introdução aos estudos literários ii

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Introdução aos Estudos Literários II Gênero Épico “História”, Teoria e “Prática”

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Page 1: Introdução aos Estudos Literários II

Introdução aos Estudos Literários II

Gênero Épico

“História”, Teoria e “Prática”

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Page 3: Introdução aos Estudos Literários II

Começo de conversa –3 causos

• O tempo • A peste

• O leitor

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Page 7: Introdução aos Estudos Literários II

Apresentação do Programa

• Livros Teóricos

• Obras literárias

• Percurso, temas

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Teoria dos Gêneros Literários

seguindo Anatol Rosenfeld, inicialmente

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PLATÃO

Page 10: Introdução aos Estudos Literários II

Platão, República, livro III

Sócrates: Acaso tudo quanto dizem os prosadores e poetas não é uma narrativa de acontecimentos passados, presentes ou futuros? ...

Porventura eles não a

executam por meio de

simples narrativa, através

da imitação, ou por meio

de ambas?

Page 11: Introdução aos Estudos Literários II

No começo da Ilíada, quando o poeta diz - “E [Crises] dirigiu súplicas a todos os Aqueus, especialmente aos dois Atridas, comandantes dos povos” – é o próprio poeta que fala e não tenta voltar o nosso

pensamento para outro lado, como se fosse outra pessoa, e não ele.

Mas depois fala como se fosse Crises e tenta o mais possível fazer-nos supor que não é Homero que fala, mas o sacerdote.

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Ilíada, canto I, 17-22

• “Filhos de Atreu, e vós outros, Aquivos de grevas bem feitas, dêem-vos os deuses do Olimpo poderes de destruir as muralhas da alta cidade de Príamo, e, após, retornardes a casa. A minha filha cedei-me, aceitando resgate condigno, e a Febo Apolo, nascido de Zeus, reverentes mostrai-vos”.

Page 13: Introdução aos Estudos Literários II

Platão, República, livro III

Sócrates: Ora, tornar-se semelhante a alguém na voz e na aparência é imitar com quem queremos parecer-nos... Assim parece-me que este e outros poetas fazem a sua narrativa por meio da imitação.

Se o poeta não se ocultasse em ocasião alguma, toda a sua poesia e narrativa seria criada sem imitação.

Page 14: Introdução aos Estudos Literários II

Há, porém, o contrário disso, que é quando se tiram as palavras do poeta do meio das falas, e fica só o diálogo.

Em poesia e em prosa há uma espécie que é toda imitação, a tragédia e a comédia; outra, de narração pelo próprio poeta, os ditirambos; e outra constituída por ambas, que se usa na composição da epopéia e de muitos outros gêneros”.

Page 15: Introdução aos Estudos Literários II

• Em relação à diegesis ou narrativa, Platão distingue 3 modos, segundo a presença ou ausência de discurso direto

• Modo simples: narrativa feita em discurso indireto

• Modo imitativo: quando tudo está em discurso direto

• Modo misto: quando a narrativa dá também a palavra aos personagens. Mix direto e indireto

Page 16: Introdução aos Estudos Literários II

República, livro X

• A mímesis (imitação) dá a ilusão de que a narrativa é conduzida por um outro que não o autor, como no teatro.

• No livro X da República, Platão condena a arte mimética, pois ela é “imitação da imitação, distante dois graus daquilo que é”.

Page 17: Introdução aos Estudos Literários II

• Este tipo de arte faz passar a cópia por original. Os poetas que não praticam a diegésis simples são expulsos da República de Platão.

Page 18: Introdução aos Estudos Literários II

Mimesis como espelho

Page 19: Introdução aos Estudos Literários II

ARISTÓTELES

Page 20: Introdução aos Estudos Literários II

Aristóteles, Poética, cap. III

• ... É possível mimetizar ou pela via de narrações

...

ou pela via do conjunto das personagens que atuam e agem mimetizando

Page 21: Introdução aos Estudos Literários II

Ou seja

• Aristóteles se refere a 2 possibilidades:

à narração

&

à dramatização

Page 22: Introdução aos Estudos Literários II

Mímesis em Aristóteles

• Para Aristóteles a diegésis mais ou menos mimética não define mais a arte poética.

• Para Aristóteles texto dramático e épico não se opõem como mais ou menos miméticos, no interior da diegésis.

• A mimesis se externalisa, se torna a noção mais geral.

