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CAPELANIA PASTORAL

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Page 1: Capelania crista

CAPELANIA

PASTORAL

Page 2: Capelania crista

FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL

APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

O material aqui presente tem como objetivo introduzir a aprendizagem dos discentes,

anexando conteúdos livres no material, para enriquecimento dos mesmos.

O conteúdo aqui apresentado possui dados legais, não dispondo, assim, de autor ou

autores próprios.

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FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL

INTRODUÇÃO

Muitas pessoas pensam que para ser capelão só é necessário conhecer a Bíblia.

Entretanto, tal consideração não condiz com a realidade, nem atende as necessidades.

Pelo contrário, além de conhecer a Bíblia, também é necessário saber visitar e possuir a

qualificação técnica, o aprimoramento e orientação psicológica.

O trabalho do “capelão” cristão, através da Ajuda Espiritual a enfermos, a

encarcerados, desamparados e necessitados em geral é um trabalho belo, maravilhoso,

por vezes chocante, mas extraordinariamente necessário. Mas é imprescindível destacar,

que somente através do dom da misericórdia o capelão poderá realizar esta tão grande

obra.

A ajuda Social e Espiritual a estas classes de pessoas, realizada através da

misericórdia e plena espontaneidade em ajudar a outros, traz consigo o privilégio de

aconselhar, auxiliar, consolar, confortar e evangelizar as pessoas que tão terrivelmente

atravessam uma fase difícil e as vezes complicada em sua vida.

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FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL

Sumário O QUE É CAPELANIA CRISTÃ ................................................................................................................. 4

BREVE HISTÓRICO ................................................................................................................................. 6

AMPARO JURÍDICO ............................................................................................................................... 9

CAPELANIA PASTORAL ........................................................................................................................ 12

POSTURA DO CAPELÃO ....................................................................................................................... 15

CONHECENDO O SER HUMANO .......................................................................................................... 19

JESUS CRISTO: O CAPELÃO POR EXCELÊNCIA ..................................................................................... 23

REFERÊNCIA

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CAPÍTULO 1

O QUE É CAPELANIA CRISTÃ

Dentro de um contexto geral

podemos definir Capelania como a ação

de dar assistência de caráter espiritual

aos necessitados ou às pessoas que

solicitam tal ajuda. Essa assistência

espiritual deve sempre focar a pessoa de

nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo

dentro do contexto do Reino de Deus e

sem nenhuma tendência religiosa ou

denominacional.

A Capelania visa proporcionar ao ser humano oportunidades de uma formação

integral dentro dos princípios éticos cristãos norteados de acordo com a Bíblia Sagrada.

O principal serviço da Capelania é levar a esperança e esperança é esperar o que

se deseja. Segundo Hebreus 11.1 - “... a fé é a certeza daquilo que esperamos ...” (NVI),

então, podemos afirmar que o objetivo da Capelania é levar o ser humano a uma fé ativa

diante do Criador, através da qual a pessoa consegue se aproximar de Deus e desenvolver

um relacionamento pessoal com Ele, entregar-se a Ele e viver esperando Nele.

Esperar com confiança, esperar esperando, esperar confiando foi esse o sentido

que podemos aprender com o Rei Davi no Salmo 40.1 - “Esperei com paciência pela

ajuda de Deus, o SENHOR. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro”(NTLH),

esse é princípio ativo do significado da palavra fé nas Escrituras. Vale também lembrar o

que diz Hebreus 11.6 - “Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele

precisa crer que ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo

melhor” (NTLH).

Podemos então afirmar que o objetivo da Capelania consiste em lançar a semente

da fé bíblica no coração do próximo promovendo de forma sobrenatural a esperança viva

da fé em Deus.

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FACULDADE TEOLÓGICA NACIONAL

Uma vez que uma fé viva está fundamentada nas Escrituras e as Escrituras tem

centro a pessoa de Jesus Cristo, a Capelania vai ajudar cada ser humano que for alcançado

por ela a ter um encontro pessoal com Cristo aproximando-se assim de Deus conhecendo-

o melhor.

Vale ressaltar que a Capelania não é uma atividade pertencente ou exclusiva a

nenhuma instituição ou convenção. É uma atividade voluntária e livre, excetuando, é

claro, os concursados nas forças armadas, unidades militares e afins.

A Capelania é a atividade que oferece oportunidades de conhecimento, reflexão,

desenvolvimento e aplicação de valores e princípios ético-cristãos e da revelação de Deus.

É nas adversidades que o ser humano precisa de ser consolado, confortado e

orientado para superar as agruras da vida, quer num leito de hospital, numa creche,

orfanato, presídio, asilo, ou quaisquer outros lugares, onde uma palavra de consolo, ou

um ouvido atento faz a diferença, dando ao necessitado a força de superação eficiente

para colocá-lo em consonância com o poder e a vontade de Deus. Conforto espiritual e

esperança são encontrados quando o Capelão, ao levar a sua mensagem ao necessitado,

explicita que é o Senhor Jesus quem nos conforta, liberta e nos salva.

