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ROSEANE LEANDRA DA ROSA INVESTIGAÇÃO PRÉ-CLÍNICA SOBRE O POTENCIAL GASTROPROTETOR DOS FRUTOS DE Chrysopyllum cainito L. E DAS CASCAS DOS FRUTOS DE Plinia edulis (Vell.) Sobral Itajaí (SC) 2017

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ROSEANE LEANDRA DA ROSA

INVESTIGAÇÃO PRÉ-CLÍNICA SOBRE O

POTENCIAL GASTROPROTETOR DOS FRUTOS DE

Chrysopyllum cainito L. E DAS CASCAS DOS FRUTOS

DE Plinia edulis (Vell.) Sobral

Itajaí (SC)

2017

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

ROSEANE LEANDRA DA ROSA

INVESTIGAÇÃO PRÉ-CLÍNICA SOBRE O

POTENCIAL GASTROPROTETOR DOS FRUTOS DE

Chrysopyllum cainito L. E DAS CASCAS DOS FRUTOS

DE Plinia edulis (Vell.) Sobral

Tese submetida à Universidade do Vale

do Itajaí como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Doutor em Ciências

Farmacêuticas

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Faloni de

Andrade

Co-orientador: Profª. Drª. Luisa Mota da

Silva

Itajaí (SC)

Outubro, 2017

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Dedicatória

Dedico este trabalho a minha família, pelo apoio e

compreensão em todos os momentos, minha

fortaleza para continuar sempre. Em especial para

Dionei Alves dos Santos, companheiro fiel de

estudos e viagens

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos, que de uma maneira ou outra se fizeram

presentes contribuindo e auxiliando na realização deste trabalho,

especialmente a Deus, pois sem ele, nada disso seria possível:

Ao Prof. Dr. Sérgio Faloni de Andrade, pela orientação, por ser um

profissional de respeito que por esses anos (mestrado e doutorado),

acompanhou e incentivou meu crescimento profissional;

A Profa. Dra. Luisa Mota da Silva (melhor co-orientadora), pelos

sábios ensinamentos, pela dedicação ao estudo e por estar presente em todos

os momentos;

Ao Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho, doutoranda Camila Leandra

Bueno de Almeida, Dra Luciane Ângela Nottar Nesello e Dra Adriana

Campos pelo fornecimento dos extratos, pela troca de informações,

conhecimentos e pelo apoio para plena realização deste trabalho;

Ao Prof. Dr. Alexandre Bella Cruz e Profa Dra. Marcia Maria de

Souza pelas contribuições fornecidas ao longo da elaboração deste trabalho

e pelos ensinamentos nas disciplinas lecionadas;

Aos técnicos dos laboratórios de farmacologia in vivo e in vitro,

Rafael Conde, Viviane Steimbach e Samanta Santos. Também a pós

doutoranda Priscila Souza pelo apoio, pelas dicas e dedicação, sempre

prontos a ajudar;

Aos colegas de mestrado e doutorado Thaise Boeing, Lincon S.

Bordignon, Luisa Bolda Mariano, Joanna Sievers e demais alunos de

iniciação científica dos cursos do Centro de Ciências da Saúde pelo auxílio

e pela companhia na realização dos testes no laboratório de farmacologia,

sempre com muito bom humor, amenizavam as dificuldades e obstáculos;

Aos colaboradores e à coordenação do Programa de Doutorado em

Ciências Farmacêuticas da UNIVALI, Prof. Dr. Clóvis Rodrigues, Juliano

dos Santos e Helenize Heyse Moreira;

A minha família, ao meu pai Alcediles e minha mãe Terezinha, a

minha irmã Rosangela, e as minhas sobrinhas Raissa e Vitória pelo carinho,

suporte e apoio, por compreenderem a minha ausência. Ao Dionei Alves

dos Santos, por fazer parte dessa caminhada, me apoiando, compartilhando

as horas intermináveis de leitura, pela paciência e compreensão na minha

ausência, por estar comigo nesta etapa;

Muito obrigada!

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EPÍGRAFE

Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é

alguém que acredite que ele possa ser realizado.

Roberto Shinyashiki

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INVESTIGAÇÃO PRÉ-CLÍNICA SOBRE O

POTENCIAL GASTROPROTETOR DOS FRUTOS DE

Chrysopyllum cainito L. E DAS CASCAS DOS FRUTOS

DE Plinia edulis (Vell.) Sobral

Roseane Leandra da Rosa

Outubro/2017

Orientador: Sérgio Faloni de Andrade, Doutor.

Área de Concentração: Produtos Naturais e Substâncias Bioativas.

Número de Páginas: 157.

Chrysophyllum cainito L. (Sapotaceae), popularmente conhecido como

abiu-roxo e Plinia edulis (Vell.) Sobral (Myrtaceae), conhecida como

cambucá, são frutos silvestres comestíveis, com interessante composição

química e atividades biológicas. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar

o efeito gastroprotetor dos extratos metanólicos das cascas (EMC), semente

(EMS) e polpa (EMP), dos frutos de C. Cainito (3, 10 e 30 mg/kg) e do

extrato metanólico das cascas dos frutos de Plinia edulis (EMCP, 10, 30 e

100 mg/kg), e de dois terpenoides isolados do EMCP, o ácido maslínico

(AM, 1, 3 e 10 mg/kg) e o ácido ursólico (AU, 0,1, 0,3, 1 e 3 mg/kg). Em

paralelo, o efeito antiúlcera do suco e da farinha obtidos dos frutos de C.

cainito também foi avaliado. As menores doses gastroprotetoras do EMC,

EMS e EMP contra a ação ulcerogênica do etanol/HCl foram 3, 3 e 10

mg/kg, respectivamente. Neste modelo, ambos os extratos aumentaram a

secreção de mucinas. A administração intraperitoneal de EMC (0,3 mg/kg),

EMS (0,3 mg/kg) e EMP (1 mg/kg) também promoveu gastroproteção

contra o etanol/HCl. Em adição, EMC (3 mg/kg), EMS (3 mg/kg) e EMP

(10 mg/kg) reduziram a úlcera gástrica induzida por indometacina em

camundongos em 78%, 70% e 50%, respectivamente. Em relação ao modo

de ação dos extratos dos frutos de C. cainito, o efeito gastroprotetor do

EMC foi alterado pela pré-administração de N-etilmaleimida (NEM, 10

mg/kg, i.p), glibenclamida (10 mg/kg, i.p), indometacina (10 mg/kg, i.p) e

ioimbina (10 mg/kg, i.p); o EMS diminui efeito gastroprotetor mediante

pré-administração de NEM, glibenclamida, N-Nitro-L-arginina metil ester

(L-NAME, 70 mg/kg, i.p) e ioimbina (10 mg/kg, i.p); enquanto que o EMP

teve o efeito gastroprotetor reduzido em animais pré-tratados com NEM (10

mg/kg, i.p) e L-NAME. Todavia, os extratos dos frutos de C. cainito não

reduziram parâmetros da secreção ácida gástrica, mas aumentaram os níveis

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de muco aderido à mucosa gástrica de camundongos submetidos à ligadura

pilórica. Adicionalmente, a ração suplementada com a farinha do fruto C.

cainito (10%), mas não o suco, também demonstrou potencial

gastroprotetor, evidenciando o fruto de C. cainito como promissor alimento

com propriedade funcional. Este trabalho também avaliou a eficácia

gastroprotetora do EMCP e dos triterpenos AM e AU, seus efeitos in vitro

na atividade da enzima H+, K

+-ATPase e no sequestro do radical livre

estável DPPH. O EMCP e o AU, mas não o AM, apresentaram atividade

sequestradora de radicais livres no teste de DPPH, reduzindo os níveis do

radical em 78,66 e 60,14% na concentração de 100 µg/mL. Ainda, os

resultados confirmaram o efeito gastroprotetor do EMCP, AM e AU

administrados pela via oral ou intraperitoneal. O AU foi capaz de promover

gastroproteção contra o etanol acidificado em doses menores que o AM,

aumentando os níveis de mucina em 692%, entretanto não alterou a

atividade da H+, K

+-ATPase. Todavia, tanto o EMCP e o AM nas

concentrações de 10 e 100 µg/ml inibiram a atividade da H+, K

+-ATPase.

De forma interessante, o favorecimento de mecanismos protetores da

mucosa foi evidenciado entre os diferentes, porém complementares, modos

de ação dos extratos de C. cainito. Em relação a Plinia edulis, concluiu-se

que o extrato metanólico das cascas do fruto das P. edulis possui atividade

gastroprotetora, em similaridade a infusão das folhas dessa espécie. Porém,

não é possivel propor o mesmo mecanismo de ação para os triterpenos

isolados.

Palavras-chave: Frutos silvestres. Alimento funcional. Antiúlcera

PRE-CLINICAL RESEARCH ON THE

GASTROPROTECTIVE POTENTIAL OF FRUITS OF

Chrysopyllum cainito L. AND FRUIT PEEL OF Plinia

edulis (Vell.) Sobral

Chrysophyllum cainito L. (Sapotaceae), popularly known as star apple and

Plinia edulis (Vell.) Sobral (Myrtaceae), known as cambuca, are edible wild

fruits with interesting chemical composition and biological activities. The

objective of this work was to evaluate the gastroprotective effect of the

methanolic extracts of the peels (MEPe), seeds (MESe) and pulp (MEPu) of

fruits of C. cainito (3, 10 and 30 mg/kg), of the methanolic extract of peels

from P. edulis fruits (MEPPE, 10, 30 and 100 mg/kg), and two terpenoids

isolated from MEPPE; maslinic acid (MA, 1, 3 and 10 mg/kg) and ursolic

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acid (UA, 0.1, 0.3, 1 and 3 mg/kg). Meanwhile, the antiulcer effect of juice

and flour obtained from the fruits of C. cainito was also evaluated. The

lowest gastroprotective doses of MEPe, MESe and MEPu against the

ulcerogenic action of ethanol/HCl were 3, 3 and 10 mg/kg, respectively. In

this model, both extracts increased mucin secretion. Intraperitoneal

administration of MEPe (0.3 mg/kg), MESe (0.3 mg/kg) and MEPu (1

mg/kg) also promoted gastroprotection against ethanol/HCl. In addition,

MEPe (3 mg/kg), MESe (3 mg/kg) and MEPu (10 mg/kg) reduced

indomethacin-induced gastric ulcer in mice by 78%, 70% and 50%,

respectively. In relation to the mode of action of extracts of C. cainito fruits,

the gastroprotective effect of MEPe was altered by pre-administration of N-

ethylmaleimide (NEM, 10 mg/kg, ip), glibenclamide (10 mg/kg, ip,

Indomethacin (10 mg/kg, ip) and yohimbine (10 mg/kg, ip); MESe

decreases the gastroprotection effect by pre-administration of NEM,

glibenclamide, N-Nitro-L-arginine methyl ester (L-NAME, 70 mg/kg, i.p)

and yohimbine (10 mg/kg, i.p); while the gastroprotective effect of MEPu

was reduced in animals pretreated with NEM or L-NAME. However, C.

cainito fruit extracts did not reduce parameters of gastric acid secretion, but

increased levels of mucus adhered to the gastric mucosa of mice submitted

to pyloric ligation. In addition, the diet supplemented with C. cainito fruit

flour (10%), but not juice, also promoted a gastroprotective action,

evidencing the fruit of C. cainito as a promising functional food. This work

also evaluated the gastroprotective efficacy, the in vitro effects on H+, K

+ -

ATPase activity, and the free radical DPPH scavenging activity of MEPPE,

MA and UA. MEPPE and UA, but not MA, showed free radical scavenging

activity in the DPPH test, reducing free radical levels by 78.66 and 60.14%

at 100 μg/mL. Furthermore, the results confirmed the gastroprotective effect

of MEPPE, MA and UA by the oral or intraperitoneal routes. UA was able

to promote gastroprotection against acidified ethanol at lower doses than

MA, increasing mucin levels by 692%, but did not alter the activity of H+,

K+ -ATPase. However, both MEPPE and MA at 10 and 100 μg/ml inhibited

the activity of H+, K

+ -ATPase. Together, the data confirmed the antiulcer

effect of the extracts from C. cainito fruit and the extract of the peel from P.

edulis fruit in different experimental models. Moreover, the gastroprotective

effects of C. cainito fruit flour supplementation were also confirmed.

Interestingly, the favoring of mucosal protective mechanisms was

evidenced among the different but complementary modes of action of C.

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cainito extracts. In relation to P. edulis, it was concluded that the

methanolic extract of P. edulis fruit peels has a gastroprotective activity,

similar to the infusion of leaves of this species. However, it is not possible

to propose the same mechanism of action for the isolated triterpenoids. But,

it is possible that MA, but not UA, inhibits gastric acid secretion through

inhibition of the proton pump, and that UA exerts gastroprotection by

strengthening the mucus barrier adhered to the gastric mucosa via increased

mucin production.

Key Words: Wild fruits. Functional food. Antiulcer

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LISTA DE ABREVIATURAS

AA – Ácido ascórbico

ABTS (2,2’- azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido-sulfônico)

ACh - Acetilcolina

ALFAC- 85 partes de álcool etílico 80%, 10 partes de formaldeído 40% e 5

partes de ácido acético gácial

AM – Ácido maslínico

AINES – Anti-inflamatório não esteroidal

AMPc – Adenosina 3’,5'-monofosfato cíclico

AMPK - Proteína quinase ativada por adenosina monofosfato

ANOVA – Análise de variância ATC

ATP – Trifosfato de adenosina

AU- Ácido ursólico

CAT – Catalase

CBX - Carbenoxolona

CCK-A – Colecistoquinina A

CCK-B - Colecistoquinina B

CONCEA – Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal

COX – Cicloxigenase

DNA – Ácido desoxirribonucleico

DPPH – 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl

ECL – Células enterocromafins

EC50 – Concentração do fármaco que induz metade do efeito máximo

EMC – extrato metanólico da casca do fruto C. cainito

EMS – extrato metanólico da semente do fruto C. cainito

EMP – extrato metanólico da polpa do fruto C. cainito

EMPC – extrato metanólico da casca do fruto P. edulis

eNOS – Óxido nítrico sintase endotelial

GO – Glutationa oxidase

GPx – Glutationa peroxidase

GSH – Glutationa reduzida

GSSH – Glutationa oxidada

GST - Glutationa S-transferase

GR – Glutationa redutase

H+, K+ ATPase – Bomba hidrogênio, potássio adenosina trifosfatase

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H2 – Receptor de histamina tipo 2

IBPs – Inibidores da bomda de prótons

IL-6 – Interleucina 6

IL-1β – Interleucina 1 beta

iNOS – Óxido nítrico sintase induzida

i.p – via intraperitoneal

L-NAME - N-nitro L-arginina metil éster

MK 801 – Dizocilpina, antagonista do receptor de N-metil-D-aspartato

NEM – N-metil-maleimida

NMDA – N-metil-D-aspartato

NO – Óxido nítrico

NIQFAR – Núcleo de Investigaçõs Químico Farmacêuticas da Univali

NPY – Neuropeptídeo Y

Ome - Omeprazol

OMS – Organização mundial da Saúde

PAS - Ácido periódico de Schiff

PGE2 – Prostaglandina E2

PGC1 - proteínas co-ativadoras reguladores de transcrição

PGI2 – Prostaciclina I2

Pi – Fosfóro inorgânico

PIV – Peptídeo intestinal vasoativo

PPAR – Receptor ativado por proliferador de peroxissoma

ROS – Espécies reativas de oxigênio

SOD – Superóxido dismutase

TGI – Trato gastrointestinal

TRH – Hormônio liberador de tirotropina

TNF-α – Fator de necrose tumoral alfa

Vei - Veículo

v.o – via oral

5-HTP – 5 - Hidroxitriptamina

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I ............................................................................................. 21 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 23 2 OBJETIVOS ........................................................................................... 27 2.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 27 2.2 Objetivos específicos ........................................................................... 27 CAPÍTULO II ........................................................................................... 29

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……..........................................................29

3 O ESTÔMAGO ...................................................................................... 31 3.1 Constituição anatômica e histológica do estômago ........................... 31 3.2 A secreção ácida gástrica .................................................................... 35 3.3 Fatores de proteção da mucosa gástrica............................................ 36 3.4 Fatores de agressão da mucosa gástrica ............................................ 45 4 ÚLCERA PÉPTICA .............................................................................. 47 4.1 Farmacoterapêutica da úlcera péptica .............................................. 48 5 FRUTOS SILVESTRES ........................................................................ 52 5.1 Frutos e atividade gastroprotetora .................................................... 53 5.2 Chrysophyllum cainito L. .................................................................... 55 5.3 Plinia edulis (Vell.) Sobral .................................................................. 57 CAPÍTULO III .......................................................................................... 65 Chrysophyllum cainito: um fruto silvestre com atividade

gastroprotetora em modelos experimentais ............................................ 67 CAPÍTULO IV ........................................................................................ 105 Evidências experimentais da atividade gastroprotetora dos triterpenos

isolados da casca dos frutos de Plinia edulis: ácidos maslínico e ursólico

.................................................................................................................. 105

CAPÍTULO V ..................................................................................... 131

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 131

REFERÊNCIAS……………………………...……………145

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CAPÍTULO I

Introdução e Objetivos

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1 INTRODUÇÃO

A abordagem de que os alimentos poderiam ter a capacidade de

prevenir e de tratar doenças surgiu há mais de 2.500 anos. Hipócrates já

declarava: “Faça do seu alimento seu medicamento”. Em meados de 1920 o

isolamento de componentes dos alimentos e experimentos clínicos e

laboratoriais para comprovar a eficácia dos alimentos funcionais foram

iniciados (WILDMAN, 2001). De acordo com a Portaria nº 398, de 30 de

abril de 1999, da Secretaria de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi

estabelecido que alimento funcional é “todo aquele alimento ou ingrediente

que, além das funções nutricionais básicas, quando consumido na dieta

usual, produz efeitos metabólicos e/ou fisiológicos e/ou benéficos à saúde,

devendo ser seguro para consumo”.

Estudos epidemiológicos e nutricionais sugerem que um maior

consumo de alimentos in natura, como frutas e hortaliças, reflete em uma

menor incidência de doenças crônicas, como problemas coronários,

cardíacos, cânceres, doenças neurodegenerativas e úlceras gástricas

(GESCHER et al., 1998; LI et al., 2016; NESELLO et al., 2017). Neste

contexto, pesquisas que busquem conhecer melhor a composição nutricional

e os fitoconstituintes presentes nestes alimentos têm ganhado destaque na

comunidade científica (BALIGA et al., 2011; DENG et al., 2013; LI et al.,

2014).

O interesse nos fitoconstituintes ocorre, entre outras razões, devido

ao potencial antioxidante desses compostos, os quais são biologicamente

produzidos para combater o estresse oxidativo experimentado pelo

organismo vegetal em decorrência de diferentes fatores do ambiente natural

(LOBO et al., 2010; LI et al., 2016). Desta forma, o potencial farmacológico

de diversos compostos de origem natural tem sido descrito para o

tratamento e/ou prevenção de várias doenças crônicas etiologicamente

associadas à exacerbada produção de espécies reativas de oxigênio ou ao

detrimento das defesas antioxidantes tissulares (FORBES-HERNANDEZ et

al., 2014; HUANG; ZHANG; CHEN, 2016).

Dentre as desordens associadas ao dano oxidativo, a úlcera péptica

ganha destaque, afetando cerca de 10 a 15% da população mundial

(PANGUIGAN et al., 2014). É evidenciada como um problema de saúde

pública, onde algumas de suas complicações, como hemorragia e

perfuração, ainda são causas importantes de morbimortalidade

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(RAMAKRISHNAN; SALINAS, 2007; KOMEN et al., 2008; SUNG et al.,

2010). A úcera gástrica é caracterizada como lesão profunda na parede

estomacal envolvendo toda a espessura da mucosa e penetrando através da

camada muscular (TARNAWSKI, 2005).

Segundo Laine, Takeuchi e Tarnawski (2008) a úlcera gástrica

resulta de um desequilíbrio entre agentes protetores (barreira de muco,

secreção de muco, regeneração celular, produção de prostaglandinas) e

agentes agressores (secreção de ácido e pepsina) da mucosa gástrica. O

tratamento para esta patologia é classicamente realizado com o uso de

fármacos antissecretores, incluindo os antagonistas dos receptores do tipo 2

da histamina (cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina), e os inibidores

da bomba de prótons (omeprazol, lanzoprazol, pantoprazol, rabeprazol e

esomeprazol).

É fato que esta última classe de fármacos, inibidores da bomba de

prótons, é mais eficaz na inibição da secreção do ácido gástrico e

frequentemente bem tolerada, porém em tratamento prolongado está

associada à efeitos colaterais como hiperplasia em células enterocromafins

(secretoras de histamina), hipersensibilidade, arritmia, impotência,

ginecomastia e desordens hematopoiéticas (SHEEN;

TRIADAFILOPOULOS, 2011). Além disso, são fármacos que atuam

predominantemente minimizando os fatores lesivos da mucosa, não

determinando a cicatrização do tecido, que em muitos casos, apresenta

recidivas da lesão, podendo desencadear consequências mais graves no trato

gastrointestinal como perfuração e sangramentos (TUNDIS et al., 2008).

Associada ao uso de medicamentos, a alimentação se torna um

fator relevante no tratamento das desordens gástricas, pois, quando

adequada às necessidades e sintomas de cada indivíduo pode auxiliar na

recuperação e manutenção do estado nutricional deste, atuando na redução

da secreção gástrica, na promoção do esvaziamento gástrico adequado e na

diminuição de efeitos colaterais dos medicamentos e da interação entre eles,

além de manter a hidratação corporal estável (FLOCH, 2007).

Neste cenário, há um grande interesse em terapias alternativas

como o uso de produtos naturais, especialmente os derivados de espécies

vegetais para o tratamento de úlceras gástricas (KLEIN et al., 2012;

ROZZA et al., 2015). Com isso, mediante pesquisas iniciais do Núcleo de

Investigações Químicas Farmacêuticas (NIQFAR) evidenciou-se que os

fruto de Chrysoplhyllum cainito (C. cainito) e Plinia edulis (P. edulis),

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caracteristicamente silvestres, representam espécies com potencial atividade

biológica antiúlcera.

Os frutos da espécie C. cainito, nativos da América Central, apesar

de serem caracteristicamente silvestres, também são cultivados em todo o

Caribe, América Central e partes da América do Sul, representando uma

fonte econômica a comerciantes locais (MORTON, 1987; PARKER et al.,

2010). Seus frutos são globosos, a polpa com sabor agradável e doce, sendo

consumido também na forma de geléia e bebibas (PINO; MARBOT;

ROSADO, 2002).

A P. edulis é nativa do Brasil, endêmica da Mata Atlântica,

podendo ser encontrada do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, onde

também são cultivadas (LORENZI et al., 2006). Produz frutos comestíveis,

grandes e amarelados com sabor semelhante ao da jabuticaba, podendo ser

viabilizados para utilização em preparações da indústria alimentícia

(DONATO; MORRETES, 2013).

