irradiação de alimentos

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Irradiação de Alimentos Autores Ana Paula Brenda Bruna Cíntia Henrique Jonathan Lidiane Letícia Natália Nayara William

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Irradiação de Alimentos

Autores

Ana PaulaBrendaBrunaCíntiaHenriqueJonathanLidianeLetíciaNatáliaNayaraWilliam

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A NECESSIDADE DE PRESERVAR OS ALIMENTOS

Desde os primeiros tempos, as pessoas procuram cuidar melhor de seus alimentos utilizando variados métodos de preservação, de modo a controlar a sua deterioração, a transmissão de doenças e a infestação de insetos.

Através dos séculos, as técnicas de preservação de alimentos foram se desenvolvendo com o aumento do conhecimento cientifico. Os métodos atuais incluem:

O congelamento,

A secagem,

O enlatamento, A preparação de conservas, A pasteurização amento, O armazenamento em atmosfera controlada, A fumigação química e A aplicação de aditivos preservantes.

Hoje em dia a irradiação promete melhorar nossa habilidade de conservar os alimentos e, ao mesmo tempo, reduzir a incidência de algumas doenças próprias dos mesmos.

Uma parte considerável da produção mundial de alimentos é desperdiçada por problemas de:

Armazenamento, Conservação e Transporte.

Ao desperdício, somam-se os custos sociais e econômicos das doenças causadas pela contaminação de alimentos por:

Bactérias,Parasitas,Vírus e Toxinas.

As poucas estatísticas existentes sobre o número desses casos são alarmantes. Estudos realizados nos EUA indicam a ocorrência de 12 milhões de casos por ano de doenças, sendo 6 milhões causadas por bactérias pertencentes aos gêneros

Salmonella, Campylobacters, Staphylococcus e Usteria

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Presentes em carnes, leite, ovos e frutos-do-mar. Doenças produzidas pelo parasita Taenia saginata, adquirido na ingestão de carne bovina mal cozida, atingem 2,75% da populaço da África, 0,33% da América do Sul, 2,15% da Europa e 0,46% da Ásia

Fragmento de Taenia solium, espécie de verme que pode contaminar alimentos infectando o intestino do homem. Quando adulto pode chegar a alguns metros de comprimento.

Ovo de Taenia aginata

Língua de boi contaminada

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS, UM PROBLEMA MUMDIAL.

Segundo o Comitê Misto de Especialistas em Segurança Alimentar da Organização Mundial das Nações Unidas para a Agricultura e da Organização Mundial da Saúde (FAO/ WHO), as doenças oriundas de alimentos contaminados sejam "talvez o maior problema de saúde do mundo contemporâneo e constituem um importante fator de redução da atividade econômica".

Nos Estados Unidos, o Centro para Controle de Doenças e a Administração de Drogas e Alimentos estimam que, anualmente, mais de 33 milhões de americanos adoecem, por contaminação microbiana. Estima-se que ocorram anualmente, no Canadá, mais de dois milhões de casos.

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Além da preocupação com a contaminação microbiana, também aumentam as exigências mundiais de qualidade dos alimentos. Assim, os problemas com armazenamento, transporte e processamento de alimentos exigem a busca de métodos alternativos de preservação. A FAO estima que de um quarto a um terço da produção mundial de alimentos seja perdida devido a pragas, insetos, bactérias, fungos e enzimas que comem, estragam ou destroem as colheitas.

É incalculável a magnitude da perda econômica associada a doenças originárias de alimentos e à rejeição de alimentos contaminados por parasitas e microorganismos patogênicos.

Métodos novos e efetivos são necessários para aumentar a oferta de alimentos sadios e seguros, para uma população mundial em expansão.

A irradiação de vários alimentos, particularmente frango, mariscos e carne de porco em combinação com os métodos mais limpos de processamento de alimentos poderá reduzir, significativamente, a incidência de doenças causadas por microorganismos.

Muitos países permitem a irradiação de peixes e estão expandindo a irradiação comercial de mariscos

A irradiação é utilizada na descontaminação e na desinfestação de muitas especiarias e temperos.

