introducao a educacao crista 4

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  • 7/24/2019 Introducao a Educacao Crista 4

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    Introduo Educao Crist (4) Reflexes, Desafios e Pressupostos

    C. O Ensino Sistemtico da Lei:

    Uma vez que a lei escrita era superi-or ao rei em Israel, o rei jamais poderiatornar-se um deus ou um inovador religi-oso. Seu direito de governar estava su-

    bordinado lei John E. Hartley.

    1

    Uma das grandes nfases das Escrituras, diz respeito educao do povo de

    Deus. Deus fala insistentemente com o povo para que preserve a Sua Palavra,guardando-a (praticando) e ensinando aos seus descendentes. O mtodo estabele-cido por Deus que perpassa a todos os outros, o da repetio ( }n$= repetir)

    (Shn) (Dt 6.6ss). No deixa de ser elucidativo, que o Shem2 (ouve), o credojudeu3 que consistia na leitura de Dt 6.4-9; 11.13-21 e Nm 15.37-41) , fosse re-petido trs vezes ao dia.4Jones entende corretamente a importncia da repetio,quando diz: "A quintessncia do bom ensinar a repetio".5 A Lei de Deus

    envolvia toda a vida do educando; todas as suas necessidades e para sempre; des-de a juventude at a velhice: do bero sepultura.

    A instruo iniciava com a afirmao de que h somente um Deus: Ouve, Israel,o SENHOR, nosso Deus, o nico SENHOR(Dt 6.4). No Novo Testamento Pauloinstrui aos efsios: H somente um corpo e um Esprito, como tambm fostes cha-mados numa s esperana da vossa vocao; h um s Senhor, uma s f, um sbatismo; um s Deus e Pai de todos, o qual sobre todos, age por meio de todos eest em todos (Ef 4.4-6/Tg 2.19). Toda a educao crist comea pela unicidade eessencialidade de Deus. H somente um Deus; este fato deve ser repetido e assimi-lado pelos educandos.

    Um princpio importante que est prescrito na Palavra, que a revelao de Deus

    1John E. Hartley, Yr: In: R. Laird Harris, et. al., eds. Dicionrio Internacional de Teologia do Antigo

    Testamento,So Paulo: Vida Nova, 1998, p. 663.2 a primeira palavra que aparece em Dt 6.4, derivada do verbo ((m$) (Shma), ouvir, envolvendo

    normalmente a idia de ouvir com afeio, entender, obedecer (Veja-se: Hermann J. Austel, Shma: In: R. Laird Harris, et. al., eds., Dicionrio Internacional de Teologia do Antigo Testamento,p. 1586).3Conforme expresso de Edersheim (1825-1889). Veja-se: Alfred Edersheim, La Vida y los Tiempos

    de Jesus el Mesias,Barcelona: CLIE, 1988, Vol. I, p. 491.4

    Quanto ao emprego desta orao feita pelos judeus individualmente, veja-se: Shem: In: Alan Un-terman, Dicionrio Judaico de Lendas e Tradies,Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 1992,p. 242.5D. Martyn Lloyd-Jones, As Insondveis Riquezas de Cristo, So Paulo: Publicaes Evanglicas Se-

    lecionadas, 1992, p. 25.

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    foi-nos confiada para que a conheamos e a pratiquemos (Dt 29.29). Saber sem pra-ticar no saber. Deus prov os princpios, os meios e os fins. Ele mesmo que Sedignou em nos dar a Sua Palavra, tem propsitos definidos e meios estabelecidospara que a Sua vontade se cumpra. Ensino e aprendizado no Antigo Testamen-

    to no envolviam somente a comunicao de informao, mas tambm ins-truo na vontade de Deus e o entendimento de como viver. O professorensinava o povo a obedeceraos mandamentos de Deus, no simplesmentea conhec-los.6 A educao judaica tem como quadro de referncia a Lei, pormeio da qual o povo, conforme orientao divina, instrudo a interpretar a realidadee atuar com valores definidos pelo prprio Deus. Aprender a Lei de Deus noera algo divorciado da vida, mas antes algo que controlaria toda a vida.7Aeducao se evidenciava nos aprendizes pela obedincia Lei de Deus em respos-ta ao Seu amor. O ensino deveria ser praticado, obedecido. Esta orientao eratransmitida repetidamente: Tambm o SENHOR me ordenou, ao mesmo tempo,

    que vos ensinasse estatutos e juzos, para que os cumprsseis na terra a qual pas-sais a possuir (Dt 4.14). Estes, pois, so os mandamentos, os estatutos e os juzosque mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses naterra a que passas para a possuir (Dt 6.1). O ensino deveria ser pelo exemplo e,tambm, pela palavra; os mestres devem ser o exemplo vivo do que ensinam, con-tudo, precisam tambm transmitir de forma verbal o contedo do que ensinam. No toa que a palavra obedincia no grego est associada ao ouvir.8

    A Lei deveria estar no corao do povo: Pois esta palavra est mui perto de ti, natua boca e no teu corao, para a cumprires (Dt 30.14). Da o desejo sincero dosservos de Deus de aprenderem os Seus mandamentos, ou seja: de aprenderem a

    praticar a Palavra: 7Render-te-ei graas com integridade de corao, quando tiveraprendido os teus retos juzos. 8Cumprirei os teus decretos; no me desamparesjamais. (...) 71Foi-me bom ter eu passado pela aflio, para que aprendesse os teusdecretos. (...)73As tuas mos me fizeram e me afeioaram; ensina-me para que a-prenda os teus mandamentos(Sl 119.7,8,71,73).

    Lloyd-Jones comenta:

    Vocs no guardaro realmente a Palavra se no a obedecerem. uma palavra que no pode ser guardada s em seu intelecto; tambm

    tem que ser colocada em seu corao e em sua vontade. O homem queguarda a Palavra de Deus o homem cuja personalidade a est guar-dando, o homem que medita e se regozija nela e cujo corao se inflamapor ela, e assim ele a obedece.9

    6Perry G. Downs, Introduo Educao Crist: Ensino e Crescimento, So Paulo: Editora Cultura

    Crist, 2001, p. 26.7Perry G. Downs, Introduo Educao Crist: Ensino e Crescimento, p. 27.

    8As palavras chaves so: u(pakou/w (escutar, obedecer) e u(pakoh/ (obedincia).9D.M. Lloyd-Jones, Seguros Mesmo no Mundo, So Paulo: Publicaes Evanglicas Selecionadas,

    2005 (Certeza Espiritual: Vol. 2), p. 89.

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    1) OS FEITOS DE DEUS NA HISTRIA:

    Depois de Deus nos conceder gra-

    tuitamente todas as coisas, ele nadarequer em troca seno uma grata lem-brana de seus benefcios Joo Calvi-

    no.10

    Nunca meus lbios cessaro, Cris-to, De bendizer-Te, de cantar-Te glria;Pois guardo na alma Teu amor imenso:

    Grata memria!.11

    A nossa palavra memria vem do latim memoria, de memor-orisque se

    lembra, relacionado com reminisse, aquilo que se conserva na memria.

    12

    No grego clssico, Aristteles (384-322 a.C.) empregou duas palavras, mnh/mn13ea)na/mnhsij

    14 denominando a primeira de memria (a simples conservao do

    passado e o seu retorno espontneo ao esprito) e a segunda, que um atributohumano, de reminiscncia (a faculdade de provocar voluntariamente as recorda-es por um esforo intelectual, e de localiz-las exatamente no tempo), permane-cendo esta distino durante toda a Idade Mdia.15

    Biblicamente, um dos efeitos do pecado o esquecimento dos feitos de Deus.

    10Joo Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, (Sl 6. 5), p. 129.

    111 estrofe do Hino Grata Memria de J.B. Cabrera. (Hinrio Presbiteriano, n 64).

    12Antnio Geraldo da Cunha, Dicionrio Etimolgico Nova Fronteira da Lngua Portuguesa, 2 ed.

    [4 impresso], Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991, p. 512.13

    Ocorre uma nica vez no NT.: 2Pe 1.15. (ARA: lembrana). No entanto outras formas so em-pregadas; entre elas: Mnhmoneu/w(Mt 16.9; Mc 8.18; Lc 17.32; Jo 15.20; 16.4,21, etc) e Mnei/a(Fp1.3; 1Ts 3.6; 2Tm 1.3, etc.). O curioso que a palavra tmulo e sepulcro, traduzem uma expressogrega desta mesma raiz: Mnhmei=on(Mt 8.28; 23.29; 27.52; Mc 5.2; Lc 11.44,47,48, etc), podendo a-

    ludir ao sinal ou monumento comemorativo (Cf. Isidro Pereira, Dicionrio de Grego-Portugus e Por-tugus-Grego,7 ed. Braga: Livraria Apostolado da Imprensa, [1990], p. 376).14

    Ocorre somente quatro vezes no NT.: Lc 22.19; 1Co 11.24,25; Hb 10.3.15

    Cf. Memria e Reminiscncia: In: Andr Lalande, Vocabulrio Tcnico e Crtico da Filosofia,SoPaulo: Martins Fontes, 1993, p. 662, 952. Em Plato, a a)na/mnhsij (Reminiscncia) consistia nonosso poder de conhecer a verdade atravs da lembrana de um estado de vida anterior. Diz ele: Aalma que nunca contemplou a verdade no pode tomar a forma humana. (...) Ora, estafaculdade no mais que a recordao das Verdades Eternas que a nossa alma contem-plou quando acompanhou a alma divina nas suas evolues. Por isso convm que somenteo esprito do filsofo tenha asas: nele a memria, conforme sua aptido, permanece semprefixada nesses objetos, o que o torna semelhante a um deus(Plato, Fedro,Rio de Janeiro: Edi-tora Tecnoprint, [s.d.], 249 p. 228). Quanto s implicaes epistemolgicas desta concepo platni-

    ca, veja-se: F.E. Peters, Termos Filosficos Gregos: Um lxico histrico,2 ed.Lisboa: Fundao Ca-louste Gulbenkian, [1983], p. 30. Para uma viso panormica das diversas concepes filosficas daMemria, veja-se: Memria: In: Nicola Abbagnano, Dicionrio de Filosofia,2 ed. So Paulo: MestreJou, 1982, p. 629-632.

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    Uma forma comum de ensino utilizada no Antigo Testamento a meditao sobreos feitos de Deus na histria, considerando a Sua Santidade, Onipotncia, miseri-crdia, amor e justia (Ex 10.2; 12.26-27; 13.8,14; Dt 32.7).16Por intermdio dos a-tos de Deus, so destacadas atitudes corretas e inapropriadas dos servos de Deus.

    De certa forma o erro tambm valorizado a fim de no repeti-lo. Portanto, a histriatem um valor prtico para todos os fiis, sendo um tesouro de admoestao e enco-rajamento; de consolo e de orientao.17A histria demonstra como Deus tem pre-servado o Seu povo apesar de sua freqente desobedincia.

