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Com o Co-financiamento: Com a colaboração de: Internacionalização do Setor da Saúde Nacional (a) Mercados em Análise: BRASIL Autores Cláudia Maria Neves Simões José Carlos Martins Rodrigues Pinho Manuel Herédia Caldeira Cabral Paula Alexandra Veloso da Veiga 2012

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Page 1: Internacionalização do Setor da Saúde Nacional · Com o Co-financiamento: Com a colaboração de: Internacionalização do Setor da Saúde Nacional nos Mercados de Angola, Brasil,

Com o Co-financiamento: Com a colaboração de:

Internacionalização do Setor da Saúde

Nacional

(a) Mercados em Análise: BRASIL

Autores

Cláudia Maria Neves Simões

José Carlos Martins Rodrigues Pinho

Manuel Herédia Caldeira Cabral

Paula Alexandra Veloso da Veiga

2012

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Com o Co-financiamento: Com a colaboração de:

Internacionalização do Setor da Saúde Nacional nos

Mercados de Angola, Brasil, EUA e Alemanha

Caderno Suplementar 3

Mercados em análise: Brasil

Autores

Cláudia Maria Neves Simões (Senior Lecturer, Open University Business School/UK & Professora Associada, Universidade do Minho, iMARKE) (coordenadora)

José Carlos Martins Rodrigues Pinho (Professor Associado, Universidade do Minho, iMARKE)

Manuel Herédia Caldeira Cabral (Professor Auxiliar Universidade do Minho, NIPE)

Paula Alexandra Veloso da Veiga (Professora Auxiliar Universidade do Minho, NIMA)

A informação contida neste relatório reporta os dados obtidos junto das fontes referenciadas até junho de 2012. Várias dessas fontes são registos online cujos dados e informações evoluem ao longo do tempo e/ou se podem tornar indisponíveis. Assim, a utilização do conteúdo deste trabalho deverá ter em atenção a necessária consulta permanente da fonte para qualquer atualização que venha a ocorrer. Adicionalmente, este trabalho procura ser um documento de consulta e de orientação não substituindo a análise aprofundada da realidade da empresa e seus recursos, bem como, o devido aconselhamento legal quando necessário.

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Índice

3.7 | BRASIL ............................................................................................................... 1

3.7.1 | Caracterização geral ....................................................................................... 2

3.7.1.1 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos ...................................... 3

3.7.1.2 | Abertura ao exterior ................................................................................ 4

3.7.1.3 | Outras informações relevantes ................................................................... 7

3.7.2 | Mercado da saúde: Análise dos fatores de crescimento/atratividade ............................ 9

3.7.2.1 | Organização e modo de financiamento dos cuidados de saúde ............................. 9

3.7.2.2 | Despesas da saúde ................................................................................. 10

3.7.2.3 | Regulação dos produtos de saúde ............................................................... 12

3.7.2.1 | Envelhecimento, longevidade e quadro epidemiológico .................................... 13

3.7.2.2 | Qualidade e custos da mão-de-obra ............................................................ 14

3.7.2.3 | Qualidade das infraestruturas.................................................................... 15

3.7.2.4 | Inovação, I&D e proteção à propriedade intelectual ........................................ 16

3.7.2.5 | Acesso a capital e financiamento ............................................................... 18

3.7.2.6 | Políticas industriais ................................................................................ 19

3.7.2.7 | Mercado e marketing .............................................................................. 21

3.7.3 | Biotecnologia como área de destaque ................................................................. 24

3.7.4 | Importações de produtos de saúde ..................................................................... 27

3.7.4.1 | Estados Unidos da América ....................................................................... 30

3.7.4.2 | Alemanha ............................................................................................ 31

3.7.4.3 | Suíça e França ...................................................................................... 32

3.7.4.4 | China ................................................................................................. 33

3.7.4.5 | Itália, Bélgica e Irlanda ........................................................................... 34

3.7.4.6 | Japão ................................................................................................. 35

3.7.4.7 | Portugal .............................................................................................. 35

3.7.5 | Exportar para o Brasil..................................................................................... 38

3.7.5.1 | Exportação direta e exportação indireta ...................................................... 38

3.7.5.2 | Procedimentos administrativos .................................................................. 40

3.7.5.3 | Requisitos de rotulagem .......................................................................... 44

3.7.5.4 | Produtos de saúde .................................................................................. 44

3.7.5.5 | Impostos e despesas sobre os produtos importados .......................................... 45

3.7.5.6 | Forma de pagamento das importações ......................................................... 48

3.7.5.7 | Transporte ........................................................................................... 49

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3.7.5.8 | Apoio do Estado .................................................................................... 49

3.7.6 | Investir no Brasil ........................................................................................... 50

3.7.6.1 | Forma jurídica ...................................................................................... 50

3.7.6.2 | Formalidades ........................................................................................ 50

3.7.6.3 | Remessas de dividendos ........................................................................... 50

3.7.6.4 | Repatriamento de capital ......................................................................... 51

3.7.6.5 | Impostos sobre o rendimento .................................................................... 51

3.7.6.6 | Incentivos ao Investimento ....................................................................... 52

3.7.7 | Farmacêutica ............................................................................................... 54

3.7.7.1 | O mercado farmacêutico brasileiro ............................................................. 54

3.7.7.2 | Estrutura da indústria ............................................................................. 63

3.7.7.3 | Investigação & desenvolvimento ................................................................ 70

3.7.7.4 | Regulação de produtos farmacêuticos .......................................................... 74

3.7.7.5 | Regulação direta de preços....................................................................... 80

3.7.7.6 | Importações e exportações ....................................................................... 81

3.7.7.1 | Identificação de oportunidades e desafios: farmacêutica .................................. 85

3.7.8 | Dispositivos médicos ...................................................................................... 86

3.7.8.1 | Estrutura e desempenho da indústria........................................................... 86

3.7.8.2 | Acesso ................................................................................................ 89

3.7.8.3 | Programas públicos ................................................................................ 90

3.7.8.4 | Regulação ............................................................................................ 90

3.7.8.1 | Importações e exportações ...................................................................... 100

3.7.8.2 | Identificação de oportunidades e desafios: dispositivos médicos ........................ 107

3.7.9 | Medicina personalizada .................................................................................. 110

3.7.9.1 | Tecnologias de Informação na Saúde: telemedicina e e-health .......................... 110

3.7.9.1 | Bioinformática ..................................................................................... 113

3.7.9.2 | Identificação de oportunidades: medicina personalizada .................................. 116

3.7.10 | Ambient assisted living ................................................................................ 117

3.7.10.1 | Mercado dos cuidados domiciliários .......................................................... 117

3.7.10.2 | Identificação de oportunidades: Ambient Assisted Living ................................ 118

3.7.11 | Oportunidades e desafios do setor da saúde no Brasil ........................................... 119

3.7.12 | Referências ............................................................................................... 123

3.7.13 | Anexo 1 – Método do estudo .......................................................................... 131

3.7.14 | Anexo 2 – Lista das posições pautais ................................................................. 133

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Índice de quadros

Quadro 3.7.1 | Perfil do país - Brasil ................................................................................. 3

Quadro 3.7.2 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos ........................................ 4

Quadro 3.7.3 | Trocas comerciais de mercadorias e Investimento .............................................. 5

Quadro 3.7.4 | Indicador “Doing Business” do Banco Mundial.................................................... 6

Quadro 3.7.5 | Relações económicas bilaterais entre Portugal e o Brasil (2007-2012) ...................... 6

Quadro 3.7.6 | Informações genéricas relevantes .................................................................. 7

Quadro 3.7.7 | Sites e documentos com interesse ................................................................. 8

Quadro 3.7.8 | Evolução das despesas da saúde ................................................................... 10

Quadro 3.7.9 | Indicadores do estado de saúde ................................................................... 14

Quadro 3.7.10 | Empresas de biotecnologia e associações empresariais ...................................... 24

Quadro 3.7.11 | Medicamentos biotecnológicos de interesse para as empresas brasileiras ............... 26

Quadro 3.7.12 | Principais medicamentos biológicos de interesse ............................................. 26

Quadro 3.7.13 | Taxa de crescimento das importações do Brasil por produto* .............................. 27

Quadro 3.7.14 | Taxa de crescimento do comércio de produtos de saúde portugueses no Brasil* ....... 37

Quadro 3.7.15 | Informação sobre distribuidores .................................................................. 39

Quadro 3.7.16 |Convenção entre Portugal e o Brasil ............................................................. 51

Quadro 3.7.17 | Sites com informação sobre incentivos ......................................................... 53

Quadro 3.7.18 | Classes Terapêutica com produtos mais vendidos ............................................ 57

Quadro 3.7.19 | Medicamentos mais vendidos no Brasil 2010 (em milhões de Dólares) .................... 58

Quadro 3.7.20 | Receitas da Indústria farmacêutica no Brasil últimos 5 anos ............................... 63

Quadro 3.7.21 | Laboratórios públicos (exemplos) ................................................................ 64

Quadro 3.7.22 | Vendas e negócios por dimensão de empresas ................................................ 64

Quadro 3.7.23 |Grau de concentração do mercado (2009) ...................................................... 65

Quadro 3.7.24 | Maiores laboratórios farmacêuticos (% de venda a retalho do Brasil) ..................... 65

Quadro 3.7.25 | Líderes de genéricos em 2009 (milhões de Reais) ............................................ 67

Quadro 3.7.26 | Líderes do segmento MNSRM em 2009 (milhões de Reais) ................................... 67

Quadro 3.7.27 | Líderes do mercado não retalhista (2008) (milhões de Reais) .............................. 68

Quadro 3.7.28 |Associações do setor farmacêutico ............................................................... 68

Quadro 3.7.29 | Alguns dos mais importantes Institutos/organismos de I&D ................................. 71

Quadro 3.7.30 | Investigações com ensaios envolvendo seres humanos ....................................... 74

Quadro 3.7.31 | Legislação ............................................................................................ 74

Quadro 3.7.32 | Documentos para as vias de desenvolvimento individual e de comparabilidade ........ 77

Quadro 3.7.33 | Importações totais brasileiras de produtos farmacêuticos .................................. 82

Quadro 3.7.34 | Exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para o Brasil (2011) ............... 84

Quadro 3.7.35 | Cadastramento de equipamentos médicos – Resolução RDC nº 24/09 (dispensa de

registo) .................................................................................................................... 95

Quadro 3.7.36 | Registo simplificado de equipamentos médicos – modelo simplificado: Classe I e II

presentes na IN nº 13/09 e 02/11 (exceto os destinados a utilização por leigos em ambientes

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domésticos) ............................................................................................................... 96

Quadro 3.7.37 | Registo de equipamentos médicos – Modelo completo: Classes IV, III + Classe I e II

(destinados a utilização por leigos em ambientes domésticos e presentes na IN nº 02/11) ............... 97

Quadro 3.7.38 | Regulamentação específica de materiais de saúde ........................................... 98

Quadro 3.7.39 | Importações totais brasileiras de dispositivos médicos ..................................... 101

Quadro 3.7.40 | Importações por grupo (milhares de Dólares)................................................. 102

Quadro 3.7.41 | Produtos importados .............................................................................. 102

Quadro 3.7.42 | Exportações portuguesas de dispositivos médicos para o Brasil ........................... 103

Quadro 3.7.43 | Dispositivos estratégicos prioritários (Portaria 1.284 de 2010) ............................ 105

Quadro 3.7.44 | Exportação (milhares de Dólares) ............................................................... 107

Quadro 3.7.45 | Principais laboratórios de bioinformática do Brasil .......................................... 115

Quadro 3.7.46 | Outros atores nacionais do setor ................................................................ 116

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Índice de figuras

Figura 3.7.1 | Despesas farmacêuticas em percentagem das despesas públicas ............................. 10

Figura 3.7.2 | Importações brasileiras de produtos de saúde (milhares de Euros) .......................... 27

Figura 3.7.3 | Quota das importações de produtos de saúde (farmacêuticos e de dispositivos médicos)

no mercado do brasileiro ............................................................................................... 28

Figura 3.7.4 | Principais exportadores de produtos de saúde para o Brasil (2011) .......................... 29

Figura 3.7.5 | Evolução da quota dos 15 principais exportadores para o mercado brasileiro de produtos

de saúde ................................................................................................................... 30

Figura 3.7.6 | Quota de mercado dos EUA nas importações brasileiras de produtos de saúde ............ 31

Figura 3.7.7| Quota de mercado da Alemanha nas importações brasileiras de produtos de saúde....... 32

Figura 3.7.8 | Quota de mercado da Suíça e da França nas importações brasileiras de produtos de saúde

.............................................................................................................................. 33

Figura 3.7.9 | Quota de mercado da China nas importações brasileiras de produtos de saúde ........... 34

Figura 3.7.10 | Quota de mercado da Itália, Bélgica e Irlanda nas importações brasileiras de produtos

de saúde ................................................................................................................... 34

Figura 3.7.11 | Quota de mercado do Japão nas Importações brasileiras de produtos de saúde ......... 35

Figura 3.7.12 | Evolução das exportações portuguesas de produtos de saúde para o Brasil (milhares de

Euros) ...................................................................................................................... 36

Figura 3.7.13 | Quota de Portugal nas importações brasileiras de produtos de saúde ..................... 36

Figura 3.7.14 | Evolução da venda no retalho (mil milhões de Reais) ......................................... 55

Figura 3.7.15 | Evolução do mercado farmacêutico (mil milhões de Reais) .................................. 56

Figura 3.7.16 | Repartição das despesas farmacêuticas .......................................................... 60

Figura 3.7.17 | Preço ao consumidor (médio – 2005) ............................................................. 60

Figura 3.7.18 | Crescimento da indústria nacional ................................................................ 66

Figura 3.7.19 | Índice de custos farmacêutica - mercados emergentes (EUA=100) ......................... 69

Figura 3.7.20 | Investimento privado em I&D (milhões Reais) .................................................. 70

Figura 3.7.21 | Ensaios clínicos: mercados emergentes – índice de custos (EUA=100) ...................... 73

Figura 3.7.22 | Peso das importações de produtos farmacêuticos no total das importações .............. 81

Figura 3.7.23 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de produtos

farmacêuticos (2011). .................................................................................................. 83

Figura 3.7.24 | Quota de Portugal no total das importações brasileiras de produtos farmacêuticos

brasileiro .................................................................................................................. 84

Figura 3.7.25 | Oportunidades e desafios setor farmacêutico brasileiro ...................................... 85

Figura 3.7.26 | Receitas da indústria de dispositivos médicos entre 2008 e 2011 ........................... 87

Figura 3.7.27 | Competitividade da indústria de dispositivos médicos ........................................ 89

Figura 3.7.28 | Dispositivos médicos: mercados emergentes – índice de custos (EUA=100) ............... 89

Figura 3.7.29 | Fluxograma do registo de dispositivos médicos ................................................. 92

Figura 3.7.30 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de dispositivos

médicos ................................................................................................................... 100

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Figura 3.7.31 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de dispositivos

médicos – Posição pautal 9018 ....................................................................................... 101

Figura 3.7.32 | Oportunidades e desafios do setor de dispositivos médicos ................................. 109

Figura 3.7.33 | Oportunidades e desafios do setor da saúde brasileiro ...................................... 119

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

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3.7 | Brasil

O Brasil é um dos mercados de saúde do mundo com maior potencial. Com mais de 190 milhões de

habitantes e com um consumo de medicamentos e de dispositivos médicos ainda baixos, espera-se que

o mercado venha a apresentar um crescimento significativo. Comparado com outros fármaco-

emergentes, o Brasil tem um regime de patentes e de regulação eficiente e menos problemas de

contrafação do que noutros países semelhantes (OSEC, 2010). Simultaneamente, o país possui alguma

mão-de-obra qualificada e know-how em áreas tecnológicas. Os principais drivers do setor nos

próximos anos incluem: (i) o crescimento económico; (ii) o aumento do poder de compra e melhor

redistribuição; (iii) o envelhecimento da população.

O mercado também apresenta desafios. Apesar de uma evolução positiva geral na sociedade/economia

brasileira, diversos fatores impedem a economia de atingir o seu potencial: a desigualdade

socioeconómica e demográfica, a deficiência nas qualificações, a concentração de mercado em alguns

segmentos, a economia informal, e a forte presença do Estado. Estes aspetos contribuem para um

ambiente de negócios complexo e elevadas barreiras à entrada de empresas estrangeiras.

Internacionalização no mercado brasileiro: perceções dos empresários

Factores que mais contribuíram para a decisão de internacionalização no mercado brasileiro:

Especial interesse por parte dos gestores pela internacionalização

Objectivo de crescimento potencial no longo prazo

Frequência de viagens e contactos com o exterior

Obstáculos mais relevantes na entrada no mercado brasileiro:

Custos elevados de entrada

Barreiras alfandegárias

Regulação muito restritiva

A empresa não dispõe de um sistema de informação eficiente de suporte

Fonte: dados primários - questionário

Este documento apresenta o trabalho realizado no âmbito do estudo sobre a internacionalização do

setor da saúde nacional (ver método do estudo no Anexo 1). O trabalho foi contratado pela AICEP à

Universidade do Minho e teve na génese da sua definição a colaboração entre a AICEP e o Health

Cluster Portugal como parceiros no desenvolvimento do setor da saúde. Em particular, são aqui

espelhadas informações e reflexões sobre o mercado da saúde brasileiro.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

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3.7.1 | Caracterização geral

O Brasil é o maior país da américa Latina e o quinto maior país do

mundo com uma área total de 8.514.877 km². Com uma

população superior a 190 milhões de habitantes (2010) é,

também, o quinto país mais populoso do mundo (IBGE, 2010)1. A

população deverá atingir os 207 milhões de habitantes em 2020

(IBGE, online2). A densidade populacional é relativamente baixa,

cerca de 22,43 habitantes por Km2 (IBGE, online3). Cerca de 84.4%

da população vive nas cidades (IBGE, 2010).

Em 2011, a taxa de crescimento real foi de 7,5% (MDICE, 2011) 4, o que caracteriza um elevado

crescimento económico, principalmente quando comparada com a taxa de crescimento de países

desenvolvidos no mesmo período. Atualmente é a maior economia da América Latina e a 6ª maior

economia do mundo (Ministério da Fazenda, 2012)5. O valor da riqueza criada em 2011 ascendeu a 4.1

triliões de reais (estimativa IBGE6) cerca de R$21,3 mil per capita. Espera-se que a economia continue

a crescer a um ritmo superior ao da média da economia mundial (Ministério da Fazenda, 2012).

Conjuntamente com a abundância das riquezas naturais, a economia apresenta um elevado grau de

diversificação e oportunidades em diferentes áreas. O número de produtos para os quais não há

produção nacional é relativamente pequeno (FUNCEX, 2010). O Quadro 3.7.1 caracteriza, de um modo

geral, o perfil do país.

1 http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/SIS_2010.pdf [último acesso: junho 2012] 2 http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP300&sv=35&t=revisao-2008-projecao-da-populacao-do-brasil [último acesso: junho 2012] 3 http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP117&sv=32&t=densidade-demografica [último acesso:junho 2012] 4 http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1312203713.pdf [último acesso: junho 2012] 5 http://www.fazenda.gov.br/portugues/docs/perspectiva-economia-brasileira/edicoes/Economia-Brasileira-Em-Perspectiva-14Ed.EspecialFev2012.pdf [último acesso: junho 2012] 6 http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/tabelas/contas_nacionais_tabela01.htm [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

3

Quadro 3.7.1 | Perfil do país - Brasil

Área: 8.514.877 km² (5º país em extensão territorial)

População: 190.8 milhões (2010)

Densidade populacional: 22,33 habitantes por km²

Organização política: O Distrito Federal encontra-se em Brasília, a Capital Federal do Brasil. É um Estado democrático com estabilidade política

Capital: Brasília – 3,8 milhões de habitantes

Principais cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Brasília

Língua: Português

Unidade monetária: Real do Brasil (BRL)

1 EUR = 2,2886 BRL (valor médio abril – maio 2011)

O regime é de câmbio flutuante, com as cotações sendo determinadas livremente pelo mercado, embora com intervenções pontuais do Banco Central.

Zonas Francas: Manaus- Amazonas; Macapá/Santana- AMAPA; Tabatinga - Amazonas Guajaramirim - Rondônia. A zona franca de Manaus é a mais desenvolvida. As isenções fiscais estão aprovadas até 2013.

Principais Portos: Porto de Santos, Porto do Rio de Janeiro, Porto de Paranagua, Porto do Rio Grande, Porto de Vitória. Pode haver diferenças de eficiência entre os Portos.

Principais aeroportos: Guarulhos (S. Paulo), Viracops (S. Paulo), Galeão (Rio de Janeiro)

Risco do País (AAA = risco menor; D = risco maior):

Risco político: BBB

Risco do país: BB

Ambiente de negócios:

Ranking em negócios: índice 6,71 (10 = máximo)

Ranking geral: 39 (entre 82 países)

Risco de crédito: 3 (risco menor = 1; risco maior = 7)

Grau de abertura:

Exportações + Importações/PIB = 23,8% (2008-2010)

Importações/PIB = 9,2% (2010)

Importações/Importações mundiais = 1,24% (2010)

Fontes: Adaptado de AICEP, 2010, 2012; CIA 2009; WTO Statistics Database7.

3.7.1.1 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos

Nos últimos anos o Brasil tem seguido uma política macroeconómica centrada no crescimento do PIB

com redução da taxa de inflação (Quadro 3.7.2). O sucesso da política nestas duas variáveis,

acompanhada por um crescimento acelerado do consumo interno, contribuiu para aumentar a

confiança dos investidores. A moeda está sobrevalorizada, o que tem impulsionado o crescimento das

importações (US Department of Commerce, 2011a).

7 http://stat.wto.org [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

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Quadro 3.7.2 | Evolução dos principais indicadores macroeconómicos

Unidade 2009 2010 2011 2012 2013 2017

PIB a preços de mercado 109 USD 1.622,3 2.143,0 2.492,9 2.425,1 2.503,9

3.254,3

PIB per capita 103 USD 8.472,5 11.008,6 12.788,6

12.339,6 12.643

15.919,1

Crescimento real PIB % -0,3 7,5 2,7 1,5 4,0 4,1

Dívida Pública Federal (bruta) % do PIB 66,9 65,2 64,9 64,1 61,2 58,9

Inflação % 4,9 5,0 6,6 5,3 4,9 4,5

Balança Corrente % do PIB -1,5 -2,2 -2,1 -2,6 -2,8 -3,3

Taxa de câmbio*8 1 Real=XEUR 0,36057 0,42718 0,42968 **0,40006 - -

*Valor da oferta; **Ano incompleto. Fontes: FMI World Economic Outlook Database, online.

Outra vertente importante da política económica recente é o aumento das transferências sociais. O

aumento das transferências está a contribuir para a redução histórica dos níveis de pobreza e de

desigualdade (Ministério da Fazenda, 2012)9. O aumento da dimensão da classe média encontra-se na

origem do crescimento do consumo privado. O mercado interno tem sido o grande impulsionador da

economia nos últimos anos, permitindo ao Brasil resistir ao impacto da crise internacional.

3.7.1.2 | Abertura ao exterior

Em paralelo ao crescimento do mercado interno, a política económica, em particular a política

industrial, tem promovido o desenvolvimento e crescimento de empresas nacionais. Este modelo de

desenvolvimento assenta em políticas e instrumentos de cariz fortemente protecionistas. O país é

considerado atualmente como um dos países mais protecionistas do mundo (Hufbauer et. al., 2010)10.

O Quadro 3.7.3 resume os dados do país relativamente às trocas comerciais de mercadorias e

investimento. Considerando o seu peso no comércio internacional, o Brasil ocupa o 22º lugar como

exportador mundial e o 20º como importador, com uma quota de 1,24% e 1,32%, respetivamente (WTO

Statistics Database, online11). O mercado continua relativamente fechado, com um baixo grau de

abertura. As importações representam apenas 9,2% do PIB (WTO, Statistics Database, online).

8 Conforme valores calculados em http://www.oanda.com/l4ang/pt/currency/average [último acesso: junho 2012] 9 O índice de Gini alcançou em 2011 o valor mais baixo dos últimos 30 anos (IBGE). 10 ver dados e estudos em http://www.globaltradealert.org/ [último acesso: junho 2012] 11 http://stat.wto.org/CountryProfile/WSDBCountryPFView.aspx?Language=E&Country=BR [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

5

Quadro 3.7.3 | Trocas comerciais de mercadorias e Investimento

Trocas comerciais de mercadorias

(10⁹ USD) 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Exportação fob - 137,8 160,6 197,9 153,0 201,9 256,0

Importação fob - 91,4 126,6 182,3 136,6 191,6 236,8

Saldo - 46,5 34,0 15,6 16,4 10,3 19,2

Posição no ranking comercial

Como exportador - 23ª 24ª 22ª 24ª 22ª Nd

Como importador - 28ª 28ª 24ª 26ª 20ª. Nd

Investimento (106 USD)

Investimento estrangeiro no Brasil 15.066 18.822 34.585 45.058 25.949 48.438 65,5

Investimento do Brasil no estrangeiro 2.517 28.202 7.067 20.457 -10.084 11.519 -9.3

Posição no ranking mundial

Como recetor 14ª 17ª 15ª 11ª 15ª 5ª -

Como emissor 38ª 13ª 37ª 20ª 17 25ª -

Fontes: WTO Statistics database, online 12; UNCTAD 2011; 2012

Apesar do forte protecionismo, ao longo dos últimos anos o Brasil tem vindo tornar-se um país mais

atrativo ao investimento estrangeiro. Os fluxos de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) são uma

importante fonte de financiamento e de dinamização da economia brasileira. Em termos mundiais, o

país é o 5º recetor de IDE. Em 2011, o investimento das empresas brasileiras no exterior parece

ressentir-se da crise mundial (ver ainda Quadro 3.7.3). Ao mesmo tempo, e na linha protecionista, a

política industrial, procura atrair investimento mais seletivo e proteger as indústrias nacionais,

sobretudo em setores considerados estratégicos para o desenvolvimento. Tal como no comércio

internacional, os fluxos de IDE deverão aumentar nos próximos anos, com o potencial do país em se

tornar um ator importante da cena económica (e até política) internacional.

No quadro das relações multilaterais o Brasil é membro da Organização Mundial de Comércio e

signatário de diversos acordos, incluindo o Technical Barriers to Trade. Destaca-se, em particular, a

participação do Brasil no acordo regional do Mercosul13. A localização geográfica e o acordo regional

tornam o país atrativo como plataforma de acesso à América Latina. O Brasil usufrui de privilégios no

acesso aos mercados dos países desenvolvidos conferidos pelo Sistema de Preferências Generalizadas

(SPGs).

Apesar do ambiente geral de negócios continuar a melhorar, o Brasil situa-se, ainda, num patamar

baixo no ranking do Banco Mundial. O país está classificado em 130º lugar no ranking “Doing Business

2013” (Quadro 3.7.4). As principais dificuldades parecem estar num sistema fiscal complexo e pesado.

12 http://stat.wto.org/Home/WSDBHome.aspx [último acesso: junho 2012] 13 Projeto de integração sub-regional, criado em 26 de março de 1991 pelo Tratado de Assunção, cujos membros são o Brasil, Argentina, Paraguai (suspenso temporariamente até abril de 2013), Uruguai e Venezuela.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

6

A carga fiscal média das empresas é de cerca de 67,1% dos lucros, contrastando com os 43% da OCDE

(World Bank, 2012).

Quadro 3.7.4 | Indicador “Doing Business” do Banco Mundial

Critérios Ranking Critérios Ranking

Clima de negócios ranking 130 Proteção dos investimentos 82

Iniciar um negócio 121 Coeficiente fiscal 156

Autorização para construção de infraestruturas 131

Comércio internacional 123

Obter eletricidade 60 Enforcement de contratos 116

Registo de propriedade 109 Encerramento de um negócio 143

Acesso ao crédito 104

Fonte: Banco Mundial (online)14.

A complexidade do sistema fiscal, incluindo as disputas que se podem gerar entre os estados, levanta

problemas adicionais aos exportadores e investidores. Persiste o excesso de burocracia, o elevado grau

de intervenção do governo em algumas áreas e os riscos de corrupção. Estes agravam-se em sistemas

muito regulados, tais como, nos relacionados com o setor da saúde15. Em 2011 o país encontrava-se na

99ª posição no ranking do “index of economic freedom” (Heritage Foundation, 2012) e ocupava a 73ª

posição no ranking da Transparency International Corruption Perception Index (Transparency

International, 2011).

i | Brasil: mercado natural para as empresas portuguesas?

Apesar de parte de uma história comum, as relações económicas entre o Brasil e Portugal são

relativamente pequenas, embora com uma evolução positiva. Em termos de comércio, as relações com

Portugal têm vindo a crescer nos últimos anos, ocupando o Brasil a 10º posição (2011) como cliente e o

10º lugar como fornecedor (Quadro 3.7.5).

Quadro 3.7.5 | Relações económicas bilaterais entre Portugal e o Brasil (2007-2012)

Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística in AICEP, 2012.

14 http://www.doingbusiness.org/ [último acesso: junho 2012] 15 http://www.business-anti-corruption.com/country-profiles/latin-america-the-caribbean/brazil/snapshot/ [último acesso: junho 2012]

Posição/% 2007 2008 2009 2010 2011 2012 (jan/maio)

Brasil como Cliente Posição 17ª 13ª 11ª 10ª 10ª 11ª

% 0,67 0,82 0,93 1,20 1.38 1,27

Brasil como Fornecedor Posição 8ª 9ª 10ª 10ª 10ª 8ª

% 2,30 2,12 1,73 1,84 2,53 2,55

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

7

Há evidência na literatura de que uma língua e um património cultural comum podem favorecer as

relações económicas (Silva, 2005). No entanto, o mercado brasileiro não é percebido, em geral, pelos

responsáveis do setor da saúde, como um mercado natural para as exportações e/ou investimento

português. As razões parecem estar na distância, na dimensão do mercado e, principalmente, na

evidência de forte protecionismo. Os responsáveis indicam que a entrada no mercado brasileiro, dado o

tamanho do mercado e os requisitos legais, implica um elevado investimento, não compatível com a

estrutura das empresas portuguesas do setor.

A atitude protecionista da política industrial brasileira foi a barreira à internacionalização mais referida pelos entrevistados.

Fonte: dados primários

Note-se, no entanto, que os empresários do setor da saúde salientam a língua e práticas médicas

comuns entre os países como um fator de atratividade do mercado.

“Temos muitas vantagens: a língua, as práticas médicas que são muito idênticas às nossas, as práticas de enfermagem (embora eles sigam muito os modelos americanos). As classificações, os códigos são muitos daqueles que nós usamos em Portugal”.

Fonte: dados primários

3.7.1.3 | Outras informações relevantes

O Quadro 3.7.6 apresenta informações genéricas relevantes para o empresário interessado em abordar

o mercado brasileiro.

Quadro 3.7.6 | Informações genéricas relevantes

Tipo de informação

Etiqueta de negócio Os processos de negociação são lentos e os contactos pessoais são importantes. O espaço para relações esporádicas é pequeno. A continuidade da relação baseada na confiança é tida como um atributo importante nos negócios.

Apesar da língua e da familiaridade cultural, os empresários portugueses devem notar que há uma grande diferença em termos de práticas comerciais e de negociação. Assim, torna-se importante um entendimento dessas práticas para o desenvolvimento do relacionamento/negócio.

Documentos e informação necessária para viajar ou emigrar

Informação sobre visto de viagens de negócios e emigrações: http://www.consulado-brasil.pt

Acordo para contratação de trabalhadores: http://www.consulado-brasil.pt/acordo2003.htm

[último acesso: junho 2012]

Ligações aéreas Portugal- Brasil

A TAP opera várias ligações diretas semanais entre o Brasil e Portugal servindo, atualmente, dez cidades brasileiras: Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Fortaleza, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

A companhia portuguesa Sata pretende operar voos diretos entre o Brasil e Portugal a partir de setembro.

Fontes: Adaptado de FUNCEX 2010; dados primários.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

8

O Quadro 3.7.7 resume sites da internet com informação relevante sobre o Brasil e o mercado

brasileiro.

Quadro 3.7.7 | Sites e documentos com interesse

Tipo de informação Sites/Documentos com interesse

Informações gerais e legais sobre o mercado

AICEP Portugal Global: http://www.portugalglobal.pt/

Dados estatísticos sobre o mercado

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: http://www.desenvolvimento.gov.br/

Banco Mundial: http://data.worldbank.org/indicator

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas: http://www.ibge.gov.br

Organismos públicos/ Agências governamentais

Ministério da Saúde: http://portalsaude.saúde.gov.br/portalsaude/index.cfm [último acesso: junho 2012]

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/home [último acesso: junho 2012]

Senado Federal (legislação): http://legis.senado.gov.br/sicon/index.jsp [último acesso: junho 2012]

Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX): http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/siscomex/siscomex.htm [último acesso: junho 2012]

Instituto Nacional da Propriedade Industrial(INPI): http://www.inpi.gov.br/

Agência brasileira de Promoção das Exportações e dos Investimentos (Apex): http://www.apexbrasil.com.br/

Ministério das Relações Exteriores: http://www.mre.gov.br/

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: http://www.mdic.gov.br/sitio/

Portal do Governo Federal: http://www.brasil.gov.br/

Banco Central do Brasil: http://www.bcb.gov.br/

Brasil Global: http://www.brasilglobalnet.gov.br

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI): http://www.abdi.com.br/

Outros sites Centro de Distribuição Eletrónico de Produtos Portugueses no Brasil: http://www.exportarptbr.com/Login.aspx?ReturnUrl=%2fDefault.aspx

Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil: http://www.camaraportuguesa.com.br

Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX): http://www.funcex.com.br/

AICEP Brasil (S. Paulo): http://www.aicep.org.br/ (e-mail: [email protected])

Embaixada Portuguesa no Brasil (Brasília): http://www.embaixadadeportugal.org.br; (email: [email protected]);http://www.embaixada-portugal-brasil.blogspot.com/

Para informações sobre os 8 consulados existentes consultar: http://www.embaixadadeportugal.org.br/rede/sp.php

Fundação Luso-Brasileira: http://www.fund-luso-brasileira.org/

[último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

9

3.7.2 | Mercado da saúde: Análise dos fatores de crescimento/atratividade

3.7.2.1 | Organização e modo de financiamento dos cuidados de saúde

A gestão do sistema de saúde brasileiro é descentralizada envolvendo os estados e os governos locais. O

Governo Federal mantém, no entanto, as principais responsabilidades de coordenação e de

financiamento (cerca de 55%). O financiamento advém dos recursos obtidos através de impostos e das

contribuições sociais pagas pela população ativa e pelas empresas. A descentralização do sistema de

saúde no Brasil deu um grande controlo aos estados e municípios sobre as compras e planeamento do

sistema.

