internacional, o IseP apoia a mobilidade in-ternacional de estudantes, investigadores, pessoal docente e não-do-cente. Além de ajudar a abrir horizontes, estas estadias no estrangeiro ajudam a desenvolver competências linguísticas, o sentido de intercul-turalidade e, sobretudo, a aprender novas formas de trabalhar. O Gabinete de Relações externas, alimenta um conjunto diver-sificado de parcerias com universidades e empresas euro-peias, mas estende ainda os seus protocolos de coopera-ção além europa, garantindo todo o suporte e orientação aos participantes.

Contudo, não só os actuais estudantes que têm acesso a este serviço. Para os seus graduados, o IseP tem outras al-ternativas, como o programa Leonardo da vinci.

Para Ângela Cunha, diplomada em engenharia Quími-ca, que partiu para a Holanda ao abrigo do programa Leonardo da vinci, “esta é uma experiência de trabalho valorizada por ser internacional, pela participação em projectos que não teríamos oportunidade de aceder em Portugal, que exige o dobro a nível pessoal e emocional mas que nos orienta e prepara para o futuro”.

O fenómeno da mobilidade internacional também é vivido den-tro de portas. são cerca de trinta as nacionalidades que, ano após ano, convivem no IseP.

Além disso, a mobilidade internacional no IseP, ainda que em me-nor grau, é também visível noutros grupos, quer sejam investiga-dores, docentes e não docentes.

DEstaQUE

O restaurante do IseP é um dos vários espaços de refeição no campus. Com capacidade para 200 pessoas sentadas, tem sido solicitado para grandes eventos. O responsável, José Faria, sente-se satisfeito por per-tencer à família IseP e garante que a forte adesão do espaço se deve “ao atendimento e ao buffet self-service, no qual cada pessoa come o que quiser, as vezes que quiser, variando o preço entre os 5 e 6 euros”. Os clientes são os próprios a concordar. Para Maria José Paiva, a mais antiga funcionária do IseP, com perto de 40 anos na casa, “o serviço é muito bom”.

Quanto ao parque de estacionamento, com lugares para centenas de carros e uma recente reorganização do espaço, com prioridades para pessoas com mobilidade reduzida, não poderia deixar a comunidade mais satisfeita. Não obstante, o Plano de sustentabilidade do IseP, apresentado em Janeiro de 2010 apela ao recurso, por parte de toda a comunidade, de meios de transporte alternativos. Podemos realçar, por exemplo, a boa localização geográfica do IseP, com Metro à porta, ou então a possibilidade de ser acessível de bicicleta.

A preocupação do IseP em providenciar o melhor ambiente de traba-lho e a contínua qualificação dos seus quadros fica patente ao longo

deste artigo. O Instituto procura assegurar as melhores condições pos-síveis para que as pessoas que continuamente constroem a marca IseP se sintam uma verdadeira comunidade. esta prioridade na construção de uma equipa forte e coesa não só melhora a satisfação de todos os que vivem o campus, como garante um melhor serviço a todos os que procuram o Instituto superior de engenharia do Porto.

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InvestIgadores do CISTER dão cartas

em projecto de I&d EUROPEU

O ReCOMP é, actualmente, um dos maiores projectos de I&D euro-peus, e o IsEP.BI foi tentar compreender, junto dos investigadores do CIsTeR, em que consiste este projecto e em que medida estão os nossos investigadores a contribuir para desenvolvimentos tão cruciais na área das ciências computacionais. O projecto, que teve início este ano, tem por principais objectivos a investigação em mecanismos e processos de redução de custos e aumento da fia-bilidade dos sistemas computacionais embebidos, área em que se especializou o CIsTeR.

INvEstIGaÇÃo à LUPa

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Com uma visibilidade internacional bem cimentada nos últimos anos, a participação do Centro de Investigação em sistemas Confiáveis e de Tempo-Real (CIsTeR), sedeado no IseP, num projecto de investigação com o calibre do ReCOMP, era um percurso anunciado.

O CIsTeR é líder mundial na investigação de sistemas embebidos (sis-temas computacionais ocultos em diversos aparelhos) e de tempo real, tendo sido classificado como excelente no último processo de avalia-ção internacional levado a cabo pela FCT. Não admira, portanto, que o parceiro português do projecto ReCOMP seja, naturalmente, o grupo internacional formado no IseP. Para além do prestígio já alcançado pelo CIsTeR, e tal como explicou ao bI a equipa, “o projecto tem várias áreas de investigação, e as competências do CIsTeR são complementa-res às dos restantes parceiros”.

Mas em que consiste, afinal, o ReCOMP? O projecto ReCOMP insere-se na área dos sistemas de computadores utilizados em aplicações definidas como críticas, ou seja, que podem implicar a segurança de pessoas ou graves prejuízos financeiros, como por exemplo os sistemas de controlo de aviões, como o fly-by-wire, de satélites, de automóveis, como o Abs, ou aplicações industriais robotizadas. Neste tipo de aplicações, devido às possíveis consequências das falhas, o desenvolvimento dos sistemas computacionais tem que obedecer a um processo rigoroso e bastante

INvEstIGaÇÃo à LUPa

complexo que é regulado por normas específicas e internacionais. Dada a complexidade e rigor do processo, o desenvolvimento de novos siste-mas pode levar vários anos, e tem custos extremamente elevados.

e perante estas premissas, no âmbito do projecto, os investigadores do IseP vão criar novos métodos para o desenvolvimento de aplicações e ferramentas para facilitar a certificação e re-certificação de módulos e componentes de hardware e software. Numa segunda fase, vão ainda ser criadas novas plataformas de hardware e sistemas operativos para as gerações futuras de sistemas de computadores certificáveis. Os ob-jectivos principais serão aumentar a confiança destes sistemas e redu-zir os custos de produção e certificação.

Os investigadores explicam-nos que, no ReCOMP, “o CIsTeR participa em duas componentes. A primeira, transversal a todo o projecto, é a de definição de requisitos temporais de sistemas certificáveis e posterior avaliação dos resultados”. A segunda assenta na investigação, focando duas áreas: “Na área dos componentes e modelos, o CIsTeR investigará modelos para a análise de escalonabilidade modular, assim como para a definição de propriedades temporais e escalonamento de recursos dos componentes de software”. Na área das plataformas, o CIsTeR vai-se dedicar à investigação do problema da contenção dos vários processadores no acesso ao barramento de comunicação e à memó-ria partilhada, “e na integração de modelos de consumo de energia e isolamento de memória no sistema operativo”.