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar o efeito gastroprotetor dos extratos metanólicos da casca,

polpa e semente dos frutos de C. cainito, bem como do suco e da farinha

obtidos deste fruto. Da mesma forma, avaliar o potencial gastroprotetor da

casca dos frutos de P. edulis e de dois fitoconstituintes isolados deste fruto,

o ácido maslínico e ursólico.

2.2 Objetivos específicos

a) Preparar os extratos metanólicos da casca, da polpa e semente

dos frutos de C. cainito, bem como obter a farinha e o suco desse fruto;

b) Obter o extrato metanólico da casca dos frutos de P. edulis e

realizar o isolamento do ácido maslínico e ácido ursólico;

c) Avaliar o potencial gastroprotetor e antissecretor ácido gástrico,

dos extratos metanólicos da casca, polpa e semente dos frutos de C. cainito

e possíveis mecanismos envolvidos no efeito observado;

d) Avaliar o potencial gastroprotetor da farinha e do suco dos

frutos de C. cainito;

e) Avaliar o potencial gastroprotetor do extrato metanólico da

casca de P. edulis e dos triterpenos isolados, ácido maslínico e ácido

ursólico e descrever possíveis mecanismos envolvidos nos efeitos

observados.

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CAPÍTULO II

Revisão Bibliográfica

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3 O ESTÔMAGO

3.1 Constituição anatômica e histológica do estômago

O trato gastrointestinal (TGI) tem como principal função, a

digestão e absorção dos nutrientes, proporcionando energia para

manutenção das funções do organismo (MERCHANT, 2007; SCHUBERT;

PEURA, 2008), sendo o estômago um órgão de fundamental importância

nesse processo (TYTGAT, 2011).

Considerado um reservatório, o estômago é uma dilatação do canal

alimentar que segue ao esôfago e continua no intestino. Possui formas e

volumes variáveis que dependem da particularidade da anatomia de cada

indivíduo, sendo o mais comum possuir a forma de “J”. Anatomicamente o

estômago é dividido em quatro regiões: cárdia, fundo, corpo e antro, além

de conter dois esfíncteres (cárdia e piloro) (Figura 1), tendo capacidade

aproximada de 1200 mililitros (FLOCH, 2007; SCHUBERT; PEURA,

2008).

Figura 1. Anatomia do estômago.

Fonte: Adaptado de http://www.infoescola.com/sistema-digestivo/estomago/

Antro

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Histologicamente, o estômago é constituído por quatro camadas, a

mucosa, a submucosa, a muscular e a serosa. Na mucosa estão presentes

diversas células responsáveis pela produção do suco gástrico, as quais se

diferem de acordo com o tipo secreção, sendo, a secreção parietal composta

por ácido clorídrico e fator intrínseco e a secreção não parietal, também

denominada secreção péptica, composta por muco, bicarbonato, sódio,

potássio e pepsinogênio (HAUBRICH; SCHAFFNER; BERK, 1995;

CALABUIG; RELLOSO; CUBERO, 2009).

Para a produção do suco gástrico, o estômago possui dois tipos

principais de glândulas tubulares secretoras, as glândulas oxínticas ou

gástricas e as glândulas pilóricas. As glândulas oxínticas, mais abundantes,

estão localizadas no fundo e no corpo do estômago e são compostas por

diferentes células com funções variadas, podendo ser dividas em quatro: as

células principais que são as responsáveis pela secreção do pepsinogênio,

precursor da enzima proteolítica pepsina, que é ativada mediante a presença

de ácido clorídrico; as células mucosas, responsáveis pela secreção do muco

e do bicarbonato, fatores protetores da mucosa (MEJIA; KRAFT, 2009).

Ainda, as células parietais, reguladas também por

neurotransmissores, que secretam ácido clorídrico e fator intrínseco

(responsável pela absorção da vitamina B12) (MEJIA; KRAFT, 2009;

SCHUBERT; PEURA, 2008), e as células endócrinas que secretam aminas

bioativas e hormônios pépticos, fazendo parte do sistema neuroendócrino

difuso são distribuídas como células enterocromafins (secretoras de

histamina), células secretoras de gastrina (célula G) e as células secretoras

de somatostatina (células D), que possui efeito inibitório as demais

secreções endócrinas e parácrinas (CALABUIG; RELLOSO; CUBERO,

2009; PALOMO, BENAVIDES, 2010).

As glândulas pilóricas, que se situam no antro do estômago, são

constituídas também por células mucosas, por células D e ainda por células

G, as quais quando estimuladas libertam o hormônio gastrina, principal

responsável pela secreção ácida gástrica (Figura 2) (MEJIA; KRAFT, 2009;

SCHUBERT; PEURA, 2008).

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Figura 2. Tipos de células da mucosa gástrica e suas funções

Fonte: http://arquivobioqui.com.br/2015/11/atividade-das-celulas-secretoras-da.html

A atividade motora gástrica tem como principais funções o

armazenamento de grandes quantidades de alimentos, até que possam

finalizar sua digestão e serem absorvidos no duodeno, e a mistura desses

alimentos com as secreções gástricas até formar o quimo e o esvaziamento

do quimo para o intestino delgado (YAKABI; KAWASHIMA; KATO,

2008). Este é um evento complexo, que envolve a interação entre vias

neurais, hormonais e neuromusculares, sendo determinadas pelo

funcionamento coordenado de dois principais compartimentos, estômago

proximal e distal (AMÉRICO et al., 2010).

A distribuição das refeições na porção distal e proximal do

estômago é denominada distribuição intragástrica de uma refeição (DIR),

iniciando após a ingestão do alimento presente na região proximal,

aumentando seu tônus e o redistribuindo para a parte distal a medida que há

esvaziamento gástrico (AMÉRICO et al., 2010). Os padrões de motilidade

do estômago são específicos de cada região, onde o fundo e a cárdia

(regiões de marcapasso) geram contrações tônicas, mantidas durante

minutos ou horas, e o corpo distal e antro possuem atividade motora fásica,

com ciclos de contração e relaxamento que duram apenas alguns segundos

(SILVERTHORN, 2008; PALOMO; BENAVIDES, 2010).

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Diversos fatores influenciam na movimentação para digestão no

TGI, sendo alguns deles: sexo, idade, osmolalidade e densidade calórica da

refeição. Todavia, de maneira geral, o esvaziamento gástrico acontece,

quando o estômago está repleto e diminui o tamanho do fundo, dando

origem às contrações sistólicas do antro terminal, que influenciarão no

processo de esvaziamento e dependerão da distensão do duodeno ou jejuno,

da ação da gastrina no estímulo da motilidade antral, da pressão do esfíncter

esofagiano, da diminuição da motilidade gástrica e do relaxamento do

piloro, que promoverão estímulos irritantes, assim como a liberação da

enterogastrona que promoverá a acidificação do duodeno (HAUBRICH;

SCHAFFNER; BERK, 1995; FLOCH, 2007).

Além desses fatores, para o esvaziamento gástrico há também a

influência dos fatores emocionais, como estresse e tensão no momento da

alimentação. Assim, considerando a quantidade de alimento consumido, o

qual determinará o volume alimentar gástrico e consequentemente a

velocidade de esvaziamento, atenta-se para a alteração da distensão da

parede o que causará a excitação da bomba pilórica e inibição do piloro.

Com forte atuação da gastrina, que aumentará a atividade desta bomba

produzindo mais secreção de suco gástrico altamente ácido (HAUBRICH;

SCHAFFNER; BERK, 1995; FLOCH, 2007).

Ainda, conforme mencionado, diferentes substâncias endógenas

desempenham papel na motilidade gástrica, onde em resumo, podem ser

agrupadas de acordo com seu efeito dominante na contratilidade do músculo

liso, tendo efeito estimulante a gastrina, acetilcolina (ACh), colecistocinina

(CCK), motilina, substância P, 5-Hidroxitriptamina (5-HT), o hormônio da

liberação de gastrina (bombesina) e TRH (hormônio liberador de

tireotrofina) (HANSEN, 2003; SASAKI et al., 2003). E efeito inibidor:

secretina, glucagon, peptídeo intestinal vasoativo (PIV), encefalina, CGRP

(péptido que regula o gene da calcitonina), NPY (neuropeptídeo Y),

neurotensina, NO e somatostatina (HANSEN, 2003), as quais regulam a

motilidade através de sua ação em neurotransmissores, agindo em

receptores de dopamina tipo 2, receptores 5-HT e opioides presentes no

plexo mioentérico (SASAKI et al., 2003).

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3.2 A secreção ácida gástrica

A secreção gástrica é fundamental para que o estômago

desempenhe seu papel fisiológico, é um processo contínuo e complexo, em

que múltiplos fatores centrais e periféricos contribuem para uma meta

comum: a secreção de hidrogênio (H+) pelas células parietais, sendo

constituída também por água, ácido gástrico, mucina, ânions, cátions,

enzimas, hormônios e fator intrínseco. Esta secreção é responsável pelo

início do processo de digestão da proteína e é produzida em grande

quantidade durante o dia, cerca de 2 litros, ocasionando um grande gasto

energético (HOOGERWERF; PASRICHA, 2006).

Para que aconteça a secreção gástrica, além de células secretoras de

muco que revestem toda a superfície do estômago, a mucosa gástrica conta

com dois tipos importantes de glândulas tubulares: glândulas oxínticas ou

gástricas e as pilóricas, conforme descrito no item acima (BIGHETTI;

ANTÔNIO; CARVALHO, 2002).

Devido a presença de glândulas diferenciadas para secreção

gástrica, o estômago tem característica peculiar, pela quantidade elevada de

ácido clorídrico (HCl), que mantêm o pH entre 0,9 e 2,0, favorecendo a

digestão e impedindo a entrada de micro-organismos. Além de estar

envolvido na absorção do ferro, cálcio, vitamina B12 e digestão de

proteínas, onde a acidez é fundamental para que o pepsinogênio secretado

pelas células mucosas e pépticas seja clivado para formar a pepsina ativa,

que possui atividade proteolítica (SCHUBERT, 2016).

O suco gástrico presente no lúmen estomacal, possui concentração

de íons hidrogênio 3 milhões de vezes maior do que a do sangue arterial e é

formado nos canalículos da célula parietal e conduzido até a extremidade

secretora da célula que, tem como principal força motriz a secreção da

enzima H+, K

+-ATPase (BIGHETTI; ANTÔNIO; CARVALHO, 2002;

CALVO; EGAN, 2015).

A estimulação da célula parietal (Figura 3) para que a bomba H+,

K+ -ATPase seja ativada ocorre em resposta a três sinais neuro-humorais:

ACh - um neurotransmissor liberado pelas terminações nervosas vagais;

gastrina - um hormônio local produzido pelas células G e histamina, um

ativo químico biológico produzido pelas células ECL na parede do

estômago (DACHA et al., 2015).

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Figura 3. Representação da regulação da secreção ácida gástrica pela célula

parietal.

Fonte: Olbe, Carlsson e Lindberg, 2003

Esta última, a histamina, quando liberada promove a estimulação

das células parietais de forma direta ao se ligar com receptores do tipo 2 da

histamina, os quais são acoplados à proteína G, e quando ativados,

estimulam a adenilato ciclase com geração de adenosina 3’,5'-monofosfato

cíclico (AMPc). E de forma indireta através da sua ligação a receptores H3,

que inibem a secreção de somatostatina (KAZUMORI; ISHIHARA; RUMI,

2004).

As ECL são estimuladas a secretar histamina pelo hormônio

gastrina que é secretado pelas células G e estimulada por proteínas da carne

e outros alimentos proteicos ingeridos e também por substâncias hormonais

secretadas pelo sistema nervoso entérico da parede gástrica (SCHUBERT;

PERUA, 2008).

A gastrina secretada na corrente sanguínea possui diversos graus

de afinidade para os seus receptores. Estão estabelecidos dois tipos:

colecistoquinina (CCK) -A e CCK-B. A gastrina circulante estimula os

receptores de CCK-B na membrana basolateral das células parietais,

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causando diretamente a secreção de ácido gástrico. A produção e secreção

de gastrina pelas células G podem ser inibidas pela somatostatina, a qual é

secretada a partir de células D presente na mucosa gástrica (DACHA et al.,

2015).

Por fim, a ACh é liberada pela estimulação parassimpática e atua

através de receptpres muscarínicos do subtipo M3 estimulando a secreção de

pepsinogênio pelas células pépticas, de ácido clorídrico pelas células

parietais, e de muco pelas células da mucosa; em comparação a histamina e

gastrina, estimulam fortemente a secreção de ácido pelas células parietais,

mas tem pouco efeito sobre as demais células (CALABUIG; RELLOSO;

CUBERO, 2009; SCHUBERT, 2016).

3.3 Fatores de proteção da mucosa gástrica

Estímulos nocivos ao TGI que podem causar lesões são frequentes

no organismo humano, entre eles estão os fatores endógenos, como a

produção fisiológica do suco gástrico, considerando principalmente HCl e

pepsinogênio, juntamente com as alterações de mucosa provocadas por

estresse com produção de espécies reativas de oxigênio, e os fatores

exógenos, como a ingestão de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs),

álcool, alimentos em várias temperaturas, infecções por Helicobacter pylori,

lesões relacionadas à isquemia/reperfusão, entre outros (DONG;

KAUNITZ, 2006).

A mucosa gastrointestinal apresenta diversas formas de proteção

em defesa desses fatores de agressão, podendo ser dividida em fatores pré-

epiteliais, epiteliais e sub-epiteliais, onde todos os fatores atuam em

conjunto para prevenir o surgimento de lesões na mucosa (FLEMSTRÖM et

al., 1999; ALLEN; FLEMSTRÖM, 2004).

3.3.1 Fatores pré-epiteliais

O muco, produzido pelas células mucosa e epiteliais, constituído

por 95% de água e 5% de glicoproteínas (mucina), juntamente com o

bicarbonato, produzido nas células epiteliais superficiais e estimulado pelas

prostaglandinas endógenas, óxido nítrico e neurônios aferentes sensíveis à

capsaicina, sendo regulado pelo ácido luminal (ALQASOUMI et al., 2009;

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LAI et al., 2009), fazem parte da primeira linha de defesa da mucosa

gástrica (Figura 4) (LAINE; TAKEUCHI; TARNAWSKI, 2008).

Figura 4. Esquema ilustrativo dos fatores protetores da mucosa gástrica

Fonte: http://shuangyi.com.mx/Semmedint/Junio07/fisiotubodig.htm

Ambos possuem capacidade de lubrificar e proteger a mucosa das

forças mecânicas da digestão, além de auxiliarem na difusão e neutralização

do ácido luminal contra a autodigestão causada pelo suco gástrico (ALLEN;

FLEMSTRÖM, 2005).

A camada de muco funciona como um gel aderente entre a mucosa

e o lúmen, protegendo-a contra agentes nocivos, agindo como uma barreira

física protetora, além de manter o gradiente de pH próximo a neutralidade,

impedindo danos a mucosa gástrica e facilitando a ação do bicarbonato

(LAINE; TAKEUCHI; TARNAWSKI, 2008).

O muco é revestido com uma película de surfactante de

fosfolipídios na superfície luminal, criando uma potente barreira de natureza

hidrofóbica, que retarda a difusão de íons de hidrogênio

(LICHTENBERGER, 1999; LAINE; TAKEUCHI; TARNAWSKI, 2008),

aumentando significativamente a viscosidade e a permeabilidade da camada

de muco, determinando a qualidade protetora da mucina gástrica

(GINDZIENSKI; ZWIERZ; SAROSIEK, 2003)

Ainda, o muco é secretado em todo o TGI mediante estímulo de

hormônios gastrointestinais, como a gastrina e a secretina, por

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prostaglandina do tipo E2 (PGE2) e agentes colinérgicos (HOOGERWERF;

PASRISCHA, 2006).

O bicarbonato é retido pelo muco, ficando estável junto à camada

de gel aderente, originando um revestimento viscoso e alcalino,

proporcionando um gradiente de pH perto da neutralidade entre o lúmem e

o epitélio gástrico, além de inibir o contato da pepsina com o epitélio do

estômago em virtude da presença de fosfolipídeos hidrofóbicos (LAINE;

TAKEUCHI; TARNAWSKI, 2008).

Além disso, quando o alimento é ingerido as células parietais

liberam íon H+, e simultaneamente transportam o íon bicarbonato pela

membrana basolateral através da troca de Cl-/HCO3

-, resultando em uma

maior disponibilidade de bicarbonato. Também, para cada íon de H+

secretado pela célula parietal, uma molécula de CO2 é convertida em

bicarbonato, provocando alcalinização após a secreção de ácido gástrico

(DONG; KAUNITZ 2006). A secreção de bicarbonato é intensificada pela

ACh liberada dos terminais nervosos próximos às células superficiais

epiteliais (BERNER et al., 2004).

3.3.2 Fatores epiteliais

O fator primário de proteção epitelial tem propriedades intrínsecas

de característica anatômica. As junções fechadas e outras barreiras

intercelulares controlam a passagem de agentes lesivos do lúmem para a

mucosa gástrica, para espaços intersticiais e submucosos. As células

epiteliais são hidrofóbicas e repelem o ácido e os agentes solúveis em água

prejudiciais, devido à presença de fosfolípidos em sua superfície (LAINE;

TAKEUCHI; TARNAWSKI, 2008), além de migrarem até os tecidos

lesionados quando as barreiras gástricas são destruídas gerando morte

celular (TARNAWSKI; AHLUWALIA; JONES, 2013).

A proteção epitelial também envolve fatores bioquímicos, enzimas

que promovem a primeira linha de defesa contra as espécies reativas de

oxigênio, as quais, quando produzidas excessivamente, podem prejudicar o

funcionamento celular afetando sua integridade (KUROSE et al., 1997;

TACHAKITTIRUNGROD; OKONOGI; CHOWWANAPOONPOHN,

2007). As espécies reativas de oxigênico (EROs) causam inflamação e

morte celular, através da modulação de vias de transdução de sinal, afetando

as enzimas redox-sensíveis e fatores de transcrição, além de estimularem a

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expressão de mediadores inflamatórios e moléculas de adesão (UZUN et al.,

2004).

O estresse oxidativo gerado pelo excesso de EROs no tecido

gástrico contribui para a formação de lesão na mucosa gástrica (TYTGAT,

2011). No entanto, a mucosa possui o próprio ambiente redox no interior

das suas células que impedem os danos oxidativos através da atuação de

moléculas antioxidantes (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2006). Esse

sistema antioxidante inclui as enzimas: superóxido dismutase (SOD),

catalase (CAT), glutationa peroxidase (GPx) e glutationa S-transferase

(GST) (BAYIR, 2005), sendo que a segunda linha de defesa antioxidante

envolve compostos de moléculas químicas de tamanho pequeno, onde estão

incluídas as vitaminas, flavonoides da dieta, carotenoides, ácido úrico e

GSH (CNUBBEN et al., 2001).

Os antioxidantes apresentam a habilidade de quelar radicais livres

protegendo a mucosa gástrica contra ulcerações

(TACHAKITTIRUNGROD; OKONOGI; CHOWWANAPOONPOHN,

2007). Assim, em condições de estresse oxidativo, a SOD atua como um

sistema de defesa intracelular, degradando o ânion superóxido em oxigênio

e peróxido de hidrogênio (Figura 5) (H2O2) (YASUI; BABA, 2006;

CHANDE; BUDINGER, 2007; WEYDERT; CULLEN, 2010).

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Figura 5. Esquema ilustrativo da formação de EROS e mecanismos

antioxidantes nos sistemas biológicos.

Fonte: https://radicaislivres96.wordpress.com/antioxidantes/

Verifica-se a importância desse sistema também, na atuação da

enzima SOD inibindo a inflamação através da modulação da apoptose dos

neutrófilos (YASUI; BABA, 2006), os quais em processos inflamatórios

liberam ânions superóxido que aumentam ainda mais a infiltração de

neutrófilos (MASINI et al., 2003).

A CAT é uma enzima que metaboliza o H2O2 (formado na reação

com SOD) em água e oxigênio, rapidamente, possuindo um papel protetor

relevante contra os efeitos tóxicos dos peróxidos gerados nos peroxissomos

(SIRAKI et al., 2002).

Ainda há outra via do metabolismo do H2O2, a via depende da

ativação da GPx e da cooperação da glutationa redutase (GR), onde ocorre a

redução do H2O2 em água pela GPx acompanhada da conversão de GSH

para a sua forma oxidada (GSSG) (KWIECIEN et al., 2014).

A GST é um tripeptídeo com atividade antioxidante e propriedade

de cofator enzimático relevante. Constitui a superfamília de isoenzimas que

catalisam a conjugação de compostos eletrofílicos a GSH, produzindo

compostos menos reativos (CNUBBEN et al., 2001).

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A GSH pode atuar como sequestrador de radicais livres e

substancia tóxicas, participando em muitos aspectos do metabolismo

oxidativo, incluindo remoção de hidroperóxidos, proteção contra radiação

ionizada, manutenção do padrão fisiológico de proteínas sulfidrílicas e

condensação com xenobióticos, auxiliando na sua detoxificação e excreção,

contribuindo para integridade da mucosa (SHIRIN et al., 2001). Reage

rapidamente e de forma não enzimática com o radical hidroxila, com

trióxido nitroso (N2O3) e peroxinitrito (ONOO⁻ ), buscando manter o

equilíbrio redox celular, então o GSSG é exportado das células por

proteínas de transporte dependentes de ATP, demonstrando que em

condições severas de estresses os níveis celulares de GSH diminuem

(CNUBBEN et al., 2001).

Neste ínterim, uma diminuição da atividade da SOD, da CAT e da

concentração de GSH na mucosa gástrica, conforme descrito acima,

contribui para o dano celular (KWIECIEN et al., 2014) por intermédio das

espécies reativas de oxigênio, que induzem a peroxidação lipídica e

aumentam a produção de citoquinas pró-inflamatórias (BINDU;

MAZUMDER; DEY, 2013), condições estas relacionadas com a

patofisiologia de muitas doenças, apresentando o importante papel deste

sistema na manutenção da integridade dos sistemas fisiológicos

(CNUBBEN et al., 2001).

3.3.3 Fatores subepiteliais

Ainda, como fator de proteção, o estômago tem a proteção

subepitelial, que envolve a microcirculação, já que o fluxo sanguíneo

protege a mucosa por assegurar a chegada de oxigênio, nutrientes,

bicarbonato, além de remover substâncias tóxicas. A angiogênese também

atua como um excelente mecanismo de reparo e restauração da rede

microvascular através da formação de novos capilares no local da lesão, a

qual é desencadeada pelo fator de crescimento fibroblástico básico (bFGF),

e o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e angioproteínas

denominadas fatores de crescimento angiogênicos (TARNAWSKI;

AHLUWALIA; JONES, 2013).

Agindo com protetoras, as células endoteliais dos microvasos

geram potentes vasodilatadores como o óxido nítrico (NO) e prostaciclina

(PGI2), que protegem a mucosa gástrica e se opõem a ação danosa de vários

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agentes vasoconstritores como os lecoutrienos C4, tromboxano A2 e

endotelina (TULASSAY; HERSZENYI, 2010; MADALOSSO, 2011). O

NO também é responsável por manter a integridade do epitélio gástrico

inibindo a secreção de ácido clorídrico das células parietais. Ambos mantêm

a viabilidade endotelial e previnem a aderência de plaquetas e leucócitos

nas células endoteliais de microvasos, protegendo contra o

comprometimento da microcirculação (WALLACE, 2008; MADALOSSO,

2011).