    Na recordao dos atos de Deus, no h apenas um olhar curioso sobre fatosque ocorreram num tempo prximo ou distante, mas, sem significado para ns. Pelocontrrio, no rememorar de sua histria, h um interagir evolutivo por meio do qualcada vez mais me vejo como resultado daqueles acontecimentos os quais tm a mi-nha participao hoje. Nas instrues litrgicas, prescrevendo o modo como cadaum se apresentaria diante de Deus com as suas oferendas, h as seguintes orienta-es:18Ento, testificars perante o SENHOR, teu Deus, e dirs: Arameu prestes aperecer foi meu pai, e desceu para o Egito, e ali viveu como estrangeiro com poucagente; e ali veio a ser nao grande, forte e numerosa. Mas os egpcios nos maltra-taram, e afligiram, e nos impuseram dura servido. Clamamos ao SENHOR, Deusde nossos pais; e o SENHOR se atentou para a nossa angstia, para o nosso traba-lho e para a nossa opresso; e o SENHOR nos tirou do Egito com poderosa mo, ecom brao estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres; e nostrouxe a este lugar e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel. Eis que, agora,trago as primcias dos frutos da terra que tu, SENHOR, me deste.... (Dt 26.5-10).(Destaques meus)

    Tomando o Salmo 44 podemos aqui fazer algumas observaes e aplicaes. Hmomentos nos quais passamos por grande aflio, sendo levado a nos indagar opor que disso tudo? Queremos alguma explicao, desejamos compreender o queocorre. Nestas situaes, fundamental a nossa resistncia, o nosso patrimnio es-

    16

    Disse o SENHOR a Moiss: Vai ter com Fara, porque lhe endureci o corao e o corao de seusoficiais, para que eu faa estes meus sinais no meio deles, e para que contes a teus filhos e aos filhosde teus filhos como zombei dos egpcios e quantos prodgios fiz no meio deles, e para que saibaisque eu sou o SENHOR(Ex 10.1-2). 26Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito este? 27Respondereis: o sacrifcio da Pscoa ao SENHOR, que passou por cima das casas dos filhos de Is-

    rael no Egito, quando feriu os egpcios e livrou as nossas casas. Ento, o povo se inclinou e adorou(Ex 12.26-27). Naquele mesmo dia, contars a teu filho, dizendo: isto pelo que o SENHOR me fez,quando sa do Egito. (...)

    14Quando teu filho amanh te perguntar: Que isso? Responder-lhe-s: OSENHOR com mo forte nos tirou da casa da servido (Ex 13.8,14). Lembra-te dos dias da antigui-dade, atenta para os anos de geraes e geraes; pergunta a teu pai, e ele te informar, aos teusancios, e eles to diro (Dt 32.7).17

    Assim, o mundo se torna culpado no apenas de esquecimento em relao a Deus, masigualmente de esquecimento da Histria. Quando aprenderemos a partir da Histria? Atrsde ns h uma grande Histria mundial. Ento, veja e examine e tente aprender com ela(David Martyn Lloyd-Jones, Uma Nao sob a Ira de Deus: estudos em Isaas 5, 2 ed. Rio de Janei-ro: Textus, 2004, p. 49). Desta forma os homens e as mulheres so ignorantes da Histria, por-que, se no o fossem, se comportariam de maneira bem diferente(David Martyn Lloyd-Jones,

    Uma Nao sob a Ira de Deus: estudos em Isaas 5, p. 49).18Quem me chamou a ateno para este texto foi Sherron K. George, Igreja Ensinadora: fundamen-

    tos Bblicos-Teolgicos e Pedaggicos da Educao Crist,2 ed. Campinas, SP.: Editora Luz para oCaminho, 2003, p. 44-45.

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    piritual e moral para resistir a estes problemas e no nos desesperarmos.

    O Salmo 44 reflete um perodo de grande transtorno da vida de Israel; o povo foraderrotado, as suas batalhas eram frustrantes; por isso alm de derrotados estavam

    humilhados (9,10,14,15). O salmista no consegue entender o porqu de tudo isso.No sabemos quem escreveu este Salmo; talvez Davi, um de seus contemporneosou, quem sabe, algum mais tarde j no exlio babilnico.

    Nesta situao o Salmista buscando os atos de Deus na histria, volta ao passa-do, s lies que aprendeu desde a infncia e s suas prprias experincias e, nesteretorno ele inicia dizendo: Ouvimos, Deus, com os nossos prprios ouvidos: nos-sos pais nos tm contado o que outrora fizestes, em seus dias (Sl 44.1). Neste con-texto, o salmista evidencia a importncia do que aprendeu e o qu aprendeu comseus pais a respeito de Deus:

    1. Os Feitos de Deus: Ouvimos, Deus, com os prprios ouvidos; nossospais nos tm contado o que outrora fizeste, em seus dias. 2Como por tuas prpriasmos desapossaste as naes e os estabeleceste; oprimiste os povos e aos paisdeste largueza. 3Pois no foi por sua espada que possuram a terra, nem foi o seubrao que lhes deu vitria, e sim a tua destra, e o teu brao, e o fulgor do teu rosto,porque te agradaste deles (Sl 44.1-3).

    O salmista numa fase tremendamente atribulada e confusa, busca foras e com-preenso na histria de seus pais a respeito dos grandes feitos de Deus. Vemos a-qui, o quo importante aprendermos a contar aos nossos filhos os feitos de Deusregistrados nas Escrituras, como Deus atuou na vida de Seu povo e, ao mesmotempo, como Deus atuou e tem atuado em nossa vida. Podemos destacar a impor-tncia, nem sempre percebida, das conversas em famlia com nossos filhos, sobri-nhos e netos com os quais compartilhamos, sem esprito de soberba ou de vaidosamiserabilidade, como Deus, ao longo dos anos, em pequenos e grandes eventos,demonstrou o Seu cuidado para conosco, como nos preservou em momentos dif-ceis, nos guardou de tomar decises erradas pela nossa falta de informao ou deviso correta dos fatos, pelas paixes circunstancias, rompantes, ou mesmo, pelospecados prprios do ser humano. Sem que percebamos, estes fatos tornam-se ilus-trativos da relao de Deus to prxima conosco. Isto d-nos maior sensibilidade,percebida, em geral, em momentos de crise, de expectativa e de dvida. Em algu-

    mas destas circunstncias Deus aviva em ns as foras da memria, fazendo-noslembrar que no passado Ele guiou-nos assim. Estas recordaes piedosas sograndemente estimulantes, conduzindo-nos de volta s Escrituras em orao. Os hi-nos cantados, alguns dos quais me lembrei enquanto redigia este pargrafo, so al-tamente instrutivos e confortadores.

    Quando Deus est em processo de libertar o povo de Israel da escravido egp-cia, instrui a Moiss quanto pedagogia dos diversos aspectos deste evento: Disseo SENHOR a Moiss: Vai ter com Fara, porque lhe endureci o corao e o coraode seus oficiais, para que eu faa estes meus sinais no meio deles, 2e para quecontes a teus filhos e aos filhos de teus filhos como zombei dos egpcios e quantos

    prodgios fiz no meio deles, e para que saibais que eu sou o SENHOR (Ex 10.1-2/Ex 12.26-27). Aqueles fatos deveriam ser rememorados perante seus filhos comouma demonstrao do poder soberano de Deus. O rememorar traz consigo o reno-

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    var de nossa f e o ensino dos atos poderosos de Deus, Aquele que cuida de ns.

    Nas narrativas bblicas encontramos as circunstncias mais variadas, as quais re-presentam situaes que tambm vivemos:angstia, incerteza, falta de f, perseve-

    rana, rebeldia, obedincia, arrependimento, confisso, perdo. Precisamos apren-der a nutrir os nossos filhos com os grandes feitos de Deus. O ensino transmitido pe-los pais deve refletir o compromisso com o Deus que nos ensina e, ao mesmo tem-po, com os nossos filhos, no desejo de que eles cresam e permaneam fiis ao Se-nhor. No Salmo 78, escrito por Asafe, lemos: Escutai, povo meu, a minha lei; pres-tai ouvidos s palavras da minha boca. 2Abrirei os lbios em parbolas e publicareienigmas dos tempos antigos. 3O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaramnossos pais, 4no o encobriremos a seus filhos; contaremos vindoura gerao oslouvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez. 5Ele estabeleceu umtestemunho em Jac, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que ostransmitissem a seus filhos (Sl 78.1-5).

    No canto de Moiss, encontramos a instruo: Lembra-te dos dias da antiguida-de, atenta para os anos de geraes e geraes; pergunta a teu pai, e ele te infor-mar, aos teus ancios, e eles to diro(Dt 32.7).

    Calvino comentado o Salmo 102.1819 escrito possivelmente por um judeu pie-doso que, exilado, orava e aguardava o regresso para Jerusalm e a reconstituiodo seu povo , comenta: Pelo termoregistro ele tem em mente que a histriadesse fato seria digna de figurar nos registros pblicos, cujo memorial seriatransmitido a geraes futuras.20

    Aprendemos tambm que, nos momentos mais difceis de nossa vida, quando tu-do parecer no fazer sentido, podemos tornar Palavra de Deus, buscando nos atosde Deus o nosso alvio, o estimulo nossa f e confiana. Devemos, portanto, per-manecer na Palavra: Tu, porm, permanece naquilo que aprendeste, e de que fosteinteirado, sabendo de quem o aprendeste. E que desde a infncia sabes as sagra-das letras que podem tornar-te sbio para a salvao pela f em Cristo Jesus (2Tm3.14,15).

    Calvino (1509-1564) comentando o Salmo 46.8, diz:

    O salmista, pois, com razo convoca a todos os homens e os exorta aque considerem as obras de Deus; como se quisesse dizer: A razo por queos homens no depositam em Deus a esperana de seu bem-estar queso indiferentes considerao de suas obras, ou to ingratos que nofazem a menor conta delas como deveriam. Como ele se dirige a todos oshomens em geral, descobrimos que mesmo os santos so entorpecidos edespreocupados a esse respeito at que sejam despertados.21

    19Ficar isto registrado para a gerao futura, e um povo, que h de ser criado, louvar ao SE-

    NHOR(Sl 102.18).20

    Joo Calvino, O Livro dos Salmos, So Paulo: Parakletos, 2002, Vol. 3, (Sl 102.18), p. 579.21

    Joo Calvino, O Livro dos Salmos,So Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2 (Sl 46.8-10), p. 336-337.

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    2. Compreenso Correta do Poder de Deus:No basta contar as histriasbblicas e aquelas que fazem parte de nossa experincia pessoal; necessrio teruma compreenso correta dos atos poderosos de Deus. O salmista aprendeu comseus pais, que no foi por sua espada que possuram a terra, nem foi o seu brao

    que lhes deu vitria, e, sim, a tua destra, e o teu brao, e o fulgor do teu rosto.... (Sl44.3).

    Davi e o salmista testemunham algo semelhante:Uns confiam em carros, outrosem cavalos; ns, porm, nos gloriaremos em o nome do Senhor nosso Deus (Sl20.7). No h rei que se salve com o poder dos seus exrcitos; nem por sua muitafora se livra o valente. O cavalo no garante vitria; a despeito de sua grande fora,a ningum pode livrar (...) Nossa alma espera no Senhor, nosso auxlio e escudo.Nele o nosso corao se alegra, pois confiamos no seu santo nome. Seja sobre ns,Senhor a tua misericrdia, como de ti esperamos(Sl 33.16,17,20-22).

