introdução à fonética e outras pesquisas

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Introdução à Fonética: A Fonética, ou Fonologia, estuda os sons emitidos pelo ser humano para efetivar a comunicação. Diferentemente da escrita, que conta com as letras - vogais e consoantes -, a Fonética se ocupa dos fonemas (= sons); são eles as vogais, as consoantes e as semivogais. Letra: Cada um dos sinais gráficos elementares com que se representam os vocábulos na língua escrita. Fonema: Unidade mínima distintiva no sistema sonoro de uma língua. Há uma relação entre a letra na língua escrita e o fonema na língua oral, mas não há uma correspondência rigorosa entre eles. Por exemplo, o fonema /s/ pode ser representado pelas seguintes letras ou encontro delas: - c (antes de e e de i): certo, paciência, acenar. - ç (antes de a, de o e de u): caçar, açucena, açougue. - s: salsicha, semântica, sobrar. - ss: passar, assassinato, essencial. - sc: nascer, oscilar, piscina. - sç: nasço, desço, cresça. - xc: exceção, excesso, excelente. - xs: exsudar, exsicar, exsolver. - x: máximo. Os sons da fala resultam quase todos da ação de certos órgãos sobre a corrente de ar vinda dos pulmões. Para a sua produção, três condições são necessárias: 1. A corrente de ar; 2. Um obstáculo para a corrente de ar; 3. Uma caixa de ressonância. A caixa de ressonância é formada pelos seguintes elementos: - Faringe; - Boca (ou cavidade bucal): os lábios, os maxilares, os dentes, as bochechas e a língua; - Fossas nasais (ou cavidade nasal). Aparelho Fonador: É formado pelos seguintes elementos: - Órgãos respiratórios: Pulmões, brônquios e traqueia; - Laringe (onde estão as pregas vocais - nome atual das "cordas vocais"); - Cavidades supralaríngeas: faringe, boca e fossas nasais. O ar chega à laringe e encontra as pregas vocais, que podem estar retesadas ou relaxadas.

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Fonética

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Page 1: Introdução à Fonética e Outras Pesquisas

Introdução à Fonética:

A Fonética, ou Fonologia, estuda os sons emitidos pelo ser humano para efetivar a comunicação. Diferentemente da escrita, que conta com as letras - vogais e consoantes -, a Fonética se ocupa dos fonemas (= sons); são eles as vogais, as consoantes e as semivogais. Letra: Cada um dos sinais gráficos elementares com que se representam os vocábulos na língua escrita.Fonema: Unidade mínima distintiva no sistema sonoro de uma língua. Há uma relação entre a letra na língua escrita e o fonema na língua oral, mas não há uma correspondência rigorosa entre eles. Por exemplo, o fonema /s/ pode ser representado pelas seguintes letras ou encontro delas: - c (antes de e e de i): certo, paciência, acenar.- ç (antes de a, de o e de u): caçar, açucena, açougue.- s: salsicha, semântica, sobrar.- ss: passar, assassinato, essencial.- sc: nascer, oscilar, piscina.- sç: nasço, desço, cresça.- xc: exceção, excesso, excelente.- xs: exsudar, exsicar, exsolver.- x: máximo. Os sons da fala resultam quase todos da ação de certos órgãos sobre a corrente de ar vinda dos pulmões. Para a sua produção, três condições são necessárias:1. A corrente de ar;2. Um obstáculo para a corrente de ar;3. Uma caixa de ressonância. A caixa de ressonância é formada pelos seguintes elementos:- Faringe;- Boca (ou cavidade bucal): os lábios, os maxilares, os dentes, as bochechas e a língua;- Fossas nasais (ou cavidade nasal). Aparelho Fonador: É formado pelos seguintes elementos:- Órgãos respiratórios: Pulmões, brônquios e traqueia;- Laringe (onde estão as pregas vocais - nome atual das "cordas vocais");- Cavidades supralaríngeas: faringe, boca e fossas nasais. O ar chega à laringe e encontra as pregas vocais, que podem estar retesadas ou relaxadas. A pregas vocais, quando retesadas, vibram, produzindo fonemas sonoros.As pregas vocais, quando relaxadas, não vibram, produzindo fonemas surdos. Por exemplo, pense apenas no som produzido pela letra s de sapo. Produza esse som por uns cinco segundos, colocando os dedos na garganta. Você observará que as pregas vocais não vibram com a produção do som ssssssssss. O fonema s (e não a letra s de sapo) é, portanto, surdo. Faça o mesmo, agora, pensando apenas no som produzido pela letra s de casa. Produza esse som por uns cinco segundos, colocando os dedos na garganta. Você observará que as pregas vocais vibram, com a produção do som zzzzzzzzzzzzzz. O fonema z (e não a letra s de casa) é, portanto,sonoro. 

