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  • 8/8/2019 Interfaces da docncia (des)conectada

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    Interfaces da docncia (des)conectada: usos das mdias

    e consumos culturais de professores1

    Monica Fantin, UFSC

    Pier Cesare Rivoltella, UCSCFunpesquisa/UFSC e CREMIT

    Resumo: Diversos estudos relacionam os consumos culturais dos professores aos usosdas mdias na educao e diferentes discursos sociais afirmam que a escola e seus

    professores esto em descompasso com os desafios que a tecnologia promove nasociedade atual. Mas ser que podemos generalizar esse discurso? Afinal, precisamossaber como as tecnologias esto presentes na vida pessoal e profissional dos

    professores, o que eles fazem no seu tempo livre e como usufruem dos bens culturais.Foram alguns destes aspectos que uma pesquisa buscou investigar a partir das vozes dos

    prprios professores em dois contextos socioculturais e que descrevemos nesse artigo.Visando pensar a construo de uma outra idia de formao, supe-se que sejaimpossvel estabelecer uma relao entre educao e mdia sem um contato com astecnologias da informao e comunicao. Uma anlise parcial aponta indcios de umatransformao em curso em relao presena das tecnologias e dos artefatos de mdiae sugere interfaces para alm das dimenses de uso pessoal e profissional na prticadocente.

    Palavras-chave: uso das mdias; consumos e prticas culturais; formao deprofessores

    1. Novas mdias e especificidades culturais: dos consumos educao

    A paisagem comunicativa atual est cada vez mais marcada pela

    multimedialidade, intermedialidade, portabilidade e versatilidade, redefinindo

    instrumentos e modalidades de consumo na comunicao digital, diz Corcoran (2006).

    Na multimedialidade, possvel ler uma pgina da web, abrir uma janela para

    ver um vdeo e escutar uma msica de fundo ou um comentrio sobre uma fotografia.

    Na intermedialidade, o processo de convergncia das mdias ao digital produz cada vez

    mais uma contaminao e pluriespecializao dos diversos suportes: se pode ouvir rdio

    na internet, navegar na web e acessar o correio eletrnico pela televiso de casa,

    telefonar, enviar mensagens, fotografar e ter uma agenda de anotaes com um celular.

    Alis, o celular, est cada vez mais equipado para desenvolver funes diferenciadas a

    respeito daquela clssica, ou seja, da ligao viva voz permitindo acesso alternativo de

    servios e contedos, como o computador e a TV j o fazem com a portabilidade e

    1

    Trabalho apresentado no GT Educao e Comunicao da 33. Reunio Anual da ANPED, Caxambu,2010

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    mobilidade. So tecno-lgicas que influenciam profundamente as lgicas da

    comunicao e do consumo.

    A lgica comunicativa do tipo um-a-muitos, que a TV generalista configurava a

    condio do espectador como de um terminal mais ou menos passivo do sistema de

    comunicao, substituda pela lgica de comunicao muitos-a-muitos, com forte

    estrutura interativa em que o espectador se transforma em usurio de servios. A lgica

    comunicativa se inverte: a centralidade das mdias substituda pela centralidade dos

    sujeitos. So eles que se tornam protagonistas de um cenrio social e cultural

    caracterizado por uma multiplicao de telas disponveis (televiso, computador,

    celular, videogame, MP3) e pela navegao em uma dessas telas que so guiadas pelo

    interesse pessoal e pela necessidade do momento. Na sociedade multitela o zapping

    televisivo torna-se zapping multimiditico: as mdias digitais no so mais mdias de

    massa mas personalmedia (Ferri, 2004).

    Tais lgicas modificam no apenas os tipos de usos das mdias e tecnologias,

    mas transformam tambm os consumos e as prticas culturais. fundamental que a

    educao preste uma ateno especfica ao conjunto destas transformaes, sobretudo

    pelo seu significado cultural e pelos comportamentos sociais que promovem.

    Algumas pesquisas internacionais (Bringu y Sabada, 2008; Brancati, Ajello,

    Rivoltella, 2009) isolaram alguns dados que interessam a este olhar e foram sintetizadas

    por Rivoltella (2008).

    Um primeiro elemento significativo a perda da centralidade da televiso. Por

    anos a preocupao mdia-educativa foi organizada em torno desse protagonismo: a

    televiso se constitua no principal objeto, tanto que educar para as mdias, significava

    sobretudo educar para a TV. O surgimento das mdias digitais produziu uma progressiva

    diferenciao das dietas miditicas: o consumo televisivo vai sendo inserido no interior

    de um sistema de comportamentos em que encontra lugar o celular, a internet, osleitores de MP3 e o console de videogames. O mesmo televisor sofre uma

    transformao que o torna cada vez menos instrumento dedicado a sintonizar a

    programao das televises e cada vez mais ponto de acesso multimiditico com

    diversos contedos e servios, dos videogames ao DVD.