    Precisamos entender que as grandes conquistas bblicas como tambm as nos-sas dependem de Deus; no de nossa astcia e sabedoria, mas de Deus usar deSua misericrdia. Portanto, devemos estar prontos a recorrer ao mtodo de Deusconforme revelado em Sua Palavra, no aos nossos, ou aos de uma sociedade cor-rompida que aponta sempre na direo do levar vantagem, esperteza, prejudicar ooutro, ter um lucro extorsivo, etc. No foi por sua espada que possuram a terra,nem foi o seu brao que lhes deu vitria, e, sim, a tua destra, e o teu brao, e o ful-gor do teu rosto.... (Sl 44.3).

    Faz-se necessrio, inmeras vezes, que tornemos aos feitos de Deus, recorramosaos Seus caminhos e moldemos os nossos recursos e mtodos aos propostos porDeus em Sua Palavra.

    3. Compreenso Correta das Motivaes de Deus:....Porque te agradas-te deles(Sl 44.3). Levanta-te para socorrer-nos, e resgata-nos por amor da tua be-nignidade (Sl 44.26). O salmista aprendeu com seus pais que a vitria que Deuslhes concedeu no se amparava em supostas qualidades do povo ou no fato deseus pais terem realizado determinadas obras, mas no amor benigno de Deus. As-sim, vemos que Deus escolheu livre e soberanamente a Abrao, Isaque, Jac, Jos,Moiss, Josu, Sanso, Jeft, Samuel, Davi, Pedro, Paulo. Tudo isso porque foi dosoberano e santo agrado de Deus.

    Notemos que esta compreenso o alimentou em momentos de angstia, sofri-mento e incompreenso. A lio : mesmo que passemos por dificuldades e prova-es, jamais nos esqueamos de que Deus se agrada de ns; portanto, Ele agesempre de forma educativa a fim de que possamos amadurecer em nossa f, tor-nando-a cada vez mais operosa.

    O resultado de tudo isso, foi muito interessante: O salmista ouviu as histrias con-tadas por seus pais e as assimilou; agora ele pode declarar a sua prpria f:

    a) Deus o Senhor: Ele Reina: (4);

    b) Aprendeu a confiar inteiramente na proviso de Deus: (5-7);c) Aprendeu a se gloriar em Deus em todas as situaes, louvando o Seu nome:(8);

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    d) Aprendeu que o amor e o cuidado de Deus no nos impedem de passar gran-des provaes: (22).

    No Novo Testamento o Escritor de Hebreus recorreu ao Antigo Testamento rela-

    tando o testemunho de f dos Patriarcas , para admoestar e encorajar a Igreja deseus dias (Hb 11).

    Outros exemplos bblicos podemos tirar do Antigo Testamento:

    Um dos fatos memorveis registrados nas Escrituras a travessia do rio Jordopelo povo de Israel, quando ento, adentra terra prometida. Ali Deus ordena queos sacerdotes retirem doze pedras do rio, porque elas sero para sempre por me-morial (}Wrkz)(zikrn)22(LXX: mnhmo/sunon)aos filhos de Israel (Js 4.7).23

    As doze pedras, que tiraram do Jordo, levantou-as Josu em coluna em Gil-gal. E disse aos filhos de Israel: Quando no futuro vossos filhos perguntarem aseus pais, dizendo: Que significam estas pedras? Fareis saber a vossos filhos, di-zendo: Israel passou em seco este Jordo. Porque o Senhor vosso Deus fez se-car as guas do Jordo diante de vs, at que passsseis, como o Senhor vossoDeus fez ao Mar Vermelho, ao qual secou perante ns, at que passamos. Paraque todos os povos da terra conheam que a mo do Senhor forte: a fim de quetemais ao Senhor vosso Deus todos os dias (Js 4.20-24).

    Cerca de 700 anos depois (c. 725 a.C.), Deus fala ao Reino Norte por intermdiodo profeta Miquias: Povo meu que te tenho feito? e com que te enfadei? Respon-

    de-me. Pois te fiz sair da terra do Egito e da casa da servido te remi; e enviei adian-te de ti Moiss, Aro e Miri. Povo meu lembra-te(rkz)(zekhr)(LXX: mimnh/skw) ago-ra do que maquinou Balaque, rei de Moabe, e do que lhe respondeu Balao, filho deBeor, e do que aconteceu desde Sitim at Gilgal;24para que conheas os atos dejustia do Senhor (Mq 6.3-5).

    Por volta do ano 538-537 a.C., sob a liderana de Zorobabel da linhagem deDavi,um grupo de judeus comeou a regressar Palestina25para reconstruir o

    22O nome Zacarias proveniente desta palavra hebraica (hyrkz)(Zekary), significando: Zacarias (O

    Senhor se lembrou).23

    Vd. Tambm: Ex 12.14; 13.9. Nestes textos, a LXX usa a mesma palavra grega.24

    Gilgal se tornou a base de operaes de Israel, depois da travessia do rio Jordo (Js4.19), e foi foco de uma srie de acontecimentos durante a conquista: doze pedras come-morativas foram estabelecidas quando Israel armou acampamento ali (Js 4.20); a nova ge-rao cresceu no deserto e s em Gilgal foi circuncidada; a primeira Pscoa celebrada emCana foi efetuada ali (Js 5.9,10). De Gilgal, Josu liderou as foras israelitas contra Jeric (Js6.11,14ss.). (...) Gilgal tornou-se ao mesmo tempo um lembrete sobre a libertao outorgadapor Deus no passado, um sinal de vitria presente, debaixo de sua orientao, e viu a pro-messa da herana que ainda seria apossada(K. A. Kitchen, Gilgal: In: J.D. Douglas, ed. ger. ONovo Dicionrio da Bblia,So Paulo: Junta Editorial Crist, 1966, Vol. II, p. 671).25

    Jeremias relata que foram 4.600 pessoas forma levadas cativas (Jr 52.30). Josefo informa quemais judeus foram levados em 582 a.C., quando Nabucodonosor dominou o Egito (Josefo, Antiguida-des,X.9.7). Muitos dos que foram e daqueles que nasceram na Babilnia, haviam se acomodado nova vida ou nica que conheciam. O grupo que retornou era de cerca de 50 mil (Ed 2.64-65). O

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    templo que fora destrudo em 586 a.C., por Nabucodonosor,26cujo imprio perma-neceu at 539 a.C.

    Este regresso foi autorizado pelo rei Ciro, rei da Prsia, ento o rei mais poderoso

    de todos (2Cr 36.22,23; Ed 1.1ss). Nesta autorizao de Ciro, vemos a manifestaoda soberania de Deus, visto que isto j fora profetizado por Isaas h mais de duzen-tos anos (Is 44.28)27e por Jeremias h cerca de 90 anos (Jr 29.10).28

    Se por um lado o povo teve todo o apoio de Ciro (Ed 1.1-11),29enfrentou sriaoposio dos samaritanos, que num primeiro momento tentaram se juntar obra dereconstruo, no que no foram permitidos devido sua corrupo espiritual (Ed4.2,3);30 no conseguindo, no pouparam meios para impedir a reconstruo dotemplo: Desanimaram o povo, subornaram oficiais do rei para frustrarem os seusplanos. Escreveram cartas a Ciro, o Grande, (559-530) e depois a Dario (522-486)

    alegando que os judeus pretendiam se revoltar contra o rei, no mais pagando im-postos, dzimos e pedgios. [Ed 4.4ss. ( significativo o uso sistemtico de partic-pios neste texto indicando a sua contnua atividade)]. A passagem de Ed 4.6-23 um longo parntese que reflete a persistncia dos samaritanos em impedirem o tra-desejo de servir ao Senhor no templo no foi a preocupao principal de sua vida. Ao per-manecerem ali eles depreciavam o pacto da graa do Senhor (S.G. de Graaf, El Pueblo dela Promesa,Grand Rapids, Michigan: Subcomisin Literatura Cristiana de la Iglesia Cristiana Refor-mada, 1981, Vol. II, p. 396-397).26

    Nabucodonosor faleceu em 562 a.C. (Vd. 2Rs 25.27-30).27

    Que digo de Ciro: Ele meu pastor e cumprir tudo o que me apraz; que digo tambm de Jerusa-

    lm: Ser edificada; e do templo: Ser fundado (Is 44.28).28Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilnia setenta anos, atentarei para vs

    outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar (Jr29.10).29

    No primeiro ano de Ciro, rei da Prsia, para que se cumprisse a palavra do SENHOR, por boca deJeremias, despertou o SENHOR o esprito de Ciro, rei da Prsia, o qual fez passar prego por todo oseu reino, como tambm por escrito, dizendo: 2Assim diz Ciro, rei da Prsia: O SENHOR, Deus doscus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalm deJud. 3Quem dentre vs , de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalm de Jude edifique a Casa do SENHOR, Deus de Israel; ele o Deus que habita em Jerusalm. 4Todo aque-le que restar em alguns lugares em que habita, os homens desse lugar o ajudaro com prata, ouro,bens e gado, afora as ddivas voluntrias para a Casa de Deus, a qual est em Jerusalm. 5Ento,

    se levantaram os cabeas de famlias de Jud e de Benjamim, e os sacerdotes, e os levitas, com to-dos aqueles cujo esprito Deus despertou, para subirem a edificar a Casa do SENHOR, a qual estem Jerusalm. 6Todos os que habitavam nos arredores os ajudaram com objetos de prata, com ou-ro, bens, gado e coisas preciosas, afora tudo o que, voluntariamente, se deu. 7Tambm o rei Ciro ti-rou os utenslios da Casa do SENHOR, os quais Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalm e que ti-nha posto na casa de seus deuses. 8Tirou-os Ciro, rei da Prsia, sob a direo do tesoureiro Mitre-date, que os entregou contados a Sesbazar, prncipe de Jud. 9Eis o nmero deles: trinta bacias deouro, mil bacias de prata, vinte e nove facas, 10trinta taas de ouro, quatrocentas e dez taas de pra-ta de outra espcie e mil outros objetos. 11Todos os utenslios de ouro e de prata foram cinco mil equatrocentos; todos estes levou Sesbazar, quando os do exlio subiram da Babilnia para Jerusalm(Ed 1.1-11).30

    2Chegaram-se a Zorobabel e aos cabeas de famlias e lhes disseram: Deixai-nos edificar con-vosco, porque, como vs, buscaremos a vosso Deus; como tambm j lhe sacrificamos desde os dias

    de Esar-Hadom, rei da Assria, que nos fez subir para aqui. 3Porm Zorobabel, Jesua e os outroscabeas de famlias lhes responderam: Nada tendes conosco na edificao da casa a nosso Deus;ns mesmos, sozinhos, a edificaremos ao SENHOR, Deus de Israel, como nos ordenou Ciro, rei daPrsia (Ed 4.2-3).

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    balho dos judeus.

    Num primeiro momento os samaritanos conseguiram o seu intento; a reconstru-o do templo foi interrompida, ao que parece, ainda nos seus alicerces (Ed

    3.11/4.24).31

    A obra ficaria suspensa por cerca de 16 anos.

    Neste perodo, os judeus foram se acomodando, e canalizaram a sua ateno pa-ra a construo de suas casas, esquecendo-se da casa do Senhor. Deus levantadois profetas, Ageu (cujo nome ou apelido significa, minha festa, festivo) e Zaca-rias (O Senhor se lembrou) (Ed 5.1; 6.14) bem mais jovem que Ageu , paraconduzir o povo de volta reedificao do templo.