A manutenção da integridade da mucosa, conta também com a

renovação contínua de células, sendo uma das mais importantes. O epitélio

é renovado a cada 2-4 dias por um sistema bem coordenado de proliferação

das células progenitoras que substituem as células envelhecidas. A

substituição completa do epitélio gástrico geralmente leva 3-7 dias (LAINE;

TAKEUCHI; TARNAWSKI, 2008; TULASSAY; HERSZENYI, 2010).

A geração contínua de PGE2 e PGI2 (Figura 6) é crucial para a

manutenção da integridade da mucosa e proteção contra agentes

ulcerogênicos e necrozantes. Ressalta-se que quase todos os mecanismos de

defesa são estimulados e/ou facilitados pelas PGs, como a inibição da

secreção ácida, estimulação da secreção de muco, bicarbonato e

fosfolipídeos, aumento do fluxo sanguíneo, aceleração da restituição

epitelial e cicatrização da mucosa, além de inibirem a ativação de

mastócitos, leucócitos, aderência plaquetária no endotélio vascular. A

maioria das ações protetoras das PGs na mucosa gástrica é mediada

principalmente por receptores do tipo EP1, já os receptores EP3 e EP4 afetam

a secreção de ácido e muco respectivamente. Quando os níveis superficiais

da defesa da mucosa são insuficientes ou há uma lesão luminal, o próximo

nível de defesa é a resposta inflamatória aguda (KANEKO; HARVEY;

BRUSS, 2008; LAINE; TAKEUCHI; TARNAWSKI, 2008).

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Figura 6. Esquema ilustrativo da biossíntese de prostaglandinas

As prostaglandinas são sintetizadas mediante estímulos fisiológicos e/ou

patológicos nas membranas celulares. Por ação da fosfolipase A2 o ácido

araquidônico, constituinte normal dos fosfolipídios das membranas, é então

convertido e se torna substrato para duas vias enzimáticas, a das

cicloxigenases (COX-1 e COX-2), as quais então, desencadeiam a síntese

das prostaglandinas e dos tromboxanos. Pela via da COX é gerada a

prostaglandina (PG) H2, que estimula a formação de vários prostanoides,

incluindo diversas prostaglandinas - PGI2, PGD2, PGE2, PGF2 e

tromboxanos (Batlouni, 2009).

Fonte: http://www.vetorial.net/~coriolis/fisio.htm

A somatostatina também pode estar envolvida na defesa da mucosa

gástrica (HOLZER, 2007), reduzindo o peptídeo intestinal vasoativo (VIP,

do inglês: vasoactive intestinal peptide) e os leucotrienos no processo de

vasoconstrição das lesões gástricas, atuando com ações antioxidantes, anti-

inflamatórias e antiapoptóticas (NASSAR et al., 2011). Gyires Toth e

Zadori (2015) verificaram que a administração de etanol absoluto, o qual é

ulcerogênico, diminui consideravelmente os níveis de somatostatina na

mucosa.

Ressalta-se também, a ação protetora de vários neuropeptídeos e

hormônios, como a gastrina, hormônio libertador de tirotropina,

colecistoquinina, estrogênio, peptídeo relacionado ao gene da calcitonina

(CGRP), peptídeo libertador de gastrina, leptina e grelina, que agem contra

danos causados por substâncias corrosivas atribuídas a liberação de

prostaglandinas, NO e ativação dos nervos sensoriais, promovendo a

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reparação e cicatrização de úlceras (PESKAR; EHRLICH; PESKAR, 2002;

BRZOZOWSKI et al., 2005).

3.4 Fatores de agressão da mucosa gástrica

Os fatores que condicionam ao surgimento de úlceras pépticas

inicialmente são a infeção pela bactéria H. pylori e o uso de AINEs.

Todavia, sabe-se que o tabaco, o álcool e uma dieta rica em alimentos

irritantes como doces, açúcares, refrigerantes e café e o stress, também são

fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença. Em tempos

posteriores, o tratamento da úlcera péptica era baseado apenas na

erradicação da bactéria, conduzindo à diminuição da sua prevalência.

Contudo, tem-se verificado a existência de úlceras não associadas a H.

pylori ou AINEs, classificadas como úlceras pépticas de causa idiopática

(ARAKAWA et al., 2012).

A H. pylori é uma bactéria encontrada apenas no epitélio gástrico,

onde os organismos tendem a aglomerar-se à volta das junções entre as

células. A sua interação com o hospedeiro tem um impacto na severidade e

nos resultados clínicos da úlcera (SUZUKI et al., 2012; BLASER;

ATHERTON, 2004). Indivíduos com úlcera duodenal e infetados com a H.

pylori secretam mais ácido e liberam mais gastrina em resposta à ingestão

de alimentos em relação a doentes sem esta infeção (HOPKINS; GIRARDI;

TURNEY, 1996), além disso, esta bactéria tem capacidade de ativação do

sistema imune inato, fatores que induzem as citoquinas proinflamatórias que

ativam a resposta inflamatória na mucosa, de estimular fortemente a

resposta humoral e resposta imune mediada por células (SUGIMOTO;

YAMAOKA, 2009).

Outro agente agressor a mucosa, já bem descrito são os AINEs,

usados excessivamente a nível mundial, possui três efeitos principais,

nomeadamente o efeito anti-inflamatório, efeito analgésico e antipirético.

As ações farmacológicas são idênticas entre os diferentes tipos de AINEs.

Os efeitos adversos associados ao uso desta classe de fármacos é que

causam os efeitos deletérios na mucosa gástrica. Possuem efeitos tópicos

que causam erosões subcutâneas e os efeitos em nível do TGI, que são

comuns e resultam principalmente da inibição da enzima cicloxigenase do

tipo 1 (COX-1) responsável pela síntese de prostaglandinas de forma

constitutiva na mucosa gástrica, que atuam, conforme já descrito, como

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agentes protetores de mucosa (RAMAKRISHNAN; SALINAS, 2007). Esta

inibição explica o mecanismo dos efeitos dos AINEs no desenvolvimento

de lesões gastrointestinais, tendo como efeitos colaterais desconforto

gástrico, dispepsia, diarreia ou obstipação, náuseas e vómitos, hemorragia

gástrica e ulceração (SOSTRES et al., 2010; TYTGAT, 2011).

Os estudos ainda demonstram a dependência de álcool e nicotina

como fatores de risco no desenvolvimento de úlceras pépticas

(LEVENSTEIN; KAPAN; SMITH, 1997; GOODWIN; STEIN, 2002). O

uso do cigarro tem relação direta na formação, gravidade e recorrência de

úlceras. Dados afirmam que em indivíduos tabagistas, as úlceras são mais

prevalentes e menos propícias à cura, isso porque os cigarros contêm

nicotina, substância que aumenta a probabilidade do aparecimento de

úlceras através do aumento da produção de ácido gástrico no estômago e da

diminuição da proteção do muco nesse local (TYTGAT, 2011;

CARVALHO, 2013).

Os fatores protetores da mucosa alterados pelo uso do tabaco são:

redução da quantidade de bicarbonato no duodeno, dificultando a

neutralização do ácido; diminuição da quantidade dos fatores de

crescimento epiteliais; aumento na produção de EROs nos tecidos, e

redução da atividade da enzima óxido nítrico sintase, que em conjunto com

a presença de radicais livres, resulta na diminuição do fluxo sanguíneo da

mucosa, aumentando o risco de morte celular da mucosa gástrica

(AINSWORTH et al., 1993; LI et al., 2014).

O álcool, exerce um efeito tóxico diretamente sobre o epitélio

gástrico, levando a formação de lesões necróticas por reduzir o muco,

produção de bicarbonato (MASSIGNANI et al., 2009) e aumento na

secreção gástrica, além do importante aumento na produção de espécies

reativas de oxigênio (BERNER et al., 2004). É considerado um dos agentes

que induz mais intensamente a úlcera gerando edema na mucosa,

hemorragia, exfoliação de células subepiteliais e infiltração de células

inflamatórias, contribuindo para vasoconstrição, isquemia e estase na

microcirculação, podendo levar a morte das células gástricas (HIRUMA-

LIMA et al., 2009).

Ainda, destacam-se fatores emocionais, pois, estudos demonstram

que doentes com problemas de ansiedade e distúrbios humorais apresentam

uma maior probabilidade de desenvolvimento de problemas

gastrointestinais, quando comparados com a população geral (HASIN et al.,

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2005; HEILIGENSTEIN; SMITH, 2006; WAUGH; GRANT, 2006; LI et

al., 2014). De acordo com Rodrigues et al. (2008) a úlcera causada por

estresse está relacionada a distúrbios causados na microcirculação da

mucosa gástrica e redução na produção de muco, assim como, também tem

relação com o aumento na produção de espécies reativas de oxigênio.

4 ÚLCERA PÉPTICA

Envolvida por uma incerteza na área clínica médica, a úlcera

péptica não tem uma etiologia bem compreendida, acredita-se que o sistema

de proteção do estômago se torna ineficiente e a secreção ácida gástrica

passa a agredir a mucosa e o epitélio gerando lesões, inflamações e necroses

na área atingida (FLOCH, 2007).

A úlcera péptica é uma doença do TGI, geralmente crônica e

isolada, quando múltipla, cerca de 5% a 20% dos casos, ocorre

simultaneamente afetando o estômago e o duodeno (LIU; CRAWFORD,

2005). É caracterizada por lesão da mucosa na presença de ácido e pepsina,

como consequência da ação corrosiva resultante da hipersecreção de ácido

gástrico na mucosa (RAMAKRISHNAN; SALINAS, 2007), podendo estar

associada a fatores internos como a genética, patologias infecciosas e/ou

patologias granulomatosas associadas a doenças crônicas e a fatores

externos como qualidade de vida, estresse, consumo de álcool, cafeína,

drogas e medicamentos como aspirina e AINEs e/ou a infecção pela

bactéria H. pilory (BRUTON; LAZO; PARKER, 2006; MEDLOCK et al.,

2013; LI et al., 2014; VELASCO-ZAMORA; GÓMEZ-REYES;

USCANGAC, 2016).

Além disso, acredita-se que produtos do metabolismo do ácido

araquidônico, espécies reativas de oxigênio relacionadas aos eventos de

oxidação e formação de peróxido e elementos celulares, sejam os

responsáveis pelo desencadeamento das inflamações, depleções nas reservas

energéticas das mitocôndrias e danos no DNA das células do sistema

digestório (BECKMAN; KOPPENOL, 1996; REPETTO; LLESUY, 2002).

As lesões ocorrem maioritariamente na pequena curvatura do

estômago e na parte proximal do duodeno, podendo também desenvolver-se

na zona inferior do esófago, na zona distal do duodeno ou no jejuno

(RAMAKRISHNAN; SALINAS, 2007). No Brasil, levantamentos

epidemiológicos revelaram que a úlcera péptica duodenal é mais prevalente

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que a úlcera gástrica, em uma proporção de 3:1, além de ser mais prevalente

em homens (ARAÚJO; BORINI; GUIMARÃES, 2014).

No geral, as úlceras pépticas são muito comuns, afetam cerca de 10

a 15% da população mundial (PANGUIGAN et al., 2014). A cada ano nos

Estados Unidos, cerca de 500.000 pessoas a desenvolvem. No ocidente a

incidência varia de 2 a 10/100.000 pessoas, evidenciando um problema de

saúde pública. A faixa etária predominante na qual a úlcera duodenal ocorre

está entre 20 e 50 anos, enquanto a gástrica é mais comum em pacientes

com mais de 50 anos. A doença ulcerosa péptica ainda permanece como

uma das doenças com maior prevalência em todo mundo, sendo que

algumas de suas complicações, como sangramento e perfuração, ainda são

causas importante de morbimortalidade (KOMEN et al., 2008; SUNG et al.,

2010).

Os sintomas mais comuns da úlcera péptica são dor e desconforto

abdominal, tipo queimação, cólica, náusea e anorexia. É comum também o

relato de pacientes com distensão abdominal, vômitos e intolerâncias

alimentares, assim como a perda de peso (TYTGAT, 2011).

4.1 Farmacoterapêutica da úlcera péptica

Por um longo período, as úlceras pépticas tiveram como tratamento

apenas procedimentos cirúrgicos, resultando em altas taxas de morbidade e

mortalidade. Em meados da década de 70, é que a supressão farmacológica

da secreção ácida gástrica foi efetivada com a introdução dos antagonistas

de receptores H2 histaminérgicos (cimetidina e ranitidina) e posteriormente,

com o surgimento dos inibidores da bomba de prótons H+/K

+ATPase (IBP)

(YUAN; PADOL; HUNT, 2006; SCHROETER et al., 2008; GALLERANI;

ARAI, 2011).

Atualmente, devido as duas principais chaves do tratamento,

melhorar os fatores defensivos e reduzir os fatores agressivos (SIVRI,

2004), as drogas mais usadas para tratar a úlcera péptica, são a combinação

de antibióticos em casos de úlcera causada por H. pylori (AL-EIDAN et al.,

2002), antagonistas dos receptores da histamina do tipo 2 (cimetidina,

ranitidina, nizatidina e famotidina) e inibidores da bomba de prótons H+/K

+-

ATPase (omeprazol, lansoprazol, pantoprazol e esomeprazol), além dos

antiácidos (hidróxido de magnésio, trissilicato de magnésio, hidróxido de

alumínio e bicarbonato de sódio) (SHEEN; TRIADAFILOPOULOS, 2011).

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Nos últimos 15 anos, uma pesquisa mundial tem procurado

encontrar metodologias adequadas para tratamento da infecção por H.

pylori, bactéria localizada na superfície da mucosa gástrica e na camada de

muco que a protege, fazendo com que o sistema imunitário não consiga

contribuir para a cicatrização da infecção, exigindo desta forma, que os

medicamentos sejam utilizados em uma concentração maior, capaz de matar

a bactéria (LABENZ, 2010).

Ainda, para escolha do antibiótico a ser usado, a história de cada

paciente deve ser investigada, para evitar alergias ou reações

idiossincráticas. A função renal e hepática também deve ser avaliada

(SIVRI, 2004). A amoxicilina pode causar comprometimento da função

renal em pacientes com insuficiência renal crônica, sendo que o

metronidazol e a claritromicina têm apresentado menor toxicidade renal

(SHEU et al., 2003).

No contexto de rotina clínica, quatro principais antibióticos têm

sido mais indicados no tratamento de H. pylori: amoxicilina, claritromicina,

tetraciclina e metronidazol ou tinidazol. Além disso, com uma taxa de

erradicação de cerca de 30% ou menos, as monoterapias antibióticas são

contraindicadas (LABENZ, 2001; TYTGAT, 2011). Com base em

recomendações de consenso em conferências, o tratamento de primeira

linha para a infecção por H. pylori deve incluir um inibidor da bomba de

protons (IBPs) ou claritromicina mais amoxicilina ou metronidazol e ou

tinidazol, contando com uma terapia tripla padrão com dose aditiva de IBPs,

para a erradicação da infecção por H. pylori (SIVRI, 2004).

Os IBPs (omeprazol, lanzoprazol, pantoprazol, rabeprazol e

esomeprazol) são medicamentos mais eficazes na inibição da secreção do

ácido gástrico, resultando em melhoras nas taxas de cicatrização de úlceras

gástricas e duodenais (BRUNTON; LAZO; PARKER, 2006; SCHROETER

et al., 2008; GALLERANI; ARAI, 2011). Assim como os antagonistas dos

receptores tipo 2 da histamina utilizados clinicamente: cimetidina,

ranitidina, famotidina e nizatidina, os quais promovem a redução da

secreção do ácido ao competir reversivelmente com a histamina pela sua

ligação aos receptores H2 nas células parietais, diminuindo os níveis de

AMPc (YUAN; PADOL; HUNT, 2006; GALLERANI; ARAI, 2011).

Os fármacos antissecrretores atuam predominantemente

minimizando os fatores lesivos da mucosa; entretanto, em muitos casos,

ocorre a recidiva da lesão gástrica pós um ano de interrupção do tratamento

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(TUNDIS et al., 2008). Adicionalmente, a falha terapêutica e resistência aos

antibióticos têm abrangido cerca de 20% ou mais, dos pacientes, que

permanecem infectados após o tratamento (QASIM; O’MORAIN, 2002).

As razões para esta falha incluem a má adesão, duração do tratamento,

número e dosagens dos fármacos prescritos e resistência bacteriana a

antibióticos (SHEU et al., 2003).

A incidência de reações adversas aos IBPs, identificados em

ensaios clínicos de pré-comercialização, são tipicamente da ordem de 1-5%

e incluem cefaleias, diarreia, obstipação, náuseas e erupções cutâneas,

sendo que a utilização de IBP em curto espaço de tempo e nas doses

recomendadas é geralmente bem tolerado (THOMSON et al., 2010).

Todavia, em longo prazo tem-se o risco de fraturas ósseas, aumento da

suscetibilidade a infeções e as alterações na função gástrica, além de má

absorção (vitamina B12) e hipergastrinemia (TSUKAMOTO et al., 2011).

Tsukamoto et al. (2011) demonstraram que a supressão de ácido gástrico

por altas doses de IBP induz hipergastrinemia e consequentemente o

aparecimento de tumores neuroendócrinos, em estudos com animais.

Da mesma forma, os antagonistas de H2 são bem tolerados,

podendo apresentar como efeitos adversos a diarreia, cefaleias, dores

musculares, obstipação, fadiga e quando administrados via intravenosa,

podem causar efeitos no SNC, como alucinações e confusão

(TAWADROUS et al., 2014).

Também, por provocarem um aumento do pH estomacal, os

antagonistas de H2 afetam a biodisponibilidade dos fármacos cuja absorção

requer valores de pH baixos, como por exemplo o caso do cetoconazol,

além de bloquearem os recetores androgênicos, resultando em ginecomastia

(aumento das mamas) nos homens e galactorreia (secreção de leite) nas

mulheres (WILSON et al., 2001; YEOMANS et al., 2005).

Associada ao uso de medicamentos, a alimentação se torna um

fator relevante no tratamento das desordens gástricas, pois, quando

adequada às necessidades e sintomas de cada indivíduo pode auxiliar na

recuperação e manutenção do estado nutricional deste, atuando na redução

da secreção gástrica, na promoção do esvaziamento gástrico adequado e na

diminuição de efeitos colaterais dos medicamentos e da interação entre eles,

além de manter a hidratação corporal estável (FLOCH, 2007;

GASBARRINI et al., 2014).

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Destaca-se também, como opção terapêutica para a úlcera gástrica,

a Maytenus ilicifolia Mart. ex. Reissek, espécie vegetal pertencente a

família Celastraceae, uma família tropical, encontrada no Sul do Brasil,

Uruguai, Paraguai, Argentina, Chile e Bolívia (NASCIMENTO et al.,

2005). Popularmente é conhecida como "espinheira-santa" e suas folhas

usadas para tratamento das úlceras gástricas, sendo que o efeito

antiulcerogênico das folhas já é bem documentado na literatura (LEITE et

al., 2010). Souza-Formigoni et al. (1991) e Tabach e Oliveira (2003)

descreveram a efetiva redução nas lesões gástricas em animais induzidos a

úlcera com indometacina, etanol e estresse, após administração do extrato

aquoso e extrato seco das folhas, comparando a atividade a classe dos

medicamentos anti-histamínicos.

Pessuto et al. (2009) identificou o potencial antioxidante do extrato

e de taninos condensados isolados das folhas de M. ilicifolia destacando que

além dos taninos, os demais constituintes químicos presentes nesta espécies,

como flavonoides (CIPRIANI et al., 2004) e triterpenos, possuem evidente

atividade antioxidante, atuando como seqüestradores de radicais livres e

como quelantes de metais, despertando, para o interesse não apenas no

tratamento de úlceras, mas também para utilização em várias doenças

degenerativas (NIERO et al., 2001). Testes de toxicidade aguda e crônica

realizados com a infusão das folhas de M. ilicifolia não provocaram efeitos

tóxicos (CARLINI; BRAZ, 1998; PESSUTO et al., 2009) mutagênicos

(CAMPAROTO et al., 2002) e teratogênicos (OLIVEIRA et al., 1991) em

animais ou em células vegetais.

Neste contexto, tem-se verificado que as plantas possuem

constituintes formados a partir do metabolismo secundário, como os

flavonoides, taninos e terpenoides, que apresentam atividade antiúlcera

bastante significativa, apresentando um grande potencial das espécies

vegetais como fontes alternativas para o tratamento de úlceras gástricas

(DONATINI et al., 2009).

Desta forma, a busca por terapias mais eficazes e com menos

efeitos adversos/colaterais se torna relevante para o meio científico e

médico, sendo necessários mais estudos da fisiopatologia do trato

gastrintestinal, assim como sua relação com os produtos bioativos das

espécies vegetais, as quais nos últimos anos vem se demonstrando capazes

de produzirem efeitos idênticos ou até melhores que dos medicamentos

sintéticos no tratamento da úlcera péptica (SCHMEDA-HIRSCHMANN;

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YESILADA, 2005; LEMOS et al., 2011). Estima-se que dos 1.135 novos

medicamentos aprovados nos últimos 30 anos, 50% foram originados de

produtos naturais (NEWMAN; CRAGG, 2016), todavia, mais de 95% da

biodiversidade do mundo não foi estudada com intuito de verificar possíveis

atividades biológicas, ressaltando a importância de mais estudos nesta área

(DAVID; WOLFENDER; DIAS, 2015).

5 FRUTOS SILVESTRES

Os alimentos in natura, como frutas e hortaliças, há algum tempo

já tem relatado seus benefícios para a saúde do homem, devido a sua

composição nutricional, alto teor de fibra dietética, vitaminas, minerais, e

também aos seus constituintes não nutricionais, os fitoconstituintes, também

conhecidos como metabólitos secundários, compostos fitoquímicos e/ou

princípios ativos (BALIGA et al., 2011; DENG et al., 2013; LI et al., 2014).

Os quais têm sido amplamente relacionados aos resultados positivos na

fisiologia humana (ROWLAND et al., 2015; HOFFMANN;

SCHWINGSHACKL, 2016;).

O destaque a esses fitoconstituintes encontrados nas espécies

vegetais se dá ao potencial antioxidante desses, que são produzidos para

combater o estresse oxidativo induzido por oxigênio e luz no ambiente

natural (LOBO et a., 2010; LI et al., 2016) e desempenham um papel

essencial em várias doenças crônicas ocasionadas entre outros fatores pela

grande geração de espécies reativas de oxigênio (FORBES-HERNANDEZ

et al., 2014; HUANG; ZHANG; CHEN, 2016).

Os antioxidantes fitoquímicos mais comuns incluem ácido

ascórbico (vitamina C), tocoferois e tocotrienois (Vitamina E), carotenoides

(pró-vitamina A) e compostos fenólicos tais como os ácidos fenólicos e

flavonoides (flavonas, isoflavonas, flavanonas, antocianinas e catequinas)

(HERTOG et al., 1993; ZHENG et al., 2003; SU; CHIEN, 2007; SPEISKY

et al., 2008; ROWLAND et al., 2015).

