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INTERPRETAES DO BRASIL

AUTORES: JULIA ODONNEL E CELSO CASTRO REELABORAO: TATIANA SICILIANO COLABORADORES: FABIANA NAVARRO E FBIO FELICIANO BARBOSA

GRADUAO 2011.1

Sumrio

Interpretaes do Brasil1 APRESENTAO DO CURSO.............................................................................................................................. 3 2 APRESENTAO GERAL DA DISCIPLINA E DO METODOLOGIA DE TRABALHO ................................................................. 5 3 A JUSTIA COMO UM MICROCOSMOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA A PARTIR DO FILME JUSTIA ...................................... 7 4 COMO SE DEVE ESCREVER A HISTRIA DO BRASIL?: VON MARTIUS O PRIMEIRO INTRPRETE DA NAO IMAGINADA ......... 11 5 O DISCURSO RACIALISTA E CONSTRUO DO BRASIL COMO UM PAS MESTIO ........................................................... 16 6 NINA RODRIGUES E O PROBLEMA NEGRO ....................................................................................................... 25 7 : BRANQUEAR COMO SOLUO: OLIVEIRA VIANNA E A DEFESA DO BRANQUEAMENTO ................................................. 33 8 UMA VISO POSITIVA SOBRE A MESTIAGEM GILBERTO FREYRE E A INFLUNCIA CULTURALISTA DO ANTROPLOGO FRANZ BOAS ............................................................................ 35 9 GILBERTO FREYRE UMA NOVA VISO SOBRE O BRASIL .................................................................................... 40 10 OS SERTES: O DILEMA ENTRE OS DOIS BRASIS ................................................................................................ 52 11 AS BASES DO PENSAMENTO SANITARISTA E O ENGAJAMENTO DE MONTEIRO LOBATO ATRAVS DE JECA TATU .................. 57 12 O BRASIL DOS CORONIS E O PACTO POLTICO DA PRIMEIRA REPBLICA .............................................................. 61 13 SRGIO BUARQUE DE HOLANDA E AS RAZES DO BRASIL .................................................................................. 64 14 ROBERTO DAMATTA E O QUE FAZ DO BRASIL, O BRASIL? ..................................................................................... 67 15 CAIO PRADO JNIOR E A VISO MARXISTA SOBRE O BRASIL................................................................................ 69 16 CELSO FURTADO E OS CONCEITOS: DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO .................................................... 71

INTERPRETAES DO BRASIL

1 APRESENTAO DO CURSO 1.1 APRESENTAO GERAL 1.1.1 Objetivos e Concepo do Curso Este curso tem por objetivo apresentar algumas das principais interpretaes feitas sobre o Brasil. O que caracteriza o Brasil, tornando-o diferente de outras naes? Quais so os nossos principais dilemas? Ao longo da existncia do Brasil como nao independente, vrios autores (intrpretes) se propuseram a responder a essas questes, apresentando diferentes respostas. Algumas singularidades sobre os intrpretes do Brasil no podem ser esquecidas: muitos linham formao jurdica formal foram advogados, juzes e promotores; um nmero considervel deles se envolveu com a vida poltica e com os debates sobre os grandes temas nacionais; j outros, tiveram intensa vida parlamentar e, por conta disso, participaram da criao das leis e Constituies do Brasil. Foram homens pblicos, homens de Estado e intelectuais reconhecidos, dentro e fora do mundo acadmico. Um curso com esse perfil pode ser estruturado de muitas maneiras. Por isso, importante apresentarmos de imediato as opes bsicas feitas para a montagem do programa: Ao invs de um levantamento enciclopdico e exaustivo de temas, autores, obras e tradies intelectuais, o que se pretende, aqui, concentrar a discusso em torno de certas questes centrais presentes nas obras de alguns de nossos intrpretes Joaquim Nabuco, Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Srgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., Vtor Nunes Leal, Celso Furtado e Roberto DaMatta, dentre outros. Procurou-se, na medida do possvel, preservar, na montagem do curso, a diversidade de interpretaes sobre o Brasil. O curso privilegia o contato direto do aluno com os textos originais dos intrpretes do Brasil. Embora o professor seja o responsvel por contextualizar o que est sendo lido e de fornecer as informaes que no esto contidas nos prprios textos, o curso incentiva que os alunos faam as suas prprias leituras. Pretende-se, com isso, estimular a leitura desse tipo de textos literrios. Ele , sem dvida, informativo; mas pretende, acima de tudo, ser formativo. Embora haja um esforo no sentido de contextualizar historicamente as obras e autores examinados ao longo da disciplina, buscaremos tambm, sempre que possvel, refletir sobre a atualidade do que est sendo lido. As interpretaes do Brasil no dizem respeito a uma arqueologia das idias: elas permanecem vivas, embora nem sempre com a mesma configurao. No se pretende, claro, fazer com que no espao de um semestre o aluno se torne habilitado a ter opinies prprias e originais sobre essas questes, mas sim munici-lo para que comece a construir uma conscincia crtica sobre esses temas. O curso est centrado em autores geralmente includos na tradio de estudos sobre o que se costuma chamar pensamento social brasileiro, isto , a produo acadmica de cientistas sociais sobre a realidade nacional.FGV DIREITO RIO 3

