interaÇÃo dinÂmica veÍculo-estrutura em pequenas

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INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS PONTES RODOVIÁRIAS Eduardo Souza de Melo DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: _____________________________________________ Prof a . Michèle Schubert Pfeil, D.Sc. _____________________________________________ Prof. Ronaldo Carvalho Battista, Ph.D. _____________________________________________ Prof. José Luís Drummond Alves, D.Sc. ____________________________________________ Prof a . Eliane Maria Lopes Carvalho, D.Sc. _____________________________________________ Prof. Benjamin Ernani Diaz, Dr.Ing. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL MARÇO DE 2007

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Page 1: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA

EM PEQUENAS PONTES RODOVIÁRIAS

Eduardo Souza de Melo

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM

ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

_____________________________________________

Profa. Michèle Schubert Pfeil, D.Sc.

_____________________________________________

Prof. Ronaldo Carvalho Battista, Ph.D.

_____________________________________________

Prof. José Luís Drummond Alves, D.Sc.

____________________________________________

Profa. Eliane Maria Lopes Carvalho, D.Sc.

_____________________________________________

Prof. Benjamin Ernani Diaz, Dr.Ing.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO DE 2007

Page 2: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

ii

MELO, EDUARDO SOUZA DE

Interação dinâmica veículo-estrutura

em pequenas pontes rodoviárias. [Rio de

Janeiro] 2007.

XIX, 129p. 29,7cm (COPPE/UFRJ,

M.Sc., Engenharia Civil, 2007).

Dissertação – Universidade Federal do

Rio de Janeiro, COPPE

1. Pontes;

2. Cargas móveis;

3. Fator de amplificação dinâmica;

4. Tráfego Rodoviário.

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

Page 3: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

iii

Aos meus pais: Nilson Feijó de Melo e

Eleniza Souza de Melo.

Page 4: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

iv

Agradeço

Primeiramente a Deus pela saúde e pela oportunidade de estar realizando este

trabalho.

À minha noiva Daniella, pelo carinho, amor, paciência, dedicação e

cumplicidade durante este momento da minha vida

À minha irmã Eliane, meu cunhado Carlos e à Carolina pelo incentivo.

À Antonietta e Walter pelo carinho e paciência.

Aos meus orientadores, Michèle Schubert Pfeil e Ronaldo Carvalho Battista,

pela dedicação, amizade, empenho e orientação.

Aos colegas da UFF, Allan, Aline e Maurício que ingressaram junto comigo

neste desafio.

À professora Eliane por ter nos acolhido com tanto carinho na UFRJ.

Aos colegas da COPPE/UFRJ, Adcleides, Emerson, Walber, Tiago, Ana Maria,

Norma e Luis pelo companheirismo.

Aos professores pelo empenho e paciência.

A todos que de alguma forma contribuíram, muito obrigado.

Page 5: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

v

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA

EM PEQUENAS PONTES RODOVIÁRIAS

Eduardo Souza de Melo

Março/2007

Orientadores: Michèle Schubert Pfeil

Ronaldo Carvalho Battista

Programa: Engenharia Civil

Os efeitos dinâmicos da passagem de veículos pesados sobre as pontes são,

convencionalmente e de acordo com as normas brasileiras, considerados nos projetos

através da aplicação, aos esforços estáticos, do coeficiente de impacto calculado em

função apenas do comprimento dos vãos das pontes. Com intuito de determinar de

forma mais precisa os valores deste coeficiente em pontes no Brasil, foi desenvolvido e

implementado um modelo analítico-numérico simplificado para representar a interação

veículo-pavimento-estrutura. Nesta modelagem, a ponte é representada por modelo

unifilar (elementos de barra ao longo do eixo da obra), com propriedades de rigidez à

flexão e à torção e o veículo de 3 eixos é simulado por um sistema plano de 5 graus de

liberdade. O perfil longitudinal do pavimento foi obtido por geração aleatória a partir de

uma função de densidade espectral de irregularidades de pavimentos. O modelo foi

aplicado a uma ponte com vãos contínuos de 12 m sob a passagem de veículos de 3

eixos, a qual foi monitorada para reabilitação estrutural. A comparação, bastante

favorável, entre os resultados numéricos e os correspondentes resultados experimentais

demonstrou a validade do modelo. Apresenta-se ainda um estudo paramétrico do fator

de amplificação dinâmica da resposta em deslocamentos para pontes típicas de vãos

curtos no Brasil.

Page 6: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

vi

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

VEHICLE-STRUCTURE DYNAMIC INTERACTION

FOR SHORT SPAN HIGHWAY BRIDGES

Eduardo Souza de Melo

March/2007

Advisors: Michèle Schubert Pfeil

Ronaldo Carvalho Battista

Department: Civil Engineering

The dynamic effects on bridges caused by the traffic of heavy weight vehicles

are due to the interaction between the vehicle mechanics and the structural system

having the deck pavement roughness as a mean of interactive transfer force. These

dynamic effects are usually, according to the Brazilian regulations, taken into

consideration in bridges’ structural design by applying to the static forces an impact

coefficient which is estimated as a sole function of the bridge span. In order to estimate

more accurately this coefficient an analytical-numerical model to simulate the vehicle-

structure interaction was developed and implemented in a computer program in which

the bridge is represented by a unifilar finite element model and a three axles vehicle is

represented by a planar mechanical model with five degrees of freedom. The

longitudinal profile of the pavement was obtained by random generation based on a

spectral density function of the pavement roughness. This analytical-numerical

modeling was applied to a continuous twelve meters spans bridge and the numerical

results were successfully compared to their experimental counterparts, demonstrating

the modeling validity. Moreover, the results of a parametric study of the dynamic

amplification factor for typical Brazilian short span bridges are presented and shortly

discussed.

Page 7: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

vii

Índice

I Introdução

I.1 Motivação................................................................................................................. 1

I.2 Objetivos e Metodologia .......................................................................................... 3

I.3 Revisão Bibliográfica............................................................................................... 4

I.4 Apresentação do Trabalho...................................................................................... 10

II Características e Propriedades dos veículos, pavimentos e estruturas de pontes

típicas no Brasil

II.1 Introdução ............................................................................................................. 11

II.2 Veículos ................................................................................................................ 11

II.2.1 Classes de veículos ...................................................................................... 11

II.2.2 Base reduzida de dados de veículos............................................................. 13

II.2.3 Propriedades e tipos de suspensões dos veículos pesados ........................... 16

II.2.4 Propriedades dos Pneus ............................................................................... 25

II.3 Pavimento ............................................................................................................. 28

II.3.1 Conceito de Irregularidade Longitudinal dos Pavimentos........................... 28

II.3.2 Escalas adotadas na medição das irregularidades longitudinais .................. 31

II.3.3 Condições dos pavimentos nas rodovias federais brasileiras segundo o

DNER .................................................................................................................... 32

II.4 Descrição das estruturas de pontes consideradas.................................................. 38

III Modelagem analítico-numérica da interação veículo – pavimento – estrutura

III.1 Modelagem dos veículos ..................................................................................... 41

III.1.1 Veículo com um grau de liberdade (GL).................................................... 41

III.1.2 Veículo com dois GL’s............................................................................... 42

III.1.3 Veículo com 4 GL’s ................................................................................... 44

III.1.4 Veículo com 5 GL’s ................................................................................... 47

III.2 Equações de Movimento da Estrutura ................................................................. 51

III.3 Modelagem da interação dinâmica veículo-pavimento-estrutura........................ 53

III.3.1 Modelo com 1 GL para veículo com suspensão única ............................... 53

Page 8: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

viii

III.3.2 Modelo com 2 GL’s para veículo com suspensão única ............................ 57

III.3.3 Modelo com 4 GL’s para veículo com 2 eixos........................................... 59

III.3.4 Modelo com 5 GL’s para veículo com 3 eixos........................................... 63

III.4 Implementação computacional ............................................................................ 66

IV Comparação teórico-experimental

IV.1 Introdução............................................................................................................ 71

IV.2 Descrição sumária da estrutura............................................................................ 72

IV.3 Observações realizadas durante a vistoria da obra.............................................. 73

IV.4 Ensaios experimentais estáticos e dinâmicos ...................................................... 74

IV.4.1 Instrumentação e processamento de sinais................................................. 74

IV.4.2 Cargas móveis utilizadas nos ensaios......................................................... 75

IV.4.3 Resultados dos ensaios estáticos ................................................................ 76

IV.4.4 Resultados dos ensaios dinâmicos.............................................................. 78

IV.5 Modelo Numérico da Estrutura e Calibração em termos de freqüências naturais

.................................................................................................................................... 82

IV.6 Comparação teórico – experimental das respostas estáticas ............................... 88

IV.7 Comparação teórico – experimental das respostas no tempo.............................. 92

V Efeitos da passagem de veículos sobre pontes típicas do Brasil

V.1 Introdução............................................................................................................. 97

V.2 Parâmetros do problema ....................................................................................... 98

V.3 Respostas típicas das pontes ............................................................................... 100

V.4 Fator de amplificação dinâmica e o coeficiente de impacto da NBR 7188........ 103

V.5 Efeitos da relação entre as freqüências naturais do veículo e da estrutura......... 105

V.6 Efeitos da razão das massas e da velocidade reduzida ....................................... 106

V.7 Efeitos das condições do pavimento sobre a resposta das estruturas ................. 107

V.8 FAD para veículos pesados ................................................................................ 110

VI Conclusões e sugestões para trabalhos futuros

VI.1 Resumo e conclusões ........................................................................................ 114

VI.2 Sugestões ........................................................................................................... 116

Page 9: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

ix

Anexo A Sistemas de medição de irregularidade longitudinal

A.1 Introdução......................................................................................................... 124

Page 10: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

x

Índice de Figuras

Figura I.1 – Modelo utilizado por HUANG e VELETSOS (1970) e no Brasil por

BRUCH (1973), CARNEIRO (1986) e FERREIRA (1999)...................................... 6

Figura I.2 – Modelo utilizado em HUANG et al. (1992), HUANG et al (1995) e

CHATTERJEE et al (1994). (a) modelo em vista longitudinal, (b) modelo em vista

transversal................................................................................................................... 7

Figura I.3 – Modelo de veiculo utilizado em GREEN et al (1995).................................. 8

Figura I.4 – Modelo utilizado em KWASNIEWSKI et al. (2006). .................................. 9

Figura I.5 – Estrutura discretizada em elementos finitos (KWASNIEWSKI et al., 2006).

.................................................................................................................................... 9

Figura II.1 – Caminhão rígido convencional (www.pastre.com.br)............................... 11

Figura II.2 – Veículo semi-reboque (www.pastre.com.br)............................................. 11

Figura II.3 – Caminhão rígido rebocando carretas (veículos tipo reboque)

(www.mercedes-benz.com.br, WIDMER, 2002). .................................................... 12

Figura II.4 – Cavalo mecânico (www.scania.com.br), com a quinta roda. .................... 13

Figura II.5 – Distâncias entre eixos e percentuais do peso total em cada eixo dos

veículos mais freqüentes (ROSSIGALI, 2006). ....................................................... 13

Figura II.6 – Distribuição de freqüências relativas em P51, apenas com as classes de

veículos consideradas neste trabalho (ROSSIGALI,2006). ..................................... 14

Figura II.7 – Histogramas refinados de peso das seis classes de veículos mais freqüentes

(ROSSIGALI,2006).................................................................................................. 16

Figura II.8 - Representação de um sistema de suspensão simples. ................................ 17

Figura II.9 – Diferentes tipos de suspensão. (a) - Suspensão formada por molas em feixe

de lâminas (www.omecanico.com.br), (b) Suspensão formada por mecanismos

pneumáticos (www.serv-molas.com.br)................................................................... 18

Figura II.10 – Suspensões em tandem mais comuns (FANCHER et al., 1986)............. 20

Figura II.11 – Relação força-deflexão característica de uma mola em feixe de lâminas

(adaptada de GILLESPIE et al., 1992). .................................................................... 21

Page 11: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

xi

Figura II.12 – Diferentes tipos de eixos considerados na Tabela II.1. ........................... 23

Figura II.13 – Diferentes tipos de molas consideradas na Tabela II.1 (www.elo-sa.pt). 24

Figura II.14 – Eixos e dimensões de referência para o momento de inércia de massa

(adaptada de FANCHER et al., 1986). ..................................................................... 24

Figura II.15 – Pneus em arranjos simples e duplos. ....................................................... 26

Figura II.16 – Deflexão vertical em função do carregamento em pneus (adaptada de

FANCHER et al., 1986). .......................................................................................... 26

Figura II.17 – Pneus diagonal e radial (www.michelin.com.br). ................................... 27

Figura II.18– Ondulações transversais e longitudinais (adaptada de YODER et al.,

1975)......................................................................................................................... 30

Figura II.19– Conservação da malha federal pavimentada por região geográfica

(adaptada de SGP-DNER, 2001). ............................................................................. 34

Figura II.20 – Perfis longitudinais gerados para representar as condições dos pavimentos

no Brasil.................................................................................................................... 37

Figura II.21 Tabuleiros de modelo antigo do DNER (a) e o atual (b) –unidades em cm -

(PFEIL, 1985)........................................................................................................... 39

Figura II.22 Seções transversais das pontes e esquemas longitudinais. ......................... 40

Figura III.1– Veículo com 1GL (uv) sobre superfície rígida lisa................................... 41

Figura III.2 – Diagramas de corpo livre (DCL) e de força resultante (DFR) de mv. ..... 42

Figura III.3 – Veículo com 2 GL’s (uv e up) sobre superfície rígida plana. .................. 43

Figura III.4 – DCL’s e DFR’s das massas...................................................................... 43

Figura III.5 – Veículo com 4GL ),,,( 21 ppvv uuu θ sobre superfície rígida lisa. ............ 44

Figura III.6 – Veículo de dois eixos (2C)....................................................................... 44

Figura III.7 – Diagramas de corpo livre (DCL) e de força resultante (DFR). (a) massa

suspensa, (b) conjunto eixo-rodas-pneus 1 e (c) conjunto eixo-rodas-pneus 2. ....... 46

Figura III.8 – Veículo de três eixos (3C)........................................................................ 47

Figura III.9 – Veículo com 5 GL’s sobre superfície rígida regular................................ 48

Page 12: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

xii

Figura III.10 – Diagramas de corpo livre (DCL) e de força resultante (DFR). (a) massa

suspensa, (b) conjunto eixo-rodas-pneus 1, (c) conjunto eixo-rodas-pneus 2 e (d)

conjunto eixo-rodas-pneus 3..................................................................................... 49

Figura III.11 – Modelo 3D e modelo unifilar utilizados na análise (representação

esquemática). ............................................................................................................ 52

Figura III.12 – Veículo com 1 GL sobre superfície flexível irregular. .......................... 54

Figura III.13 – DCL da estrutura. ................................................................................... 54

Figura III.14 – Diagrama de corpo livre (DCL) da estrutura. ........................................ 60

Figura III.15 – Esquematização de uma estrutura típica avaliada.................................. 67

Figura III.16 – Esquematização de uma estrutura típica avaliada.................................. 68

Figura III.17 – Atualização dos graus de liberdade. (a) posição do eixo antes do ponto

M, (b) posição do eixo após o ponto M.................................................................... 69

Figura III.18 – Processo de suavização do perfil de irregularidade longitudinal. .......... 70

Figura III.19 – Distância de aproximação considerada. ................................................. 70

Figura IV.1 – Planta de situação da ponte com destaque para o vão ensaiado(5º vão).. 72

Figura IV.2 – Detalhes do vão típico ensaiado. (a) Vão típico em elevação, (b) Seção

transversal típica. ...................................................................................................... 73

Figura IV.3 – Esquema do plano de instrumentação do vão ensaiado. .......................... 75

Figura IV.4 – Descrição das cargas móveis empregadas na análise. (a) Caminhão com

pneus maciços, (b) Caminhão com pneus comuns. .................................................. 75

Figura IV.5 – Posicionamento das cargas para realização dos ensaios estáticos (unidades

em cm). ..................................................................................................................... 77

Figura IV.6 – Respostas no tempo para a passagem dos caminhões de pneus maciços e

comuns no centro da pista. ....................................................................................... 79

Figura IV.7 – Respostas no tempo para a passagem do caminhão de pneus maciços na

faixa 1. ...................................................................................................................... 80

Figura IV.8 – Espectros de aceleração vertical para passagens do caminhão com pneus

maciços. .................................................................................................................... 81

Page 13: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

xiii

Figura IV.9 – Modelo empregado na análise de vibrações livres (elaborado no programa

SAP 2000®). ............................................................................................................ 83

Figura IV.10 – Representação da excentricidade dos elementos de pórtico espacial em

relação ao plano médio da laje (unidades em cm).................................................... 84

Figura IV.11 – Modos naturais de flexão vertical da estrutura obtidos no SAP 2000. .. 86

Figura IV.12 – Modos naturais de torção da estrutura obtidos no SAP 2000. ............... 87

Figura IV.13 – Modo de flexão transversal da estrutura obtido no SAP 2000 (f = 23,9

Hz.). .......................................................................................................................... 87

Figura IV.14 – Corte na direção transversal para o primeiro modo de flexão de torção.88

Figura IV.15 – Flechas estáticas para o Caminhão c/ Pneus Maciços com os eixos

traseiros no ½ vão..................................................................................................... 90

Figura IV.16 – Flechas estáticas para o Caminhão c/ Pneus Comuns com os eixos

traseiros no ½ vão..................................................................................................... 91

Figura IV.17 – Ilustração dos parâmetros considerados no modelo do veículo............. 93

Figura IV.18 – Veículo de pneus maciços a 15 km/h no centro da pista (comparação

para os dois flexímetros)........................................................................................... 94

Figura IV.19 – Veículo de pneus maciços a 16 km/h na faixa 1 (comparação com o

flexímetro 1). ............................................................................................................ 95

Figura IV.20 – Obstáculo colocado no meio do vão (ripa de madeira).......................... 95

Figura IV.21 – Veículo de pneus maciços a 26 km/h no centro da pista passando sobre

obstáculo (comparação com o flexímetro 1) ............................................................ 96

Figura V.1 – Recalque da laje de acesso (ressalto) ........................................................ 98

Figura V.2 – Ilustração da malha da ponte de 10m. ....................................................... 98

Figura V.3 – Resposta em termos de deslocamentos no meio do vão em função da

posição do eixo dianteiro do veículo 3C com peso de 250 kN............................... 101

Figura V.4 – Resposta em termos de deslocamentos no meio do vão em função da

posição do eixo dianteiro do veículo 3C com 250 kN a 100 km/h com e sem

introdução de ressalto na cabeceira da obra ........................................................... 102

Page 14: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

xiv

Figura V.5 – Espectro de aceleração para a estrutura de 30m de vão sujeita ao veículo

3C de 250 kN a 100 km/h....................................................................................... 103

Figura V.6 – FAD em função do comprimento do vão para as velocidades de 20, 60 e

100 km / h ............................................................................................................... 105

Figura V.7 – FAD em função da relação entre as freqüências do veículo e da estrutura

para os vãos de 10m, 20m e 30m. .......................................................................... 106

Figura V.8 – FAD em função da velocidade reduzida para seis veículos da classe 3C e

para as estruturas de 10m, 20 e 30m....................................................................... 107

Figura V.9 – FAD em função da relação entre as freqüências do veículo e da estrutura

para o vão de 10m, e para os três tipos de pavimento. ........................................... 108

Figura V.10 – FAD em função da relação entre as freqüências do veículo e da estrutura

para o vão de 30m, e para os três tipos de pavimento. ........................................... 109

Figura V.11 – Relação entre o deslocamento dinâmico e o de projeto ( )36/ δϕδ din para

diversos veículos 3C e o veículo normativo (classes 36) em função da velocidade

reduzida para a estrutura de 10m e com tabuleiro antigo do DNER. ..................... 110

Figura V.12 – Relação entre o deslocamento dinâmico e o deslocamento de projeto pelo

veículo-tipo classe 45 (δdin / φδ45) em função da velocidade reduzida................ 111

Figura V.13 – Relação entre o deslocamento dinâmico e o deslocamento de projeto pelo

veículo-tipo classe 36 (δdin / φδ36) em função da velocidade reduzida................ 112

Page 15: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

xv

Índice de Tabelas

Tabela II.1 – Propriedades das suspensões..................................................................... 22

Tabela II.2 – Valores médios para o momento de inércia de massa (adaptada de

FANCHER et al, 1986). ........................................................................................... 25

Tabela II.3 – Propriedades típicas dos pneus (adaptada de GILLESPIE et al., 1992). .. 28

Tabela II.4 – Faixas de classificação de irregularidade longitudinal, com base no IRI

(adaptada de FARIAS et al., 2002). ......................................................................... 32

Tabela II.5 – Conservação da malha federal pavimentada por Estado (SGP-DNER,

2001)......................................................................................................................... 33

Tabela II.6 – Classificação da superfície de rolamento de acordo com os padrões da ISO

(HONDA et al, 1982). .............................................................................................. 36

Tabela II.7 – Correlação observada entre as classificações das condições do pavimento

adotadas no Brasil (IRI) e pela ISO conforme HONDA et al, 1982. ....................... 36