O sistema de saúde brasileiro é composto pelos seguintes subsistemas: (i) Sistema Único de Saúde (SUS)

com financiamento público envolvendo os três níveis de governo Nacional, Regional e Local; (ii)

Sistema de Saúde Suplementar (Supletivo de Assistência Médica) em que os indivíduos ou organizações

têm planos e seguros privados de saúde complementares ao SUS; (iii) mercado privado de seguros e

prestação de cuidados de saúde.

O SUS é universal. Cerca de 75% da população depende exclusivamente do SUS. A prestação dos

cuidados de saúde ao abrigo do SUS é pública. No entanto, o sistema recorre à contratualização de

serviços no setor privado como forma complementar. De um modo geral, as classes média e alta têm

planos de saúde privados, enquanto as classes mais baixas dependem exclusivamente do SUS (Santos,

2009).

Setor da Saúde

Brasil

Organização e modo de

financiamento dos cuidados de

saúde Envelhecimento, longevidade e

quadro epidemiológico

Inovação, I&D e proteção à

propriedade intelectual

Qualidade das infraestruturas e Qualidade e custos da

mão-de-obra

Acesso a

capital e financiamento

Mercado e marketing

Despesas da saúde

Regulação dos produtos de

saúde

Políticas industriais

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 0

De acordo com a IMS (2012) uma reforma estrutural do sistema de saúde é improvável nos próximos

anos. Espera-se, no entanto, o reforço das políticas destinadas a promover o acesso aos cuidados de

saúde, em particular o crescimento dos cuidados de saúde primários.

3.7.2.2 | Despesas da saúde

Seguindo o padrão internacional, as despesas na saúde estão em crescimento e representavam, em

2010, 9% do PIB (WHO, online). As despesas federais não ultrapassam os 3% (Quadro 3.7.8). As despesas

com produtos farmacêuticos, ascendiam, em 2010, a cerca de 16% das despesas públicas em saúde, o

que contrasta com os 5,8% de 2002 (Figura 3.7.1).

Quadro 3.7.8 | Evolução das despesas da saúde

Indicadores de Saúde 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Despesas da saúde (a) (%) 8,2 8,5 8,5 8,3 8,8 9

Despesa federal com saúde (% do PIB) (b) 1,59 1,68 1,66 1,63 1,85 3

Despesa pública com saúde (% despesa total saúde) (a) 40,1 41,7 41,8 42,8 43,6 47,0

Fontes: (a) WHO16; (b) IBGE17.

Figura 3.7.1 | Despesas farmacêuticas em percentagem das despesas públicas

Fonte: SCTIE/Ministério da saúde brasileiro in Santos 2010.

16 WHO Global Health expenditureDatabase, World Health Organization http://apps.who.int/nha/database/DataExplorerRegime.aspx [último acesso: junho 2012] 17Ver dados em http//www. seriesestatisticas.ibge.gov.br [último acesso: junho 2012]

5,8

7,2

9,5 9,4

10,7

11,9

13,1

12,3

15,9

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 1

Adicionalmente, as organizações de saúde privada têm ganho importância no Brasil. A procura de

cuidados de saúde privados deverá aumentar e o mercado de seguros privados deverá tornar-se mais

competitivo (US Department of Commerce, 2004). Em resultado, existe uma forte pressão sobre os

preços dos cuidados de saúde.

i | Compras em grupo

Uma série de associações hospitalares estão a desenvolver portais de comércio eletrónico para a

compra de dispositivos médicos, medicamentos e/ou contratação de serviços externos. A Federação

Brasileira dos Hospitais, que representa 4.500 hospitais (93% são privados) introduziu, em 2001, um

portal de comércio eletrónico onde os hospitais podem listar os produtos farmacêuticos, dispositivos

médicos e consumíveis que pretendem adquirir. Atualmente estão a participar ativamente 400

membros.

O portal da Federação Brasileira dos Hospitais pode ser acedido em:

http://www.fbh.com.br

A empresa Bionexo é a maior central de compras da América Latina e inclui diversas ofertas de compras para produtos de saúde. Para mais informações recomenda-se a consulta do site seguinte:

https://www.bionexo.com.br/

[último acesso: junho 2012]

Compras públicas

No quadro da política industrial (protecionista) é dado tratamento preferencial18 aos fornecedores

domésticos, mesmo que com um preço até 25% superior ao melhor concorrente externo. A preferência

tem aplicação a qualquer nível de compra pública (Federal, Estadual ou Local). Normalmente é exigida

uma fiança bancária a ser apresentada com a proposta, com a finalidade de cobrir os custos de uma

nova licitação caso a empresa vencedora desista de assinar o contrato de fornecimento ou execução

(FUNCEX, 2010).

Importante:

No caso de empate entre as propostas apresentadas por uma empresa nacional e outra estrangeira, a lei assegura a preferência pelo produto da empresa nacional.

Os concursos públicos implicam, nalguns casos, a produção no país e/ou a transferência de tecnologia.

Em consequência, é difícil para as empresas estrangeiras participarem nas compras públicas sem

estarem associadas a uma empresa local. Para ser considerada local, a empresa deve ter a maioria do

capital e de decisão brasileiro. O período de abertura de concursos é normalmente curto (um mês) (US

18 Medida Provisional No. 4952. Em 2011 foi incluído no programa Brasil Maior configurando-se como um elemento importante da política industrial.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 2

Department of Commerce, 2011). A possibilidade de participar numa compra pública aumenta se a

empresa garantir incorporação de bens e serviços brasileiros e/ou transferência de tecnologia.

A Portaria nº 1.284 de 2010 apresenta a lista de produtos prioritários no âmbito do SUS. Estes produtos

têm preferência nas compras públicas, nas importações e nos incentivos à produção. Entre os produtos

farmacêuticos estão produtos de elevado valor social e de elevado conteúdo tecnológico.

O governo mantém atualizado o portal das compras públicas, com informação sobre os concursos. Para mais informação recomenda-se o acesso ao seguinte site:

http://www.comprasnet.gov.br

Para informação detalhada relativa aos procedimentos das compras públicas de medicamentos ver Ministério da Saúde (2006) em:

http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/aquisicao_de_medicamentos_para_a_af_no_sus.pdf

[último acesso: junho 2012]

3.7.2.3 | Regulação dos produtos de saúde

i | Entidade reguladora dos produtos de saúde: ANVISA

Em 2003, a Política Nacional de Medicamentos do Ministério da Saúde, em conjunto com a lei de

criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), conduziu a uma redefinição das regras

para o registo de medicamentos, substâncias ativas e dispositivos e respetiva renovação. A Agência tem

como objetivo primordial a proteção e promoção da saúde da população, garantindo a segurança

sanitária de produtos e serviços. As competências incluem regulação, controlo e inspeção do mercado e

dos produtos (Lei n.º 9.782 de 26 de janeiro de 199919). A concessão de registos é uma das principais

atribuições da ANVISA, em conformidade com a Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. No entanto, a

regulamentação dos registos é regida de maneira abrangente pela Lei nº 6.360, de 23 de setembro de

1976, sendo que questões mais operacionais e técnicas são enquadradas pelas normas da própria

Agência.

Embora, no contexto da América Latina, o Brasil tenha uma administração relativamente transparente

e uma capacidade científica acima da média (Riché, 2006), o processo regulatório continua a

apresentar insuficiências. Os processos são complexos, demorados, burocráticos e dispendiosos (Riché,

2006; Wilson, 2011; US Department of Commerce 2011; MOTI 2010). As atividades da Agência são

lentas e cada vez mais caras (OSEC, 2010; US Department of Commerce, 2010). O processo pode,

ainda, ser discriminatório relativamente a produtores estrangeiros. Por exemplo, nos ensaios clínicos, a

importação de um produto passa por três comités, enquanto que se a molécula é produzida no Brasil só

é necessária a aprovação por um comité (Riché, 2006).

19 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9782.htm [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 3

Além das apertadas regras estabelecidas pela ANVISA para o funcionamento do mercado, outros

problemas afetam, em particular, a indústria farmacêutica. Salientam-se a interferência nas questões

de propriedade intelectual e em matéria de marcas comerciais (trademarks).

ii | Protocolo de Brasília

O Protocolo de Brasília, assinado em 2007, destina-se a apoiar as indústrias farmacêuticas de Portugal

e do Brasil. Este procura reunir, num mesmo entendimento, as autoridades regulamentares dos dois

países (INFARMED e ANVISA) e as associações industriais Pharma em Portugal e, a Associação dos

Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), no Brasil.

O “Protocolo de Brasília” é apontado como um ponto forte para a indústria portuguesa no Brasil embora não tenham sido especificadas medidas claras para a sua implementação.

Fonte: dados primários

3.7.2.1 | Envelhecimento, longevidade e quadro epidemiológico

A população brasileira está a envelhecer. O crescimento da população dever-se-á em grande parte ao

aumento da esperança média de vida. O grupo de idade entre 0-14 anos irá contrair-se, enquanto a

faixa etária 15-64 anos deverá crescer em cerca de 6,8 milhões. O crescimento será mais rápido (cerca

de 3,7% por ano) na faixa etária de 65 ou mais anos. O número de brasileiros com idade superior a 60

anos deverá atingir os 30 milhões em 2020 e os 64 milhões em 2050. Em termos percentuais, a

população com mais de 60 anos deverá corresponder a cerca de 14% em 2020 e 29% da população em

2050 (IBGE, online).

O quadro epidemiológico é semelhante ao dos países desenvolvidos (Quadro 3.7.9). Na última década

cresceu o peso das doenças crónico-degenerativas (doenças do sistema circulatório, neurológicas,

diabetes e cancro), associadas em parte ao envelhecimento da população. Este tipo de doenças requer

o consumo contínuo de medicamentos (Gadelha, 2009). Mais de 31,3% (IBGE, online 20) dos brasileiros

sofre de uma doença crónica, valor que atinge quase 85% no grupo dos indivíduos com mais de 65 anos

(dados 2003) (IBGE, online21). Em consequência do envelhecimento, espera-se que a prevalência de

cronicidade e morbilidade tenda a aumentar.

20

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1580& [último acesso: junho 2012] 21

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/indic_sociosaude/2009/com_sobre.pdf [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 4

Quadro 3.7.9 | Indicadores do estado de saúde

Indicadores do estado de saúde 2005 2006 2007 2008 2009

Taxa de Mortalidade Infantil (por 1000 nados-vivos) 21,43 20,66 20,01 17,56 n.d.

Taxa de Mortalidade – HIV 6,0 5,9 6,0 6,2 6,3

Taxa de Mortalidade - Neoplasias malignas 79,2 82,2 84,0 87,1 88,6

Esperança de vida ao nascimento (anos) 72 72 72 72 73

Taxa de incidência Dengue (casos por 100.000 habitantes) 82,28 143,19 264,88 293,35

Taxa de incidência Acidentes de Trabalho (casos por 1000 habitantes) 18,12 18,20 16,96 16,56

Vacinação - Difteria, Tétano, Tosse Convulsa (% crianças vacinadas) 96 97 97 98 98

Vacinação - Sarampo (% crianças vacinadas) 99 99 99 99 99

Fonte: WHO, online.

3.7.2.2 | Qualidade e custos da mão-de-obra

O Brasil tem uma população ativa de cerca de 101 milhões de indivíduos (IBGE, online22). Regista-se um

acentuado crescimento das qualificações nos últimos anos (Ministério da Fazenda, 2012), existindo um

número significativo de indivíduos no mercado de trabalho com elevada formação. No entanto, a

qualificação média é ainda baixa (cerca de 40% tem menos de 7 anos de estudo) (IBEP, 2010) e há falta

de pessoal técnico formado em áreas críticas para o desenvolvimento industrial (US Department of

Commerce, 2011).

As áreas disciplinares das ciências da vida têm um número elevado de profissionais qualificados. O

setor académico é muito dinâmico com um grande número de doutorados e estudantes (Riché, 2006). O

número de investigadores por milhão de habitantes é de 629 (PwC, 2011).

O mercado de trabalho apresenta alguma rigidez. O código de trabalho é, por comparação com outros

países, generoso com os trabalhadores (US Department of Commerce, 2011). Os custos de trabalho na

indústria brasileira são dos mais elevados da América Latina (BLS, 2011). Persistem, não obstante,

problemas de produtividade (OCDE, 2011). A diminuição do desemprego e a valorização do real

contribuíram para um aumento recente dos salários (ver evolução no IBGE, online).

22 Por população activa entende-se a população com mais de 10 anos. http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=PD301&sv=18&t=condicao-de-atividade-populacao-de-10-anos-ou-mais-de-idade [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 5

3.7.2.3 | Qualidade das infraestruturas

i | Infraestruturas gerais

As infraestruturas brasileiras têm, de um modo geral, uma classificação baixa nos relatórios de

competitividade internacional. Um estudo recente mostra as deficiências do país em termos de

infraestruturas. No entanto, está em curso um programa ambicioso para melhorar as infraestruturas

(Mourougane & Pisu, 2011). De entre os indicadores de infraestrutura salientam-se os seguintes:

Linhas telefónicas (21.4 por 100 habitantes) (WB, Development Indicators23

);

78,4 telefones móveis por 100 habitantes (WB, Development Indicators);

37,5% da população usa net (WB, Development Indicators);

15 milhões de acessos à internet de banda larga (2009) (embora lenta) (PwC, 2011)

[note-se que o plano nacional de banda larga implementado em 2011 visa a cobertura

universal dos serviços de internet];

35,2% da população tem acesso à net (PwC, 2011);

32 Satélites (Sabbatini, 2004);

4,5 Milhões de kms de fibra24;

Rápido acesso aéreo à Europa e América do Norte;

Existência da segunda maior frota aérea privada do mundo25;

Sistemas estaduais e federais de rodovias com cobertura nacional26;

Sistema doméstico de correios eficiente e presença de grandes operadores mundiais27.

ii | Infraestruturas de saúde

Os cuidados de saúde no Brasil são fornecidos por um conjunto de clínicas/hospitais públicos e

privados. No total há cerca de 62.483 estabelecimentos de saúde, dos quais 70% são públicos (dados de

2005, IBGE28). Existem aproximadamente 8.200 hospitais (dos quais 2.999 são hospitais públicos) (US

Department of Commerce, 2004), 12,000 clínicas de diagnósticos e 2,474 clínicas ambulatórias. Há 183

hospitais universitários e 6 hospitais de referência. O número de médicos ascende a 250.000. O

Programa de Aceleração do Crescimento prevê a construção de novas unidades de saúde (Governo

Brasileiro, online)29.

23 http://data.worldbank.org/topic/infrastructure [último acesso: junho 2012] 24 http://www.brasscom.org.br/brasscom/content/view/full/1881 [último acesso: junho 2012] 25 http://www.brasscom.org.br/brasscom/content/view/full/1881 [último acesso: junho 2012] 26 http://www.brasscom.org.br/brasscom/content/view/full/1881 [último acesso: junho 2012] 27 http://www.brasscom.org.br/brasscom/content/view/full/1881 [último acesso: junho 2012] 28 Series estatisticas & Série Históricas Série: AM37 - Estabelecimentos de saúde, por esfera administrativa http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=AM37 [último acesso: junho 2012] 29Governo do Brasil. PAC comunidade cidadã http://www.brasil.gov.br/pac/o-pac/pac-comunidade-cidada/print [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 6

3.7.2.4 | Inovação, I&D e proteção à propriedade intelectual

i | Proteção jurídica

A proteção conferida à propriedade intelectual decorre da Constituição Federal, bem como, de

diversas leis federais e tratados internacionais. A lei da propriedade intelectual é regulada pela Lei n.º

9.279, de 14 de maio de 1996 30 . O Instituto Nacional da Propriedade Intelectual é o órgão

governamental encarregado da regulamentação e execução das normas relativas à propriedade

intelectual. A Lei n.º 9.609, de 19 de fevereiro de 199831 dispõe sobre a proteção de propriedade

intelectual de software.

Informação adicional pode ser encontrada no site:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9609.htm [último acesso: junho 2012]

O Brasil é signatário do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), incluindo os aspetos

relacionados com os direitos de propriedade. O Brasil é também membro da Organização Mundial de

Propriedade Intelectual, do tratado de Cooperação em Matéria de Patentes e da Convenção de Paris da

Proteção de Propriedade Intelectual. No entanto, o Brasil não é signatário do protocolo de Madrid que

introduziu reconhecimento mútuo de patentes. Em consequência, para ter os direitos de patente, a

empresa deve proceder ao seu registo no Instituto Nacional de Propriedade Industrial no Brasil.

O site do Instituto Nacional de Propriedade Industrial no Brasil pode ser acedido em:

http://www.inpi.gov.br

Informações adicionais podem ser encontradas no documento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial português "Marcas e Patentes - Brasil" em:

http://www.marcasepatentes.pt/files/collections/pt_PT/1/8/375/Ficha%20Brasil.pdf

[último acesso: junho 2012]

É da competência da ANVISA a análise dos pedidos de patentes de produtos e de processos

farmacêuticos. Após a avaliação do pedido, a anuência é concedida ou negada, tendo em consideração

aspetos formais de análise (verificação técnica dos requisitos de patenteabilidade) e de saúde pública

(acesso aos medicamentos e avaliação técnica dos compostos). Quando a patente é concedida, o seu

detentor passa a ter direitos exclusivos de exploração do objeto de proteção pelo período de 20 anos

(ANVISA, 2004).

De um modo geral, o Brasil tem falta de pessoal qualificado na área da propriedade intelectual pelo que os processos relacionados podem ser demorados (Riché, 2006; Wilson, 2011).

30 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm [último acesso: junho 2012] 31 Decreto n.º 2.556, de 20 de abril de 1998 acesso ao texto legal em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2556.htm [último acesso: junho 2012]

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Licenciamento compulsório

De acordo com a Lei de Patentes brasileira, em casos de emergência nacional ou interesse público,

pode ser concedida através de um ato do Poder Executivo Federal, uma licença temporária

compulsória, sem prejuízo dos direitos do titular da respetiva patente. Este instrumento tem tido

reações adversas na indústria farmacêutica devido à possibilidade de expropriação da propriedade

intelectual, constituindo um desincentivo à introdução de novos medicamentos.

ii | Apoios à inovação e investigação científica

Em geral, o Brasil continua a investir poucos recursos em I&D. Em termos de PIB as despesas em I&D

representam cerca de 1,03% (PwC, 2011). No entanto, o ambiente geral de inovação tem vindo a

melhorar. A percentagem de I&D sobre vendas da indústria brasileira foi em 2000, 2003 e 2005,

respetivamente, de 3,8%, 2,5% e 2,8% (IBGE, 2003, 2005 e 2007).

De acordo com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Brasil

produziu 2,02% de artigos científicos no mundo (Mazocco & Andrade, 2010). O país ocupa a 15ª posição

nesta categoria, liderada pelos Estados Unidos. Por sua vez, o governo brasileiro incentiva o

desenvolvimento da investigação científica através do financiamento de organizações, tais como, o

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a agência brasileira de

inovação32 FINEP. A FINEP depende do Ministério da Ciência e Tecnologia e as suas atribuições incluem

a gestão dos fundos para o desenvolvimento científico.

Na área de projetos de investigação em saúde são listadas as preferências de investigação na área da

saúde que incluem, sobretudo, equipamentos com densidade tecnológica alta/média e processos que

contribuam para o desenvolvimento da produção nacional de produtos farmacêuticos e médicos que

visem o tratamento de infeções e doenças degenerativas ou genéticas.

Informações relevantes sobre fundos para a investigação em áreas da saúde ou afins podem ser acedidas em:

http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=30.50.10 - CT-SAÚDE - Fundo Setorial de Saúde

http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=30.56.10 - CT-BIOTEC - Fundo Setorial de Biotecnologia

[último acesso: junho 2012]

Lei da Inovação

A Lei n.º 10.973, de 2 de dezembro de 2004, chamada Lei de Inovação Tecnológica (LIT), contém um

conjunto de medidas destinado a estimular a investigação, desenvolvimento tecnológico e inovação33. A

Lei veio permitir que fundos públicos possam ser investidos em projetos industriais privados, com o fim

de promover a inovação e a transferência de tecnologia entre a indústria a as universidades. Um dos

estímulos a projetos inovadores mais importantes, criado no âmbito da LIT, é o Programa de Subvenção

32 http://www.finep.gov.br/ [último acesso: junho 2012] 33 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.973.htm [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

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Económica. Destacam-se as medidas para incentivar as alianças estratégicas para cooperação entre as

instituições de ciência e tecnologia e as empresas. Em particular, salientam-se: (i) a possibilidade dos

investigadores de entidades públicas trabalharem em projetos privados renumerados; (ii) a

possibilidade de atribuir uma licença a investigadores que queiram constituir empresas inovadoras; (iii)

a possibilidade da propriedade intelectual das universidades ser licenciada e utilizada por empresas

privadas. A lei permite, ainda, a partilha de patentes entre os setores privado e público.

Lei do Bem

A Lei n.º 11.196, de 21 de novembro de 2005, chamada Lei do Bem34, define um outro conjunto de

incentivos fiscais para empresas privadas com projetos de inovação tecnológica, incluindo:

Isenção de impostos para equipamentos de desenvolvimento tecnológico;

Deduções no imposto de rendimento das despesas em investigação, desenvolvimento

tecnológico e capacitação de mão-de-obra;

Depreciação acelerada da importação de equipamentos;

Isenção de taxas para registo e manutenção de propriedade intelectual.

Na mesma Lei são criados regimes especiais para empresas exportadoras de serviços de tecnologia de

informação (REPES) e de bens de capital (RECAP), que exportem pelo menos 80% da sua produção.

Estas empresas recebem incentivos fiscais para a exportação e importação de bens e serviços que

sejam incorporados no seu ativo imobilizado.

3.7.2.5 | Acesso a capital e financiamento

Apesar da existência de um sistema bancário eficiente, o financiamento continua a ser um dos

principais obstáculos à atratividade empresarial no Brasil. O crédito para financiar a atividade privada

é limitado (Banco Mundial, online35

) e as taxas de juro são muito elevadas. A rede bancária privada

oferece, no entanto, linhas de crédito à importação, desde a abertura de carta de crédito até ao

financiamento de curto, médio e longo prazo.

i | Mercado de capitais

O mercado de capitais, apesar de pouco desenvolvido (Rogers et al. 2006), está em crescimento (Pinto,

2012).

34 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11196.htm [último acesso: junho 2012] 35 http://data.worldbank.org [ último acesso: junho 2012]

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1 9

ii | Capital de risco

O acesso a capital de risco é limitado (Calazans, 2005). Apesar de ainda incipiente, a indústria de

private equity e de capital de risco cresce 45% ao ano desde o final de 2004, representando 2,5% do

mercado mundial e 80% da América Latina (GVcepe, 2011). As empresas de capital de risco Portuguesas

também mostram disponibilidade para investirem no Brasil (Comissão do Mercado de Valores

Mobiliários (2010) in Embaixada Portuguesa no Brasil 2010, online36

).

Para uma lista detalhada de empresas de capital de risco, ver o site da Venture Capital FINEP:

http://www.venturecapital.gov.br/vcn/index.asp

Destacam-se as seguintes empresas de capital de risco:

FIR Capital - http://www.fircapital.com

The Carlyle Group - http://www.carlyle.com/

General Atlantic - http://www.generalatlantic.com/en/home

Warburg Pincus - http://www.warburgpincus.com/Default.aspx

Confrapar - http://www.confrapar.com.br/main.php

FK Biotec http://www.fkbiotec.com.br

[último acesso: junho 2012]

3.7.2.6 | Políticas industriais

No quadro da Política de Desenvolvimento Produtivo, o governo brasileiro assumiu a(s) indústria(s) da

saúde como estratégica(s). Neste contexto, tem vindo a desenvolver um conjunto de instrumentos e de

políticas com vista a promover o desenvolvimento da indústria farmacêutica nacional.

i | Complexo Industrial de Saúde

A política Complexo Industrial de Saúde (CIS) foi implementada em 2007. A política é da

responsabilidade do Governo Federal mas suportada pelos estados e municípios. O objetivo é o de

promover a produção nacional de produtos de base e químicos e dispositivos médicos. O projeto tem

como meta produzir 20 produtos considerados estratégicos até 2013 (MDIC, Online)37

.

PROFARMA

O programa PROFARMA é o mais importante desta iniciativa, sendo operacionalizado pelo Banco de

Desenvolvimento Brasileiro (BNDES). Os principais objetivos do programa são a criação de empresas

competitivas no mercado mundial e a redução do défice comercial no setor. O programa inclui três

subprogramas:

36 Capital de risco português investe no Brasil http://embaixada-portugal-brasil.blogspot.pt/2010/06/capital-de-risco-portugues-investe-no.html [último acesso: junho 2012] 37 http://www.mdic.gov.br/pdp/index.php/politica/setores/complexoIndustrialSaude/21 [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

2 0

Produção (melhoria do setor industrial);

Inovação (processos e produtos);

Reestruturação das empresas nacionais (aquisições e fusões de empresas para ganhar

escala).

O PROFARMA é dirigido essencialmente às empresas com capital brasileiro pelo que o acesso a

estrangeiros tem de ser feito através de parcerias. A farmacêutica é a principal beneficiária dos

apoios. Os fundos do PROFARMA podem ser usados para compra de equipamento e sistemas industriais

produzidos no Brasil ou no exterior (caso não haja produtos similares), assim como, para pagamento de

serviços ou transferência de tecnologia38. A primeira fase do programa decorreu entre 2004 e 2007. A

segunda fase decorre até 2012. Em dezembro de 2011, os financiamentos do PROFARMA alcançavam os

R$ 1,85 mil milhões, alavancando projetos de aproximadamente R$ 3,5 mil milhões (Palmeira Filho et

al., 2012).

Programa Brasil Maior

O CIS foi integrado no programa Brasil Maior. Este programa visa a modernização/dinamização da

indústria do país prevendo a participação de empresas estrangeiras, particularmente na instalação de

centros de I&D. A nova política industrial brasileira prevê um conjunto de medidas de apoio à

exportação e substituição de importações. A preferência nacional nas compras públicas é uma das

vertentes do programa.

ii | Parcerias público–privadas

A lei de investimento em parcerias público-privadas (PPPs) promove as joint-ventures em alguns

setores de atividade, incluindo a saúde. O Ministério da Saúde pretende incentivar a produção local de

princípios ativos através de PPPs. No âmbito das parcerias, a indústria brasileira recebe a transferência

de tecnologia de laboratórios internacionais. Desde 2009, já foram criadas 24 PPPs na área da saúde

(envolvendo 9 laboratórios públicos e 20 privados) responsáveis pela produção de 28 princípios ativos e

do contracetivo DIU39.

O site do observatório das PPPs pode ser acedido em:

http://www.pppbrasil.com.br/portal/ [último acesso: junho 2012]

38 Informação sobre o programa pode ser encontrada no portal do Ministério da saúde http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/area.cfm?id_area=1609 [último acesso: junho 2012] 39 http://www.cebes.org.br/internaEditoria.asp?idConteudo=1755&idSubCategoria=24 [último acesso: junho 2012]

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2 1

3.7.2.7 | Mercado e marketing

i | Dimensão do mercado

A grande dimensão do mercado brasileiro (económica e geográfica) é o fator de maior atratividade

mas, igualmente, a sua maior dificuldade. A dimensão do mercado requer capacidade produtiva e

investimentos elevados, podendo, assim, apresentar desafios às empresas que querem exportar ou

investir. No caso da exportação envolve uma grande capacidade de gerir distribuidores e outros

recursos. No caso do investimento, a dimensão do mercado implica custos avultados.

A dimensão do mercado foi um dos obstáculos do mercado brasileiro mais referido nos dados primários. Tal como um entrevistado explicou:

“Mas quando a gente começa a avaliar a situação e a pensar assim: ‘então, mas eu vou entrar neste mercado e isto obriga-me a não sei quantos delegados de informação médica?’ Isto custa-me por mês não sei quantos milhares de Euros. Num mercado em que as margens de comercialização são extraordinariamente baixas. Ou vou à séria para o mercado ou então não vale a pena”.

Fonte: dados primários

Mercado nacional ou regional?

O mercado brasileiro é muito assimétrico, com uma forte concentração da produção e do consumo na

região do sudeste e do sul. De facto, pode fazer mais sentido falar em vários mercados, do que no

mercado brasileiro, dadas as diferenças socioeconómicas, de infraestruturas e culturais entre as

diferentes regiões.

A abordagem regional pode ser a melhor opção para algumas empresas mas, no caso dos setores mais tradicionais onde é necessário registo, dificilmente permitirá recuperar rapidamente os custos de entrada. Também, no setor farmacêutico, é difícil reduzir a prescrição a regiões. No caso dos setores de medicina personalizada e AAL, a capacidade de segmentação regional parece mais fácil, sendo as empresas atraídas pela presença de grandes instituições de saúde ou de centros de investigação.

ii | Ciclo de vida do produto

Em geral, o ciclo de vida dos produtos de saúde não patenteados tende a ser curto (MOTI, 2010; US

Department of Commerce, 2004). Em mercados como o brasileiro esta é uma variável importante a

considerar. O mercado é muito dinâmico pelo que os lucros elevados de entrada tendem a diminuir

rapidamente com o aumento da concorrência. As estratégias de lançamento de novos produtos devem,

assim, ser cuidadosamente planeadas. Tal como nos países mais desenvolvidos, o sucesso de um

medicamento ou dispositivo depende da aceitação no mercado num período imediatamente após o seu

lançamento (MOTI, 2010).

Serviços pós-venda

A lei de proteção dos consumidores de 1992 requer que as empresas tenham suporte a clientes e

serviços pós-venda.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

2 2

iii | Preço e condições de pagamento

O mercado brasileiro é muito competitivo em termos de preço, principalmente em produtos com baixa

incorporação tecnológica. Se o preço não for inferior ao preço da concorrência o Brasil dificilmente

será um mercado interessante. Cerca de 60-65% das vendas no mercado dos cuidados de saúde são

baseadas no preço, 15% na qualidade e cerca de 20-25% em outros fatores como os serviços

pós-venda (US Department of Commerce, 2004). Assim, a estratégia de preços é relevante.

No mercado hospitalar, a estrutura de preços deve ser flexível. As empresas têm, em geral, de dar

descontos aos hospitais para poderem entrar no mercado. Empresas de países com baixos custos de

mão-de-obra estão a concorrer em setores menos tecnológicos mas também, e cada vez mais, em

setores mais sofisticados. A disponibilidade das empresas dessas regiões para transferirem tecnologia

(licenças) e a sua estrutura de custos, estão a posicioná-las fortemente no mercado.

Assim, o preço e os termos de pagamento podem ser fatores extremamente importantes em particular

quando se concorre diretamente com produtores de países de baixos custos e/ou em períodos de

instabilidade cambial. Os termos de pagamento são, ainda, muito relevantes devido às elevadas taxas

de juro no Brasil.

A comparticipação dos fármacos e dispositivos médicos é pequena pelo que os custos diretos tendem a

ser elevados. A elasticidade de preço da procura é, de um modo geral, elevada. De acordo com o

inquérito do IBOPE (2011) o preço tende a ser o fator decisivo na hora da compra do medicamento,

prevalecendo sobre as recomendações médicas.

iv | Promoção

Participação em feiras

Uma das melhores formas de abordar o mercado brasileiro da saúde é através da participação em feiras

(US Department of Commerce, 2011). A Hospitalar é a maior feira de produtos de saúde da América

Latina e uma das mais importantes do mundo.

Para encontrar informação sobre feiras recomenda-se a consulta do seguinte site:

http://www.brasilglobalnet.gov.br/Eventos/Pesquisa/frmPesqEvento.aspx?acao

O site da feira Hospitalar contém informação sobre a participação na feira e tem dados genéricos e informações sobre o setor. Pode ser acedido em:

http://www.hospitalar.com

[último acesso: junho 2012]

Outros encontros:

ENIFarMed - Encontro nacional de Inovação em Fármacos e Medicamentos

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2 3

Catálogos

É aconselhável que o exportador possua um bom catálogo para apresentação dos seus produtos, e o

disponibilize na internet. Além disso, em muitos casos é essencial que se disponibilizem amostras dos

produtos (FUNCEX, 2010).

Os catálogos devem ser adaptados ao português escrito no Brasil.

Fonte: dados primários

Empresas especializadas em serviços de marketing

Há um vasto número de empresas especializadas em serviços de marketing que podem ser identificadas

através das embaixadas e consulados brasileiros no exterior (FUNCEX, 2010).

