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Fernando Pessoa Fernando Pessoa Um Génio escondido nu m modesto empr egado de Um Génio escondido num modesto empr egado de escritório escritório Ano Lectivo 2011/2012

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Fernando PessoaFernando Pessoa

Um Génio escondido num modesto empregado deUm Génio escondido num modesto empregado deescritórioescritório

Ano Lectivo 2011/2012

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Escola Secundária De AlbufeiraEscola Secundária De Albufeira

Disciplina de PortuguêsDisciplina de Português

Dossier TemáticoDossier Temático

Fernando PessoaFernando Pessoa

Um Génio escondido num modesto empregado deUm Génio escondido num modesto empregado de escritórioescritório

 Trabalho realizado por: Ana Sofia Edemundo 12ºA

Ano Lectivo 2011/2012

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ÍndiceÍndice  Página

Introdução 4Um Pouco Da Sua Vida 6

Ortónimo 14

Características Temáticas

Estilo De Escrita

Modernismo 22Geração De Orpheu 25

Orpheu 26

A Águia 29

Athena 30

Presença 31Mensagem 32

Algumas Palavras Sobre Si Mesmo 36

Vida Amorosa – Ophélia Queiroz 41

Misticismo E Ocultismo 44

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Heterónimos 46

Ricardo Reis

Alberto Caeiro

Álvaro De Campos

Bernardo Soares, Semi-heterónimo? 66

Livro Do Desassossego 67

Filme Do Desassossego 69

Ano Da Morte De Ricardo Reis 70

Roteiro Turístico 71

“Os Mistérios De Lisboa Or What The Tourist Should See” 79

Fernando Pessoa, O Amante De Cinema 80

Algumas Curiosidades 83

A Poesia E A Música 84

Homenagem De Sophia De Mello Breyner A Fernando Pessoa 86

Uma Noite Com Fernando Pessoa 87

Portugal Modernista 88

Stencil Art 89

Caricaturas Sobre Pessoa 90

Conclusão 102

Bibliografia 103

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IntroduçãoIntroduçãoEste livro teve origem a partir da proposta da professora de português de elaboração deum dossier temático cujo tema é Fernando Pessoa. Sobre Pessoa existe tanto para se dizere contar que são inúmeras as hipóteses de assuntos que podem ser abordados.

O meu objectivo é conhecer melhor esta personalidade e o seu trabalho, como tal, opteipor pesquisar sobre a sua vida e obra, sobre os heterónimos e o seu percurso na escrita,tendo também adicionado algumas curiosidades relativamente a Pessoa e às homenagensque a ele têm sido feitas, principalmente homenagens artísticas como caricaturas e

poemas.

Decidi pelo formato digital por este ser mais interactivo, de fácil utilização e também porser algo novo para mim. Quanto à estrutura inicialmente faço uma pequena biografia dePessoa, passando depois para o seu trabalho enquanto ortónimo, seguindo-se o trabalhocom os heterónimos. Por último, tenho algumas curiosidades e homenagens a Pessoa.

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Um pouco da sua vida...Um pouco da sua vida...

 

 Ilustração 1: Fernando Pessoa com a sua mãe  

Fernando António Nogueira Pessoa nasce a 13 deJunho de 1888, às 3h20 da tarde, no quarto

andar esquerdo do nº 4 do Largo de São Carlos,em frente da ópera de Lisboa. Filho dofuncionário publico e crítico musical, Joaquim deSeabra Pessoa, e de Maria Magdalena PinheiroNogueira Pessoa, uma pequena família deAristocratas.

Nascido no dia de Santo António, recebeu seunome, Fernando pelo seu nome de baptismo,Fernando de Bulhões, e António pelo seu nomecanónico.

Aos cinco anos o pai morre de tuberculose talcomo o seu irmão mais novo. A mãe perante asadversidades foi obrigada a leiloar mobilia e amudar-se para uma casa mais modesta.

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Aos cinco anos o pai morre detuberculose tal como o seu irmão

mais novo. A mãe perante asadversidades foi obrigada a leiloarmobilia e a mudar-se para umacasa mais modesta.

Em 1895, Maria Magdalena casou-se

novamente, por procuração, com ocomandante João Miguel Rosa, cônsulde Portugal em Durban, na África doSul. Em razão da profissão dopadrasto, o pequeno partiu com afamília para Durban, em 1896, onde

viveria por muitos anos.

 Ilustração 2: Mãe e Padrasto de Fernando Pessoa

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 Ilustração 3: A família em Durban: a mãe Maria Madalena Nogueira com a filha Madalena Henriquetaao colo, Fernando Pessoa, a irmã Henriqueta Madalena,o irmão Luís Miguel e o padrasto João Miguel Rosa.  

Foi na África do Sul que FernandoPessoa obteve uma educação inglesa

que o iria influenciar pelo resto davida e que viu despertar o seutalento para a literatura, começandoa escrever não só em português mastambém em inglês.

Em 1903, ao candidatar-se para aUniversidade do Cabo da BoaEsperança, não obtém uma boaclassificação, mas consegue a melhornota no ensaio de estilo inglês.

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Fernando Pessoa regressa definitivamente a

Portugal em 1905. Volta sozinho e vai vivercom a avó e duas tias , em Lisboa, onde sematricula no Curso Superior de Letras.

Em 1907, a sua avó morre deixando-lhe umapequena herança com a qual ele funda uma

pequena tipografia abandonando o curso deletras, mas o negócio não prospera, e empoucos meses vem a falência. A partir deentão, passa a trabalhar como tradutor ecorrespondente estrangeiro em casascomerciais, vindo a ser a sua profissão o resto

da sua vida.

 Ilustração 4: Fernando Pessoa

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 Ilustração 5: Ophélia Queiroz

 

Em 1920 a mãe, viúva, regressou aPortugal com os irmãos voltando Fernando

Pessoa a viver com a família. Na mesmaaltura iniciou uma relação sentimentalcom Ophélia Queiroz, colega de trabalho,uma relação breve na qual ele trocoualgumas cartas de amor. Em 1925,ocorreria a morte da mãe.

Fernando Pessoa viria a morrer umadécada depois, a 30 de Novembro de1935 no Hospital de São Luís dosFranceses, onde foi internado com umacólica hepática, causada provavelmentepelo consumo excessivo de álcool.

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Levou uma vida relativamenteapagada, movimentou-se numcírculo restrito de amigos quefrequentavam as tertúlias

intelectuais dos cafés da capital,envolveu-se nas discussões literáriase até políticas da época. Colaborouna revista A Águia da RenascençaPortuguesa, com artigos de críticaliterária sobre a nova poesia

portuguesa.

Em 1913 publica as "Impressões do Crepúsculo" (poema tomado como exemplode uma nova corrente, o paulismo) e em 1940 aparecem três dos seus principaisheterónimos, segundo indicação do próprio Fernando Pessoa, em carta dirigida a

Adolfo Casais Monteiro, sobre a origem destes.

Fernando Pessoa escreveu uma nota biográfica, dactilografada e assinada pelopróprio a 30 de Março de 1935 como introdução ao poema “ À memória doPresidente-Rei Sidónio Pais”.

 Ilustração 6: Fernando Pessoa com Costa Brochado no Martinho da Arcada

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A sua vida foi dedicada essencialmente à criação, tanto que até vida criou,A sua vida foi dedicada essencialmente à criação, tanto que até vida criou,através dos seus heterónimos. Todo este talento e necessidade de criar fezatravés dos seus heterónimos. Todo este talento e necessidade de criar fezcom que Pessoa deixasse um grandioso legado e uma autêntica arte, derivadoscom que Pessoa deixasse um grandioso legado e uma autêntica arte, derivadosde um enorme empenho e paixão.de um enorme empenho e paixão.

““Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar Tenho o dever de me fechar em casa no meu espírito e trabalhar quanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso daquanto possa e em tudo quanto possa, para o progresso dacivilização e o alargamento da consciência da humanidade”civilização e o alargamento da consciência da humanidade”

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O OrtónimoO Ortónimo

Fernando Pessoa conta a insatisfaçãoda sua alma, a dor de pensar, o

fingimento poético, a construção darealidade, o desejo do sonho, oocultismo, a solidão, a nostalgia e aangústia existencial que se dissipam notédio da vida. 

Na poesia do ortónimo coexistem duasvertentes, a tradicional uma vez que dácontinuidade ao lirismo português,estando presente o desencanto e amelancolia e a modernista que é ondese dá o processo de ruptura, ou seja, os

heterónimos. Ilustração 7: Almada Negreiros: Retrato do Poeta Fernando Pessoa, 1954.

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O Sujeito poético encontra-se na busca de uma identidade perdida, nãoO Sujeito poético encontra-se na busca de uma identidade perdida, não

sabendo definir-se enquanto sujeito, recusando a realidade enquantosabendo definir-se enquanto sujeito, recusando a realidade enquantoaparência acabando por criar uma consciência do absurdo da existência. Aoaparência acabando por criar uma consciência do absurdo da existência. Aomesmo tempo, existe um anti-sentimentalismo que se verifica em estadosmesmo tempo, existe um anti-sentimentalismo que se verifica em estadosnegativos de solidão, tédio, angústia e cansaço, numa inquietação e dor denegativos de solidão, tédio, angústia e cansaço, numa inquietação e dor deviver e na oposição entre o sentimento e o pensamento e no pensamento e aviver e na oposição entre o sentimento e o pensamento e no pensamento e avontade.vontade.

Na tentativa de superar a dor do presente Fernando Pessoa recorre àNa tentativa de superar a dor do presente Fernando Pessoa recorre àevocação da infância, ao refúgio no sonho e ao ocultismo. Para o poeta a vidaevocação da infância, ao refúgio no sonho e ao ocultismo. Para o poeta a vidaé sentida como uma cadeia de instantes que se vão sucedendo, sem qualqueré sentida como uma cadeia de instantes que se vão sucedendo, sem qualquerrelação entre eles, o que provoca no poeta o sentimento da fragmentação erelação entre eles, o que provoca no poeta o sentimento da fragmentação eda falta de identidade sendo o presente o único tempo por eleda falta de identidade sendo o presente o único tempo por ele

experimentado, a relação com o passado não existe e o futuro apenasexperimentado, a relação com o passado não existe e o futuro apenasaumentará a sua angústia porque é o resultado de sucessivos presentesaumentará a sua angústia porque é o resultado de sucessivos presentescarregados de negatividade, tendo uma visão negativa e pessimista dacarregados de negatividade, tendo uma visão negativa e pessimista daexistência.existência.

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Características temáticasCaracterísticas temáticas

● I● Inncapacidade de auto-definiçãocapacidade de auto-definição

Gato que brincas na rua

Gato que brincas na ruaComo se fosse na cama,Invejo a sorte que é tua

Porque nem sorte se chama.Bom servo das leis fataisQue regem pedras e gentes,Que tens instintos geraisE sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,Todo o nada que és é teuEu vejo-me e estou sem mim,Conheço-me e não sou eu.

