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Ergonomia e Saúde do Trabalhador - HSA0125; HSA 0117 (Graduação) INTRODUÇÃO À ERGONOMIA Faculdade de Saúde Pública – USP Prof. Dr. Rodolfo AG Vilela Profa. Frida M Fischer

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Ergonomia e Saúde do Trabalhador -HSA0125; HSA 0117 (Graduação)

INTRODUÇÃO À

ERGONOMIAFaculdade de Saúde Pública – USP

Prof. Dr. Rodolfo AG Vilela

Profa. Frida M Fischer

Problemas ergonômicos mais comuns encontrados

em empresas

Problemas posturais e de Movimentação

Problemas relacionados ao custo energético do trabalho

Problemas biomecânicos (forças musculares exigidas)

Problemas musculares por movimentos manipulativos / repetitivos

Problemas decorrentes de condições ambientais desfavoráveis

Problemas relacionados às novas tecnologias e exigências mentais

elevadas

Problemas relacionados aos aspectos mentais, não cognitivos

(medo, conflito, depressão)

Estes problemas encontram-se via de regra interelacionados – exemplo: problema

relacionado à postura e dimensões do posto pode ser agravado pelo rítimo intenso

imposto (Ferreira, 1994).

Método: AETDemanda inicial

Análise dos fatores organizacionais, técnicos e

econômicos

Pré diagnostico

Observação sistemática da

atividade

Diagnostico – validação

Intervenção e avaliação da

intervenção

Guérin et all, 2004

Observações abertas, entrevistas,

Reformulação da demanda

ANÁLISE DO PROCESSO

TÉCNICO E DAS TAREFAS

OBSERVAÇÕES GLOBAIS DA ATIVIDADE

PLANO DE

OBSERVAÇÃOOBSERVAÇÕES

SISTEMÁTICAS da atividade

ANÁLISE/VALIDAÇÃO

DIAGNÓSTICO FINAL

PRÉ-DIAGNÓSTICO

HIPÓTESES

INTERAÇÃO COM

OS OPERADORES/

chefias

*ENTREVISTAS

VERBALIZAÇÕES

*Análise de

documentos

EXPLORAÇÃO DO FUNCIONAMENTO DA

EMPRESA

HIPÓTESES INICIAIS: “ESCOLHA DAS SITUAÇÕES A ANALISAR”

EXPLICITAÇÃO, ANÁLISE E REFORMULAÇÃO DA DEMANDA

(Guérin et al.2004, p. 86

As imagens que são feitas:

Para um técnico de métodos, o operador é uma pessoa que realiza uma tarefa específica no sistema de produção. Para o operador, esse profissional vem controlar o respeito aos tempos, ou vigiar o cumprimento de procedimentos operacionais.

Para o técnico de segurança o operador é aquele que deve respeitar normas de segurança, usar EPI. Para o operador este técnico é aquele que vem controlar o respeito aos meios de proteção previstos.

Quem é ele?

O operador tendo identificado a função do visitante, tenderá a se conformar ao que se espera dele, a falar de seu trabalho e de sua saúde nos termos que ele imagina serem úteis e compreensíveis para seu interlocutor

Pode-se julgar que o ergonomista vem para controlar o trabalho, emitir novas normas, ou que ele só vai se interessar pelo ambiente material (iluminação, ruído, etc) ou o conforto do mobiliário

É importante:

Dizer seu nome, seu estatuto, seu empregador

Explicar em termos simples o que é ergonomia os objetivos a alcançar em termos de melhoria de cond. de trabalho;

Explicar o histórico da demanda

Justificar a escolha do setor

Lembrar o papel essencial dos operadores no êxito do processo;

Explicar os principais meios utilizados (entrevistas, observações, medidas, fotos)

É importante Informar sobre as regras da ação ergonômica:

O voluntariado, o acordo na escolha dos métodos, os momentos da observação, a ausência de observações clandestinas, a participação dos operadores na interpretação dos resultados (validação), a informação prévia dos operadores antes da divulgação dos resultados na empresa, a suspensão da ação em caso de conflitos internos, o respeito ao anonimato e aos aspectos individuais não profissionais (não poupar tempo na explicação).