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

2 4

3.7.3 | Biotecnologia como área de destaque

A biotecnologia é uma área recente no Brasil, mas em crescimento. Cerca de 40% tem menos de 6 anos

de atividade e apenas 15% mais do que 15 anos (dados de 2008, OCDE online). Apesar disso, o país já

tem presença em algumas áreas da saúde importantes, como sejam a investigação em células

estaminais, estudos genómicos, biotecnologia vegetal e vacinas. O crescimento da área tem sido

baseado no mercado interno (Wilson, 2011). O Estado tem um papel importante como financiador da

indústria através de fundos perdidos, empréstimos com taxas de juro baixas e isenções fiscais. As

compras públicas são também um elemento potenciador do mercado. De facto, o mercado

biofarmacêutico brasileiro é muito concentrado nas compras públicas. A compra de biofármacos pelo

setor Estado tem crescido 28% ao ano (contrastando com os 17% das despesas totais). A maioria dos

medicamentos é importada.

De entre as mais de 100 empresas de biotecnologia há cerca de 22 empresas associadas ao setor da

saúde. O maior número de empresas na área da saúde é na produção de kits de diagnósticos in vitro

(10 empresas). O Quadro 3.7.10 apresenta algumas das empresas de biotecnologia que atuam no setor

da saúde no Brasil. Listam-se, ainda, associações empresariais do setor.

Quadro 3.7.10 | Empresas de biotecnologia e associações empresariais

Empresas Site

Aché laboratórios http://www.ache.com.br/Home/

Cyropraxis http://www.cryopraxis.com.br/home/

Eurofarma http://www.eurofarma.com.br/

Extracta moleculas naturais http://www.extracta.com.br/

Exellion http://www.excellion.com.br

GlaxoSmithKline Brasil Ltda http://www.gsk.com.br

Biomm Technology http://www.biomm.com

Farmacore http://www.farmacore.com.br/

Ferrara Ophthalmics Ltd http://www.ferrararing.com.br

Biocancer Clinical Research http://www.biocancer.com.br

FK BIOTEC http://www.fkbiotec.com.br

Genoa http://oncocell.com.br/genoa.php

Pele nova biotecnologia http://www.pelenova.com.br/

Silvestre labs http://www.silvestrelabs.com.br

Recepta Biopharma http://www.receptabiopharma.com.br/

Associações Site

ABRABI – Associação Brasileira de empresas Biotecnologia

http://www.abrabi.org.br

ANBio- Associação nacional de Biossegurança http://www.anbio.org.br

SBBiotec– Sociedade Brasileira de Biotecnologia http://www.sbbiotec.org.br/portal/

[último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

2 5

A indústria é fragmentada (dados de 2008, OCDE online) e de pequena/média dimensão. Metade das

empresas tem menos de 10 trabalhadores e 78% menos de 20. Cerca de metade das empresas tem

receitas inferiores a R$ 1 milhão. A indústria está concentrada em clusters e a investigação associada

às maiores universidades e institutos de investigação. A concentração da indústria em algumas regiões,

apesar de permitir beneficiar da organização em cluster, parece excessiva, não permitindo explorar

todo o potencial do mercado. Os principais clusters são o de Minas Gerais, Rio de Janeiro e S. Paulo

(centros de investigação).

A ligação à indústria e a capacidade de criar patentes é ainda insuficiente. Entre 2000 e 2007,

registaram-se apenas 33 registos de patentes em biotecnologia 40. As insuficiências do sistema de

patentes penalizam a indústria, a sua capacidade de se financiar e a inovação (Wilson, 2011).

Em termos de custos, o mercado não é competitivo quando comparado com os principais mercados

mundiais (EUA, Alemanha). O mercado apresenta, ainda, custos elevados quando comparado com os

países emergentes no setor. As regiões com estrutura de custos mais competitivas são Belo Horizonte e

S. Paulo (KPMG, 2012). Os custos de instalação, não parecem ser um grande entrave variando entre

R$30 e R$200 milhões (Reis et al., 2011).

Desde 2005 a lei da biossegurança regula as atividades da biotecnologia e permite a produção de

produtos geneticamente modificados41. A lei criou um quadro regulamentar para o uso de células

estaminais em investigação.

A aposta mais visionária para entrada no mercado é a aposta em I&D sendo a biotecnologia uma oportunidade importante. A compra de empresas instaladas no mercado é possivelmente a forma mais barata e rápida de entrada na área da biotecnologia (Riché, 2006).

As empresas brasileiras têm interesse em parceiras internacionais para o desenvolvimento de

medicamentos biológicos. O Quadro 3.7.11 apresenta os principais medicamentos biológicos de

interesse para empresas brasileiras (Reis et al., 2011). O Quadro 3.7.12 reporta a lista de produtos

biológicos considerados prioritários no âmbito do SUS, segundo a Portaria 1.284/201042.

40 http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=60545 [último acesso: junho 2012] 41 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

2 6

Quadro 3.7.11 | Medicamentos biotecnológicos de interesse para as empresas brasileiras

Plataforma Tecnologia

Medicamento Indicação Mercado brasileiro (milhões

de Reais)

Fermentação de

Microrganismos

HGH Nanismo 93

Interform alfa 2ª Hepatite e oncologia 213

Colagenase Dermatologia 80

Células animais

Fator VIIIa recombinante Hemofolia 30

Adalimumabe Reumatologia 285

Transtuzumabe Oncologia 313

Etanercepte Reumatologia 192

Infliximabe Reumatologia 392

Rituximabe Oncologia e reumatologia 197

Fonte: Reis et al., 2011, p. 33.

Quadro 3.7.12 | Principais medicamentos biológicos de interesse

Anticorpos Monoclonais Enzimas Hormonas Proteínas

Adalimumabe

Dasatinibe

Imatinibe

Inliximabe

Nilotinibe

Rituximabe

Trastuzumabe

Outros

Alfadornase

Glucocerebrosidase

Outras

Fator de crescimento insulina dependente (IGH-1)

Fligrastina

Gonadotrofina coriónica (HCG) e sérica (PMSG)

Grosserelina

Glucagon

Insulina

Hormona Folículo Estimulante (FSH)

Insulina

Leuprorrelina

Somatotropina

Outros

Etanercepte

Fatores procoagulantes

Interferonas

Toxina botulínica

Outras

Fonte: Portaria 1.284/2010.

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

2 7

3.7.4 | Importações de produtos de saúde

No período de 2001 a 2011 o valor das importações brasileiras na área da saúde tem vindo a crescer

(apesar de uma pequena quebra em 2003). O mercado brasileiro de produtos de saúde registou um

forte aumento entre 2006 e 2011, período em que as importações aumentaram de €3 mil milhões para

€7 mil milhões (Figura 3.7.2).

Figura 3.7.2 | Importações brasileiras de produtos de saúde (milhares de Euros)

Fonte: ITC43. Dados de junho de 2012.

Entre 2001 e 2011, as importações brasileiras de produtos de saúde cresceram a uma taxa média anual

de 9,5%, um valor próximo do das importações totais do país que registaram uma taxa de crescimento

média anual de 10,1%. No período 2006-2011 a taxa de crescimento foi de 16,8%, enquanto nos 5 anos

anteriores se tinha registado uma taxa de crescimento de apenas 2,7% ao ano. Nos 10 anos em análise,

a taxa de crescimento dos produtos farmacêuticos foi similar à taxa de crescimento dos dispositivos

médicos. No período mais recente, entre 2006 a 2011, os dispositivos médicos cresceram a um ritmo

ligeiramente superior (Quadro 3.7.13).

Quadro 3.7.13 | Taxa de crescimento das importações do Brasil por produto*

Produtos 2001-2011 2001-2006 2006-2011

Produtos farmacêuticos 9,7% 3,2% 16,5%

Dispositivos médicos 9,2% 1,2% 17,7%

Produtos de saúde 9,5% 2,7% 16,8%

Totais 10,1% 3,2% 17,4%

*Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

43

International Trade Centre (ITC), http://www.intracen.org [último acesso: junho 2012]

0

1000000

2000000

3000000

4000000

5000000

6000000

7000000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

2 8

Conforme referido, em 2011 as importações brasileiras de produtos de saúde alcançaram os €7 mil

milhões, o que representa apenas 1,24% do total das importações mundiais, um valor relativamente

baixo face à dimensão do mercado brasileiro, refletindo as barreiras existentes à entrada neste

mercado. Note-se, no entanto, que o peso mundial das importações de saúde está em linha com o peso

das importações totais. Os produtos farmacêuticos são responsáveis por importações no valor de €5,2

mil milhões (1,45% das importações mundiais) e os dispositivos médicos pelos restantes €1,8 mil

milhões (1,36%).

Na última década, o peso dos produtos de saúde nas importações totais do Brasil variou entre os 3,8% e

os 5,3%. Os ritmos de crescimento nos dois segmentos mais importantes do mercado foram

semelhantes. Em 2011, os produtos farmacêuticos representavam 3,2% do total das importações

brasileiras e os dispositivos médicos 1,1% (Figura 3.7.3).

Figura 3.7.3 | Quota das importações de produtos de saúde (farmacêuticos e de dispositivos médicos) no

mercado do brasileiro

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

A Figura 3.7.4 apresenta os principais exportadores de produtos de saúde para o mercado brasileiro em

2011. As importações brasileiras estão fortemente concentradas em dois países (EUA e Alemanha), que

em conjunto representam cerca de 40% do mercado. Os 15 principais exportadores, representam

aproximadamente 90% das importações do setor da saúde brasileiro.

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Produtos Farmacêuticos Dispositivos Médicos

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2 9

Figura 3.7.4 | Principais exportadores de produtos de saúde para o Brasil (2011)

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

Apesar da forte concentração, o mercado parece relativamente aberto a novos players ou, pelo menos,

à alteração relativa da importância dos principais fornecedores. No período 2001-2011 entre os

principais exportadores de produtos de saúde para o Brasil a China, a Dinamarca e a Alemanha

registam as taxas de crescimento médias ao ano mais elevadas - respetivamente 23,8%, 18,6% e 13,1%.

De facto, verificaram-se alterações significativas nas quotas de mercado de alguns dos principais

exportadores. De salientar o crescimento da quota de mercado dos seguinte países: Alemanha (12,2%

para 16,9%), China (1,5% para 5,2%) e Dinamarca (1,3% para 2,9%). No mesmo período, a quota de

mercado dos EUA diminuiu de 24,6% para 23,5%, assim como, se registaram perdas nas quotas da

França (de 7,1% para 5,3%), do Reino Unido (de 4,6% para 3,5%), da Holanda (de 3,7% para 2,4%) e do

Japão (de 5% para 2%) (Figura 3.7.5).

23,5%

16,9%

9,0%

5,3% 5,2% 5,0% 3,9% 3,6% 3,5% 2,9% 2,5% 2,4% 2,1% 2,0% 1,7%

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

3 0

Figura 3.7.5 | Evolução da quota dos 15 principais exportadores para o mercado brasileiro de produtos de

saúde

Fonte: ITC, 2012. Dados de junho de 2012.

3.7.4.1 | Estados Unidos da América

Os EUA com exportações de €1,6 mil milhões são o principal fornecedor externo de produtos de saúde

do Brasil. Na última década, apesar de apresentarem alguma oscilação, mantiveram o peso no mercado

brasileiro, registando apenas uma perda de um ponto percentual na sua quota neste mercado (Figura

3.7.6). Entre 2001 e 2011 a proporção das exportações dos EUA de produtos farmacêuticos aumentou

de 18,4% para 19,3%. No entanto, a quota de mercado dos dispositivos médicos diminuiu de 41,8% para

35,8%. A taxa de crescimento anual das exportações de produtos de saúde dos EUA para o Brasil foi de

4,4% entre 2001 e 2006, tendo nos anos subsequentes aumentado para os 14% (ITC, online44).

44 http://www.intracen.org/ [último acesso: junho 2012]

0%

5%

10%

15%

20%

25%

2001 2011

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3 1

Figura 3.7.6 | Quota de mercado dos EUA nas importações brasileiras de produtos de saúde

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

3.7.4.2 | Alemanha

A Alemanha é o segundo maior exportador de produtos de saúde para o mercado brasileiro. As

exportações alemãs de produtos de saúde para o Brasil cresceram a um ritmo acelerado na última

década, registando uma taxa de crescimento anual de 13%. No mesmo período, as exportações alemãs

de produtos de saúde para o mercado brasileiro aumentaram a sua quota de mercado em 4,7 pontos

percentuais (Figura 3.7.7). Esta proporção deve-se ao aumento do peso das exportações de produtos

farmacêuticos (de 11% para 17,7%). Nos dispositivos médicos, pelo contrário, a quota de mercado da

Alemanha diminuiu de 15,8% para 14,6% (ITC, online).

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

24,6% 25,5% 25,2% 25,3%

28,7%

26,7% 25,9%

23,5% 24,5%

23,8% 23,5%

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

3 2

Figura 3.7.7| Quota de mercado da Alemanha nas importações brasileiras de produtos de saúde

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

3.7.4.3 | Suíça e França

As quotas de mercado da Suíça e da França nas importações brasileiras de produtos de saúde tem vindo

a oscilar ao longo da última década, com uma tendência para diminuir nos últimos anos (Figura 3.7.8).

Entre 2001 e 2011, a Suíça perdeu quota de mercado (12% para 10,2%) nas exportações de produtos

farmacêuticos para o Brasil. No entanto, as exportações de dispositivos médicos para este mercado

aumentaram significativamente de 1,8% para 5,3%. De um modo semelhante, as exportações de

produtos da saúde da França para o Brasil registaram uma perda da quota de mercado nos produtos

farmacêuticos de 8,8% para 5,8%, e um aumento do peso das exportações de dispositivos médicos de

2,4% para 3,6% (ITC, online).

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

12,23%

10,90% 10,74% 10,09%

10,94% 11,71%

13,13%

14,75% 15,26%

14,74%

16,88%

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3 3

Figura 3.7.8 | Quota de mercado da Suíça e da França nas importações brasileiras de produtos de saúde

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

3.7.4.4 | China

As exportações de produtos de saúde da China com destino ao Brasil cresceram a um ritmo acelerado

entre 2001 e 2011. Consequentemente, a China aumentou significativamente a sua quota nas

importações brasileiras de produtos de saúde, passando de 1,5% em 2001 para 5,2% em 2011 (Figura

3.7.9). Por segmento, os produtos farmacêuticos com origem na China aumentaram a sua quota de

mercado de 1,6% para 4%, e os dispositivos médicos de 1,2% para 8,7%, no mesmo período. As

exportações dos produtos farmacêuticos registaram uma taxa de crescimento média anual de 19,9%, e

os dispositivos médicos de cerca de 32,8%. A China é atualmente o terceiro maior fornecedor externo

de dispositivos médicos para o mercado brasileiro (ITC, online).

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Suíça

França

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

3 4

Figura 3.7.9 | Quota de mercado da China nas importações brasileiras de produtos de saúde

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012

3.7.4.5 | Itália, Bélgica e Irlanda

A Itália, a Bélgica e a Irlanda assumem também uma posição importante como fornecedores do Brasil.

Estes países mantiveram as suas posições entre os 3 e 5% do total do mercado (Figura 3.7.10).

Figura 3.7.10 | Quota de mercado da Itália, Bélgica e Irlanda nas importações brasileiras de produtos de

saúde

Fonte: ITC – Dados de junho de 2012.

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

1,5%

2,1%

2,5%

3,3%

3,9% 4,0%

3,9%

5,4%

5,1%

4,6%

5,2%

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Itália

Bélgica

Irlanda

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3 5

3.7.4.6 | Japão

O Japão regista uma forte diminuição na sua quota de mercado no período 2001 a 2011,

respetivamente de 5% para 2% (Figura 3.7.11). Esta quebra deve-se a uma perda acentuada na quota de

mercado de dispositivos médicos (de 14,2% para 5,7%) (ITC, online).

Figura 3.7.11 | Quota de mercado do Japão nas Importações brasileiras de produtos de saúde

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

3.7.4.7 | Portugal

As exportações portuguesas de produtos de saúde para o Brasil apresentam, ao longo do tempo, valores

baixos. Em 2011, as importações brasileiras de produtos de saúde com origem em Portugal não

ultrapassaram os €2,3 milhões (€463 milhares de produtos farmacêuticos e €1,8 milhões de dispositivos

médicos) (Figura 3.7.12); o que representa apenas 0,3% das exportações portuguesas de produtos de

saúde em 2011 e 0,4% das exportações totais para o Brasil. Tais valores são também refletidos no valor

residual da quota de Portugal nas importações brasileiras de produtos de saúde a qual era de 0,05%

(2011) (Figura 3.7.13).

0%

1%

2%

3%

4%

5%

6%

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

3 6

Figura 3.7.12 | Evolução das exportações portuguesas de produtos de saúde para o Brasil (milhares de Euros)

Fonte: ITC, 2012. Dados de junho de 2012.

Figura 3.7.13 | Quota de Portugal nas importações brasileiras de produtos de saúde

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

No período, em análise, a taxa de crescimento anual das exportações de produtos de saúde para o

Brasil foi de cerca de 3,85%, i.e., a um ritmo inferior ao crescimento das exportações totais para o

mercado. O crescimento recente das exportações de produtos de saúde, deve-se quase exclusivamente

ao crescimento das exportações de dispositivos médicos. No período entre 2001 e 2006, as exportações

portuguesas de produtos farmacêuticos registaram, por seu lado, uma queda acentuada, a qual não foi

compensada pelo crescimento do mercado dos dispositivos médicos. Entre 2006 e 2011, ambos os

segmentos cresceram, mas o crescimento das exportações de dispositivos médicos é muito superior

(Quadro 3.7.14).

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

0,08%

0,04%

0,08%

0,10%

0,04% 0,04%

0,03% 0,02%

0,03% 0,03%

0,05%

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

3 7

Quadro 3.7.14 | Taxa de crescimento do comércio de produtos de saúde portugueses no Brasil*

Taxa de crescimento anual de 2001-2011

Taxa de crescimento anual de 2001-2006

Taxa de crescimento anual 2006-2011

Dispositivos médicos 28,23 20,41 32,60

Produtos farmacêuticos -4,8 -16,86 9,02

Produtos de saúde 3,85 -10,2 20,0

Comércio total 10.5 2.4 19.2

*Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012. Cálculos próprios.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

3 8

3.7.5 | Exportar para o Brasil

O mercado brasileiro é um mercado complexo e muito competitivo. As empresas entrantes enfrentam

dificuldades várias. Antes de entrarem, as empresas devem estudar cautelosamente o mercado. Os

exportadores/investidores no Brasil devem ver o país no contexto do Mercosul.

Modo de entrada

A entrada no mercado brasileiro é particularmente difícil no setor da saúde, dado o volume de regulação e o protecionismo. Uma sugestão é ter parcerias com empresas no Brasil para partes finais da produção como seja, por exemplo, a montagem dos dispositivos. Esta abordagem ao mercado reduz os impostos, torna o produto mais acessível a compras públicas e facilita a entrada no mercado do Mercosul.

3.7.5.1 | Exportação direta e exportação indireta

Há duas formas essenciais de entrar no mercado via exportação: exportação direta e exportação

indireta.

i | Exportação direta

Na modalidade de exportação direta, o exportador negoceia diretamente com o importador no Brasil,

seja um indivíduo ou uma empresa. Por norma, a exportação direta é mais dispendiosa para o

exportador em termos de tempo e de recursos financeiros (FUNCEX, 2010). Esta forma é pouco comum

nos produtos de saúde dados os requisitos de registo, a complexidade do produto e as exigências de

assistência.

Em geral, no setor da saúde, é importante criar uma empresa no Brasil para importar.

ii | Exportação indireta

No caso da exportação indireta, o exportador não realiza negócios com a empresa que utilizará seu

produto, mas com um intermediário comercial. Neste caso, a empresa exportadora pode optar por

contratar um agente ou distribuidor ou optar por uma parceria/joint-venture. A forma mais eficiente

de entrar no mercado é através de parcerias com agentes e distribuidores. Em setores fortemente

regulados, como o da saúde, a realização de parcerias é também um modo de acesso muito comum.

Agentes e distribuidores

A opção pela contratação de agentes e/ou distribuidores é importante na medida em que os

intermediários têm a experiência e o conhecimento do mercado. No Brasil, as empresas intermediárias

estão divididas em duas formas de organização: empresas de trading e empresas comerciais

importadoras. As tradings estão especializadas em grandes volumes. O exportador pode optar pelo

serviço de profissionais autónomos ou empresas que atuem como intermediário comercial no Brasil

(empresas comerciais importadoras), sendo remunerados com base em comissões sobre o volume de

vendas. Uma possibilidade é a de contratar antigos executivos das companhias do setor para eventuais

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3 9

agentes/distribuidores. O Quadro 3.7.15 resume informação relevante sobre distribuidores.

Quadro 3.7.15 | Informação sobre distribuidores

Checklist para escolha de agentes ou distribuidores /

aspetos a considerar na escolha do distribuidor

Tamanho do escritório/empresa do distribuidor

Localização e cobertura geográfica

Principal área de atuação

Grau de exclusividade (produto, área geográfica)

Experiência no setor e conhecimento do mercado

Referências bancárias e comerciais

Qualificação e competências do pessoal

Capacidade de transportes e armazenamento

Serviço pós venda

Redes formais e informais

Procura de distribuidores (portais de busca de distribuidores)

1) Catálogo de Importadores Brasileiros: http://cib.brasilglobalnet.gov.br/frmPesquisa.aspx?Idioma=2

2) Diretório de Tradings do Brasil: http://dtb.apexbrasil.com.br/Default.aspx?idioma=en (listagem das empresas brasileiras especializadas em atividades de exportação e importação)

(...)

[último acesso: junho 2012]

A empresa deve tomar medidas para garantir os seus direitos, incluindo:

Registo de marca e patente no INPI- Instituto Nacional da propriedade industrial (os registos internacionais não têm validade no Brasil);

Estabelecimento de um contrato sólido com os distribuidores;

Especificação no contrato de cláusulas referentes à propriedade do registo;

Os contratos devem contemplar, aspetos relacionados com a responsabilidade civil, exclusividade e pagamento.

Retalhistas e grossistas

O recurso a retalhistas e grossitas é menos comum nos produtos de saúde devido à sua complexidade.

No entanto, é uma opção possível para empresas de produtos de pouca incorporação tecnológica e/ou

de venda livre.

Na ponderação do melhor canal de distribuição a empresa dever ter em conta os seguintes aspetos: área geográfica a servir, tipo de clientes, complexidade do produto e a necessidade de controlo sobre o mercado.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

4 0

3.7.5.2 | Procedimentos administrativos

A alfândega brasileira tende a ser muito burocrática o que pode provocar dificuldades e custos

elevados (AICEP, 2011). É essencial para as empresas portuguesas que desejem exportar terem controlo

sobre o processo e documentação, assegurando-se de que todos os documentos estão em ordem. Os

produtos podem ser apreendidos na alfândega por pequenos erros e omissões processuais e/ou

documentais. Os produtos confiscados podem ser restituídos mas a custos elevados para a empresa (Lei

nº 6.437 de 20 de agosto de 1977)45. Os serviços de alfândega têm elevada discrição para aplicação de

multas.

i | Etapas do processo administrativo de importação no Brasil

A empresa para iniciar a exportação tem de ter um representante local ou um importador brasileiro.

Detalham-se, de seguida, alguns dos procedimentos.

O processo administrativo de importação no Brasil envolve o cumprimento das seguintes etapas (FUNCEX, 2010):

a) Habilitação do importador no SISCOMEX;

b) Classificação das mercadorias;

c) Emissão da Fatura Pro Forma;

d) Registo da operação no SISCOMEX;

e) Licenciamento de importação (quando aplicável);

f) Embarque das mercadorias no país de origem;

g) Emissão dos documentos internacionais e efetivação do despacho aduaneiro;

h) Contratação do câmbio;

i) Pagamento de impostos;

j) Emissão da Declaração de Importação;

k) Libertação da carga no Brasil.

Habilitação do importador no SISCOMEX (etapa a)

Desde 1997, o Brasil tem um sistema informático para monitorizar e facilitar o processo alfandegário

conhecido como o Sistema Integrado de Comércio Externo (SISCOMEX). Apesar do sistema ter facilitado

o processo, este continua a ser complicado e moroso (US Department of Commerce, 2010).

Os exportadores devem ter em atenção que o importador brasileiro deve estar registado no Registo de

Exportação e Importação da Secretaria do Comércio Exterior (SECEX). A utilização do sistema está

sujeita a uma taxa variável.

O acesso ao SISCOMEX pode ser feito através do portal:

http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/siscomex/index.html [último acesso: junho 2012]

45 http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/lei_6437_77.pdf [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

4 1

Classificação das mercadorias (etapa b)

As mercadorias são classificadas de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Os códigos

de classificação da NCM são formados por oito dígitos, sendo tal classificação compatível com o

Sistema Harmonizado. A classificação correta dos produtos adquiridos por parte do importador evita a

aplicação de penalidades pelas autoridades aduaneiras.

A pesquisa dos códigos NCM pode ser feita no site da Receita Federal do Brasil:

http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/ [último acesso: junho 2012]

Emissão de Fatura Pró-forma (etapa c)

Após iniciarem os contactos, a empresa exportadora deverá enviar a Fatura Pró-forma para o

importador. Esta não implica o fim do pedido, mas o importador precisará dela para cumprir os

procedimentos internos para importação (FUNCEX, 2010).

Na Fatura Pró-forma resultante das negociações entre exportador e importador deve constar:

Identificação completa do importador e do exportador;

Descrição da mercadoria, especificando as características do produto, a fim de facilitar a classificação aduaneira e, consequentemente, a liquidação de imposto;

País de origem;

Preço unitário, em moeda estrangeira;

Forma de venda negociada;

Valor total (devem ser apresentados, em separado, os valores do frete e do seguro internacional);

Prazo de validade da proposta;

Peso da carga (líquido e total);

Locais de embarque e desembarque;

Forma de pagamento.

Licenciamento de Importação (etapa e)

A SECEX é a agência governamental responsável por atribuir as licenças de importação. A licença

conjuga informações referentes à mercadoria e à operação em cinco pontos: (i) informações básicas

(referentes ao importador, país de procedência e unidades da Receita Federal do Brasil); (ii)

informações do fornecedor; (iii) informações da mercadoria; (iv) informações da negociação; e (v)

informações complementares.

Informações sobre licenças

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=276&refr=246

Para ver a relação de produtos sujeitos a licenciamento:

http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/importacoes-sujeitas-a-licenciamento

[último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

4 2

O acesso ao SISCOMEX Importação é feito por meio de conexão com o Serpro, com vista à elaboração

dos documentos eletrónicos: Licenciamento automático ou não automático e Declaração de Importação

(DI).

Como regra geral, as importações brasileiras estão dispensadas de licenciamento. Os importadores

locais devem somente providenciar o registo da DI no SISCOMEX, com o objetivo de dar início aos

procedimentos de despacho aduaneiro junto à Unidade Local da Receita Federal do Brasil (RFB). Para

este procedimento, o importador brasileiro deverá apresentar informações, tais como, a descrição do

produto, número de classificação tarifária, quantidade, valor da transferência, custos de transporte

(etc.). Mais tarde, essa informação é utilizada para preparar a DI.

As importações dispensadas de licenciamento constam na Portaria SECEX n.º 23 de 14 de julho de 2011 (artigo 13.º), podendo a informação ser consultada em:

http://www.comexbrasil.gov.br/data/editor/file/%2B%20nova%20Portaria%20SECEX%20n%20%2023%20de%20%2014%2007%202011%20(alterada%20pela%2032).pdf [último acesso: junho 2012]

Algumas mercadorias ou operações especiais, estão sujeitas a licenciamento e a controlos especiais. O

licenciamento pode ser automático ou não-automático, em função de sua classificação fiscal NCM.

Nestes casos, o importador deverá preencher uma Licença de Importação (LI) no SISCOMEX, dando

informações sobre a natureza comercial, financeira, cambial e fiscal pertinentes. A LI deve ser

registada com a antecedência prevista na lei e antes do início das formalidades aduaneiras. O prazo

máximo para tramitação da LI é de 10 dias úteis nos casos de licenciamento automático e de 60 dias

corridos no caso de licenciamento não-automático, contados da data do registo no SISCOMEX.

Licenças não-automáticas requerem autorização prévia da autoridade competente que poderá exigir documentos adicionais e/ou a uma inspeção física. A lista dos órgãos anuentes encontra-se disponível no seguinte link:

http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1308919721.pdf

A lista de produtos sujeitas a licenciamento não-automático pode ser encontrada no seguinte site:

http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/importacoes-sujeitas-a-licenciamento [último acesso: junho 2012]

O embarque no exterior, salvo exceções previstas na lei, só pode ocorrer após a autorização de

licenciamento. Os licenciamentos têm validade de 90 dias para fins de embarque da mercadoria no

exterior. Incluem a lista de produtos de licenciamento não-automático diversos produtos de saúde. A

autoridade competente é a ANVISA. O importador deverá sempre consultar o SISCOMEX a fim de

verificar o tratamento administrativo a que se subordina a sua operação.

Como orientação geral, o interessado poderá consultar a Consolidação das Portarias SECEX (importação): Portaria SECEX n.º 23, de 14 de julho de 2011

http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=317546 [último acesso: junho 2012]

46 Note-se que se contra a decorre uma consulta pública para a substituição desta Portaria: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3410 [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

4 3

ii | Desalfandegamento

Para o processo de desalfandegamento das mercadorias o exportador deverá enviar os seguintes

documentos:

Conhecimento de embarque aéreo ou marítimo;

Fatura comercial original assinada;

Packing list original e assinada;

Certificado de origem;

Certificado de análise;

Certificado sanitário;

Catálogo de produtos.

Linha Azul

Regime aduaneiro especial que melhora a desalfandegamento das importações pelas empresas (as empresas habilitadas têm tratamento aduaneiro prioritário e expresso, no máximo em oito horas). O link para a linha azul encontra-se no seguinte endereço:

http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/LinhaAzul/LinhaAzul.htm [último acesso: junho 2012]

Importante

Se o despacho de importação não for iniciado nos prazos estabelecidos na legislação, que variam entre 45 a 90 dias da chegada da mercadoria ao Brasil, ela é considerada abandonada, o que acarretará a aplicação de multa. A mercadoria terá os destinos previstos na legislação. O mesmo acontece com a mercadoria cujo despacho de importação tenha o seu curso interrompido durante 60 dias, por ação ou omissão do importador (FUNCEX, 2010).

iii | Exportações de serviços

Em agosto de 2012, entrou em vigor o Sistema Integrado de Comércio Exterior de Serviços, Intangíveis

e Outras Operações que Produzam Variações no Património (SISCOSERV). A Lei 12.546 de 14 de

dezembro de 2011 nos artigos 25 a 27 enquadra os serviços, intangíveis e outras operações que

produzam variações no patrimônio das pessoas físicas, no contexto do comércio externo instituindo a

obrigação de declaração de informações relativas às transações entre residentes ou domiciliados no

país e residentes ou domiciliados no exterior. As empresas devem registá-las no SISCOSERV. Os serviços

de tecnologia da informação são obrigados a cumprir esta obrigação a partir de 01/02/2013 (Portaria

Conjunta RFB/SCS nº1.908, de 19 de julho de 2012).

O acesso ao SISCOSERV pode ser feito através do link:

https://www.siscoserv.mdic.gov.br/g33159SCS/jsp/logon.jsp

Os manuais do sistema pode ser acedidos em:

http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=4&menu=3407

A Lei nº 12.546 de 14 de dezembro de 2011 pode ser acedida em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12546.htm

[último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

4 4

3.7.5.3 | Requisitos de rotulagem

O Código de Defesa do Consumidor 47 requer que os rótulos e informações dos produtos para o

consumidor, contenham informações corretas, claras, precisas e facilmente legíveis. A informação

deverá estar em português e conter aspetos referentes à qualidade, quantidade, composição, preço,

garantia, prazo de validade, origem e riscos para a saúde e segurança. Os rótulos devem estar em

unidades métricas ou mostrar uma métrica equivalente (US Department of Commerce, 2010).

A embalagem de transporte da mercadoria deverá conter a seguintes informações: lote, identificação

da mercadoria (nome comercial), identificação da mercadoria (nome comum ou nome químico),

identificação da empresa/fabricante e país de origem (fabricação). Estas informações deverão estar

em local visível, com leitura e acesso fáceis para a inspeção sanitária.

Há regras específicas de rotulagem noutros âmbitos. Por exemplo, para a rotulagem de medicamentos ver o seguinte:

Medicamentos em geral - Resolução RDC n.º 71, de 22 de dezembro de 2009

http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Setor+Regulado/Como+Fazer/Bulas+e+Rotulos+de+Medicamentos/Rotulos

Medicamentos adquiridos pelo Ministério da Saúde para distribuição no SUS - Resolução RDC n.º 21, de 28 de março de 2012

http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/hI2

[último acesso: junho 2012]

3.7.5.4 | Produtos de saúde

Qualquer produto que entre em contacto com o corpo humano, importado pelo Brasil, é controlado

pelo Ministério da Saúde brasileiro. As autoridades sanitárias dividem as medidas de proteção à saúde

em:

Condições de segurança e qualidade intrínseca do produto (qualquer que seja a sua

natureza);

Condições de segurança e qualidade dos meios de produção e comercialização.

Os produtos de saúde só podem ser importados se acompanhados por uma empresa/escritório no Brasil.

Alternativamente a empresa pode ter um distribuidor autorizado pelas autoridades brasileiras. Em

qualquer dos casos, o importador deve possuir:

Autorização de funcionamento da empresa no âmbito federal;

Licença de funcionamento no âmbito estadual.

No Estado de São Paulo, as distribuidoras, representantes e importadoras de medicamentos deverão

contar no local para a sua instalação com uma área mínima de 12m² e outros requisitos da autoridade

sanitária (AICEP, 2010). A comercialização de produtos de saúde sem as respetivas licenças,

autorizações e registos dos importadores, poderá consubstanciar uma infração sanitária, sujeita às

47 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm [último acesso: junho 2012]

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4 5

penalidades previstas na lei.