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O que o pensamento social brasileiro? Um conjunto de idias sobre as identidades do Brasil, produzidas por intelectuais que se destacaram ao interpretar a singularidade do pas a partir de diferentes ngulos, seja econmico, social, jurdico, histrico ou cultural. So considerados grandes nomes do pensamento social brasileiro Gilberto Freyre, Victor Nunes Leal, Srgio Buarque de Holanda, Celso Furtado. Para saber mais consulte: a) IANNI, Octvio. Pensamento Social no Brasil. So Carlos: EDUSC, 2004; b) AXT, Gnter; SHULER, Fernando Luiz. Intrpretes do Brasil: cultura e identidade. Artes e Ofcios: Porto Alegre, 2004.

Com o objetivo de mostrar que as interpretaes sobre o Brasil repercutem foram do mundo acadmico foram includos textos e produes artsticas sobre as quais essas interpretaes tiveram algum tipo de influncia. Afinal, obras produzidas num determinado campo repercutem sobre outros, numa relao de circularidade. Essas interpretaes tambm passam para o senso comum, alimentando opinies, muitas vezes tidas como naturais pelas pessoas que as emitem. Um dos objetivos do curso ser justamente ajudar a des-naturalizar algumas dessas idias, apresentando o contexto de sua produo.

1.1.2 E o que os estudantes de Direito podem esperar do presente curso? O ensino das Interpretaes do Brasil no tem a pretenso de fazer com que os estudantes se tornem fervorosos pesuisadores e crticos do pensamento social brasileiro se isso acontecer ser bom, muito bom mesmo. O nosso intento mais simples, porm no menos ambicioso: fazer com as atividades da nossa disciplina colaborem para o desenvolvento das habilidades que um intrprete do direito precisa ter e desenvolver para atuar de forma crtica na distribuio e administrao da justia. Sabemos que a justia para funcionar bem, e ser minimanente justa, precisa de interprataes sobre os fatos e as leis, e que esses fatos, leis e as prprias interpretaes que eles recebem sofrem a influncia do contexto que os envolve. As interpretaes do Brasil podem ajudar a compreeno das origens e da formao do Estado brasileiro, o que fundamental para delimitao e entendimento do que pblico e do que privado.

1.1.3 Mtodo Didtico e Avaliao O professor ser o principal responsvel por contextualizar historicamente as obras e autores examinados no curso. Estimularemos sempre a participao ativa dos alunos, que devero ler previamente os textos.

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2 APRESENTAO GERAL DA DISCIPLINA E DO METODOLOGIA DE TRABALHO Apresentao da disciplina e da sua mecnica de funcionamento. Ser uma boa oportunidade para o aluno apresentar e discutir com o professor e demais colegas as suas dvidas iniciais.

INTERPRETAES GEOGRFICAS SOBRE O BRASIL

Mapa 1:Terra Brasilis, Atlas Miller, 1519. Biblioteca Nacional de Frana1

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Disponvel em: . Acessado em: 13 ago. 2010

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Mapa 2: Estados do Brasil e as fronteiras com os pases da Amrica do Sul.2

O Brasil, como o seu mapa, pode ser interpretado de vrias formas e maneiras. Por essa razo, metaforicamente, ele como uma lei: admite vrias interpretaes, execeto aquelas que fazem-no deixar de ser o que realmente .

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Disponvel em: . Acessado em 18 out. 2010.