Tabela II.8 Dimensões dos elementos estruturais (m).................................................... 40

Tabela IV.1 – Distribuição de cargas por eixo nos caminhões utilizados...................... 76

Tabela IV.2 – Resultados dos ensaios estáticos realizados no vão típico. ..................... 77

Tabela IV.3 – Freqüências e os modos de vibração identificados nos ensaios. ............. 78

Tabela IV.4 – Freqüências naturais da estrutura. ........................................................... 84

Tabela IV.5 - Flechas estáticas no meio do vão. Caminhão c/ Pneus Maciços.............. 89

Tabela IV.6 – Parâmetros de massa, rigidez, amortecimento e geométricos para os

caminhões de pneus maciços e comuns.................................................................... 93

Tabela V.1 – Faixas de variação dos parâmetros adimensionais. ................................ 100

Tabela V.2 – Deslocamentos no meio do vão para os veículos normativos. ............... 110

Page 16: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

xvi

Lista de símbolos

Símbolos romanos

a parâmetro de locação

A1 amplitude de onda

b parâmetro de escala

fb largura total da mesa da longarina

tb largura da transversina

wb largura da alma da longarina

c parâmetro de forma

Ce matriz de amortecimento global da estrutura

ejc constante de amortecimento modal para o j-ésimo modo de vibração

cp coeficiente de amortecimento do conjunto eixo-rodas-pneus

cv coeficiente de amortecimento da suspensão do veículo

d parâmetro de forma

e base do sistema natural de logaritmos

F vetor de forças nodais

af força de amortecimento

ef força elástica

intF força de interação veículo-pavimento-estrutura

jF força generalizada associada ao modo j

g aceleração da gravidade

h altura total da longarina

th altura da transversina

ji, contadores

Icc momento de inércia de massa em trono do eixo cc

ejI massa rotacional modal para o modo j

vI momento de inércia da massa suspensa do veículo

Ke matriz de rigidez global da estrutura

Page 17: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

xvii

ejk rigidez generalizada para o j-ésimo modo de vibração da estrutura

kp rigidez do conjunto eixo-rodas-pneus

kv rigidez da suspensão do veículo

L comprimento de vão

L i distância do eixo i ao centro de massa do veículo

M massa do sólido

Me matriz de massa global da estrutura

ejm massa modal da estrutura para o j-ésimo modo de vibração

mp massa do conjunto eixo-roda-pneus

mv massa suspensa do veículo

n número de modos de vibração considerados

N número total de termos da série

Pp peso do conjunto eixo-rodas-pneus do veículo

Pv peso do veículo

rS função de densidade espectral

ft espessura da mesa da longarina ou espessura da laje

jT momento torçor generalizado

eU&& vetor de aceleração dos pontos nodais da estrutura

eU& vetor de velocidade dos pontos nodais da estrutura

eU vetor de deslocamento dos pontos nodais da estrutura

eju amplitude do modo j

iru rugosidade aleatória do pavimento

kU deslocamento um ponto nodal qualquer k da estrutura

pu&& aceleração vertical da massa inferior do veículo

pu& velocidade vertical da massa inferior do veículo

pu deslocamento vertical da massa inferior do veículo

ru coordenada vertical dos pontos na superfície irregular do pavimento

vu&& aceleração vertical do corpo do veículo

vu& velocidade vertical do corpo do veículo

Page 18: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

xviii

vu deslocamento vertical do corpo do veículo

v velocidade do veículo

x posição do eixo do veículo

Símbolos gregos

α coeficiente espectral de rugosidade

kα amplitude de rugosidade

jα modos de torção

β expoente de rugosidade do espectro

iδ deslocamento medido no ponto i

tΔ intervalo de tempo

vθ&& aceleração angular da massa suspensa do veículo

λ comprimento de onda

ejξ taxa de amortecimento da estrutura para o j-ésimo modo

ϕ coeficiente de impacto da NBR 7187 (2003)

ejω frequência angular da estrutura para o j-ésimo modo

kω freqüência de rugosidade

kφ ângulo de fase aleatória

jφ autovetor do modo j

jkφ elemento do auto-vetor associado ao modo j e ao ponto nodal k

21 vv φφ , amplitudes modais

Page 19: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

xix

Lista de siglas

Sigla Significado

CVC Combinação de Veículos de Carga

DER Departamento de Estradas de Rodagem

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes

PBT Peso Bruto Total

PBTC Peso Bruto Total Combinado

TD eixo tandem duplo

TT eixo tandem triplo

Page 20: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

1

I Introdução

I.1 Motivação

Conforme a evolução dos métodos executivos, dos materiais empregados na

construção e das ferramentas computacionais, os engenheiros passaram a dispor de

maiores possibilidades no que diz respeito tanto ao projeto de novas estruturas quanto à

avaliação de estruturas já existentes.

Esse novo contexto abrange também o universo das pontes rodoviárias, que ao

longo dos anos foi evoluindo consideravelmente em termos de projeto e construção.

Observa-se que estas obras vêm se tornando cada vez mais esbeltas e que muitas delas

encontram-se no limite máximo de comprimento de vão livre para o tipo de sistema

estrutural que possuem.

Além disso, o desenvolvimento do tráfego rodoviário no Brasil vem se

caracterizando pela multiplicidade de configurações dos veículos, acréscimo de seu

peso bruto total e seu volume de tráfego.

Para considerar o aumento do peso dos veículos, a norma brasileira de cargas

móveis para pontes rodoviárias, NBR 7188 (1982), antiga NB 6 (1960), evoluiu no

sentido de substituir os veículos-tipo de 12, 24 e 36 toneladas por classes mais pesadas

(atualmente 12, 30 e 45 toneladas), aumentando também os valores das “cargas de

multidão” (dadas em unidade de força por m2) que acompanham o veículo-tipo, para

simular os efeitos da passagem simultânea de veículos mais leves na ponte. A

configuração do veículo, no entanto, foi convenientemente mantida para que não se

perdesse o uso das tabelas utilizadas durante décadas na prática de projetos para

determinação de esforços em lajes.

A adoção de um coeficiente de impacto, extraído de códigos normativos e

baseado geralmente em aspectos geométricos (comprimento do vão), para consideração

dos efeitos dinâmicos por meio de solicitações estáticas equivalentes, revela-se, por

vezes, insuficiente para atender, em serviço, os critérios de fissuração excessiva, os

critérios de vibrações e deformações excessivas ou, até mesmo, implicando na redução

da margem de segurança e a estabilidade da estrutura.

A investigação das respostas dinâmicas das estruturas de pontes submetidas à

passagem de veículos vem sendo abordada sob diversos enfoques que vão desde

análises experimentais e teóricas até modelagens computacionais. Nestas, devem-se

Page 21: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

2

considerar dados referentes ao tráfego real atuante na malha rodoviária brasileira, bem

como a qualidade de conservação dos pavimentos rodoviários como parâmetros que

auxiliem na melhor compreensão das condições mais influentes na resposta dinâmica

dessas estruturas.

As mais modernas normas de projeto de pontes (Eurocódigo 1, 2003, AASHTO

LRFD, 2005) apresentam modelos de cargas móveis desenvolvidos e calibrados de

forma a cobrir os efeitos do tráfego rodoviário, com um certo grau de confiabilidade, e

já incluindo os efeitos dinâmicos devido á passagem dos veículos (PRAT, 2001;

NOVAK, 1993).

Este trabalho está inserido em uma linha de pesquisa que pretende contribuir

com a modernização das normas de cargas de veículos no Brasil. Tratando estas cargas

como variáveis aleatórias no contexto do método semi-probabilístico de projeto,

denominado no Brasil método dos estados limites, pretende-se obter modelos de cargas

de veículos que representem o tráfego real e efetuar calibração de novos coeficientes de

segurança.

No que se refere ao desenvolvimento dos modelos de carga, prevê-se um extenso

programa de trabalho, cujas etapas são resumidas a seguir (ROSSIGALI, 2006).

1) Seleção dos sistemas estruturais representativos das obras de arte existentes

na malha rodoviária brasileira e das tendências das obras a serem projetadas no futuro.

2) Monitoração do tráfego real e posterior estudo estatístico envolvendo as

seguintes variáveis: classificação dos veículos por número de eixos, distâncias entre

eixos, peso total dos veículos e sua distribuição por eixo, comprimento dos veículos,

espaçamento entre veículos, velocidade e densidade de veículos por faixa de rolamento.

3) Simulação de situações de tráfego tais como escoamento livre com um ou

mais veículos sobre a pista e engarrafamentos, que reproduzam as condições reais.

4) Cálculo dos efeitos dinâmicos do tráfego real em pontes representativas das

obras brasileiras considerando diferentes comprimentos de vão, números de faixas de

tráfego e classes de rodovia.

5) Extrapolação dos efeitos calculados para um determinado período de retorno.

Os efeitos a serem calculados são esforços solicitantes em seções transversais críticas

dos elementos estruturais das obras representativas.

6) Busca, através de processos de otimização, de modelos de carga, compostos

de forças concentradas e distribuídas, que reproduzam os efeitos do tráfego real levando

em conta os níveis de probabilidade selecionados.

Page 22: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

3

O presente trabalho trata do item 4 ora mencionado.

Os modelos de carga assim desenvolvidos substituiriam o carregamento de

projeto constante atualmente na NBR 7188, devendo estar sujeitos a periódicas

recalibrações em função de novos dados de tráfego e de sua própria evolução.

Recentemente foi reativada a operação de alguns dos Postos de Monitoramento,

Contagem e Pesagem de veículos espalhados pelo país. O Departamento Nacional de

Infra-estrutura de Transportes (DNIT) disponibiliza na internet (www.dnit.gov.br) os

resultados das medições efetuadas entre dezembro de 1999 e outubro de 2002 em 15

Postos de Monitoramento espalhados pelo Brasil.

Estes dados de tráfego foram utilizados por ROSSIGALI (2006) para elaborar

um estudo estático dos esforços solicitantes em pontes típicas de malha rodoviária

brasileira. Foram consideradas pontes em grelha com duas longarinas e transversinas

com vãos entre 10 e 40 m e balanços ente 2,5 e 10 m.

No trabalho de ROSSIGALI (2006) os esforços solicitantes foram calculados

estaticamente e posteriormente multiplicados pelo coeficiente de impacto conforme

expresso pela NBR 7188 como uma função vão da obra. A partir dos histogramas de

freqüência de ocorrência dos veículos por faixa de peso bruto total, foram construídos

os histogramas dos esforços solicitantes nas seções críticas das pontes consideradas

devidas à passagem de veículos isolados. O ajuste de funções de densidade de

probabilidade a estes histogramas permitiu o uso da estatística de extremos para se

estimar os máximos efeitos do tráfego real no intervalo de tempo de referência.

I.2 Objetivos e Metodologia

O principal objetivo deste trabalho é a avaliação por meio de modelagem

analítico-numérica, dos fatores de amplificação dinâmica em termos de deslocamentos

em pontes de pequenos vãos devidos ao tráfego de veículos reais, os quais deverão,

posteriormente, ser considerados no desenvolvimento de modelos de cargas móveis no

Brasil.

Para cumprir este objetivo foi desenvolvida uma ferramenta computacional para

simulação da interação veículo-pavimento-estrutura em pontes (IVPE-unifilar), a qual

foi validada através de comparação com resultados experimentais obtidos por

BATTISTA (1993) na Ponte de Sepetiba, Rio de Janeiro.

A seguinte metodologia do trabalho foi seguida:

Page 23: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

4

1 - Levantamento das condições brasileiras referentes a (i) classes de veículos

pesados mais freqüentes e suas características; (ii) estados de conservação de

pavimentos e descrição de seus perfis de irregularidade longitudinal; (iii) esquemas

estruturais de pontes típicas da malha rodoviária brasileira.

2 - Formulação das equações de movimento dos sistemas acoplados veículo-

estrutura.

3 - Implementação do programa de análise. Nos modelos analíticos, os veículos

são considerados como conjuntos de corpos rígidos interligados por molas e

amortecedores e as estruturas são simuladas por modelo unifilar de barras com graus de

liberdade de flexão vertical e torção.

4 - Validação do programa por meio da comparação de seus resultados para

análise da Ponte de Sepetiba com os resultados da monitoração realizada por

BATTISTA (1993).

5 - Elaboração de estudos paramétricos do Fator de Ampliação Dinâmica (FAD)

considerando as faixas de variação dos parâmetros relevantes para a realidade brasileira.

Para cada esquema estrutural considerado são determinados os deslocamentos devidos à

passagem do veículo e por fim são realizadas comparações com os resultados fornecidos

pela aplicação dos veículos normativos.

Os sistemas estruturais selecionados para este trabalho incluem pontes em

grelha, com duas vigas de seção retangular constante e transversinas de apoio e

intermediárias, biapoiadas. Os comprimentos dos vãos adotados foram de 10m, 15m,

20m, 25m e 30m para estes sistemas estruturais

Para cada esquema estrutural selecionado, são determinados os efeitos

dinâmicos devidos à passagem dos veículos monolíticos de 3 eixos (os mais freqüentes

da base de dados). Os efeitos são avaliados sob diversas condições do pavimento,

velocidade e peso do veículo e colocação de obstáculos simulando juntas de dilatação

ou recalques no pavimento.

I.3 Revisão Bibliográfica

Durante a segunda metade do século XIX, em conseqüência do surgimento de

novos veículos mais pesados e velozes, houve maior motivação para o estudo de

vibrações em pontes. Problemas dinâmicos, até então inexistentes, passaram a ser

observados.

Page 24: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

5

A partir deste momento, os pesquisadores passaram a propor soluções que

possibilitavam a análise do problema de forma simplificada.

Em SILVA (1996) pode-se encontrar um histórico dos primórdios na abordagem

do problema. Destaca-se a primeira abordagem introduzida por WILLIS (1849) que

deduz uma equação de movimento baseada em um modelo formado por uma massa

deslocando-se com velocidade constante sobre uma viga simplesmente apoiada, flexível

e de massa desprezível. No mesmo ano, STOKES (1849) obtém a solução exata dessa

equação de movimento, empregando uma técnica de expansão em séries.

KRYLOV (1905) considera uma carga com massa desprezível em comparação

com a viga e assim avalia o problema equivalente a uma força constante deslocando-se

sobre a estrutura.

INGLIS (1934) propõe soluções aproximadas para o problema obtidas

numericamente, admitindo que a resposta dinâmica de uma viga bi-apoiada, possui

sempre a forma do seu primeiro modo de vibração. Dessa maneira, reduz-se o problema

a apenas 1 Grau de Liberdade generalizado.

Mas, somente após a segunda metade dos anos 50, com o desenvolvimento das

ferramentas computacionais e principalmente com a utilização do Método de Elementos

Finitos (a partir dos anos70), a análise de vibrações em pontes pôde ser feita com

hipóteses mais sofisticadas.

Identificam-se duas abordagens teóricas para o problema da interação veículo-

estrutura: a) modelos simplificados do veículo e da estrutura; b) modelo numérico

completo em elementos finitos. A primeira abordagem se baseia em modelos analíticos

do veículo como sistemas massa-mola-amortecedor para desenvolver as equações de

movimento do sistema acoplado veículo-estrutura. Esta será também a abordagem

adotada no presente trabalho. Os primeiros modelos de veículos a serem utilizados estão

ilustrados na Figura I.1. O modelo do veículo como um corpo rígido (massa) suspenso

por um sistema de mola e amortecedor (suspensão do veículo) como ilustrado na Figura

I.1a foi empregado por HUANG e VELETSOS (1970) e no Brasil por BRUCH (1973),

CARNEIRO (1986) e FERREIRA (1999) para a análise de vigas com diversas

condições de apoio discretizadas com massas concentradas. No modelo da Figura I.1b

mv é a massa suspensa do veículo e a massa mp representa o conjunto eixo-roda-pneus.

A estrutura por sua vez é, em geral, modelada como uma viga ou grelha. A

interação entre os sistemas mecânicos do veículo e de estrutura é formulada

Page 25: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

6

considerando uma superfície de contato irregular para representar a rugosidade dos

pavimentos.

Pode-se citar uma extensa lista de autores (TIMOSHENKO, 1928; LOONEY,

1944; HILLERBORG, 1951) que se utilizam da abordagem (a) para analisar o problema

da interação veículo-estrutura em pontes. Muitos deles (GREEN e CEBON, 1994; LI e

FAFITIS, 1995; GREEN et al, 1995) apresentam comparações teórico-experimentais

para validar seus modelos e procedimentos de cálculo.

Em relação à simulação do veículo, observa-se a crescente complexidade do

modelo analítico, como aquele ilustrado na Figura I.2, com 12 graus de liberdade (GL)

utilizado por HUANG et al (1992) para análise de pontes de vãos contínuos em vigas

múltiplas, por HUANG et al (1995) para análise de pontes de seção celular e ainda por

CHATTERJEE et al (1994).

v

p

v

p

v

v

k

k

c

c

mm

mpkv c v

(a) (b)

Figura I.1 – Modelo utilizado por HUANG e VELETSOS (1970) e no Brasil por BRUCH (1973), CARNEIRO (1986) e FERREIRA (1999).

mv1

p1 p2 p3

k v1 v2k v3kv1C Cv2 Cv3

Cp1p1k kp2 p2C k p3 p3C

v1u α αuv2Lv1

Lv2

mp1 p2mu u u

p3m

Figura I.2a - Vista longitudinal do modelo

Page 26: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

7

v1u

αTv1

up1

Tp1α

v4Ck v4 v1k Cv1

k C p1kCp1p4 p4

Figura I.2b - Vista transversal do modelo

Figura I.2 – Modelo utilizado em HUANG et al. (1992), HUANG et al (1995) e CHATTERJEE et al (1994). (a) modelo em vista longitudinal, (b) modelo em vista transversal.

CHANG e LEE (1994) empregam modelo simplificado de veículo com 2 GL

(Figura I.1b) para avaliar o comportamento de pontes de vão único e simplesmente

apoiados e concluem que códigos normativos avaliados tendem a subestimar o fator de

impacto, especialmente para o caso de grandes vãos com superfícies de má qualidade.

LI e FAFITIS (1995) também avaliam a resposta dinâmica de pontes com

superfícies rugosas devido à passagem de veículos. Avalia-se o fator de amplificação

dinâmica de acordo com o tipo de superfície empregado. LI e FAFITIS (1995) sugerem

que, para velocidades normais, menores comprimentos de onda da irregularidade do

pavimento produzem maiores efeitos em vãos curtos. Maiores comprimentos de ondas

teriam maior efeito em vãos mais longos.

GREEN et al (1995) comparam a resposta dinâmica de 3 pontes rodoviárias

curtas sob a passagem de caminhões com suspensão em feixe de molas e suspensão

pneumática. As respostas para o veículo com suspensão a ar foram muito menores do

que as respectivas respostas para o veículo com suspensão em feixe de molas. Naquele

trabalho são empregados modelos de 9 GL (ver Figura I.3) complexos para os veículos,

onde é considerada a não-linearidade do comportamento da suspensão.

Page 27: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

8

θy1

zv1

xv1

θy2

zp1zp2

zp3zp4

θy3θy4

θy5

Figura I.3 – Modelo de veiculo utilizado em GREEN et al (1995).

CHIOSTRINI et al (1995), LI e FAFITIS (1995) e SILVA (1996) mostram que a

rugosidade dos pavimentos e a presença de pequenos ressaltos na pista são fatores

influentes na resposta dinâmica de pontes.

BARBOSA (1998) avaliou os efeitos da interação veículo-pavimento-estrutura

em pontes metálicas de tabuleiro ortotrópico.

FERREIRA (1999) desenvolveu um modelo simplificado para a análise

dinâmica de estruturas mistas de pontes e PERLINGEIRO (2002) baseou-se neste

mesmo modelo para avaliar a influência da interação veículo – pavimento – estrutura na

análise dinâmica de potes.

A abordagem teórica (b) mencionada anteriormente faz uso de modelos em

elementos finitos em que todos os componentes do sistema são modelados

explicitamente.

KWASNIEWSKI et al. (2006) apresenta os resultados da interação dinâmica

entre um caminhão pesado e uma ponte rodoviária com validação experimental. Nesse

trabalho emprega-se um modelo sofisticado do veículo em Elementos Finitos 3D que

considera o movimento das rodas, a pressão interna dos pneus, o contato dos pneus com

o tabuleiro e os componentes da suspensão em elementos espaciais (Figura I.4).

Page 28: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

9

Figura I.4 – Modelo utilizado em KWASNIEWSKI et al. (2006).

A estrutura é também discretizada em elementos sólidos (Figura I.5). Para

efetuar a análise de cerca de 204.000 elementos por vão os autores utilizaram o

programa comercial LS-DYNA e um super-computador na Universidade da Flórida nos

EUA.

Figura I.5 – Estrutura discretizada em elementos finitos (KWASNIEWSKI et al., 2006).

Verificações teórico-experimentais, como a de BATTISTA (1997) sobre as

condições da ponte Rio - Niterói e BATTISTA (1993) sobre a ponte de acesso ao porto

de Sepetiba, objetivando uma real avaliação das estruturas, passaram a ser realizadas

com certa freqüência.

