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Interpretações do Brasil
O paradigma Culturalista entre os pensadores do
Brasil
'Abaporu'-1928 Tarsila do Amaral
Interpretações do Brasil
O teu cabelo não nega, mulataO teu cabelo não nega, mulataPorque Porque éés mulata na cors mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulataMas como a cor não pega, mulataMulata eu quero teu amorMulata eu quero teu amor
Tens um sabor, bem do BrasilTens um sabor, bem do Brasil
Tens a alma cor de anilTens a alma cor de anilMulata, mulatinha meu amorMulata, mulatinha meu amor
Fui nomeado teu tenente interventorFui nomeado teu tenente interventor
Quem te inventouQuem te inventou meu pancadãomeu pancadão
Teve uma consagraTeve uma consagraççãoãoA lua te invejando fez caretaA lua te invejando fez careta
Porque mulata tu não Porque mulata tu não éés deste planetas deste planeta
Quando meu bem vieste Quando meu bem vieste àà Terra TerraPortugal declarou guerraPortugal declarou guerra
A concorrência então foi colossalA concorrência então foi colossalVasco da Gama contra o Batalhão NavalVasco da Gama contra o Batalhão Naval
“O teu cabelo não nega mulata” (Lamartine Babo e dos irmãos Valença). Marchinha lançada no carnaval de 1932.
Lan
Interpretações do Brasil
Exercício A partir da leitura dos fragmentos de Macunaíma , publicado por Mário de Andrade, em 1928; da crônica “A dança no Rio de Janeiro”, que saiu em 1906 na Revista Kósmos escrita por Olavo Bilac, sob o pseudônimo de Fantasio e da letra da marchinha de carnaval “O teu cabelo não nega mulata” de Lamartine Babo e dos irmãos Valença, de Recife, lançada no carnaval de 1932, discutam em grupo de 4 pessoas, os seguintes pontos:
a) Como a literatura e a música estão se apropriando do conceito de raça em cada um dos exemplos? Em que aspectos os exemplos se afastam e se aproximam? b) Como vocês relacionariam cada um dos exemplos ao pensamento de Von Martius, Nina Rodrigues e Oliveira Vianna? É possível fazer alguma relação com eles?
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Contexto'Abaporu'-1928
Tarsila do Amaral
1920 – Epitácio Pessoa proíbe negros na seleção bras. de futebol 1922 – Fundação do Partido Comunista - Semana de Arte Moderna em SP - Levante dos 18 do forte de Copacabana 1925 – Realização do Congresso Regionalista em RE, Gilberto Freyre participa ativamente 1926 – Gilberto Freyre lança o Manifesto Regionalista (considera o Movimento Modernista sub-europeu e é preciso modernizar considerando-se às tradições regionais) 1929 – Quebra da bolsa de Novo Iorque, desvalorização do café 1930 – Revolução de 30 1932 – Revolução Constitucionalista 1933 – Hitler assume o poder na Alemanha Publicação de Casa Grande & Senzala – Gilberto Freyre 1934 – Promulgada a Constituição da República – GV eleito pres. pelo Congresso 1935 – Governo Vargas sufoca insurreição comunista 1936 - Publicação de Sobrados e Mucambos – Gilberto Freyre Publicação de Raízes do Brasil – Sérgio Buarque de Hollanda 1937 – Golpe do Estado Novo 1939 – Início da 2ª Guerra Mundial (fim 1945)
Interpretações do Brasil
Gilberto Freyre(1900 -1987 – Recife)
Vem de família tradicional nordestina, mas instruida (pai juiz de direito e professor catedrático da Faculdade de Direito de Recife)Formação de elite, educado em colégio americano no Recife. Dominava também o francês e o latim Conclui sua formação em nos EUA, em Baylor (bacharelado em Artes) e Columbia (mestrado em Ciências Sociais – defende uma tese em que o assunto é a vida social em meados do séc. XIX e a escravidão um ponto central) Reside por um tempo e pesquisa na Inglaterra e Portugal É ligado ao governo de Estácio Coimbra e com a Rev. de 30, sua família é perseguida e ele lançado à “aventura do exílio” (Europa e depois EUA) Em 1936 publica Sobrados & Mucambos e em 1959 publica Ordem & Progresso – parte da trilogia, junto com Casa Grande & Senzala (1933), sobre a constituição e transformação da sociedade patriarcal no Brasil É eleito Deputado Federal em 1946 Apóia o golpe militar em 1964 e o AI-5 Recebe o título de Sir da Rainha Elizabeth II em 1971
Interpretações do Brasil
Engenho Noruega (c. 1933) – Cícero Dias
Museu do Estado de Pernambuco
Casa-Grande&
Senzala1933
Interpretações do Brasil
"Casa-Grande & Senzala foi a resposta à seguinte indagação que eu fazia a mim próprio: o que é ser
brasileiro? E a minha principal fonte de informação fui eu próprio, o que eu era como
brasileiro, como eu respondia a certos estímulos."