Neste ínterim, estudos epidemiológicos e nutricionais sugerem que

o maior consumo de frutas e hortaliças, reflete em uma menor incidência de

doenças crônicas, como problemas coronários cardíacos, câncer e doenças

neurodegenerativas (GESCHER et al., 1998; LI et al., 2016).

Pesquisas como a de Li et al., (2016) tem demonstrado que os

frutos silvestres (não cultivados), muitas vezes exóticos, apresentam maior

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potencial antioxidante que os frutos cultivados devido a diferentes

genótipos e preocupações ambientais, apresentando com isso maior

quantidade de fitoquímicos, como antocianinas e flavonoides. Todavia,

infelizmente, ainda são subutilizados e pouco estudados.

Nos últimos anos, devido às descobertas iniciais, os frutos

silvestres têm atraído a atenção e investigações vem sendo realizados para

identificar os efeitos biológicos que podem ser realizados pelos compostos

bioativos dessas espécies vegetais e tem-se verificado efeitos anti-

inflamatórios, anti-cancerígenos, antioxidantes, antimicrobianos e

anticancerígeno, caracterizando-se como alimentos funcionais e potencial

para produtos farmacêuticos que busquem a prevenção e tratamento das

doenças crônicas (LI et al., 2016).

Vale ressaltar, que para a plena utilização dos recursos das frutas

silvestres, e de sua bioatividade, devem ser intensificadas as pesquisas que

busquem identificar os componentes bioativos e os mecanismos de ação,

além da verificação das propriedades toxicológicas que alguns frutos

silvestres apresentam, para que a o consumo humano possa ser seguro

(ROWLAND et al., 2015; LI et al., 2016).

Recentemente, estudos dedicam-se a determinar como o conteúdo

e a atividade desses componentes bioativos podem ser mantidos ou

melhorados através do desenvolvimento de cultivares, práticas de produção,

pós-colheita armazenamento, e processamento da planta (GUERREIRO et

al., 2010).

Também, Moure et al. (2000) relatam que é uma prioridade

substituir substâncias sintéticas pelas naturais, razão pela qual a busca por

estes componentes vegetais tem sido intensificada, para a sua utilização na

indústria alimentar, farmacêutica e cosmética (GUERREIRO et al., 2010).

5.1 Frutos e atividade gastroprotetora

O consumo de alimentos in natura, com destaque para os frutos,

tem aumentado nos últimos anos, isso devido ao valor nutritivo, efeitos

terapêuticos e diferentes possibilidades de preparo. A utilização da polpa de

frutas congeladas é crescente nas indústrias de alimentos, o que aumenta o

interesse dos produtores e dos consumidores (KUSKOSKI et al., 2005).

Os frutos contêm, além dos nutrientes essenciais e de

micronutrientes como minerais, fibras e vitaminas, diferentes

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fitoconstituintes (HARBORNE; WILLIAMS, 2000) os quais, em inúmeros

estudos demonstram a capacidade de captar radicais livres (atividade

antioxidante) e seus efeitos na prevenção de doenças cardiovasculares e

circulatórias (NESS; POWLES, 1997; STOCLET et al., 2004), cancerígenas

(WANG; MAZZA, 2002; KATSUBE; IWASHITA; RUMI, 2003), no

diabetes entre outras atividades biológicas (HERTOG et al., 1997;

ABDILLE et al., 2005). Ainda, de acordo com Vattem et al. (2005) vários

compostos fitoquímicos, com destaque aos compostos fenólicos, presentes

em diferentes espécies de frutos vem atuando com eficácia nas infecções

causadas por H. pylori.

Dentre alguns dos estudos já realizados nesta área, está uma

pesquisa pré-clínica com o fruto da Aegle marmelos. O extrato aquoso da

polpa demonstrou possuir atividade antioxidante, protegendo a mucosa

gástricadas úlceras gástricas induzidas por aspirina (WALLACE, 2008). A

dose utilizada do extrato aquoso da fruta foi de 400 mg/kg de peso corpóreo

e os resultados desse estudo sugeriram que os compostos fenólicos do

extrato aquoso da fruta são uma boa fonte de antioxidantes, que poderiam

fornecer efeitos protetores contra úlcera gastroduodenal induzida por

AINES (DAS; ROY, 2012).

Apesar das propriedades medicinais das plantas e frutos serem

atribuídas principalmente à presença de flavonoides, elas também são

influenciadas por outros compostos orgânicos e inorgânicos, tais como

cumarinas, alcaloides, terpenos, taninos, ácidos fenólicos e micronutrientes

antioxidantes, por exemplo, cobre, zinco, manganês (CZINNER et al.,

2001). O fruto Musa sapientum (banana) foi relatado na prevenção de várias

doenças, inclusive nas lesões da mucosa gástrica por conter leucocianidinas

(taninos condensados).

No estudo de Prabha et al. (2011), que buscou avaliar a eficácia do

pó de Musa sapientum no tratamento da úlcera péptica induzida por

indometacina em ratos, foi verificado efeito positivo na atividade de

proteção gástrica. Os pesquisadores verificaram aumento do NO e de

compostos ativos, como a leucocianidina na mucosa do tecido gástrico,

caracterizando estes como os responsáveis por proteger a mucosa, através

da estimulação da proliferação de células, promoção da secreção de muco, e

inibição da secreção ácida gástrica.

Além dos frutos, as sementes dessas espécies frutíferas têm sido

estudadas com hipótese anitulcera. Brzozowski et al. (2005) realizaram uma

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55

pesquisa com extrato da semente da Citrus sinensis L. Osbeck (grapefruit) e

observaram que exerce uma potente atividade gastroprotetora contra lesões

induzidas por etanol e estresse através do aumento na produção de

prostaglandinas endógenas, supressão de peroxidação lipídica e hiperemia,

possivelmente, mediada por NO e CGRP. Além disso, associaram essas

ações gastroprotetoras a atividade antioxidante de flavonoides como a

naringenina. Também, verificaram que o suco da C. sinensis apresenta

potente atividade anti H. pylori in vitro (BAE; HAN; KIM, 1999;

TIRILLINI, 2000).

Também, Schlickmann et al. (2015) pesquisaram o efeito

antiulcerogênico do extrato metanólico de diferentes partes do fruto da

espécie Mimusops balata, já utilizado na medicina tradicional indiana para

esta finalidade. Evidenciaram que as lesões gástricas induzidas por etanol

acidificado e indometacina em camundongos, foram reduzidas de maneira

significativa mediante a pré-administração do extrato das sementes, quando

comparadas ao grupo veículo. Neste mesmo estudo, os autores verificaram

que a atividade antiulcerogênica identificada, pode estar relacionada à

manutenção dos níveis de GSH, redução do conteúdo de LPO (peroxidação

lipídica), inibição da migração de neutrófilos e uma atividade potente de

eliminação de radicais livres, além de diminuir o volume gástrico, o pH, a

acidez total e a atividade da pepsina no suco gástrico.

5.2 Chrysophyllum cainito L.

O fruto da espécie C. cainito é popularmente conhecido como abiu

roxo, maçã-estrela ou caimito. Pertencente à família Sapotacea, a espécie é

nativa da América Central, cultivada em todo o Caribe, América Central e

partes da América do Sul, bem como no Sudeste da Ásia (MORTON, 1987;

PARKER et al., 2010). A árvore é ornamental, podendo chegar a uma altura

de 8 a 30 m, maturando seus frutos em aproximadamente 180 dias. Os

frutos são globosos com cerca de 5 a 8 cm de diâmetro, tendo a polpa com

sabor agradável e doce (Figura 7) (PINO; MARBOT; ROSADO, 2002).

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56

Figura 7. Fotos do fruto e semente de C. cainito

.

Fonte: O autor

Tradicionalmente o fruto é consumido fresco e também em

conservas e bebidas (PINO, MARBOT, ROSADO, 2002). De acordo Luo,

Basile e Kennelly (2002) a espécie C. cainito é popularmente consumida

para tratamento de disenteria, processos inflamatórios, diabetes mellitus,

como antifúngica (BAUTISTA-BANOS et al., 2002) e anti-hipertensiva

(MEIRA et al., 2014; MAO et al., 2015). Sendo que N’guessanet al. (2009),

comprovaram o efeito hipoglicemiante das folhas do fruto em ratos

induzidos por aloxano e Shailajan e Gurjar (2016) verificaram também na

folha atividade anti-inflamatória.

A análise nutricional do fruto da C. cainito demonstrou que 100g

deste possui, 67,2 kcal, distribuídas entre 0,72-2,33 g de proteína, 14,7 g de

hidratos de carbono e 0,55-3,30 g de fibras. As vitaminas encontradas foram

caroteno (0,004-0,039 mg), tiamina (0,018-0,08 mg), riboflavina (0,013-

0,04 mg), niacina (0,935-1,340 mg), e ácido ascórbico (3,0-15,2 mg). Além

de possuir aminoácidos essenciais como triptofano, metionina e lisina, bem

como cálcio e fósforo (LUO; BASILE; KENNELLY, 2002; MORTON,

1987)

Também, Coee e Anderson (1996) encontraram nos frutos

alcalóides e Einbond et al. (2004) antocianinas, sendo que na fração aquosa

identificaram 3-0- glucopiranósido de cianidina, assim como outras

cianidinas, como catequina, epicatequina, epigalocatequina e flavonoides

como quercetina, quercitrina, isoquercitrina, miricitrina e ácido gálico.

Compostos estes que dão ao fruto a capacidade antioxidante, verificada por

Lou, Basile e Kennelly (2002).

Considerando a presença de compostos antioxidantes em frutos

silvestres, como é o caso do C. cainito, Moo-Huchin et al. (2015),

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57

realizaram uma pesquisa buscando verificar a manutenção dos compostos

bioativos nas cascas de três frutos consumidos regularmente no México,

após o processo de liofilização. Puderam comprovar que as cascas

liofilizadas de C. cainito, e de Anacardium occidentale, duas variedades

(casca amarela e vermelha) continham vitamina C, antocianinas, compostos

fenólicos, flavonoides e carotenoides, sendo que apresentaram boa atividade

antioxidante usando os ensaios de ABTS (2,2’- azinobis (3-

etilbenzotiazolina-6-ácido-sulfônico) e DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil).

Ainda, Moo-Huchin et al. (2015), identificaram que os principais

compostos fenólicos presentes na casca destes frutos foram ácido ferúlico,

ácido gálico, ácido elágico e miricetina, ressaltando que são boas fontes de

fitoconstituintes com propriedades antioxidantes e que a exploração destes

recursos renováveis de baixo custo, poderia ser utilizada pelas indústrias

farmacêuticas e de alimentos, viabilizando o desenvolvimento de

ingredientes para a formulação de produtos alimentares funcionais e/ou

produtos farmacêuticos.

Mao et al. (2015), verificaram também que o fruto C. cainito,

apresentou atividade anti-hipertensiva em testes in vivo e in vitro, com

extrato alcoólico, induzindo a redução da pressão arterial, com perfil

farmacológico semelhante ao captopril, medicamento utilizado para

tratamento da hipertensão arterial sistêmica. Segundo os pesquisadores,

mediante estudos mais aprofundados, o fruto poderia ser uma fonte eficaz e

inovadora para tratar esta doença e diminuir os riscos cardiovasculares.

Shailajan e Gurjar (2016) relatam ainda que por serem ricos em compostos

bioativos, como alcalóides, glicosídeos, taninos, fitosteróis e flavonoides

são necessários mais estudos para elucidar melhor os potenciais

farmacológicos do mesmo.

5.3 Plinia edulis (Vell.) Sobral

A família Myrtaceae é uma das mais representativas da flora

brasileira, estando mais presente na Mata Atlântica e restingas. Suas

espécies incluem árvores ou arbustos simples, que possuem comprovadas

propriedades anti-inflamatórias associadas aos óleos essenciais produzidos

por estas plantas (DONATO; MORRETES, 2013). Nascente (2008),

descreve ainda um amplo espectro de efeitos biológicos a família

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Myrtaceae, incluindo anticancerígeno, anti-malárico, anti-inflamatório,

antiviral e microbicida.

Pertencente a família Myrtaceae, a Plinia edulis (Vell.) Sobral,

popularmente conhecido como "cambucá", é uma espécie arbórea que

alcança de 5 a 10 metros (Figura 8). É endêmica da Mata Atlântica e cresce

naturalmente no Brasil, do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul

(LORENZI et al., 2006). Produz frutos comestíveis, grandes e amarelados

(Figura 8) com sabor semelhante ao da jabuticaba. Seu período de floração

é curto, aproximadamente 7 a 12 dias, a partir do início de janeiro e é

seguido pela frutificação, que perdura até início de março. As flores

crescem diretamente na haste e o tronco é tipicamente "marmoreado"

devido à esfoliação do ritidoma, o que confere a espécie P. edulis,

característica ornamental (DONATO; MORRETES, 2013).

Figura 8. Fotos das partes aéreas da espécie P. edulis

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Plinia_edulis

Importante destacar que as folhas da espécie da P. edulis são

utilizadas popularmente para tratar problemas no estômago, além de dores

de garganta, diabetes, doenças inflamatórias, diarreia, bronquite e como

tônico, antipirético e diurético (ISHIKAWA et al., 2008; CARVALHO;

ISIKAWA; GOUVÊA, 2012; DONATO; MORRETES, 2013).

Entre os constituintes fitoquímicos da P. edulis estão flavonoides,

taninos, saponinas e terpenoides, incluindo o ácido maslínico e o ursólico

(ISHIKAWA et al., 2008; 2014). Ishikawa et al. (2008), observaram que o

extrato hidroalcoólico das folhas de P. edulis possui atividade

antiulcerogênica, destacando o efeito ao potencial antioxidante dos

compostos identificados, sem apresentar toxicidade aguda in vivo.

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Carvalho, Ishikawa e Gouvêa (2012) verificaram em células de

câncer de mama (linhagem MCF-7) que a folha da P. edulis possui

atividade quimiopreventiva e por isso é um promissor candidato para

desenvolvimento de medicamento antineoplásico.

Em uma análise fitoquímica e farmacológica com plantas silvestres

da flora catarinense, Nesello (2015) verificou que a P. edulis, entre quatorze

espécies de diferentes famílias, foi uma das que apresentou melhor perfil

fitoquímico, considerando a quantidade de compostos e suas classes

(esteroides e terpenos), identificando nas cascas dois terpenos, ácido

maslínico e ácido ursólico, compostos anteriormente já identificados nas

folhas da espécie (ISHKAWA et al., 2014).

5.3.1 Ácido Maslínico

O ácido maslínico (AM), presente no extrato da Plinia edulis, é um

triterpeno pentacíclico (Figura 9), encontrado também em outras espécies

vegetais como na Cornus kousa e na Junillia aspera, porém em uma

pequena quantidade. Já nas folhas da Olea europaea L., popularmente

conhecida como oliveira, sua quantidade é tão superior a outras espécies

que pode chegar a uma concentração de 80% (ZURITA et al., 2008). Cabe

destacar que a folha da oliveira é usada popularmente há séculos na

prevenção e tratamento de doenças cardíacas, microbianas e também

gastrointestinais (Parra et al., 2009).

Figura 9. Estrutura química do ácido maslínico

Fonte: O Autor

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60

O AM vem sendo muito estudado devido a sua relação com

diferentes atividades biológicas, com efeito hipoglicemiante (LOZANO-

MENA et al., 2012; HUANG et al., 2011) antioxidante (ALLOUCHE et al.,

2010), neuroprotetor (HUANG et al., 2011), cardioprotetor (SHAIK et al.,

2012; RODRÍGUEZ-RODRÍGUEZ et al., 2006) e anticancerígeno (JUAN

et al., 2006, 2008).

Yan et al. (2014) e Rajopadhye e Upadhye (2016) em estudos in

vivo verificaram que o AM também pode ter ação terapêutica na prevenção

da hepatotoxicidade provocada pelo estresse oxidativo. Assim como,

Mkhwanazi et al. (2014) verificaram diminuição no estresse oxidativo e

melhora na função renal em ratos induzidos ao diabetes mellitus após

administração do AM. Ainda, Zurita et al. (2008) e Juan et al. (2008)

verificaram efeito anti-tumoral, onde o AM apresentou potencial de inibição

no crescimento de células, sem citotoxicidade e atividade pró-apoptótica.

Fukumitsu et al. (2016) descreveram os efeitos do AM na artralgia.

Através de um estudo clínico, randomizado, duplo cego e placebo

controlado, orientaram o consumo de um suplemento com extrato da O.

europaea com 50 mg de AM padronizado, por via oral, em 20 voluntários

de meia idade e idosos com dores articulares no joelho (12 indivíduos no

grupo AM e 8 no grupo placebo), e após 12 semanas de estudo, verificaram

que o grupo tratado com AM apresentou melhora significativa nas dores

articulares, com efeitos anti-inflamatórios além de promover a perda de

peso.

Na busca por uma atividade neuroprotetora relevante aos

tratamentos pós isquemia, Qian et al. (2016) investigaram os efeitos do AM

na janela de tempo terapêutica e na faixa de dose de MK-801 (antagonista

do receptor de N-metil-D-aspartato - NMDA), após uma lesão cerebral

isquêmica. O AM e MK-801 foram administrados

intracerebroventricularmente em ratos induzidos a isquemia cerebral por

oclusão da artéria cerebral média, seguida por reperfusão. Os resultados

mostraram que a presença de AM estendeu a janela de tempo terapêutica

para MK-801 de 1 h a 3 h, demonstrando que o co-tratamento do AM com

MK-801 induziu a neuroproteção após a isquemia.

Ainda, Qian et al. (2016) sugeriram que o efeito sinérgico do AM

sobre a protecção neurológica pode estar associado com a melhoria da

função glial, onde a terapêutica combinada de AM e MK-801 pode revelar-

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61

se uma estratégia potencial para o tratamento do acidente vascular cerebral

isquêmico agudo.

Também, Nesello (2015) verificou que a administração do AM (1 -

10 mg/kg) via intraperitoneal (i.p) em ratos induzidos a dor com ácido

acético 0,6%, promoveu efeito antinociceptivo, com efeito dose dependente,

sendo o AM na dose de 10 mg/kg, mais potente que o fármaco de

referência, paracetamol.

5.3.2 Ácido Ursólico

O ácido ursólico (AU, 3β-hidroxi-urs-12-en-28-óico) já foi isolado

a partir de diferentes espécies vegetais, tais como Eriobotrya japonica,

Rosmarinns officinalis, Melaleuca leucadendron, Ocimum santuário,

Eugenia jambolana, Calluna vulgaris, Malus domestica, Vaccinium

macrocarpon e Glechoma hederaceae (BAI et al., 2012). É um ácido

lipofílico, da classe dos triterpenoides pentacíclicos (Figura 10), tem sido

relatado por possuir uma gama de propriedades farmacológicas, como

antialérgica, antiviral, anti-inflamatória, antibacteriana, anticancerígena,

citotóxica para agentes tumorais (LIU, 2005; BAI et al., 2012) antioxidante,

anti-hiperlipidemica, antiúlcera, (TOKUDA et al., 1986; LIU, 1995; LU et

al., 2007; LIANG et al., 2016) e antinociceptiva (RODRIGUES et al., 2012;

PARK et al., 2013; VERANO et al., 2013).

Figura 10. Estrutura química do ácido ursólico

Fonte: O autor

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A ação relacionada à propriedade antitumoral vem sendo muito

estudada. Diversos autores têm indicado que AU e os seus derivados inibem

o crescimento das células cancerosas através da inativação do ciclo celular e

a estimulação da apoptose (HARMAND et al., 2003; AGGARWAL;

SHISHODIA, 2006; TANG et al., 2009).

Em 1995, Liu já descrevia em sua revisão de literatura que o AU é

relativamente não tóxico para as células normais, destacando sua

importância em pesquisas para terapia antitumorais. Em uma análise pré-

clínica Huang et al. (1994) já evidenciara efeito quimiopreventivo com

administração do AU, posteriormente Cha et al. (1998) e Yamai et al.

(2009) verificaram em estudos in vitro e in vivo que o AU inibiu metástases

do carcinoma esofágico, assim como Shin, Kim e Park (2012) que puderam

evidenciar in vitro, a indução de apoptose pelo AU em células de câncer de

próstata, reforçando os achados de Liu em 1995.

Além disso, Liang et al. (2016) relatam como efeito farmacológico

do AU, a atenuação da lesão oxidativa e inflamatória no cérebro,

diminuindo prejuízos cognitivos induzidos pela D-galactose (LU et al.,

2007). Liang et al., (2016) observaram que o AU reverteu

significativamente os déficits de aprendizado e de memória induzidos pelo

peptídeo amiloide Aβ25-35, que é o fragmento central do peptídeo Aβ de

comprimento completo que possui toxicidade no sistema nervoso central.

Demonstraram ainda, como sendo um dos mecanismos de ação do efeito

neuroprotetor a atenuação do acúmulo de malondialdeído e a depleção de

glutationa no hipocampo induzidos pelo βA 25-35. Além dessa supressão

significativa nos níveis de IL-1β, IL-6 e do fator de necrose tumoral α no

hipocampo dos ratos tratados com βA25-35. (LIANG et al., 2016)

De acordo com Liang et al. (2016) esses achados sugerem que o

AU previne a perda de memória através da melhora do estresse oxidativo e

da resposta inflamatória, podendo proporcionar uma nova estratégia

terapêutica para o tratamento da doença de Alzheimer.

Jia et al. (2011) confirmaram que o AU, atua sobre os receptores

ativados por proliferador de peroxissoma (PPAR-α) in vitro. O PPAR-α é

um fator transcricional, que pertence a família dos receptores nucleares e

tem a capacidade de regular a expressão de genes envolvidos em beta-

oxidação de ácidos graxos, além de ser um importante regulador da

homeostase de energia. Embora Jia et al. (2011) não tenham observado

ligação direta do AU no domínio de ligação de PPAR-α, observaram que o

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AU aumentou a ligação de PPAR-α ao elemento de resposta do proliferador

de peroxissoma nos genes de PPAR-α-responsivo, alterando a expressão de

genes chave no metabolismo lipídico, reduzindo as concentrações de

triglicerídeos e de colesterol intracelulares em hepatócitos.

Wang et al. (2016) em sua pesquisa puderam verificar que o AU

também tem influência sobre a integridade da membrana bacteriana,

seguida pela inibição da síntese de proteínas e a via metabólica, sugerindo

que a abordagem proteômica dá novos insights sobre a resposta bacteriana

em direção a compostos antibacterianos com mecanismos de ação

desconhecidos. Sendo que para o AU os efeitos pleiotrópicos o tornam um

promissor agente antibacteriano na investigação farmacêutica.

Ainda, Wang et al. (2017) avaliaram os possíveis efeitos protetores

do AU contra danos induzidos pela radiação gama in vitro e in vivo.

Observaram que a exposição à radiação gama, independente do tempo

causou uma diminuição significativa na viabilidade celular, enquanto o

tratamento do AU atenuou essa citotoxicidade. A produção de radicais

livres, incluindo EROs e NO, aumentaram significativamente após a

irradiação nos grupos controles, além do aumento na peroxidação lipídica e

nos danos oxidativos no DNA dessas células. Esses efeitos deletérios foram

efetivamente bloqueados pelo tratamento com AU. Além disso, o AU

também reverteu as respostas inflamatórias induzidas pela radiação gama,

diminuindo a produção de TNF-α, IL-6 e IL-1β, prolongando

significativamente a sobrevivência de camundongos expostos a irradiação.