MELCER et al. (1993) realiza testes teórico-experimentais na ponte sobre o rio

Danúbio em Bratislava, antes de a obra ser aberta ao público. PROULX et al. (1993) faz

testes em várias pontes de Quebec no Canadá com intenção de avaliar o fator de

amplificação dinâmica.

Page 29: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

10

I.4 Apresentação do Trabalho

O texto do trabalho, cujo escopo foi descrito na Seção I.2, é apresentado em

capítulos com a formatação indicada a seguir:

No Capítulo II são apresentados detalhes sobre os veículos típicos da malha

rodoviária brasileira, bem como parâmetros que podem ser tomados como referência

para a modelagem dos mesmos. Também são expostos conceitos sobre perfil de

irregularidade longitudinal do pavimento e dados sobre as condições de qualidade dos

pavimentos das principais rodovias brasileiras. Por fim, apresentam-se algumas

estruturas de pontes típicas encontradas no Brasil. No Capítulo III são deduzidas as

equações utilizadas para a modelagem analítico – numérica da interação veículo –

pavimento – estrutura e são apresentados detalhes referentes à implementação

computacional.

No Capítulo IV consta uma comparação teórico-experimental da ponte de acesso

ao Porto de Sepetiba, Rio de Janeiro, baseada em estudo realizado por equipe da

Fundação COPPETEC sob a coordenação do Prof. Ronaldo Battista (BATTISTA,

1993). Já no Capítulo V são realizados estudos de diversos casos, para a verificação do

comportamento de diversas pontes típicas submetidas a alguns dos veículos que

compõem o tráfego real no Brasil. Também são adotadas diferentes qualidades do

pavimento para a avaliação da influência deste fator na resposta dinâmica das estruturas.

Por fim, no Capítulo VI são expostas as conclusões e sugestões para futuros

trabalhos desta linha de pesquisa.

Page 30: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

11

II Características e Propriedades dos veículos, pavimentos e

estruturas de pontes típicas no Brasil.

II.1 Introdução

Este capítulo apresenta um resumo dos dados levantados sobre os veículos

trafegando nas rodovias brasileiras, as condições dos pavimentos nas rodovias federais e

as estruturas de pontes de pequenos vãos no Brasil. Com estes dados foi possível se

realizar estimativas de variação do coeficiente de impacto em função de diferentes

parâmetros para as condições brasileiras, conforme apresentado mais adiante no Cap.V.

II.2 Veículos

II.2.1 Classes de veículos

Os veículos pesados podem ser simples (ou monolíticos) - quando formados por

somente uma parte - (ver Figura II.1) ou composto, quando há uma unidade tratora

transportando uma ou mais unidades de carga (ver Figura II.2 e Figura II.3).

Figura II.1 – Caminhão rígido convencional (www.pastre.com.br).

Figura II.2 – Veículo semi-reboque (www.pastre.com.br).

Page 31: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

12

Figura II.3 – Caminhão rígido rebocando carretas (veículos tipo reboque) (www.mercedes-benz.com.br, WIDMER, 2002).

Basicamente, dois tipos de engate entre as partes do veículo costumam ser

empregados. São conexões do tipo semi-reboque e do tipo reboque. Na conexão tipo

semi-reboque, a unidade traseira (carreta) se engata na dianteira (tratora) pelo pino-rei e

se apóia diretamente no prato articulado (denominado quinta roda) montado na unidade

dianteira. A unidade tratora que disponibiliza a quinta roda chama-se cavalo mecânico;

a Figura II.4 mostra um deles. Os veículos compostos cuja unidade tratora é o cavalo

mecânico são conhecidos como semi-reboques (Figura II.2).

A conexão tipo reboque é uma barra de tração que conecta o eixo, ou conjunto

de eixos, da unidade anterior na unidade posterior. Os veículos compostos que utilizam

esse princípio de tração são conhecidos como reboques (Figura II.3), sendo a unidade

tratora um caminhão rígido convencional (Figura II.1).

Os tipos de veículos pesados são agrupados em classes e identificados por

códigos. Os sistemas de identificação da classe de veículos devem contemplar algumas

informações básicas sobre o veículo: o número de partes que o constituem, a

configuração dos eixos e o tipo de conexão usada nas partes do veículo.

De acordo com os órgãos rodoviários, como os DER’s e o antigo DNER, a

classificação dos veículos pode ser feita de forma expedita, como se explica a seguir: os

veículos monolíticos e as ligações tipo reboque são representados pela letra C, enquanto

as ligações semi-reboque são representadas pela letra S. Em ambos os casos, busca-se

apenas informar o total de eixos de cada unidade. As mesmas regras valem, em geral,

para caminhões e ônibus; entretanto, para garantir unicidade, seus códigos são

diferenciados com a incorporação da letra O inicial ao código destes.

Em ROSSIGALI (2006) encontra-se uma extensa descrição dos veículos

pesados típicos e sua nomenclatura.

Page 32: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

13

Figura II.4 – Cavalo mecânico (www.scania.com.br), com a quinta roda.

II.2.2 Base reduzida de dados de veículos

A partir de dados de tráfego em rodovias federais publicados pelo DNIT

(www.denit.gov.br), ROSSIGALI (2006) efetuou um cuidadoso estudo estatístico para

criar uma base reduzida de dados, composta dos veículos com maior freqüência de

ocorrência. A Figura II.5 ilustra estes veículos com suas respectivas nomenclaturas,

dimensões médias, além de percentuais médios de carga por eixo ou grupo de eixos. A

Figura II.6 mostra a distribuição de freqüências relativas considerando-se apenas os seis

veículos mais freqüentes observados no posto P51 do DNIT. Os histogramas refinados

de peso para cada tipo de veículo encontram-se na Figura II.7.

Estes histogramas foram obtidos a partir das planilhas de número de veículos de

cada classe por faixa de peso total constantes de dados publicados pelo DNIT, e

posteriormente refinados com a utilização de dados oriundos das planilhas de peso por

tipo de eixo (ROSSIGALI, 2006).

Na Figura II.7 estão identificados os valores limites legais de peso para cada

classe de veículo. Observa-se a ocorrência da prática de excesso de peso, em alguns

casos com significativa freqüência de ocorrência.

3,9m 1,3m5,9m8,6m 1,3m3,9m6,0m 1,3m

1,3m 5,9m4,8m4,0m

2S3

59,2%15,3% 25,5%31,8%27,9% 40,3%

2S2

65,6%34,4%

O3C

55,5%44,5%

O2C

27,0% 73,0%

3C

53,4%

2C

46,6%

Figura II.5 – Distâncias entre eixos e percentuais do peso total em cada eixo dos veículos mais freqüentes (ROSSIGALI, 2006).

Page 33: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

14

7.0%5.5%

22.8%

40.9%

5.8%

18.0%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

O2C O3C 2C 3C 2S2 2S3

CLASSES DE VEÍCULOS

FREQ

ÜÊN

CIA

Figura II.6 – Distribuição de freqüências relativas em P51, apenas com as classes de veículos consideradas neste trabalho (ROSSIGALI,2006).

160kNLIMITE LEGAL

PESO (kN)

10%

0%

FREQ

ÜÊ

NC

IA

20%

30%

40%

50%

80%

70%

60%

650

450

400

300

250

200

150

100500

500

550

350

600

Figura II.7a - Histograma refinado de peso da classe O2C em P51.

Page 34: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

15

LIMITE LEGAL195kN

600

350

550

5000 50 100

150

200

250

300

400

450

650

60%

70%

80%

50%

40%

30%

20%

FRE

ÊNC

IA

0%

10%

PESO (kN)

Figura II.7b - Histograma refinado de peso da classe O3C em P51.

LIMITE LEGAL160kN

600

350

550

5000 50 100

150

200

250

300

400

450

650

60%

70%

80%

50%

40%

30%

20%

FREQ

ÜÊ

NC

IA

0%

10%

PESO (kN)

Figura II.7c - Histograma refinado de peso da classe 2C em P51.

230kNLIMITE LEGAL

600

350

550

5000 50 100

150

200

250

300

400

450

650

60%

70%

80%

50%

40%

30%

20%

FRE

ÊNC

IA

0%

10%

PESO (kN)

Figura II.7d - Histograma refinado de peso da classe 3C em P51.

Page 35: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

16

LIMITE LEGAL330kN

PESO (kN)

10%

0%

FRE

ÊNC

IA

20%

30%

40%

50%

80%

70%

60%

650

450

400

300

250

200

150

100500

500

550

350

600

Figura II.7e - Histograma refinado de peso da classe 2S2 em P51.

415kNLIMITE LEGAL

600

350

550

5000 50 100

150

200

250

300

400

450

650

60%

70%

80%

50%

40%

30%

20%

FREQ

ÜÊ

NC

IA

0%

10%

PESO (kN)

Figura II.7f - Histograma refinado de peso da classe 2S3 em P51.

Figura II.7 – Histogramas refinados de peso das seis classes de veículos mais freqüentes (ROSSIGALI,2006).

II.2.3 Propriedades e tipos de suspensões dos veículos pesados

Uma das funções do sistema de suspensão é isolar a estrutura do veículo e seus

ocupantes de choques e vibrações geradas pelas irregularidades do pavimento. O

objetivo é conciliar a sensibilidade humana e manter a estabilidade, o controle

direcional e todas as necessidades de manobra de um veículo em seu comportamento

dinâmico.

A sensibilidade humana às vibrações é bastante complexa, tendo sido estudada

com detalhes por Donald Bastow (BASTOW, 1993 apud CAMPOS, 2004). De um

modo geral, freqüências de vibrações verticais entre 1,5 e 2,3 Hz são consideradas

Page 36: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

17

confortáveis, bem como são aceitáveis as oscilações longitudinais ou laterais abaixo de

1,5 Hz.

Entretanto, a função básica da suspensão em um veículo não é proporcionar

conforto aos ocupantes, embora seja desejável, mas sim a manutenção do contato entre

as rodas e a superfície da estrada, pois o controle direcional e a estabilidade do veículo

dependem disso.

Um sistema de suspensão pode ser representado de forma simplificada como um

quarto de veículo, conforme mostrado na Figura II.8. A massa suspensa representa o

corpo do veículo e seus ocupantes, sendo apoiada por intermédio de uma mola sobre a

massa não suspensa, que neste caso representa o conjunto formado pelo eixo, roda,

freio, mecanismos de articulação da suspensão e pneus, que por sua vez apóiam-se ao

solo com a rigidez do pneu atuando como uma mola. Quando excitada, a massa

suspensa oscila verticalmente com a sua freqüência natural, devido à ação das molas de

suspensão e dos pneus combinados. Para eliminar rapidamente as oscilações é montado

um absorsor de choques combinado com a mola de suspensão vertical.

Amortecedor

uk

MassaSuspensa

SuspensaMassa não

de choquesRigidez da mola

principal

Rigidez do pneu

Figura II.8 - Representação de um sistema de suspensão simples.

O absorsor de choques normalmente é composto por um amortecedor hidráulico,

que reage com forças de resistências contrárias aos movimentos oscilatórios e

proporcionais ao quadrado da velocidade da massa suspensa em relação à massa não

suspensa. Os pneus também apresentam uma pequena parcela de amortecimento.

Os atritos internos no sistema de suspensão também contribuem para o

amortecimento das oscilações, sendo independentes da velocidade e da amplitude.

Um dos principais elementos de um sistema de suspensão é a mola, que é o

elemento flexível cuja função é de se defletir quando a roda encontra um ressalto (ou

uma depressão) e sofre um rápido impulso para cima ou para baixo. Se não existisse

Page 37: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

18

uma mola entre a roda e a carroceria, o choque transmitido seria considerável. Com a

presença da mola, a intensidade da força transmitida à carroceria é apenas a necessária

para comprimir (ou descomprimir) a mola suficientemente para que a roda passe pelo

obstáculo (ou depressão).

Após a passagem pelo distúrbio, seja um ressalto ou uma depressão, o

movimento subseqüente da carroceria é a sua vibração livre sobre as molas, sendo

pequena a aceleração.

Durante uma deflexão, a mola armazena energia potencial, seja linearmente ou

angularmente, conforme a configuração da mesma. A grandeza “rigidez” é medida em

Newton por metro (N/m) no Sistema Internacional (SI), considerando as molas por

deflexão linear, e de Newton-metro por radiano (N.m/rad) , para as molas de deflexão

angular.

Tipos de suspensão de eixos múltiplos

Para poder suportar cargas muito elevadas, veículos comerciais são

freqüentemente equipados com suspensões de eixos múltiplos. E para evitar sobrecarga

nos elementos da suspensão, quando se trafega por pavimentos de superfícies desiguais,

estes eixos são interconectados com mecanismos que equalizam a carga entre eles. As

suspensões em tandem duplo são particularmente as mais freqüentes entre os eixos não

direcionais do veículo e podem ser formadas por molas em feixes de lâminas (Figura

II.9a) ou por mecanismos pneumáticos (Figura II.9b).

(a) - Suspensão em feixe de lâminas (b) - Suspensão formada por mecanismos pneumáticos

Figura II.9 – Diferentes tipos de suspensão. (a) - Suspensão formada por molas em feixe de lâminas (www.omecanico.com.br), (b) Suspensão formada por mecanismos pneumáticos (www.serv-

molas.com.br).

Page 38: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

19

De acordo com FANCHER et al. (1986), os três tipos de suspensão em tandem

mais comuns são formados por: quatro molas em feixes de lâminas (4-molas), conforme

Figura II.10a, molas pneumáticas (Figura II.10b) e por viga de eixo (Figura II.10c).

A suspensão tipo 4-molas possui um mecanismo nivelador de carga entre as

extremidades das duas molas localizadas no mesmo lado do veículo. Este mecanismo

permite que haja um ajuste de carga entre os eixos, inclusive durante a interação entre o

veículo e pavimento durante o tráfego em altas velocidades. A suspensão em molas

pneumáticas se comporta como duas suspensões a ar independentes por causa da ação

moderada do sistema pneumático de equalização de carga empregado. Já a suspensão

formada por viga de eixo possui uma viga em cada lado do veículo que conecta os dois

eixos. A mola é conectada por meio de pivôs ao centro da viga de eixo. Essa suspensão

é muito boa para equalização da carga estática, mas não possui igual desempenho

quando se tratam de vibrações em altas velocidades.

Figura II.10a - Suspensão formada por quatro molas em feixes de lâminas.

Figura II.10b - Suspensão formada por molas pneumáticas.

Page 39: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

20

Figura II.10c - Suspensão formada por viga de eixo.

Figura II.10 – Suspensões em tandem mais comuns (FANCHER et al., 1986).

Propriedades mecânicas das suspensões

As suspensões de veículos pesados possuem uma série de requisitos básicos para

um bom desempenho, tais como, capacidade de transportar uma determinada carga de

forma adequada, atender a certas exigências de custo, carga máxima, manutenção e vida

útil. Destacam-se, contudo, as propriedades da suspensão que exercem influência sobre

o desempenho dinâmico do veículo. Considerando-se que, esse desempenho é dominado

pelas forças e momentos produzidos pelo contato dos pneus com o pavimento, então

fica evidente que a suspensão desempenha um papel fundamental, já que influencia

diretamente o comportamento dos diversos pneus que compõe o veículo.

Embora as suspensões de veículos comerciais possuam uma infinita variedade

de tamanhos e formas, com grande variedade de molas, ligações, e outros elementos,

cada tipo de suspensão possui propriedades mecânicas básicas que determinam como a

suspensão trabalha. Em quase todos os casos, e principalmente neste trabalho, o

desempenho dos vários elementos pode ser interpretado em termos das seguintes

propriedades mecânicas:

• Rigidez vertical

• Amortecimento

Rigidez vertical da suspensão

A maior parte dos veículos comerciais utiliza suspensão formada por molas de

aço, que podem ser helicoidais ou em feixes de lâminas. O segundo tipo mais comum

utiliza suspensão a ar. Outros tipos menos comuns podem ser compostos por barras de

torção feitas de aço ou elementos de borracha que exercem as mesmas funções das

molas de suspensão. Os diferentes valores de cargas a serem transportadas pela

Page 40: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

21

suspensão implicam em diferentes demandas para o valor da rigidez da mesma. As

molas devem ser rígidas o suficiente para suportar cargas elevadas sem que ocorram

deflexões indevidas, porém, essa rigidez elevada pode tornar o percurso extremamente

desconfortável no caso do veículo estar trafegando descarregado. As suspensões ativas,

contudo, adaptam o valor da sua rigidez de acordo com as condições de carregamento a

que são submetidas (GILLESPIE et al., 1992).

As propriedades das molas em feixes de lâminas são caracterizadas pela relação

entre força e deflexão, cuja forma é mostrada na Figura II.11. Submetidas a grandes

deslocamentos, as molas exibem uma rigidez nominal determinada por suas

características principais (geométricas). Em geral essa rigidez deve ser elevada o

suficiente para que os deslocamentos do veículo carregado estaticamente sejam

limitados a apenas alguns centímetros.

Sob pequenos deslocamentos, tipicamente durante a locomoção do veículo, a

rigidez efetiva da mola pode alcançar um valor de 3 a 10 vezes maior que a rigidez

nominal (FANCHER et al., 1986). A força de atrito de Coulomb, que afeta a rigidez em

locomoção, pode ser variada no projeto da mola. Molas em feixes de lâminas

parabólicas geralmente oferecem menor fricção entre os seus elementos e podem

requerer um sistema auxiliar de absorsores de choque.

0

0

15,0

10,0

5,0

107,55,02,5

FOR

ÇA

(kN

)

DESLOCAMENTO (cm)

RIGIDEZ EM LOCOMOÇÃO

RIGIDEZ NOMINAL180 kN/m

540 kN/m

FORÇA DE ATRITO DE COULOMB

Figura II.11 – Relação força-deflexão característica de uma mola em feixe de lâminas (adaptada de

GILLESPIE et al., 1992).

Page 41: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

22

A Tabela II.1 (adaptada de GILLESPIE et al., 1992) mostra as propriedades

típicas mais importantes utilizadas em simulações numéricas e que foram obtidas

durante experimentos realizados com diversos tipos de suspensão de diversos

fabricantes. Na terceira coluna encontram-se os valores mínimos e os máximos para a

rigidez de diferentes tipos de suspensão. Na quarta coluna pode-se observar o

coeficiente de amortecimento proveniente dos absorsores de choque. Os valores da

massa não suspensa incluem o eixo, o sistema de freios, os elementos de conexão e o

conjunto formado pelos aros e pneus. No caso da suspensão em tandem duplo, a massa

não suspensa corresponde à soma dos dois eixos e deve ser considerada como

distribuída em 50% para cada um deles. A Figura II.12 ilustra os diferentes tipos de

eixos citados na Tabela II.1 e os diferentes tipos de molas mencionados podem ser

observados na Figura II.13.

Tabela II.1 – Propriedades das suspensões.

Posição da

suspensão

Tipo de

suspensão

Faixa de Rigidez

(Por mola)

(kN / m)

Coef. de

Amortecimento

(por amortecedor)

(kN.s / m)

Massa não

Suspensa

(kg)

Eixo direcional Lâminas convencionais

(capacidade 55kN) 241 até 295 3,0 635,0

Eixo direcional Laminas parabólicas 165 até 192 3,0 635,0

Eixo direcional Lâminas convencionais

(capacidade 82kN) 375 até 429 3,0 635,0

Eixo simples trativo Feixe de lâminas 482 até 589 6,0 1089,0

Eixo trativo em tandem

duplo 4-molas convencionais 482 até 589 6,0 2132,0

Eixo trativo em tandem

duplo 4-molas parabólicas 321 até 393 6,0 2132,0

Eixo trativo em tandem

duplo Molas pneumáticas 161 até 179 9,0 2132,0

Eixo trativo em tandem

duplo Viga de eixo 2679 até 3214 0,0 2223,0

Eixo dianteiro Molas pneumáticas 161 até 179 9,0 635,0

Eixo simples de semi-

reboques Feixe de Lâminas 482 até 589 6,0 680,0

Page 42: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

23

Tabela II.1 – (Continuação)

Posição da

suspensão

Tipo de

suspensão

Faixa de Rigidez

(Por mola)

(kN / m)

Coef. de

Amortecimento

(por amortecedor)

(kN.s / m)

Massa não

Suspensa

(kg)

Eixo de semi-reboques

em tandem duplo

4-molas

convencionais 482 até 589 6,0 1361,0

Eixo de semi-reboques

em tandem duplo 4-molas parabólicas 321 até 393 6,0 1361,0

Eixo de semi-reboques

em tandem duplo Molas pneumáticas 161 até 179 9,0 1361,0

Eixo simples de

reboques Feixe de lâminas 482 até 589 3,0 680,0

Eixo de reboques em

tandem duplo 4-molas parabólicas 321 até 393 6,0 1361,0

Eixo direcional

Eixo simplesTrativo

semi-reboqueTandem duplo

Tandem duploreboque

Eixo trativotandem duplo

semi-reboqueEixo simples Eixo simples

reboque Figura II.12 – Diferentes tipos de eixos considerados na Tabela II.1.

Figura II.13a - Molas parabólicas

Page 43: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

24

Figura II.13b - Molas convencionais

Figura II.13 – Diferentes tipos de molas consideradas na Tabela II.1 (www.elo-sa.pt).