“em várias áreas em que uma falha dos sistemas de computadores embebidos pode ter consequências graves, particularmente em vidas humanas, existe a necessidade de certificar que o processo de desen-volvimento do sistema foi rigoroso de forma a reduzir a probabilidade de falha para um valor muito pequeno”, comentam.

Para explicar da melhor forma o conceito que está na retaguarda des-ta investigação, escolhem uma área que, para o cidadão comum é, possivelmente, a mais importante no que respeita à fiabilidade: a área automóvel. Os investigadores explicam-nos que “os automóveis têm sistemas electrónicos controlados por computadores embebidos, pelo que a falha de um desses sistemas pode causar um acidente”. Perante a importância da fiabilidade dos sistemas, “os processos de desenvol-vimento precisam cada vez mais de ser rigorosos, e os sistemas têm que ter a mesma redundância que é comum nas áreas industriais, dos

MINIMIzAR AS FALhAS

stefan M. Petters é vice-director da unidade de investigação CIsTeR e líder da área de investigação em sistemas de Tempo--Real Adaptativos. Obteve o seu Mestrado em engenharia em 1995 e o Doutoramento em 2002, ambos pela universidade Técnica de Munique, Alemanha, tendo obtido ainda um pós--doutoramento no departamento de ciência dos computado-res da universidade de York, Inglaterra. De 2004 a 2009 esteve ligado à unidade eRTOs da NICTA, Austrália como investiga-dor sénior. em 2009 juntou-se ao CIsTeR. No projecto ReCOMP, para além da gestão e liderança da participação do CIsTeR, li-dera os trabalhos de investigação em técnicas de monitoriza-ção de consumo de energia baseadas em contadores de har-dware existentes nos processadores actuais e em isolamento temporal de sistemas operativos.

O INVESTIgADOR LíDER

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23INvEstIGaÇÃo à LUPa

O CIsTeR - Centro de Investigação em sistemas Confiáveis e de Tempo-Real é uma unidade do IseP que trabalha nas áreas científicas da engenharia Informática e electrotécnica. Foca a sua actividade na análise, projecto e implementação de sis-temas de computadores embebidos e de tempo-real. esta unidade tem por base o grupo de I&D IPP-HuRRAY (Hugging Real-time and Reliable Architectures for computing sYstems), criado em 1997 no IseP. É, actualmente, uma das unidades portuguesas com maior visibilidade internacional, sendo um dos líderes mundiais em várias das suas linhas de investigação. A unidade CIsTeR é, desde 2004, classificada como excelente nos processos de avaliação por painel internacional da respon-sabilidade da FCT, sendo na área de engenharia electrotécnica e Informática uma das duas actualmente com essa classifica-ção e a única com essa classificação desde 2004.

A FONTE DE INVESTIgAçãO

Por último, a curiosidade inerente ao ser humano impõe a seguinte questão: onde mais existem os sistemas embebidos? e a resposta é pronta: “em todo o lado! A maioria das pessoas não nota, mas os com-putadores embebidos são omnipresentes no seu dia-a-dia”. Desde telemóveis, iPods, cartões de crédito inteligentes, “boxes” digitais da Televisão, consolas de jogos, máquinas de lavar e microondas com pro-gramas ditos inteligentes, todos estes electrodomésticos utilizam os sistemas embebidos. “Qualquer pessoa que olhe à sua volta, se pensar que em cada equipamento electrónico que vê existe um computador embebido percebe rapidamente a sua omnipresença”, concluem.

ELES ESTãO EM TODO O LADO!

Agora que os objectivos e a utilidade de projecto estão bem definidos, impõe-se uma questão: como pretendem aumentar a fiabilidade e re-duzir os custos de produção e certificação destes sistemas de compu-tadores? Os investigadores explicam que “tal como nos computadores de secretária, cada vez mais os sistemas de computadores embebidos utilizam vários processadores, ou vários núcleos de processamento dentro do mesmo processador. A ideia passa por utilizar esses vários processadores para suportar tanto a redundância como a execução de funções diferentes no mesmo sistema. Desta forma, reduz-se o número de sistemas diferentes que é preciso desenvolver e certificar, diminuin-do o tempo e o custo de desenvolvimento”.

Os investigadores explicam que “o objectivo é garantir que cada com-ponente do sistema veja uma fracção da plataforma como sendo sua, sem a existência de interferência entre os diversos componentes”. e aqui reside uma das partes mais complicadas do trabalho dado que “implica garantir a não-interferência no acesso à memória, ao barra-mento de comunicações ou de tempo de processador”, tarefa esta que é bastante mais complexa “quando se considera a interacção com o mundo exterior. É necessário garantir que as funções são executadas de forma correcta, na altura correcta”.

UM PROJECTO qUE ASSENTA COMO UMA LUVA

UM TRABALhO INTERNACIONAL E MULTIDISCIPLINAR

O projecto ReCOMP envolve 41 empresas e centros de investigação eu-ropeus e é financiado pela ARTeMIs, uma iniciativa que junta a união europeia, os estados-Membros, a indústria e os centros de I&D europeus.

Conforme referem, “o orçamento para o projecto provém da Comis-são europeia, dos estados-Membros, e das empresas participantes”. No caso português, os custos das unidades de investigação como o CIsTeR são financiados a 100%, tal como num projecto da FCT. Destaca-se que o orçamento da participação do CIsTeR é de aproximadamente meio milhão de euros.

A importância do investimento europeu neste projecto fica bem clara quando olhamos para os números oficiais. Tal como nos avançam os investigadores do CIsTeR, 98% dos processadores existentes no mun-do encontram-se nos sistemas embebidos. Dados de 2006 referem que quatro biliões de processadores foram vendidos para sistemas embe-bidos, um mercado de 60 biliões de euros, e um crescimento anual de 14%. “A previsão é de mais de 16 biliões de sistemas embebidos em 2010 e 40 biliões em 2020”.

comboios, ou espacial”. A separação de funções é, igualmente, crucial, de forma a que, por exemplo, “o controlo do Abs não seja influenciado pelo sistema de telemóvel mãos livres”.

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Na vanguarda da adaptação aos novos modelos de ensi-no que o processo de bolonha impõe, nasce no IseP um projecto inovador em Portugal: o Physics LabFARM (Labo-ratórios de Física de Acesso Remoto). Genericamente, este recurso educacional, concebido como suporte às unidades curriculares de Física, vai permitir a realização de experiên-cias laboratoriais a partir de qualquer lugar e a qualquer hora, desde que o aluno tenha acesso à Internet. Financia-do a cem por cento pelo IseP em cerca de 150 mil euros, o projecto é liderado pelos docentes Gustavo Alves e Arceli-na Marques, e está pronto para arrancar já a partir do pró-ximo ano lectivo. Depois da sua implementação, a vontade é disponibilizar a solução a outras instituições de ensino.