Dada a sua eficácia radioprotetora e antioxidante o AU pode funcionar

como um agente farmacológico importante na proteção contra a lesão

induzida por radiação gama

Também, Chen et al. (2017) em um estudo com ratos, utilizando o

teste de natação com peso e teste de suspensão demonstraram que o AU

pode melhorar a adaptação mitocondrial ao exercício físico aeróbio,

possibilitando melhora no desempenho do exercício físico, possivelmente

por atrasar a fadiga muscular. O AU apresentou aumento na massa

mitocondrial e capacidade de geração de ATP, com uma produção

concomitante baixa nos níveis de espécies reativas de oxigênio mitocondrial

(ROS). Os pesquisadores sugeriram que o AU pode induzir a biogênese

mitocondrial através da ativação de caminhos de AMPK (proteína quinase

ativada por adenosina monofosfato) e PGC-1 (proteínas co-ativadoras,

classe de reguladores de transcrição que controlam programas de resposta

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gênica) no músculo esquelético, oferecendo com isso uma perspectiva

promissora para seu uso no aumento a resistência ao exercício e alivio da

fadiga nos humanos.

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CAPÍTULO III

Chrysophyllum cainito: um fruto silvestre com atividade

gastroprotetora em modelos experimentais

Este artigo foi submetido ao periódico Journal of Plant Foods for Human

Nutrition, com fator de impacto igual a 2,276.

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Chrysophyllum cainito: um fruto silvestre com atividade

gastroprotetora em modelos experimentais

Roseane Leandra da Rosa1,2

, Camila Leandra de Almeida1, Lincon

Bordigon Somensi1, Thaise Boeing

1, Luisa Nathália Bolda Mariano

1, Valdir

Cechinel Filho1, Luisa Mota da Silva

1,2, Sérgio Faloni de Andrade

1*

1Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas. Universidade do

Vale do Itajai (UNIVALI) – Campus Itajaí, Santa Catarina. Rua Uruguai,

458, Centro. CEP: 88302-901.

2Curso de Nutrição. UNIVALI – Campus Itajaí, Santa Catarina.

3Curso de Biomedinica. UNIVALI – Campus Itajaí, Santa Catarina.

Autor correspondente: *Docente Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas.

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) – Campus Itajaí, Santa Catarina,

[email protected]. Correspondência: Rua Uruguai, 458, Centro. CEP:

88302-901.

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Resumo: Chrysophyllum cainito L. (Sapotaceae), conhecido comumente

como maçã-estrela ou abiu-roxo, é uma árvore tropical que produz frutos

comestíveis. O objetivo foi avaliar a atividade gastroprotetora do extrato

metanólico dos frutos de Chrysophyllum cainito, bem como do suco e

farinha obtidos desse fruto. O potencial gastroprotetor da administração de

3, 10 e 30 mg/kg dos extratos metanólicos das cascas (EMC), semente

(EMS) e polpa (EMP) dos frutos de C. cainito foi avaliado em

camundongos neste estudo, bem como o efeito antiúlcera do suco e da

farinha dos frutos. As menores doses gastroprotetoras do EMC, EMS e

EMP contra a ação ulcerogênica do etanol/HCl foram 3, 3 e 10 mg/kg,

respectivamente. Neste modelo, ambos os extratos aumentaram a secreção

de mucinas. De forma interessante, a administração intraperitoneal de EMC

(0,3 mg/kg), EMS (0,3 mg/kg) e EMP (1 mg/kg) também promoveu

gastroproteção contra o etanol/HCl. Em adição, EMC (3 mg/kg, v.o), EMS

(3 mg/kg, v.o) e EMP (10 mg/kg, v.o) reduziram a úlcera gástrica induzida

por indometacina em camundongos em 78%, 70% e 50%, respectivamente.

Em relação ao mecanismo de ação dos extratos, o efeito gastroprotetor do

EMC foi diminuído pela pré-administração de, N-etilmaleimida (NEM, um

quelante de grupametos sulfidrílicos, 10 mg/kg, i.p), glibenclamida (um

bloqueador dos canais de potássio dependentes de ATP,10 mg/kg, i.p),

indometacina (um inibidor de cicloxigenases, 10 mg/kg, i.p) e ioimbina (um

antagonista dos receptores alfa adrenérgicos, 10 mg/kg, i.p); o EMS perdeu

efeito gastroprotetor mediante pré-administração de NEM, glibenclamida,

N-Nitro-L-arginina metil ester (L-NAME, um inibidor de óxido nítrico

sintase, 70 mg/kg, i.p) e ioimbina (10 mg/kg, i.p); enquanto que o EMP teve

o efeito gastroprotetor diminuído em animais pré-tratados com NEM (10

mg/kg, i.p) e L-NAME. Por outro lado, os extratos não alteraram nenhum

parâmetro de secreção ácida gástrica, porém todos aumentaram os níveis de

muco aderido à mucosa gástrica de camundongos submetidos à ligadura

pilórica. Adicionalmente, a ração suplementada com a farinha do fruto C.

cainito (10%), mas não o suco, também demonstrou potencial

gastroprotetor, evidenciando o fruto como promissor alimento funcional.

Em conjunto, os dados demonstram o efeito antiúlcera dos extratos do fruto

de C. cainito em diferentes modelos experimentais. Em paralelo, os efeitos

gastroprotetores da suplementação com a farinha do fruto também foi

verificado. De forma interessante, o favorecimento de mecanismos

protetores da mucosa foi evidenciado entre os diferentes, porém

complementares, modos de ação dos extratos.

Palavras-chave: Alimento funcional. Gastroproteção. C. cainito

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Introdução

A úlcera gástrica é uma lesão necrótica profunda envolvendo toda

a espessura da mucosa e musculatura lisa [1] promovida pelo desequilíbrio

entre fatores agressivos [tais como: a secreção ácida gástrica, a pepsina e a

geração de espécies reativas de oxigênio (EROs) ] e protetores da mucosa,

os quais destacam-se um adequado fluxo sanguíneo, a camada de muco-

bicarbonato e antioxidantes luminais [2,3]. Etiologicamente, a úlcera

gástrica é frequentemente associada à infecção por Helicobacter pylori, uma

dieta inadequada, consumo excessivo de álcool e o uso prolongado de anti-

inflamatórios não-esteróides (AINES) [2-4].

As opções terapêuticas para o tratamento das úlceras gástricas

incluem o uso de antibióticos em caso de infecção com H. pylori [5],

todavia os medicamentos mais utilizados são fámacos antissecretores,

incluindo os antagonistas dos receptores do tipo 2 da histamina e os

inibidores da bomba de prótons. Entretanto, apesar de efetivos, esses

fármacos estão associados a numerosos efeitos adversos, tais como

hipersensibilidade, deficiência de B12 e de ferro, arritmia, impotência,

ginecomastia, alterações hematopoiéticas, hipergastrinemia e alguns autores

destacam a possibilidade de cancer gástrico [5-8].

Diante do exposto, há um grande interesse em terapias alternativas

para o tratamento da úlcera gástrica e os frutos são uma interessante fonte

nessa busca, seja para a obtenção de fitoterápicos ou sob a forma de

alimento com propriedade funcional.

O fruto da espécie Chrysophyllum cainito (Sapotacea) é

popularmente conhecido como abiu roxo, maçã-estrela, ou caimito, é uma

espécie nativa da América Central, porém também cultivada na América do

Sul [9]. Tradicionalmente o fruto é consumido fresco e também em

conservas e bebidas [10], além de ser utilizado na medicina popular para o

tratamento de inflamações, diabetes mellitus, diarreia e febre [11,12]. De

fato, estudos pré-clínicos evidenciaram a ação anti-hirpentensiva [13] e

antioxidante [12] de extratos dos frutos de C. cainito. Além disso, extratos

das folhas de C. cainito também desempenharam ação antidiabética [14] e

antinociceptiva [15] em modelos experimentais.

Diferentes compostos fenólicos têm sido identificados nos frutos

de C. cainito, incluindo catequina, epicatequina, galocatequina,

epigalocatequina, quercetina, quercitrina, isoquercitrina, miricitrina e ácido

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gálico, além de vitaminas do complexo B e aminoácidos essenciais [12]. A

atividade antioxidante destes compostos pode promover efeitos benéficos a

saúde humana, prevenindo ou combatendo diferentes patologias associadas

ao estresse oxidativo.

Considerando o envolvimento do estresse oxidativo na etiologia

das úlceras gástricas [16] e o efeito antiúlcera de compostos fenólicos [17],

o objetivo deste estudo foi avaliar o potencial gastroprotetor dos extratos

metanólicos das cascas, polpa e sementes dos frutos de C. cainito. Além

disso, os efeitos antiúlcera do suco obtido da polpa do fruto e da farinha

obtida dos frutos de C. cainito também foram investigados.

Material e Métodos

Material vegetal

Os frutos de C. cainito foram coletados em setembro de 2015, na

cidade de Itajaí/SC. As espécies foram identificadas pelo Prof. Oscar B. Iza

(UNIVALI) e as exsicatas encontram-se depositadas no Herbário Barbosa

Rodrigues no município de Itajaí/SC, estando registrada com número V.C.

Filho 121.

Obtenção dos extratos

As cascas (360,00 g), polpa (540,00 g) e sementes (27,70 g) foram

coletadas, lavadas, picadas manualmente e submetidas separadamente a um

processo de maceração com metanol a temperatura ambiente (± 22 ºC) por

um período de uma semana. Após filtração, o solvente foi removido por

destilação em rotaevaporador sob pressão reduzida para obtenção dos

respectivos extratos: extrato metanólico da casca (EMC – 18,30 g), extrato

metanólico da semente (EMS – 1,73 g) e extrato metanólico da polpa (EMP

– 31,30 g).

Obtenção do suco

O suco do fruto de C. cainito foi obtido através do processo de

prensagem a frio, o qual se utiliza um processo mecânico de rotação lenta e

prensa hidráulica para extrair o máximo do suco dos frutos. Foram

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selecionados manualmente os frutos maduros (878,76 g), os quais foram

prensados a frio, coados e o líquido dos frutos (suco) no volume de 380 mL,

foi armazenado em temperatura de -20 ºC.

Obtenção da farinha e da ração suplementada com a farinha de C.

cainito

Da prensagem para retirada do suco, foi recolhido para

aproveitamento 474,72 g do resíduo do fruto, com a casca, semente e polpa.

Este material foi estocado em embalagem de plástico a 4 ºC, e direcionado

para preparação da farinha. A matéria prima (474,72 g) foi submetida ao

processo de secagem em estufa, com monitorização da temperatura, não

ultrapassando 50 ºC (128,94 g). Posteriormente a secagem, o produto foi

processado em moinho próprio para fabricação de farinhas (CF Máquinas,

JP 250), rendendo 110,00 g, armazenado em recipiente plástico e mantido a

temperatura ambiente até ser utilizado na produção da ração.

A ração Nuvilab CR-1 para animais de laboratório, foi moída,

umidificada, suplementada com 10% de farinha do fruto C. cainito, foram

formados peletes e secados para posterior fornecimento aos animais.

Determinação de fenois totais dos extratos do fruto C. cainito

A determinação do teor de fenóis foi realizada utilizando o método

de Folin-Ciocalteu [18]. O teor de fenóis totais foi determinado através de

curva padrão de ácido tânico e expresso como equivalentes de ácido tânico

(EAT). Todas as análises foram realizadas em triplicata.

Determinação de flavonoides totais dos extratos do fruto C. cainito

O teor de flavonoides totais foi determinado segundo o método

de Dowd [19], onde utilizou-se de 500 mL de cloreto de alumínio (AlCl3),

preparados em 2% de metanol com mesmo volume de solução dos extratos

(400-100 µg/mL) ou água destilada (para o branco). A quantidade total de

flavonoides foi expressa em Equivalentes de Quercetina (EQ) calculados

através de uma curva padrão de quercetina.

Determinação de Vitamina C do suco do fruto C. cainito

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Para determinação da vitamina C foram utilizados 5 mL de suco

acrescido de 50 mL de ácido oxálico (5 mg/mL). A titulação da quantidade

de vitamina C nas amostras foi feita utilizando 2,6-diclorobenzenoindofenol

[20].

Determinação da escala de Brix do suco do fruto C. cainito

As análises foram feitas de acordo com Spencer e Mead [21]. As

amostras preparadas a uma concentração final de 1% foram aplicadas

diretamente no aparelho refratômetro a uma temperatura de 25 °C e as

leituras foram mensuradas.

Estudo in vitro da atividade sequestradora do radical livre estável 2,2-

diphenyl-1-picrylhydrazyl (DPPH)

Este procedimento foi realizado de acordo com método descrito

por Shama e Bhat [22]. Para isso, 750 μL de solução dos extratos (1-10

μg/mL) foram misturadas a 250 μL de solução metanólica de DPPH (0,04

mg/mL). Após 5 minutos, o decréscimo da absorbância (517 nm) foi

mensurado. Uma solução de ácido ascórbico (50 μg/mL) foi utilizada como

controle positivo.

Animais

Foram utilizados camundongos fêmeas da linhagem Swiss, pesando

entre 25–35 g, provenientes do Biotério Central da Universidade do Vale do

Itajaí – UNIVALI. Os animais foram mantidos em caixas de polipropileno,

contendo maravalha, as quais foram higienizadas, trocadas diariamente e

dotadas de enriquecimento ambiental com papel. A sala foi mantida com

temperatura média de 22 ºC e ciclos controlados (claro/escuro 12 horas

cada), umidade de 60%, com ração e água ad libitum. Nas doze horas

anteriores aos experimentos, os animais foram mantidos em jejum e com

livre acesso à água, sendo adicionada a caixa uma grade para inibir a

coprofagia. Os experimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética na

Utilização de Animais (CEUA) da Universidade do Vale do Itajaí, sob o

protocolo nº 005/16.

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Úlcera aguda induzida por etanol acidificado em camundongos

A metodologia utilizada foi descrita por Mizui e Doteuchi [23] e

Boeing et al. [24], com algumas modificações. Os camundongos foram

submetidos a jejum de doze horas e após esse período, divididos em

diferentes grupos (n=6) e pré-tratados por via oral com veículo (VEI, água

destilada, 10 mL/kg), carbenoxolona (CBX, 200 mg/kg) e EMC (1-30

mg/kg), EMS (1-30 mg/kg) ou EMP (1-30 mg/kg), sendo administrado após

uma hora o agente lesivo, etanol/HCl (60%/0,3 M) na dose de 10 mL/kg.

Para avaliar a atividade sistêmica dos extratos, estes foram

administrados por via intraperitoneal (i.p) na dose 0,3 mg/kg para EMC e

EMS e na dose de 1 mg/kg para o EMP, seguindo a mesma metodologia

citada, sendo que a única alteração é que o etanol/HCl (60%/0,3 M) foi

administrado após 30 minutos da administração intraperitoneal dos extratos

[25].

Em outro experimento, camundongos foram divididos (n=6) e

tratados com veículo (VEI, água destilada, 10 mL/kg) ou suco de C. cainito

(100 mL/kg) via gavagem durante sete dias. Adicionalmene, outro grupo de

animais recebeu ração enriquecida com 10% da farinha de C. cainito ad

libitum por setes dias. A administração do veículo ou suco foi realizada

todos os dias no mesmo horário, sendo que no último dia, a administração

ocorreu uma hora antes da indução de úlcera com etanol acidificado. O peso

dos animais foi aferido antes de cada tratamento durante todo o período de

tratamento.

Após esse período os animais foram mantidos em jejum por doze

horas e a úlcera gásrica foi induzida por etanol acidificado como descrito

anteriormente. Uma hora após a administração do agente lesivo, os animais

foram eutanasiados e em seguida os estômagos removidos e abertos ao

longo da curvatura maior. As imagens foram captadas e analisadas pelo

software de análise de imagens EARP, a fim de determinar se ocorreu

regressão da lesão nos tratamentos quando comparados com o grupo

veículo.

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Avaliação histopatológica e histoquímica

O tecido ulcerado por etanol acidificado também foi verificado

microscopicamente, conforme metodologia descrita Kallaya et al. [26] com

algumas modificações. Após cortados em pequenas amostras, os estômagos

ulcerados foram fixados em solução ALFAC (85% etanol 80%; 10% formol

e 5% ácido acético) e embebidos em parafina, sendo reduzidos em secções

de 5 μm.

Uma parte das lâminas com os cortes histológicos foram

submetidas à coloração de hematoxilina e eosina (HE), desidratadas em

uma série ascendente de álcoois, diafanizadas em xilol e montadas entre

lâmina e lamínula, para avaliação de mudanças histopatológicas e da

extensão das úlceras.

Os cortes histológicos dos estômagos ulcerados foram oxidados em

ácido periódico 0,5% por 5 min, lavados em água destilada, corados com

reativo de Schiff por 20 min, lavados em água sulfurosa e água corrente.

Posteriormente, as lâminas foram contracoradas com hematoxilina por 20 s,

desidratadas em uma série ascendente de álcoois, diafanizadas em xilol e

estruturadas entre lâmina e lamínula, sendo observadas em microscópio

óptico em aumento de 400× e fotografadas [27]. As glicoproteínas

(mucinas) coradas pelo ácido periódico de Schiff (PAS) foram quantificadas

com o programa ImageJ® de acordo com descrito por Pereira et al. [28].

Úlcera aguda induzida por etanol acidificado em camundongos pré-

tratados com N-nitro-L-arginina metil éster (L-NAME), N-metil-

maleimida (NEM), glibenclamida, ioimbina e indometacina

Ainda, foi utilizado o metodo descrito por Arrieta et al. [29] e

Matsuda, Li e Yoshikawa [30], com algumas modificações, onde os animais

(n=6) receberam L-NAME (70 mg/kg, i.p), NEM (10 mg/kg, i.p),

glibenclamida (10 mg/kg, i.p), ioimbina (10 mg/kg, i.p) e indometacina (8

mg/kg, i.p) ou apenas salina (10 mL/kg, i.p) 30 minutos antes do início dos

tratamentos.

Após uma hora do tratamento (EMC, EMS e EMP), foi realizado a

indução da úlcera através da administração por via oral de 10 mL/kg uma

solução de etanol acidificado (60%/0,3 M). Uma hora após a administração

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do agente lesivo, os animais foram eutanasiados e seguidos mesmos

procedimentos descritos anteriormente.

Úlcera aguda induzida por indometacina

A metodologia utilizada foi descrita por Rainsford [31] e Beber et

al. [32], com algumas modificações. Após doze horas de jejum, os

camundongos foram divididos em diferentes grupos (n=6) e pré-tratados por

via oral com veículo (10 mL/kg), CBX (200 mg/kg), o EMC (3 mg/kg), o

EMS (3 mg/kg) ou o EMP (10 mg/kg), respectivamente. Após uma hora da

administração do tratamento, os animais receberam oralmente 80 mg/kg de

indometacina, para induzir lesão gástrica. Passadas seis horas os animais

foram eutanasiados em câmara de CO2, os estômagos removidos e abertos

ao longo da curvatura maior com os demais procedimentos conforme

descrito anteriormente.

Determinação da secreção gástrica

Este experimento foi realizado de acordo com descrito por Shay et

al. [33] com algumas modificações. Os camundongos foram submetidos a

jejum de doze horas e divididos em diferentes grupos (n=6). Foram

anestesiados com xilazina (5 mg/mL) e cetamina (2 mg/mL) e submetidos a

uma incisão longitudinal abaixo ao processo xifoide, o estomago foi

localizado e o piloro ligado com linha de sutura. Imediatamente após a

ligadura, os animais receberam por via intraduodenal os diferentes

tratamentos: veículo (10 mL/kg), carbenoxolona (CBX, 200 mg/kg), EMC

(3 mg/kg), EMS (3 mg/kg) e EMP (10 mg/kg).

Depois dos tratamentos, as incisões foram suturadas, sendo que

quatro horas após a cirurgia, os animais foram eutanasiados em atmosfera

de CO2. As incisões foram reabertas e após o pinçamento da válvula cárdia,

o estômago foi retirado para determinação do conteúdo estomacal e pH.

Após a determinação do volume, foi adicionado 5 mL de água

destilada à amostra, sendo posteriormente centrifugada por 10 min a 3000

rpm. No sobrenadante foi determinado o pH que foi determinado em

pHmêtro modelo Q 400 A, marca Quimis®.

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Determinação do muco aderido à mucosa gástrica

Este ensaio foi realizado utilizando a porção glandular dos

estômagos obtidos no experimento de ligadura do piloro. O tecido coletado

foi pesado e imerso em 5 mL de solução Alcian blue 0,1% preparada em

solução de sacarose 0,16 mol/L diluída em acetato de sódio 0,05 mol/L,

permanecendo neste durante 2 horas. A solução de Alcian Blue foi

removida, procedendo a lavagem dos estômagos em 5 mL de solução de

sacarose 0,25 mol/L por 15 minutos e por 45 minutos. Após a remoção da

solução de sacarose, solução de cloreto de magnésio 0,5 mol/L foi

adicionada a fim de extrair o corante aderido ao muco do tecido; esta última

solução permaneceu por 2 horas, todo procedimento foi realizado a

temperatura ambiente.

Após leve homogeneização do líquido extrator, transferiu-se 1 mL

deste para um tubo cônico, onde igual quantia de éter etílico também foi

adicionado. A mistura foi agitada em vórtex e centrifugada por 15 minutos a

3.000 rpm. Posteriormente, 200 μL da fase aquosa foi transferido para uma

placa de 96 poços em duplicata, a absorção foi determinada em

comprimento de onda de 598 nm. O conteúdo de muco foi calculado usando

uma curva padrão de Alcian Blue (6,25–100 μg/mL), e os resultados foram

expressos em μg Alcian Blue/g tecido [34].

Análise Estatística

Os resultados obtidos foram apresentados como média ± erro

padrão da média, com n=6. Utilizou-se a análise de variância (ANOVA) de

uma ou duas vias, seguida por teste de Bonferroni. As análises foram

realizadas usando o Programa GraphPad Prism versão 5.0 (GraphPad

Software, San Diego, EUA). Um valor de P<0,05 foi considerado

estatisticamente significativo.

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Resultados

Níveis de fenóis e flavonoides totais nos extratos de C. cainito

A quantificação dos níveis de compostos fenólicos e flavonoides

nos diferentes extratos dos frutos de C. cainito podem ser verificados na

tabela 1 e 2.

Tabela 1. Níveis de compostos fenólicos nos extratos do fruto de C. cainito

Concentração

(µg/mL) E.A.T ± E.P.M.

EMC EMP EMS

200 391,70 ± 2,09 87,94 ± 0,50 47,45 ± 0,29

150 297,19 ± 1,59 65,00 ± 0,38 35,55 ± 0,23

100 213,02 ± 1,15 45,22 ± 1,15 23,68 ± 0,16

50 109,47 ± 1,46 21,73 ± 0,15 9,04 ± 0,09

Os resultados são expressos como média ± E.P.M. (n=3) como equivalentes de ácido

tânico (E.A.T) em µg. EMC: extrato metanólico da casca do fruto de C. cainito.