    A Ageu (520 a.C.) Deus d uma mensagem de advertncia, comparando as ca-sas dos judeus com as runas da casa de Deus, para a qual eles sempre deixavampara depois (Ag 1.2,4,9).32

    O povo atende palavra de Ageu e reinicia a obra (Ag 1.12-14/Ed 4.24).33(520a.C.).Nenhum profeta provocou uma reao to imediata como ele.34

    neste contexto que nos deparamos com a mensagem do segundo captulo dolivro de Ageu. O curioso que nesta data, (vigsimo primeiro dia do stimoms)(outubro), os judeus estavam no ltimo dia de comemorao da Festa dos Ta-bernculos, uma das trs solenidades obrigatrias a todos os judeus. Ela ocorria nofinal do ano, quando eram reunidos os trabalhadores do campo. Nesses dias todosos judeus deveriam habitar em tendas de ramos: Sete dias habitareis em tendas de

    ramos; todos os naturais em Israel habitaro em tendas; para que saibam as vossasgeraes que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do

    31Cantavam alternadamente, louvando e rendendo graas ao SENHOR, com estas palavras: Ele

    bom, porque a sua misericrdia dura para sempre sobre Israel. E todo o povo jubilou com altas vozes,louvando ao SENHOR por se terem lanado os alicerces da sua casa (Ed 3.11). Cessou, pois, a o-bra da Casa de Deus, a qual estava em Jerusalm; e isso at ao segundo ano do reinado de Dario,rei da Prsia (Ed 4.24).32

    2Assim fala o SENHOR dos Exrcitos: Este povo diz: No veio ainda o tempo, o tempo em que aCasa do SENHOR deve ser edificada (...)4Acaso, tempo de habitardes vs em casas apaineladas,enquanto esta casa permanece em runas? (...) 9Esperastes o muito, e eis que veio a ser pouco, eesse pouco, quando o trouxestes para casa, eu com um assopro o dissipei. Por qu? -- diz o SE-NHOR dos Exrcitos; por causa da minha casa, que permanece em runas, ao passo que cada um devs corre por causa de sua prpria casa (Ag 1.2.4.9).33

    12Ento, Zorobabel, filho de Salatiel, e Josu, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, e todo o res-to do povo atenderam voz do SENHOR, seu Deus, e s palavras do profeta Ageu, as quais o SE-NHOR, seu Deus, o tinha mandado dizer; e o povo temeu diante do SENHOR. 13Ento, Ageu, o en-viado do SENHOR, falou ao povo, segundo a mensagem do SENHOR, dizendo: Eu sou convosco, dizo SENHOR. 14O SENHOR despertou o esprito de Zorobabel, filho de Salatiel, governador de Jud,e o esprito de Josu, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, e o esprito do resto de todo o povo; e-les vieram e se puseram ao trabalho na Casa do SENHOR dos Exrcitos, seu Deus (Ag 1.12-14).Cessou, pois, a obra da Casa de Deus, a qual estava em Jerusalm; e isso at ao segundo ano do

    reinado de Dario, rei da Prsia (Ed 4.24).34Joyce G. Baldwin, Ageu, Zacarias e Malaquias,p. 25, Do mesmo modo, Gleason L. Archer Jr., Me-

    rece Confiana o Antigo Testamento, So Paulo: Vida Nova, 1974, p. 480eSamuel J. Schultz, A His-tria de Israel no Antigo Testamento,So Paulo: Vida Nova, 1977, p. 393.

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    Egito.... (Lv 23.42-43). Esta festa era caracterizada por grande alegria (Dt 16.14),35quando o povo apresentava ofertas a Deus como reconhecimento de Suas bnos(Dt 16.17).36 Justamente neste dia, veio pela segunda vez a Palavra do Senhor,quando Deus diz: Ora, pois, s forte, Zorobabel, diz o Senhor, e s forte, Josu, fi-

    lho de Jeozadaque, sumo sacerdote, e tu, todo o povo da terra, s forte, diz o Se-nhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exrcitos, segundo apalavra da aliana que fiz convosco, quando sastes do Egito. O meu Esprito (hUr)habita(dm() (madh) no meio de vs; no temais(Ag 2.4-5).

    Deus encoraja o povo, dizendo que o Seu Esprito permanecia no meio dele; aquivemos a manifestao do Deus do Pacto (Ag 2.4,5), cuja presena por Si s alta-mente estimulante (Vejam-se: Ex 29.45,46; 33.14; Dt 31.6-8; Js 1.9; Is 41.10,13;43.2/2Tm 1.7; Hb 13.5). A certeza da promessa de Deus e o fato do Espritosempre presente seriam suficientes para acalmar os temores da comunida-

    de.37

    O particpio ativo do verbo hebraico habitar (dm() (madh) (Ag 2.5) indica aidia de que Deus sempre esteve presente no meio do Seu povo, mesmo durante ocativeiro (Ed 9.9; Ne 9.17,18,20,28); a presena de Deus no algo pontilhado, du-rante determinados eventos da histria, antes, contnua, ininterrupta.38Se o exlioaparentemente tinha anulado a aliana, agora o povo era certificado deque Deus ainda estava entre eles em Esprito, como estivera durante todo oxodo (Ex 29.45).39O fundamento do Pacto est na palavra da aliana e no Es-prito presente. Alis, a Aliana sempre est ligada Palavra misericordiosa de

    35Alegrar-te-s, na tua festa, tu, e o teu filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o

    estrangeiro, e o rfo, e a viva que esto dentro das tuas cidades(Dt 16.14). Assim descreve Eder-sheim: A mais alegre de todas as festas do povo israelita era a Festa dos Tabernculos. Elacaa justamente num tempo do ano, em que todos os coraes estavam repletos de grati-do, de contentamento e de esperana. J as colheitas estavam guardadas nos celeiros;todos os frutos estavam tambm sendo recolhidos, a vindima estava feita, e a terra aguar-dava apenas que as ltimas chuvas amolecessem e refrescassem o cho, a fim de quenova colheita fosse preparada. (...) Ao lanar os olhos para a terra dadivosa e para os frutosque os havia enriquecido, deveriam os israelitas lembrar-se de que s pela miraculosa inter-veno divina tinham eles conquistado esta ptria, cuja propriedade, entretanto, Deussempre reclamara por direito Seu (Alfredo Edersheim, Festas de Israel, So Paulo: Unio Cultu-ral Editora, (s.d.), p. 83).36

    Cada um oferecer na proporo em que possa dar, segundo a bno que o SENHOR, seuDeus, lhe houver concedido(Dt 16.17).37

    Gerard Van Groningen, Revelao Messinica no Velho Testamento,Campinas, SP.: Luz para oCaminho, 1995, p. 784.38

    Davidson orienta-nos que o particpio representa uma ao ou condio em sua coesocontnua....(A.B. Davidson, An Introductory Hebrew Grammar,24 ed. Edinburgh: T.& T. Clark, (re-printed), 1936, 46, p. 159). O autor continua mostrando que, enquanto o imperfeito sugere suces-so, uma multiplicidade de ao e de pontos, o particpio indica uma linha que se prolonga sem que-bra em sua continuidade (Ibidem.,p. 159). Isto indica que a histria no saiu das mos de Deus"(D. Martyn Lloyd-Jones, As Insondveis Riquezas de Cristo, So Paulo: Publicaes Evanglicas Se-

    lecionadas, 1992, p. 64. (Sobre os variados conceitos de Histria e a perspectiva crist, veja-se: Her-misten M.P. Costa, Escatologia: O Sentido da Histria Luz da Sua Consumao,So Paulo, 2008).39

    Joyce G. Baldwin, Ageu, Zacarias e Malaquias,So Paulo: Vida Nova/Mundo Cristo, america-na, 1972, p. 37. Mesmo no exlio, Israel continuava sendo o povo eleito de Deus (Is 41.8-14; 43.1-7).

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    Deus e ao Seu Esprito (Is 54.10; 55.3; 59.21; Ag 2.5/Dt 7.9; 1Rs 8.23; Dn 9.4).40OEsprito dirige a histria de forma poderosa, transpondo os obstculos, fazendocom que de uma forma misteriosa para ns , Deus sempre cumpra a palavra daaliana.

    O profeta-sacerdote Zacarias recebeu a primeira parte da sua mensagem doismeses depois de Ageu (Vejam-se: Ag 1.1/Zc 1.1), entre o final de outubro e incio denovembro de 520 a.C. A sua mensagem mais ampla do que a de Ageu, apontandopara um futuro distante, tendo uma conotao escatolgica relacionada amplamentecom o Messias.41

    Deus exorta por intermdio de Ageu: Considerai o vosso passado (Ag 1.5); aZacarias, Deus revela a Sua indignao (Zc 1.2)42e adverte: No sejais como vos-sos pais(Zc 1.4). Deus, em ambos os casos, est desafiando o povo a olhar o pas-

    sado e a no cometer os mesmos equvocos. Portanto, Zacarias desafia o povo a,num primeiro momento, meditar, refletir sobre a histria de seus pais. Meditao o ato de trazer mente as vrias coisas que se conhece sobre as ativida-des, os modos, os propsitos e as promessas de Deus; pensar em tudo isso, re-fletir sobre essas coisas e aplic-las prpria vida.43

    Se o povo considerasse o seu passado, veria que o Exlio fora resultado da suacontnua desobedincia (Vejam-se: 2Cr 36.15-17; Jr 7.25-28; 21.5; 26.3-7; Zc 1.12/Dt 28.15,45).44O pecado de Jud pode ser resumido nesta constatao divina j

    40Veja-se: Francis Turretin, Institutes of Elenctic Theology,Phillipsburg, New Jersey: P & R Publish-

    ing, 1994, Vol. II, XV.xvi.10-11.41

    Zacarias obedientemente proclamou as suas mensagens de encorajamento, de adver-tncia e de esperana gloriosa a ser cumprida em e por meio do Messias, o prometido Me-diador do pacto (Gerard Van Groningen, Revelao Messinica no Velho Testamento, p. 832).Sobre o aspecto messinico de Zacarias, veja-se Gerard Van Groningen, Revelao Messinica noVelho Testamento,p. 795-832.42

    O SENHOR se irou em extremo contra vossos pais (Zc 1.2).43

    J.I. Packer, O Conhecimento de Deus,So Paulo: Mundo Cristo, 1980, p. 15. A meditao aconsiderao freqente, atenta e devota das obras, das palavras e dos benefcios de Deus,e de como tudo provm de Deus (que opera ou permite) e de como, por caminhos maravi-

    lhosos, todos os desgnios da vontade divina so exatamente realizados [Joo Ams Com-nio,Didctica Magna,3 ed. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, (1985), XXIV.7. p. 355].44

    O SENHOR, Deus de seus pais, comeando de madrugada, falou-lhes por intermdio dos seusmensageiros, porque se compadecera do seu povo e da sua prpria morada. 16Eles, porm, zomba-vam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus profetas, at que su-biu a ira do SENHOR contra o seu povo, e no houve remdio algum. 17Por isso, o SENHOR fez su-bir contra ele o rei dos caldeus, o qual matou os seus jovens espada, na casa do seu santurio; eno teve piedade nem dos jovens nem das donzelas, nem dos velhos nem dos mais avanados emidade; a todos os deu nas suas mos(2Cr 36.15-17). 25Desde o dia em que vossos pais saram daterra do Egito at hoje, enviei-vos todos os meus servos, os profetas, todos os dias; comeando demadrugada, eu os enviei. 26Mas no me destes ouvidos, nem me atendestes; endurecestes a cervize fizestes pior do que vossos pais. 27Dir-lhes-s, pois, todas estas palavras, mas no te daro ouvi-dos; cham-los-s, mas no te respondero. 28Dir-lhes-s: Esta a nao que no atende voz do

    SENHOR, seu Deus, e no aceita a disciplina; j pereceu, a verdade foi eliminada da sua boca (Jr7.25-28). Pelejarei eu mesmo contra vs outros com brao estendido e mo poderosa, com ira, comindignao e grande furor (Jr 21.5). 3Bem pode ser que ouam e se convertam, cada um do seumau caminho; ento, me arrependerei do mal que intento fazer-lhes por causa da maldade das suas

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    mencionada: Houve alguma nao que trocasse os seus deuses, posto que no e-ram deuses? Todavia o meu povo trocou a sua Glria por aquilo que de nenhumproveito. Espantai-vos disto, cus, e horrorizai-vos! ficai estupefatos, diz o Senhor.Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de guas

    vivas, cavaram cisternas, cisternas rotas, que no retm as guas (Jr 2.11-13). (Vertambm: Jr 2.5-8).