Propriedades de massa dos veículos

Para efeitos de previsão da carga dinâmica exercida pelos eixos, os veículos

podem ser tratados como um conjunto formado por diversos corpos rígidos. O corpo do

veículo (massa suspensa) suportado por sistemas de suspensão em cada um dos eixos é

considerado rígido com propriedades de massa concentradas no seu centro de gravidade

e momento de inércia em torno do centro de gravidade.

Considerando-se devidamente as dimensões e a forma geométrica de um

paralelepípedo, a eq. (II.1) pode ser usada para estimar o momento de inércia em torno

do eixo de referência yy ilustrado na Figura II.14.

( )12

22 caMIcc+

= (II.1)

onde, Icc é o momento de inércia em trono do eixo cc (em 2mkg ⋅ ); M é a massa do

sólido em kg e a e c são as dimensões do sólido em m.

No caso do presente trabalho, o interesse se limita ao momento de inércia de

massa em torno do eixo yy (Figura II.14), por se tratar de um programa que considera

apenas modelos unifilares.

Figura II.14 – Eixos e dimensões de referência para o momento de inércia de massa (adaptada de FANCHER et al., 1986).

xx

xx yy=cc

yy

Page 44: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

25

Na Tabela II.2 são apresentados valores típicos para o momento de inércia de

massa em torno do eixo yy. Os valores foram obtidos de acordo com FANCHER et al.

(1986) e podem ser utilizados como referência para os modelos dos veículos de carga.

Tabela II.2 – Valores médios para o momento de inércia de massa (adaptada de FANCHER et al, 1986).

Descrição Modelo Iyy (t.m2)

Caminhões Rígidos GMC 8500 V-6 55

Ford 9000 37

GMC Astro 95 28 Cavalos mecânicos

Ford 800 19

14,6 m Eixo em tandem (Vazio) 153

14,6 m Eixo em tandem (Carregado) 558

13,7 m Eixo em tandem (Vazio) 126

13,7 m Eixo em tandem (Carregado) 462

12,8 m Eixo em tandem (Vazio) 109

12,8 m Eixo em tandem (Carregado) 385

8,5 m Eixo simples (Vazio) 55

8,5 m Eixo simples (Carregado) 140

8,2 m Eixo simples (Vazio) 48

Semi-Reboques

(De acordo com o comprimento)

8,2 m Eixo simples (Carregado) 124

II.2.4 Propriedades dos Pneus

Os pneus usados atualmente em caminhões podem ser configurados em arranjos

simples ou duplos (Figura II.15). Em eixos dianteiros de direção são usados pneus

simples. No caso dos eixos de tração dos veículos e nos eixos dos reboques,

normalmente são usadas configurações de pneus duplos. Pneus simples de base larga, de

uso não muito difundido no Brasil, podem ser usados em eixos dianteiros quando a

carga aplicada excede o valor de 63,5 kN ou então nos demais eixos no lugar dos pneus

duplos (FANCHER et al., 1986).

Page 45: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

26

(a) Pneus em arranjo simples (b) Pneus em arranjo duplo

Figura II.15 – Pneus em arranjos simples e duplos.

Rigidez vertical dos pneus

Os pneus são componentes que contribuem sobremaneira para que um veículo

realize mudanças na sua trajetória, cesse seu movimento ou aumente sua velocidade.

Quando se deseja avaliar a interação entre veículo, pavimento e estrutura a consideração

dos pneus torna-se fundamental, já que é por intermédio destes que são transmitidas as

forças ao tabuleiro das pontes.

Na Figura II.16 encontra-se o gráfico que representa a variação típica da carga

em função da deflexão vertical de pneus utilizados em caminhões. A figura mostra que

a deflexão inicial do pneu, a partir de carregamento nulo, envolve inicialmente uma

região de comportamento não linear e que posteriormente prevalece o regime linear.

Compo

rtamen

to lin

ear

VerticalRigidez

zDeflexão vertical

Car

ga v

ertic

al

Fz

Figura II.16 – Deflexão vertical em função do carregamento em pneus (adaptada de FANCHER et al., 1986).

Eventualmente, podem ser empregados pneus diagonais ou pneus radiais em

veículos de carga. Os pneus diagonais (ou convencionais) possuem a carcaça formada

por lonas (fibras têxteis) sobrepostas e cruzadas umas em relação às outras (ver Figura

II.17a). Os pneus radiais possuem carcaça disposta em arcos perpendiculares ao plano

Page 46: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

27

de rodagem e orientada em direção ao centro do pneu (ver Figura II.17b). A

estabilização do piso é obtida através de 3 ou 4 lonas de aço sobrepostas.

Um valor típico de rigidez vertical, segundo FANCHER et al. (1986), para o

pneu diagonal pode ser tomado como 893 kN/m e para o pneu radial pode-se adotar 821

kN/m.

(a) Pneu diagonal em corte (menor área de contato) (b) Pneu radial em corte (maior área de contato)

Figura II.17 – Pneus diagonal e radial (www.michelin.com.br).

A pressão interna, obviamente, exerce forte influência na rigidez de um pneu. A

rigidez vertical, entretanto, sofre maior influência do conjunto formado pelos aros e

eixos do que da pressão interna (FANCHER et al., 1986). Contudo, embora a rigidez

não seja diretamente proporcional à pressão interna, devem-se observar os valores a

serem adotados para determinados níveis de carregamento aplicado sobre os eixos, de

acordo com a recomendação de cada fabricante.

Valores típicos para as propriedades dos pneus

O pneu é um toróide visco elástico que suporta a massa não suspensa sobre o

pavimento da rodovia. Os pneus são modelados como um conjunto de molas e

amortecedores que conectam os eixos ao pavimento. As molas e amortecedores que

representam os pneus apresentam comportamento linear

Os valores típicos, de acordo com GILLESPIE et al. (1992), para as

propriedades de rigidez e o coeficiente de amortecimento para cada grupo de pneus são

resumidos na Tabela II.3.

Page 47: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

28

Tabela II.3 – Propriedades típicas dos pneus (adaptada de GILLESPIE et al., 1992).

Tipo de Pneu Rigidez por pneu

(kN / m)

Coef. de Amortecimento por pneu

(kN.s / m)

Convencional Simples 839 1,0

Base Larga Simples 1250 1,0

Convencional Duplo 839 1,0

“Heavy Duty” Duplo1 1071 1,0 1- Usado em suspensões formadas por viga de eixo

II.3 Pavimento

II.3.1 Conceito de Irregularidade Longitudinal dos Pavimentos

A irregularidade longitudinal, segundo GILLESPIE et al. (1980), é o parâmetro

mais utilizado internacionalmente para a avaliação funcional dos pavimentos.

PATERSON (1987) considera como irregularidade longitudinal de um

pavimento, o conjunto dos desvios da superfície deste em relação a um plano de

referência que afetam a qualidade de rolamento e a ação dinâmica das cargas sobre a

rodovia. É uma grandeza física mensurável, seja direta ou indiretamente, que permite

melhor avaliação de custo operacional dos veículos, conforto, segurança, velocidade de

percurso e economia das viagens. Pode ter origem nas imperfeições ocorridas durante o

processo construtivo, assim com pode resultar de problemas ocorridos após a

construção, como resultado da atuação do tráfego, do clima e outros fatores causadores

da degradação do pavimento.

A contínua solicitação imposta pelo tráfego ao pavimento, que através de

deformações permanentes, localizadas ou não, altera as condições de sua superfície com

o passar dos anos, é função da solicitação estática, da velocidade dos veículos, e de

parâmetros relativos à suspensão dos mesmos.

Existe ainda uma forte contribuição dos fatores ambientais para o aparecimento

e aumento da irregularidade longitudinal ao longo do tempo, posto que, segundo

YSHIBA (2003), a combinação da água das chuvas com as solicitações impostas pelo

tráfego enfraquece a ligação entre o ligante betuminoso e o agregado, desagregando o

revestimento asfáltico. Além disso, as elevadas temperaturas, às quais o revestimento

asfáltico é submetido, reduzem a viscosidade do ligante provocando deformações

plásticas no revestimento, e as baixas temperaturas, com elevados gradientes térmicos,

Page 48: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

29

podem provocar trincas térmicas, que irão facilitar a penetração da água das chuvas e,

conseqüentemente, provocar a redução da capacidade de suporte do pavimento.

A irregularidade do perfil longitudinal tem influência nos seguintes aspectos

(adaptado de DNIT/IPR-720, 2006):

• Interação da superfície da via com os veículos, gerando efeitos sobre os

próprios veículos, sobre os passageiros e sobre as cargas transportadas.

• Custo operacional dos veículos e, sobre as viagens, afetando sua segurança,

seu conforto e sua velocidade.

• Dinâmica dos veículos em movimento, aumentando o seu desgaste; e

causando também, prejuízos à sua condução.

• Aumento da ação das cargas dinâmicas dos veículos sobre a superfície do

pavimento e, em decorrência, acelera o desgaste da sua estrutura. No caso

das pontes, ocorre o aumento das cargas dinâmicas sobre a superestrutura e

conseqüentemente para o restante da obra, podendo acarretar em esforços

maiores do que os previstos em projeto, dependendo do grau de

irregularidade.

• Efeitos adversos sobre a drenagem da superfície do pavimento, na medida

em que propicia a formação de poças d’água que vão afetar negativamente a

segurança e o desempenho da rodovia.

Segundo BENEVIDES (2006), pode-se atribuir o desconforto dos usuários aos

deslocamentos verticais oriundos das imperfeições longitudinais do perfil do pavimento.

Entretanto, os deslocamentos laterais são responsáveis pelas maiores ações das cargas

dinâmicas dos veículos, pois resultam de movimentos laterais em torno do eixo

longitudinal do veiculo, originados pelas diferenças nas declividades transversais do

pavimento e pelas curvas horizontais. Destaca-se também, a importância da velocidade

de tráfego do veículo no grau de percepção da irregularidade do pavimento pelo usuário.

CAMPOS (2004 apud BENEVIDES, 2006), explica que a irregularidade pode

ser dividida em categorias, de acordo com a amplitude (A1) e o comprimento de onda

(λ):

Ondas curtas, possuem 0,50 m ≤ λ ≤ 5 m e 1 mm ≤ A1 ≤ 20 mm

Ondas médias, possuem 5 m ≤ λ ≤ 15 m e 5 mm ≤ A1 ≤ 50 mm

Ondas longas, possuem 15 m ≤ λ ≤ 50 m e 10 mm ≤ A1 ≤ 200 mm

Page 49: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

30

As ondas com dimensões superiores aos intervalos anteriormente descritos não

são consideradas como irregularidade longitudinal, e as ondas com dimensões inferiores

são consideradas somente na avaliação de microtextura, macrotextura e megatextura. A

Figura II.18, adaptada de YODER et al. (1975), caracteriza as ondulações longitudinais

e transversais.

Figura II.18– Ondulações transversais e longitudinais (adaptada de YODER et al., 1975).

De acordo com GILLESPIE et al. (1980), por se tratar de um parâmetro

indicador de desempenho capaz de traduzir tanto as condições de conforto ao rolamento

quanto às condições de segurança ao usuário, a irregularidade longitudinal dos

pavimentos vem desempenhando papel de destaque entre os demais parâmetros

relacionados ao pavimento.

Uma das grandes responsabilidades dos departamentos de transporte do nosso

país é a manutenção dos pavimentos das rodovias. Esta é uma atividade fundamental e

que demanda um consumo de boa parte do dinheiro público. É dentro deste contexto, e

de acordo com um planejamento objetivo, que a medição da rugosidade dos pavimentos

pode auxiliar nas seguintes funções (GILLESPIE et al., 1980):

• Monitoração das condições gerais da malha rodoviária;

• Informação necessária para tomada de decisão de alocação de recursos para

manutenção de determinados trechos;

• Como medida de qualidade para obras recém construídas.

• Como série histórica de desempenho do pavimento e que pode ser usada para

avaliação de alternativas de projeto;

Page 50: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

31

• Programas de conservação de pavimento;

• Projetos de restauração de pavimentos;

• Pesquisa;

• Avaliação do custo operacional dos veículos;

• Previsão da velocidade dos veículos rodoviários;

• Previsão da deterioração dos pavimentos;

• Caracterização de uma determinada rede de rodovias ou aeroportos;

• Avaliação do desempenho estrutural de pontes e viadutos.

II.3.2 Escalas adotadas na medição das irregularidades longitudinais

Diversas escalas padronizadas podem ser adotadas na medida da irregularidade

do pavimento, dependendo apenas do equipamento utilizado para a avaliação das

condições da superfície.

Como resultado de uma pesquisa internacional de medição de irregularidade, por

iniciativa do Banco Mundial, realizada em Brasília no ano de 1982 (SAYERS et al.,

1986 apud BENEVIDES, 2006), foi estabelecida a escala Internacional Roughness

Index, IRI, que é uma escala de referência transferível para todos os sistemas de

medição.

O IRI pode ser definido como um índice estatístico que sumariza as variações do

perfil longitudinal do pavimento nas trilhas de roda (trajetória percorrida pelos pneus).

É determinado pelo sistema medidor tipo resposta, no qual instrumentos acoplados a um

determinado veículo acumulam os movimentos relativos entre o eixo traseiro do veículo

e sua carroceria.

Por ser um parâmetro internacional o IRI pode ser entendido em qualquer país.

Um valor igual a três para o IRI representa o mesmo grau de irregularidade, seja no

Brasil, nos Estados Unidos da América ou no Chile. Porém, cada país estabelece o seu

limite de aceitabilidade para o valor do IRI, considerando além das condições

específicas, o grau de importância atribuído pelos usuários à irregularidade quando das

avaliações dos pavimentos.

Na Tabela II.4 são apresentadas as faixas de classificação dos pavimentos

quanto a irregularidade longitudinal, em IRI, em função da qualidade do rolamento

proporcionado por estas vias, para diversos países (adaptada de FARIAS et al., 2002).

Page 51: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

32

Verifica-se então, a variabilidade na adoção de limites de aceitabilidade de um

país para outro.

Tabela II.4 – Faixas de classificação de irregularidade longitudinal, com base no IRI (adaptada de FARIAS et al., 2002).

EUA Brasil Espanha Chile Uruguai Honduras

Muito Bom 0 - 0,95 Excelente < 2,5 Excelente 0 - 1,5 Muito

Bom 0 - 3,2

Bom 0,95 - 1,5 Bom 2,5 - 3,0 Aceitável 1,5 - 2,5 Bom 0 - 3,0 Bom 3,2 - 3,9 Bom 0 - 3,0

Regular 1,5 - 2,7 Regular 3,0 - 4,0 Regular 2,5 - 4,0 Regular 3,0 - 4,0 Regular 4,0 - 4,6 Regular 3,5 - 6,0

Ruim > 2,7 Mau 4,0 - 5,0 Não desejável > 4,0 Ruim > 4,0 Ruim > 4,6 Ruim > 6,0

Péssimo > 5,0

Fonte: AASHTO (1999)

Fonte: SGP-DNER (2001) Fonte: Rio (1977) Fonte: Partifio e Anguas (1998)

II.3.3 Condições dos pavimentos nas rodovias federais brasileiras segundo o DNER

Em setembro de 2001, o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

(DNER) publicou estudos referentes ao Sistema de Gerência de Pavimentos da Malha

Rodoviária Federal (SGP-DNER, 2001). Este estudo apontou as condições de cada uma

das rodovias federais em todo o país.

Os levantamentos que indicavam os defeitos e irregularidades da pista foram

realizados com base nos critérios aprovados e utilizados pelo Banco Mundial (Bird). O

objetivo do trabalho era determinar o serviço de recuperação necessário em cada trecho

da malha rodoviária, garantindo melhor alocação dos recursos e agilidade nos processos

executivos.

Ao todo, foram percorridos 49.503 km de rodovias federais e foram encontrados

27,7% do pavimento em bom estado, 36,2% em estado regular e 36,1% em mau estado

de conservação.

A coleta de dados foi feita por uma avaliação visual e outra com um

equipamento a laser. Os levantamentos foram concluídos no mês de abril/2001 e a

consolidação dos dados em agosto/2001.

Page 52: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

33

Levantamentos realizados

Foram feitos levantamentos preliminares do volume de tráfego, estrutura do

pavimento, idade da última restauração além de outros parâmetros. Após a análise dos

dados obtidos, procedeu-se a realização dos seguintes procedimentos:

a) Levantamento Visual Contínuo (LVC) dos pavimentos, registrando-se as

ocorrências existentes em cada km.

b) Levantamento do Índice de Irregularidade Internacional (IRI) executados de

100 em 100 metros, agrupando-se também os levantamentos realizados com sensores a

laser.

c) Levantamentos cadastrais, compreendendo a atualização e validação de

outros dados, incluindo tráfego, estrutura, deflexão, etc.

Resultados obtidos

A Tabela II.5 mostra, para cada um dos Estados brasileiros, a porcentagem da

malha rodoviária federal levantada juntamente com o estado de conservação observado

nos levantamentos. A Figura II.19 apresenta o estado de conservação dos trechos

levantados separados por região geográfica e também para todo o país.

Tabela II.5 – Conservação da malha federal pavimentada por Estado (SGP-DNER, 2001).

UF Extensão

Levantada (km)Bom Regular Mau

AC 362,6 34,7% 44,1% 21,2%

AL 578,6 16,8% 35,8% 47,5%

AM 377,3 28,7% 27,7% 43,6%

BA 3.703,7 7,9% 44,5% 47,6%

CE 1.820,7 19,9% 45,1% 35,0%

DF 233,7 47,8% 43,9% 8,4%

ES 573,9 54,1% 33,6% 12,3%

GO 2.972,7 15,8% 33,2% 51,1%

MA 2.944,2 31,1% 47,8% 21,1%

MG 7.511,7 10,9% 43,1% 46,1%

MS 2.976,1 10,6% 29,5% 59,9%

MT 2.051,6 3,8% 44,2% 52,0%

Page 53: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

34

Tabela II.5 – (Continuação)

UF Extensão

Levantada (km)Bom Regular Mau

PB 1.217,4 14,6% 48,8% 36,6%

PE 2.258,8 13,3% 36,7% 49,9%

PI 1.973,8 8,8% 46,4% 44,8%

PR 2.972,0 73,9% 15,7% 10,4%

RJ 1.804,7 61,9% 28,3% 9,7%

RN 1.359,1 13,1% 48,0% 38,9%

RO 1.087,6 44,8% 37,4% 17,8%

RR 636,3 43,0% 43,2% 13,8%

RS 4.814,0 56,3% 25,5% 18,1%

SC 2.154,9 44,4% 36,7% 18,9%

SE 230,4 11,2% 71,1% 17,7%

SP 1.340,5 73,8% 14,1% 12,1%

TO 912,1 5,4% 33,1% 61,5%

Total 49.503,4 27,7% 36,2% 36,1%

12% 16% 26

%

29%

59%

28%

35%

45% 32

% 37%

25%

36%

53% 39

%

43% 35

%

36%

16%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil

MauRegularBom

Figura II.19– Conservação da malha federal pavimentada por região geográfica (adaptada de SGP-DNER,

2001).

É possível observar, considerando a distribuição dos dados em todo o Brasil, que

a distribuição dos pavimentos com estado de conservação considerados bom, regular e

mau é aproximadamente uniforme.

Page 54: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

35

Quando se avaliam os dados por região geográfica, porém, observa-se,

principalmente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, que a extensão da malha

rodoviária em boa conservação é extremamente reduzida em relação às demais.

Justifica-se, portanto, a adoção dos pavimentos nos três estados (bom, regular e

mau) de conservação para a estimativa da faixa de variação do coeficiente de impacto

em pontes no Brasil conforme proposto neste trabalho. A descrição da metodologia

adotada para a geração de perfis longitudinais, representativos destes pavimentos, será

apresentada no trecho seguinte.

Geração aleatória de perfil de rugosidade

O perfil da rugosidade de uma estrada pode ser tomado como um processo

aleatório estacionário e ergódigo, com média zero. Para a descrição da superfície de

uma estrada podem ser utilizadas funções de densidade espectral obtidas

experimentalmente a partir das quais são gerados perfis de irregularidade longitudinal.

Em HONDA et al. (1982), por exemplo, o espectro que representa a rugosidade da

superfície para pontes rodoviárias é apresentado com base na medição de 84 trilhas de

roda em 56 pontes diferentes no Japão. Estas pontes tinham diferentes tipos estruturais

tais como sistemas de vigas simples e contínuas, treliças e arcos e pavimentos em

concreto e em asfalto.

A função de densidade espectral da rugosidade do pavimento pode ser expressa

por uma função exponencial da mesma forma que para o pavimento na rodovia em geral

(HONDA et al, 1982):

βωαω −= )()( krS (II.2)

onde α é o coeficiente espectral de rugosidade que depende do estado de conservação

do pavimento, o qual pode ser classificado em cinco categorias de acordo com os

padrões ditados pelo “Internacional Organization for Standardization (ISO)” (ver

Tabela II.6 ); e β é o expoente de rugosidade do espectro, tomado igual a 2,03 por

HONDA et al. (1982) como um valor médio quando se trata de pavimentos asfálticos, e

igual a 1,85 para pavimento em concreto.

