introdução - Ética geral

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Ética e estatuto da OAB

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Page 1: Introdução - Ética Geral

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Page 2: Introdução - Ética Geral

Plano de ensinoAnálise Holística da Ética Profissional. A Ética Jurídico-Discente. A Ética Jurídico-Docente. Ética e a Profissão Forense. Deontologia e Diceologia Advocatícia e o Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil. Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. Noções Gerais sobre o Regulamento Geral da Ordem dos Advogados do Brasil. Noções Gerais sobre o Regimento Interno da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Minas Gerais.

Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. Noções Gerais sobre o Regulamento Geral da Ordem dos Advogados do Brasil. Noções Gerais sobre o Regimento Interno da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Minas Gerais.

Page 3: Introdução - Ética Geral

 - Importância da disciplina para formação profissional:

- não só para quem será advogado, como para concurso público. Importante também despertar um senso crítico sobre a ética dos profissionais. Toda profissão existe um Código de Ética.

- Importante também para conhecermos o EOAB (Lei 8.906/94), que regulamenta a profissão de advogado, dispondo da maioria de seus direitos e deveres.

 - Critério de avaliação: - Provavelmente, teremos duas provas de 20 pontas cada e em cada etapa, 10 pontos serão distribuídos em exercícios e participação do aluno. A última prova, por determinação da faculdade, valerá 40 pontos.

Page 4: Introdução - Ética Geral

- O CEDOAB possui 66 artigos subdivididos nos seguintes capítulos:

Cap. 01: Regras Deontológicas fundamentais: Define os deveres dos advogados. Indispensável à administração da justiça. Múnus público. A advocacia não tem caráter mercantil.Cap. 02: Relacionamento com o cliente: Alertar sobre todos os riscos prós e contras da demanda; Devolver ao cliente documentos, etc.Cap: 03: Sigilo profissional.Cap: 04: Publicidade: Divulgação de forma moderada e discreta.Cap: 05: Honorários profissionaisCap: 06: Do dever de urbanidade: Com o público, colegas e funcionários públicos com os clientes.Cap. 07: Disposições Gerais

- Provimentos principais:Prov. 94 (dispõe sobre a publicidade na profissão);Prov. 109 (dispõe sobre o exame da OAB;Prov. 112 (dispõe sobre sociedade de advogados);Prov. 114 (dispõe sobre a atuação do advogado público, ex. advogado geral da União, Defensor Público, etc.); Importante dizer que o EOAB se aplica aos advogados públicos também.

Page 5: Introdução - Ética Geral

O que é ética? Ética é a ciência da moral. Ética é a parte da filosofia dedicada aos estudos dos valores morais e princípios ideais do comportamento humano.

Moral é uma série de condutas e posicionamentos adotados por uma sociedade em determinado momento histórico, considerados como adequados para o bom convívio social.

A norma moral, por si, não é cogente, não possui punição pelas autoridades públicas. As sanções ficam dentro da consciência de cada um e sente a consequências diretamente da sociedade, que muitas vezes repugnam o imoral. No entanto, alguns comportamentos imorais, por sua gravidade, também são ilegais, mas não necessariamente o serão.

Page 6: Introdução - Ética Geral

Correntes sobre Justiça1 – Corrente do Consequencialismo:

Trabalha com dilemas morais e tem por base a consequência que cada atitude vai trazer. Numa situação de escolha, por exemplo, os adeptos do consequencialismo optam pela escolha cujas consequências sejam menos expansivas, menos prejudiciais. No entanto, esta corrente sofre críticas, pois quando se fala de ética e moral, nunca há uma fórmula correta para todas as situações.

Bonde desgovernado – dois trilhos – 05 operários em um e apenas 01 operário no outro. Para os consequencialistas, o certo seria escolher mudar o trilho e matar apenas 01, em vez de 05.

05 pacientes doentes terminais que morrerão sem que ache um doador de órgãos. Na sala ao lado um paciente íntegro, que foi ali apenas fazer um exame de rotina. Seria justo mata-lo para salvar os outros cinco?