    Diante disso, o consumo torna-se uma atividade complexa e multitasking

    (multitarefa). Frequentemente o jovem (e at mesmo o adulto), sentado diante da

    televiso escuta msica com o fone de ouvido de seu MP3 enquanto confere as SMSrecebidas em seu celular. Analogamente, quando se usa videogame, ativam-se outras

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    lgicas cognitivas simultaneamente: tticas para fugir do inimigo, estratgias baseadas

    em inferncias para passar ao nvel superior do jogo, tcnicas de resoluo de problemas

    para resolver situaes complexas que se encontram atravessadas. Trata-se,

    indubitavelmente, de um tipo de habilidade (fazer coisas simultaneamente) que pode ser

    entendida como um aspecto positivo destas mdias sobre o dispositivo da cognio, mas

    implica tambm uma ateno diluda, deslocando-se de um objeto a outro

    superficialmente, segundo uma descontinuidade que inimiga da reflexo e do

    aprofundamento. difcil dar ateno exclusiva a qualquer coisa ou a qualquer um:

    muitas telas nos envolvem e somos protagonistas de muitos circuitos comunicativos

    paralelos.

    Outro elemento importante que as mdias digitais guiam uma transformao

    gradual do perfil do usurio do status de espectador ao de produtor. Na internet

    podemos abrir e gerir um blog com relativa facilidade, comunicar com MSN ou com

    Skype; com o celular podemos fotografar, gravar e enviar fotografias e vdeos, e salvar

    no computador. Essas imagens esto tanto redefinindo a memria do celular - como um

    substituto tecnolgico dos dirios de um tempo, em que se confiavam os segredos e

    onde se guardava tudo o que de mais caro e pessoal havia quanto transformando-se

    em protagonistas da seduo e da comunicao e funcionando como testemunha

    jornalstica (o movimento de passe livre nas ruas de diversas cidades do pas, os

    conflitos entre a polcia e os jovens nos banlieux parisienses, as prises nas eleies

    iranianas, que foram vistos graas aos celulares daqueles que protagonizaram o

    conflito).

    Alis, o celular permite ainda um ltimo destaque. Ele est intencionalmente

    sempre ligado e ao nosso alcance, mesmo a noite. Enviamos continuamente mensagens,

    e na maioria das vezes nem sempre h necessidade de comunicar certos contedos, mas

    estamos sempreconectados. Isso permite ao celular sobrepor-se a outras atividades queesto sendo desenvolvidas e a preencher os tempos vazios que tradicionalmente eram

    reservados a outras atividades. Nesta nsia compulsiva de conexopodemos ler um

    fenmeno de progressiva fuga do silncio, e isso provavelmente encobre um

    distanciamento de tudo aquilo que reflexo de si para desenhar um tempo cada vez

    mais cheio e sempre maispressionado pela dimenso do presente (Ardrizzo, 2004).

    E como essas prticas culturais e novas formas de consumos interpelam aos que

    atuam com a educao de crianas e jovens e com a formao de professores?

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    Tomando como ponto de partida a anlise de como alguns meios tm sido

    incorporados nas prticas educativas, podemos identificar como as escolas esto lidando

    com as mudanas provocadas pelas Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC).

    Afinal, a presena e o uso das tecnologias nas prticas culturais de crianas e jovens

    precisa estar articulada a uma reconfigurao das prticas educativas na escola, e isso

    remete complexidade da formao de professores nos cenrios atuais, s competncias

    necessrias para viabilizar mediaes significativas a partir de sua relao com a

    cultura, mdia e tecnologia, e discusso de um novo perfil profissional.

    Foi a partir deste quadro que desenvolvemos uma pesquisa com professores do

    ensino fundamental em dois contextos socioculturais, fruto de uma parceria entre duas

    universidades.

    2. A pesquisa e seu percurso metodolgico

    As mdias e as tecnologias no s asseguram formas de socializao e

    transmisso simblica, mas participam como elementos importantes da nossa prtica

    sociocultural na produo e socializao de conhecimentos e na construo de

    significados da nossa inteligibilidade do mundo. A formao de crianas e professores

    precisa assumir o desafio de pensar esta realidade sociocultural, e tais prticas

    necessitam mediaes pedaggicas que fazem parte do campo da mdia-educao, aqui

    entendida como possibilidade de educarpara/sobre as mdias, com as mdias e atravs

    das mdias, a partir de uma abordagem crtica, instrumental e expressivo-produtiva

    (Fantin, 2006).

    Diante de tais pressupostos, realizamos uma pesquisa qualitativa a fim de fazer

    um levantamento inicial sobre os usos das mdias e os consumos culturais de

    professores do ensino fundamental em duas cidades e contextos socioculturais

    diferentes (que sero identificados com as letras M e F). No entanto, para fazer talmapeamento necessrio haver uma articulao entre as abordagens da pesquisa

    qualitativa e quantitativa. Mesmo sabendo que certas tcnicas quantitativas possam ser

    consideradas desagregadoras por sua natureza, ao isolar certos elementos de ao dos

    contextos em que ocorrem, estes dados tambm podem ser significativos (Morley e

    Silverstone, 1993).