Page 55: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

36

Tabela II.6 – Classificação da superfície de rolamento de acordo com os padrões da ISO (HONDA et al, 1982).

Condição do pavimento α (m2/(m/ciclo)) Muito boa α ≤ 0,24 x 10-6

Boa 0,24 x 10-6 < α ≤ 1,0 x 10-6 Regular 1,0 x 10-6 < α ≤ 4,0 x 10-6 Ruim 4,0 x 10-6 < α ≤ 16,0 x 10-6

Muito Ruim α > 16,0 x 10-6

Entretanto, para se compatibilizar os padrões da ISO com a escala de

classificação de irregularidade adotada no Brasil (Tabela II.4), foi realizado o cálculo do

IRI, de acordo com a metodologia exposta no Anexo A, para cada perfil gerado.

Portanto, o IRI foi calculado de acordo com os padrões do quarto – de – carro e para

esta simulação numérica utilizou-se um Software disponibilizado em SAYERS, (1995)

(http://www.umtri.umich.edu/divisionPage.php?pageID=62).

Tabela II.7 – Correlação observada entre as classificações das condições do pavimento adotadas no Brasil (IRI) e pela ISO conforme HONDA et al, 1982.

Condição do pavimento

(IRI no Brasil) α (m2/(m/ciclo))

IRI

(m / km)

Excelente α ≤ 0,24 x 10-6 IRI ≤ 1,90

Excelente → Regular 0,24 x 10-6 < α ≤ 1,0 x 10-6 1,90 < IRI ≤ 3,80

Regular → Péssimo α > 1,0 x 10-6 IRI > 3,80

A correlação foi obtida para os extremos dos intervalos dos valores de α da

Tabela II.6, conforme os padrões da ISO, portanto, dentro destes intervalos é possível

observar mais de uma classificação das condições do pavimento de acordo com o IRI no

Brasil (ver Tabela II.4).

Os perfis longitudinais gerados para representar os pavimentos encontrados no

Brasil encontram-se na Figura II.20, juntamente com os parâmetros α e β utilizados e

o valor de IRI obtido. Estes perfis foram gerados (SANTOS, 2005) a partir do espectro

da eq. (II.2) como uma série de co-senos:

( )kk

N

kkir xu φπωα += ∑

=

2cos)(1

(II.3)

onde )(xuir é a rugosidade aleatória do pavimento, kα é a amplitude de rugosidade, kω é

a freqüência de rugosidade em ciclos por metro, kφ é o ângulo de fase aleatória definido

Page 56: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

37

no intervalo [0,2π], x é a posição do eixo do veículo ao longo da sua trajetória e N é o

número total de termos da série.

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20Coordenada horizontal (m)

Coor

dena

da v

ertic

al (m

m)

(a) Perfil longitudinal gerado e considerado em bom estado

(α = 0,5 10-6 m2/m/ciclo, β =2,03, IRI = 2,70).

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20Coordenada horizontal (m)

Coor

dena

da v

ertic

al (m

m)

(b) Perfil longitudinal gerado e considerado em estado regular.

(α = 1,0 10-6 m2/m/ciclo, β =2,03, IRI = 3,80).

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20Coordenada horizontal (m)

Coor

dena

da v

ertic

al (m

m)

(c) Perfil longitudinal gerado e considerado em mau estado.

(α = 1,5 10-6 m2/m/ciclo, β =2,03, IRI = 4,70).

Figura II.20 – Perfis longitudinais gerados para representar as condições dos pavimentos no Brasil.

Page 57: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

38

II.4 Descrição das estruturas de pontes consideradas

Em ROSSIGALI (2006) encontra-se a descrição da geometria de pontes

representativas das obras de arte especiais encontradas na malha rodoviária brasileira.

A seção transversal das pontes é determinada em função das dimensões dos

veículos que nelas deverão trafegar e do número de faixas de tráfego; além disso, na

largura total devem estar incluídos os guarda-rodas, os acostamentos e suas distâncias

mínimas (para garantir a distância de obstáculo contínuo). Para a passagem de pedestres

podem ser previstos passeios (MASON, 1977).

Os acostamentos são usados como eventuais refúgios de veículos danificados ou

mesmo para o trânsito de pedestres, quando não houver passeios. A finalidade das

faixas de segurança é relativa ao acondicionamento psicológico do motorista.

Durante muitos anos, as rodovias federais de Classe I com pista simples de duas

faixas de tráfego (rodovias de mão dupla) foram construídas com largura entre 7,00m e

7,20m, com acostamentos de 2,50m. Para compensar a obstrução psicológica provocada

pelos 0,30m de altura dos guarda-rodas, alargava-se a pista 0,50m ou 0,60m para cada

lado. Os tabuleiros das pontes para estas rodovias foram construídos de forma

padronizada, com pista de 8,20m de largura e guarda-rodas de 0,90m, com largura total

de 10m (modelo antigo do DNER), sem acostamentos (ver a Figura II.21a).

Posteriormente o DNER orientou-se pelo padrão americano e adotou para as pontes

rurais a largura total da estrada, com a pista e os acostamentos, de modo a reduzir a

obstrução psicológica: passou-se a considerar a largura útil padrão de 12,20m (o modelo

atual, ver a Figura II.21b). Para impedir a saída dos veículos da pista, alguns guarda-

rodas dos tabuleiros estreitos antigos foram substituídos por barreiras laterais do tipo

New-Jersey (PFEIL, 1985). Esses tabuleiros são, portanto, representativos das obras de

arte na malha rodoviária nacional, que ainda têm pistas de mão dupla.

Muitas das principais rodovias do país foram construídas entre as décadas de

1960 e de 1980, adotando-se o modelo antigo do DNER e utilizando-se para o projeto

das pontes o veículo-tipo Classe 36 da antiga norma NB 6 (1960). Os tabuleiros do

modelo atual começaram a ser utilizados pelo DNER anteriormente à mudança da NB 6

para a NBR 7188; portanto, existem obras com a geometria do modelo atual projetadas

para as Classes 36 e 45.

Page 58: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

39

820

(a)

1220

(b)

Figura II.21 Tabuleiros de modelo antigo do DNER (a) e o atual (b) –unidades em cm - (PFEIL, 1985)

O presente estudo restringiu-se aos vãos de 10m, 15m, 20m, 25m, para os quais a

ação determinante é a da passagem do tráfego normal e não a situação de

engarrafamento ou acúmulo de veículos sobre as pontes.

Quanto ao esquema estrutural longitudinal, foram considerados os casos de viga

bi-apoiada.

As pontes analisadas são de concreto armado, com as seções transversais

ilustradas na Figura II.22, e que constam de laje associada a duas longarinas principais

de seção retangular constante. Este sistema representa grande parte das obras de arte em

concreto armado nas rodovias federais na faixa de vãos estabelecida.

A Tabela II.8 apresenta as dimensões adotadas para os elementos estruturais

ilustrados na Figura II.22. Estas dimensões seguem de forma coerente o padrão usual de

dimensionamento das obras de arte em concreto armado. Consideraram-se duas

transversinas intermediárias para os vãos bi-apoiados sem balanços.

18

T

600200 110 90

1000

820

h

wb

h

h

bw

750275 235 40

1300

h

1220

T

25

Figura II.22a – Seção transversal do modelo

antigo (unidades em cm). Figura II.22b – Seção transversal do modelo novo

(unidades em cm).

Page 59: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

40

30,0

25,0

20,0

15,0

10,0

Figura II.22c – Esquema longitudinal das estruturas simplesmente apoiadas (unidades em m).

Figura II.22 Seções transversais das pontes e esquemas longitudinais.

Tabela II.8 Dimensões dos elementos estruturais (m).

Elemento estrutural Dimensão 10m 15m 20m 25m 30m

h 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 Viga

bw 0,35 0,35 0,40 0,40 0,45

ht 0,70 1,20 1,70 2,20 2,70 Transversina

bt 0,25 0,30 0,30 0,30 0,30

Page 60: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

41

III Modelagem analítico-numérica da interação veículo –

pavimento – estrutura

Com base em modelos analíticos dos veículos e da estrutura foram formuladas

equações do sistema interativo veículo-pavimento-estrutura, as quais são apresentadas

neste capítulo. Além das modelagens simplificadas dos veículos com 1 grau de

liberdade (1GL) e 2GL, consideram-se também veículos com 4GL e 5GL

representativos dos veículos monolíticos com 2 e 3 eixos respectivamente (veículos 2C -

Figura III.6 - e 3C - Figura III.8).

Para a modelagem da estrutura considera-se uma discretização unifilar com

elementos de pórtico espacial e escreveram-se as equações de movimento em

coordenadas generalizadas (método de superposição modal) admitindo-se modos de

vibração de flexão vertical e de torção.

Na última seção deste capítulo apresenta-se uma descrição da implementação

computacional efetuada.

III.1 Modelagem dos veículos

III.1.1 Veículo com um grau de liberdade (GL)

Apresenta-se esquematicamente na Figura III.1, o modelo que representa, de

forma simplificada, um veículo qualquer cuja massa total se apóia sobre uma suspensão

única, representada pelo conjunto mola - amortecedor. Destaca-se que este modelo não

conta com os efeitos dinâmicos causados pelo conjunto formado pelas rodas e pneus.

rígida lisaSuperfície

vu

z

x

mv

v cte

kv cv

CM

Figura III.1– Veículo com 1GL (uv) sobre superfície rígida lisa

Page 61: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

42

Na Figura III.2 são mostrados os diagramas de corpo livre (DCL) e de força

resultante (DFR) da massa suspensa mv do modelo da Figura III.1.

Considerando-se então, a atuação do peso do veículo (Pv), da força elástica (fe)

proveniente da mola de suspensão e da força de amortecimento (fa), e aplicando-se a

segunda lei de Newton aos respectivos diagramas da Figura III.2, tem-se:

vvvaev umPffF &&=−−−=∑ (III.1)

DCL DFR

mvvm

vP

CMCM

fe

af

Figura III.2 – Diagramas de corpo livre (DCL) e de força resultante (DFR) de mv.

Substituindo na eq. (III.1) as expressões das forças elástica ( vve ukf = ) e de

amortecimento ( vva ucf &= ) chega-se à equação do movimento do veículo deslocando-se

sobre uma superfície horizontal plana e sem rugosidade, dada por:

vvvvvvv Pukucum −=++ &&& (III.2)

onde vu&& , vu& e vu são, respectivamente, aceleração, velocidade e deslocamento

vertical do corpo do veículo; mv, cv e kv são a massa, o coeficiente de amortecimento e a

rigidez da suspensão do veículo, respectivamente; Pv é o peso do veículo (Pv = mvg) e g

é a aceleração da gravidade. O índice v será sempre utilizado com referência à massa

suspensa que compõe o veículo.

III.1.2 Veículo com dois GL’s

Este veículo difere do anterior pelo fato de contar com os efeitos dinâmicos

causados pelo conjunto de massa mp formado pelo eixo, rodas e pneus, conforme

ilustrado na Figura III.3.

De acordo com o mesmo procedimento, utilizado para o modelo com 1GL,

consideram-se o diagramas de corpo livre e de força resultante (Figura III.4), e obtêm-se

as seguintes equações para o equilíbrio de forças verticais da massa suspensa e de massa

não suspensa (conjunto eixo-rodas-pneus) do veículo:

vvum &&

Page 62: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

43

vvvpvvpvvvavev umPuucuukPff &&&& =−−−−−=−−− )()( (III.3a)

ppppppppvvpvvpapepavev umPucukuucuukPffff &&&&& =−−−−+−=−−−+ )()( (III.3b)

onde pu&& , pu& e pu são, respectivamente, aceleração, velocidade e deslocamento vertical

da massa inferior do veículo (mp). Nota-se que o índice p é introduzido para indicar o

conjunto formado pelo eixo, rodas e pneus do veículo; mp, cp e kp são a massa,

amortecimento e rigidez do referido conjunto, respectivamente; e Pp é o peso do

conjunto eixo-rodas-pneus do veículo (Pp = mpg).

Superfície

vu

z

x

mv

v cte

kv cv

CM

up

pk pc

pm

rígida lisa

Figura III.3 – Veículo com 2 GL’s (uv e up) sobre superfície rígida plana.

DCL DFR

mvvm

vP

CMCM

fev

avf

DCL DFR

mppm

pP

CMCM

fep

apf

evf

fav

Figura III.4a- massa suspensa (mv) Figura III.4b- massa não suspensa - conjunto eixo-

roda-pneus (mp).

Figura III.4 – DCL’s e DFR’s das massas.

As equações de movimento vertical do veículo de 2 GL’s deslocando-se sobre

uma superfície horizontal plana e sem rugosidade são então dadas por:

ppum &&

ppum &&

Page 63: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

44

vpvvpvvvv Puucuukum −=−+−+ )()( &&&& (III.4a)

pvvvvpvppvppp Pucukuccukkum −=−−++++ &&&& )()( (III.4b)

III.1.3 Veículo com 4 GL’s

Este modelo apresenta-se mais completo que os anteriores, pois além de

considerar o deslocamento vertical do conjunto eixo-pneu considera também a rotação

de corpo rígido do veículo (Figura III.5).

rígida lisaSuperfície

vu

z

x

up2

kv2 cv2v1cv1

ctev

vm

k

c p1k p1p2k p2c

p1u mp1 p2m

Figura III.5 – Veículo com 4GL ),,,( 21 ppvv uuu θ sobre superfície rígida lisa.

O presente modelo de 4GL’s representa o veículo monolítico composto por 2

eixos (Figura III.6) de nomenclatura 2C que será explicada no capítulo III.

Figura III.6 – Veículo de dois eixos (2C).

Seguindo o mesmo procedimento do modelo com 2 GL’s, deduzem-se as

equações de movimento do veículo com o auxílio da Figura III.7. Assim, as equações

Page 64: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

45

do movimento para a massa suspensa do veículo de 4 GL’s são dadas por (ver Figura

III.7a):

vi

avievivv Pffum −+−= ∑=

2

1

)(&& (III.5a)

ii

avievivv LffI ⋅+= ∑=

2

1

)(θ&& (III.5b)

onde, evif e avif são, respectivamente, a força elástica e a força de amortecimento

correspondentes a suspensão do veículo no eixo i (i=1,2); iL é a distância do eixo i ao

centro de gravidade (CG) da massa suspensa e vI e vθ&& são, respectivamente, o

momento de inércia e a aceleração angular da massa suspensa do veículo (mv).

Considerando-se devidamente as forças atuantes no veículo, as equações (III.5)

podem ser escritas da seguinte forma:

vpvvpvv

pvvpvvvv

PLuukLuuc

uLukuLucum

−−−−−−−

+−−+−−=

)]([)]([

)]([)]([

θθ

θθ

222222

111111

&&&

&&&&& (III.6a)

{ }{ } 2222222

1111111

LLuukLuuc

LuLukuLucI

pvvpvv

pvvpvvvv

⋅−−+−−

−⋅+−++−=

)]([)]([

)]([)]([

θθ

θθθ&&&

&&&&& (III.6b)

O índice i=1 está associado à massa mp1 (eixo traseiro) enquanto que o índice

i=2 representa os parâmetros da massa mp2 (eixo dianteiro).

A equação de movimento da massa do eixo i do veículo transitando sobre uma

superfície lisa é dada por:

gmffffum piapiepiavievipipi −−−+=&& (III.7)

Conforme a Figura III.7b, para o caso do eixo traseiro tem-se:

gmukucuLukuLucum ppppppvvpvvpp 1111111111111 )]([)]([ −−−+−++−= &&&&&& θθ (III.8a)

E conforme a Figura III.7c, para o caso do eixo dianteiro as equações são:

gmukuc

LuukLuucum

ppppp

pvvpvvpp

22222

22222222 )]([)]([

−−−

+−−+−−=

&

&&&&& θθ (III.8b)

Page 65: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

46

DCL DFR

Pv

L1 L2

mvCM

vm CM

(a) DCL e DRF da massa suspensa

DCL DFR

P p1

CM

mp1CM

p1m

(b) Conjunto eixo-rodas-pneus 1

DCL DFR

P p2

CMp2m

CM

mp2

(c) Conjunto eixo-rodas-pneus 2

Figura III.7 – Diagramas de corpo livre (DCL) e de força resultante (DFR). (a) massa suspensa, (b)

conjunto eixo-rodas-pneus 1 e (c) conjunto eixo-rodas-pneus 2.

mp1.üp1 )]([ 111 pvv uLuc &&& +− θ

)]([ 111 pvv uLuk +− θ

11 pp uc &

11 pp uk

)]([ 222 θ&&& Luuc pvv −−

)]([ 222 θLuuk pvv −−

22 pp uk

vvum &&

)]([ 111 pvv uLuk +− θ

vvI θ&&

)]([ 111 pvv uLuc &&& +− θ

)]([ 222 θLuuk pvv −−

)]([ 222 θ&&& Luuc pvv −−

mp2.üp2

22 pp uc &

Page 66: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

47

Explicitando-se nas equações (III.6) e (III.8) os graus de liberdade do sistema

chega-se às equações de movimento para o veículo simulado através de 4 GL’s:

⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪

−+−++

++−+=

−+−−+

++−−=

+−+−−

++−+−−=

−++−++−

+++−++−=

gmukkLkuk

uccLcucum

gmukkLkuk

uccLcucum

uLkuLkLkLkuLkLk

uLcuLcLcLcuLcLcI

PukukLkLkukk

ucucLcLcuccum

pppvvvv

ppvvvvpp

pppvvvv

ppvvvvpp

pvpvvvvvv

pvpvvvvvvvv

vpvpvvvvvv

pvpvvvvvvvv

2222222

22222222

1111111

11111111

2221112

222

112211

2221112

222

112211

2211221121

2211221121

)()(

)()(

)()(

)()(

)()()()(

)()()()(

)()(

)()(

θ

θ

θ

θ

θ

θθ

θ

θ

&&&&&

&&&&&

&&&&&&

&&&&&&

(III.9)

III.1.4 Veículo com 5 GL’s

Este modelo apresenta-se da mesma forma que o anterior (com quatro graus de

liberdade). Entretanto, o modelo com 5 GL’s (Figura III.9) representa de forma mais

exata os veículos compostos por 3 eixos, conforme configuração ilustrada na Figura

III.8. Assim, os dois eixos traseiros (tandem duplo) são representados de forma mais

realística.

Figura III.8 – Veículo de três eixos (3C).

De acordo com o procedimento adotado para o modelo de 4 GL’s, são

deduzidas as equações de movimento do veículo a partir dos diagramas de corpo livre e

de força resultante (Figura III.9). As equações do movimento para a massa suspensa do

veículo de 5 GL’s são dadas por:

vi

avievivv Pffum −+−= ∑=

3

1)(&& (III.10a)

ii

avievivv LffI ⋅+= ∑=

3

1)(θ&& (III.10b)

Page 67: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

48

Considerando-se devidamente as forças atuantes no veículo, as equações (III.10)

podem ser escritas da seguinte forma:

vpvvpvv

pvvpvv

pvvpvvvv

PLuukLuuc

uLukuLuc

uLukuLucum

−−−−−−−

+−−+−−

+−−+−−=

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

θθ

θθ

θθ

333333

222222

111111

&&&

&&&

&&&&&

(III.11a)

{ }{ }{ } 3333333

2222222

1111111

LLuukLuuc

LuLukuLuc

LuLukuLucI

pvvpvv

pvvpvv

pvvpvvvv

⋅−−+−−−

⋅+−++−+

⋅+−++−=

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

θθ

θθ

θθθ

&&&

&&&

&&&&&

(III.11b)

rígida lisaSuperfície

vu

z

x

up3

kv3 cv3v2cv2

ctev

vm

k

cp2kp2 p3k p3c

p1u

p1kp1c

kv1 cv1

mp1 p2m mp3p2u

Figura III.9 – Veículo com 5 GL’s sobre superfície rígida regular.

DCL DFR

Pv

L1 L3

L2

ev1 f

f av1 av2 f

f ev2ev3 f

f av3

CMvm

CMmv

Figura III.10a – DCL e DRF da massa suspensa

mv.üv

vvI θ&&

Page 68: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

49

DCL DFR

P p1

CMp1m

CM

mp1

(b) Conjunto eixo-rodas-pneus 1

DCL DFR

P p2

CMp2m

CM

mp2

(c) Conjunto eixo-rodas-pneus 2

DCL DFR

P p3

CM

mp3CM

p3m

(d) Conjunto eixo-rodas-pneus 3

Figura III.10 – Diagramas de corpo livre (DCL) e de força resultante (DFR). (a) massa suspensa, (b)

conjunto eixo-rodas-pneus 1, (c) conjunto eixo-rodas-pneus 2 e (d) conjunto eixo-rodas-pneus 3.

mp1.üp1 )]([ 111 pvv uLuc &&& +− θ

)]([ 111 pvv uLuk +− θ

11 pp uc &

11 pp uk

)]([ 333 θ−− &&& Luuc pvv

)]([ 333 θ−− Luuk pvv

33 pp uk

mp3.üp3

33 pp uc &

mp2.üp2 )]([ 222 pvv uLuc &&& +θ−

)]([ 222 pvv uLuk +θ−

22 pp uc &

22 pp uk

Page 69: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

50

A equação de movimento de uma das rodas do eixo i do veículo transitando

sobre uma superfície lisa é dada pela eq. (III.7).