COMO FUNCIONA A IRRADIAÇÃO DE ALIMENTOS

Irradiação de alimentos é um processo básico de tratamento comparável à pasteurização térmica, ao congelamento ou enlatamento. Este processo envolve a exposição do alimento, embalado ou não, a um dos três tipos de energia ionizante: raios gama, raios X ou feixe de elétrons. Isto é feito em uma sala ou câmara especial de

processamento por um tempo determinado. A fonte mais comum de raios gama, para processamento de alimentos, é o radioisótopo 60Co. O alimento é tratado por raios gama, originados do Cobalto 60 em uma instalação conhecida como irradiador, (Figura ao lado esquerdo).

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O esquema da página anterior consiste de uma sala com paredes de concreto, com dois metros de espessura, que contém a Fonte de Irradiação (Cobalto - 60Co). Um sistema de esteiras transporta automaticamente o produto para dentro do ambiente de irradiação e após a irradiação o remove de lá. Em casos de ser necessário alguma manutenção na sala de irradiação, a fonte é recolhida ao fundo de uma piscina, cuja água absorve a energia da radiação, protegendo assim os operadores.

Veja na figura abaixo como os alimentos são irradiados num irradiador industrial.

O fóton gama é uma radiação eletromagnética de comprimento de onda muito curto, semelhante aos fótons: ultravioleta, luz visível, infravermelho, microondas ou ondas de rádio usadas na comunicação, diferenciando dessas pela energia, i.e., pelo seu comprimento de onda muito curto. Lembre-se que a energia se relaciona com o comprimento de onda pela relação.

Sendo: h = 6,63x1034 J.s a constante de Planck;

n = a freqüência (Herts, Hz ) da onda;

c = 3x10³ m/s, a velocidade da luz no vácuo e

l = comprimento de onda (metros, m).

Observe, na fórmula, que o comprimento de onda l encontra-se no denominador e portanto quanto menor o seu valor, maior será a energia radiante.

Para você evoluir a compreensão do uso da irradiação de alimentos é importante retomar o conceito de dose absorvida.

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Quando é dissipada a energia de um joule (J) em um kilograma (kg) de qualquer material diz-se que o material recebeu a dose de um gray (Gy). Nesta aula vai ser mencionado com muita freqüência o termo gray. Antes de evoluir o tema da irradiação de alimentos vamos explorar alguns fenômenos já bem consolidados pela nossa experiência cotidiana .

Quando cozemos um kilograma de arroz (água + grãos de arroz) ao elevar a temperatura de aproximadamente 20 oC para 100 oC (ponto de ebuliçao da água) o sistema absorve 1000 g x 80 oC ® 80000 cal/kg @ 334944 J/kg = 335 kGy. Lembrando que as reações químicas ocorrem com envolvimento de alguns eV de energia então ao disponibilizar ao sistema (água + arroz) 334944 J = 2,09x1024 eV infere-se que há energia suficiente para produzir imensas quantidades de reações químicas no processo de cozimento. As reações químicas produzidas, dentre outros efeitos, produz o amolecimento do arroz. Nesse processo a água recebe uma imensa quantidade de energia que possibilita a produção de uma enorme quantidade de radicais livres. O benefício deste processo é que o alimento praticamente fica estéril.

Vamos tecer essas mesmas considerações para o uso de um instrumento recentemente muito comum em nossas casas: o forno de micro-ondas. Esse equipamento aquece a água emitindo radiação com freqüência de aproximadamente 1 GHz (giga hertz). Isto implica que os fótons dessa radiação possuem comprimento de onda de:

E em termos de energia os fótons do micro-onda possuem aproximadamente:

Se o equipamento consegue elevar um litro d'agua (1 kg) da temperatura de 20 oC para 100 oC em aproximadamente 8 min (480 s) isto implica que a massa de água de 1 kg recebe 334944 J/kg @ 335 kGy. Para atingir essa dose foram necessários @ 5x1029 fótons de l= 0,3m para aquecer a água (334944 J ÷ 6,6256x10-25 J/fóton). Você que já assimilou o conceito de dose e a produção de radicais livres já está imaginando a quantidade possível de radicais livres produzidos e as reações químicas induzidas por eles no simples ato de aquecer o alimento num forno de micro-ondas.