A produção e comercialização de medicamentos no Brasil têm como regulamentação básica a Lei n.º 5.991, de 17 de dezembro de 1973, a Lei nº 6.360 de 23 de setembro de 1976:

http://www4.planalto.gov.br/legislacao/legislacao-1/leis-ordinarias/legislacao/legislacao-1/leis-ordinarias/1980-a-1960#content

Os procedimentos e documentos relativos à importação de princípios ativos e excipiente ou o medicamento são complexos (Resolução RDC n.º 81, de 5 de novembro de 2008) e pode ser encontrado em detalhe no portal da ANVISA:

http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Setor+Regulado/Publicacao+Setor+Regulado

O Manual para licenciamento de importações para medicamentos pode ser encontrado no site da ANVISA

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/controlados/manual_li.pdf

[último acesso: junho 2012]

3.7.5.5 | Impostos e despesas sobre os produtos importados

i | Imposto aduaneiro

A complexidade do sistema fiscal interno é uma importante barreira ao comércio (US Department of

commerce, 2010). Existem três impostos principais aplicados aos produtos importados: imposto

aduaneiro, imposto sobre produtos industrializados, imposto sobre a circulação de mercadorias e

serviços. Em conjunto, os impostos e taxas aplicados aos medicamentos podem dobrar o preço dos

produtos desde o envio até à comercialização.

Para simulação dos impostos a pagar, o importador pode aceder ao site:

www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/ [último acesso: junho 2012]

Importante

Para garantir a não-cumulatividade do pagamento de impostos, a legislação brasileira permite que o valor pago no momento da importação gere um crédito a favor do importador, que poderá ser compensado com o imposto devido em operações posteriormente realizadas pelo importador e tributadas com esse mesmo imposto. Assim, o imposto incide, na prática, somente sobre o valor agregado ao bem.

Os impostos aduaneiros seguem, com algumas exceções, a Tarifa Externa Comum Mercosul (TEC)

acordada entre os países do Mercosul para importações provenientes de países fora do Mercosul. Os

impostos à importação são impostos sobre o valor CIF das mercadorias. Em 2010, os impostos

aduaneiros variaram entre 0% a 50% (WTO, Statistics online). ). Os produtos dos países que usufruem

do princípio Nação Mais Favorecida (NMF) têm taxas aduaneiras reduzidas. A taxa média aplicada aos

produtos não-agrícolas ao abrigo do NMF foi de 14,2% em 2010 (9,9% ponderado para o volume de

comércio). A disparidade entre a taxa acordada com a OMC e a taxa realmente aplicada tende a criar

incerteza, porque o governo frequentemente usa as tarifas como política protecionista (US Department

of Commerce, 2010).

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

4 6

As tarifas TEC atuais podem consultadas em:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3361

A lista de tarifas de 2010 pode ser encontrada no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior em:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1848 (selecionar Série Histórica da TEC )

[último acesso: junho 2012]

De acordo com a Resolução No 94 de 8 de dezembro de 2011, a tarifa máxima listada é de 35%.

Os produtos de saúde não estão isentos na totalidade dos impostos aduaneiros, embora estes sejam

menores do que para a generalidade dos produtos manufaturados. No caso dos produtos farmacêuticos

e dos dispositivos médicos, a TEC modal é de 14% (Market Access Database, online). No entanto, a taxa

varia de 0 a 20% consoante o produto. De acordo com o mecanismo de vigência temporária no âmbito

do Mercosul, o Brasil tem cerca de 200 produtos com exceção à TEC até 2015, o que possibilita a

redução ou aumento do imposto de importação desde que não ultrapasse o valor acordado com a OMC.

As exceções incluem o setor farmacêutico.

A lista completa dos produtos com exceção à TEC pode ser encontrada nos seguintes sites:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3361 [Os produtos de saúde estão compreendidos nos capítulos 25, 27, 30, 38, 39, 84, 90 e 93 do quadro da TEC]

http://madb.europa.eu [Market access database em Applied Tariffs Database]

[último acesso: junho 2012]

Os importadores podem requerer a isenção de imposto aduaneiro de material médico hospitalar

importado por um hospital, caso não exista produto similar, de acordo com o CAPÍTULO XIII da

Resolução RDC nº 81, de 05 de novembro de 200848.

Regimes aduaneiros especiais

A legislação brasileira prevê regimes aduaneiros especiais. Para mais detalhes ver FUNCEX (2010). Dada

a importância para o setor salientamos o Drawback e Entrada Temporária:

1) Drawback é o procedimento que possibilita a entrada de produtos sem lugar a pagamento de impostos, desde que estes sejam matérias-primas a utilizar na fabricação de bens exportáveis. O Regime Aduaneiro Especial de Drawback encontra-se disciplinado na Portaria no Capítulo III da Portaria SECEX n.º 23, de 14 de julho de 2011 49 . A autonomia para a concessão, acompanhamento e verificação do compromisso de exportar é do Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex);

2) Entrada Temporária: desde 2000, o Governo do Brasil tem uma provisão para a importação

temporária de produtos. Este regime pode ser aplicado a amostras, produtos para feiras,

reposição temporária de bens importados e máquinas para teste. O processo continua a ser

48 http://www.dirad.fiocruz.br/upload/uploads/RDC81.pdf [último acesso: junho 2012] 49 http://www.comexbrasil.gov.br/data/editor/file/%2B%20nova%20Portaria%20SECEX%20n%20%2023%20de%20%2014%2007%202011%20(alterada%20pela%2032).pdf; http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/drawback/menu/63 [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

4 7

difícil, demorado e oneroso (US Department of Commerce, 2010). A entrada de amostras de

produtos de saúde está regulada pela Resolução RDC nº 81, de 5 de novembro de 200850.

ii | Imposto sobre os produtos industrializados

A taxa do Imposto sobre os Produtos Industrializados (IPI) aplicada aos produtos industrializados varia

entre 0% e 15%. No caso dos bens importados, o imposto recai sobre o valor das mercadorias CIF

acrescido do respetivo imposto aduaneiro. Assim, de uma maneira geral, quanto maior a taxa TEC,

maior a taxa de IPI aplicada.

A maioria dos produtos de saúde não está sujeita a IPI. Em 2011, cerca de 37% dos produtos de saúde

tinham uma taxa de IPI de 14% e 21%; 2% tinha taxa de IPI zero. No entanto, sobre mais de 60% do

volume importado incide a taxa de 0% (ANVISA, online)51.

Para a lista completa dos produtos e respetivo IPI ver o site seguinte:

http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/TabIncidIPITIPI.htm [último acesso: junho 2012]

iii | Imposto Sobre Circulação

O Imposto Sobre Circulação (ICMS) é um imposto sobre o valor acrescentado a pagar em todas as fases

da transação do produto. É da competência dos diversos estados e do Distrito Federal. As taxas variam

significativamente de estado para estado, situando-se entre 7% e 25%52. Alguns produtos de saúde estão

sujeitos a convénios de benefícios fiscais que incluem todos ou alguns estados, ou ainda quando são

adquiridos por algumas instituições (os convénios são da responsabilidade do CONFAZ53).

iv | Outros impostos

Existe, adicionalmente, uma miscelânea de impostos e taxas a nível federal e estatal (sendo a sua

incidência significativa nos produtos para saúde (a taxa modal é de 9%). A Lei nº 10.147, de 21 de

dezembro de 2000 criou a tributação monofásica para produtos da indústria farmacêutica, a saber: (i) a

Contribuição para Programas de Integração Social e de Formação do Património do Servidor Público

(PIS/PASEP), e (ii) a Contribuição para o Financiamento da Segurança Social (COFINS).

As empresas que industrializam ou importam pagam a PIS e a COFINS com taxas mais elevadas,

permitindo às demais empresas do processo produtivo a isenção das contribuições. A Lei nº 10.865 de

50 http://www.dirad.fiocruz.br/upload/uploads/RDC81.pdf [último acesso: junho 2012] 51 Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Tributos Incidentes Sobre o setor dos produtos para a saúde. http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/f0e88a8049c454a8a070a66dcbd9c63c/Microsoft+Word+-+Tributos+-+Produtos+para+Sa%C3%BAde+vs+final.pdf?MOD=AJPERES. [último acesso: junho 2012] 52 A partir de 1 de janeiro de 2013 vigorará uma taxa única de 4% em todos os Estados - http://www.ecofinancas.com/noticias/publicada-aliquota-aplicada-bens-mercadorias-importados-exterior. A unificação da taxa não se aplicará, no entanto, aos bens e mercadorias importados do exterior que não tenham similar nacional, a serem definidos em lista a emitir pelo Conselho de Ministros da CAMEX – Câmara de Comércio Exterior [http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=1&noticia=11777] [último acesso: junho 2012] 53 http://www.fazenda.gov.br/confaz/[último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

4 8

30 de abril de 2004 (a qual altera a Lei n.º 10.147, de 21 de dezembro de 2000) disciplinou que, nas

importações de alguns produtos farmacêuticos, sejam aplicadas taxas de 2,1% para a PIS e 9,9% para a

COFINS 54. A lei estabelece, ainda, que “Fica o Poder Executivo autorizado a reduzir a zero e a

restabelecer as taxas da PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação, incidentes sobre:

Produtos químicos e farmacêuticos classificados nos Capítulos 29 e 30 da NCM;

Produtos destinados ao uso em hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos,

campanhas de saúde realizadas pelo poder público e laboratórios de anatomia

patológica, citológica ou de análises clínicas, classificados nas posições 30.02, 30.06,

39.26, 40.15 e 90.18 da NCM (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)” (§ 11).

No âmbito do setor da saúde importa, ainda, salientar o Regime Especial para a Plataforma de

Tecnologias de Informação (REPES), que suspendeu o pagamento da PIS e da COFINS para as

importações de empresas que se comprometam a exportar software e tecnologias de informação.

v | Outras despesas

Além dos impostos, os exportadores devem contar com outras despesas obrigatórias, referentes ao

desembaraço das mercadorias, como sejam as despesas aduaneiras e de capatazia. Adicionam-se,

ainda, outras despesas não obrigatórias mas frequentes (FUNCEX, 2010).

3.7.5.6 | Forma de pagamento das importações

A entrada ou saída de divisas do Brasil envolve obrigatoriamente a elaboração de um contrato de

câmbio feito pela empresa importadora brasileira. O contrato deve seguir as normas do Banco Central

do Brasil compiladas no Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais (RMCC). Os pagamentos ao

exterior podem ser praticados sob as seguintes condições:

Antecipado - o importador efetua a remessa das divisas ao exportador antes do

embarque da mercadoria;

Cobrança - o importador efetua o pagamento após o recebimento das mercadorias;

Carta de Crédito – é emitida pelo banco a pedido do importador, cujo beneficiário será o

exportador no exterior.

54 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.865.htm [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

4 9

3.7.5.7 | Transporte

O sistema de transporte mais comum para a importação é o transporte marítimo. As empresas de

transportes marítimos têm, em geral, um sistema de cobertura do país. O transporte aéreo tem a

vantagem da rapidez que pode ser importante, principalmente para o transporte de medicamentos,

mas os custos são elevados. Existem ligações aéreas diretas entre Portugal e vários pontos do Brasil. Os

transportes terrestres são uma opção viável para o transporte regional, principalmente para os outros

países do Mercosul. O transporte interno pode facilmente ser assegurado por muitas das empresas

existentes no mercado.

A publicação FUNCEX(2010) ”Como Exportar para o Brasil” tem informação complementar relevante e pode ser acedida em:

http://www.ccilb.net/img/pdf/exportBrasil.pdf [último acesso: junho 2012]

i | Seguro internacional de carga

A contratação do seguro internacional de carga, apesar de não ser obrigatória, é recomendada. Esta

contratação é normalmente realizada pelo importador.

3.7.5.8 | Apoio do Estado

O importador brasileiro dispõe de uma série de linhas de financiamento públicas e privadas. O Banco

Nacional de Desenvolvimento concede financiamento a importadores, principalmente aos envolvidos

em operações de Drawback (FUNCEX, 2010).

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

5 0

3.7.6 | Investir no Brasil

3.7.6.1 | Forma jurídica

O empresário português que pretenda atuar no Brasil poderá exercer a atividade segundo as seguintes

três modalidades: (i) em nome individual; (ii) criando uma filial da respetiva empresa portuguesa; (iii)

constituindo um dos tipos de sociedade comercial admitidos na lei brasileira. Encontram-se previstas

na legislação brasileira várias formas de organização societária, sendo as mais adotadas a Sociedade

Limitada e a Sociedade Anónima. O tratamento tributário desses dois tipos de sociedades é muito

semelhante.

3.7.6.2 | Formalidades

Todo o investimento em território brasileiro deve ser registado online no Banco Central do Brasil no

prazo máximo de 30 dias depois da entrada de recursos no país. O registo é feito através do sistema de

Registo Declaratório Eletrónico de Investimento Externo Direto (Módulo RDE-IED).

As empresas estrangeiras que possuam bens ou direitos sujeitos a registo público têm de se inscrever

no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Todas as operações com moeda estrangeira devem

igualmente ser notificadas ao Banco do Brasil. Os investimentos são sempre registados na moeda

estrangeira em que forem efetivamente realizados, ou em moeda nacional caso os recursos sejam

provenientes de conta de não residente devidamente mantida no Brasil.

Importante:

O site para registo é o seguinte:

http://www.bcb.gov.br [último acesso: junho 2012]

Caso o investimento não seja devidamente registado, será considerado como investimento interno. Neste caso, o repatriamento do capital, lucros ou remessas de capital para o estrangeiro pelo sistema de câmbio livre comercial/financeiro não será permitido. O investidor estrangeiro poderá, ainda, ficar sujeito a multas.

3.7.6.3 | Remessas de dividendos

De um modo geral não há limitações à distribuição e ao envio de lucros para o exterior. No entanto, os

lucros estão, normalmente, sujeitos a impostos no Brasil. Se o investidor estrangeiro decidir reinvestir

em vez de remeter os lucros, estes serão passíveis de registo como capital estrangeiro adicionado ao

investimento original.

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

5 1

3.7.6.4 | Repatriamento de capital

O capital estrangeiro registado pelo Banco Central pode ser repatriado, a qualquer momento, sem

autorização prévia. As remessas de capital que excederem a quantia registada serão consideradas

ganhos de capital para o investidor estrangeiro estando, portanto, sujeitas à retenção de 15% a título

de imposto e à aprovação do Banco Central.

No respeitante aos repatriamentos de capital, o Banco Central poderá examinar o património líquido

da empresa apresentado no seu balanço. Caso se verifique um património líquido negativo, o Banco

Central poderá negar a autorização do repatriamento num montante proporcional ao do resultado

negativo apurado.

3.7.6.5 | Impostos sobre o rendimento

Encontra-se em vigor a convenção entre Portugal e o Brasil destinada a evitar a dupla tributação e a

prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento. A convenção foi ratificada em

Portugal em 2001 [Decreto do Presidente da República n.º 27/2001 de 27 de abril] e está em vigor,

desde 5 de outubro de 2001, através do Aviso n.º 131/2001, DR n.º 288, Série I-A, de 14 de dezembro.

Os principais aspetos da convenção encontram-se referidos no Quadro 3.7.16.

Quadro 3.7.16 |Convenção entre Portugal e o Brasil

Objeto Descrição

Imposto sobre mais-valias

Por regra, as mais-valias auferidas por residentes estrangeiros estão sujeitas a imposto sobre o rendimento à taxa de 15%, que deve ser retido na fonte e entregue ao Estado pela fonte brasileira de rendimentos.

As mais-valias auferidas no estrangeiro relativamente a transações que envolvam bens no Brasil estão sujeitas ao imposto de rendimento mesmo que a transação se efetue apenas entre residentes estrangeiros.

Dividendos

Os dividendos distribuídos por uma sociedade brasileira aos seus acionistas, dentro ou fora do Brasil, não estão sujeitos a qualquer retenção na fonte.

De acordo com a convenção de dupla tributação, a tributação dos dividendos fica limitada a 10% do montante bruto quando o beneficiário dos dividendos detiver, pelo menos, 25% do capital social da empresa tributada. Nos restantes casos é de 15%.

Juros e

royalties

O pagamento de juros efetuado por uma entidade brasileira no que diz respeito a empréstimos ou capital próprio não excederá 15% do seu montante bruto.

Os honorários, comissões e outros rendimentos devidos a título de royalties ou honorários de assistência técnica que impliquem transferências de tecnologia estão sujeitos a tributação não superior a 15% do seu montante bruto.

O texto da convenção pode ser acedido em: http://dre.pt/pdf1sdip/2001/04/098A00/24042413.pdf [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

5 2

3.7.6.6 | Incentivos ao Investimento

i | Tratamento favorável a pequenas e microempresas

O tratamento favorável a pequenas e microempresas constituídas sob as leis brasileiras com sede e

administração no país, é um princípio constitucional (artigo 170º da Constituição brasileira). Neste

sentido, todos os níveis de governo devem dispensar-lhes tratamento jurídico diferenciado, visando

incentivá-las pela simplificação das suas obrigações administrativas, tributárias, de previdência e de

crédito.

ii | Incentivos fiscais e financeiros

O governo brasileiro tem uma variedade de incentivos fiscais e de financiamento a empresas

inovadoras e geradoras de emprego. Os apoios são operacionalizados pelo Banco Nacional do

Desenvolvimento. Os benefícios financeiros mais comuns consistem na concessão de linhas de crédito e

apoios à inovação. A maioria dos incentivos tem por objetivo o desenvolvimento de regiões menos

desenvolvidas do país, em particular nas regiões do Norte e Nordeste do Brasil.

Benefícios de apoio à indústria em geral e setoriais

A Rede Nacional de Informações sobre o Investimento (RENAI) apresenta informação genérica sobre os incentivos ao investimento produtivo no seguinte link:

http://www.desenvolvimento.gov.br/sistemas_web/renai/conteudo/index/item/31

Benefícios de apoio à indústria em geral e setoriais podem ser encontrados em:

http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Industria/

As informações de apoio à inovação estão disponíveis no portal do BNDES:

http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Inovacao/

Pode ser encontrado um resumo em:

http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/cartilha/cartilha_apoio_inovacao.pdf [último acesso: junho 2012]

[último acesso: junho 2012]

A indústria da saúde tem um programa específico de apoio ao investimento PROFARMA o qual será

desenvolvido nas secções correspondentes.

Os estados e municípios conferem, ainda, um vasto leque de incentivos relacionados com as

infraestruturas. A concessão de incentivos fiscais por parte dos estados conduziu a uma “guerra fiscal”

que pode beneficiar o investidor. O Quadro 3.7.17 apresenta uma síntese de sites com identificação de

incentivos.

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

5 3

Quadro 3.7.17 | Sites com informação sobre incentivos

Estado Site/Câmara do comércio

Bahia Site oficial do Governo da Bahia - http://www.ba.gov.br

Câmara de Comércio Brasil-Portugal da Bahia.

Ceará Site oficial do Governo do Ceará - http://www.ceara.gov.br

Câmara Brasil Portugal no Ceará – Indústria, Comércio e Turismo

Minas Gerais Site oficial do Governo de Minas Gerais - http://www.mg.gov.br

Câmara Luso Brasileira de Comércio em Minas Gerais

Pará Site oficial do Governo do Pará - http://www.pa.gov.br

Câmara Luso-Brasileira de Comércio, Indústria e Serviços do Pará

Paraná Site oficial do Governo da Paraná - http://www.pr.gov.br

Câmara Portuguesa de Comércio do Sul do Brasil

Pernambuco Site oficial do Governo do Pernambuco - http://www.pernambuco.gov.br

Câmara de Comércio Indústria e Turismo Brasil Portugal

Rio de Janeiro Site oficial do Governo do Rio de Janeiro - http://www.governo.rj.gov.br

Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro

Rio Grande do Sul Site oficial do Governo do Rio Grande do Sul - http://www.estado.rs.gov.br

Câmara Luso-Brasileira de Comércio do Rio Grande do Sul

São Paulo Site oficial do Governo de São Paulo - http://www.saopaulo.sp.gov.br

Zona Franca de Manaus Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA. www.suframa.gov.br/

Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil (com os links das várias Câmaras de Comércio):

http://www.brasilportugal.com.br

Guia Legal para o Investidor Estrangeiro (com uma abordagem Federal contendo informação sobre as várias formas de estabelecimento no Brasil, o regime laboral e o regime fiscal):

http://www.brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/Publicacoes/Manuais/PUBGuiaLegalI.pdf55

Guias de alguns estados federados podem ser encontrados no site do Brasil Global Net em:

http://www.brasilglobalnet.gov.br/Publicacoes/P/guiaInvestidorEstadosFederacao.aspx

[último acesso: junho 2012]

55 O guia atualizado encontra-se apenas disponível em inglês. Uma versão portuguesa de 2006 pode ser acedida em: http://www.brasilglobalnet.gov.br/CDINVESTIMENTO [último acesso: junho 2012] (note-se que com informação desatualizada).

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

5 4

3.7.7 | Farmacêutica

O mercado farmacêutico brasileiro é um mercado importante no contexto mundial atual, quer para as

empresas líder, quer para as que procuram novas oportunidades e nichos de mercado. Em

consequência, a concorrência tem vindo a aumentar. Em 2010 o Brasil ocupava a sétima posição entre

os maiores mercados farmacêuticos mundiais registando, entre 2006 e 2010, uma taxa anual de

crescimento de 14%. Em 2015 o Brasil deverá ser o 5º maior mercado mundial (IMS Health, 2011),

esperando-se um crescimento do mercado entre 10 a 13% no período 2010 a 2015.

Comparado com outros países fármaco-emergentes, o país tem legislação de proteção de patentes

consistente com os Acordos Relativo aos Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual Relacionados

com o Comércio (TRIPS) e baixa contrafação ou medicamentos falsos.

3.7.7.1 | O mercado farmacêutico brasileiro

O mercado farmacêutico encontra-se repartido pelo retalho, compras dos estados e compras dos

hospitais e clínicas. O mercado de retalho representa cerca de 71% do mercado total. Os restantes 29%

distribuem-se pelas compras dos estados (21%) e pelas compras realizadas por hospitais e clínicas (8%)

(IMS Health in OSEC, 2010).

i | Mercado de retalho

Existe uma boa rede de distribuição de fármacos que é uma componente vital da política de saúde. O

Brasil é o país com o maior número de farmácias do mundo. De acordo com o Conselho Federal de

Farmácias (2010), no Brasil há mais de 82 mil farmácias e drogarias. A grande distribuição aparece cada

vez mais ligada à distribuição de medicamentos, tendência que se deverá manter.

O mercado de retalho tem crescido a uma taxa anual superior a 13% (tendo atingido os R$34 mil

milhões em 2010). A IMS espera um abrandamento do seu crescimento. Assumindo um crescimento

linear nominal de 10%, estima-se que as vendas no retalho atinjam os R$45 mil milhões em 2013 (IMS

Health in OSEC 2010) (Figura 3.7.14). No entanto, o crescimento efetivo do mercado tem sido acima do

previsto. Dados mais recentes mostram que o mercado atingiu os R$43 mil milhões em 2011 (IMS in

Interfarma, online56; IMS, 2012).

56 http://www.interfarma.org.br/site2/images/Site%20Interfarma/Informacoesdosetor/Indicadores/Dados_Economicos/evolucao.jpg [último acesso: junho 2012]

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5 5

Figura 3.7.14 | Evolução da venda no retalho (mil milhões de Reais)

*Estimativa.**Taxa de crescimento composta anual. Fonte: IMS Health in OSEC, 2010.

Em termos de volume a retalho, a taxa de crescimento entre 2003 e 2009 foi de cerca de 6,6%.

Estima-se o crescimento entre 2009-2013 a uma taxa anual de 10%. O crescimento ocorre em todos os

segmentos, nomeadamente nos medicamentos de venda livre ou não sujeitos a receita médica (MNSRM

ou over the counter – OTC) e nos medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM ou ditos éticos),

incluindo o mercado de medicamentos controlados57.

A Figura 3.7.15 ilustra a repartição do mercado entre medicamentos prescritos e de venda livre

verificando-se um ritmo de crescimento semelhante nos dois segmentos. Considerando a evolução

recente, os genéricos serão os principais beneficiários do aumento da procura (OSEC, 2010).

57 Medicamentos sujeitos a um controlo especial por terem ação no sistema nervoso central, capazes de causarem dependência física ou psíquica. Ver portal da educação em http://www.portaleducacao.com.br [último acesso: junho 2012]

14,4 16,6

18,3 20,9

23,2 26,1

30,7 34

37

41

45

2003 2005 2007 2009 2011* 2013*

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

5 6

Figura 3.7.15 | Evolução do mercado farmacêutico (mil milhões de Reais)

Fonte: IMS Health in OSEC, 2010.

O Quadro 3.7.18 apresenta as classes terapêuticas mais importantes do mercado de retalho brasileiro.

Conforme se pode verificar, o mercado é fragmentado não se destacando nenhuma classe terapêutica.

As 20 classes terapêuticas principais, por seu lado, representam cerca de 44% do mercado.

13,9 15,5

17,0 18,9

21,8

5,5

6,2

6,9

7,6

8,9

2005 2006 2007 2008 2009

MNRM MSRM

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5 7

Quadro 3.7.18 | Classes Terapêutica com produtos mais vendidos

Classe Terapêutica Quota Milhões de $R

N02B – Outros analgésicos e antipiréticos 4,6% 1.413,0

G03A – Contracetivos Hormonais para uso sistémico 4,5% 1.385,5

M01A – Anti-inflamatório / Antirreumático 3,4% 1.056,3

N06A – Antidepressivos 3,3% 1.023,8

A02B – Anti úlcera 3,0% 925,7

C10A – Colesterol e Triglicerídeo regular prep 2,6% 784,7

C09D – Antagonista Angiotensina II, Combinações 2,3% 705,0

M03B – Relaxantes Musculares, Agentes de Ação Central 2,3% 689,7

D02A – Produtos E Carbamida 2,1% 628,4

C09C – Antagonista Agiotensina II, simples 1,7% 533,3

G04E – Produtos para disfunção eréctil 1,6% 496,6

N03A – Anti epilético 1,6% 493,5

A11A – Multivitaminas, combinações 1,5% 462,8

J01C – Antibacterianos beta-lactâmicos, penicilinas 1,4% 441,4

C07A – Agentes beta bloqueadores puros 1,4% 423,0

D11A – Outros preparados dermatológicos 1,4% 423,0

C09A – Inibidores Ace, simples 1,4% 419,9

A02A – Anti ácidos 1,4% 419,9

D07B – Corticosteroides, combinação com antissépticos 1,3% 401,5

R01A – Preparações nasais 1,3% 383,1

Outros 56% 17.142

Fonte: IMS Health in OSEC, 2010.

Os medicamentos mais vendidos são medicamentos de marca produzidos por multinacionais. A lista de

medicamentos mais vendidos tende a ser pouco estável dada a entrada dos medicamentos genéricos. O

Quadro 3.7.19 apresenta os 10 medicamentos mais vendidos.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

5 8

Quadro 3.7.19 | Medicamentos mais vendidos no Brasil 2010 (em milhões de Dólares)

Medicamento Empresa

1 DORFLEX SANOFI-AVENTIS

2 CIALIS LILLY

3 CRESTOR ASTRAZENECA BRASIL

4 NEOSALDINA NYCOMED PHARMA LTD

5 LIPITOR PFIZER

6 DIOVAN HCT NOVARTIS

7 NEXIUM ASTRAZENECA BRASIL

8 TYLENOL JOHNSON & JOHNSON

9 VIAGRA PFIZER

10 DIOVAN NOVARTIS

Fonte: IMS Health in OSEC 201058.

ii | Mercado das compras públicas

As compras governamentais/estaduais são, na sua maioria, realizadas no âmbito do SUS. Os governos

municipais também compram, sem recorrer ao SUS, maioritariamente medicamentos e vacinas para

doenças endémicas. A partilha de responsabilidades está regulada na Política Nacional do

Medicamento. No âmbito do SUS os medicamentos são classificados em termos de essenciais,

estratégicos e excecionais. As compras dividem-se nas seguintes categorias (OSEC, 2010):

Assistência farmacêutica básica (16%) - destina-se à compra de medicamentos essenciais (e.g.,

analgésicos, anti-inflamatórios, vermífugos, antibióticos). Os medicamentos constam da

Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename);

Assistência farmacêutica estratégica (21%) - inclui medicamentos para doenças de grande

impacto social com elevado risco de mortalidade, doenças raras, ou cujo peso no orçamento é

muito elevado (Ministério da Saúde, 2006);

Aquisição excecional de medicamentos (41%) – inclui medicamentos excecionais

tecnologicamente avançados e caros;

Produtos derivados do sangue (22%).

A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) lista cerca de 810 produtos. Para consultar a lista ver site do Ministério da Saúde em:

http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=32820&janela=1 [último acesso: junho 2012]

As compras governamentais são feitas por concurso público (valores superiores a R$ 650 mil) ou

procedimentos orçamentais. As empresas estrangeiras podem participar em concursos públicos, mas

devem ser representadas por uma subsidiária registada no país ou por um representante brasileiro.

58 De notar que os dado divergem de acordo com a fonte.

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

5 9

Conforme referido anteriormente, o preço é o fator primordial nas decisões de compra do governo

(OSEC, 2010), aplicando-se a preferência nacional. No âmbito das compras públicas as margens da

preferência são de 8% no caso de medicamentos ou fármacos produzidos com fármacos importados e de

20% no caso de serem produzidos com fármacos nacionais. Todas as matérias-primas/princípios ativos

têm margem de 20% e os produtos biológicos têm margens de 25% (20% de margem normal e 5% de

margem adicional). As margens de preferência são aplicadas a 126 produtos, 78 medicamentos e

fármacos, 4 matérias-primas/princípios ativos e 44 produtos biológicos (Decreto 7713 de 3 de abril de

2012)59.

Medicamentos prioritários

A Portaria n.º 1.284, de 26 de maio de 2010 60

define a lista atualizada dos Produtos Estratégicos no

âmbito do Sistema Único de Saúde. Esta lista define os produtos farmacêuticos que são alvos

prioritários das políticas públicas, no sentido de aumentar a produção local, a inovação, a

transferência de tecnologia e os mecanismos de regulação.

iii | Acesso

De um modo geral, o acesso ao consumo de medicamentos continua relativamente baixo e marcado

pelas desigualdades socioeconómicas. Cerca de 15% da população (mais rica) consome 48% dos

medicamentos (Fardelone & Branchi, 2006). Este dado mostra o potencial de crescimento do mercado

com o alargamento da classe média e diminuição de brasileiros em situação de pobreza.

No âmbito do SUS, os medicamentos são comparticipados ao abrigo do Programa de Farmácia Popular

(Ministério da Saúde, 2008). O processo de inclusão do medicamento no Programa de Farmácia Popular

requer um parecer da Comissão de Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde (CITEC). A

comissão faz a avaliação económica de todos os medicamentos que pedem inclusão no programa

farmacêutico do SUS, cabendo ao Ministério da Saúde a decisão baseada na recomendação emanada. A

lista de medicamentos comparticipados e os respetivos copagamentos está disponível no portal de

saúde do governo61. A maioria dos seguros privados não comparticipa medicamentos (Riché, 2006).

Apesar do aumento do peso do governo no financiamento das despesas com medicamentos, a maior

fatia das despesas são privadas (Figura 3.7.16). No entanto, no mercado brasileiro, o preço dos

medicamentos tende a ser baixo e estável62 (Figura 3.7.17).

59 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7713.htm [último acesso: junho de 2012]; ver também Ministério da Fazenda, 2012 - Margens de preferência. 60 http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria1284_070710.pdf [último acesso: junho 2012] 61 http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/rol_de_medicamentos_fp2_maio_2010.pdf [último acesso: junho 2012] 62 http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1516-41792011000200004&script=sci_arttext [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

6 0

Figura 3.7.16 | Repartição das despesas farmacêuticas

Fonte: IMS Health in OSEC, 2010.

Figura 3.7.17 | Preço ao consumidor (médio – 2005)

Nota: Sem impostos (US$). Fonte: IMS in Fardelone & Branchi, 2006.

16,2 17,4 20,3 19,5 20,7 20,7

83,8 82,6 79,7 80,5 79,3 79,3

2002 2003 2004 2005 2006 2007

Consumidor

Governo

0,8

9

0,7

1

0,6

4

0,6

0 0,6

8

0,6

7

0,5

1

0,5

1

0,5

1

0,5

0

0,4

8

0,4

8

0,4

3

0,4

3

0,3

9

0,3

6

0,3

4

0,3

4

0,3

0

0,2

8

0,2

8

0,2

3

0,1

9

0,1

9

0,1

7

0,1

6

0,1

6

0,1

4

0,1

3

0,1

2

EU

A

Áust

ria

Suiç

a

Itália

Luxem

burg

o

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Peru

Equador

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Chile

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sil

Colô

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Uru

guai

Core

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

6 1

iv | Segmentos de mercado relevantes

Os genéricos

O mercado de genéricos brasileiro é atualmente o maior da América Latina. Os genéricos representam

cerca de 17% do valor do mercado farmacêutico e 25,6% das unidades vendidas (IMSHealth 2012 in

Progenericos online) 63 . Considerando apenas o mercado das substâncias ativas sem proteção de

patentes os genéricos representavam, em 2009, 59% do mercado (Shepard, 2010). Espera-se que o

mercado dos genéricos cresça a uma taxa anual de 19% entre 2010 e 2019, enquanto o mercado dos

medicamentos de marca crescerá apenas cerca de 10,7% (IMSHealth 2012 in Progenericos online).