Capelania é, antes de tudo, levar Jesus às pessoas, independentemente de

bandeira religiosa. A palavra de Deus é, destarte, uma turbina que gera vida; e vida em

abundância.

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CAPÍTULO 2

BREVE HISTÓRICO

A história da origem de Capelania segue diferentes caminhos. A Encyclopaedia

Britanica (em inglês), registra o que resumimos a seguir:

Na França costumava-se levar uma relíquia de capela ou oratório de São Martin

de Tours, preservada pelo rei da França, para o acampamento militar, em tempos de

guerra.

A relíquia era posta numa tenda especial que levava o nome de capela. Um

sacerdote era mantido para o ofício religioso e aconselhamento.

A ideia progrediu e mesmo em tempo de paz, a capela continuava no reino,

sempre com um sacerdote que era o conselheiro. O costume passou a ser observado

também em Roma.

Em 1789, esse ofício foi abolido na França, mas restabelecido em 1857, pelo

Papa Pio IX. À esta altura, o sacerdote que tomava conta da capela, que era chamado

capelão, passava a ser o líder espiritual do Soberano Rei e de seus representantes. O

serviço costumava estender-se também a outras instituições: Parlamento, Colégios,

Cemitérios e Prisões.

Tudo isto porque para o catolicismo, existem as igrejas matrizes em cada lugar

e as paróquias para atendimento geral dos fiéis. Um serviço religioso particular, não era

comum. Assim, surgia a figura da capela.

I. O MOVIMENTO MODERNO DE CAPELANIA

Mas o movimento moderno e mais definido de capelania, com tendências à

institucionalização da atividade, começou a surgir no final do século 19, com uma

acirrada discussão sobre psicologia pastoral, nos Estados Unidos e na Inglaterra.

O principal protagonista da ideia foi um pastor congregacional de Columbus, no

Estado de Ohio, Estados Unidos, Washington Gladden, que insistia na necessidade de

cooperação entre o clero (líderes religiosos) e a classe médica (A Árvore da Cura, p. 246).

Gladden, em seu livro The Christian Pastor (O pastor cristão), evidenciou os vínculos

entre a saúde mental e a saúde física.

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Por este tempo, principalmente na virada do século 19 para o século 20, eclodiu

uma forte discussão sobre experiência religiosa. Nesta discussão juntavam-se psicólogos,

teólogos, clérigos, médicos e psicoterapeutas. O tema principal era: “cura para todos”, e

o objetivo maior era buscar saúde para “o homem inteiro”.

Logo surgiu outro luminar do movimento, que era Anton Boisen (1876-1966).

Dedicou-se com muito sucesso à teologia pastoral. Formado pela Universidade de

Harvard, e depois de muitas lutas e discussões, assumiu uma capelania no Hospital

Estadual de Worcester, para doentes mentais.

Boisen foi o primeiro a introduzir estudantes de teologia num hospital

psiquiátrico para treinamento pastoral clínico, o que fazia parte dos trabalhos normais do

hospital. Este trabalho cresceu e se estabeleceu durante dez anos. Boisen é considerado

pela literatura moderna um dos fundadores do treinamento pastoral clínico.

Enquanto Boisen atuava nos Estados Unidos, surgia outro grande protagonista

do movimento, no Reino Unido, Leslie Weatherhead.

Leslie era pastor Metodista, e em 1916 foi para a Índia como missionário.

Trabalhando em Madras, ingressou no oficialato militar da reserva do exército da Índia e

foi enviado para o deserto da Mesopotâmia, para ajudar na guarda do porto de Basra. E

então foi nomeado capelão do exército.

Durante esse trabalho na Mesopotâmia, conheceu um médico que atuava como

psicoterapeuta, que compartilhou com ele muitas ideias sobre “natureza psicossomática”

de boa parte das doenças conhecidas como físicas.

Esse médico tinha a forte convicção de que eram os capelães religiosos que

deveriam ajudar as pessoas enfermas a se recuperarem. O médico morreu logo, mas

conseguiu provocar uma verdadeira revolução na vida espiritual de Leslie, que passou a

estudar profundamente o assunto.

De volta à Inglaterra alguns anos depois, Leslie criou seminários de debates

envolvendo psicologia, medicina e psicanálise. Todo o trabalho de Leslie, que foi muito

intenso, contribuiu para firmar as atividades de Capelania hospitalar daquele tempo.

É bom lembrar à esta altura, que o trabalho de Capelania estava muito ligado à

psicologia, principalmente a emergente disciplina denominada psicologia pastoral.

II. CAPELANIA NO BRASIL

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No Brasil, o ofício de Capelania começou também na área militar, em 1858, com

o nome de Repartição Eclesiástica, evidentemente só com a Igreja Católica. O serviço foi

abolido em 1899.

Durante a Segunda Grande Guerra Mundial, em 1944, o serviço foi restabelecido

com o nome de Assistência Religiosa das Forças Armadas. Na mesma época foi criada

também a Capelania Evangélica para assegurar a presença de Capelães Evangélicos na

FEB.