Page 7: Introdução - Ética Geral

Correntes sobre Justiça2 – Corrente Utilitarista: Iniciada pelo filósofo Jeremy Bentham, nascido na Inglaterra em 1748. Para essa corrente, a coisa certa, o justo a se fazer é maximizar a utilidade. Potencializar o bem geral ou a felicidade coletiva. Utilidade seria o equilíbrio entre o prazer e a dor, entre o bem-estar e o sofrimento.Benefícios x custos. A decisão certa a se tomar seria a menos onerosa, a menos custosa.

 

Page 8: Introdução - Ética Geral

- Caso do naufrágio, onde ocorreu um canibalismo em alto mar. Inglaterra, século XIX. Alto mar, a 2.600 Km do Cabo da Boa Esperança, no Atlântico Sul.04 tripulantes, dentre eles um jovem de 17 anos que pediu para fazer a viagem com o capitão. Ele não tinha família. Depois de uma tempestade o navio afundou e os quatro tripulantes se salvaram em um bote salva-vidas. Só tinham duas latas de atum. Sem água potável. Nos três primeiros dias nada comeram. Depois dividiram uma das latas de atum. Depois conseguiram pescar uma tartaruga e com a outra lata de atum, se alimentaram pelos próximos 08 dias. O Jovem adoeceu porque tomou agua do mar. Propuseram uma loteria, pois um precisava morrer para que os outros sobrevivessem. Mataram o jovem e por 04 dias se alimentaram de seu corpo até que foram resgatados. No julgamento, alegaram esse princípio e que agiram em estado de necessidade.

Page 9: Introdução - Ética Geral

- (caso Ford) – Década de 70, carro “Ford Pinto”, um carro compacto, baixo custo. Tinha um problema: o tanque de combustível ficava na parte traseira e toda colisão traseira o veículo explodia. Algumas pessoas morreram e outras tiveram ferimentos graves. A maioria processou a Ford e a linha de defesa da empresa comprovou que ficava mais barato pagar as indenizações que investir na segurança do carro. Foi feita uma análise do custo-benefício. Mas há medida justa para o valor da vida?

- Custo do cigarro x custo da economia das pessoas que morrem mais cedo por causa do tabagismo.

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Deontologia x Diceologia

Deontologia: ● Estudo dos deveres dos profissionais do direito,

especialmente dos advogados.● As regras deontológicas previstas no EAOAB são

providas de força normativa.● As primeiras regras deontológicas datam do Sec. XIII,

com a Ordenação Francesa do Rei São Luiz.

Diceologia: ● Estudo dos direitos dos profissionais do direito,

especialmente dos advogados.● As regras deontológicas previstas no EAOAB são

providas de força normativa.

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Origem e evolução histórica da advocacia

Nascida no terceiro milênio antes de Cristo, na Suméria (Mesopotânea, atual Sul do Iraque). Naquela época não existiam cursos de Direito e as defesas eram feitas por pessoas chamadas “Sábios”, que embora lhe faltasse a formação profissional, tinham o poder da oratória. Cita-se Demóstenes, Péricles e Isócrates.

Em Roma, até a criação da Lei das XII Tábuas, a advocacia forense era tarefa dos Patrícios (patronos de seus clientes). Depois dela, alargou-se a atuação.

Inglaterra: Advogados eram os Clérigos (os únicos que sabiam ler e escrever); Somente no Sec. XV, os advogados laicos conseguiram se organizar.

Santo Ivo é indicado como patrono dos advogados. Nascido na França em 1253, cursou Direito, Filosofia e Teologia. Ordenado sacerdote, por quatro anos foi juiz eclesiástico na diocese de Rennes. Atuou perante os Tribunais na defesa dos pobres e necessitados. Em 19 de maio de 1347 foi canonizado, comemorando-se nesta data o Dia do Defensor Público.

Page 12: Introdução - Ética Geral

Origem e evolução histórica da advocacia

No Brasil, No Brasil, os primeiros cursos de Direito surgiram em 1827, em Olinda e em São Paulo.

A fundação do Instituto da Ordem dos advogados Brasileiros, em 1843, e, finalmente, a criação da Ordem dos Advogados do Brasil, em 1930, simbolizam as etapas evolutivas da organização da advocacia brasileira, consagradas no atual Estatuto da Advocacia, Lei 8.906, de 4 de abril de 1994.