A análise até aqui elaborada também explica algumas curiosidades que eventualmente surgem, por exemplo, sendo a porta do forno de micro-ondas vazada para permitir olharmos o estado do alimento em seu interior pergunta-se: isto não expõe o usuário à radiação gerada? Observe que os furos contidos na porta possuem um diâmetro de

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aproximadamente 2 mm. Os fótons de 30 cm da radiação gerada são demasiadamente grandes para passar pelos pequenos furos. Mas, se a porta sofrer algum dano e surgir frestas do tamanho dos fótons emitidos (30 cm) o equipamento poderá se tornar perigoso! Lembre-se que o cérebro e os olhos são constituídos com um alto teor aquoso (~90%)!

A irradiação de alimentos emprega uma forma particular de energia eletromagnética conhecida por "radiação ionizante". Este termo é usado porque essa radiação produz partículas carregadas eletricamente, chamadas "íons", em qualquer material com o qual entrem em contato. Em circunstâncias particulares, a radiação ionizante é uma técnica de processamento de alimentos muito efetiva e útil.

A energia gama do 60Co pode penetrar no alimento causando pequenas e inofensivas mudanças moleculares que também ocorrem no ato de cozinhar, enlatar ou congelar. De fato, a energia simplesmente passa através do alimento que está sendo tratado e, diferentemente dos tratamentos químicos, não deixa resíduos. A irradiação é chamada de "processo frio" porque a variação de temperatura dos alimentos processados é insignificante. Os produtos que foram irradiados podem ser transportados, armazenados ou consumidos imediatamente após o tratamento.

A irradiação funciona pela interrupção dos processos orgânicos que levam o alimento ao apodrecimento. Raios gama, raios X ou elétrons são absorvidos pela água ou outras moléculas constituintes dos alimentos, com as quais entram em contato. No processo, são rompidas células microbianas, tais como bactérias, leveduras e fungos. Além disso, parasitas, insetos e seus ovos e larvas são mortos ou se tornam estéreis.

OS BENEFÍCIOS

A irradiação não é um "milagre" técnico capaz de resolver muito dos problemas de preservação de alimentos. Ela não transforma alimento deteriorado em alimento de alta qualidade. Além disto, esse tratamento não é adequado para certos tipos de alimentos, assim como outra técnica de preservação pode não ser adequada para alguns tipos de alimentos.

A irradiação de alimentos pode resolver problemas específicos importantes e complementar outras tecnologias. Ela representa uma grande promessa no controle de doenças originárias de alimentos, tais como a salmonelose, que é um problema mundial. A irradiação de alimentos também é efetiva na desinfestação, particularmente em climas quentes, em que os insetos consomem uma grande porcentagem da safra colhida.

A irradiação de alimentos também pode aumentar o tempo de prateleira estocagem de muitos alimentos a custos competitivos, ao mesmo tempo em que fornece uma alternativa ao uso de fumigantes e substâncias químicas, muitas das quais deixam resíduos.

Em muitos casos, alimentos irradiados em sua temperatura de armazenamento ideal e em embalagens a vácuo durarão mais e manterão por mais tempo sua textura original, sabor e valor nutritivo se comparados com aqueles termicamente pasteurizados, esterilizados ou enlatados.

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A SEGURANÇA DOS ALIMENTOS IRRADIADOS

Observe que o nível de dose utilizado na irradiação de alimentos é no máximo 10 kGy cujo valor é muito menor aos outros processos, como o aquecimento e o uso do forno de micro-ondas.

A irradiação pode induzir a formação de algumas substâncias, chamadas de produtos radiolíticos, na constituição dos alimentos. Estas substâncias não são radioativas e não são exclusivas dos alimentos irradiados. Muitas delas são substâncias encontradas naturalmente nos alimentos ou produzidas durante o processo de aquecimento (glicose, ácido fórmico, dióxido de carbono). Pesquisas sobre essas substâncias não encontraram associação entre a sua presença e efeitos nocivos aos seres humanos.

Em relação aos nutrientes, a irradiação promove poucas mudanças. Outros processos de conservação, como o aquecimento, podem causar reduções muito maiores dos nutrientes. As vitaminas por exemplo, são muito sensíveis a qualquer tipo de processamento. No caso da irradiação, sabe-se que a vitamina B1 (tiamina) é das mais sensíveis, mas mesmo assim as perdas são mínimas. A vitamina C (ácido ascórbico), sob efeito da irradiação, é convertida em ácido dehidroascórbico, que é outra forma ativa da vitamina C.

