introdução ao mercado de ações e de capitais (desconhecido)[1]

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SUMÁRIO

1. O MERCADO DE CAPITAIS .......................................................................................1 1.1 Estrutura e Funcionamento do Sistema Financeiro ...................................................1 1.2 Segmentação do Mercado Financeiro .......................................................................3 1.3 Mercado de Capitais ..................................................................................................7 1.4 Financiamento das Empresas ...................................................................................9 2. AÇÕES ........................................................................................................................13 2.1 Definição....................................................................................................................13 2.2 Classificação das Ações ............................................................................................13 2.3 Direitos dos Acionistas...............................................................................................15 2.3.1 Dividendos ..............................................................................................................15 2.3.2 Juros Sobre o Capital Próprio.................................................................................15 2.3.3 Bonificações ...........................................................................................................15 2.3.4 Split.........................................................................................................................16 2.3.5 Direito de Subscrição..............................................................................................16 2.3.6 Direito de Retirada..................................................................................................16 2.4 Ofertas Públicas de Ações.........................................................................................17 2.4.1 Underwriting............................................................................................................17 2.4.1.1 Underwriting Firme...............................................................................................17 2.4.1.2 Melhor Esforço ou “Best-Effort Underwriting” ......................................................18 2.4.1.3 Residual ou “Stand-By Underwriting”...................................................................18 2.4.2 Block Trade.............................................................................................................18 2.5 Participantes ..............................................................................................................18 2.5.1 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ................................................................19 2.5.2 Sociedades Corretoras ...........................................................................................19 2.5.3 Agentes Autônomos de Investimento .....................................................................20 2.5.4 Investidores Institucionais.......................................................................................20 2.5.5 Sociedades Distribuidoras ......................................................................................21 3. BOLSAS DE VALORES...............................................................................................22 3.1 Histórico.....................................................................................................................22 3.2 Conceituação Legal e Funções .................................................................................23 3.3 Organização Interna ..................................................................................................24 4. OS MERCADOS NAS BOLSAS ..................................................................................26 4.1 O Novo Mercado da BOVESPA.................................................................................26 4.2 Mercado à Vista.........................................................................................................27 4.2.1 Custódia..................................................................................................................28 4.2.2 Ciclo de Liquidação.................................................................................................28 4.2.3 Operação “Day Trade” no Mercado á Vista ............................................................29 4.2.4 Compensação e Liquidação ...................................................................................30 4.2.5 Formação do Preço à Vista ....................................................................................31 4.2.6 Porque Comprar Ações? ........................................................................................31 4.2.7 Ajuste do Preço à Vista da Ação em Função de Proventos....................................31 4.2.8 Custos de Transação..............................................................................................31 4.2.9 Tributação...............................................................................................................31

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4.2.10 Negociação...........................................................................................................32 4.3 Os Índices de Bolsas de Valores ...............................................................................32 4.4 Mercado a Termo ......................................................................................................36 4.4.1 Prazos.....................................................................................................................36 4.4.2 Ações Negociadas ..................................................................................................36 4.4.3 Formas de Liquidação ............................................................................................36 4.4.4 Custos de Transação..............................................................................................37 4.4.5 Tributação...............................................................................................................37 4.4.6 Proventos................................................................................................................37 4.4.7 A Ótica do Comprador ............................................................................................37 4.4.8 A Ótica do Vendedor...............................................................................................37 4.4.9 Operações de Financiamento.................................................................................37 4.4.10 Financiamento a Termo ........................................................................................37 4.4.11 Rolagem a Termo .................................................................................................38 4.5 Mercado Futuro de Ações Individuais........................................................................38 4.6 Mercado de Opções...................................................................................................41 4.6.1 Conceitos Básicos Utilizados no Mercado de Opções............................................41 4.6.2 Garantias ................................................................................................................45 4.6.3 Prazos de Liquidação no Mercado de Opções .......................................................45 4.6.4 Custos de Transação..............................................................................................46 4.6.5 Tributação...............................................................................................................46 4.6.6 Proventos................................................................................................................46 5. NEGOCIAÇÃO ............................................................................................................47 5.1 Sistema de Negociação Eletrônica ............................................................................47 5.1.1 Tipos de Ofertas no Pregão Eletrônico ...................................................................47 5.2 A Validade das Ofertas ..............................................................................................48 5.3 Sistema de Negociação Internet “Home Broker” .......................................................48 5.4 As Ordens..................................................................................................................48 5.5 As Negociações.........................................................................................................48 6. DECISÕES DE INVESTIMENTO NO MERCADO DE AÇÕES ...................................50 6.1 A Análise Fundamentalista ........................................................................................50 6.2 Análise Gráfica ..........................................................................................................60 6.6.1 Gráfico de Barras....................................................................................................62 6.6.2 Gráficos de Candlestick ..........................................................................................62 6.2.3 Ponto de Retorno, Topos, Fundos, Suportes e Resistências .................................65 6.2.4 Ziguezagues ...........................................................................................................69 6.2.5 Tendências .............................................................................................................70 6.2.6 Interpretação dos Gráficos Através de Figuras.......................................................80 6.2.6.1 Padrões dos Gráficos de Barras..........................................................................80 6.2.6.1.1 Padrões de Continuação ..................................................................................80 6.2.6.1.1.1 Triângulos ......................................................................................................81 6.2.6.1.1.2 Retângulos.....................................................................................................86 6.2.6.1.1.3 Cunhas ..........................................................................................................88 6.2.6.1.1.4 Bandeiras, Flâmulas e Similares....................................................................90 6.2.6.1.2 Padrões de Reversão .......................................................................................93

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6.2.6.1.2.1 Cabeça e Ombros..........................................................................................93 6.2.7 Índice de Força Relativa .........................................................................................97 6.2.8 GAP’s.................................................................................................................... . 99 6.2.8.1 GAP’s Tipos e Significados................................................................................ 100 7. OS AXIOMAS DE ZURIQUE ..................................................................................... 104

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1. O MERCADO DE CAPITAIS

1.1 Estrutura e Funcionamento do Sistema Financeiro

O sistema financeiro pode ser conceituado como um conjunto de instituições e instrumentos financeiros que possibilitam a transferência de recursos dos ofertadores últimos para os tomadores últimos e criam condições para que os títulos tenham liquidez no mercado.

Os tomadores últimos de recursos são aqueles que se encontram em posição de déficit financeiro, isto é, aqueles que pretendem gastar (em consumo e/ou investimento) mais do que sua renda. Eles precisam do complemento de poupanças de outros para executar seus planos

Os ofertadores últimos de recursos são aqueles que se encontram em posição de superávit financeiro, isto é, aqueles que pretendem gastar (em consumo e/ou investimento) menos do que sua renda.

Diz-se ofertadores últimos ou ofertadores finais e tomadores últimos ou tomadores finais de recursos(e não simplesmente tomadores e ofertadores de recursos) para diferenciá-los dos intermediários financeiros, que oferecem recursos dos ofertadores últimos e não o seu próprio superávit financeiro, e tomam recursos não para cobrir o seu próprio déficit financeiro, mas para repassá-los aos tomadores finais para que cubram seus déficits.

• Objetivo do Sistema Financeiro

O Sistema Financeiro Nacional compõem-se de instituições responsáveis pela: • captação de recursos financeiros; • distribuição e circulação de valores; e • regulação desse processo.

• Instituições e Ativos Financeiros

As instituições financeiras que operam no mercado são classificadas segundo a natureza das obrigações secundárias que emitem e tipos de operações a que estão autorizadas a realizar. O primeiro critério permite classificar as instituições financeiras em bancárias e não-bancárias. Já, pelo tipo de operações, tem-se as instituições de crédito e aquelas distribuidoras de títulos e valores mobiliários.

As instituições de crédito, classificadas como bancárias (ou monetárias) são os bancos comerciais e o Banco Central que, são responsáveis pela oferta de moeda. O Banco Central emite papel moeda (moeda legal), a qual, uma vez em poder do público vai constituir, com os depósitos à vista nos bancos comerciais, os meios de pagamentos da economia.

A criação de meios de pagamentos pelo Banco Central é bastante simples de se entender, uma vez que ela se reflete na própria emissão do papel-moeda.

A criação de moeda por parte dos bancos comerciais, por outro lado, pode ser melhor entendida através do seguinte exemplo:

Suponhamos que 100 indivíduos depositem em um banco comercial $100.000,00. Para que eles possam depositar essa quantia, obviamente, já tivemos

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antes uma criação moeda, representada pela emissão do papel-moeda pelo Banco Central.

O simples ato de depositar não significa a criação de meios de pagamento, uma vez que os indivíduos estarão simplesmente trocando um ativo monetário (dinheiro) por outro (depósito à vista). Contudo, por uma questão de probabilidade, o banco sabe que pode emprestar parte desses depósitos, porque nem todos sacam seus recursos ao mesmo tempo.

Assim, parte desses depósitos ele mantém em caixa (como encaixe) para atender aos saques dos depositantes, parte ele recolhe compulsoriamente ao Banco Central e o restante ele emprestará a tomadores, que poderão depositá-lo em outros bancos, os quais por sua vez, usarão o mesmo processo.

Desse modo, pelo efeito multiplicador, depósito inicial de $100.00,00 transforma- se em vários outros de menor porte. Este é, em essência, o mecanismo básico de criação de moeda escritural.

Por esse processo, os bancos comerciais, mantendo encaixes inferiores aos seus depósitos, tornam os meios de pagamento várias vezes superiores ao saldo do papel-moeda emitido. Isso porque, quando o banco concede um empréstimo com base em seus depósitos à vista, o dinheiro passa a pertencer ao tomador do empréstimo sem que o depositante, perca seu direito de saque.

As instituições financeiras não-bancárias (ou não-monetárias) não possuem a faculdade de criar moeda, no conceito de meios de pagamentos. A emissão da moeda legal é monopólio do Banco Central, e o recebimento de depósitos à vista é uma concessão deste Banco aos bancos comerciais.

Dentre as não-bancárias distinguem-se as instituições de crédito daquelas cuja função principal é a distribuição de títulos e valores mobiliários. A estas últimas denominam-se instituições auxiliares e compreendem, basicamente, as Sociedades Corretoras de câmbio, títulos e valores mobiliários e as Distribuidoras.

Dentre as não-bancárias que operam crédito tem-se os Bancos de Investimentos; as Financeiras (Sociedades de crédito financiamento e investimento); as Sociedades de crédito Imobiliário; as Associações de Poupança e Empréstimo, as Companhias de Arrendamento Mercantil (leasing) e as empresas de “factoring”.

Os instrumentos financeiros podem também ser classificados em ativos financeiros monetários e ativos financeiros não-monetários. No caso brasileiro:

a) ativos financeiros monetários — são o papel-moeda em poder do público, mais depósitos à vista nos bancos comerciais, inclusive no Banco do Brasil e nas Caixas Econômicas. b) ativos financeiros não-monetários — são todos os demais: ações, duplicatas, letras imobiliárias, depósitos de poupança, certificados de depósitos a prazo, etc. Enquanto os instrumentos monetários só podem ser emitidos pelas instituições

monetárias (Banco Central e bancos comerciais), os não-monetários são predominantemente emitidos por instituições financeiras não-monetárias e empresas de um modo geral. Todavia, podem também ser emitidos por pessoas físicas ou instituições financeiras monetárias. Assim, por exemplo, um certificado de depósito a prazo (ativo

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financeiro não-monetário) tanto pode ser emitido por um banco comercial (instituição monetária) como por um banco de investimento (instituição não- monetária).

Ativos financeiros, portanto, são todos os instrumentos financeiros emitidos diretamente pelos tomadores de recursos ou pelas instituições financeiras que exercem a conexão entre esses tomadores e os ofertadores.

Dada a existência de conflitos de interesses entre as atividades de crédito e aquelas ligadas à distribuição de títulos e valores mobiliários, vale ressaltar que, apesar de inúmeras superposições dessas funções, destacadamente devido a crescente conglomeração das instituições financeiras, os limites institucionais, por este critério, resultam claramente demarcados.

As instituições que operam crédito somente participam da distribuição de valores mobiliários na fase de lançamento público (mercado primário). Por outro lado, as instituições que operam, basicamente, a distribuição de títulos e valores mobiliários nos mercados secundários somente trabalham com uma modalidade específica de crédito a seus clientes, hoje consubstanciada nas operações de “conta margem”.

• O Papel do Sistema Financeiro

Ao se tratar das questões relacionadas às configurações estruturais do sistema financeiro têm-se que levar em conta, em primeiro lugar, os tipos básicos de dispêndios que a economia objetiva realizar e, em segundo, inscrever essas configurações no contexto mais amplo das relações financeiras internacionais.

A primeira condicionante imprime sentido às transações do sistema financeiro e sinaliza suas tendências estruturais, pois, a cada configuração do padrão de gastos — configurações dos dispêndios em consumo e investimento - deverá corresponder uma estrutura financeira que poderá ser ótima, enquanto sustente esses gastos em seus níveis mais elevados, ou sub-ótima, deprimindo-os.

A segunda condicionante dá o fechamento lógico à estrutura financeira que além de atender ás necessidades de financiamentos internos, engendradas pelo crescimento econômico, deverá estar em consonância com o estágio mais avançado do desenvolvimento financeiro no plano internacional. É dizer, a estrutura financeira de um país deverá se ajustar, simultaneamente, às condicionantes internas que definem o estágio de seu desenvolvimento.

1.2 Segmentação do Mercado Financeiro

De acordo com certas características, o mercado financeiro pode ser subdividido em quatro mercados específicos.

Mercado de crédito É onde são efetuados os financiamentos a curto e médio prazos, do consumo

corrente e dos bens duráveis, e do capital de giro das empresas. No Brasil, atuam basicamente neste mercado os bancos comerciais, as companhias financeiras e os bancos múltiplos.

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Mercado de capitais É onde são efetuados os financiamentos do capital de giro e do capital fixo das

outras empresas e das construções habitacionais. É neste mercado que está concentrada a maior parte das operações das instituições financeiras não-monetárias; os financiamentos são, basicamente, de médios e longos prazos, e até mesmo de prazo indeterminado, como as operações do mercado de ações que se constitui em um segmento deste mercado.

Mercado monetário É onde se realizam as operações de curto e curtíssimo prazo. Nele são

financiados os desencaixes monetários dos agentes econômicos, especialmente as necessidades momentâneas de caixa dos bancos comerciais e do Tesouro Nacional. Nele ocorrem as operações de “mercado aberto”, inclusive as operações de um dia, chamadas “over-night”.

Este mercado existe como um instrumento de política monetária: através dele o Banco Central atua sobre o nível de liquidez da economia. Quando pretende reduzir a liquidez, vende títulos de sua emissão ou de emissão do Tesouro Nacional, retirando, assim, moeda do sistema. Quando pretende expandir a liquidez, recompra esses títulos, ampliando o volume de moeda em circulação na economia.

Mercado cambial É onde são realizadas operações que envolvem a necessidade de conversão de

moedas estrangeiras em moedas nacionais e vice-versa. Basicamente, são operações de curto prazo e as instituições que nele atuam são os bancos comerciais e as firmas autorizadas, com a intermediação das Corretoras.

As operações do mercado cambial são basicamente de compra e venda de moeda estrangeira, com a intermediação de instituições financeiras autorizadas. O intermediário financeiro compra divisas dos exportadores e vende para os importadores.

A compra dos exportadores pode ser feita a prazo (curto prazo), isto é, com o pagamento em moeda nacional antecipadamente ao recebimento da moeda estrangeira. Funciona, portanto, como um financiamento. As vendas de divisas aos importadores podem, por sua vez, ser feitas a prazo, em operações a futuro ou à vista.

Além disso, as instituições financeiras negociam divisas entre si para fechamento de suas posições. Estas operações são semelhantes às do mercado aberto, com a diferença, naturalmente, que o dinheiro não é nacional e sim divisas (dólar, marco, etc.).

Embora sejam perfeitamente distintos quanto as suas características não resta dúvida de que esses mercados se inter-relacionam, e determinadas operações podem afetar, simultaneamente, vários deles.

No quadro não estão explicitadas as origens dos recursos que fluem através de cada mercado. É bom esclarecer que os financiamentos provenientes do exterior (empréstimos de instituições financeiras internacionais, empréstimos de bancos estrangeiros, etc.) ingressam no mercado financeiro interno via mercado de crédito ou via mercado de capitais, segundo suas finalidades e prazos.

O mercado cambial refere-se a operações de compra e venda de divisas internamente. No Brasil, tais operações são feitas sob o controle do Banco Central.

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Um outro aspecto que merece destaque é o não flexionamento desta segmentação segundo as modalidades operacionais. Por este critério os diversos mercados se desdobrariam em à vista, a prazo, a termo, futuros, de opções, etc.

No mercado de créditos teríamos um segmento para negociação com Certificados de Depósitos Bancários (CDB), por exemplo, onde se realizariam as operações de emissão e colocação primária desses títulos e aquelas de troca de suas propriedades (mercado secundário), ambas na modalidade à vista.

Teríamos ainda um outro, onde seriam negociados contratos para entrega futura desses títulos. Da mesma forma podem-se entender os mercados futuros para títulos públicos, moedas estrangeiras (mercado futuro de câmbio), e demais mercadorias cotadas nas bolsas de futuros.

No mercado de capitais teríamos os desdobramentos: mercado à vista (primário e secundário); a prazo, na fase de mercado primário (lançamento), a fase secundária, em negociações de “conta-margem”; a termo; de opções (de compra e de venda) sobre ações; e futuro de índices, onde se negociam contratos para entrega futura de ações que compõem a carteira (teórica) dos índices de preços e/ou de rentabilidade dos mercados.

A consideração desses desdobramentos como segmentação dos mercados fundamenta-se no fato de terem, não só espaços de negociação próprios, mas também por envolverem tipos diferentes de ativos financeiros e agentes em suas transações.

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SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

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SEGMENTAÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO (Esquema)

1.3 Mercado de Capitais

• É onde se dá a distribuição e negociação de valores mobiliários; • Mercado Primário; • Mercado Secundário.

Mercado primário e Mercado secundário Existe, ainda, outra classificação de mercado financeiro bastante importante que

é a distinção entre mercado primário e secundário de títulos. Em principio, qualquer ativo financeiro tem sua primeira negociação no mercado

primário. Quando uma letra de câmbio, um certificado de depósito, uma ação ou qualquer outro ativo financeiro é vendido pela primeira vez, isto é, quando é posto em circulação no mercado, diz-se que tais operações ocorreram no mercado primário.

Se o primeiro comprador revender este ativo financeiro a uma terceira pessoa e esta uma a outra, e assim por diante, diz-se que tais operações ocorrem em mercado secundário.

A distinção entre mercado primário e mercado secundário é muito importante sob o ponto de vista econômico, já que põe em relevo a forma como se dá o fluxo de recursos para o financiamento, principalmente das empresas, e mostra através de que mecanismos esse fluxo pode ser mantido e aumentado.

É no mercado primário que a empresa obtém recursos para seus investimentos, que os bancos obtém recursos para financiar as empresas, etc. Deve-se ter em mente que apenas nas operações em mercado primário é que ocorre o fluxo de

MERCADO FINANCEIRO

VALORES MOBILIÁRIO

CRÉDITO MONETÁRIOCAMBIAL

Prazos Curto, Médio, Longo

e IndeterminadoFinanciamentos: Capital de Giro

Capital Fixo Underwriting

Ações Debêntures

Prazos Curto, Médio e

Aleatórios

Financiamentos:Capital de Giro

Capital Fixo Habitação

Rural Consumo

À Vista Curto e Curtíssimo

Prazo

Controle da Liquidez Bancária

À Vista e a Curto Prazo

Transformação da Moeda

Estrangeira em Moeda Nacional e

Vice-versa

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recursos dos fornecedores de fundos para aqueles que deles necessitam, tanto para investimentos como para consumo.

É ainda no mercado primário onde ocorre a colocação de ações ou outros valores mobiliários, provenientes de novas emissões. As empresas recorrem ao mercado primário para complementar os recursos que necessitam, visando financiamento de seus projetos ou seu emprego em outras atividades produtivas.

O mercado secundário é onde os títulos já existentes se transferem de um proprietário para outro. O valor transacionado nesse mercado não é canalizado para a empresa ou para o banco, etc. Sob o ponto de vista econômico, não significa aumento ou diminuição de recursos para financiar novos empreendimentos.

A função deste mercado é dar liquidez aos papéis (ativos financeiros), negociados no mercado primário.

Esse mercado é, pois, tão importante quanto o primário, uma vez que sua existência é condição para o funcionamento do outro. Os ativos financeiros não encontram colocação no mercado primário se não contarem com um mercado secundário organizado capaz de dar liquidez a esses papéis.

Como exemplo de mercados secundários podemos citar: o “open market” (mercado aberto) onde se transacionam, após a sua emissão e primeira venda, títulos como os de emissão do Tesouro Nacional, as Letras de Câmbio, Certificados de Depósitos Bancários (CDB), etc.; e as Bolsas de Valores, onde se transacionam, no caso brasileiro, predominantemente ações cuja emissão, muitas vezes, já ocorreu há décadas atrás.

O mercado secundário é onde ocorre a negociação dos valores mobiliários adquiridos no mercado primário.

ORGANIZADONÃO ORGANIZADO

Não tem lugar físico determinado

Qualquer título

pode ser negociado

MERCADO DE BALCÃO

BOLSA DE VALORES

Mantém lugar adequado para a

realização de negócios (pregão

viva-voz e eletrônico)

Divulga e registra rapidamente os

negócios executados

Supervisiona a liquidação das

operações

Sistema eletrônico de registro de

ofertas e divulgação dos

negócios realizados via

telefone Supervisiona a liquidação das

operações

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1.4 Financiamento das Empresas

Os interesses financeiros e os agentes econômicos, de um modo geral, estão constantemente gerando poupanças e fluxos financeiros que alimentam (financiam) o processo de crescimento da economia. Os recursos oriundos dos movimentos de caixa dos agentes econômicos estão associados às necessidades de pagamentos de curto prazo, e são transacionados, fundamentalmente, no mercado aberto. Já os recursos provenientes da poupança, conquanto não se excluem movimentações no “open market”, destinam-se, no fundamental, ao financiamento das atividades produtivas, em operações de prazos mais dilatados.

Estas operações são conduzidas no mercado de capitais. As empresas são, no sistema econômico, os principais centros de absorção dos

investimentos produtivos. Para o financiamento de uma unidade produtiva empresarial são requeridos recursos de diferentes naturezas, magnitudes e prazos, obtidos, normalmente, de diferentes fontes aglutinadoras de poupança. A atividade empresarial é, portanto, a arte de combinar, de forma eficiente, as atividades de obtenção de financiamentos, realização de investimentos, e de gerenciamento de processos de produção e de distribuição de seus produtos (bens ou serviços).

Simplificadamente, se uma empresa não dispõe de boa gerência de produto e distribuição de seus produtos, isto refletirá, negativamente, na sua política de financiamento que, por sua vez, implicará uma desajustada política de investimento. Neste caso, a empresa não gerará como resultados (lucros) do que advém baixa ou nula remuneração a seus credores e acionistas (proprietários), acarretando interrupções nos afluxos de recursos, indispensáveis à continuidade de suas funções econômicas e sociais.

• Fontes de Financiamento das Empresas

O empresário, para a realização de sua política de investimento, na constituição de seu patrimônio (ativo), conta com fontes internas e externas de financiamentos. Dentre as fontes internas destacam-se os lucros retidos, a administração ativos e passivos, e as proteções fiscais, que são recursos oriundos das diferenças do tratamento tributário de juros e lucros.

Quanto as fontes, externas, destacam-se os recursos dos acionistas (recursos próprios), os recursos tomados por empréstimos à terceiros (por emissão de debêntures, “commercial paper”, ou créditos bancários), e aqueles liberados por fornecedores. Ainda como fontes externas deve-se considerar os créditos do setor externo (capital estrangeiro) e os créditos subsidiados, supridos por fontes oficiais - créditos não onerosos.

• Política de Investimento e de Financiamento das Empresas

Os ativos pertencentes ao Patrimônio de uma empresa, em dado momento, são determinados em função da Política de Investimento adotada pela mesma. Esta política busca a combinação ótima desses ativos, com vista à maximização do seu retorno global, independentemente da forma pela qual eles são financiados.

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Por outro lado, ainda de acordo com essa orientação, o “mix” de recursos a ser canalizado para os investimentos é fixado através da política de financiamento.

