interconexÕes: paisagem e patrimÔnio cultural · 7/29/2013 · da arquitetura local como reflexo...

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INTERCONEXÕES: PAISAGEM E PATRIMÔNIO CULTURAL WIGGERS, MONICA MARLISE. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado IPHAE Av. Borges de Medeiros, 1501, 19º andar. Porto Alegre, RS. [email protected] RESUMO: O conceito Paisagem possui uma multiplicidade de definições e de tipologias: paisagem urbana, rural, natural, humanizada, entre tantas outras formas de classificação. Todas estas conceituações se conectam na expressão paisagem cultural, uma vez que esta abarca a possibilidade de paisagens com valores diversos, como o histórico, o ambiental, o artístico, o arqueológico, entre outros. Atualmente o conceito de Paisagem Cultural é um dos mais discutidos, principalmente entre pesquisadores, profissionais e instituições que trabalham com questões envolvendo o Patrimônio Cultural. A paisagem permite observar e analisar de forma integrada os elementos materiais e imateriais, naturais e antrópicos que compõem o espaço geográfico. Partindo da premissa de que o homem é o agente transformador deste espaço e que o faz de acordo com suas necessidades, técnicas e saberes, ele lhe imprime características únicas, construindo diferentes paisagens. A diversidade cultural e a riqueza ambiental do Brasil propiciam a configuração de inúmeras situações em que o homem desenvolveu formas peculiares de interação com o meio e, consequentemente, de transformação deste, imprimindo suas marcas, de acordo com sua cultura e, ao mesmo tempo, modificando, adaptando, criando novos elementos culturais de acordo com as possibilidades que este meio oferecia. Esta riqueza abrange desde as ocupações na rusticidade dos sertões, nos igarapés da Amazônia, nas planícies pantaneiras, nos campos sulinos, até as praias cobertas pela Mata Atlântica. Pertencendo a este contexto diverso existente no território brasileiro, o estado do Rio Grande do Sul também apresenta inúmeros exemplos de paisagens que podem ser consideradas Paisagens Culturais e importantes patrimônios do estado. Desta maneira, o presente artigo objetiva apresentar e analisar diferentes paisagens do estado do Rio Grande do Sul que por suas características e singularidades se interconectam com o conceito de Paisagem Cultural e de Patrimônio Cultural, como é o caso do Pampa e da região dos Campos de Cima da Serra. As discussões atuais a respeito do conceito de Paisagem Cultural e os cada vez mais numerosos estudos relacionando paisagem e cultura, nas mais diversas áreas, são fundamentais para a identificação e proteção de importantes paisagens que fazem parte do patrimônio cultural brasileiro. Palavras-chave: Paisagem; Patrimônio; Cultura.

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Page 1: INTERCONEXÕES: PAISAGEM E PATRIMÔNIO CULTURAL · 7/29/2013 · da arquitetura local como reflexo do apogeu econômico e da evolução social daquele centro urbano (IPHAE, 2012)

INTERCONEXÕES: PAISAGEM E PATRIMÔNIO CULTURAL

WIGGERS, MONICA MARLISE. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado – IPHAE

Av. Borges de Medeiros, 1501, 19º andar. Porto Alegre, RS. [email protected]