Após a aprovação da Lei dos Genéricos em 1999 (Lei n.º 9.787, de 10 de fevereiro de 199964) registou-

se um grande crescimento do mercado dos genéricos, principalmente sustentado pela indústria

nacional. A partir de então, tornou-se obrigatório o uso da Denominação Comum Brasileira (DCB)65 para

todos os medicamentos e da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) no caso da importação de

produtos e matérias-primas/princípios ativos farmacêuticos.

O crescimento do mercado é impulsionado pelo fator preço (50% menos do que o produto de marca) e

pela rápida adoção por parte dos consumidores. Um estudo sobre o comportamento da procura (IBOPE,

2011) nota que a troca de receita na hora da compra de um medicamento é prática comum e que os

consumidores são muito influenciados pelos farmacêuticos. Cerca de 95% dos consumidores sabe o que

são genéricos (Technology-Vision-Group-LLC, sd). Adicionalmente, espera-se que o abandono das cópias

de medicamentos venha também estimular o mercado. A lei de patentes (1996) colocou o país no

seleto grupo de nações que respeitam a propriedade intelectual. Até 1996, qualquer empresa nacional

poderia desenvolver o mesmo medicamento através de parcerias ou pela compra de matéria-prima em

mercados estrangeiros tecnologicamente capazes de desenvolver o princípio ativo (e também não

respeitadores das patentes). Não eram necessárias provas da bio equivalência para a entrada no

mercado. São as chamadas cópias ou similares. O número de cópias a abandonar o mercado até 201466

deverá criar um mercado de mais de US$ 2 mil milhões para os genéricos (OSEC 2010).

No mercado brasileiro existem medicamentos genéricos para o tratamento de doenças do sistema

cardio circulatório, anti-infeciosos, aparelho digestivo/metabolismo, sistema nervoso central, anti-

inflamatórios hormonais e não hormonais, dermatológicos, doenças respiratórias, sistema

urinário/sexual, oftalmológicos, anti trombose, anemia, anti helmínticos/parasitários, oncológicos e

contracetivos (Progenéricos, Online). Os mais vendidos são: o paracetamol (analgésico e antipirético),

o captopril (usado no tratamento de hipertensão arterial e insuficiência cardíaca) e a ranitidina

(utilizada no tratamento de úlceras). Além disso, merece destaque o facto de que dos 14

antirretrovirais que fazem parte do cocktail contra a sida distribuídos gratuitamente pelo Ministério da 63 http://www.progenericos.org.br/index.php/mercado [último acesso: junho 2012] 64 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9787.htm [último acesso: junho 2012] 65 Ver no portal da ANVISA em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeia/dcb.htm [último acesso: junho 2012] 66 Requisitos de bio-equivalência serão aplicados universalmente na sequência da revisão de regulamentação a ser realizado pela ANVISA programada para o ano 2014. Como resultado, o número de cópias de marca e similares que circulam no mercado irá diminuir.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

6 2

Saúde, 10 são fabricados no Brasil sob a forma de medicamento genérico (Ministério Público Federal,

2011).

Matérias-primas (princípios ativos e excipientes)

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos

(ABIQUIFI) o mercado brasileiro de matérias-primas/princípios ativos atingiu os US$3 mil milhões, o que

significa um crescimento anual de 16% 67. A maior parte da procura (cerca de 80%) é coberta por

importações (Abrifar, online)68 sendo o restante fornecido por empresas multinacionais sedeadas no

Brasil. O maior exportador é a Alemanha (17%), seguindo-se a China (16%) e os EUA (16%) (ABIQUIFI,

online69

).

Vacinas

O mercado das vacinas humanas atingiu os US$690 milhões em 2009. O mercado está fortemente

dependente da procura estatal (OSEC, 2010). O Brasil importou em 2009 cerca de US$280 milhões de

vacinas, sendo a Bélgica o principal fornecedor (52%), seguida da França (22%), dos EUA (11%) e da

Itália (8%) (MDICE online70).

Uma parte substancial das vacinas é produzida nos laboratórios públicos, o que torna o Brasil o maior

produtor de vacinas da América Latina. Os laboratórios privados tendem a concentrar-se na produção

de vacinas mais modernas, tentando aproveitar os hiatos de produção existentes nos laboratórios

públicos.

O número de empresas a produzir vacinas no Brasil tem aumentado. Licenças de produção e transferência de tecnologia para os laboratórios públicos são os fatores chave para o sucesso da negociação (OSEC 2010). Os laboratórios têm bom nível de I&D e custos baixos, assim como, volumosos financiamentos do Estado. Os principais produtores públicos de vacinas e soros são71:

BioManguinhos / FIOCRUZ-RJ: febre-amarela, DTP + Hib, Hib, TVV, Poliomielite;

Fundação Ataulpho de Paiva / FAP-RJ: BCG-ID;

Fundação Ezequiel Dias / FUNED-MG: Soros antiofídicos e antitóxicos;

Instituto de Tecnologia do Paraná / TECPAR-PR: Antirrábica uso animal;

Instituto Vital Brasil / IVB-RJ: Soros antiofídicos, antirrábico e antitóxicos;

Instituto Butantan - SP: Hepatite B, Influenza, Raiva em cultivo celular, Dupla adulto,Dupla Infantil, DTP, Soros antiofídicos, antitóxicos e antirrábico;

Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos do Paraná / CPPI-PR: Soros loxoscélico e botrópico.

Destacam-se de seguida dois programas no âmbito das vacinas: Programa de Autossuficiência Nacional

em Imunobiológicos e o Programa Nacional de Imunizações.

67 http://www.abiquifi.org.br/ [último acesso: junho 2012] 68 http://www.abrifar.org.br/ABRIFAR_2012/Home.html [último acesso: junho 2012] 69 http://www.abiquifi.org.br/psi_downloads.html [último acesso: junho 2012] 70 Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Externo: http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/ [último acesso: junho 2012] 71 http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=30944&janela=1 [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

6 3

O Programa de Autossuficiência Nacional em Imunobiológicos (PASNI) foi criado em 1986 visando a

autossuficiência. A produção está concentrada no setor público embora não haja limitações legais.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) corresponde a um programa nacional de vacinação. O PNI

está ao nível dos melhores programas de vacinação do mundo (Portal da Saúde, online)72. Existe uma

infraestrutura pública muito eficiente com mais de 125.000 postos de vacinação.

O crescimento da dotação orçamental do PNI é significativo. De 2000 a 2008, o Ministério da Saúde

investiu um montante de R$ 220 milhões para melhorar a capacidade de produção do país, produzir

novas tecnologias e reformar laboratórios. Até 2012 espera-se um investimento de cerca de R$ 400

milhões. As prioridades centram-se no desenvolvimento de tecnologias e produção de vacina para

proteger da Leishmaniose e raiva canina, dengue, malária vivax e melhoria da vacina da febre-

amarela.

Subcontratação

O mercado da subcontratação é um mercado em crescimento, em termos mundiais e no Brasil73. As

empresas brasileiras estão perto do limite de capacidade, pelo que precisam de subcontratar produção

e serviços. Apesar do mercado brasileiro ter um elevado número de empresas que fornecem diferentes

tipos de produtos/serviços em regime de subcontratação, em termos de receitas o mercado é

relativamente concentrado (OSEC, 2010).

3.7.7.2 | Estrutura da indústria

Em 2010, o mercado farmacêutico brasileiro cresceu 33,96%, com receitas de cerca de R$36,25 mil

milhões (Quadro 3.7.20). Estima-se que o mercado atingirá os R$68,5 mil milhões em 2015. O Brasil

liderou o mercado farmacêutico latino-americano em 2010 (42,5%), seguido pelo México e pela

Venezuela. Os laboratórios estatais produzem cerca de 30% dos medicamentos comprados pelo SUS.

Quadro 3.7.20 | Receitas da Indústria farmacêutica no Brasil últimos 5 anos

2006 2007 2008 2009 2010

Valor em milhões de Reais 21.452 23.583 26.398 30.175 36.249

Valor em milhões de Dólares 9.868 12.180 14.649 15.408 20.641

Fonte: IMS Health in OSEC 2010.

72 http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1448 [último acesso: junho 2012] 73 http://www.niceinsight.com/article_pdfs/NIPPRO_0512.pdf [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

6 4

i | Estrutura

O setor farmacêutico é composto por mais de 540 empresas registadas com diferentes dimensões e

origens. Destas, 90 produzem medicamentos genéricos (Governo Brasileiro, online) 74. No entanto,

menos de 300 empresas estão de facto a operar (OSEC, 2010). Os laboratórios atuam num mercado com

mais de 11.400 diferentes medicamentos de marca ou genéricos e mais de 23.000 apresentações

diferentes (Moreira, 2011). Cerca de 20 laboratórios são públicos (Quadro 3.7.21).

Quadro 3.7.21 | Laboratórios públicos (exemplos)

Laboratório

Produção anual em milhões de unidades (MAT junho 2008)

Sólidos Líquidos Semissólidos Pós Injetáveis Total Compostos

inertes

1 FURP 1,782 20 8 8 3 1,820 38% 15%

2 FARMANGUINHOS 1,078 11 - - - 1,089 23% 64%

3 FUNED 716 7 1 - - 724 15% 32%

4 LAFEPE 558 7 2 0 - 567 12% 41%

- Outros 544 6 0 5 0 556 12% 92%

- TOTAL 4,678 50 11 14 3 4,756 100% 66%

Fonte: IMS Health in OSEC 2010.

Em termos de número de unidades empresariais, a indústria compreende, maioritariamente, empresas

de pequena dimensão responsáveis por uma fatia baixa das vendas a retalho. As grandes empresas

concentram grande parte das vendas a retalho. Há empresas internacionais a operar no mercado

(Quadro 3.7.22).

Quadro 3.7.22 | Vendas e negócios por dimensão de empresas

Pequena Média Grande

Tamanho (vendas a retalho anuais) < US$100 milhões US$100 a US$300 milhões

> US$300 milhões

Número total 230 26 15

Total de vendas a retalho em 2009 US$2.800 milhões US$4.900 milhões US$8.300 milhões

Empresas internacionais 50 16 9

Valor médio de negócio (*) US$40 milhões US$600 milhões US$1.600 milhões

Fonte: IMS Health (in OSEC 2010).

O setor farmacêutico tem uma rentabilidade elevada, muito superior à média da indústria brasileira. O

setor gera cerca de 50 mil empregos diretos e 250 mil indiretos (Moreira, 2011). Os trabalhadores do

setor recebem um salário mensal 3 vezes superior à média nacional. A produtividade do trabalho da

indústria farmacêutica é 92% acima da média da indústria de transformação (Selan et al., 2005).

A estrutura da indústria tem sido alterada por fusões e aquisições internacionais. Estes processos têm

74 http://www.brasil.gov.br/sobre/ciencia-e-tecnologia/tecnologia-em-saude/ [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

6 5

permitido o aumento da capacidade de produção e a modernização do setor. O mercado de genéricos,

por seu lado, encontra-se fortemente concentrado (Capanema & Palmeira, 2007). Em 2009, cerca de

71% do mercado era detido por 4 empresas: Medley, EMS, Ache, Eurofarma (as vendas das duas

principais empresas do mercado correspondem a mais de 50% do total das vendas). O mercado não-

retalho é consideravelmente mais concentrado do que o mercado retalhista (Quadro 3.7.23).

Quadro 3.7.23 |Grau de concentração do mercado (2009)

C1 C4

Mercado retalhista 7,7% 24,7%

Mercado não retalhista 11,8 % 35,1%

Mercado de prescrição 7,2% 25,8%

Mercado venda livre 9,6% 25,0%

Mercado de genéricos 29% 71%

C1- quota mercado da empresa líder; C4 - quota de mercado das 4 empresas com mais volume de vendas somatório da quota de mercado dos 4 primeiros. Fontes: Cálculos baseados em dados no OSEC 2010; IMS Health 2011 (in Inferfarma online75).

A indústria é marcada pela presença de empresas multinacionais que, no seu conjunto, têm uma

elevada participação no mercado interno e nas exportações (Quadro 3.7.24). No entanto, ao longo das

últimas décadas, as empresas nacionais têm vindo a ganhar uma importante fatia do mercado. Este

processo deve-se, em parte, aos programas governamentais de apoio à indústria, ao protecionismo e ao

aumento do consumo de genéricos.

Quadro 3.7.24 | Maiores laboratórios farmacêuticos (% de venda a retalho do Brasil)

Ordem 2011 Laboratórios 2009 2011

1 EMS PHARMA (*) 6,7 7,7

2 MEDLEY (**) 5,2 7,1

3 ACHÊ* 5,7 5,2

4 SANOFI-AVENTIS 6,0 4,6

5 EUROFARMA (*) 4,2 4,1

6 NEO QUIMICA (*) 1,21 3,7

7 NOVARTIS 4,0 3,54

8 MSD ( Merck Sharp & Dohme e a Schering-Plough)

2,5 2,6

9 PFIZER 3,5 2,43

10 Bayer 2,6 2,16

*Capital Brasileiro; **Adquirida pela Sanofi em 2009. Fontes: IMS Health 2009 in OSEC 2010; IMS Health 2011 in Inferfarma online76.

75 http://www.interfarma.org.br/site2/index.php/informacoes-do-setor/indicadores [último acesso: junho 2012] 76 http://www.interfarma.org.br/site2/index.php/informacoes-do-setor/indicadores [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

6 6

Atualmente, entre as 10 maiores empresas farmacêuticas no mercado, 4 são brasileiras. São empresas

que apresentam crescimento acelerado e todas produzem genéricos. O crescimento da indústria

farmacêutica brasileira torna-se evidente na Figura 3.7.18.

Figura 3.7.18 | Crescimento da indústria nacional

Fonte: IMS Health 2009 in OSEC 2010.

O setor encontra-se concentrado geograficamente. As empresas concentram-se na sua grande maioria

na região sudeste a qual inclui os Estados de S. Paulo e do Rio de Janeiro. Alguns programas regionais

públicos têm conseguido atrair a indústria para outras regiões. É o caso de Goiás que se tornou o

terceiro Estado mais importante em termos de produção farmacêutica devido ao cluster de Anápolis.

A indústria de genéricos tem maior domínio da indústria de capital nacional, em que cerca de 90% das

empresas são de capital nacional, 6,3 % indianas, 0,8% alemãs, 0,5% espanholas e 0,6% canadianas

(Progenericos, Online) 77 . Apesar do Estado adquirir preferencialmente medicamentos genéricos

fornecidos por laboratórios nacionais e laboratórios oficiais, o setor não retalhista é liderado por

empresas estrangeiras. A indústria é relativamente concentrada, com as duas principais empresas

responsáveis por mais de 55% das vendas do mercado (Quadro 3.7.25). É esperado que o Brasil se possa

tornar exportador de genéricos. No entanto, a indústria de genéricos está muito dependente da

importação de matéria-prima (Riché, 2006).

77 http://www.progenericos.org.br/index.php/mercado [último acesso: junho 2012]

40%

43%

46% 48%

52%

36% 38%

40% 42%

45%

2005 2006 2007 2008 2009

Segmento de Laboratórios em Unidades

Segmento de Laboratórios em USD

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

6 7

Quadro 3.7.25 | Líderes de genéricos em 2009 (milhões de Reais)

Vendas %

1 MEDLEY 1.341,7 29,0%

2 EMS PHARMA (*) 1.207,1 26,1%

3 ACHÊ(*) 377,0 8,2%

4 EUROFARMA (*) 370,5 8,0%

5 SANDOZ 255,2 5,5%

6 GERMED PHARMA GERMED PHARMA 190,9 4,1%

7 RANBAXY 180,2 3,9%

8 TEUTO BRASILEIRO (*) 123,0 2,7%

9 SANOFI-AVENTIS 100,0 2,2%

10 MERCK 77,5 1,7%

Outros 399 9%

Fonte: IMS Health (in OSEC 2010).

A presença de empresas brasileiras tem vindo a crescer no mercado de medicamentos não sujeitos a

receita médica. O Quadro 3.7.26 reporta os líderes deste segmento em 2009. O Quadro 3.7.27

apresenta os dados das empresas e respetiva quota de mercado no setor não retalhista.

Quadro 3.7.26 | Líderes do segmento MNSRM em 2009 (milhões de Reais)

Empresa Valor %

1 SANOFI-AVENTIS 800,0 9,0%

2 D M Ind. FTC* 574,0 6,5%

3 EMS PHARMA* 473,4 5,3%

4 JOHNSON & JOHNSON 402,3 4,5%

5 NYCOMED 384,6 4,3%

6 GSK CONSUMO 357,4 4,0%

7 BOEHRINGER ING 304,1 3,4%

8 MANTECORP 272,8 3,1%

9 PROCTER & GAMBLE 240,6 2,7%

10 ACHÊ* 236,2 2,7%

Outros 4.811 54%

*Empresa de capital brasileiro. Fonte: IMS Health (in OSEC 2010).

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

6 8

Quadro 3.7.27 | Líderes do mercado não retalhista (2008) (milhões de Reais)

Empresa Vendas %

1 ROCHE 577,6 11,8%

2 NOVARTIS 476,4 9,7%

3 ASTRAZENECA 367,3 7,5%

4 CRISTÁLIA RANBAXY 299,7 6,1%

5 BERGAMO 288,1 5,9%

6 ABBOTT 275,1 5,6%

7 SANOFI-AVENTIS 267,2 5,5%

8 EUROFARMA(*) 255,8 5,2%

9 CELLOFARM 244,1 5,0%

10 PFIZER 243,4 5,0%

Outros 1.720 33%

*Empresa de capital brasileiro. Fonte: IMS Health 2009 in OSEC 2010.

ii | Associações

Dentro do setor farmacêutico, há várias associações. O Quadro 3.7.28 apresenta exemplos e respetivos

sites na internet.

Quadro 3.7.28 |Associações do setor farmacêutico

Associação Site

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas http://www.abnt.org.br

Asociacion Mercosur de Normalizacion http://www.amn.org.br/br/

ABIMO Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios

http://www.abimo.org.br

ABIMED Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia, Produto e Suprimentos Médico-Hospitalares

http://www.abimed.org.br

ABNTA Associação Brasileira de Normas técnicas http://www.abnt.org.br/ ABIFINA

Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades

http://www.abifina.org.br/

ABIQUIF Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica http://www.abiquif.org.br/

ABRIFAR Associação Brasileira dos Distribuidores e Importadores de Insumos Farmacêuticos, Cosméticos, Veterinários, Alimentícios e Aditivos

http://www.abrifar.org.br

ALANAC Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais http://www.alanac.org.br/

ALFOB Associação Brasileira dos Laboratórios Oficiais http://www.alfob.com.br/

CBDL Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial http://www.cbdl.com.br/

IBPM Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais http://www.ibpm.org.br/

INTERFARMA Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa http://www.interfarma.org.br/

SBIM Associação Brasileira de Imunizações http://www.sbim.org.br/

SINDUSFARMA Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo

http://sindusfarma.org.br/

[último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

6 9

iii | Competitividade/custo

Em termos de competitividade/custo o Brasil apresenta vantagens relativamente aos mercados

maduros, mas não se destaca entre os mercados emergentes. O crescimento dos custos do trabalho,

associados à baixa produtividade, parecem justificar uma tendência de perda de competitividade. A

carga fiscal também ameaça a competitividade das empresas. De acordo com o índice de KPMG,

quando comparado com outros países emergentes, o Brasil é o menos competitivo em termos de custos

(Figura 3.7.19).

Figura 3.7.19 | Índice de custos farmacêutica - mercados emergentes (EUA=100)

Fonte: KPMG (2012).

Impostos

Um dos maiores problemas com que indústria farmacêutica se depara no Brasil é a carga fiscal elevada.

A taxa de imposto aplicada a produtos farmacêuticos chega a onerar em 35% o preço final dos

produtos78. Existem propostas para baixar os impostos nos medicamentos, fazendo este assunto parte

do programa da atual presidente. O imposto à importação de medicamentos é muito alto. Além do

mais, o seu cálculo é complexo, envolvendo um sistema interrelacionado de impostos federais e

estatuais de acordo com as características do medicamento. Os impostos nos equipamentos científicos

são particularmente elevados (OSEC, 2010).

78 http://www.guiadafarmacia.com.br/noticias/brasil-tem-impostos-altos-sobre-medicamentos [último acesso: junho 2012]

77,7

73,1

81,6

91,4

92,5

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0

Índia

China

Rússia

México

Brasil

Ási

a P

acíf

ico

Euro

pa

Am

éri

cas

Índice de custos

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

7 0

3.7.7.3 | Investigação & desenvolvimento

O investimento privado em I&D cresce a um ritmo de aproximadamente 29% ao ano (Figura 3.7.20).

Apesar de uma tendência crescente, as empresas brasileiras continuam a investir pouco em I&D.

Estima-se que o setor invista cerca de 0,7% da receita líquida de vendas o que contrasta com 15-19% da

indústria a nível mundial. O maior investimento continua a ser realizado por empresas multinacionais

(Gadelha 2009) e instituições públicas. As insuficiências do sistema de patentes continuam a penalizar

a indústria e a inovação (Wilson 2011). De facto, a implementação tardia das patentes no setor (1997),

o foco nos genéricos e a baixa presença da produção farmoquímica têm limitado, a internalização das

competências em termos de I&D.

Figura 3.7.20 | Investimento privado em I&D (milhões Reais)

Fonte: IMS in OSEC 2010.

O número de mestres e doutorados empregues pela indústria farmacêutica quase duplicou entre 2006 e

2008. Atualmente a farmacêutica no Brasil é a atividade industrial que mais emprega pessoas com

formação pós-graduada (mestres e doutorados), a segunda que mais emprega doutorados (12%) e a

terceira que mais emprega mestres (4%) 79 . Apesar de ter indivíduos com formação académica e

expertise, o Brasil parece falhar na ligação das empresas às universidades (Wilson, 2011).

No entanto, as empresas brasileiras começam a mudar a sua estratégia de negócio e a tentar

posicionar-se em nichos cada vez mais inovadores. Nos laboratórios públicos também cresce o

investimento em I&D. O laboratório FIOCRUZ recebe mais de metade dos fundos do governo e centra a

sua atividade em doenças infecto-contagiosas, com particular incidência para a SIDA. O Quadro 3.7.29

apresenta os principais grupos/centros de investigação do país em áreas de ciências da vida.

79 http://idl-bnc.idrc.ca/dspace/bitstream/10625/45331/1/131797.pdf [último acesso: junho 2012]

88

302

388

505

2005 2006 2007 2008

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

7 1

Apesar da capacidade instalada, o Brasil concentra ainda a sua atividade de investigação no

desenvolvimento pré-clínico (Porspectiva, online)80, em grande parte devido às atuais limitações do

setor da biotecnologia. Segundo um estudo da consultora Prospectiva (in OSEC 2010) o mercado tem

em falta as seguintes áreas: especialistas em toxicologia; organizações de investigação contratada;

laboratórios para testes químicos; equipamento para testes biothec de novos produtos; especialistas

em biotecnologia; instituições de investigação.

Quadro 3.7.29 | Alguns dos mais importantes Institutos/organismos de I&D

Instituto/Organismo Área de atividade

Instituto Butantan (São Paulo) http://www.butantan.gov.br

Butantan é um centro de pesquisa biomédica afiliada com a secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Produz vacinas contra doenças infeciosas tais como a raiva, hepatite, botulismo, tétano, difteria, e tuberculose.

É o maior produtor de imunobiológicos e biofármacos da América Latina (e um dos maiores do mundo). Butantan também desenvolve pesquisa básica e aplicada na biomédica, biologia molecular, imunologia e outras áreas.

Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ (Rio de Janeiro) http://www.fiocruz.br

É uma instituição centenária. Tem mais de 7.500 funcionários e profissionais de saúde que trabalham em 15 institutos, incluindo Farmanguinhos, Biomanguinhos, 7 unidades de I &D, 2 escolas de saúde e um hospital.

Fundação Ezequiel Dias - FUNED (Belo Horizonte, MG) http://www.funed.mg.gov.br

Está ligada ao Estado de Minas Gerais. Fundada em 1907 tem 1200 trabalhadores. FNUED produz soros anti-peçonhentos que representam cerca de 35% da procura nacional. O laboratório produz mais de 30 medicamentos diversos, vacinas e produtos profiláticos. Em 2009, celebrou um acordo de transferência de tecnologia com a Novartis, com foco numa vacina contra a meningite C. O processo de transferência deverá ser concluído em 2014.

Fundação de Amparo à Pesquisa de S. Paulo - FAPESP (São Paulo) http://www.fapesp.br

É uma das principais agências de promoção de I&D. Está ligada à Secretaria de Desenvolvimento Económico, Ciência e Tecnologia do Governo do Estado de São Paulo.

Fundação Biominas - BIOMINAS http://www.biominas.org.br/

Instituição privada que promove o desenvolvimento de negócios de biotecnologia.

BIOMINAS identifica novas oportunidades de negócios e oferece apoio e serviços às startups e empresas estabelecidas.

Universidade de São Paulo - USP É a organização de educação e investigação mais importante do Brasil. A investigação nas áreas das ciências da vida é levada a cabo por diferentes centros de investigação na universidade, de entre os quais se destacam o Instituto de Ciências Biomédicas e o Instituto de Química.

Universidade de Minas Gerais - UFMG:

UFMG é a segunda maior universidade federal do brasil. Tem desenvolvido as suas capacidades de investigação e transferência de tecnologia, em diferentes áreas da saúde em particular na biotecnologia.

O Parque Tecnológico BHTEC é resultado da cooperação entre a universidade, o governo do Estado e as empresas privadas. Tem conseguido atrair o cluster de tecnologia avançada, mais particularmente biotecnologia e TI.

UNICAMP: Universidade de Campinas

É uma das universidades de topo, particularmente pelos resultados em investigação. A agência de inovação da UNICAMP (INOVA) é uma das mais importantes no campo da biotecnologia.

[último acesso: junho 2012]

80 http://prospectiva.com/index.php [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

7 2

i | Ensaios clínicos

De acordo com o “A.T. Kearney's Country Attractiveness Index for Clinical Trials” (Bailey et al. 2006),

o Brasil é um dos países mais atrativos para desenvolver ensaios clínicos, em particular pela elevada

disponibilidade de pacientes. Vários fatores potenciam o Brasil para o desenvolvimento de ensaios

clínicos (ABRACRO, online 81

):

População variada e multiétnica;

Centros de pesquisa (universidades, hospitais e instituições) com um corpo clínico altamente

especializado para a produção de investigação com equipamentos de última geração (Riché,

2006);

Incidência de várias doenças;

Condições climatéricas distintas;

400 comités de ética;

Cumprimento aos Princípios do ICH/GCP.

No entanto, o mercado de ensaios clínicos ainda está abaixo do seu potencial. As despesas em

investigação clínica são cerca de US$139 milhões. Segundo dados do ViS Research Institute, a

participação do Brasil em estudos clínicos no mundo representa 1,2% (Interfarma, online82). A baixa

procura por ensaios (Reis et al., 2011) e o atual sistema regulatório complexo e demorado não foram

capazes de mobilizar uma indústria de serviços associada. A maioria das empresas é multinacional.

O mercado não é, porém, muito competitivo em termos de custos quando comparado com os outros

países emergentes (KPMG 2011) (Figura 3.7.21). Adicionalmente, o tempo de demora do processo de

aprovação ainda é muito longo (Interfarma, 2010; ABRACRO, online 83 ) e a regulação contínua

insuficiente (Interfarma, 2010).

81 http://abracro.org.br/pesquisa-clinica-no-brasil-e-no-mundo/pesquisa-clinica-no-brasil/potencial [último acesso: junho 2012] 82 http://www.interfarma.org.br/site2/index.php/informacoes-do-setor/indicadores [último acesso: junho 2012] 83 http://abracro.org.br/pesquisa-clinica-no-brasil-e-no-mundo/pesquisa-clinica-no-brasil/entraves-regulatorios [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

7 3

Figura 3.7.21 | Ensaios clínicos: mercados emergentes – índice de custos (EUA=100)

Fonte: KPMG 2012, p. 38.

O processo regulatório encontra-se descrito no site da ABRACRO no seguinte link:

http://abracro.org.br/regulamentacao/o-processo-regulatorio-brasileiro [último acesso: junho 2012]

Existe informação sobre os ensaios clínicos realizados ou a decorrer no Brasil. O governo brasileiro

mantém dois portais de registo de ensaios clínicos. O Quadro 3.7.30 apresenta alguns dos sites e

players da área.

Entende-se que a dimensão relativa aos ensaios clínicos apresenta potencialidade para parcerias com empresas do setor em Portugal.

46,1

52,7

62,8

59,9

99,5

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0

Índia

China

Rússia

México

Brasil

Ási

a P

acíf

ico

Euro

pa

Am

éri

cas

Índice de custos

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

7 4

Quadro 3.7.30 | Investigações com ensaios envolvendo seres humanos

Plataforma Brasil http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil/login.jsf

Repositório nacional de ensaios clínicos http://www.ensaiosclinicos.gov.br/

Empresas Intrials: http://www.intrials.com.br/

Chiltern http://www.chiltern.com/

Kendle http://www.kendle.com/

Associações ABRACRO – Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica. http://abracro.org.br/

[último acesso: junho 2012]

3.7.7.4 | Regulação de produtos farmacêuticos

De acordo com a legislação brasileira, não há lugar ao reconhecimento de registos de medicamentos já

efetuados noutros países. Em consequência, os importadores/investidores têm de requerer a aprovação

e o registo antes de importarem/produzirem. A aprovação e registo de todos os medicamentos

importados decorre nos mesmos moldes do que os produzidos no país.

As taxas de serviço da ANVISA estão disponíveis no portal da instituição no seguinte endereço:

http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2006/rdc/222_06rdc.htm [último acesso: junho 2012]

i | Registo

Os critérios de registo dependem do tipo de produto (novos, similar, genérico e biológico). O Quadro

3.7.31 refere os tipos de medicamentos considerados e a respetiva legislação (mais detalhes podem ser

encontrados no portal da ANVISA).

Quadro 3.7.31 | Legislação

Registo Resolução RDC

Medicamento específico Nº 132/2003

Medicamento similar Nº 17/2007

Medicamento genérico N° 16/2007

Medicamento novo Nº 136/2003

Medicamento homeopático Nº 139/2003

Medicamento fitoterápico Nº 48/2004

Medicamento biológico Nº 315/2005

Nº 55/2010

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7 5

Medicamentos novos

Cabe à ANVISA, em parceria com a Câmara Técnica de Medicamentos (CTM), a avaliação da eficácia e

segurança de novos produtos farmacêuticos. A CTM colabora com a ANVISA na padronização de critérios

de análise e emissão de pareceres sobre temas controversos. A ANVISA instituiu a não aprovação do

registo de novos medicamentos oncológicos cuja eficácia não tenha sido provada por ensaios clínicos

controlados, ainda que esses medicamentos tenham sido aprovados pelas entidades reguladoras de

outros países. Até que a segurança e eficácia sejam comprovadas, esses produtos farmacêuticos podem

ser usados em ensaios clínicos e programas de acesso expandido, sendo o custo suportado pelas

farmacêuticas (ANVISA, 2004).

O tempo médio de aprovação dos medicamentos novos é de 10-14 meses o que é elevado quando comparado com países vizinhos. No entanto, a experiência sugere que o período de aprovação pode ser mais longo, demorando 1 a 2 anos (Wilson, 2011).

Durante os próximos anos, as abordagens restritivas dos formulários para o Programa de Medicamentos

de Alto Custo e Excecionais (PMACE) serão mantidas. Sempre que seja oferecido o reembolso para

novos medicamentos, os protocolos clínicos serão usados para ajudar a limitar os volumes de

prescrição.

A avaliação de um dossiê de registo costuma ser dividida em três partes: (i) análise farmacotécnica, (ii)

análise de eficácia, e (iii) análise de segurança.

A análise farmacotécnica inclui a verificação de todas as etapas da fabricação do medicamento desde

a aquisição dos materiais, produção, controlo de qualidade, libertação da mercadoria,

armazenamento, expedição de produtos terminados e controles relacionados. Esta análise é feita por

técnicos da própria ANVISA ou por consultores ad hoc e pode ser dividida em duas etapas. A primeira

consiste em conferir se toda a documentação exigida para o registo consta no processo. A segunda

etapa reporta a análise do dossiê de registo propriamente dita. O dossiê é composto por:

a) Parte documental - formulários de petição de registo, comprovante de recolhimento da taxa de

fiscalização, licença de funcionamento da empresa, Certificado de Responsabilidade Técnica,

notificação da produção de lotes-piloto (para produtos nacionais), Certificado de Boas Práticas

de Fabricação e Controlo (BPFC) emitido pela ANVISA;

b) Relatório técnico - escrito em português devendo conter todas as informações referentes aos

estudos clínicos e análise farmacotécnica. [Note-se que, a fim de autorizar o registo de

medicamentos, a ANVISA exige que os dados do relatório técnico sejam cientificamente

válidos. As informações são examinadas pelo Conselho Nacional de Saúde que dará o parecer

sobre o pedido de registo.]

O manual de procedimentos sobre o registo de medicamentos pode ser encontrado no site da ANVISA no seguinte link:

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/novo.htm [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

7 6

Em determinadas situações, poderão ocorrer alterações após registo. Exemplos dessas alterações são:

alteração ou inclusão de local de fabrico; alteração de excipientes; alteração no processo de

fabricação; alteração de equipamentos. As alterações devem ser reportadas à ANVISA podendo ser

necessário proceder a novos testes e/ou a outros procedimentos.

As recomendações após registo podem ser encontradas no portal da ANVISA no seguinte endereço:

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/recomenda/index.htm [último acesso: junho 2012]

Medicamentos biológicos

O Brasil é um dos poucos países que dispõe de uma normativa específica de registo de produtos

biológicos (Resolução RDC nº 55, de 16 de dezembro de 2010 84

). A ANVISA não utiliza o conceito de

similaridade para biológicos. Segundo a norma, o “produto biológico novo” é definido como o

“medicamento biológico que contém molécula para atividade biológica conhecida, ainda não registado

no Brasil”. Por sua vez, “produto biológico” aplica-se a “medicamento biológico não novo ou conhecido

que contém molécula com atividade biológica conhecida…”.