Não podemos deixar de citar os leguleios ou rábulas, que eram pessoas que aprendiam e exerciam o ofício na prática, sem terem cursado o curso de Direito. Isto era possível porque as Ordenações Filipinas exigiam o curso de direito (08 anos na Universidade de Coimbra em Direito Canônico ou Civil, ou ambos) apenas para os que pretendessem advogar na Corte. Fora dela, em razão do Alvará Régio de 24 de julho de 1713, não havia essa exigência e os rábulas não podiam então ser punidos, bastando que fossem pessoas idôneas.

Como dito, somente a partir de 1930, iniciou no Brasil a regulamentação profissional do advogado, com exigência de formação universitária, salvo nas regiões onde se fazia necessária a figura do rábula ou provisionado.

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Preambulo do Código de Ética e Disciplina da OAB:

O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, ao instituir o Código de Ética e Disciplina, norteou-se por princípios que formam a consciência profissional do advogado e representam imperativos de sua conduta, tais como: os de lutar sem receio pelo primado da Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que esta seja interpretada com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e as exigências do bem comum; ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas relações profissionais e em todos os atos do seu ofício; empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a realização prática de seus legítimos interesses; comportar-se, nesse mister, com independência e altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e poderosos; exercer a advocacia com o indispensável senso profissional, mas também com desprendimento, jamais permitindo que o anseio de ganho material sobreleve à finalidade social do seu trabalho; aprimorar-se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal; agir, em suma, com a dignidade das pessoas de bem e a correção dos profissionais que honram e engrandecem a sua classe.

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Estatuto da Advocacia e da OAB Da Advocacia:

– O advogado é um instrumentalizador do Estado Democrático de Direito, a quem se confiam a defesa da ordem jurídica, da soberania nacional, da soberania, da dignidade da pessoa humana, bem como dos valores sociais maiores e ideais de justiça.

– Em suma, o advogado apresenta-se como condição necessária para a efetivação dos fundamentos, dos objetivos fundamentais e dos princípios da república (CF, art. 1.º ao 4.º);

– O advogado constitui meio necessário a garantir, no mínimo, o respeito à isonomia e a todos os direitos e garantias fundamentais, individuais e coletivos, previstos no país, permitindo a todos a defesa de seu patrimônio econômico e moral.

– Ao advogado se reservou, por definição, a posição de combatente, dando-lhe a função de lutar pelo direito.

Ler Gladston Mamede, pag. 4, 5 e 6.

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Atividade da advocacia Para o Estatuto, advogado é o bacharel em direito, inscrito no quadro de advogados da OAB, que realiza atividade de postulação ao poder judiciário, como representante judicial de seus clientes, e atividades extrajudiciais de direção, consultoria, assessoria em matérias jurídicas.

Apenas os inscritos na OAB podem utilizar a denominação advogado. Os cursos jurídicos não formam advogados, como não formam magistrados, procuradores, promotores de justiça, delegados, etc., mas bacharéis em direito.

Houve quem buscasse junto ao judiciário a possibilidade de ser advogado, sem a aprovação no exame da OAB, argumentando que a CF, art. 5.° inciso XIII, assegura ser livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão. O STF, julgando Agravo de Instrumento 198.725/SP repeliu o argumento, dizendo que realmente é livre o exercício, mas desde que respeitados os limites que a Lei estabelecer e, no caso o Estatuto da OAB é claro no sentido da exigência da aprovação no exame. Outro argumento seria o múnus público, já que o advogado lida com direitos indisponíveis de clientes, precisando estar bem preparado para o encargo, o que não se garantiria sem a prova da OAB. Deixam de ser advogados os que, por qualquer motivo, têm suas inscrições canceladas na OAB. Os licenciados não perdem a qualificação, embora tenham o exercício profissional suspenso.