RESUMO: O conceito Paisagem possui uma multiplicidade de definições e de tipologias: paisagem urbana, rural, natural, humanizada, entre tantas outras formas de classificação. Todas estas conceituações se conectam na expressão paisagem cultural, uma vez que esta abarca a possibilidade de paisagens com valores diversos, como o histórico, o ambiental, o artístico, o arqueológico, entre outros. Atualmente o conceito de Paisagem Cultural é um dos mais discutidos, principalmente entre pesquisadores, profissionais e instituições que trabalham com questões envolvendo o Patrimônio Cultural. A paisagem permite observar e analisar de forma integrada os elementos materiais e imateriais, naturais e antrópicos que compõem o espaço geográfico. Partindo da premissa de que o homem é o agente transformador deste espaço e que o faz de acordo com suas necessidades, técnicas e saberes, ele lhe imprime características únicas, construindo diferentes paisagens. A diversidade cultural e a riqueza ambiental do Brasil propiciam a configuração de inúmeras situações em que o homem desenvolveu formas peculiares de interação com o meio e, consequentemente, de transformação deste, imprimindo suas marcas, de acordo com sua cultura e, ao mesmo tempo, modificando, adaptando, criando novos elementos culturais de acordo com as possibilidades que este meio oferecia. Esta riqueza abrange desde as ocupações na rusticidade dos sertões, nos igarapés da Amazônia, nas planícies pantaneiras, nos campos sulinos, até as praias cobertas pela Mata Atlântica. Pertencendo a este contexto diverso existente no território brasileiro, o estado do Rio Grande do Sul também apresenta inúmeros exemplos de paisagens que podem ser consideradas Paisagens Culturais e importantes patrimônios do estado. Desta maneira, o presente artigo objetiva apresentar e analisar diferentes paisagens do estado do Rio Grande do Sul que por suas características e singularidades se interconectam com o conceito de Paisagem Cultural e de Patrimônio Cultural, como é o caso do Pampa e da região dos Campos de Cima da Serra. As discussões atuais a respeito do conceito de Paisagem Cultural e os cada vez mais numerosos estudos relacionando paisagem e cultura, nas mais diversas áreas, são fundamentais para a identificação e proteção de importantes paisagens que fazem parte do patrimônio cultural brasileiro. Palavras-chave: Paisagem; Patrimônio; Cultura.

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3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro

Introdução

São múltiplos os conceitos de paisagem existentes na literatura, reflegindo formas variadas

de pensar e conceber sobre este conceito. Iniciando com a definição clássica de Betrand

(1972, Cap. 13, p. 2):

“a paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É, numa determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialéticamente, uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução.”

Para Puntel (2012, p. 32):

“ a paisagem é o concreto, o real, a materialização dos objetos em diferentes momentos no espaço geográfico; é também a representação desses objetivos, é a imaginação de cada indivíduo, que vai depender do seu interesse, da sua concepção e da sua experiência”.

Já para Ferraro, Bered e Pagel (2012, pg. 37):

“a paisagem é composta pelo espaço natural e o construído pela ação humana em um cenário único e em processo de constante transformação. Resulta de integração das dinâmicas naturais com as sociais, originando ambientes diferenciados que podem ser observados em diferentes escalas de abordagem e ao longo do tempo”

Por fim, outra visão importante à respeito da paisagem é a de Almeida (2006, p. 31), onde o

autor menciona que uma das principais características da paisagem é ser um espaço visível

pelo olhar humano, mas aponta ressalvas quando a isso:

“Porém para ser paisagem esse espaço visível tem de ser constituído por um conjunto de componentes que formem um todo coerente. Significa isto que esses componentes, em regra heterogêneos, pela sua distribuição, disposição, encadeamento, associação mais ou menos mágica entre si, conjugam-se no sentido de ser possível atribuir uma identidade àquele espaço. Esses componentes passam essencialmente pela morfologia do terreno, pela hidrografia, pelo coberto vegetal e pelas instalações e transformações exercidas, nesse espaço, pelas comunidades humanas. Esta paisagem terá uma dinâmica própria, nem sempre detectável de imediato, mas passível de observação e entendimento após analises de pormenor efectuadas sobre o terreno ou sobre meios indirectos de representação desse mesmo terreno”

Além desta multiplicidade de definições sobre a paisagem, ela também possui múltiplas

tipologias: paisagem urbana, rural, natural, humanizada, entre tantas outras formas de

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classificação, as quais, por sua vez, também possuem diversas definições. Atualmente uma

das tipologias mais discutidas, principalmente entre pesquisadores, profissionais e

instituições que trabalham com questões envolvendo o Patrimônio, é a Paisagem Cultural.