A irradiação de alimentos tem sido objeto de pesquisas intensas por mais de quarenta anos. Organizações internacionais tais como a FAO e a WHO revisaram estas pesquisas e concluíram que a irradiação de alimentos é segura e benéfica. Similarmente, o valor nutricional de alimentos irradiados foi comparado com o de alimentos tratados por outros métodos, com resultados favoráveis.

Em 1983, a Comissão do Codex Alimentarius, um grupo das Nações Unidas que desenvolve normas internacionais para alimentos, concluiu que alimentos irradiados abaixo de 10 kGy não apresentam risco toxicológico. Atualmente, níveis de tratamento dentro desta faixa, estão sendo mundialmente realizados.

Nem a energia gama, nem os níveis internacionais estabelecidos para aceleradores de elétrons podem fazer com que o alimento se tome radioativo. O processamento por radiação não torna o alimento radioativo da mesma forma que os raios X usados para a segurança em aeroportos não tomam as bagagens radioativas.

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NÍVEIS DE TRATAMENTO E SEUS EFEITOS 

A irradiação de alimentos pode produzir uma variedade de resultados, dependendo do tipo do alimento e da quantidade de energia ionizante absorvida no alimento. Esta energia é usualmente medida por uma unidade conhecida como "gray" Gy ou "rad", sendo que 1 Gy = 100 rads.

Veja na tabela abaixo a redução de bactérias, leveduras e fungos promovida pela aplicação de 10 kGy em várias especiarias.

Especiarias e Nível de dose (kGy)

Número de MicroorganismosBactérias Leveduras Fungos

Pimenta da Jamaica      0 2,28x106 <10 010 <10 <10 0

Orégano grego      0 1,21x106 4x104 9x10310 <10 <10 <10

Pimenta preta      0 3,2x107 0 010 60 0 0

Alho em pó      0 4,14x105 <10 7,8x10s10 700 <10 <10

Manjericto egípcio      0 3x106 >3x104 >1,1x104

10 1x103 <10 0Tomilho      

0 1,5x105 0 30010 40 0 <10

Orégano mexicano      0 1,5x106 3x104 5x10~10 30 <10 10

Páprica espanhola      0 2,2x106 0 0

6,5 260 0 0Aipo      

0 4,4x105 1,5x103 20010 <10 <10 <10

Pimenta vermelha      0 1,31x105 <10 0

6,5 <10 <10 0

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Para cada tipo de alimento pode-se determinar um limiar de dose quando ultrapassado provoca mudanças organolépticas, conforme exemplo abaixo:

PRODUTO LIMIAR DE DOSE(kGy)

Cardamomo 7,5Semente de aipo > 10,0

Canela 10,0 < L.D<  20,0Cravo < 20,0

Coentro < 5,0Cominho 6,0 < LD < 10,0Erva-doce > 10,0

Alho-em-pó 3,0 < L.D < 4,5Gengibre (seco) > 10,0

Semente de mostarda > 10,0

Noz-moscada > 10,0Cebola em pó < 10,0

Orégano > 10,0Páprica > 8,0

Pimenta-preta > 7,5Pimenta-branca > 9,0

Pimenta-vermelha 10,0

Tomilho >10,0

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A tabela abaixo ilustra doses aceitáveis para um conjunto de alimentos.

TIPO DE ALIMENTO DOSE(kGy)

EFEITO

CARNE, FRANGO, PEIXE, MARISCO, ALGUNS

VEGETAIS, ALIMENTOS PREPARADOS

20 a 70  Esterilização. Os produtos tratados

podem ser armazenados.(~ temperatura

ambiente)ESPECIARIAS E OUTROS

TEMPEROS  8 a 30 Reduz o número de

micro organismos e destrói insetos.

Substitui produtos químicos.

CARNE, FRANGO, PEIXE   1 a 10 Retarda a deterioração. Mata

alguns tipos de bactérias

patogênicas (Salmonela).

MORANGOS E OUTRAS FRUTAS

1 a 4 Aumenta o tempo de prateleira, retarda o

aparecimento de mofo.