    Com o objetivo de identificar os usos das mdias e os consumos culturais dos

    professores do ensino fundamental e refletir sobre a presena das tecnologias naproduo de conhecimentos e na vida pessoal e profissional, na primeira etapa fizemos

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    um mapeamento com a aplicao de um questionrio a respeito desses usos e consumos.

    Na segunda etapa, realizamos entrevistas e grupos focais.

    Ao fazer um levantamento inicial sobre o uso das mdias e os consumos

    culturais dos professores, a perspectiva metodolgica pretendia situar tais

    comportamentos e as aes a partir do ponto de vista dos participantes e de suas

    interpretaes nas complexas interaes que eles estabelecem na vida pessoal e

    profissional. Assim, investigamos aspectos da vida dos professores identificando

    comportamentos, aes e interaes com a temtica atravs da aplicao de

    questionrios on line a um grupo de professores do ensino fundamental da rede pblica

    de ensino, interessados em participar da pesquisa. Para tal, foi feito um levantamento

    com nomes e endereos eletrnicos de cada professor interessado. Foram escolhidas 5

    escolas cujos professores demonstraram maior interesse em participar da pesquisa,

    totalizando em torno de 80 participantes em cada contexto pesquisado. Aps um contato

    pessoal com a direo das respectivas escolas, iniciamos a etapa de coleta de dados.

    Sendo a pesquisa realizada em parceria, os procedimentos adotados nos dois

    contextos foram similares considerando as questes gerais e as especificaes locais de

    cada contexto. Com a base digital em uma das universidades participantes da pesquisa,

    cada professor recebeu um convite via e-mail para participar da pesquisa, cadastrar-se

    no sistema e responder ao questionrio on line seguindo as orientaes dadas. O

    questionrio ficou disponvel por dois meses e cerca de 50 professores em cada contexto

    responderam efetivamente do inicio ao fim, e muitos deles manifestaram interesse em

    continuar participando da etapa seguinte da pesquisa.

    3. Anlise preliminar

    Diversas pesquisas internacionais realizadas nos ltimos anos a respeito dos

    usos dos meios e das tecnologias pelos professores e seus consumos culturais sugeremque diferenas significativas entre pases so cada vez menos perceptveis e que apesar

    da diversidade dos contextos, as respostas so muito parecidas. Tal anlise indica a

    hiptese de uma horizontalidade de prticas docentes e sugere que pode ser mais fcil

    encontrar diferenas num mesmo territrio do que em diferentes contextos. evidente

    que tal horizontalidade possui nuances, mas a hiptese parece ser muito interessante, j

    sendo possvel verificar indcios dessa perspectiva de anlise na presente investigao.

    Tomando por base uma pesquisa realizada pela UNESCO (2004) com 5 milprofessores brasileiros nos 26 estados e no distrito federal, o perfil dos professores

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    revela que metade dos entrevistados no possui computador em casa nem usa Internet e

    que a freqncia a eventos culturais bastante restrita. Se considerarmos que o Estado

    do contexto F o segundo com mais acesso internet e que a cidade possui o dobro da

    mdia nacional em relao aos domiclios que possuem computador conectado

    internet, esse quadro muda radicalmente. Num pas com a desigualdade social e a

    diversidade cultural que caracteriza o Brasil, esse quadro se complexifica dada a

    diversidade de consumos e prticas docentes num mesmo territrio. No entanto, no

    contexto M esse quadro se altera, visto que as condies de acesso tecnologia esto

    asseguradas maioria da populao. Essa hiptese nos ajuda a entender aspectos da

    presena da mdia e tecnologia - vista como hspede fixo e no como intruso

    indesejvel - no cotidiano da vida dos professores que participaram da pesquisa. Se por

    um lado tal presena revela um ambiente com alta densidade tecnolgica, por outro nos

    leva a pensar no motivo do baixo consumo cultural, evidenciando que h diversas

    formas e situaes de incluso/excluso entre os professores de ambos os contextos.

    A tecnologia: hspede fixo

    No contexto M, o equipamento tecnolgico declarado pela amostra da pesquisa

    (72,3% mulheres e 27,3% homens) articulado: todos possuem TV por assinatura, e

    mais de 63% possui um computador pessoal (PC) em casa, sendo que 34,4% possuem

    dois PC conectados na prpria residncia; e 70% possuem mquina fotogrfica digital.