Neste poema é possível verificar que o ortónimo sente“inveja” da inconsciência do gato, que brinca na rua e éfeliz apenas por ser como é, revelando a consciência desaber que não v ive com a mesma simplicidade que ele.

Fernando Pessoa não consegue viver instintivamente porser feliz e efémere, concluindo que a felicidade apenasseria possível se não pensássemos nem tivéssemosconsciência do mundo e do que somos.

Pessoa vive numa constante dor possivelmente derivada dasua incapacidade de definição enquanto sujeito neste

mundo tendo criado a ideia de que a realidade é apenasuma aparência derivando assim a felicidade do interior decada um, sendo a nossa visão e vivência no mundo exteriorinfluenciada pelos sentimentos.

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●● FFingimento como elaboração mental das emoçõesingimento como elaboração mental das emoções

AutopsicografiaO poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dor 

 A dor que deveras sente.E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama coração.

A poesia do ortónimo revela adespersonalização do poeta fingidor que fala eque se identifica com a própria criaçãopoética, como impõe a modernidade. Aexpressão dos sentimentos e sensações provêmde uma construção mental onde a imaginação é

essencial, criando uma composição poéticaresultante de um jogo entre palavras quetentam fugir ao sentimentalismo eracionalização não deixando por isso de sersincero apenas se trata de uma representação.O poeta recorre à ironia para pôr tudo emcausa, inclusivamente a própria sinceridade,

concluindo que o poeta é um fingidor.

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●● Distância entre o idealizado e o realizadoDistância entre o idealizado e o realizado

Tudo o que faço ou meditoTudo o que faço ou meditoFica sempre na metade.Querendo, quero o infinito.Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim fica Ao olhar para o que faço!Minha alma é lúcida e ricaE eu sou um mar de sargaço –

Um mar onde bóiam lentosFragmentos de um mar de além...Vontades ou pensamentos? Não o sei e sei-o bem.

 

A sua poesia baseia-se na vivência de estadosimaginários, sendo algo pensado e não real.

O ortónimo fala frequentemente sobre os seussonhos e desejos, tendo incontáveis projectos acorrer na sua cabeça mas “Fica sempre nametade”, isto é, os seus projectos não se realizampor inteiro, pois na vida a realidade nunca se

encontra com o sonho.

Apesar de todos os seus sonhos e desejos ele é ummar de sargaço pois sente-se impedido de semover, de caminhar e avançar conforme a suaimaginação.

O sujeito poético deseja encontrar o lugar onde oidealizado poderá ser o realizado deixando aofuturo a hipótese de tal ser possível.

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 ●● Intersecção entre o sonho e a realidadeIntersecção entre o sonho e a realidade 

Chuva oblíqua

 Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito

E a cor das flores é transparente de as velas de grandes naviosQue largam do cais arrastando nas águas por sombraOs vultos ao sol daquelas árvores antigas...

O porto que sonho é sombrio e pálidoE esta paisagem é cheia de sol deste lado...Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrioE os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...

Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...O vulto do cais é a estrada nítida e calmaQue se levanta e se ergue como um muro,E os navios passam por dentro dos troncos das árvoresCom uma horizontalidade vertical,E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...

Não sei quem me sonho...Súbito toda a água do mar do porto é transparentee vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto,E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passaEntre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagemE chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,E passa para o outro lado da minha alma...

O sujeito poético revela-se duplo nabusca de sensações que o levarão àfelicidade surgindo assim ointerseccionismo entre o material e osonho, a realidade e idealidade surgecomo tentativa para encontrar aunidade entre a experiência sensível ea inteligência.

A sua poesia baseia-se na vivência deestados imaginários, sendo algopensado e não real, tentandoencontrar algo melhor que a realidadenão consegue dar.

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●● Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoçãoAnti-sentimentalismo: intelectualização da emoção 

IstoDizem que finjo ou mintoTudo que escrevo. Não.Eu simplesmente sintoCom a imaginação.Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,O que me falha ou finda,É como que um terraçoSobre outra coisa ainda.Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meioDo que não está ao pé,Livre do meu enleio,Sério do que não é.Sentir? Sinta quem lê! 

Para o poeta, a arte é resultado da fusão do sentir edo pensar, fornecendo assim à inteligência asemoções necessárias para a produção do poema,emoções estas que têm de ser intelectualizadas, ouseja sentidas com a imaginação e não com ocoração.

O poeta tem noção que busca algo inacessível masfá-lo porque sente a necessidade de encontrar algomais belo.

O sujeito poético nega o "uso do coração",apontando para a simultaneidade dos actos de

"sentir" e "imaginar", apresentando-nos a obrapoética como uma espécie de síntese onde asensação surge filtrada pela imaginação criadora.

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●●Evocação da infância e angústia existencialEvocação da infância e angústia existencial

Pobre velha música!

Pobre velha música!Não sei por que agrado,Enche-se de lágrimasMeu olhar parado.

Recordo outro ouvir-te,Não sei se te ouviNessa minha infânciaQue me lembra em ti.

Com que ânsia tão raivaQuero aquele outrora!E eu era feliz? Não sei:Fui-o outrora agora.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro" 

O sentimento que aqui podemos encontrar é a

nostalgia, isto é, o sentimento de falta de algo queum dia o fez feliz e o desejo de a poder ter de voltamesmo sabendo que tal não é possível.

A infância por ele representada é uma infância felize alegre acabando por revelar a dor que sente pois opensamento apenas o lembra das angústias

escrevendo assim sobre aquilo que deveria pensarpois aquilo que pensa não lhe traz boas recordações,imaginando por vezes que não a viveu e que teveuma infância diferente daquela que realmentepresenciou

Pessoa sente a nostalgia da criança que passou aolado das alegrias e da ternura. Chora, por isso, umafelicidade passada, para lá da infância.

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Estilo de EscritaEstilo de Escrita

O Ortónimo tem preferência pela métrica curta, pela simplicidade formal e porO Ortónimo tem preferência pela métrica curta, pela simplicidade formal e poruma linguagem simples, espontânea mas sóbria. O verso é predominantementeuma linguagem simples, espontânea mas sóbria. O verso é predominantementeconstituído por 7 sílabas sendo geralmente quadras ou quintilhas.constituído por 7 sílabas sendo geralmente quadras ou quintilhas.

É dotado de uma grande sensibilidade musical uma vez que é possível encontrarÉ dotado de uma grande sensibilidade musical uma vez que é possível encontrarnos seus poemas uma grande harmonia de sons, aliterações e adjectivaçãonos seus poemas uma grande harmonia de sons, aliterações e adjectivaçãoexpressiva.expressiva.

A nível de recursos estilísticos usa frequentemente comparações, metáforas eA nível de recursos estilísticos usa frequentemente comparações, metáforas eoxímoros. Além disto faz um reaproveitamento dos símbolos tradicionais como,oxímoros. Além disto faz um reaproveitamento dos símbolos tradicionais como,água, o rio, o mar.água, o rio, o mar.

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ModernismoModernismoO Modernismo consistiu num movimentoartístico que se deu no início do século XX num

momento de crise aguda e de dissolução demuitos valores em que os artistas reagiram aocepticismo social através da agressão cultural,pelo sarcasmo e pelo exercício gratuito dasenergias individuais, ou então pela entrega àssensações, à grandeza inumana das máquinas,

das técnicas e da vida nas cidades.

As minorias criadoras manifestaram-se porimpulsos de ruptura com as diversas ordensvigentes, tentando romper com as camadasconservadoras e redescobrir o mundo através

linguagem estética. Na área da poesiarecusam-se os temas poéticos já gastos, asestruturas vigentes da poética ultrapassada.

 Ilustração 8: Eduardo Viana: As três aboboras, 1919.

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 Ilustração 9: Amadeu Sousa Cardoso: Brut, 1917 

A arte entra numa dimensão diferente na qual osobjectos não-estéticos e a vida quotidiana entramna arte passando a recusar-se o código linguísticoconvencional surgindo novas linguagens literárias

como o uso da desarticulação deliberada e dasmetáforas, quase inacessíveis ao entendimentocomum. O Modernismo encerra um humanismoseminal, incita à plenitude individual, despontando oSobrerrealismo a par da visão do mundo como algoabsurdo e sem suporte.

Como tal, este movimento expressa um desejo deruptura e redescoberta do mundo. Em Portugal omodernismo pode ser considerado um movimentoestético, em que a literatura surge associada àsartes plásticas e por elas influenciada, tendo comonomes principais Fernando Pessoa, Mário de SáCarneiro e Almada Negreiros.

Inevitavelmente a corrente modernista reflectiu um espírito de mudança na literatura e nasartes, numa diversidade de experiências de vanguarda, que vão marcar a cultura do início doséculo, em Portugal.

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Almada Negreiros é referido como ointrodutor do modernismo em Portugal. Elefoi um escritor e artista plástico, nascido emS. Tomé e Príncipe em 1893, tendo sido umdos fundadores da revista Orpheu.

As duas orientações de busca e criação deAlmada Negreiros foram a beleza e asabedoria. Para ele "a beleza não podia ser ignorante e idiota tal como a sabedoria não

 podia ser feia e triste" . Almada Negreiros foium pintor-pensador.

Foi praticante de uma arte elaborada quepossui uma aprendizagem que implica um

percurso introspectivo e universal não seesgotando nas escolas de arte.

 Ilustração 10: Auto-retrato, Almada Negreiros

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Geração de orpheuGeração de orpheuEste grupo de jovens surgiu com o início da guerra, em 1914, quando se reuniram factores de umEste grupo de jovens surgiu com o início da guerra, em 1914, quando se reuniram factores de um

movimento estético pós-simbolista em Lisboa. Juntaram-se personalidades como Fernandomovimento estético pós-simbolista em Lisboa. Juntaram-se personalidades como FernandoPessoa, Mario de Sá Carneiro e Almada Negreiro. As suas ideias e pensamentos despertaramPessoa, Mario de Sá Carneiro e Almada Negreiro. As suas ideias e pensamentos despertaramcriticas, não só pela formação e temperamento particulares que eles possuíam mas também pelocriticas, não só pela formação e temperamento particulares que eles possuíam mas também pelosentimento geral de crise latente.sentimento geral de crise latente.

Esta geração tinha como propósito “dar uma bofetada no gosto público”(citação de Maiakovsky,Esta geração tinha como propósito “dar uma bofetada no gosto público”(citação de Maiakovsky,usada por Almada Negreiros), ou seja, pretendia agitar e escandalizar a inteligência eusada por Almada Negreiros), ou seja, pretendia agitar e escandalizar a inteligência esensibilidade, pondo todas as convenções em causa e tentando comunicar a nova mensagemsensibilidade, pondo todas as convenções em causa e tentando comunicar a nova mensagemeuropeia preocupando-se apenas com a beleza da poesia, arte pela arte, embora proporcionado aeuropeia preocupando-se apenas com a beleza da poesia, arte pela arte, embora proporcionado adescida às profundezas do subconsciente e à fixação da agitada idade moderna .descida às profundezas do subconsciente e à fixação da agitada idade moderna .