GRÃOS, FRUTAS E VEGETAIS

 0,1 a 1 Mata insetos ou evita sua reprodução. Pode substituir, parcialmente, os

fumigantes.BANANAS, ABACATE,

MANGA, MAMÃO E OUTRAS FRUTAS NÃO CÍTRICAS

0,25 a 

0,35

Retarda a maturação.

CARNE DE PORCO 0,08 a 0,15

Inativa a Trinchinela.

BATATA, CEBOLA, ALHO 0,05 a 0,15

Inibe o brotamento

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RESULTADOS TÍPICOS DA IRRADIAÇÃO

A seguir são mostrados vários estudos elaborados no IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) sobre a irradiação de frutas.

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COMO A RADIAÇÃO ELIMINA AS BACTÉRIAS?

Quando a radiação de ionização atinge bactérias e outros micróbios, sua alta potência quebra as ligações químicas nas moléculas que são vitais para o crescimento e integridade celular. Com isso, os micróbios são eliminados ou não conseguem mais se multiplicar e causar doenças ou deteriorações.

A quebra de ligações químicas com o uso de radiação é conhecida por radiólise.

Como a radiação afeta o alimento? A radiação de ionização também quebra algumas ligações químicas no próprio alimento. Os efeitos das alterações químicas nos alimentos são variados. Alguns são desejáveis, enquanto outros não. Alguns exemplos de alterações no alimento são:

Alterações na estrutura de certos alimentos, muito frágeis para suportar a radiação, como por exemplo, alface e outros vegetais de folhas verdes ficam murchos.

Amadurecimento e maturação retardado de algumas frutas e vegetais que prolongam sua duração para consumo

Redução ou destruição de alguns nutrientes como vitaminas, redução dos valores nutricionais (o efeito é comparável à perdas na pasteurização por calor). Alteração de alguns compostos flavorizantes

A formação de compostos que não estavam originalmente presentes requer o controle rigoroso dos níveis de radiação

Geração de radicais livres, alguns dos quais se recombinam com outros íons.

Estes são os efeitos da radiólise. Ainda se debate se os produtos da radiólise em alimentos são todos inofensivos à saúde humana. Entretanto, anos de experiência em radiação de alimentos não demonstrou nenhum problema de saúde identificável.

EFEITOS SOBRE O SABOR, COR E TEXTURA

Nem todos os alimentos podem ser irradiados, um exemplo é o leite, que adquire um sabor impalatável. Para se adotar a irradiação como um processo de conservação do alimento, é preciso que se realize um estudo das suas características organolépticas pós-tratamento. Na maioria dos alimentos, entretanto, essas alterações são mínimas ou simplesmente inexistem.

O processo de irradiação é seguro para o meio ambiente? Sim, é um processo bastante seguro, que não produz nenhum tipo de resíduo.

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Na irradiação de alimentos utilizam-se como fontes de radiação os isótopos radioativos, mais freqüentemente o Cobalto 60, obtido pelo bombardeamento com nêutrons do metal Cobalto 59 em um reator nuclear. Depois que o Cobalto 60 é produzido, ele é duplamente encapsulado em tubos de aço inoxidável, o que impede qualquer vazamento de radiação. A meia-vida desse elemento é de 5,3 anos.

Os produtos a serem irradiados, embalados ou a granel, passam pela câmara de irradiação através de um sistema transportador composto por esteiras, onde são submetidos a um campo de irradiação num ritmo controlado preciso, de forma a receber a quantidade exata de energia para o tratamento. Os níveis de energia são baixos e os produtos irradiados não se tornam radioativos. O processo é monitorado eletronicamente por operadores qualificados. Quando a fonte de radiação não se encontra em uso, ela é mantida dentro de uma piscina profunda. A câmara de irradiação é composta de paredes de concreto e portas de chumbo, o que impede o vazamento da radiação. Há ainda dispositivos de travamento e alarme que impede que a fonte de radiação se eleve da piscina caso as portas da câmara não estejam lacradas.