Page 2: Introdução à Fonética e Outras Pesquisas

Ao sair da laringe, a corrente de ar entra na cavidade faríngea, onde há uma encruzilhada: a cavidade bucal e a nasal. O véu palatino é que obstrui ou não a entrada do ar na cavidade nasal. Por exemplo, pense apenas no som produzido pela letra m de mão. Produza esse som por uns cinco segundos, colocando os dedos nas narinas sem impedir a saída do ar. Você observará que o ar sai pelas narinas, com a produção do som mmmmmmm. O fonema m (e não a letra m de mão) é, portanto, nasal. Se, ao produzir o som mmmmmmmm, tapar suas narinas, você observará que as bochechas se encherão de ar. Se, logo após, produzir o som aaaa, observará também que houve a produção dos sons baaaa. Isso prova que as consoantes m e b são muito parecidas. A diferença ocorre apenas na saída do ar: m, pelas cavidades bucal e nasal (fonema nasal); b somente pela cavidade bucal (fonema oral). Há também semelhança entre as consoantes p e b: a única diferença entre elas é que b é sonora, ep, surda. Isso explica o porquê de se usar m antes de p e de b.

Vogais :

Vogais são sons formados pela vibração das pregas vocais e modificados segundo a forma das cavidades supralaríngeas. Na produção de um fonema vocálico (vogal) não há obstáculo para a saída do ar. As vogais são a base da sílaba. Não há sílaba sem vogal.As consoantes são obstáculos à corrente de ar (só existem junto de uma vogal). São as seguintes vogais existentes na Língua Portuguesa: 5 letras vogais: a, e, i, o, u. 12 sons (fonemas) vogais:- 1 som aberto: a- 2 sons semiabertos: é, ó- 2 sons semifechados: ê, ô- 2 sons fechados: i, u- 5 sons nasais: ã, am, an, em, en, im, in, õ, om, on, um, um (As letras m e n pós-vocálicas representam a nasalização da vogal) Obs.: A letra Y representa a vogal ou a semivogal anterior alta fechada usada somente em casos especiais: palavras estrangeiras e suas derivadas e abreviaturas universalmente consagradas, como em whisky, hobby, byroniano. Nas vogais nasais, a corrente de ar flui em parte pela cavidade bucal, em parte pela nasal. Representam-se as vogais nasais, na escrita, pelas cinco letras, seguidas de m ou de n ou grafadas com til: lâmpada, sândalo, sempre, entre, cinco, simpatia, sombra, ontem, tumba, untar, mão, mãe, eleições.

Page 3: Introdução à Fonética e Outras Pesquisas

 Em sílaba final, o a grafa-se com til. As demais vogais são acompanhadas de m ou de n: amanhã, Ivã, ímã, amém, hífen, assim, cetim, batom, próton, atum. O nh também é um sinal de nasalização: rainha, cânhamo. Classificação das vogais quanto à articulação: Anteriores ou palatais: e semiaberto, e semifechado, e nasal, i fechado, i nasal, yMédias ou centrais: a aberto, a nasalPosteriores ou velares: o semiaberto, o semifechado, o nasal, u fechado, u nasal Classificação das vogais quanto à elevação da língua: Língua mais alta: i fechado, i nasal, u fechado, u nasal, yLíngua um pouco alta: a nasal, e semifechado, e nasal, o semifechado, o nasalLíngua um pouco baixa: e semiaberto, o semiabertoLíngua mais baixa: a aberto  Vogais reduzidas: e e o no final da palavra.