    No contexto F (84,3% mulheres e 15,7% homens, maioria entre 30 e 40 anos), todos

    possuem TV; 96% celular; 83% mquina fotogrfica digital e 98% computador em casa,

    destes, 64% conectados Internet. Embora chame a ateno que a posse de certos meios

    seja mais evidenciada no contexto F, isto significa que os professores esto habituadas

    tecnologia, pelo menos como presena, tendo todos declarados posse de diversos

    instrumentos presentes no questionrio.Em ambos os contextos, porm, a tecnologia vista sobretudo como recurso e

    instrumento til prpria vida e profisso (indicando as mdias como um modo de

    facilitar a compreenso dos prprios alunos, como recurso didtico, e como um modo

    para fazer as coisas de maneira mais rpida). As mdias como elemento da nossa cultura

    aparece como indicao secundria (apenas um caso indica as mdias como um modo

    para enriquecer a prpria cultura).

    Conhecimento, interao/comunicao, informao e rapidez foram os termosmais usados para definir a idia dos professores no contexto F em relao s TIC na

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    educao, seguidas por inovao, incluso e globalizao e outras que geralmente

    conotam um sentido de positividade. Palavras como desafio, conscincia crtica e perigo

    tiveram pouca expresso. Tais representaes fazem parte de um imaginrio social

    construdo em torno de discursos e prticas sociais que nos ltimos anos tm destacado

    a importncia das TIC na educao, por mais contraditrio que isso possa ser com a

    conhecida postura defensiva e de reserva de grande parte dos professores em relao

    presena de certas mdias na escola. No contexto M, a representao que os professores

    tm das mdias tambm foi particularmente positiva e este aspecto indito, visto que

    s em um caso foi manifestada certa inadequao diante das mdias. Nos outros casos, o

    posicionamento crtico, como se os professores j tivessem experimentado as mdias e

    tirado as primeiras concluses.

    As posies verificadas nos dois contextos parecem transitar entre o fascnio e o

    perigo que a tecnologia desperta no contexto das mdias eletrnicas e digitais,

    remetendo idia de apocalpticos e integrados, sendo que os integrados esto melhor

    representados. Isso sugere a idia do mito da rede e a utopia da comunicao

    (Breton, 1992), levando-nos problematizar certos mecanismos que tornam possvel a

    resistncia, o fetiche e a mistificao em relao aos usos das tecnologias.

    Os consumos miditicos dos professores: entre privado e escola

    A respeito dos consumos miditicos e de mdias pessoais, no contexto M, 66%

    da amostra assistem a TV todos os dias, sobretudo notcias, filmes, documentrios,

    programas humorsticos e de opinio, e raramente filmes em DVD. Pouqussimos, 6%,

    declaram assistir telenovelas. No contexto F, 74,5% assistem a TV diariamente e a

    preferncia por programas jornalsticos tambm se confirma. Tal preferncia pode

    revelar no s o desejo de manter-se bem informado como a hiptese de certo receio em

    comprometer a imagem de intelectual. Entre os contextos pesquisados, chama atenoa diferena nada sutil entre os que assistem telenovelas, 51%. Esse dado interessante,

    pois aparece em 5. lugar nos preferncias do contexto F (1 noticirios e

    documentrios, 2 filmes, 3 entrevistas, 4 variedades e 5 telenovelas), e mesmo

    considerando certa tendncia do gosto latino-americano pelo melodrama (Martn-

    Barbero, 2001), parece que a telenovela remete idia de entretenimento e

    descompromisso, e muitas vezes formalmente negada devido a natureza complexa da

    TV, considerada sem valor social relacionado seriedade do conhecimento.

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    Em relao ao cinema, os dois contextos so muito semelhantes, e tal prtica

    parece mais difusa a respeito de outras atividades de tipo cultural que ocupam o tempo

    livre. No contexto M, 45,5 % declaram ir ao cinema uma ou duas vezes ao ms, e

    apenas 3% nunca vo s salas de exibio. No contexto F, 37,3% vo ao cinema uma a

    duas vezes por ms, 49% raramente e 3,9% nunca. A pequena diferena instigante,

    uma vez que a tradio da cultura cinematogrfica num contexto bem diferente do

    outro. Em relao prtica cultural de levar estudantes ao cinema, ainda no contexto F,

    51% dos professores raramente levam os alunos e 33,3% nunca levaram, justificando

    dificuldades financeiras devido ao custo dos ingressos e de transporte.

    Em relao mquina fotogrfica digital, filmadora e rdio, no contexto M, a

    posse dos instrumentos indicados no corresponde ao percentual igualmente elevado em

    chave de uso, seja pessoal ou, menos ainda, profissional; exceo feita mquina

    fotogrfica: 70% possuem uma e 63% usam frequentemente durante as frias e para

    fotografar paisagens ou ocasies especiais em famlia.

    O caso mais evidente, mas esperado, diz respeito ao celular, que muito usado

    no cotidiano (78,8% usam sobretudo para falar e enviar mensagens, sendo que nenhum

    declara navegar pelo celular e 18% usam tambm para fotografar), mas totalmente

    ausente na didtica. As razes dizem respeito presena de regulamentos internos que

    probem o uso de celular na escola. Dos 3% que usam, o fazem para fotografar, e

    quando falam sobre o celular (66%) para problematizar e refletir sobre os usos.