Violadas as condições que caracterizam um mercado perfeito e completo, ela terá como objetivo, otimizar o nível de utilização das várias fontes (próprias e de terceiros), no intuito de promover a maximização do retorno dos proprietários. FONTES DE RECURSOS PARA O FINANCIAMENTO EMPRESARIAL

Lucros Retidos

Outras

Desimobilização

Planejamento Fiscal e Tributário

Giro dos Créditos maior que o Giro dos Débitos

INTERNAS

FONTES

EXTERNAS

RECURSOS DE

TERCEIROS

RECURSOS PRÓPRIOS

Crédito Subsidiado

Empréstimos Bancários

Commercial Paper

Debêntures

Empréstimos Externos

Fornecedores

Outras

Capital Social (Ações)

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• Sociedade Anônima Modelo jurídico que visa permitir a operacionalização de uma companhia, sem

maiores responsabilidades para seus sócios do que o capital investido. Características:

• Existência autônoma, com personalidade jurídica e patrimônio distintos; • Responsabilidade de seus sócios limitada ao aporte de capital; • Capital dividido em ações de livre transferência.

Tipos: • de Capital Aberto: registrada na Comissão de Valores Mobiliários e portanto

autorizada a distribuir valores mobiliários de sua emissão junto ao público. • de Capital Fechado: sem registro junto a Comissão de Valores Mobiliários; os

títulos de sua emissão só podem ser objetos de transações privadas.

• Por Que Abrir o Capital? Alguns empresários temem abrir o capital de sua empresa à participação do

público por entenderem que, assim fazendo, estão entregando aos investidores uma parte do seu patrimônio acumulado à custa de muito sacrifício. Esta é uma idéia errônea.

O acionista minoritário, o investidor, somente recebe remuneração efetiva se o capital empregado gerar bons resultados na empresa. Se houver prejuízo, participa dele junto com o empresário. Quando a empresa toma empréstimos é que pode ocorrer o contrário. Se o capital empregado resultar em prejuízo, tal prejuízo será absorvido totalmente pelo empresário. O emprestador do dinheiro não corre risco: é remunerado a uma taxa que fixa independe da obtenção ou não de lucros.

Os recursos captados no mercado, via emissão de ações para lançamento público, se observadas as regras básicas deste mesmo mercado e corretamente utilizados pela empresa, certamente contribuirão para a melhoria da remuneração do capital investido pelos acionistas majoritários. Aliás, só tem sentido tomar capitais de outros quando se espera que a rentabilidade global dos recursos investidos cresça com a aplicação dos novos recursos.

A existência de empresas privadas nacionais fortes e crescendo rapidamente pressupõe o acesso a ambos os mercados: ao mercado de crédito e ao mercado de ações. Além disso, exige o equilíbrio entre o volume de recursos provenientes de um e de outro mercado.

A principal vantagem do capital de risco é a sua permanência. Os recursos captados no mercado de ações não tem data fixa para resgate ou remuneração em dinheiro.

O mecanismo é simples: a) as ações são títulos emitidos sem prazos determinados de resgate; b) a empresa não precisa pagar dividendos quando sua situação financeira não o permita ou quando incorrido em eventuais prejuízos; c) mesmo que não receba dividendo ou que os receba em pequena proporção, o acionista poderá estar sendo devidamente remunerado pela valorização de suas ações no mercado.

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Um exemplo do que pode ocorrer em torno do item c: Suponhamos que determinada empresa decidiu implantar uma fábrica nova e não distribuiu, em determinado exercício, nenhum dividendo. No entanto, uma vez implantada a nova unidade industrial, ela teria sua rentabilidade sensivelmente aumentada. Assim sendo, mesmo no exercício em que não houve distribuição do dividendo, as ações da companhia valorizou-se suficientemente para remunerar em bom nível os investidores que as possuíam.

A razão é simples: os investidores sabiam que estavam enriquecendo com o desenvolvimento da empresa e o preço das ações refletia esta atitude.

Por outro lado, à medida que a participação dos recursos próprios aumenta na estrutura de capital da empresa, o custo dos capitais de empréstimos tende a ser menor. Portanto, há que se considerar ainda esta vantagem: os recursos captados via lançamento público de ações ou simples subscrição, melhorando a estrutura de capital da empresa, colocam-se em melhor posição em relação ás outras fontes de recursos, podendo resultar em menores custos do dinheiro obtido no mercado de crédito.

Além das vantagens fiscais, a abertura de capital é beneficiada nos outros fatores importantes, pois os investidores institucionais aplicam, prioritariamente, na subscrição ou compra de ações ou debêntures de emissão de companhias abertas, parte dos recursos por eles captados. Entre estes investidores institucionais estão os fundos de pensão, as companhias de seguros, os fundos mútuos de investimento em ações e os clubes de investimento. Eles representam um potencial elevado, que se constitui no mercado cativo para as ações das companhias abertas.

VALORES MOBILIÁRIOS

AÇÕES NOTAS PROMISSÓRIAS(Commercial Paper)

DEBÊNTURES SIMPLES E/OU CONVERSÍVEIS

EM AÇÕES

Não tem prazo para resgate

Representam menor fração do capital da empresa emitente

Renda variável

Geram benefícios aos

acionistas

Têm prazo para resgate (curto e médio prazo)

Representam

empréstimos tomados no mercado

Rendem juros

Têm prazo para resgate e/ou conversão em ações (longo prazo)

Representam

empréstimos tomados no mercado

Rendem juros, além

das atualizações monetárias

Somente as Sociedades Anônimas de Capital Aberto podem distribuir ao público os Valores Mobiliários de sua Emissão

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2. AÇÕES

2.1 Definição

A Sociedade Anônima (companhia) tem como característica fundamental a divisão do capital em partes iguais denominadas ações. A ação, por sua vez, representa uma parte ou unidade do capital traduzindo a contribuição dos acionistas à formação deste, quer em dinheiro, quer em bens.

Pode-se, portanto, conceituar a ação como título representativo do valor da fração em que é dividido o Capital Social e do qual resulta, para o seu titular, o direito de participar da vida social da companhia (S.A).

Tal participação processa-se patrimonialmente, mediante a percepção periódica de dividendos, e pessoalmente ou politicamente, através de fiscalização dos negócios e influências nas deliberações sociais através do voto.

As ações são, portanto, títulos de propriedade, representados por um certificado que confere ao seu possuidor uma parcela de participação no controle e nos lucros da empresa, bem como em suas obrigações.

Este certificado pode ser vendido e, conseqüentemente, transferido o seu interesse de propriedade para terceiros. A responsabilidade dos sócios ou acionistas é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.

2.2 Classificação das Ações

As ações que constituem o Capital Social de uma companhia podem ser classificadas segundo:

• o valor, • espécie, • a forma, • o tipo e • a classe.

Segundo o valor, as ações podem ser com valor nominal e sem este valor. O valor nominal será o mesmo para todas as ações em que se divide o capital social, independente de sua espécie, forma e classe, e nunca poderá ser inferior ao mínimo fixado pela CVM.

As ações sem valor nominal representam uma fração do capital social. Se a empresa tem, por exemplo, um capital de $1.000.000,00 e 500.000 ações emitidas, cada ação (sem valor nominal expresso) terá como valor

00,2$00,000.000.1*000002,000,000.000.1*000.500/1 ==

Neste caso, a fração do capital representada pela ação, em termos percentuais,

é de 0,0002% ou seja: dois décimos de milésimo por centro do capital social. Segundo a espécie, as ações podem ser:

• Ordinárias: são ações que dão direito a voto, além de participar dos resultados da companhia.

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• Preferenciais: são ações que normalmente apenas participam dos resultados da empresa, mas não tem direito a voto. Dependendo do estatuto da companhia, podem ter direito a voto em garantia de dividendos mínimos. Os direitos dos acionistas preferenciais aos ativos da empresa precedem os dos acionistas ordinários.

Ordinárias Preferenciais

• Dividendos; • Conferem o direito de voto; • Normalmente a cada ação

corresponde um voto.

• Prioridade nos dividendos (mínimos);

• Prioridade no reembolso do capital;

• Geralmente não têm direito de voto.

Quanto à forma, as ações podem ser Nominativas e Escriturais. A classe deve ser tratada como uma especificação adicional da ação, indicando,

principalmente, direitos particulares associados a determinada ação. Esses direitos particulares são indicados por especificações do tipo: Ação preferencial normativa classe A. O acionista deverá se informar junto a Bolsa ou à empresa que se refere esta classe.

2.3 Direitos dos Acionistas

Basicamente, o acionista tem apenas uma obrigação, a de integralizar sua parte no capital (isto é, pagar a empresa o valor das ações que subscreveu).

Entretanto, a lei n° 6.404/76, que regulamenta o funcionamento das sociedades anônimas, lhe confere uma série de direitos, que nem o estatuto social nem a assembléia geral podem tirar:

I. Participar dos lucros sociais; II. Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III. Fiscalizar, na forma prevista por lei, a gestão dos negócios sociais; IV. Preferência para subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis

em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição; V. Retirar-se da sociedade nos casos previstos em lei, mediante o reembolso

do valor de suas ações.

2.3.1 Dividendos

Parcela do lucro apurado pela empresa, que é distribuída aos acionistas por ocasião do encerramento do exercício social (balanço). Pela lei das S/A’s, deverá ser distribuído um dividendo de no mínimo 25% do lucro líquido apurado, e sempre em dinheiro. Os dividendos podem ter periodicidade diversa: mensal, trimestral, semestral, anual, etc., desde que conste no estatuto da empresa o período determinado. A Assembléia Geral Ordinária (AGO) é quem vai determinar o percentual a ser distribuído como dividendo, de acordo com os interesses da empresa, através da manifestação de

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seus acionistas. O montante a ser distribuído deverá ser dividido pelo número de ações emitidas pela empresa, desta forma, ficando garantida a proporcionalidade da distribuição.

O Estatuto poderá estabelecer o dividendo como porcentagem do lucro ou do capital social, ou fixar critérios para determiná-lo, desde que sejam regulados com precisão e minúcia e não sujeitem os acionistas minoritários ao arbítrio dos órgãos de administração ou da maioria.

O dividendo previsto não será obrigatório no exercício social que os órgãos da administração informar à assembléia geral ordinária ser ele incompatível com a situação financeira da companhia. O conselho fiscal, se em funcionamento, deverá dar parecer sobre essa informação e, na companhia aberta, seus administradores encaminharão à Comissão de Valores Mobiliários, dentro de 5 (cinco) dias da realização da assembléia geral, exposição justificativa da informação transmitida à assembléia.

Os lucros que deixarem de ser distribuídos serão registrados como reserva especial e, se não absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser pagos como dividendos assim que o permitir a situação financeira da companhia.

2.3.2 Juros Sobre o Capital Próprio

Para efeito da remuneração dos acionistas prevista em lei, a empresa poderá distribuir, ao invés de dividendos ou em conjunto com estes, juros sobre o capital próprio. Previstos na Lei 9249/95, que estabelece, inclusive, uma série de condições para que possa ser realizada, essa forma de distribuição de resultados tem como principal atrativo às empresas o fato de permitir sua dedução como despesa para efeito do cálculo do Imposto de Renda.

2.3.3 Bonificações

Consistem no recebimento gratuito de um número de ações proporcional à quantia já possuída. Resultam do número de capital, por incorporação de reservas ou lucros em suspenso. Para o patrimônio da empresa nada representam, uma vez que apenas há transferências de um valor inscrito em uma conta (do patrimônio liquido - reservas de lucros, reservas de reavaliações, etc.) para outra (de capital).

A bonificação representa a atualização da cota de participação do acionista no capital da empresa. Ela pode ser feita mediante a emissão de novas ações ao valor normal ou simplesmente pelo aumento do valor nominal das ações (carimbo) já existentes (sempre na mesma proporção da bonificação distribuída).

Por exemplo: uma empresa com capital de $100 milhões, divididos em 50 milhões de ações ao valor nominal de $2,00 cada uma, resolve promover um aumento de capital de 50% mediante a incorporação de reservas. Ela pode distribuir bonificação de uma ação para cada duas possuídas, ou , então, aumentar o valor nominal das ações para $3,00. Ambas as formas correspondem ao aumento de capital de 50%.

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2.3.4 Split

Nesses últimos anos difundiu-se, entre as companhias abertas, o uso do “split” ou desdobramento do número de ações, através do qual as empresas emitem novas ações que vão desde 1,2,3 ou 4 novas para cada ação antiga, até várias dezenas ou mesmo centena.

O desdobramento é permitido tanto para as ações com valor nominal, quanto para aquelas sem este valor. A operação de desdobramento de ações (“stok split”/ ou split off), não altera o capital da empresa, modificando, exclusivamente o valor individual das ações.

O aumento do valor nominal das ações, por bonificação, representa a atualização da participação do acionista, da mesma forma que a distribuição de novas ações, de mesmo valor nominal, apresentando, contudo, as seguintes diferenças:

• Para a empresa significa uma redução de custos e de serviços, pois não são emitidas novas cautelas (somente é fixado o novo valor nominal no verso das cautelas antigas)

• Para o acionista porque obterá um atendimento mais eficiente e mais rápido por parte da empresa. Em princípio as duas formas são indiferentes para os acionistas, pois a

bonificação, devido à diluição das ações, provoca um ajustamento do preço de mercado, compensado pelo aumento do número de ações possuídas, enquanto o aumento do valor nominal não altera o preço.

Nas duas hipóteses, o que pode aumentar é o fluxo de dividendos, isto no caso em que a empresa efetue a distribuição tomando como parâmetro o capital social da companhia.

Já, conforme a lei das sociedades por ações, os dividendos são calculados, via de regra, sobre o lucro líquido (25%).

2.3.5 Direito de Subscrição

O acionista tem o direito, assegurado por lei, de preferência para subscrição de ações, que consiste na prioridade comum a todos (acionistas ordinários e preferenciais) de adquirir, pelo preço da emissão, uma parcela das novas ações proporcional às já possuídas.

Normalmente, os aumentos de capital por meio de subscrições ocorrem quando as condições do mercado se apresentam favoráveis, de modo que os acionistas, subscrevendo as ações novas, ganham a diferença entre o seu preço de mercado e o seu valor de emissão. O direito de preferência na subscrição pode ser negociado no pregão da Bolsa.

2.3.6 Direito de Retirada

De acordo com a lei das sociedades anônimas, a aprovação das seguintes matérias pela assembléia geral dá ao acionista o “direito de retirada”:

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a) criação de ações preferenciais ou aumento de classes existentes sem guardar proporções com as demais, salvo, se já previstas ou autorizadas pelo estatuto; b) alterações nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais ou criação de nova classe mais favorecida; c) redução do dividendo obrigatório; d) fusão da companhia, ou sua incorporação em outra; e) participação em grupo de sociedade; f) mudança do objeto social da companhia. Nos casos dos itens “a” e “b”, somente terão direito os titulares das ações

prejudicadas. Já nos casos dos itens “d” e “e” somente terão direito os titulares de ações que não integrem índices de ações negociados em mercados de valores mobiliários e/ou titulares de ações de companhias abertas nas quais mais da metade de suas ações pertençam ao acionista controlador.

Nos casos de cisão da companhia, somente haverá direito de retirada se a cisão implicar em:

a) mudança de objeto social; b) redução do dividendo obrigatório; c) participação em grupo de sociedades. O acionista dissidente tem o direito de retirar-se da companhia mediante o

reembolso do valor de suas ações, se o reclamar á companhia, no prazo de 30 dias, contados da publicação da ata da assembléia geral. O estatuto pode estabelecer normas para determinação do valor de reembolso, entretanto, somente poderá ser inferior ao valor patrimonial das ações, constantes do último balanço aprovado pela assembléia geral, se estipulado com base no valor econômico da companhia a ser apurado por avaliação feita por peritos ou empresa especializada.

2.4 Ofertas Públicas de Ações

2.4.1 Underwriting

É o processo de lançamento de ações mediante subscrição pública para o qual a empresa encarrega um intermediário financeiro, que será responsável pela colocação no mercado. Esses lançamentos públicos de ações podem ser basicamente de três tipos:

2.4.1.1 Underwriting Firme

É o processo de lançamento no qual a instituição financeira, ou um consórcio de instituições subscreve a emissão total, encarregando-se, por sua conta e risco, de colocá-la no mercado junto aos investidores individuais (público) e institucionais. Neste tipo de operação, no caso de um eventual fracasso, a empresa já recebeu integralmente o valor correspondente às ações emitidas. O risco é inteiramente do underwriter (intermediário financeiro que executa uma operação de underwriting). O fato de uma

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emissão ser colocada através de underwriting firme oferece uma garantia adicional ao investidor, porque, se as instituições financeiras do consórcio estão dispostas a assumir o risco da operação, é porque confiam no êxito do lançamento, uma vez que não há interesse de sua parte em imobilizar recursos por muito tempo.

2.4.1.2 Melhor Esforço ou “Best-Effort Underwriting”

É o lançamento de ações no qual a instituição financeira assume apenas o compromisso de fazer o melhor esforço para colocar o máximo de uma emissão junto à sua clientela, nas melhores condições possíveis e num determinado período de tempo. Neste caso, as dificuldades de colocação das ações irão se refletir diretamente na empresa emissora. Neste caso o investidor deve proceder a uma avaliação mais cuidadosa, tanto das perspectivas da empresa quanto das instituições financeiras encarregadas do lançamento.

2.4.1.3 Residual ou “Stand-By Underwriting”

É um esquema de lançamento, no qual a instituição financeira se compromete a promover a colocação das ações no mercado dentro de um certo prazo, findo o qual ela própria subscreverá a parcela que o mercado não absorveu. A condição dessas operações pode estar a cargo de Bancos e Corretoras, enquanto líderes de sindicatos formados para o lançamento, ou ser realizada em bolsas de valores, nos chamados “leilões especiais.”

2.4.2 Block Trade

Leilão de grande lote de ações antigas (de posse da Companhia ou de algum acionista) com colocação junto ao público através das bolsas de valores.

2.5 Participantes

Os investidores não compram ações diretamente na Bolsa. Compram-nas através das sociedades corretoras membros daquela entidade. O cliente emite uma ordem de compra ou venda à sua corretora e esta se encarrega de executá-la no pregão. Para isto ela mantém, no recinto de negociação, seus operadores, que são habilitados pela Bolsa de Valores através de um exame de qualificação. O operador, de posse das ordens de compra e de venda dos clientes de sua corretora, participa diretamente do pregão, apregoando seus negócios.

São admitidos à negociação apenas os títulos e valores mobiliários registrados na Bolsa; ações de sociedades anônimas (devidamente registradas na CVM com todas as condições legais e cujas empresas emissoras tenham cumprido as exigências da Bolsa de Valores) e títulos públicos federais e estaduais.

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2.5.1 Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Entidade autárquica em regime especial, criada pela Lei n° 6385, de 7/12/76, vinculada atualmente ao Ministério da Fazenda, administrada por um presidente e quatro diretores nomeados pelo Presidente da república e que funciona como órgão de deliberação colegiada de acordo com regimento interno aprovado pelo Ministro da Fazenda.

• Compete à CVM: I. Regular, com observância da política definida pelo Conselho Monetário Nacional,

as matérias expressamente previstas na Lei das sociedades por ação (lei 6.404/76);

II. Administrar registros instituídos pela lei que a criou: registro de empresas para negociação de suas ações no mercado, registro de auditores independentes e consultores e analistas de Valores Mobiliários etc;

III. Fiscalizar a emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado; a negociação e intermediação de valores mobiliários; a negociação e funcionamento das Bolsas de Valores; a administração e custódia de títulos e valores mobiliários; a auditoria das companhias abertas; os serviços de consultor e analista de valores mobiliários; a veiculação de informações relativas ao mercado, às pessoas que dele participem e aos valores nele negociados;

IV. Propor ao CMN limites máximos de preços, emolumentos e qualquer outro rendimento cobrado pelos intermediários financeiros;

V. Fiscalizar as companhias abertas.

• A CVM no uso de suas atribuições, tem poderes para: I. Examinar livros e documentos; exigir informações e esclarecimentos; requisitar

informações de qualquer órgão público, autarquia ou empresa pública; obrigar as companhias abertas a republicar balanços, demonstrativos etc, com correções;

II. Apurar, mediante inquérito administrativo, atos legais e práticas não-equitativas de administrações de companhias abertas e de qualquer participante no mercado; aplicar penalidades previstas;

III. Suspender a negociação de um título ou colocar em recesso as Bolsas de Valores; divulgar informações a fim de orientar os participantes no mercado; suspender ou cancelar registros.

2.5.2 Sociedades Corretoras

São instituições financeiras constituídas como sociedades anônimas ou sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Sua principal função é a de promover, de forma eficiente, a aproximação entre compradores e vendedores de títulos e valores mobiliários, dando a estes negociabilidade adequada através de leilões realizados em recinto próprio (pregão das Bolsas de Valores). Desta forma, as sociedades corretoras exercem o papel de unificadoras de mercado, dando segurança

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ao sistema e liquidez aos títulos transacionados. Suas principais atividades são as seguintes:

• Operar com exclusividade na Bolsa de Valores da qual é membro com títulos e valores mobiliários de negociação autorizada;

• Comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários, por conta de terceiros; efetuar lançamentos públicos de ações (operações de underwriting);

• Encarregar-se da administração de carteiras de valores e da custódia de títulos e valores mobiliários; instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento; prestar serviços como transferência de títulos, desdobramento de cautelas, recebimento de juros, dividendos ou encarregar-se da subscrição de títulos e valores mobiliários, etc;

• Operar no mercado aberto (“open market”) e intermediar as operações de câmbio. Em decorrência da reorganização operacional do mercado de valores mobiliários

ocorrida em 2000, as corretoras de valores, independentemente de localização de sua sede, passaram a ser corretoras membros da BOVESPA e, dependendo do número de títulos patrimoniais possuídos, se enquadram nas seguintes categorias: Internacional, Nacional, Regional Rio de Janeiro e Regional.

2.5.3 Agentes Autônomos de Investimento

Segundo a Resolução n° 2.838 de 30/05/2001 e a Instrução CVM n° 355 de 01/08/ 2001, é a pessoa natural ou jurídica uniprofissional, que tenha como atividade a distribuição e mediação de títulos, valores mobiliários, cotas de fundos de investimento e derivativos, sempre sob a responsabilidade e como preposto das instituições contratantes; e, outras atividades autorizadas expressamente pelo Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários. Os Agentes Autônomos de Investimento podem ser credenciados junto à: bancos múltiplos com carteira de investimento, bancos de investimento, corretoras de valores e de mercadorias e distribuidoras de valores.

Para efeito da Lei n° 4.595, os agentes autônomos de investimento equiparam-se às instituições financeiras.

2.5.4 Investidores Institucionais

Instituições ou Entidades que em função de seu perfil operacional e/ou objetivos sociais direcionam parte de seus recursos/reservas para o mercado acionário:

Os principais investidores são: • Entidades de Previdência Privada Fechadas (as “Fundações”); • Entidades de Previdência Privada Abertas (os “Montepios”); • Sociedades Seguradoras; • Sociedades de Capitalização; • Fundos Mútuos de Investimento; • Investidores Institucionais Estrangeiros.

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2.5.5 Sociedades Distribuidoras

As Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários são firmas constituídas como sociedades anônimas, sociedades por quotas de responsabilidade limitada, ou ainda como firmas individuais, cuja autorização para funcionamento é dada pelo Banco Central do Brasil, que também estipula os capitais mínimos a que estão obrigadas em função da região em que atuem.

Suas atividades básicas, determinadas pela Resolução n° 1.120, de 04 de abril de 1986, do Banco Central do Brasil, com as alterações trazidas pela Resolução n° 1.653 de 26 de outubro de 1989, são:

• Subscrever, isoladamente ou em consórcio, emissões de títulos ou valores mobiliários para revenda; intermediar a colocação de emissões no mercado; contratar com a emissora, em conjunto ou separadamente, a sustentação de preços de títulos no mercado, no período de lançamento e colocação da emissão;

• Encarregar-se da venda à vista, a prazo ou à prestação, de títulos e valores mobiliários por conta de terceiros;

• Operar também no mercado aberto (“open market”) ,desde que satisfaça às condições exigidas pelo Banco Central do Brasil;

• Instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimento.

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3. BOLSAS DE VALORES

3.1 Histórico

A palavra Bolsa, no seu sentido comercial e financeiro, nasceu em Bruges, cidade da Bélgica, onde se realizavam assembléias de comerciantes na casa de um senhor chamado VAN DERBURSE, em cuja fachada havia um escudo com três bolsas, brasão de armas do proprietário.