O grande Capelão Evangélico que marcou época durante a Segunda Guerra

Mundial, foi o Pastor João Filsen Soren, que era pastor da Primeira Igreja Batista do Rio

de Janeiro, e depois que voltou, são e salvo, ainda permaneceu no pastorado daquela igreja

por mais de 50 anos. Faleceu recentemente (2002). Pena que não nos deixou um livro

sobre o assunto.

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CAPÍTULO 3

AMPARO JURÍDICO

I. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas

entidades civis e militares de internação coletiva.

II. LEI FEDERAL Nº 9.982 - 14/07/2000

Dispõe sobre a prestação de assistência religiosa nas entidades hospitalares

públicas e privadas, bem como nos estabelecimentos prisionais civis e militares.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Aos religiosos de todas as confissões assegura-se o acesso aos hospitais

da rede pública ou privada, bem como aos estabelecimentos prisionais civis ou militares,

para dar atendimento religioso aos internados, desde que em comum acordo com estes,

ou com seus familiares no caso de doentes que já não mais estejam no gozo de suas

faculdades mentais.

Art. 2º - Os religiosos chamados a prestar assistência nas entidades definidas no

art. 1º deverão, em suas atividades, acatar as determinações legais e normas internas de

cada instituição hospitalar ou penal, a fim de não pôr em risco as condições do paciente

ou a segurança do ambiente hospitalar ou prisional.

Art. 4º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias.

Art. 5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 14 de julho de 2000; 179º da Independência e 112o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

José Gregori, Geraldo Magela da Cruz Quintão, José Serra

III. LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal

Art. 1º - A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença

ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do

condenado e do internado.

Art. 2º - A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo

o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei

e do Código de Processo Penal.

Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao

condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à

jurisdição ordinária.

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não

atingidos pela sentença ou pela lei.

Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social,

religiosa ou política.

Art. 4º - O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades

de execução da pena e da medida de segurança.

Da Assistência

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 10º - A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando

prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.

Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.

Art. 11. A assistência será:

I - Material;

II - À saúde;

III - Jurídica;

IV - Educacional;

V - Social;

VI - Religiosa.

SEÇÃO VII

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Da Assistência Religiosa

Art. 24º - A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos

e aos internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados no

estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa.

§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos.

§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de

atividade religiosa.

IV. DIREITOS E DEVERES DO CAPELÃES

Dentre os principais podemos destacar os seguintes:

1. Ter acesso garantido àqueles que por ele solicitam ou procuram.

2. Ser respeitado no exercício de sua função.

3. Não ser discriminado em razão de sexo, raça, cor, idade ou religião que

professa.

4. Obedecer e respeitar determinações legais e as normas internas de cada

instituição onde exercer a Capelania, a fim de colocar em risco as condições da pessoa

assistida ou a segurança do ambiente no qual desempenhe a sua atividade.

5. Respeitar as regras de higiene e vestuário de cada ambiente onde venha

exercer a Capelania.

6. Exercer a Capelania sem nenhum tipo de discriminação de raça, sexo, cor,

idade ou religião, sempre tendo por foco sua missão de confortar e consolar a pessoa

assistida, seja ela quem for.

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CAPÍTULO 4

CAPELANIA PASTORAL

Juridicamente o Capelão é uma pessoa preparada e legalmente habilitada para

ministrar assistência religiosa em regimentos militares (Marinha, Exército, Força Aérea,

Polícias Civil e Militar), escolas em seus mais variados níveis, internatos, orfanatos,

asilos, hospitais, presídios, etc.

Já espiritualmente o serviço de Capelania é uma chamada Bíblica geral que

envolve todos os cristãos. O maior exemplo que temos é a pessoa de Jesus Cristo e

ninguém é maior que Ele e como seus seguidores cada cristão deve emprenhar-se ao

máximo nesse serviço.

João 20.21-22 - “Então Jesus disse de novo: - Que a paz esteja com vocês! Assim

como o Pai me enviou, eu também envio vocês.

22 Depois soprou sobre eles e disse: - Recebam o Espírito Santo”. (NTLH)

Do mesmo jeito e na mesma

autoridade de Jesus, cada cristão foi

comissionado para essa nobre missão

espiritual. É importante notar que todos

os ensinos de Jesus são práticos e nunca

teóricos. Ele nunca mandou alguém fazer

algo que Ele não fizesse e nunca falou

para não fazer o que Ele não fez.

Somos comissionados por Jesus e temos a mesma unção que havia sobre Ele que

é a unção do Espírito Santo. É na autoridade do Rei e na força do Espírito Santo que a

Igreja Corpo de Cristo vai realizando a Obra de Deus na face da terra. A Igreja é a prova

viva da presença e da manifestação de Cristo nesse mundo.

Fundamentado então na vida de Cristo o cristão deve observar o que a Bíblia fala

que Ele fez e mirar nos seus exemplos maravilhosos toda a conduta cristã.

Podemos entender então que o principal requisito para se tornar um Capelão é a

pessoa ser um cristão totalmente convertido e praticante da Palavra de Deus.