Aliada ao surgimento do modernismo e desta geração a escrita também foi sofrendo alterações,Aliada ao surgimento do modernismo e desta geração a escrita também foi sofrendo alterações,por exemplo, a sociedade material integrou-se na poesia, o verso livre, a poesia insólita e napor exemplo, a sociedade material integrou-se na poesia, o verso livre, a poesia insólita e naprosa o enredo perde a importância.prosa o enredo perde a importância.

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OrpheuOrpheu"reagir em Leonino contra o ambiente"  

O primeiro número saiu em 1915, correspondente aJaneiro, Fevereiro e Março. As 83 páginas da revista,impressa em papel de boa qualidade e elegante, abriamcom uma «introdução» de Luís de Montalvor, em que sepretendia definir os intuitos da obra a que meteu ombrosum grupo de jovens que com frequência se reuniam emalguns cafés da baixa lisboeta. Depois desta apenas saiumais um número pois deixaram de ter financiamento eapenas o talento e o arrojo não bastam para o sucesso.

A ideia da criação desta revista surgiu de Luís Montalvortal como O título "Orpheu" , cuja palavra designa umafigura mítica que vai ao mundos dos mortos socorrer a sua

mulher, sem nunca poder olhar para trás, tendo a ideiaavançado devido ao entusiasmo dos participantes e àspossibilidades económicas do pai de Sá-Carneiro. Ilustração 11: Capa do 1º exemplar 

da revista Orpheu

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Para Montalvor, Orpheu «é um exílio de temperamentos de arte que a queremcomo a um segredo ou tormento» cujo objectivo seria «formar, em grupo ouideia, um número escolhido de revelações em pensamento ou arte, que sobreeste princípio aristocrático tenham em Orfeu o seu ideal esotérico e bem nossode nos sentirmos e conhecermos».

O primeiro número foi dirigido por Luís de Montalvor e pelo brasileiro Ronald deCarvalho, e o segundo, por Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, tendo amboscomo editor António Ferro. O número 3 chegou a ser anunciado, mas ficouincompleto e em provas tipográficas, e só em 1984 seria publicado. Sob oimpulso entusiasta de Fernando Pessoa e de Mário de Sá-Carneiro, foram seuscolaboradores Almada Negreiros, Alfredo Guisado, Armando Cortes Rodrigues, J.

Pacheco, Santa-Rita Pintor, entre outros.

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Orpheu acabou por ser decisiva precisamente porquenão ter sido entendida, pois foi o início do rompimentode um passado romântico e simbolista e a marcação deuma nova geração que recusava viver a “herança” dos

seus pais. Talvez se tivesse surgido noutra altura oimpacto não fosse o mesmo mas a realidade é que oefeito produzido com apenas duas publicações foi osuficiente para abrir novos horizontes e deixar quesurgissem novas formas de pensar e agir.

Nesta revista foram possível observar grandes críticasnomeadamente através da “Ode Triunfal” de Álvaro deCampos e “Manucure” de Mário de Sá-Carneiro. “OdeTriunfal” marcou o aparecimento do heterónimo Álvarode Campos sendo um poema que canta o triunfo datécnica, as máquinas, os motores, a velocidade, a

civilização mecânica e industrial, o comércio e osescândalos da contemporaneidade. O sujeito pretendetransmitir que sentir tudo de todas as maneiras é oideal, é necessário sentir a histeria de sensações eidentificar-se com coisas impensáveis.

 Ilustração 12: Mário de Sá-Carneiro

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 A Águia A Águia

 

A Águia foi uma revista mensal dirigida por Teixeira dePascoaes, órgão da Renascença portuguesa e cujos temas

eram literatura, arte, ciência, filosofia e crítica social.Fernando Pessoa estreia-se na edição número 4 da revistacom vários estudos sobre a nova poesia portuguesa.

Sente-se atraído pela doutrina subjacente a estapublicação o que o faz aderir ao patriotismo,nacionalismo, espiritualismo e à intenção de despertar eespalhar a alma portuguesa. No entanto, em breve surgemdiscordâncias de Pessoa em relação à doutrina e a algunsdos colaboradores desta publicação levando-o a ampliardos horizontes do poeta para campos muito diversosdaqueles que se cultivavam pelos poetas de A Águia.

O afastamento de Fernando Pessoa do grupo de poetasreunidos em torno do órgão da RenascençaPortuguesa culmina em finais de 1914, quando estapublicação mostra um profundo desinteresse em publicaro seu drama estático O Marinheiro, rompendo assim a sualigação à revista.

 Ilustração 13: Capa da revista A Águia

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 Athena Athena

"Dar ao público português, tanto quanto possível, uma revista puramente de arte, isto é, nemde ocasião e início como o Orpheu, nem quase de pura decoração como a admirávelContemporânea." 

Fernando Pessoa, em entrevista ao Diário de Lisboa, Novembro de 1924

Foi uma revista dirigida por Fernando Pessoa e Ruy Vaz, publicada em Lisboa, da qualsaíram cinco números, entre Outubro de 1924 e Fevereiro de 1925. Surgindo noseguimento da linha de orientação do Orpheu, tento a maioria do seu interesse literáriodevido aos textos de Pessoa. Surgiu como alternativa no campo da revista literária, quenão pretendia promover um projecto cultural, nem accionar um movimento, nem serapreciada apenas pelo seu aspecto estético, mas sim ser um espaço de reflexão teórica,de balanço do itinerário percorrido desde Orpheu e de apresentação de novas vias para o

modernismo.

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PresençaPresençaPresença foi uma das mais influentes revistas literárias portuguesas do Século XX. Foi

lançada inicialmente em Coimbra em 1927 por nomes como José Régio, Branquinho daFonseca e João Gaspar Simões sendo publicados 54 números até à sua extinção em 1940.

Muito nomes colaboraram nesta revista, entre os quais Adolfo Casais Monteiro, MiguelTorga e Vitorino Nemésio e tinham como objectivo a criação de uma literatura mais viva,livre, oposta ao academismo e jornalismo rotineiro, primando pela crítica, pela

predominância do individual sobre o colectivo, do psicológico sobre o social, da intuiçãosobre a razão. Elegeu como "mestres" os artistas da Revista Orpheu, muitos dos quaisainda colaboraram na Presença, a revista foi importante na difusão de uma segunda fasedo Modernismo, desta vez numa vertente mais crítica.

As páginas da Presença eram uma “Folha de Arte e crítica” que servia para a promoção e

intercâmbio literário com vários poetas e prosadores brasileiros, à margem das iniciativasoficiais, a divulgação das principais obras e escritores europeus da primeira metade doséculo e a busca da verdade na sua essência, numa vertente mais intemporal.

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MensagemMensagem

“O mito é o nada que é tudo”

 Ilustração 14: Capa da obra Mensagem de Fernando Pessoa

Mensagem foi a única obra escrita e publicada emportuguês por Fernando Pessoa, em 1934 e publicadano dia 1 de Dezembro. Este livro é uma colectânea depoesias breves compostas em épocas diferentes masque abordam uma mesma temática, a visão mítica da

pátria portuguesa, isto é, uma visão sobre figuras oumomentos da história até ao declínio do império. Érico em metáforas e imagens inéditas de umaadmirável musicalidade.

A obra possui marcas épicas e líricas onde o leitor

pode apreciar a concepção trans-histórica e mítica deFernando Pessoa onde figura o aparecimento dapátria cultural portuguesa constituinte do V Império. 

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A estruturação da obra revela a sua índole sebastianista uma vez que se encontradividida em três partes (“Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”), o quecorresponde a: os fundadores (a origem), a realização (a vida), a morte (fim das

energias). Esta estrutura tripartida é simbólica demonstrando a história cíclica deum povo, o nascimento, o apogeu e a morte.

 

Em Brasão, estão os construtores do Império, desfilando heróis históricos desdeUlisses a D.Sebastião. O poeta começa por fazer a localização de Portugal na

Europa e a sua relação com o Mundo, salientando a sua importância, apresentandotambém a definição do mito realçando o seu valor na construção da realidade. Opovo português é o construtor do império marítimo, assim como revela ospredestinados, responsáveis pela construção do país.

  Em Mar Português, surge o sonho marítimo e a obra das descobertas,

apresentando obras inspiradas no desejo do desconhecido e no esforço da luta como mar, salientando a grandeza do sonho transformado em acção, unificando a acçãohumano com o destino traçado por Deus.

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Em O Encoberto, há a imagem do Império moribundo, um Portugal triste com a fé de que

a morte contenha em si o gérmen da ressurreição, o espírito do império espiritual, morale civilizacional na Diáspora lusíada. O poeta considera que chegou a hora de despertarpara uma missão, a constituição de um Quinto Império, um reino de liberdade de espíritoe de redenção, pressagiando a vinda de D.Sebastião. A Mensagem termina com um gritode felicidade e um apelo para que todos lutem por um novo Portugal.

O poema Quinto Império consiste numa oposição entre uma sociedade estagnada, comvalores antiquados necessitados de uma renovação cultural, aliando-se assim ao mitosebastianista devido ao tempo de renovação e regeneração, encontrando-se areminiscência de um passado histórico glorioso recriando o mito na esperança deencontrar o paraíso perdido e a comunhão entre o homem e a vontade divina.

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 Algumas palavras sobre ele Algumas palavras sobre ele

mesmomesmo

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“Cumpre-me agora dizer que espécie de homem sou.

Não importa o meu nome, nem quaisquer outros pormenores externosque me digam respeito. É acerca do meu carácter que se impõe dizeralgo.

Toda a constituição do meu espírito é de hesitação e dúvida. Paramim, nada é nem pode ser positivo; todas as coisas oscilam em tornode mim, e eu com elas, incerto para mim próprio. Tudo para mim é

incoerência e mutação. Tudo é mistério, e tudo é prenhe designificado. Todas as coisas são «desconhecidas», símbolos doDesconhecido. O resultado é horror, mistério, um medo por demaisinteligente.”

Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa.(Textos estabelecidos e prefaciados por George Rudolf Lind e Jacinto do PradoCoelho.)

Lisboa: Ática, 1966.