A Bourse de Paris foi implantada por Luís VII em 1141, sendo regulamentada em 1304. Napoleão I fixou-a num prédio suntuoso onde permanece até hoje. Em 1698 foi fundada a “Bolsa de Fundos Públicos de Londres”. Embora as operações com valores já estivessem legalizadas, o enorme crescimento das negociações naquele ano exigiu a organização da Bolsa em caráter oficial.

Mas, só no Século XVIII estas instituições atingiram um grande desenvolvimento, quando as exigências de crédito público obrigaram os banqueiros a fracionar os empréstimos em títulos de participação. Com a expansão das sociedades por ações, permitindo grandiosos agrupamentos de Recursos, elas assumiram um papel preponderante na oferta e procura de capitais. Desde os velhos mercados medievais até hoje, as Bolsas de Valores vêm sofrendo profundas transformações em sua estrutura. No Brasil, seu desenvolvimento está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento da estrutura financeira do País, que se assentou basicamente sobre dois tipos de instituições: os bancos comerciais e as Bolsas de Valores. No entanto, somente na segunda metade deste século começaram a surgir instituições especializadas em diferentes tipos de crédito. Antes do século XlX não se encontravam instituições organizadas, mas apenas indivíduos exercendo as funções de banqueiros ou corretores.

A reestruturação econômica do País, na primeira metade do século passado, exigiu a organização do sistema financeiro, abrangendo também a figura do corretor, contemporânea ao período colonial. As disposições sobre o ofício já apareciam na legislação, a partir do século XVIII, mas a regulamentação da atividade só viria a acontecer em 14 de junho de 1845, através do Decreto n° 417, com o objetivo principal de evitar a interferência, nessas operações, de um número irrestrito de pessoas. Desde então, os “Corretores Oficiais de Fundos Públicos” passaram a ter cargos vitalícios, mediante nomeação do Ministro da Fazenda, tendo em vista que representavam o Governo e seus atos.

Em São Paulo, em dezembro de 1894, foi aprovada uma tabela de corretagem para a embrionária Bolsa Livre de Valores, por ato do governo estadual. Esse fato representou o passo inicial para a criação dos primeiros cargos de corretores de fundos públicos. Em 1895, o Governo Estadual instituía a Bolsa Oficial de títulos de São Paulo.

As atividades das Bolsas e Corretoras dos estados brasileiros foram regulamentadas pelo Governo Federal somente em 1934, através do Decreto n° 24.275. Mas a legislação tornou-se mais afirmativa, passando a reger todas as instituições bolsísticas do País, a partir do Decreto-Lei n° 1.344 de 1939. No entanto, mesmo depois dele, elas continuaram sendo entidades públicas com ingerência dos governos estaduais em suas administrações.

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Foi a partir das reformas que institucionalizaram o sistema financeiro nacional, iniciadas em 1964, que as Bolsas de Valores assumiram as características que hoje possuem.

Em 2000, foi assinado um protocolo (convênio) entre as bolsas de valores brasileiras, estabelecendo que todas as atividades relacionadas com títulos de emissão privada passariam a ser centralizadas na Bolsa de Valores de São Paulo, enquanto que a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro se focaria no desenvolvimento e implementação de um mercado eletrônico para negociação de títulos públicos.

Ao longo de sua história, a BOVESPA passou por mudanças para aperfeiçoar sua estrutura. Recentemente em 28 de agosto de 2007, quando uma reestruturação societária resultou na criação da BOVESPA Holding, que tem como subsidiárias integrais a Bolsa de Valores de São Paulo (BVSP) – responsável pelas operações dos mercados de bolsa e de balcão organizado – e a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) que presta serviços de liquidação, compensação e custódia.

A reestruturação societária consolidou o processo de desmutualização, permitindo que o acesso às negociações e demais serviços prestados pela Bolsa sejam desvinculados da propriedade de ações. No formato anterior da BOVESPA, apenas corretoras proprietárias de títulos patrimoniais podiam negociar em Bolsa.

Mais recentemente em 2008 foi criada a BM&FBOVESPA com a integração da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA).

Juntas as Companhias formam a terceira maior bolsa do mundo em valor de mercado, a segunda das Américas e a líder do continente latino-americano, concentrando cerca de 70% do volume dos negócios da região.

3.2 Conceituação Legal e Funções

Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas estão sujeitas à

supervisão da Comissão de Valores Mobiliários e obedecem as diretrizes e políticas emanadas do Conselho Monetário Nacional.

Seus objetivos e atividades são: a) Manter local adequado ao encontro de seus membros e a realização, entre eles de transações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, organizado e fiscalizado pelos próprios membros, autoridade monetária e pela CVM; criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as dependências administrativas necessárias à pronta, segura e eficiente realização e liquidação das operações efetuadas no recinto de negociação (pregão); organizar, administrar, controlar e aperfeiçoar o sistema e o mecanismo de registro e liquidação das operações realizadas; estabelecer sistema de negociação que propicie e assegure a continuidade das cotações e a plena liquidez do mercado de títulos e valores mobiliários; b) Fiscalizar o cumprimento, pelos seus membros e pelas sociedades emissoras de títulos e valores mobiliários, das disposições legais e regulamentares, estatutárias e regimentais, que disciplinam as operações de Bolsa, aplicando aos infratores as penalidades cabíveis; dar ampla e rápida divulgação ás operações

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efetuadas em seu pregão; assegurar aos investidores completa garantia pelos títulos e valores negociados; c) Exercer outras atividades conexas e correlatas que lhe sejam permitidas por lei.

3.3 Organização Interna

O órgão deliberativo máximo das Bolsas de Valores é a assembléia geral e a gestão dos seus negócios sociais é feita através do conselho de administração e do superintendente geral.

O conselho de administração é constituído por doze membros e respectivos suplentes, reelegíveis, sendo:

• Oito titulares ou administradores de firmas ou sociedades corretoras, membros da Bolsa e com um mandato de três anos, renovável de um terço;

• O Superintendente Geral, escolhido pelo Conselho de Administração; • Um representante das companhias abertas escolhido entre as registradas na

Bolsa; • O representante dos investidores (pessoas físicas); e • O representante dos investidores institucionais.

• Compete ao conselho de administração: Traçar a política geral da Bolsa de Valores e autorizar as medidas e providências

necessárias para regular o funcionamento da entidade. Autorizar, proibir ou suspender a negociação e a cotação de quaisquer títulos ou

valores mobiliários, exceto os da dívida pública federal; suspender, total ou parcialmente, as atividades da Bolsa de Valores em casos de grave emergência, comunicando de imediato a decisão, devidamente justificada, à Comissão de Valores Mobiliários; admitir ou recusar a admissão de novos membros ao quadro social da entidade e obedecendo ao estatuto; impor sanções aos membros da entidade.

Escolher e autorizar a contratação do Superintendente Geral, bem como decidir sobre a sua demissão; deliberar sobre a contratação de superintendentes executivos; propor orçamentos e programas de aplicação de recursos, apresentar relatórios de atividades e balanços gerais e propor atualização do capital social à assembléia geral entre outras atribuições.

Ao superintendente geral cabe dar execução à política e as determinações do conselho de administração, bem como, dirigir todos os trabalhos da Bolsa. Suas principais funções são: apresentar ao conselho de administração os orçamentos, relatórios e balanço geral relativos a cada exercício, contratar os superintendentes executivos, determinar-lhes as atribuições e poderes, bem como rescindir os contratos respectivos, tudo com a prévia aprovação do conselho de administração; representar a entidade, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, nos termos do mandato especial que lhe é outorgado.

Antes de assumir suas funções, os integrantes do conselho de administração, o superintendente geral e os superintendentes executivos têm seus nomes submetidos à aprovação da Comissão de Valores Mobiliários, que apreciará a indicação de acordo

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com os padrões exigidos para a aceitação dos dirigentes de instituições financeiras. Estão, pois, sujeitos às penalidades previstas por lei para aqueles dirigentes, com os quais se equiparam.

Existem ainda as superintendências executivas onde estão ligados os departamentos (ou divisões) pertencentes às suas respectivas áreas de atuação. Todavia, especialmente nas Bolsas de menor porte, algumas áreas estão sob a supervisão direta do superintendente geral.

Além disso, existem os órgãos de staff que estão ligados à presidência ou às superintendências. São as consultorias jurídicas, as assessorias de relações públicas, as assessorias de organização e métodos, as consultorias ou assessorias econômicas, etc.

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4. OS MERCADOS NAS BOLSAS

Os mercados disponíveis à negociação nas Bolsas de Valores são: • À vista: que tem a finalização da operação (transferência dos títulos e acerto

financeiro) em um curto período. • Derivativos: no caso do mercado de ações são os mercados a termo e de

opções. Em ambos se estabelece “hoje” as condições em que será efetuada a finalização da operação, que irá ocorrer em uma data futura. Uma das razões de um produto/mercado ser denominado de derivativo é o fato

de sua existência e formação de preço estar vinculada ao grau de risco e as diferentes expectativas quanto ao futuro comportamento de um outro produto/mercado.

Tanto as transações a vista como as com derivativos podem ser feitas no sistema eletrônico (pregão eletrônico)

4.1 O Novo Mercado da BOVESPA

A BOVESPA desenvolveu um novo segmento de mercado onde são transacionadas ações de empresas comprometidas com os princípios de boa governança corporativa.

Para uma empresa habilitar-se a negociação no Novo Mercado, ela deve resumidamente atender os seguintes requisitos:

• Emissão exclusiva de ações ordinárias; • Realização de ofertas públicas de colocação de ações por meio de mecanismos

que favoreçam a dispersão do capital; • Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações representando 25%

do capital; • Extensão para todos os acionistas das mesmas condições obtidas pelos

controladores quando da venda do controle da companhia; • Estabelecimento de um mandato unificado de um ano para todo o Conselho de

Administração; • Disponibilização de balanço anual seguindo as normas do US GAAP ou IAS

GAAP; • Introdução de melhorias nas informações prestadas trimestralmente, entre as

quais a exigência de consolidação e de revisão especial; • Obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as ações em

circulação, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento de capital ou cancelamento do registro de negociação no Novo Mercado;

• Cumprimento das regras de “diclousure” em negociações envolvendo ativos de emissão da companhia por parte de acionistas controladores ou administradores da empresa;

• Adesão Câmara de Arbitragem para resolução de conflitos societários.

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Além disso, a BOVESPA irá classificar as demais empresas negociadas em dois níveis (1 e 2), dependendo do grau de atendimento aos seguintes itens:

NÍVEL 1 2 ITENS

X Mandato unificado de um ano para todo o Conselho de Administração;

X

Extensão para todos os acionistas detentores de ações ordinárias das mesmas condições obtidas pelos controladores quando da venda do controle da companhia e de 70% deste valor para os detentores de ações preferenciais;

X

Direito de voto às ações preferenciais em algumas matérias como transformação, incorporação, cisão e fusão da companhia, aprovação de contratos entre a companhia e empresas do mesmo grupo e outros assuntos em que possa haver conflito de interesse entre o controlador e a companhia;

X

Obrigatoriedade de realização de uma oferta de compra de todas as ações em circulação, pelo valor econômico, nas hipóteses de fechamento do capital ou cancelamento do registro neste Nível 2;

X Adesão à Câmara de Arbitragem para resolução de conflitos societários;

X X Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações representando 25% do capital;

X X Realização de ofertas públicas de colocação de ações através de mecanismos que favoreçam a dispersão do capital;

X X Melhoria nas informações prestadas trimestralmente, entre as quais a exigência de consolidação e de revisão especial;

X X Cumprimento de regras de “diclousure” em operações envolvendo ativos de emissão da companhia por parte de acionistas controladores ou administradores da empresa;

X X Divulgação de acordos de acionistas e programs de “stock options”;

X X Disponibilização de um calendário anual de eventos corporativos.

4.2 Mercado à Vista

É o mercado onde se realizam operações de compra e venda de ações emitidas pelas empresas abertas registradas em Bolsa.

Este mercado caracteriza-se por ter os preços das ações com cotação atual e pelo fato das operações serem liquidadas em três dias, se não houver atraso por parte do vendedor na entrega das ações vendidas ou falta de pagamento por parte do comprador, referente às ações compradas.

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Considera-se “D+0” como sendo o dia da realização da operação no Pregão ou no Sistema Eletrônico. Assim a Corretora Vendedora terá até o dia “D+2” para a entrega das ações (liquidação física) e a Corretora Compradora terá até o dia “D+3” para pagar a operação (liquidação financeira).

As liquidações física e financeira são realizadas pela “clearing”, empresa independente, administrativa e financeiramente das Bolsas e responsável pela prestação dos serviços de compensação dos títulos negociados no mercado.

4.2.1 Custódia

Serviço de guarda de valores prestado pelas instituições autorizadas aos participantes do mercado.

• Infungível: o mesmo ativo depositado é o que será devolvido/transferido quando solicitado;

• Fungível: comprometimento no sentido de devolução/transferência de um ativo de idênticas características, porém, não necessariamente o mesmo que foi depositado.

4.2.2 Ciclo de Liquidação

“D+0” • Dia da operação no Pregão (Viva Voz ou Eletrônico) • Único dia para especificação de opções e termo • Cobertura • Depósito de margem de garantia (ativos)

“D+1” • Prazo para especificação/reespecificação de operações (a vista) • Depósito de margem (espécie) • Liquidação Financeira (termo, opções, futuro)

“D+2”

• Entrega física dos títulos na custódia (liquidação física) • Relatório de potenciais inadimplentes

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• Liquidações Física e Financeira da operação • Cobertura financeira para vendedor inadimplente

“D+3” • Liquidação física e financeira da operação • Cobertura financeira para vendedor inadimplente

“D+4”

• Último dia para regularização da liquidação física da operação. Caso estes prazos não sejam obedecidos pela Corretora Vendedora ou pela

Corretora Compradora, serão tomadas as seguintes providências:

Corretora Vendedora não entregou as ações em “D+2”: Recompra ou Reversão “D+5”

• Emissão de ordem de recompra das ações e início do prazo para execução da recompra “D+6”

• Prazo para a execução da recompra e confirmação “D+7”

• Prazo para confirmação e término do prazo para execução da recompra “D+8”

• Confirmação da Recompra - Prazo Final “D+9”

• Reversão da operação. Obs.: Todos os dias “D” acima citados são considerados como dias úteis.

4.2.3 Operação “Day Trade” no Mercado à Vista

É uma operação de Compra e Venda de uma mesma quantidade de ações de uma mesma empresa, realizada no mesmo dia pelo mesmo investidor, através da mesma corretora e liquidada pelo mesmo agente de compensação.

Esta operação será liquidada por saldos em “D+3”. Se o investidor vendeu ações de uma empresa “X” em um determinado dia, a um preço superior a compra, também realizada no mesmo dia, ele receberá um crédito em “D+3” na compensação financeira referente ao saldo positivo da operação.

Se o investidor vendeu ações de uma empresa “X” em um determinado dia a um preço inferior a compra também realizada no mesmo dia, ele terá que pagar o prejuízo da operação em “D+3” sofrendo um débito na compensação financeira.

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Exemplo: Compra de 1.000 ações do ativo “X” por $1.000,00 Venda de 1.000 ações do ativo “X” por $1.100,00

Operações inversas realizadas no pregão do mesmo dia, pelo mesmo investidor e

pela mesma corretora

Liquidação: O comprador tem que pagar $ 1.000,00, e, receber $ 1.100,00, como vendedor. Logo: o investidor tem a receber $ 100,00 como saldo financeiro da operação.

COMPRADOR

“A”

1.000 ações por $ 1.000,00 do ativo ‘X”

VENDEDOR “B”

Mesmo Investidor VENDEDOR

“A” 1.000 ações por $ 1.100,00 do

ativo ‘X” COMPRADOR

“C”

O comprador “C” paga $ 1.100,00 pela operação, $ 1.000,00 são destinados ao

vendedor “B” e $ 100,00 ao vendedor “A”. As operações de “day trade” podem ser realizadas igualmente nos mercados

futuros e de opções.

4.2.4 Compensação e Liquidação

• Clearing: Empresa independente • Função: compensar e liquidar as operações realizadas na BOVESPA, controlar os

riscos das operações nos mercados derivativos e administrar as margens de garantia.

• Agentes de compensação: plenos e próprios. CICLO DA COMPENSAÇÃO E LIQUIDAÇÃO

Corretora Vendedora

Agente Compensação

Clearing Agente Compensação

Custódia

Pregão da BOVESPA

Corretora Compradora

Crédito em R$D+3

Débito em R$ D+3

Crédito em R$na Conta da

Corretora

Débito em R$na Conta da

Corretora

Executa Ordem

Executa Ordem

Entrega Títulos D+2

Recebe Títulos D+3

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4.2.5 Formação do Preço à Vista

• Oferta e procura • Fatores determinantes:

- Desempenho histórico - Perspectivas futuras

4.2.6 Porque Comprar Ações?

• Obtenção de um ganho • Lucratividade é determinada por:

- Direitos e Proventos - Valorização das cotações das ações

4.2.7 Ajuste do Preço à Vista da Ação em Função de Proventos

As bolsas somente permitem que sejam realizados negócios com ações que estejam com seu “estado de direito” totalmente atualizado, ou seja, que não tenha nenhum dividendo ou bonificação / desdobramento a receber.

Essa medida é adotada para evitar que existam diferentes formações de preço para as mesmas ações. Dessa forma, quando uma empresa comunica que irá distribuir algum provento a seus acionistas, as Bolsas estabelecem um prazo até o qual as ações de emissão dessa empresa irão ser negociadas na forma “Com – Direito”, e a partir do qual somente serão transacionadas na forma “Ex-Direito” (ações que já receberam e/ou não tem direito ao provento).

O mercado, por sua vez, quando do primeiro dia de negociação “ex-direito” ajusta as cotações das ações, de maneira a “descontar os efeitos da distribuição de proventos” no preço dos títulos.

4.2.8 Custos de Transação

• Corretagem • Emolumento • Taxa de liquidação

4.2.9 Tributação

Negociação com Ações: • I.R. = 15% sobre o ganho líquido. • I.R. = 20% sobre o ganho líquido em operações day-trade, sendo 1% na fonte

Nas operações de vendas terá a incidência na fonte de I.R. na alíquota de 0,005% sobre o valor.

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4.2.10 Negociação

• Lote Padrão: - Unitário - Cem Ações - 1 mil Ações - 10 mil Ações - 100 mil Ações

• Fracionário

4.3 Os Índices de Bolsas de Valores

Os Índices das Bolsas de Valores procuram medir a lucratividade média de uma carteira de ações, num determinado tempo.

Estes índices possibilitam aos investidores avaliarem seus investimentos e a tendência dos negócios em geral: aos administradores dos fundos de investimentos compararem seus desempenhos com o do mercado como um todo; às autoridades econômico-financeiras utilizá-los como instrumentos de auxílio em suas análises da situação do país.

Evidentemente, para que um indicador possa efetivamente ser utilizado, para medir a lucratividade das ações negociadas, num mercado, o índice deve possuir o maior crédito possível junto a todas as instituições que, de uma forma ou de outra, tenham interesse neste mercado.

As ações que compõe o índice formam uma suposta carteira de investimentos que devem representar de forma mais fiel e eficiente o comportamento do mercado.

A evolução dos índices das Bolsas é uma informação de extrema importância que os analistas, investidores ou especuladores, devem somar a outras, na avaliação de seus investimentos no mercado acionário.

Dow-Jones Industrial O índice Dow Jones foi criado em 1897 por Charles H. Dow, editor do Wall Street

Journal e fundador da agência de Notícias Econômicas Dow & Jones Company. Sua publicação era diária sob a forma de um índice geral de preços para o mercado de ações “industriais” e outro para as ações de companhias “ferroviárias”. Charles H. Dow foi o primeiro a observar que as ações do mercado se movem juntamente, seguindo a trajetória das mais representativas, sendo assim possível medir através de uma média a intensidade das oscilações.

Na sua construção inicial o índice Dow-Jones-lndustrial tinha uma formulação extremamente simples, pois se constituía de uma média aritmética aos preços de 30 ações do setor industrial que eram consideradas as mais representativas entre as listadas na New York Stock Exchange.

A medida que as ações deste índice foram sofrendo “splits” (aumento do n° de ações) tornou-se necessário um ajuste ao divisor da média. Este ajuste, entretanto, vem dando origem a algumas imperfeições na representatividade do índice, pois as ações que pouco ou nunca usaram split tornaram mais influentes que as outras que

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regularmente “se racharam”, além do seu critério de seleção das ações do grupo ser extremamente conservador.

Standard & Poor’s O índice S&P foi criado no final da década de 50 pela agência de Notícias e

Pesquisas Econômicas Standard & Poor’s Co. que lançou uma média de preços de 500 ações, ponderada pela quantidade de ações existentes em cada uma. Estas ações representam 86% do valor agregado total das ações mais importantes do mercado.

A Standard & Poor’s procurou estabelecer uma mecânica de cálculo, de forma que aproximasse o seu índice do preço das ações da New York Stock Exchange.

NYSE O índice NYSE foi criado pela própria New York Stock Exchange em 1966,

composto por 1200 ações, de modo que se aproxime do valor médio das ações no mercado. A New York Stock Exchange tentou convencer durante anos a Dow-Jones a dividir seu índice para aproximá-lo do preço médio das ações na Bolsa, e evitar, desta forma, as manchetes de jornal, anunciando grandes variações de pontos na média das ações em um único dia; não conseguindo a NYSE decidiu passar a publicar seu próprio índice.

Índice BOVESPA O índice BOVESPA foi criado em 1968, a partir da construção de uma carteira

teórica de ações que em conjunto representam 80% do volume transacionado à vista nos doze meses anteriores à formação da carteira, sua função é ser indicador de desempenho médio das cotações das ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo.

Este índice não sofreu modificações metodológicas desde sua implantação, tendo apenas sofrido divisões do seu valor (por 100 e por 10), unicamente para efeito de divulgação. O número de ações que o compõe altera-se quadrimestralmente em função da participação relativa de cada ação nos últimos 12 meses, atualmente ela soma 57 papéis.

IEE – Índice de Energia Elétrica Primeiro índice setorial criado pela bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA).

Tem base 1000 em 28 de dezembro de 1994 e mede o desempenho dos papéis mais líquidos desse setor. Atualmente formado por 13 ações, tem como importante característica o fato de ser um índice em que todas as ações apresentam igual participação - em termos de valor - na composição da carteira.

IBX – Índice Brasil Com base 1000 em 29 de dezembro de 1995 é composto pelos 100 principais

papéis - em termos de participação no número de negócios e no volume financeiro-transacionados no mercado à vista da Bolsa de Valores de São Paulo. A participação de cada título na carteira é função da representatividade do seu respectivo ‘ mercado no

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34

tipo” (número de ações em circulação multiplicado pela sua cotação em pregão) no somatório dos valores de mercado dos 100 papéis integrantes do índice.

ÍNDICE Nº DE AÇÕES

Dow Jones Industrial 30 Ações de Empresas Industriais negociadas

na Bolsa de Valores de Nova York

Dow Jones Ferrovia 20 Ações de Empresas Ferroviárias negociadas

na Bolsa de Valores de Nova York

Dow Jones Utilidades 15

Ações de Empresas de setores variados negociadas na Bolsa de Valores de Nova

York

Dow Jones Composto 65 Conjunto de outros índices

S & P 500 Agência de Pesquisa Standard & Poor’s

NYSE Composite 1683 Bolsa de Valores de Nova York

BOVESPA 66 Bolsa de Valores de São Paulo

FGV – 100 100 Fundação Getúlio Vargas

(Empresas não-financeiras)

FT 100 100

Financial Times – Agência de Notícias Econômicas da Bolsa de Valores de Londres

(Empresas não-financeiras)

Nikkei 230 Agência de Notícias Econômicas da Bolsa de

Valores de Tóquio

Topix 1165 Bolsa de Valores de Tóquio

Dax 30 Bolsa de Valores de Frankfurt CAC 240 Bolsa de Valores de Paris

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EXEMPLO DE MONTAGEM DE CARTEIRA DE UM ÍNDICE PONDERADO PELA REPRESENTATIVIDADE EM MERCADO

Momento 1 Mercado À Vista

Ação Nº Neg. Part. % (1) Vol. % Part. %

(2) Ind. (Neg. / Vol.)

)2(*)1( Part. %

A 2.500 25 32.000 16 20,0 20,3 B 2.800 28 84.000 42 34,3 34,9 C 1.700 17 26.000 13 14,9 15,2 D 2.300 23 52.000 26 24,5 24,9 E 700 7 6.000 3 4,6 4,7

Total 10.000 100 200.000 100 98,3 100,0

Momento 2 Amostra de ações que irão compor o Índice:

Ação Ind. (Neg. / Vol.) Part. % Part. % Acumul.