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Vale também citar que nos moldes do Novo Testamento o sacerdócio espiritual

é universal, ou seja, independente se a pessoa é do sexo masculino ou feminino, ela pode

e tem o direito de ser capelão. Veja que podemos aprender isso no texto abaixo (o grifo é

meu):

1 Pe 2.9 – “Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação

completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a ele. Vocês foram escolhidos para

anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a sua maravilhosa

luz”. (NTLH)

O Capelão é uma pessoa capacitada espiritual e emocionalmente sensível às

necessidades das pessoas. É alguém sempre disposto a ouvir, aliás esse é o predicado

número um de quem se prontifica a essa missão.

É um amigo disposto a ouvir e encorajar pessoas ajudando-as a enfrentar, muitas

vezes o pior momento de suas vidas. É o ajudante da vida humana encorajando gente com

a viva esperança.

Oferece suporte e ajuda espiritual, apoio emocional a própria pessoa e seu

familiares e amigos e casos institucionais também aos profissionais atuantes.

Cumpre sua missão de todo o coração e sem nenhum interesse material. Anda

sempre preparado, conhece bem a Palavra de Deus:

2 Tm 2.15 - “Faça todo o possível para conseguir a completa aprovação de

Deus, como um trabalhador que não se envergonha do seu trabalho, mas ensina

corretamente a verdade do evangelho”. (NTLH)

Seguindo o princípio cristão do voluntariado o Capelão desempenha sua função

não objetivando e nem impondo condições materiais ou financeiras para desempenhar

sua missão. Esse princípio não se aplica aos Capelães empossados na forma da Lei

mediantes concurso público nas instâncias federais, estaduais ou municipais.

Transcrevo a seguir a Lei que trata acerca do voluntariado:

LEI Nº 9.608, DE 18 DE FEVEREIRO DE 1998

Dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não

remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a

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instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais,

educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.

Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem

obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim.

Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de

adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele

devendo constar o objeto e as condições de seu exercício.

Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas

que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.

Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente

autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário.

COMENTÁRIO DO COMPILADOR: Cumpre acerca da Capelania como dever

cada Capelão estar informado sobre as Leis estaduais e municipais em vigor em sua

região. Somos ensinados na Palavra dessa forma pelo Apóstolo Paulo:

Tt 3.1 - “Recomende aos irmãos que respeitem as ordens dos que governam e

das autoridades, que sejam obedientes e estejam prontos a fazer tudo o que é

bom”. (NTLH)

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CAPÍTULO 5

POSTURA DO CAPELÃO

O Capelão cristão deve estar ciente que seu trabalho é uma vocação espiritual

acima de tudo. Esse ministério é desenvolvido de forma voluntária. Espiritualmente a

recompensa do Capelão será concedida naquele dia:

2 Co 5.10 - “Porque todos nós temos de nos apresentar diante de Cristo para

sermos julgados por ele. E cada um vai receber o que merece, de acordo com o que fez

de bom ou de mau na sua vida aqui na terra”. (NTLH)

Vamos entender o que é um trabalho voluntário e qual deve ser a postura desse

serviçal do Reino de Deus aqui na terra.

Segundo o dicionário Aurélio trabalho voluntário é aquele que é feito sem

constrangimento ou coação, espontâneo. Veja também o que disse o Secretário-Geral da

ONU, Ban Ki-moon (5 de dezembro de 2009): “O trabalho voluntário é uma fonte de

força comunitária, superação, solidariedade e coesão social. Ele pode trazer uma

mudança social positiva, promovendo o respeito à diversidade, à igualdade e à

participação de todos. Está entre os ativos mais importantes da sociedade.”

I. COMO SER UM BOM VOLUNTÁRIO?

Nem sempre uma boa intenção é seguida de uma atitude correta. É preciso

informação para uma boa ação. Isso ajuda muito no serviço voluntário e chama-se

responsabilidade. Qualquer pessoa que se preste a algum serviço voluntário deve ter boa

vontade e responsabilidade.

Gostaria de enumerar algumas virtudes que são imprescindíveis ao Capelão

cristão:

1. Seja humilde: As vezes pode acontecer de haver críticas, não se deve esperar

tapinhas nas costas.

2. Existem regras: Cada Instituição que for atuar tem seus regimentos internos,

seu códigos e regras.

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3. Esteja aberto para aprender: Novas experiências promovem uma

renovação na mente que nos ajuda a crescer como pessoa. O Capelão nunca deve se

posicionar como dono da verdade.

4. Coloque-se na condição de servo: Esqueça a autopromoção ou fama.

Lembre-se do princípio do Reino de que o maior é aquele que serve.

5. De sempre o melhor: Nunca atenda alguém pura e simplesmente por

obrigação. Lembre-se que deve haver harmonia entre o que falamos com nossa boca e o

que expressamos com o corpo. O corpo nunca mente.

As pesquisas mostram que voluntários vivem mais e também com mais saúde.

A sensação de utilidade faz um bem enorme na alma do voluntário.