Tal como se de uma equação matemática se tratasse, pode dizer-se que o Physics LabFARM foi a solução encontrada para um problema, no qual as variáveis em jogo há muito estavam identificadas. Analogias à parte, é preciso enquadrar a criação dos laboratórios remotos do IseP, não só no contexto interno da própria Instituição, mas também a partir de uma perspectiva mais abrangente.

Como constata a professora Arcelina Marques (docente do Departa-mento de Física do IseP), “no geral, os alunos não desenvolvem com-petências suficientes durante o ensino secundário e quando chegam ao ensino superior revelam grande falta de conhecimentos, o que conduz, inevitavelmente, ao seu desinteresse e elevada taxa de insu-cesso”. Para além deste facto, os mentores do projecto concordam que o processo de bolonha, ao diminuir o número de horas presenciais,

A NOssA TeCNOLOGIA

PhySICS LABFARM

acaba por sacrificar a componente laboratorial no plano de estudos. Relativamente aos condicionalismos internos, perante um aumento gradual do número de alunos no IseP nos últimos anos, a sobrelotação dos laboratórios de Física é uma realidade. Para o professor Gustavo Alves (docente do Departamento de engenharia electrotécnica) outro aspecto a salientar é que o IseP se distingue pelo elevado número de alunos a frequentar o horário pós-laboral. Por isso, “temos que lhes dar condições para que, nos seus tempos livres, possam ter acesso a um recurso educativo tão importante como o laboratório.”

Identificadas as “variáveis do problema”, o Presidente do IseP solicitou a ambos os docentes, defensores acérrimos da aprendizagem experi-mental, a apresentação formal de uma proposta de experimentação remota. Foi assim apresentado o projecto Physics LabFARM, desenvol-vido pelo Centro de Inovação em engenharia e Tecnologia Industrial (CIeTI) do IseP há alguns meses atrás, embora a ideia já tivesse nascido há mais tempo.

em concreto, o Physics LabFARM vai permitir a alunos do IseP, nas unidades curriculares de Física, uma maior autonomia e flexibilidade de horários na realização de algumas experiências laboratoriais. elimi-nando-se parcialmente a obrigatoriedade da presença no laboratório, ultrapassa-se o défice de recursos humanos e tecnológicos, incontor-nável quando estão em causa centenas de alunos.

De forma a evitar qualquer tipo de confusão, o professor Gustavo Alves adverte que não se deve confundir a experimentação remota com a simulação. segundo o docente, “até há algum tempo atrás, pensava-se que a simulação era um recurso educativo completo, o que, no meu

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a Nossa tECNoLoGIa

ponto de vista, está errado. Perante aquilo que estão a utilizar, os alu-nos têm uma determinada expectativa, e querem, de facto, ver quais as consequências das suas “ordens”. Quando o aluno está a utilizar um laboratório remoto está a utilizar equipamento real, não virtual. Através de uma interface gráfica, podem-se manipular efectivamente os circui-tos eléctricos”. embora haja o risco de inadvertidamente o aluno dani-ficar o equipamento no decorrer da experiência, o professor Gustavo Alves não se revela apreensivo, pois como adianta “serão equacionadas protecções, de forma a prevenir esses riscos”.

O “aprender fazendo”, destaca a professora Arcelina Marques “é cru-cial para o processo educativo”. A experiência remota é, portanto, uma opção complementar viável aos conhecimentos teóricos previamente adquiridos. Aliás, a docente concebe o futuro da educação concen-trado numa perspectiva cada vez mais prática, mas com forte compo-nente científica.

Desenvolvido em três fases distintas englobando diferentes públicos--alvo, o projecto-piloto arranca já este ano lectivo 2010/2011. Nesta primeira fase, o IseP integra um consórcio europeu para o desenvol-vimento da solução, sendo a única Instituição portuguesa presente. Liderado pelo blekinge Institute of Tecnology, na suécia, o consórcio engloba ainda a universidade de Deusto (espanha), a universidade Politécnica de Madrid e a universidade Técnica de viena. Inicialmen-te, a experiência piloto vai incidir sobre a área da electricidade. Como explica o docente Gustavo Alves “pretende-se avaliar a capacidade do aluno em montar um circuito eléctrico, de efectuar medições so-bre esse circuito e de interpretar os dados obtidos”. Para Fevereiro de 2011, aguarda-se a conclusão da segunda fase do projecto, esta mais

exigente, uma vez que irá testar as capacidades de análise do aluno, através de um circuito previamente montado. A última fase do projec-to, desenvolvida de raiz pelo IseP, será também a mais complexa, uma vez que está em causa a verificação experimental de conceitos de Físi-ca, como a cinemática, a dinâmica, o trabalho e a energia, a mecânica de corpos rígidos e as oscilações. A implementação desta fase final do Physics LabFARM deverá estar concluída em Janeiro de 2012.

Num serviço que engloba os dois pilares da Instituição – docentes e alunos, torna-se fundamental, nesta primeira fase, dotar os docentes das ferramentas e conhecimentos necessários para levar o projecto a bom porto. Neste sentido, no passado mês de Junho, realizou-se a pri-meira apresentação da solução, direccionado aos docentes do Depar-tamento de Física (DeFI), directamente envolvidos na implementação do projecto.

em setembro, esclarece o professor Gustavo Alves, “foi feito um work-shop mais formal, sobre a utilização prática dos recursos. estiveram presentes investigadores de outras instituições, como o colega Ingvar Gustavsson do blekinge Institute of Technology, e também alguns ele-mentos da universidade Federal de santa Catarina, no brasil”.

Relativamente ao acesso ao laboratório remoto, será feito através da plataforma Moodle. Quanto aos métodos de acesso, esses vão variar conforme as diferentes fases do projecto. Durante a primeira e segunda fase, o acesso é feito através de uma fila de pedidos, em que o sistema regista os dados e automaticamente passa para o pedido seguinte. A terceira fase, sendo mais complexa, vai permitir aos alunos, um de cada vez, reservar um determinado período de tempo, para realizar todas as suas experiências. embora a primeira fase ainda não tenha arrancado oficialmente, já existe um aluno do IseP a trabalhar para a solução da segunda fase do projecto, sob orientação do professor Manuel Gerico-ta, para além de estar em curso um concurso para contratação de dois bolseiros que irão desenvolver as metodologias da terceira fase.