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““Jamais houve alma mais amante ou terna do que a minha, alma mais repletaJamais houve alma mais amante ou terna do que a minha, alma mais repletade bondade, de compaixão, de tudo o que é ternura e amor. Contudo,de bondade, de compaixão, de tudo o que é ternura e amor. Contudo,nenhuma alma há tão solitária como a minha ― solitária, note-se, não mercênenhuma alma há tão solitária como a minha ― solitária, note-se, não mercêde circunstâncias exteriores, mas sim de circunstâncias interiores. O quede circunstâncias exteriores, mas sim de circunstâncias interiores. O quequero dizer é: a par da minha grande ternura e bondade, entrou no mauquero dizer é: a par da minha grande ternura e bondade, entrou no maucarácter um elemento da natureza inteiramente oposto, um elemento decarácter um elemento da natureza inteiramente oposto, um elemento detristeza, egocentrismo, portanto de egoísmo, produzindo um efeito duplo:tristeza, egocentrismo, portanto de egoísmo, produzindo um efeito duplo:deformar e prejudicar o desenvolvimento e a plena acção interna daquelasdeformar e prejudicar o desenvolvimento e a plena acção interna daquelas

outras qualidades, e prejudicar, deprimindo a vontade, a sua plena acçãooutras qualidades, e prejudicar, deprimindo a vontade, a sua plena acçãoexterna, a sua manifestação. Hei-de analisar isto; um dia hei-de examinarexterna, a sua manifestação. Hei-de analisar isto; um dia hei-de examinarmelhor, destrinçar, os elementos que constituem o meu carácter, pois a minhamelhor, destrinçar, os elementos que constituem o meu carácter, pois a minhacuriosidade acerca de tudo, aliada à minha curiosidade por mim próprio e pelocuriosidade acerca de tudo, aliada à minha curiosidade por mim próprio e pelomeu carácter, conduz a uma tentativa para compreender a minhameu carácter, conduz a uma tentativa para compreender a minhapersonalidade.”personalidade.” 

Páginas íntimas e de auto-interpretação, Fernando Pessoa

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A primeira nutrição literária da minha meninice foi a que se encontrava em numerososA primeira nutrição literária da minha meninice foi a que se encontrava em numerosos romances de mistério e de aventuras horríveis. Pouco me interessavam os livros ditos pararomances de mistério e de aventuras horríveis. Pouco me interessavam os livros ditos para rapazes e que relatam vivências emocionantes. Não me atraía a vida saudável e natural.rapazes e que relatam vivências emocionantes. Não me atraía a vida saudável e natural. Anelava, não pelo provável, mas pelo incrível, nem sequer pelo impossível em grau, masAnelava, não pelo provável, mas pelo incrível, nem sequer pelo impossível em grau, mas sim pelo impossível por natureza.sim pelo impossível por natureza.

A minha infância decorreu serena (...), recebi uma boa educação. Mas, desde que tenhoA minha infância decorreu serena (...), recebi uma boa educação. Mas, desde que tenho consciência de mim mesmo, apercebi-me de uma tendência nata em mim para aconsciência de mim mesmo, apercebi-me de uma tendência nata em mim para a mistificação, para a mentira artística. Junte-se a isto um grande amor pelo espiritual,mistificação, para a mentira artística. Junte-se a isto um grande amor pelo espiritual, pelo misterioso, pelo obscuro, que, ao fim e ao cabo, não era senão uma forma e umapelo misterioso, pelo obscuro, que, ao fim e ao cabo, não era senão uma forma e uma variante daquela outra minha característica, e a minha personalidade será completa paravariante daquela outra minha característica, e a minha personalidade será completa para a intuição.a intuição.

1906?1906?Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa.Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação. Fernando Pessoa.

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“Estou cansado de confiar em mim próprio, de me lamentar a mim mesmo, de me apiedar comlágrimas, sobre o meu próprio eu. Acabo de ter uma espécie de cena com a tia Rita acerca de F.Coelho. No fim dela senti de novo um desses sintomas que cada vez se tornam mais claros esempre mais horríveis em mim: uma vertigem moral. Na vertigem física há um rodopiar domundo externo em relação a nós: na vertigem moral, um rodopiar do mundo interior. Parece-meperder por momentos, o sentido da verdadeira relação das coisas, perder a compreensão, cairnum abismo de suspensão mental. É uma pavorosa sensação esta de uma pessoa se sentir abaladapor um medo desordenado. Estes sentimentos vão-se tornando comuns, parecem abrir-me o

caminho para uma nova vida mental, que acabará na loucura. Na minha família não hácompreensão do meu estado mental - não, nenhuma. Riem-se de mim, escarnecem-me, não meacreditam. Dizem que o que eu pretendo é mostrar-me uma pessoa extraordinária. Nada fazempara analisar o desejo que leva uma pessoa a querer ser extraordinária. Não podem compreenderque entre ser-se e desejar-se ser extraordinário não há senão a diferença da consciência que éacrescentada ao facto de se querer ser extraordinário. É o mesmo caso que se dava comigo

brincando com soldados de chumbo aos sete e aos catorze anos, no primeiro caso os soldadoseram para mim coisas e no segundo coisas e coisas-brinquedos ao mesmo tempo: no entanto oimpulso para brincar com eles subsistia e esse é que era o real e fundamental estado psíquico.”

  Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa. 

 

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Vida amorosa – Ophélia QueirozVida amorosa – Ophélia Queiroz

Em toda a sua vida, uma única mulher fez parte da sua

biografia. O seu nome era Ophélia Queiroz, de 19 anos,uma colega de trabalho com quem teve um brevenamoro e trocou cartas de amor, nas quais ela se dirigiaa Ferdinand Personne, ou “Monsieur Personne”. Estarelação iniciou-se no momento em que se encontravanuma grande solidão, de dia trabalhava como modesto

escriturário e tradutor e à noite bebia e fazia poesiapublicada em algumas revistas literárias.

O romance,dividiu-se em duas fases, a primeira duroupoucos meses e, nas cartas, Pessoa começava a tratá-lacomo uma criancinha. Todos os críticos e estudiosos estão

de acordo que este tom infantil não é inocente. Ophéliaentra no jogo da 'infantilidade perversa' e da duplapersonalidade, recebendo e respondendo cartas em queÁlvaro de Campos a adverte que Fernando Pessoa nãodeveria ser levado a sério.

 Ilustração 15: Ophélia Queiroz

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Ophélia muda para o outro lado da Cidade, a morte do padrasto e a volta da mãe paraLisboa somados ao estado dos nervos do poeta, que se reconhece muito doente, arrefecemo pequeno entusiasmo que impulsionava a relação e a 29 de Novembro de 1920, envia umamensagem na qual encerra o namoro:

"O amor passou... O meu destino pertence a outra Lei, cuja existência a Ophelinha ignora,e está subordinado cada vez mais à obediência a Mestres que não permitem nem

 perdoam..." 

Quase 10 anos depois, Carlos Queiroz, sobrinho de Ophélia e amigo de Pessoa, envia-lheuma foto de “Fernando Pessoa em flagrante delito” o que reacendeu a relação sentimentalcom Ophélia iniciando-se aqui a segunda fase de cartas de amor.

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Sabe-se que o poeta teria confidenciado a Agostinho da Silva que estaria arrependido de

ter escrito as cartas de amor a Ophélia pois apenas o teria feito movido pela sua “fantasiaheteronímica” e não por nutrir uma verdadeira paixão por ela, tendo terminado a relaçãono momento em que percebeu que Ophélia estaria apaixonada por ele enquanto que elevivia apenas um amor fictício, não sendo ela merecedora de tal sofrimento.

~

As cartas de amor nos remetem a Ricardo Reis, a Alberto Caeiro e a Álvaro de Campos.Ainda que enviadas a Ophélia Queiroz é com estes que dialogam. «Ophelinha»praticamente não existiu, é bom dizer que Ophélia Queiroz, esta sim, teve vida de facto eo espaço ocupado por Ophélia não é um espaço dela sendo as cartas trocadas entre elescartas entre Fernando Pessoa e Fernando Pessoa. Toda a situação abalou Ophélia Queiroz,mas após uma fase de perplexidade acabou por casar com o teatrólogo Augusto Soares comquem se casou três anos após a morte de Pessoa.

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Misticismo e OcultismoMisticismo e Ocultismo

 Ilustração 16: Aleister Crowley

 

Se a vida amorosa foi feita de mistério, também se

diz que Pessoa praticou o misticismo e ocultismomas sobre isso pouco se sabe ou existem “lacunasde informação”. Sabe-se de uma suposta ligaçãocom a Maçonaria e com a Rosa Cruz mas tal nuncafoi provado, apenas se sabe que defendiapublicamente estas escolas e fraternidades, por

exemplo, no “Diário de Lisboa”.Pessoa dizia-se um cristão gnóstico e, iniciado nastradições místicas, estudou a fundo astrologia,chegando a pensar em estabelecer-se em Lisboacomo astrólogo. Elaborou mapas astrológicos paraa maioria dos seus heterónimos e para Portugal,

fazendo também consultas astrológicas para simesmo. Foi um estudioso profundo das “ciênciasOcultas”, tendo deixado bastantes anotações sobretemas esotéricos.

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O poeta apreciava também o trabalho dofamoso ocultista Aleister Crowley, tendo certavez detectado erros no horóscopo de uma

publicação inglesa de Crowley, escrevendo-lhepara os corrigir. Os seus conhecimentos deastrologia impressionaram Crowley e, comoeste gostava de viagens, veio a Portugalconhecer o poeta, num encontro que ocorreucom algum sensacionalismo, dado o Poeta

Inglês ter simulado o seu suicídio na Boca doInferno, o que atraiu várias polícias europeus ea atenção dos média da época. Pessoa estariadentro da encenação, tendo combinado comCrowley a notificação dos jornais e a redacçãode um "romance policiário" cujos direitos

reverteriam a favor dos dois poetas. Apesar deter escrito várias dezenas de páginas, essaobra de ficção nunca foi concretizada.

 Ilustração 17: O mago Aleister Crowley e Pessoa em Lisboa, em Setembro de 1930.

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HeterónimosHeterónimos

““Sê plural como o universo”Sê plural como o universo”

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Pessoa foi o escritor dos heterónimos, dospseudónimos e das múltiplas

personalidades, possuindo desta formauma obra única. A criação de heterónimosnasceu não só de uma capacidade mastambém de uma necessidade, tendo criadoo seu primeiro apenas com 6 anos,Chevalier de Pass, com o objectivo de se

cercar de amigos que nunca existiram.Dentro de um grande numero deheterónimos surgem nomes como ThomasCross, Miguel Otto, José Rasteiro, Barãode Teive, Francisco Reis, Maria José,António Mora e José Rasteiro, mas de

todos existem três que se destacam,Alberto Caeiro, Álvaro de Campos eRicardo Reis. 

 Ilustração 18: Carta de Fernando Pessoa dirigida a Adolfo Casais Monteiro sobre a génese dosheterónimos.

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Ricardo ReisRicardo Reis

“Aí por 1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à ideia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas coisas em verso irregular (não no estilo Álvaro deCampos, mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me,contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis.)”

(excerto da carta a Adolfo Casais Monteiro, 1935)

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Segundo a Carta escrita a Adolfo CasaisMonteiro, Ricardo Reis foi imaginado de relancepelo poeta por volta de 1912. Nasceu no Porto, 

recebeu uma educação clássica num colégio dejesuítas, formou-se emmedicina, exercendo essa profissão.

Viveu no Brasil desde 1919, pois se expatriouespontaneamente por ser monárquico, na

sequência da derrota da rebelião monárquica doPorto contra o regime republicano. É umlatinista por educação, e um semi-helenista poreducação própria.