Page 23: Introdução aos Estudos Literários II

• Fora do modelo especular, os objetos da mímesis são as ações humanas.

Page 24: Introdução aos Estudos Literários II

• A mimesis na Tragédia e na Epopéia se refere ao mito, à história, à ação

• A ênfase está na narração, nos modos de representação, e não na descrição (que seria o caso do modelo especular)

• O que interessa no texto poético é a sua composição, sua poiésis

Page 25: Introdução aos Estudos Literários II

• Aristóteles não se refere à poesia lírica na Poética, pois lhe falta a ficção, assim como falta ficção à História de Heródoto.

• A mímese aristotélica não visaria o estudo da relação entre realidade e literatura, mas a produção da ficção poética verossímil.

Page 26: Introdução aos Estudos Literários II

verossimilhança

• Poética, cap IX

• “o papel do poeta não é dizer o que ocorreu realmente, mas o que poderia ter ocorrido na ordem o verossímil ou do necessário.

• verossímil – provável

• necessário - natural

Page 27: Introdução aos Estudos Literários II

• Verossímil tem a ver com o que é suscetível de persuadir

• “é preciso preferir o que é impossível mas verossímil, ao que é possível mas não é persuasivo (1460ª 27)”

Page 28: Introdução aos Estudos Literários II

Primeiras Teorias dos Gêneros

Platão

• 3 tipos de obras poéticas

• Imitação (tragédia, comédia)

• Simples relato (ditirambos)

• Imitação + simples relato (Homero)

Aristóteles

• 2 tipos de obras poéticas

• Épicas

• Tornando-se outro• Permanecendo em si mesmo

• Dramáticas

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Arquiformas Literárias

Page 30: Introdução aos Estudos Literários II

Tradicionalmente a forma é preestabelecida

• A forma exige matéria específica

• Por exemplo:

• Outro exemplo

• “O poeta deve lembrar-se de não dar forma épica à sua tragédia. Por épico eu entendo... Um conteúdo de muitas ações, como se alguém quisesse dramatizar a matéria da Ilíada”

Poética, Aristóteles

Page 31: Introdução aos Estudos Literários II

Teoria dos Gêneros

• Épica • Lírica• Dramática

Page 32: Introdução aos Estudos Literários II

Obras Literárias e seus gêneros

• Épica

• Poema longo ou texto em prosa

• Lírica

• Poema curto

• Dramática

• Obra dialogada

Page 33: Introdução aos Estudos Literários II

Obras Literárias e seus gêneros

• Épica

• Poema longo ou texto em prosa

• Narrador apresenta personagens e seus feitos

• Lírica

• Poema curto

• Eu expressa estado de alma

• Dramática

• Obra dialogada

• Os próprios personagens atuam

Page 34: Introdução aos Estudos Literários II

Obras Literárias e seus gêneros

• Épica

• Sujeito e objeto

• Lírica

sujeito

• Dramática

• objeto

Page 35: Introdução aos Estudos Literários II

Obras Literárias e seus gêneros

• Épica

• Exemplos

• Lírica

• Exemplos

• Dramática

• Exemplos

Page 36: Introdução aos Estudos Literários II

Obras Literárias e seus gêneros

• Épica

• Epopéia

• Conto

• Novela

• Crônica

• Romance

• etc

• Lírica

• Canto: ode, hino

• elegia

• etc

• Dramática

• Tragédia

• Comédia

• Farsa

• Drama

• etc

Page 37: Introdução aos Estudos Literários II

Formas Narrativas

• Épica

• Epopéia

• Conto

• Novela

• Romance

• etc

• Dramática

• Tragédia

• Comédia

• Farsa

• Drama

• etc

Page 38: Introdução aos Estudos Literários II

Elementos da Narrativa, I

• Introdução

• Tempo e memória

• Estória e Discurso Narrativo

• Enredo

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Page 40: Introdução aos Estudos Literários II

Memória e Narrativa Tempo e Narrativa

Page 41: Introdução aos Estudos Literários II

Etimologia: 2 aspectos

• Narrativa

• Sânscrito: GNA

• Conhecer/Know

• Latim:

• GNARUS

• NARRO

Page 42: Introdução aos Estudos Literários II

Estória ≠ Discurso Narrativo

• Estória (fábula, mithos)

• Evento ou sequência de eventos (ação) + entidades (personagens)