Todos os produtos biológicos submetidos ao registo devem mostrar evidência de segurança e eficácia.

Os documentos exigidos estão listados no Capítulo III, Secção I da ANVISA RDC n- 55/2010. O registo de

um produto biológico novo implica a apresentação do dossiê completo do medicamento e do

fabricante. Para os produtos biológicos não novos prevêem-se duas vias de registo: a via de

desenvolvimento individual e a via de desenvolvimento por comparabilidade.

A via de desenvolvimento individual corresponde à via regulatória que poderá ser utilizada por um

produto biológico para obtenção de registo junto à autoridade regulatória. Neste caso, torna-se

necessário a apresentação de dados totais sobre o desenvolvimento, produção e controlo de qualidade

e dados não-clínicos e clínicos para demonstração da qualidade, eficácia e segurança do produto, de

acordo com o estabelecido na Resolução (Resolução RDC nº 55/ 2010). A via de desenvolvimento por

comparabilidade poderá ser utilizada por um produto biológico para obtenção de registo junto à

autoridade regulatória. Neste caso, foi utilizado o exercício de comparabilidade em termos de

qualidade, eficácia e segurança, entre o produto desenvolvido para ser comparável e o produto

biológico comparador.

Os relatórios dos estudos clínicos deverão seguir o disposto na ANVISA (2011a). O documento detalhado

com informações sobre os elementos que devem constar do dossiê e outros procedimentos pode ser

encontrado no site da ANVISA (2011). O Quadro 3.7.32 resume os documentos necessários para ambas

as vias.

84 http://www.desenvolvimento.gov.br/portalmdic/arquivos/dwnl_1307385325.pdf [último acesso: junho 2012]

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7 7

Quadro 3.7.32 | Documentos para as vias de desenvolvimento individual e de comparabilidade

Documentos Estudos clínicos e não clínicos

Individual

(Cap. IV da ANVISA RDC 55/2010)

Dossiê do produto e do fabricante

Relatório do estudo de imunogenicidade

Ensaios clínicos

Fase I e Fase II – As empresas podem ser dispensadas

Fase III - Obrigatória

Comparabilidade

(Cap. IV da ANVISA RDC 55/2010)

Dossiê do produto e do fabricante

Relatório do estudo de imunogenicidade

Dados que comprovem a qualidade e comparabilidade do produto relativamente ao comparador

I. Estudos de farmacodinâmica

II. Estudos de toxicidade

III. Estudos de farmacocinética;

Estudo(s) pivot(s) de segurança e eficácia clínica.

Os requisitos para a realização de alterações e inclusões pós-registo, suspensão e reativação de fabricação e cancelamento de registo de produtos biológicos estão descritos na Resolução RDC nº 49, de setembro de 2011.

A coletânea de legislação relativamente aos procedimentos exigidos pela ANVISA no registo, alterações de registo, fármaco-vigilância e testes dos medicamentos biológicos está disponível no portal da ANVISA no seguinte link:

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/935aed0048bd2755a7cdaf9a6e94f0d0/Registro_Produtos_Biologicos_Hemoterapicos_10102011_WEB.pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012]

Medicamentos genéricos

A legislação detalha os procedimentos anteriores ao registo e os documentos necessários para a

elaboração do dossiê de registo. O registo requer: Relatório de Equivalência Farmacêutica, Perfil de

Dissolução Comparativo e Testes de Bio-equivalência. O registo de medicamentos genéricos que

constem da Rename têm prioridades sobre as demais categorias de medicamentos (Lei nº 9.782, de 26

de janeiro de 1999). De notar que na indústria farmacêutica, devido ao clima tropical, os testes de

bio-equivalência e estabilidade têm requisitos mais restritos do que na Europa (Riché, 2006).

São aceites no máximo três fabricantes de genéricos por substância ativa. Relativamente ao rótulo, os

medicamentos genéricos devem ser identificados com uma faixa amarela contendo a letra G em azul

nas suas embalagens externas (Resolução RDC nº 47 de 28 de março de 200185).

O manual de procedimentos do registo de medicamentos genéricos pode ser encontrado no seguinte site:

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/genericos.htm [último acesso: junho 2012]

Outros registos

Outros fármacos não considerados anteriormente poderão estar sujeitos a outros procedimentos de

registo.

85 http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/47_01rdc.htm [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

7 8

Informações

Medicamentos similares

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/similar.htm

Substâncias ativas

http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Medicamentos/Assunto+de+Interesse/Registro+de+Insumos+Farmacêuticos+Ativos

Medicamentos específicos

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/registro/especificos_manual.htm

[último acesso: junho 2012]

Provas laboratoriais

Os testes laboratoriais para bio equivalência e biodisponibilidade, têm de ser realizados em

laboratórios certificados pela ANVISA, pertencentes à Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em

Saúde (REBLAS). Estas restrições tendem a aumentar os custos de entrada do medicamento (dados

primários).

ii | Boas práticas de fabrico e controlo

O registo de um produto farmacêutico será concedido somente se a (última) inspeção efetuada aprovar

as condições de fabrico e o pedido de certificação da linha de produção inspecionada esteja

anteriormente protocolado na ANVISA (ANVISA, 2004). A certificação de fornecedores e a inspeção de

qualidade das matérias-primas aquando do seu fornecimento são práticas definidas pelas Boas Práticas

de Fabricação. Compete à ANVISA certificar as indústrias cumpridoras de Boas Práticas de Fabricação,

bem como, atualizar o seu regulamento.

A obrigatoriedade da certificação de boas práticas a fabricantes internacionais que exportem para o

Brasil impõe custos consideráveis.

Todas as informações sobre boas práticas em produtos de saúde podem ser encontradas no site da ANVISA em

http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Produtos+para+Saude/Assunto+de+Interesse/Boas+Praticas [último acesso: junho 2012]

iii | Informação

O Compêndio das Bulas de Medicamentos vem suprir a necessidade de informação para pacientes,

prescritores e dispensadores, promovendo um maior controlo sobre o conteúdo das bulas. Similares e

genéricos devem seguir o conteúdo das bulas dos medicamentos da marca de referência.

No que concerne à publicidade direta a pacientes e prescritores, esta é monitorizada recorrendo a um

convénio com universidades. A violação das leis e o veicular de informações falsas dão origem a multas

e processos judiciais (ANVISA, 2004).

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

7 9

iv | Venda de medicamentos controlados

A ANVISA, através da Gerência de Vigilância em Serviços de Saúde, promove cursos de Boas Práticas de

Prescrição em hospitais universitários. Além da prescrição racional, também é importante o

desencorajamento de utilização abusiva. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos

Controlados (um instrumento de monitorização informatizado) permite a recolha, tratamento e

supervisão de dados sobre a produção, comercialização e uso de substâncias e medicamentos sujeitos a

controlo especial86

por parte das entidades competentes (ANVISA, 2004).

A lista de substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial podem ser consultadas nos seguintes endereços:

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/controlados/legis.htm

http://www.cremerj.org.br/publicacoes/105.PDF

[último acesso: junho 2012]

v | Monitorização do mercado

A farmacovigilância conta com uma rede constituída por empresas, centros de toxicologia, secretarias

estaduais de saúde e hospitais-sentinela. Os hospitais-sentinela estão ligados em rede, sendo os dados

enviados à Organização Mundial de Saúde por meio eletrónico. O mercado de medicamentos genéricos

é monitorizado regularmente. A Farmacopeia brasileira segue padrões internacionais87 (ANVISA, 2004).

vi | Redução de associações irracionais

São exigidos estudos clínicos para a permanência no mercado de associações entre drogas sintéticas e

fitoterapêuticas, e/ou homeopáticas, e/ou vitaminas, bem como, associações com quatro ou mais

princípios ativos sintéticos. No caso de antigripais e hepatoprotetores, alguns princípios ativos foram

listados para serem excluídos das formulações (ANVISA, 2004).

86 A lista de substâncias e medicamentos sujeitos a controlo especial podem ser consultadas nos seguintes endereços: http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/controlados/legis.htm [último acesso: junho 2012] http://www.cremerj.org.br/publicacoes/105.PDF [último acesso: junho 2012] 87 http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/pdf/volume1%2020110216.pdf [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

8 0

3.7.7.5 | Regulação direta de preços

i | Preço máximo produtos novos inovadores (Categoria I) – sistema de preços de referência

internacional

No processo de registo de preços de novos produtos e novas apresentações de medicamentos, as

empresas farmacêuticas devem iniciar o processo informando a Câmara de Regulação do Mercado de

Medicamentos (CMED) sobre a sua sugestão para o preço. O valor do preço deverá ser fixado pelo

método da referenciação internacional baseado no menor preço num dos seguintes países: Austrália,

Canadá, Espanha, Estados Unidos da América, Grécia, Itália, Nova Zelândia e Portugal.

No caso de uma molécula nova que não seja objeto de patente e não traga vantagens terapêuticas, o

seu preço é definido tendo como base o custo de tratamento com medicamentos para a mesma

indicação terapêutica. O preço não poderá ser superior ao suportado num país de referência.

ii | Preço máximo de medicamentos genéricos

O preço máximo de medicamentos genéricos é, pelo menos, inferior em 35% ao preço do medicamento

de marca.

iii | Preço máximo de venda ao Governo

O preço máximo de venda ao Governo corresponde ao teto de preço para compra dos medicamentos

inseridos na lista de produtos sujeitos ao Coeficiente de Adequação de Preço (CAP) 88. A lista de

medicamentos sujeitos ao CAP é revista mensalmente e disponibilizada no portal da ANVISA.

iv | Preço máximo ao consumidor

Os medicamentos possuem taxas distintas do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

que variam entre 17% e 19%, de acordo com a taxa praticada pelo Estado onde está a ser

comercializado. A margem de comercialização do canal de distribuição farmacêutico está fixada em

33%.

88 O CAP é calculado a partir da média da razão entre o índice do PIB per capita do Brasil e os índices do PIB per capita da Austrália, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Itália, Nova Zelândia, Portugal, ponderada pelo PIB. Este índice foi extraído do Relatório do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH das Nações Unidas e é atualizado anualmente. Atualmente, conforme a Resolução nº 3, de 2 de março de 2011, é de 24,38 %.

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

8 1

3.7.7.6 | Importações e exportações

i | Importações de produtos farmacêuticos

A Figura 3.7.22 apresenta o peso das importações de produtos farmacêuticos no total das importações

brasileiras. Os dados revelam uma tendência decrescente da importância das importações de produtos

farmacêuticos, a qual decorre do crescimento acelerado das importações totais. Apesar disso, as

importações de produtos farmacêuticos representam mais de 3% do valor das importações brasileiras.

Figura 3.7.22 | Peso das importações de produtos farmacêuticos no total das importações

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

O Quadro 3.7.33 apresenta os dados das importações de produtos farmacêuticos em 2011, assim como

a taxa de crescimento anual no período 2001-2011. Os dados confirmam o crescimento das

importações, sendo que estão concentradas nos produtos com as posições pautais 3004 e 3002. Os

produtos classificados como 3001 são os que crescem a um ritmo superior, sendo um crescimento

acima de 30%. Os produtos agrupados nos códigos 2939 e 3003 têm vindo a diminuir o seu peso, já

pequeno, nas importações.

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

3,33%

3,96% 3,79%

3,39% 3,27% 3,32% 3,32%

2,86%

4,00%

3,78%

3,19%

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

8 2

Quadro 3.7.33 | Importações totais brasileiras de produtos farmacêuticos

Produtos farmacêuticos

Valor (Euros) Peso nos produtos

farmacêuticos

Peso nas importações totais

2011

*Taxa de crescimento anual

2001 – 2011

2936 126987,74 2,45% 0,078% 4,12%

2937 169099,68 3,26% 0,104% 5,99%

2938 12124,19 0,23% 0,007% 8,69%

2939 37305,92 0,71% 0,023% -3,16%

2941 208117,22 4,01% 0,128% 3,32%

3001 62556,57 1,20% 0,039% 32,17%

3002 1860538,06 35,9% 1,145% 15,18%

3003 76978,24 1,48% 0,047% -2,28%

3004 2506008,51 48,3% 1,543% 9,00%

3006 122206,13 2,35% 0,075% 6,56%

Total 5181922,26 100% 3,19% 9,65%

Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2.*Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC89. Dados de junho de 2012.

De acordo com os dados da ABIQUIFI90, no período entre 2003 e 2008, a importação de farmoquímicos

cresceu a um ritmo mais lento do que o crescimento médio da importação de medicamentos (17,8% vs.

22,8%). No referido período, o défice comercial de produtos farmoquímicos agravou-se 134%. No caso

de medicamentos o aumento foi de 157%. Esta tendência vem reforçar o papel dos produtos

farmacotécnicos intermédios, cujas importações cresceram a uma média de 34,3%, o que fez com que

o seu superavit comercial diminuísse 29%.

Na balança comercial destacam-se, ainda, as importações de produtos de base biotecnológica, que

cresceram a uma taxa média de 23% entre 1998 e 2010, alcançando os US$ 2,3 mil milhões. Entre os 10

principais produtos farmacêuticos importados, oito deles são produzidos por meio de técnicas da

biotecnologia (Reis et al., 2011).

Considerando a cadeia produtiva, as matérias-primas representam, cerca de 30% do total de

importações de produtos. Nas substâncias ativas, as importações foram em 2011 lideradas pela

“Acetato de Alfa Tocoferol”, “Dipirona” e “Insulina” (ABIQUIFI, online91).

Os oito principais exportadores de produtos farmacêuticos para o mercado brasileiro representam

cerca de 72% das importações destes produtos (Figura 3.7.23). Os EUA são o principal exportador para

o mercado.

89 Nota-se que os valores divergem dos apresentados pela ABIQUIFI. De acordo com a ABIQUIFI, nos últimos 10 anos importações cresceram 400% – passando de US$ 2,388 mil milhões em 2001 para US$ 8,413 mil milhões em 2011. As diferenças podem resultar da diferença na agregação dos produtos 90 http://www.abiquifi.org.br/mercado_estatisticas.html [último acesso: junho 2012] 91 http://www.abiquifi.org.br/mercado/Estat%C3%ADsticas%202011.pdf [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

8 3

Figura 3.7.23 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de produtos

farmacêuticos (2011).

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

Exportações de portuguesas de produtos farmacêuticos para o Brasil

As exportações portuguesas de medicamentos e fármacos são marginais e sem expressão quer no

mercado brasileiro, quer nas exportações portuguesas. As exportações de fármacos/medicamentos

para o Brasil não representam mais do que 0,01% do total das exportações portuguesas para o mercado,

e não têm peso nas exportações do setor português (desceu de 0,16% em 2001 para perto de 0% em

2011). Com um crescimento pequeno, face ao crescimento das importações brasileiras, Portugal tem

vindo a perder quota no mercado. A Figura 3.7.24 ilustra a evolução das exportações em valor,

espelhando o decréscimo das exportações a partir de 2003 e a tímida recuperação a partir de 2010.

Considerando o impacto no mercado brasileiro, as exportações de produtos farmacêuticos não

ultrapassam os 0,02% do total de importações brasileiras de produtos farmacêuticos. As (poucas)

exportações portuguesas estão concentradas nos produtos com posição pautal 300492, onde mesmo

assim a quota de mercado não supera os 0,05% (Quadro 3.7.34).

92 A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2.

19,3%

17,7%

10,2%

6,2%

5,8%

5,1%

4,0%

4,0%

27,6%

E.U.A.

Alemanha

Suíça

Itália

França

Bélgica

Reino Unido

China

Resto do Mundo

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

8 4

Figura 3.7.24 | Quota de Portugal no total das importações brasileiras de produtos farmacêuticos brasileiro

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

Quadro 3.7.34 | Exportações portuguesas de produtos farmacêuticos para o Brasil (2011)

Produtos farmacêuticos

Valor (mil Euros)

Quota no segmento Taxa de crescimento anual 2001 – 2011*

2936 0 0% -100%

2937 0 0% -

2938 0 0% -

2939 0 0% -100%

2941 84 0,04% 10,80%

3001 0 0% -

3002 0 0% -100%

3003 0 0% -100%

3004 1166,69 0,05% -3,53%

3006 0 0 -

Total 1250,69 0,02% -4,80%

Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

ii | Exportações brasileiras de produtos farmacêuticos

O crescimento recente das exportações da cadeia produtiva farmacêutica é notório. De acordo com a

ABIQUIFI (online), em 2010, o Brasil exportou aproximadamente US$1,7 bilhão em medicamentos e

matérias-primas/princípios ativos farmacêuticos. Um crescimento de 22,5%, se comparado com as

vendas para o mercado externo em 2009, e de mais de 100%, se comparado com os valores de 2007. Os

países da América Latina são os principais destinos dos medicamentos produzidos no Brasil, revelando

que as empresas apostam no Brasil como plataforma de acesso ao mercado da América Latina para

usufruírem dos ganhos associados ao Mercosul (OSEC, 2010).

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

0,099%

0,043%

0,090%

0,108%

0,034% 0,034%

0,019% 0,015%

0,010%

0,016%

0,024%

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

8 5

3.7.7.1 | Identificação de oportunidades e desafios: farmacêutica

A Figura 3.7.25 resume várias oportunidades e desafios identificados relativos ao setor farmacêutico brasileiro.

Figura 3.7.25 | Oportunidades e desafios setor farmacêutico brasileiro

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

8 6

3.7.8 | Dispositivos médicos

Brasil é o mercado de equipamentos médicos mais importante da América do Sul e o 8º maior mercado

do mundo. É igualmente o segundo país emergente mais importante em termos de mercado (logo a

seguir à China). Os dados sobre o valor do mercado divergem segundo a fonte, mas há consenso que

ascendeu em 2011 a mais de R$9,8 mil milhões93

. A maior parte da procura interna é satisfeita por via

da importação. As despesas estão concentradas nas cidades, em particular, nas regiões Sudeste e Sul

do Brasil. O dinamismo social recente no país deverá levar a um aumento substancial do mercado de

cuidados de saúde privados, o que se deverá traduzir no aumento das importações de dispositivos

médicos.

3.7.8.1 | Estrutura e desempenho da indústria

O mercado de dispositivos médicos do Brasil é fornecido pela (elevada) importação e por um conjunto

de empresas bem estabelecidas no mercado, incluindo empresas multinacionais. Mais de metade do IDE

no setor é oriundo dos EUA e da Alemanha. A Associação Brasileira da Indústria de Artigos e

Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO) identifica 448 empresas

nas diferentes áreas dos dispositivos médicos (dados 2009). O número de empresas cresceu 49% entre

1999 e 2010. O setor emprega cerca de 100,000 trabalhadores (ABIMO, online) 94.

A atividade concentra-se no Estado de S. Paulo onde se situam cerca de 77% das empresas. A região do

sudeste tem 84% das empresas do setor (ABIMO, online) 95. A maioria das empresas é de capital

nacional e de média dimensão, com receitas médias inferiores a $US 50 milhões (Pieroni et al., 2010).

Os dados da ABIMO indicam que 54% das empresas são médias, 17% médias grandes, 14% pequenas, 12%

grandes e 3% micro. Em geral, as empresas multinacionais são de grande dimensão investindo em

escala no mercado para aproveitar o seu potencial e como base de acesso aos restantes países do

Mercosul.

A maioria das empresas tem mais de 25 anos de atividade no mercado. No entanto, cerca de 16% das

empresas tem menos de 10 anos, sugerindo alguma renovação no setor. O número de empresas tem

crescido sobretudo na área da saúde dental, médico-hospitalar e consumíveis (US Department of

commerce, 2004). Em relação aos diferentes segmentos, apenas o segmento de radiologia registou uma

redução de empresas nos últimos anos (Pieroni et al., 2010).

93 http://www.businesswire.com/news/home/20110620005986/en/Research-Markets-Outlook-Médical-Devices-Brazil-Russia [último acesso: junho 2012] 94 http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012] 95 ibidem

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

8 7

Uma lista das empresas de dispositivos médicos, com possibilidade de selecionar por segmentos de mercado pode ser encontrada no portal da Brazilian Health Devices no seguinte link:

http://brazilianhealthdevices.com/en/companies [último acesso: junho 2012]

A participação do setor no total da indústria transformadora brasileira é de 0,47%. Um valor

significativo se se considerar que atuam num universo de 300 mil empresas do setor industrial96. A

Figura 3.7.26 mostra a evolução das receitas entre 2008 e 2011.

Figura 3.7.26 | Receitas da indústria de dispositivos médicos entre 2008 e 2011

Fonte: ABIMO, online97.

No âmbito da ANVISA, 71% das empresas detêm o certificado de Boas Práticas de Fabricação e 61% têm

produtos registados (Maldonado, 2009). Cerca de 80% das empresas tem um sistema de qualidade

implementado (ABIMO, Online)98.

A parcela dinâmica da indústria e de maior conteúdo tecnológico situa-se nos segmentos de

equipamentos médico-hospitalares. De acordo com a ABIMO 99 , os produtos e materiais médico-

hospitalares, a produção industrial de materiais e equipamentos médicos e de diagnósticos cresce

atualmente a uma taxa anual de 18%. Registou-se, no período de 2003 a 2008, o crescimento dos

produtos para odontologia (taxa 13%/ano), implantes (8,6%/ano) e matérias de consumo (8,6%/ano)

96 http://www.elhospital.com/eh/secciones/EH/ES/MAIN/IN/ESTUDIOS_CASO/doc_83893_HTML.html?idDocumento=83893 [último acesso: junho 2012] 97 http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012] 98 ibidem 99 ibidem

R$ 7 277 864

R$ 7 704 031

R$ 8 429 987

R$ 9 873 667

R$ 0 R$ 2 000 000 R$ 4 000 000 R$ 6 000 000 R$ 8 000 000 R$ 10 000 000

2008

2009

2010

2011

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

8 8

(Pieroni et al., 2010). O setor de equipamento médico cresce a uma taxa de 7% anual desde 2003. O

mercado de equipamentos médicos elétricos ascende a US$200 milhões, o que representa cerca de 50%

das vendas na América Latina. Os diagnósticos in vitro cresceram aproximadamente 55% depois de uma

acentuada queda em 2008 (US Department of Commerce, 2011).

O setor é tecnologicamente muito diversificado. Considerando a indústria de equipamentos e materiais

médico-hospitalares e odontológicos, o investimento em I&D foi, respetivamente, de 5,04%, 3,07% e

5,29%, das vendas nos anos 2003, 2005, 2007 (IBGE 2003, 2005, 2007). Valores muito acima da média

nacional. No entanto, apesar dos níveis de investimento superiores, as empresas nacionais possuíam

apenas 535 patentes em 2008 (Pieroni et al. 2010).

As empresas nacionais concentram-se no fornecimento do mercado interno de produtos de baixo custo.

Produzem, em geral, dispositivos e materiais pouco tecnológicos, embora se venha a registar uma

crescente sofisticação dos produtos. Cerca de 80% das empresas do setor fornecem principalmente o

mercado interno de saúde. O setor público absorve 18% da produção. Cerca de 76% do volume

produzido pela indústria é feito em empresas próprias e apenas 7,2% são importados desde as sedes

(MOTI, 2010; Castro 2011100).

Há empresas exportadoras. Destacam-se as seguintes:

Anestesia - Takaoka, Intermed e JG Moriya. Takaoka é líder de mercado em volume e qualidade, exportando para outros países da América Latina, África e Oriente Médio;

Incubadoras – Fanem, empresa brasileira especializada em equipamentos de aquecimento industrial, também fabrica incubadoras de primeira linha exportadas em todo o mundo. A Gigante - recém-nascida - é outra empresa brasileira recentemente criada para competir com a Fanem nesta linha;

Instrumentos Cirúrgicos - Edlo, Erwin Guth, Schobell Industrial, Lido e Richter são considerados fabricantes brasileiras de primeira linha de instrumentação cirúrgica;

Implantes e Próteses - As empresas brasileiras Baumer, Biomecânica e Ortosintese produzem juntas artificiais e outros implantes que são exportados para a América Latina.

i | Competitividade

De acordo com a metodologia da PwC (2011), o Brasil é, juntamente com a Índia, o país menos

competitivo no setor de tecnologia médica de entre 9 países (desenvolvidos e emergentes) (score: 2,7

em 9). O índice de competitividade foi construído com base em seis indicadores, apresentados na

Figura 3.7.27. As dificuldades principais prendem-se com os incentivos financeiros, em particular os

incentivos do sistema de saúde. No sistema regulatório o fator menos competitivo é o ambiente legal

(1,8). A comercialização de dispositivos é igualmente um fator pouco competitivo (1,9) (investimento).

O estudo sublinha, no entanto, a melhoria recente da competitividade, assente no aumento dos

recursos para a inovação e na melhoria do quadro regulatório.

100http://www.elhospital.com/eh/secciones/EH/ES/MAIN/IN/ESTUDIOS_CASO/doc_83893_HTML.html?idDocumento=83893 [último acesso: junho 2012]

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8 9

Figura 3.7.27 | Competitividade da indústria de dispositivos médicos

Fonte: PwC (2011)101. Nota: 0=mínimo; 9=máximo.

Em termos de competitividade dos custos, o Brasil apresenta os maiores custos no grupo dos países

emergentes (Figura 3.7.28), apresentando-se como o país menos competitivo. Mesmo assim, é mais

competitivo do que os EUA.

Figura 3.7.28 | Dispositivos médicos: mercados emergentes – índice de custos (EUA=100)

Fonte: KPMG 2012, p. 24.

3.7.8.2 | Acesso

A lei brasileira não prevê nenhum modelo de comparticipação. No âmbito das ajudas sociais, o governo

brasileiro fornece dispositivos médicos a pessoas com dificuldades financeiras.

101 Informação mais detalhada também disponível online http://www.pwc.com/us/en/health-industries/health-research-institute/innovation-scorecard/index.jhtml [último acesso: junho 2012]

0

1

2

3

4

Score total Incentivos financeiros Regulação Procura e insensibilidade ao preço Suporte ao investimento

71,6

67,8

78,4

76,7

90,6

0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0

Índia

China

Rússia

México

Brasil

Ási

a P

acíf

ico

Euro

pa

Am

éri

cas

Índice de custos

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

9 0

3.7.8.3 | Programas públicos

O governo brasileiro considera a indústria de dispositivos médicos como uma indústria estratégica,

tendo desenvolvido um conjunto de programas de apoio ao setor. Como parte da política de promoção

o país investiu cerca de US$3,6 mil milhões em infraestruturas, investigação e tecnologia. Existe uma

vasta promoção dos produtos brasileiros no estrangeiro associada a um forte empenho empresarial e do

governo na promoção das exportações do setor. Para promover o setor foi criado em 2002, o Brazilian

Health Devices como marca de apresentação da indústria brasileira ao exterior. Este projeto reúne

cerca de 150 empresas.

Informação sobre o Brazilian Health Devices pode ser consultada no seguinte site:

http://brazilianhealthdevices.com.br/ [último acesso: junho 2012]

No âmbito do CIS, a Portaria nº 1.284 de 2010, apresenta uma lista de produtos, incluindo dispositivos,

considerados prioritários. Os critérios de inclusão na lista foram basicamente os elevados custos para o

SUS, a dependência de importações e o desafio tecnológico. Além do apoio à investigação os produtos

incluídos na lista têm processos de compra pública simplificados. Nas decisões de compra, o Ministério

da Saúde tem alterado a preferência exclusiva pelo preço como fator de decisão, para evitar comprar

produtos de baixa qualidade produzidos em países de baixos custos. O conteúdo local tem-se tornado

mais importante na decisão pública102.

3.7.8.4 | Regulação

i | Leis e normas

Os regulamentos aplicáveis aos dispositivos médicos estão disponíveis no portal da ANVISA103 e no portal

do governo brasileiro104. Os pareceres dos reguladores podem ser obtidos por telefone ou por e-mail.

A compilação de todos os documentos pode ser encontrada no portal da ANVISA no seguinte link:

http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/387659804900b739a5e1bd466b74119d/1-+Comp%C3%AAndio+da+Legisla%C3%A7%C3%A3o+Sanit%C3%A1ria+de+Dispositivos+M%C3%A9dicos.pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012]

Os fabricantes estão obrigados a seguir leis e regulamentos sobre dispositivos médicos após a sua

publicação no Diário Oficial. A regulamentação/legislação pode estabelecer um período em que os

fabricantes se devem adaptar às novas condições de produção.

102 Compras governamentais: http://www.comprasnet.gov.br/ [último acesso: junho 2012] 103 http://www.anvisa.org.br [último acesso: junho 2012] 104 http://www.planalto.gov.br [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

9 1

ii | Aprovação de um dispositivo médico

Apenas empresas com escritório no Brasil podem pedir registos de dispositivos médicos. As empresas

sem escritório no Brasil têm de designar um representante, que deve ser responsável pelo registo o que

significa que a informação (de natureza confidencial) tem de ser facultada ao representante.

Ter uma empresa responsável pelo registo é um fator crítico, caso a empresa opte por não ter vendas diretas. O registo não pode ser transferido. Na prática, significa que se se cancelar a relação com a empresa responsável pelo registo, o registo é cancelado. Um novo distribuidor, implica um novo registo.

Fonte: dados primários

Não é possível determinar o custo exato de obtenção da certificação e o tempo de conclusão do

processo, uma vez que varia de produto para produto, e de acordo com o nível de complexidade dos

ensaios requeridos por uma norma ou regulamento. Estima-se, no entanto, que o processo de registo

demora três meses a dois anos (US Department of Commerce, 2011). Se o processo demorar mais de

três meses, as empresas podem pedir autorização para distribuição assumindo todos os riscos de

responsabilidade civil. A taxa de registo varia atualmente entre R$360 e R$ 28.000105.

As empresas devem ter presente que o registo de um produto de uso médico no Brasil pode ser um exercício trabalhoso (US Department of Commerce, 2004; MOTI 2010). De acordo com Sicoli & Mrad (2010) cerca de 85% dos pedidos de registo equipamentos médicos são indeferidos à primeira tentativa.

O registo tem validade por 5 (cinco) anos e pode ser revalidado por períodos iguais mantendo o número

do registo inicial. Não são aceites modificações no processo ou produto dentro de uma petição de

revalidação. Qualquer modificação de fórmula, alteração de elementos de composição ou de seus

quantitativos, adição, subtração ou inovação introduzida na elaboração do produto, dependerá de

autorização prévia e expressa do Ministério da Saúde e será desde logo averbada no registo.

Todos os dispositivos médicos importados são verificados pelas alfândegas brasileiras no banco de

dados da ANVISA. Só podem entrar no Brasil devidamente registados. A Figura 3.7.29 descreve o

Fluxograma do processo.

105 http://www.emergogroup.com/pt/services/brazil/registro-anvisa [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

9 2

Figura 3.7.29 | Fluxograma do registo de dispositivos médicos

Fonte: ABDI 2010a.

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

9 3

Passo 1: Regularização da empresa

Para a solicitação de registo ou cadastramento dos produtos junto da ANVISA, é necessário a

regularização prévia da empresa junto da Vigilância Sanitária. Tal compreende a obtenção da

Autorização de Funcionamento da Empresa (AFE) e da Licença de Funcionamento (LF), também

conhecida por Alvará de Funcionamento. Sem essas autorizações, a regularização do material de uso

em saúde não será possível.

A AFE é emitida pela ANVISA mediante solicitação formal da empresa legalmente constituída no

território brasileiro (Instrução Normativa ANVISA nº 01, de 30 de setembro de 1994). A LF é emitida

pela Vigilância Sanitária local, municipal ou estadual, na qual a empresa se encontre sediada.

Os contactos podem ser encontrados no site da ANVISA em:

http://www.anvisa.gov.br/institucional/enderecos/index.htm [último acesso: junho 2012]

Para o registo é também obrigatório que o fabricante tenha obtido o Certificado de Boas Práticas de

Fabricação e Controle (CBPFC). A comprovação do atendimento das boas práticas de fabricação e

controle é verificada por meio de inspeção sanitária in loco.

As práticas de fabricação de medicamentos e fármacos são regidas por regulamento da ANVISA nº

50/200; 310/03 e 210/03106 e outra regulamentação complementar. O fabricante é responsável por

toda a sua produção e deve assegurar a adequação dos produtos ao seu fim, em conformidade com os

requisitos estabelecidos pelo registo (apresentando qualidade adequada e eficácia).

Os regulamentos apresentam determinações específicas para a qualidade das práticas de fabricação.

Além disso, as instalações, equipamentos, procedimentos operacionais e de pessoal treinado devem ser

previamente aprovados pela ANVISA. Desde 2010 que a ANVISA não aceita certificados emitidos por

outros agentes regulatórios internacionais para os produtos com risco classe III e IV107 (ITA 2011).

De acordo com o regulamento da ANVISA, cada fabricante deve ter um departamento independente

para controlo de qualidade. O departamento deve proceder regularmente à autoinspeção, com a

finalidade de verificar o cumprimento das boas práticas de fabricação estabelecidas pela ANVISA. A

submissão para obtenção do certificado deve conter a seguinte documentação:

Pedido eletrónico;

Descrição do dispositivo e identificação da classe de risco;

Chart-flow com a descrição completa das relações com outros produtores;

Recibo de pagamento da inspeção;

Inspeção de acordo com a Resolução RDC nº 59 de 27 de junho de 2000108.

Após a emissão, o certificado é válido por dois anos.

106 Disponível em http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/210_03rdc.pdf [último acesso: junho 2012] 107 Para informação relativa à classificação dos dispositivos, ver passo seguinte (passo 2) 108 http://www.rdc59.com.br/texto_resolucao.asp [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

9 4

A UE109 e os EUA110 manifestam preocupações sobre o manual de Certificação de Boas Práticas de

Fabrico, argumentando que atrasa a entrada de dispositivos médicos importados para o mercado.