B 34,3 34,9 34,9 D 24,5 24,9 59,8 A 20,0 20,3 80,1 C 14,9 15,2 95,3 E 4,.6 4,7 100,0

Part. % Ajustada

Part. % Acumul.

43,6 43,6 31,1 74,7 25,3 100,0

Momento 3 Montagem da Carteira, supondo Índice = 10.000 pontos.

Ação Part. % (Ajustada) (1)

Peso (1) * 10.000 = (2)

Preço Fech. (3)

Qtde. Teórica (2) / (3) = (4)

B 43,6 4.360 20,00 218 D 31,1 3.110 31,10 100 A 25,3 2.530 2,00 1.265 100,0 10.000

Momento 4 Cálculo do Índice no pregão seguinte (D + 1):

Ação Qtde. Teórica(1)100

Preço Ação (D + 1) (2)

Pontos do Índice (1) * (2) = (3)

Variação (%)

B 218 21,00 4.578 + 5,0 D 100 33,45 3.345 + 7,6 A 1.265 1,80 2.277 - 10,0

Índice 10.200 + 2,0

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4.4 Mercado a Termo

É a operação em que o Comprador e Vendedor formalizam um contrato de Compra e Venda de ações de uma empresa para liquidação futura com preço e prazo predeterminados no presente. Neste mercado, não existe a troca de posição das partes, isto é, o Comprador e o Vendedor são os mesmos até o vencimento do contrato, que pode ser no final do prazo contratado ou antecipado.

O preço da operação a termo, que é determinado em mercado, é formado com base: no preço à vista da ação e na taxa de juros praticada no mercado financeiro.

4.4.1 Prazos

Os prazos de vencimento podem variar de um mínimo de 12 dias úteis até 999 dias corridos, contados a partir do dia da realização da operação a Termo.

4.4.2 Ações Negociadas

Todas as ações negociadas em Bolsa podem ser objeto de um contrato a Termo. A liquidação de um contrato a Termo pode ser realizada na forma de “Liquidação

Antecipada”, “Por Diferença” ou “Por Decurso de Prazo” e sempre a Vontade do Comprador.

4.4.3 Formas de Liquidação

• Liquidação Antecipada: Quando o contrato realizado a termo for liquidado antes da data do seu respectivo vencimento.

• Liquidação por Diferença: Quando o comprador do contrato a termo vende no mercado à vista os títulos adquiridos a termo e utiliza o produto da venda para pagar o contrato.

• Liquidação por Decurso de Prazo: Quando o contrato a termo realizado for liquidado na data do seu respectivo vencimento.

• Garantia

O comprador a termo é obrigado a depositar como garantia os percentuais de margem para a ação negociada a termo. O vendedor a termo é dispensado de depósito de margem por ser sempre coberto, ou seja, tem que depositar na CBLC a totalidade das ações-objeto da operação.

A CBLC, divulga periodicamente uma relação contendo as Classes de Margens para todas as ações. Esta Classe de Margem é obtida em função da volatilidade e liquidez das ações, observando-se um determinado período de tempo (6 meses).

A CBLC calcula e se necessário, debita à Sociedade Corretora (que tem que cobrar seu cliente) diariamente o reforço de margem.

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4.4.4 Custos de Transação

• Emolumentos; Bovespa 0,019% do volume financeiro. • Taxa de Registro; Bovespa 0,012%, e CBLC 0,006% do volume financeiro. • Taxa de Liquidação: CBLC 0,028% do volume financeiro.

4.4.5 Tributação

15 % sobre o ganho líquido (nas compras)

4.4.6 Proventos

Todos os proventos distribuídos durante o prazo da operação a termo pertencem ao comprador.

4.4.7 A Ótica do Comprador

O Comprador a Termo tem a expectativa de que o preço que ele vai pagar no dia do vencimento do contrato (Preço Contratado) será menor do que o preço das ações no Mercado à Vista no dia do vencimento da operação a Termo.

4.4.8 A Ótica do Vendedor

O Vendedor a termo tem a expectativa de que o preço que ele vai receber no dia do vencimento do contrato (Preço Contratado) será maior do que o preço das ações no dia do vencimento da operação a Termo.

4.4.9 Operações de Financiamento

O Mercado a Termo é também utilizado para operações de financiamento, quando combinado com outros mercados, em especial com o mercado à vista.

Por exemplo: Um investidor pessoa física ou jurídica tem disponibilidade de recursos e deseja

realizar um financiamento (aplicação de capital) no mercado a termo, porque a rentabilidade do investimento em um determinado momento tornou-se mais atrativa, se comparada como retorno de outros ativos financeiros.

4.4.10 Financiamento a Termo

Por exemplo: O financiador compra ações no Mercado à Vista do financiado, que recebe os

recursos que necessita. Simultaneamente o financiador vende as mesmas ações para o próprio financiado no mercado a Termo, por exemplo, por 30 dias, que se obriga a pagar a operação ao final do prazo.

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Vantagem do Financiador: Irá receber de volta os recursos aplicados com uma taxa de juros embutida, que remunera o seu Capital.

Vantagem do Financiado: O financiado, por exemplo, uma empresa que necessitou de recursos por 30 dias, não tem que recorrer a Banco, preencher ficha de cadastro, ter avalistas e comprar todo o tipo de serviço, que as instituições bancárias exigem como reciprocidade para obter o empréstimo.

O financiado realizou uma operação “Caixa” ao vender as ações que tinha em carteira no Mercado à Vista. Recebendo os recursos para atender as suas necessidades de capital de curto prazo e recomprando as mesmas ações no Mercado a Termo, ao final de 30 dias, isto porque, sua intenção não era se desfazer definitivamente das ações da empresa a qual é acionista.

4.4.11 Rolagem de Termo

Caso o financiado, ao se aproximar a data de encerramento por decurso de prazo, não tenha os recursos necessários para pagar a compra a termo e/ou não esteja disposto a dispendê-los, ele poderá efetuar uma “Rolagem de Termo”, solicitando (até três dias da data de vencimento por decurso) a liquidação por diferença da operação e simultaneamente recomprando, novamente, os títulos a termo.

4.5 Mercado Futuro de Ações Individuais

Definições É a compra e venda de ações, a um preço negociado entre as partes, para

liquidação em uma data futura, previamente determinada. Diferentemente do Mercado a Termo, o preço do contrato futuro não é fixo até o

vencimento da operação, sendo alterado diariamente, em função das negociações ocorridas nesse segmento (ver procedimentos de ajuste, na seqüência deste texto).

Modalidade A modalidade de futuro transacionada na BOVESPA é conhecida como “futuro

com ajuste diário de resultados”, ou seja, diariamente os preços de todas as posições em aberto são comparados a um preço de referência, chamado preço de ajuste, que é calculado para cada ação/vencimento.

Formação do Preço Futuro Usualmente o preço do contrato futuro equivale ao preço a vista do papel

acrescido de uma fração correspondente à expectativa de taxas de juros entre o momento do contrato futuro e a respectiva data de liquidação do contrato.

Preço de Ajuste Diário É calculado após o encerramento das negociações do dia, para cada papel e

vencimento, correspondendo ao preço médio do papel no Mercado Futuro apurado no período de negociações da tarde.

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Procedimento de Ajuste Diário O procedimento de ajuste é diferente para posições abertas no dia e para

posições abertas em pregões anteriores: a) para posições abertas no dia: o preço do negócio é comparado com o preço de ajuste do dia, se o resultado for positivo, o comprador é creditado e o vendedor debitado; se o resultado for negativo, ocorre o inverso.

Supondo que o preço do negócio realizado a futuro foi R$ 35,00 e que tanto o comprador como o vendedor não detinha posições anteriores e continuaram posicionados ao final da sessão.

Se o preço de ajuste for superior ao do negócio, por exemplo, R$ 36,10, o valor do ajuste será de R$ 1,10 (36,10— 35,00), e portanto:

• comprador será creditado em R$ 1,10 • vendedor debitado em R$ 1,10 Se o preço de ajuste for inferior ao do negócio, por exemplo, R$ 33,70, o valor do

ajuste será de - R$ 1,30 (33,70—35,00), e portanto: • comprador será debitado em R$ 1,30 • vendedor creditado em R$ 1,30

b) para posições abertas em pregões anteriores, o preço de ajuste do dia é comparado ao preço de ajuste do dia anterior, sendo que se o resultado for positivo, o comprador é creditado e o vendedor debitado; ocorrendo o inverso se o resultado for negativo.

Supondo que o preço de ajuste do dia anterior foi R$ 52,00. Se o preço de ajuste do dia for superior, por exemplo, R$ 54,00, o valor de ajuste

será de R$ 2,00 (54,00-52,00), e portanto: • comprador será creditado em R$ 2,00 • vendedor debitado em R$ 2,00 Se o preço de ajuste do dia for inferior, por exemplo, R$ 50,60, o valor de ajuste

será de - R$ 1,40 (50,60-52,00), e portanto: • comprador será debitado em R$ 1,40 • vendedor creditado em R$ 1,40 Ações negociadas no Mercado Futuro Somente ações previamente autorizadas podem ser transacionadas no Mercado

Futuro de Ações. Características básicas de negociação O lote padrão das ações negociadas no Mercado Futuro é o mesmo vigente para

o mercado a vista, bem como a forma de negociação. É permitida a realização de operações de day-trade nesse segmento. Encerramento antecipado de posições O investidor detentor de uma posição comprada ou vendida no Mercado Futuro

que não desejar ir para a liquidação física pode sair de sua posição realizando uma operação de natureza oposta.

Page 44: Introdução ao Mercado de Ações e de Capitais (Desconhecido)[1]

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Vencimento É o último dia em que um contrato futuro pode ser encerrado por meio da

realização de uma operação oposta no próprio Mercado Futuro. Ocorre na terceira segunda-feira do mês de vencimento do contrato. Liquidação Física Os contratos que permanecerem em aberto após o fechamento do dia do

vencimento terão obrigatoriamente liquidação física. Preço de Liquidação Será o preço médio a vista da ação no período da tarde do dia do vencimento. Codificação Têm sete posições, sendo as 4 primeiras relativas ao código do ativo no mercado

a vista; a quinta posição é uma letra de “A” a “L” que indica o mês de vencimento (igual ao procedimento adotado para as opções de compra); a sexta posição é numérica e utilizada para indicar o tipo da ação; a sétima posição é a letra “X” como indicação de mercado futuro.

Por exemplo: TNLPL4X TNLP : código da empresa TELEMAR L: mês de vencimento, no caso dezembro 4: indica o tipo (PN) X: indica que é Mercado Futuro Garantias São exigidas tanto do comprador como do vendedor, podem ser cobertura ou

margem. Proventos Em dinheiro e direitos de preferência — o valor liquido recebido e/ou o valor

teórico do direito é descontado do último preço de ajuste “com-direito”. Em ações — os contratos passam a ser negociados na forma “com-direito” até o

vencimento. Custos de Negociação • Emolumentos • Taxa de Registro • Taxa de Liquidação • Corretagem Tributação IR — Incide à alíquota de 15% sobre o resultado positivo da soma algébrica dos

ajustes diários ocorridos no mês.

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4.6 Mercado de Opções

É o mercado onde não se negociam ações e sim direitos sobre elas. São direitos de uma parte comprar ou vender a outra, até determinada data, uma quantidade de ações a um preço preestabelecido. Neste mercado podem ser negociadas Opções de Compra de Ações e Opções de Venda de Ações.

• Opção de Compra de Ações

Direito outorgado ao titular da opção de, se desejar, comprar do lançador, exigindo que este lhe venda, um lote-padrão de determinada ação a um preço por ação previamente estipulado e até (ou em) uma data prefixada.

• Opção de Venda de Ações Direito outorgado ao titular da opção de, se desejar, vender ao lançador, exigindo

que este lhe compre, um lote-padrão de determinada ação, a um preço por ação previamente estipulado até (ou em) uma data prefixada.

4.6.1 Conceitos Básicos Utilizados no Mercado de Opções

• Titular: É o Comprador da Opção. É aquele que adquire o direito de exercer a opção, pagando por ele, um prêmio. • Lançador: É o vendedor da opção. É aquele que assume a obrigação de, se o titular exercer a opção, vender a este ou dele comprar o lote-padrão a que se refere a opção. • Opções Tipo (estilo) Americanas: São aquelas em que o titular pode exercer seu direito de comprar (opção de compra) ou vender (opção de venda) a qualquer instante, do dia seguinte ao de sua aquisição até a data do vencimento. • Opções Tipo (estilo) Européias: São aquelas em que o titular somente pode exercer seu direito de comprar (opção de compra) ou vender (opção de venda) na data do vencimento. • Prêmio: É o preço do direito, o valor negociado, em pregão, entre o lançador e o titular, e representa o preço da opção. É estipulado em função do preço de exercício, da taxa de juros e da taxa de risco. • Ação Objeto: Valor Mobiliário, de mesmas características, emitido por Companhia Aberta e admitido a negociação em pregão da Bolsa de Valores, a que se refere a Opção. • Lote-Padrão: É a quantidade de ações-objeto a que se refere necessariamente cada opção. Os negócios só podem ser fechados em quantidades iguais ou múltiplas do lote-padrão. • Preço de Exercício: É o preço por ação pelo qual titular terá o direito de comprar ou de vender a totalidade das ações-objeto da opção. Os preços de exercícios são determinados pela Bolsa. • Exercício: É a operação da qual, o titular da opção, exerce o seu direito de comprar ou vender as ações-objeto da opção a o preço de exercício.

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• Lançamento: É a operação que dá origem a venda das opções negociadas no mercado. • Vencimento: Considera-se como vencimento da opção, a data limite estabelecida pela Bolsa para o titular exercer o seu direito. • Garantia: É o depósito realizado na Bolsa, de margem ou cobertura. • Cobertura: É o deposito das ações-objeto, a que se refere a opção. É depositada pelo lançador coberto. • Margem: É o deposito em dinheiro e/ou títulos e valores mobiliários em percentual e forma fixados pela Bolsa de Valores. É depositada pelo lançador descoberto • Posição: É o saldo resultante de uma ou mais operações com opção da mesma série, realizadas em nome de um mesmo comitente, através da mesma Sociedade Corretora. Conforme a natureza do saldo, a posição será de lançador ou de titular, e conforme a garantia prestada, será coberta ou descoberta. • Encerramento de Posição: É a operação através da qual o lançador, pela compra, ou o titular, pela venda de opções, da mesma série, extingue sua posição, ou parte dela, na mesma Sociedade Corretora. Zerar posição. • Bloqueio de Posição: É a operação através da qual, o lançador impede o exercício sobre parte ou a totalidade de sua posição, mediante prévia compra de opção da mesma série das anteriormente lançadas.

Exemplo: Pedido de Bloqueio Os investidores que possuem posição lançadora no Mercado de Opções de

Compra, caso não tenham interesse em serem exercidos devem bloquear suas posições. A escolha do lançador exercido é feita através de sorteio. Este pedido só é válido após o registro da Boleta de Negociação que evidencia a compra da posição titular, encerrando total ou parcialmente sua posição lançadora. • Série: São opções do mesmo tipo (Compra ou Venda) lançadas sobre a mesma ação-objeto, tendo a mesma data de vencimento e o mesmo preço de exercício. São representadas por códigos e embutem a natureza da Opção (Compra ou Venda), o seu vencimento e o Preço de Exercício.

Exemplo 1

TELEMAR PN TNLP H 38

Nome do Pregão + Tipo da Ação Código da

Empresa

Opção de Compra/Venda

+ Mês de Vcto.

Indicador do Preço de

Exercício

Page 47: Introdução ao Mercado de Ações e de Capitais (Desconhecido)[1]

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Exemplo 2 — Bolsa de Valores de São Paulo Identificação das séries quanto ao seu estilo (no Mega)

Código Identificação Descrição

PETR H 53 PETRE ON 31,83 Opção de Compra Européia sobre Petrobras ON com vencimento em agosto (letra “H”) e

preço de exercício igual a R$ 31,83.

PLIM V 78 PLIME PN 0,80 Opção de Venda Européia sobre Globo Cabo

com vencimento em outubro (letra “V”) e preço de exercício R$ 0,80

TNLP B 38 TNLP PN 38,00 Opção de Compra Americana sobre Telemar PN com vencimento em fevereiro (letra “B”) e

preço de exercício R$ 38,00

VALET 55 VALE PNA 55,00 Opção de Venda Americana sobre Vale PNA com vencimento em agosto (letra “T”) e preço

de exercício R$ 55,00

Há código alfabético para diferenciação de opções de compra e venda e mês de

vencimento: OPÇÃO OPÇÃO

Compra Venda MÊS DE

VENCIMENTO Compra Venda MÊS DE

VENCIMENTOA M Janeiro G S Julho B N Fevereiro H T Agosto C O Março I U Setembro D P Abril J V Outubro E Q Maio K W Novembro F R Junho L X Dezembro

• Posições Opostas: São aquelas de natureza inversa (titular e lançador), intermediadas pela mesma Sociedade Corretora, em nome de um mesmo comitente, na mesma quantidade, relativas ao mesmo tipo de opção e mesma ação-objeto, mas de séries diferentes. • Formação do Prêmio: O prêmio da opção é negociado em mercado e seu valor depende da relação entre preço de exercício e o preço a vista da ação-objeto (valor intrínseco), da volatilidade histórica da ação/mercado (taxa de risco) e da rentabilidade prevista dos demais ativos (taxa de juros). • Valor intrínseco: é o “valor econômico” da opção, dado pela diferença entre o preço a vista e o preço de exercício. Ou seja, uma opção de compra tem valor intrínseco quando seu preço de exercício é inferior ao preço a vista corrente da opção. • Valor risco/juros: é toda a parte do prêmio que supera o valor intrínseco. Seu tamanho depende basicamente do prazo a decorrer até o vencimento da opção, da volatilidade histórica da ação-objeto no mercado a vista (taxa de risco) e das perspectivas vigentes quanto a remuneração dos ativos financeiros no período de validade da opção (taxa de juros).

Page 48: Introdução ao Mercado de Ações e de Capitais (Desconhecido)[1]

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Exemplo: 1) Vamos supor que, faltando 35 dias para o vencimento das opções, você

adquiriu opções de compra sobre ações XYZK com preço de exercício a $32,00, pagando um prêmio de $4,00.

Considerando que o preço à vista de XYZK no dia da compra das opções era de $34,50, como podemos descrevera composição do prêmio pago por você?

Resposta Em primeiro lugar devemos verificar se no momento da sua aquisição a posse da

opção trouxe alguma vantagem econômica. Como a ação adquirida lhe assegurou o direito de comprar por $32,00 (o preço de exercício) uma ação que já estava cotada no mercado à vista por $34,50, concluímos que essa vantagem/benefício econômico foi de $2,50. Esse é o chamado valor intrínseco da opção. Como você pagou $ 4,00 pela opção, logo a diferença, ou seja $ 1,50, é o chamado valor tempo.

Porque pagou esses $ 1,50 adicionais? Ora, não se esqueça que ainda faltam 35 dias para o vencimento e você acha

que XYZK até o vencimento estará sendo negociada por mais de $36,00. Esquematicamente a situação pode ser descrita assim: • Ação XYZK

2) Considere que, faltando 35 dias para o vencimento das opções, você adquiriu

opções de compra sobre ações XYZK com preço de exercício a $38,00, pagando $0,90 de prêmio. Dado que o preço a vista de XYZK no momento da compra era de $34,50, sua opção tinha algum valor intrínseco?

Resposta: A questão proposta, em outros termos, é se existia alguma vantagem econômica,

no momento da aquisição da opção, de se ter o direito de comprar por $38,00 uma ação que estava sendo negociada a $ 34,50. Analisando dessa maneira, fica fácil concluir que não. Todo o valor do prêmio pago, portanto, é composto pelo chamado valor tempo.

Mercado à Vista

Preço à vista: $34,50

Prêmio: $ 4,00

Opção de Compra

Preço de Exercício: $ 32,00Prazo até Vcto.: 35 dias

$ 2,50 $ 1,50Valor Intrínseco = Max (O, PV - Pex)

= Valor Tempo Max (O, Pr – V. Intr.)

Page 49: Introdução ao Mercado de Ações e de Capitais (Desconhecido)[1]

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Esquematicamente a situação é descrita assim: Ação XYZK

4.6.2 Garantias

• Para o Titular de Opções O titular no Mercado de Opções está isento de prestar garantias, pois o risco

máximo que pode correr é ele não exercer sua posição e perder o prêmio pago.

• Para o Lançador de Opções Somente das posições lançadoras é exigida a prestação de garantias, e a

finalidade da garantia é assegurar o cumprimento da obrigação assumida.

• Lançador Coberto Deposita os títulos relativos a Opção.

• Lançador Descoberto Deposita margem em dinheiro ou em outros ativos aceitos no mercado a termo,

conforme cálculo efetuado pela Bolsa. A margem depositada é o resultado da soma dos seguintes componentes: margem de prêmio (prêmio de fechamento do dia) e margem de risco (maior prejuízo potencial projetado para o dia seguinte).

4.6.3 Prazos de Liquidação no Mercado de Opções

• Titular da Opção D+O = Abertura da Posição D+1 = Débito do Prêmio a ser Pago • Lançador de Opções a Descoberto D+0 = Abertura de Posição

Mercado à Vista

Preço à vista: $34,50

Prêmio: $ 0,90

Opção de Compra

Preço de Exercício: $ 38,00Prazo até Vcto.: 35 dias

0 $ 0,90Valor Intrínseco = Max (O, PV - Pex)

= Valor Tempo Max (O, Pr – V. Intr.)

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D+1 = Débito da Margem de Garantia menos o Valor do Prêmio a Receber referente a Posição Lançadora Aberta em “D+0”.

D+1 = Crédito do Prêmio

4.6.4 Custos de Transação • Emolumentos • Taxa de Registro • Taxa de Liquidação • Taxa de Corretagem

4.6.5 Tributação • 15 % sobre o ganho líquido • 1 % na Fonte (day-trade)

4.6.6 Proventos No caso de distribuição de proventos durante a vigência de uma opção, são

adotados os seguintes procedimentos: • Proventos em Ações (bonificações, desdobramentos, grupamentos). A quantidade de ações e o preço de exercício dos contratos é ajustada proporcionalmente, de forma a manter inalterado o compromisso financeiro original. • Outros Proventos (dividendos, bonificações em dinheiro, direitos de preferência, etc.). O valor do benefício econômico decorrente do provento distribuído é deduzido do preço de exercício.

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5. NEGOCIAÇÃO

5.1 Sistema de Negociação Eletrônica

Esse sistema compreende as operações de compra e venda à vista de ações realizadas pelas sociedades corretoras, credenciadas para este fim, mediante a utilização de terminais de vídeo conectados ao sistema eletrônico de processamento de dados das bolsas.

As operações realizadas através do sistema de negociação eletrônica são reguladas, controladas e fiscalizadas pelas bolsas, devendo o usuário (previamente qualificado a operar no sistema) estar absolutamente ciente dos regulamentos editados pelas bolsas.

5.1.1 Tipos de Ofertas no Pregão Eletrônico

Ofertas limitadas É a oferta colocada no terminal que especifica um preço acima do qual a ação

não pode ser comprada ou abaixo do qual a ação não pode ser vendida. Ofertas a Mercado É a oferta colocada no terminal sem especificar um preço limite, será executada

ao melhor preço ofertado na ponta oposta do mercado, no momento em que é aceita no sistema.

Ofertas com execução Mínima É a oferta que estabelece uma quantidade mínima de ações como condição

básica para o seu registro no sistema, uma oferta de execução mínima que especifica sua quantidade total como o mínimo a ser executado é denominado como Tudo ou Nada.

Ofertas com Divulgação Parcial É a oferta que só tem parte de sua quantidade total exibida no mercado. Ofertas On Stop É a oferta colocada no terminal que especifica um nível de preço (preço de

disparo) a partir do qual a oferta deve ser ativada. Ela é aceita pelo sistema, mas é mantida em suspenso, isto é, registrada em separado.

Direto O negócio direto é aquele em que uma mesma corretora representa o comprador

e o vendedor. Um direto pode ser colocado no sistema através de uma única oferta “Oferta de Direto” caracterizando o que se denomina Direto Intencional. Um direto pode também resultar do fechamento de uma oferta da própria corretora que já se encontrava registrada no sistema; este é denominado Direto não Intencional.