    O desafio de Deus para o povo para que considere a histria; reflita sobre osgrandiosos feitos de Deus, sobre o pecado de seus pais e os consequentes casti-gos, e ponderem agora, na nova oportunidade dada por Deus, trazendo-os de voltado cativeiro, oferecendo-lhes as condies de reconstruo do templo e renovandoas Suas promessas.No sejais como vossos pais, a quem clamavam os primeirosprofetas (Zc 1.4). A transmisso dessa herana histrica foi, portanto, um dosmais importantes propsitos da educao em Israel.45

    Muitas vezes, a melhor maneira de pensar sobre o presente e mesmo sobre o fu-turo, olhar o passado, considerando a histria, os fatos que ocorreram quer comoutras pessoas quer conosco mesmo. Portanto, mudando o que deve ser mudado,podemos observar que a Histria da Igreja se presta, se tivermos os olhos despertospara as suas conseqncias, como um instrumento de Deus para nos advertir, con-solar e encorajar a perseverar firmes na f.A histria tem um comeoteolgicona criao, e um fim teolgico na escatologia. E entre os tempos primeiro eltimo, se cumprem os propsitos de Deus na redeno, a revelao e aformao de uma comunidade redimida.46

    2) A FAMLIA COMO BASE DA EDUCAO:

    No Antigo Testamento vemos a educao sendo amplamente praticada den-tro do lar, sendo os mestres os prprios pais os quais deveriam lembrar os manda-mentos de Deus transmitindo aos seus filhos uma herana repleta de valores morais

    aes. 4Dize-lhes, pois: Assim diz o SENHOR: Se no me derdes ouvidos para andardes na minhalei, que pus diante de vs, 5para que ouvsseis as palavras dos meus servos, os profetas, que, co-meando de madrugada, vos envio, posto que at aqui no me ouvistes, 6ento, farei que esta casa

    seja como Sil e farei desta cidade maldio para todas as naes da terra. 7Os sacerdotes, os pro-fetas e todo o povo ouviram a Jeremias, quando proferia estas palavras na Casa do SENHOR (Jr26.3-7). Ento, o anjo do SENHOR respondeu: SENHOR dos Exrcitos, at quando no terscompaixo de Jerusalm e das cidades de Jud, contra as quais ests indignado faz j setenta a-nos? (Zc 1.12). 15Ser, porm, que, se no deres ouvidos voz do SENHOR, teu Deus, no cui-dando em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos que, hoje, te ordeno, ento, virotodas estas maldies sobre ti e te alcanaro: (...) 45Todas estas maldies viro sobre ti, e te per-seguiro, e te alcanaro, at que sejas destrudo, porquanto no ouviste a voz do SENHOR, teuDeus, para guardares os mandamentos e os estatutos que te ordenou(Dt 28.15,45).45

    Hayward Armstrong, Bases da Educao Crist,Rio de Janeiro: JUERP., 1992, p. 13.46

    Bernard Ramm, La Revelacion Especial y la Palabra de Dios, Buenos Aires: Editorial La Aurora,1967, p. 100. O sentido da histria incompleto parte da vontade e do objetivo de Deus.

    A histria est nas mos de Deus, como ocorre com o significado mais profundo de toda avida humana. O nexo natural-histrico todo funciona segundo as leis de Deus (BenjaminWirt Farley, A Providncia de Deus na Perspectiva Reformada: In: Donald K. Mckim, ed., GrandesTemas da Tradio Reformada,So Paulo: Pendo Real, 1999, p. 74).

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    (Gn 18.19; Ex 10.2; 12.26; 13.8; Dt 4.9-10; 6.20-21; 11.19; 32.7).47A famlia sempredesempenhou um papel fundamental dentro da educao judaica, sendo extrema-mente preventiva e orientadora. Mesmo dentro de um processo evolutivo, a educa-o familiar jamais foi substituda ou preterida. A educao dos filhos era algo priori-

    trio e constante, considerando em seu currculo, conforme vimos, os grandes feitosde Deus na histria. Os filhos no foram testemunhas daqueles grandes eventos,contudo, aprenderiam por meio de seus pais aqueles fatos e o significado dos mes-mos, realando a aliana e o amor de Deus para com o Seu povo.

    Na instituio da Pscoa, Deus j os instrui a respeito do que aconteceria e comoos pais deveriam ensinar seus filhos: Guardai, pois, isto por estatuto para vs outrose para vossos filhos, para sempre. E, uma vez dentro na terra que o SENHOR vosdar, como tem dito, observai este rito. Quando vossos filhos vos perguntarem: Querito este? Respondereis: o sacrifcio da Pscoa ao SENHOR, que passou porcima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egpcios e livrou as

    nossas casas. Ento, o povo se inclinou e adorou (Ex 12.24-27).

    Notemos que a educao judaica tinha como elemento de extrema relevncia asperguntas, as quais certamente eram estimuladas, feitas pelos filhos aos pais ou aossacerdotes:

    Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito este? Respondereis....(Ex12.26);Naquele mesmo dia, contars a teu filho, dizendo....(Ex 13.8);Quando teu filho amanh te perguntar: Que isso? Responder-lhe-s....(Ex

    13.14);Quando teu filho, no futuro, te perguntar, dizendo: Que significam os testemu-

    nhos, e estatutos, e juzos que o SENHOR, nosso Deus, vos ordenou? Ento, dirsa teu filho.... (Dt 6.20,21);Passai adiante da arca do SENHOR, vosso Deus, ao meio do Jordo; e cada

    um levante sobre o ombro uma pedra, segundo o nmero das tribos dos filhos de Is-

    47Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardemo caminho do SENHOR e pratiquem a justia e o juzo; para que o SENHOR faa vir sobre Abrao oque tem falado a seu respeito(Gn 18.19).E para que contes a teus filhos e aos filhos de teus filhoscomo zombei dos egpcios e quantos prodgios fiz no meio deles, e para que saibais que eu sou o

    SENHOR(Ex 10.2). E, uma vez dentro na terra que o SENHOR vos dar, como tem dito, observaieste rito. Quando vossos filhos vos perguntarem: Que rito este? Respondereis: o sacrifcio daPscoa ao SENHOR, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu osegpcios e livrou as nossas casas. Ento, o povo se inclinou e adorou (Ex 12.25-27). Naquele mes-mo dia, contars a teu filho, dizendo: isto pelo que o SENHOR me fez, quando sa do Egito (Ex13.8). 9To-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que te no esqueas daquelascoisas que os teus olhos tm visto, e se no apartem do teu corao todos os dias da tua vida, e asfars saber a teus filhos e aos filhos de teus filhos. 10No te esqueas do dia em que estiveste pe-rante o SENHOR, teu Deus, em Horebe, quando o SENHOR me disse: Rene este povo, e os fareiouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as en-sinar a seus filhos (Dt 4.9-10). 20Quando teu filho, no futuro, te perguntar, dizendo: Que significamos testemunhos, e estatutos, e juzos que o SENHOR, nosso Deus, vos ordenou? 21Ento, dirs ateu filho: ramos servos de Fara, no Egito; porm o SENHOR de l nos tirou com poderosa mo (Dt

    6.20-21). Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados em vossa casa, e andando pelo cami-nho, e deitando-vos, e levantando-vos(Dt 11.19).Lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para osanos de geraes e geraes; pergunta a teu pai, e ele te informar, aos teus ancios, e eles to di-ro (Dt 32.7).

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    rael, para que isto seja por sinal entre vs; e, quando vossos filhos, no futuro, per-guntarem, dizendo: Que vos significam estas pedras?, ento, lhes direis.... (Js 4.5-6);As doze pedras que tiraram do Jordo, levantou-as Josu em coluna em Gil-

    gal. E disse aos filhos de Israel: Quando, no futuro, vossos filhos perguntarem aseus pais, dizendo: Que significam estas pedras?, fareis saber a vossos filhos, di-zendo.... (Js 4.20-21).

    Antes de entrar na Terra Prometida, o povo exortado por Deus por intermdiode Moiss a considerar os ensinamentos de Deus transmitindo-os, tambm, aosseus filhos: To-somente guarda-te a ti mesmo e guarda bem a tua alma, que teno esqueas daquelas coisas que os teus olhos tm visto, e se no apartem do teucorao () (lebab) todos os dias da tua vida, e as fars saber a teus filhos e aosfilhos de teus filhos. No te esqueas do dia em que estiveste perante o SENHOR,teu Deus, em Horebe, quando o SENHOR me disse: Rene este povo, e os farei ou-

    vir as minhas palavras, a fim de que aprenda () (lamad) a temer-me todos os diasque na terra viver e as ensinar ()(lamad) a seus filhos (Dt 4.9-10).

    A cada sete anos durante a festa dos tabernculos a Lei deveria ser lida diante detodo povo para que aprendesse a temer ao Senhor: Ajuntai o povo, os homens, asmulheres, os meninos e o estrangeiro que est dentro da vossa cidade, para queouam, e aprendam ()(lamad), e temam o SENHOR, vosso Deus, e cuidem decumprir todas as palavras desta lei; para que seus filhos que no a souberem ouame aprendam ()(lamad) a temer o SENHOR, vosso Deus, todos os dias que viver-des sobre a terra qual ides, passando o Jordo, para a possuir(Dt 31.12-13).