    Mais uma vez, os dados so similares, com certa elevao no contexto F: 84%

    dos professores utilizam celular para falar e enviar mensagem, e 33,3% para fotografar,

    quase o dobro do percentual encontrado no contexto M. Praticamente ausente no uso

    didtico, 84% nunca usaram e dos 16% que declararam usar raramente na escola, 100%

    realizam atividades com fotografia e 57% para problematizar e refletir sobre os usos.

    possvel evidenciar uma distncia entre posse e uso pessoal e uso escolar, queem alguns casos se reduz, mas que ainda assim apresenta bons percentuais. Um dado

    que ajuda a entender tais distncias refere-se aos argumentos em relao s dificuldades.

    Enquanto uma parte dos professores do contexto F declara desconhecer as

    possibilidades de uso pedaggico do celular por falta de formao, outra explicita que

    no v sentido nesse uso, tendo tambm quem justifique o pouco uso devido distrao

    que o aparelho provoca nos alunos. O argumento da proibio escolar e o relativo aos

    custos tambm so significativos, e chama ateno uma dificuldade mencionada pordois professores em relao ao uso do aparelho (erro as teclas e no sei identificar as

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    chamadas) e uma expresso (tenho-lhe dio), que pode indicar um perfil resistente

    em relao ao uso do celular, a ser discutido mais adiante.

    Outro dado interessante no contexto M: quando as mdias entram em sala de aula

    - no caso, gravador, mquina fotogrfica digital e filmadora - o uso sobretudo para

    documentao e prestao de contas do trabalho. A fotografia, por exemplo, usada

    para registrar e fixar momentos de grupo; enquanto 40% declaram ter organizado

    mostra fotogrfica, 92,9% dizem que nunca desenvolveram atividades com fotografias

    feitas por alunos (aqui, a dimenso esttica e expressiva marginal). No contexto F, os

    registros tambm do a tnica ao uso da fotografia na escola, 88%, sendo que 54% dos

    professores j realizaram alguma produo com os alunos e 77,3% nunca fizeram

    exposio com fotografia feita por estudantes.

    Ainda no quadro do consumo miditico, no contexto M, 48,5% lem um jornal

    impresso diariamente, e 21,2% on line, no entanto, nem sempre o jornal entra na sala de

    aula: para 6,1% se trata de um hbito, 42% raramente e 18,2% nunca l. Quando

    presente, o jornal usado para discutir notcias (74,1%), obter informaes em funo

    de pesquisas (48,1%) e ilustrar contedos (24%). No contexto F, 39,2% dos professores

    lem jornal impresso diariamente e 31,4% on line. Em relao ao uso escolar, h uma

    diferena entre os contextos: 32% declaram usar o jornal diariamente na escola, 55,1%

    raramente usam e 6,1% nunca. O carter de uso tambm difere: 88% como fonte de

    informao e pesquisa e 58,7% para discutir notcias. Considerando o recuo

    generalizado de leitores de jornais impressos (Citelli, 2006), esse nmero no deixa de

    ser interessante se lembrarmos a preferncia dos professores por programas televisivos

    de carter jornalstico.

    Os dados relacionados a PC e internet so menos interessantes e novos a respeito

    de outras pesquisas anteriormente feitas no contexto M: 66,7% usam o computador

    todos os dias em casa (97% para organizar o trabalho didtico, 39% para prepararapresentaes e editar fotos ou vdeos); 90,9% usam o PC em sala de aula para produzir

    textos e preparar materiais. Ao mesmo tempo, a internet usada normalmente por

    66,7% (mesmo percentual de uso do PC, sinal de uma convergncia clara),

    frequentemente por 30,3% e raramente por 3%; 97,7% indicam a rede como

    instrumento de pesquisa. Todavia, 69,7% consideram a rede como espao de interao e

    comunicao, aspecto de particular interesse se o confrontarmos com o dado de que

    50% usam MSN e 15% possuem pgina pessoal no My Space. O correio eletrnico

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    uma prtica difundida (54,4% acessam todos os dias) para comunicar sobretudo com

    pessoas distantes, a esta prtica se acrescenta o Skype (usado por 40%).

    No contexto F podemos observar algumas semelhanas e pequenas diferenas

    em relao ao uso do computador: 74,5% usam diariamente e 92,2% para preparar

    materiais didticos, seguido pela produo de textos, 88,2% e para edio de vdeos e

    fotografias, 60,8%. A Internet usada diariamente por 72,5%, e o uso como

    instrumento de pesquisa de 96,1%, seguido da considerao da rede como espao de

    interao e comunicao, 84,3%, revelando similaridades entre nos dois contextos. Em

    relao ao correio eletrnico, 62,7% acessam diariamente, 81% dos professores

    possuem endereo no MSN e 78,6% possuem Orkut, o que demonstra um considervel

    aumento no contexto F. Talvez isso ocorra devido uma tendncia de uso que aponta os

    brasileiros como um dos que mais endereos possuem no Orkut, enquanto que noutros

    pases oFacebookque cresce vertiginosamente.