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5.2 A Validade das Ofertas

Ao entrar com uma oferta o operador pode especificar diferentes validades para sua permanência no sistema. Essas opções de validade são colocadas no instante da entrada da oferta ou durante a alteração da oferta.

As ofertas ficam expostas no monitor permitindo ao operador ser avisado das modificações ocorridas no mercado para suas diversas ofertas registradas no sistema.

5.3 Sistema de Negociação Internet “Home Broker”

Diante do crescimento expressivo do uso da Internet para transações, notadamente na negociação de ações nos mercados americano e europeu, a BOVESPA vem tomando medidas para permitir que os participantes do mercado brasileiro de capitais também possam usufruir dos benefícios propiciados por esta inovação, que vem sendo chamada de ‘Home Broker”.

A tecnologia em uso nos “sites seguros” da Internet possibilita que o investidor mantenha um relacionamento totalmente automatizado com a sua corretora, tendo acesso às posições de sua carteira, às cotações e análises sobre o mercado, além de fazer, automaticamente, mas sob o controle da corretora, a colocação de ordens para execução imediata ou programada. Em relação às corretoras, a racionalização dos processos permitida pela nova tecnologia, leva à redução de custos operacionais, propiciando o atendimento dos investidores de pequeno capital, além de criar um novo e moderno canal de relacionamento com os clientes em geral.

5.4 As Ordens

As ordens dos clientes das corretoras podem ser registradas diretamente no

MEGA BOLSA; As oriundas do “Home Broker” deverão estar especificadas e os clientes

previamente cadastrados na corretora e na BOVESPA; O limite das ordens, durante o pregão regular é estabelecido e contratado pela

corretora. Já no “after market” o limite é R$ 100.000,00 por cpf. As ordens de negociação são restritas aos mercados a vista e fracionário e ao

mercado de opções.

5.5 As Negociações A negociação eletrônica via Home Broker somente poderão ser realizadas por: • Sociedades Corretoras que operam diretamente na BOVESPA, Membros e

Permissionárias, que desenvolvam sistemas de acesso ao MEGA BOLSA via Internet, seguindo os conceitos, características e limitações em vigor;

• Tanto as Corretoras Membros quanto as Permissionárias estão admitidas nos sistemas de negociação da BOVESPA (eletrônico e internet) a partir do cumprimento de requisitos estabelecidos pela Bolsa;

Page 53: Introdução ao Mercado de Ações e de Capitais (Desconhecido)[1]

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• As Corretoras Membros ou Permissionárias deverão obter a prévia aprovação da BOVESPA, no caso de pretenderem conectar a seus sistemas de negociação via Internet a uma outra instituição / empresa que atue na captação eletrônica de ordens para o mercado de bolsa ou que explore serviço de “comércio eletrônico”.

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6. DECISÕES DE INVESTIMENTO NO MERCADO DE AÇÕES

Classificação dos Riscos do Investimento em Ações • Sistemático • Não-Sistemático

Escolas de Análise de Investimento

• Fundamentalista • Técnica

Existem várias maneiras de fazer esta análise, mais duas possuem mais

seguidores: a análise técnica e a análise fundamentalista. Embora ambas tentem resolver o mesmo problema da direção do preço, elas

diferem na sua forma de avaliação. A escola fundamentalista, estuda as causas do movimento do preço, enquanto a escola técnica estuda os efeitos. O analista técnico argumenta que os efeitos são tudo que ele quer ou necessita saber e que as razões pelas quais os preços se movimentam são desnecessárias. O analista fundamentalista, por outro lado, sempre tem de saber o porquê. A escola fundamentalista trabalha com dados provenientes do estudo econômico-financeiro da empresa dentro do cenário micro e macro econômico, eventualmente, associado ao cenário internacional, enquanto a escola técnica trabalha com dados disponibilizados pela movimentação dos preços e volumes, utilizando gráficos, teorias e indicadores matemático-estatístico a eles relacionados.

6.1 A Análise Fundamentalista

A análise fundamentalista tem o objetivo de avaliar alternativas de investimento a partir do processo de informações obtidas junto às empresas, aliadas ao entendimento da conjuntura macroeconômica e do panorama setorial nos quais a companhia se insere, passando pela análise retrospectiva de suas demonstrações financeiras e estabelecendo previsões para o seu desempenho.

Cabe à análise fundamentalista estabelecer o valor justo para uma ação, respaldando decisões de compra ou venda. A premissa básica da análise fundamentalista é de que o valor justo para uma empresa se dá pela definição da sua capacidade de gerar lucros no futuro.

Principais medidas de retorno A valorização da ação em bolsa é, sem dúvida, o principal parâmetro de

avaliação da sua performance como investimento. Entretanto, o acionista tem como atrativo adicional a possibilidade de ser remunerado através do recebimento de dividendos.

Pay-out e Yeld Pay-out é a taxa de distribuição do lucro da empresa para o acionista na forma

de dividendos ou juros sobre capital próprio. A legislação exige que seja distribuído, no mínimo, 25% do lucro líquido após as deduções legais. Exemplificando, se uma empresa

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tem lucro de R$ 1,00/ação e distribui R$ 0,35/ação como dividendos, seu pay-out seria de 35%.

Yeld é calculado tendo como numerador o dividendo distribuído por ação e como denominador o preço atual da ação. Torna-se especialmente relevante se visto para o futuro, sendo neste caso necessário que tenhamos uma projeção de lucro e seja estabelecido um pay-out realista. Assim, se uma ação custa hoje R$ 100,00 e esperamos receber R$ 10,00 em dividendos, o yield seria de 10%, podendo ser visto como um rendimento da ação, independentemente da valorização em Bolsa.

O Valor de Mercado O valor de mercado de uma empresa é representado pela cotação das suas

ações em Bolsa, multiplicada pelo número total de ações que compõe seu capital. Para o cálculo adequado do valor de mercado, deveriam ser consideradas as cotações em Bolsa de cada tipo de ação (ordinárias e preferenciais) e ponderadas pelas quantidades de cada tipo no capital da empresa. Entretanto, na maioria dos casos, não há negócios com os dois tipos em Bolsa, motivo pelo qual é freqüente utilizar-se como referência a cotação da ação mais líquida (com mais negócios em Bolsa) e efetuar a multiplicação pelo número total de ações.

Valor Contábil X Valor de Mercado O valor patrimonial das empresas não é necessariamente próximo do valor de

mercado. Isto se deve basicamente ao fato de que os dados contábeis são escriturais e podem conter defasagens em relação ao valor considerado justo para a ação, que é um entendimento subjetivo e pode variar de investidor para investidor. Os diferentes julgamentos de valor é que fazem, afinal, o mercado funcionar, havendo sempre compradores e vendedores e proporcionando liquidez para os ativos. É importante saber que a contabilidade utiliza como parâmetro o conceito de valor econômico, e não financeiro. Isto significa que os valores observados nos balanços não têm relação direta com o valor efetivo da realização, o que é dado pelo mercado.

Noções de Contabilidade Os principais itens das demonstrações financeiras são o Balanço Patrimonial e a

Demonstração dos Resultados do Exercício. Balanço Patrimonial No Balanço Patrimonial são registrados os bens, direitos e obrigações da

empresa num determinado momento, agrupados em contas dispostas em ordem decrescente de liquidez.

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Vejamos o Balanço Patrimonial da Empresa XYZ S.A.

Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Passivo Circulante Disponibilidade Fornecedores Clientes Empréstimos Bancários Estoques Impostos e Outros Outros Passivo Exigível a Longo Prazo Ativo Realizável a Longo Prazo Empréstimos Bancários Ativo Permanente Resultados de Exercícios Futuros Investimentos Patrimônio Líquido Imobilizado Capital Diferido Reservas Lucros Acumulados

A soma de todos os itens do Ativo será sempre igual à soma dos itens do

Passivo. No Ativo Circulante estão contabilizadas as disponibilidades (caixa, valores

depositados em bancos, aplicações financeiras de curto prazo, etc.) e os direitos realizáveis no prazo de um ano (contas a receber de clientes, estoques, etc.)

O Realizável a Longo Prazo também registra direitos e obrigações, porém aqueles que somente têm expectativa de realização após um ano a partir da data do balanço (exemplos: vendas com prazo superior a um ano, empréstimos concedidos a empresas do mesmo grupo controlador, dentre outras operações consideradas de longo prazo).

O Ativo Permanente é dividido em três parcelas básicas: Investimentos, Imoblizado e Diferido. Em investimentos classificam-se as participações societárias de caráter permanente em outras empresas (como já foi visto, os investimentos em aplicações financeiras que têm outro sentido e são mantidos no Ativo Circulante). No Imobilizado estão os bens destinados às operações da companhia, como suas fábricas, equipamentos, instalações, etc. Com relação ao Diferido, registra as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social, assim como despesas pré-operacionais.

No Passivo Circulante estão classificadas as obrigações de curto prazo da companhia, como dívida com fornecedores, impostos, instituições financeiras, etc.

O Exigível a Longo Prazo, da mesma forma, registra dívidas e obrigações, com a única diferença situada no prazo de pagamento, ou seja, aqui se incluem aquelas com prazo superior a um ano.

Finalmente, chegamos ao Patrimônio Líquido, que representa o capital próprio da empresa. Nele estão incluídas as contas de Capital, Reserva de Capital, Reserva de Lucros e outras, além dos Lucros Acumulados. Em outras palavras, este grupo se caracteriza pela diferença entre o valor total dos ativos (bens e direitos) e dos passivos (obrigações).

Page 57: Introdução ao Mercado de Ações e de Capitais (Desconhecido)[1]

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Demonstração dos Resultados Na Demonstração dos Resultados do Exercício é que iremos verificar a

performance da empresa dentro de um determinado período. Cabe aqui lembrar que o Balanço Patrimonial representa uma fotografia dos números da empresa em certa data. No caso da Demonstração dos Resultados a visão é outra, ou seja, são valores acumulados num espaço de tempo (receitas e despesas), cujo somatório vai nos mostrar se houve lucro ou prejuízo. A classificação das contas segue uma seqüência lógica e se inicia com o faturamento da empresa (ou Receita Operacional) no período. Vamos tomar como referência a Demonstração de Resultados da empresa fictícia XYZ S.A., mostrada a seguir:

Demonstração dos Resultados (+) Receita Operacional Bruta

(-) Impostos Incidentes sobre Vendas (-) Devoluções e Abatimentos

(=) Receita Operacional Líquida (-) Custo dos Produtos Vendidos

(=) Lucro Bruto (-) Despesas Operacionais

• Vendas • Administrativas • Financeiras (líquidas) • Equivalência Patrimonial • Outras (=) Lucro Operacional

(-) Saldo Não Operacional (=) Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR)

(-) Imposto de Renda (-) Participações Estatutárias

(=) Lucro Líquido

A contabilidade utiliza o chamado critério de competência, e não de caixa, o que significa que todos os valores são lançados na Demonstração dos Resultados, sejam eles efetivamente recebidos ou não.

A Receita Bruta se relaciona com as vendas da empresa no período, não importando se foram feitas à vista ou à prazo. Da receita bruta são deduzidos os impostos, como IPI, ICMS e outros, e ainda eventuais devoluções de vendas e abatimentos concedidos posteriormente à entrega dos produtos. Chegamos então à Receita Líquida.

O Custo dos Produtos Vendidos, ou simplesmente CPV, representa a parcela dos estoques que foi vendida no período, incorporando todo o custo envolvido na produção, como matérias-primas, mão-de-obra, energia, depreciação, etc.

A diferença entre a receita líquida e o CPV resulta no Lucro Bruto. Em seguida, encontramos as Despesas Operacionais, aqui apresentadas de

acordo com as definições dadas pela Lei das S.A. As principais despesas operacionais são:

Page 58: Introdução ao Mercado de Ações e de Capitais (Desconhecido)[1]

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Despesas com Vendas: representam todos os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa, tais como salários do pessoal de vendas, comissão de vendedores, propaganda e publicidade, dentre várias outras. Despesas Administrativas: incluem os gastos com o pessoal específico da área administrativa, honorários da diretoria, dentre outras despesas. Despesas Financeiras: referem-se aos custos dos empréstimos contratados junto às instituições financeiras, além de encargos de títulos e outras operações sujeitas a despesas de juros (debêntures, por exemplo). Nosso exemplo menciona despesas financeiras líquidas, o que significa que as Receitas Financeiras também estão contabilizadas aqui, sendo mostrado o saldo entre despesas e receitas. As receitas financeiras se originam basicamente da aplicação no mercado financeiro das disponibilidades de recursos da empresa. Equivalência Patrimonial: diz respeito à parte proporcional que cabe a uma empresa sobre a variação do Patrimônio Líquido de outras empresas nas quais tenham participação acionária relevante.

Seguindo o ordenamento lógico da Demonstração dos Resultados, concluímos que se deduzirmos do Lucro Bruto todas as despesas operacionais, chegamos ao Lucro Operacional.

O Saldo Não Operacional se refere às receitas ou despesas geradas fora das atividades principais da empresa, sendo um bom exemplo a venda como sucata de um equipamento obsoleto da produção, com lucro ou prejuízo em relação ao seu valor contábil.

Chegamos então ao LAIR (ou Lucro Antes do Imposto de Renda), do qual é deduzida a parte do "Leão" da Receita Federal. Como última dedução, temos ainda as chamadas Participações Estatutárias, que se referem às participações de administradores e empregados nos lucros da companhia, de acordo com o previsto no seu Estatuto.

Tudo considerado apura-se então o Lucro Líquido do Exercício, o qual é direcionado aos acionistas, sendo uma parte na forma de dividendos e outra parte incorporada ao Patrimônio Líquido, na condição de reservas e lucros acumulados.

Constam ainda com destaque nas demonstrações financeiras o Relatório da Administração, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, as Notas Explicativas e o Parecer dos Auditores Independentes.

EBITDA Quando o assunto em questão é análise de empresa, a geração de caixa é de

extrema importância, pois é através dela que se mede a capacidade de produzir recursos. Vale lembrar que o lucro é um importante indicador. Contudo, na maioria das vezes, o lucro é afetado por valores exógenos à atividade da empresa, tais como variações cambiais e resultados não operacionais (Ex.: vendas de ativos).

Neste sentido, a geração de caixa, que trata do desempenho da empresa levando em consideração somente os ganhos gerados em sua atividade principal, é de extrema importância, o que nos leva a um estudo mais aprofundado do balanço. Sendo assim, destacamos a forma mais habitual para o cálculo da geração de caixa, que é a

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chamada Geração de Caixa na Atividade, ou Ebitda (Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization) cujas iniciais, traduzidas, significam: Lucro Antes do Imposto de Renda, Juros, Depreciação e Amortização.

Para chegarmos ao Ebitda, basta somarmos ao Lucro da Atividade (Lucro Bruto descontado das Despesas da Atividade) os valores correspondentes à depreciação e amortização, que se encontram embutidos no CPV (Custo dos Produtos Vendidos) e nas Despesas Operacionais. Vale ressaltar que a depreciação não representa saída de caixa, sendo o reconhecimento contábil da perda de valor por desgaste dos itens que compõem o Ativo Imobilizado da empresa.

Observando a partir da Receita Líquida, o Ebitda vem a ser o resultado da seguinte seqüência: (+) Receita Líquida (-) Custo dos Produtos Vendidos (=) Lucro Bruto (-) Despesas da Atividade (c/ vendas, administrativas e outras diretamente ligadas às operações) (=) Lucro da Atividade (ou EBIT) (+) Depreciação e Amortização (valor correspondente ao período sob análise, que pode ser encontrado no DOAR - Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos) (=) EBITDA.

Margens Nos relatórios de empresas elaborados pela ótica da Análise Fundamentalista é

muito comum encontrar a comparação dos resultados através das margens, conforme aparece nos trechos abaixo, retirados dos relatórios da Belgo Mineira e Telemar. Belgo Mineira: "A margem bruta foi 3 pontos percentuais maior que à verificada em jan-set/03, alcançando 42%, apesar da evolução dos insumos de produção (sucata e gusa)". Telemar: "Neste contexto, destacamos que a margem Ebitda ficou em 42,0%, aumentando 1,3 p.p. nesse período".

Para melhor explicar o assunto, de maneira bastante resumida, podemos dividir a análise de balanço em análise vertical e horizontal. Na análise horizontal comparam-se os resultados entre os períodos. Neste sentido, confronta-se, por exemplo, o balanço de dezembro de 2003 contra dez/04. Desta forma, pode-se avaliar a evolução da receita, lucro e demais contas entre os períodos.

Já à análise vertical, onde o conceito de margem está inserido, consiste na divisão de algumas contas por uma principal. As principais margens, em forma de porcentagem, são: Margem bruta: é a relação existente entre o lucro bruto e a receita líquida; Margem Ebitda: é a relação existente entre o Ebitda e a receita líquida; Margem da atividade: é a relação existente entre o lucro da atividade e a receita líquida; Margem líquida: é a relação existente entre o lucro líquido e a receita líquida;

Através destes indicadores de rentabilidade das vendas, que são amplamente

utilizados nas análises de empresas, é possível fazer uma avaliação relativa das contas, ou seja, comparar qual o percentual do lucro bruto, em relação á receita líquida, foi maior entre os períodos.

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Empresa X 2003 2004 Análise Horizontal

Receita Líquida 1.135.000,00 1.523.000,00 34,2%

Lucro Bruto 538.700,00 643.000,00 19,4%

Análise Vertical (Margem bruta) 47,5% 42,2%

No quadro acima, onde comparamos os resultados, fictícios, da empresa X de

2003 com 2004, podemos perceber que o lucro bruto aumentou 19,4% entre os períodos analisados. Porém, a margem líquida caiu de 47,5% para 42,2%, representado redução de 5,3 pontos percentuais. Isto não quer dizer que a empresa piorou, mas pode indicar uma queda de eficiência, como aumento dos custos de produção maior que a evolução da receita.

Principais Indicadores Quanto aos indicadores que medem a performance da empresa, vamos começar

mostrando aqueles ligados a uma avaliação estática, que são os Indicadores de Liquidez, Endividamento e Rentabilidade.

Indicadores de Liquidez Liquidez Corrente

Ativo Circulante Passivo Circulante

Indica quanto a empresa tem a receber no curto prazo em relação a cada unidade monetária que deve no mesmo período. Liquidez Seca

Ativo Circulante (-) Estoques Passivo Circulante

Tem o mesmo significado que a liquidez corrente, com exceção do fato de que os estoques não são considerados como recebíveis, ou seja, não conta com a realização imediata dos estoques.

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Liquidez Geral Ativo Circulante (+) Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante (+) Exigível a Longo Prazo

Oferece a mesma indicação da liquidez corrente, mas engloba também os ativos e passivos a longo prazo.

Indicadores de Endividamento Endividamento Geral

Passivo Circulante (+) Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido

Indica quanto a empresa tem captado junto a terceiros em relação ao seu capital próprio. Endividamento Oneroso

Dívida Onerosa Total Patrimônio Líquido

Mede especificamente o comprometimento do capital próprio da empresa em relação à sua dívida com bancos e outras que têm custo financeiro embutido (debêntures, desconto de duplicatas, etc.). Endividamento Oneroso Líquido

Dívida Onerosa Total (-) Disponibilidades Patrimônio Líquido

Como o nome diz, trata-se do cálculo do endividamento deduzido das disponibilidades aplicadas no mercado financeiro. É bastante útil nos casos de empresas que têm baixo custo de captação de empréstimos e o fazem com intuito de realizar o que chamamos de arbitragem, ou seja, captam de um lado e aplicam do outro, gerando ganhos líquidos.

Indicadores de Rentabilidade

Rentabilidade do Patrimônio Líquido Lucro Líquido

Patrimônio Líquido É a taxa de retorno dos acionistas e mede a performance do lucro em relação ao capital próprio empregado no empreendimento. Normalmente se utiliza o Patrimônio inicial, mas podem ser necessários ajustes, o que nos leva a sugerir, em princípio, o emprego do Patrimônio médio do período de apuração do lucro.

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Rentabilidade do Ativo Total Lucro Líquido

Ativo Total Médio Este indicador mede a eficiência global da administração, ou seja, o retorno obtido em relação ao total de recursos empregados sejam eles próprios ou de terceiros.

Os indicadores de rentabilidade são habitualmente expressos no formato percentual.

Indicadores de Mercado Lucro por Ação (L.P.A.)

LUCRO LÍQUIDO DISPONÍVEL (após I.R.)Número de Ações da Empresa

O Índice Lucro por Ação (L.P.A.), procura estabelecer quantos reais ou centavos cabe a cada ação emitida pela empresa de lucros líquidos e disponíveis em determinado exercício. O lucro apurado por uma empresa em determinado exercício pode ser conceituado de diversas formas: Lucro Bruto, Lucro Líquido Antes do Imposto de Renda etc. O Lucro Líquido Disponível aos Acionistas corresponde ao resultado final da empresa, o qual está destinado aos seus acionistas, sob a forma de dividendos, ou sob a forma de aumento das reservas de empresa. Na realidade é indiferente para o acionista se o lucro final da empresa é distribuído em dividendos, ou reinvestido na empresa. De qualquer forma, ele está recebendo este resultado: em dinheiro (se for distribuído em dividendos), e/ou por aumento do Patrimônio Líquido e, mais tarde, por bonificações ou alterações do valor nominal das suas ações (caso o resultado fique retido na empresa para ser reaplicado). O Lucro por Ação é, na realidade, uma expressão da capacidade que a empresa tem em remunerar o acionista, devendo ser examinadas as séries temporais deste indicador para se avaliar inclusive as possibilidades futuras de geração de lucros dessa ação.

Valor Patrimonial por Ação (V.P.A.)

PATRIMÔNIO LÍQUIDO Número de Ações Emitidas

Os lucros gerados pela empresa podem ser distribuídos ou reinvestidos. Se forem reinvestidos, estes resultados aumentarão o Patrimônio Líquido, ou seja, o valor dos recursos próprios da empresa que, em última análise, pertencem aos seus acionistas. O índice “Valor Patrimonial” da ação mede a substância patrimonial líquida que cabe a cada ação. Em termos bem simplificados, o valor patrimonial de uma ação corresponde à parcela que caberia a cada ação, caso a empresa fosse desativada e saldasse seus compromissos com a venda dos ativos circulantes a preço de custo e seus ativos permanentes a preço de custo histórico ajustado pela Correção Monetária. Vale lembrar que o Patrimônio Líquido corresponde à diferença entre o Ativo (Bens e Direitos possuídos por uma empresa em determinada data) e o Passivo Exigível (Dívidas ainda não resgatadas até determinado momento).

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Abordados os índices de “Lucro/Ação” e o “Valor Patrimonial” propomos ao leitor a seguinte reflexão: duas ações que normalmente geram o mesmo lucro/ação de, digamos, $2,00, e cujas expectativas futuras são idênticas, devem ter o mesmo preço no mercado Secundário, ou seja, nos pregões das Bolsas de Valores?

Naturalmente, a identidade de preços somente ocorreria caso essas empresas também fossem absolutamente idênticas em todas as outras importantes características do investimento em ações. O valor patrimonial, por exemplo, é uma destas outras características. Evidentemente, quanto maior for o valor patrimonial de uma ação, maiores serão as chances de futuras distribuições de dividendos e bonificações e menor será a dependência da empresa em termos de recursos de terceiros aos quais se associam custos financeiros que afetam as expectativas de lucros futuros.

Mas, mesmo que os valores patrimoniais destas ações fossem idênticos também o seriam seus preços de mercado? A resposta a esta indagação é que, mesmo assim, dificilmente, estas ações teriam o mesmo preço. A razão para a diferença entre as cotações de duas idênticas em termos de valor patrimonial e previsão de lucros/ação é que, certamente, elas não apresentariam níveis iguais de risco.

O risco de uma ação específica, em determinado momento, é uma característica das mais complexas no sistema de análise de investimento em ações. Não é possível se ter uma avaliação exata do risco, uma vez que esta variável é sentida de forma individual e subjetiva por cada investidor presente ao mercado.

Mesmo assim, para simplificar a nossa exposição, suponhamos que fosse possível distinguir claramente os níveis de risco associados a estas duas ações que têm a mesma previsão de lucros/ação e o mesmo valor patrimonial e imaginemos que os riscos associados à ação “A” sejam equivalentes ao dobro dos riscos associados à ação “B”. Tal diferença entre os níveis de incerteza das ações “A” e “B”, seguramente, estaria plenamente refletida em suas diferentes cotações no mercado.