Com um financiamento total de 150 mil euros suportado pelo IseP, a intenção dos investigadores a longo prazo passa mesmo por disponibi-lizar a solução a outras instituições de ensino, mais precisamente esco-las secundárias. Neste sentido, o professor Gustavo Alves confirma que já houve essa aproximação, nomeadamente através da apresentação do projecto em algumas escolas, concluindo que o saldo não poderia ter sido mais positivo. Para além deste cenário, há ainda a possibilidade de interesse na solução por parte de outras escolas do Instituto Poli-técnico do Porto.

No futuro, talvez seja possível criar uma rede de laboratórios remotos com diferentes ofertas de experiências de Física, para serem partilha-das pelos alunos das instituições intervenientes.

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carlos palhares

Do IseP, Carlos Palhares guarda as melhores recordações: a vivência interna e um corpo docente com vasta experiência na indústria. Nessa altura, estávamos no início dos anos 90 e, como recorda, “assistia-se a um fervilhar do movimento associativo, pois vivíamos a época da luta contra as propinas”. sempre muito ligado à Associação de estudantes, acabou por descurar um pouco a parte académica, mas não se arre-pende. “Perdi um ano lectivo, tendo perfeita consciência disso, mas ganhei em muitos outros aspectos, como o desenvolvimento da capa-cidade de gestão e resolução de conflitos. O IseP foi para mim também uma escola cívica”.

Pretendendo “desligar-se” da realidade que o cercava até então e dedi-car-se a tempo inteiro aos estudos, inscreve-se no programa erasmus, na altura a dar os primeiros passos. em Lille, França, teve a oportunidade de entrar em contacto com uma nova cultura e absorver todos os conhe-cimentos que foi adquirindo nos meses de investigação em laboratório.

De regresso a Portugal, concluiu o curso e rapidamente voltou a tra-balhar na mesma empresa que o tinha visto partir: a Cablinal Portu-guesa (dedicada à produção de equipamentos para a indústria auto-móvel), desta vez para uma posição de destaque no Departamento de Industrialização. Os convites para novas empresas foram surgindo sucessivamente e, com naturalidade, sai da Cablinal para a Liar Corpo-ration. Nesta empresa, esteve primeiro ligado à unidade de valongo, a desenvolver um projecto para a Renault, tendo depois participado no

“O ISEP FOI PARA MIM TAMBÉM UMA ESCOLA CíVICA”

arranque de uma nova unidade industrial na Póvoa de Lanhoso, até que parte para Paris durante o período de um ano.

Analisar todo o seu percurso profissional até ao patamar em que se en-contra agora, pode ser uma tarefa algo morosa, pois desde cedo, mesmo ainda enquanto estudante, começou a trabalhar, declarando-se inimigo da inércia. Aliás, como constata com alguma tristeza, “actualmente os jovens não arriscam, falta-lhes coragem. Têm que lutar, ir à procura, não podem ficar de braços cruzados à espera que o emprego venha ter com eles.” A atitude, o rigor, o empenho, a força de acreditar e a vontade de trabalhar, são características que valoriza, para além do sentido prático, que afirma ser uma qualidade bem visível dos alunos do IseP.

No entanto, para este self-made man que subiu a pulso na vida, nem tudo no seu percurso profissional são vitórias. Como reconhece, “o pe-ríodo mais conturbado da minha actividade profissional foi em 2002, quando, enquanto director de fábrica da Yasaki em Portugal, tive que despedir cerca de mil trabalhadores”.

Como não era esse o seu plano de negócios, decidiu partir para uma nova aventura. Integra então o grupo simoldes para liderar um novo projecto: a abertura de uma fábrica na Roménia, experiência que ga-rante ter sido gratificante. Já como membro do Comité executivo e Director da unidade de Negócios, o “bichinho” do empreendedorismo continuava a crescer. Por isso, em Abril de 2004 comete uma “loucura

26 DEPoIs Do IsEP

Formou-se no IseP em engenharia de Instrumentação e Qualidade Industrial, vestiu a camisola da Associação de estudantes e foi um dos primeiros alunos, inseridos no pro-grama erasmus, a partir para França. Para Carlos Palhares, essa etapa da sua vida foi determinante para o seu cres-cimento enquanto pessoa e profissional. empreendedor nato, trabalhou já para várias multinacionais e actualmente dirige a sua própria empresa, a Mecwide, dedicada aos ser-viços de manutenção e reparação industrial. “A sorte vai ao encontro de quem a procura” é talvez a expressão que me-lhor define o percurso de Carlos Palhares, que actualmente integra o projecto “Role Models – Porto de Futuro”, cujo principal objectivo é a apresentação de novos modelos de sucesso às gerações mais jovens, para além dos futebolísti-cos e televisivos, tão em voga na nossa sociedade.

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saudável” ao abandonar uma posição perfeitamente estável, para criar o seu primeiro projecto pessoal.

Reconstruir uma empresa à beira da falência foi um desafio que Car-los Palhares abraçou com optimismo. Adquiriu cinquenta por cento da suleve, empresa subcontratada da Yasaki e, de uma situação ne-gativa, passou para um volume de negócios de 15 milhões de euros, em 2008, e com três unidades industriais a operar (em Portugal, Mar-rocos e Roménia). No entanto, já em 2006, tinha vendido o seu capital à Delfingen, mas o grupo, reconhecendo o mérito de Carlos Palhares e confiando na sua capacidade de liderança, quis que continuasse como Director-Geral em Portugal, para além do assento no Conselho de Ad-ministração, que ainda hoje mantém.

O seu mais recente projecto pessoal, que começou a nascer quando ainda estava na Delfinguen, é a Mecwide, empresa de serviços de ma-nutenção e reparação industrial. Com um percurso profissional indis-cutível na Indústria Automóvel, esta mudança de sector, confessa o engenheiro, “é uma homenagem ao meu pai, porque ele foi soldador e formador na área durante 40 anos”. em Fevereiro de 2009, assite-se ao arranque efectivo da empresa e, se no primeiro ano atingiu os 600 mil euros de volume de facturação, “contrariando a crise, até ao momento já somo 1,4 milhões de facturação e prevejo ultrapassar os dois milhões de euros no final do ano”, admite.