As suas obras iniciais terão sido publicadas na

revista Athena em 1924 e mais tarde, oito odes,entre 1927 e 1930, na revista Presença, deCoimbra.  Ilustração 19: Caricatura de Ricardo

 Reis

Características temáticas e de escritaCaracterísticas temáticas e de escrita

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EpicurismoÉ uma doutrina baseada num ideal desabedoria que busca atranquilidade da alma e para isso amorte não deve ser temida pois é aúnica certeza que temos na vida,devem procurar-se os simplesprazeres da vida em todos ossentidos e sem preocupações com ofuturo, o designado carpe diem, massem excessos e vivendo cadainstante como se fosse o último.Outra característica é a fuga à dor,ou seja, a razão sobreposta à emoçãono sentido de defesa contra osentimento.

EstoicismoÉ uma doutrina que tem como ideal éticoa apatia, isto é, a ausência deenvolvimento emocional excessivo com oobjectivo de atingir a liberdade de formaa que seja possível alcançar a felicidade;não como estado de alegria mas como umcontentamento inconsciente. Oestoicismo tem como características odomínio das paixões para evitar terdesilusões, de modo a que nada perturbea serenidade e a razão, e porque este éuma inutilidade e está já condenado, umavez que tudo na vida tem um fim e aaceitação da ordem universal das coisas,incluindo a morte.

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Na sua escrita, Ricardo Reis procura atingir a paz e o equilíbrio sem sofrer através daautodisciplina e das disciplinas gregas epicurismo e estoicismo, procurando assim atingir aataraxia (ausência de preocupação).

Ele admite a limitação e a fatalidade da condição humana, pretendendo chegar à mortede mãos vazias de modo a não ter nada a perder e inspirado na mitologia clássica,considera a vida como uma viagem cujo fluir e fim é inevitável. A sua poesia tem muitasalusões mitológias, com uma linguagem culta e precisa, sem espontaneidade e uso de umvocabulário culto e alatinado

Na sua escrita é possível encontrar a renúncia da vida através da recusa do amor, aconsciência da “rapidez” com que o tempo corre, elogio à vida campestre, o fatalismo e aaceitação calma e tranquila do destino, verificando-se uma influência do Neopaganismo.Quanto ao estilo de escrita usa um vocabulário preciso mas coloquial recorrendofrequentemente a arcaísmos, ao gerúndio e ao imperativo. As suas formas estróficas emétricas possuem influência clássica e a escrita uma influência latina.

Dados IncoerentesDados Incoerentes

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Na biografia de Ricardo Reis existem alguns dados incoerentes, por exemplo, para o seunascimento, Fernando Pessoa estabeleceu datas distintas. Primeiro afirma, de acordo com otexto de Páginas Íntimas e de Auto- Interpretação que este nasce no seu espírito no dia

29 de Janeiro de 1914: «O Dr. Ricardo Reis nasceu dentro da minha alma no dia 29 de Janeiro de 1914, pelas 11 horas da noite. Eu estivera ouvindo no dia anterior umadiscussão extensa sobre os excessos, especialmente de realização, da arte moderna.Segundo o meu processo de sentir as cousas sem as sentir, fui-me deixando ir na ondadessa reacção momentânea. Quando reparei em que estava pensando, vi que tinhaerguido uma teoria neoclássica, que se ia desenvolvendo.».

Mais tarde, numa carta a Adolfo Casais Monteiro datada de 13 de janeiro de 1935, alteraa data deste nascimento afirmando que Ricardo Reis nascera no seu espírito em 1912.Fernando Pessoa considera que este heterónimo foi o primeiro a revelar-se-lhe, aindaque não tenha sido o primeiro a iniciar a sua actividade literária. Se Ricardo Reis está“vivo” desde o ano de 1912, a julgar pela carta mencionada, é só em Março de 1914 queo autor das Odes inicia a sua produção até 13 de Dezembro de 1933.

F i di 8 d M d 1914 F d P

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Foi no dia 8 de Março de 1914 que Fernando Pessoateve o que ele chamou do seu "dia triunfal", isto é,o dia em que nasceu Alberto Caeiro.

Este é considerado o “Mestre” pelos heterónimos e

pelo próprio Pessoa pois ao contrário destes,consegue submeter o pensar ao sentir, conseguindoassim viver sem dor, envelhecer sem angústia emorrer sem desespero, não procura encontrarsentido para a vida e para as coisas que lherodeiam, sente sem pensar e é um ser único, não

fragmentado.

Segundo a sua biografia Alberto Caeiro nasceu emLisboa, órfão de mãe e pai tendo vivido grandeparte da sua vida no Ribatejo com a sua tia-avóidosa, onde escreveu o Guardador de Rebanhos e O

 pastor Amoroso. Estudou apenas até ao 4º ano, nãotendo assim exercido qualquer profissão. Comapenas 26 anos morreu de tuberculose, tendovivido ainda uns tempos em Lisboa, onde escreveuOs Poemas Inconjuntos.

Alberto CaeiroAlberto Caeiro

““Num dia em que finalmente desistira ― foi em 8 de Março de 1914 ―,Num dia em que finalmente desistira ― foi em 8 de Março de 1914 ―,acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei aacerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei aescrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta eescrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta etantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza nãotantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza nãoconseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca podereiconseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca podereiter outro assim. Abri com um título, «O Guardador de Rebanhos». E oter outro assim. Abri com um título, «O Guardador de Rebanhos». E o

que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desdeque se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desdelogo o nome de Alberto Caeiro.”logo o nome de Alberto Caeiro.”

(excerto da carta a Adolfo Casais Monteiro, 1935)(excerto da carta a Adolfo Casais Monteiro, 1935)

 Ilustração 20: Caricatura de Alberto Caeiro

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Características temáticas e de escritaCaracterísticas temáticas e de escrita

Alberto Caeiro foi um poeta ligado à natureza, que despreza e repreende qualquer tipo depensamento filosófico, afirmando que pensar não permite ver o mundo como elerealmente é ("pensar é estar doente dos olhos") e que, ao pensar, entramos num mundocomplexo e problemático onde tudo é incerto e obscuro. Ele possui um grande interessepela natureza, pelo verso livre e pela linguagem simples e familiar, apresentando-se comoum simples "guardador de rebanhos" cuja sensação é a única realidade, sendo assim o

poeta das sensações verdadeiras, do olhar, dos 5 sentidos.

Este é o poeta do real objectivo, uma vez que aceita a realidade e o mundo exterior comosão com alegria ingénua e contemplação, recusando a subjectividade. Ele rende-se ao destino e à ordem natural das coisas, elas não têm significado mas sim existência, sendo a existência o seu próprio significado, vivendo assim no presente não lhe interessando o 

passado ou o futuro.

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Caeiro defende um panteísmo naturalista, isto é, Deus não é uma entidade divina por si só, adivindade preside em Deus, na Natureza e no Universo, estando aasim na simplicidade e presenteem todas as coisas. O poeta vive em simbiose com a natureza pois necessita dela para viver e serfeliz, é dela que provém a sua felicidade.

A sua escrita apresenta-se com um estilo discursivo, uma linguagem simples e concreta,liberdade estrófica e métrica, usa frequentemente a comparação e o substantivo concreto emdetrimento das metáforas e do adjectivo.

 Ilustração 21: Pintura de Julien Dupré, pintor 

naturalista.

O Guardador de RebanhosO Guardador de Rebanhos

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““Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.Mas porque a amo, e amo-a por isso,Mas porque a amo, e amo-a por isso,Porque quem ama nunca sabe o que amaPorque quem ama nunca sabe o que ama

Nem por que ama, nem o que é amar…Nem por que ama, nem o que é amar…”” 

Excerto de “O Guardador de Rebanhos”, Alberto CaeiroExcerto de “O Guardador de Rebanhos”, Alberto Caeiro

O Guardador de RebanhosO Guardador de Rebanhos é um poema constituído por 49 textos escritos por Albertoé um poema constituído por 49 textos escritos por Alberto

Caeiro em 1914, numa noite de insónia de Fernando Pessoa, tendo marcado o dia doCaeiro em 1914, numa noite de insónia de Fernando Pessoa, tendo marcado o dia dosurgimento deste heterónimo, “o dia triunfal”. Foram publicados em 1925 nas 4ª e 5ªsurgimento deste heterónimo, “o dia triunfal”. Foram publicados em 1925 nas 4ª e 5ªedições da revistaedições da revista Athena Athena, com excepção do 8º poema do conjunto que só viria a ser, com excepção do 8º poema do conjunto que só viria a serpublicado em 1931, na revistapublicado em 1931, na revista PresençaPresença..

Os poemas mostram a forma simples e natural de sentir e dizer de seu autor, voltadoOs poemas mostram a forma simples e natural de sentir e dizer de seu autor, voltado

para a natureza e as coisas puras, transmitindo uma visão de um mundo pagão no séculopara a natureza e as coisas puras, transmitindo uma visão de um mundo pagão no séculovinte. A sua forma permite que o poema se alongue com repetições de motivos quevinte. A sua forma permite que o poema se alongue com repetições de motivos quepassam de texto para texto não resolvidos ou por resolver, numa recombinaçãopassam de texto para texto não resolvidos ou por resolver, numa recombinaçãosucessiva, guardando assim pensamentos que são sensações. O rebanho é um símbolosucessiva, guardando assim pensamentos que são sensações. O rebanho é um símboloque representa o limite da existência humana, onde reside a liberdade.que representa o limite da existência humana, onde reside a liberdade.

 

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“Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minhabiografia,Não há nada mais simples.Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha

morte.Entre uma e outra todos os dias são meus.”

Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5,Fevereiro de 1925.

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«Caeiro tem uma disciplina: as coisas devem ser sentidas tais como são. Ricardo Reis tem outradisciplina diferente: as coisas devem ser sentidas, não só como são, mas também de modo a

integrarem-se num certo ideal de medida e regras clássicas.».

Páginas íntimas e de Auto-interpretação, Fernando Pessoa

Ricardo Reis tal como Alberto Caeiro aceita a vida sem pensar, mas a diferença presideno facto de Reis sentir em si mesmo a opressão da Natureza e da vida, confiando emdeuses incertos e vagos e ressentindo-se na realidade gerando em si sofrimentoenquanto que Caeiro aceita ingenuamente a realidade acreditando num Deus fora de sique é um Deus disforme, feito de Natureza, sendo feliz assim mesmo.

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Álvaro de CamposÁlvaro de Campos

““Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir —Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir —instintiva e subconscientemente — uns discípulos. Arranquei doinstintiva e subconscientemente — uns discípulos. Arranquei doseu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome,seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome,e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já oe ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o viavia. E, de. E, derepente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-merepente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-meimpetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina deimpetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina deescrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a «Ode Triunfal»escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a «Ode Triunfal»de Álvaro de Campos — a Ode com esse nome e o homem com ode Álvaro de Campos — a Ode com esse nome e o homem com onome que tem.”nome que tem.”