ALIMENTOS IRRADIADOS NO BRASIL

No Brasil, a legislação sobre irradiação de alimentos existe desde 1985 (Portaria DINAL

no. 9 do Ministério da Saúde, 08/03/1985). Apenas uma empresa realiza esse serviço e está localizada em São Paulo. Em Piracicaba, o Centro de Energia Nuclear para Agricultura (CENA), da Universidade de São Paulo, vem realizando pesquisas na área e presta serviço para as indústrias. O Instituto de Pesquisas Nucleares, também da USP, além de realizar pesquisas na área, realiza um trabalho junto aos produtores, mostrando os benefícios e vantagens da irradiação de alimentos.

CAMPANHAS EDUCATIVAS

A experiência mostra que os consumidores, quando devidamente informados, reagem positivamente à oferta de alimentos irradiados. Um estudo realizado na Alemanha revelou que os consumidores se preocupam com o processamento dos alimentos que consomem, no entanto essa preocupação foi maior no caso dos pesticidas (55%) e conservantes (43%) do que da irradiação (38%) e embora uma parcela dos consumidores seja extremamente contrária à irradiação dos alimentos, a maioria muda de opinião após serem expostos a campanhas educativas. Na Argentina, uma campanha de esclarecimento aumentou muito a aceitabilidade das cebolas irradiadas. Na França aconteceu o mesmo depois que uma rede de supermercados colocou à venda morangos irradiados. Após o esclarecimento da população, os consumidores passaram a preferir os produtos irradiados devido a sua melhor qualidade. De fato, isso mostra que, quando bem esclarecidos, os consumidores dão a devida importância à segurança e à qualidade dos produtos que consomem.

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REGULAMENTOS SOBRE IRRADIAÇÃO DE ALIMENTOS

Alimentos irradiados já foram aprovados em dezenas de países ao redor do mundo. Alimentos são normalmente aprovados para irradiação em bases individuais. Por exemplo, nos EUA uma aprovação para se irradiar um alimento é concedida pela Administração de Alimentos e Drogas (FDA), depois do exame de uma petição específica para aquele alimento. Uma petição pode ser submetida por um indivíduo, uma empresa privada, uma instituição educacional ou qualquer outra entidade. Outros países têm procedimentos similares. Alimentos irradiados oferecidos para consumo em mercearias devem ser rotulados como símbolo internacional denominado "Radura", mostrado abaixo.

Símbolo Internacional para indicar que o produto foi irradiado.

O símbolo internacional da irradiação de alimentos foi estabelecido para indicar produtos alimentícios tratados por irradiação

O símbolo deve ser acompanhado pelas palavras "tratado por irradiação" ou "tratado com radiação". Esta rotulagem é exigida por lei, para informar aos consumidores que eles estão comprando um alimento que foi processado. Este aviso é necessário porque a radiação não deixa nenhum vestígio indicando que o alimento foi processado. Ninguém pode detectar se um alimento foi irradiado seja pela aparência, cheiro ou toque. Isto contrasta com outras técnicas de processamento, tais como cozinhar, enlatar ou congelar, processos em que se percebe o tratamento. Os alimentos irradiados servidos em estabelecimentos tais como restaurantes não necessitam de nenhum rótulo ou declaração no cardápio, pois o alimento oferecido, obviamente terá sido processado. A rotulagem, também, não se faz necessária no caso de ingredientes irradiados que entram em um composto alimentar em pequena proporção. Como exemplo disso pode-se citar um ingrediente seco ou tempero que foi processado por irradiação, e depois adicionado em pequena proporção em um produto alimentício.

COMERCIALIZAÇÃO E ATITUDES DO CONSUMIDOR

Porque tantos países têm utilizado a irradiação dos alimentos?

Principalmente por uma questão econômica. Segundo a (FAO), cerca de 25% de toda produção mundial de alimentos se perde pela ação de microorganismos, insetos e roedores. A germinação prematura de raízes e tubérculos condena à lata de lixo toneladas desses produtos e é um fenômeno mais intenso nos países de clima quente, como o Brasil. A irradiação ajuda a reduzir essas perdas e também reduz a dependência de pesticidas químicos, alguns deles extremamente nocivos para o meio ambiente (ex. metilbrometo).

Entre os alimentos submetidos a esse processo estão as frutas, vegetais, temperos, grãos, frutos do mar, carne e aves. Mais de 1,5 toneladas de alimentos é irradiada no

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mundo a cada ano, segundo a Fundação para Educação em Alimentos Irradiados (entidade norte-americana). Embora essa quantidade represente apenas uma pequena fração do que é consumido no mundo todo, a tendência é crescer.