Com cerca de 34 colaboradores, grande parte deles especialistas nas áreas de soldadura e tubagem, uma das apostas da Mecwide é a “for-mação como modelo de negócio”. Carlos Palhares constatou que exis-te um défice de quadros intermédios nesta área e queria colmatar esta deficiência do mercado, através de uma qualificação profissional com-petente. Hoje em dia, é esse mesmo um dos core business da empresa pois, tal como evidencia, “para mim o meu produto é o meu negócio”.

segundo este engenheiro de 38 anos, a formação contínua ao longo da vida é um factor preponderante. Tal assumpção levou-o a frequen-tar o MbA executivo na escola de Gestão do Porto, que está prestes a terminar. A polivalência que o curso de engenharia lhe ofereceu, abriu--lhe novos horizontes de aprendizagem, para além de acreditar que “os engenheiros são gestores por natureza”, se bem que também conside-re que todas as pessoas são potenciais gestores.

Ainda assim, não toma nada como adquirido e afirma que “todos de-vemos actualizar os nossos conhecimentos, à medida das funções que vamos desempenhando.” Não põe ainda de parte a hipótese de regres-sar ao IseP se achar que isso que lhe trará mais-valias. No entanto, ad-verte que “as instituições do ensino superior, actualmente com menos verbas do estado, devem ter uma preocupação acrescida com os actu-ais e antigos alunos, porque podem ser eles, novamente, os “próximos clientes”. um dos caminhos pode ser a criação e manutenção de uma “rede alumni”.

Além disso, outro aspecto determinante para o sucesso de qualquer pessoa, garante, “é a mundivivência.” A questão geográfica, considera, “ainda é um bloqueio para muitos portugueses e, sinceramente, não o entendo. Procuro sempre transmitir aos meus filhos que hoje o nos-so concorrente está do outro lado do planeta”. Não será por isso de

“UMA MENTALIDADE ABERTA E ATITUDE POSITIVA SãO MEIO CAMINhO PARA O SUCESSO”

estranhar que reconheça que o mundo empresarial se move “à velo-cidade de um cruzeiro”. Com uma actividade relativamente recente, a Mecwide já fez intervenções em França e, neste momento, encontra--se a operar na Holanda, em Angola, na suíça, e estão ainda em curso conversações para a entrada na Nigéria. Para um futuro próximo, quer que a empresa se consolide e cresça, não pondo de parte novas inter-nacionalizações.

Com uma carreira profissional notável, o êxito deste engenheiro forma-do no IseP não passou despercebido aos responsáveis pelo projecto “Porto de Futuro”, iniciativa da Câmara Municipal do Porto. O objectivo do projecto é mudar a mentalidade das crianças e jovens relativamente aos modelos de sucesso na sociedade actual, onde se destacam figu-ras mediáticas. Nesse sentido, foram escolhidas onze personalidades nortenhas que se destacam pelo seu negócio, a sua atitude e o seu empenho. Através de um vídeo que retrata o percurso da sua vida académica e profissional, para além de palestras em várias escolas se-cundárias do Município, Carlos Palhares procura passar a mensagem de que “uma mentalidade aberta e atitude positiva são meio caminho para o sucesso”.

DEPoIs Do IsEP

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28 brEvEs

Carla Pinto, docente do Departamento de Ma-temática, co-organizou um simpósio sobre Mo-delos Matemáticos na engenharia, a ter lugar durante a NsC 10 – III Conferência sobre Ciência Não linear e Complexidade (3rd Conference on Nonlinear science and Complexity), que decor-re entre 28-31 de Julho, em Ancara, Turquia.

O simpósio, co-organizado pela também investigadora do Laboratório em engenha-ria Matemática (LeMA), foca-se nos vários modelos matemáticos (sistemas dinâmicos, modelos estatísticos, equações diferenciais e modelos teóricos do jogo) usados para ex-plicar problemas do mundo real nas Ciências Naturais e na engenharia.

em setembro, Carla Pinto esteve na ilha de Rodes, Grécia, para presidir ao simpósio so-bre sistemas Dinâmicos em Robótica, evento inserido no ICNAAM 2010 – vIII Conferência Internacional de Análise Numérica e Matemá-tica Aplicada (8th International Conference of Numerical Analysis and Applied Mathematics).

este encontro científico concentrou-se no apro-veitamento da teoria de sistemas dinâmicos para avançar soluções de locomoção robótica.

TECNOLOgIA NAS PORTAS DA EUROPA

gECAD INICIA PROJECTO WORLD SEARChO GeCAD arrancou em Junho os trabalhos do projecto World search. Liderado pela Micro-soft Portugal, este projecto foi recentemente aprovado pelo Quadro de Referência estraté-gico Nacional (QReN).

O World search visa a investigação e desen-volvimento de tecnologias avançadas para pesquisa de informação geral e empresarial. A inovação deste motor de busca consiste na sua adaptação ao mercado da Língua Portuguesa, falada por mais de 210 milhões de pessoas (sex-ta em termos mundiais), incluindo economias emergentes como o brasil e Angola. A tecnolo-gia que se pretende desenvolver terá em aten-ção pormenores como a relevância semântica, aspectos culturais ou socioeconómicos.

Além do IseP, o projecto integra como parcei-ros a universidade de Aveiro, a universidade de Lisboa e as empresas MsFT software para Microcomputadores, IZone – Knowledge systems, Ponto C – Desenvolvimento de sis-temas de Informação, Maisis – sistemas de Informação e a PT Comunicações.

Nuno silva é o coordenador das actividades a serem desenvolvidas no IseP através do Gru-po de Investigação em engenharia do Conhe-cimento e Apoio à Decisão (GeCAD) – unida-de que, com os seus 80 investigadores e 51 doutorados, representa o maior grupo de I&D do ensino superior Politécnico português.

CISTER AVANçA PEDIDO DE PATENTE NOS ESTADOS UNIDOSCom um registo recorde de patentes provisó-rias ou em preparação, o Centro de Investiga-ção em sistemas Confiáveis e de Tempo-Real (CIsTeR), em colaboração com a Oficina de Transferência de Tecnologia e Conhecimento do Politécnico do Porto (OTIC.IPP), apresentou o seu primeiro pedido de patente nos euA.

“Methods and systems for Incrementally Obtai-ning an Interpolation of sensor Readings”, ba-seia-se na experiência do CIsTeR em protocolos de controlo remoto sem fios de acesso priori-tário médio e a sua exploração no âmbito das iniciativas estratégicas em sistemas ciber-físicos.

Rui Camposinhos realizou com sucesso provas de agregação na Faculdade de engenharia da universidade do Porto, em 31 de Maio e 1 de Ju-nho. O professor coordenador do Departamento de engenharia Civil (DeC) defendeu o projecto “Revestimentos em Pedra Natural com Fixação Mecânica - Dimensionamento e Projecto”.