O reconhecimento da Paisagem Cultural como categoria de proteção do Patrimônio em

âmbito mundial ocorreu em 1992, durante conferência da Organização das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO. A Paisagem Cultural pode ser definida

como um “objecto científico de estudo que reflecte as interacções entre homem e natureza,

tendo como produto uma realidade física, ou uma construção social ou cultural” (ICOMOS,

2007, s/n). Ainda segundo os mesmos autores, as paisagens fornecem informações sobre

as relações que se estabeleceram ao longo do tempo entre as sociedades e o meio natural,

contribuindo, desta maneira, para a compreensão da história, da ciência, da antropologia, da

técnica, da literatura, entre outros elementos presentes nesta relação. Nesta perspectiva que

faz sentido designar paisagens como patrimônio cultural, uma vez que se trata de bens em

constante evolução que se herdam, se utilizam e se legam às gerações futuras.

Almeida (2006) aponta que a paisagem resulta do fluir de acontecimentos, naturais ou de

origem antrópica, sobre um determinado espaço, resulta da acumulação da história, mas

também da diversidade inerente a cada cultura que ocupa um espaço num determinado

tempo e, neste contexto, cita Nassauer, o qual apontou que "a cultura estrutura as

paisagens", assim coma "as paisagens inculcam cultura" (Nassauer, 1995, apud Almeida,

2006).

A paisagem permite observar e analisar de forma integrada os elementos materiais e

imateriais, naturais e antrópicos que compõem o espaço geográfico. Partindo da premissa

de que o homem é o agente transformador deste espaço e que o faz de acordo com suas

necessidades, técnicas, saberes, de acordo com sua cultura, ele lhe imprime características

únicas, construindo diferentes paisagens as quais podem se configurar em paisagens

culturais.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado - IPHAN instituiu a Chancela da

Paisagem, por meio da Portaria nº 127. de 30 de abril de 2009, a qual define, no seu artigo

1°, como Paisagem Cultural Brasileira “uma porção peculiar do território nacional,

representativa do processo de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a

ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores”. Com relação à paisagem Cultural

o IPHAN aponta que:

“Paisagem Cultural é um instrumento criado para promover a preservação ampla e territorial de porções singulares do Brasil (...). São exemplos da

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Paisagem Cultural as relações entre o sertanejo e a caatinga, o candango e o cerrado, o boiadeiro e o pantanal, o gaúcho e os pampas, o pescador e os contextos navais tradicionais, o seringueiro e a floresta amazônica, por exemplo. Como estes, outros tantos personagens e lugares formam o painel das riquezas culturais brasileiras, destacando a relação exemplar entre homem e natureza” (IPHAN, 2009b, pg. 13)

A definição de Patrimônio Nacional que foi estabelecida, no Brasil, pelo Decreto Lei n° 25,

de 30 de novembro de 1937, já cita a paisagem como possibilidade de patrimônio e vem ao

encontro do conceito de paisagem cultural:

Art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.

No parágrafo segundo, ele acrescenta que:

§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana. (grifo da autora)

Essa definição de Patrimônio leva a alguns desdobramentos. Uma paisagem pode possuir

valor de Patrimônio por si só, devido a sua beleza cênica, a sua monumentalidade ou

raridade. No entanto, diferentes paisagens, rurais ou urbanas, também podem constituir-se

em Patrimônio por abranger significativos elementos históricos, artísticos, arquitetônicos, ou

arqueológicos.

A diversidade cultural e a riqueza ambiental do Brasil propiciam a configuração de inúmeras

situações em que o homem desenvolveu formas peculiares de interação com o meio e,

consequentemente, de transformação deste, imprimindo suas marcas, de acordo com sua

cultura e, ao mesmo tempo, modificando, adaptando, criando novos elementos culturais de

acordo com as possibilidades que este meio oferecia. Esta riqueza abrange desde as

ocupações na rusticidade dos sertões, nos igarapés da Amazônia, nas planícies

pantaneiras, nos campos sulinos, até as praias cobertas pela Mata Atlântica. Pertencendo a

este contexto diverso existente no território brasileiro, o estado do Rio Grande do Sul

também apresenta inúmeros exemplos de paisagens que podem ser consideradas

paisagens culturais e importantes Patrimônios do estado. Desta maneira, o presente artigo

objetiva apresentar e analisar algumas paisagens do estado do Rio Grande do Sul que por

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suas características e singularidades se interconectam com o conceito de Paisagem Cultural

e de Patrimônio Cultural.