(excerto da carta a Adolfo Casais Monteiro, 1935)(excerto da carta a Adolfo Casais Monteiro, 1935)

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 Ilustração 22: Caricatura de Álvaro deCampos

 

Segundo a sua biografia, Álvaro de Campos nasceuem Tavira em 1890, teve uma educação normal de

liceu tendo depois ido estudar engenhariamecânica e naval na Escócia. Fez uma viagem aoOriente de onde resultou o Opiário tendo tambémsido marcante na sua restante obra poética.Campos apesar de português sentia-se estrangeiroem qualquer parte do mundo.

Foi o único dos heterónimos a manifestardiferentes fases poéticas, começa comodecadentista, depois como futurista e no finalassume-se com uma veia intimista.

Fisicamente tem um tom de pele entre o branco eo moreno, cabelo liso e normalmente apartado aolado, usa monóculo.

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Fases e estilo de escritaFases e estilo de escrita

É possível verificar que existiram três fases na escrita de Campos, a decadentista, é a que maisse aproxima da nossa poesia de final do século, a modernista, corresponde à experiência devanguarda iniciada com Orpheu e a intimista, na qual a angústia de existir e ser mais seevidencia e se radicaliza.

Na fase Decadentista o poeta exprime o tédio, o cansaço e a necessidade de novas sensações,tendo resultado daqui a sua obra Opiário. Esta fase expressa-se como a falta de um sentido paraa vida e a necessidade de fuga à monotonia, com preciosismo, símbolos e imagens apresenta-semarcado pelo Romantismo e pelo Simbolismo.

Na fase futurista Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina e da civilização moderna.Sente-se nos poemas uma atracção quase erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna.Campos apresenta a beleza dos “maquinismos em fúria” e da força da máquina por oposição àbeleza tradicionalmente concebida. Exalta o progresso técnico, essa “nova revelação metálica edinâmica de Deus”. A “Ode Triunfal” ou a “Ode Marítima” são bem o exemplo desta intensidade e

totalização das sensações. A par da paixão pela máquina, há a náusea, a neurastenia provocadapela poluição física e moral da vida moderna. O futurismo nesta fase é visível no elogio dacivilização industrial e da técnica, na ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional e natransgressão da moral estabelecida.

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Por último, a fase Intimista é aquela em que, perante a incapacidade das realizações, traz devolta o abatimento que provoca um enorme cansaço. Nesta fase, Campos sente-se vazio, ummarginal, um incompreendido, sofrendo fechado em si mesmo, angustiado, destacando-se como

temáticas a solidão interior, a incapacidade de amar, a descrença em relação a tudo, a nostalgiada infância, a dor de ser lúcido, a estranheza e a perplexidade, a oposição sonho/realidade,, adissolução do “eu”, a dor de pensar e o conflito entre a realidade e o poeta.

A sua escrita caracteriza-se por poemas muito extensos e outros curtos, versos brancos e versosrimados, assonâncias, onomatopeias exageradas, aliterações ousadas e um ritmo crescente,

decrescente ou lento nos poemas pessimistas. A nível morfo-sintáctico, podem-se distinguir nafase futurista o excesso de expressão: enumerações exageradas, exclamações, interjeiçõesvariadas, versos formados apenas com verbos, mistura de níveis de língua, estrangeirismos,neologismos, desvios sintácticos e na fase intimista, a moderação do nível de expressão, semabandonar a tendência para o exagero.

O poeta utiliza bastantes apóstrofes, anáforas, personificações, hipérboles, oximoros, metáforas

ousadas e polissíndetos.

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Poema tabacaria, Álvaro de camposPoema tabacaria, Álvaro de campos

Não sou nada.Não sou nada.Nunca serei nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.Não posso querer ser nada.

 À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do À parte isso, tenho em mim todos os sonhos domundo.mundo.

((excerto do poema Tabacaria, Álvaro de Campos)excerto do poema Tabacaria, Álvaro de Campos)

O tema do poema é a dimensão da solidão interior face à vastidão do Universo exterior. AO tema do poema é a dimensão da solidão interior face à vastidão do Universo exterior. ATabacaria acaba por ser um símbolo que não tem valor próprio - verdadeiramenteTabacaria acaba por ser um símbolo que não tem valor próprio - verdadeiramente

importante é que esse símbolo faz nascer em Campos a necessidade de analisar a suaimportante é que esse símbolo faz nascer em Campos a necessidade de analisar a suaprópria existência face à existência da Tabacaria enquanto coisa fixa e real.própria existência face à existência da Tabacaria enquanto coisa fixa e real.

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Bernardo Soares, semi-heterónimo?Bernardo Soares, semi-heterónimo?

Bernardo Soares é considerado um semi-heterónimo de Fernando Pessoa poisBernardo Soares é considerado um semi-heterónimo de Fernando Pessoa poisapesar da sua personalidade não ser como a de Pessoa é semelhante à sua, comoapesar da sua personalidade não ser como a de Pessoa é semelhante à sua, comoele explica:"não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, masele explica:"não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, masuma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."

Era ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa, onde viveu toda a sua humildeEra ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa, onde viveu toda a sua humilde

vida de empregado. Vivia sozinho, na Baixa, num quarto alugado perto dovida de empregado. Vivia sozinho, na Baixa, num quarto alugado perto doescritório onde trabalhava e dos escritórios onde trabalhava Pessoa, tendo-seescritório onde trabalhava e dos escritórios onde trabalhava Pessoa, tendo-seconhecido numa pequena casa de pasto habitualmente frequentada por ambos,conhecido numa pequena casa de pasto habitualmente frequentada por ambos,casa esta onde deu a ler a Fernando Pessoa o seu "Livro do Desassossego".casa esta onde deu a ler a Fernando Pessoa o seu "Livro do Desassossego".

 

Livro do DesassossegoLivro do Desassossego

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Livro do DesassossegoLivro do Desassossego

Este livro foi escrito em forma de fragmentos eapesar de fragmentário é uma “autobiografia semfactos”. O livro é considerado uma das obras

fundadoras da ficção portuguesa no século XX, umavez que possui o pragmatismo da condição humana eo absurdo da própria literatura tendo o drama dasreflexões humanas que vêm ao de cima na insistênciade uma escrita que se reconhece inviável eimperfeita, à beira do tédio, do trágico e da

indiferença estética. Bernardo Soares é, dentro daficção de seu próprio livro, um simples ajudante deguarda-livros na cidade de Lisboa.

Os estudiosos de Pessoa têm procurado demonstrarque é exactamente o jogo de máscaras de Bernardo

Soares, entre a heteronimia e a semi-heteronimia, oque permite pensar que é relativo o estatuto deortónimo que Fernando Pessoa confere a si mesmoquando escreve em nome de sua própriapersonalidade literária.

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"Escrevo demorando-me nas palavras, como por montras onde nãovejo, e são meios-sentidos, quase-expressões o que me fica, comocores de estofos que não vi o que são, harmonias exibidascompostas de não sei que objetos.

Escrevo embalando-me, como uma mãe louca a um filho morto." 

(Excerto Livro do Desassossego, Bernardo Soares)

Filme do DesassossegoFilme do Desassossego

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Filme do DesassossegoFilme do Desassossego

 

Sinopse:«Lisboa, hoje. Um quarto de uma casa na Rua dos

Douradores. Um homem inventa sonhos e estabelece teoriassobre eles. A própria matéria dos sonhos torna-se física,palpável, visível. O próprio texto torna-se matéria na suasonoridade musical. E, diante dos nossos olhos, essa músicasentida nos ouvidos, no cérebro e no coração, espalha-sepela rua onde vive, pela cidade que ele ama acima de tudoe pelo mundo inteiro. Filme desassossegado sobrefragmentos de um livro infinito e armadilhado, de umafulgurância quase demente mas de genial claridade. Omomento solar de criação de Fernando Pessoa. A solidãoabsoluta e perfeita do EU, sideral e sem remédio. Deus soueu!, também escreveu Bernardo Soares.

O realizador, João Botelho, confessou que o filme nãopretende ser o livro, tendo-se baseado especialmente emdois dos textos pertencentes à obra, um sobre a autonomiagrandiosa do som dos textos e outro sobre a noção dotempo e das ideias que se ajustam na perfeição.»

O Ano da morte de Ricardo ReisO Ano da morte de Ricardo Reis

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O Ano da morte de Ricardo ReisO Ano da morte de Ricardo Reis

Na biografia de Ricardo Reis não consta a data da sua morte, como tal José Saramago criou umaobra na qual situa a sua morte em 1936. Este romance foi publicado em 1984 e merecedor do

Prémio Nobel da Literatura em 1998.A personagem principal é o heterónimo de Fernando Pessoa, Ricardo Reis, sobre o qual Saramagoconstrói uma narrativa baseada nos seus dados biográficos, na qual ele é um médico exilado noBrasil, desde 1919, por motivos políticos e que regressa a Portugal, em Dezembro de 1935, sendoa história dos nove meses passados por Ricardo Reis em Lisboa até à data da sua morte, em1936.

Quando chega à capital portuguesa, o Poeta instala-se num quarto de hotel e posteriormentenum apartamento. Durante a sua permanência em Lisboa, vive situações curiosas: é seguido pelapolícia, relaciona-se amorosamente com duas mulheres, Lídia e Marcenda, figuras das suas odes,e recebe várias visitas do fantasma de Fernando Pessoa.

Em 1936 o leitor apercebe-se da importância dos contextos históricos, em que se situa a acção, eque constituem elementos preponderantes na obra, tais como a ditadura Salazarista e a GuerraCivil em Espanha, podendo-se verificar um ambiente sombrio em que o fascismo se afirma nasociedade.

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Em "O Ano da Morte de Ricardo Reis", a escrita de Saramago possui uma forte marca deintertextualidade uma vez que tem presentes nomes como Marcenda e Lídia das "Odes” deRicardo Reis. Possui também referências a Luís de Camõesbem como a presença doescritor argentino de ascendência portuguesa Jorge Luís Borges. Toda esta multi-referencialidade que perpassa pelo livro transforma "O Ano da Morte de Ricardo Reis" numromance que se transcende a si próprio, posicionando-o numa tradição literáriasimultaneamente clássica e moderna, portuguesa e internacional.

Para além do Prémio Nobel o romance ganhou o Prémio PEN Club Português em 1984, oPrémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus, em 1986, e Prémio Grinzane-Cavour em1987.

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(…)(…)

Hé-lá as ruas, hé-lá as praças, hé-la-hó la foule!Hé-lá as ruas, hé-lá as praças, hé-la-hó la foule!Tudo o que passa, tudo o que pára às montras!Tudo o que passa, tudo o que pára às montras!

Comerciantes; vadios; escrocs exageradamente bem-vestidos;Comerciantes; vadios; escrocs exageradamente bem-vestidos;Membros evidentes de clubes aristocráticos;Membros evidentes de clubes aristocráticos;Esquálidas figuras dúbias; chefes de família vagamente felizesEsquálidas figuras dúbias; chefes de família vagamente felizesE paternais até na corrente de oiro que atravessa o coleteE paternais até na corrente de oiro que atravessa o coleteDe algibeira a algibeira!De algibeira a algibeira!Tudo o que passa, tudo o que passa e nunca passa!Tudo o que passa, tudo o que passa e nunca passa!