Dividido em dois actos, as provas de agrega-ção apreciaram o currículo do professor do IseP, o relatório referente ao programa, con-teúdos e métodos de ensino do mestrado em engenharia de Fachadas e a apresentação e discussão da lição referente ao projecto.

Com a aprovação por unanimidade, Rui Cam-posinhos obteve o título de agregado. esta notícia significa que Rui Camposinhos se torna no primeiro docente com agregação na área de engenharia Civil em todo o ensino Politécnico nacional.

ENgENhARIA CIVIL CONTINUA A ELEVAR PADRõES

Actualmente, os sistemas informáticos in-corporados representam 99% do universo computacional, sendo um domínio ainda em crescimento. A evolução da computação in-corporada (embedded computers) facilita o trabalho em rede e interactivo com o meio físico envolvente (etiquetas RFID, redes de sensores sem fios, comunicações nos veícu-los são alguns exemplos). Assim, é cada vez maior o interesse em que as aplicações con-sigam, não só ler a sua própria monitorização ambiental, mas também incorporar as restan-tes leituras dentro do sistema. esta inovação, agora patenteada pelo CIsTeR, permite a co-municação integrada de todos os computa-dores num sistema, reduzindo os custos asso-ciados à comunicação de aplicações em larga escala. As potenciais aplicações desta nova tecnologia incluem áreas como o controle de materiais inteligentes (como asas de ae-ronaves); sistemas de segurança em veículos; controle avançado de motores de combustão e instrumentação de sensores corporais em micro ou nano-escala.

No IseP existem actualmente seis docentes doutorados com agregação: José Tenreiro Machado e Zita vale, do Departamento de engenharia electrotécnica; Carlos Ramos, do Departamento de engenharia Informática; Cristina Delerue Matos, do Departamento de engenharia Química; Rui silva, do Departa-mento de Física e Rui Camposinhos.

O docente do DeC está no IseP desde 2000, sendo o director do mestrado em Tecnologia e Gestão de Construções e o coordenador científico do Grupo de Investigação e Consul-toria em engenharia Civil (GICeC).

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Joana Oliveira, Catarina Costa e Mateus san-tos, alunos da escola salesiana do Porto, ven-ceram o 1º prémio na modalidade Girassol no concurso Rali solar. O projecto vencedor con-siste na produção de biodiesel a partir de cáp-sulas de café à base de alumínio. este trabalho de conversão de embalagens Nespresso em fonte de energia alternativa foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Química do IseP, no âmbito da parceria de cooperação entre o Departamento de engenharia Quími-ca (DeQ) e o colégio portuense.

O concurso Rali solar pretende desenvolver uma cultura científica e empreendedora en-tre os jovens. Apostando na área das energias

POR UM FUTURO SUSTENTÁVEL

Amândio Gomes, estudante do Departamen-to de engenharia Informática (DeI), foi um dos oradores convidados do workshop IPv6 – In-ternet de Nova Geração Desafios e Oportuni-dades, que se realizou no Hotel Porto Palácio, a 26 de Maio.

Organizado pela Fundação para a Com-putação Científica Nacional (FCCN), este evento visou divulgar a tecnologia IPv6, tendo o jovem valor do IseP apresentado a comunicação “Mais-valia do IPv6 para uma PMe tecnológica”.

enquanto parceira do projecto europeu 6De-PLOY, a FCCN pretende apoiar a implemen-tação de IPv6 em diversas áreas de negócio, servindo este workshop para informar as comunidades académica e empresarial das vantagens associadas a esta nova realidade da Internet.

Amândio Gomes encontra-se a desenvolver um projecto na empresa Neoscopio, sob orientação de Jorge Pinto Leite (DeI), desta-cando-se na sua apresentação a orientação do IseP para as novas tecnologias e a atenção e capacidade de as adaptar às necessidades do maior tecido produtivo português: as mi-cro, pequenas e médias empresas.

CRIAR SOLUçõES TECNOLógICAS PARA AS PME

DEP. DE ENgENhARIA MECÂNICA ELEgE DIRECTORPaulo Ávila foi reconduzido à frente do De-partamento de engenharia Mecânica (DeM) (no dia 10 de Maio), após ter recolhido 77% dos votos na eleição realizada no final de Abril. Licenciado em engenharia Mecânica pela universidade de Coimbra e mestre em Produção Integrada por Computador pela universidade do Minho, Paulo Ávila concluiu o doutoramento em 2004 com a defesa da tese em engenharia de Produção e sistemas, “Modelo Rigoroso de selecção de sistemas de Recursos para o Projecto de empresas Ágeis / virtuais para Produtos Complexos”.

Docente no IseP desde 1994, Paulo Ávila inte-grou o Conselho Pedagógico em 1997 e a As-sembleia de Representantes em 2001, sendo director do DeM desde 2009.

Para o novo mandato, as prioridades as-sentam na formação, prestação de serviços e consultadoria, I&D (onde DeM alberga o Centro de Investigação e Desenvolvimento

O orçamento global do projecto é de aproxima-damente 1.2 M€, cabendo cerca de 94 mil euros ao IseP. O World search arrancou em Junho, pas-sado estando sua conclusão prevista para 2012.

alternativas, esta iniciativa propõe um con-junto de desafios nas áreas da energia solar, aproveitamento térmico ou produção de bio-combustíveis. Na edição de 2010 participa-ram 186 escolas do ensino básico, secundário e Profissional, tendo-se destacado na moda-lidade Girassol o projecto desenvolvido pela escola salesiana do Porto com o IseP.

esta notícia reflecte várias imagens de marca do Instituto, destacando-se o compromisso com tecnologias e mentalidades promoto-ras da sustentabilidade, a aposta na criativi-dade e na inovação, a abertura à sociedade e aproximação às comunidades escolares do Grande Porto e o constante desempenho em equipas vencedoras.

Actualmente, o DeQ lecciona uma licencia-tura e um mestrado em engenharia Química, com especializações em Optimização energé-tica na Indústria Química e em Tecnologias de Protecção Ambiental.

em engenharia Mecânica – CIDeM); inter-nacionalização (nomeadamente através de programas de mobilidade académica); con-tínua requalificação dos recursos humanos e promoção de um bom ambiente de trabalho.

O DeM lecciona actualmente as licenciaturas em engenharia Mecânica e em engenharia Mecânica Automóvel, os mestrados Cons-truções Mecânicas e Gestão de Processos e Operações e a pós-graduação em sistemas Integrados de Gestão da Qualidade, Ambien-te e segurança. em 2010/2011 lançará o novo mestrado em energias sustentáveis.