II. ACERCA DA ÉTICA

A Capelania cristã deve ser exercida sem nenhuma conotação religiosa ou

sectária. Religião está fora de questão, quando falo de religião incluo qualquer instituição

eclesiástica, inclusive àquela que o Capelão porventura pertença. A missão do Capelão é

estritamente espiritual e durante o seu exercício deve esquecer sua e qualquer religião.

Deus quando observa as pessoas não as observa segundo a religião dessa pessoa

e da mesma maneira deve agir o capelão.

Particularmente, tenho aprendido nos últimos dias que a principal característica

do amor é o respeito. O próprio Cristo desenvolveu seu ministério espiritual sem vínculo

religioso, embora religiosamente pertencesse a religião judaica.

O alvo do Capelão no exercício da Capelania é suprir espiritualmente o

necessitado. É preciso discernir que emocionalmente existe a psicologia e fisicamente a

medicina. Deve-se ter cuidado para não invadir outra área a qual não é o alvo.

III. CAPELÃO NÃO É PASTOR E NEM TERAPÊUTA

É muito importante diferenciar as funções e as responsabilidades pertinentes a

cada uma delas. O curso e a credencial de Capelão não evoca ao seu possuidor nem a

chamada e nem a unção pastoral ou terapêutica.

O Capelão caracteriza-se por um trabalho voluntário, não possui rebanho ou

característica eclesiástica e que circunstancialmente atende pessoas carentes de

assistência espiritual. Lida individualmente com pessoas, cada uma com seus problemas

e na área espiritual sem ministrar doutrina denominacional alguma.

O Capelão é apenas um pronto socorro espiritual. Em caso de “tratamento” deve

encaminhar a pessoa a alguém melhor qualificado. Se fosse em um hospital, seria apenas

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um residente que nunca faria nenhuma cirurgia e apenas encaminharia o paciente sob seus

cuidados para o especialista.

Gostaria de deixar como exemplo a seguinte passagem bíblica:

Lc 10.30-37 - “Jesus respondeu assim: - Um homem estava descendo de

Jerusalém para Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram, tiraram a sua roupa,

bateram nele e o deixaram quase morto.

31 Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho.

Quando viu o homem, tratou de passar pelo outro lado da estrada.

32 Também um levita passou por ali. Olhou e também foi embora pelo outro

lado da estrada.

33 Mas um samaritano que estava viajando por aquele caminho chegou até ali.

Quando viu o homem, ficou com muita pena dele.

34 Então chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho e em

seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu próprio animal e o

levou para uma pensão, onde cuidou dele.

35 No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão, dizendo:

- Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você gastar a mais

com ele.

36 Então Jesus perguntou ao mestre da Lei: - Na sua opinião, qual desses três

foi o próximo do homem assaltado?

37 - Aquele que o socorreu! - respondeu o mestre da Lei. E Jesus disse: - Pois

vá e faça a mesma coisa”.

Nos moldes Bíblicos eu diria que a ação capelânica abrange uma boa parte no

cumprimento do segundo e grande mandamento:

Mc 12.29-31 - “Jesus respondeu: - É este: "Escute, povo de Israel! O Senhor,

nosso Deus, é o único Senhor.

30 Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com toda a

mente e com todas as forças.

31 E o segundo mais importante é este: Ame os outros como você ama a você

mesmo. Não existe outro mandamento mais importante do que esses dois”.

Já é conhecido e entendido por muitos que o amor é muito superior a qualquer

sentimento. Muito mais que isso amor na prática significa cuidado. Deus não ama a raça

humana apenas sentimentalmente, pelo contrário, o amor de Deus é algo prático e que

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visa, além de um relacionamento pessoal entre Ele e cada ser humano, também a provisão

das necessidades humanas.

Concluo afirmando que amar é suprir necessidades e só descobrimos as reais

necessidade através de relacionamentos com as pessoas. Para encerrar esse capítulo

gostaria de dar um exemplo prático dessa verdade.

Como descendentes de Adão toda a raça humana é pecadora por causa do pecado

adâmico. A principal consequência do pecado de Adão sobre a raça humana é a morte

espiritual.

Dessa forma o homem sem Cristo Jesus em sua vida é espiritualmente morto.

Jesus tratou esse assunto com Nicodemos em João 3.3 e Paulo também falou sobre ele

em Ef 2.1. Dessa forma o homem se tornou um necessitado espiritual.

Deus em seu grande amor (cuidado) deu providência para essa necessidade.

Jesus Cristo tem sido essa providência de Deus e é por Ele que somos salvos e herdeiros

da vida eterna. João 3.16 - “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho,

para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna”. (NTLH)

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CAPÍTULO 6

CONHECENDO O SER HUMANO

Um bom capelão precisa ter

conhecimentos e discernimentos acerca

da formação ou constituição do ser

humano, caso contrário, poderá cometer

equívocos espirituais que podem

provocar sérios danos à pessoa assistida.

Vale lembrar que o foco do ministério de

capelania é a assistência espiritual.