Conforme a Figura III.10b, para o caso do primeiro eixo traseiro tem-se:

gmukucuLukuLucum ppppppvvpvvpp 1111111111111 )]([)]([ −−−+−++−= &&&&&& θθ (III.12a)

Da mesma forma, seguindo o mesmo procedimento adotado para o eixo anterior,

obtêm-se as equações para os demais eixos:

gmukuc

uLukuLucum

ppppp

pvvpvvpp

22|222

22222222 )]([)]([

−−−

++−++−=

&

&&&&& θθ (III.12b)

gmukuc

LuukLuucum

ppppp

pvvpvvpp

33333

33333333 )]([)]([

−−−

+−−+−−=

&

&&&&& θθ

(III.12c)

Explicitando, nas eqs. (III.11) e (III.12) os graus de liberdade do sistema chega-

se ao sistema de equações de movimento para o veículo simulado através de 5GL:

⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪

−+−++

++−+=

−+−−+

++−−=

−+−−+

++−−=

+−−

++−−

+++−−++

+++−−+=

−++++++

+−++++−

+−++++−=

gmukkLkuk

uccLcucum

gmukkLkuk

uccLcucum

gmukkLkuk

uccLcucum

uLkuLkuLk

uLcuLcuLcLkLkLkuLkLkLk

LcLcLcuLcLcLcI

gmukukukucucucLkLkLkukkk

LcLcLcucccum

pppvvvv

ppvvvvpp

pppvvvv

ppvvvvpp

pppvvvv

ppvvvvpp

pvpvpv

pvpvpv

vvvvvvv

vvvvvvvvv

vpvpvpvpvpvpv

vvvvvvv

vvvvvvvvv

3333333

33333333

2222222

22222222

1111111

11111111

333222111

333222111

233

222

211332211

233

222

211332211

332211332211

332211321

332211321

)()(

)()(

)()(

)()(

)()(

)()(

)()()(

)()()()()(

)()(

)()()()(

θ

θ

θ

θ

θ

θ

θ

θθ

θθ

&&&&&

&&&&&

&&&&&

&&&

&&&&

&&&

&&&&

(III.13)

Page 70: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

51

III.2 Equações de Movimento da Estrutura

Discretizando-se uma estrutura contínua via Método dos Elementos Finitos

(MEF), a equação de movimento é dada por:

FUKUCUM eeeeee =++ &&& (III.14)

onde,

Me é a matriz de massa global da estrutura;

Ce é a matriz de amortecimento global da estrutura;

Ke é a matriz de rigidez global da estrutura;

eee UUU e&&& , são, respectivamente, vetores de aceleração, velocidade e deslocamento

dos pontos nodais da estrutura e

F é o vetor de forças nodais variável no tempo e no espaço.

Determinando-se os modos e freqüências naturais de vibração, por meio da

análise de vibrações livres, pode-se assumir as amplitudes das componentes modais

como coordenadas generalizadas.

O deslocamento total ( kU ) de um ponto nodal qualquer k dessa estrutura é dado

pela superposição modal das amplitudes de seus n principais modos de vibração,

descrito pela seguinte expressão:

∑=

=+++=n

jejjkennkekekek tutututuU

12211 )()(...)()( φφφφ (III.15)

onde,

)(tuej é a amplitude do modo j,

n é o número de modos do sistema,

jkφ é o elemento do auto-vetor associado ao modo j e ao ponto nodal k.

Utilizando-se o principio da superposição modal (CLOUGH e PENZIEN, 1993)

o sistema de equações (III.14) transforma-se em n equações desacopladas da seguinte

forma:

jejejejejejej Fukucum =++ &&& (III.16)

onde,

ejm , é a massa modal da estrutura para o j-ésimo modo de vibração da estrutura;

ejc , é a constante de amortecimento modal para o j-ésimo modo de vibração da

estrutura;

Page 71: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

52

ejk , é a rigidez generalizada para o j-ésimo modo de vibração da estrutura;

jF , é a força generalizada associada ao modo j, calculada pelo produto vetorial Fjφ ,

sendo jφ o autovetor do modo j;

Pode-se ainda realizar as seguintes substituições (CLOUGH e PENZIEN, 1993):

ejejejej mc ξω2= (III.17a)

2ejejej mk ω= (III.17b)

Obtendo-se a seguinte equação:

ej

jejejejejejej m

Fuuu =++ 22 ωξω &&& (III.18a)

onde,

ejω é a frequência angular da estrutura para o j-ésimo modo;

ejξ é a taxa de amortecimento da estrutura para o j-ésimo modo.

No presente trabalho utilizou-se um modelo unifilar para representar a estrutura

tridimensional (ver Figura III.11). Foram considerados modos de vibração de flexão

vertical e de torção. Para os modos de torção ( jα ) a equação (III.18) é escrita na

seguinte forma:

ej

jejejejejejej I

T=++ αωαξωα 22 &&& (III.18b)

onde,

jT é o momento torçor generalizado;

ejI é a massa rotacional modal para o modo j.

xy

z

MODELO 3D

φ i

MODELO UNIFILAR

z

yx

Figura III.11 – Modelo 3D e modelo unifilar utilizados na análise (representação esquemática).

Page 72: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

53

III.3 Modelagem da interação dinâmica veículo-pavimento-estrutura

O veículo atua como carregamento móvel, que varia no tempo e no espaço, e

que, devido a sua ação dinâmica, excita a estrutura da ponte quando trafega pela mesma

sob determinada velocidade. Esta excitação é provocada pelo efeito inercial da massa

suspensa do veículo, cujo movimento vertical é induzido pela irregularidade geométrica

do pavimento e pelo próprio movimento da estrutura.

Assim, a equação de movimento da estrutura de uma ponte submetida a esse tipo

de carregamento, pode ser escrita como:

)(UKUCUM inteeeeee tF=++ &&& (III.14a)

onde )(int tF é a força de interação veículo-pavimento-estrutura em cada ponto k de

contato entre os pneus do veículo e o pavimento aderente a superficie da estrutura, que

pode ser escrita como:

∑=

+=n

iaiei fftF

1int )()( (III.19)

onde aiei fef são, respectivamente, as forças elásticas e amortecedoras exercidas pelos

componentes de mola e amortecimento do eixo i do veículo (pneus) em contato com a

estrutura.

Considera-se que não há perda de contato do pneu com o pavimento, isto é, as

forças de interação estão sempre presentes.

III.3.1 Modelo com 1 GL para veículo com suspensão única

O modelo da Figura III.12, representa um sistema mecânico-estrutural acoplado,

onde se levam em consideração a irregularidade do pavimento e o deslocamento da

estrutura.

As forças que o veículo exerce sobre a estrutura no ponto k de contato (Figura

III.13) são as forças fe (elástica) e fa (amortecimento), funções do movimento vertical do

veículo em relação a estrutura e não mais do movimento absoluto do veículo como

ilustrado na Figura III.2.

Sendo assim:

)]([)]([)(int revvrevv uUucuUukfafetF &&& +−++−=+= (III.20)

Page 73: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

54

onde ru é a coordenada vertical dos pontos na superfície irregular do pavimento, e ru&

sua derivada no tempo ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ ⋅

∂∂

=∂∂

= vxu

tuur& .

flexível irregularSuperfície

-(uruv

vu

z

x

ur

Ue

+Ue)

k+1k-1 k

v cte

kv cv

deformadaEstrutura

estrutura indeformadaModelo numérico da

CM

vm

Figura III.12 – Veículo com 1 GL sobre superfície flexível irregular.

k+1k-1 k

DCL

Figura III.13 – DCL da estrutura.

Substituindo a eq. (III.20) em (III.14a) e introduzindo-se o movimento relativo

do veículo na eq. (III.2), em substituição ao movimento absoluto do veículo chega-se às

seguintes equações de movimento do sistema mecânico-estrutural:

{ }{ }

{ }⎪⎪⎪

⎪⎪⎪

−=+−++−+

+−++−=++

+−++−=++

+−++−=++

+++++++

vrevvrevvvv

revvrevvknnenenenenene

revvrevvkjjejejejejeje

revvrevvjkejjeejjeejje

PuUukuUucum

uUucuUukukucum

uUucuUukukucum

uUucuUukukucum

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

,

,

&&&&&

&&&&&&

M

&&&&&&

&&&&&&

φ

φ

φ

1111111

(III.21)

ef

af

Page 74: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

55

onde, ejejej ueuu &&& , são a aceleração, velocidade e deslocamento generalizados da

estrutura para o j-ésimo modo de vibração e,

∑=

=n

jjjee uU

1φ (III.15)

é o deslocamento do ponto k da estrutura em contato com o veículo (ver Figura III.12).

As n primeiras equações representam as equações de movimento da estrutura

para os n modos de vibração considerados na aplicação do método da superposição

modal. A última representa a equação de movimento do veículo (massa suspensa).

As equações (III.21) podem ser escritas na forma matricial da seguinte forma:

PKUUCUM =++ &&& (III.22)

Assim, facilita-se a representação das mesmas, pois os veículos com maior

número de graus de liberdade apresentam equações mais extensas. Além disso, observa-

se que o numero de equações cresce de acordo com o número de graus de liberdade

considerado para o veículo.

Os vetores que representam respectivamente a aceleração, velocidade e

deslocamento do sistema são apresentados da seguinte forma:

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

v

ne

je

je

u

u

u

u

&&

&&

M

&&

&&

&&

1

U ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

v

ne

je

je

u

u

u

u

&

&

M

&

&

&

1

U e

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

v

ne

je

je

u

u

u

u

M

1

U (III.23)

As matrizes de massa, rigidez, amortecimento e o vetor de forças que formam o

sistema de equações diferenciais, representado pela eq. (III.22), são apresentadas pelas

sub-matrizes que as compõem, da seguinte maneira:

)()(vv

ee

M0

0MM

11111

1

+×+××

××

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n,

)()(vvve

evee

KK

KKK

11111

1

+×+××

××

⎥⎥

⎢⎢

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n,

)()(vvve

evee

CC

CCC

11111

1

+×+××

××

⎥⎥

⎢⎢

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n e

)()(v

e

P

PP

1111

1

×+×

×

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

n)(

)(n

(III.24)

onde,

Page 75: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

56

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=+

×

ne

je

je

n)(n

m

m

m

00

00

000

0

1

OM

L

eeM ; [ ]v)( m=× 11vvM ;

⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢

+

++

=

+

++++

+

×

21

12

111

12

nnejnvjnv

njvjjejjv

njvjjvjje

n)(n

kkk

kkkkkk

φφφφφ

φφφφφφφφφφ

L

MMMM

L

L

eeK ; [ ]v)( k=× 11vvK ;

⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ −−−= +× nvjvjvn)( kkk φφφ L11veK ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=+

×

nv

jv

jv

)(n

k

k

k

φ

φ

φ

M

1

1evK ;

⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢

+

++

=

+

++++

+

×

21

12

111

12

nnejnvjnv

njvjjejjv

njvjjvjje

n)(n

ccc

cccccc

φφφφφ

φφφφφφφφφφ

L

MMMM

L

L

eeC ; [ ]v)( c=× 11vvC ;

⎥⎦⎤

⎢⎣⎡ −−−= +× nvjvjvn)( ccc φφφ L11veC ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=+

×

nv

jv

jv

)(n

c

c

c

φ

φ

φ

M

1

1evC ;

( )( )

( ) ⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+−

+−

+−

=+

×

rvrvn

rvrvj

rvrvj

)(n

ukuc

ukuc

ukuc

&

M

&

&

φ

φ

φ

1

1eP e ( )[ ]vrvrv)( Pukuc −+=× &11vP

Nas equações (III.24), com a finalidade de simplificar a notação, os elementos

dos autovetores jφ associados ao nó k de contato foram designados por jφ , ao invés de

jkφ .

A metodologia adotada para a representação das matrizes demonstra grande

utilidade na conferência do programa desenvolvido em linguagem FORTRAN. Pode-se

observar também que as matrizes não tomam grandes proporções, facilitando assim a

sua visualização e a acomodação das mesmas ao longo do corpo da tese.

Page 76: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

57

III.3.2 Modelo com 2 GL’s para veículo com suspensão única

Na Figura III.4 encontram-se ilustrados os DCL’s das massas do veículo com 2

GL’s. As forças de interação atuantes no sistema dependem do deslocamento (up) da

massa inferior do veículo (mp) e do deslocamento Ue do ponto da estrutura em contato

com o veículo, além da rugosidade do pavimento. Então, de acordo com esses

parâmetros obtém-se a força de interação dinâmica pela seguinte equação:

)]([)]([)(int repprepp uUucuUukfafetF &&& +−++−=+= (III.25)

Introduzindo-se a eq. (III.25) nas equações (III.14a) de movimento da estrutura e

também o movimento relativo do veículo nas equações (III.4) chega-se ao seguinte

sistema de equações acopladas que representam o sistema mecânico-estrutural em

questão:

{ }{ }

{ }

⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪

−=−−−−+−++−+

−=−+−+

+−++−=++

+−++−=++

+−++−=++

+++++++

ppvvpvvrepprepppp

vpvvpvvvv

reppreppknnenenenenene

reppreppkjjejejejejeje

reppreppkjejjeejjeejje

PuukuucuUukuUucum

Puukuucum

uUucuUukukucum

uUucuUukukucum

uUucuUukukucum

)()()]([)]([

)()(

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

,

,

,

&&&&&&&

&&&&

&&&&&&

M

&&&&&&

&&&&&&

φ

φ

φ

1111111

(III.26)

As n primeiras equações representam as equações de movimento da estrutura

para os n modos de vibração considerados na aplicação do método da superposição

modal. As duas últimas representam respectivamente a equação de movimento do

veículo (massa suspensa) e do conjunto formado pelo eixo, roda mais pneu (massa não

suspensa).

Representam-se as equações (III.26) na forma matricial da mesma maneira que

foi apresentada na eq. (III.22), sendo os vetores aceleração, velocidade e deslocamento:

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

p

v

ne

je

je

uuu

uu

&&

&&

&&

M

&&

&&

&&

1

U ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

p

v

ne

je

je

uuu

uu

&

&

&

M

&

&

&

1

U e

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

p

v

ne

je

je

uuu

uu

M1

U (III.27)

Page 77: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

58

As matrizes de massa, rigidez, amortecimento e o vetor de forças são

apresentadas a seguir, de acordo com a mesma metodologia utilizada para o veículo

com 1GL:

)()(vv

ee

M0

0MM

22222

2

+×+××

××

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n,

)()(vvve

evee

KK

KKK

22222

2

+×+××

××

⎥⎥

⎢⎢

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n,

)()(vvve

evee

CC

CCC

22222

2

+×+××

××

⎥⎥

⎢⎢

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n e

)()(v

e

P

PP

1212

1

×+×

×

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

n)(

)(n

(III.28)

onde,

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=+

×

ne

je

je

n)(n

m

m

m

00

0

000

0

1

MOM

L

eeM ; ⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=×

p

v

)( mm

0

022vvM ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+

+

+

=

+

++++

+

×

pnnejnpjnp

njppjjejjp

njpjjppjje

n)(n

kkkk

kkkk

kkkk

21

12

111

12

φφφφφ

φφφφφ

φφφφφ

L

MMMM

L

L

eeK ;

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

+−

−=×

vpv

pv

)( kkk

kk22vvK ;

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

−−−=+

×npjpjp

n)( kkk φφφ L

L

12

0veK ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=+

×

np

jp

jp

)(n

k

k

k

φ

φ

φ

M

M 1

2

0

evK ;

Page 78: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

59

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+

+

+

=

+

++++

+

×

pnnejnpjnp

njppjjejjp

njpjjppjje

n)(n

cccc

cccc

cccc

21

12

111

12

φφφφφ

φφφφφ

φφφφφ

L

MMMM

L

L

eeC ;

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

+−

−=×

vpv

pv

)( ccc

cc22vvC ;

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

−−−=+

×npjpjp

n)( ccc φφφ L

L

12

0veC ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=+

×

np

jp

jp

)(n

c

c

c

φ

φ

φ

M

M 1

2

0

evC ;

( )( )

( ) ⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+−

+−

+−

=+

×

rvrvn

rvrvj

rvrvj

)(n

ukuc

ukuc

ukuc

&

M

&

&

φ

φ

φ

1

1eP e

( ) ⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

−+

−=×

prprp

v

)( PukucP

&12vP

Nas equações (III.28) os elementos dos autovetores jφ associados ao nó k de

contato também foram designados por jφ , ao invés de jkφ .

III.3.3 Modelo com 4 GL’s para veículo com 2 eixos

O veículo de 4 GL’s da Figura III.5 tem dois pontos de contato com a estrutura,

correspondentes aos eixos dianteiro (sub-índice 2) e traseiro (sub-índice 1). As forças de

interação para cada eixo i, ilustrados na Figura III.14 podem ser escritas como:

2,1,)( =+= ifftF aieiei (III.29)

onde,

)]([

)]([

riiepipiai

riiepipiei

uUucf

uUukf

&&& +−=

+−= (III.30)

Nas eqs. (III.30) Uei é o deslocamento vertical do ponto da estrutura em contato

com o eixo i em cada instante de tempo:

∑=

=n

jjijeei uU

1φ ; n é o número de modos de vibração. (III.31)

Page 79: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

60

e uri é a coordenada do perfil longitudinal do pavimento no ponto de contato com o eixo

i em cada instante de tempo.

k+1k

DCL

k-1

Figura III.14 – Diagrama de corpo livre (DCL) da estrutura.

Substituindo a equação (III.29) em (III.14a) e realizando as devidas operações,

chega-se ao sistema de equações de movimento acopladas do sistema mecânico-

estrutural, expresso por:

( ) ( )( ) ( )

( ) ( )

⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪

−+−−+−−

+−−+−−=

−+−−+−−

++−++−=

⋅+⋅−⋅+−⋅−

+⋅+⋅−⋅+−⋅−=

−⋅+⋅+⋅−+⋅+−

+⋅+⋅+⋅−+⋅+−=

+++=++

+++=++

+++=++

++++++++

222222222

22222222

111111111

11111111

2221112

222

112211

2221112

222

112211

2211221121

2211221121

222111

22121111111111

222111

prepprepp

pvvpvvpp

prepprepp

pvvpvvpp

pvpvvvvvv

pvpvvvvvvvv

vpvpvvvvvv

pvpvvvvvvvv

aenaennenenenenene

aejaejjejejejejeje

aejaejejjeejjeejje

PuUukuUuc

LuukLuucum

PuUukuUuc

uLukuLucum

uLkuLkLkLkuLkLk

uLcuLcLcLcuLcLcI

gmukukLkLkukk

ucucLcLcuccum

ffffukucum

ffffukucum

ffffukucum

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

)()()()(

)()()()(

)()()()(

)()()()(

&&&

&&&&&

&&&

&&&&&

&&&&&&

&&&&&&

&&&

M

&&&

&&&

θθ

θθ

θ

θθ

θ

θ

φφ

φφ

φφ

(III.32)

Nas eqs. (III.32), as forças elásticas (fe) e amortecedoras (fa) de interação

veículo-estrutura para os dois eixos do veículo são expressas de acordo com as eqs.

(III.30).