EMS: extrato metanólico da semente do fruto de C. cainito. EMP: extrato

metanólico da polpa do fruto de C. cainito.

Tabela 2. Níveis de flavonoides nos extratos do fruto de C. cainito

Concentração

(µg/mL)

E.Q ± E.P.M.

EMC EMP EMS

200 0,133 ± 0,08 0,108 ± 0,05 0,133 ± 0,08

150 0,121 ± 0,06 0,107 ± 0,05 0,125 ± 0,07

100 0,119 ± 0,06 0,112 ± 0,05 0,154 ± 0,10

50 0,118 ± 0,06 0,105 ± 0,04 0,115± 0,06

Os resultados são expressos como média ± E.P.M. (n=3) como equivalentes de

quercetina (EQ) em µg. EMC: extrato metanólico da casca do fruto de C. cainito.

EMS: extrato metanólico da semente do fruto de C. cainito. EMP: extrato

metanólico da polpa do fruto de C. cainito.

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Determinação da Vitamina C e escala BRIX do Suco do fruto C. cainito

A metodologia original (método I) foi realizada segundo o

indicado pela AOAC (967.21) e os níveis de ácido ascórbico identificados

no suco de C. cainito foram de 0,19 ± 0,03 mg/mL.

Por sua vez, a escala Brix, que é calibrada pelo número de

gramas de açúcar contidos em 100 g de solução, resultou em 16,0 ºB,

representando a concentração percentual dos sólidos solúveis contidos na

amostra do Suco do fruto C. cainito, sendo este percentual constituido

basicamente, de açúcares (sacarose, frutose e glicose).

Efeito dos extratos de C. cainito em sequestrar o radical livre estável

DPPH

Como pode ser observado na tabela 3, os extratos obtidos dos

frutos de C. cainito apresentaram atividade sequestradora do radical DPPH

em todas as concentrações testadas. O ácido ascórbico, controle positivo,

conforme esperado reduziu o radical em 79,62%.

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Tabela 3. Atividade seqüestradora do radical DPPH do EMC, EMS e EMP

in vitro.

Grupos Dose (µg/mL) DPPH (µM)

EMC 1

10

100

1000

24,54 ± 0,42*

9,66 ± 0,51*

6,79 ± 1,19*

8,05 ± 0,44*

EMS 1

10

100

1000

28,67 ± 0,81*

26,98 ± 0,45*

26,19 ± 0,61*

15,92 ± 0,21*

EMP 1

10

100

1000

30,91 ± 0,54*

28,04 ± 0,45*

27,03 ± 0,36*

9,03 ± 0,58 *

Ácido Ascórbico 50 7,53 ± 0,13*

Veículo - 36,95 ± 0,02

Resultados são apresentados como média ± E.P.M. Análise estatística foi realizada

utilizando ANOVA de uma via, seguida por teste de Bonferroni. *p<0,05

comparado ao grupo veículo. EMC: extrato metanólico da casca do fruto de C.

cainito. EMS: extrato metanólico da semente do fruto de C. cainito. EMP: extrato

metanólico da polpa do fruto de C. cainito.

Efeito dos extratos de C. cainito na úlcera gástrica induzida por etanol

acidificado

Como é possível verificar na Figura 1 A, o pré-tratamento com o

EMC foi capaz de reduzir as lesões gástricas induzidas por etanol

acidificado nas doses de 3 e 10 mg/kg em 72% e 85%, assim como a

carbenoxolona que foi capaz de reduzir a lesão em 72,84%, quando

comparados com o grupo ulcerado tratado com veículo (9,39 ± 0,98 mm2).

O EMS (Fig. 1 B) e o EMP (Fig. 1 C) também apresentaram potencial

gastroprotetor, onde o pré-tratamento com o EMS reduziu as lesões

gástricas induzidas por etanol acidificado em 76% e 72%, nas doses de 3 e

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10 mg/kg, respectivamente e a administração de EMP reduziu as lesões nas

doses de 10 e 30 mg/kg em 81% e 63%, quando comparados com o grupo

controle.

Fig. 1 Efeito dos extratos do fruto de C. cainito na úlcera gástrica induzida por

etanol acidificado em camundongos. Os animais foram tratados por via oral com

veículo (Vei: Água 10 mL/kg), Carbenoxolona (CBX 200 mg/kg), EMC, EMS (1, 3

e 10 mg/kg) e EMP (3, 10 e 30 mg/kg). Resultados são apresentados como média ±

E.P.M. (n=6). ANOVA de uma via, seguida por teste de Bonferroni. *p<0,05, **p<

0,01, ***p<0,001 comparando com grupo ulcerado tratado com veículo. Painel A:

EMC= extrato metanólico da casca do fruto de C. cainito. Painel B: EMS= extrato

metanólico da semente do fruto de C. cainito. Painel C: EMP= extrato metanólico da

polpa do fruto de C. cainito.

A Figura 2 apresenta as imagens representativas macroscópicas e

microscopicas dos estômagos provenientes dos diferentes grupos

experimentais, onde se percebe a aparência microscópica da mucosa

gástrica exposta ao etanol acidificado com perda de células do epitélio

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gástrico em paralelo a pontos hemorrágicos no grupo ulcerado tratado com

veículo, além de intensa desorganização da arquitetura das fossetas

gástricas. Por outro lado, os tratamentos com EMP, EMS e EMC

minimizaram os danos histológicos evidenciados (Fig. 2).

Fig. 2 Imagens macroscópicas e microscópicas (magnificação de 400×,

hematoxilina e eosina) do efeito gastroprotetor dos extratos de C. cainito no modelo

de úlcera induzida por etanol acidificado em camundongos. As setas pretas indicam

a lesão hemorrágica macroscópica e setas pretas pontilhadas indicam o dano no

epitélio gástrico.

Ainda, no modelo de indução com etanol, pode-se observar (Fig. 3)

que a administração pela via intraperitoneal com os EMC (0,3 mg/kg), EMS

(0,3 mg/kg) e EMP (1 mg/kg) foi capaz de reduzir as lesões gástricas em 74,

81 e 58%, quando comparados com o grupo ulcerado tratado com veículo

(20,49 ± 2,23 mm2).

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82

Vei EMC EMS EMP0

5

10

15

20

25

***

(mg/kg, v.ip)

Etanol/HCl

******

Áre

a t

ota

l le

sad

a (

mm

2)

Fig. 3 Efeito dos extratos do fruto de C. cainito administrado intraperitonealmente

na úlcera induzida por etanol acidificado em camundongos. Os animais foram

tratados com Vei (Salina, 1 mL/kg, i.p), EMC (0,3 mg/kg, i.p), EMS (0,3 mg/kg, i.p)

ou EMP (1 mg/kg). Resultados são apresentados como média ± E.P.M. (n=6).

ANOVA de uma via, seguida por teste de Bonferroni. ***p < 0,001 comparado a

grupo ulcerado tratado com veículo. EMC= extrato metanólico da casca do fruto de

C. cainito. EMS= extrato metanólico da semente do fruto de C. cainito. EMP=

extrato metanólico da polpa do fruto de C. Cainito

Efeito dos extratos dos frutos de C. cainito nos níveis de mucina

A intensidade de marcação das glicoproteínas do tipo mucina pode

ser observada nas Figuras 4 A e imagens representativas podem ser

verificadas na Figura 4 B. Como esperado, a carbenoxolona aumentou os

níveis de mucina em 236%. Da mesma forma, o EMC, EMS e EMP

também aumentaram os níveis de mucina em 176%, 198% e 193%,

respectivamente em relação ao controle negativo (6,86 ± 2,47 pixels ×

103/campo, Fig. 4 A).

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83

Fig. 4 Efeito dos extratos do fruto de C. cainito nos níveis de mucina em tecido

gástrico ulcerado pela administração de etanol acidificado em camundongos. Os

animais foram tratados por via oral com Vei (água, 10 mL/kg), CBX (200 mg/kg),

EMC e EMS (3 mg/kg) e EMP (10 mg/kg). As mucinas coradas pelo PAS foram

quantificadas com o programa ImageJ® (Painel A). Resultados são apresentados

como média ± E.P.M. n=6 para cada grupo. Análise estatística foi realizada

utilizando ANOVA de uma via, seguida por teste de Bonferroni. ***p< 0,001;

**p<0,01 e *p<0,05 comparando com o grupo ulcerado tratado com veículo. Painel

B: Imagens representativas da marcação histoquímica de mucina (coradas em

magenta) com magnificação de 400 ×. EMC= extrato metanólico da casca do fruto

de C. cainito. EMS= extrato metanólico da semente do fruto de C. cainito. EMP=

extrato metanólico da polpa do fruto de C. cainito

Efeito gastroprotetor dos extratos do fruto de C. cainito na úlcera

gástrica aguda induzida por indometacina

A administração oral de indometacina (80 mg/kg) induziu lesão

gástrica na extensão de 9,01 ± 0,80 mm2

no grupo tratado com veículo. Por

outro lado, os grupos tratados com EMC (3 mg/kg), EMS (3 mg/kg) e EMP

(10 mg/kg) apresentaram redução de 78%, 70% e 50%, respectivamente, na

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área ulcerada, quando comparados com o grupo ulcerado tratado com

veículo, como pode ser observado na Figura 5 A. Imagens representativas

desses dados podem ser visualizadas na Figura 5 B.

Fig. 5 Efeito dos extratos de C. cainito na úlcera gástrica induzida por indometacina

em camundongos. Os animais foram tratados oralmente com Vei (Água, 10 mL/kg),

CBX (200 mg/kg) EMC (3 mg/kg), SEM (3 mg/kg) e EMP (10 mg/kg). Panel A:

Resultados são apresentados como média ± E.P.M. (n=6). ANOVA de uma via,

seguida por teste de Bonferroni. ***p<0,001 comparando com veículo. EMC=

extrato metanólico da casca do fruto de C. cainito. EMS= extrato metanólico da

semente do fruto de C. cainito. EMP= extrato metanólico da polpa do fruto de C.

cainito. Panel B: Imagens representativas do efeito gastroprotetor do EMC, EMS e

EMP no modelo de úlcera induzida por indometacina em camundongos.

Efeito gastroprotetor dos extratos do fruto de C. cainito em

camundongos pré-tratados com L-NAME

Pode-se observar que o pré-tratamento com L-NAME (um inibidor

não especifico da enzima óxido nítrico sintase, 70 mg/kg, i.p) não afetou o

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efeito gastroprotetor do EMC (Fig. 6 A). Por outro lado, uma redução

significativa no efeito gastroprotetor do EMS (Fig. 6 B) e EMP (Fig. 6 C)

foi observada em animais pré-tratados com L-NAME.

Fig. 6 Efeito gastroprotetor dos extratos dos frutos de C. cainito em animais pré-

tratados com L-NAME. Os animais pré-tratados com salina (10 mL/kg, i.p)

receberam oralmente, Veículo (Vei: água, 10 mL/kg), EMC (3 mg/kg, Painel A),

EMS (3 mg/kg, Painel B) ou EMP (10 mg/kg, Painel C). O grupo pré tratado com L-

NAME (70 mg/kg, i.p) recebeu Vei (água, 10 mL/kg), EMC (3 mg/kg), EMS (3

mg/kg) ou EMP (10 mg/kg). Resultados expressos como a média ± E.P.M. (n = 6).

**p< 0,01; ***p< 0,001, quando comparados ao grupo Vei pré-tratado com salina; #p< 0,05 quando comparado com o grupo tratado com extrato e pré-tratado com

salina; 000p< 0,001 quando comparado com o grupo tratado com veículo e pré-

tratado com L-NAME. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni.

Painel A: EMC= extrato metanólico da casca do fruto de C. cainito. Painel B: EMS=

extrato metanólico da semente do fruto de C. cainito. Painel C: EMP= extrato

metanólico da polpa do fruto de C. cainito.

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86

Efeito gastroprotetor dos extratos do fruto de C. cainito em

camundongos pré-tratados com NEM

Na Figura 7 é possível verificar que o pré-tratamento com NEM

[um quelante de grupamentos sulfidrílicos não-proteícos (NP-SH), 10

mg/kg, i.p) reduziu o efeito gastroprotetor do EMC (Fig. 7 A), EMS (Fig. 7

B) e EMP (Fig. 7 C).

Fig. 7 Efeito gastroprotetor dos extratos dos frutos de C. cainito em animais pré-

tratados com NEM. Os animais pré-tratados com salina (10 mL/kg, i.p) receberam

oralmente veículo (água, 10 mL/kg), EMC (3 mg/kg), EMS (3 mg/kg) ou EMP (10

mg/kg). O grupo pré tratado com NEM (10 mg/kg, i.p) recebeu Vei (água, 10

mL/kg), EMC (3 mg/kg), EMS (3 mg/kg) ou EMP (10 mg/kg). Resultados expressos

como a média ± E.P.M. (n = 6). *p< 0,05; ***p< 0,001, quando comparados ao

grupo veículo pré-tratado com salina; ##p< 0,01; ###p<0,001, quando comparado com

o grupo tratado com extrato e pré-tratado com salina; 0p<0,05; 000p< 0,001 quando

comparado com o grupo tratado com veículo e pré-tratado com NEM. ANOVA de

duas vias seguido pelo teste de Bonferroni. Painel A: EMC= extrato metanólico da

casca do fruto de C. cainito. Painel B: EMS= extrato metanólico da semente do fruto

de C. cainito. Painel C: EMP= extrato metanólico da polpa do fruto de C. cainito.

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Efeito gastroprotetor dos extratos do fruto de C. cainito em

camundongos pré-tratados com glibenclamida

Na Figura 8, verifica-se que o pré-tratamento com glibenclamida

[um bloqueador de canais de potássio dependentes de adenosina trifosfato

(ATP), 10 mg/kg, i.p] reduziu o efeito gastroprotetor do EMC (Fig. 8 A) e

EMS (Fig. 8 B). Por outro lado, o efeito gastroprotetor do EMP não foi

alterado após a administração de glibenclamida (Fig. 8 C).

Fig. 8 Efeito gastroprotetor dos extratos dos frutos de C. cainito em animais pré-

tratados com glibenclamida. Os animais pré-tratados com salina (10 mL/kg, i.p)

receberam oralmente veículo (Vei: água, 10 mL/kg), EMC (3 mg/kg), EMS (3

mg/kg) ou EMP (10 mg/kg). O grupo pré tratado com Glibenclamida (10 mg/kg, i.p)

recebeu Vei (água, 10 mL/kg), EMC (3 mg/kg), EMS (3 mg/kg) ou EMP (10

mg/kg). Resultados expressos como a média ± E.P.M. (n = 6). *p< 0,05; ***p<

0,001, quando comparados ao grupo veículo pré tratado com salina; #p< 0,05; ###p<0,001, quando comparado com o grupo tratado com extrato e pré-tratado com

salina; 00p<0,01; 000p< 0,001 quando comparado com o grupo tratado com veículo e

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pré-tratado com Glibenclamida. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de

Bonferroni.

Efeito gastroprotetor dos extratos do fruto de C. cainito em

camundongos pré-tratados com ioimbina

Como observado na Figura 9, o pré-treatamento com ioimbina (um

antagonista de receptores adrenérgicos do tipo alfa-2, 10 mg/kg, i.p) reduziu

o efeito gastroprotetor do EMC (Fig. 9 A) e EMS (Fig. 9 B) e aboliu o

efeito gastroprotetor do EMP (Fig. 9 C).

Fig. 9 Efeito gastroprotetor dos extratos dos frutos de C. cainito em animais pré-

tratados com ioimbina. Os animais pré-tratados com salina (10 mL/kg, i.p)

receberam oralmente veículo (Vei: água, 10 mL/kg), EMC (3 mg/kg), EMS (3

mg/kg) ou EMP (10 mg/kg). O grupo pré tratado com ioimbina (10 mg/kg, i.p)

recebeu veículo (água, 10 mL/kg), EMC (3 mg/kg), EMS (3 mg/kg) ou EMP (10

mg/kg). Resultados expressos como a média ± E.P.M. (n = 6).*p< 0,05; ***p<

0,001, quando comparados ao grupo veículo pré-tratado com salina; #p< 0,05; ###p<0,001, quando comparado com o grupo tratado com extrato e pré-tratado com

salina; 00p<0,01 quando comparado com o grupo tratado com veículo e pré-tratado

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com Ioimbina. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni. Painel A:

EMC= extrato metanólico da casca do fruto de C. cainito. Painel B: EMS= extrato

metanólico da semente do fruto de C. cainito. Painel C: EMP= extrato metanólico da

polpa do fruto de C. cainito.

Efeito gastroprotetor dos extratos do fruto de C. cainito em

camundongos pré-tratados com indometacina

Verifica-se na Figura 10 A, que a indometacina aboliu o efeito

gastroprotetor do EMC. Por outro lado, o efeito gastroprotetor do EMS (Fig.

10 B) foi parcialmente prevenido enquanto que o EMP (Fig. 10 C)

continuou exercendo efeito gastroprotetor em animais pré-tratados com

indometacina.

Fig. 10 Efeito gastroprotetor dos extratos do fruto de C. cainito em animais pré-

tratados com indometacina. Os animais pré-tratados com salina (10 mL/kg, i.p)

receberam oralmente veículo (Vei: água, 10 mL/kg), EMC (3 mg/kg), EMS (3

mg/kg) ou EMP (10 mg/kg). O grupo pré tratado com indometacina (10 mg/kg, i.p)

recebeu Vei (água, 10 mL/kg), EMC (3 mg/kg), EMS (3 mg/kg) ou EMP (10

mg/kg). Resultados expressos como a média ± E.P.M. (n = 6). *p< 0,05; **p< 0,01,

quando comparados ao grupo veículo pré tratado com salina; ##p<0,01, quando

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comparado com o grupo tratado com extrato e pré-tratado com salina; 000p<0,001

quando comparado com o grupo tratado com veículo e pré-tratado com

indometacina. ANOVA de duas vias seguido pelo teste de Bonferroni. Painel A:

EMC= extrato metanólico da casca do fruto de C. cainito. Painel B: EMS= extrato

metanólico da semente do fruto de C. cainito. Painel C: EMP= extrato metanólico da

polpa do fruto de C. cainito.

Efeito dos extratos dos frutos de C. cainito na secreção ácida gástrica e

no muco aderido

Na tabela 4 é possível verificar os resultados da administração

intraduodenal do EMC (3 mg/kg), EMS (3 mg/kg) e EMP (10 mg/kg) sobre

a secreção ácida gástrica, avaliado por meio do ensaio de ligadura do piloro.

Diante dos resultados expostos é possível verificar que a administração dos

extratos não foi capaz de alterar o pH ou o volume da secreção ácida

gástrica, quando comparados ao grupo tratado com veículo.

Ainda, na mesma tabela pode-se observar que todos os extratos

testados aumentaram os níveis de muco aderido na mucosa, quando

comparado ao veículo.

Tabela. 4 Efeitos dos extratos de C. cainito na secreção gástrica basal e no

muco aderido à mucosa gástrica

Tratamento Dose

(mg/kg)

pH Volume

(mL)

Muco (µg Alcian

Blue/g de tecido

Vei - 5,51 ± 0,57 2,33 ± 0,28 401,4 ± 20,1

CBX 200 6,38 ± 0,26 3,66 ± 0,46 1010,0 ± 70,8***

EMC 3 5,80 ± 0,28 2,64 ± 0,07 616,3 ± 34,8*

EMS 3 5,70 ± 0,72 2,62 ± 0,04 797,1 ± 125,3*

EMP 10 6,69 ± 0,15 2,46 ± 0,13 595,1 ± 77,6*

Resultados são apresentados como média ± E.P.M (n=6). *p<0,05; ***p<0,001

quando comparando com grupo veículo. ANOVA de uma via, seguida por teste de

Bonferroni. CBX: carbenoxolona. EMC: extrato metanólico da casca do fruto de C.

cainito. EMS: extrato metanólico da semente do fruto de C. cainito. EMP: extrato

metanólico da polpa do fruto de C. cainito.

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Efeito gastroprotetor do suco e da farinha dos frutos de C. cainito na

úlcera gástrica induzida por etanol acidificado

A suplementação com a farinha de C. cainito (10%) consumida

durante sete dias apresentou potencial gastroprotetor. Na Figura 11,

verifica-se que o grupo tratado com veículo apresentou média de lesão da

mucosa gástrica de 14,11 ± 2.80 mm2, sendo que a suplementação da ração,

assim como o tratamento com o omeprazol, reduziu a área lesada em 83% e

71 %, respectivamente, em relação ao grupo ulcerado tratado com veículo.

Por outro lado, o consumo diário do suco dos frutos de C. cainito (100

mL/kg) não foi capaz de proteger a mucosa gástrica contra o etanol

acidificado (Fig. 11).

Fig. 11 Efeito da suplementação em 10% com farinha dos frutos de C. cainito e do

consumo do suco da polpa de C. cainito (100 mL/kg) na úlcera gástrica induzida por

etanol em camundongos. O grupo veículo consumiu ração não suplementada e foi

tratado oralmente com veículo (Água 10 mL/kg). Os animais receberam ração com

10% da farinha do fruto de C. cainito ou o suco da polpa dos frutos (100 mL/kg) por

7 dias. Omeprazol (30 mg/kg, v.o) foi utilizado como controle positivo. Resultados

são apresentados como média ± E.P.M. (n=6) ***p<0,001 comparando ao veículo.

ANOVA de uma via, seguida por teste de Bonferroni.

Em adição não houve diferença no peso dos camundongos que

receberam a farinha suplementada ou o suco dos frutos de C. cainito,

quando comparado ao grupo tratado com ração normal ou veículo (dado não

mostrado).

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92

Discussão

A presença de compostos fenólicos, em especial os flavonoides nos

frutos de C. cainito têm sido descritas e pode justificar seu potencial

medicinal através de intensa atividade antioxidante [35]. Em consequência,

infe-se que os frutos de C. cainito podem ser benéficos no tratamento de

doenças associadas ao estresse oxidativo. De fato, em uma abordagem pré-

clinica, este trabalho confirmou o potencial gastroprotetor de extratos

obtidos deste fruto. Em paralelo, no intuito de contribuir com dados que

favorecem o aproveitamento do fruto em uma abordagem nutracêutica, os

efeitos gastroprotetores da farinha (resíduo do fruto), mas não do suco, dos

frutos de C. cainito também foi confirmado.

De fato, a presença de compostos fenólicos foi identificada nos

extratos do fruto de C. cainito, sendo que na solução de 200 µg/mL do

EMC, EMP e EMS apresentaram 391,70 ± 2,09; 87,94 ± 0,50 e 47,45 ±

0,29, respectivamente de equivalentes de ácido tânico. Ainda que elevados,

vale ressaltar que no extrato proveniente das cascas os níveis encontrados

foram ainda mais significativos. Como esperado, os compostos fenólicos

encontrados nos frutos do C. cainito possuem intenso potencial antioxidante

[36] e a concentração desses fitoconstituintes na casca do fruto pode

garantir uma interessante proteção contra fatores agressores ambientais. De

forma diferente, os níveis de flavonoides foram semelhantes nos três

extratos, havendo uma redução de aproximadamente 20% nos teores de

flavonoides para o extrato proveniente da polpa.