• Discurso Narrativo

• Representação dos eventos: modo como a estória é comunicada

eventos = ação das entidades

Page 43: Introdução aos Estudos Literários II

Tentativas de definir Narrativa

• Gerard Genette

• Pode-se definir narrativa sem dificuldades como sendo a representação de um evento ou de uma sequência de eventos

• H. Porter Abbott

• Narrativa é a representação de eventos, consistindo de estória e discurso narrativo

• estória é um evento ou sequência de eventos e discurso narrativo são estes eventos representados

Ênfase no Evento

Page 44: Introdução aos Estudos Literários II

• Paul Ricouer

• Considero temporalidade como sendo a estrutura da existência que a linguagem alcança na narratividade, e narratividade como a estrutura de linguagem que tem a temporalidade como sua última referência

• Miecke Bal

• É a transição de um estado para outro estado, causado ou experimentado por atores

Ênfase na transformação

Page 45: Introdução aos Estudos Literários II

Davi Arrigucci

• A narrativa é um movimento do desejo em função de um objeto esquivo. Toda narrativa é uma busca de alguém ou alguma coisa.

• Quando a narrativa se depara com um impasse tão extremado de como narrar, ela se transforma na busca de si mesma

Ênfase no movimento

Page 46: Introdução aos Estudos Literários II

Enredo 1

• Coincide com o que estamos chamando de discurso narrativo, ou seja, o rearranjo dos eventos da estória quando comunicados

Page 47: Introdução aos Estudos Literários II

Enredo 2

• Sequência teleológica de eventos ligadas por algum princípio de causalidade. Os eventos seguem uma trajetória até uma resolução ou convergência.

Page 48: Introdução aos Estudos Literários II

Enredo 3• as diversas roupagens

narrativas de uma estrutura, fabricada universal ou culturalmente

• Ex: Propp, Frye, Campbell

• Desenvolveram anatomias de tipos de enredo, os quais apresentam um numero limitado de estruturas subjacentes à variedade infinita das narrativas

Page 49: Introdução aos Estudos Literários II

O Gênero Épico

Page 50: Introdução aos Estudos Literários II

Anatol Rosenfeld

• Como não exprime o próprio estado de alma, mas narra estórias que aconteceram a outrem, [...] descreverá objetivamente as circunstâncias objetivas. A história já aconteceu – a voz é do pretérito; e aconteceu a outrem – o pronome é “ele”. Isso cria certa distância entre o narrador e o mundo narrado. Mesmo que use o pronome “eu”, narra-se estória pretérita.

Page 51: Introdução aos Estudos Literários II

Walter Benjamin

• A memória é a mais épica de todas as faculdades.

• Mnemosyne, a deusa da reminiscência, mãe das outras musas, era a musa da poesia épica.

[a palavra que narra salva o passado do silêncio e do esquecimento]

Page 52: Introdução aos Estudos Literários II

Épica

Page 53: Introdução aos Estudos Literários II

Romance Moderno

Conto Moderno

Page 54: Introdução aos Estudos Literários II

Origens

• Mitos

• Contos e Fábulas

Page 55: Introdução aos Estudos Literários II

Mito e Realidade – Mircea Eliade

2 sentidos da palavra mito

ficção ou ilusão

tradição sagrada, modelo exemplar

Page 56: Introdução aos Estudos Literários II

Definição de Mito

• Conta história sagrada

• Acontecimento ocorrido em tempo primordial

• Narra como uma realidade passou a existir: total (cosmo) ou fragamento (ilha, comportamento)

• ... como realidade passou a existir graças a entes sobrenaturais

• Narrativa de uma criação

• Narra o que realmente ocorreu

Page 57: Introdução aos Estudos Literários II

Mito

• Função do mito: revelar os modelos exemplares de todos os ritos e atividades humanas significativas

• O mito, porque sagrado, é verdadeiro, pois se refere a realidades.

• O mito cosmogônico é verdadeiro, porque o mundo e o cosmos estão aí, por ex.