AS VERBALIZAÇÕES NA ANÁLISE

ERGONÔMICA DO TRABALHO

Verbalizações sobre a atividade

Verbalização simultânea

Verbalização interruptiva

Verbalização consecutiva

Verbalização em autoconfrontação

Dinâmica da autoconfrontação

apresentação dos objetivos

compromissos de confidência

concordância das pessoas observadas

validação das pessoas observadas

apresentação dos resultados da

intervenção

A construção social

EXPLICITAR O MÉTODO:

Esclarecer ao máximo os objetivos do estudo

A necessidade de consultar os interessados

A necessidade de difusão de informações em todos estágios de estudo

Estes esclarecimentos condicionam não só a eficácia da ação ergonômica mas inclusive a possibilidade de agir

Análise e reformulação da demanda

Toda intervenção parte de uma solicitação que reflete um

problema (às vezes o problema não está claro nem para o

solicitante).

A análise da demanda pode mudar ou clarear o problema e

orientar a busca da solução adequada

É o momento em que o ergonomista esclarece as regras do jogo

(prazos, custo, acesso às informações, como serão apresentados os

resultados, ética profissional (garantia de anonimato), permissão

para acesso e relação com os trabalhadores e sindicatos

Objetivo criar condições para a confiabilidade/credibilidade do

profissional (Ferreira, 1994)

Casos típicos de demandas

nenhuma demanda;

uma demanda muito larga;

uma demanda muito estreita

A análise das demandas

O estatuto da demanda

Não se prender à demanda inicial

As queixas são traços, indicadores

de dificuldades

A AET não se resume e não se

confunde com um pesquisa de

opinião

A demanda como enigma

As dificuldades encontradas nas situações de trabalho devem ser consideradas como um enigma;

Para compreender este enigma, é preciso cruzar as fontes (saúde, produção, qualidade, manutenção etc.);

Objetivo da análise: fazer convergir as demandas, as necessidades,

as representações do problema

Instruir a negociação dos problemas e dos termos de sua resolução (construção social do problema)

A complexidade das demandas:

“as meninas são histéricas”

problemas ligados à sobrecarga de

informação e ao arranjo do posto de

trabalho...

“dores nas costas”

problemas visuais, iluminação do posto...

“ as pessoas são preguiçosas”

memorização dos inúmeros códigos,

concepção do programa informático...

Análise da demanda: exemplos de declarações

“Eliminar a linha de montagem” (Notificação da DRT)

Objetivos: “Conscientizar os trabalhadores sobre os riscos posturais” (Contratante)

“elas fazem as mesmas tarefas em casa” (encarregado)

“Isso [lesões no joelho] é porque eles jogam futebol” (Chefe)

Análise da demanda: Construção do problema

Construção do

problema

Coleta das

demandas

- Entrevistas

- Traços

Demanda inicialExploração do

funcionamento

da empresa

Reformulação da demanda

Reformular o problema a partir de diferentes

pontos de vista;

Necessidade de testar esta reformulação;

Fazer uma ligação com a análise dos

traços;

A reformulação deve permitir identificar a

situação ou posto de trabalho onde a

análise é pertinente

ANÁLISE DOS FATORES ECONÔMICOS, TÉCNICOS E

ORGANIZACIONAIS (contexto)

Conhecer o nível tecnológico empregado (maior tecnologia diminui

a carga de trabalho?)

Conhecer o quadro organizacional em que está inserida a

atividade (condiciona as atividades) – hierarquia, métodos de

controle, pagamento de produtividade, divisão de trabalho, o

recrutamento, a política de recursos humanos

Conhecer a população de trabalhadores envolvida (idade, sexo,

tempo de casa, rotatividade, queixas relatadas, etc)

Este estudo preliminar possibilita ao ergonomista formular as

hipóteses iniciais (Ferreira, 1994).