Presença demasiadamente acentuada das cocotes;Presença demasiadamente acentuada das cocotes;Banalidade interessante (e quem sabe o quê por dentro?)Banalidade interessante (e quem sabe o quê por dentro?)Das burguesinhas, mãe e filha geralmente,Das burguesinhas, mãe e filha geralmente,Que andam na rua com um fim qualquer,Que andam na rua com um fim qualquer,A graça feminil e falsa dos pederastas que passam, lentos;A graça feminil e falsa dos pederastas que passam, lentos;E toda a gente simplesmente elegante que passeia e se mostraE toda a gente simplesmente elegante que passeia e se mostra

E afinal tem alma lá dentro!E afinal tem alma lá dentro!(Ah, como eu desejaria ser o souteneur disto tudo!)(Ah, como eu desejaria ser o souteneur disto tudo!)(…)(…)[Ode Triunfal, Álvaro de Campos][Ode Triunfal, Álvaro de Campos]

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Roteiro TurísticoRoteiro Turístico

~

Fernando Pessoa criou em 1925 um roteiro turístico da cidade de Lisboa,

inicialmente escrito em inglês e intitulado Lisbon: what the touristshould see, cujo objectivo era dar a conhecer a sua amada cidade. Otexto original possui mais de cem verbetes com locais indicados peloescritor e dicas de como os aproveitar ao máximo.

Com este guia Pessoa pretendia demonstrar que viajar é muito mais doque ver paisagens e monumentos, é o conhecer de uma nova cultura eum poderoso instrumento de reflexão e pensamento.

Este é de facto marco da cultura portuguesa, tendo sido em muitoinfluenciado pela cidade onde viveu e veio a morrer. Lisboa e os seus

pormenores aparecem reflectidos na sua vasta obra quer no campo dapoesia, quer na prosa, e é com base nesses textos, que este roteironasce.

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““Percorram a Praça dos Restauradores e decidam alugar umPercorram a Praça dos Restauradores e decidam alugar um tremtrem,,um automóvel ou umum automóvel ou um «side-car»«side-car».”.”

Esta é uma das sugestões de Pessoa neste seu guia que nos fazEsta é uma das sugestões de Pessoa neste seu guia que nos fazrecuar ao século XX, onde nas ruas se vêm as senhoras de chapéurecuar ao século XX, onde nas ruas se vêm as senhoras de chapéucloche e os senhores de chapéu alto, eventualmente de lunetas, ecloche e os senhores de chapéu alto, eventualmente de lunetas, ena malinha uns binóculos para a ópera da noite.na malinha uns binóculos para a ópera da noite.

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''O turista que tenha tempo de sobra não deve deixar ''O turista que tenha tempo de sobra não deve deixar de subir a este grande castelo, construído num altode subir a este grande castelo, construído num altode onde se domina uma ampla vista do Tejo e dede onde se domina uma ampla vista do Tejo e de

 grande parte da cidade. O castelo tem três portas grande parte da cidade. O castelo tem três portas principais, conhecidas como da Traição, de Martim principais, conhecidas como da Traição, de MartimMoniz e de S. Jorge. Todas elas são muito antigas. OMoniz e de S. Jorge. Todas elas são muito antigas. O

 próprio castelo é assaz notável”. próprio castelo é assaz notável”.

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““A Torre de Belém, vista do exterior, é uma magnífica jóia de pedra e é comA Torre de Belém, vista do exterior, é uma magnífica jóia de pedra e é comespanto e crescente simpatia que o estrangeiro observa sua peculiar beleza.espanto e crescente simpatia que o estrangeiro observa sua peculiar beleza.

É renda, e da mais perfeita, no seu delicado trabalho de pedra, queÉ renda, e da mais perfeita, no seu delicado trabalho de pedra, quebranqueia ao longe, dando imediatamente nas vistas a quem vem a bordobranqueia ao longe, dando imediatamente nas vistas a quem vem a bordo

dos barcos que entram no rio. O interior é igualmente belo, e dos varandinsdos barcos que entram no rio. O interior é igualmente belo, e dos varandinse terraços tem-se uma vista do rio e do mar, lá ao fundo, que não esquecee terraços tem-se uma vista do rio e do mar, lá ao fundo, que não esquece

facilmente”.facilmente”.

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““Chegamos agora a maior das praças de Lisboa, a Praça do Comércio, outroraChegamos agora a maior das praças de Lisboa, a Praça do Comércio, outroraTerreiro do Paço, como é ainda geralmente conhecida; esta é a praça que os inglesesTerreiro do Paço, como é ainda geralmente conhecida; esta é a praça que os inglesesconhecem por Praça do Cavalo Negro e é uma das maiores do mundo. É um vastoconhecem por Praça do Cavalo Negro e é uma das maiores do mundo. É um vastoespaço, perfeitamente quadrado, contornado, em três dos seus lados, por edifíciosespaço, perfeitamente quadrado, contornado, em três dos seus lados, por edifíciosde tipo uniforme, com altas arcadas de pedra. (...) O quarto lado, ou lado Sul, dade tipo uniforme, com altas arcadas de pedra. (...) O quarto lado, ou lado Sul, dapraça é bordejado pelo Tejo, muito largo neste sítio e sempre cheio depraça é bordejado pelo Tejo, muito largo neste sítio e sempre cheio deembarcações”.embarcações”.

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Estes são alguns excertos da sua obra. As propostas de Fernando Pessoa sãoinúmeras, passando pelo Aqueduto das Águas Livres, até ao Palácio dasNecessidades.

Esta obra tem um estilo seco e demasiado extenso não fazendo dela uma dassuas maiores referências mas no entanto é um dos guias mais comprados por

turistas na Casa de Fernando Pessoa. Fazendo jus à sua criação, é um guiacuja língua original é a inglesa (com tradução para português de Maria AméliaSantos Gomes), a pensar nos estrangeiros e no que devem saber acerca destacidade.

 

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““Sobre sete colinas, que são outros tantos pontos deSobre sete colinas, que são outros tantos pontos de

observação de onde se podem desfrutar magníficosobservação de onde se podem desfrutar magníficos panoramas, espalha-se a vasta, irregular e multicolorida panoramas, espalha-se a vasta, irregular e multicoloridamassa de casas que constitui Lisboa. Para o viajante quemassa de casas que constitui Lisboa. Para o viajante quechega por mar, Lisboa, vista assim de longe, ergue-se comochega por mar, Lisboa, vista assim de longe, ergue-se comouma bela visão de sonho, sobressaindo contra o azul vivouma bela visão de sonho, sobressaindo contra o azul vivo

do céu, que o sol anima. E as cúpulas, os monumentos, odo céu, que o sol anima. E as cúpulas, os monumentos, ovelho castelo elevam-se acima das massas das casas, comovelho castelo elevam-se acima das massas das casas, comoarautos distantes deste delicioso lugar, desta abençoadaarautos distantes deste delicioso lugar, desta abençoadaregião.”região.”

Fernando PessoaFernando Pessoa, O que o Turista deve ver , O que o Turista deve ver 

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““Os Mistérios de Lisboa or What the Tourist Should See”Os Mistérios de Lisboa or What the Tourist Should See” 

“Os Mistérios de Lisboa or What the Tourist Should See” é um filme realizado porJosé Fonseca e Costa no ano de 2009.Foi feito a partir de trechos escolhidos do guia de Fernando Pessoa e de excertos depoemas de Álvaro de Campos dando a conhecer uma cidade tanto familiar comodesconhecida, à qual se chega e da qual se parte pelo Tejo, sempre presente,sombrio e luminoso. A cidade que Pessoa tanto amava, aparece nestas imagens nãocomo uma cidade estática e sem evolução mas também repleta de recantos e vielaspreenchida de segredos e da sua luminosidade.

http://www.youtube.com/watch?v=WMg4OQYnFnE&feature=player_embedded  

Fernando Pessoa, o amante de CinemaFernando Pessoa, o amante de Cinema

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Já foi referido Fernando Pessoa como um homem dos “sete ofícios”. Sabe-se que seinteressa por diversas áreas entre as quais a astronomia, a física, a filosofia, apoesia, entre muitos outros, tendo ele em si mesmo uma enorme fonte de

inspiração e criatividade. Já era sabido que Pessoa foi autor de vários argumentoscinematográficos mas hoje conhece-se a existência de documentos que revelam queo autor tinha vários projectos acerca de pôr a funcionar uma produtoracinematográfica (a Ecce Film) e uma empresa que poderia substituir a Sociedade dePropaganda Portugal (a Cosmopolis).

Patricio Ferrari e Cláudia Fischer publicaram Argumentos para filmes, onde sereúnem seis argumentos de Pessoa e cujo objectivo desta publicação é o estudo doespólio de Fernando Pessoa. Os seis argumentos que agora se publicam, dois delesinéditos, abordam temas reconhecíveis na obra pessoana, desde as trocas deidentidades, às viagens em grandes navios onde as personagens procurampreciosidades inexistentes.

Escritos em vários idiomas os argumentos são curtos, mas suficientes para confirmarum interesse do autor pelo cinema que parece contradizer o desprezo assumido nasua correspondência e em algumas notas críticas. Afinal, quando Pessoa refere oconsumo massificado e a falta de dimensão artística e vital no cinema, está areferir-se a um determinado tipo de filmes e não à arte cinematográfica em geral.

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 Ilustração 23: Esboços de logótipos da Ecce film, elaborados por Fernando Pessoa.

 

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 Ilustração 24: Manuscritos sobre a criação de umaempresa cinematográfica;   Ilustração 25: Manuscritos sobre os objectivos da

Cosmopolis.  