)]([ 2222 repp uUuk +−

)]([ 2222 repp uUuc &&& +−

)]([ 1111 repp uUuk +−

)]([ 1111 repp uUuc &&& +−

Page 80: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

61

As equações (III.32) são representadas na forma matricial de acordo com o

exposto no item III.3.2 e os correspondentes vetor de deslocamento U, matrizes de

massa, rigidez, amortecimento e vetor de forças são:

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

2

1

1

p

p

v

v

ne

je

je

u

u

u

u

u

u

&&

&&

&&

&&

&&

M

&&

&&

&&

θ

U ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

2

1

1

p

p

v

v

ne

je

je

u

u

u

u

u

u

&

&

&

&

&

M

&

&

&

θ

U e

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

2

1

1

p

p

v

v

ne

je

je

u

u

u

u

u

u

θ

M

U (III.33)

)()(vv

ee

M0

0MM

44444

4

+×+××

××

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n,

)()(vvve

evee

KK

KKK

44444

4

+×+××

××

⎥⎥

⎢⎢

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n,

)()(vvve

evee

CC

CCC

44444

4

+×+××

××

⎥⎥

⎢⎢

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(ne

)()(v

e

P

PP

1414

1

×+×

×

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

n)(

)(n

(III.34)

onde,

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=+

×

ne

je

je

n)(n

m

m

m

00

0

000

0

1

MOM

L

eeM ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

2

144

00

00

000

0

p

p

v

v

)(

m

mI

m

M

L

vvM ;

Page 81: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

62

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

++++

++++

++++

=

++

+++++++

++

×

npnpnejnpjnpjnpjnp

njpnjpjpjpjejjpjjp

njpnjpjjpjjpjpjpje

n)(n

kkkkkkk

kkkkkkk

kkkkkkk

222

21112221111222111

2122111112221

211121221111

22211112221111222

211

φφφφφφφφφφ

φφφφφφφφφφ

φφφφφφφφφφ

L

MMMM

L

L

eeK

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+−

+−−

−+−−

−+−

)(

)(

)(

)(

K vv

22222

11111

22112

222

112211

21221121

44

0

0

pvvv

pvvv

vvvvvv

vvvvvv

)(

kkLkk

kkLkk

LkLkLkLkLkLk

kkLkLkkk

;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

npjpjp

npjpjpn)(

kkk

kkk

2212222

11111114

0

0

φφφ

φφφ

L

L

L

L

veK ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

−−

−−

−−

=++

×

npnp

jpjp

jpjp

)(n

kk

kk

kk

2211

122111

2211

4

00

φφ

φφ

φφ

MM

MMevK ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

++++

++++

++++

=

++

+++++++

++

×

npnpnejnpjnpjnpjnp

njpnjpjpjpjejjpjjp

njpnjpjjpjjpjpjpje

n)(n

ccccccc

ccccccc

ccccccc

222

21112221111222111

2122111112221

211121221111

22211112221111222

211

φφφφφφφφφφ

φφφφφφφφφφ

φφφφφφφφφφ

L

MMMM

L

L

eeC

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+−

+−−

−+−−

−+−

)(

)(

)(

)(

Cvv

22222

11111

22112

222

112211

21221121

44

0

0

pvvv

pvvv

vvvvvv

vvvvvv

)(

ccLcc

ccLcc

LcLcLcLcLcLc

ccLcLccc

;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

npjpjp

npjpjpn)(

ccc

ccc

2212222

11111114

0

0

φφφ

φφφ

L

L

L

L

veC ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

−−

−−

−−

=++

×

npnp

jpjp

jpjp

)(n

cc

cc

cc

2211

122111

2211

4

00

φφ

φφ

φφ

MM

MMevC ;

( ) ( )( ) ( )

( ) ( ) ⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+−+−

+−+−

+−+−

=++

×

2222211111

222212111111

2222211111

1

rprpnrprpn

rprpjrprpj

rprpjrprpj

)(n

ucukucuk

ucukucuk

ucukucuk

&&

M

&&

&&

φφ

φφ

φφ

eP ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

2

114

0

p

p

v

)(

P

P

P

vP

Page 82: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

63

Nas eqs. (III.34) j2φ e j1φ representam os componentes do autovetor do modo j

correspondentes aos pontos de contato da estrutura com os eixos 2 e 1 do veículo

respectivamente, os quais variam ao longo do tempo.

III.3.4 Modelo com 5 GL’s para veículo com 3 eixos

Para o veículo de 5 GL’s são 3 os pontos de contato com a estrutura. As forças

de interação são então aplicadas nestes 3 pontos e são escritas segundo a eq. (III.29)

sendo i = 1, 3.

Substituindo a equação (III.29) em (III.14) e realizando as devidas operações,

chega-se ao sistema de equações de movimento acopladas do sistema mecânico-

estrutural, expresso por:

( )

( )

( )

⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪⎪

−+−−+−−

+−−+−−=

−+−−+−−

++−++−=

−+−−+−−

++−++−=

+−−⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−−+

++−−⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−−+=

−+++⋅−++⋅++−

++++⋅−++⋅++−=

+=++

+=++

+=++

=

=

=

=+++++++

=

333333333

33333333

222222222

22222222

111111111

11111111

333222111

3

1

2332211

333222111

3

1

2332211

332211332211321

332211332211321

3

1

3

11111111

3

1

prepprepp

pvvpvvpp

prepprepp

pvvpvvpp

prepprepp

pvvpvvpp

pvpvpvi

ivivvvv

pvpvpvi

ivivvvvvv

vpvpvpvvvvvvvv

pvpvpvvvvvvvvvv

iaieininenenenenene

iaieijijejejejejeje

iaieijiejjeejjeejje

PuUukuUuc

LuukLuucum

PuUukuUuc

uLukuLucum

PuUukuUuc

uLukuLucum

uLcuLcuLcLkuLkLkLk

uLcuLcuLcLcuLcLcLcI

PukukukLkLkLkukkk

ucucucLcLcLcucccum

ffukucum

ffukucum

ffukucum

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

)]([)]([

)()()()(

)()()()(

)()(

)()(

&&&

&&&&&

&&&

&&&&&

&&&

&&&&&

&&&&&&&

&&&&&&&

&&&

M

&&&

&&&

θθ

θθ

θθ

θ

θθ

θ

θ

φ

φ

φ

(III.35)

Page 83: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

64

A representação matricial das equações (III.35) possui os seguintes vetor de

deslocamentos, matrizes de massa, rigidez, amortecimento e vetor de forças:

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

3

2

1

1

p

p

p

v

v

ne

je

je

u

u

u

u

u

u

u

&&

&&

&&

&&

&&

&&

M

&&

&&

&&

θ

U

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

3

2

1

1

p

p

p

v

v

ne

je

je

u

u

u

u

u

u

u

&

&

&

&

&

&

M

&

&

&

θ

U

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

3

2

1

1

p

p

p

v

v

ne

je

je

u

u

u

u

u

u

u

θ

M

U

(III.36)

)()(vv

ee

M0

0MM

55555

5

+×+××

××

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n,

)()(vvve

evee

KK

KKK

55555

5

+×+××

××

⎥⎥

⎢⎢

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(n,

)()(vvve

evee

CC

CCC

55555

5

+×+××

××

⎥⎥

⎢⎢

⎡=

nn)(n)(

)(nn)(ne

)()(v

e

P

PP

1515

1

×+×

×

⎥⎥⎦

⎢⎢⎣

⎡=

n)(

)(n

(III.37)

onde,

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=+

×

ne

je

je

n)(n

m

m

m

00

0

000

0

1

MOM

L

eeM ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

3

2

155

0000000

000

p

p

p

v

v

)(

mm

mI

m

M

M

L

L

vvM ;

Page 84: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

65

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+

+

+

=

∑∑∑

∑∑∑

∑∑∑

==+

=

=+

=++

=+

==+

=

×

3

1

23

11

3

1

3

11

3

11

21

3

11

3

1

3

11

3

1

2

inipine

ijinipi

ijinipi

inijipi

ijipije

ijijipi

inijipi

ijijipi

ijipije

n)(n

kkkk

kkkk

kkkk

φφφφφ

φφφφφ

φφφφφ

L

MMMM

L

L

eeK

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+−

+−−

−+−−

−+−

)(

)(

)(

)(

K vv

22222

11111

22112

222

112211

21221121

44

0

0

pvvv

pvvv

vvvvvv

vvvvvv

)(

kkLkk

kkLkk

LkLkLkLkLkLk

kkLkLkkk

;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

npjpjp

npjpjpn)(

kkk

kkk

2212222

11111114

0

0

φφφ

φφφ

L

L

L

L

veK ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

−−

−−

−−

=++

×

npnp

jpjp

jpjp

)(n

kk

kk

kk

2211

122111

2211

4

00

φφ

φφ

φφ

MM

MMevK ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+

+

+

=

∑∑∑

∑∑∑

∑∑∑

==+

=

=+

=++

=+

==+

=

×

3

1

23

11

3

1

3

11

3

11

21

3

11

3

1

3

11

3

1

2

inipine

ijinipi

ijinipi

inijipi

ijipije

ijijipi

inijipi

ijijipi

ijipije

n)(n

cccc

cccc

cccc

φφφφφ

φφφφφ

φφφφφ

L

MMMM

L

L

eeC

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+−

+−−

−+−−

−+−

)(

)(

)(

)(

Cvv

22222

11111

22112

222

112211

21221121

44

0

0

pvvv

pvvv

vvvvvv

vvvvvv

)(

ccLcc

ccLcc

LcLcLcLcLcLc

ccLcLccc

;

Page 85: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

66

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

=

+

npjpjp

npjpjpn)(

ccc

ccc

2212222

11111114

0

0

φφφ

φφφ

L

L

L

L

veC ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

−−

−−

−−

=++

×

npnp

jpjp

jpjp

)(n

cc

cc

cc

2211

122111

2211

4

00

φφ

φφ

φφ

MM

MMevC ;

( ) ( )( ) ( )

( ) ( ) ⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢

+−+−

+−+−

+−+−

=++

×

2222211111

222212111111

2222211111

1

rprpnrprpn

rprpjrprpj

rprpjrprpj

)(n

ucukucuk

ucukucuk

ucukucuk

&&

M

&&

&&

φφ

φφ

φφ

eP ;

⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥

⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢

3

2

115

0

p

p

p

v

)(

P

P

P

P

vP

III.4 Implementação computacional

A implementação computacional da análise de interação dinâmica veículo-

pavimento foi realizada com o auxílio de programação em linguagem FORTRAN

(Programa IVPE-U) e a análise da estrutura em vibrações livres (para determinação de

modos e freqüências naturais) foi efetuada no programa SAP 2000®. A metodologia de

interação entre os dois programas é descrita no parágrafo seguinte.

Primeiro, efetua-se a extração dos modos de flexão vertical e torção de um

modelo de grelha representativo da estrutura analisado através do SAP 2000. O

programa IVPE-U considera estes modos de forma simplificada. Como ilustração,

toma-se a estrutura apresentada na Figura III.15 que é modelada em elementos de

pórtico espacial (Figura III.15c) com inércia e área equivalentes à seção transversal da

estrutura. Observa-se, também na Figura III.15c, a ampliação e representação de um dos

nós do modelo 3D e os graus de liberdade considerados para a extração dos modos

simplificados.

Figura III.15a – Seção transversal da estrutura (unidades em cm).

Page 86: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

67

Figura III.15b – Perfil longitudinal da estrutura (unidades em cm).

inó

TRANSVERSINA CENTRAL

VIGA V1

TRANSVERSINA DE APOIO

VIGA V2

TRANSVERSINA DE APOIOα i

xy

z

Figura III.15c – Representação esquemática da estrutura por modelo em grelha com elementos de pórtico espacial.

Figura III.15 – Esquematização de uma estrutura típica avaliada.

Os modos de flexão vertical, utilizados no programa IVPE-U, são obtidos

diretamente pelas amplitudes modais ( 21 vv e φφ ) geradas no modelo 3D, conforme

mostra a Figura III.16a. Já os modos de torção são considerados pela rotação ( kα ) da

seção transversal que é obtida pela relação entre as amplitudes verticais( 21 TT e φφ ) dos

modos de torção e a meia-distância ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛

2e entre estes pontos e o eixo longitudinal de

simetria (ver Figura III.16b). A relação é expressa pela equação (III.38).

evi

ijφ

α2

= (III.38)

Page 87: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

68

v1φ φv2

v1φ v2φφk

Seção transversal

k

nó do modelounifilar

Figura III.16a – Primeiro modo de flexão (representação esquemática).

k

φT1

φT2

Seção transversal

T1φ

T2φ

nó do modelounifilar

e

Figura III.16b - Primeiro modo de torção (representação esquemática).

Figura III.16 – Esquematização de uma estrutura típica avaliada.

Os modos de vibração obtidos são então normalizados, ou seja, todas as

amplitudes de njj e φφ1 do modo j são divididas pela maior amplitude do modo j em

valor absoluto. Dessa forma o maior dos valores de ijφ em valor absoluto passa a ser 1.

Em seguida, calculam-se as massas modais para os modos de flexão e de torção

de acordo com as equações (III.39) - válidas para estruturas de inércia constante ao

longo do vão.

( )∑=

=n

iijFj LmM

1

2φ (III.39a)

( )∑=

=n

iijpTj LIM

1

2α (III.39b)

Page 88: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

69

Onde, FjM é a massa modal para um modo j qualquer de flexão; TjM é a massa

modal para um modo j qualquer de torção; L é o comprimento do elemento;

( )zyp III += é o momento de inércia de massa em torno do eixo longitudinal

(momento polar de inércia); Iy e Iz são respectivamente os momentos de inércia (de

massa) por unidade de comprimento em torno do eixo y e do eixo z do elemento de

pórtico espacial (ver Figura III.15b); jiji e αφ são amplitudes dos modos de flexão e de

torção respectivamente.

A atualização do grau de liberdade referente à posição dos eixos do veículo é

feita de acordo com o seguinte procedimento: Num determinado instante de tempo ti ≤ t

< T, com a posição do eixo do veículo até o ponto médio do elemento (ponto M), os

arranjos são montados admitindo o grau de liberdade iφ como sendo cφ , onde c é o

ponto de contato. Para um instante de tempo T ≤ t < tj, com o eixo posicionado à frente

do ponto M o grau de liberdade cφ passa a ser jφ . A Figura III.17 ilustra o

procedimento.

M

φ i

Eixoc= φ jφ

t = t t = Ti jt = t

M

φ j

Eixoc= φiφ

t = t t = Ti jt = t

(a) (b) Figura III.17 – Atualização dos graus de liberdade. (a) posição do eixo antes do ponto M, (b) posição do

eixo após o ponto M.

Deve-se ressaltar que as imprecisões geradas por este tipo de atualização dos

graus de liberdade, para um refinamento razoável, são toleráveis (CARNEIRO, 1986).

O programa IVPE-U utiliza o Método de Runge-Kutta para a integração das

equações diferenciais no tempo. São inseridos os seguintes dados de entrada para o

veículo:

• Massas suspensas (e momentos de inércia) e não suspensa;

• Valores de rigidez (k) e coeficiente de amortecimento (c);

• Distância dos eixos ao centro de massa do veículo (ou parte dele).

• Os dados do pavimento são fornecidos através de tabelas com amplitudes do

perfil ao longo da posição longitudinal e com a declividade em cada ponto.

Page 89: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

70

A determinação das condições iniciais dos graus de liberdade do veículo (uv, vθ ,

up1 e etc) é tomada pelos deslocamentos (ou rotações) obtidos pelo equilíbrio estático

sob a ação do peso próprio do veículo.

O perfil da irregularidade do pavimento foi submetido a uma suavização para

que se pudesse considerar a área de contato entre os pneus e o pavimento de forma mais

realística. Para a suavização foi aplicado um processo conhecido como média móvel,

onde se substitui cada ponto Pi do perfil original pelo valor da média aritmética

calculada entre N pontos à esquerda e N pontos a direita de Pi, além é claro do próprio

valor da amplitude em Pi. A Figura III.18 ilustra mais claramente o processo de

aplicação da média móvel. Foi considerada uma distância de aproximação de 50m para

o veículo antes de trafegar sobre a estrutura.

B

Largura de contato

Ponto de aplicação

de cargaPerfil gerado

Perfil suavizado

Pneu

2N +Pi

Pi

Figura III.18 – Processo de suavização do perfil de irregularidade longitudinal.

Rodovia Ponte

Distância de aproximação Comprimento da ponte

Figura III.19 – Distância de aproximação considerada.

Page 90: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

71

IV Comparação teórico-experimental

IV.1 Introdução

A ponte de acesso ao Píer de Minério do Porto de Sepetiba, Rio de Janeiro teve

seu comportamento dinâmico avaliado experimentalmente por equipe do Programa de

engenharia Civil da COPPE (BATTISTA, 1993). O objetivo deste trabalho foi

apresentar recomendações técnicas para atenuar os efeitos dinâmicos produzidos pela

passagem das cargas móveis que causavam danos, tais como o estado de fissuração

observado em algumas vigas. O problema foi resolvido com a instalação de ADS –

Atenuadores Dinâmicos Sintonizados projetados pelo Prof. Ronaldo Battista

(BATTISTA E MAGLUTA, 1994) que reduziram as amplitudes dos deslocamento

produzidos pela passagem de caminhões carregados de sucata de aço.

Os resultados da avaliação experimental do comportamento dinâmico da Ponte

de Sepetiba são utilizados neste capítulo para fim de comparação com os resultados

teóricos obtidos com a análise através do modelo analítico – numérico desta ponte

descrito no Cap.III.

Este modelo foi desenvolvido de acordo com as características geométricas da

obra e materiais utilizados na execução, e calibrado em termos das freqüências naturais

de vibração obtidas experimentalmente.

Os dois caminhões tipo basculante carregados e utilizados nos ensaios

experimentais, um com pneus comuns e o outro com pneus maciços, tiveram

determinadas as suas características geométricas e dinâmicas, além da carga por eixo.

Os ensaios experimentais foram realizados para esses caminhões trafegando

sobre a ponte ao longo das duas faixas de tráfego e também para passagem desses

caminhões sobre uma ripa de madeira posicionada sobre a pista para simular impactos

causados pela passagem das rodas sobre detritos e pedaços de material sólido

transportado, caídos sobre a pista.

A comparação teórico-experimental é feita em termos de resposta em

deslocamento da estrutura sob ação do peso de veículos (ensaios estáticos) e da

passagem de veículos (ensaios dinâmicos).

Page 91: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

72

IV.2 Descrição sumária da estrutura

A Figura IV.1 mostra a planta de situação da ponte de acesso ao píer e indica o

vão selecionado para os ensaios.

CONTINENTE

PIER

48 v

ãos

TREC

HO

NO

RTE

- SU

L

5º vão

48 vãos

Vão Ensaiado

Figura IV.1 – Planta de situação da ponte com destaque para o vão ensaiado(5º vão).

Cada um dos trechos Norte-Sul e Leste-Oeste da ponte possui 48 vãos, sendo

que cada trecho é subdividido em 44 vãos típicos de 12,0 metros de comprimento e os 4

vãos restantes, vizinhos às juntas de dilatação e aos encontros, possuem um

comprimento de 10,25 metros cada.

A Figura IV.2 mostra esquematicamente o vão típico em elevação e a seção

transversal característica da obra em questão.

1200

6520

Preenchimento de concreto Viga pré-moldada

Figura IV.2a - Detalhe do vão típico em elevação (unidades em cm).

Page 92: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

73

V4V3V2V1

165165165

20

38

101.5 101.5

698

45

20

65

25

Figura IV.2b - Seção transversal no vão (unidades em cm).

Figura IV.2 – Detalhes do vão típico ensaiado. (a) Vão típico em elevação, (b) Seção transversal típica.

A meso-estrutura é composta apenas por travessas de concreto armado moldadas

diretamente sobre as estacas.

A superestrutura é composta por 4 vigas pré-moldadas de concreto armado

ligadas entre si por laje de concreto moldada por trechos. A seção transversal da obra

possui 6,98 m metros de largura onde são acomodadas duas pistas de tráfego de 3,0 m

cada uma e dois guarda-rodas de 0,25 metros de largura.

Não há aparelhos de apoio sob as vigas, portanto, estas foram assentadas sobre

camada de argamassa regularizadora. Não há transversinas nas linhas de apoio nem ao

longo dos vãos. Os guarda-rodas foram executados simultaneamente com a laje e

funcionam como enrijecedores dos bordos longitudinais dos tabuleiros.

A infra-estrutura é constituída por estacas de grande diâmetro com camisas

metálicas, resultando num conjunto de grande rigidez.

IV.3 Observações realizadas durante a vistoria da obra

De acordo com BATTISTA (1993), durante as vistorias pôde-se observar o

seguinte:

• O acabamento da superfície da pista constituía-se pelo próprio concreto da

laje do tabuleiro. A superfície apresentava rugosidade normal e algum

desgaste, deixando à mostra os agregados da massa de concreto. A

rugosidade aparente foi estimada em 2,5%, observando-se também

irregularidades (elevações com cerca de 0,5 a 1,0 cm) resultantes das juntas

Page 93: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

74

transversais de concretagem da laje. O estado da pista pôde ser considerado

como normal, já que não apresentava buracos nem danos consideráveis.

• Observaram-se fissuras típicas de flexão com pequena abertura (0,2 a 0,3

mm), na face inferior prolongando-se nas faces laterais das vigas mais

extremas sob a faixa de 1 tráfego (Figura IV.3) do lado direito, no sentido

pier-terra (Sul-Norte) na qual trafegavam os caminhões carregados com

sucata de ferro. Por isso, a fissuração era mais evidente na viga mais externa,

atenuando-se na viga vizinha e praticamente desaparecendo nas vigas da

extremidade oposta.

Em função do estado de fissuração observado, selecionou-se para ensaios o

quinto vão do trecho Sul – Norte (ver Figura IV.1).

Não foi observada nenhuma incompatibilidade entre o projeto e a execução da

estrutura em questão.

Dentre outras observações, destacam-se as que dizem respeito ao tipo de pneus

usados pelos caminhões que utilizam os de borracha maciça. Também se observou a

rodagem desses pneus sobre peças de sucata caídas sobre a pista, provocando desgastes

e cortes na borracha dos pneus e ao mesmo tempo impactos sobre a estrutura.

IV.4 Ensaios experimentais estáticos e dinâmicos

IV.4.1 Instrumentação e processamento de sinais

Na medição das flechas estáticas, no meio do vão selecionado, foram utilizados

transdutores de deslocamento instalados nos guarda-rodas do tabuleiro. Os mesmos

transdutores também foram usados para medir os deslocamentos provocados pelo

tráfego dos caminhões.

Como as referências de medida não eram fixas a terra, foram usados também

micro-acelerômetros para estimar as correções de medidas que se fizeram necessárias.

A Figura IV.3 mostra um esquema da instrumentação, onde foram utilizados

dois flexímetros (FLEX 1 e FLEX 2) e três acelerômetros (AC1, AC2 e AC3).