Semivogais:

Semivogais são fonemas vocálicos, ou seja, fonemas semelhantes às vogais por terem som de vogal, porém com duração menor que o desta. As semivogais são representadas pelas seguintes letras: 1) e, i, o, u, y, w, ao lado de uma vogal, formando sílaba com ela. As semivogais têm som de i (e, ie y), representadas foneticamente por y, ou de u (o, u e w), representadas foneticamente porw. Por exemplo:  - Pátio. A letra i está ao lado da vogal o, formando sílaba com ela, e tem som de i; é, portanto, uma semivogal Obs.: As palavras paroxítonas terminadas em ea, eo, ia, ie, io, ua, ue, uo podem transformar-se em proparoxítonas, ou seja, as terminações ea, eo, ia, ie, io, ua, ue, uo podem estar na mesma sílaba ou em sílabas separadas. Por exemplo, a palavra drágea pode ter assim suas sílabas separadas:drá-gea ou drá-ge-a. Na separação drá-gea, a letra e é uma semivogal, mas na separação drá-ge-a, uma vogal. 2) m e n, somente nas terminações de palavras am, em e en. Por exemplo: - amam: o último m tem som de u, e o a é nasal. Foneticamente representamos o m por w.- mentem: o último m tem som de i, e o e é nasal. Foneticamente representamos o m por y.- pólen: o n tem som de i, e o e é nasal. Foneticamente representamos o n por y.

Page 4: Introdução à Fonética e Outras Pesquisas

Consoantes:

Para a fonética, consoante é um obstáculo realizado pelo aparelho fonador, principalmente pela

cavidade bucal.

Existem as seguintes consoantes na Língua Portuguesa:

20 letras consoantes: b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, x, w, z

19 fonemas consonantais: /b/, /k/, /s/, /d/, /f/, /g (gue)/, /j/, /l/, /lh/, /m/, /n/, /nh/, /p/, /r/, /R/, /t/, /v/,

/x/, /z/

 

Exemplos:

 

/b/: boi

/k/: casa, querida, kantismo

/s/: sapo, açúcar, cassar, nascer, nasço, excesso, exsudar

/d/: dado

/f/: faca

/g/: gato, guerra

/j/: gente, jeito

/l/: olé

/lh/: alho

/m/: mãe

/n/: não

/nh/: banho

/p/: pato

/r/: caro

/R/: carro

/t/: tatu

/v/: vento, walter

/x/: cacho, xaxim

/z/: casa, azul

Cada som consonantal representa única e exclusivamente um fonema. Para pronunciá-lo, não se

deve terminar por um som de vogal. Por exemplo, a consoante B, que é bilabial, deve ser

realizada juntando os lábios e imaginando que soprará o ar para fora da cavidade bucal, não o

fazendo, no entanto.

 

Cuidado com as consoantes M e N:

São consoantes apenas em início de sílaba: mato, neto.

 

Page 5: Introdução à Fonética e Outras Pesquisas

No final das sílabas são simples sinais de nasalização:

 

Canto, sentar, cinto, conto, nunca

 

Não se esqueça de que nos encontros am, em e en, em final de palavras, m e n são semivogais,

como em rolam, caem e hífen.

Site confiável: http://www.gramaticaonline.com.br/

Outras pesquisas:

Encontros vocálicos:

Encontro vocálico é o agrupamento de vogais e semivogais. Há três tipos de encontros vocálicos: - Hiato= É o agrupamento de duas vogais, cada uma numa sílaba diferente: Lu-a-na, a-fi-a-do, pi-a-da, ca-os - Ditongo= É o agrupamento de uma vogal e uma semivogal, em uma mesma sílaba. Quando a vogal estiver antes da semivogal, denomina-se Ditongo Decrescente, e, quando a vogal estiver depois da semivogal, Ditongo Crescente. Denomina-se também oral e nasal, conforme ocorrer a saída do ar pelas narinas ou pela boca. Cai-xa: Ditongo decrescente oral.Cin-quen-ta: Ditongo crescente nasal. - Tritongo= É o agrupamento de uma vogal e duas semivogais. Também pode ser oral ou nasal. A-guei: Tritongo oral.Á-guem: Tritongo nasal, com a ocorrência da semivogal m. Além desse três, há outros encontros vocálicos importantes:

O agrupamento de uma semivogal entre duas vogais. São os grupos aia, eia, oia, uia, aie, eie, oie, uie, aio, eio, oio, uio, uiu. Eis alguns exemplos de palavras: praia, ideia, joia, imbuia, arreio, arroio, balaio, feio, tuiuiú. Foneticamente, ocorre duplo ditongo ou tritongo + ditongo ou ditongo + tritongo, conforme o número de semivogais. Representa-se o som de i com duplo Y: ay-ya, ey-ya, representando o "y-y" um fonema apenas, e não dois como parece. A pronúncia do i é continuada em ambas as sílabas, sem o silêncio que caracteriza a mudança de sílaba. A palavra vaia, então, tem quatro letras (v - a - i - a) e quatro fonemas (/v/  /a/  /y/ /a/), sendo que o "y" pertence às duas sílabas, não havendo, no entanto, silêncio entre as duas no momento de pronunciar a palavra. Foneticamente, há, então, dois ditongos: ay e ya.