    Deus orienta aos pais a usarem de vrios meios audvel e visual , de circuns-tncias diferentes, de modo formal e informal sentado, andando, noite, pela ma-nh para ensinar seus filhos a Lei a fim de que no se esqueam de Deus, nem deSeus atos soberanos na histria. Notemos, contudo, que a Lei deveria estar primei-ramente no corao dos pais; somente assim os pais poderiam cumprir com natura-lidade a sua misso educativa; o ensino, as lies, as admoestaes e aplicaesseriam naturais decorrentes de um corao dominado pela Lei do Senhor. Os queamam a Deus guardam no corao a Sua Palavra (Sl 119.11): Ouve, Israel, o SE-NHOR, nosso Deus, o nico SENHOR. Amars, pois, o SENHOR, teu Deus, detodo o teu corao () (lebab), de toda a tua alma e de toda a tua fora. Estas pala-

    vras que, hoje, te ordeno estaro no teu corao () (leba

    b); tu as inculcars a teusfilhos, e delas falars assentado em tuacasa, e andando pelo caminho, e ao deitar-

    te, e ao levantar-te. Tambm as atars como sinal na tua mo, e te sero por frontalentre os olhos. E as escrevers nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Haven-do-te, pois, o SENHOR, teu Deus, introduzido na terra que, sob juramento, prometeua teus pais, Abrao, Isaque e Jac, te daria, grandes e boas cidades, que tu no edi-ficaste; e casas cheias de tudo o que bom, casas que no encheste; e poos aber-tos, que no abriste; vinhais e olivais, que no plantaste; e, quando comeres e te far-tares, guarda-te, para que no esqueas o SENHOR, que te tirou da terra do Egito,da casa da servido (Dt 6.4-12). Ensinai-as ()(lamad) a vossos filhos, falandodelas assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e levan-

    tando-vos (Dt 11.19).

    Primitivamente os pais eram os professores responsveis pela educao comple-

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    ta de seus filhos (Pv 22.6). Posteriormente encontramos exemplos de amas e guar-dis que cuidavam da educao de crianas. Moiss achando por demais pesada acarga de conduzir o povo de Israel, usa de uma analogia que revela a existncia deamas: Concebi eu, porventura, todo este povo? Dei-o eu luz, para que me digas:

    Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criana que mama, terra que, sob juramen-to, prometeste a seus pais?(Nm 11.12). O av de Davi, Obede, filho de Boaz e Ru-te, foi educado por Noemi que, ao que parece o adotou: Noemi tomou o menino, e ops no regao, e entrou a cuidar dele. As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A No-emi nasceu um filho. E lhe chamaram Obede. Este o pai de Jess, pai de Davi(Rt4.16-17).

    H evidncias de que entre os nobres era comum a adoo de amas e tutores. Ofilho de Jnatas, Mefibosete, tinha uma ama: Jnatas, filho de Saul, tinha um filhoaleijado dos ps. Era da idade de cinco anos quando de Jezreel chegaram as not-cias da morte de Saul e de Jnatas; ento, sua ama o tomou e fugiu; sucedeu que,

    apressando-se ela a fugir, ele caiu e ficou manco. Seu nome era Mefibosete (2Sm4.4). Jnatas, tio de Davi, era do conselho, homem sbio e escriba; Jeiel, filho deHacmoni, atendia os filhos do rei (1Cr 27.32). (Ver tambm: 2Rs 10.5; Is 49.23).

    O salmista Davi depois de grande prova e livramento, escreve: Vinde, filhos, eescutai-me; eu vos ensinarei ()(lamad)o temor do SENHOR(Sl 34.11). Restau-rado por Deus aps ter pecado, confessado e se arrependido, Davi prope-se a en-sinar o caminho de Deus: Ento, ensinarei ()(lamad)aos transgressores os teuscaminhos, e os pecadores se convertero a ti(Sl 51.13).

    3) OS SACERDOTES E PROFETAS COMO MESTRES:

    Nenhum sistema educacional estacima do povo que trabalha nele. Se osmestres no temem ao Senhor e no sealegram nele, o melhor de todos os sis-temas educacionais falhar Perry G.

    Downs.48

    A autoridade do sacerdote e do profeta como mestres era decorrente da Pa-

    lavra de Deus. O ensino deveria ser avaliado pelo seu contedo, no simplesmentepela autoridade supostamente inerente de quem falava. A sua mensagem poderiavariar em estilo e mtodo afinal eles no eram robs49, contudo, a sua origemera sempre divina: Deus o autor e o contedo da mensagem. Por isso mesmoDeus admoesta o povo quanto aos falsos profetas que, na sua louca falsidade ideo-lgica, traziam mensagens que brotavam de seus coraes e mentes pecaminososvisando afastar o povo de sua comunho: Quando profeta ou sonhador se levantarno meio de ti e te anunciar um sinal ou prodgio, 2e suceder o tal sinal ou prodgio

    48Perry G. Downs, Introduo Educao Crist: Ensino e Crescimento, p. 28-29.

    49Todos eles tinham a mesma mensagem para dar; todos a receberam de Deus. Eles a a-

    presentaram de forma diferentes, porque Deus nos os usou como meras mquinas a per-sonalidade do homem transparece. Mas a mensagem era de Deus e no do homem (DavidMartyn Lloyd-Jones, Uma Nao sob a Ira de Deus: estudos em Isaas 5, p. 11).

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    de que te houver falado, e disser: Vamos aps outros deuses, que no conheceste,e sirvamo-los, 3no ouvirs as palavras desse profeta ou sonhador; porquanto oSENHOR, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o SENHOR, vosso Deus, detodo o vosso corao e de toda a vossa alma. 4Andareis aps o SENHOR, vosso

    Deus, e a ele temereis; guardareis os seus mandamentos, ouvireis a sua voz, a eleservireis e a ele vos achegareis. 5Esse profeta ou sonhador ser morto, pois pregourebeldia contra o SENHOR, vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito e vos resga-tou da casa da servido, para vos apartar do caminho que vos ordenou o SENHOR,vosso Deus, para andardes nele. Assim, eliminars o mal do meio de ti(Dt 13.1-5).

    Curiosamente, o hebraico bblico no conhece a palavra aprendiz no que se re-fere relao mestre-aluno. A razo simples: O que o israelita individual temque aprender a respeito da vontade de Deus no o transforma em alunodiante do seu mestre. Isto porque, mesmo como aprendiz, o indivduo sem-pre permanece uma parte do povo escolhido, entre o qual cada indivduodescobre na Palavra divina a autoridade dAquele que o elegeu. Isto excluiqualquer possibilidade de um relacionamento discpulo-mestre entre os ho-mens, pois at o sacerdote e o profeta ensinam com sua prpria autorida-de.50Ns somos, portanto, discpulo do Senhor, Aquele que nos torna erudito (Is8.16/Is 50.4).51

    Josu, diante da grande responsabilidade de suceder a Moiss, ouve deste a pa-lavra de Deus, diante de todo o povo: S forte e corajoso; porque com este povoentrars na terra que o Senhor, sob juramento, prometeu dar a teus pais; e tu os fa-rs herd-la. O Senhor quem ir adiante de ti: ele ser contigo, no te deixar,

    nem te desamparar; no temas, nem te atemorizes (Dt 31.7-8). Posteriormente,aps a morte de Moiss, Deus repete essas palavras a Josu. Lembremo-nos queJosu sabia das dificuldades que encontraria. Afinal, ele labutou com Moiss duran-te toda a caminhada de quarenta anos no deserto, viu toda aquela gerao que par-tiu do Egito com mais de vinte anos morrer no deserto devido sua prpria de-sobedincia. Como bem sabemos, de todos os que saram do Egito, apenas Josu eCalebe entraram na terra prometida. Josu conhecia o seu povo e, por certo, tinhaem mente que a sua jornada no seria nada fcil, tendo como uma de suas primei-ras misses, dentro de trs dias, atravessar o rio Jordo (Js 1.11) e, em breve, con-quistar a cidade de Jeric. No momento em que ele assumiu a liderana, Deus lhediz: To-somente s forte e mui corajoso, para teres o cuidado de fazer segundo to-da a lei que meu servo Moiss te ordenou; dela no te desvies, nem para a direitanem para a esquerda, para que sejas bem sucedido por onde quer que andares.No cesses de falar deste livro da lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhascuidado de fazer segundo a tudo quanto nele est escrito; ento fars prosperar oteu caminho e sers bem sucedido. No to mandei eu? S forte e corajoso; no te-mas, nem te espantes, porque o Senhor teu Deus contigo, por onde quer que an-dares(Js 1.7-9).

    50

    D. Mller, Discpulo: In: Colin Brown, ed. ger. Novo Dicionrio Internacional de Teologia do NovoTestamento,So Paulo: Vida Nova, 1981-1983, Vol. I, p. 662-663.51

    A palavra erudito (ARA) pode ser traduzida tambm por discpulo (BJ; NJB; (Is 8.16) (Trinitaria-na).

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    Sob a Palavra de Deus, Josu foi, e quando o povo se preparava para atravessaro rio Jordo, ele disse:"Santificai-vos, porque amanh o Senhor far maravilhas nomeio de vs(Js 3.5). Aqui est o exemplo de um homem que confiava na Palavrade Deus, tendo os seus ps firmados nela.

    Os princpios apresentados por Deus a Josu giram em torno da Sua Palavra:

    Meditar no Livro da Lei;Cumprir os seus preceitos;Ensinar os seus mandamentos.

    O resultado disso, que ele seria bem sucedido no que realizasse.

    No mbito nacional, vemos que Deus confiou em especial aos sacerdotes(levitas)a responsabilidade de ensinar a Lei52 lendo-a periodicamente diante de todo o po-

    vo , aplicando-a s necessidades de seus ouvintes (Lv 10.11; Dt 17.8-11; 31.9-13/2Rs 12.2; 2Cr 35.3). Eles eram conhecidos como os que tratavam da lei(Jr 2.8).A fidelidade dos sacerdotes em cumprirem a sua misso servia em geral como ter-mmetro para mensurar a situao espiritual do povo. Quando os sacerdotes sedesviavam desse propsito, as consequncias eram fatais.

    O cativeiro do Reino Norte (722 a.C.) est diretamente relacionado ignorncia.Deus disse por intermdio de Isaas: ... O meu povo ser levado cativo, por falta deentendimento() (daath) .... (Is 5.13). (Vejam-se: 2Rs 17.13-16; Os 11.5-7). Nes-te perodo verificamos um grave e desolador problema na vida espiritual de Israel:Os sacerdotes no ensinavam mais a Lei e o povo ao longo dos anos prosseguia emseu caminho de desobedincia: O meu povo est sendo destrudo, porque lhe faltao conhecimento ()53 (daath). Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento() (daath), tambm eu te rejeitarei, para que no sejas sacerdote diante de mim;visto que te esqueceste da lei do teu Deus, tambm eu me esquecerei de teus filhos(Os 4.6). Deus por meio de Osias (c. 750-723)54demonstra que o povo era a ex-presso viva do sacerdote, ainda que, ironicamente, por vezes o povo o acusasse:O teu povo como os sacerdotes aos quais acusa.... como o povo, assim o sa-cerdote(Os 4.4,9).55

    52

    A palavra fhrOT(Tr), lei instruo, aparece 221 vezes no Antigo Testamento. A Lei era o pontocentral e convergente de todo o ensino ministrado nos lares, pelos sacerdotes e, mais tarde, na Sina-goga.53

    O conhecimento de Deus deriva daqueles acontecimentos histricos em que Deus deuprovas de si mesmo e revelou-se a indivduos escolhidos, tais como Abrao e Moiss. Essasrevelaes devem ser ensinadas a outros(Jack P. Lewis & Paul R. Gilchrist, yhab: In: R. LairdHarris, et. al., eds., Dicionrio Internacional de Teologia do Antigo Testamento, p. 598). Esta palavra a mesma que ocorre em Gn 2.9,17.54

    Vd. Gleason L. Archer Jr., Merece Confiana o Antigo Testamento, So Paulo: Vida Nova, 1974, p.364. As variveis obviamente so pequenas: c. 755-710 (Cf. Bruce Wilkinson & Kenneth Boa, Desco-brindo a Bblia, So Paulo: Candeia, 2000, p. 254). Hill e Walton colocam a composio do Livro co-mo ocorrendo entre cerca de 739-722 (Andrew E. Hill & J.H. Walton, Panorama do Antigo Testamen-

    to, So Paulo: Editora Vida, 2006, p. 514).55Por outro lado, tambm verdade que o povo tornara-se surdo ao apelo divino: Embora eu lhe

    escreva a minha lei em dez mil preceitos, estes seriam tidos como cousa estranha(Os 8.12). Torna-ra-se insensvel Palavra Proftica: Falei aos profetas, e multipliquei as vises; e, pelo ministrio

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    Deus em seu amor pactual e invencvel conclama o povo, por meio do profeta, aoarrependimento; a tornar-se para Ele.56

    Mais tarde (c. 440 a.C.) os sacerdotes continuam sendo acusados de no maisensinarem Lei, e, o povo ao longo dos anos prosseguia em seu caminho de desobe-dincia. Os sacerdotes falhavam em sua funo principal. Deus os adverte: Porqueos lbios do sacerdote devem guardar o conhecimento () (daath), e da sua bocadevem os homens procurar a instruo, porque ele mensageiro do SENHOR dosExrcitos(Ml 2.7).