A tecnologia de irradiação de alimentos recebeu, durante os anos noventa, um grande interesse do público, da imprensa e da indústria alimentícia. Isto se deve, principalmente, à instalação na Flórida, do primeiro irradiador Norte Americano totalmente dedicado à irradiação de alimentos, ao marketing inicial de alimentos tratados naquela instalação e a aprovação governamental da irradiação de carne de frango. Estudos relacionados com o consumo, em base nacional, indicam que 45% a 55% dos consumidores desejariam comprar carne vermelha ou de frango irradiadas e, por isto, com o índice reduzido de bactérias. O endosso do processo por entidades como o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e a Associação Médica Americana (AMA), deram ao processo uma grande credibilidade junto aos consumidores. Testes de mercado em mercearias e demonstrações confirmaram o nível de aceitação do consumidor. Produtos irradiados da Flórida estão à disposição dos consumidores em certos mercados dos Estados Unidos, desde 1992. Estes produtos são irradiados para a extensão do seu tempo de prateleira, e têm sido bem recebidos pelos consumidores. Morangos e cogumelos irradiados muitas vezes superaram, em volume de venda, os produtos não irradiados na proporção de 10 para 1 ou até mais. Em 1995, mamões importados do Havaí para serem desinfestados nos EUA foram vendidos para consumidores do meio oeste americano. Carne de frango tem sido irradiada para controlar a Salmonela e colocada à disposição de mercados limitados dos EUA desde 1993. Mais recentemente, o mercado de alimentos tem utilizado frango irradiado em quantidades crescentes. Estabelecimentos tais como hospitais e restaurantes têm consumido este produto em bases regulares. Usando normalmente em suas cozinhas frango irradiado para redução de bactérias patogênicas, estes estabelecimentos reduzem o risco de contaminação cruzada de outros alimentos, durante a sua preparação.

CONCLUSÃO

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Os alimentos irradiados são uma evolução na forma de conservação de alimentos, trazendo inúmeros benefícios para o homem.

Um dos principais benefícios da irradiação de alimentos, sem dúvida, é a redução considerável de microorganismos presentes nos alimentos, que por sua vez podem vir a se tornarem causadores de várias patologias. Como por exemplo, Salmonela. Dentro de desses microorganismos também devemos destacar os fungos presentes em muitas frutas e legumes que causam o seu apodrecimento prematuro.

Comparado a outros métodos de conservação como, aditivos de alimentos, que alteram as propriedades nutricionais dos alimentos, a irradiação é uma excelente alternativa, tanto pela eficácia quanto pelo fato das alterações estruturais dos alimentos serem mínimas nesse método.

A irradiação de alimentos traz um custo benefício muito interessante quando falamos da durabilidade dos alimentos irradiados, que tem um tempo útil muitas vezes maior do que um alimento não irradiado. Tendo um ponto de vista sócio econômico temos a vantagem de ter alimentos que duram mais nas prateleiras, que suportam de forma melhor as condições de transporte e, contudo possibilitando um tempo de estoque maior. E somado a tudo isso ainda temos a segurança termos um alimento quase que livre de microorganismos. Gerando uma economia significativa quando comparado a alimentos comuns que tem um tempo de estocagem muito reduzido ocasionando o desperdício de alimento e redução do tempo de exposição nas prateleiras dos comércios.

Devemos conscientizar a população dos benefícios deste método de conservação de alimentos, deve-se quebrar o tabu que levam as pessoas a temerem os diversos recursos que a radioatividade nos traz. Alimentos irradiados não são radioativos, e nos trazem inúmeros benefícios contribuindo para a qualidade de vida do ser humano.

BIBLIOGRAFIA

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O contexto deste trabalho foi extraído das seguintes fontes:

Nutriwebhttp://www.nutriweb.org.br/n0202/irradiados.htm

Cole-Parmerhttp://www.coleparmer.com/techinfo/techinfo.asp?htmlfile=foodsafety_PO.htm&ID=302

Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulohttp://www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/LinkAula/My-Files/alimentos_irradiados.htm