Ainda, considerando a presença de fitoquímicos, em especial os

de natureza fenólica nos extratos dos frutos de C. cainito, a capacidade

antioxidante in vitro do EMC, EMS e EMP pelo método de DPPH foi

avaliada. De fato, todos os extratos apresentaram intenso potencial

sequestrador de radical livre, corroborando com o resultado de Moo-Huchin

et al. [35], que também verificaram que as cascas liofilizadas do fruto de C.

cainito, apresentaram interessante atividade antioxidante usando os ensaios

de ABTS e DPPH.

Os modelos experimentais empregados para a avaliação da

atividade gastroprotetora envolvem diferentes agentes ulcerogênicos,

contudo, o etanol ainda continua sendo o agente mais apropriado para testes

iniciais do potencial gastroprotetor de substâncias. Em adição, o modelo de

lesão gástrica induzida por etanol também permite investigar os

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93

mecanismos envolvidos nos efeitos citoprotetores observados. Através de

sua ação ulcerogênica, o etanol rompe a barreira de muco e bicarbonato

desencadeando danos teciduais e um desequilíbrio na homeostase gástrica,

aumentando a formação de EROs e alterando a microcirculação gástrica, o

que em consequência promove extensas áreas hemorrágicas e de necrose na

mucosa gástrica [37,38].

Inicialmente, foram testadas várias doses do EMC, EMS e EMP no

modelo de úlcera aguda induzida por etanol acidificado em camundongos,

as quais possibilitaram evidenciar potencial gastroprotetor dos extratos e

posteriormente a escolha da dose mínima efetiva para cada um. A

administração oral de EMC e EMS reduziu as lesões gástricas em uma dose

mínima efetiva de 3 mg/kg, enquanto que o EMP somente reduziu a área

ulcerada a partir da dose de 10 mg/kg. Portanto, as respectivas doses

mínimas efetivas de cada extrato foram utilizadas para os demais

procedimentos metodológicos, sendo que para fortalecer esses resultados, os

extratos foram administrados intraperitonealmente, verificando a absorção e

efeito sistêmico, não apenas local do EMC (0,3 mg/kg), EMS (0,3 mg/kg) e

EMP (1 mg/kg), confirmando os resultados de proteção da cavidade gástrica

frente ao etanol.

Vale ressaltar que, ainda que compostos fenólicos e flavonoides

tenham sido confirmados em todos os extratos, o EMP apresentou menores

valores dos teores de flavonoides, o que pode justificar uma dose miníma

efetiva pelo menos 3,3 vezes maior que os demais extratos.

Além dos extratos metanólicos, também foram testados o suco e a

ração suplementada com 10% de farinha do fruto C. cainito, no intuito de

investigar o potencial dos frutos dessa espécie na obtenção de um alimento

funcional com propriedades antiúlcera. Sabe-se que um alimento funcional

é todo aquele alimento que ao ser introduzido diariamente na alimentação

traz benefícios fisiológicos específicos, além da função de nutrir, devido à

presença de constituintes com atividades biológicas [39].

No entanto, apesar dos teores de ácido ascórbico evidenciados no

suco do fruto de C. cainito, o potencial gastroprotetor advindo do consumo

do suco por sete dias não foi confirmado. Em contrapartida, a ração

suplementada com a farinha deste fruto, um subproduto, foi capaz de

prevenir o dano à mucosa gástrica, confirmando a possibilidade do

aproveitamento do fruto como um alimento com propriedade funcional

antiúlcera. Releva-se neste resultado a possível composição do suco, o qual

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94

apenas foi extraído o líquido da polpa do fruto, diferentemente da ração

suplementada com a farinha, onde estavam presentes constituintes da casca

e da semente do fruto C. cainito, que com frequecia são subprodutos do

fruto descartados. Inferindo que a preparação da farinha preservou os

fitoconstituintes ativos no que se refere ao efeito da gastroproteção, sendo

possível justificar os dados obtidos.

Em continuidade, o efeito gastroprotetor dos extratos no modelo de

indução de úlcera gástrica pela administração de um AINE, a indometacina,

também foi verificado. Em seres humanos, a administração prolongada de

AINES resulta em um risco elevado de hemorragias, perfurações e/ou

úlceras em decorrência da redução da disponibilidade de prostaglandinas na

mucosa [41] e, por conseguinte substância que previnam o dano à mucosa

gástrica associada a essa classe terapêutica têm sido valorizada na prática

clínica.

Fortalecendo o potencial gastroprotetor dos frutos de C. cainito, os

resultados verificados evidenciaram que o EMC, EMS e EMP também

foram capazes de prevenir a lesão gástrica induzida por indometacina.

Dessa forma, fica evidente que os fitoconstituintes presentes nos extratos

estudados possuem potencial antiúlcera contra diferentes agentes

ulcerogênicos.

O aumento da secreção ácida gástrica está presente em uma

variedade de distúrbios que podem afetar o esôfago, estômago e o duodeno

[42]. Considerando que a terapia farmacológica atual no tratamento das

úlceras pépticas é classicamente associada a fármacos que reduzem a

secreção ácida gástrica, o efeito dos extratos do fruto de C. cainito sobre

parâmetros secretores também foi investigado. Entretanto, os extratos do

fruto C. cainito não apresentaram efeito antissecretor.

Mediante o exposto, percebe-se que o modo de ção dos extratos na

prevenção de lesões gástricas induzidas quimicamente não envolve a

inibição da secreção ácida, mas sim, atuam preservando a integridade das

células presentes na mucosa gástrica pelo aumento dos fatores protetores da

mucosa.

Neste contexto, pode-se destacar o fato de que a mucosa

gastrintestinal é revestida por uma camada de muco, com funções de

proteger e lubrificar, além de atuar como barreira de difusão entre o lúmen e

o epitélio [4,43]. Assim, é possível que na ausência do efeito antissecretor, o

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95

favorecimento da produção de muco aderido à mucosa gástrica esteja

envolvido no efeito gastroprotetor elicitado pelos extratos testados.

Na análise histoquímica, foi evidenciado que a administração de

EMC, EMS e EMP aumentou significativamente os níveis de mucina,

ressaltando a possibilidade de o modo de ação dos extratos acontecerem

pela manutenção da integridade da barreira de muco aderido a mucosa

gástrica. De fato, os extratos dos frutos de C. cainito administrados na

mínima dose capaz de promover gastroproteção em camundongos também

foram capazes de aumentar os níveis de muco aderido à mucosa gástrica de

camundongos submetidos à ligadura pilórica.

Além dos mecanismos descritos, é provável que outros fatores

protetores da mucosa gástrica também sejam favorecidos pela administração

dos extratos do fruto de C. cainito, entre os quais se destaca o óxido nítrico

(NO), que está diretamente relacionado a efeitos benéficos no trato

gastrointestinal (TGI), ao favorecer a microcirculação junto à mucosa [44].

O efeito gastroprotetor dos extratos provenientes da semente e da polpa dos

frutos de C. cainito foi revertido pelo tratamento com L-NAME (inibidor

não especifico das enzimas NO sintases) evidenciando que o efeito

gastroprotetor desses extratos é depende da disponibilidade de NO.

Todavia, o extrato proveniente da casca ainda exerceu gastroproteção

mesmo diante da abolição da contribuição nitrérgica na homeostasia

gástrica.

Os dados obtidos demonstram que ainda que a composição de

flavonoides seja semelhante nos três extratos; é provável, porém ainda não

provado, que outros fitoconstituintes da casca ainda conferem um

mecanismo de ação independente de óxido nítrico ao EMC.

No intuito de elucidar outros mecanismos de ação envolvidos no

efeito gastroprotetor do EMC, EMS e EMP, investigou-se a participação

dos grupamentos sulfidrilas não protéicos nos efeitos observados. Os

grupamentos sulfidrílicos não proteícos viabilizam mecanismos

antioxidantes, auxiliando na defesa e manutenção da mucosa [45,46]. Desta

forma, a redução dos níveis normais desses grupamentos permite que a

mucosa gástrica fique mais susceptível a ulcerações. Experimentalmente, a

N-etilmaleimida (NEM) têm sido uma ferramenta adequada para quelar

compostos sulfidrílicos, potencializando as injúrias ocasionadas por agentes

ulcerogênicos na mucosa gástrica [46].

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96

Diante do exposto, os resultados obtidos, permitem afirmar como

correta a hipótese sobre a associação da atividade gastroprotetora dos

extratos do fruto de C. cainito com os compostos sulfidrilas não proteícos,

dado que todos os extratos não foram capazes de manter o efeito

gastroprotetor após a administração do NEM. Considerando a importância

de grupamentos sulfidrílicos, em especial a glutationa reduzida, na

manutenção do estado redox em níveis normais, os resultados obtidos

reforçam que a disponibilidade de substratos redutores, são cruciais no

modo de ação dos extratos.

Em paralelo à importância da disponibilidade de óxido nítrico e

dos grupamentos sulfidrílicos não proteicos na citoproteção gástrica, tem-se

estudado que os canais de potássio ATP dependentes (KATP) também estão

envolvidos em uma variedade de funções fisiológicas do estômago, tais

como: a regulação do fluxo sanguíneo, a secreção de ácido gástrico e a

contratilidade gástrica [47,48]. Corroborando com o descrito, a

administração de glibenclamida reverteu o efeito protetor do EMC e EMS

demonstrando a importância dos canais KATP no efeito gastroprotetor desses

extratos. Em contraste o extrato obtido com a polpa do fruto de C. cainito

foi capaz de promover efeito gastroprotetor mesmo em animais pré-tratados

com glibenclamida, fortalecendo que os extratos atuam por mecanimos

complementares, porém diferentes.

Os receptores adrenérgicos também atuam no trato gastrointesnial

participando do controle de diversas funções como a inibição a secreção

ácida gástrica, a motilidade e o trânsito. Na mucosa gástrica, percebe-se que

a ativação de receptores α2-adrenérgicos resulta na diminuição de lesões

gastrintestinais [49,50].

Buscando verificar mais uma possibilidade de mecanismo de ação,

nossos resultados mostraram que a administração prévia de ioimbina

(antagonista de receptores α-2-adrenérgicos) aboliu o efeito gastroprotetor

do EMC, EMS e EMP, indicando também o envolvimento destes receptores

na atividade de proteção gástrica exercida pelos extratos.

Ainda, as prostaglandinas mantêm a integridade da mucosa

gástrica pela inibição da ativação de mastócitos, estimulação de secreção de

muco e bicarbonato, inibição da secreção ácida, diminuição da aderência

leucocitária ao endotélio, além do aumento e manutenção do fluxo

sanguíneo [51].

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97

Por fim, além de mensurar os níveis de mucina e do muco aderido,

a importância das prostaglandinas na gastroproteção elicitada pelos extratos

também foi investigada pela pré-administração de indometacina em animais

ulcerados por etanol acidificado. Entretanto, apesar dos efeitos em aumentar

os níveis de mucina e muco aderido à mucosa gástrica, o pré-tratamento

com indometacina não foi capaz de reverter o efeito gastroprotetor do EMS

e EMP. Assim, considerando os diferentes mecanismos de ação adjacentes à

gastroproteção promovida por esses extratos, é possível concluir que ainda

que haja redução na disponibilidade de protaglandinas, outros mecanismos

protetores se sobrepõem e resultam na manutenção do efeito antiúlcera

observado.

Por outro lado, de forma interessante, o extrato obtido com as

cascas do fruto C. cainito perdeu o efeito protetor gástrico em camundongos

pré-tratados com indometacina. Vale ressaltar que o EMC foi o único

extrato a desempenhar gastroproteção de forma independente à

disponibilidade de óxido nítrico, sendo assim, a manutenção da

microcirculação gástrica em decorrência da administração deste extrato é

provavelmente favorecida por prostanoides.

Desta forma, podemos inferir a importância dos prostanóides,

incluindo as prostaglandinas, no efeito gastroprotetor do EMC.

Conclusão

Em conjunto, os dados deste estudo demonstraram pela primeira

vez o efeito antiúlcera dos extratos da casca, da semente e da polpa do fruto

de C. cainito em diferentes modelos experimentais. Em paralelo, o efeito

gastroprotetor da suplementação com a farinha do fruto também foi

descrita. De forma interessante, o favorecimento de mecanismos protetores

da mucosa foi evidenciado entre os diferentes, porém complementares

modos de ação dos extratos. Assim, ainda que pré-clinicamente, o potencial

dos frutos de C. cainito como um alimento com propriedade funcional na

prevenção à doença ulcerosa gástrica foi aqui destacado.

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Agradecimentos

Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação de Apoio à Pesquisa

Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) e

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) pelo apoio financeiro.

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105

CAPÍTULO IV

Evidências experimentais da atividade gastroprotetora dos

triterpenos isolados da casca dos frutos de Plinia edulis:

ácidos maslínico e ursólico

Este artigo foi submetido ao periódico Naunyn-Schmiedeberg's Archives

of Pharmacology com fator de impacto igual a 2,558.

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107

Evidências experimentais da atividade gastroprotetora dos triterpenos

isolados da casca dos frutos de Plinia edulis: ácidos maslínico e ursólico

Roseane Leandra da Rosa1, Luciane Ângela Nottar Nesello

1, Luisa Nathalia

Mariano Bolda1, Lincon Bordignon Somensi

1, Adriana Campos

1, Ana

Myrelle Pinheiro2, Sabrina Costa

2, Marjana Rial

3, Mariana Tozzo

3, Valdir

Cechinel Filho1, Sérgio Faloni de Andrade

1, Luisa Mota da Silva

1

1Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas. Universidade do

Vale do Itajai (UNIVALI) – Campus Itajaí, Santa Catarina. Rua Uruguai,

458, Centro. CEP: 88302-901.

2Curso de Nutrição. Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) – Campus

Itajaí, Santa Catarina.

3Curso de Biomedicina. Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) –

Campus Itajaí, Santa Catarina.

Autor correspondente: *Luísa Mota da Silva. Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) – Campus

Itajaí, Santa Catarina, [email protected]. Correspondência: Rua Uruguai,

458, Centro. CEP: 88302-901.

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108

Resumo: O efeito antiúlcera da infusão das folhas de Plinia edulis (Vell.)

Sobral (Myrtaceae), popularmente conhecida como cambucá e indicada

para tratar desordens gástricas, assim como a presença dos triterpenos

ácidos maslínico (AM) e ursólico (AU) nessa infusão já foram descritas.

Ambos triterpenos também já foram identificados no extrato metanólico das

cascas do fruto das P. edulis (EMCP), entretanto o efeito antiúlcera desse

extrato e desses triterpenoides ainda não foi estudado. Assim, o objetivo

desse estudo foi avaliar a eficácia gastroprotetora do EMCP e dos AM e

AU, utilizando modelos animais validados, a saber: etanol/HCl e

indometacina em camundongos. Em paralelo os efeitos in vitro da

capacidade sequestradora de radical livre (DPPH) e da enzima H+, K

+-

ATPase também foram mensurados. O EMCP e o AU, mas não o AM,

apresentaram atividade sequestradora de radicais livres no teste de DPPH,

reduzindo os níveis do radical em 78,66% e 60,14% em uma concentração

de 100 µg/mL. Em adição, os resultados confirmaram que o EMCP, AM e

AU possuem efeito antiulceroso contra diferentes modelos experimentais,

administrados pela via oral ou intraperitoneal. O AU é capaz de promover

gastroproteção em doses menores que o AM, aumentando os níveis de

mucina em 692%, entretanto não altera a atividade da H+, K

+-ATPase. Em

contraste, tanto o EMCP e o AM nas concentrações de 10 e 100 µg/mL

inibiram a atividade da H+, K

+-ATPase em 61,81%, 68,37%, 54,04% e

70,45, respectivamente. A partir dos dados concluiu-se que o extrato

metanólico das cascas do fruto de P. edulis possui atividade gastroprotetora,

em similaridade a infusão das folhas dessa espécie. Porém, não é possivel

propor o mesmo mecanismo de ação para os triterpenoides isolados. No

entanto, é possível que o AM altere a secreção ácida gástrica através da

inibição da bomba de prótons, enquanto o AU fortalece as barreiras de

defesa da mucosa gástrica, em especial a produção de mucina.

Palavras-chave: Triterpenoides. Fruto silvestre. Antiúlcera. H+, K

+ -

ATPase

Introdução

Hábitos alimentares e o estilo de vida contemporâneo tem sido

relacionado ao maior acometimento de doenças no trato gastrointestinal

(TGI) na população (Ddine et al. 2012). Dentre as desordens gástricas mais

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109

prevalentes, destacam-se as úlceras gástricas, com a etiologia ainda não bem

definida (Deore et al. 2011; Nesello et al. 2017), mas com relação direta ao

desequilíbrio entre fatores agressores (ácido clorídrico, pepsina, refluxo de

bile e espécies reativas de oxigênio) e protetores da mucosa gástrica

(barreira de muco intacta, prostaglandinas, fluxo sanguíneo mucoso

adequado e atividade de compostos antioxidantes) (Laine et al. 2008; Wang

et al. 2010; Rozza et al. 2015).

Para tratamento dessas doenças são utilizados os medicamentos

antissecretores, que promovem a redução da secreção ácida gástrica através

do antagonismo dos receptores histaminérgicos do tipo 2 ou da inibição da

bomba de prótons na célula parietal. Todavia, além de ser comum a

recorrência da lesão gástrica, na interrupção do tratamento com esses

agentes terapêuticos, em longo prazo estes são tipicamente associados a

diferentes efeitos adversos, como maior susceptibilidade a pneumonia e

fraturas ósseas, trombocitopenia, hipergastrinemia, deficiência de ferro e

vitamina B12 além do aparecimento de câncer gástrico (Kangwan et al.

2014; Dacha et al. 2015; Boeing et al. 2016).

Estudos epidemiológicos têm apontado que o consumo regular de

frutas e hortaliças está associado à redução da mortalidade e da morbidade

(Lobo et al. 2010; Vieira et al. 2011). De fato, os frutos têm conquistado

papel de destaque na busca de alternativas terapêuticas para diversas

doenças devido a sua composição nutricional e fitoquímica (Feliciano et al.

2010; Albuquerque et al. 2016). Recentemente, Nesello et al. (2017)

descreveram o potencial gastroprotetor de extratos de diferentes frutos

silvestres e indicaram que a presença de triterpenos e flavonoides pode

justificar tal potencial.

A Plinia edulis (Vell.) Sobral (Myrtaceae) é uma espécie arbórea

com frutos comestíveis e endêmica da Mata Atlântica popularmente

conhecida como "cambucá" (Lorenzi et al. 2006). Na medicina popular

brasileira esta espécie é utilizada para tratamento de desordens gástricas,

dor de garganta, diabetes, doenças inflamatórias, diarreia, bronquite e como

tônico, antipirético e diurético (Ishikawa et al. 2008; Carvalho et al. 2012;

Donato e Morretes, 2013). De fato, o efeito gastroprotetor da infusão das

folhas de P. edulis já está descrito na literatura (Ishikawa et al. 2008).

Nesello (2015) evidenciou na casca da P. edulis, triterpenos

pentacíclicos como o ácido maslínico (AM) e o ácido ursólico (AU), os

quais possuem efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e anticancerígenos

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110

já descritos (Parra et al. 2009; Zurita et al. 2008; Liang et al. 2016).

Destaca-se que ambos triterpenos também foram identificados na infusão

gastroprotetora estudada por Ishikawa et al. (2008), entretanto não há

relatos pré-clínicos ou clínicos dos efeitos gastroprotetores advindos da

administração desses compostos.

Neste contexto, o presente estudo foi desenhado para avaliar o

potencial gastroprotetor do extrato metanólico bruto das cascas do fruto de

P. edulis e de dois triterpenos majoritários isolados, o AM e o AU, em

modelos experimentais de úlcera gástrica.

Materiais e Métodos

Material vegetal

A coleta dos frutos de P. edulis, bem como a obtenção do extrato e

isolamentos dos compostos foi realizada e descrita anteriormente por

Nesello (2015). Brevemente, os frutos foram coletados no mês de novembro

de 2015, na cidade de Camboriú/SC, identificados pelo prof. Oscar B. Iza

(Universidade do Vale do Itajaí) e exsicata depositada no Herbário Barbosa

Rodrigues (Itajaí/SC, V.C. Filho 121). As cascas foram lavadas, retiradas

(350 g), picadas manualmente e submetidas a um processo de maceração

com metanol (25 °C) por uma semana. Após filtração, o solvente foi

removido sobre pressão reduzida para obtenção do extrato metanólico das

cascas de P. edulis (EMCP).

Como descrito por Nesello (2015), uma parte do EMCP passou

pelo processo de cromatografia em coluna (CC) e dois terpenos foram

isolados e identificados como AM e AU. Identificados por cromatografia

em camada delgada por comparação com amostras autênticas e

estruturalmente confirmadas por espectrometria de massas (EM)-injeção

direta.

Estudo in vitro da atividade sequestradora de radical livre 2,2-diphenyl-

1-picrylhydrazyl (DPPH)

Este procedimento foi realizado de acordo com método descrito

por Da Silva et al. (2015). O potencial redutor do radical livre estável DPPH

foi determinado sob absorbância de 517 nm. O meio reacional foi composto

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111

de 750 μL de solução do extrato ou dos compostos triterpênicos em

diferentes concentrações (1, 3 e 10 μg/mL) e 250 μL de solução metanólica

de DPPH (0–60 µM). Após 5 minutos, o decréscimo da absorbância foi

mensurado. Ácido ascórbico (AA: 50 μg/mL) foi utilizado como controle

positivo do teste e água ultrapura como controle negativo (veículo).

Animais

Foram utilizados camundongos fêmeas da linhagem Swiss, pesando

entre 25–35g, provenientes do Biotério Central da Universidade do Vale do

Itajaí – UNIVALI, mantidos segundo as normas e cuidados com animais de

laboratório, bem-estar e biossegurança na experimentação, conforme

descritas na Lei n. 11.794, de 8 de outubro de 2008, e de acordo com as

diretrizes da Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório.

Um cadáver de coelho (Oryctolagus cuniculus) pesando aproximadamente 2

kg foi utilizado para isolamento de microssomos gástricos. Os experimentos

foram submetidos ao Comitê de Ética na Utilização de Animais (CEUA) da

Universidade do Vale do Itajaí sob o parecer consubstanciado 047/15.

Úlcera aguda induzida por etanol acidificado em camundongos

A metodologia utilizada foi anteriormente descrita por Beber et al.

(2017). Os camundongos foram submetidos a jejum de doze horas e após

esse período, divididos em diferentes grupos (n=6) e pré-tratados por via

oral com veículo (VEI, água destilada, 10 mL/kg), carbenoxolona (CBX,

200 mg/kg), EMCP (10-300 mg/kg), AM (1-10 mg/kg) e AU (0,1-3 mg/kg).

Em um segundo experimento, os animais foram tratados via

intraperitoneal com 3 mg/kg de EMCP, 1 mg/kg de AM, 0,3 mg/kg de AU e

após uma hora receberam etanol/HCl (60%/0,3 M, 10 mL/kg, v.o) para

indução da lesão gástrica. Posterior, passada mais uma hora da

administração do agente ulcerogênico, os animais foram eutanasiados em

atmosfera de CO2., seus estômagos retirados e abertos para mensuração da

área lesada. As lesões foram quantificadas medindo a área total lesada de

cada estômago em mm² pelo programa de computador EARP®.