Algumas curiosidades:Algumas curiosidades:

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Algumas curiosidades:Algumas curiosidades:

- Pessoa media 1,73 m de altura, de acordo com o seu Bilhete de Identidade;

- O assento de óbito de Pessoa indica como causa da morte “bloqueio intestinal”;

- A Universidade Fernando Pessoa (UFP), com sede no Porto, foi criada em homenagem aopoeta; - Numa tarde em que José Régio tinha combinado encontrar-se com Pessoa, esteapareceu, como de costume, com algumas horas de atraso, declarando ser Álvaro deCampos e pedindo perdão por Pessoa não ter podido comparecer ao encontro;

- O jornal Expresso e a empresa Unisys criaram, em 1987, o Prémio Pessoa, concedidoanualmente à pessoa ou às pessoas de nacionalidade portuguesa que, durante o anotranscorrido e na sequência de actividade anterior, se tenham distinguido na vida

científica, artística ou literária;

- Coisa que Pessoa não conseguia ver era um lápis sem ponta. Antes de escrever, elecostumava apontá-los. Consta também que o grande poeta português também mantinha ohábito de escrever em pé;

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- Ao chegar algumas horas atrasado em um encontro com o escritor português José Régio,o poeta declarou ser Álvaro de Campos e pediu perdão por Fernando Pessoa não podercomparecer ao encontro;

- Dizem que Fernando Pessoa foi o responsável pela introdução do planeta Plutão(rebaixado recentemente para a categoria dos planetas anões) nos mapas astrológicos;

- Das quatro obras que Fernando Pessoa publicou em vida, três são em inglês;

- Além de poeta, Pessoa trabalhou como tradutor, jornalista, crítico literário, editor,

publicitário e até inventor. Ele também arranjava tempo para exercer o ativismo político;

- Em 2008, o o Bureau Internacional das Capitais da Cultura revelou que Fernando Pessoafoi eleito uma das 50 personalidades mais influentes da cultura européia, ao lado de DaVinci, Mozart e Einstein;

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A poesia e a música:A poesia e a música:

 – O cantor brasileiro Caetano Veloso compôs a canção “Língua”, em que existe um trecho

inspirado num artigo de Fernando sobre o tema “A minha pátria é a língua portuguesa”; –Já o compositor Tom Jobim transformou o poema O Tejo é mais Belo em música;

 –Vitor Ramil, cuja música “Noite de São João” tem como letra a poesia de Alberto Caeiro;

 –A cantora Dulce Pontes musicalizou o poema “O Infante”;

 –O grupo Secos e Molhados musicalizou a poesia “Não, não digas nada”;

 –Os portugueses Moonspell cantam no tema Opium um trecho da obra Opiário de Álvaro deCampos;

 –O cantor Renato Braz traz no seu CD “Outro Quilombo” duas poesias musicadas: “Segue o teu

destino”, de Ricardo Reis, e “Na ribeira deste rio”, de Fernando Pessoa.

H d S hi d M ll B F d PH d S hi d M ll B F d P

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Homenagem de Sophia de Mello Breyner a Fernando PessoaHomenagem de Sophia de Mello Breyner a Fernando Pessoa

Fernando PessoaFernando Pessoa

Teu canto justo que desdenha as sombras Limpo de vida viúvo de pessoaTeu corajoso ousar não ser ninguémTua navegação com bússola e sem astros

 No mar indefinidoTeu exacto conhecimento impossessivo

Criaram teu poema arquitectura E és semelhante a um Deus de quatro rostos E és semelhante a um Deus de muitos nomesCariátide de ausência isento de destinos

 Invocando a presença já perdida E dizendo sobre a fuga dos caminhosQue foste como as ervas não colhidas.

 Sophia de Mello Breyner

(1919-2004) 

Uma noite com Fernando PessoaUma noite com Fernando Pessoa

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Uma noite com Fernando PessoaUma noite com Fernando Pessoa

 A casa Fernando Pessoa criou um “evento” chamado Uma noite com Pessoa que tem comoobjectivo pôr escritores como Lídia Jorge a dormir no mesmo quarto em que FernandoPessoa dormiu nos seus últimos 15 anos de vida, escrevendo depois sobre essa noite. Oobjectivo é juntar os relatos de todas estas experiências e junta-los num livro.

 Ilustração 26: Quarto de Fernando Pessoa

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Portugal Modernista

Portugal Modernista é uma marca que nasceu em 2010 e que comercializa diversostipos de materiais inspirados no Modernismo português das primeiras décadas doséculo XX. Os seus produtos são inspirados em artistas como Almada Negreiros,Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa. O objectivo é recuperar os modernistas

portugueses e também actualizar esse Modernismo, dando-lhe através do designexclusivo novas formas e imagens.

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Stencil Art

A Stencil Art é uma arte em forte expansão em

Portugal, sobretudo em Lisboa, onde se podemobservar uma grande variedade de trabalhos quevariam desde a crítica social até às imagenshumorísticas, passando por referências à culturaportuguesa. Nas paredes do Bairro Alto, é possívelobservar imagens sobre Fernando Pessoa.

Caricaturas sobre PessoaCaricaturas sobre Pessoa

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Caricaturas sobre PessoaCaricaturas sobre Pessoa

Hermenegildo Sábat é um Caricaturista

Uruguaio, elaborou um conjunto de 21caricaturas em homenagem a FernandoPessoa.

É residente na cidade de Buenos Aires desde1966 e cidadão argentino desde 1980, há

mais de 25 anos que os seus comentáriosjornalísticos, sob a forma de caricatura, sãopublicados no jornal matutino Clarín, tendo-se tornado, sobretudo em períodos em que aliberdade de expressão esteve seriamentelimitada, numa das vozes maisreconhecidas.

 Ilustração 27: Caricatura sobre Fernando Pessoade Hermenegildo Sábat 

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É Artista plástico e professor tendopublicado 30 livros sobre as suas paixões:a pintura, a música, a literatura, aactualidade argentina e internacional.Dois dos seus livros foram editados no Riode Janeiro, outros dois em Madrid e outroainda em Portugal.

O seu trabalho foi distinguido com váriosprémios importantes.

 Ilustração 28: Caricatura sobre Fernando Pessoade Hermenegildo Sábat 

 

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Para além de Hermenegildo Sábat outros artistas elaboraram caricaturas e pinturas sobreFernando Pessoa em forma de homenagem, como tal aproveito para “divulgar” os seus

trabalhos juntamente com alguns dos poemas de Pessoa e seus heterónimos que mais me“tocaram” e com os quais consegui, de certa forma, identificar-me.

Tenho tanto sentimento

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 Ilustração 29: Celito Medeiros, Artistabrasileiro  

Tenho tanto sentimentoQue é frequente persuadir-meDe que sou sentimental,

Mas reconheço, ao medir-me,Que tudo isso é pensamento,Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,Uma vida que é vividaE outra vida que é pensada,

E a única vida que temosÉ essa que é divididaEntre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeiraE qual errada, ninguémNos saberá explicar;

E vivemos de maneiraQue a vida que a gente temÉ a que tem que pensar.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro" 

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho

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Não sei quantas almas tenho.Cada momento mudei.Continuamente me estranho.Nunca me vi nem achei.De tanto ser, só tenho alma.

Quem tem alma não tem calma.Quem vê é só o que vê,Quem sente não é quem é,

 Atento ao que sou e vejo,Torno-me eles e não eu.Cada meu sonho ou desejoÉ do que nasce e não meu.

Sou minha própria paisagem, Assisto à minha passagem,Diverso, móbil e só,Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendoComo páginas, meu ser.O que segue não prevendo,O que passou a esquecer.Noto à margem do que liO que julguei que senti.Releio e digo: <<Fui eu?>>Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

 Ilustração 30: Julio Pomar, Pintor português

A miséria do meu ser

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 Ilustração 31: Gilmar Fraga, Cartunista brasileiro  

 A miséria do meu ser,Do ser que tenho a viver,Tornou-se uma coisa vista.Sou nesta vida um qualquer Que roda fora da pista.

Ninguém conhece quem souNem eu mesmo me conheçoE, se me conheço, esqueço,

Porque não vivo onde estou.Rodo, e o meu rodar apresso.

É uma carreira invisível,Salvo onde caio e sou visto,Porque cair é sensível

Pelo ruído imprevisto...Sou assim. Mas isto é crível? 

Fernando Pessoa

Se penso mais que um momento

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Se penso mais que um momentoNa vida que eis a passar,Sou para o meu pensamentoUm cadáver a esperar.

Dentro em breve (poucos anosÉ quanto vive quem vive),Eu, anseios e enganos,Eu, quanto tive ou não tive,

Deixarei de ser visívelNa terra onde dá o Sol,

E, ou desfeito e insensível,Ou ébrio de outro arrebol,

Terei perdido, suponho,O contacto quente e humanoCom a terra, com o sonho,Com mês a mês e ano a ano.

Por mais que o Sol doire a faceDos dias, o espaço mudoLambra-nos que isso é disfarceE que é a noite que é tudo.

Fernando Pessoa Ilustração 32: João Abel Manta, Cartunista Português

 

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 Ilustração 33: Jeff Aerosol, Artista português

 

Tenho pena e não respondo

Tenho pena e não respondo.

Mas não tenho culpa enfimDe que em mim não correspondo

 Ao outro que amaste em mim.

Cada um é muita gente.Para mim sou quem me penso,

Para outros --- cada um senteO que julga, e é um erro imenso.

 Ah, deixem-me sossegar.Não me sonhem nem me outrem.Se eu não me quero encontrar,

Quererei que outros me encontrem? 

Fernando Pessoa

Q d ó h

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Quando estou só reconheço

Quando estou só reconheçoSe por momentos me esqueço

Que existo entre outros que sãoComo eu sós, salvo que estão

 Alheados desde o começo.

E se sinto quanto estouVerdadeiramente só,

Sinto-me livre mas triste.Vou livre para onde vou,Mas onde vou nada existe.

Creio contudo que a vidaDevidamente entendida

É toda assim, toda assim.Por isso passo por mimComo por cousa esquecida.

Fernando Pessoa  Ilustração 34: Julio Pomar, Pintor português

 

Olhando o mar, sonho sem ter de quê

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 Ilustração 35: João Pestana 

Olhando o mar, sonho sem ter de quê.Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.Mas de se nada ver quanto a alma sonha!

De que me servem a verdade e a fé?

Ver claro! Quantos, que fatais erramos,Em ruas ou em estradas ou sob ramos,Temos esta certeza e sempre e em tudoSonhamos e sonhamos e sonhamos.

As árvores longínquas da floresta

Parecem, por longínquas, 'star em festa.Quanto acontece porque se não vê!Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.

Se tive amores? Já não sei se os tive.Quem ontem fui já hoje em mim não vive.Bebe, que tudo é líquido e embriaga,E a vida morre enquanto o ser revive.

Colhes rosas? Que colhes, se hão-de serMotivos coloridos de morrer?Mas colhe rosas. Porque não colhê-lasSe te agrada e tudo é deixar de o haver?

Fernando Pessoa

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ConclusãoConclusão

O caminho percorrido permitiu-me conhecer melhor Pessoa e realmente perceber a

magnitude do seu trabalho. Fernando Pessoa é por muitos considerado o fundador de umalíngua portuguesa moderna, tendo trabalhado as palavras como ninguém, descrevendo atragédia da existência, a incerteza da vida e da morte, os sonhos, as ambições, as ilusõese as desilusões e as falhas dos diversos “eus” existentes em nós, como só ele mesmo oconseguiria fazer.

Este trabalho com certeza enriqueceu-me pois foi possível aprender algo mais eidentificar-me com algumas das suas palavras. É um facto que Pessoa dá aos seusheterónimos uma maior importância que a si mesmo, transmitindo-lhes uma coerência econsistência inigualáveis mas que não tiram a genialidade da poesia ortonímica.

Desta forma, considero que os meus objectivos iniciais foram atingidos e guardo paramim novas aprendizagens e conhecimentos que só tenho plena noção que este trabalho

não exprime nem metade daquilo que pode ser dito sobre Pessoa mas também nãoacredito que tal seja possível pois tal genialidade tem tanto para se contar que nãoexistem livros suficientes para o exprimir.

BibliografiaBibliografia

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