Paisagens e Patrimônio

O território do Rio Grande do Sul apresenta áreas com situações diversas em relação as

suas características físicas, as quais, por sua vez, foram ocupadas por populações com

culturas diferenciadas, imprimindo suas marcas nesse território e construindo paisagens

singulares que são, na atualidade, fortes referenciais identitários para o estado.

Uma paisagem urbana que possui forte referencial identitário e que se configura em

paisagem cultural é o centro histórico do município de Bagé (Figura 1), reconhecido

legalmente como patrimônio estadual por meio do tombado realizado pelo Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul – IPHAE, no ano de 2012. O

sítio histórico de Bagé foi tombado devido ao seu valor histórico e arquitetônico. Segundo

parecer sobre o tombamento (IPHAE, 2012) o conjunto de bens testemunha as várias

etapas pelas quais passou a região desde o embrião inicial do núcleo urbano até a

configuração atual do município.

Figura 1:Centro Histórico de Bagé Fonte: Rio Grande do Sul Turismo, 2014.

O conjunto tombado também caracteriza a transformação do fazer arquitetônico local,

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fenômeno verificado na maioria dos grandes centros do estado do Rio Grande do Sul. A

linguagem arquitetônica presente nas edificações contempla desde a luso-brasileiro, do

período inicial até a eclética (Figura 2) e proto moderna do período de importação e

industrialização das técnicas construtivas, assim como a linguagem modernista mais

próxima aos dias atuais. O panorama caracteriza a qualificação da mão de obra e o requinte

da arquitetura local como reflexo do apogeu econômico e da evolução social daquele centro

urbano (IPHAE, 2012).

Figura 2: Palacete Pedro Osório, edificação eclética, tombada individualmente, mas também inserida na poligonal de tombamento do Centro Histórico.

Fonte: Arquivo IPHAE.

Toda a região onde hoje esta situado o município de Bagé foi marcada, ao longo do tempo,

por disputas territoriais, envolvendo de um lado a população indígena e de outro as coroas

ibéricas, de Portugal e Espanha. Além de intensas disputadas desde o século XVII, a região

também atravessou a Revolução Farroupilha, sendo palco de batalhas importantes, como a

Batalha do Seival, além de batalhas da Revolução de 1893.

Nesse contexto, o Centro Histórico de Bagé é o registro material das transformações

econômicas e sociais do município e sua trajetória de ocupação e construção está

diretamente ligada à história do Rio Grande do Sul. O seu tombamento configura-se no

reconhecimento da importância deste cenário na formação do estado e da sua cultura. A

paisagem do centro histórico de Bagé reflete nas suas edificações, no seu casario antigo,

nas suas praças, as transformações sociais e políticas que ocorrem no município e que

influenciaram o desenho atual das fronteiras do sul do país e na delimitação do atual estado

do Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, essa forte presença da história na arquitetura e no

desenho urbano da cidade, também é sentida e manifesta-se nas formas de viver, no cultivo

de tradições e na valorização que os habitantes de Bagé atribuem ao seu município no

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contexto histórico, político e cultural do estado.

O pampa, que cobre grande parte da metade sul do estado, é outro exemplo de paisagem

que se constitui em paisagem cultural por trazer elementos marcantes para a cultura

gaúcha. A paisagem do pampa não é monótona e plana, como o imaginário popular fora do

Rio Grande do Sul muita vezes a constrói. Ela é composta de serras a planícies, de morros

rupestres a coxilhas, com predomínio dos campos nativos, mas também com a presença de

matas ciliares, matas de encosta, matas de pau-ferro, formações arbustivas, butiazais,

banhados, afloramentos rochosos, etc. (Ministério do Meio Ambiente, sd). No pampa

encontram-se ainda os areais, na região Sudoeste do estado; o Parque do Espinilho, em

Barra do Quaraí, que guarda os últimos remanescentes deste tipo de vegetação no país, os

cerros e formações rochosas, como as denominadas Guaritas, na região da Bacia

Hidrográfica do Rio Camaquã.