    Chama a ateno que apesar do evidente uso como instrumento de comunicao

    privada, a internet no igualmente difundida em sala de aula ou na escola, porque so

    poucos os professores que a usam para trabalhar em grupos de discusso (com colegas,

    alunos ou outras escolas). No entanto, alm de instrumento, a internet tambm objeto

    de discusso: no contexto M, 36,4% falam normalmente sobre ela com seus alunos

    (35% com colegas). Seria interessante entender o que falado sobre a rede e porque se

    fala, se pensarmos que so poucos os casos em que os professores indicam sites aos

    prprios alunos (25% sugerem sites se forem teis para pesquisar ou realizar as tarefas

    de casa). O fato, de discutir sobre Internet em sala de aula, um aspecto indito que

    mais uma vez, devemos aprofundar junto a outros elementos interessantes. Os

    professores do contexto F apresentam um percentual maior: 60,5% dizem falar com os

    alunos sobre internet e 73% com os colegas, quase o dobro do que apresenta o contexto

    M. Alm disso, 68% costumam indicar sites para pesquisa. Como os dados acimarevelam, os professores do contexto F parecem falar mais sobre internet do que a

    respeito da televiso, uma vez que apenas 43% fazem referncias a programas

    televisivos em sala de aula. Esse dado instigante, pois o percentual dos que assistem a

    TV muito prximo dos que acessam a internet diariamente, sendo 74,5% e 72,5%,

    respectivamente.

    Em relao ao trabalho feito com internet no contexto M, o argumento mais

    evidente de fruio e anlise (anlise com desconstruo crtica e reflexo) e no tantode produo de contedos. O aspecto produtivo declarado por 12,9% (para criar

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    podcast, jornais on line, web pages e blog, sobretudo). No contexto F, o uso da Internet

    como ferramenta pedaggica para fonte de pesquisa predomina com 100%. Como

    objeto de estudo (anlise e reflexo), se iguala aos contextos de produo (autoria

    coletiva), sendo ambos de 86,5%. Entre as atividades desenvolvidas, 51% produzem

    algo com os alunos na internet e as atividades dizem respeito pesquisa, produo de

    blog, webquest, wiki, sites e webrdio.

    Em ambos os contextos os videogames permanecem fora dos discursos; eles no

    entram nas salas de aula por que muitos professores no o vem com credibilidade.

    Tambm o MP3, difcil para os professores encontrar motivao, com exceo dos

    que produzempodcastem sala de aula, para quem o MP3 se torna tambm dispositivo

    de transporte, arquivo e memria. No contexto F, dos que raramente usam o videogame,

    aparece o sentido de experimentao de habilidades cognitivas. Nas dificuldades

    apontadas em relao a isso, a grande maioria argumenta que desconhece as

    possibilidades de uso pedaggico, e alguns dizem no ver sentido nisso.

    As dificuldades encontradas

    O quadro que delineamos parece muito interessante para refletir sobre os usos

    das mdias na escola e no cotidiano dos professores. As dificuldades que eles revelam

    no uso das tecnologias so surpreendentes, se considerarmos que s uma parte da

    amostra declara no ter competncias, mesmo que em ambos os contextos as

    dificuldades e as problemticas digam respeito a questes similares, mudando apenas a

    ordem em que aparecem e seus percentuais.

    Em relao ao contexto F, a dificuldade que mais aparece a falta de

    conhecimentos especficos para trabalhar com os meios e ferramentas, 82%; e em

    segundo lugar a falta de infra-estrutura e condies de acesso, 74%; depois vem a falta

    formao inicial e continuada 66%, e por fim a falta de tempo para aprender a usar,48%. No contexto M, parece que a inadequao tcnica dos professores, em essncia,

    um dado decisivamente minoritrio: 72,7% indicam na infra-estrutura o primeiro

    obstculo para o uso das mdias na escola com escolha habitual, 54,4% indica a

    necessidade de formao de professores, 42,4% fala da falta de tempo e de recursos, e

    36% a falta de conhecimento tcnicos que tornam inadequado o trabalho com e sobre as

    mdias.

    Ao relacionar as dificuldades especficas dos meios e as gerais, possvel inferirque a falta de infra-estrutura (equipamentos e disponibilidade de uso) aparece de uma

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    forma pulverizada em quase todos os meios e que a falta de formao est mais

    evidenciada em relao ao uso pedaggico de celular, videogame, MP3, aparecendo de

    modo bem localizado no contexto F, em relao uso do Linux, por exemplo. Apesar de

    entender que a indisponibilidade de equipamentos, recorrente nas dificuldades

    indicadas, uma condio para o trabalho com as TIC, parece que a hiptese de a

    infra-estrutura estar aparentemente mais evidenciada nas dificuldades especficas de

    cada meio refora uma idia de incluso entendida apenas como acesso s mquinas.