CONhECIMENTO INCLUSIVOO elearning.info – portal da Comissão euro-peia para promoção das tecnologias da infor-mação e comunicação na aprendizagem ao longo da vida – publicou recentemente um artigo de Gustavo Alves, docente do Departa-mento de engenharia electrotécnica.

Intitulado “De Ilícitas a educativas: uma via para Converter Máquinas de Jogo Ilegais”, o artigo descreve o trabalho realizado desen-volvido ao abrigo da Rede Piá, da responsa-bilidade dos brasileiros Juarez bento da silva (universidade do sul de santa Catarina), e João bosco Alves (universidade Federal de santa Catarina), tendo a participação do IseP resultado do anterior envolvimento no pro-jecto Alfa RexNet.

O projecto desenvolvido consiste na conver-são de máquinas de jogo em ferramentas educativas de base computorizada para uso em escolas brasileiras do ensino básico, insti-tuições governamentais e não-governamen-tais que lidam com comunidades pobres e socialmente excluídas. O objectivo é desen-volver tecnologias sustentadoras da inclusão social, passando por uma medida que em si-multâneo reduz factores de pobreza (menos dinheiro gasto em jogo) e promove a edu-cação (aumentando o acesso e a motivação para aprender).

Até agora, o projecto já instalou 200 máqui-nas de jogo convertidas em 40 escolas, bene-ficiando directamente mais de 12 mil crian-ças. A evolução do projecto permitiu também desenvolver aplicações pedagógicas informa-tizadas especialmente adaptadas a crianças do ensino básico, e jovens com necessidades educativas especiais.

A edição nº 19 da eLearning Papers é dedica-da ao Ano europeu do Combate à Pobreza e

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AP3E DISTINgUE MESTRES DO DEgLuís Fonseca e Luís Ramos, mestres em enge-nharia Geotécnica e Geoambiente pelo IseP, foram galardoados com uma menção honro-sa no Prémio AP3e de engenharia dos explosi-vos. Os trabalhos apresentados resultam dos projectos de mestrado “Interacção e Avaliação entre o Maciço Rochoso e as Tecnologias de Perfuração: Consequências Técnico-económi-cas” e “Avaliação Geotécnica e Geomecânica de Maciços Rochosos Fracturados para Con-trolo da Qualidade do Desmonte”, co-orienta-dos por Carlos Galiza e Hélder Chaminé.

Ambos os projectos partem de um ponto comum – as metodologias de trabalho no maciço rochoso em duas pedreiras do Norte de Portugal – para desenvolver resultados distintos, mas complementares. A dissertação de Luís Fonseca incide nos rendimentos e tec-nologias de perfuração, enquanto Luís Ramos aborda os desvios de perfuração.

Os mestrados decorreram em ambiente empresarial, no Grupo MonteAdriano, com-plementados com investigação no Depar-tamento de engenharia Geotécnica (DeG), através dos centros de prestação de serviços Laboratório de Cartografia e Geologia Aplica-da (LAbCARGA) e Laboratório de Geotecnia e Materiais de Construção (LGMC).

esta distinção é mais um exemplo da qualida-de e pertinência do trabalho desenvolvido a nível da formação pós-graduada e investiga-ção no IseP.

A avaliação dos trabalhos foi realizada por um júri externo à AP3e, composto por elementos das universidades de Évora, Nova de Lisboa e Coimbra e da Ordem dos engenheiros, tendo a cerimónia de entrega de prémios decorrido em Lisboa, no mês de Abril.

MESTRE DEI RECEBE MENçãO hONROSA

Luís Miguel Durão e Daniel Gonçalves, in-vestigadores do Centro de Investigação e Desenvolvimento em engenharia Mecânica (CIDeM), apresentaram duas comunicações no 8º Congresso Nacional de Mecânica expe-rimental. Realizado em Guimarães, em Abril, este congresso é o principal fórum português para divulgação e discussão das mais recen-tes tendências e avanços na área da Mecânica experimental.

Os trabalhos do IseP incidem ambos nos re-sultados do projecto “Furação de estruturas em Compósitos de Matriz Polimérica”, finan-ciado pela Fundação para a Ciência e a Tecno-logia (FCT). “Modelação da Furação de Lami-nados por elementos Finitos” e “Avaliação de

CIDEM MOSTRA AVANçOS DA MECÂNICA ExPERIMENTAL

CONgRESSO DE gEOTECNIA COM PARTICIPAçãO DO ISEPO IseP participou no 12º Congresso Nacional de Geotecnia, que se realizou em Abril, passa-do em Guimarães. Promovido pela sociedade Portuguesa de Geotecnia, este evento é o principal encontro da área em Portugal e teve como tema a “Geotecnia e o Desenvolvimen-to sustentável”.

Ludimila Gabriel foi distinguida com uma menção honrosa no Prémio Nacional de Tra-balhos em Inteligência Artificial (TLeIA) 2009. O concurso da Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial (APPIA) reconheceu o potencial da diplomada em engenharia Infor-mática pelo IseP na iniciativa que pretende divulgar valores emergentes.

A APPIA é a associação que representa e pro-move a Inteligência Artificial em Portugal, in-tegrando mais de 300 membros entre institui-ções de ensino superior, empresas, estudantes e investigadores de renome internacional.

Com o propóstio de comemorar o seu 25º aniversário, a APPIA reeditou, em 2009, o Prémio TLeIA, principal distinção nacional da área e atribuiu uma menção honrosa à diplo-mada do IseP. Ludimila Luiza de Lima Gabriel, mestre em engenharia Informática pelo De-partamento de engenharia Informática do IseP, apresentou a concurso o projecto “Au-tomatic e-mail Organization”. Resultante da dissertação de mestrado orientada por Paulo Novais, este trabalho foi reconhecido como um dos melhores projectos de Inteligência Artificial desenvolvidos por jovens estudantes da Comunidade Científica Nacional.

esta experiência espelha ainda as vantagens da cooperação entre empresas e o IseP, através do patrocínio de estágios que permitam desenvol-ver soluções tecnológicas inovadoras e formar quadros superiores mais competitivos.