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Na nossa anlise de parte de Razes ser dada uma breve explicao sobre a metodologia dos tipos ideais e sobre noes como patrimonialismo, burocracia e Estado Moderno, conceitos desenvolvidos por Max Weber, que foi uma das suas principais influncias intelectuais. Para saber mais e conhecer melhor a obra de Srgio Buarque de Holanda: consultar o site www.unicamp.br/siarq/sbh. Este site foi criado e organizado pela Unicamp em comemorao do seu centenrio de nascimento desse grande intrprete do Brasil. Nele possvel encontrar uma cronologia sobre esse autor, a listagem de suas obras e informaes sobre o Acervo Srgio Buarque de Holanda, que a Unicamp abriga desde 1983. Cronologia e ttulo das principais obras de Srgio Buarque de Holanda: a) Cobra de Vidro. So Paulo, 1944; b) Mones. Rio de Janeiro, 1945; c) Expanso Paulista em Fins do Sculo XVI e Princpio do Sculo XVII. So Paulo, 1948; d) Caminhos e Fronteiras. Rio de Janeiro, 1957; e) Viso do Paraso. Os motivos ednicos no descobrimento e colonizao do Brasil. So Paulo, 1959; f ) Do Imprio Repblica. So Paulo, 1972. (Histria Geral da Civilizao Brasileira, Tomo II, vol. 5).

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Disponvel em: . Acessado em 18 de out. 2010.

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A imagem do documentrio sobre o autor de Razes do Brasil.

Quem foi Max Weber? Maximillian Weber (1864 1920) foi um intelectual alemo, jurista e economista. considerado um dos fundadores da Sociologia moderna e da adminstrao. Entre os temas que so correntes nas suas obras esto a burocracia, a racionalizao e a legitimidade do poder. Obras de Max Weber: a) Economia e Sociedade. Braslia: Editora UnB, 1999; b) A tica protestante e o esprito do capitalismo. So Paulo: Companhia das Letras, 2004.

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14 ROBERTO DAMATTA E O QUE FAZ DO BRASIL, O BRASIL?

Roberto DaMMata.67

O que faz do Brasil o Brasil? O texto a ser discutido nesta aula traz a perspectiva inovadora do antroplogo Roberto DaMatta sobre os fenmenos que singularizam a sociedade brasileira. O tema central do pensamento de DaMatta desse texto o dilema entre tendncias hierarquizantes e individualistas presentes na sociedade brasileira; em outras palavras, o dilema entre individualismo e pessoa, protagonista da Rua e sujeito das prticas impessoais; e pessoa, principal ator social da Casa.

DaMatta descreve o dilema brasileiro da seguinte forma: No h brasileiro que no conhea o valor das relaes sociais e que no as tenha utilizado como instrumentos de soluo de problemas ao longo da sua vida. No h brasileiro que nunca tenha usado o voc sabe com quem est falando? diante da lei universal e do risco de uma universalizao que acabaria transformando sua figura moral num mero nmero ou entidade anmica.

Quem Roberto DaMatta? Roberto Augusto DaMatta (1936) um dos mais importantes e prestigiados antroplogos brasileiros. Possui graduao em Histria pela Universidade Federal Fluminense (1959 e 1962), Curso de especializao em Antropologia Social (Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1960); mestrado (Master in Arts) e doutorado (PhD) pela pela Universidade Harvard (1969 e 1971). Foi Chefe do Departamento de Antropologia do Museu Nacional e Coordenador do seu Programa de Ps-Graduao em Antropologia Social (1972 a 1976). Professor Emrito da Universidade de Notre Dame, USA, onde ocupou a Ctedra Reverendo Edmund Joyce (1987 a 2004). Atualmente professor titular da PUC do Rio de Janeiro.

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Disponvel em: http://www.google. com.br/imgres?imgurl=http://api. ning.com/files/LoFf3x8cJ6dnz7g3FSQ glWyt*GzpxaMW0tCQ-T2S6mjKV*pGlt NVeUPClhqg79EeWjpuBkyTifvn9KFQA S*YGywSUJryobsg/roberto_damatta_ galeria230x330.jpg&imgrefurl=http:// maniadehistoria.ning.com/forum/ topics/o -jeitinho -brasileiro - e uma&usg=__Qs2L0RWdsXXQu-dxp dfMG7IvZ38=&h=330&w=230&sz= 34&hl=pt-BR&start=2&zoom=1&u m=1&itbs=1&tbnid=5jP603kvUWQ 1qM:&tbnh=119&tbnw=83&prev=/ images%3Fq%3Dimagens%2Bde%2B roberto%2Bdamatta%26um%3D1%2 6hl%3Dpt-BR%26tbs%3Disch:1. Acessado em: 19 out. 2010.