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112

Análise histológica e histoquímica

Os tecidos gástricos ulcerados pelo etanol/HCl foram coletados

para avaliação histológica em técnica de hematoxilina/eosina e para

quantificação histoquímica das glicoproteínas tipo mucinas coradas pelo

método do ácido periódico de Schiff (PAS) conforme descrito por Mariano

et al. (2016). Para quantificação das mucinas foi empregado o programa

ImageJ® como descrito por Mariano et al. (2016).

Úlcera aguda induzida por indometacina

Similarmente ao descrito por Mariano et al. (2016), após doze

horas de jejum, os camundongos foram divididos em diferentes grupos

(n=6) e pré-tratados por via oral com veículo (VEI, água destilada, 10

mL/kg), CBX (200 mg/kg), o EMCP (30 mg/kg), AM (10 mg/kg) e AU (3

mg/kg). Vale ressaltar que estas doses foram as menores doses efetivas em

reduzir a úlcera gástrica induzida por etanol acidificado.

Após uma hora da administração dos tratamentos orais, os animais

receberam 80 mg/kg (v.o) de indometacina, para induzir lesão gástrica.

Passadas seis horas os animais foram eutanasiados em câmara de CO2, os

estômagos removidos e abertos ao longo da curvatura maior e as lesões

gástricas foram mensuradas conforme descrito anteriormente.

Determinação in vitro da atividade de H+, K

+-ATPase

A enzima H+, K

+-ATPase foi isolada de microssomos gástricos

de um coelho adulto, conforme descrito por Beber et al. (2017). A atividade

ATPasica foi determinada medindo o fosfato inorgânico liberado da

hidrólise de adenosina trifosfato. As misturas de reação continham tampão

Tris-HCl 400 µL (pH 7,4), KCl 20 mM, MgCl2 2,5 mM, ATP 1 mM e 100

µL de microssoma, os quais foram incubados a 37 °C durante 10 min com

ou sem AM (1-100 µg/mL), AU (1-100 µg/mL), Ome (omeprazol, 10 µM)

ou Uoa (Uoabaina, 10 µM). A atividade enzimática foi calculada utilizando

o coeficiente de extinção molar de Pi (11.000/M/cm).

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113

Resultados e Discussão

Em todo o mundo, existe uma grande variedade de frutos não

tradicionais com potencial medicinal não explorado. Apesar do uso popular

das folhas de P. edulis na medicina tradicional brasileira, o potencial

farmacológico dos frutos provenientes do cambucazeiro ainda permanece

desconhecido. Ishikawa et al. (2008) identificaram na infusão das folhas da

espécie P. edulis entre outros fitoconstituintes, componentes triterpênicos

(AU e AM), os mesmos terpenoides identificados e isolados por Nesello

(2015) nas cascas dos frutos dessa espécie. Pela semelhança em

fitoconstituinte, este estudo investigou se o extrato metanólico das cascas de

P. edulis, bem como os ácidos maslínico e ursólico desempenham atividade

gastroprotetora, no intuito de acrescer informações validadas acerca do

potencial medicinal de diferentes partes dessa planta e se de fato os

triterpenos em questão participam do efeito antiúlcera desta espécie.

Inicialmente, a capacidade antioxidante do EMCP (1-1000 µg/mL)

foi avaliada através do ensaio da redução do radical DPPH (Fig. 1 A) e

evidenciou que o extrato reduziu em até 78,66%, na concentração de 1000

µg/mL os níveis desse radical, assim como o ácido ascórbico (usado como

controle positivo) que reduziu os níveis do radical em 88,12%, comparado

ao grupo incubado com veículo (62,43 ± 0,02 µM de DPPH).

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Fig. 1 Atividade sequestradora do radical DPPH do extrato metanólico da casca do

fruto de P. edulis (EMCP) e dos triterpenos isolados ácidos maslínico (AM) e

ursólico (AM). Resultados são apresentados como média ± E.P.M. (n=6). ANOVA

de uma via, seguida por teste de Bonferroni. ***p<0,001, comparando com veículo

(Vei: água). AA= ácido ascórbico (50µg/mL). EMCP= extrato metanólico das

cascas de P. edulis (Painel A). AM= ácido maslínico (Painel B). AU= ácido ursólico

(Painel C).

Diferente do extrato metanólico, o AM não apresentou atividade

antioxidante em todas as concentrações testadas (Fig. 1 B). Além do

método de DPPH, existem diversas metodologias para identificar a

capacidade antioxidante de um composto, incluindo o método de ABTS

(2,2’-azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido-sulfônico) e a determinação

pelo β caroteno/ácido linoleico. Vale ressaltar que devido à particularidade

de algumas substâncias, como por exemplo, a possibilidade de impedimento

estérico devido à conformação estrutural e, portanto, a necessidade de um

maior tempo reacional, um único método pode não ser capaz de identificar a

capacidade sequestradora de radicais livres (Cabral et al. 2017). Assim, é

possível que a ausência de efeito do AM no teste de DPPH pode ter

ocorrido por conta desse viés experimental.

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Jamkhande et al. (2016) também descreveram discreta atividade

antioxidante in vitro para o AM no teste de DPPH, porém, quando esses

autores avaliaram a atividade sequestradora de radicais livres do AM

através do método antioxidante total, esse triterpeno apresentou ação tão

eficaz quanto o ácido ascórbico.

O efeito sequestrador do radical livre do AU foi confirmado pelo

método de DPPH (Fig. 1 C), no qual o triterpenoide na concentração de 100

e 1000 µg/mL reduziu em 25,62 e 60,14% os níveis do radical. Çulhaoğlu et

al. (2012) também descreveram o efeito sequestrador do radical DPPH do

AU (100 µg/mL) isolado de S. chrysophylla. Entretanto, o nível de

atividade sequestradora reportada por esses autores foi menor que 10%,

assim os dados aqui apresentados adicionam informações complementares

sobre o efeito antioxidante in vitro do AU.

Para investigação da atividade gastroprotetora do EMCP, AM e

AU, realizou-se a metodologia da indução da úlcera aguda pelo etanol

acidificado em camundongos. Esta metodologia é classicamente utilizada na

busca por compostos protetores da mucosa gástrica, tendo em vista a ação

ulcerogênica do etanol, o qual promove edema na mucosa e hemorragias

subepiteliais. Os mecanismos ulcerativos do etanol compreendem

principalmente a diminuição de fluxo sanguíneo da mucosa culminando no

aumento da liberação de espécies reativas de oxigênio (EROs) e morte

celular (Lichtenberger, 1999; Beber et al. 2017).

Pode-se observar na Figura 2 A, que o pré-tratamento com o

EMCP reduziu as lesões gástricas induzidas por etanol acidificado nas doses

de 10, 30 e 100 mg/kg em 56,15%, 84,96% e 81,44%, respectivamente,

quando comparados com o veículo (27,73 ± 4,79 mm2). Como esperado, a

administração de carbenoxolona também reduziu a lesão gástrica em

96,55%.

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Fig. 2 Efeito do extrato da casca do fruto de P. edulis e dos ácidos maslínico e

ursólico na úlcera gástrica induzida por etanol acidificado em camundongos. Os

animais foram tratados por via oral com veículo (Vei: Água 10 mL/kg),

carbenoxolona (CBX 200 mg/kg), extrato metanólico das cascas de P. edulis

(EMCP, 10-100 mg/kg, Painel A), ácido maslínico (AM, 1-10 mg/kg, Painel B) e

ácido ursólico (AU, 0,1-3 mg/kg, Painel C). Resultados são apresentados como

média ± E.P.M. (n=6). ANOVA de uma via, seguida por teste de Bonferroni. **p<

0,01, ***p<0,001 comparando com grupo ulcerado tratado com veículo.

Corroborando com nossos dados, Ishikawa et al. (2008; 2014)

demonstraram que o extrato aquoso (100 - 400 mg/kg, v.o) e etanólico (100

mg/kg, v.o) da folha da P. edulis tem atividade antiúlcera, a qual foi

relacionada com a presença de flavonoides e triterpenoides. Ainda, a

presença dos fitoconstituintes α-amirina, ácido oleanólico, AU e AM

também foram descritas nos extratos testados nestes estudos. Mais

recentemente, Nesello (2015) identificou a presença do AU e AM no extrato

metanólico da casca do fruto de cambucá. Estes achados nos encorajaram a

avaliar o efeito gastroprotetor desses triterpenoides e assim avaliar a

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117

hipótese de que tais compostos participam do efeito antiúlcera de extratos

provenientes de P. edulis.

Como é possível verificar na Figura 2 B, o pré-tratamento com

AM, 3 e 10 mg/kg foi capaz de reduzir as lesões gástricas induzidas por

etanol acidificado em 85,40% e 97,12%, respectivamente, quando

comparados com o grupo ulcerado tratado com veículo (19,97 ± 3,94 mm2).

O triterpeno pentacíclico AM é abundantemente encontrado nas folhas da

Olea europaea L., popularmente conhecida como oliveira, onde sua

quantidade é superior a outras espécies, podendo chegar a uma

concentração de 80% do material ceroso que recobre as folhas desta espécie

(Zurita et al. 2008). Entre as atividades descritas para o AM destaca-se seu

potencial antioxidante (Parra et al. 2009), nefroprotetor (Mkhwanazi et al.

2014), hepatoprotetor (Rajopadhye e Upadhye, 2016), antitumoral (Zurita et

al. 2008; Juan et al. 2008), antivírus da imunodeficiência humana (anti-

HIV) (Parra et al. 2009) e hipoglicemiante (Liu et al. 2007), além da cardio

e neuroprotetora (Martín et al. 2007; Lozano-Mena et al. 2014).

Em relação ao AU, o pré-tratamento com esse triterpeno foi capaz

de reduzir as lesões gástricas induzidas por etanol acidificado nas doses de

0,3; 1 e 3 mg/kg em 83,11%, 86,55% e 88,16%, respectivamente, quando

comparados com o grupo tratado com veículo (43,85 ± 6,88 mm2, Fig. 2 C).

Como pode ser observado, o AU promoveu gastroproteção em uma dose

33,33 vezes menor que o AM, sugerindo o papel crucial deste composto no

efeito gastroprotetor do extrato da casca de P. edulis.

Assim como para o AM, diversas atividades biológicas têm sido

descritas para o AU, incluindo antialérgica, antiviral, anti-inflamatória,

antibacteriana e anticancerígena (Liu, 2005; Bai et al. 2012), além de

antioxidante, anti-hiperlipidêmica (Tokuda et al. 1986; Liu, 1995; Lu et al.

2007; Liang et al. 2016), antinociceptiva (Rodrigues et al. 2012; Verano et

al. 2013). Em adição, esse composto tem sido isolado de diferentes espécies

vegetais (Bai et al. 2012). Vale ressaltar que, ainda que pré-clinicamente, o

potente efeito gastroprotetor do AU descrito em nossos resultados em

conjunto ao seu efeito antinociceptivo e anti-inflamatório já descritos

anteriormente, colocam esse composto em uma posição de destaque,

considerando a intolerância gástrica e a ação ulcerogênica de muitos

fármacos utilizados para o tratamento da dor e condições inflamatórias.

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Na Figura 3, é possível verificar imagens representativas do

aspecto macroscópico das lesões gástricas induzidas por etanol acidificado

em camundongos tratados com veículo, carbenoxolona, EMCP, AM e AU

Fig. 3 Imagens representativas do efeito gastroprotetor do EMCP, AM e AU no

modelo de úlcera induzida por etanol em camundongos. Os animais foram tratados

por via oral com veículo (Vei: Água 10 mL/kg), carbenoxolona (CBX 200 mg/kg),

extrato metanólico das cascas dos frutos de P. edulis (EMCP, 30 mg/kg), ácido

maslínico (AM, 10 mg/kg) e ácido ursólico (AU, 3 mg/kg).

Corroborando com os dados obtidos, a imagem microscópica da

mucosa gástrica exposta ao etanol acidificado evidenciou a perda de células

do epitélio gástrico em paralelo a pontos hemorrágicos no grupo ulcerado

tratado com veículo, além de intensa desorganização da arquitetura das

fossetas gástricas (Fig. 4 A). Por outro lado, o tratamento com AM e AU

minimizou os danos histológicos evidenciados (Fig. 4 A).

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119

Fig. 4 Imagens representativas da análise histológica e histoquímica do efeito

gastroprotetor do AM e AU e efeito nos níveis de mucina em tecido gástrico

ulcerado pela administração de etanol acidificado em camundongos (Painel A). Os

animais foram tratados por via oral com veículo (Vei: Água 10 mL/kg),

carbenoxolona (CBX 200 mg/kg), ácido maslínico (AM, 10 mg/kg) e ácido ursólico

(AU, 3 mg/kg). Setas indicam o dano no epitélio gástrico com focos de tecido

hemorrágico, magnificação= 100 × Hematoxilina e eosina. Imagens representativas

da marcação histoquímica de mucina (coradas em magenta) com magnificação de

400 ×. Painel B: resultados são apresentados como média ± E.P.M. n=6 para cada

grupo. Análise estatística foi realizada utilizando ANOVA de uma via, seguida por

teste de Bonferroni. ***p< 0,001 e *p<0,05 comparando com o grupo ulcerado

tratado com veículo.

Juntamente com os resultados da análise histológica, pode-se

observar na Figura 4 B, que apenas o AU aumentou de forma significativa

os níveis de mucina, em 692% quando comparado ao grupo veículo (371,8

± 43,4 pixels/campo), assim como a carbenoxolona que, conforme

esperado, aumentou os níveis de mucina em 828%. Ainda, na Figura 4 A,

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120

apresenta-se a intensidade de marcação das glicoproteínas do tipo mucina

dos estômagos dos animais tratados com veículo, carbenoxolona, AM e AU.

Mediante este resultado, pressupõe-se que o modo de ação do AU,

e não do AM, está relacionado à manutenção da integridade da barreira de

muco aderido à mucosa gástrica, um resultado relevante considerando ser

um diferencial frente aos tratamentos utilizados tradicionalmente nas

úlceras gástricas.

Em similaridade aos resultados obtidos com administração oral, na

Figura 5 verifica-se que o pré-tratamento intraperitoneal com o EMCP (3

mg/kg) foi capaz de reduzir as lesões gástricas induzidas por etanol

acidificado em 86,54%, assim como o AM (1 mg/kg) que reduziu as lesões

em 90,77% quando comparado com o grupo ulcerado tratado com veículo

(57,30 ± 1,71 mm2). Ainda, o AU (0,3 mg/kg), demonstrou possuir

potencial gastroprotetor, com redução nas lesões gástricas em 45,76% em

relação ao grupo ulcerado tratado com veículo.

Fig. 5 Efeito gastroprotetor do extrato da casca do fruto de P. edulis e dos ácidos

maslínico e ursólico administrado via intraperitoneal no modelo de úlcera gástrica

induzida por etanol acidificado em camundongos. Os animais foram tratados por via

intraperitoneal com veículo (Vei: Água 1 mL/kg), carbenoxolona (CBX 20 mg/kg),

extrato metanólico das cascas do fruto de P. edulis (EMCP, 3 mg/kg), ácido

maslínico (AM, 1 mg/kg) ou ácido ursólico (AU, 0,3 mg/kg). Resultados são

apresentados como média ± E.P.M. (n=6). ANOVA de uma via, seguida por teste de

Bonferroni. ***p<0,001 comparando com grupo ulcerado tratado com veículo.

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121

Em continuidade à investigação do potencial gastroprotetor do

EMCP e os triterpenos isolados, os efeitos de tais amostras também foram

verificados no modelo de úlcera gástrica induzida por indometacina. De

forma colateral ao efeito terapêutico, os AINEs, com destaque a

indometacina, inibem a atividade da cicloxigenase-1 (COX-1) nas células

do epitélio gástrico, gerando diminuição nos níveis de prostaglandinas e no

fluxo sanguíneo e assim executando efeito ulcerogênico em uso crônico

(Brzozowski et al. 2006; Mózsik, 2010).

Como é possível verificar na Figura 6, o pré-tratamento com o

EMCP (30 mg/kg, v.o) foi capaz de reduzir as lesões gástricas induzidas

pela indometacina em 99,01%, assim como a carbenoxolona (200 mg/kg,

v.o) que foi capaz de reduzir a lesão em 67,32%, quando comparados com o

grupo ulcerado tratado com veículo (13,14 ± 3,04 mm2). O AM e o AU

também apresentaram potencial gastroprotetor contra indometacina, onde o

pré-tratamento oral com AM (10 mg/kg) reduziu as lesões gástricas em

96,28%, e de AU (3 mg/kg) reduziu as lesões em 92,11%, quando

comparados com o grupo veículo.

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122

Fig. 6 Efeito gastroprotetor do extrato da casca do fruto de P. edulis e dos ácidos

maslínico e ursólico, na úlcera gástrica induzida por indometacina em camundongos.

Os animais foram tratados por via oral com veículo (Vei: Água 10 mL/kg),

carbenoxolona (CBX 200 mg/kg), extrato metanólico da casca do fruto de P. edulis

(EMCP, 30 mg/kg), ácido maslínico (AM, 10 mg/kg) e ácido ursólico (AU, 3

mg/kg). Painel A: Resultados são apresentados como média ± E.P.M. (n=6).

ANOVA de uma via, seguida por teste de Bonferroni. **p<0,01; ***p<0,001

comparando com grupo ulcerado tratado com veículo. Painel B: Imagens

representativas do efeito gastroprotetor do EMCP, AM e AU no modelo de úlcera

induzida por indometacina em camundongos, setas pretas indicam o sítio da úlcera

no grupo veículo.

Mediante o exposto, fortalecendo o potencial gastroprotetor do

EMCP, AM e AU, os resultados evidenciam que o extrato da casca do fruto

de P. edulis, possui potencial antiúlcera contra diferentes agentes

ulcerogênicos e que este efeito pode estar diretamente relacionado ao AM e

AU. Na Figura 6 (Painel B), podem ser verificadas as imagens

representativas do aspecto macroscópico das lesões gástricas induzidas por

indometacina em camundongos tratados com veículo, carbenoxolona,

EMCP, AM e AU.

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123

Considerando que a terapia atual para tratar úlcera gástrica é

baseada em drogas antissecretoras, o efeito do EMCP, AU e AM na

atividade da enzima H+, K

+-ATPase, última etapa na secreção de ácido

gástrico, também foi mensurada.

Como demonstrado na tabela 1, a incubação com EMCP e AM

nas concentrações de 10 e 100 µg/mL inibiram a atividade da H+, K

+-

ATPase em 61,81%, 68,37%, 54,04% e 70,45%, respectivamente.

Entretanto, ainda que o AU tenha promovido gastroproteção em dose menor

que o AM, este triterpeno não modificou a atividade da bomba de prótons.

Com isso, este dado demonstra que o efeito antiúlcera do AU não é devido a

seu potencial inibitório na H+, K

+-ATPase, mas provavelmente devido ao

fortalecimento de fatores protetores da mucosa gástrica, conforme

observado no seu relevante resultado de aumento nos níveis de mucina.

Tabela 1. Efeito in vitro do extrato metanólico das cascas de P. edulis e dos

ácidos maslínico e ursólico na atividade da enzima H+/K

+-ATPase

Grupos Concentração Atividade

da H+/K

+-ATPase (mM

iP/mg/min)

Veículo - 1,249 ± 0,072

Omeprazol 10 µM 0,681 ± 0,085***

Uoabaína 10 µM 1,430 ± 0,036

EMCP 1 µg/mL 0,900 ± 0,032

10 µg/mL 0,477 ± 0,013***

100 µg/ mL 0,395 ± 0,007***

AM 1 µg/ mL 1,108 ± 0,110

10 µg/mL 0,574 ± 0,006***

100 µg/mL 0,369 ± 0,004***

AU 1 µg/mL 1,360 ± 0,010

10 µg/mL 1,373 ± 0,002

100 µg/mL 1,229 ± 0,009 Resultados estão expressos como média ± E.P.M. (n=3). ***p <0.001 comparado ao

grupo veículo (DMSO 10%). ANOVA de uma via seguida do teste de Bonferroni.

EMCP: extrato metanólico das cascas de P. edulis. AM: ácido maslínico. AU= ácido

ursólico.

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124

Conclusão

Em conclusão, os dados aqui demonstram que o extrato metanólico

das cascas dos frutos de P. edulis e os dois triterpenos isolados desse

extrato, o ácido maslínico e o ácido ursólico, apresentam potencial

gastroprotetor. O efeito antiúlcera dos triterpenos foi mediado por

mecanismos diferentes, destacando ação inibitória do ácido maslínico na

atividade da H+, K

+-ATPase e à manutenção da integridade da barreira do

muco aderida à mucosa gástrica promovida pelo ácido ursólico. Uma vez

que esses compostos já foram identificados na infusão das folhas de P.

edulis, a qual é popularmente indicada para o tratamento de úlceras

gástricas, os dados aqui obtidos também contribuem para a validação do uso

popular desta espécie, indicando a participação desses triterpenos nesse

efeito verificado na casca.

Agradecimentos

Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), Fundação de Apoio à Pesquisa

Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (FAPESC) e

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) pelo apoio financeiro.

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131

CAPÍTULO V

Considerações Finais

Em conclusão, o presente estudo apresentou o efeito antiúlcera dos

extratos metanólicos da casca, da semente e da polpa do fruto de C. cainito,

assim como do extrato metanólico da casca do fruto de P. edulis e de seus

fitoconstituintes isolados, ácidos maslínico e ursólico, em diferentes

modelos experimentais. Em adição, o efeito gastroprotetor da

suplementação com a farinha do fruto C. cainito também foi evidenciado.

Os extratos da casca, semente e polpa do fruto de C. cainito

demonstraram possuir atividade antioxidante, o que pode ser justificado

pela alta concentração de compostos fenólicos; além de apresentarem efeito

gastroprotetor por vias distintas e complementares, através do

favorecimento de diferentes mecanismos protetores da mucosa gástrica

(NO, SH-NP, receptores α-2-adrenérgicos e prostaglandinas). Entretanto, os

extratos dos frutos de C. cainito não promoveram a inibição da secreção

ácida gástrica, mas aumentaram a secreção de mucina na mucosa gástrica.

Assim, ainda que pré-clinicamente, o potencial dos frutos de C. cainito

como uma fonte funcional na prevenção à doença ulcerosa gástrica foi aqui

confirmado.

O extrato da casca do fruto de P. edulis, e os triterpenos isolados

deste extrato, os ácidos maslínico e ursólico, também apresentaram vias de

ação complementares e distintas, destacando para o ácido maslínico a

redução na atividade da enzima H+K

+-ATPase e para o ácido ursólico a

atividade antioxidante e manutenção da integridade da barreira do muco

aderida à mucosa gástrica

Desta forma, diante da grande biodiversidade brasileira a qual

conta com inúmeras espécies frutíferas, os dados obtidos neste estudo

confirmam o potencial gastroprotetor dos frutos C. Cainito e P. edulis e

ressaltam a possibilidade terapêutica de fitoconstituintes de frutos silvestres

e a utilização de ambos como alimentos com propriedades funcionais.

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