Nesse contexto, a paisagem do pampa multiplica-se em inúmeras paisagens. Sobre esta

questão Almeida (2006, p. 32) aponta que:

“Muitas vezes um determinado tipo de paisagem prolonga-se por um espaço superior ao visível de um único ponto, desde que se mantenha a fisionomia de conjunto observada mais estritamente. Mas também acontece que a área abrangida desse ponto pode conter mais do que um tipo de paisagem; basta para tanto que os componentes em causa variem de tal modo e interajam tão diversamente que o resultado final corresponda a duas, ou mais, realidades consistentes e distinguíveis apenas com um relance de olhar”

O pampa gaúcho foi palco de inúmeras batalhas e guerras ocorridas no estado, como a

Revolução Farroupilha, configurando-se em local com fortes referências históricas. Ele está

presente de forma marcante na literatura estadual, através de lendas e contos, como o da

Salamanca do Jarau, de José Simões de Lopes Neto, a qual conta a história de uma

princesa moura, que veio fugida da Espanha, transformada em uma velha. Já em terras

sulinas, foi transformada em Teniaguá, lagarta com cabeça de pedra e brilho intenso, que

conhecia a localização dos tesouros e riquezas da região, e que passou a viver no Cerro do

Jarau, localizado no atual município de Quaraí. Cita-se ainda obras consagradas na

literatura brasileira, tendo como seu maior exemplo a obra de Érico Veríssimo, O Tempo e o

Vento, além da forte presença dos elementos do pampa na música, tanto nas músicas

tradicionalistas, quando nos demais estilos musicais

O pampa também é conhecido por ser a região berço do gaúcho típico do Rio Grande do

Sul. Segundo Neto e Bezzi (2008, pg. 142 - 143):

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“a ocupação do território riograndense por portugueses permitiu a consolidação do Rio Grande do Sul como Unidade da Federação, muito próxima, do ponto de vista cultural, dos hermanos. A fronteira e as guerras pela posse da terra não impediram a influência mútua entre as culturas portuguesa e espanhola que, por sua vez, agregaram códigos culturais dos nativos que já habitavam o Pampa. A relação entre essas três culturas originou o gaúcho do Rio Grande do Sul. Esse apresenta um tipo físico característico, que se consolidou via costumes e tradições. Essas se solidificaram, no decorrer do tempo, em virtude da configuração das atividades realizadas no campo, uma vez que, existem versões do gaúcho no Uruguai e na Argentina, apresentando peculiaridades que os tornam distintos. Desse modo, o gaúcho típico que caracteriza a região cultural 1 apresenta traços particulares, oriundos dos povos que o formou e se distingue dos demais através da apropriação da gastronomia nativa, com o churrasco e a infusão de erva-mate e água quente que originou o chimarrão. Também adquire relevância o costume de fumar palheiro e a habilidade com o cavalo, herdada do nativo. Destacam-se, também, os códigos culturais imateriais representados pela fala com a formação de um vocabulário regional, repleto de expressões típicas, oriundo das línguas portuguesa e espanhola, agregando termos nativos e africanos. A música é um dos códigos culturais que expressa de forma mais significativa à identificação do gaúcho com as “coisas do pago””.

A região do pampa onde estão presentes as Guaritas, no sudeste do estado, (Figura 3)

constitui-se em paisagem com grande valor cênico, estético e de raridade para o contexto

geomofológico regional. Mas ali também foram tecidas, ao longo do tempo, inter-relações

entre a comunidade local e os elementos naturais da paisagem, conforme relatado por

Degrandi e Figueiró (2013, p. 8 - 9):

(…) as manifestações culturais do Alto Camaquã, inserido no Pampa gaúcho, estão intimamente influenciadas, tanto pela paisagem, quanto pelas atividades econômicas desenvolvidas, como a pecuária, a agricultura, pelo saber local e pela influência advinda de diferentes etnias e do processo de colonização. A partir dessas características, os municípios do Alto Camaquã possuem uma riqueza cultural manifestada tanto em bens materiais como imateriais que demonstram características sociais e traços da memória coletiva, que fazem parte da identidade cultural do povo gaúcho. Assim, dentro do patrimônio cultural se destacam principalmente artesanatos em lã, madeira e couro, o patrimônio histórico-arquitetônico ligado à ocupação territorial, as comidas típicas, a música, a poesia, entre outros .