Quer ver o Brasil a partir do Brasil.
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Índice de Casa-Grande & Senzala
Capítulo I: Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida Capítulo II: O indígena na formação da família brasileira Capítulo III: o colonizador português:antecedentes e predisposições Capítulo IV: o escravo negro na vida sexual e de família do brasileiroCapítulo V: o escravo negro na vida sexual e de família do brasileiro
Interpretações do Brasil
Mulata – Di Cavalcanti S/d
Casa-Grande & Senzala:
Livro inovador e polêmico
Recebe críticas dos acadêmicos da USP de CiênciasSociais (Florestan Fernandes, FHC, Octavio Ianni)
Não fala de “democracia racial”, apesar de ser acusado de pregá-la.
O enfoque de Gilberto Freyre é sobre um conflito intrínseco nas relações entre os senhores da Casa Grande e seus escravos da Senzala, mas passível de acomodar-se, equilibrar-se gerando “zonas de confraternização”, ajudada pela miscigenação, que possibilitavam a ascensão do mulato
Foco do livro é a fixidez nos trópicos, construção de uma civilização à brasileira , a partir da produção do açúcar, cujo berço foi PE
Núcleo da civilização = Família( família extensa da casa-grande alicerçada no patriarcado e na fé católica)
O estado foi ausente e a igreja subordinada ao poder patriarcal
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Mulata – Di Cavalcanti S/d
Casa-Grande & Senzala:
Casa-Grande & Senzala procura a compreensão da mentalidadebrasileira, a partir de fontes documentais do cotidiano de seushabitantes
Eixos explicativos: sistema de produção econômico baseado na monocultura latifundiária da cana-de-açúcar, a partir do trabalho escravo, do patriarcado (relações hierárquicas de dominação entre homem e mulher, velhos e jovens e de escravidão) e pela miscigenação.
Contribuição das 3 etnias para a formação do Brasil
Brasil é a civilização nos trópicos criada pelo português, com co-autoria do negro e ajuda do índio (especialmente da mulher indígena no início da colonização, falta de mulheres brancas, casava-se com os portugueses)
Casa-grande & Senzala representam um sistema social, político, econômico de produção (monocultura e latifúndio), trabalho (escravidão), de religião (catolicismo), a vida sexual familiar (patriarcado polígamo), relações de compadrio.
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Gilberto Freyre
Influência de Boas em sua produção, com ele (Boas), “aprendi a considerar fundamental a diferença entre raça e cultura.”
Declamado em versos por Manoel Bandeira em 1949
“ Casa-Grande & SenzalaGrande livro que falaDesta nossa leseira, brasileira
Mas com aquele forte cheiro E sabor do NorteDos engenhos de cana (Massangana!)
Com fuxicos danadosE chamegos safadosDe mulecas fulôs com sinhôs
A mania ariana do Oliveira ViannaLeva aqui sua lambadaBem puxada
(...) Essa história de raça,Raças más, raças boas-Diz o Boas –
É coisa que passou Com o franciú GobineauPois o mal do mestiçoNão está nisso
Está em causas sociaisDe higiene e outras que taisAssim pensa, assim fala Casa Grande & Senzala” (...)
Interpretações do Brasil
“ O mais brasileiro dos livros já escritos. Creio que podemos prescindir de qualquer um dos nosso ensaios e novelas, mesmo que sejam o que de melhor se tem escrito. Mas não passaríamos sem Casa-Grande & Senzala sem ser diferentes.Em certa medida, Gilberto Freyre fundou o Brasil no plano cultural, tal como Cervantes fez com a Espanha, Camões em Portugal, Tostói com a Rússia e Sartre com a França”
Darcy Ribeiro
“Ninguém escreveu em português no brasileiro de sua língua:esse à vontade que é o da rede, dos alpendres, da alma mestiça, medindo sua prosa de sesta, ou prosa de quem espreguiça”. João Cabral de Mello Neto
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Planta da casa-grande do engenho Noruega - Cícero Dias, 1933
Acervo Fundação Gilberto
Freyre
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Antiga senzala do engenho Matas, no Cabo de Santo Agostinho. 1986.
Fonte: Site Fundação Joaquim Nabuco -http://www.fundaj.gov.b
Interpretações do Brasil
Fábrica do engenho Sete Ranchos, em Amaraji. 1986 Foto: Geraldo Gomes.
Fonte: Site Fundação Joaquim Nabuco -http://www.fundaj.gov.b