Como nossa proposta é prestar a assistência espiritual dentro da visão cristã, nada

melhor do que recorrer às Escrituras sagradas para saber o que elas no ensinam acerca da

composição do ser humano e poder dessa forma focar diretamente o alvo da capelania de

prestar assistência espiritual.

Meu pensamento nesse capítulo não é apresentar um estudo acerca da

antropologia Bíblica em sua essência, pelo contrário, é dar uma pequena noção Bíblica

acerca do ser humano.

I. O QUE O NOVO TESTAMENTO FALA ACERCA DA

CONSTITUIÇÃO DO SER HUMANO

1) Mt 10.28 - “E não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a

alma; Temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo”.

2) 1 Ts 5.23 - “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo vosso

espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de

nosso Senhor Jesus Cristo”.

3) Hb 4.12 - “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do

que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das

juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”.

4) Tg 2.26 - “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim

também, a fé sem obras é morta”.

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5) Atos 20.10 - “Paulo, porém, descendo, inclinou-se sobre ele e, abraçando-o,

disse: Não vos perturbeis, que a sua alma nele está”.

Podemos afirmar que basicamente o homem é composto de duas partes, sendo

uma imaterial e invisível e outra física e visível. A parte imaterial possui duas

características que é o espírito e a alma. Já a parte física é composta pelo corpo.

Então o ser humano pode ser definido como sendo um ser ESPIRITUAL que

possui uma ALMA e que habita em um CORPO.

II. O ESPÍRITO HUMANO

O ser humano é um ser espiritual porque foi criado por Deus segundo a sua

imagem e semelhança (Gn 1.26. Jo 4.24) e é nessa dimensão que ele é capaz de ter

conhecimento acerca de Deus e comunhão com o Altíssimo.

O Espírito Santo habita no cristão regenerado em seu espírito humano. É no

espírito humano que acontece a ministração do Espírito Santo acerca das coisas espirituais

(Pv 20.27; Jo 3.6; 1 Co 3.16), inclusive a confirmação da salvação (Rm 8.16).

Assim como temos nossas necessidades físicas, temos também nossas

necessidades espirituais que são expressas através de nossa alma (veremos na sequência

acerca da alma humana). Veja o clamor do salmista no Salmo 42.2 - “A minha alma tem

sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus”?

O espírito humano é invisível ao homem, mas é a porta de entrada de Deus de

onde o ser humano pode sentir a realidade espiritual de Deus (1Co 2.10,11; Jo 4. 23,24).

É através de nosso espírito que nos relacionamos com Deus e somos distintos do

restante da criação, somos os único criados a imagem e semelhança de Deus. É o espírito

humano o lugar onde a santidade de Deus chega primeiro na vida de uma pessoa (1Ts

5.23).

Sem uma renovação promovida pelo Espírito Santo espiritualmente o espírito

humano está morto, ou seja, sem comunhão ou comunicação com Deus (Lc 15.24,32; Cl

2.13; 1Tm 5. 6;). Isso quer dizer que tal pessoa não tem dentro de si a vida com Deus (Ef

4. 18; Tt 1.15), portanto, não pode entrar na presença e nem ver a Deus. (2Co 4.4).

Através da salvação que por meio de Cristo Jesus esse homem que estava

espiritualmente morto é vivificado (Ef 2.1-10) e um despertamento espiritual começa no

seu interior (Ef 2.5; Cl 2.13).

Uma das mais importantes faculdades do espírito do homem é a consciência. Ela

é como uma janela, pela qual Deus olha para o interior do homem (Rm 2.15,16). É como

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uma espiã de Deus, que persegue o homem quando faz o mau, mas que lhe fala com uma

voz elogiosa quando faz o bem (At 24.16).

III. A ALMA HUMANA

O ser humano possui uma alma e através dela que ele tem sua individualidade,

personalidade e caráter. A alma é a sede dos sentidos humanos e o local onde está

armazenada nossa inteligência, vontade, sentimentos e razão.

É o local de onde vem nossas decisões e escolhas sendo a fonte de nossos

relacionamentos com Deus, as pessoas e a criação.

A alma interligada com o espírito humano forma nosso “homem interior”: 2 Co

4.16,18 - “Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja

consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em Dia”.

Note que mesmo sendo inseparavelmente unidos espírito e alma existe distinção

entre eles. Por exemplo: Um cristão nascido de novo é salvo e espiritualmente santo (Rm

1.7), entretanto, no que tange a alma esse cristão ainda não alcançou a santificação

perfeita e está caminhando rumo a ela através de sua consagração a Deus mediante a

Bíblia Sagrada, isso é processo contínuo e gradativo (Fp 3.12-14).

Veja a junção da alma e do espírito no cântico de Maria Lc 1.46-47 - “Disse

então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, 47 E o meu espírito se alegra em

Deus meu Salvador”.

Através da alma há vida no corpo e contato com o mundo ao seu redor. Para isso

acontecer a alma usa os sentidos do corpo, então a alma é a sede dos sentidos humanos

(Jó 24.12; Sl 35.9; Sl 119.20; Mc 14.34; Mt 22.37).