Ambos mostram reservas sobre a capacidade da ANVISA em controlar a fabricação internacional.

Os relatórios de autoinspeção devem estar disponíveis, a qualquer momento para entrega ou envio para o departamento de vigilância da ANVISA, sempre que solicitado. Não há procedimento específico nem frequência estipulada para a inspeção realizada pela ANVISA.

Passo 2: Identificação sanitária do equipamento

A Resolução RDC nº185 de 22 de outubro de2001111 descreve o protocolo de registo de dispositivos

médicos e lista os documentos necessários. O Anexo II do RDC nº185/2001 descreve a estrutura de

classificação aplicável aos dispositivos médicos, agrupando os dispositivos por quatro classes de risco:

Classe I, II, III e IV. As informações acerca dos dispositivos podem ser semelhantes às da aplicação para

a Europa ou EUA, mas necessitam estar escritas em português. A determinação correta da classificação

é importante para assegurar a fluidez e rapidez do processo de registo.

Alguns equipamentos médicos, que se enquadram nos critérios indicados na Instrução Normativa

ANVISA IN nº 08, de 29 de maio de 2007 e IN-3 de junho 2011, necessitam apresentar o Certificado de

Conformidade de INMETRO ou um Relatório Consolidado de testes, aquando da solicitação do registo

na ANVISA. Os testes devem ser feitos no Brasil, exceto se não houver laboratórios. O certificado é

atribuído por 5 anos, mas sujeito a vigilância anual. As etapas da certificação INMETRO 112 são as

seguintes: análise da documentação; inspeção; certificação.

Alguns equipamentos médicos estão também sujeitos à apresentação de um Relatório de Informação

Económica. Informações sobre a elaboração deste Relatório estão indicadas na Resolução RDC nº 185,

de 13 de outubro de 2006113, e a lista dos produtos sujeitos a esta exigência encontra-se na Resolução

ANVISA RE nº 3385, de 13 de outubro de 2006114.

Passo 3: Identificação da petição

Há dois tipos de regularizações de materiais de uso em saúde junto à ANVISA: o cadastramento e o

registo. O cadastramento é um processo mais simples aplicável à maioria dos dispositivos de baixo

risco - Classes I e II. Para os restantes casos, deve-se proceder ao registo. Alguns dispositivos e

materiais de saúde têm legislação específica complementar. Os Quadros 3.7.35 e 3.7.36 sintetizam os

documentos e procedimentos para o cadastramento e registo simplificado de equipamentos médicos

das classes I e II (ANVISA 2010).

109 http://ec.europa.eu/enterprise/tbt/tbt_repository/BRA454_EN_1.pdf [último acesso: junho 2012] 110 http://www.ustr.gov/sites/default/files/TBT%20Report%20Mar%2025%20Master%20Draft%20Final%20pdf%20-%20Adobe%20Acrobat%20Pro.pdf [último acesso: junho 2012] 111 http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/rdc/14420-185.html [último acesso: junho 2012] 112 http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/sobre_org_cert.asp [último acesso: junho 2012] 113 http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/8653d4004999902d90bfb66dcbd9c63c/RESOLU%C3%87%C3%83O+ANVISA+RDC+N%C2%BA+185-06+REGULA%C3%87%C3%83O+ECON%C3%94MICA.pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012] 114 http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/3e0c99004944422d8812dc1cfdd4e1ac/RE_n_3385_de_13_de_outubro_de_2006.pdf?MOD=AJPERES [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

9 5

Quadro 3.7.35 | Cadastramento de equipamentos médicos – Resolução RDC nº 24/09 (dispensa de registo)

Classe I e II (exceto os da lista de exceção na IN nº 02/11)

A RDC nº 24/09 e a IN nº 02 (lista de equipamentos médicos e materiais de uso em saúde que não se enquadram na

situação de cadastro) permitem avaliar o enquadramento do produto para a saúde para fins de cadastro (dispensa

de registo). Dependendo se for equipamento médico ou material para uso em saúde, o interessado deve

apresentar os documentos indicados abaixo:

Documentos Dispositivo Legal Forma apresentação Tipo de Fornecedor

Papel Eletrónico Papel Eletrónico

1. Folha de rosto conforme Art. 4º da RDC, nº 124/04.

RDC nº 124/04, Art 4º (sem numeração)

X X X

2. Formulário de petição para cadastramento

RDC nº 24/09,

Art. 4º, Inciso I X x X X

3. Comprovante de pagamento da taxa de vigilância sanitária (original)

RDC nº 24/09,

Art. 4º, Inciso II X X X

4. Quadro comparativo dos produtos para cadastro em família

RDC n.º 97/00 Art. 2º

X x X X

5. Informações de segurança e eficácia para produtos com indicação/finalidade de uso inovadora ou tecnologia nova ou de inovação

IN 02/11, Art. 3º X X X

6. Comprovação com relação a questões metrológicas para aparelhos não elétricos com função de medição

Fonte: Adaptado de ANVISA Online115

115 http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/bJF [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

9 6

Quadro 3.7.36 | Registo simplificado de equipamentos médicos – modelo simplificado: Classe I e II presentes

na IN nº 13/09 e 02/11 (exceto os destinados a utilização por leigos em ambientes domésticos)

Documentos Dispositivo Legal Forma apresentação Tipo de Fornecedor

Papel Eletrónico Papel Eletrónico

1. Folha de rosto conforme Art. 4º da RDC, nº 124/04.

RDC, nº 124/04, Art 4º (sem numeração)

X X X

2. Ficha técnica IN nº 13/09, art. 5º, inciso I

X x X X

3. Comprovante de pagamento da taxa de vigilância sanitária (original)

IN nº 13/09, art. 5º, inciso II

X X X

4. Modelo do rótulo e instruções de uso IN nº 13/09, art. 5º, inciso VII x X X

5. Dossiê técnico IN nº 13/09, art. 5º, inciso IX e art. 10.

X X X

6. Registo ou certificado de livre comércio do produto no exterior (cópia autenticada) (Só classe II)

IN nº 13/09, art. 5º, inciso IV

X X

7. Autorização do fabricante no exterior para comercialização no Brasil (cópia autenticada) (3) (Só classe II)

IN nº 13/09, art. 5º, inciso V

X X

8. Regulamento técnico específico: (i) Certificado ou (ii) Aprov. de Modelo INMETRO ou (iii) Rel. Consolidado + Decl. de Inexistência de Capacidade Laboratorial ou (iv) Decl. de Não Aplicabilidade da IN 08/09 no caso de eletromédicos

IN nº 13/09, art. 5º, inciso III, RDC 27/11, IN 03/11 e Portarias do Inmetro.

X X X

9. Declaração do Anexo II IN nº 13/09, Anexo II e III

X X X

10. Cópia do Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle

IN nº 13/09, art. 5º, inciso VIII

X X X

11. Quadro comparativo dos produtos para registo em família

Fonte: Adaptado de ANVISA (online)116; Nota: Para mais detalhe consultar ANVISA 2010.

Resolução aplicável

Cadastramento

Registo

Resolução RDC n° 24, de 21 de maio de 2009

Resolução RDC n° 185, de 22 de outubro de 2001

116 http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/bzfhttp://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/bzf [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

9 7

Para registo dos produtos das classes III e IV e alguns das classes I e II devem ser apresentados à ANVISA os documentos legais de acordo com a legislação estipulada no Quadro 3.7.37.

Quadro 3.7.37 | Registo de equipamentos médicos – Modelo completo: Classes IV, III + Classe I e II (destinados

a utilização por leigos em ambientes domésticos e presentes na IN nº 02/11)

Documentos Dispositivo Legal Forma apresentação Tipo de fornecedor

Papel Eletrónico Papel Eletrónico

1. Folha de rosto conforme Art. 4º da RDC, nº 124/04117

RDC, nº 124/04, Art 4º (sem numeração)

X

X X

2. Formulário do fabricante ou importador de produtos médicos FFIPM

RDC nº 185/01 Anexo III.A

X X X X

3. Comprovante de pagamento da taxa de vigilância sanitária (original)

RDC nº 185/01 Anexo - Parte 3 Item 5 (a)

X

X X

4. Modelo do rótulo RDC nº 185/01 Anexo III.B

X X X X

5. Modelo das instruções de uso RDC n.º 185/01 Anexo III.B

X X X X

6. Relatório técnico RDC n.º 185/01 Anexo III.C

X

X X

7. Registo ou certificado de livre comércio (CLC) do produto no exterior

RDC n.º 185/01 Anexo - Parte 3 Item 5 (d)

X

X

8. Autorização do fabricante no exterior para comercialização no Brasil

RDC n.º 185/01 Anexo - Parte 3 Item 5 (c)

X

X

9. Regulamento técnico específico: (i) Certificado ou (ii) Aprov. de Modelo INMETRO ou (iii) Rel. Consolidado + Decl. de Inexistência de Capacidade Laboratorial ou (iv) Decl. de Não Aplicabilidade da IN 03/11 no caso de eletromédicos

RDC n.º 185/01 Anexo - Parte 3 Item 5 (e), RDC 27/11, IN 03/11 e Portarias do Inmetro.

X

x X

10. Cópia do Certificado de Boas Práticas de Fabricação e Controle

RDC nº 59/00 e Lei nº 6.360/76

X

x X

11. Tabela comparativa dos produtos para registro em família

RDC n.º 97/00 Art. 2º

X X x X

Adaptado de ANVISA Online118.

118 http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/cpm [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

9 8

O Quadro 3.7.38 refere uma listagem de regulamentação adicional e específica de alguns materiais de

saúde.

Quadro 3.7.38 | Regulamentação específica de materiais de saúde

Materiais Legislação

Bolsas plásticas de sangue (sujeito a registo)

Portaria nº 950/MS/SVS, de 26 de novembro de 1998.

Resolução nº 09/MS/ANVS, de 21 de outubro de 1999.

Dispositivo Intrauterino (DIU) (sujeito a registo) Resolução RDC nº 69, de 21 de dezembro de 2009.

Preservativos masculinos de Latex (sujeito a registo) Resolução RDC nº 62, de 3 de setembro de 2008.

Produtos com matéria-prima oriunda de tecidos/Fluidos de animais ruminantes (sujeito a registo)

Resolução RDC nº 305, de 14 de novembro de 2002.

Resolução RDC nº 68, de 28 de março de 2003.

Materiais para pigmentação artificial permanente da pele (sujeito a registo)

Resolução RDC n° 55, de 6 de agosto de 2008.

Equipos de uso único de transfusão, Equipos infusão gravitacional; Equipos de infusão para uso com bomba de infusão ( sujeito cadastramento)

Resolução RDC n° 04, de 04 de fevereiro de 2011.

Agulhas hipodérmicas e agulhas gengivais (sujeito cadastramento)

Resolução RDC n° 05, de 04 de fevereiro de 2011.

Seringas hipodérmicas estéreis de uso único Resolução RDC n° 03, de 04 de fevereiro de 2011.

Luvas cirúrgicas e luvas de procedimentos não cirúrgicos (sujeito cadastramento)

Resolução RDC n° 05, de 15 de fevereiro de 2008.

Fios têxteis com propriedades térmicas (sujeito cadastramento)

Resolução RDC nº 06, de 23 de fevereiro de 2010.

Material para deteção de endotoxina (sujeito cadastramento)

Resolução RDC nº 301, de 13 de outubro de 2005.

Fonte: ABDI 2012.

Elementos adicionais requeridos para o registo no espaço Mercosul:

Carta de autorização

Embalagens

Certificado de controlo de qualidade

Relatório de biocompatibilidade

Status junto do INFARMED

[Adaptado de US Department of Commerce 2012]

A Lei n º 6.360 de 23 de setembro de 1976 119 estabelece que o registo só pode concedido se o

dispositivo médico for eficaz e seguro. Para solicitar o registo, o fabricante deve apresentar um

relatório técnico, em português, demonstrando a eficácia e a segurança do produto. No caso de a

ANVISA considerar o relatório técnico insuficiente, pode solicitar a avaliação clínica externa e,

eventualmente, ensaios clínicos.

O processo de registo pode ser referente a um equipamento único (apenas um modelo no processo) ou

a uma família de equipamentos (vários modelos no mesmo processo). Neste último caso tem como

119 Consultar em: http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/lei_6360_76.pdf [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

9 9

condições: (i) ser do mesmo fabricante; (ii) ter tecnologia, indicações e precauções semelhantes

(ANVISA, 2010).

A duração do processo de aprovação de um dispositivo médico Classe I, II ou III e IV pela ANVISA varia de 6 a 12 meses120.

Esse prazo inclui a preparação do relatório técnico de registo para a ANVISA e traduções dos documentos associados, caso necessário.

Os Certificados de Registo são válidos por cinco anos.

A ANVISA cobra uma taxa de registo/cadastramento fixada por lei. A taxa de registo passa a ser devida

à ANVISA quando o relatório técnico for submetido, e o valor depende dos seguintes fatores: (i)

natureza da petição (registo, cadastramento, revalidação, alteração, entre outros); (ii) tipo de petição

(agrupamento de produtos ou produto único); (iii) receita anual da empresa.

Passo 4: Peticionamento eletrónico

Após a regularização da empresa junto aos órgãos competentes, a mesma deverá proceder ao pedido

eletrónico no site da ANVISA.

Passo 5: Protocolo

Após a regularização da empresa junto aos órgãos competentes e efetuado o pedido eletrónico, o

pedido deverá ser protocolado junto da Unidade de Atendimento e Protocolo (UNIAP) na sede da

ANVISA (ou outra instituição com finalidade semelhante). Alternativamente, a documentação poderá

ser enviada pelos correios, conforme estabelece a Resolução RDC n° 25, de 16 de junho de 2011121. A

petição primária, após protocolizada, recebe um número de expediente dando origem ao

Processo-mãe. Todos os procedimentos posteriores devem referir essa identificação.

O registo do produto corresponde a uma sequência numérica composta por 11 números. Os sete

primeiros correspondem ao número da Autorização de Funcionamento da Empresa e os quatro últimos

são sequenciais, obedecendo à ordem crescente de registos concedidos para a mesma empresa. Desta

forma, cada registo concedido será representado por uma sequência numérica única.

No atendimento presencial serão protocolizados apenas documentos encaminhados pelos responsáveis legais das empresas ou procuradores devidamente constituídos. É necessário que o representante da empresa tenha em seu poder algum documento de identificação.

Prioridade

Os produtos identificados como prioritários pelo Ministério da Saúde podem solicitar prioridade na análise.

120 http://www.emergogroup.com/pt/services/brazil/registro-anvisa [último acesso: junho 2012] 121 http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/anvisa/108481-25.html [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 0 0

iii | Distribuição e promoção

A distribuição e promoção de dispositivos médicos são enquadrados pela ANVISA.

Distribuição

A Resolução RDC n.º 59 de 27 de junho de 2000122; estabelece as “Boas Práticas de Fabricação,

Armazenamento e Distribuição”. O distribuidor tem de cumprir com os procedimentos de modo a

controlar a qualidade e a localização do produto (tracking) na distribuição utilizando o número de

série. Cada produtor deve manter o registo de distribuidores, clientes e dispositivos enviados. Os

distribuidores necessitam obter um certificado de boas práticas junto da ANVISA para poderem operar

legalmente.

Publicidade

Não há restrições à publicidade e promoção dos dispositivos médicos, desde que o produto esteja em

conformidade com a lei. A ANVISA pode intervir se a publicidade puser em risco a saúde do indivíduo ou

a saúde pública.

3.7.8.1 | Importações e exportações

Os oito principais exportadores de dispositivos médicos para o mercado brasileiro representam cerca de

80% da quota de mercado. Os Estados Unidos lideram o grupo dos países com aproximadamente 36% do

mercado seguidos da China (19%) e da Alemanha (15%) (Figura 3.7.30).

Figura 3.7.30 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de dispositivos

médicos

Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

As importações de dispositivos médicos cresceram entre 2001-2011 a uma taxa anual de 9,15% e

representam atualmente cerca de 1,09% do total das importações brasileiras. Os produtos com

classificação pautal de 9018123 representam cerca de metade das importações de dispositivos médicos

(Quadro 3.7.39). As importações nesta posição pautal são muito concentradas geograficamente; apenas

122 http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2000/59_00rdc.htm [último acesso: junho 2012] 123 A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2.

35,8%

14,6% 8,7%

5,7%

5,3%

4,2%

3,6%

2,9%

19,3%

E.U.A.

Alemanha

China

Japão

Suíça

Irlanda

França

Holanda

Resto do Mundo

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 0 1

3 países (EUA, Alemanha e China) têm perto de 70% do mercado (Figura 3.7.31).

Quadro 3.7.39 | Importações totais brasileiras de dispositivos médicos

Dispositivos médicos

Valor 2001 (mil Euros)

% Taxa crescimento anual*

2001 – 2011

3005 37898,24 2,1% 6,1%

9018 898361,09 50,6% 9,4%

9019 59748,63 3,4% 17,3%

9020 10044,98 0,6% 3,5%

9021 472635,22 26,6% 15,6%

9022 251818,01 14,2% 2,5%

9025 23791,76 1,3% 4,4%

9402 22953,18 1,3% 8,2%

Total 1777251,11 100% 9,3%

Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

Figura 3.7.31 | Quota de mercado dos maiores exportadores para o mercado brasileiro de dispositivos

médicos – Posição pautal 9018

Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

O segmento que mais cresce é o dos produtos com classificação pautal 9019, mas o seu peso nas

importações totais não é relevante. Já os produtos ortopédicos, classificados em 9021 cresceram a uma

taxa composta de 15,6% e representam atualmente cerca de 29% do mercado. Em ambas as posições

pautais a exportação portuguesa é inexistente.

Considerando a agregação da ABIMO 124 as importações assentam em produtos para laboratórios e

124 A ABIMO adota uma classificação baseada nos mercados atendidos, nas seguintes categorias: odontologia, laboratório, radiologia, equipamentos médico-hospitalares, implantes e material de consumo. Note-se que os valores apresentados pela ABIMO não coincidem com os dados do ITC.

35,8%

14,6% 8,7%

5,7%

5,3%

4,2%

3,6%

2,9%

19,3%

E.U.A.

Alemanha

China

Japão

Suíça

Irlanda

França

Holanda

Resto do Mundo

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 0 2

consumíveis, representando quase metade da exportação (48%). Os restantes mercados, com exceção

da radiologia, têm menor expressão mas apresentam ritmos de crescimento importantes. Entre 2006 e

2010 o segmento de implantes foi o que mais se destacou tendo aumentado as suas vendas em 122%

(ABIMO, online). O Quadro 3.7.40 detalha os produtos importados entre 2006 a 2011. Reagentes e

material de consumo são os principais produtos importados.

Quadro 3.7.40 | Importações por grupo (milhares de Dólares)

2006 2007 2008 2009 2010 2011

Odontologia 26.545 36.158 44.339 45.821 59.271 79.916

Laboratório 359.533 558.063 697.130 719.974 883.758 1.035.864

Radiologia 381.061 504.884 589.504 539.200 681.398 717.854

Equipamento Médico-Hospitalar 232.735 297.656 443.771 439.262 726.193 684.127

Implantes 266.065 344.221 418.304 452.951 550.486 628.646

Consumíveis 324.923 426.896 542.374 575.659 765.969 919.935

Total 1.590.862 2.167.879 2.735.424 2.772.865 3.667.075 4.066.342

Fonte: ABIMO, Online125.

Com o crescimento do setor privado no Brasil é esperado que as importações possam crescer, apesar

dos incentivos à substituição das importações. Há poucos produtores de alta qualidade em dispositivos

avançados e o mercado cresce baseado nas importações. Mais de 80% dos produtos hospitalares não

têm similar produzido no Brasil e têm de ser importados (US Department of Commerce, 2004). Em

2009, 68% das importações de dispositivos médicos de alta tecnologia foram importados da Europa e

dos EUA. Alguns dos segmentos dos dispositivos são parte do conjunto de setores incluídos no subsetor

de tecnologias de informação e comunicação e podem habilitar-se ao conjunto dos benefícios previstos

na legislação de informação126 (Quadro 3.7.41).

Quadro 3.7.41 | Produtos importados

Item Milhões de Dólares

Outros reagentes de uso laboratorial ou diagnóstico 111,8

Sondas, cateteres e cânulas (material de consumo) 82,5

Ressonância magnética 74,5

Outros instrumentos de medição, análise ou ensaio 69,8

Ultrassom com Doppler 69,1

Stent revestido de aço 67,8

Luvas de borracha vulcanizada – não endurecida 66,8

Aparelhos de uso geral em medicina 64,6

Tomografia computadorizada 47,7

Aparelho auditivo – circuito eletrónico 32,7

Fonte: Leão et al., 2008.

125 http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012] 126 http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/02/16/governo-vai-utilizar-poder-de-compra-para-beneficiar-setor-de-tecnologia-da-informacao [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 0 3

O mercado brasileiro apresenta oportunidades importantes em produtos médicos avançados, de diagnóstico, implantes e componentes.

Portugal tem um valor residual no mercado brasileiro, com as vendas a não atingirem os €2 milhões.

Em termos de volume de vendas, não representam mais do que 0,04% do total das exportações

portuguesas para o mercado e 0,01% das exportações portuguesas do setor. A quota de mercado de

Portugal no setor é, em consequência, pequena não ultrapassando os 0,11%. As (poucas) exportações

portuguesas correspondem essencialmente a materiais elétricos (9018) e de materiais consumíveis

(3005) (Quadro 3.7.42).

Quadro 3.7.42 | Exportações portuguesas de dispositivos médicos para o Brasil

Dispositivos médicos

Valor (mil Euros)

Quota de mercado Taxa de crescimento anual*

2001 – 2011

3005 66,05 0,17% 25,7%

9018 1889,67 0,21% 28,4%

9019 0 0 -

9020 0 0 -

9021 0 0 -

9022 0 0 -

9025 2,15 6,7%

9402 0 0 -

Total 1957,87 0,11% 28,2%

Nota: A descrição das posições pautais encontra-se no Anexo 2. *Taxa de crescimento anual composta. Fonte: ITC. Dados de junho de 2012.

No âmbito do CIS, a Portaria nº 1.284 de 26 de maio de 2010, lista os dispositivos médicos,

considerados prioritários (Quadro 3.7.43). Os critérios de inclusão na lista incluíram os custos elevados

para o SUS, a dependência de importações e o desafio tecnológico. Tal como nos produtos

farmacêuticos, além do apoio à investigação, os produtos incluídos na lista têm processos de compra

pública e importação simplificados. A Vinheta refere o exemplo de uma empresa portuguesa que foi

bem-sucedida na sua abordagem ao mercado brasileiro.

Há oportunidades claras para a realização de parcerias para a investigação e produção de dispositivos prioritários.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 0 4

VINHETA

PRONEFRO: Contornar dificuldades no processo de internacionalização

Setor de atividade: Empresa especializada no fabrico de dispositivos médicos para hemodiálise

Localização: Maia

Dimensão (2011): 81 colaboradores

Mercados: Com filiais no Brasil e em Espanha, a Pronefro tem como objetivo expandir a sua atividade na Europa

(nomeadamente na Polónia, Áustria e Hungria), América do Sul e África.

Outra informação relevante: Foi criada em 1983, tendo posteriormente sido adquirida em maio de 2006 por um

grupo de investidores portugueses.

Como plataforma de atuação, a Pronefro dedica especial atenção aos padrões de qualidade em todos os níveis de

produção. O seu sistema de qualidade está certificado com a NP EN ISO: 9001:2008 e ISO 13485:2003.

No que se refere à estratégia de internacionalização da empresa, há um elemento marcante neste processo

quando, em 1999, uma ex-colaboradora de um cliente da Pronefro foi convidada a montar a Pronefro Brasil,

tendo sido o projeto concretizado em 2001. No entanto, só a partir de 2006 é que esta filial provou ser uma

aposta sólida da casa. Desde 2006, a filial brasileira tem vindo a crescer a um ritmo significativo sobretudo

devido à sua capacidade de armazenamento e às crescentes solicitações de um mercado em pleno crescimento.

Uma das primeiras dificuldades com que se deparou no Brasil foi a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) para a comercialização dos produtos para hemodiálise em território brasileiro. Para

ultrapassar esta dificuldade, levou a cabo a aquisição temporária de licenças de empresas brasileiras de modo a

introduzir o seu produto no mercado de forma bastante expedita, enquanto a aprovação decorria na ANVISA.

Adicionalmente, a Pronefro contratou um despachante para dar apoio aos assuntos relacionados com alfândega

(verificação da fatura; cadastro na ANVISA; licença de importação, etc.) evitando deste modo que as mercadorias

ficassem retidas no porto. Em 2012, o Brasil passou a representar 55% das vendas, sem necessidade de unidade

de produção local.

A entrada num mercado como o brasileiro tornou necessária a identificação de parceiros locais que inspirassem

alguma confiança e, sobretudo, como foi referido, que dessem apoio nos portos de desembarque, onde as

mercadorias poderiam ficar retidas durantes meses.

Fontes: Dados primários; site da empresa.

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 0 5

Quadro 3.7.43 | Dispositivos estratégicos prioritários (Portaria 1.284 de 2010)

Categoria I – Dispositivo médico

Grupo Produto médico

1 Produto médico ativo para diagnóstico

1.1 Equipamento de diagnóstico por imagem

1.1.1 Aparelho de Endoscopia, flexível ou rígido

1.1.2 Aparelho de Ultrassom para diagnóstico

1.2 Equipamento para diagnóstico in vitro

1.2.1 Equipamento que gere diretamente resultados de diagnóstico in vitro

2 Produto médico ativo para terapia

2.1 Equipamento de Diálise

2.1.1 Equipamento para hemodiálise e acessórios

2.2 Equipamento para terapia em geral

2.2.1 Aparelhos de Amplificação Sonora Individual – AASI (aparelho auditivo)

3 Produto médico implantável

3.1 Equipamento implantável

3.1.1 Implante coclear com gerador elétrico

3.1.2 Marcapasso, Cardioversor e Desfibrilador

3.2 Material/artigo/dispositivo implantável

3.2.1 Dispositivo Intrauterino - DIU

3.2.2 Filtro de veia cava

3.2.3 Implantes cocleares com componentes apenas mecânicos

3.2.4 Próteses de quadril e joelho com tecnologia de recobrimento poroso aplicado na sua superfície

3.2.5 Stent coronariano

4 Produto médico ativo de apoio médico-hospitalar

4.1 Centrífuga refrigerada para bolsa de sangue

4.2 Freezer/Conservador de ultrabaixa temperatura para amostras, sangue, vacinas

4.3 Simuladores para equipamentos de diagnóstico por imagem

5 Produto médico não ativo de apoio médico-hospitalar

5.1 Bolsa para coleta e armazenamento de sangue humano

5.2 Dialisadores, agulhas de fístulas e linhas para hemodiálise

5.3 Dispositivos médicos utilizados na contraceção ou para prevenção da transmissão de doenças sexualmente transmissíveis

5.4 Luvas sintéticas de procedimento e cirúrgicas

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

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Quadro 3.7.43 | Dispositivos estratégicos prioritários (Portaria 1.284 de 2010) (cont.)

Categoria I – Dispositivo médico

Grupo Produto médico

6 Produtos para Diagnóstico de Uso in vitro

6.1 Conjuntos diagnósticos para deteção das doenças e insumos para sua produção

6.1.1 AIDS

6.1.2 Botulismo

6.1.3 Dengue

6.1.4 Difteria

6.1.5 Doença de chagas aguda (DCA)

6.1.6 Febre do Nilo Ocidental (FNO)

6.1.7 Febre Maculosa Brasileira (FMB)

6.1.8 Hanseníase

6.1.9 Hantavirose

6.1.10 Hepatites

6.1.11 Influenza

6.1.12 Leishmaniose tegumentar

6.1.13 Leishmaniose visceral

6.1.14 Malária

6.1.15 Tuberculose

Categoria II – Dispositivo em geral de apoio à saúde

7.1 Equipamentos para testes e avaliação da segurança e desempenho de equipamentos elétricos sob regime de vigilância sanitária, conforme especificações das normas da série ABNT NBR IEC 60601

Apesar da evolução registada em matéria de promoção do setor, o país apresentava em 2010 um défice

comercial de cerca de US$3 mil milhões. O défice cresce a um ritmo de 27% ano. Apesar da

persistência do défice, os produtos brasileiros começam a ganhar afirmação no mercado mundial. De

acordo com os dados da ABIMO (online 127), mais de metade das empresas (57%) exporta e dessas 82%

tem uma estrutura de exportação montada. Entre 2006 e 2011 o volume de exportação aumentou

aproximadamente 60%. Os implantes foram a área com maior crescimento, representando atualmente

cerca de 17% das exportações brasileiras. Os consumíveis representam, no entanto, mais de metade

das exportações (Quadro 3.7.44).

127 http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 0 7

Quadro 3.7.44 | Exportação (milhares de Dólares)

2006 2007 2008 2009 2010 2011

Odontologia 64.476,00 82.867,60 82.509,44 70.434,18 84.457,55 86.204,25

Laboratório 30.916,00 29.459,05 37.487,15 31.988,01 55.836,25 63.248,96

Radiologia 24.258,00 22.027,38 28.817,77 22.610,05 25.220,71 24.055,63

Equipamento médico-hospitalar

40.756,00 58.948,88 61.489,22 45.998,47 47.256,11 71.578,31

Implantes 55.219,00 80.572,58 88.397,99 94.754,61 103.576,05 122.772,45

Consumíveis 226.264,00 254.853,46 282.163,59 275.324,54 316.709,96 339.210,27

Total 441.889,00 528.728,95 580.865,16 541.109,86 633.056,63 707.069,87

Fonte: ABIMO, online128.

3.7.8.2 | Identificação de oportunidades e desafios: dispositivos médicos

O setor de dispositivos médicos brasileiro apresenta várias oportunidades e desafios. A Figura 3.7.32

resume oportunidades e desafios identificados relativos ao setor. Salientam-se, em particular, os

produtos ortopédicos, a saúde da mulher e os equipamentos tecnologicamente avançados.

A classificação pautal 9021 engloba “Artigos e aparelhos ortopédicos, incluindo as cintas e ligaduras

médico-cirúrgicas e as muletas; talas, goteiras e outros artigos e aparelhos para fraturas; artigos e

aparelhos de prótese; aparelhos para facilitar a audição e outros aparelhos para compensar

deficiências ou enfermidades, que se destinam a ser transportados à mão ou sobre as pessoas ou a ser

implantados no organismo”. Este é o segundo maior segmento do mercado que mais cresce. Cerca de

19 empresas portuguesas já exportam para o mercado (Lista das maiores exportadoras).

Adicionalmente, o mercado relativo à saúde da mulher tem vindo a aumentar, como evidencia o

crescimento do número de mamografias e citologias129. No âmbito do SUS, em 2008, 2,68 milhões de

mulheres fizeram rastreio ao cancro da mama, correspondendo a uma despesa de R$ 129,22 milhões.

Existem 3.877 equipamentos de mamografia em todas as regiões do país, tanto do SUS, quanto em

clínicas privadas (Ministério da Saúde, online130). O Ministério da Saúde também anunciou a meta de

estruturar 50 novos centros para tratamento do cancro de mama até 2014, além de um programa

nacional de mamografia móvel131.

128 http://www.abimo.org.br/modules/content/content.php?page=dados-economicos [último acesso: junho 2012] 129 http://www.shavconsulting.com/?categoryId=8833[último acesso: junho 2012] 130 http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=33891 [último acesso: junho 2012] 131 http://www.sbmastologia.com.br/cancer-de-mama/cirurgia-cancer-de-mama/situacao-dos-mamografos-sus-54.htm [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 0 8

Por fim, destacam-se também os equipamentos tecnologicamente avançados. A resolução normativa

pela Agência Nacional de Saúde Suplementar RN 211, de janeiro de 2010 e a resolução RN Nº 262, de 1

de agosto de 2011132, atualizaram o conjunto de procedimentos e eventos que os planos de saúde são

obrigados a cobrir. Estes incluem itens com preços elevados. A cobertura englobou exames como o

PET-scan, oxigenoterapia-hiperbárica, capilaroscopia periungueal, procedimentos realizados por laser,

radiofrequência, robótica, neuronavegação e endoscopias, entre outros 133 . Estas atualizações

potenciam as oportunidades do setor.

Produtos inovadores direcionados a nichos de mercado têm forte potencial no mercado brasileiro. Os responsáveis do setor percecionam como barreiras a dificuldade em atingir escala e a dificuldade de acesso ao financiamento.

Fonte: dados primários

132 Disponível em http://www.ans.gov.br/texto_lei.php?id=1575/ [último acesso: junho 2012]. Parcialmente revogada pela Resolução Normativa - RN Nº 262, de 1 de agosto de 2011. http://www.ans.gov.br/index2.php?option=com_legislacao&view=legislacao&task=TextoLei&format=raw&id=1786 [último acesso: junho 2012] 133 Para uma listagem organizada dos procedimentos autorizados ver http://www.abramge.com.br/conteudo.aspx?conteudoID=135 [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 0 9

Figura 3.7.32 | Oportunidades e desafios do setor de dispositivos médicos

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 1 0

3.7.9 | Medicina personalizada

A definição dos limites da medicina personalizada e do seu setor de actividade e empresarial não é

consensual. Duas das mais importantes consultoras da área (PricewaterhouseCoopers e Renub Research134)

consideram nos seus relatórios sobre medicina personalizada as áreas de cuidados personalizados

(telemedicina, Tics, serviços de gestão da doença nutrição e bem-estar). Na organização deste relatório,

optámos por considerar esta definição ampla.