Assim, a ação “A” somente poderá encontrar compradores se o seu preço de mercado representar efetivamente a chance de um rendimento superior ao da ação “B”. Em outras palavras, como ambas as ações são idênticas em termos de lucro/ação previstos, a maioria dos investidores tenderá a escolhera ação”B”, se as alternativas disponíveis para a escolha forem, exclusivamente, “A” ou “B”. Estas constatações nos induzem a admitir como lógica a superioridade da cotação da ação “B”.

Relação Preço-Lucro (Índice P/L)

PREÇO DA AÇÃO NO MERCADO Lucro / Ação

Para o investidor estas duas variáveis (lucro/ação previsto e preço atual de mercado) são centrais em seu processo decisório, uma vez que a cotação atual representa o seu custo (caso decida pela compra da ação) e o lucro/ação previsto representa o seu benefício esperado. Assim, nada mais racional do que supor que suas decisões se baseiem numa relação “custo/benefício”, ou seja, no índice P/L (Preço/Lucro). Suponhamos, por exemplo, que a ação “B” esteja cotada a $10,00. Como o seu lucro/ação previsto é, por hipótese, $2,00, o seu índice (5) tem duas interpretações básicas.

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Em primeiro lugar, poderíamos considerar que quem investir $10,00 na aquisição de uma ação “B”, demorará 5 anos para recuperar este investimento, através dos lucros previstos, os quais, por hipótese, seriam distribuídos em dividendos anuais de $2,00. Em segundo lugar e numa ótica mais objetiva, quem investe $10,00 na aquisição da ação “B” e espera auferir um lucro/ação de $ 2,00/ano, está projetando uma lucratividade anual de 20% ($2,00/$10,00=0,20 ou 20%). Como pode ser observado, a taxa de lucratividade prevista (20% ou 0,20) corresponde ao inverso do P/L (I:P/L1/5=0,2 ou 20%). Como o postulado fundamental da análise de investimento estabelece que a lucratividade esperada das alternativas de aplicação tem que estar relacionada diretamente com os níveis de riscos respectivos, segue-se que quanto maior for a incerteza que envolve o retorno de uma determinada ação, menor deverá ser o seu índice P/L justo ou razoável. 6.2 Análise Gráfica

Agora que já tem uma noção do que representa uma ação e de algumas das suas principais características, podemos seguir adiante. Imagine que hoje se dará a estréia da ação Ganhar.com no pregão. Para efeito de acompanhamento registraremos a evolução dos negócios através de um gráfico em que o eixo vertical representa uma escala dos preços de negociação e o eixo horizontal a seqüência temporal dos negócios, conforme representado a seguir:

A partir deste momento, deparamo-nos com o problema que todo e qualquer

investidor tem, ou seja, avaliar de algum modo se o preço destas ações, agora cotadas em bolsa, está caro ou barato, se vai permanecer onde está, se vai subir ou se vai cair. Existem várias maneiras de fazer esta análise, mais duas possuem mais seguidores: a análise técnica e a análise fundamentalista.

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Sendo as Bolsas locais onde os preços se formam livremente pelo enfrentamento entre as forças da oferta e da procura, o técnico assume que tudo que lhe interessa analisar é o movimento do preço, na medida em que ele embute a atuação e a expectativa de todos os agentes que participam do mercado. Colocando de outro modo, para o técnico o preço é a resultante de todas as forças que atuam no mercado. Ao interpretá-lo detectará a força predominante.

Assim, por exemplo, um investidor que tenha acesso a algum tipo de informação

privilegiada sobre uma determinada empresa e decidir tirar partido dessa informação, dificilmente não terá sua atuação detectada pelo analista técnico, muito embora este não saiba o motivo nem quem está agindo. Mas, para o técnico, o que importa não é o motivo e sim o seu reflexo no preço.

Assim como num jogo de xadrez ou de dama, o nosso jogo também será jogado num tabuleiro. Só que o nosso tabuleiro será limitado por um eixo vertical de preço e outro horizontal de tempo, onde as linhas horizontais imaginárias serão obstáculos a serem transpostos e as diagonais nossas vias de locomoção. Nossas peças serão sempre as mesmas: barras de preços. Elas poderão se mover para cima, para baixo ou lateralmente, sempre em direção à direita.

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6.2.1 Gráfico de Barras

O que é uma barra de preços? Uma barra de preços, simbolizada por uma barra vertical, é o registro pictográfico da atividade do preço de um ativo financeiro durante um período, onde cada preço é um consenso momentâneo de valor de todos os participantes do mercado, expresso em movimento. Voltemos ao primeiro dia de negócios com as ações da Ganhar.com

Cada barra de preço fornece alguns pedaços de informação sobre o equilíbrio de forças entre compradores e vendedores. Para que entenda um gráfico precisa saber interpretá-la. Vamos supor uma barra de preço que reflita o período de um dia de pregão. Na barra vertical, através de um traço (tique) horizontal à sua esquerda está representado o nível de preço do primeiro negócio do dia, a abertura (1.000). O último negócio do dia, o fechamento (1.001), é representado por um tique horizontal à sua direita. As extremidades representam respectivamente a máxima (1.003) e a mínima (999) atingidas neste dia.

As marcas que representam abertura e o fechamento são fáceis de se entender como surgem, mas como se formam os extremos? O extremo superior (a máxima) se formou quando a disposição dos compradores em pagar preços cada vez mais altos foi sobrepujada pela força de venda contrária dos vendedores naquele nível. Ou seja, o preço sobe até um determinado nível, em princípio desconhecido, que uma vez atingido mobiliza uma massa de vendedores cujo desejo de venda impede que o preço siga adiante. O extremo inferior se forma de modo inverso.

6.2.2 Gráficos de Candlestick Com origem no Japão, foi desenvolvido através do Yadoya Keian e, mais tarde, complementado por Munehisa Homma, que, por suas extraordinárias habilidades em negociar arroz futuro na bolsa de Dojima, foi considerado o “Deus dos Mercados” do século XVII.

Semelhante ao gráfico de barras, cada candle apresenta quatro informações: os valores de abertura, fechamento, máxima e mínima. A diferença fundamental é que toda ênfase é dada aos preços de abertura e fechamento, cuja amplitude entre tais parâmetros é denominada corpo. Existem, ainda, linhas que se estendem acima e abaixo do corpo, e que são chamadas respectivamente de sombra superior e inferior. Um exemplo do gráfico de candlestick segue abaixo.

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Note que existem dois tipos de candles. O de corpo vazado, quando o preço de fechamento está acima do valor de abertura e o preenchido que mostra o contrário, ou seja, o preço de fechamento abaixo do preço de abertura.

Agora que já sabe o que é uma barra e um candle, aprenda sobre as periodicidades mais comuns em que são construídas, porque serão elas que determinarão a abrangência do que estiver observando num gráfico, de modo a poder determinar os níveis de suporte e resistência mais significativos. Para que possa entender melhor ainda o significado de uma barra, de como se processa a luta entre compradores e vendedores ao longo de um dia de pregão, vamos inventar uma barra com as seguintes informações: abertura = 4,20, máxima = 13,00, mínima = 1,50 e fechamento = 11,50. Agora, vamos dissecá-la, criando um desdobramento hipotético. Faça de contas que o pregão é dividido em 18 períodos de 15 minutos com intervalos de 1 minuto entre eles e que cada barra de 15 minutos seja construída de maneira idêntica à barra diária, com o valor da abertura, o valor da máxima, o valor da mínima e o valor do fechamento. No final do dia, utilizando dois eixos perpendiculares (o horizontal representando uma escala de tempo e o vertical de valor), é possível visualizar, através da movimentação das barras de 15 minutos, como foi o movimento interno do pregão daquele dia.

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No exemplo acima, na primeira barra de 15 minutos, a abertura (o primeiro negócio concretizado) foi a R$ 4,20. Depois, o preço cedeu ligeiramente até R$ 4,00 (registrando a mínima desta barra), subiu até 9,20 (registrando a máxima desta barra) e cedeu fechando (o último negócio executado desta barra) a 7,40.

Na barra seguinte, o primeiro negócio (abertura) foi feito a 7,40. Em seguida o preço subiu ligeiramente atingindo a máxima de 7,50, de onde começou a declinar até chegar a uma mínima de 4,50 e fechar com uma ligeira melhora a 5,20.

Na terceira barra, o primeiro negócio (abertura) foi fechado a 6,10. Coincidentemente, em função de o primeiro negócio ter sido executado no valor máximo desta barra, o preço da máxima ficou sendo igual ao da abertura. No restante do período, o preço foi cedendo gradualmente até o último negócio realizado a 3,20. Como o valor do último negócio foi feito no preço mais baixo da barra, a mínima e o fechamento ficaram com os mesmos valores.

Com base no que foi visto, proponho um teste de assimilação: Quais são os valores (aproximados) de abertura, máxima, mínima e fechamento das ÚLTIMAS 14 barras? Abaixo encontrará uma tabela pronta para fazer o exercício.

B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13 B14 B15 B16 B17 B18Abe Máx Min

Fech

A combinação destas idas e vindas das barras de periodicidade de 15 minutos, que abrangem um dia inteiro de negociações (um pregão), forma uma única barra de periodicidade diária. No diagrama acima ela está representada pela barra em negrito, a última e a maior de todas. Ela incorpora o preço do primeiro negócio do dia (abertura), a maior máxima e a menor mínima registradas dentro do dia e o último negócio do dia (fechamento).

Como pode observar, apesar de não detalhar todas as oscilações do mercado naquele dia, o que vimos através das barras de 15 minutos revela uma boa parte do todo. Neste dia, os compradores venceram a batalha porque o preço subiu.

Ao longo deste curso e das revistas, freqüentemente você lerá textos com referências a gráficos intradia, diários, semanais e mensais. São assim designados em função da periodicidade (freqüência) da barra.

Num gráfico semanal, uma única barra tem o mesmo padrão de combinação do exemplo que vimos com as barras de 15 minutos formando uma única barra diária. Só que, em vez de reunirmos a abertura, a máxima, a mínima e o fechamento de 18 barras de 15 minutos, combinamos os mesmos valores das barras diárias que se formaram durante a semana (5 barras numa semana sem feriado. Se tivermos um feriado na semana, a barra semanal assume o valor combinado das quatro restantes. Se a semana tiver apenas 1 dia útil, as barras diária e semanal serão iguais). Num gráfico mensal, uma única barra representa a combinação dos valores de abertura, máxima, mínima e fechamento das barras diárias que se formaram dentro daquele mês. E, assim por diante. Embora ainda não esteja acostumado a observar e interpretar um gráfico vá

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começando a treinar. Observe no gráfico da próxima página como uma barra de periodicidade de 15 minutos se converte numa barra de 1 hora, que por sua vez se converte numa barra diária que por sua vez se converte numa barra semanal.

6.2.3 Ponto de Retorno, Topos, Fundos, Suportes e Resistências

Do que foi visto até agora podemos concluir que a máxima de uma barra é um ponto em que a presença dos vendedores impõe uma pressão denominada resistência que impede que o preço prossiga subindo e que a mínima de uma barra é um ponto em que a presença dos compradores impõe uma pressão denominada suporte que impede que o preço continue caindo. Ou seja, um preço sobe pela ausência de vendedores e cai pela ausência de compradores. Quando a força contrária ao movimento em andamento passa a predominar cria uma barreira que impede, ao menos temporariamente, que o preço prossiga evoluindo na direção prévia.

São estas pressões que vão criar os pontos de retorno de um gráfico. Se o ponto de retorno ocorrer após uma sucessão de duas ou mais barras ascendentes, este nível é classificado como um topo; se ocorrer após a sucessão de duas ou mais barras descendentes é classificado como um fundo. Portanto, topos são níveis de resistência e fundos são níveis de suporte. Os diagramas que se seguem esclarecerão melhor o que são pontos de retorno e níveis de suporte e resistência.

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Topo é o nível de preço mais alto atingido por uma sucessão de duas ou mais

barras de preço antes da ocorrência de um ponto de retorno, conforme exemplo da figura 1, acima.

Fundo é o nível de preço mais baixo atingido por uma sucessão de duas ou mais barras de preço antes da ocorrência de um ponto de retorno, conforme exemplo da figura 2, acima.

a) Suportes são níveis de preços onde as compras feitas pelos investidores são fortes o suficiente para interromper durante algum tempo e, possivelmente, reverter um processo de queda, gerando um ponto de retorno; b) Resistências são níveis de preços onde as vendas feitas pelos investidores são fortes o suficiente para interromper durante algum tempo e, possivelmente, reverter um processo de subida, gerando um ponto de retorno.

Assim, topos são zonas de resistência e fundos são zonas de suporte. Uma vez definida uma região de suporte ou resistência, seus papéis podem se alternar, isto é, uma região de resistência recente, uma vez rompida para cima pode transformar-se numa área de suporte e um suporte recente, uma vez rompido para baixo, transformar-se numa área de resistência, conforme ilustra o diagrama cima.

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Observe agora os gráficos acima, você verá quatro janelas de um mesmo ativo

apresentado em quatro periodicidades diferentes, a saber: mensal, semanal, diária e de 15 minutos. Poderá identificar os topos e os fundos, bem como os níveis de suporte/resistência. Responda: quais são os topos e fundos e os níveis de suporte/resistência mais importantes?

Os topos/fundos e suportes/resistências mais importantes são a da maior periodicidade examinada. Os topos e fundos contidos no interior de uma longa perna de alta ou de baixa são denominados topos e fundos secundários e os dos extremos são denominados topos e fundos principais. Porém, quando passa a examinar um gráfico de uma ou mais periodicidades acima da que vinha observando, poderá notar que um topo ou fundo principal na periodicidade em que examinava, numa periodicidade acima poderá ser um topo ou fundo secundário. Assim quanto maior a periodicidade examinada, mais significativo seus topos fundos principais e por conseqüência os níveis de suporte e resistência.

Ao lado, temos o gráfico diário de CMIG4. Se tivesse que definir seus topos e fundos mais importantes, bem como os principais níveis de suporte e resistência, certamente afirmaria que no cenário que está à vista, os topos e fundos mais importantes como níveis de suporte e resistência são os definidos como topo e fundo principal.

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Mas, nesta visão o alcance da sua análise fica restrito à observação da árvore. Para que possa ter uma visão mais ampla dos níveis de suporte e resistência será preciso que se afaste deforma que possa visualizar a floresta.

Observe na próxima imagem (gráfico semanal) se num cenário mais amplo, o topo e o fundo principal definidos no gráfico diário continuam sendo os principais níveis de suporte e resistência:

Como pode observar, o topo principal do gráfico diário, quando visto numa periodicidade acima surge como um topo secundário, parte de uma longa perna de queda. Conseqüentemente, aquilo que pensamos ser um nível de resistência importante nada mais é do que uma resistência inexpressiva. O fundo principal do gráfico diário coincide com o FUNDO PRINCIPAL do gráfico semanal e aparentemente formam um nível de suporte importante, o último dos moicanos. Será que esta afirmação é verdadeira? Que tal subirmos mais uma periodicidade para uma visão ainda mais abrangente da floresta?

No gráfico mensal podemos ver que o FUNDO PRINCIPAL do gráfico semanal é um fundo secundário FS do gráfico mensal, não se constituindo – como até então achávamos – no principal suporte do preço. Neste cenário, o suporte principal é o FUNDO PRIMÁRIO. O mesmo serve para o TOPO PRINCIPAL. Como pode observar, também se constitui num topo secundário TS do gráfico mensal, não sendo, portanto, a principal resistência do preço.

Observe agora o conjunto da obra, ou melhor, como deve ser montado um

cenário onde serão identificadas e posteriormente definidas as estratégias operacionais. Assim como num jogo de xadrez, você precisa estar à frente do eventual desdobramento do preço.

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6.2.4 Ziguezagues

A observação de uma barra, como vimos, permite que você extraia alguns pedaços de informações sobre o equilíbrio das forças entre compradores e vendedores, mas por si só, ela não é suficiente para nos fornecer a direção do mercado.

O ziguezague é o padrão básico da direção dos preços e de alguns indicadores. Como podem observar no quadro da página anterior, os preços de um ativo negociado nas bolsas, quando se movimentam, geralmente, não o fazem em linha reta, mas sim em forma de raio.

Para que tenhamos uma sinalização da direção de um preço (ou de um mercado) é preciso que ele se movimente até um nível qualquer, formando um extremo (topo ou fundo) e que este movimento seja seguido por dois pontos de retorno, o primeiro na direção oposta e o segundo na direção inicial rompendo (ou penetrando) o extremo do topo ou fundo prévio. O diagrama abaixo ajudará na compreensão do texto:

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Para efeito didático, daqui em diante, chamarei de zigue à combinação do movimento inicial com primeiro retorno [( ) ou ( )] e de zague a perna da penetração [( / ) ou ( \ ). No gráfico da próxima página, do BOVESPA diário, assinalei alguns exemplos de ziguezagues reais ocorridos durante o seu desdobramento. Com o objetivo de ir treinando sua visão, observe e vá se acostumando com o fato de que a amplitude (altura) dos ziguezagues é variável, alternando entre pequenos, médios e grandes, indistintamente.

6.2.5 Tendências

Vimos no estudo do ziguezague que ele é o padrão básico da direção dos preços, podendo ser ascendente, indefinido e descendente. A permanência de um preço numa determinada direção, durante um período de tempo, nos leva ao conceito de tendência. Assim, temos que:

Tendência de Alta é uma sucessão de topos e fundos ascendentes (uma sucessão de ziguezagues para cima).

Tendência de Baixa é uma sucessão de topos e fundos descendentes (uma sucessão de ziguezagues para baixo).

Tendência Lateral ou em Linha é uma sucessão de topos e fundos horizontalmente irregulares (uma sucessão lateral de ziguezagues irregulares). No diagrama abaixo, as definições acima ficarão mais evidentes:

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Aproveite o gráfico utilizado para exemplificar os ziguezagues e veja quantas tendências de alta, baixa e indefinida consegue identificar.

Examinados estes conceitos básicos, necessários para melhor compreensão do curso, podemos começar a nossa caminhada pela estrada da análise técnica. Apesar das muitas variantes da escola técnica, neste curso nos concentraremos sobre o desenvolvimento de um método operacional construído através da combinação de algumas das suas principais teorias. Acredito, convictamente, que ao seu término estará capacitado a enfrentar o mercado como nunca esteve antes.

A primeira pessoa a formular uma teoria para o estudo do movimento dos preços utilizando um gráfico foi Chales H. Dow, que foi o fundador da Dow, Jones & Company, na época, a maior agência de notícias financeiras e um dos proprietários do Wall Street Journal, que ele editou até a sua morte em 1902, aos 52 anos. Durante os últimos anos de sua vida ele escreveu alguns editoriais sobre as especulações com ações que são o único registro pessoal de suas observações das características recorrentes do mercado de ações. Estas observações foram feitas baseadas no movimento diário do índice dos preços das ações das companhias ferroviárias e do índice das ações industriais.

Dow não designou suas observações sobre o mercado de ações como a Teoria de Dow. Isto foi feito pelo seu amigo S. A. Nelson, que escreveu The A B C of Stock Speculation em 1902. Ele foi o primeiro a tentar explicar os métodos de Dow de um modo prático.

William Peter Hamilton, que trabalhou com Dow, levou adiante os seus estudos e interpretações da teoria através de editoriais ocasionais no Wall Street Journal. Em 1922 escreveu The Stock Market Barometer, um livro em que explica com mais detalhes a teoria de Dow.

Nesta obra, algumas das observações de Dow foram colocadas como princípios, dos quais abordaremos apenas os que dizem respeito à metodologia operacional que estamos desenvolvendo.

As Três Tendências: -- O “Mercado”, significando o preço das ações em geral, move-se em tendências das quais as mais importantes são as Primárias. Elas são longos movimentos para cima ou para baixo que duram normalmente um ano ou mais e resultam em grandes valorizações ou desvalorizações dos preços. Os movimentos na direção da tendência Primária são, algumas vezes, interrompidos, em intervalos, por oscilações Secundárias na direção oposta ¾ reações ou “correções” quando o movimento Primário foi além de si mesmo (exagerou) e precisa, então, recuperar forças para prosseguir. Finalmente, as tendências Secundárias são compostas pelas tendências Terciárias que refletem a oscilação do dia-a-dia.

Diante do exposto no parágrafo anterior podemos dizer que uma Tendência Primária de Alta é formada por uma sucessão de subidas e descidas secundárias, onde cada movimento (perna) de alta ultrapassa o topo do movimento (perna) de alta precedente e cada movimento (perna) de baixa volta a subir (reverte) de um nível mais alto que o fundo do movimento (perna) de baixa precedente. Isto é o que definido, pela Teoria de Dow, como Mercado de Alta. Inversamente, Tendência Primária de Baixa é formada por uma sucessão de subidas e descidas secundárias, onde cada movimento (perna) de baixa ultrapassa o fundo do movimento (perna) de baixa precedente e cada movimento (perna) de alta volta a cair (reverte) de um nível mais baixo que o topo do

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movimento (perna) de alta precedente. Isto é o que definido, pela Teoria de Dow, como Mercado de Baixa.

De maneira idêntica podemos afirmar que uma Tendência Secundária de Alta é formada por uma sucessão de subidas e descidas terciárias, onde cada movimento (perna) de alta ultrapassa o topo do movimento (perna) de alta precedente e cada movimento (perna) de baixa volta a subir (reverte) de um nível mais alto que o fundo do movimento (perna) de baixa precedente. Inversamente, Tendência Secundária de Baixa é formada por uma sucessão de subidas e descidas terciárias, onde cada movimento (perna) de baixa ultrapassa o fundo do movimento (perna) de baixa precedente e cada movimento (perna) de alta volta a cair (reverte) de um nível mais baixo que o topo do movimento (perna) de alta precedente.

As Tendências Secundárias geralmente duram de três semanas a alguns meses, raramente mais. Costumam retroceder (corrigir) de um terço a dois terços da Tendência Primária precedente.

As Tendências Terciárias seguem o mesmo padrão das duas anteriores, mas formadas por flutuações que em si mesmas são pouco significativas. Estes movimentos são de curta duração, em geral menos de seis dias, raramente mais do que três semanas.

Com o intuito de facilitar o entendimento da classificação das tendências, segue-se um diagrama. Esclareço, entretanto, que no mundo real, os ziguezagues raramente se desdobram de maneira tão certinha assim. Muitas vezes, terá que lançar mão de recursos complementares para melhor identificá-las. Alguns desses recursos podem ser: traçar linhas de tendência ou marcar o canal, visualizar o gráfico em linha utilizando apenas os preços de fechamento, subir de periodicidade, o uso de indicadores complementares (médias móveis), etc. Tudo isto será visto mais para frente.

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Parece um quadro do Volpi, mas não é. É o uso das cores com objetivo didático. A linha preta contínua é o gráfico de preços computados apenas pelo valor dos fechamentos. Todo o desdobramento incluso na área azul mais escura até o topo mais alto é o que chamamos de uma tendência primária de alta. Todo desdobramento incluso na área cinza a partir do topo mais alto (à sua direita) é o que chamamos de uma tendência primária de baixa.

Reforçando, ambas são formadas por tendências secundárias de alta (área azul claro) e de baixa (área vermelha). Estas, por sua vez, são formadas por tendências terciárias de alta (área verde) e de baixa (área amarela). Com estes esclarecimentos acredito que não fique nenhuma dúvida sobe a classificação das tendências. Mas, se ainda restou alguma, entenda deste modo: As tendências secundárias são subdivisões das Tendências Primárias (um grau abaixo); as Tendências Terciárias são subdivisões das Tendências Secundárias (um grau abaixo). As tendências terciárias são subdivisões da Tendência primária (um grau abaixo da secundária e dois graus abaixo da primária).

Finalmente, resta comentar que, algumas vezes as pernas das tendências secundárias e terciárias se confundem, isto é, devido à velocidade do movimento e à sua extensão, podem ser a mesma. Um exemplo pode ser visto na última secundária de baixa da Tendência primária de baixa, onde as setas vermelha e amarela estão superpostas no mesmo movimento.

Dica: Quando for classificar a Tendência Primária de um ativo qualquer terá seu trabalho facilitado se utilizar o gráfico de periodicidade mensal. De modo idêntico, o gráfico semanal facilitará na percepção da Tendência Secundária e o diário a da Tendência terciária.