Page 58: Introdução aos Estudos Literários II

Mito x Fábula ou conto

• Histórias verdadeiras

• Só podem ser recitadas durante um tempo sagrado

• Referem-se a deuses, entes sobrenaturais

• Histórias falsas

• Podem ser contadas a qualquer momento

• Referem-se a acontecimentos que não modificam a condição humana

O mito é uma questão da mais alta importância, ao passo que

os contos e fábulas não são

Page 59: Introdução aos Estudos Literários II

Mito x História

Sociedade arcaica

• Obrigada a rememorar história mítica de sua tribo

• Não só, mas as pessoas das sociedades arcaicas precisam reatualizar esta história

• Conhecer o mito é saber o segredo da origem das coisas e poder dominá-las

Sociedade moderna

• Não está obrigado a conhecer a história universal, ainda que se considere resultado dela

Page 60: Introdução aos Estudos Literários II

Grandes Mitologias do Politeísmo Euro-Asiático

• Interesse maior pelo que veio depois da Criação da terra, e pelo que veio depois da criação do ser humano

• Sobretudo há interesse sobre o que aconteceu aos deuses

Page 61: Introdução aos Estudos Literários II

Narram a Gesta dos Deuses:

Homero

Hesíodo

Bardos do Mahabharata

Contadores do Egito

Narradores Mesopotâmios

Page 62: Introdução aos Estudos Literários II

Movimento Histórico Comum

• Grécia dos pré-socráticos, Índia dos Upanishads:

• desmitificação

• Elites não acreditam mais nos mitos, mas em deuses

• Estoicos entenderam Homero alegoricamente

Page 63: Introdução aos Estudos Literários II

Hoje• O romance na sociedade

moderna tomou o lugar da recitação de mitos e contos das sociedades tradicionais e populares.

• Para Mircea Eliade ainda se pode encontrar estruturas míticas em certos romances contemporâneos.

Page 64: Introdução aos Estudos Literários II

A Escrita Profana, Northrop Frye

• Interessado em demonstrar que as convenções do

Romance

popular

não foram totalmente alteradas no curso dos séculos

• [O Romance é um gênero diferente da Epopéia, por um lado, e do Romance Realista,por outro]

Page 65: Introdução aos Estudos Literários II

• Romance é o centro estrutural de toda a ficção

• Romance se origina dos contos folclóricos, fábulas

• Se a Bíblia é a obra épica de Deus, o Romance é a obra épica da criatura

Page 66: Introdução aos Estudos Literários II

Duas Experiências Verbais

• Mítica : histórias mais importantes, estruturam a sociedade

• Fabulosa: entretenimento, cumpre necessidade imaginativa da comunidade

Duas ManifestaçõesLiterárias Gregas

• Mítica: épicos homéricos, poetas trágicos; enraizamento em determinada cultura

• Fabulosa: Comédia Nova; existência nômade

Page 67: Introdução aos Estudos Literários II

Observação 1

Diferença entre mito e fábula

é de autoridade e função social,

mas

NÃO DIFEREM EM ESTRUTURA

Page 68: Introdução aos Estudos Literários II

Observação 2

• Romance antigo é popular, status proletário

• Elemento central é história de amor, aventuras emocionantes que levam a união sexual

Page 69: Introdução aos Estudos Literários II

Romance Romanesco, exemplos

EPOPÉIA ≠ R. Romanesco

R. Rom. ≠ R. Realista

• Não mítico (FABULOSO)

• Romances naive e sentimentais

• Romance aventuresco de costumes

• Romance medieval

• etc

Page 70: Introdução aos Estudos Literários II

Surgimento do Romance (Novel)

• O romance moderno traz para o centro da literatura a experiência do cotidiano

• A ficção realista torna-se muitas vezes uma espécie de paródiado romance antigo: há tensão entre forma e conteúdo

• Ex: Jane Austen

• Personagens mais realistas e complexos, devem se amalgamar a finais tradicionais como casamentos, ainda que durante a trama a impossibilidade deste final seja a tônica

Page 71: Introdução aos Estudos Literários II

Romance Realista (Novel)

• Ação horizontal movida por causalidade: Assim...

• Personagens mais importantes que enredo

• Ro Re transforma os “e depois” em “portanto”.

Romance Antigo

• Episódios descontínuos: E depois...

• Acontecimentos mais importantes que personagens

Page 72: Introdução aos Estudos Literários II

Quando nascem os contos, 2º Mircea Eliade• Mais fácil localizar as sagas e epopéias historicamente do que os

contos. Sagas derivam de mitos ligados a uma cultura específica, contos misturam vários estilos culturais

• Os contos dizem de um mundo mais simples, de uma vida que ainda não foi sentida como catastrófica, e talvez por isso tenham nascido na era de Homero, quando os homens começavam a afastar-se dos deuses sem ainda cair nas religiões dos mistérios.

Page 73: Introdução aos Estudos Literários II

Conto Maravilhoso

• Mircea Eliade considera difícil datar a passagem do conto antigo para a simples história maravilhosa.