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Atividades Privativas da Advocacia

Art. 1º /EAOAB: São atividades privativas de advocacia:

I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;Observação: Expressão "qualquer" declarada

inconstitucional, em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, consoante o disposto nos autos da ADI nº 1127-8. Ela foi proposta em 1994, pela Associação dos Magistrados do Brasil, teve como relator o Ministro Marco Aurélio de Melo e só foi julgada quanto ao mérito em 26/05/2006 (12 anos de tramitação). A declaração de inconstitucionalidade da palavra “qualquer” justificou-se porque de fato, em algumas jurisdições, não é necessária a presença de advogado para postular, como por exemplo, nos Juizados Especiais nas causas de até 20 salários mínimos até primeira instância, na Justiça do Trabalho nas instâncias ordinárias, perante o Juiz de Paz, Habeas Corpus etc..

Postulação é o ato de pedir ou exigir a prestação jurisdicional do Estado. Promove-a privativamente o advogado, em nome do seu cliente. Ninguém, ordinariamente, pode postular em juízo sem a assistência de advogado, a quem compete o exercício do jus postulandi. São nulos de pleno direito os atos processuais que, privativos de advogado, venham a ser praticados por quem não dispõe de capacidade postulatória.

Page 17: Introdução - Ética Geral

Atividades Privativas da Advocacia

Art. 1º /EAOAB: São atividades privativas de advocacia:

I - (...);II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

Crescimento da advocacia preventiva, que busca soluções negociadas aos conflitos ou ao aconselhamento técnico que evite o litígio judicial. Os atos e contratos elaborados por mãos técnicas podem afastar prejuízos futuros.

A assessoria jurídica é espécie do gênero advocacia extrajudicial, pública ou privada, que se perfaz auxiliando quem deva tomar decisões, realizar atos ou participar de situações com efeitos jurídicos, reunindo dados e informações de natureza jurídica, sem exercício formal de consultoria.

Direção jurídica tem o significado de administrar, gerir, coordenar, definir diretrizes de serviços jurídicos.

A consultoria jurídica não pode ser prestada como oferta ao público, de modo impessoal, por utilização de meios de comunicação, como telefone ou internet. O modelo de sociedade de advogados adotado pela Lei 8.906/94 é o de organização de meios, não podendo ter finalidades mercantis ou empresariais. Nesse sentido, entendeu o CFOAB ser ilegal a implantação de sistema de prestação de serviços de consultoria jurídica por telefone.

Page 18: Introdução - Ética Geral

Atividades Privativas da Advocacia

Art. 1º /EAOAB: (...)§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal.§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.

O Estatuto considera nulos os atos que não estejam visados por advogado. O visto não é mera formalidade, importa o comprometimento com a forma e o conteúdo do ato, estando sujeito a deveres ético-profissionais e à responsabilidade civil culposa por danos decorrentes. Estabelece o art. 2.° do Regulamento geral que o visto do advogado “deve resultar da efetiva constatação, pelo profissional que os examinar, de que os respectivos instrumentos preenchem as exigências legais pertinentes”.

A Lei 11.414/2007, que dispõe sobre separações, divórcios, inventários e partilhas extrajudiciais, estabeleceu que é indispensável a intervenção do advogado nas respectivas escrituras públicas. Conforme art. 9.° da Resolução 35/2007 do CNJ é vedada a indicação de advogado pelo tabelião, que deve ser contratado pelas partes, em razão da confiança nele depositada. Se as partes não tiverem condições financeiras de contratar um advogado, deverão ser assistidos por defensor público.

Page 19: Introdução - Ética Geral

Atividades Privativas da Advocacia

Art. 1º /EAOAB: (...)§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.

A advocacia não pode estar associada a outra atividade, seja ela qual for. É proibida a divulgação, por exemplo, de advocacia e atividade contábil, de advocacia e imóveis, de advocacia e consultoria econômica.

A violação desse dever, também previsto no CEDOAB, art. 28, importa infração disciplinar sujeita à sanção de censura (Art. 36, II e III, do EAOAB).

Page 20: Introdução - Ética Geral

Características Essenciais da Advocacia

Art. 2º /EAOAB: O advogado é indispensável à administração da justiça.§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social.§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta lei.

Art. 133/CF: O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Em suma, são características essenciais da advocacia, a indispensabilidade, a inviolabilidade, a função social e a independência.

Page 21: Introdução - Ética Geral

Indispensabilidade do advogado

Art. 2º /EAOAB: O advogado é indispensável à administração da justiça.