Veja a seguir um gráfico mensal do BOVESPA onde pode observar sua evolução durante um período de 12 anos. Poderá constatar que em alguns níveis, a seqüência dos topos e fundos ascendentes passam por períodos de difícil identificação, interrompendo o padrão anterior (ficando indefinidos). Aproveitando o exemplo abaixo, marque os topos principais e intermediários e, em seguida, verifique quantas tendências primárias de alta e de baixa consegue identificar:

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Deve Ser Assumido Que Uma Tendência Continua Em Andamento Até O Momento Que Uma Reversão Tenha Sido Definitivamente Assinalada: Enquanto uma sucessão de topos e fundos ascendentes (Tendência de Alta) ou topos e fundos descendentes (Tendência de Baixa) mantiverem o padrão, deve ser assumido que a Tendência continua em andamento, até o momento em que uma reversão estiver caracterizada. A reversão de uma Tendência de Alta se caracterizará, quando houver uma falha na tentativa de ultrapassagem do topo precedente (ou anterior), seguida de uma penetração do fundo precedente (ou anterior). A reversão de uma Tendência de Baixa ocorrerá, quando houver uma falha na tentativa de ultrapassar o fundo precedente (ou anterior), seguida de penetração do fundo precedente (ou anterior). Assim, temos:

Preços de Fechamento: -- Todas as considerações da teoria de Dow baseiam-

se nos preços de fechamento, trabalhando sempre com os gráficos em linha. Isto é, os gráficos são construídos unindo-se apenas os preços de fechamento. Abertura, máxima e mínima são desprezadas. Abaixo pode ver o gráfico de barras de Petrobrás e o mesmo gráfico em linha. No momento de avaliar as tendências, este recurso facilita tremendamente a visualização da direção dos ziguezagues.

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Linha de Tendência Embora muitos investidores possam desprezar a importância das linhas de

tendência, elas são uma das ferramentas mais importantes da análise técnica. Na metodologia que estamos desenvolvendo, como disse anteriormente, são básicas.

As pessoas marcam as linhas de tendência de muitos modos diferentes, mas de um modo geral, a chave para plotar as linhas de forma correta é traçá-las conectando dois fundos com um topo intermediário entre eles ou dois topos com um fundo intermediário entre eles.

A linha de tendência pode ser de baixa ou de alta: uma linha de tendência de alta é representada graficamente por uma linha reta conectando as correções (os fundos) numa tendência de alta. A linha de tendência de baixa é o inverso; conecta as correções (os topos) numa tendência de baixa. São usadas para identificar a direção das tendências. Quando dois topos ou dois fundos estão horizontalmente nivelados, também é possível conectá-los com linhas horizontais, mas, ao invés de linha de tendência, a linha é denominada respectivamente de linha de resistência ou linha de suporte. O diagrama abaixo facilitará a compreensão do texto.

Reforçando, para que se possa traçar uma linha de tendência de alta, será

necessário a existência de, pelo menos, dois fundos (F e F1) intercalando um topo (T1) e que o segundo fundo (F1) esteja num nível mais alto do que o primeiro (F). A linha de tendência de baixa é o inverso. Você precisa ter dois topos (T e T1) intercalando um fundo (F1) e o segundo topo (T1) tem que estar num nível inferior ao primeiro (T). A confirmação da validade dessas linhas ocorre quando o terceiro toque se confirmar (F2 E T2 respectivamente), isto é, respeitar essa linha e reverter seu movimento na direção oposta. A projeção dessas linhas para frente nos ajudará a antecipar futuros pontos de compra e venda. Além do diagrama acima, encontrará nos gráficos analisados na revista e nas análises diárias uma série de exemplos reais de linhas de tendência em andamento. Só com treinamento alcançará o grau de “olho de águia”. Brincadeira à parte, treine bastante a colocação das linhas de tendência. Como já disse, será um elemento essencial na definição das estratégias.

Ângulo de Inclinação É o aspecto mais importante da linha de tendência ¾ se estiver inclinada para

cima, mostra que os compradores são a força dominante nesse momento e procurará operar do lado mais forte; se estiver inclinada para baixo, mostra que os vendedores são a força dominante e operará com eles. Assim, se estivermos acompanhando, por

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exemplo, uma linha de tendência de alta, toda vez que os preços retrocederem para essa linha, poderemos tentar uma compra, evidentemente com um estope de entrada (estope de entrada ou inicial é o nível definido simultaneamente com o ponto de compra para, se a compra que tiver feito não evoluir favoravelmente, limitar sua perda) um pouco abaixo da linha. Para uma linha de tendência de baixa o raciocínio é o inverso. Veja nos desenhos abaixo alguns exemplos representativos da inclinação das linhas de tendências de alta e de baixa.

Linha de retorno É uma linha traçada paralelamente à linha de tendência original, que liga os

extremos opostos. Isto é, se tivermos uma linha de tendência de alta (traçada pela conexão dos fundos), a paralela estará conectando os topos e os preços ficarão contidos dentro dessas paralelas, criando um corredor denominado canal de alta. Se estivermos diante de uma tendência de baixa (traçada pela conexão dos topos), a linha de retorno paralela estará conectando os fundos, formando um corredor conhecido por canal de baixa.

Nem sempre, porém, será possível traçar um canal. Alguns movimentos na

direção oposta da linha de tendência têm amplitudes irregulares, dificultando a definição de uma linha de retorno paralela. Porém, sempre que possível, não se esqueça de marcá-la, pois será grande de auxílio nas projeções dos próximos níveis de suporte e resistência do movimento, possibilitando operações de compra e venda nos seus limites, na medida em que o canal for se desenvolvendo. De vez em quando, também encontrará um canal menor contido dentro do canal principal.

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Observe, no gráfico ao lado, como o corte da linha de tendência de alta do canal de alta interno, resultou numa queda até o suporte proporcionado pelo canal de alta principal. Um aspecto interessante dos canais é que além de servirem para projetar futuros níveis de suportes e resistências nos seus limites superior e inferior, também se prestam a novas projeções após estes níveis terem sido penetrados.

A técnica da projeção é muito simples, dobrando-se a amplitude do canal para o

lado em que ocorre sua perfuração. O diagrama abaixo ajudará no esclarecimento do texto:

Aproveite que os níveis de suporte e resistência não foram traçados no canal de baixa e veja se consegue identificá-los. Como perceberá, aqui também os níveis de suporte e resistência alternam seus papéis após terem sido penetrados.

Importância da linha de tendência Avalia-se a importância de uma linha de tendência através da análise de cinco

fatores: sua periodicidade, seu comprimento, o número de vezes em que foi tocada pelos preços, sua inclinação e seu volume.

• Quanto mais alta a periodicidade, mais significativa: uma linha de tendência num gráfico semanal revela uma tendência mais importante do que uma linha de tendência num gráfico diário. Uma mensal, mais do que uma semanal; uma diária mais do que uma horária, e assim por diante.

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Se estivesse analisando apenas o gráfico diário, poderia pensar que a linha de tendência de baixa (LTB1) fosse a resistência principal rumo ao teste do topo de 4,17. Entretanto, subindo da periodicidade diária para a semanal, perceberá que a linha de tendência principal, aquela que tem que ser realmente rompida, rumo novas máximas é a LTB.

• Quanto mais longa for (em tempo, mas na mesma periodicidade), mais válida: uma linha de tendência de curta duração reflete o comportamento da massa durante um curto período de tempo. Uma, de prazo mais longo, reflete o comportamento da massa durante um longo período de tempo.

Observe na linha de tendência de alta, traçada no gráfico de Embraer on, quantas oportunidades de compra, com estopes iniciais curtíssimos, foram proporcionadas nas vezes em que o preço retornou próximo à linha, a partir do terceiro toque assinalado pela segunda seta.

• Quanto maior o número de contatos (toques) entre os preços e a linha de

tendência, mais válida: maior o número de vezes que o preço tocar na linha e, daí, reverter, mais confiável ela se torna, mostrando com isso que a força dominante tem o mercado sobre controle. O exemplo de Embraer também serve para esta consideração.

• O ângulo de inclinação reflete a intensidade emocional do grupo dominante no mercado: uma linha muito inclinada mostra que o grupo dominante está se movendo rapidamente. Uma linha pouco inclinada mostra que o grupo dominante está se movendo lentamente.

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No gráfico acima (BOVESPA diário), a linha mais estreita mostra um período em

que o grupo dominante está se movendo lentamente, provavelmente num processo de acumulação conforme sugere o OBV (On Balance Volume: técnica de estudo do volume). Posteriormente, o gráfico mostra um período em que a linha de tendência aumenta substancialmente sua inclinação, provavelmente no momento em que o público em geral entra na compra.

• Volume: se o volume aumenta quando os preços se movimentam na direção da linha de tendência, ele confirma essa linha. Se o volume diminui quando os preços, corrigindo, voltam a essa linha, também confirma essa linha. Se o volume se expande quando os preços voltam a essa linha, é um sinal de advertência de uma possível penetração. Se o volume se retrai quando os preços se afastam da linha de tendência, é uma advertência de que a linha está em perigo. Observação: tal fato não deve ser levado ao pé da letra, pois já vi situações em que o movimento do preço não confirmou as indicações do volume, mas serve como uma referência que funciona na maioria das vezes.

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Na figura 1 do diagrama anterior, você pode perceber o comportamento ideal do volume durante o desenvolvimento de uma tendência de alta. Na figura 2, as linhas pontilhadas indicam qual deveria ter sido a evolução correta do volume de acordo com a tendência de alta em andamento. Entretanto, em vez de subir durante a perna de alta, o volume foi secando e voltou a subir durante a formação da perna de queda, advertindo sobre a possibilidade de algo errado com a tendência. Observe neste gráfico semanal de Vale PNA, o comportamento do volume durante a tendência de alta.

Note, quando os preços se afastam da linha de tendência como o volume cresce

e quando se aproxima decresce, tal como seria de esperar numa tendência de alta.

6.2.6 Interpretação dos Gráficos Através de Figuras

6.2.6.1 Padrões dos Gráficos de Barras

São padrões ou formações gráficas que surgem em determinados momentos, através dos quais, baseados na freqüência de sua ocorrência no passado e do que aconteceu com o mercado em seguida, podem nos ajudar, por analogia, a decidir quando é mais provável que uma Tendência prossiga ou reverta. Para efeito da metodologia que estamos desenvolvendo, não são tão importantes, podendo-se até prescindir deles. Mas é sempre bom conhecê-los, pois poderá encontrar novos caminhos e um curso de análise gráfica não ficaria completo sem o seu conhecimento. Os padrões existentes são classificados como de Continuação ou de Reversão.

6.2.6.1.1 Padrões de continuação

Como diz o próprio nome são padrões que se formam durante a movimentação de uma tendência. De tempos em tempos, quando em tendência, o preço de um ativo qualquer dá uma parada para retomada de fôlego e depois continuar se movimentando na direção em que vinha se movendo. Essas interrupções momentâneas assumem diferentes formas, no geral denominadas de áreas de congestão. As principais são os triângulos, retângulos, cunhas, bandeiras e flâmulas, sendo que apenas os dois últimos

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aparecem apenas como padrões de continuação. Os demais, também podem aparecer como padrões de reversão.

6.2.6.1.1.1 Triângulos

São áreas de congestão cujos limites superior e inferior convergem para a direita. Para poder traçar um triângulo precisa-se de, pelo menos, quatro pontos de retorno: dois de fundo e dois de topo. Um triângulo pequeno, cuja altura corresponda a 10 ou 15% do movimento precedente, provavelmente será um triângulo de continuação. Na maioria das tendências de alta e de baixa se encontram muitos destes triângulos. Grandes triângulos, cuja altura corresponde a um terço ou mais do movimento precedente, provavelmente funcionarão como padrão de reversão. Dependendo do seu ângulo, o triângulo pode ser classificado em três tipos: simétrico, ascendente e descendente.

Triângulo Simétrico: é aquele cujo limite superior e inferior convergem para a direita num mesmo ângulo de inclinação. Normalmente reflete um equilíbrio de forças entre compradores e vendedores e sua resolução usualmente são de continuação. Durante sua formação, os preços vão caminhando para a direita através de flutuações cada vez mais estreitas, na direção do vértice, com sensível redução do volume, até que sem nenhum aviso, rompe o triângulo com grande impulso com notável aumento do volume. Raramente, durante a formação de um triângulo, se obtém qualquer indício da direção em que será perfurado, até que finalmente o seja. Algumas vezes, pode-se ter uma boa idéia observando-se o que está acontecendo nos gráficos de outras ações, mas freqüentemente, só lhe resta aguardar até que se defina. Tudo, neste padrão, indica vacilação ou dúvida.

Veja a seguir, dois triângulos simétricos que funcionaram como padrão de

continuação:

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Observando o gráfico diário do BOVESPA no exemplo abaixo, podemos ver um

triângulo simétrico que funcionou como padrão de continuação da tendência prévia e outro, logo a seguir, que serviu como padrão de reversão.

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Triângulos Ascendente e Descendente: são aqueles em que um dos limites é praticamente uma linha horizontal e, o outro, uma linha inclinada. Em muitos aspectos, de fato na maioria, são muito semelhantes ao Simétrico, mas com pequenas e generosas diferenças, pois informam antecipadamente suas intenções. Daí seus nomes, pela suposição de que num triângulo ascendente os preços romperão para cima e, num descendente, para baixo. Raramente ocorre uma falha neste padrão.

Se a linha de topo for horizontal e a linha de fundo inclinar-se para cima ao

encontro da horizontal, estamos diante de um Triângulo Ascendente. Se a linha de fundo for horizontal e a do topo, inclinada para baixo ao encontro da horizontal, estamos diante de um Triângulo Descendente.

Estas formações são lógicas e fáceis de explicar. O Triângulo Ascendente, por exemplo, mostra de forma simples o que acontece quando uma procura crescente por uma determinada ação encontra uma grande oferta para ser vendida a um preço fixo. Se a procura continuar, a oferta será totalmente absorvida por novos compradores, que acham que os preços atingirão níveis mais altos. Este tipo de atividade do mercado evidencia um plano de distribuição elaborado por possuidores de grandes lotes, que desejam liquidar sua posição a um preço pré-determinado. O Triângulo Descendente deve-se a condições de mercado inversas àquelas responsáveis pelo triângulo ascendente. Suas implicações são igualmente fortes e, suas falhas, igualmente raras. Tal e qual no triângulo simétrico, as boas perfurações ocorrem entre a metade e ¾ do seu comprimento.

O comportamento do volume é muito parecido com o do triângulo simétrico, diminuindo na medida em que os preços vão se aproximando do vértice. Nas formações ascendentes, o volume tende a aumentar ligeiramente durante as subidas dentro do padrão e a diminuir nas quedas dentro do padrão; nas formações descendentes, o oposto é verdade, porém, algumas vezes não tão evidente. Estas flutuações menores dentro do padrão, entretanto, não afetam a característica global da diminuição do volume, até que o ponto da perfuração seja atingido.

De modo similar aos triângulos simétricos, as perfurações para cima num triângulo ascendente, também exigem um grande aumento do volume, caso contrário, devem ser vistas como suspeitas. Perfurações para baixo nos triângulos descendentes não necessitam de grande volume.

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Uma observação que vale para todos os tipos de triângulos é que normalmente, logo após o rompimento da linha, ocorre uma volta rápida em sua direção, seguida de aceleração na direção do corte. Outro aspecto importante é o tempo de resolução dos triângulos. Os três tipos, geralmente se definem num prazo que varia de três semanas a três meses, podendo, entretanto, durar um pouco mais.

Seguem-se alguns exemplos reais de triângulos ascendentes como padrão de continuação e de reversão, um triângulo descendente como padrão de reversão e outro triângulo simétrico de continuação.

Note, em todos os exemplos, que as projeções de medida após os cortes das

linhas dos diferentes triângulos foram muito além do projetado. Nos padrões de continuação, tenho observado que, na maioria das vezes, os triângulos ficam sendo a metade do caminho a ser percorrido. O diagrama da próxima página ajudará a esclarecer o que estou querendo dizer:

Pelos métodos de projeção convencionais, os objetivos mínimos, após o corte da linha do Triângulo seriam: a) a continuação do movimento até a linha pontilhada; b) a medida da altura da base adicionada no ponto de corte. Baseado na observação empírica de que funcionam como metade do caminho, meça a altura do movimento precedente à formação do triângulo e transfira esta medida a partir do último ponto de retorno anterior ao corte do triângulo.

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Como operar as penetrações de um Triângulo: estratégias De um ponto de vista tradicional, que é o que nos importa neste momento (mais

adiante, daremos um tratamento diferente), existem dois níveis operacionais: a) Comprar/vender na penetração do corte. Neste caso, o estope inicial ou de

proteção deve ser colocado um pouco abaixo da linha oposta; b) Esperar o movimento de volta à linha, após sua penetração e comprar/vender

na ultrapassagem do topo/fundo anterior. Neste caso, o estope deve ser colocado um pouco abaixo/acima do ponto de retorno do movimento de retomada da penetração original. Apesar desta volta não ocorrer 100% das vezes em que uma linha é penetrada, ocorre na maioria das vezes. Acho esta operação mais segura, mas nem sempre poderá ser feita.

Tudo que foi visto aqui sobre os triângulos, dos padrões às características e

estratégias, aplicam-se em qualquer periodicidade. Triângulos podem se formar nos gráficos de 15 minutos, semanal, mensal, etc. Seu significado será sempre o mesmo, isto é vacilação ou dúvida, na periodicidade em que estiver se desenvolvendo.

Encerro o assunto triângulos chamando sua atenção para dois aspectos: a) Durante a formação dos triângulos há uma forte propensão dos movimentos

internos respeitarem com muito rigor o limite das linhas externas de definição do padrão; b) Tive alguma dificuldade para encontrar nos meus gráficos muitos exemplos de

triângulos, porque, com bastante freqüência, após uma de suas linhas ter sido penetrada,

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em vez de continuar subindo (ou caindo) como seria de se esperar, ao chegar nas proximidades do ponto mais alto (ou mais baixo) do padrão, a formação deriva para um retângulo. Deste modo, quando estiver iniciando uma operação de compra ou de venda, vale a pena verificar a distância do ponto de corte até o extremo da base para verificar se, antes de ultrapassar a última resistência, a relação risco/recompensa vale a pena. Se não for, será mais seguro esperar pela confirmação da penetração do extremo da base do padrão para iniciar uma operação. Escrito de uma outra forma tem o mesmo sentido que: suponha que o topo de um triângulo seja 20. Se o corte da linha superior ocorrer em torno de 19, será melhor esperar romper a resistência dos 20 para comprar. Porém, se o corte da linha superior se der em torno de 15, com espaço para um lucro razoável antes de atingir a resistência de 20, vale à pena comprar no corte.

6.2.6.1.1.2 Retângulos

São formações que consistem de uma séria de flutuações de preços que vão se estendendo para a direita, ora para cima, ora para baixo, contidas entre duas linhas horizontais (de topo e de fundo), raramente paralelas, formando uma área de congestão. Esta formação, diferentemente dos triângulos que indicam vacilação ou dúvida, reflete um grande equilíbrio entre as forças oponentes do mercado.

Costumam surgir com mais freqüência como padrão de continuação, mas também surgem como padrão de reversão. Tanto podem ocorrer como padrão de continuação de alta ou de baixa, como padrão de reversão de topo e fundo.

De um modo geral, suas características são muito semelhantes às do Triângulo

Simétrico. O volume tende a diminuir gradualmente durante sua formação, voltando a crescer durante e após sua perfuração. Nos retângulos altistas, apesar da diminuição do volume, o volume tende a crescer nas subidas internas do retângulo e a diminuir nas quedas dentro do padrão. Num retângulo baixista é o inverso, isto é, tende a aumentar

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nas quedas e a diminuir nas subidas e estas características podem nos auxiliar quando estivermos verificando qual o lado mais provável de ser perfurado.

Veja no gráfico semanal de Petrobrás preferencial, acima, um retângulo de

continuação e outro que ainda é uma incógnita. O padrão do volume deste último mostra que ele cresce nas quedas e decresce

nas subidas, sugerindo que o retângulo em andamento deve se resolver como uma penetração para baixo. Mas tanto nesse, como no anterior, apesar do volume sugerir uma penetração para baixo, ambos saíram para cima, revelando que o mercado está sempre mudando o que se torna popularmente aceito como definitivo.

Mais comum ainda do que nos triângulos, é muito freqüente logo após o rompimento de um retângulo uma volta à linha penetrada, seguida por uma retomada na direção penetrada. Esta volta ocorre em 40% deles, em geral num período que pode variar de três dias a três semanas, mas nada impede que possa demorar mais.

Quando um retângulo é perfurado numa base de fechamento, o objetivo mínimo do movimento subseqüente pode ser facilmente determinado, bastando dobrar a altura do retângulo, como pode ser visto no diagrama da página anterior. Existe outra forma de projeção, feita com o uso da técnica do gráfico ponto figura que veremos quando abordarmos esta técnica. Por hora posso dizer que ela tem a ver com a extensão do retângulo. No gráfico de Eletrobrás pnb (diário), ao lado, observe como esta longa base de um ano deu origem a um grande movimento de alta, após o seu rompimento.

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Os retângulos normalmente se resolvem num período de um a três meses, similar aos Triângulos e as Cunhas, que será o próximo padrão a ser examinado. Como todos os padrões de continuação e de reversão que veremos, surgem em qualquer periodicidade, no geral mantendo sempre as mesmas características durante sua construção.

Abaixo podem ser vistos mais alguns exemplos reais onde os retângulos funcionaram como padrão de continuação de tendências de alta, bem como, padrões de reversão de topo e fundo:

6.2.6.1.1.3 Cunhas

São formações gráficas, em que as flutuações dos preços ficam contidas entre duas linhas convergentes, mas que se diferenciam dos triângulos por serem ambas, simultaneamente, inclinadas para cima ou para baixo. O padrão do volume é similar aos dos triângulos e retângulos, diminuindo substancialmente durante seu desdobramento. Seu tempo de formação e resolução é similar ao dos triângulos, de um a três meses, mas pode demorar mais.

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Como se pode observar no diagrama anterior, suas definições têm o sentido oposto às suas designações, isto é, uma cunha descendente é altista e uma cunha ascendente é baixista.

O movimento posterior à perfuração de uma cunha ascendente (baixista) exige uma atitude operacional rápida, ao passo que, o da cunha descendente (altista), deixa mais tempo para raciocinar. O objetivo mínimo do movimento após a perfuração é a distância medida entre o ponto mais alto (cunha descendente) ou a do ponto mais baixo (cunha ascendente) e o vértice, transferida verticalmente para o local do corte, conforme indicam as setas pontilhadas do diagrama da página anterior. Seguem-se, abaixo, alguns gráficos que estavam se desdobrando num padrão de Cunha Descendente, com implicações altistas:

Mais alguns exemplos de Cunhas que funcionaram como padrão de reversão e

continuação, bem como, mais uma possível cunha de alta que pode estar em andamento:

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Como operar as penetrações e o interior dos Retângulos e das Cunhas: estratégias As estratégias operacionais para os Retângulos e Cunhas são basicamente as

mesmas utilizadas para se operar os Triângulos. O que muda é o traçado do desdobramento.

6.2.6.1.1.4 Bandeiras, Flâmulas e Similares.

São pequenas e compactas flutuações de preços, que vão formar pequenos paralelogramos ou retângulos, ligeiramente inclinados contra a direção da tendência predominante. Quando aparecem numa tendência de alta, sua semelhança com uma bandeira tremulando no mastro é muito grande, daí seu nome. Sempre surgem após um avanço vertical rápido e extenso (que vem a ser o mastro), durante o qual se verifica um aumento crescente do volume. Quando esse movimento encontra resistência, se inicia a construção da bandeira, com o mercado dando uma ligeira recuada e os preços ficando contidos dentro de duas linhas horizontais, mais ou menos paralelas e inclinadas, com redução gradual do volume.

A resolução dessa congestão pode levar de cinco dias a três semanas, sendo que, quando são rápidas, não chegam a ficar inclinadas, assemelhando-se a pequenos quadrados. Quanto maior a distância entre as linhas que a formam, maior o tempo gasto. Quando surgem em tendências de baixa, suas características são as mesmas, só que no sentido inverso e com propensão a uma definição mais rápida.

As flâmulas diferem das bandeiras apenas pelo seu formato, mantendo todas as demais características. Seu aspecto está muito mais para um triângulo inclinado ou uma pequena cunha. Elas também se formam após um rápido avanço (ou declínio) dos preços e, durante sua construção, o volume diminui de forma sensível, mais rapidamente ainda do que durante a construção das bandeiras. As projeções dos objetivos mínimos são idênticas às das bandeiras.

Bandeiras e flâmulas são consideradas pelos grafistas, como padrões dos mais confiáveis, tanto na indicação da direção do mercado, como nas projeções de medida. Ocasionalmente podem falhar, mas nunca sem antes dar um sinal que o padrão tenha se completado. Para que possa se prevenir dessas falhas, basta que observe atentamente para três aspectos:

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1. A figura de consolidação (bandeira ou flâmula) deverá surgir após um movimento quase em linha reta vertical.