• Para Walter Benjamin o verdadeiro narrador é o narrador de contos de fadas

Page 74: Introdução aos Estudos Literários II

Nadia Battella Gotlib

• As personagens do conto maravilhoso não são determinadas historicamente.

• CM narra como as coisas deveriam acontecer, satisfazendo uma expectativa do leitor e contradizendo o universo real

• Formas simples. Permanece no tempo, pode ser contada por qualquer um sem perder sua forma

• Ética do acontecimento, e não da ação (baseada nos personagens)

Page 75: Introdução aos Estudos Literários II

Conto Maravilhoso

Estruturalismo

• Vladmir Propp: analisou os elementos básicos estruturais do conto maravilhoso russo para identificar unidades estruturais irredutíveis

Psicologia

• Freud, Jung - Bettelheim, vonFranz, Campbell

• O conto repetiria em outro plano e por outros meio, o enredo iniciatório exemplar das sociedades arcaicas, prolongando a iniciação em um nível imaginário.

• Mensagem, transformação

Page 76: Introdução aos Estudos Literários II

Vladimir Propp

• estruturalista

• buscou estabelecer uma gramática da literatura

• ou seja: regras que sustentam a prática literária

• a sintaxe (regras de construção de

sentenças) é o modelo das regras narrativas

• divisão sintática:

sujeito/predicado

Page 77: Introdução aos Estudos Literários II

exemplo:

“Ele (sujeito) depõe a valise e vai pegar uma maçã (predicado)”

se substituimos Ele por Silvia e valise por caixa, a estrutura da oração é a mesma

foi esta analogia entre oração e narrativa que Propp usou em “Morfologia do Conto”, no qual desenvolveu sua teoria dos contos populares russos

Page 78: Introdução aos Estudos Literários II

A ABORDAGEM DE PROPP

PODE SER ENTENDIDA

QUANDO SUBSTITUÍMOS

O SUJEITO DA ORAÇÃO PELOS

PERSONAGENS (O HERÓI, O VILÃO)

E O PREDICADO PELAS AÇÕES

Page 79: Introdução aos Estudos Literários II

Os contos russos seriam construídos como o conjunto de 31 funções – ou unidades narrativas mínimas

1. ausência

2. proibição

3. proibição é violada

4. o agressor tenta conseguir um esclarecimento

5. o agressor recebe uma informação

6. o agressor procura enganar a vítima com a mentira

7. a vítima deixa-se enganar

8. a falta do agressor

9. a falta é divulgada e o herói fica sabendo

10. o herói consente em agir

11. início da ação na qual o herói parte

12. primeira função de um doador

13. reação do herói

14. um objeto mágico é dado ao herói

15. o herói se desloca e se aproxima do objeto da busca

16 o herói e o agressor se enfrentam

17. o herói se distingue no combate

18. o agressor é vencido

19. a má ação inicial é reparada

20. volta do herói

Page 80: Introdução aos Estudos Literários II

21. o herói é perseguido

22. o herói é socorrido

23. o herói chega incógnito

24. um falso herói se apresenta

25. é dada ao herói uma tarefa difícil

26. o herói cumpre a tarefa

27. o herói é reconhecido

28. o falso herói é desmascarado

29. o herói tem nova aparência

30. o falso herói é punido

31. o herói casa e ascende ao trono

Page 81: Introdução aos Estudos Literários II

EXEMPLO

• ao final da Odisséia, aplicam-se as funções 20-31: volta de Ulisses a sua casa incógnito; encontro com os pretendentes de Penélope; competição com o arco e flecha; desfecho vitorioso; morte dos príncipes; reencontro do casal.

as funções de Propp podem ser aplicadas em outros fenômenos literários, além dos contos populares russos.

Page 82: Introdução aos Estudos Literários II

Propp acrescenta ainda7 esferas de ação ou papéis

às 31 funções:

vilãodoador

ajudanteobjeto da procura

mandatárioherói

falso herói

Page 83: Introdução aos Estudos Literários II

O CONTO TRADICIONAL• Conto antigo, exemplos

• Papiro de Westcar• Bíblia• Heródoto• Parábolas (FILHO PRODIGO)

• Decameron• As mil e uma noites• Novelas Exemplares

• CONTO FILOSÓFICO

• Perrault• La Fontaine• Grimms• Andersen

Page 84: Introdução aos Estudos Literários II

Papiro de Westcar – sec XVI a.C.

CONTOS 4500 anos