    Nesse caso, poderamos nos perguntar como fica o princpio de colocar o ser humano no

    centro da questo? Se a nfase do trabalho com as TIC deve ser a prioridade ao

    profissional no sentido de criar condies para desenvolver uma prtica pedaggica

    transformadora em relao aos equipamentos, estes por sua vez tambm representam

    uma promessa de insero, e mais uma vez, aparece a questo da mediao da cultura.

    Os consumos culturais dos professores

    Sem entrar no mrito de todos os dados obtidos, parece evidente que as mdias

    sejam parte integrante dos consumos dos professores em ambos os contexto

    pesquisados.

    No contexto M, tal aspecto evidencia-se mais ainda, em relao a outras

    atividades fora de casa: exceo feita leitura (sobretudo livros cientficos, seguidos de

    biografias, fico e auto-ajuda) que envolve 51,5%. Os professores raramente vo ao

    cinema (50% e nunca 26,7%), raramente vo a apresentaes musicais (36,4%) e

    raramente vo ao teatro (59,9%). Provavelmente a falta de tempo incide sobre as

    escolhas indicadas. Parece possvel dizer que os consumos so desequilibrados com

    forte peso vertente tecnolgica, provavelmente pela acessibilidade j presente no

    ambiente domstico.

    Tais dados assemelham-se ao contexto F. Em relao leitura, 45,1% dosprofessores lem semanalmente e a preferncia literria segue a mesma tendncia, com

    o surpreendente primeiro lugar para os livros pedaggicos e/ou cientficos. O percentual

    dos professores que vo frequentemente ao cinema o mesmo dos que raramente vo,

    45,1%, e 3,9% nunca vo s salas de exibio. 56%, dos professores raramente vo a

    show musical, raramente vo ao museu, 56,9%, e raramente vo ao teatro, 53%. No

    entanto, 70% deles vo de uma a duas vezes por ms aos centros comerciais (shopping

    centers). No tempo livre, a seqncia de atividades preferidas neste contexto : navegarna Internet, 92%; ler revistas/jornais, 86%; ouvir msica e realizar atividades de

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    estudo/formao, 70%. A participao em outras atividades envolve sindicato 51%,

    instituies religiosas 42% e associaes diversas 17%. Se tais dados revelam que a

    maioria dos professores do contexto F prefere navegar na Internet no tempo livro, no

    universo mais amplo da pesquisa da UNESCO a maioria dos professores nunca navega

    na Internet, aparecendo como uma das ltimas preferncias relacionadas.

    Diante desse quadro, interessante perceber que o componente cultural cresce

    em importncia quando se discute a natureza dos bens culturais e a qualidade da

    insero pedaggica das mdias e das TIC nas prticas educativas. Estando

    aparentemente presentes no uso escolar - de forma instrumental, como recursos e

    ferramentas didticas ou como objeto de conhecimento -, resta saber se o uso das TIC

    realmente inovador e se implica na transformao das prticas pedaggicas.

    4. Docncia (des) conectada? Interfaces de prticas e perfis para alm do uso

    pessoal e profissional

    freqente ouvirmos que os professores no possuem um bom capital cultural,

    que no sabem usar o computador, que no aproveitam as potencialidades que as

    tecnologias oferecem, e que isso os deixariam cada vez mais atrasados em relao aos

    seus alunos, que estariam a alguns passos frente, usando os meios eletrnicos e

    digitais com grande habilidade.

    A partir da anlise parcial dos dados da pesquisa, nos perguntamos se possvel

    generalizar esse discurso e tecemos algumas consideraes preliminares:

    1. Evidencia-se uma transformao dos hbitos e das prticas culturais em ambientes de

    alta densidade tecnolgica fazendo com que haja uma interao cada vez maior dos

    professores com as tecnologias. possvel inferir que a incorporao de novos hbitos

    de consumo miditico pelos professores possa repercutir positivamente no fazer

    docente.2. Um fenmeno instigante que os ambientes de alta densidade tecnolgica que

    coincidem com as preferncias de uso da Internet no tempo livre, esto distantes de

    prticas culturais, como ir ao cinema, teatro, etc. E isso pode ser um dado interessante

    para pensar o carter instrumental que as experincias assumem e a aparente ausncia

    de um pensamento com dimenses ticas e estticas mais evidenciadas.

    3. Ainda que predomine um uso instrumental dos meios na escola, o sentido da

    apropriao indica uma perspectiva de produo de mdias. No entanto ainda no

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    possvel saber sobre o sentido de autoria e de reflexividade, nem se as prticas culturais

    desenvolvidas possuem uma perspectiva transformadora.