2. A atividade (volume) deverá diminuir considerável e constantemente durante a construção do padrão, e continuar a cair até que os preços saltem para fora dele.

3. Os preços deverão perfurar o padrão na direção esperada, no máximo em quatro semanas. Um padrão desse tipo, que se estenda além de três semanas, deverá ser visto como suspeito.

Veja abaixo alguns exemplos reais: Como pode ver nos gráficos acima, estas formações surgem uma atrás da outra

somente quando um ativo ou um índice entra em tendência. Embora sejam padrões facilmente perceptíveis, são os mais difíceis de serem seguidos, se não for acompanhado de um sólido critério analítico e operacional.

Para a maioria dos investidores, principalmente aqueles menos experientes que ainda se encontram na fase oral (das dicas), é muito difícil realizar quando um papel já subiu um bom pedaço, que se deve comprar (adicionar) mais alguns lotes na medida em que forem surgindo novos pontos de compra. Em geral, após comprar e obter algum lucro ele passa a ficar preocupado em proteger aquilo que já ganhou e dificilmente resiste comprado após um ou dois dias consecutivos de queda.

Quando o papel volta a subir, após uma breve respirada (a bandeira ou flâmula), ele não tem mais coragem para recomprar e deixa de obter os benefícios de uma tendência. Acho que é por isto que dizem que o investidor menos experiente não deixa o lucro crescer.

Daqui para frente, quando observar um ativo qualquer rompendo uma resistência ou um suporte importante e começar a subir/cair de forma acelerada, lembre-se que

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provavelmente surgirão pela frente vários novos pontos de compra ou de venda, conforme o caso.

Você se sentirá emocional e psicologicamente muito melhor se definir estopes técnicos e deixar correr. Ainda que não tenha iniciado uma operação na primeira perna de alta após o rompimento de uma resistência ou suporte significativo, se perceber a formação de uma bandeira, uma flâmula ou qualquer coisa similar (no sentido da rapidez da correção e não da forma), compre (venda) na ultrapassagem do topo (do fundo) da primeira bandeira ou flâmula e coloque um estope inicial um pouco abaixo do fundo (do topo) da bandeira ou flâmula e a cada nova correção vá adicionando sem prejudicar seu preço de compra (venda) inicial subindo simultaneamente o estope de toda a posição para o fundo (topo) anterior onde adicionou na ultrapassagem.

Quando for estopado, muito provavelmente a tendência estará se esgotando e, ainda que devolva algum, com certeza terá sido uma operação das mais lucrativas. Diagramando estas estratégias, teríamos:

Coloquei intencionalmente dois níveis de compra e de venda na segunda correção. O motivo é o seguinte: quando a correção evoluir num formato retangular, o estope deverá ficar um pouco abaixo do fundo do retângulo e o ponto de compra ocorrerá na ultrapassagem do topo do retângulo. Porém, quando a correção se dá em forma de cunha ou de um pequeno canal de baixa, muitas vezes, em termos de preço, ocorre uma forte retração. Nestes casos, dependendo do cenário geral do mercado [muitos papéis subindo de forma generalizada e alternada (ou muitos papéis caindo de forma generalizada e alternada)], pode-se fazer a compra (ou a venda) no corte da linha de tendência de baixa colocando um estope um pouco abaixo da mínima da perna de queda anterior ao corte da linha.

Entretanto, este procedimento não é tão seguro quanto comprar na ultrapassagem do topo do padrão. Embora exista a possibilidade de falha na estratégia de comprar na ultrapassagem do topo, este risco será sempre menor do que no interior do padrão. Por isto, antes de iniciar uma compra no corte da linha de tendência de baixa deve -se fazer as contas de quanto custará, caso venha a ser estopado, para ver se é

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melhor do que esperar pela ultrapassagem do topo do padrão, no caso de ter de repetir a compra no corte da linha de tendência de baixa retraçada. Algumas vezes, fazer uma operação num nível de compra mais baixo, ser estopado e repetir o procedimento, custa menos do que esperar pela penetração do topo.

Com isto encerramos nossa viagem pelos padrões de continuação e examinaremos a partir de agora os padrões de reversão.

6.2.6.1.2 Padrões de Reversão

São padrões que quando aparecem indicam que a tendência em andamento está em vias de mudar de direção. Na maioria dos casos, quando uma tendência de preços entra num processo de reversão, seja de alta para baixa ou de baixa para alta, uma área ou padrão característico toma forma no gráfico, tornando-se reconhecido como padrão de reversão. Algumas dessas formações gráficas são construídas e completadas muito rapidamente, mas na sua maioria necessitam de várias semanas para atingir um estágio em que alguém possa dizer, com segurança, que uma reversão de tendência está definitivamente assinalada.

Genericamente falando, quanto maior a área de reversão ¾ quanto mais largas as flutuações dentro dela, quanto mais tempo demorar a se formar, quanto mais ações trocarem de mãos durante sua construção ¾ mais importantes suas implicações. Assim, grosseiramente falando, uma grande formação de reversão sugere um grande movimento a seguir e um pequeno padrão, um pequeno movimento.

Dentre os padrões de reversão mais comuns, veremos a formação de Cabeça e Ombros.

6.2.6.1.2.1 Cabeça e Ombros

É o padrão de reversão mais comum e, certamente o mais confiável. Costuma surgir em topos e fundos importantes, embora também possa ocorrer eventualmente como padrão de continuação, o que não chega a ser uma raridade. Provavelmente, já deve ter ouvido alguém falar sobre sua ocorrência, porque existem muitos investidores familiarizados com seu nome, mas não tantos que realmente saibam e possam distingui-lo de algum desenvolvimento de preço similar, que na verdade não se comportará de acordo com o padrão verdadeiro. O típico, ou se preferir, o padrão Cabeça e Ombros ideal está ilustrado no diagrama a seguir:

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O padrão ao lado consiste: a) Uma forte subida, atingindo seu clímax após um avanço, mais ou menos extenso, sobre o qual há um grande aumento do volume, seguido por uma pequena queda sobre a qual o volume diminui consideravelmente, em relação à subida ao topo. É o “ombro esquerdo”. b) Outra subida com alto volume em que o preço atinge um nível mais alto do que o do ombro esquerdo, seguida por outra queda com menos volume, que leva os preços para baixo próximos do nível do fundo da queda precedente, algumas vezes mais para baixo, algumas vezes mais para cima, mas, de qualquer forma, abaixo do topo do ombro esquerdo. É a “cabeça”. c) Uma terceira subida, mas dessa vez, decididamente com menos volume do que o que acompanhou as subidas do ombro esquerdo e da cabeça, que falha em atingir a altura da cabeça antes que se origine outra queda. É ombro direito.

d) Finalmente, o declínio dos preços nessa terceira queda rompe a “linha de pescoço”, traçada através dos fundos formados pelas quedas entre o ombro esquerdo e o ombro direito, respectivamente. Para que a penetração seja válida, é necessário que numa base de fechamento se afaste uns 3% (em relação ao preço negociado) da linha de pescoço. Na verdade, o rompimento de qualquer dos padrões examinados até agora requerem essa condição de confirmação. e) Outro aspecto que merece atenção é de que, na maior parte das C&Os, após a perfuração da linha de pescoço, ocorre uma volta dos preços à linha para testá-la.

No diagrama acima vimos um exemplo clássico. Nem sempre é assim. A linha de

pescoço pode ser horizontal, pode estar inclinada para cima ou inclinada para baixo. O comportamento do volume é fator mais importante na confirmação do padrão. Entretanto, nas C&Os de reversão de fundos, o volume do ombro esquerdo normalmente se forma sob baixo volume, que crescerá ligeiramente durante a formação da cabeça, mas atingirá seu nível mais alto durante a subida do ombro direito, no ataque à linha de pescoço.

Este padrão nos permite determinar o objetivo mínimo do movimento que se segue à ruptura da linha de pescoço, com facilidade e precisão. Para tanto, basta que você meça verticalmente à distância que vai da parte mais alta da cabeça até a linha de pescoço (h, no diagrama acima) e transfira essa medida para o local em que se deu a perfuração (h’, no diagrama acima).

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Veja a seguir alguns exemplos reais e note como todos os objetivos mínimos não só foram atingidos, como ultrapassados:

Quanto à sua forma podem surgir com dois ombros de cada lado e uma cabeça;

podem surgir com duas cabeças e um ombro de cada lado; podem ter três cabeças e dois ombros simples; podem ter três ombros de cada lado e uma cabeça, enfim, podem assumir vários aspectos dentro do padrão e são mais conhecidas como formações complexas. O padrão tem uma forte tendência à simetria, principalmente quanto ao número de ombros. Assim, se de um lado ocorrerem dois ombros, pode-se esperar que o mesmo aconteça no lado direito da cabeça.

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Tipicamente, um padrão de reversão, ocasionalmente, surge no meio de tendências, geralmente invertido como padrão de continuação. Não existe muito risco de ser confundido com o de reversão, pois, é invertido com respeito à direção prévia dos preços anteriores ao seu surgimento. Assim, se surgir um padrão deste tipo num mercado ascendente, ele se apresentará com a forma de uma cabeça e ombros de fundo e vice-versa, conforme pode ver nos gráficos ao lado. O comportamento do volume durante a sua ocorrência também não segue as regras dos padrões de reversão, nem tem muita importância na confirmação do padrão.

Como operar o padrão Cabeça e Ombros: estratégias

LP = LINHA DO PESCOÇO. Quando estiver examinando seus gráficos e perceber que, após uma grande

subida, os preços começaram a ratear, perfurando inicialmente a linha de tendência de alta e, no próximo movimento de subida, começarem a cair antes de ultrapassar o topo anterior, com um padrão crescente do volume durante a formação do ombro esquerdo e da cabeça, independente de qual dos dois tenha sido maior, a probabilidade de que esteja diante de uma formação de cabeça e ombros é muito grande. Neste caso, existem três pontos relativamente seguros para iniciar uma venda:

1) A partir do momento que o ombro esquerdo e a cabeça de uma possível formação de C&Os puderem ser vista no gráfico e começar a se formar o ombro direito, trace uma linha de tendência de alta e quando ela for cortada para baixo, venda e coloque um estope de entrada um pouco acima da máxima da perna de alta anterior ao corte da linha de tendência. Se o seu estope

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for atingido, encerre sua operação, retrace a linha de tendência de baixa e, até que o topo da cabeça tenha sido ultrapassado, venda no corte da linha de tendência de baixa. 2) Quando o movimento de queda que vai completar o ombro direito penetrar a linha de pescoço venda e coloque um estope de entrada um pouco acima do topo anterior. Se perceber que a distância do topo do ombro direito implica num pedágio muito caro, em vez de usar o topo anterior como referência de estope, use a máxima da barra em que se deu a penetração. Neste caso, se for estopado, venda novamente quando a mínima atingida antes de ter sido estopado for penetrada e coloque um estope de entrada um pouco acima do novo topo anterior. Se não entendeu, é exatamente a mesma abordagem da próxima estratégia de venda, apenas num nível um pouco mais alto. 3) Se após o rompimento da linha de pescoço, os preços voltarem ao seu encontro e dali voltarem a cair, venda quando o fundo anterior for penetrado numa base de fechamento e coloque o seu estope um pouco acima do novo topo anterior formado pela tentativa de volta à linha de pescoço.

Observações: a) Durante o curso, quando eu mencionar “numa base de fechamento”, estou me

referindo ao “preço de fechamento”, o último negócio do dia ou da periodicidade em que estiver trabalhando.

b) “Se tiver sido estopado”, tem o sentido de: se o nível previamente definido para interromper sua operação, caso ela estivesse saindo fora do previsto, tiver sido atingido.

6.2.7 Índice de Força Relativa

Entre os mais conceituados indicadores está o Índice de Força Relativa (IFR) ou Relative Strength Index (RSI). Ele foi introduzido por J. Welles Wilder num artigo publicado em junho de 1978 e a descrição detalhada dos métodos de cálculo e interpretação do RSI podem ser encontrados no seu livro “New Concepts in Technical Systems”(1978).

O nome Índice de Força Relativa na verdade não compara a força relativa entre dois ativos diferentes, mas sim a força interna relativa entre dois momentos de único ativo. O nome mais apropriado para o indicador seria “Índice de Força Interna”.

Sua fórmula de cálculo é muito simples: RSI = 100 – [ 100 / ( 1 + U / D ) ] Onde: U = média das variações de preço para cima (altas) D = média das variações de preço para baixo (baixas) Em geral estes valores médios são calculados num período fixo de tempo.

Quando Wilder introduziu o RSI recomendou o uso de 14 dias que foi otimizado para o DJIA.

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A interpretação do Índice de Força Relativa é realizada considerando vários

elementos: 1. Máximos e mínimos. O RSI usualmente forma topos acima de 70 e mínimos

abaixo de 30. Quando o indicador está acima de 70 dizemos que o mercado está super comprado (overbought) e quando está abaixo de 30 dizemos que o mercado está super vendido (oversold).

2. Divergências. Os segmentos de retas amarelas traçados nas duas seções do gráfico representam as divergências entre o movimento dos preços e o movimento do indicador. Uma divergência baixista ocorre, por exemplo, quando o preço forma um novo máximo e o indicador não. Isto indica que o mercado pode reverter sua tendência de alta em uma tendência de baixa.

3. Suportes e resistências. Por normalizar as variações entre 0 e 100 o RSI permite definir mais facilmente níveis ideais para comprar (linhas de suporte) ou vender (linhas de resistência).

4. Rupturas. A definição mais fácil de canais (entre linhas de suportes e resistências) permite uma detecção mais confiável de rupturas dos níveis de suporte (indicando venda) e resistência (indicando compra).

5. Formação de padrões mais facilmente detectáveis de compra e venda por sistemas de reconhecimento (redes neurais).

Observe que as técnicas de suporte/resistência e de rupturas que aparentemente

se contradizem são na verdade complementares. Apesar de o que para uma é ponto de

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compra, para outra é ponto de venda e vice-versa, ambas as técnicas funcionam quando complementadas por indicadores de tendência. Quando o mercado está sem uma tendência definida utilizamos a técnica de suporte/resistência. Se houver uma ruptura de um destes níveis indica que o mercado pode ter assumido uma tendência.

No gráfico indicamos dois pontos (setas brancas), um de compra (buy) e outro de venda (sell), resultantes do rompimento das retas de 30 e 70 respectivamente e após respectivas divergências altistas e baixistas (retas amarelas).

Alguns analistas não consideram os níveis de exaustão para interpretar o RSI. Baseiam-se exclusivamente nas divergências ou no fato do indicador estar acima ou abaixo do nível 50. Assim a interpretação seria simplesmente comprar quando o indicador ficar acima de 50 e vender quando o indicador estiver abaixo de 50.

Existem entretanto momentos em que não podemos determinar perfeitamente a operação mais adequada, o que nos obriga a complementar a análise com outros indicadores.

O ponto marcado com uma interrogação (?) não satisfaz aos critérios de compra se nos baseamos apenas no RSI mais outros indicadores indicam o ponto como sendo um ponto de compra.

É claro que dependendo do ativo que está sendo analisado o número de dias ideal par ao cálculo do RSI pode ser maior ou menor que 14 dias e os níveis de atuação diferentes de 30 e 70. Recomendamos a otimização para cada ativo analisado e uma periódica reavaliação com o objetivo de maximizar o retorno em sua aplicação. 6.2.8 GAP’s

GAP: da língua inglesa DIFERENÇA – INTERVALO. Quando o mercado de qualquer ativo sofre uma interrupção em sua negociação,

existe a possibilidade de ocorrer também uma diferença entre o seu preço de fechamento e o seu preço de abertura, devido a um fato novo ocorrido neste intervalo que provoque uma reavaliação por parte dos agentes do mercado (investidores), no valor do ativo. Esta diferença de preços também é conhecida como PRICE GAP.

O GAP, quando ocorre numa série histórica, provoca uma espécie de janela ou lacuna na qual o preço não pode ser influenciado pelo mercado, sendo por isso uma incógnita qual seria o real movimento do preço caso não tivesse ocorrido este intervalo de tempo.

A observação de várias ocorrências deste tipo de descontinuidade (GAP) mostra que mais cedo ou mais tarde o preço do ativo volta a passar pelo mesmo intervalo.

O mais interessante é que quase 70% dos GAP’s são “fechados” em no máximo 2 dias após a sua ocorrência. Isto significa que um grande salto ocorrido nos preços de um ativo em geral não reflete a avaliação da maioria dos agentes do mercado. Isto levou aos profissionais de mercado a enunciar uma teoria de que: “Todo GAP será fechado”.

Se este tipo de observação tem algum valor científico não se sabe, mas o comportamento humano nem sempre pode ser explicado pela ciência ou pela matemática. A economia não é uma ciência exata e por isso com um forte componente estocástico (aleatório).

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A figura abaixo ilustra os referidos GAP’s e demonstra que todos foram fechados após um período curto de tempo.

6.2.8.1 GAP’s: Tipos e Significados

GAPS’s são áreas no gráfico na qual não ocorreu negociação. Um GAP numa

tendência de alta é formado quando os preços abrem acima da cotação do dia anterior e este hiato (“GAP”) não é fechado durante o pregão. Numa tendência de baixa ocorre o inverso: os preços abrem num nível mais baixo do dia anterior e este hiato não é fechado posteriormente.

“GAP’s” para cima são mostras de vitalidade do mercado, enquanto “GAP’s” para baixo são demonstrações da sua fraqueza. “GAP’s” aparecem mais em gráficos de barras diários mas podem também aparecer (embora raros) em gráficos semanais e mensais.

Acreditou-se durante muito tempo na máxima de que “GAP’s devem ser sempre fechados, ou seja, que após um GAP ser criado o mercado deve sempre voltar para fecha-lo, mais na verdade isto nem sempre ocorre.

Existem quatro tipos de GAP:

1 – O GAP COMUM O GAP comum é formado geralmente em mercados de pouca liquidez ou então

em faixas de congestão. Neste caso o GAP é pouco significativo e demonstra mais uma falta de interesse por parte de um dos lados de negociação do que qualquer outra coisa.

Os GAP’s comuns são em sua grande maioria prontamente fechados, não sendo relevantes na determinação do estágio em que se encontra a tendência analisada.

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2 – O BREAKAWAY GAP (CORTE)

O Breakaway GAP normalmente ocorre no final de uma formação qualquer ou quando da quebra de um importante suporte ou resistência.

Breakaway GAP’s são geralmente formados quando da quebra de um triângulo ou da “linha de pescoço” de um ombro-cabeça-ombro.

São também formados quando da quebra de uma faixa de congestão dentro de uma tendência maior de alta (baixa dos preços).

Breakaway GAP’s ocorrem geralmente acompanhados de um grande aumento no volume de negócios confirmando-os, e são raramente fechados. Os preços podem posteriormente vir cobri-los parcialmente, não completamente, devendo ser por isto considerado como importantes níveis de suporte e resistência quando de posteriores correções técnicas da tendência.

Por contraste, no caso de seu fechamento, isto deve ser considerado como uma indicação significativa de reversão de tendência ou de um falso breakout da formação anterior. 3 – MIDWAY GAP (FUGA)

Depois de uma tendência já vir se desenvolvendo há algum tempo, os preços formam por volta do meio do movimento um ou vários GAP’s seguidos.

Estes GAP’s são conhecidos como “Midway GAP” e permitem que se faça uma projeção para cima (no caso de uma tendência de alta) igual ao movimento total já ocorrido. Estes são evidentemente uma demonstração de força de tendência (seja de alta ou de baixa). Mas são de difícil identificação num primeiro momento já que podem ser confundidos com os GAP’s de exaustão que ocorrem no final de uma tendência. Eles são geralmente acompanhados por alto volume de negócios com o preço de fechamento ocorrendo próximos ao “high” do dia.

Os Midway GAP’s não são prontamente fechados, consitituindo-se em importantes níveis de suportes ou de resistências quando de posteriores correções técnicas ou reversão de tendência.

A figura na próxima página mostra um exemplo de GAP.

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Vê-se neste exemplo (café – Nova Iorque) o GAP de Exaustão (5) e Midways

GAP’s (1) e (2) com seu objetivo técnico tendo sido atingido. Notar que o Midway GAP serviu de supor posteriormente no ponto (3). Notar também o Breakway GAP (4) formado quando da quebra do topo atingido no começo de Novembro/85. 4 – GAP DE EXAUSTÃO

Este último tipo de GAP que ocorre no final de uma tendência, ocorre normalmente depois de um rápido avanço ou declínio dos preços o que faz confundi-lo com o “Midway GAP”. Na maioria dos casos as tendências começam acelerando-se cada vez mais até que pouco a pouco perdem força quando resistências (ou suportes) cada vez mais fortes começam a diminuir-lhes o seu “ímpeto”. Entretanto, existem casos nos quais tendências com grande força não mostram evidências de perder “momento” mas, ao contrário, vão acelerando-se cada vez mais até que em um determinado ponto revertem radicalmente de direção.

Os GAP’s de Exaustão são formados exatamente no final da tendência quando esta, num “último suspiro”, forma um GAP, negocia um ou poucos dias neste nível de preços, e depois reverte de direção fechando-o prontamente.

Há um velho ditado que diz que o mercado tem horror aos GAP’s e que eles serão preenchidos. Embora isso possa ser verdade para os GAP’s comum e de exaustão, manter posição a espera de fechamento do GAP pode ser perigoso e você

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poderá perder bastante dinheiro. Os GAP’s são muito importantes no desenvolvimento de preços de uma ação e não devemos ignorá-los. Devemos sempre ficar atentos aos GAP’s para tirarmos o máximo de vantagem.

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7. OS AXIOMAS DE ZURIQUE

I – DO RISCO Preocupação não é doença, mas sinal de saúde. Se você não está preocupado, não está arriscando o bastante. 1 – Só aposte o que vale a pena; 2 – Resista à tentação das diversificações; II – DA GANÂNCIA Realize o lucro sempre cedo demais. 3 – Entre no negócio sabendo quanto quer ganhar; quando chegar lá caia fora; III – DA ESPERANÇA Quando o barco começar a afundar, não reze. Abandone-o. 4 – Aceite as pequenas perdas com um sorriso, como fatos da vida. Conte incorrer em vários, enquanto espera um grande ganho; IV – DAS PREVISÕES O comportamento do ser humano não é previsível. Desconfio de quem afirmar que conhece uma nesga que seja do futuro. V – DOS PADRÕES Até começar a parecer ordem, o caos não é perigoso. 5 – Cuidado com a armadilha do historiador; 6 – Cuidado com a ilusão do grafista; 7 – Cuidado com a ilusão de correlação e a ilusão da causalidade; 8 – Cuidado com a falácia do jogador; VI – DA MOBILIDADE Evite lançar raízes. Tolhem seus movimentos. 9 – Numa operação que não deu certo, não se deixe apanhar por sentimentos como lealdade ou saudade; 10 – Jamais hesite em sair de um negócio se algo mais atraente aparecer à sua frente; VII – DA INTUIÇÃO Só se pode confiar num palpite que possa ser explicado. 11 – Jamais confunda palpite com esperança; VIII – DA RELIGIÃO E DO OCULTISMO É improvável que entre os desígnios de Deus para o Universo se inclua o de fazer você ficar rico. 12 – Se astrologia funcionasse, todos os astrólogos seriam ricos; 13 – Não é necessário exorcizar uma superstição. Podemos curti-la, desde que ela conheça o seu lugar.

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IX – DO OTIMISMO E DO PESSIMISMO O otimismo significa esperar o melhor, mas confiança significa saber como se lidar com o pior. Jamais uma jogada por otimismo apenas. X – DO CONSENSO Fuja da opinião da maioria. Provavelmente está errada. 14 – Jamais embarque nas especulações na moda. Com freqüência, a melhor hora de se comprar alguma coisa é quando ninguém a quer. XI – DA TEIMOSIA Se não deu certo da primeira vez, esqueça. 15 – Jamais tente salvar um mau investimento fazendo “preço médio”; XII – DO PLANEJAMENTO Planejamentos a longo prazo geram a perigosa crença de que o futuro está sob o controle. É importante jamais levar muito a sério os seus planos a longo prazo, nem os de quem quer que seja. 16 – Fuja de investimentos a longo prazo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Curso de Introdução ao mercado de capitais. NORONHA, M. Curso básico de análise gráfica. www.bovespa.com.br www.cblc.com.br www.ondeinvestirbylopesfilho.com.br