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Para conhecer um pouco mais sobre esse autor, consultar: a) DAMATTA, Roberto. O Modo de Navegao social: a malandragem, o jeitinho e o voc saber com quem est falando?. In. O que o Brasil?. Rio de Janeiro: Rocco, 2004 (pg. 45/46); b) DAMATTA, Roberto. O voc sabe com quem est falando? no Brasil e no USA. In. Tocquevilleanas. Notcias da Amrica. Rio de Janeiro: Rocco, 2005 (pg. 263-265).

Sobre o emprego do jeitinho e dos pistoles favores no legais nos assuntos da administrao da justia e na cultura jurdica do nosso pas, consultar: ROSEEN, Keith. O jeito na cultura jurdica brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 1998.

Quem desejar ler um comentrio sobre as idias de Roberto DaMatta, poder consultar: BARBOSA, Lvia. O jeitinho e o Voc sabe com quem est falando: uma comparao entre dois dramas sociais, in: O jeitinho brasileiro: a arte de ser mais igual que os outros. Rio de Janeiro, Campus, 1992, p. 73-81. [9p.]

Quem desejar ver e ouvir Roberto DaMatta expor suas interpretaes sobre o Brasil, dever assistir ao documentrio Intrpretes do Brasil, de Isa Grinspum Ferraz.

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15 CAIO PRADO JNIOR E A VISO MARXISTA SOBRE O BRASIL

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Na primeira dessas aulas entra em cena a perspectiva marxista de interpretao sobre o Brasil, por meio de seu principal representante: Caio Prado Jnior. Para ele, o sentido da evoluo de um povo s pode ser percebido quando desviamos o olhar dos pormenores de sua histria e nos voltamos para o conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que a constituem num longo perodo de tempo. Caio Prado examina as caractersticas da colonizao do Brasil, vista como um captulo da histria do desenvolvimento do capitalismo comercial europeu. A explorao agrria nos trpicos realizou-se em grandes unidades produtoras, que reuniram grande nmero de trabalhadores subalternos. Por esse motivo, nossa colonizao, diferente da ocorrida na Amrica do Norte, recorreu mais mo-de-obra escrava indgena e principalmente africana, do que atrao de colonos europeus. Enquanto na Amrica do Norte constituram-se colnias de povoamento, escoadouro para excessos demogrficos da Europa que se reconstituram no Novo Mundo, mantendo uma organizao e uma sociedade semelhantes do seu modelo de origem europeu, nos trpicos, pelo contrrio, surgiu um tipo de sociedade inteiramente original. As suas obras inauguraram, no pas, uma tradio historiogrfica identificada com a ideologia marxista, com a qual busca uma explicao diferenciada para a sociedade colonial brasileira No seu conjunto, e vista no plano internacional, a colonizao dos trpicos toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, mais complexa que a antiga feitoria, mas sempre com o mesmo carter que ela, destinada a explorar os recursos naturais de um territrio virgem em proveito do comrcio europeu. Na essncia da formao brasileira, Caio Prado v que, na realidade, constitumonos para fornecer acar, tabaco e alguns outros gneros; mais tarde ouro e diamantes; depois, algodo, e em seguida caf, para o comrcio europeu. Este carter se manteve dominante atravs dos trs sculos do perodo colonial, mas, para alm dele, gravou-se profunda e totalmente nas feies e na mentalidade. O sentido da evoluo brasileira, segundo Caio Prado Jr., ainda se afirmaria por aquele carter inicial da colonizao: permanente explorao.

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Disponvel em: . Acesso em 18 de out. 2010.