Aproveitando a larga experiência do IseP, a organização convidou João Falcão, docente do Departamento de engenharia Geotécni-ca (DeG), para integrar a Comissão Científica do congresso. A participação do IseP contou ainda com a apresentação das seguintes co-municações: “Avaliação Geomecânica de Ma-ciços Rochosos Fracturados e as Tecnologias de Perfuração: Consequências Técnico-eco-nómicas”; “Áreas Potenciais de exploração de Geomateriais para enrocamento em estrutu-ras Marítimas”; “uma Previsão da Capacidade de Carga de três estacas de Tipologias Dife-rentes em solo Residual de Granito”; “estudo Microscópico da Mineralogia de uma Amos-tra das Camadas de Prazeres”; “Contribuição para o estudo da Combinação de Cal com Cimento no Tratamento de solos”; e “Deter-minação dos erros de Medição Associados a ensaios in situ. Os Casos dos ensaios DMT, PMT e CPTu”.

Com uma oferta formativa impar a nível na-cional, ao nível da licenciatura e mestrado em engenharia Geotécnica e Geoambiente, o DeG alberga ainda os centros de prestação de serviços Laboratório de Cartografia e Geo-logia Aplicada (LAbCARGA) e Laboratório de Geotecnia e Materiais de Construção (LGMC).

Ferramentas para a Furação de Laminados” são duas comunicações que apresentam um modelo de simulação da furação de com-pósitos baseado no software AbAQus; e um estudo comparativo da extensão do dano em função da geometria da ferramenta.

Ainda em relação ao CIDeM, Luís Durão foi re-eleito no início de Abril para continuar a dirigir o grupo. Recolhendo 93% dos votos, a equipa de Luís Durão apontou, entre as prioridades para o triénio 2010-2012, a manutenção da classificação “Muito bom” na próxima avalia-ção da FCT e o incremento da colaboração com empresas da região.

à exclusão social, tendo o artigo de Gustavo Alves sido consultado mais de 30 mil vezes em meados de Junho.

em setembro, o IseP recebeu a visita do professor Juarez silva, ao abrigo do proto-colo de cooperação académica estabelecido com a uNIsuL.

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31Provas DE DoUtoramENto

Neste trabalho de doutoramento estuda-se a mistura turbulenta de jactos coaxiais, recorrendo a medições experimentais e comparando--as com soluções numéricas das equações de Navier-stokes pelo mé-todo da simulação das grandes escalas (Les, Large-eddy simulation).

A equação de transporte do escalar passivo foi resolvida recorrendo a esquemas com limitador de fluxo para os termos convectivos e ao modelo dinâmico para a contribuição das escalas não resolvidas. Foram feitos testes dos parâmetros numéricos e de modelação sen-do os seus efeitos nos perfis calculados confrontados com as medi-ções. A principal contribuição do trabalho é o foco nas estatísticas de turbulência do escalar passivo, tanto nas medições experimen-tais como nas simulações Les. A razão de velocidades r, entre as velocidades médias dos jactos exterior e interior, teve influência na incerteza. As menores incertezas nas estatísticas de turbulência do escalar foram obtidas para as razões de velocidades elevadas, nas quais houve boa concordância com Les da flutuação do escalar. O fluxo turbulento de escalar, raramente analisado em Les de escoa-mentos complexos, mostrou ordem de grandeza semelhante mas perfis de formas distintas.

A geometria cilíndrica foi simulada utilizando um código validado anteriormente. usaram-se malhas não ortogonais, tendo sido imple-mentadas correcções para a não ortogonalidade e feita a sua valida-ção no escoamento no interior de um tubo. Os esquemas numéricos e modelo dinâmico para o escalar passivo foram validados num es-coamento em canal plano.

As estatísticas do escalar passivo foram insensíveis a mudanças nos termos difusivos das equações e é proposta uma ligação com a hi-pótese de independência da difusividade: o comportamento do es-calar passivo é independente dos termos difusivos e, no Les de um escalar passivo, a média do campo escalar pode obter-se usando uma equação hiperbólica.

ESTUDO DA MISTURA TURBULENTA DE JACTOS COAxIAIS CONFINADOS

NomePedro Miguel Areal

Área Científicaengenharia Mecânica: simulação numérica computacional em mecânica dos fluidos

OrientadorProfessor Doutor Laginha Palma (FeuP)

LocalFaculdade de engenharia da universidade do Porto

Data da ProvaFevereiro 2009

Com o avanço dos computadores electrónicos na década de 1950, o es-tudo dos autómatos finitos, um modelo matemático de uma máquina com um número de estados finitos, teve particular atenção. Os objec-tivos eram os mais diversos, desde entender o potencial e as limitações das máquinas, a obter esquemas eficientes para organizar computações.

Motivado em modelar a actividade do cérebro humano, Kleene cha-mou regulares às linguagens que são reconhecidas por autómatos fini-tos. O estudo destas linguagens é fundamental: permite compreender o encadeamento dos cálculos num programa, expressar o comporta-mento de um processo, descrever certas operações de um editor de texto ou, mais geralmente, descrever um algoritmo iterativo. O facto de estas linguagens serem precisamente aquelas que são reconheci-das por semigrupos finitos clarifica e torna profunda a ligação entre autómatos finitos, linguagens regulares e semigrupos finitos. A teoria de semigrupos finitos progride, então, tendo em vista as aplicações em Ciências da Computação. estabeleceu-se uma correspondência entre certas famílias de linguagens regulares e certas classes de semigrupos finitos, denominadas de pseudovariedades, cujo interesse tem cresci-do continuamente.

em “Diamonds are forever: the variety DA”, Tesson e Thérien realçam a im-portância da pseudovariedade DA, evidenciando que as linguagens regu-lares que lhe correspondem têm certas caracterizações combinatórias, ló-gicas e na teoria de autómatos que permitem resolver de um modo mais eficiente certos problemas na teoria da computação e da complexidade.

Os trabalhos de doutoramento consistiram em dois tipos de proble-mas interligados. Num deles, estudaram-se alguns operadores sobre pseudovariedades de semigrupos definidos em termos dos subsemi-grupos gerados por idempotentes. O outro consistiu no estudo da pseudovariedade DA tendo como resultados várias representações dos semigrupos pró-DA livres (semigrupos que contêm informação valiosa acerca das propriedades algébricas e combinatórias dos semigrupos de DA). Como aplicação de uma dessas representações, obteve-se uma solução eficiente (com complexidade polinomial) do problema da ω-palavra sobre DA. Os chamados problemas da palavra têm desem-penhado um papel muito importante em vários ramos da Matemática.

PSEUDOVARIETIES: IDEMPOTENT-gENERATED SEMIgROUPS AND REPRESENTATIONS OF DA

NomeAna Moura

Área CientíficaMatemática (semigrupos, Autónomos e Linguagens)

OrientadorProfessor Doutor Jorge Almeida (FCuP)

Localuniversidade de Aveiro

Data da ProvaMaio 2010

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