O intelecto humano e suas faculdades está armazenado na alma. Pensamentos,

entendimentos, discernimentos (Sl 139.14; Pv 19.2; Is 53.11).

Os desejos e as paixões em relação a essa vida natural e física também estão

armazenados na alma (Lc 12.19; Ap 18.14).

A alma é o meio através do qual todas as necessidades humanas são expressadas,

sejam elas espirituais ou emocionais.

Afirmam alguns teólogos que o espírito e a alma são inseparáveis e interligados

entre si vindo dessa essência a imortalidade da alma.

A Bíblia fala da salvação da alma (Mt 10.28; Tg 5.20). Jesus disse que não

adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma (Mc 8.36,37). Devemos,

pois encomendar nossas almas ao Deus Criador (1Pe 4.19).

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IV. O CORPO HUMANO

O corpo humano é simplesmente a casa da alma, é o lugar físico onde habita a

parte imaterial do ser humano. É a morada terrena do ser humano que é essencialmente

espírito e alma como vimos anteriormente.

1. Casa ou Tabernáculo: 2º Co 5.1 nos ensina que o corpo é um local de

habitação temporária que nos é dado pelo Criador, provisoriamente enquanto

peregrinamos na terra rumo a eternidade.

Com a morte física que é a separação da parte imaterial de nosso ser da parte

física, essa tenda é desarmada e a alma parte em rumo a sua morada eterna (Is 38.12; 2Pe

1.13,14). Alguém certa vez disse: “O homem é um embrulho postal que o médico ou

parteira despachou ao coveiro”.

2. Templo: Templo é um lugar consagrado para e pela presença de Deus.

Religiosamente falando na cultura ocidental, templo é o local onde se reúne os devotos

para prestarem um homenagens a Deus.

Do ponto de vista bíblico o cristão é em tese a morada de Deus (1Co 3.16,17; 6.

19,20; 2Co 6. 16). É o lugar onde Deus manifesta sua presença ou um lugar onde a

presença de Deus é localizada (1Rs 8.27,28).

3. Vaso: Muitos filósofos pagãos tratam o corpo com desprezo pois o

consideram um empecilho para o aperfeiçoamento da alma. A Bíblia porém afirma que

ele foi formado por Deus direto do pó da terra (Gn 2.7) e que uma de nossas atribuições

espirituais é apresentá-lo a Deus (Rm 12.1) e outra é usá-lo para a glória de Deus (1 Co

6.20, 1 Ts 4.4). Durante esse processo podemos glorificar ou desonrar o Criador através

do nosso corpo (2 Tm 2.20-21).

Assim, o corpo é o elemento essencial do existir, viver, conhecer, desejar, fazer,

e, sem ele o homem não seria capaz de alimentar, reproduzir, aprender, comunicar,

trabalhar, etc. É através do corpo que o homem se torna um ser social. Será pelas obras

praticadas por meio do corpo que o homem será um dia julgado (2Co 5.10; Ap 20.11-15).

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CAPÍTULO 7

JESUS CRISTO: O CAPELÃO POR EXCELÊNCIA

A Bíblia em sua plenitude nos revela a fantástica e maravilhosa narrativa acerca

da vida de Jesus, seria ele o maior exemplo de capelão para nós na antiguidade e também

na atualidade.

O maior segredo de todos os tempos para todas as conquistas está dentro dos

Princípios do Reino de Deus. Quando nos atentamos a estes princípios descobrimos um

universo muito mais real do que o que costumamos viver.

Pensar nos cuidados oferecidos por Jesus aos que tiveram a oportunidade de

caminhar com Ele nessa terra é uma fonte inesgotável de exemplos, vida e amor.

Durante todo o seu ministério, Jesus nos demonstrou como cuidar do físico,

emocional, moral, social bem como do espiritual. E todos esses cuidados não eram

dissociados uns dos outros.

Um bom exemplo é o texto de Mateus 14.13-21 e João 6. Em um primeiro

momento, Jesus se preocupa em ensinar a multidão por que se compadecia dela, o que

podemos destacar como um cuidado espiritual.

Com o avançar das horas, Jesus se preocupou com a fome do povo, afinal, já se

fazia tarde. Então, cuidou da multidão providenciando alimento para todos

indistintamente e também curou os enfermos, o que é um cuidado com o físico.

Jesus também se preocupava com a saúde moral e social daqueles que o Pai lhe

havia confiado. Vejamos o exemplo de João 4 e João 8. Em ambos os casos, Jesus se

preocupou em devolver a dignidade, a identidade dessas mulheres para com Deus e para

com a sociedade sem se compactuar com o pecado, mas amando intensamente todas as

pessoas.

Em todos os evangelhos, podemos acompanhar o amor e a compaixão como as

características marcantes de seu ministério. Todos os que buscavam a Jesus encontravam

respostas, aceitação e cura. Ricos ou pobres, a todos Jesus cuidou com deferência e

respeito, zelo e carinho.