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Quem foi Caio Prado Jnior? Caio da Silva Prado Jnior (1907 1990). foi historiador, gegrafo, escritor, poltico, professor e editor brasileiro. Formou-se em Direito pela Faculdade do Largo de So Francisco, em So Paulo (1928), onde mais tarde tournouse livre-docente de Economia Poltica. Teve intensa vida poltica ao longo das dcadas de 30 e 40, participando das articulaes para a ecloso da Revoluo de 1930. No ano de 1945 foi eleito deputado estadual, como terceiro suplente pelo PCB e, em 1948, deputado da Assembleia Nacional Constituinte, cujo mandato seria cassado em 1948 por determinao do Tribunal Superior Eleitoral.69 70

Cronologia das principais obras de Caio Prado Jr.: a) 1933: Evoluo poltica do Brasil; b) 1942: Formao do Brasil Contemporneo; c) 1945: Histria Econmica no Brasil; d) 1952: Dialtica do Conhecimento; e) 1953: Evoluo Poltica do Brasil e Outros Estudos; f ) 1954: Diretrizes para uma Poltica Econmica Brasileira; g) 1957: Esboo de Fundamentos da Teoria Econmica;i) 1966: A Revoluo Brasileira; h) 1972: Histria e Desenvolvimento; i) 1979: A Questo Agrria no Brasil.

Quem desejar saber mais sobre o marxismo, consultar: a) CAMPOS, Benedicto de. Constituio de 1988: Uma anlise Marxista. So Paulo: Alfa-Omega. 1990; b) ENGELS, Friedrich; MARX, Karl. A Ideologia Alem. So Paulo: Martins Fontes. 2007; c) ENGELS, Friedrich, MARX. Karl. Manifesto do Partido Comunista. Petrpolis: Vozes, 2008; d) MARX, Karl. Contribuio Crtica da Econmica Poltica. So Paulo: Martins Fontes, 2007.

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Disponvel em: . Acessado em 18 out. 2010. Disponvel em: . Acessado em 18 out. 2010.

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16 CELSO FURTADO E OS CONCEITOS: DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO

Imagem de Celso Furtado, um dos maiores economistas brasileiros. 71

O autor a ser lido para esta aula considerado o principal terico do subdesenvolvimento brasileiro:Celso Furtado (1920 2004). Um dos principais economistas brasileiros, Celso Furtado foi um dos expoentes da famosa CEPAL (Comisso Econmica para a Amrica Latina, criada pela ONU em 1949) e desenvolveu, ao longo dos anos 50, um inovador mtodo histrico-estrutural para explicar economias capitalistas subdesenvolvidas como a brasileira. A essa dimenso acadmica, Celso Furtado associou uma importante trajetria como administrador pblico e ator poltico, tendo sido diretor do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDE), do Nordeste (BNDE), criador e Superintendente da SUDENE e ministro do Planejamento de Joo Goulart. As suas idias sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento divergiram das doutrinas econmicas dominantes em sua poca e estimularam a adoo de polticas estatais intervencionistas sobre o funcionamento e rumos da economia. Suas principais obras sublinham a necessidade de implementao de profundas reformas estruturais, rejeitando, porm, a alternativa revolucionria ao estilo sovitico. Os pases subdesenvolvidos tiveram, segundo Furtado, um processo de industrializao indireto, ou seja, como conseqncia do desenvolvimento dos pases industrializados. Este processo histrico especfico do Brasil criou uma industrializao dependente dos pases j desenvolvidos e, portanto, no poderia jamais ser superado sem uma forte interveno estatal que redirecionasse o excedente, at ento destinado s classes altas, e no para investimentos no setor produtivo. importante ressaltar que isto no significava uma transformao do sistema produtivo por completo, mas um redirecionamento da poltica econmica e social do pas que levasse em conta o verdadeiro desenvolvimento social.

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Disponvel em: . Acessado em: 18 out. 2010.

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Quem foi Celso Furtado? Economista e um dos mais renomados intelectuais brasileiros do sculo XX. Em 1939, muda-se da sua terra natal, a Paraba, para o Rio de Janeiro onde, no ano seguinte, ingressa na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para cursar o bacharelado em Cincias Jurdicas e Sociais. Em 1944 foi convocado para integrar a Fora Expedicionria Brasileira (FEB), servindo na Itlia. Em 1946, comeou o doutorado em economia na Universidade de Paris-Sorbonne, concludo em 1948 com uma tese sobre a economia brasileira no perodo colonial. De volta ao Brasil, foi trabalhar na DASP e na Fundao Getlio Vargas. Em meados de abril de 1964 foi para Santiago do Chile, a convite do Instituto Latino-Americano para Estudos de Desenvolvimento (Ildes), ligado Cepal. No ano seguinte mudou-se para New Haven (USA), assumindo o cargo de pesquisador do Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Yale. Dedicou-se ao ensino e a pesquisa nas universidades de Yale, Havard, Columbia (USA), Cambridge (BG) e Sorbonne (Frana). Assumiu a ctedra de professor efetivo da Faculdade de Direito e Cincias Econmicas da Universidade de Paris (Sorbone), permanecendo nos quadros da desse remomada instituio por vinte anos.72 73