Art. 133/CF: O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

O princípio da indispensabilidade não foi posto na CF como favor corporativo. Sua razão é de evidente ordem pública e de relevante interesse social, como instrumento de garantia de efetivação da cidadania. É a garantia da parte e não do profissional.

Em face do litígio, a administração da justiça pressupõe a paridade de armas, mediante a representação e defesa dos interesses das partes por profissionais com idênticas habilitação e capacidade técnica. O acesso igualitário à justiça e a assistência jurídica adequada são direitos invioláveis do Cidadão.

Page 22: Introdução - Ética Geral

Natureza da Advocacia: Serviço público. Função Social.

Art. 2º /EAOAB: (...)§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social.

O advogado atua no ramo do direito privado, no entanto, o legislador reconheceu a função que ocupa na sociedade, por tratar-se de um trabalho indispensável para a garantia do Estado Democrático de Direito, referência primária da organização da república, de acordo com o art. 1.°, caput, da CF. Trata-se de um serviço prestado a bem do Estado e da sociedade. Nesse sentido é o disposto no artigo 2.° do CEDOAB:

Art. 2º/CEDOAB: O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce.

Em fato, de pouca valia seria garantir direitos a quem os ignora ou não sabe utilizá-los adequadamente, bem como defendê-los. O advogado é justamente aquele que empresta ao cidadão as condições necessárias para o exercício de sua cidadania.

Page 23: Introdução - Ética Geral

Múnus Público

Múnus público é o encargo a que se não pode fugir, dadas as circunstâncias, no interesse social. A advocacia, além de profissão é múnus, pois cumpre o encargo indeclinável de contribuir para a realização da justiça, ao lado do patrocínio da causa, quando atua em juízo. Nesse sentido, é dever que não decorre de ofício ou cargo público.

É serviço público na medida em que o advogado participa necessariamente da Administração Pública da justiça, sem ser agente estatal; cumpre uma função social, na medida em que não é simples defensor judicial do cliente, mas projeta seu ministério privado na dimensão comunitária, tendo sempre presente que o interesse individual que patrocine deve estar plasmado pelo interesse social.

Page 24: Introdução - Ética Geral

Representante do Interesse das PartesArt. 2.°/EAOAB:§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.

O trabalho do advogado é parcial por essência: sua função é tomar a posição da parte que representa, expressar seus valores e interesses, argumentar a seu favor. Como diz Gladston Mamede (pag. 17):

“o advogado que aceita representar um sujeito de direitos e deveres não pode ser – ele também – um julgador da controvérsia discutida no desenrolar do processo. Esse não é seu trabalho. Se pretende julgar a pessoa – e condená-la -, que o faça no restrito âmbito de sua consciência, renunciando, se necessário, ao patrocínio. Mas se vai defendê-la, deve abraçar seu ponto de vista, dentro – repita-se - de limites legais e éticos razoáveis, agindo de forma lícita e leal. Essa decisão, entretanto, não é simples, certo que implica uma reflexão de fortes reflexos éticos, da qual o advogado, enquanto ser humano, não deve fugir.”

Page 25: Introdução - Ética Geral

Inviolabilidade no Exercício da Advocacia

Art. 2.°/EAOAB§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta lei.

A inviolabilidade não traduz privilégio. Pelo contrário, a inviolabilidade, a exemplo do que ocorre com a imunidade, vincula-se a situações. Não é a pessoa do advogado que é inviolável, mas a situação (a função que desempenha).

Page 26: Introdução - Ética Geral

Inviolabilidade no Exercício da Advocacia

Art. 7.° EAOAB:§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.Observação(ões): Expressão "ou desacato" declarada inconstitucional, em decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, consoante o disposto nos autos da ADI nº 1127-8.

A imunidade está restrita à injuria e difamação. Calúnia (quando o agente imputa falsamente a alguém fato definido como crime, art. 138, CP. Ex: Falsificação de documentos) e desacato são sim puníveis.

Em oposição, se não há elementos que permitam concluir que o advogado quis, deliberadamente, imputar falseadamente fato definido como crime, quando apenas narra os fatos que o cliente lhe expos, bem como quando acredita nos fatos que narra, não haverá falar em calúnia. É imprescindível o elemento subjetivo do tipo: agir dolosamente. Não há calúnia culposa!