Exploração do funcionamento da empresa

Gestão do

pessoal

Dificuldades

encontradas pelos

operadores

Relações

sociais

Eficácia

Saúde &

Segurança

Satisfação dos

clientes

Agravos ao

ambienteManutenção

ANÁLISE DA ATIVIDADE

– possibilita testar as hipóteses iniciais

Descrição e análise das exigências e condições reais

da tarefa

O Trabalho real (ou atividade) é distinto do que os

organizadores (planejadores ou eng. de produção)

pensam que os trabalhadores fazem

A atividade envolve todo o corpo e a mente do

trabalhador (atividades: físicas ou musculares,

cognitivas, emocionais) (Ferreira, 1994)

ANÁLISE DAS ATIVIDADES

Pretende-se avaliar a carga de trabalho:

“A intensidade do esforço exercido pelo trabalhador,

para responder às exigências da tarefa, em relação ao

seu estado e aos diversos mecanismos colocados em

jogo no trabalho” (Teiger e col. 1973)

É possível medir a carga de trabalho? Como

avaliar?

Todo estudo ergonômico pretende diminuir a “carga

de trabalho” dos trabalhadores (Ferreira, 1994).

Observar o trabalho

Completar as informações recolhidas com o que

os trabalhadores tem a dizer sobre o seu trabalho.

a coleta é dirigida a partir do problema

identificado e das informações básicas

recolhidas

‘O princípio da análise ergonômica do trabalho, é em si

revolucionário, pois faz pensar que os intelectuais e cientistas

têm algo a aprender a partir do comportamento e do discurso

dos trabalhadores’ (Wisner, 1985)

Análise da Atividade: sistemática, em tempo real,

verificando as variações ocorridas

As primeiras investigações baseadas no

estudo da demanda

As informações iniciais podem ter dado uma informação distorcida da situação de trabalho a analisar. Necessidade da observação e do conhecimento direto da atividade e do trabalho.

Buscar entender o que as variações e mudanças entre o previsto (tarefa) e a atividade real.

Estas variações e mudanças às vezes não ocorrem durante a observação.

Necessidade das entrevistas para reconstituir o processo (da fotografia inicial para um filme,

uma narrativa mais global da situação).

Outras informações:

Dificuldades dos operadores para realizar certa atividade. Explorar as causas destas dificuldades.

O que os operadores sabem de sua saúde (dores nas costas, nervosismo, etc) - regra: não forçar - pois estas informações podem

ter repercussão sobre seu emprego (medo)

deve-se incluir as atividades do operador!

II – No centro das hipóteses: a atividade

Hipóteses primeiramente estabelecidas através de relações de causa-efeito

Situação de trabalho barulhenta Surdez profissionalCarregamento de cargas pesadas Distúrbios osteomolecularesMá iluminação Fadiga visual

Fundadas sobre estudos de caráter epidemiológicoExplicadas pelos conhecimentos fundamentaisIlustradas por estudos no local

Exemplos:

so

luçã

o

Basta identificar os elementos/problemas sobre os quais conhecemos os efeitos (causa-efeito) para corrigi-los ???

- um trabalho é dependente do outro (ex: solvente mais tóxico utilizado na manutenção de máq. para reduzir tempo e posturas incômodas)

- os constrangimentos de uma atividade nem sempre podem ser identificados a priori ( = características do trabalho + conhecimentos do operador + dados da realidade )

Recomendações:

Não existem receitas prontas em ergonomia (cadeira ergonômica

não existe)

Nada do que acontece no trabalho é gratuito (a descoberta

implica em estudo com método)

As propostas devem ser validadas pelos trabalhadores usuários

Protótipos devem ser montados para teste pelos usuários

Necessidade de capacitação no decorrer da implantação das

mudanças (Ferreira, 1994).

Avaliação da Intervenção

A finalidade da intervenção é melhorar as condições de

trabalho para os operadores

Necessidade da avaliação (validação) destas melhorias

pelos próprios trabalhadores

ex. Automação pode diminuir a carga física e aumentar a

carga mental (cognitiva) levando a insatisfação (fracasso

da intervenção)

(Ferreira, 1994).

O alcance das transformações

A ação ergonômica não consiste

unicamente em aplicar métodos, em realizar medidas, em fazer observações

Ela deve ajustar métodos e as condições de sua aplicação ao contexto e inscrever as possibilidades de transformação do trabalho c/ a participação dos atores

Mudanças na representação>perenidade das ações