Page 6: Introdução à Fonética e Outras Pesquisas

 Em sequoia, há um tritongo (woy) e um ditongo crescente (ya).Em “Que vós saiais”, há um ditongo decrescente (ay) e um tritongo (yay) Na separação silábica, o i ficará na sílaba anterior: prai-a, mei-a, joi-o, mai-o, fei-o, im-bui-a, tui-ui-ú, se-quoi-a, sai-ais. O mesmo ocorre com a semivogal W: aua, aue, aui... Pi-au-í = Representação fonética: Pi-aw-wi. Com o "w" ocorre o mesmo que ocorreu com o "y", ou seja, representa um fonema apenas e pertence a ambas as sílabas, não havendo o silêncio entre elas no momento de pronunciar a palavra. Ocorrem, também, na Língua Portuguesa, encontros vocálicos que ora são pronunciados como ditongo, ora como hiato. São eles: Sinérese= São os agrupamentos ae, ao, ea, eo, ia, ie, io, oa, oe, ua, ue, uo:

Ca-e-ta-no ou Cae-ta-no; ge-a-da ou gea-da; Na-tá-li-a ou Na-tá-lia; du-e-lo ou due-lo. Diérese= São os agrupamentos ai, au, ei, eu, iu, oi, ui.

re-in-te-grar ou rein-te-grar; re-u-nir ou reu-nir; di-u-tur-no ou diu-tur-no.Obs.: Há palavras que, mesmo contendo esses agrupamentos não sofrem sinérese nem diérese. Há de ter bom senso no momento de se separarem as sílabas. Nas palavras rua, tia, magoa, por exemplo, é claro que só há hiato.

Encontros consonantais:

Encontro consonantal é o agrupamento de consoantes. Há três tipos de encontros consonantais:

Encontro Consonantal Puro= É o agrupamento de consoantes, lado a lado, na mesma sílaba:Bra-sil, pla-ne-ta, a-dre-na-li-naEncontro Consonantal Disjunto= É o agrupamento de consoantes, lado a lado, em sílabas diferentes: ap-to, cac-to, as-pec-toEncontro Consonantal Fonético= É a letra x com som de ks: Maxi, nexo, axila = maksi, nekso, aksila. Não se esqueça de que as letras M e N pós-vocálicas não são consoantes, e sim semivogais ou simples sinais de nasalização.

Dígrafos:

Dígrafo é o agrupamento de duas letras com apenas um fonema.

 

Os dígrafos podem ser consonantais ou vocálicos:

 1) Dígrafos consonantais: rr, ss, sc, sç, xc, xs, ch, lh, nh, qu, gu.Representam-se os dígrafos por letras maiores que as demais, exatamente para estabelecer a diferença entre uma letra e um dígrafo.

Page 7: Introdução à Fonética e Outras Pesquisas

Os encontros qu e gu só serão dígrafos quando estiverem seguidos de e ou i, sem que o u seja pronunciado.Os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc e xs são separados silabicamente; lh, nh, ch, qu e gu, não.

arroz = ar-roz - aRos; assar = as-sar - aSar; nascer = nas-cer - naSer; desço = des-ço - deSo; exceção = ex-ce-ção - eSesãw; exsudar = ex-su-dar - eSudar; alho = a-lho - aLo; banho = ba-nho - baÑo; cacho = ca-cho - kaXo; querida = que-ri-da - Kerida;Não confunda dígrafo com encontro consonantal, que é o encontro de consoantes, cada uma representando um fonema. Por exemplo, na palavra asco, o encontro sc não forma dígrafo, já que ambas as letras são pronunciadas. Já em nascer, há um dígrafo, pois sc tem um som só: s. 

 2) Dígrafo Vocálico= É o encontro de uma vogal com m ou n, na mesma sílaba: am, an, em, en, im, in, om, on, um, un. A única função do m e do n é indicar que a vogal é nasal. Não representam, portanto, outro som. Há, então, um dígrafo, pois existem duas letras com um som só. Por exemplo: santo = san-to - sãto.Não se esqueça de que, quando a palavra terminar em am, em e en o m e o n são semivogais. Não há, portanto, dígrafo nesses encontros, já que o m e o n são pronunciados. Por exemplo: decoram =dekorãw