    4. A coincidncia entre os recursos disponveis no ambiente domstico e escolar e os

    usos das tecnologias parece revelar que os professores possuem hbitos consolidados de

    acesso e navegao na web, mas grande parte dos professores parece ainda no levar em

    conta certos recursos e potencialidades de produo que as tecnologias possibilitam, o

    que sugere serem mais consumidores que produtores.

    5. O forte uso do computador e da internet para preparar material didtico e pesquisa

    sugere um grande uso de processador de textos e de navegador, tendo pouca

    expressividade recursos como edio de udio, vdeo e imagens. Isso sugere que h

    pouca elaborao de narrativas a partir de registros de imagens e sons. Podemos pensar

    tambm que h pouco domnio do uso de softwares alm do editor de textos. provvel

    que tal limite esteja relacionado s dificuldades de formao tcnica, mencionadas pelos

    professores.

    6. Diante de um surpreendente quadro de uso das tecnologias, ainda que a pesquisa

    tenha enfoque qualitativo e no pretenda generalizaes, uma pergunta que vem mente

    se o quadro de respostas verificado nos discursos corresponde realidade das prticas

    no cotidiano da escola. Se considerarmos o dado inicial de que a prpria escolha

    metodolgica j seria um filtro, isso j revelaria aspectos da interao dos professores

    com as tecnologias (visto que os professores que aceitaram participar da pesquisa

    deveriam ter, no mnimo, um endereo eletrnico para responder ao questionrio on

    line) e a forte presena das TIC na vida pessoal e profissional da maioria dos

    professores desta pesquisa. No entanto, esse dado intrigante e ser aprofundado no

    processo de anlise.

    Diante desse quadro, o mapeamento sobre os usos dos meios e os consumos

    culturais dos professores feito nesta etapa da pesquisa tambm sugere algumastendncias de uso e formas de apropriao da TIC. Elaboramos uma pr-categorizao

    de possveis perfis docentes que se intercruzam e esto organicamente relacionados aos

    usos das mdias. Provisoriamente, tais perfis podem ser assim entendidos:

    -No usurio: aqui podemos identificar tanto aquele que no sabe quanto o resistente:

    a) a pessoa que no usa as mdias e as tecnologias porque no sabe ou no teve

    oportunidade significativa para aprender; b) a pessoa que no usa porque

    deliberadamente no quer e resiste a aprender.

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    -Iniciante: a pessoa que est comeando a usar determinadas tecnologias e o sentido de

    uso ainda est limitado ao mbito pessoal.

    - Praticante: a pessoa que possui um uso consolidado no mbito pessoal e um uso

    profissional ainda inicial, limitado a algumas mdias e tecnologias.

    -Pioneiro: a pessoa que possui um uso pessoal e profissional especializado em diversas

    mdias e tecnologias.

    Como a prtica pedaggica possui diversas interfaces, evidentemente o perfil

    docente no um bloco monoltico e possui nuances, pois um professor pode ser

    iniciante em relao a algumas tecnologias e praticante noutras. Para captar tal

    movimento, estamos construindo instrumentos de anlise que nos permitiro uma maior

    aproximao a tais nuances e movimentos.

    A continuidade da pesquisa - com o aprofundamento da anlise das entrevistas e

    dos grupos focais e a atualizao dos dados com entrevistas coletivas numa perspectiva

    de estudo longitudinal permitir o cruzamento dos dados para compor maiores

    aproximaes, tanto no que diz respeito aos perfis docentes e aos consumos culturais

    quanto s hipteses de uso didtico dos meios com carter transmissivo, colaborativo,

    instrumental e crtico-produtivo.

    Com isso pretendemos chegar a uma sistematizao de perfis docentes numa

    perspectiva que envolva tanto o papel do professor mediador de tecnologia quanto o de

    mediador de cultura. Delineando uma possvel caracterizao de nuances de perfis

    profissionais e do trabalho docente - alternando dimenses de usurio, tecnlogo,

    didtico e mdia-educador - teremos elementos mais condizentes com a realidade

    investigada a fim de pensar na superao dos perfis encontrados.

    Por fim, importante ressaltar que com o aprofundamento das anlises das

    respostas nos dois contextos pesquisados, discutiremos as variveis socioeconmicas e

    culturais condicionantes dos usos, consumos e perfis do trabalho docente. Assim serpossvel refletir sobre as formas de apropriaes das mdias no espao escolar e as

    necessrias mediaes. Com isso esperamos contribuir com a elaborao de propostas

    significativas e relevantes no campo da mdia-educao para a formao de professores.

    Referncias Bibliogrficas

    BRETON, P. Utopia da Comunicao. Lisboa: Instituto Piaget, 1992.BRANCATI, D., AJELLO, A., RIVOLTELLA, P.C., Guinzaglio elettronico. Il telefonocellulare tra genitori e figli. Roma: Donzelli, 2009.

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