A medicina personalizada é, ainda, uma atividade incipiente no Brasil. De facto, não há muitos dados

sobre os desenvolvimentos na área. No entanto, notícias publicadas na internet sugerem um interesse

crescente dos centros de investigação e das empresas pela medicina personalizada. Destacam-se as

Tecnologias de Informação na Saúde e a Bioinformática.

3.7.9.1 | Tecnologias de Informação na Saúde: telemedicina e e-health

Embora difícil de quantificar, a situação atual das aplicações de Tecnologia de Informação (TI) em saúde

tem, de um modo geral, apresentado desenvolvimentos consideráveis135

. O Brasil é um dos maiores

mercados de TI entre os países emergentes (US Department of Commerce, 2011a). O crescimento do setor

aplicado à saúde é potenciado pela extensão do país e pela baixa cobertura de médicos em algumas

regiões (estando grande parte concentrados nas 20 maiores cidades). No entanto, a baixa informatização e

alfabetização das populações em algumas regiões associadas a custos de entrada, criam barreiras

importantes à difusão do setor.

A maioria dos grandes hospitais utiliza alguma forma de telemedicina. Empresas produtoras de

equipamentos de imagem de diagnóstico fomentam soluções de integração de sistemas, sendo este um

mercado crescente. Empresas fornecedoras nacionais incluem Tecso Informática136, Quasar137, ITMS138. Os

grandes concorrentes internacionais incluem a Siemens, Toshiba, Philips e GE Medical Systems. Esta é uma

área em que Portugal tem possibilidades de crescer.

O mercado de e-health também está em crescimento. As aplicações mais comuns no Brasil são nas áreas

da Cardiologia, Radiologia, Psicologia Clínica e Patologia.

134 http://www.marketresearch.com/Renub-Research-v3619/Personalized-Medicine-Worldwide-Segments-Technologies-6130367/ [último acesso: junho 2012] 135 O segmento da TI movimentou US$ 81 bilhões em 2010; número equivalente a 4% do PIB [International Data Corporation (IDC)]. Para 2020, a projeção da Brasscom é que o mercado interno de TI alcançará entre US$ 150 bilhões e US$ 200 bilhões, o que elevará a participação do setor no PIB entre 5,5% e 6%. Ver http://www.empreendedor.com.br/noticias/brasil-%C3%A9-o-sexto-maior-em-ti-diz-idc [último acesso: junho 2012] 136 http://www.tecso.com.br/aempresa.htm [último acesso: junho 2012] 137 http://www.quasartm.com.br/index.htm [último acesso: junho 2012] 138 http://www.itms.com.br/sitio/ [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 1 1

i | Projetos de telemedicina e e-health

Ainda em fase de crescimento, multiplicam-se no país iniciativas privadas, governamentais e conjuntas de

telemedicina e e-health. Listam-se de seguida alguns exemplos:

Cartão Único de Saúde (SUS);

Programa de Telemedicina na saúde da família;

Projeto Telesaúde Amazon (SIVAM)139;

Projeto Telesaúde Rondônia;

Oncopediatria: Projeto de Telesaúde em Oncologia Pediátrica;

Telecardio – Telecardiologia;

Minas Telecardio;

Consórcio de Edumed.net.

Antecipando o surgimento de Tecnologias de Informação as instituições mais envolvidas criaram mecanismos de suporte institucional para o setor. De realçar:

Regulação ética e profissional da telemedicina e ficheiro eletrónico do paciente pelo Conselho Federal de Medicina em 2002;

Criação de um departamento para a informação e informatização da saúde, no Ministério da Saúde em 2002.

Fonte: http://www.sabbatini.com/renato/slides/telehealth-brazil.pdf [último acesso: junho 2012]

ii | Associações

Existe algum associativismo empresarial na área.

Associações empresariais da área (exemplos)

Sociedade Brasileira de Informática em Saúde: http://www.sbis.org.br/

Rede Universitária de Telemedicina (RUTE): http://rute.rnp.br/

Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (CBTms): http://www.cbtms.org.br/institucional/default.aspx

Sites com interesse para consulta:

Instituto Edumed: http://www.edumed.net/

Telemedicina: http://www.telemedicina.org.br

Telesaúde: http://www.telesaude.org.br

Telemedicine Newsletter: http://www.yahoogroups.com/group/telemednewsletter

[último acesso: junho 2012]

139 http://www.edumed.net/Paginas/amazon/index-p.html [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 1 2

iii | Programas públicos

Política nacional de informatização

Em 2004, o Ministério da Saúde definiu a elaboração da política de informação e informática em saúde

como um dos seus objetivos setoriais prioritários. A principal consequência dessa política foi a criação do

cartão de saúde.

A Política Nacional de Informação e Informática em Saúde pode ser consultada em:

http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/APRESENTACAO/PoliticaInformacaoSaude29_03_2004.pdf [último acesso: junho 2012]

Em paralelo, nos últimos anos, tem-se aprofundado o quadro legal e os apoios do Estado ao setor de

Tecnologias da Informação com aplicação aos cuidados de saúde. A principal peça legislativa é a Lei de

Informática que apesar de não ser apenas para produtos informáticos aplicados à saúde, tem um grande

impacto neste setor.

A Lei de Informática140 (lei nº Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001) é a principal fonte de estímulo

fiscal para as empresas que fabricam no Brasil produtos com tecnologia informática, incluindo produtos

com aplicações médico-hospitalares. As indústrias que atendem às exigências de fabricação de acordo com

um “Processo Produtivo Básico” recebem incentivos fiscais federais, de redução do imposto sobre os

produtos industrializados (IPI). Em contrapartida, estas indústrias investem 5% das suas receitas líquidas

em atividades de I&D em laboratórios próprios ou em instituições de investigação externas. Muitos estados

complementam os incentivos federais com incentivos estaduais de redução do imposto sobre circulação de

mercadorias.

Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade em Software

O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade em Software141 visa o aumento da competitividade

estimulando a adoção de normas, métodos, técnicas e ferramentas da qualidade e da Engenharia de

Software.

Informações detalhadas sobre o programa podem ser encontradas no site do Ministério da Ciência e Tecnologia em:

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/2867.html [último acesso: junho 2012]

Financiamentos públicos

Os financiamentos públicos aos setores advêm em particular de três fundos:

a) Fust: Fundo de universalização das telecomunicações. Imposto de 1% em todas as contas de

telecomunicações. Para ser aplicada em várias áreas incluindo e-health. [Informações adicionais

em: http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=30.46.10 [último acesso junho de 2012];

b) FUNTTEL: Fundo de desenvolvimento das telecomunicações: 0,5% de imposto em todas as contas

de telecomunicações;

c) CT-INFO - Fundo Setorial para Tecnologia da Informação.

140 http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/4644.html [último acesso: junho 2012] 141 http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/2867.html [último acesso: junho 2012]

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 1 3

Entre 2008 e 2009 foram investidos mais R$36 milhões de dinheiros públicos, resultando numa cobertura de 20% dos municípios brasileiros e envolvendo aproximadamente 30 mil profissionais de saúde (ABDI,2010).

3.7.9.1 | Bioinformática

A Bioinformática foi introduzida no Brasil em 1999 por meio do sequenciamento do DNA da bactéria

XYLELLA pelo Laboratório de Bioinformática (LBI) do Instituto de Computação da Universidade Estadual de

Campinas (Unicamp) (ABDI, 2010). Contrariamente ao prevalecente no resto do mundo, no Brasil a

bioinformática encontra-se mais associada à indústria agrícola e à pecuária do que à saúde (ABDI, 2010).

O país apresenta um potencial elevado na área. Existe um considerável número de laboratórios de

bioinformática (Quadro 3.7.45). Grande parte destes está ligado a universidades e o setor tem registado

um grande interesse comercial. Nas empresas destaca-se a Scylla Bioinformática que tem uma parceria

com a StabVida 142 . O Quadro 3.7.46 apresenta uma lista de outros atores de interesse na área da

bioinformática.

142 http://scylla.com.br/ [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 1 4

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1 1 5

Quadro 3.7.45 | Principais laboratórios de bioinformática do Brasil

Laboratórios Sites

Pólo de Biologia Computacional e Sistemas- Fiocruz http://pbcs.ioc.fiocruz.br/

Centro APTA Citros "Sylvio Moreira" (IAC)

Laboratório de Bioinformática - Centro APTA Citros

http://www.centrodecitricultura.br/

http://biotecnologia.centrodecitricultura.br/

Centro de Pesquisas René Rachou - FIOCRUZ-MG (CPqRR)

Laboratório de Bioinformática do CPqRR - Dr. Guilherme Oliveira's Lab

CEBio - Centro de Excelência em Bioinformática

http://www.cpqrr.fiocruz.br/

http://bioinfo.cpqrr.

http://www.cebio.org/

Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer (ILPC)

Laboratório de Biologia Computacional

http://www.ludwig.org.br/

http://www.compbio.ludwig.org.br/

Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC)

Laboratório de Bioinformática do LNCC

http://www.lncc.br/

http://www.labinfo.lncc.br/

Núcleo de Genómica e Bioinformática (NUGEN) - Universidade Estadual do Ceara (UECE)

Laboratório de Bioinformática e Biologia Computacional, NUGEN/UECE

http://nugen.uece.br/

http://nugen.uece.br/?p=labbioinfo/

Universidade de Brasília (UnB)

Laboratório de Bioinformática

http://www.unb.br/

http://www.biomol.unb.br/bl

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

Laboratório de Bioinformática - LABI

http://www.unioeste.br/

http://www.labi.pti.org.br/

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) Laboratório de Bioinformática da UESC

http://www.uesc.br/

http://labbi.uesc.br/

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Laboratório de Biodados http://www.ufmg.br/

http://biodados.icb.ufmg.br/

Universidade Federal do Pará (UFPA)

Laboratório de Genética Humana e Médica

http://www.ufpa.br/

http://www.lghm.ufpa.br/bioinformatica

Bioinformática da UFPR

Instituto de Biologia Molecular do Paraná - Curitiba-PR(IBMP)

Laboratório de Bioinformática e Biologia Computacional

http://www.bioinfo.ufpr.br/

http://www.ibmp.org.br/

http://www.ibmp.org.br/bioinfo.php/

Laboratório de Bioinformática da UTFPR http://bioinfo.cpgei.ct.utfpr.edu.br/

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Núcleo de Bioinformática do Laboratório de Imunogénica

Grupo de Bioinformática Estrutural

http://www.ufrgs.br/ufrgs/

http://imunoinfo.blogspot.com/

http://www.cbiot.ufrgs.br/bioinfo/

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Laboratório de Biotecnologia Sustentável e Bioinformática Microbiana, IMPPG, (UFRJ)

http://www.ufrj.br/

http://www.lbsbm.microbiologia.ufrj.br/

Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Laboratório de Bioinformática do Bioagro

http://www.ufv.br/

http://www.ufv.br/dbg/genes/genes.htm

Universidade de São Paulo (USP)

Laboratório de Genética Molecular e Bioinformática

LabPIB - Laboratório de Processamento de Informação Biológica

http://lgmb.fmrp.usp.br/

http://lgmb.fmrp.usp.br/

http://labpib.fmrp.usp.br/

Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto(USP)

Grupo de Bioinformática, Laboratório de Bioinformática - Departamento de Genética

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

http://www.ribeirao.usp.br/

http://gbi.fmrp.usp.br/

http://www.fmrp.usp.br

[último acesso: junho 2012]

Fonte: Adaptado de ABDI 2010.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 1 6

Quadro 3.7.46 | Outros atores nacionais do setor

Atores Projetos/produtos Site

LNSL- Laboratório Nacional de Luz Síncrotron

Redes de Proteómica http://www.lnls.br

UFRJ/FAPERJ Redes de Proteómica http://www.faperj.br/interna.phtml?obj_id=219

Cooperation for Analysis of Gene Expression(CAGE)

DNA Chips e Microarrays - projetos de ESTs e de microarray

http://bioinfo.iq.usp.br/ e http://www.vision.ime.usp.br/~cage/

Projeto Genoma Raízes da Embrapa Soja

DNA Chips e Microarrays - projetos de ESTs e de microarray

http://www.cnpab.embrapa.br/pesquisas/gp.html

Laboratório de Bioinformática LABINFO (LNCC)

O Laboratório de Bioinformática pertencente ao Ministério da Ciência e Tecnologia

http://www.labinfo.lncc.br/

Congresso Brasileiro de Genética Congresso Nacional

Sociedade Brasileira de Genética

http://www.sbg.org.br

Simpósio Brasileiro em Bioinformática Congresso Nacional

Sociedade Brasileira de Computação

http://www.unisinos.br/simposio/bsb/index_port.php

BIT Bit é um Laboratório do Hemocentro da Fundação (Hemocentro) e é dedicado à Bioinformática.

http://lgmb.fmrp.usp.br/bit/?ptitle=Home

[último acesso: junho 2012]

Fonte: Adaptado de ABDI 2010.

3.7.9.2 | Identificação de oportunidades: medicina personalizada

A medicina personalizada é ainda uma atividade incipiente no Brasil. No entanto, há um interesse

crescente dos centros de investigação e das empresas pela área. O mercado da medicina personalizada no

Brasil tem um grande potencial e está em crescimento. Trata-se de uma área que tem apresentado um

forte apoio do setor público. No entanto, e de um modo semelhante aos restantes subsetores, este

mercado apresenta desafios, tais como: as fortes barreiras protecionistas, a competitividade do mercado

interno, um sistema regulatório ainda insuficiente, custos de entrada e barreiras de infraestrutura, e

utilização limitada de tecnologia pela população em geral.

O mercado da medicina personalizada poderá constituir uma oportunidade relevante para as empresas portuguesas pois existe a possibilidade de entrada sem necessidade de grande escala.

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 1 7

3.7.10 | Ambient assisted living

Atualmente o mercado de Ambient Assisted Living brasileiro é pequeno pela relativa juventude da

população e falta de cobertura do SUS em soluções mais tecnológicas. No entanto, o envelhecimento da

população, o aumento de famílias unipessoais e sem filhos (IBEP, 2010), assim como, o desenvolvimento e

uso de tecnologias, deverão contribuir para o desenvolvimento do setor AAL. Em particular, o setor dos

cuidados de saúde domiciliários cresce com base na elevada cobertura dos seguros privados.

3.7.10.1 | Mercado dos cuidados domiciliários

A prevalência de doenças crónicas torna o mercado dos cuidados de saúde em casa um segmento atraente.

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Medicina Domiciliar (ABEMID) cerca de 5000

brasileiros recebem tratamentos domiciliários143, o que é um número relativamente pequeno. O número

de empresas que opera no mercado é igualmente pequeno (Wilson, 2011; PwC, online). Com o

envelhecimento da população, é esperado que o mercado cresça significativamente nos próximos anos a

uma média de 15 a 25% ao ano (Wilson, 2011).

Um dos fatores de estímulo é a recente regulamentação do setor. Em 2003, o Conselho Federal de

Medicina aprovou a resolução que estabelece as regras para o funcionamento das empresas do setor de

cuidados domiciliários. No mesmo ano, a ANVISA abriu a consulta pública para criação de normas técnicas

para a atividade. Em 2006 (Resolução RDC nº11 de 26 de janeiro de 2006144) a ANVISA publicou a primeira

regulamentação do setor.

Um segundo fator de estímulo é a elevada comparticipação dos seguros. As seguradoras privadas cobrem

praticamente todos os custos (99%)145 associados aos cuidados domiciliários (Moti, 2010; US Department of

Commerce, 2011a). Em 2011 o SUS ampliou a assistência a pacientes com a possibilidade de terminarem

em casa a recuperação do tratamento hospitalar. O Governo Federal garante recursos para o

financiamento de 80% dos custos do serviço (Portaria 2.020 de 24 de agosto de 2011)146.

143 http://dgi.unifesp.br/sites/comunicacao/index.php?c=Noticia&m=ler&cod=4691de03 [último acesso: junho 2012] 144 http://www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/legislacao-sanitaria/estabelecimentos-de-saude/atencao-domiciliar/ANVISA11.pdf [último acesso: junho 2012] 145 http://www.elhospital.com/eh/secciones/EH/ES/MAIN/IN/ESTUDIOS_CASO/doc_83893_HTML.html?idDocumento=83893 [último acesso: junho 2012] 146 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2029_24_08_2011.html [último acesso: junho 2012]

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 1 8

3.7.10.2 | Identificação de oportunidades: Ambient Assisted Living

O AAL é ainda uma área emergente no Brasil. Atualmente o mercado é pequeno pela relativa juventude da

população e falta de cobertura do SUS em soluções mais tecnológicas. No entanto, espera-se que o

envelhecimento da população, o aumento de famílias unipessoais e sem filhos e o desenvolvimento e uso

de tecnologias, contribuam para o desenvolvimento de soluções de AAL.

Em particular, o setor dos cuidados de saúde domiciliários cresce com base na elevada prevalência de

doenças crónicas, cobertura dos seguros privados e a recente regulamentação do setor. O mercado dos

cuidados de saúde em casa é um segmento atraente, embora ainda um número relativamente pequeno de

brasileiros recebam tratamentos domiciliários. O SUS ampliou a assistência a pacientes com a

possibilidade de terminarem em casa a recuperação do tratamento hospitalar.

Este setor poderá constituir uma oportunidade relevante para as empresas portuguesas uma vez que não

exige a necessidade de grande escala. O número de empresas brasileiras a operar no mercado é

relativamente pequeno e com pouca concorrência, havendo um forte potencial para parcerias.

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

1 1 9

3.7.11 | Oportunidades e desafios do setor da saúde no Brasil

O Brasil apresenta oportunidades e também desafios à entrada das empresas portuguesas do setor da

saúde. Tendo em linha de conta a apreciação realizada sobre os players da saúde em Portugal e neste

caderno, a Figura 3.7.33 traça algumas das oportunidades e desafios que podem surgir na abordagem ao

mercado Brasileiro.

Figura 3.7.33 | Oportunidades e desafios do setor da saúde brasileiro

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

1 2 0

Salientam-se os seguintes pontos relativos ao mercado brasileiro da saúde com maior pormenor.

Dimensão do mercado

O Brasil representa um mercado na área da saúde com grande potencial e em crescimento. Por um lado, o

Brasil tem uma grande dimensão física (geográfica, populacional, etc.). Por outro lado, a sua economia

tem apresentado um crescimento do PIB com capacidade de investimento e desenvolvimento do setor

industrial. No âmbito da saúde, e apesar dos padrões de consumo serem ainda muito desequilibrados, tem

havido nos últimos anos um aumento generalizado do acesso aos cuidados de saúde. Em termos de

mercado potencial corresponde a uma população de cerca de 190 milhões de pessoas.

Ocidentalização do quadro demográfico e epidemiológico

O quadro demográfico e epidemiológico brasileiro é muito semelhante ao dos países ocidentais, incluindo

Portugal. Tal aspeto traz familiaridade por parte das empresas com o tipo de questões e problemas

levantados. Por exemplo, o envelhecimento da população implicará a necessidade de recurso a um

conjunto de produtos e serviços que se encontram em franca expansão nas economias desenvolvidas. Em

setores como a medicina personalizada e o AAL, um mercado emergente como o brasileiro com parca

resposta industrial poderá constituir uma oportunidade relevante.

Investimento no setor e acesso ao crédito diferenciado

Tem-se verificado um crescimento do investimento público crescente em I&D. Apesar de maioritariamente

destinado a empresas nacionais, este pode representar uma oportunidade para as empresas portuguesas

que optem por estabelecer parcerias com as nacionais brasileiras. As universidades através dos seus

centros de investigação também deverão considerar a sua entrada neste mercado. De notar que há crédito

diferenciado disponível.

Entrada para outros mercados da América Latina

No quadro das relações multilaterais o Brasil é membro da Organização Mundial de Comércio e signatário

de diversos acordos, incluindo o Technical Barriers to Trade. Destaque-se a participação no Mercosul. A

localização geográfica e o acordo regional tornam o país atrativo como plataforma de acesso à América

Latina. Assim, os exportadores/investidores no Brasil devem ver o país no contexto do Mercosul e como

porta de entrada para outros países do Mercosul.

Outros fatores

O conhecimento da língua e da cultura podem tornar o mercado brasileiro atrativo para os empresários

portugueses. A comunicação facilitada juntamente com a familiaridade cultural podem facilitar a

aproximação entre ambas as partes envolvidas. No entanto, estes fatores por si só não criam

necessariamente trocas bem-sucedidas.

Outros fatores circunstanciais podem, ainda, constituir pontos de atração do mercado. Por exemplo, a

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

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sobrevalorização da moeda torna este período oportuno para a exportação de produtos para o Brasil

beneficiando de taxas de câmbio favoráveis.

O mercado também apresenta desafios. De facto, alguns fatores criam barreiras à entrada de empresas

estrangeiras tornando o ambiente de negócios complexo. A economia é, ainda, informal em alguns

segmentos e há uma forte presença do Estado. O mercado, por seu lado, é muito assimétrico persistindo

uma grande desigualdade socioeconómica e demográfica, e deficiência de qualificações no trabalho em

algumas áreas. Destacam-se um conjunto de desafios a vários níveis:

Protecionismo do Estado: excesso de envolvimento do Estado no setor, estrutura administrativa

pesada, complexidade do sistema fiscal e do sistema judiciário, sistema regulatório dispendioso,

rigidez na organização e financiamento do sistema de saúde público;

Financiamento limitado: acesso limitado e condições de acesso a capitais desfavoráveis (taxas de

juro são muito elevadas), crédito privado disponível mas com elevada taxa de juro;

Ambiente de negócios: forte concorrência externa e interna - concorrência de empresas de

países com custos baixos (p. ex., empresas indianas já estão no país a produzir), aumento do

controlo de custos dos seguros públicos e privados, contenção de custos, baixo nível de

comparticipação dos medicamentos e dos dispositivos, concentração de serviços nas regiões sul e

sudeste, falta de cobertura nacional, custos diretos da exportação e de investimento elevados;

Mercado: baixos rendimentos e baixa despesa per capita; elasticidade de rendimento da procura

elevada.

As oportunidades e desafios destacados merecem reflexão por parte dos empresários. Face aos

constrangimentos do mercado importa perceber o Brasil como um mercado para compromissos de longo

prazo. De facto, a abordagem ao mercado requer paciência e persistência. Destacam-se algumas

recomendações/reflexões:

A complexidade do sistema regulatório e os custos associados, exigem capacidade de

investimento e perspetiva de longo prazo, uma vez que os benefícios da entrada no mercado

poderão ocorrer somente no longo prazo. Convém salientar que os procedimentos do sistema e o

seu funcionamento relevam, ainda, a necessidade de um bom aconselhamento legal. A proteção

de patentes e marcas é importante.

O desenvolvimento de parcerias é vital para o sucesso no mercado brasileiro. Seja por questões

regulamentares, seja por opções de entrada no mercado, as parcerias são fundamentais. Os

empresários necessitam investir na auscultação de parceiros e no desenvolvimento de

relacionamentos de confiança com os parceiros escolhidos.

A grande dimensão do mercado brasileiro (populacional, económica e geográfica) é um fator de

atratividade mas, igualmente, uma dificuldade. A dimensão do mercado requer capacidade

produtiva e investimentos elevados podendo, assim, apresentar desafios às empresas que

querem exportar ou investir. No caso da exportação envolve a necessidade de gerir

distribuidores e outros recursos. No caso do investimento, a dimensão do mercado implica custos

avultados.

O mercado brasileiro é muito assimétrico, com uma forte concentração da produção e do

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

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consumo na região do sudeste e do sul. De facto, pode fazer mais sentido falar em vários

mercados, do que no mercado brasileiro, dadas as diferenças socioeconómicas, de

infraestruturas e culturais entre as diferentes regiões. Assim, uma abordagem regional poderá

ser a melhor opção para algumas empresas. No caso dos setores de medicina personalizada e

AAL, a capacidade de segmentação regional parece adequada, sendo as empresas atraídas pela

presença de grandes instituições de saúde ou centros de investigação. No entanto, para os

setores mais tradicionais onde é necessário registo, dificilmente permitirá recuperar

rapidamente os custos de entrada. Também, no setor farmacêutico é difícil reduzir a prescrição

a regiões.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

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INTERNACIONALIZAÇÃO DO SETOR DA SAÚDE NACIONAL NOS MERCADOS DE ANGOLA, BRASIL, EUA E ALEMANHA

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3.7.13 | Anexo 1 – Método do estudo

O método envolveu a recolha exaustiva de dados secundários e primários.

Dados secundários

Com vista ao diagnóstico e identificação de fatores de competitividade da fileira da saúde nos mercados em estudo,

foi realizada a recolha de dados caracterizadores dos subsetores e mercados em estudo, em Portugal e nos países em

análise. Tal englobou a consulta bibliográfica e análise de dados estatísticos englobando indicadores macroeconómicos

relevantes; principais indicadores estatísticos (e.g., demografia; oferta de serviços de saúde; despesas em saúde;

fontes de informação); análise contextual do setor da saúde nos quatro mercados (etc.). As fontes utilizadas são de

natureza diversa, incluindo fontes nacionais (e.g., AICEP, INE, Banco de Portugal, Ministério da Saúde) e

internacionais (e.g., OCDE, ONU, Banco Mundial).

Dados primários

A informação primária recolhida envolveu entrevistas semiestruturadas, realização de grupos-foco, entrevistas de

benchmarking e a aplicação de um questionário.

Entrevistas semiestruturadas

O recurso a entrevistas semiestruturadas permitiu identificar as experiências concretas por parte dos diferentes

atores que vivenciam no seu quotidiano problemas associados ao processo de internacionalização do setor da saúde.

Os key informants foram pessoas ligadas a agentes económicos e sociais associados à fileira da saúde (e.g., pessoas

ligadas a associações empresariais, AICEP, Health Cluster de Portugal e empresários). Foram realizadas 23 entrevistas

com uma duração média de 100 minutos.

Grupos-foco

A realização de grupos foco teve como objetivo proporcionar a discussão e debate entre os stakeholders (com

prevalência de empresários) dos quatro subsetores em estudo. A discussão nos grupos foco foi organizada em função

de cada subsetor e centrou-se em três pontos: (i) Identificação de problemas, dificuldades, limitações, ameaças,

(etc.) no âmbito do desenvolvimento e internacionalização das empresas portuguesas e respetivo subsetor; (ii)

oportunidades, soluções, boas práticas e exemplos de sucesso de empresas portuguesas na internacionalização; (iv)

sugestões de ações, medidas concretas, ou alterações, que as empresas, as associações empresariais, ou as

instituições públicas possam tomar para promover a internacionalização do respetivo subsetor.

Benchmarking

A análise de benchmarking envolveu instituições e experiências relevantes na área da saúde. Para o efeito, foram

realizadas quatro entrevistas em profundidade. Na análise de benchmarking cobriram-se os seguintes aspetos: (i)

práticas empresariais de internacionalização nos mercados em análise e/ou noutros mercados de referência; (ii)

práticas de desenvolvimento de projetos envolvendo I&D, a colaboração interdisciplinar e em rede (o papel das

instituições universitárias e centros de investigação); (iii) práticas de auxílio às empresas desempenhadas por

organismos nacionais ligados ao comércio e investimento; (iv) Práticas de políticas nacionais integradas de apoio ao

desenvolvimento e internacionalização da área da saúde.

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CADERNO SUPLEMENTAR 3: BRASIL

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Questionário

Como complemento à informação qualitativa foi ainda aplicado um questionário. O instrumento de pesquisa

apresentava uma breve secção introdutória de apresentação do estudo e posteriormente dividiu-se em 3 partes. Numa

primeira parte abordaram-se questões relativas à internacionalização empresarial. Na segunda parte reportaram-se

aspetos referentes aos mercados. Por fim, na terceira parte, incluíram-se itens de caracterização da empresa e perfil

do entrevistado.

O questionário foi enviado através de um link numa mensagem eletrónica dirigida a uma lista de empresas

previamente identificadas ao cuidado da pessoa da empresa envolvida na internacionalização do negócio.

Posteriormente foram enviadas 3 mensagens com os reminders a reiterar o pedido de preenchimento do questionário.

O Quadro abaixo apresenta a ficha técnica do estudo.

Ficha técnica do Estudo

Universo de Análise 299 empresas

Universo por setor Farmacêutico: 104 Dispositivos Médicos: 68 AALiving: 22 Medicina Personalizada: 17 Outros: 88

Setores (CAE) 13130, 21221, 22220, 32502 (…) Âmbito geográfico do estudo Continente e ilhas Unidade de análise Empresas Procedimento amostral Recenciamento Nº de respostas obtidas 60 Nº de respostas válidas 45 Taxa de resposta global 15% Taxa de resposta por setor Farmacêutico: 14%

Dispositivos Médicos: 22% Medicina Personalizada: 23% Outros: 17%

Nível de confiança 95%; z=1,96

Análise dos dados

Os dados qualitativos foram analisados através de uma análise de conteúdo estabelecendo-se os principais temas

emergentes. Os dados quantitativos foram codificados, inseridos e tratados através do software estatístico SPSS.

Foram utilizadas técnicas descritivas de análise e análise bivariada.

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3.7.14 | Anexo 2 – Lista das posições pautais

Posições pautais – Farmacêutica

Posição Definição

3001 Glândulas e outros órgãos para usos opoterápicos, dissecados, mesmo em pó; extractos de glândulas ou de outros órgãos ou das suas secreções, para usos opoterápicos; heparina e seus sais; outras substâncias humanas ou animais preparadas para fins terapêuticos ou profilácticos, não especificadas nem compreendidas em outras posições

3002* Sangue humano; sangue animal preparado para usos terapêuticos, profilácticos ou de diagnóstico; anti-soros, outras fracções do sangue, produtos imunológicos modificados, mesmo obtidos por via biotecnológica; vacinas, toxinas, culturas de microrganismos (excepto leveduras) e produtos semelhantes

3003 Medicamentos (excepto os produtos das posições 3002, 3005 ou 3006) constituídos por produtos misturados entre si, preparados para fins terapêuticos ou profilácticos, mas não apresentados em doses nem acondicionados para venda a retalho

3004 Medicamentos (excepto os produtos das posições 3002, 3005 ou 3006) constituídos por produtos misturados ou não misturados, preparados para fins terapêuticos ou profilácticos, apresentados em doses (incluindo os destinados a serem administrados por via percutânea) ou acondicionados para venda a retalho

3006 20* Reagentes destinados à determinação dos grupos ou dos factores sanguíneos.

3006 30* Preparações opacificantes para exames radiográficos; reagentes de diagnóstico concebidos para serem administrados ao paciente

3006 40 Cimentos e outros produtos para obturação dentária; cimentos para reconstituição óssea

3006 50 Estojos e caixas de primeiros socorros, guarnecidos

3006 60 Preparações químicas contraceptivas à base de hormonas, de outros produtos da posição 2937 ou de espermicidas

3006 70 Preparações sob a forma de gel, concebidos para uso em medicina humana ou veterinária, como lubrificante para determinadas partes do corpo em intervenções cirúrgicas ou exames médicos, ou como meio de ligação entre o corpo e os instrumentos médicos

Nota: *Comum à farmacêutica e medicina personalizada.

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Posições pautais dos dispositivos médicos

Posição Definição

3005 Pastas (ouates), gazes, ataduras e artigos análogos (por exemplo, pensos, esparadrapos, sinapismos), impregnados ou recobertos de substâncias farmacêuticas ou acondicionados para venda a retalho para usos medicinais, cirúrgicos, dentários ou veterinários

3006 10 Categutes esterilizados, materiais esterilizados semelhantes para suturas cirúrgicas (incluindo os fios absorvíveis esterilizados para cirurgia ou odontologia) e adesivos esterilizados para tecidos orgânicos, utilizados em cirurgia para fechar ferimentos;laminárias esterilizadas; hemostáticos absorvíveis esterilizados para cirurgia ou odontologia; barreiras antiaderentes esterilizadas para cirurgia ou odontologia, absorvíveis ou não

9018 Instrumentos e aparelhos para medicina, cirurgia, odontologia e veterinária, incluindo os aparelhos de cintilografia e outros aparelhos electromédicos, bem como os aparelhos para testes visuais

9019 Aparelhos de mecanoterapia; aparelhos de massagem; aparelhos de psicotécnica; aparelhos de ozonoterapia, de oxigenoterapia, de aerossolterapia, aparelhos respiratórios de reanimação e outros aparelhos de terapia respiratória:

9020 Outros aparelhos respiratórios e máscaras contra gases, excepto as máscaras de protecção desprovidas de mecanismo e de elemento filtrante amovível

9021 Artigos e aparelhos ortopédicos, incluindo as cintas e ligaduras médico-cirúrgicas e as muletas; talas, goteiras e outros artigos e aparelhos para fracturas; artigos e aparelhos de prótese; aparelhos para facilitar a audição dos surdos e outros aparelhos para compensar deficiências ou enfermidades, que se destinam a ser transportados à mão ou sobre as pessoas ou a ser implantados no organismo

9022 Aparelhos de raios X e aparelhos que utilizem as radiações alfa, beta ou gama, mesmo para usos médicos, cirúrgicos, odontológicos ou veterinários, incluindo os aparelhos de radiofotografia ou de radioterapia, os tubos de raios X e outros dispositivos geradores de raios X, os geradores de tensão, as mesas de comando, as telas de visualização, as mesas, poltronas e suportes semelhantes para exame ou tratamento

9025 Densímetros, areómetros, pesa-líquidos e instrumentos flutuantes semelhantes, termómetros, pirómetros, barómetros, higrómetros e psicrómetros, registadores ou não, mesmo combinados entre si

9402 Mobiliário para medicina, cirurgia, odontologia ou veterinária (por exemplo, mesas de operação, mesas de exames, camas dotadas de mecanismos para usos clínicos, cadeiras de dentista); cadeiras para salões de cabeleireiro e cadeiras semelhantes, com dispositivos de orientação e de elevação; suas partes