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Jesus nos chama a fazer o mesmo que Ele fez, a seguir suas orientações e ensinar

a outros as boas novas de salvação.

Esse é o cuidado integral que nos desafia e nos chama através do exemplo de

Jesus: enxergar o outro, o nosso próximo por fora e também por dentro. Cuidar do físico,

mas não esquecer dos cuidados com o coração atormentado, a fé abalada, a dignidade

perdida.

Jesus Cristo, nosso maior exemplo de cuidado integral! Sejamos como Ele.

I. EXEMPLOS DE CAPELANIA NA VIDA DE CRISTO

Nenhum serviço aos necessitados foi maior do que aquele que foi prestado pelo

Senhor Jesus Cristo. Ele é o nosso exemplo maior e devemos imitar suas obras de

compaixão.

1º) Capelania infantil (Mt 19.13-15)

2º) Capelania social (Mt 14.15-16).

3º) Capelania hospitalar (Mt 14.14; Mc 6.55).

4º) Capelania com os desprezados (Jo 5.2-9).

5º) Capelania fúnebre (Lc 7.12-16)

6º) Através do escritor do livro de Hebreus nos ordena a praticar a capelania

prisional (Hb 13.3).

Prestar auxílio espiritual, visitação é, portanto, o ato de juntar-se a uma pessoa

em crise com o objetivo de fortalecê-la, consolá-la e acompanhá-la no momento difícil.

Encontramos exemplo de "visitação" já no Jardim do Éden, quando Deus

passeava e visitava a Adão e Eva (Gn 3.8). Assim sendo, "visitar" foi uma ação que

começou com nosso Deus, o qual também visitou a Israel várias vezes de forma direta:

Abrão (Gn 12.1, 15.1-21, 17.1-22, 18.1, 22.1), Sara (Gn 21.1), Moisés (Ex 3.1-5, 3.16,

6.1-3), Josué (Js 1.1-9), Gideão (Jz 6.11), Samuel (1Sm 3.4, 15.10,11), Isaías, Jeremias

(Jr 1.4-10; 33.6).

A visita divina ao seu povo se tornou completa com a vinda de Jesus Cristo na

plenitude do tempo (Jo 3.16,17). No Evangelho de Mateus 1.23 lemos: “Eis que a virgem

conceberá, e dará à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que traduzido

é: Deus é Conosco”.

No Evangelho de João 1.14 temos o relato da visita quando “o verbo se fez

carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a

glória do unigênito filho de Deus”.

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Este Verbo divino nos disse que não veio para os sãos, mas para os doentes (Mc

2.17) e ainda nos diz “eu irei e lhe darei saúde” (Mt 8.7). Então, a visita de Deus através

de Jesus Cristo é fundamental para toda a humanidade porque através dela temos a saúde

eterna.

O Senhor Jesus também treinou seus discípulos para que visitassem ( Mt 9.35,

10.6) e deu seu exemplo quando foi a casa de Zaqueu (Lc 19.5), quando visitou com

Tiago a casa de Pedro (Mc 1.29-31) nessa ocasião curou a sogra de Pedro

Jesus também visitou a casa do principal da sinagoga (Mc 5.38-43). Convém

também lembrarmos que o primeiro milagre foi numa casa, quando o Mestre transformou

a água em vinho (Jo 2.1-9). Por todas estas evidências percebemos que Jesus dava enorme

importância à visitação.

Este ato cristão de "visitar" também era percebido na Igreja Primitiva, Paulo foi

convidado a ir a casa de Lídia (At 16.15), Paulo e Silas foram a casa do carcereiro (At

16.31-33), Pedro foi visitar a casa do centurião Cornélio por ordem divina (At 10.1-48).

Precisamos como Igreja do Senhor, levar uma palavra de paz para as pessoas

que vivem enfermas, em dificuldades, sobrecarregadas e oprimidas. Precisamos anunciar

o amor e o zelo de Deus pelas suas vidas. Imitando a Jesus Cristo que sempre ouvia o

clamor dos enfermos (Mt 9.1-8).

O amor que moveu Jesus a morrer por nós, será o principal elemento a mover-

nos neste ministério de apoio e consolação aos necessitados.

Portanto, visitar, prestar um auxílio espiritual e confortar são:

. Empatizar com os que sofrem.

. Levar uma palavra de esperança aos desesperados.

. Dizer que vale a pena viver apesar das dificuldades existentes na vida.

. Amar a Deus e ao próximo.

. Levar alguém a ter alegria de aceitar o que é e, se conformar, com o que tem.

. Fazer uma vida feliz e ser feliz também.

. Compartilhar o amor, a paz e realização que Deus nos dá.

. Excluir da nossa vida as palavras: Derrota e Desesperança.

. Levar aos pés de Cristo, toda causa dos oprimidos, amargurados,

desesperançosos.

. Compartilhar com alguém, que o sofrimento, as dificuldades da vida é um meio

pelo qual crescemos em direção a Deus, do próximo, e de nós mesmos.

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REFERÊNCIAS

PROF DR EDER G COSTA