    Muitas vezes os sacerdotes e profetas estes que tinham a responsabilidade detransmitir a revelao de Deus foram infiis para com Deus, ensinando por dinhei-ro, tornando-se mestres de mentiras (Is 9.14-15; Mq 3.11).57Na realidade, esses co-

    nheciam a lei, mas no a ensinavam nem a praticavam, antes ela tornou-se um meiopara o seu favorecimento pessoal, transmitindo uma mensagem falsa (Ez 22.26,28;Sf 3.4).58Em resumo, eles se esqueceram da lei de Deus (Os 4.6). Aqueles que as-sim procediam, assemelhavam-se aos dolos, que so mestres de mentiras: Queaproveita o dolo, visto que o seu artfice o esculpiu? E a imagem de fundio, mes-

    dos profetas, propus smiles(Os 12.10. Vd. Os 12.13). Quanto a isso, o Livro de Reis testemunha: OSenhor advertiu a Israel e a Jud por intermdio de todos os profetas e de todos os videntes, dizen-do: Voltai-vos dos vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos,segundo toda a lei que prescrevi a vossos pais e que vos enviei por intermdio dos meus servos, osprofetas(2Rs 17.13).56O tema deste livro um testemunho srio contra o Reino do Norte por causa da sua a-postasia da Aliana e sua corrupo, em grande escala, em assuntos particulares e pbli-cos. O propsito do autor convencer seus compatriotas da sua necessidade de se arre-pender e voltar ao seu to paciente e amoroso Deus. Tanto a ameaa como a promessa seapresentam do ponto de vista do amor de Deus por Israel, como Sua prole amada, comosua esposa pela Aliana(Gleason L. Archer Jr., Merece Confiana o Antigo Testamento, p. 362).O tema da Profecia de Osias O Amor Imutvel do Senhor(A.R. Crabtree, O Livro de Osi-as,Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1961, p. 5). (Do mesmo modo, Walter C. Kaiser, Jr.,Teologia do Antigo Testamento,So Paulo: Vida Nova, 1980, p. 204). Seu propsito predominan-te revelar o amor de Deus para com uma nao pecaminosa e rebelde (E.J. Young, UnaIntroduccin al Antiguo Testamento,Grand Rapids, Michigan: T.E.L.L., 1977, p. 286). A fidelidade deDeus no cumprimento da aliana, a despeito da infidelidade do povo, perpassa todo o Livro (Os 2.13-16,23; 3.1; 14.1-8).57

    Do Oriente vm os siros, do Ocidente, os filisteus e devoram a Israel boca escancarada. Comtudo isto, no se aparta a sua ira, e a mo dele continua ainda estendida. Todavia, este povo no sevoltou para quem o fere, nem busca ao SENHOR dos Exrcitos. Pelo que o SENHOR corta de Israela cabea e a cauda, a palma e o junco, num mesmo dia. O ancio, o homem de respeito, a cabea;o profeta que ensina a mentira a cauda(Is 9.12-15). Os seus cabeas do as sentenas por su-borno, os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e aindase encostam ao SENHOR, dizendo: No est o SENHOR no meio de ns? Nenhum mal nos sobrevi-r (Mq 3.11).58

    Os seus sacerdotes transgridem a minha lei e profanam as minhas coisas santas; entre o santo eo profano, no fazem diferena, nem discernem o imundo do limpo e dos meus sbados escondemos olhos; e, assim, sou profanado no meio deles. Os seus prncipes no meio dela so como lobos que

    arrebatam a presa para derramarem o sangue, para destrurem as almas e ganharem lucro desones-to. Os seus profetas lhes encobrem isto com cal por vises falsas, predizendo mentiras e dizendo:Assim diz o SENHOR Deus, sem que o SENHOR tenha falado(Ez 22.26-28). Os seus profetas solevianos, homens prfidos; os seus sacerdotes profanam o santurio e violam a lei(Sf 3.4).

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    tra ()(yarah) de mentiras, para que o artfice confie na obra, fazendo dolos mu-dos? 19 Ai daquele que diz madeira: Acorda! E pedra muda: Desperta! Pode odolo ensinar ()(yarah)? Eis que est coberto de ouro e de prata, mas, no seu inte-rior, no h flego ()(ruach)nenhum(Hc 2.18-19). O Antigo Testamento mostra o

    Esprito como onisciente (Is 40.13), onipresente (Sl 139.7) e onipotente (Is 34.16),evidenciando assim, a impotncia e inrcia dos dolos, visto que estes no tm esp-rito, no tm vida (Hc 2.19/Jr 10.14). Somente Deus pode conceder vitalidade, j quea vida pertence a Deus (Ez 37.14/Hc 3.2) (hfyfx) (hyh).59

    Todavia, deve ser salientando que ainda que esta realidade esteja fortementepresente na histria de Israel, no se constitui em toda a extenso da verdade. Mui-tssimos sacerdotes e profetas perseveram em ensinar com fidelidade a Palavra deDeus (1Rs 19.18).60 A tarefa do profeta consistia em ensinar uma religio revelada.Deus mandou seus profetas para chamar o povo de volta verdadeira observncia

    da lei (2Rs 17.13).61

    Na reforma levada a efeito por Josaf, ele providenciou paraque alguns de seus prncipes se ocupassem pessoalmente do ensino da Lei em Ju-d e nas demais cidades: No terceiro ano do seu reinado, enviou ele os seus prnci-pes Ben-Hail, Obadias, Zacarias, Natanael e Micaas, para ensinarem ()(lamad)nas cidades de Jud; (...)Ensinaram ()(lamad) em Jud, tendo consigo o Livro daLei do SENHOR; percorriam todas as cidades de Jud e ensinavam ()(lamad) aopovo(2Cr 17.7,9). Depois do Exlio Babilnico, o escriba Esdras, que era versadona Lei do Senhor (Ed 7.6), descrito como algum que tinha disposto o corao() (lebab) para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar()(lamad) em Israel os seus estatutos e os seus juzos(Ed 7.10).A tarefa dos

    profetas era aplicar a lei sua prpria situao. Sua mensagem baseava-sena lei; eles atacavam a aplicao errada que dela se fazia.62 Portanto, oprofeta o mensageiro de Deus aos homens.63A profecia tem uma ligao du-pla e indissolvel. A sua fonte a Palavra de Deus; na outra ponta, temos o seu ob-jetivo especial: a edificao da Igreja.64Um profeta ser o intrprete e ministroda revelao. (...) [A] profecia no consiste na simples interpretaoda Es-critura, mas tambm inclui o conhecimentopara fazer aplicao s necessi-dades do momento, e isto s pode ser obtido por meio da revelao e da in-

    59

    Este verbo e os seus derivados ocorrem no Antigo Testamento cerca de 800 vezes, sendo traduzi-do normalmente por viver e vida. A sua origem etimolgica ainda no foi explicada satisfatoriamen-te. Biblicamente, hfyfxtem o sentido de: a) Chamar existncia o que no existia: [Gn 2.7 (adjetivo: yfxvivente);J 33.4/2Rs 5.7], e b) Preservar vivo:(Gn 7.3; 19.32; Sl 33.19; 41.2). (Vejam-se mais deta-lhes In: Hermisten M.P. Costa, Avivamento Bblico,So Paulo: 1994, 3p). 60

    Tambm conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que no se dobraram a Baal, e toda bocaque o no beijou (1Rs 19.18).61

    O SENHOR advertiu a Israel e a Jud por intermdio de todos os profetas e de todos os videntes,dizendo: Voltai-vos dos vossos maus caminhos e guardai os meus mandamentos e os meus estatu-tos, segundo toda a Lei que prescrevi a vossos pais e que vos enviei por intermdio dos meus servos,os profetas(2Rs 17.13).62

    John E. Hartley, Yr: In: R. Laird Harris, et. al. eds., Dicionrio Internacional de Teologia do AntigoTestamento,p. 663.63

    Joo Calvino, Exposio de 1 Corntios,So Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 12.10), p. 378.64

    Joo Calvino, Exposio de 1 Corntios,(1Co 14.22), p. 425.

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    fluncia especial de Deus.65

    Tomemos como exemplo o caso de Ezequiel. Quando Nabucodonosor, rei da Ba-bilnia, invadiu Jerusalm em 597 a.C., alm de espoliar os tesouros do templo e do

    rei, levou cativo o rei Joaquim, a famlia real, e os principais cidados e artfices. En-tre eles encontrava-se o jovem Ezequiel (Ez 1.1-2). Diz o texto sagrado: Levou dalitodos os tesouros da Casa do Senhor e os tesouros da casa do rei; e, segundo tinhadito o Senhor, cortou em pedaos todos os utenslios de ouro que fizera Salomo,rei de Israel, para o templo do Senhor. Transportou a toda a Jerusalm, todos osprncipes, todos os homens valentes, todos os artfices e ferreiros, ao todo dez mil;ningum ficou, seno o povo pobre da terra. Transferiu tambm a Joaquim para aBabilnia; a me do rei, as mulheres deste, seus oficiais e os homens principais daterra, ele os levou cativos de Jerusalm Babilnia. Todos os homens valentes, atsete mil, e os artfices, e ferreiros, at mil, todos eles destros na guerra, levou-os orei da Babilnia cativos para a Babilnia(2Rs 24.13-16).

    Ezequiel era um sacerdote (Ez 1.3), sendo a sua capacitao proftica reconheci-da pelos lderes que estavam no exlio (Ez 8.1; 20.1). Ele se estabeleceu numa co-lnia de judeus cativos, na vila de Tel-Abibe (Monte de Trigo Verde), junto ao rioQuebar (Ez 1.1; 3.15), um grande rio que trazia as guas do rio Eufrates para a irri-gao das cidades. A sua vocao proftica ocorreu 5 anos depois, 592 a.C. (Ez1.2-3).66

    No captulo 3 de Ezequiel, encontramos a sua comisso para o ministrio profti-co. Deus ento demonstra que ele teria que ensinar a Palavra de Deus: Ainda me

    disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, vai e fala casa de Is-rael. Ento, abri a boca, e ele me deu a comer o rolo. E me disse: Filho do homem,d de comer ao teu ventre e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Eu ocomi, e na boca me era doce como o mel. Disse-me ainda: Filho do homem, vai, en-tra na casa de Israel e dize-lhe as minhas palavras (Ez 3.1-4). (destaques meus).