Os autores ainda apontam que a relação entre a paisagem, a fauna, a flora e a cultura foram

conservadas, e a sociedade que se estabeleceu na região desenvolveu formas de produção

ambientalmente dependentes, integrando as criações animais, como os bovinos, ovinos e

caprinos sobre campo nativo, de forma sustentável, preservando a paisagem local. Além

disso, os artesanatos elaborados e produzidos na região, utilizando lã, madeira e couro, são

inspirados na paisagem local e nos recursos disponíveis.

Estes contextos exemplificam a intrínseca relação entre o ambiente e a sociedade que se

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estabeleceu no pampa, construindo uma paisagem repleta de códigos e significados

culturais e de valor patrimonial para o estado do Rio Grande do Sul. Aponta-se ainda que a

paisagem do pampa não é una, mas sim múltipla, com seus cenários, suas lendas, suas

histórias, suas batalhas, suas edificações, suas formas de habitar e viver.

Figura 3: Guaritas, no sudeste do estado do Rio Grande do Sul. Fonte: Flora Austral, 2012.

Outro importante patrimônio do estado tombado pelo IPHAE, no ano de 1992, é a Mata

Atlântica. Uma das justificativas deste tombamento, segundo o próprio edital publicado no

Diário Oficial do Estado na época, seria a de que: “o conjunto a ser tombado se reveste de

excepcional valor geológico, geomorfológico, hidrológico, arqueológico e paisagístico e sua

preservação é essencial para a melhoria da qualidade de vida da população gaúcha” (grifo

da autora). O tombamento da Mata Atlântica, além de visar à preservação da biodiversidade,

da fauna e da flora, também objetivou preservar importantes paisagens presentes na área

tombada.

A região dos Campos de Cima da Cerra, com grande área incluída no tombamento da Mata

Atlântica, onde se encontram os conhecidos cânions, na divisa entre o Rio Grande do Sul e

Santa Catarina, também traz, além de uma forte referência paisagística devido a seus

elementos físicos, importantes referências históricas, ligadas a ocupação do território sul-rio-

grandense, como a presença das taipas de pedras e dos caminhos dos tropeiros, que no

século XVIII eram usados para levar o gado dos campos do sul até o sudeste do país.

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O início da construção dos muros de pedra, conhecidos como taipas (Figura 4), se deu no

século XVIII, com a finalidade de estabelecer os limites entre as propriedades rurais. Nesta

época era comum na região a existência dos taipeiros, como eram denominados os

construtores de taipas. Atualmente, esta profissão é rara. Isto se deve ao elevado custo e

minuciosidade para a construção deste tipo de muro, em detrimento de técnicas mais

modernas, simples e baratas empregadas na delimitação de propriedades. Além da função

inicial de estabelecimento de limites, as taipas também serviram para orientar os tropeiros e

facilitar o ajuntamento dos animais. Os tropeiros eram os responsáveis por conduzir o gado

do Rio Grande do Sul para comercialização no centro e sudeste do país (Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro). As taipas muitas vezes eram

utilizadas como forma de orientação e foram integradas aos caminhos dos tropeiros.

Algumas fazendas da região ainda preservam na sua paisagem as construções tradicionais

do campo, com grandes extensões de taipas ainda presentes, demarcando terras e

caminhos.

Figura 4: Campos de Cima da Serra com a presença das taipas, em primeiro plano. Fonte: Minerva, 2009

Nesta região, alguns produtos também possuem ligação direta com a identidade cultural da

população, como é caso do mel. O município de Cambará do Sul realiza todos os anos a

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Festa do Mel, como forma de valorização do produto local e associação deste com a região,

pois o município destaca-se por produzir um mel de sabor diferenciado, conhecido como mel

branco.