Quem desejar saber mais sobre as idias de Celso Furtado, consultar: a) O longo amanhecer: reflexes sobre a formao do Brasil. So Paulo: Paz e Terra, 1999; b) A economia latino-americana. So Paulo: Cia da Letras, 2007; c) Formao Econmica do Brasil. Companhia das Letras, 2009 (Edio comemorativa de 50 anos dessa obra). Outra opo para quem se interessar sobre a vida e obra de Celso Furtado visitar o site da biblioteca que leva o seu nome: www.bibliotecacelsofurtado.org.br.72

Disponvel em: . Acessado em: 18 out. 2010. Disponvel em: . Acessado em: 18 out. 2010.

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Alm da vida acadmica e intelectual de Celso Furtado, marcada pela produo de clssicos sobre a pesquisa e o ensino da economia, devemos destacar que ele: a) presidiu a elaborao do plano de metas de JK; b) foi Ministro do Planejamento do Governo Joo Goulart (1962) e da Cultura do Governo Sarney. Celso Furtado; c) o principal terico do subdesenvolvimento no Brasil. d) No ano de 1979, depois de anistiado, e com a redemocratizao do Brasil, retornou militncia poltica, conciliando essa atividade com suas tarefas acadmicas como diretor de pesquisas da Ecole des Hautes tudes en Sciences Sociales (Paris); e) No incio dos anos 80, filia-se ao Partido do Movimento Democrtico Brasileiro (PMDB); f ) Em 1985 foi convidado a participar da Comisso que elaborou o Plano de Ao do Governo de Tancredo Neves, e em seguida nomeado Embaixador do Brasil junto Comunidade Econmica Europia; g) Durante o tempo em que esteve frente do Ministrio da Cultura (86/88), no governo Jos Sarney, participou da criao da primeira lei brasileira de incentivos fiscais cultura; i) Em 1977, foi eleito para a Acadmia Brasileira de Letras.

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BERNARDO BUARQUE DE HOLLANDA Bacharel (1996) e licenciado (1998) em Cincias Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre (2003) e doutor (2008) em Histria Social da Cultura pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), com bolsa-sanduche na cole des Hautes tudes en Sciences Sociales (EHESS-Paris), em 2006. professor-pesquisador do Centro de Pesquisas e Documentao de Histria Contempornea do Brasil (CPDOC), da Fundao Getlio Vargas (FGV-RJ). Ps-doutorado na Maison des Sciences de lHomme (Paris-2009), com bolsa do Conseil National de la Recherche Scientifique (CNRS). Editor da Revista Esporte & Sociedade. Foi professor de Histria Moderna e Contempornea da UFRJ. Tem experincia nas reas de Histria, Antropologia e Sociologia. Seus principais temas de pesquisa so: histria literria e modernismo; cultura brasileira - crtica e interpretao; cultura popular e identidade nacional; pensamento social e intelectuais no Brasil; histria social do futebol e torcidas organizadas.

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FICHA TCNICA

Fundao Getulio Vargas Carlos Ivan Simonsen Leal PRESIDENTE FGV DIREITO RIOJoaquim Falco DIRETOR Srgio GuerraVICE-DIRETOR DE PS-GRADUAO

Evandro Menezes de CarvalhoVICE-DIRETOR DA GRADUAO

Thiago Bottino do AmaralCOORDENADOR DA GRADUAO

Rogrio Barcelos AlvesCOORDENADOR DE METODOLOGIA E MATERIAL DIDTICO

Paula SpielerCOORDENADORA DE ATIVIDADES COMPLEMENTARES E DE RELAES INSTITUCIONAIS

Andre Pacheco MendesCOORDENADOR DE TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO

Marcelo Rangel LennertzCOORDENADOR DO NCLEO DE PRTICA JURDICA CLNICAS

Cludia Pereira NunesCOORDENADORA DO NCLEO DE PRTICA JURDICA OFICINAS

Mrcia BarrosoNCLEO DE PRTICA JURDICA PLACEMENT

Diogo PinheiroCOORDENADOR DE FINANAS

Rodrigo ViannaCOORDENADOR DE COMUNICAO E PUBLICAES

Milena BrantCOORDENADORA DE MARKETING ESTRATGICO E PLANEJAMENTO

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