    A mensagem que Ezequiel iria comunicar deveria ser assimilada, mastigada, en-golida; deveria encher o seu ser. Apesar da severidade de sua mensagem, ela pare-ceu ao profetadoce como o mel. Experincia semelhante teve Jeremias, que diz:Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegriapara o corao, pois pelo teu nome sou chamado, Senhor, Deus dos Exrcitos(Jr

    15.16).

    A Palavra que Ezequiel transmitiria no provinha dele mesmo, originria deDeus. Certamente a sua mensagem seria dura aos seus ouvintes e, at mesmo parao profeta; no entanto, no caberia a ele escolher o que falar; Deus no oferece estaopo aos seus servos. Cabe a ns simplesmente obedecer.67Esta responsabilida-65

    Joo Calvino, Exposio de 1 Corntios,(1Co 14.6), p. 413.66

    Veja-se: John A. Thompson, A Bblia e a Arqueologia, So Paulo: Arte Editorial, 2007, p. 214-215.67

    Os profetas eram homens muito prticos. No devemos pensar neles com sendo apenas

    homens de literatura ou poesia que decidiram entrar para essa carreira pelo fato de a apre-ciarem. No; todos eles nos dizem que foram chamados por Deus para entregar uma men-sagem aos seus compatriotas. Eles no queriam fazer isso. Alguns, na verdade, revelam-nos,com honestidade, que resistiram fortemente ao chamado de Deus. Eles sabiam que sua

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    de to grande, que Deus demonstra que quem rejeita a mensagem transmitida pe-lo profeta, est, na realidade, rejeitando a Deus: A casa de Israel no te dar ouvi-dos, porque no me quer dar ouvidos a mim(Ez 3.7). (destaques meus).

    Vejam aqui a responsabilidade dos sacerdotes/profetas e de todos aqueles queensinam a Palavra de Deus: Quando algum ouve e aceita a mensagem que trans-mitimos est recebendo a Palavra de Deus; quando a rejeita, est rejeitando a Deus.A questo : Quando ensinamos podemos ter esta certeza, de que estamos falandoa Palavra de Deus? Esta convico s possvel, se estivermos certos de que pro-clamamos a Palavra de Deus, no nossas interpretaes e opinies pessoais.68Somos chamados, no a especular sobre a Palavra, mas, a transmiti-la com fideli-dade. Por isso que o plpito no lugar de especulao, compartilhamento ou re-flexo; o lugar de proclamao: Assim diz o Senhor.

    Competia ao profeta anunciar somente o que Deus o enviou a anunciar.E quandoa fidelidade aparentemente no funciona?: Eia, pois, vai aos do cativeiro, aos filhosdo teu povo, e, quer ouam quer deixem de ouvir, fala com eles, e dize-lhes: Assimdiz o SENHOR Deus(Ez 3.11).

    No justo af de querermos ser ouvidos corremos o srio risco de no mais falar-mos a Palavra do Senhor, mas, sim, a nossa palavra, transformando a mensagemdo Senhor em nossa mensagem. Se tivermos ento um auditrio crescente, o risco ainda mais grave de permanecermos nesta prtica equivocada.

    Aqui o pragmatismo69

    torna-se um caminho bastante atraente: se queremos ser

    mensagem no seria agradvel e no queriam ser impopulares, no desejavam sofrer [Da-vid Martyn Lloyd-Jones, Uma Nao sob a Ira de Deus: estudos em Isaas 5, p. 10]. Todos eles ti-nham a mesma mensagem para dar; todos a receberam de Deus. Eles a apresentaram deforma diferentes, porque Deus nos os usou como meras mquinas a personalidade do ho-mem transparece. Mas a mensagem era de Deus e no do homem (David Martyn Lloyd-Jones, Uma Nao sob a Ira de Deus: estudos em Isaas 5, p. 11).68"A profecia no uma interpretao particular dos acontecimentos mas a verdade reve-lada de Deus ao homem"(D. Martyn Lloyd-Jones, Do Temor F, Miami: Vida, 1985, p. 48).69

    O Pragmatismo como sistema de pensamento parte de uma concepo de que o homem no

    essencialmente um ser terico, com preocupaes metafsicas. A sua inteligncia est voltada para aconcretizao dos seus propsitos, que so eminentemente prticos; por isso, todo o conhecimentotem um objetivo prtico. No pragmatismo, temos o rompimento com o pensamento metafsico (Har-vey Cox, A Cidade do Homem, 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971, p. 74,75); o que importa afuncionalidade. O correto aquilo que funciona ou satisfaz. Assim, o valor intrnseco foi substitudopela eficcia; ou seja, se funciona tem valor; as idias verdadeiras so as que funcionam, so valio-sas. Deste modo, no existem absolutos; tudo relativo: as idias que no parecem teis ou re-levantes so rejeitadas como sendo falsas(John F. MacArthur Jr., Com Vergonha do Evangelho,So Jos dos Campos, SP.: Fiel, 1997, p. 7).MacArthur adverte-nos: Quando o pragmatismo(...) utilizado para formularmos juzos acerca do certo e do errado ou quando se torna a fi-losofia norteadora da vida, da teologia e do ministrio, acaba, inevitavelmente, colidindocom as Escrituras(John F. MacArthur Jr., Com Vergonha do Evangelho, p. 7).Nossa poca de pragmatismo, obcecada com o que funciona e menos preocupada com o que ver-

    dadeiro (John F. MacArthur, Jr., Muito Antes de Lutero: Jesus e a Doutrina da Justificao: In: JohnF. MacArthur, Jr., et. al., A Marca da Vitalidade Espiritual a Igreja: Justificao pela F Somente,SoPaulo: Editora Cultura Crist, (2000), p. 14). Os conceitos que dentro de nossa percepo no semostram relevantes, so descartados.Por outro lado, se voc e eu propusermos solues contradit-

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    ouvidos teremos que fazer deste e deste jeito, alguns dizem.

    Quando nos afastamos da Palavra perdemos a dimenso da integridade e fideli-dade que deve caracterizar a voz proftica: Eia, pois, vai aos do cativeiro, aos filhos

    do teu povo, e, quer ouam quer deixem de ouvir, fala com eles, e dize-lhes: Assimdiz o SENHOR Deus(Ez 3.11).

    Portanto, competia ao profeta e ao sacerdote anunciar somente o que Deus osenviou a anunciar/ensinar. Stott resume bem a tarefa do profeta:A caractersticaessencial do profeta no era prever o futuro nem interpretar a atividade pre-sente de Deus, mas falar as palavras de Deus.70

    No entanto, ainda que cometendo uma digresso, devemos frisar que a obedin-cia a Deus no uma garantia de sucesso.

    Da misso inicial de Ezequiel, destaco trs aspectos:

    a)O povo no receberia a mensagem: O fato de sua mensagem ser inteligvel,no indicaria a aceitao da mesma (Ez 3.5-7). Notemos que Ezequiel era um pre-gador respeitado e extremamente agradvel (Ez 33.30-32);71no entanto, o povo noqueria praticar a Palavra de Deus: Porque ouvem as tuas palavras, mas no aspem por obra (Ez 33.32). A casa de Israel no te dar ouvidos, porque no mequer dar ouvidos a mim(Ez 3.7/Ez 2.2-7). Do mesmo modo, por intermdio de outroprofeta contemporneo, Jeremias, Deus diz: Por que, pois, este povo de Jerusalmse desvia, apostatando continuamente? persiste no engano, no quer voltar. Eu es-

    cutei e ouvi; no falam o que reto, ningum h que se arrependa da sua maldade,dizendo: Que fiz eu? Cada um corre a sua carreira como um cavalo que arremetecom mpeto na batalha (Jr 8.5-6). (destaques meus).

    Deus diz que fez duro o rosto do profeta; a sua fronte seria como um diamantepara resistir dureza de seus ouvintes (Ez 3.8-9).72Aqui o nome de Ezequiel rele-vante, j que significa Deus fortaleceou Deus endurece. Isto indica a resistnciado povo e a firmeza que deve caracterizar o profeta no anncio/ensino da Palavra deDeus.

    b)Cumprir a misso ordenada por Deus pode ser extremamente doloroso: O

    rias para os nossos problemas e ambas as aplicaes funcionarem, elas podero ser consideradasigualmente verdadeiras (Veja-se: Gordon H. Clark, Pragmatismo: In: Carl Henry, org. Dicionrio de -tica Crist, So Paulo: Cultura Crist, 2007, p. 462).70

    J.R.W. Stott, O Perfil do Pregador,So Paulo: SEPAL., 1989, p. 12.71

    30Quanto a ti, filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas dascasas; fala um com o outro, cada um a seu irmo, dizendo: Vinde, peo-vos, e ouvi qual a palavraque procede do SENHOR. 31Eles vm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti co-mo meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas no as pem por obra; pois, com a boca, professammuito amor, mas o corao s ambiciona lucro. 32Eis que tu s para eles como quem canta canesde amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas no as pem por o-

    bra(Ez 33.30-32).728Eis que fiz duro o teu rosto contra o rosto deles e dura a tua fronte, contra a sua fronte. 9Fiz a

    tua fronte como o diamante, mais dura do que a pederneira; no os temas, pois, nem te assustes como seu rosto, porque so casa rebelde (Ez 3.8-9).

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    profeta diz que ficou amargurado na excitao do seu esprito(Ez 3.14). possvelnutrir expectativas ambguas em relao aos nossos ouvintes quando no sabemosao certo qual ser a sua reao. Mas, saber de antemo que o que vamos falar noser bem recebido, algo doloroso e angustiante. assim que se sente o profeta.

    No entanto, ele continua dentro da trajetria estabelecida por Deus: vai a Tel-Abibe,vai morar com os exilados e, conforme registra: por sete dias assentei-me ali atnitono meio deles(Ez 3.15).

    Tarefa semelhante Deus dera a Isaas cerca de 150 anos antes: Vai, e dize a es-te povo: Ouvi, ouvi, e no entendais; vede, vede, mas no percebais. Torna insens-vel o corao deste povo, endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhes os olhos, para queno venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos, e a entender com o cora-o, e se converta e seja salvo(Is 6.10).

    c)A presena consoladora e estimulante de Deus: Deus garante de forma evi-

    dente e poderosa a sua presena: Ento, o Esprito me levantou e me levou; eu fuiamargurado na excitao do meu esprito; mas a mo do SENHOR se fez muito for-te sobre mim(Ez 3.14). Todas as vezes que determina alguma tarefa, Deus mesmonos capacita a cumpri-la. Deus jamais nos desampara; Ele no confia algo imposs-vel aos Seus servos. Juntamente com o mandamento h o seu socorro e amparo.

    O mesmo Deus que deu a Sua Lei providenciou meios para que ela fosse preser-vada e ensinada com fidelidade.

    Maring, 4 de abril de 2010.

    Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa