ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · bigongiari, aline ajustes...

72
- Universidade São Judas Tadeu Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Mestrado em Educação Física AJUSTES POSTURAIS EM CRIANÇAS PORTADORAS DE PARALISIA CEREBRAL Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre em Educação Física. CANDIDATA: ALINE BIGONGIARI ORIENTADOR: PROF. DR. LUIS MOCHIZUKI SÃO PAULO ABRIL/2006

Upload: trinhbao

Post on 11-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

-

Universidade São Judas Tadeu Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Mestrado em Educação Física

AJUSTES POSTURAIS EM CRIANÇAS PORTADORAS DE PARALISIA CEREBRAL

Dissertação apresentada ao Programa

de Mestrado em Educação Física da

Universidade São Judas Tadeu, como

requisito parcial para a obtenção do

grau de mestre em Educação Física.

CANDIDATA: ALINE BIGONGIARI ORIENTADOR: PROF. DR. LUIS MOCHIZUKI

SÃO PAULO ABRIL/2006

Page 2: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

Bigongiari, Aline

Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo, 2006.

Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2006.

Orientador: Dr. Luis Mochizuki

1. Controle Postural . 2. Paralisia cerebral . 3. Eletromiografia. I. Título

CDD- 796

Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878

Page 3: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

ii

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Dr. Luis Mochizuki, meu orientador, por todo tempo, ensinamentos,

paciência, orientação e dedicação dispensadas à elaboração desta dissertação, do qual

tenho o privilégio de participar, à contribuição essencial na minha formação científica e a

amizade. Admiração!

Ao Prof. Dr. Rubens Correa Araújo, pela confiança, amizade, respeito, e por dez anos

de orientação profissional. Gratidão!

Ao Prof. Dr. Marcos Duarte pela disponibilidade e conhecimentos empregados na

análise desta dissertação. Respeito!

À minha colega de mestrado Ft. Patrícia Martins Franciulli, pelo auxílio em todas as

horas, pela companhia no trabalho e no descanso, pelos momentos tristes e felizes, pelas

discussões e risadas, pelos segredos, enfim pelos dois anos juntas. Cumplicidade!

Aos professores colegas: Moisés Veloso Fernandes, Márcia Barbanera, Cristiane

Magaldi, Marcio Tubaldini, Bianca Thurm, Jerônimo Rafael, Andréa Fernanda Leal,

Débora Bachin Carvalho, Renata Calhes Franco e Marina Ortega Golin pela paciência,

amizade, alegria e sustentação. Amizade!

A todos os colegas do mestrado e do laboratório de Biomecânica da USJT, Flávia,

Renata, Renatto, Juliana, Henry, Carlos Mó, Gustavo, Zirlene, Márcia Val, que me

acompanharam estes anos. Alegria!

À Universidade São Judas Tadeu por permitir que realizasse meu mestrado, além de ser

minha casa desde 2001. Felicidade!

À minha família, pai, mãe, irmãos, vó, tia, cunhadas e sobrinhos pela confiança e

paciência durante as muitas ausências. Carinho sempre!

Ao meu marido André Luis Colombo Winckler pelo amor, compreensão, apoio,

saudades, alegrias, carinho, realização, auxílio, vitórias, paciência e dedicação. Amor!

OBRIGADA

Page 4: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

iii

Sumário Lista DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E DEFINIÇÕES.................................................... vii RESUMO ...................................................................................................................... viii ABSTRACT .................................................................................................................... ix 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1 Problema ........................................................................................................... 3 1.2 Objetivo Geral ................................................................................................... 3

1.2.1 Específico .................................................................................................. 3 1.3 Justificativa........................................................................................................ 4

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................. 5 2.1 Características do Controle Postural................................................................... 6

2.1.1 Ajuste Postural Antecipatório..................................................................... 8 2.1.2 Ajuste Postural Compensatório ................................................................ 10

2.2 Controle Postural na Paralisia Cerebral ............................................................ 12 3 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................... 16

3.1 Sujeitos............................................................................................................ 16 3.2 Instrumentos .................................................................................................... 17 3.3 Protocolo experimental .................................................................................... 18 3.4 Variáveis Analisadas........................................................................................ 19 3.5 Tratamento dos sinais ...................................................................................... 20

3.5.1 Análise dos resultados.............................................................................. 20 4 RESULTADOS....................................................................................................... 21

4.1 Efeito dos fatores no valor integral da eletromiografia ..................................... 22 4.2 Efeito dos fatores no parâmetro Root Mean Square .......................................... 24 4.3 Efeito nos parâmetros Coativação e Inibição.................................................... 25

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 37 5.1 Efeito do ajuste postural................................................................................... 37 5.2 Efeito do fator bola .......................................................................................... 38 5.3 O efeito do fator grupo..................................................................................... 40 5.4 Níveis de ativação muscular............................................................................. 41 5.5 Parâmetros Coativação e Inibição .................................................................... 42 5.6 Relação entre a idade e os ajustes posturais...................................................... 44 5.7 Relação entre os níveis funcionais e os ajustes posturais. ................................. 45

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 46 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 47 8 ANEXO .................................................................................................................. 54

8.1 Rotina Matlab 6.5 ............................................................................................ 54 8.2 Gross Motor Function Classification System (GMFCS) ................................... 58 8.3 Termo de Conscentimento ............................................................................... 61 8.4 Comitê de ética................................................................................................ 62

Page 5: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

iv

ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1 - Atividade eletromiográfica aumentada (+) ou reduzida (-) do ajuste postural

antecipatório (APA) encontrado nos sete músculos analisados: deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) durante a tarefa motora de agarrar bolas de diferentes massas, leve (0,18 kg) e pesada (1 kg). .................................................... 21

TABELA 2 - Média e desvio padrão dos valores da integral da EMG (iEMG) para os músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatório (APC) para os grupos controle e PC (GCON e GPC) durante a tarefa motora de agarrar bolas de diferentes massas leve e pesada. .............................................................................. 23

TABELA 3 - Média e desvio padrão dos valores do Root Mean Square (RMS) para os músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatório (APC) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) durante a tarefa motora de agarrar bolas de diferentes massas, leve e pesada. .................................................... 24

TABELA 4 - Média e desvio padrão dos valores da integral da eletromiografia (iEMG) durante a co-ativação (C) e a inibição recíproca (R) para o par muscular esternocleidomatoideo-extensor cervical (ES-CE) e para o par muscular reto abdominal-extensor lombar (RA-LO) durante o ajuste postural antecipatório e compensatório, para o grupo controle (GCON) e grupo de crianças com paralisia cerebral (GPC). ....................................................................................................... 26

TABELA 5: distribuição das crianças do grupo paralisia cerebral (GPC) entre os três níveis funcionais da Gross Motor Function Classification System (GMFCS) .................... 34

TABELA 6 - Médias e desvio padrão dos valores da integral do sinal eletromiografico (iEMG) encontrados nos músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatórios (APC), no grupo controle (GCON) em função das diferentes idades................................................................................................................................. 35

TABELA 7 - Médias e desvio padrão dos valores da integral do sinal eletromiográfico (iEMG) encontrados nos músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatórios (APC), no grupo paralisia cerebral (GPC) em função das idades..... 36

TABELA 8 - Médias e desvio padrão dos valores da integral do sinal eletromiográfico (iEMG) encontrados nos músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatórios (APC), em crianças com paralisia cerebral (PC) em função da classificação dos níveis funcionais........................................................................... 36

Page 6: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

v

ÌNDICE DE FIGURAS FIGURA 1 - A) MyoSystem 1400, utilizado para a mensuração da atividade

eletromiográfica. B) Eletrogoniômetro utilizado para a mensuração do movimento do tronco. ..................................................................................................................... 17

FIGURA 2 - Protocolo experimental realizado. ............................................................... 18 FIGURA 3 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização

da tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos posteriores do tronco, para valores da integral do sinal eletromiografico (iEMG).............................................. 27

FIGURA 4 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos anteriores do tronco, esternocleidomastoídeo e reto abdominal (ES e RA), para valores da integral do sinal EMG. ...................................................................................................................... 27

FIGURA 5 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos primários do movimento (deltóide e bíceps braquial – DE e BB), para valores da integral da eletromiografia (iEMG).................................................................................................................... 28

FIGURA 6 – Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos posteriores do tronco, para valores do RMS....................................................................................................... 29

FIGURA 7 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos anteriores do tronco, para valores da Root Mean Square (RMS)....................................................................... 30

FIGURA 8 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos primários do movimento, para valores da Root Mean Square (RMS). .............................................................. 30

FIGURA 9 - Valores médios e desvio padrão da integral da eletromiografia (iEMG) e a reta obtida pela regressão linear entre a média da iEMG e as idades das crianças para os músculos esternocleidomastoídeo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO) e Reto abdominal (RA) durante o ajuste postural antecipatório (APA) no grupo controle (GCON)...................................................... 31

FIGURA 10 - Valores médios e desvio padrão da integral da eletromiografia (iEMG) e a reta obtida pela regressão linear entre a média da iEMG e as idades das crianças para os músculos esternocleidomastoídeo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO) e Reto abdominal (RA) durante o ajuste postural compensatório (APC) no grupo controle (GCON). .................................................. 32

Page 7: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

vi

FIGURA 11 - Valores médios e desvio padrão da integral da eletromiografia (iEMG) e a reta obtida pela regressão linear entre a média da iEMG e as idades das crianças para os músculos esternocleidomastoídeo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO) e Reto abdominal (RA) durante o ajuste postural antecipatório (APA) no grupo paralisia cerebral (GPC). .......................................... 33

Page 8: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

vii

LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E DEFINIÇÕES

APA Ajuste postural antecipatório.

APC Ajuste postural compensatório.

AVD Atividade de vida diária.

BB m. bíceps braquial.

BOS Base de suporte.

C Co-ativação muscular.

COM Centro de Massa.

CV Coeficiente de variabilidade.

CE m. extensor cervical.

LO m. extensor lombar.

EMG Eletromiografia e termos derivados, como eletriomiograma,

eletromiográfico(s) ou eletriomiográfica(s).

ES m. esternocleidomastoídeo.

TO m. extensor torácico.

GMFCS Classificação para determinar a atividade funcional (Gross Motor

Function Classification System for Cerebral Palsy).

GCON Grupo controle

GPC Grupo de crianças com Paralisia Cerebral

iEMG Valor da integral do EMG.

PC Paralisia Cerebral e termo derivado, como portador (es) de paralisia

cerebral.

R Índice para Inibição recíproca.

RA m. reto abdominal.

RMS Root Mean Square.

SNC Sistema nervoso central.

UM Unidade motora.

Page 9: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

viii

AJUSTES POSTURAIS EM CRIANÇAS PORTADORAS DE PARALISIA CEREBRAL

CANDIDATA: ALINE BIGONGIARI

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIS MOCHIZUKI

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi estudar o controle postural de crianças com paralisia

cerebral (PC) durante a tarefa de agarrar uma bola de diferentes massas na postura sentada

a partir da flexão bilateral dos ombros. Participaram do estudo 12 crianças saudáveis

(GCON) e 12 crianças com PC (GPC). Foram estudados os efeitos da massa da bola (1 kg

e 0,18 kg), tipo de ajuste postural (ajuste postural antecipatório e ajuste postural

compensatório) e dos grupos no sinal elétrico de músculos (deltóide anterior, bíceps

braquial, esternocleidomastoídeo, extensor cervical (C7) extensor torácico (T10), extensor

lombar (L3), e reto abdominal) que foi mensurado por meio da eletromiografia (EMG) de

superfície. Para indicar o início do movimento do ombro, foi utilizado um

eletrogoniômetro flexível bidimensional. A análise de variância de três fatores e o teste

post hoc Tukey foram utilizados para analisar os parâmetros RMS (root meam square) e

valor da integral do sinal eletromiográfico (iEMG). Os resultados mostraram maior

atividade EMG durante o APC, com a bola pesada e nos músculos posteriores do tronco. O

GPC mostrou maior atividade EMG e maior co-ativação dos pares agonista/antagonista

avaliados. A análise de regressão linear mostrou relação positiva entre o EMG e as idades

do GCON, em contraste com a relação negativa observada no GPC. A relação linear

encontrada GPC corrobora com a literatura que indica o não aumento da eficiência do

controle postural com a progressão da idade. Os resultados sugerem a utilização de uma

estratégia baseada em correções após o início do movimento para a tarefa analisada.

Palavras chaves: Controle Postural, Paralisia Cerebral, Ajuste Postural Antecipatório.

Page 10: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

ix

POSTURAL ADJUSTMENTS IN CHILDREN WITH CEREBRAL PALSY

CANDIDATE: ALINE BIGONGIARI

ADVISOR: PROF. DR. LUIS MOCHIZUKI

ABSTRACT The aim of this dissertation was to study the postural control in children with cerebral

palsy (CP) performing the bilateral shoulder flexion to grasp a ball during the sitting

posture. The subjects were 12 healthy children (GCON) and 12 children with cerebral

palsy. It analyzed the effect of ball mass (1 kg and 0.18 kg), postural adjustment

(anticipatory postural adjustment, APA, and compensatory postural adjustment, CPA), and

groups on the electrical activity of some muscles (deltoid, biceps brachii,

sternocleidomastoid, neck extensor (C7) thoracal extensor (T10), lumbar extensor (L3),

and rectus abdominis) measured with surface electromyography (EMG). The begging of

movement was detected with a bidimensional flexible electrogoniometer. The 3-way

analysis of variance and Tukey test were used to analyze the effect of those factors on

RMS (root mean square) and the integral of EMG signal (iEMG). The results show higher

EMG activity during CPA, with heavy ball, and for posterior trunk muscles. The GPC

presented the higher EMG activity and co-activation index. The linear regression analysis

showed a positive relation between EMG and ages for GCON; while, for GPC, it showed a

negative relation for the same variables. The linear relation for GPC supports the

hypothesis of no increase on postural control efficiency across ages. For the task, the

results support a postural control strategy based on corrections after the beging of the

movement.

Key-words: Postural Control, Cerebral Palsy, Antecipatory postural activity.

Page 11: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

1

1 INTRODUÇÃO

O controle postural é definido como a coordenação e o controle dos segmentos

corporais em relação ao próprio corpo e em relação ao ambiente (BARELA, 2000;

SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 2003). Para entender a aquisição e o

aprimoramento do movimento voluntário coordenado dependemos do conhecimento sobre

o controle postural. É a partir da contribuição de subsistemas neurais que o controle da

postura é construído: sistemas sensoriais (visual, somatossensorial e vestibular), sistema

motor (córtex pré-frontal e vias descendentes que terminam nos efetores), os núcleos da

base e o cerebelo (WOOLLACOTT, 2002; JONES, 2003), entre outros. Assim, um sistema

postural imaturo ou com disfunções pode limitar o aparecimento de novos comportamentos

motores (LEVIN et al., 2002).

A postura ereta é um desafio para o controle postural. Manter o equilíbrio na presença

da gravidade; gerar respostas antecipatórias aos movimentos voluntários; e se adaptar em

respostas a alterações relacionadas às tarefas e ao ambiente são funções básicas e

essenciais para o sucesso do controle motor (HORSTMANN & DIETZ, 1990; HORAK et

al., 1997; MASSION, 1998; BROGREN et al, 1998; JONES, 2003; BARELA, 2000;

HORAK & SHUPERT, 2002). As respostas motoras promovidas por perturbações na

postura são conhecidas como ajustes posturais. Estes ajustes são comandados pelo SNC,

dependem das informações a respeito da tarefa realizada e do ambiente, e ocorrem em dois

momentos: previamente à perturbação, APA, e depois da perturbação, APC (MASSION,

1998; ARUIN et al, 2001; SHUMWAY-COOK & WOOLLACOTT, 2003).

Alterações nos ajustes posturais podem produzir disfunções e afetar a independência do

indivíduo. Sinais como espasticidade, fraqueza muscular e incoordenação de movimento

são comuns a lesões no SNC. Na PC a lesão no encéfalo imaturo produz sintomas que

contribuem para a disfunção do sistema de controle postural de forma variável, já que a

Page 12: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

2

origem e conseqüências são variadas. Sua incidência e morbidade mobilizam profissionais

e pesquisadores da área da saúde que buscam respostas para tais problemas (DAN et al,

2000; MEWASINGH et al, 2002; GIANNI, 2005). Alguns autores acreditam que a

disfunção nos mecanismos de controle postural é o principal distúrbio encontrado na PC

(BROGREN et al, 1998; ROSE et al, 2002; WOOLLACOTT et al, 1998; SHUMWAY-

COOK et al, 2003). Em pessoas com seqüelas moderadas e graves, os déficits no controle

postural são visíveis; incapacidades motoras e funcionais estão presentes e impedem a

manutenção da retificação da postura ortostática. AL-TURAKI, (1996) mostra a

importância da estabilização e alinhamento da cabeça e do tronco na melhora da habilidade

funcional da manipulação das mãos dessas pessoas, mesmo que a estabilidade seja

construída externamente.

Quando se trata de seqüelas mais leves da PC, as dúvidas sobre o mecanismo postural

se multiplicam. Geralmente essas crianças apresentam disfunções parciais, com as

habilidades limitadas e alteradas. SHUMWAY-COOK et al, (2003), BROGREN et al,

(1998), ROSE et al, (2002) e WOOLACOOTT et al, (1998) mostram que pessoas com PC

apresentam as características espaciais do movimento intactas; porém, sofrem para se

adaptarem e modularem as características temporais durante mudanças no contexto da

tarefa, na postura bípede com perturbações externas (SHUMWAY-COOK et al, 2003;

BROGREN et al, 1998; WOOLLACOOTT et al, 1998) ou na condição estática (ROSE et

al, 2002).

HADDERS-ALGRA et al, (1999) e VAN DER HIDE et al, (2004) observaram o

comportamento em PC durante o movimento de alcance na postura sentada e avaliaram as

características e a ação do APA. Ambos relataram a não utilização do APA na PC,

sugerindo como causa a lesão primária do SNC. Além disso, crianças com PC não

mostram mudanças nos ajustes posturais em função da idade (BROGREN et al 1998,

Page 13: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

3

HADDERS-ALGRA et al 1999). MERCER & SAHRMANN, (1997), BROGREN et al,

(1998), VAN DER FITS et al, (1999), HAY & REDON, (1999) e WITHERINGTON et al,

(2002) relatam a mudanças nos ajustes posturais em função da progressão da idade em

crianças saudáveis.

1.1 Problema

Frente aos estudos e dúvidas existentes, as perguntas que norteiam este trabalho são:

1- Como se comportam as respostas posturais de crianças com PC durante tarefa

específica na postura sentada?

2- Qual é o efeito da massa de uma bola na tarefa de agarrar nos ajustes posturais de

crianças com PC?

1.2 Objetivo Geral

O objetivo desta dissertação de mestrado é avaliar as características dos ajustes

posturais, durante a perturbação causada pela tarefa de segurar bolas com diferentes

massas na postura sentada.

1.2.1 Específico

Os objetivos específicos desta dissertação foram:

• Descrever e avaliar os ajustes posturais utilizados durante a tarefa motora;

• Comparar e avaliar o efeito de duas cargas diferentes nos ajustes posturais;

• Comparar os ajustes posturais em crianças saudáveis e com PC;

• Analisar e comparar os índices de co-ativação e inibição recíproca nos pares

Page 14: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

4

musculares avaliados e entre os sujeitos.

1.3 Justificativa

Crianças com PC apresentam variados déficits do controle dos movimentos e no

controle postural (WOOLLACOTT et al, 1998, BROGREN et al, 2001, VAN DER HEIDE

et al, 2004). O controle do tronco ereto é essencial para o desenvolvimento de atividades

funcionais e coordenação motora. Estudar as estratégias de controle postural destas

crianças é importante para encontrarmos possíveis alterações em comparação a sujeitos

saudáveis.

A postura sentada é importante para indivíduos com déficits motores e posturais, já que

muitas vezes é a melhor opção de uma postura ereta para indivíduos que não conseguem

ficar em pé sozinhos (BROGREN et al, 2001). As relações com o mundo, o aprendizado e

desenvolvimento cognitivo e motor, e o bom funcionamento do sistema vegetativo,

dependem da aquisição da postura ortostática. É grande a importância de experimentos que

visam compreender as características do controle motor, proporcionando para crianças com

PC melhores condições das intervenções e maior independência nas atividades de vida

diária (WOOLLACOTT et al, 1998; BROGEN, et al., 1998; CHEN, et al., 2003).

A existência de trabalhos (MERCER & SAHRMANN, 1997; GRASSO et al, 1998;

ASSAIANTE et al, 2000; BARELA, 2000; BARELA et al, 2000; WITHERINGTON et al,

2002; RONCESVALLES et al 2004) que avaliam o controle postural de crianças na

postura bípede ou na marcha, o equilíbrio na postura sentada (HIRSCHFELD &

FORSSBERG, 1994, HADDERS-ALGRA et al, 1996, VAN DER FITS & HADDERS-

ALGRA, 1998, HADDERS-ALGRA et al, 1998; VAN DER HEIDE et al, 2003) e

comparações entre respostas posturais de crianças saudáveis e com PC (HADDERS-

Page 15: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

5

ALGRA et al, 1999; VAN DER HEIDE et al, 2004) sugerem alguns achados importantes e

controversos, que nos levam a continuar no estudo do assunto.

Algumas escalas quantificam o equilíbrio estático e dinâmico (Berg Balance Scale,

Functional Reach,Reach test, Postural Stress Test), e outras que se preocupam em

quantificar as atividades funcionais de diferentes populações (Gross Motor Function

Measure (GMFM) e Pediatric Evaluation Disability Inventory (PEDI)). São instrumentos

que avaliam muitos aspectos da natureza complexa e multifatorial do controle motor, de

acordo com o interesse do pesquisador (HUXHAM et al, 2001).

A análise EMG dos ajustes posturais pode ser uma ferramenta útil no estudo de

aptidões ou nos efeitos pós treinamentos causados na capacidade de controlar o tronco, na

postura ereta. Para tal, devemos entender com propriedade as diferenças encontradas em

diversas populações, inclusive em indivíduos com seqüelas de lesões encefálicas. Portanto

a análise dos ajustes posturais durante diferentes contextos (tarefa, ambiente, restrições) se

faz necessário para seu melhor entendimento e na sua utilização como indicador de

modificações na capacidade de controlar a postura.

2 REVISÃO DE LITERATURA

O controle da postura ereta é caracterizado pela orientação e a coordenação dos

segmentos corporais, para a manutenção da posição ereta contra a força da gravidade e

manutenção do COP dentro da BOS mesmo frente a perturbações mecânicas como as

geradas por movimentos voluntários (HORAK, et al, 1997; SHUMWAY-COOK &

WOOLLACOTT, 2003, SLIPJER & LATASH, 2004).

Para que o controle postural ocorra, é necessária uma complexa relação entre as

informações sensoriais e as ações motoras. O SNC utiliza essas informações para construir

Page 16: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

6

uma imagem ou um mapa interno sobre o movimento, a posição e o ambiente que o cerca,

para manter a orientação e o equilíbrio postural (FELDMAN et al, 1998; GHEZ &

KRAKAUER, 2003). A seleção das estratégias de resposta postural depende não somente

das condições biomecânicas do corpo, da tarefa e do meio ambiente, mas também da

informação sensorial disponível para o SNC (DIENER et al, 1988; HORAK et al, 1989;

HORSTMANN & DIETZ, 1990; ARUIN, 2003).

2.1 Características do Controle Postural

O controle postural adequado é essencial para uma boa performance dos movimentos

voluntários, interação social e comunicação (ROSE et al, 2002; SHUMWAY-COOK et al,

2003; LIAO et al, 2003).

Segundo MASSION (1998), a determinação da postura consiste no surgimento da

habilidade de manter a cabeça ereta, para a orientação da visão, como nos reflexos de

endireitamento, e no conceito de suporte, onde os músculos das porções axiais e proximais

estabilizam o corpo para que músculos distais se movimentem de forma coordenada.

Quando todas as forças que estão agindo no corpo se anulam, a resultante dessas forças é

zero e o corpo está em equilíbrio. Assim, temos o equilíbrio estático (o corpo está estável

no repouso) ou dinâmico (o corpo está estável em movimento) (HUXHAM et al, 2001;

JONES, 2003).

A coordenação espaço-temporal das contrações musculares descreve a organização das

sinergias musculares decorrentes de diferentes perturbações posturais. Os ajustes posturais

foram investigados na postura sentada. Estes estudos (FORSSBERG & HIRSCHFELD,

1994; HADDERS-ALGRA et al, 1996; HADDERS-ALGRA et al, 1998; VAN DER FITS

Page 17: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

7

et al, 1999; VAN DER HEIDE et al, 2003) mostraram a presença de padrões espaço-

temporais de ativação muscular dependentes das características das perturbações.

Os parâmetros temporais, espaciais e quantitativos das respostas ou ajustes posturais

são graduados de acordo com a magnitude do desequilíbrio sofrido, baseando-se nas

informações sensoriais, velocidade e amplitude da perturbação, na previsão, experiência e

estimativa do deslocamento (HORAK & NASHNER, 1986; DIENER et al, 1988, HORAK

et al, 1997). Então, o SNC é capaz de planejar o momento e a intensidade da ação, tendo

duas importantes preocupações: reagir contra perturbações que causem desequilíbrios e

prever estas perturbações de modo a agir antes que elas aconteçam (MASSION, 1998;

POZZO et al, 2001; ARUIN et al, 2001).

As ativações dos músculos posturais podem ocorrer em dois momentos. O primeiro

momento é uma fase preparatória, na qual os músculos posturais são ativados antes dos

músculos movedores primários, que podemos denominar como o APA. O propósito do

APA é antecipar os efeitos de desestabilizadores do movimento. A segunda parte é uma

fase de compensação, qual os músculos posturais são acionados após os músculos

movedores primários para estabilizar o corpo, que denominamos como ajuste postural

compensatório (APC) (WITHERINGTON, et al, 2002, SHUMWAY – COOK e

WOOLLACOTT, 2003). Tanto no APA quanto no APC, o SNC utiliza informações

sensoriais oriundas dos sistemas vestibular, somatossensorial e visual, porém os métodos

de processamento diferem entre os dois momentos: o controle baseado no APC é

caracterizado por um contínuo processamento de informações, provendo respostas

momento a momento durante o controle, enquanto que durante o APA as informações

sensoriais são utilizadas até o início da perturbação postural (RIEMANN & LEPHART,

2001).

Page 18: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

8

2.1.1 Ajuste Postural Antecipatório

O APA prevê a ação, estimando o desequilíbrio postural e contra-agindo antes que este

ocorra (PATLA et al, 2002; WITHERINGTON, et al, 2002). Ele pode ser detectado e

analisado através de deslocamentos do COP, prévios ao movimento inicial, ou pela

ativação muscular captada pela EMG, antes do início do movimento primário

(MOCHIZUKI, 2001). O APA tem alguns objetivos no controle da postura: a) minimizar o

distúrbio postural; b) preparar o corpo para a realização do movimento focal como

indicado pelo deslocamento prévio do COP em relação ao início do movimento voluntário;

c) otimizar os parâmetros do movimento em relação a força e velocidade (TOUSSAINT et

al, 1998; MASSION, 1998; PATLA et al, 2002; ARUIN, 2003; ARUIN et al, 2001)

Uma variedade de fatores influencia a geração do APA. Entre eles estão a magnitude e

a direção da perturbação esperada, propriedades da ação voluntária, características da

condição postural corrente, como a configuração corporal e estabilidade da postura

(MERCER & SAHRMANN, 1997; MILLE & MOUCHNINO, 1998; WITHERINGTON,

et al, 2002; ARUIN, 2003; ARUIN et al, 2001). Um exemplo deste último é que o APA é

atenuado ou até ausente quando a postura não é estável; porém, em contradição, o APA

também é ausente quando a postura é muito instável, hipotetizando que o SNC suprime o

APA, contra a possibilidade deste desestabilizar ainda mais a postura (VERNAZZA-

MARTIN et al, 1999; SLIPJER & LATASH, 2004).

ARUIN et al, (2001) observaram que mesmo na ausência de movimento voluntário,

desde que se conheça previamente a característica da perturbação, o indivíduo é capaz de

produzir APA. Essa conclusão foi determinada através de uma tarefa onde sujeitos na

postura bípede, tinham fixado ao tronco, uma bandeja, com o intuito de receber uma carga

pré-determinada. Todos eles mostraram e utilizaram o APA na musculatura posterior do

Page 19: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

9

tronco contra-agindo o deslocamento do COP para frente causado pela perturbação. O

mesmo autor (ARUIN, 2003) estudou a intensidade do APA em ações motoras com

relação direta e indireta com o distúrbio postural. Ele observou que a geração do APA

depende de um movimento primário que tenha relação direta com a perturbação postural,

evidenciando que o controle do movimento e da postura, pelo SNC se faz por caminhos

paralelos e diferentes.

Além da relação direta do APA com o movimento focal, observou-se que o

comportamento dos padrões de ativação foi diferente em cinco posturas distintas,

concluindo que os parâmetros do APA também dependem da ação motora, associada à

configuração corporal inicial (MILLE & MOUCHNINO, 1998; ARUIN, 2003).

Outro relevante aspecto para o APA é a possibilidade da correta estimativa da

perturbação futura. O SNC somente utiliza o APA para manter a estabilidade, caso tenha

conhecimento prévio do desequilíbrio corporal que irá acontecer. O estudo realizado por

TOUSSAINT et al, (1998) mostrou que quanto maior o número de treinos realizados,

maior a intensidade do APA. Além disso, quando inesperadamente a tarefa sofria alguma

modificação, o equilíbrio corporal era prejudicado pela falha do APA.

Portanto, grande número de estudo exemplifica as muitas influências sofridas pelo

APA a partir das condições da tarefa, do ambiente e conseqüentemente da perturbação

postural sofrida. Para se tentar entender mais sobre as características e o controle dos

ajustes posturais, outro importante aspecto do APA também vem sendo investigado. Os

ajustes posturais foram avaliados em crianças, e apresentaram controvérsias quanto ao

comportamento em diferentes idades e tarefas (MERCER & SAHRMANN, 1997; HAY &

REDON, 1999; VAN DER FITS et al, 1999; MALOUIN & RICHARDS, 2000;

ASSAIANTE et al, 2000; WITHERINGTON et al, 2002; VAN DER HEIDE et al, 2003;

RONCESVALES et al, 2004).

Page 20: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

10

O desenvolvimento normal dos ajustes posturais durante o movimento de alcance foi

observado na postura sentada em crianças de 3 a 18 meses. Os resultados revelaram que o

movimento ocorre com sucesso a partir dos 4-5 meses de idade, e são acompanhados por

alta variação no padrão de atividade dos músculos posturais, sendo recrutados numa ordem

de baixo pra cima (bottom-up). Observou-se APA somente nas crianças de 15 a 18 meses,

porém não de forma consistente (menos de 40 % das repetições) e, de forma estranha

desaparecendo no intervalo entre as idades de dois a 11 anos (VAN DER FITS et al, 1999;

VAN DER HEIDE et al, 2003). Em oposição, observou-se APA em crianças de quatro a

seis anos e de oito a 12 anos durante o início da marcha, porém quando comparada às dos

adultos, as latências da ativação muscular eram bem maiores nas crianças (MERCER &

SAHRMANN, 1997; MALOUIN & RICHARDS, 2000).

A grande variedade de condições (posturais, ambiente e movimento focal) dificulta a

comparação entre os estudos sobre os ajustes posturais, e sugerem a dependência do APA

em relação a essas influências e a falta de consistência em alguns achados.

2.1.2 Ajuste Postural Compensatório

A dependência exclusiva do controle postural compensatório durante distúrbios no

equilíbrio pode ser inadequada para a manutenção da estabilidade postural durante um

movimento. Isto pode ser devido à inércia do corpo, que produz defasagens mecânicas,

afetando a eficiência dos ajustes posturais. Em diversas ocasiões, há a necessidade de que

os ajustes posturais se antecipem ao desequilíbrio que a ação motora produz (TOUSSAINT

et al, 1998; WITHERINGTON et al, 2002; ARUIN, 2003). Porém, nem todo desequilíbrio

corporal é causado com o conhecimento prévio do indivíduo.

O APC depende diretamente das informações sensoriais durante o desequilíbrio para o

Page 21: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

11

seu desencadeamento. Os sistemas vestibular, visual e somatossenssorial informam durante

o movimento sobre correções que devam acontecer (HORSTMANN & DIETZ, 1989;

HORAK et al, 1990). Portanto, mudanças no comprimento e força muscular durante este

momento são realizados involuntariamente, ou seja, sem consciência do ajuste e resultado

de perturbação externa (LEVIN et al 2002; PEARSON & GORDON, 2003).

Em algumas ocasiões, devido à ineficiência do APA ou das condições ligadas à

perturbação, o SNC depende bastante do APC para manter o equilíbrio. As estratégias

musculares que caracterizam o APC durante a manutenção da postura ereta são as

estratégias do tornozelo, quadril e do passo. A estratégia de tornozelo restaura a posição de

estabilidade do centro de massa. A estratégia de quadril surge quando a perturbação do

equilíbrio é muito intensa ou se somos incapazes de produzir a força usando os músculos e

a articulação do tornozelo. E a estratégia do passo é utilizada quando as estratégias de

tornozelo e quadril não são suficientes para recuperar o equilíbrio. Embora essas três

estratégias sejam apresentadas como entidades discretas, a maioria dos indivíduos com o

sistema nervoso intacto utilizam várias combinações dessas estratégias quando controlam a

inclinação para frente e para trás durante a postura vertical (HORAK & NASHNER, 1990,

HORAK et al, 1997).

Alguns estudos observaram os ajustes posturais durante perturbações realizadas na

postura sentada (HIRSCHFELD & FORSSBERG, 1994; HADDERS-ALGRA et al, 1996;

HADDERS-ALGRA et al, 1998).HADDERS-ALGRA et al, (1996) observaram que

crianças de cinco a seis meses de idade, durante a movimentação da plataforma para frente

e para trás, em diferentes velocidades e amplitudes, já apresentaram ativação muscular no

padrão espacial (direção específica). Isto significa que durante o deslocamento da

plataforma para trás, as crianças ativaram a musculatura dorsal, e durante o deslocamento

da plataforma para frente, os músculos ventrais. Em geral as crianças com nove-10 meses

Page 22: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

12

utilizaram mais vezes o padrão completo, diminuindo a variação na ativação muscular na

direção específica que crianças mais novas. Estes resultados sugerem que mesmo antes da

obtenção da postura sentada com independência, crianças já puderam utilizar padrões

sinérgicos comuns àquelas que já sentam e aos adultos, sugerindo uma origem genética. O

SNC já é capaz de formar uma representação interna corporal a partir das informações

sensoriais presentes. Apesar de crianças de 5–6 meses já mostrarem ajustes na direção-

específica, estes são mais variáveis que nas crianças mais velhas. Variações nos sinais

EMG dessas crianças podem significar a imaturidade dos sistemas aferentes, eferentes e do

SNC. Quanto mais idade, maior é a precisão das características temporais da ativação

muscular. Para estes autores, então, dois principais fatores embasam esses resultados: as

respostas na direção-específica têm uma origem genética, porém a maior experiência

permite a melhor modulação dentro de um padrão completo de ativação.

HADDERS-ALGRA et al, (1998) observaram os ajustes posturais de crianças com

idade entre um ano e meio e quatro anos e meio na postura sentada. Em comparação ao

prévio trabalho, foi observarado uma fase transitória, em que dos nove aos 10 meses e dos

dois anos e meio aos três, as crianças quase não variavam os padrões de ativação muscular,

utilizando quase sempre a ativação na direção-específica e alto índice de coativação entre

agonistas e antagonistas. Isto seria uma solução do SNC, economizando energia, frente a

uma grande variedade de graus de liberdade. A variação nos padrões de ativação pode ser

atribuída aos fatores biomecânicos e a maturação do SNC, requerendo menor ativação

muscular.

2.2 Controle Postural na Paralisia Cerebral

Talvez o maior dos problemas encontrados em crianças com PC, seja o déficit do

Page 23: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

13

controle postural. Problemas posturais interferem nas atividades de vida diária, na

interação social, no aprendizado cognitivo e também nas funções vegetativas dos seres

humanos. O simples e correto alinhamento dos segmentos corporais na postura sentada,

além de permitirem que as funções citadas acima sejam realizadas com sucesso, promovem

também uma melhor qualidade dos movimentos voluntários (BROGREN et al, 1998;

SHUMWAY-COOK et al, 2003; VAN DER HEIDE et al, 2004)

A PC pode ser definida como um conjunto de seqüelas motoras, causadas por uma

lesão ocorrida no encéfalo imaturo, ou seja durante seu desenvolvimento. Os tipos de PC

são classificados de acordo com seus déficits motores e apresentação do tônus muscular

(espásticos, atáxicos, atetóides e mistos), de acordo com a porção corporal atingida

(hemiparesia, diparesia e tetraparesia) e de acordo com a severidade do acometimento

(leve, moderado e grave). As razões para esta diversidade de apresentações devem-se a

grande variedade dos fatores etiológicos, localização das lesões e a base do controle motor

no PC, que podem ocorrer em três momentos: durante a gestação, durante o parto e pós

parto até dois anos de idade (GIANNI, 2005).

O PC espástico é tipo mais comum e se apresenta como a síndrome do neurônio

superior (síndrome piramidal) com todas suas características: hipertonia elástica,

hipereflexia dependente da velocidade do movimento e fraqueza muscular (DAN et al,

2000; MEWASINGH et al, 2002).

O tônus muscular é definido clinicamente como a resistência sentida ao movimento

imposto externamente num estado de relaxamento voluntário. Em termos físicos a

resistência pode ser também expressada pelo aumento da força, desenvolvida em resposta à

mudança no comprimento muscular (PISANO et al, 1996). SHUMWAY-COOK &

WOOLLACOTT (2003) descrevem tônus postural como o nível elevado de atividade nos

músculos antigravitários, compensando a força da gravidade em uma postura ereta.

Page 24: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

14

O tônus muscular depende da elasticidade intrínseca ou rigidez do músculo e de ação

neural, a partir de um circuito de retroalimentação do reflexo de estiramento, que por sua

vez são controlados por vias descendentes de centros supra-medulares. Paralisias do

neurônio motor gama podem resultar da interrupção dessas vias descendentes, causando

mudanças no limiar tônico do reflexo de estiramento, alterando a relação tensão-

comprimento do músculo. Estas alterações podem envolver tanto a hipotonia, quanto

hipertonia, na qual a mais encontrada é a espasticidade (LEVIN et al, 2002; PEARSON &

GORDON, 2003). Desordens no controle motor voluntário, incluindo espasticidade e

fraqueza muscular, podem resultar de lesões no SNC.

A diparesia espástica é caracterizada pela presença da espasticidade nos membros, mas

com maior gravidade nos membros inferiores, que se deve a um insulto peri-natal

hipóxico-isquêmico em crianças neonatais prematuras, resultando em lesões da substância

branca peri-ventricular (leucomalácia periventricular) (DAN et al, 2000; GIANNI, 2005).

WOOLLACOTT et al, (1998) relatam que na PC existem problemas no controle

postural devido a cinco maiores fatores envolvidos: a) recrutamento defeituoso das UM; b)

recrutamento anormal dependente da velocidade durante o estiramento muscular

(espasticidade), c) ativação não seletiva da musculatura antagonista; d) interferência de

programas motores imaturos ou não pertinentes e; e) mudanças nas propriedades

mecânicas dos músculos.

Avaliou-se o equilíbrio de crianças com diparesia espástica durante postura bípede

estática em que 14 crianças, das 23 avaliadas, não mostraram diferenças nos parâmetros

analisados em relação aos sujeitos normais. Contudo, nove crianças com PC apresentaram

valores anormais no deslocamento médio do COP, mostrando maior desequilíbrio em

comparação a crianças saudáveis. Além disso, mostrou-se que as crianças com PC

necessitam mais das informações visuais que as crianças saudáveis, e que, após algum

Page 25: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

15

tempo de treinamento, as crianças com PC mostraram melhora significante na habilidade

de recuperar a estabilidade (ROSE et al, 2002; SHUMWAY-COOK et al, 2003).

O controle postural na PC tem sido estudado durante a postura ortostática utilizando

principalmente plataformas móveis que induzem súbitas perturbações no equilíbrio

corporal. (BROGREN et al, 1996, WOOLLACOTT et al, 1998, BROGREN et al, 1998;

ROSE et al, 2002; WOOLLACOTT, 2002; SHUMWAY-COOK et al, 2003) e poucas

vezes durante uma perturbação auto-gerada (VAN DER FITS & HADDERS-ALGRA,

1998, HADDERS-ALGRA et al 1999; VAN DER HIDE et al, 2004).

Foi mostrado por BROGREN et al, (1996) que crianças entre sete e 11 anos de idade

com diparesia espástica durante perturbação induzida na postura sentada responderam

adequadamente na ativação da musculatura ventral, porém houve diferenças em

comparação com crianças saudáveis. As crianças com PC mostraram a seqüência céfalo-

caudal de ativação muscular, enquanto que crianças normais, que já possuíam

independência na postura, utilizaram uma seqüência caudo-cranial. Os padrões posturais

dos portadores PC são semelhantes aos padrões utilizados por crianças que ainda não

sentam sozinhas e apresentam padrões imaturos de controle postural. Essas crianças

apresentaram freqüentemente a co-ativação dos músculos do quadril e cervical em mais

situações quando comparado com crianças saudáveis. Na postura bípede, apresentaram

altos níveis de atividades basais e durações prolongadas de respostas posturais

(WOOLLACOTT et al, 1998).

HADDERS-ALGRA et al, (1999) estudaram os ajustes posturais de sete crianças com

PC, de idade entre 4 e 18 meses, durante a postura sentada realizando o movimento de

alcance. Os resultados evidenciaram uma reduzida capacidade em modular a saída postural

em relação à tarefa proposta. Enquanto a variabilidade de ativação muscular diminui com a

idade em crianças saudáveis, nos portadores de PC isso não ocorreu. O recrutamento na

Page 26: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

16

direção-específica apareceu somente após 15 meses de idade, tarde em comparação a

crianças normais. Houve, novamente, um aumento na co-ativação muscular, e um aumento

na atividade tônica dos músculos dorsais.

Estes estudos evidenciam a presença de padrões de ativação muscular (características

espaciais) normais em crianças com PC, porém alterações e déficits na capacidade de

modulação temporal e quantitativa dos parâmetros EMG, em decorrência a modificações

na tarefa motora ou no ambiente (VAN DER HEIDE et al, 2003; WOOLLACOTT et al,

1998; HADDERS-ALGRA et al, 1999)

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi realizado no laboratório de biomecânica de movimento humano da

Universidade São Judas Tadeu.

3.1 Sujeitos

Participaram do estudo 24 crianças de sete a 11 anos de idade separadas em dois

grupos: grupo controle (GCON) composto por 12 crianças (9,4±1,6 anos, 31,7±10,5 kg e

1,35±0,1 m) de ambos os sexos, sem lesão ou doença neurológica ou músculo-esquelética,

e grupo PC (GPC), composto por 12 crianças (8,9±1,4 anos, 27,2±5,2 kg e 1,26±0,3 cm)

portadoras de diparesia espástica, deambuladoras independentes, utilizando ou não

auxiliares de marcha (muletas e andador). Todas as crianças com PC foram classificadas na

escala Gross Motor Function Classification System for Cerebral Palsy (GMFCS) nos

níveis I, II e III para capacidades funcionais (PALISANO et al., 1997) (em anexo).

Todos os voluntários foram informados do protocolo de estudo que foram submetidos

Page 27: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

17

e os responsáveis pelas crianças assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,

aprovado juntamente com o projeto do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Anexo 1,

resolução CNS 196/96, Conselho Nacional de Saúde, 10/10/96, protocolo 067/2004).

3.2 Instrumentos

Para a mensuração da atividade EMG dos músculos selecionados foi utilizado um

sistema de EMG de superfície a cabo com 8 canais (Myosystem 1400, Noraxon, Inc USA)

(Figura 1) com as seguintes características: filtro passa-banda de 20 a 500Hz, com seleção

de ganho (1.000 a 10.000), impedância de entrada: > 10 M �� taxa do modo comum de

rejeição (CMRR): > 85 dB, taxa de ruído de: < 1 9�506��VDída USB para computador a

cada milisegundo e amplificação total: 1000 vezes. Os eletrodos utilizados foram de

superfície, descartáveis, com pré-tratamento do sinal mensurado, dispostos a uma distância

de 1 cm. Para a mensuração do movimento do ombro foi utilizado um eletrogoniômetro

flexível (NorAngle II, Noraxon, Inc USA) bidimensional. Estes dois sistemas de medição

foram conectados a um sistema de aquisição de dados controlado pelo software

Myoresearch para aquisição, interpretação de dados e armazenamento em computador

Pentium 4 2,66 MHz.

FIGURA 1 - A) MyoSystem 1400, utilizado para a mensuração da atividade eletromiográfica. B) Eletrogoniômetro utilizado para a mensuração do movimento do tronco.

Page 28: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

18

3.3 Protocolo experimental

A tarefa motora analisada foi segurar uma bola com as duas mãos. A posição inicial foi

a postura sentada sem apoio posterior, com os braços soltos ao lado do tronco. Em seguida,

o examinador jogava a bola de uma distância de 1 m a frente da criança, e esta a agarrou

com as duas mãos, e permaneceu por 5 s sem se mover. Esta tarefa motora foi repetida 10

vezes. Duas bolas com massas diferentes foram utilizadas (leve: 0,180 kg; e pesada: 1 kg).

Foi mensurada a atividade eletromiográfica dos músculos deltóide anterior (DA),

esternocleidomastoídeo (ES) extensor cervical (CE, nível C5, Trapézio fibras superiores)

extensor torácico (TO, nível de T10, fáscia tóraco-lombar), extensor lombar (LO, nível L3,

fáscia tóraco lombar), bíceps braquial (BB) e reto abdominal porção superior (RA), do lado

direito do corpo. Para a colocação dos eletrodos foram realizadas provas de função

muscular (KENDALL et al, 1985), e foram localizados os ventres musculares para então

fixar os eletrodos (ARUIN & ALMEIDA 1997; HADDERS-ALGRA et al 1999; VAN

DER HIDE et al, 2004, SLIPJER & LATASH, 2004). Todos esses músculos avaliados têm

função direta no controle postural e no movimento primário da tarefa programada.

FIGURA 2 - Protocolo experimental realizado.

Page 29: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

19

3.4 Variáveis Analisadas

As variáveis analisadas foram as séries temporais da atividade EMG dos músculos

selecionados e a posição angular da articulação do ombro. O início do movimento do

ombro (t=0s) foi indicado pela variação angular. A partir da EMG de cada músculo, foi

calculado o valor da iEMG e o do RMS, nas janelas de pré-atividade, APA e APC. As

janelas temporais para o cálculo destes parâmetros foram [t0-400, t0-200]ms representando

a atividade pré APA, [t0-200, t0+50] ms, correspondente a fase de APA, e [t0+50, t0+300]

ms, correspondente ao APC.

∫∫

∫∫−

−−

−=

−=

2,0

4,0

25,0

05,0

2,0

4,0

05,0

15,0

EMGdtEMGdtiEMG

EMGdtEMGdtiEMG

APC

APA

A atividade pré APA foi processada com o objetivo de classificar o APA como

aumentada (+) ou reduzida (-), de acordo com a relação dos valores iEMG e RMS

encontrados durante os dois momentos. Os valores durante o APA foram subtraídos dos

valores Pré APA para a obtenção de valores negativos e/ou positivos. Quando o valor do

APA é negativo significa que a atividade muscular durante este período diminuiu em

relação à atividade pré APA. Já os valores positivos demonstram que a ativação muscular

aumenta em comparação à atividade pré APA.

Além da determinação do iEMG e do RMS, os parâmetros R e C dos pares musculares

ES-EC e RA-EL foram calculados de acordo com a seguintes equação:

Rcervical = | i EMG ES – i EMG CE |

Ccervical = | i EMG ES + i EMG CE |

Rlombar = | i EMG RA – i EMG LO |

Clombar = | i EMG RA + i EMG LO |

Page 30: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

20

Para análise da intensidade de ativação dos sete músculos, três diferentes níveis de

ativação foram agrupados de acordo com sua amplitude em relação à atividade de base do

sinal EMG. Foi considerada ativação fraca para aqueles músculos com no máximo 30% a

mais da atividade encontrada durante o período pré APA, ou seja a atividade de base,

ativação média para músculos que apresentaram de 30 a 70% e ativação forte em uma

faixa de 70 a 100%. Esses níveis de atividade serão apresentados em cada ajuste postural

(APA e APC).

3.5 Tratamento dos sinais

Os sinais EMG brutos tiveram a média removida, em seguida foram retificados e

filtrados com um filtro passa-baixa Butterworth de 4ª ordem de 200 Hz. O sinal de posição

angular foi filtrado com filtro passa-baixa Butterworth de 4ª ordem de 20 Hz. Assim, os

sinais EMG e do eletrogoniômetro ficaram prontos para a determinação dos parâmetros

indicados durante APA e APC. Para o tratamento de sinais foram utilizadas rotinas de

programação elaboradas no software Matlab 6.5 (Mathworks, Inc, Natick, Massachusetts).

3.5.1 Análise dos resultados

Os parâmetros iEMG, RMS, R e C foram comparados por meio de análise de variância

(ANOVA). Foram os seguintes fatores para esta análise: ajuste postural (dois níveis:APA e

Page 31: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

21

APC), tarefa (dois níveis: leve e pesada), grupos (dois níveis: controle e PC) e músculos

(sete níveis: DE, ES, EC, ET, EL, BB e RA). O teste post hoc foi Tukey HSD.

Foram observados com que freqüência os níveis (fraco, médio e forte) de ativação

muscular apareciam durante o APA e APC nos grupos, para os sete músculos.

Além disso, observamos a presença ou não de uma relação linear entre os valores

médios da iEMG encontrados durante o APA e o APC e as diferentes idades das crianças,

através do cálculo da regressão linear. O coeficiente de variação (CV) também foi

comparado em função da classificação funcional das crianças com PC, adotados a partir da

escala de GMFCS. O CV é uma medida de dispersão que indica o desvio padrão dos dados

em relação a sua média, valores obtidos previamente com a ANOVA.

Para todas as análises estatísticas o nível de significância adotado foi p<0,05. Os testes

foram realizados no software Statistica (Statsoft, Inc, Tulsa, OK USA).

4 RESULTADOS

A TABELA 1 apresenta a classificação da atividade EMG durante o APA no GCON e

GPC em aumentada (+) ou reduzida (-) em relação à atividade pré APA, nos sete

músculos analisados. As diferenças ocorreram entre os grupos. Durante o movimento

realizado com a bola leve, o GCON mostrou atividade inibitória nos músculos BB e RA,

enquanto que no GPC houve inibição somente no RA. Ao agarrar a bola pesada, o GCON

mostrou atividade aumentada em todos os músculos analisados, mas em contraste, o GPC

reduziu o CE e o RA.

TABELA 1 - Atividade eletromiográfica aumentada (+) ou reduzida (-) do ajuste postural antecipatório (APA) encontrado nos sete músculos analisados: deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) durante a tarefa motora de agarrar bolas de diferentes massas, leve (0,18 kg) e pesada (1 kg).

Page 32: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

22

APA

Leve Pesada

Músculos GCON GPC GCON GPC

DE + + + +

ES + + + +

CE + + + -

TO + + + +

LO + + + +

BB - + + +

RA - - + -

4.1 Efeito dos fatores no valor integral da eletromiografia

A TABELA 2 apresenta os valores médios da iEMG obtidos na coleta nos sete

músculos, durante o APA e o APC, com diferentes cargas e para os dois grupos.

Os valores da iEMG (TABELA 2) sofreram efeito dos quatro fatores (músculos, ajuste,

grupo e bola). A ANOVA apontou diferença dos valores EMG entre os músculos

(F(6,7490)=65,7, p<0,001). O músculo DE obteve a menor atividade EMG em comparação a

todos os outros, enquanto que os músculos CE, TO e LO alcançaram as maiores atividades

EMG (post hoc p<0,001). O fator ajuste influenciou a atividade EMG (F(1,7490)=1735,

p<0,001) apontando o APC com maior atividade em comparação ao APA (p<0,0001).

Além dos músculos e dos ajustes, os valores iEMG são diferentes para os grupos

(F(1,7490)=38,9, p<0,001) e a para o fator bola (F(1,7490)=22, p<0,0001). A atividade EMG foi

maior no GPC (p<0,0001) e durante a tarefa realizada com a bola pesada (p<0,0001).

Após a aplicação da ANOVA, obteve-se os efeitos dos diferentes fatores (ajuste, grupo,

bola e músculo), porém para conhecer o quanto cada fator é responsável pelo efeito,

obteve-se, com a relação entre a variância estimada para cada valor (MS effect) e a soma de

todas elas, o valor da participação de cada um no fenômeno encontrado.

MS effect X 100

MS effect

Page 33: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

23

O ajuste é o fator com a maior participação no efeito produzido na variável dependente

(iEMG), ou seja, o ajuste tem 81,2% de participação na variabilidade total do iEMG,

enquanto o músculo, grupo e bola têm 3,1%, 1,8% e 1% respectivamente.

TABELA 2 - Média e desvio padrão dos valores da integral da EMG (iEMG) para os músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatório (APC) para os grupos controle e PC (GCON e GPC) durante a tarefa motora de agarrar bolas de diferentes massas leve e pesada.

iEMG (% média)

CONTROLE PARALISIA CEREBRAL

APA APC APA APC

Leve Pesada Leve Pesada Leve Pesada Leve Pesada

DE 0,2±0,2 0,2±0,2 15,4±14,0 13,8±15,3 0,3±2,4 0,2±1,5 16,4±17,9 14,5±16,9

ES 0,1±0,3 0,3±3,0 23,4±9,2 24,7±6,5 0,1±4,0 0,1±3,1 25,3±7,3 23,7±6,2

CE 18,7±6,0 20,4±6,6 28,5±8,3 29,3±7,7 21,1±5,1 20,4±6,2 28,0±5,9 27,7±8,0

TO 19,3±6,3 19,9±6,4 28,8±7,7 29,1±6,7 22,2±9,5 21,5±9,0 28,8±9,7 28,2±7,7

LO 18,7±9,2 19,3±8,4 33,2±12,4 32,3±11,4 20,5±11,0 20,3±11,0 28,3±9,1 30,5±10,5

BB 14,8±6,7 16,2±7,2 25,7±10,7 25,2±8,4 14,3±8,0 15,1±9,5 31,3±11,6 28,4±10,4

RA 0,3±1,3 25,6±15,5 24,9±11,7 24,5±11,0 26,5±15,8 24,5±14,5 24,2±13,1 25,7±12,9

O ajuste afetou os músculos primários do movimento DE (F(1,1070)=520 p<0,0001) e BB

(F(1,1070)= 494, p<0,0001), que apresentaram maior atividade durante o APC (p<0,0001).

Os músculos posteriores sofreram efeito do ajuste: CE (F(1,1070)= 370 p<0,0001), TO

(F(1,1070)= 274, p<0,0001), LO (F(1,1070)= 309 p<0,0001). Observou-se maior atividade

durante o APC (p<0,0001). Para os músculos anteriores, houve o mesmo comportamento.

O ajuste afetou o iEMG do ES (F(1,1070)=70,6, p<0,0001) e RA (F(1,1070)=52,1 p<0,0001),

com maior atividade durante o APC (p<0,0001). O fator grupo afetou três músculos: DE

(F(1,1070)=7,3 p=0,001), BB (F(1,1070)= 10,4 p=0,001) e RA (F(1,1070)= 66,8, p<0,0001). O

GPC foi maior iEMG em nos três: DE (p=0,01), BB (p=0,002) e RA (p<0,0001). O fator

bola somente afetou o músculo RA (F(1,1070)= 61,3 p<0,0001), onde o iEMG foi maior na

tarefa com a bola pesada (p<0,0001). É importante ressaltar que, com exceção do músculo

Page 34: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

24

RA (1,7%), em todos os outros músculos, o ajuste foi o grande responsável (mais de 90%)

pela variabilidade do sinal.

4.2 Efeito dos fatores no parâmetro Root Mean Square

Os valores RMS estão expostos na TABELA 3. O fator bola não afetou o RMS

(F(1,7490)=0,3 p=0,60), mas os fatores músculo (F(6,7490)=83,4 p<0,0001), grupo (F(1,7490)=

31,5 p<0,0001), e ajuste (F(1,7490)=1017 p<0,0001) afetaram este parâmetro. O RMS foi

maior no APC (p<0,0001) e GPC (p<0,0001) e o menor no músculo DE (p<0,0001). O

fator ajuste teve 83,8 % da responsabilidade na variabilidade total do RMS, enquanto que

músculo e grupo apresentaram 6,79% e 2,59%, respectivamente.

TABELA 3 - Média e desvio padrão dos valores do Root Mean Square (RMS) para os músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatório (APC) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) durante a tarefa motora de agarrar bolas de diferentes massas, leve e pesada.

RMS (%média)

CONTROLE PARALISIA CEREBRAL

APA APC APA APC

Leve Pesada Leve Pesada Leve Pesada Leve Pesada

DE 0,47±0,41 0,59±0,49 1,47±0,73 1,47±0,67 0,66±0,55 0,62±0,57 1,68±0,84 1,63±0,83

ES 1,01±0,42 1,14±0,39 1,28±0,69 1,30±0,49 1,10±0,57 1,06±0,55 1,40±0,46 1,29±0,38

CE 0,97±0,33 1,07±0,38 1,53±0,48 1,59±0,49 1,09±0,27 1,05±0,32 1,47±0,34 1,49±0,49

TO 1,02±0,34 1,05±0,36 1,52±0,45 1,56±0,41 1,26±0,67 1,21±0,64 1,56±0,60 1,61±0,54

LO 1,05±0,59 1,10±0,57 1,87±0,75 1,84±0,72 1,24±0,84 1,22±0,84 1,65±0,63 1,76±0,74

BB 0,71±0,32 0,79±0,35 1,41±0,62 1,36±0,53 0,75±0,52 0,80±0,52 1,78±0,73 1,70±0,73

RA 1,58±1,10 1,59±1,17 1,52±0,91 1,49±0,85 1,83±1,35 1,64±1,26 1,59±1,13 1,68±1,05

Foram encontrados efeitos dos ajustes em todos o músculos com exceção do RA

(F(1,1070)=1,0, p=0,19). Músculos primários: DE (F(1,1070)=610,1 p<0,0001) e BB

(F(1,1070)=564 p<0,0001); músculos anteriores: ES (F(1,1070)=58,6 p<0,0001), e músculos

posteriores do tronco CE (F(1,1070)=368 p<0,0001), TO (F(1,1070)=192 p<0,0001), LO

Page 35: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

25

(F(1,1070)=203 p<0,0001). O APC foi maior nos músculos DE, BB, ES, CE, TO e LO

(p<0,0001). O fator grupo também afetou os músculos DE (F(1,1070)=12,4 p=0,0004), TO

(F(1,1070)=15,7 p=0,0001) e RA (F(1,1070)=4,3 p=0,03), porém o principal responsável pela

variabilidade total do sinal EMG foi o fator ajuste. O GPC mostrou maior atividade EMG

nos músculos DE (p=0,0007), TO (p=0,0002), RA (p<0,04). O fator bola não apresentou

efeito sobre os músculos na análise do parâmetro RMS (F(1,7490)=0,3 p=0,60).

4.3 Efeito nos parâmetros Coativação e Inibição

Os valores de R e C são apresentados na TABELA 4, de acordo com os pares

musculares analisados. A atividade de dois pares musculares, compostos por músculos

agonistas e antagonistas, foi analisada utilizando os parâmetros C e R no controle das

articulações cervicais e lombares. O parâmetro C sofreu efeito do ajuste (F(1,2140)=465,

p<0,0001), mostrado pela maior atividade de coativação durante o APC (p<0,0001), grupo

(F(1,2140)=14,8, p=0,0001), as crianças com PC apresentaram maior coativação (p<0,0001) e

da bola (F(1,2140)=30,9 p<0,0001), a bola pesada causou maior atividade de coativação dos

pares musculares (p<0,0001). O maior responsável pela variabilidade foi o fator ajuste

(51%), seguido pelo fator bola (3,9%) e grupo (1,9%).

Os pares musculares ES-CE e RA-LO (F(1,2140)=218,2 p<0,0001) e os grupos (GCON e

GPC) (F(1,2140)=12,1, p=0,0005) influenciaram os valores iEMG para o comando R. A

inibição foi maior par RA-LO (p<0,0001) e para GCON (p=0,001). O fator par muscular

obteve maior participação na variabilidade total do comando R (65,7%), seguido pelo fator

grupo (3,6%). Tanto o ajuste (F(1,2140)=2,1, p=0,14) quanto a bola (F(1,2140)=2,8, p=0,09) não

influenciaram o comando R, assim como o parâmetro C não sofreu efeito dos pares

musculares (F(1,2140)=1,6, p=0,20).

Page 36: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

26

TABELA 4 - Média e desvio padrão dos valores da integral da eletromiografia (iEMG) durante a co-ativação (C) e a inibição recíproca (R) para o par muscular esternocleidomatoideo-extensor cervical (ES-CE) e para o par muscular reto abdominal-extensor lombar (RA-LO) durante o ajuste postural antecipatório e compensatório, para o grupo controle (GCON) e grupo de crianças com paralisia cerebral (GPC).

iEMG (u.a.)

GPC GCON

APA APC APA APC

Leve Pesada Leve Pesada Leve Pesada Leve Pesada

C 38,0±11,1 42,8±10,7 51,9±12,9 54,0±10,8 41,0±12,6 40,1±12,5 53,4±10,5 51,5±10,7 ES-CE

R 5,3±4,2 5,8±4,9 9,3±8,9 8,0±6,6 6,6±4,4 7,3±6,2 6,7±5,4 7,7±7,1

C 19,0±9,6 44,9±20,7 58,2±18,8 56,9±17,6 47,0±23,3 44,8±21,5 52,5±17,9 56,2±18,3 RA-LO

R 18,3±9,1 10,6±10,9 13,7±10,1 12,2±10,0 10,6±11,0 11,5±9,3 10,1±10,1 12,6±9,1

Para facilitar a visualização das atividades muscular durante as condições diferentes,

adotou-se classificar esta atividade em três níveis em relação a atividade pré APA: fraca

(0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%). A FIGURA 3 mostra o número de vezes que

os três diferentes níveis de ativação muscular aparecem nos três músculos posteriores do

tronco analisados (CE, TO e LO), para os diferentes fatores. Observa-se maior participação

de forte atividade muscular com a bola leve no GPC durante o APA nos três músculos. Em

contradição, a menor atividade aparece mais vezes durante a mesma condição no GCON.

A utilização dos níveis fraco, médio e forte de ativação, nos músculos anteriores do

tronco (ES e RA), é apresentado na FIGURA 4, que mostra durante o APA, com a bola

leve, no GPC os maiores níveis de ativação nos músculos ES e RA. Houve um certo

equilíbrio entre as outras condições no músculo, e uma diferença na ativação na mesma

condição no GCON.

Page 37: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

27

FIGURA 3 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos posteriores do tronco, para valores da integral do sinal eletromiografico (iEMG).

FIGURA 4 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da

tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos anteriores do tronco, esternocleidomastoídeo e reto abdominal (ES e RA), para valores da integral do sinal EMG.

A FIGURA 5 mostra os níveis de ativação para os músculos primários do movimento

Page 38: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

28

de flexão de braço (DE e BB), através da iEMG. Há um predomínio do nível fraco de

ativação muscular para todas as condições nos dois músculos com exceção da condição

observada durante o APA, com bola leve, no GPC com maior semelhança entre os níveis

em contraste a mesma condição no GCON, onde somente níveis de ativação fracos foram

usados para controlar a perturbação, mostrando uma importante diferença entre os grupos.

As mesmas observações entre diferentes níveis de ativação foram realizadas para os

valores RMS encontrados nos diferentes músculos. Na FIGURA 6, estão representados os

três níveis de ativação para as oito diferentes condições nos músculos posteriores do tronco

(CE, TO e LO). Observa-se um importante domínio da ativação forte nos três músculos

para todas as condições exceto no APC com bola pesada no GCON.

FIGURA 5 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da

tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos primários do movimento (deltóide e bíceps braquial – DE e BB), para valores da integral da eletromiografia (iEMG).

Page 39: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

29

FIGURA 6 – Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da

tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos posteriores do tronco, para valores do RMS.

Para os músculos anteriores do corpo (ES e RA) houve uma grande participação dos

níveis fortes nas diferentes condições, de forma similar para os dois músculos. A FIGURA

7 mostra que todas as condições exceto durante o APC com a bola pesada no GCON,

obtiveram níveis médio e forte de atividade muscular a maior parte do tempo. Vale

ressaltar a diferença desta condição com a mesma no GPC.

Na FIGURA 8, as freqüências estão representadas para valor do RMS dos músculos

primários do movimento DE e BB. Há um comportamento parecido da freqüência durante

o APC no GPC, que apontam as maiores freqüências do nível forte nos dois músculos, e

algumas diferenças no GCON, com ativações fortes aparecendo com maior freqüência no

músculo BB. Nestes músculos houve maior variação da ativação muscular no GCON.

Page 40: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

30

FIGURA 7 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da

tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos anteriores do tronco, para valores da Root Mean Square (RMS).

FIGURA 8 - Utilização de três níveis de ativação muscular diferentes durante a realização da

tarefa: fraca (0-30%), média (30-70%) e forte (70-100%) para os grupos controle e paralisia cerebral (GCON e GPC) com bola leve e pesada durante o ajuste postural antecipatório (APA) e compensatório (APC) nos músculos primários do movimento, para valores da Root Mean Square (RMS).

Foi realizada a regressão linear em todos os músculos para determinar um possível

comportamento do APA e do APC em função da idade das crianças, através da média dos

valores iEMG e do CV destes valores.

A FIGURA 9 apresenta a reta da regressão linear entre as diferentes idades e os valores

Page 41: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

31

médios da iEMG para os músculos ES, CE, TO, LO e RA durante o APA no GCON.

Houve uma correlação positiva entre os fatores, R= 0,53, R2=0,28, p<0,001. Houve relação

linear durante o APC para o GCON, R= 0,31 R2= 0,14 p=0,02, APA para o GPC, R= 0,63

R2= 0,39 p<0,0001 e APC para o GPC R= 0,63 R2= 0,39 p<0,0001, onde, nas três

condições a reta se mostrou com sentido negativo. As FIGURAS 10, 11 e 12 apresentam a

reta de regressão linear entre os valores da iEMG e as idades para os músculos o APA no

GCON e o APC GCON e GPC.

.

FIGURA 9 - Valores médios e desvio padrão da integral da eletromiografia (iEMG) e a reta obtida pela regressão linear entre a média da iEMG e as idades das crianças para os músculos esternocleidomastoídeo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO) e Reto abdominal (RA) durante o ajuste postural antecipatório (APA) no grupo controle (GCON).

Page 42: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

32

FIGURA 10 - Valores médios e desvio padrão da integral da eletromiografia (iEMG) e a reta obtida pela regressão linear entre a média da iEMG e as idades das crianças para os músculos esternocleidomastoídeo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO) e Reto abdominal (RA) durante o ajuste postural compensatório (APC) no grupo controle (GCON).

Page 43: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

33

FIGURA 11 - Valores médios e desvio padrão da integral da eletromiografia (iEMG) e a reta obtida pela regressão linear entre a média da iEMG e as idades das crianças para os músculos esternocleidomastoídeo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO) e Reto abdominal (RA) durante o ajuste postural antecipatório (APA) no grupo paralisia cerebral (GPC).

FIGURA 12 - Valores médios e desvio padrão da integral da eletromiografia (iEMG) e a reta obtida pela regressão linear entre a média da iEMG e as idades das crianças para os músculos esternocleidomastoídeo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO) e Reto abdominal (RA) durante o ajuste postural compensatório (APC) no grupo paralisia cerebral (GPC).

Page 44: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

34

Nas TABELAS 5 e 6 estão as médias e o desvios padrão dos valores iEMG em cada

músculo analisado em função das diferentes idades do GCON e GPC, respectivamente.

Não foram encontradas relações lineares entre o CV e as idades durante o APA para o

GCON (R= -0,07523, p=0,60359) e no GPC (R=-0,14998, p=0,29854) e durante o APC

para o GCON (R= 0,05243, p= 0,71764) e para o GPC (R= -0,14998, p=0,29854).

As crianças com PC foram classificadas por suas habilidades funcionais através da

escala GMFCS, nos níveis I, II e III. O nível I mostra que a criança deambula sem

restrições, sendo capaz de pular e correr com alterações na velocidade, equilíbrio e

coordenação. No nível II, as crianças deambulam sem auxílio com pequenas limitações na

marcha comunitária, ou seja, com habilidade mínima para correr, pular obstáculos e outros.

A criança classificada no nível funcional III somente deambula com apoio ou de terceiros

ou com um auxiliar de marcha. A amostra de sujeitos deste estudo contou com 12 crianças

com PC – diparesia espástica, onde 6 (50%) foram classificados no nível III, 2 (16,6%)

estão no nível funcional II e 4 (33,3%) classificam-se no nível I, de acordo com a GMFCS

(TABELA 5).

TABELA 5: distribuição das crianças do grupo paralisia cerebral (GPC) entre os três níveis funcionais da Gross Motor Function Classification System (GMFCS)

Níveis Distribuição % N

I 50 6

II 16,6 2

III 33,3 4

Com o objetivo de avaliar uma possível dependência entre esses níveis e

comportamento dos ajustes posturais, realizou-se a regressão linear comparando o CV com

os níveis funcionais I, II e III.

Page 45: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

35

A média e o desvio padrão dos valores iEMG de cada músculos em função dos níveis

funcionais das crianças PC estão expostos na TABELA 6.

Após a aplicação da análise não foi encontrada relação linear para o APA (R= -0,04, p=

0,87) ou APC (R= -0,21, p= 0,46).

TABELA 6 - Médias e desvio padrão dos valores da integral do sinal eletromiografico (iEMG) encontrados nos músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatórios (APC), no grupo controle (GCON) em função das diferentes idades.

iEMG (%média)

Ajuste Idades

(anos) DE ES CE TO LO BB RA

7 6,50±0,04 20,0±0,03 17,50±0,04 17,0±0,00 17,50±0,02 19,50±0,01 24,50±0,01

8 9,00±1,41 20,00±2,83 19,50±0,71 19,00±0,00 19,50±2,12 13,50±0,71 26,50±0,71

9 7,50±0,71 21,50±0,71 21,00±2,83 18,50±0,71 18,50±0,71 15,50±0,71 24,00±1,41

10 17,00±1,41 18,50±7,78 15,50±4,95 25,50±0,71 17,50±6,36 12,50±4,95 26,00±4,24

APA

11 14,50±2,12 20,50±4,95 20,00±1,41 20,00±1,41 20,00±2,83 17,50±0,71 26,00±1,41

7 24,50±0,71 23,00±1,41 30,50±4,95 32,00±2,83 37,50±6,36 26,50±0,71 23,00±1,41

8 27,50±2,12 21,50±4,95 29,50±0,71 30,00±1,41 32,50±3,54 26,50±0,71 25,50±0,71

9 22,50±2,12 22,50±2,12 28,00±1,41 28,00±1,41 31,00±1,41 25,00±1,41 24,00±1,41

10 21,00±0,00 19,00±8,49 29,50±2,12 25,00±0,00 37,50±10,61 20,00±1,41 24,50±3,54

APC

11 24,50±2,12 21,00±5,66 28,00±1,41 29,50±0,71 32,50±0,71 25,50±0,71 25,00±0,00

Page 46: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

36

TABELA 7 - Médias e desvio padrão dos valores da integral do sinal eletromiográfico (iEMG) encontrados nos músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatórios (APC), no grupo paralisia cerebral (GPC) em função das idades.

TABELA 8 - Médias e desvio padrão dos valores da integral do sinal eletromiográfico (iEMG) encontrados nos músculos deltóide (DE), esternocleidomastoideo (ES), extensor cervical (CE), extensor torácico (TO), extensor lombar (LO), bíceps braquial (BB) e reto abdominal (RA), durante os ajustes posturais antecipatório (APA) e compensatórios (APC), em crianças com paralisia cerebral (PC) em função da classificação dos níveis funcionais.

iEMG (%MAX)

Ajuste GMFCS DE ES CE TO LO BB RA

I 14,2±11,1 21,6±11,7 21,2±6 21,7±11,5 19,8±13,8 13,4±10,1 28,8±19,4

II 16,8±10,3 19,9±8,6 22,3±6,6 24,3±10,7 23,1±13,4 17±8 24,3±9,7 APA

III 7,9±7,7 18,1±7,9 18,2±6,2 20,1±6,5 18,6±7 13,3±8,3 24,1±13,5

I 28,3±13,5 24,7±7,8 28,7±8,2 30,7±11,3 29,3±13,4 27,4±11,6 25,1±14,3

II 23,7±11,3 22,8±7,6 26,7±8 26,3±10,9 27,4±13,9 26,3±9,8 26,6±14,1 APC

III 24,7±13,1 23,3±7,2 25,9±8,8 27,6±6,4 29,6±7,9 30±13 23,7±11,4

iEMG (%max)

Ajuste Idades (anos) DE ES CE TO LO BB RA

7 17.00±4.24 22.50±0.71 22.50±0.71 24.00±2.83 22.00±2.83 18.00±4.24 26.00±0.00

8 8.50±0.71 19.50±4.95 19.00±1.41 21.00±0.00 18.00±0.00 11.50±2.12 25.00±1.41

9 11.50±2.12 23.50±0.71 21.50±0.71 24.00±0.00 24.00±2.83 17.00±1.41 29.00±0.00

10 9.50±3.54 23.50±0.71 12.00±5.66 20.00±0.00 18.00±1.41 13.50±0.71 27.00±4.24

APA

11 5.00±2.83 19.00±5.66 19.00±0.00 13.50±0.71 12.00±1.41 7.50±2.12 17.00±1.41

7 17.00±4.24 20.00±4.24 22.50±0.71 24.00±2.83 22.00±2.83 18.00±4.24 26.00±0.00

8 8.50±0.71 18.50±3.54 19.00±1.41 21.00±0.00 18.00±0.00 11.50±2.12 25.00±1.41

9 11.50±2.12 19.50±4.95 21.50±0.71 24.00±0.00 24.00±2.83 17.00±1.41 29.00±0.00

10 9.50±3.54 22.50±0.71 12.00±5.66 20.00±0.00 18.00±1.41 13.50±0.71 27.00±4.24

APC

11 5.00±2.83 15.00±0.71 19.00±0.00 13.50±0.71 12.00±1.41 7.50±2.12 17.00±1.41

Page 47: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

37

5 DISCUSSÃO

Neste estudo, os grupos realizaram o movimento bilateral de flexão de ombro para

agarrar uma bola lançada a uma distância de 1 m, na postura sentada sem apoio posterior

(dorso) e inferior (pés). Este movimento desloca os membros superiores para frente

causando o movimento do tronco para frente e, portanto, devendo ser compensado, pelo

sistema de controle postural, através do deslocamento do COM para trás. Para esta tarefa

todos os sujeitos optaram pela estratégia de correção, ou seja pelo APC, para a manutenção

da estabilidade.

5.1 Efeito do ajuste postural

O efeito dos ajustes nos parâmetros EMG deste estudo mostraram que apesar da

produção do APA durante o movimento, os valores da iEMG e do RMS durante o APC

foram maiores. Este comportamento pode ser explicado pela influência da estabilidade da

postura sentada na escolha das estratégias posturais (BROGREN et al., 1998). VAN DER

HIDE et al. (2003) não observaram APA em crianças de dois a onze anos em movimentos

de alcance realizados na postura sentada, justificado pela estabilidade postural. Ao

comparar o deslocamento do COM durante perturbações causadas por forças externas e

aquelas produzidas durante movimentos auto gerados, esses autores relataram um

deslocamento maior durante a primeira tarefa, levando a um aumento da atividade

muscular durante o APA. Neste estudo não foi possível conhecer a magnitude da

perturbação causada pelo movimento primário, pois o deslocamento do COM ou

deslocamento do tronco não foram mensurados; como variável meta da tarefa obtivemos o

Page 48: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

38

deslocamento do ombro, pelo qual obtivemos o início do movimento e a possibilidade da

análise do APA e APC.

Os ajustes posturais encontrados no movimento de flexão de ombro durante a postura

bípede também sofreram a influência da estabilidade (SHIRATOTI & LATASH, 2000;

SLIPJER & LATASH, 2004), porém em condições controversas. SHIRATOTI &

LATASH (2000) observaram o decréscimo do APA quando movimentos dos membros

superiores são realizados em sujeitos usando patins. Já SLIPJER & LATASH (2004)

também observaram o decréscimo da magnitude do APA quando foi permitido ao sujeito

apoiar-se com um leve toque em uma superfície localizado a sua frente. As duas situações

fortalecem a dependência da magnitude do APA em relação à estabilidade postural

corrente.

As mudanças na ativação de agonista/antagonista do tronco e dos membros inferiores

durante o APA foram observadas durante movimento de flexão e extensão dos ombros

realizado em diferentes ângulos de inclinação do tronco (ARUIN, 2003). A instabilidade

causada pela postura inicial (inclinação do tronco) também influenciou o comportamento

dos ajustes posturais.

A magnitude da atividade EMG no APA depende da estabilidade da postura durante a

tarefa motora. Os resultados deste estudo sugerem que a maior atividade encontrada

durante o APC tem ligação com a estabilidade encontrada na postura sentada.

5.2 Efeito do fator bola

O efeito de massas diferentes (0,18kg e 1 kg) foi observado somente para o iEMG. A

ANOVA apontou o aumento do iEMG com o aumento da massa da bola, porém a

participação deste fator na variabilidade total parâmetro foi de 1%. Alguns estudos

mostraram a influência de cargas adicionais no comportamento dos ajustes posturais

Page 49: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

39

(VERNAZZA-MARTIN et al, 1999; HADDERS-ALGRA et al, 1999; BOUISSET et al,

2000; WITHERINGTON et al, 2002; VAN DER HEIDE et al, 2004). Durante o

desenvolvimento do APA em crianças saudáveis de 10 a 17 meses, WITHERINGTON et

al, (2002) observaram a relativa falta de sensibilidade destas crianças em modular os ajuste

posturais de acordo com as variações tarefa motora primária. Crianças com 15 meses

foram exceções, intensificando o APA em função do aumento da carga. BOUISSET et al,

(2000) mostraram aumento da amplitude EMG durante a adição de carga somente quando

esta carga foi empregada em conjunto ao aumento na velocidade do movimento. No estudo

de VERNAZZA-MARTIN et al, (1999) para a produção de alterações no APA, foi

necessário interagir o aumento da carga com o aumento da instabilidade na tarefa. A

necessidade de interações entre dois fatores para produzir mudança no parâmetro analisado

sugere a pouca responsabilidade e a falta de efeito no RMS encontrado neste estudo.

Em crianças saudáveis, HADDERS-ALGRA et al, (1999) observaram que uma carga

adicionada no punho, quando realizavam o movimento de alcance, promoveu o aumento da

atividade EMG. Porém, na PC a alteração nos ajustes posturais após adição de carga

somente ocorreu na interação com o aumento da velocidade do movimento. Os autores

justificam essa diferença pelo possível déficit sensorial encontrado na PC e com

dificuldade em perceber diferenças nas informações sensoriais. Já VAN DER HEIDE et al,

(2004) observaram aumento na amplitude EMG, porém sem alterações na organização

temporal (latência) dos ajustes posturais na PC.

Os resultados deste estudo mostraram que a perturbação causada pelo movimento

primário, mesmo com adição de diferentes cargas, não foi suficiente para produzir a

escolha da estratégia pró-ativa, ou seja o APA, como meio de manter a estabilidade. Isto

poderia sugerir duas causas: a estabilidade postural inicial (postura sentada) ou uma

perturbação pequena no controle postural.

Page 50: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

40

5.3 O efeito do fator grupo

Os valores iEMG e RMS sofreram o efeito do fator grupo. A maior ativação muscular

durante os ajustes posturais ocorreu no GPC. Segundo VAN DER FITS & HADDERS-

ALGRA, (1998), os ajustes posturais são controlados por parâmetros espaciais (direção-

específica), temporais (latências de ativação muscular) e quantitativas (amplitude EMG).

As características espaciais foram encontradas em lactentes saudáveis de quatro meses de

vida, sugerindo sua natureza básica para a construção do controle postural. Crianças com

diparesia espástica leve e moderada não apresentaram diferenças das crianças com o

desenvolvimento normal em relação à escolha da direção-específica de ativação muscular,

apenas na PC grave houve alterações (BROGREN et al, 1998; BROGREN et al, 2001). As

características temporais e quantitativas envolvem o ajuste fino resultante da tarefa motora

específica. Para os autores, o maior problema encontrado em indivíduos com lesão do SNC

é o ajuste fino desses parâmetros. HADDERS-ALGRA et al, (1996) observaram o efeito

do treinamento na modulação das amplitudes do EMG frente perturbações, com respeito a

modificações na velocidade e posição inicial. Os autores sugerem a implicação desta

informação no tratamento da PC (HADDERS-ALGRA et al, 1996).

Perturbações auto-geradas na PC mostraram a presença das características espaciais

nesses indivíduos, porém, em comparação, estes padrões aparecem com cerca de quatro

meses de atraso na idade cronológica e com uma grande variabilidade. Crianças que não

apresentam a ativação muscular dentro dos padrões espaciais são aquelas com quadros

motores gravíssimos e com sérias inabilidades funcionais. Apesar das poucas diferenças

espaciais, as crianças com PC têm dificuldades em modular as características temporais e

quantitativas frente a alterações na tarefa (VAN DER HEIDE et al, 2004).

Page 51: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

41

Uma das diferenças encontradas na ativação de músculos posturais entre os grupos

deste estudo pôde ser observada na redução do RA no GPC com a bola pesada. A

característica da tarefa motora exige que músculos posteriores estejam mais ativos em

comparação aos anteriores. O GCON foi capaz de modular a intensidade da ativação do

RA para as bolas de massas diferentes, enquanto o GPC optou em manter sua atividade

mesmo com a bola leve.

A TABELA 1 mostra uma redução da atividade no músculo CE durante o alcance da

bola pesada em crianças com PC. HADDERS-ALGRA et al, (1999) encontraram esta

diminuição de atividade em crianças com PC, argumentando que ela deva acontecer em

decorrência de um padrão de ativação tônico extensor alto, necessitando diminuir para o

sucesso do controle da postura. Esse tipo de ativação foi raramente visto em crianças

saudáveis. Crianças com paralisia cerebral geralmente apresentam diferentes graus de

hiperextensão da coluna cervical e do tronco, que variam com a disfunção e a lesão

encefálica.

Em síntese, a maior atividade EMG encontrada no GPC sugere a dificuldade em

modular as características quantitativas do controle postural, em comparação a crianças

com desenvolvimento normal.

5.4 Níveis de ativação muscular

O aparecimento de três níveis de ativação muscular (fraco, médio e forte) mostrou

semelhanças entre os sete músculos estudados e diferenças entre as condições avaliadas.

Para os valores iEMG a grande diferença ocorreu entre os grupos, durante APA com a bola

leve. O GPC apresentou com maior freqüência a ativação média e forte em comparação ao

GCON.

Page 52: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

42

Os níveis de ativação muscular para o RMS também mostram similaridade entre os

músculos. Contudo, uma diferença entre grupos deve ser ressaltada. Para todos os

músculos analisados visivelmente, durante o APC com a bola pesada, o GPC apresentou

alta freqüência no nível forte de ativação muscular contrastando com o GCON.

Em ambos os casos, houve maior ativação muscular no GPC sugerindo, além do déficit

na capacidade da modulação dos parâmetros temporais e quantitativos, a preferência por

manter níveis fortes de ativação muscular evitando riscos. HADDERS-ALGRA et al,

(1999) sugerem a existência de um repertório limitado de possibilidades motoras, devido

lesão no encéfalo imaturo, como também um déficit na integração sensorial. BROGREN et

al, (2001) observaram maiores amplitudes EMG na PC em comparação a crianças

saudáveis durante o controle da estabilidade contra perturbações externamente geradas.

5.5 Parâmetros Coativação e Inibição

Uma outra forma de avaliar o comportamento muscular durante os ajustes posturais é

analisar os sinais EMG de pares musculares que atravessam diferentes articulações.

Através dos parâmetros C e R, músculos agonista e antagonista de um movimento para

uma determinada articulação são analisados, a partir da sua atividade simultânea

(coativação) ou intermitente (inibição recíproca). Os parâmetros C e R dos pares

musculares ES-CE e RA-LO foram avaliados através do iEMG. Após análise, observou-se

o efeito do grupo, ajuste e bola sobre C. O GPC apresentou maior co-ativação (BROGREN

et al, 1998; WOOLLACOTT et al, 1998; HADDERS-ALGRA et al, 1999; DAN et al,

2000, WOOLACOTT, 2002; LEVIN, et al. 2002). Excesso de coativação pode ser

explicado pela falta de modulação de centros supraespinais nos neurônios motores alfa e

gama prejudicando o controle das características da ativação muscular. Lesões no SNC

Page 53: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

43

como nas crianças com PC levam ao aumento do tônus, diminuição do limiar do reflexo de

estiramento, fraqueza muscular e, por consequência, déficits no controle do movimento e

da postura. Além disso, a co-ativação é observada em crianças saudáveis com menos de

quatro anos, sugerindo a imaturidade do SNC (BROGREN et al, 1998; VAN DER FITS &

HADDERS-ALGRA, 1998).

Na bola pesada, o APC obteve maior nível de co-ativação dos pares musculares.

Cargas adicionais exigem maior atividade EMG dos músculos relacionados ao movimento

primário mas também aos músculos relacionados com a tarefa de controle postural. Neste

estudo, como APC foi o ajuste mais utilizado, é compreensível que a atividade EMG neste

período seja maior para sustentar maiores cargas.

O comando R foi diferente entre os pares musculares e ajuste. O par RA-LO mostrou

maior R em comparação ao par ES-CE. Além disso, o R foi maior no APA.

O par muscular inferior agindo no R pode ser explicada pela natureza bottom-up do

sentido de ativação muscular. Estudos mostram que crianças saudáveis utilizam uma

seqüência de ativação muscular de baixo para cima ou caudo-cranial. Porém, VAN DER

HEIDE et al, (2004) observaram o sentido inverso de ativação muscular em crianças de

dois a 11 anos com PC. A produção do APA depende de complexas modificações nos

parâmetros R e C, controladas por centro superiores do SNC, que na PC, apresenta-se

lesado (SLIPJER & LATASH, 2004).

ARUIN & ALMEIDA (1997) observaram que sujeitos com síndrome de Down

utilizavam mais a co-ativação em comparação a inibição recíproca. Logo, sugere-se que o

SNC desses sujeitos optou por utilizar uma estratégia mais conservadora, com a

diminuição da flexibilidade articular e conseqüentemente dos movimentos. Acreditamos

que a presença da maior co-ativação em crianças com PC, entre outras explicações, deva-

se também aos termos desta hipótese.

Page 54: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

44

5.6 Relação entre a idade e os ajustes posturais

A relação foi linear entre a atividade EMG e a idade das crianças em ambos os grupos,

ou seja mudanças em uma variável (idade) produziram modificações em outra variável

(ajustes) (MERCER & SAHRMANN, 1997; GRASSO et al, 1998; HAY & REDON,

1999; VAN DER FITS & HADDERS-ALGRA, 1998; WOOLLACOTT et al, 1998;

WITHERINGTON et al, 2002). Porém, a relação foi negativa no GPC, no APA e no APC.

HADDERS-ALGRA et al, (1999) observaram que a qualidade do movimento voluntário

em crianças saudáveis melhorou com a idade. Com o aparecimento da habilidade de andar

e se sentar, o controle da cabeça e do tronco melhoram consideravelmente. Já nas crianças

com PC, a melhora da eficiência dos ajustes posturais não tem relação com o aparecimento

de novas habilidades.

Em relação ao APA, WITHERINGTON et al, (2002) apontaram o aumento da

utilização do APA com o aumento da idade das crianças. Os autores relacionam esta

mudança com o período de aquisição da habilidade da marcha. VAN DER FITS et al,

(1999) observaram que o desenvolvimento do APA em crianças de seis a 18 meses esteve

relacionado com a aquisição da postura bípede e marcha independente por volta, tarefas

que requerem organização complexa e adequada do controle postural.

MERCER & SAHRMANN (1997) observaram diferenças nos parâmetros temporais

entre crianças, adultos e idosos. Crianças e idosos mostraram maiores latências nas

ativações musculares em comparação aos adultos jovens. Eles sugerem que a inexperiência

de crianças, em comparação aos adultos, promoveu as diferenças nas séries temporais.

Estes estudos sugerem que as diferenças no desenvolvimento motor de crianças

saudáveis daquelas com PC, estão baseadas em experiência e aprendizado. Na PC, a lesão

Page 55: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

45

do SNC prejudica o desenvolvimento motor, retardando a aquisição de novas habilidades e

experiências, sugerindo as diferenças encontradas entre os grupos neste estudo.

5.7 Relação entre os níveis funcionais e os ajustes posturais.

Neste estudo houve diferenças entre os grupos, porém não ficaram evidentes diferenças

entre as crianças do GPC pois a análise de regressão linear feita com os níveis funcionais

em função da magnitude dos ajustes não obteve relação entre os fatores.

VAN DER HEIDE et al, (2004) correlacionaram os níveis funcionais com a capacidade

de modulação dos sinais EMG durante os ajustes posturais. Eles mostraram que quanto

mais comprometido funcionalmente, menor a capacidade de adaptar os ajustes posturais a

mudanças na tarefa. Estudos (HADDERS-ALGRA et al, 1999; BROGREN et al, 2001)

mostraram que quanto maiores as dificuldades funcionais e o comprometimento motor,

mais difícil a capacidade de organizar os parâmetros espaciais, temporais e quantitativos

dos ajustes posturais.

A falta de relação entre os níveis funcionais e os ajustes posturais visto neste estudo,

pode estar relacionadas às semelhanças existentes entre nossos sujeitos. A capacidade de

permanecerem sentados e agarrarem uma bola, exigiu a escolha de crianças com diparesia

espástica leve. A escala GMFCS para níveis funcionais, descreve nos três primeiros níveis,

diferenças relacionadas principalmente a postura bípede e locomoção. Dificuldades no

controle postural são mais visíveis em pacientes graves, porém as maiores dúvidas estão

nas diferenças entre os sujeitos normais e aqueles com grau leve e moderado de

disfunções.

Page 56: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

46

6 CONCLUSÃO

Os resultados discutidos no capítulo anterior remetem aos objetivos deste estudo,

anteriormente descritos, permitindo as seguintes conclusões:

1- As crianças optaram pela estratégia baseada em correções (APC) para se

estabilizarem frente uma perturbação auto-gerada;

2- Houve aumento da atividade EMG durante a tarefa motora realizada com a bola

pesada;

3- Crianças com PC apresentaram maiores amplitudes dos sinais EMG em

comparação a crianças saudáveis;

4- A co-ativação teve maior presença no grupo de crianças com PC.

Portanto os procedimentos utilizados neste estudo foram capazes de responderem as

dúvidas implícitas nos objetivos específicos descritos.

Page 57: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

47

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AL-TURAKI M H S, Seating Orthotics for Young Cerebral Palsy Patients: a report on

pratice in Saudi Arabia, Disability and Rehabilitation, 18: 335-340, 1996.

ARAUJO R C, Utilização da Eletromiografia em Análise Biomecânica do Movimento

Humano. Tese (Doutorado) - – Escola de Educação Física e Esporte da

Universidade de São Paulo (EEFEUSP), São Paulo, 1998.

ARUIN A S, ALMEIDA G L, A Coativation Strategy in Anticipatory Postural Adjustment

in Persons with Down Syndrome, Motor Control, 1:178-191, 1997.

ARUIN A S, MAYKA M, SHIRATORI T. “Could a motor action that no direct relation to

expected perturbation be associated with anticipatory postural adjustments in humans?”

Neuroscie Lett. 341: 21-24, 2001.

ARUIN A S, SHIRATORI T, LATASH M L, The role of action in postural preparation

for loading and unloading in standing subjects, Exp Brain Res 138:458–466, 2001.

ARUIN A S, The Effect of Changes in the Body Configuration on Anticipatory Postural

Adjustments. Motor Control, 7: 264-277, 2003.

ASSAIANTE C, WOOLLACOTT M, AMBLARD B, Development of Postural

Adjustment During Gait Initiation: Kinematic and EMG Analysis, Journal of Motor

Behavior, 32: 211-226, 2000.

BARELA J A, POLASTRI P F, GODOI D, Controle Postural em Crianças: Oscilação

Corporal e Freqüência de Oscilação, Rev Paul Educ Fís,14: 55-64, 2000.

BARELA J A, Estratégias de controle em movimentos complexos: ciclo percepção-ação no

controle postural, Rev Paul Educ Fís supl. 3: 79-88, 2000.

BOUISSET S, RICHARDSON J, ZATTARA M, Do Anticipatory postural adjustment

occurring in different segments of the postural chain follow the same organisational

Page 58: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

48

rule for different task movement velocities, independently of the inertial load value?,

Exp Brain Res 132:79-86, 2000.

BROGREN E, HADDERS-ALGRA M, FORSSBERG H, Postural Control in Children

with Spastic Diplegia: Muscle Activity During Perturbations in Sitting, Developmental

Medicine and Child Neurology, 38, 1996.

BROGREN E, HADDERS-ALGRA M, FORSSBERG H, Postural Control in Sitting

Children with Cerebral Palsy, Neuroscience and Biobehavioral Reviews, 22, 1998.

BROGREN E, FORSSBERG H, HADDERS-ALGRA M, Influence of Two Different

Sitting Positions on Postural Adjustments in Children with Spastic Diplegia,

Developmental Medicine and Child Neurology, 43: 534-546, 2001.

CHEN C L, WU C Y, WONG A M K, CHENG P T, HONG W H, CHEN H S, Correlation

of Polyelectromyographic Patterns and Clinical Motor Manifestations in Children with

Cerebral Palsy, Am. J. Phys. Med. Rehabil, 82, 2003.

DAN B, BOUILLOT E, BENGOETXEA A, NOEL P, KANH A, CHERON G, Head

stability during whole body movements in spastic diplegia, Brain & Development, 22,

2000.

DIENER H C, HORAK F B, NASHNER L M, Influence of Stimulus Parameters on

Human Postural Responses, Journal of Neurophysiology, 59, 1988.

FELDMAN AG, MINDY F. LEVIN A C, MITNITSKI A M , ARCHAMBAULT

P, 1998 ISEK Congress Keynote Lecture: Multi-muscle control in human movements,

Journal of Electromyography and Kinesiology 8: 383–390, 1998.

GIANNI M A C, Paralisia Cerebral - Aspectos Clínicos. In: MOURA E W, SILVA P A C;

Aspectos Clínicos e Práticos da Reabilitação, Artes medicas, p.13-25, 2005

GHEZ C, KRAKAUER J, A Organização do Movimento In: KANDEL E R; SCHWARTS

J H; JESSELL T M; Princípios da Neurociências, 4º ed. Copyrigth, 2003.

Page 59: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

49

GRASSO R, ASSAIANTE C; PRÉVOST P; BERTHOZ A Development of Anticipatory

Orienting Strategies During Locomotor Tasks in Children. Neuroscience and

Biobehavioral Reviews,22 : 533-539, 1998.

HADDERS-ALGRA M, VAN DER FITS IBM, STREMMELAAR EF, TOUWEN BCL,

“Development of postural adjustments during reaching in infants with CP”,

Developmental medicine & Child Neurology.41:766-776, 1999.

HADDERS–ALGRA M; BROGREN E, FORSSBERG H, Development of Posture

Control–Differences between Ventral and Dorsal Muscles? Neuroscience and

Biobchavioral Reviews, 22: 501-506, 1998.

HADDERS–ALGRA M, BROGREN E, FORSSBERG H, Ontogeny of Postural

Adjustments During Sitting in Infancy: Variation, Selection and Modulation, Journal

of Physiology, 493: 273-288, 1996.

HAY L, REDON C, Feedforward versus Feedback Control in Children and Adults

subjected to a postural disturbance, Exp Brain Res, 125: 153-162, 1999.

HIRSCHFELD H, FORSSBERG H, Epigenetic development of postural responses for

sitting during infancy, Experimental Brain Research, 97, 1994.

HORAK F B, NASHNER L M, Central Programming of Postural Movements: Adaptation

to Altered Support-Surface Configurations. Journal of Neurophysiology, 55: 1369-

1382, 1986.

HORAK F B; SHUPERT C; Função do sistema vestibular no controle postural. In:

HERDMAN, S. J.; Reabilitação Vestibular, 1º ed. São Paulo, Manole, 2002.

HORAK, F B, DIENER, H C, NASHNER, L M, Influence of Central Set on Human

Postural Responses. Journal of Neurophysiology, 841-853, 1989.

HORAK, F B, HENRY, S M, SHUMWAY-COOK, A; Postural Perturbations: New

Insights for Treatment of Balance Disordes, Physical Therapy, 77, 1997.

Page 60: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

50

HORAK, F B, NASHNER, L M, DIENER, H C, Postural Strategies Associated with

Somatosensory and Vestibular Loss. Exp Brain Res, 82: 167-177, 1990.

HORSTMANN G A; DIETZ V. A basic posture control mechanism:the stabilization of the

centre of gravity, Electroencephalography and clinical neurophysiology, 1990.

HUXHAM F E, GOLDIE P A, PATLA A E, Theoretical Considerations in Balance

Assessment, Australian Journal of Physiotherapy, 47: 89-100, 2001.

JONES G M; Posture. In: KANDEL E R; SCHWARTS J H; JESSELL T M; Principles of

Neural Science, 4º ed. Copyrigth, 2003.

KENDALL F P, McCREARY E K, PROVANCE P G, Músculos: Provas e Funções, 4º

ed. Manole, 1985.

LEVIN M F, CIRSTEA C M, ARCHAMBAULT P, SON F, ROBY-BRAMI A,

Impairment and compensation of reaching in patients with stroke and cerebral palsy.

In: LATASH, M L; Progress in Motor Control, Copyhigth, p. 103-122, 2002.

LIAO S F, YANG T F, HSU T C, CHAN R C, WEI T S, Differences in Seated Postural

Control in Children with Spastic Cerebral Palsy and Children Who Are Typicall

Developing, AM. J. Phys. Med. Rehabil, 82: 622-626, 2003.

MALOUIN F, RICHARDS C, Preparatory adjustment during Gait initation in 4-6 year-old

children, Gait and Posture, 11:239-253, 2000.

MASSION J, Postural Control system in developmental perspective, Neuroscience and

Biobehavioral Reviews, 1998.

MERCER, V S & SAHRMANN S A Age Group Differences in Postural Adjustments

Associated with a Stepping Task,. Journal of Motor Behavior, 29: 243, 1997.

MEWASINGH LD, DEMIL A, CHRISTIAENS FJC, MISSA AM, CHERON G, DAN B.

Motor strategies in standing up in leukomalacic spastic diplegia, Brain &

Development, 24: 291-295, 2002.

Page 61: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

51

MILLE M L, MOUCHNINO L, Are Human Antecipatory Postural Adjustments Affected

by a Modification of the initial position of the center of gravity, Neuroscience Letters,

242: 61-64, 1998.

MOCHIZUKI L, Análise Biomecânica da Postura Humana: Estudos sobre o Controle do

Equilíbrio. Tese (Doutorado) – Escola de Educação Física e Esporte da

Universidade de São Paulo (EEFEUSP), São Paulo, 2001.

PALISANO R, ROSENBAUM P, WALTER S, RUSSELL D, WOOD E, GALUPPI B,

Development and Reliability of a System to Classify Gross Motor Function in Children

with Cerebral Palsy, Developmental medicine & Child Neurology, 39:214-223,

1997.

PATLA, A E, ISHAC M G, WINTER D A, Antecipatory control of Center of Mass and

Joint Stability during Voluntary arm movement from a standing posture: interplay

between active and passive control, Exp Brain Res 143:318-327, 2002.

PEARSON K, GORDON J, Os Reflexos Espinais, In: KANDEL E R; SCHWARTS J H;

JESSELL T M; Princípios da Neurociências, 4º ed. Copyrigth, 2003.

PISANO, F.; MISCIO, G.; COLOMBO, R.; PINELLI, P.; Quantitative evaluation of

normal muscle tone. Journal of the neurological Sciences, 1996.

POZZO T, OUAMER M, GENTIL C, Simulation Mechanical Consequences of Voluntary

Movement Upon Whole-Body Equilibrium: the Arm Raising Paradigm Revisited, Biol.

Cyber, 85: 39-49, 2001.

RIEMANN B L, LEPHART S M , The Sensorimotor System, Part I: The Physiologic

Basis of Functional Joint Stability, Journal of Athletic Training 37:71–79, 2001.

RONCESVALLES M N C; WOOLLACOTT M H; BROW N; JENSEN J L; An emerging

postural response: is control of the hip possible in the newly walking child, Journal of

Motor Behavior, 2004

Page 62: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

52

ROSE J, WOLFF DR, JONES VK, BLOCH DA, OEHLERT JW, GAMBLE JG, Postural

balance in children with cerebral palsy, Developmental medicine & Child Neurology,

44: 58-63, 2002.

SHIRATORI T, LATASH M L, The Roles of Proximal and Distal Muscle in Anticipatory

Postural Adjustment under Assymetrical Perturbations and during Standing on

Rollerskates, Clin. Neurophysiol, 111: 613-623, 2000.

SHUMWAY-COOK A, HUTCHINSON S, KARTIN D, PRICE R, WOOLLACOTT M,

Effect of balance training on recovery of stability in children with cerebral palsy,

Developmental medicine & Child Neurology. 45: 592-602, 2003.

SHUMWAY-COOK A; WOOLLACOTT M H; Controle postural. In: SHUMWAY-

COOK A; WOOLLACOTT M H, Controle Motor: teoria e aplicações práticas, 2º

ed. São Paulo, Manole, 2003.

SLIPJER H, LATASH M L, The Effects of Muscle Vibration on Antecipatory Postural

Adjustments, Brain Research, 1015:57-72, 2004.

TOUSSAINT HM, MICHIES YM, COMMISSARIS DACM, VAN DIEEN JH. Scaling

anticipatory postural adjustments dependent on confidence of load estimation in a bi-

manual whole-body lifting task, Exp Brain Res 120: 85-94, 1998.

VAN DER FITS I B M, HADDERS-ALGRA M, The Development of Postural Response

Patterns During Reaching in Healthy Infants, Neuroscience and Biobehavioral

Reviews, 22: 521-526, 1998.

VAN DER FITS I B M, OTTEN E, KLIP A W J, VAN EYKERN L A, HADDERS-

ALGRA M, The Development of postural adjustment during reaching in 6- to 18 –

month-old infants, Exp Brain Res, 126:517-528, 1999.

Page 63: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

53

VAN DER HEIDE J C, FOCK J M, OTTEN B, STREMMELAAR E, VAN EYKERN L

A, HADDERS-ALGRA, M, Postural control during reaching in preterm children with

cerebral palsy, Developmental medicine & Child Neurology, 46:253-266, 2004.

VAN DER HEIDE J C, OTTEN B, VAN EYKERN L A, HAADERS-ALGRA M,

Development of Postural Adjustments During Reaching in Sitting Children, Exp Brain

Res, 151, 2003.

VERNAZZA-MARTIN S, MARTIN N, CINCERA M, PEDOTTI A, MASSION J. Arm

raising in humans under loaded vs. Unloaded and bipedal vs. Unipedal conditions,

Brain Res 846: 12-22, 1999.

WITHERINGTON DC, HOFSTEN CV, ROSANDER K, ROBINETTE A,

WOOLLACOTT M H, BERTENTHAL BI. The Development of Anticipatory Postural

Adjustments in Infancy, Infancy. 3 (4), 495-517, 2002.

WOOLLACOTT M H, BURTNER P, JENSEN J, JASIEWICZ J, RONCESVALLES N,

SVEISTRUP H. Development of Postural Responses During Standing in Healthy

Children and Children with Spastic Diplegia, Neuroscience and Biobehavioral

Reviews, 22: 583-589, 1998.

WOOLLACOTT M H, Development of balance control in Typically Developing children

and children with Cerebral Palsy. In: LATASH, M L; Progress in Motor Control,

Copyhigth, p. 83-101, 2002.

Page 64: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

54

8 ANEXO

8.1 Rotina Matlab 6.5

function super_apa % this mfile run apa analysis % luis mochizuki Mar012005 freq=1000; [filenames, pathname] = uigetfiles(’*.dat’, ’Selecione o arquivo’); ngonio=input(’ Entre com o numero de eletrogoniometros: ’ ); nemgs=input(’ Entre com o numero de canais de emg: ’ ); disp(’ ’),disp(’ Openning files...’) nfile=length(filenames); RMS_apa1=[]; RMS_apc1=[]; RMS_pre1=[]; iEMG_apa1=[]; iEMG_apc1=[]; iEMG_pre1=[]; for j=1:nfile file=char(filenames(j)); %planilha %dados=load(file); %[L,C]=size(dados); %gonio=dados(:,3+nemgs:3+nemgs+2*ngonio); %emg=dados(:,2:2+nemgs); [a1 a2 a3 a4 a5 a6 a7 a8 a9 a10 a11 a12]=textread(file,’%f %f %f %f %f %f %f %f %f %f %f %f’); emg = [a2 a3 a4 a5 a6 a7 a8]; gonio= [a9 a10]; if findstr(file,’.’) file=lower(file(1: findstr(file,’.’)-1)); files=lower(file); end %tratando os dados [b2,a2]=butter(4,2/500); gonio1=filtfilt(b2,a2,gonio); gonio2=diff(gonio1,2); tempo=1:length(gonio1); subplot(2,1,1) plot(gonio1(:,1),’r’); subplot(2,1,2) plot(gonio2(:,1),’k-’); [X1,Y1]=ginput; clf for i=1:length(X1) subplot(2,1,1) plot(gonio1(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,1)); subplot(2,1,2) plot(gonio2(round(X1(i))-1000:round(X1(i))+1000,1)); [X,Y]=ginput(1); %criando o arquivo cortado emg_new=emg(round(X(1))+round(X1(i))-1500:round(X(1))+round(X1(i))-500,:); gonio_new=gonio(round(X(1))+round(X1(i))-1500:round(X(1))+round(X1(i))-500,:); tudo(:,1:7)=emg_new; tudo(:,8:9)=gonio_new; %filtrando o arquivo cortado [b,a]=butter(2,300/500); emg_new=filtfilt(b,a,emg_new); emg_new=abs(detrend(emg_new,’constant’)); [b,a]=butter(2,2/500); gonio_new=filtfilt(b,a,gonio_new); %normalizando o sinal medio=mean(emg_new,1); for m=1:7 emg_new(:,m)=emg_new(:,m)/medio(1,m); end

Page 65: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

55

apa(:,1:7)=emg_new(300:550,:); apa(:,8:9)=gonio_new(300:550,:); apc(:,1:7)=emg_new(550:800,:); apc(:,8:9)=gonio_new(550:800,:); pre(:,1:7)=emg_new(250:500,:); pre1(:,1:7,i)=emg_new(250:500,:); apa1(:,1:7,i)=emg_new(300:550,:); apc1(:,1:7,i)=emg_new(550:800,:); for k=1:7 RMS_pre(i,k)=sqrt(mean(pre(:,k).^2)); RMS_apa(i,k)=sqrt(mean(apa(:,k).^2)); RMS_apc(i,k)=sqrt(mean(apc(:,k).^2)); iEMG_pre(i,k)=trapz(pre(:,k))*0.001; iEMG_apa(i,k)=trapz(apa(:,k))*0.001; iEMG_apc(i,k)=trapz(apc(:,k))*0.001; RMS_apa(i,k+7)=RMS_apa(i,k)-RMS_pre(i,k); RMS_apc(i,k+7)=RMS_apc(i,k)-RMS_pre(i,k); iEMG_apa(i,k+7)=iEMG_apa(i,k)-iEMG_pre(i,k); iEMG_apc(i,k+7)=iEMG_apc(i,k)-iEMG_pre(i,k); RMS_pre(i,k+7)=0; iEMG_pre(i,k+7)=0; end %identificando a tentativa RMS_pre(i,15)=i; RMS_apa(i,15)=i; RMS_apc(i,15)=i; iEMG_pre(i,15)=i; iEMG_apa(i,15)=i; iEMG_apc(i,15)=i; %identificando o sujeito RMS_pre(i,16)=j; RMS_apa(i,16)=j; RMS_apc(i,16)=j; iEMG_pre(i,16)=j; iEMG_apa(i,16)=j; iEMG_apc(i,16)=j; RMSpre=RMS_pre(i,:); RMSapa=RMS_apa(i,:); RMSapc=RMS_apc(i,:); iEMGpre=iEMG_pre(i,:); iEMGapa=iEMG_apa(i,:); iEMGapc=iEMG_apc(i,:); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname,’cortado\’); pathname3=[char(pathname),’\cortado\’]; [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname3,’apa\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname3,’apc\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname3,’pre\’); pathname4=[char(pathname3),’\apa\’,]; [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname4,’RMS\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname4,’iEMG\’); pathname4=[char(pathname3),’\apc\’,]; [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname4,’RMS\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname4,’iEMG\’); pathname4=[char(pathname3),’\pre\’,]; [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname4,’RMS\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname4,’iEMG\’); file=[pathname,’cortado\apa\’,char(files),num2str(i),’.apa’]; save(file,’apa’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apa\RMS\’,char(files),num2str(i),’apa.rms’]; save(file,’RMSapa’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apa\iEMG\’,char(files),num2str(i),’apa.iemg’]; save(file,’iEMGapa’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apc\’,char(files),num2str(i),’.apc’]; save(file,’apc’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apc\RMS\’,char(files),num2str(i),’apc.rms’]; save(file,’RMSapc’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apc\iEMG\’,char(files),num2str(i),’apc.iemg’]; save(file,’iEMGapc’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\pre\iEMG\’,char(files),num2str(i),’pre.iemg’]; save(file,’iEMGpre’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\pre\RMS\’,char(files),num2str(i),’pre.rms’]; save(file,’RMSpre’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\pre\’,char(files),num2str(i),’.pre’]; save(file,’pre’,’-ascii’); clear RMSapa RMSapc RMSpre iEMGapa iEMGapc iEMGpre apa apc pre emg_new gonio_new end for i=1:length(X1) %PCA & ICA %transpondo as matrizes pre=pre1(:,:,i); apa=apa1(:,:,i); apc=apc1(:,:,i); emg2(:,:,1)=pre’; emg2(:,:,2)=apa(:,1:7)’; emg2(:,:,3)=apc(:,1:7)’; for h=1:3 switch h case 1 ajuste=[’pre’]; case 2 ajuste=[’apa’]; case 3 ajuste=[’apc’]; end [pn,meanp,stdp] = prestd(emg2(:,:,h)); [ptrans,transMat] = prepca(pn,0.02); pathname1=[char(pathname3),’\’,char(ajuste),’\’]; [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname1,’\pca\’);

Page 66: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

56

pathname2=[char(pathname3),’\’,char(ajuste),’\pca\’,]; [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname2,’trans\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname2,’PC\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname2,’LAT\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname2,’EXP\’); file_1=[pathname3,’\’,char(ajuste),’\pca\trans\’,char(files),char(ajuste),’PCptrans.pca’]; save(file_1,’ptrans’,’-ascii’); file_2=[pathname3,’\’,char(ajuste),’\pca\trans\’,char(files),char(ajuste),’PCtransmat.pca’]; save(file_2,’transMat’,’-ascii’); [PC, LATENT, EXPLAINED] = pcacov(cov(emg2(:,:,h))); file_1=[pathname3,’\’,char(ajuste),’\pca\PC\’,char(files),char(ajuste),’PC.pca’]; save(file_1,’PC’,’-ascii’); file_2=[pathname3,’\’,char(ajuste),’\pca\LAT\’,char(files),char(ajuste),’LAT.pca’]; save(file_2,’LATENT’,’-ascii’); file_5=[pathname3,’\’,char(ajuste),’\pca\EXP\’,char(files),char(ajuste),’EXP.pca’]; save(file_5,’EXPLAINED’,’-ascii’); clear LATENT EXPLAINED PC for k=2:3 [eigenvectors,eigenvalues,projections,datamean] = pcsquash(emg2(:,:,h),k); [weights,sphere,activations,bias,signs,lrates] = runica(projections); emg3=resample(activations’,length(emg2),length(activations’)); %emg3(:,1:7)=emg2(:,1:7,h); %activations=emg3; pathname1=[char(pathname3),’\’,char(ajuste),’\’]; [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname1,’ica’); pathname2=[char(pathname3),’\’,char(ajuste),’\ica\’,]; [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname2,’sph\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname2,’weight\’); [SUCCESS,MESSAGE,MESSAGEID] = MKDIR(pathname2,’ic\’); file_1=[pathname3,’\’,char(ajuste),’\ica\sph\’,char(files),char(ajuste),num2str(k),’sph.ica’]; save(file_1,’sphere’,’-ascii’); file_2=[pathname3,’\’,char(ajuste),’\ica\weight\’,char(files),char(ajuste),num2str(k),’wei.ica’]; save(file_2,’weights’,’-ascii’); file_3=[pathname3,’\’,char(ajuste),’\ica\ic\’,char(files),char(ajuste),num2str(k),’.ica’]; save(file_3,’activations’,’-ascii’); % file_6=[pathname,’correlacao\’,char(files),char(ajuste),’XX.ica’]; save(file_6,’emg_corr’,’-ascii’); clear weigths sphere activations bias signs lrates end end end clear pre1 apa1 apc1 file=[pathname,’cortado\apa\RMS\apaaline’,char(files),’_rmsapa.all’]; save(file,’RMS_apa’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apc\RMS\apaaline’,char(files),’_rmsapc.all’]; save(file,’RMS_apc’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\pre\RMS\apaaline’,char(files),’_rmspre.all’]; save(file,’RMS_pre’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apa\iEMG\apaaline’,char(files),’_iemgapa.all’]; save(file,’iEMG_apa’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apc\iEMG\apaaline’,char(files),’_iemgapc.all’]; save(file,’iEMG_apc’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\pre\iEMG\apaaline’,char(files),’_iemgpre.all’]; save(file,’iEMG_pre’,’-ascii’); RMS_apa1=cat(1,RMS_apa1,RMS_apa); RMS_apc1=cat(1,RMS_apc1,RMS_apc); RMS_pre1=cat(1,RMS_pre1,RMS_pre); iEMG_apa1=cat(1,iEMG_apa1,iEMG_apa); iEMG_apc1=cat(1,iEMG_apc1,iEMG_apc); iEMG_pre1=cat(1,iEMG_pre1,iEMG_pre); freqRMSapa=histc(RMS_apa(:,1:16),0:0.1:1); freqiEMGapa=histc(iEMG_apa(:,1:16),0:0.1:1); freqRMSapc=histc(RMS_apc(:,1:16),0:0.1:1); freqiEMGapc=histc(iEMG_apc(:,1:16),0:0.1:1); freqRMSpre=histc(RMS_pre(:,1:16),0:0.1:1); freqiEMGpre=histc(iEMG_pre(:,1:16),0:0.1:1); freqRMSapa(end+1,:)=length(RMS_apa)-sum(freqRMSapa,1); freqiEMGapa(end+1,:)=length(iEMG_apa)-sum(freqiEMGapa,1); freqRMSapc(end+1,:)=length(RMS_apc)-sum(freqRMSapc,1); freqiEMGapc(end+1,:)=length(iEMG_apc)-sum(freqiEMGapc,1); freqRMSpre(end+1,:)=length(RMS_pre)-sum(freqRMSpre,1); freqiEMGpre(end+1,:)=length(iEMG_pre)-sum(freqiEMGpre,1);

Page 67: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

57

clear RMS_apa RMS_apc RMS_pre iEMG_apa iEMG_apc iEMG_pre file=[pathname,’cortado\apa\RMS\apaaline’,char(files),’RMSapa.freq’]; save(file,’freqRMSapa’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apc\RMS\apaaline’,char(files),’RMSapc.freq’]; save(file,’freqRMSapc’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\pre\RMS\apaaline’,char(files),’RMSpre.freq’]; save(file,’freqRMSpre’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apa\iEMG\apaaline’,char(files),’iEMGapa.freq’]; save(file,’freqiEMGapa’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apc\iEMG\apaaline’,char(files),’iEMGapc.freq’]; save(file,’freqiEMGapc’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\pre\iEMG\apaaline’,char(files),’iEMGpre.freq’]; save(file,’freqiEMGpre’,’-ascii’); freqRMSapa10(j,:)=freqRMSapa(1,:); freqiEMGapa10(j,:)=freqiEMGapa(1,:); freqRMSapc10(j,:)=freqRMSapc(1,:); freqiEMGapc10(j,:)=freqiEMGapc(1,:); freqRMSpre10(j,:)=freqRMSpre(1,:); freqiEMGpre10(j,:)=freqiEMGpre(1,:); freqRMSapa100(j,:)=freqRMSapa(end,:); freqiEMGapa100(j,:)=freqiEMGapa(end,:); freqRMSapc100(j,:)=freqRMSapc(end,:); freqiEMGapc100(j,:)=freqiEMGapc(end,:); freqRMSpre100(j,:)=freqRMSpre(end,:); freqiEMGpre100(j,:)=freqiEMGpre(end,:); clear freqRMSapa freqiEMGapa freqRMSapc freqiEMGapc freqRMSpre freqiEMGpre end file=[pathname,’cortado\apa\RMS\apaaline_rmsapa.all’]; save(file,’RMS_apa1’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apc\RMS\apaaline_rmsapc.all’]; save(file,’RMS_apc1’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\pre\RMS\apaaline_rmspre.all’]; save(file,’RMS_pre1’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apa\iEMG\apaaline_iemgapa.all’]; save(file,’iEMG_apa1’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apc\iEMG\apaaline_iemgapc.all’]; save(file,’iEMG_apc1’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\pre\iEMG\apaaline_iemgpre.all’]; save(file,’iEMG_pre1’,’-ascii’); RMS_apa1(:,end+1)=2; RMS_apc1(:,end+1)=3; RMS_pre1(:,end+1)=1; iEMG_apa1(:,end+1)=2; iEMG_apc1(:,end+1)=3; iEMG_pre1(:,end+1)=1; RMSall=cat(1,RMS_pre1,RMS_apa1,RMS_apc1); iEMGall=cat(1,iEMG_pre1,iEMG_apa1,iEMG_apc1); file=[pathname,’cortado\apaaline_iemg.all’]; save(file,’iEMGall’,’-ascii’); file=[pathname,’cortado\apaaline_rms.all’]; save(file,’RMSall’,’-ascii’); load handel sound(y,Fs)

Page 68: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

58

8.2 Gross Motor Function Classification System (GMFCS)

LEVEL I- Walks without restrictions; limitations in more advance gross motor skills. Before 2nd birthday: Infants move in and out of sitting and floor sit with both hands free to manipulate objects. Infants crawl on hands and knees, pull to stand and take seps holding onto furniture. Infants walk between 18 months and 2 years of age without the need for any assistive mobility device. From age 2 the 4th birthday: Children floor sit with both hands free for to manipulate objects. Moviments in and out of floor sitting and standing are performed without adult assistance. Children walk as the preferred method of mobility without the need for any assistive mobility device. From age 4 to 6th birthday: Children get into and out of, and sit in, a chair without the need for hand support. Children move from the floor and from chair sitting to standing without the need for objects for support. Children walk indoors and outdoors, and climb stairs. Emerging ability to run and jump. From age 6 to 12: Children walk indoors and outdoors, and climb stairs without limitations. Children perform gross motor skill including running and jumping but speed, balance and coordination are reduced. LEVEL II- Walks without assistive devices, limitations walking outdoors and in the community. Before 2nd birthday: Infants maintain floor sitting but way need to use their hands for support to maintain floor sitting but may need to use their hands for support to maintain balance. Infants creep on their stomach or crawl on hands and knees. Infants may pull to stand and take steps holding onto furniture. From age 2 to 4th birthday: Children floor sit but may have difficulty with balance when both hands are free to manipulate objects. Movements in and out of sitting are performed without adult assistance. Children pull to stand on a stable surface. Children crawl on hands and knee with reciprocal pattern, cruise holding onto furniture and walk using an assistive mobility device as preferred methods of mobility. From age 4 to 6th birthday: Children sit in a chair with both hands free to manipulate objects. Children move from the floor to standing and from chair sitting to standing but often require stable surface to push ou pull up on with their arms. Children walk without the need for any assistive mobility device indoors and for short distances on level surfaces outdoors. Childrens climb stairs holding onto a railing but are unable to run and jump. From age 6 to 12: Children walk indoors and outdoors, and climb stairs holding onto a railing but experience limitations walking on uneven surfaces and inclines, and walking in crowds or confined spaces. Children have at best only minimal ability to perform gross motor skills such as running and jumping. Distinctions between levels I and II:

Page 69: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

59

Compared with children in Level I, children in Level II have limitations in the ease of performing movement transitions; walking outdoors and in the community; the need for assistive mobility devices when beginning to walk; quality of movement; and the ability to perform gross motor skills such as running and jumping. LEVEL III- Walks with assistive mobility devices; limitations walking outdoors and in the community. Before 2nd birthday: Infants maintain floor sitting when the low back is supported. Infants roll and creep forward on their stomachs. From age 2 to 4th birthday: Children maintain floor sitting often by W-sitting (sitting between flexed and internally rotated hips and Knees) and may require adult assistance to assume sitting. Children creep on their stomach or crawl on hands and knee (often withhout reciprocal leg movements) as their primary methods of self-mobility. Children may pull to stand on a stable surface and cruise short distances. Children may walk short distances indoors using an assistive mobility device and adult assistance for steering and turning. From age 4 to 6th birthday: Children sit on a regular chair but may require pelvic or trunk support to maximize hand function. Children move in and out chair sitting using stable surface to push on or pull up with their arms. Children walk with an assistive mobility device on level surfaces and climb stairs with assistance from an adult. Children frequently are transported when travelling for long distances or outdoors on uneven terrain. From age 6 to 12: Children walk indoors or outdoors on a level surface with an assistive mobility device. Children may climb stairs holding onto a railing. Depending on upper limb function, children propel a wheelchair manually or are transported when travelling for long distances or outdoors on uneven terrain. Distinctions between Levels II and III: Differences are seen in the degree of achievement of functional mobility. Children in Level III need assistive mobility devices and frequently orthoses to walk, while children in level II do not require assistive mobility devices after age 4. LEVEL IV- Self-mobility with limitations; children are transported or use power mobility outdoors and in the community. Before 2nd birthday: Infants have head control but trunk suport is required for floor sitting. Infants can roll to supine and may roll to prone. From 2 to 4 th birthday: Children floor sit when placed, but are unable to maintain alignment and balance without use of their hands for support. Children frequently require adaptive equipment for sitting and standing. Self-mobility for short distances (within a room) is achieved through rolling, creeping on stomach, or crawling on hands and knees without reciprocal leg movement. From age 4 to 6th birthday: Children sit on a chair but need adaptive seating for trunk control and to maximize hand function. Children move in and out chair sitting with assistance from an adult or a stable surface to push or pull up on with their arms. Children may at best walk short distances with a walker and adult supervision but have difficulty

Page 70: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

60

turnning and maintaining balance on uneven surfaces. Children are transportes in the community. Children may achieve self-mobility using a power wheelchair. From age 6 to 12: Children may maintain levels of function achieved before age 6 or rely more on wheeled mobility at home, school, and inthe community. Children may achieve self-mobility using a power wheelchair. Distinctions between Levels III and IV: Differences in sitting ability and mobility exist, even allowing for extensive use of assistive technology. Children in level III sit independently, have independent floor mobility, and walk with assitive mobility devices. Children in Level IV function in sitting (usually supported) but independent mobility is very limited. Children in Level IV are more likely to be transported or use power mobility. LEVEL V - Self-mobility is severely limited even with the use of assistive technology. Before 2nd birthday: Physical impairments limit voluntary control of movement. Infants are unable to maitain antigravity head and trunk postures in prone and sitting. Infants require adult assitance to roll. From age 2 to 12: Physical impairments restrict voluntary control of movement and the ability to maintain antigravity head and trunk postures. All areas of motor function are limited. Functional limitations in sitting and standing are not fully compensated for through the use of adaptative equipament and asistive technology. At level V, children have no means of independent mobility and are transported. Some children achieve self-mobility using a power wheelchair with extensive adaptations. Distinctions between Levels IV and V: Children in Level V lack independence even in basic antigravity postural control. Self mobility is achieved only if the child can learn how to operate an electrically powered wheelchair.

Page 71: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

61

8.3 Termo de Conscentimento

Os ajustes posturais são muito importantes e fazem parte das atividades do cotidiano das pessoas, participando do controle postural, do equilíbrio e dos movimentos realizados.

O objetivo deste estudo é avaliar o controle postural de crianças frente à uma tarefa motora específica.

Assim, necessitamos de sua colaboração para permitir que seu filho/a participe do experimento que medirá como ele/a controla o equilíbrio na postura ereta. O experimento não é invasivo. Acreditamos que a duração total do experimento seja de cerca de 30 minutos, incluindo o preenchimento de um formulário de identificação.

Os resultados servirão como parâmetros para melhor compreender os mecanismos de regulação do equilíbrio e farão parte de uma dissertação de mestrado em Educação Física e de publicações em periódicos e congressos científicos; portanto asseguramos que todos os resultados permanecerão anônimos e serão apenas identificados por um código numérico conhecido somente pelos pesquisadores do projeto.

No caso de dúvidas, os pais ou responsáveis poderão dirigir-se à clínica de fisioterapia da Universidade São Judas Tadeu, aos cuidados da coordenadora do estudo, Aline Bigongiari Winckler, durante o horário das 14:00 às 18:00, nos dias úteis, ou pelo telefone:

6099-1659 Assim, declaro que eu, ___________________________________________________ residente na ____________________________________________________________ telefone __________________, estou ciente dos propósitos deste trabalho científico e

autorizo meu/minha filho/a ___________________________________________________

a participar das coletas experimentais e estou ciente que tenho a liberdade de deixar o estudo a qualquer etapa deste trabalho, sendo somente necessário notificar ocoordenador do estudo. São Paulo, ____ de ________________ de 200__

Page 72: Ajustes posturais em crianças portadores de paralisia crebral · Bigongiari, Aline Ajustes posturais em crianças portadoras de paralisia cerebral./ Aline Bigongiari. - São Paulo,

62

8.4 Comitê de ética