As características físicas da região, aliadas a sua história, sendo um local que participou

ativamente das atividades econômicas do estado durante a época do Tropeirismo; que

guarda referências de locais, como o Passo do S, em Jaquirana, local menos profundo do

rio utilizado como passagem para as boiadas; que guarda importantes estruturas históricas e

arquitetônicas, onde grande parte da população mantém uma relação de reconhecimento

com esta paisagem e com estas estruturas, faz com que a paisagem desta região do estado

se configure em uma paisagem de valor cultural e patrimônio para o Rio Grande do Sul.

Atualmente, devido à existência de importantes elementos históricos e culturais nas diversas

paisagens existentes no território do estado, está em andamento no IPHAE elaboração de

documento com as diretrizes dos licenciamentos ambientais com relação ao patrimônio

cultural. Este documento visa à identificação e preservação de estruturas que compõem,

com o seu ambiente físico, paisagens únicas, repletas de significados e símbolos culturais

que contam a história de ocupação do estado. Dessa maneira, pretende-se identificar e

salvaguardar elementos como: sedes de fazendas antigas e suas estruturas, como galpões,

estrebarias e mangueiras, edificações utilizando a técnica do enxaimel, edificações antigas

de madeira, galpões antigos, ruínas, estruturas de pedra ou barro, como taipas/muros,

poços, casas, cisternas, açudes, entre outras, estruturas de material misto contendo: pedra,

barro ou madeira, fornos, chaminés, olarias, moinhos e tafonas, antigas instalações

industriais, incluindo casas operárias, pontes metálicas, de madeira ou de pedra, estações

férreas, ancoradouros, píers, balsas, locais de religiosidade, como grutas, capitéis, capelas e

cemitérios, espaços de eventos culturais ou festas religiosas, sítios históricos, como locais

de batalhas, marcos e obeliscos. Espera-se com esta iniciativa preservar estruturas de suma

importância para o Patrimônio Cultural do estado, assim como as paisagens e seus

elementos, símbolos e significados.

Considerações Finais

Aponta-se que embora sejam múltiplas as tipologias de paisagem, estas se interconectam

no conceito de paisagem cultural, uma vez que esta abarca possibilidades de paisagens

com valores diversos, como o histórico, o ambiental, o artístico, o arqueológico, entre outros.

Esta abrangência vem ao encontro do Decreto Lei 25, de novembro de 1937, o qual

estabeleceu o que constitui o Patrimônio Cultural Brasileiro.

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No caso do Rio Grande do Sul, é possível identificar uma série de paisagens que carregam

consigo elementos físicos e humanos, materiais e imateriais que, na sua interconexão,

configurando-se em paisagens de valor cultural e patrimonial para a população gaúcha.

As discussões atuais a respeito do Conceito de Paisagem Cultural e a Instituição da

Chancela da Paisagem pelo IPHAN vem contribuir para a identificação e proteção de

importantes paisagens que fazem parte do patrimônio cultural brasileiro. No entanto, com

estas discussões, emerge a necessidade de definições de metodologias claras para a

identificação, reconhecimento, proteção e valorização destas paisagens. Muitos problemas

ainda devem ser discutidos, como a questão da escala, quando da delimitação de uma

paisagem cultural (qual a sua abrangência espacial?); da sobreposição de várias paisagens

dentro de uma mesma paisagem, como no caso do pampa gaúcho, com certa unicidade,

mas, ao mesmo tempo, com uma multiplicidade de situações peculiares no que diz respeito

à relação homem – natureza (são várias paisagens culturais dentro de uma grande unidade

de paisagem?); além da necessidade da construção de métodos que garantam real proteção

das paisagens culturais, sem, ao mesmo tempo, engessar a cultura e a própria paisagem,

que são, no seu cerne, extremamente dinâmicas. Como é possível observar, o conceito

Paisagem e, acredita-se que ainda mais, o conceito de Paisagem Cultural é extremamente

complexo, possibilitando uma visão holística, abrangendo de forma conjunta elementos

materiais e imateriais, humanos e naturais, e, deste modo, constituindo-se em enorme

potencial para a proteção e valorização do patrimônio cultural brasileiro.

Referências

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