Page 94: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

75

EstacaEstaca

AluminaEsteira de

AC2

FLEX2FLEX1 AC1

AC3

Travessa

Passarela

VigaConcreto Armado

Tabuleiro

Faixa 1 Faixa 2

V1 V2 V3 V4

VBVA

Concreto Armado

Figura IV.3 – Esquema do plano de instrumentação do vão ensaiado.

IV.4.2 Cargas móveis utilizadas nos ensaios

Dois caminhões rígidos basculantes, com características distintas, mas com

aproximadamente o mesmo peso total, foram usadas nos ensaios realizados. Esses

caminhões estão ilustrados na Figura IV.4, onde se podem observar as distâncias entre

os três eixos e suas bitolas (espaçamento entre as rodas na direção transversal).

Portanto, suas características distintas são: as distâncias entre eixos, seus pesos

nominais descarregados e o tipo e número de pneus usados.

A Tabela IV.1 mostra a repartição de pesos por eixo desses caminhões,

descarregados e carregados com carvão, medidos em uma balança da Companhia Docas

do Rio de Janeiro (CDRJ) no porto de Sepetiba. Destaca-se que a carga de carvão

mineral foi utilizada para simulação das cargas reais de sucata metálica, transportadas

sobre a ponte pelos caminhões.

2,3m

P3P2P1

3,5m 1,2m

2,0m

P3

1,3m

P2P1

4,15m

(a) – Caminhão rígido basculante (marca Ford)

com 3 eixos e 6 pneus maciços. (b) – Caminhão rígido basculante (marca Mercedes - Benz) com 3 eixos e 10 pneus

comuns.

Figura IV.4 – Descrição das cargas móveis empregadas na análise. (a) Caminhão com pneus maciços, (b) Caminhão com pneus comuns.

Page 95: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

76

Tabela IV.1 – Distribuição de cargas por eixo nos caminhões utilizados.

(a) - Cargas sobre os eixos do caminhão de pneus maciços.

Cargas por eixo (kN) Pesagem

Peso Total

(kN) P1 P2 P3 (P2+P3)

Descarregado 109,1 42,3 33,4 33,4 66,8

Carregado c/

carvão 192,4 60,6 65,9 65,9 131,8

(b) - Cargas sobre os eixos do caminhão de pneus comuns

Cargas por eixo (kN) Pesagem

Peso Total

(kN) P1 P2 P3 (P2+P3)

Descarregado 74,8 26,0 24,4 24,4 44,8

Carregado c/

carvão 191,0 33,2 78,9 78,9 157,8

IV.4.3 Resultados dos ensaios estáticos

Os ensaios estáticos foram realizados colocando-se, separadamente, sobre o

tabuleiro cada um dos caminhões carregados. As medições de flechas no meio do vão,

tomadas com referência aos guarda-rodas, foram feitas para algumas combinações de

posições longitudinais e transversais da carga, conforme explicado nos dois itens a

seguir:

• Posição longitudinal do caminhão no vão: eixo dianteiro ou centro dos eixos

traseiros no meio do vão.

• Posição transversal do caminhão no vão: na faixa 1 (sentido Sul-Norte), na

faixa 2 (sentido Norte-Sul) e no centro da pista.

A Tabela IV.2 mostra, para cada um dos caminhões, os resultados obtidos para

flechas estáticas medidas experimentalmente nos pontos A e B e com as cargas

posicionadas conforme a Figura IV.5.

Page 96: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

77

V1 V2 V3 V4

349

174.5

VAVB

Faixa 1 Faixa 2

349

V4V3V2V1

Centro da pista

VA VB

(a) - Posicionamento da carga na faixa 1. (b) - Posicionamento da carga no centro da pista .

1200

600

(c) - Posicionamento do eixo dianteiro sobre o meio do vão.

1200

600

(d) - Posicionamento do centro dos eixos traseiros sobre o meio do vão.

Figura IV.5 – Posicionamento das cargas para realização dos ensaios estáticos (unidades em cm).

Tabela IV.2 – Resultados dos ensaios estáticos realizados no vão típico.

(a) - Flechas estáticas iδ (±0,02 mm) no meio do vão para o caminhão c/ Pneus Maciços

Eixo dianteiro no ½ vão Eixo traseiro no ½ vão Posição do Caminhão

Aδ (mm) Bδ (mm) Aδ (mm) Bδ (mm)

Centro da

Pista Experimental 0,32 0,4 0,52 0,50

Faixa 1 Experimental 0,96 0,23 1,31 0,27

Faixa 2 Experimental 0,0 0,99 0,02 1,30

Page 97: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

78

(b) - Flechas estáticas iδ (±0,02 mm) no meio do vão para o caminhão c/ Pneus Comuns.

Eixo dianteiro no ½ vão Eixo traseiro no ½ vão Posição do Caminhão

Aδ (mm) Bδ (mm) Aδ (mm) Bδ (mm)

Centro da

Pista Experimental 0,09 0,30 0,47 0,56

Faixa 1 Experimental 0,50 0,13 1,36 0,24

Faixa 2 Experimental 0,0 0,55 0,01 1,26

IV.4.4 Resultados dos ensaios dinâmicos

a) Obtenção das características dinâmicas da estrutura

Para determinação das freqüências naturais de vibração, o vão selecionado para

ensaios foi excitado por meio de impactos no centro do tabuleiro. Os impactos foram

dados com uma marreta sobre um cepo de madeira. As freqüências e os respectivos

modos de vibração identificados encontram-se na Tabela IV.3.

Tabela IV.3 – Freqüências e os modos de vibração identificados nos ensaios.

1º modo de flexão 1º modo de torção Flexão transversal

9,6 Hz 14,0 Hz 24,8 Hz

As taxas de amortecimento estimadas nos ensaios situam-se na faixa de 10%

para o primeiro modo (9,6 Hz) e 5,5% para o modo de flexão transversal (24,8 Hz).

b) Características dinâmicas de carga móvel

A determinação da freqüência de oscilação vertical do caminhão (referida a

massa da caçamba carregada e suspensão dos eixos traseiros) foi feita através de

arrancadas e frenagens súbitas do veículo instrumentado com um acelerômetro na

direção vertical instalado no chassis, junto aos feixes de mola. Os resultados obtidos

foram os seguintes:

• Freqüências de oscilação vertical, f ≈ 2,0 Hz e 4,0 Hz

• Taxa de amortecimento, ξ ≈ 7,5 %

Page 98: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

79

c) Respostas para passagem de veículos

Os ensaios dinâmicos de um vão típico foram realizados com a passagem dos

caminhões, no centro da pista e na faixa 1, em duas velocidades distintas, v1 e v2, sendo

v1 em torno de 20 km/h e v2 em torno de 30 km/h.

Algumas das respostas no tempo da estrutura submetida às cargas dinâmicas

típicas dos ensaios podem ser observadas na Figura IV.6 (veículo no centro da pista) e

na Figura IV.7 (veículo na faixa 1). Estas respostas se referem às flechas medidas nos

pontos A e B (flexímetro 1 e 2 respectivamente) da seção do meio do vão ensaiado,

conforme indicado na Figura IV.3.

-1.80

-1.60

-1.40

-1.20

-1.00

-0.80

-0.60

-0.40

-0.20

0.00

0.20

0.40

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

Flexímetro1

Flexímetro2

(a) – Caminhão de pneus comuns trafegando no centro da pista ( v ≈ 20 km / h)

-1.80-1.60-1.40-1.20-1.00-0.80-0.60-0.40-0.200.000.200.40

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

Flexímetro 1Flexímetro 2

(b) – Caminhão de pneus maciços trafegando no centro da pista ( v ≈ 15 km / h)

Figura IV.6 – Respostas no tempo para a passagem dos caminhões de pneus maciços e comuns no centro da pista.

Flex 1 Faixa 1 Faixa 2 Flex 2

Flex 1 Faixa 1 Faixa 2 Flex 2

Page 99: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

80

-1.80-1.60-1.40-1.20-1.00-0.80-0.60-0.40-0.200.000.200.40

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

Flexímetro 1Flexímetro 2

(a) – Caminhão de pneus maciços trafegando na faixa ( v ≈ 16 km / h)

-1.80-1.60-1.40-1.20-1.00-0.80-0.60-0.40-0.200.000.200.40

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

Flexímetro 1Flexímetro 2

(b) – Caminhão de pneus maciços trafegando na faixa 1 ( v ≈ 23 km / h)

Figura IV.7 – Respostas no tempo para a passagem do caminhão de pneus maciços na faixa 1.

A Figura IV.8 mostra a resposta no domínio da freqüência da estrutura para

diversas situações do caminhão com pneus maciços, carregado com carvão. Observam-

se nesses espectros as freqüências dos modos dominantes, obtidas através dos sinais dos

micro-acelerômetros instalados no meio do vão.

Flex 1 Faixa 1 Faixa 2 Flex 2

Flex 1 Faixa 1 Faixa 2 Flex 2

Page 100: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

81

0.0E+00

2.0E-03

4.0E-03

6.0E-03

8.0E-03

1.0E-02

1.2E-02

1.4E-02

0 5 10 15 20 25 30

Frequência (Hz)

Ace

lera

ção

(m/s2 )

Acelerômetro 1Acelerômetro 2

(a) – Caminhão de pneus maciços trafegando no centro da pista ( v ≈ 15 km / h)

0.0E+002.0E-034.0E-036.0E-038.0E-031.0E-021.2E-021.4E-021.6E-021.8E-022.0E-02

0 5 10 15 20 25 30

Frequência (Hz)

Ace

lera

ção

(m/s2 )

Acelerômetro 1Acelerômetro 2

(b) – Caminhão de pneus maciços trafegando na faixa 1( v ≈ 16 km / h)

Figura IV.8 – Espectros de aceleração vertical para passagens do caminhão com pneus maciços.

Nota-se na Figura IV.8a e b que o pico de freqüência de aproximadamente 8,6Hz

correspondente ao primeiro modo de vibração (Figura IV.11a)considerando a massa do

caminhão e o estado de fissuração das vigas extremas sob a faixa 1. Observa-se também

que existe grande influência de modos de vibração com freqüências entre 13 e 17 Hz,

conforme foi verificado posteriormente na análise de vibrações livres (ver Figura

IV.11e-i e a Figura IV.12c –f). As freqüências de 24 a 26 Hz correspondem aos modos

de flexão transversal do tabuleiro (ver Figura IV.13).

Para o caminhão no centro da pista sob um vão vizinho ao instrumentado a fecha

negativa registrada pelo flexímetro 2 é maior que a do flexímetro 1. Isto porque as vigas

fissuradas sob a faixa 1 (lado do flex 1) contém flecha residual positiva que deve ser

vencida (fechamento das fissuras) para avançar para a flecha negativa; fenômeno este

8,6 Hz

8,6 Hz

24,6 Hz

26,2 Hz

26,2 Hz

Page 101: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

82

que não ocorre para as vigas não fissuradas sob a faixa 2. Por outro lado, os

deslocamentos verticais positivos (para baixo) associados do caminhão sobre o vão

instrumentado são semelhantes. Vale ressaltar que esses deslocamentos são referidos a

pontos localizados exatamente no meio do vão ensaiado.

IV.5 Modelo Numérico da Estrutura e Calibração em termos de

freqüências naturais

O comportamento elástico da estrutura de um vão típico da ponte, sob

carregamentos estáticos e dinâmicos, foi analisado através da correlação entre

resultados experimentais obtidos dos ensaios e resultados numéricos obtidos com a

modelagem computacional da estrutura, discretizada em elementos finitos.

O modelo foi elaborado a partir dos dados geométricos constantes das plantas de

projeto uma vez que, durante a vistoria, não foi observada qualquer inconsistência da

estrutura em relação ao projeto. O modelo considera a estrutura íntegra.

O modelo numérico espacial representa 7 vãos contínuos de 12 m e mais dois

meios-vãos nas extremidades com condições de continuidade (simetria). A Figura IV.9a

mostra o modelo completo e a Figura IV.9b mostra a discretização de um trecho, típico

da ponte em vãos contínuos. As vigas e as barreiras laterais em concreto armado. foram

modeladas em elementos de pórtico espacial e a laje em elementos planos de casca. Os

elementos de pórtico espacial têm eixo longitudinal excêntrico em relação ao plano

médio da laje (ver Figura IV.10 ).

O modulo de elasticidade adotado para o concreto, com uma idade de

aproximadamente 15 anos e fck = 22 MPa, foi Ec = 26 GPa.

O modelo em elementos finitos foi analisado em vibrações livres com o

programa SAP 2000® e calibrado com os resultados experimentais para freqüências

naturais de vibração, apresentadas na seção IV.4.4. Com o modelo numérico pôde-se

também detectar os modos de vibração associados às freqüências experimentais.

Page 102: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

83

(a) – Modelo completo empregado na análise.

(b) - Discretização de um dos trechos da ponte em vãos contínuos

Elementos de pórtico espacial

Elemento plano de casca

3 x 0,349 x 0,553 x 0,34

0,60

0,60

0,60

(c) – Dimensões dos elementos utilizados (Vista superior da malha com unidades em m).

Figura IV.9 – Modelo empregado na análise de vibrações livres (elaborado no programa SAP 2000®).

6m

12m

12m

12m

12m

Page 103: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

84

da lajePlano médio

Eixo longitudinaldas vigas

22

Eixo longitudinaldo guarda-rodas

42,5

Figura IV.10 – Representação da excentricidade dos elementos de pórtico espacial em relação ao plano

médio da laje (unidades em cm).

Da Figura IV.11a até a Figura IV.11i são ilustrados os primeiros modos de

vibração da superestrutura da ponte e a Tabela IV.4 mostra como se comparam as

freqüências experimentais e teóricas, indicando uma boa calibração do modelo em

elementos finitos. Deve-se notar que, em função da posição dos impactos – no centro do

tabuleiro – dados nos ensaios e também da posição dos acelerômetros, o 2º modo de

flexão longitudinal da ponte não foi excitado experimentalmente.

Tabela IV.4 – Freqüências naturais da estrutura.

Freqüências experimentais

(Hz)

Freqüências teóricas

(Hz) Descrição dos modos

9,6 9,65 1º Modo de flexão

14,0 12,3 1º Modo de torção

24,8 23,9 1º Modo de flexão transversal1 1-Este modo não foi empregado na análise teórica.

A Figura IV.14 apresenta os cortes na direção transversal do 1º modo de flexão

e do 1º modo de torção . Em função da ausência de transversinas, observa-se que os

modos de flexão vertical das vigas e torção do tabuleiro são acompanhados de flexão

transversal do tabuleiro.

As freqüências naturais, modos de vibração e massas modais obtidos deste

modelo espacial constituem-se nos dados para o modelo unifilar correspondente, a ser

analisado sob ação da passagem de veículos conforme descrito no Cap.III . Neste caso

de modelo unifilar não é possível incluir a flexão transversal do tabuleiro nos modos de

flexão vertical e torção. Para montar os autovetores normalizados do modelo unifilar

foram consideradas as formas modais das vigas extremas (ver V1 e V4 na Figura IV.3).

Page 104: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

85

Figura IV.11a - 1º modo de flexão – f = 9,6 Hz.

Figura IV.11b - 2º modo de flexão – f = 9,9 Hz.

Figura IV.11c - 3º modo de flexão – f = 10,7 Hz.

Figura IV.11d - 4º modo de flexão – f = 11,9 Hz.

Figura IV.11e - 5º modo de flexão – f = 13,3 Hz.

Figura IV.11f - 6º modo de flexão – f = 14,8 Hz.

Figura IV.11g - 7º modo de flexão – f = 16,3 Hz.

Figura IV.11h - 8º modo de flexão – f = 17,4 Hz.

Page 105: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

86

Figura IV.11i - 9º modo de flexão – f = 17,6 Hz.

Figura IV.11 – Modos naturais de flexão vertical da estrutura obtidos no SAP 2000.

Figura IV.12a - 1º modo de torção – f = 12,3 Hz. Figura IV.12b - 2º modo de torção – f = 12,5 Hz.

Figura IV.12c - 3º modo de torção – f = 13,3 Hz. Figura IV.12d - 4º modo de torção – f = 14,3 Hz.

Figura IV.12e - 5º modo de torção – f = 15,6 Hz. Figura IV.12f - 6º modo de torção – f = 17,0 Hz.

Page 106: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

87

Figura IV.12g - 7º modo de torção – f = 17,9 Hz. Figura IV.12h - 8º modo de torção – f = 18,16 Hz.

Figura IV.12i - 9º modo de torção – f = 18,6 Hz.

Figura IV.12 – Modos naturais de torção da estrutura obtidos no SAP 2000.

Figura IV.13 – Modo de flexão transversal da estrutura obtido no SAP 2000 (f = 23,9 Hz.).

Page 107: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

88

no modelo unifilarModo de flexão

IndeformadaGeometria

no modelo espacialModo de flexão

(a) Corte transversal (1º modo de flexão).

no modelo espacialModo de torção

Geometria Indeformada

no modelo unifilarModo de torção

(b) Corte transversal (1º modo de torção).

Figura IV.14 – Corte na direção transversal para o primeiro modo de flexão de torção.

IV.6 Comparação teórico – experimental das respostas estáticas

Os resultados teóricos correspondentes aos deslocamentos estáticos no meio do

vão foram obtidos para passagens lentas (1 km/h), dos veículos de carga na estrutura.

Dessa forma, foi possível comparar os resultados fornecidos pelo programa IVPE-U

com as respostas experimentais e também com os resultados fornecidos pelo SAP

2000® (ver Tabela IV.5 a – b). A Figura IV.15 e a Figura IV.16 ilustram o giro da seção

transversal para o caso mais desfavorável (Eixos traseiros no ½ vão), comparando as

respostas experimentais com o SAP 2000 e com o IVPE-U.

Page 108: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

89

Tabela IV.5a - Flechas estáticas no meio do vão. Caminhão c/ Pneus Maciços.

Eixo dianteiro no ½ vão Eixo traseiro no ½ vãoPosição do Caminhão

Aδ (mm) Bδ (mm) Aδ (mm) Bδ (mm)

Experimental -0,32 -0,40 -0,52 -0,50 SAP 2000 -0,36 -0,36 -0,50 -0,50 Centro da Pista IVPE-U -0,40 -0,40 -0,55 -0,55

Experimental -0,96 -0,23 -1,31 -0,27

SAP 2000 -0,98 -0,09 -1,40 -0,12 Faixa 1 IVPE-U -0,97 0,04 -1,31 0,05

Experimental 0,0 -0,99 -0,02 -1,30

SAP 2000 -0,09 -0,98 -0,12 -1,40 Faixa 2 IVPE-U 0,04 -0,97 0,05 -1,31

Tabela IV.5b - Flechas estáticas no meio do vão.Caminhão c/ Pneus Comuns.

Eixo dianteiro no ½ vão Eixo traseiro no ½ vão Posição do Caminhão

Aδ (mm) Bδ (mm) Aδ (mm) Bδ (mm)

Experimental -0,09 -0,30 -0,47 -0,56 SAP 2000 -0,21 -0,21 -0,50 -0,50 Centro da

Pista IVPE-U -0,27 -0,27 -0,55 -0,55

Experimental -0,50 -0,13 -1,36 -0,24 SAP 2000 -0,61 -0,05 -1,47 -0,11 Faixa 1 IVPE-U -0,63 0,03 -1,36 0,08

Experimental 0,0 -0,55 -0,01 -1,26

SAP 2000 -0,05 -0,61 -0,11 -1,47 Faixa 2 IVPE-U 0,03 -0,63 0,08 -1,36

Page 109: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

90

-0,90-0,80-0,70-0,60-0,50-0,40-0,30-0,20-0,100,00

0,0 3,5 7,0Posição Transversal (m)

Des

loca

men

to V

ertic

al (m

m) Experimental

SAP 2000IVPE-U

δA δB

(a) Caminhão c/ Pneus Maciços com os eixos traseiros no ½ vão (centro da pista)

-1,50

-1,25

-1,00

-0,75

-0,50

-0,25

0,00

0,250,0 3,5 7,0

Posição Transversal (m)

Des

loca

men

to V

ertic

al (m

m) Experimental

SAP 2000IVPE-U

δA

δB

(b) Caminhão c/ Pneus Maciços com os eixos traseiros no ½ vão (Faixa 1)

-1,50

-1,25

-1,00

-0,75

-0,50

-0,25

0,00

0,250,0 3,5 7,0

Posição Transversal (m)

Des

loca

men

to V

ertic

al (m

m) Experimental

SAP 2000IVPE-U

δA

δB

(c) Caminhão c/ Pneus Maciços com os eixos traseiros no ½ vão (Faixa 2)

Figura IV.15 – Flechas estáticas para o Caminhão c/ Pneus Maciços com os eixos traseiros no ½ vão.

Page 110: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

91

-1,20

-1,00

-0,80

-0,60

-0,40

-0,20

0,000,0 3,5 7,0

Posição Transversal (m)

Des

loca

men

to V

ertic

al (m

m) Experimental

SAP 2000IVPE-UδA δB

(a) Caminhão c/ Pneus Comuns com os eixos traseiros no ½ vão (centro da pista)

-1,50

-1,25

-1,00

-0,75

-0,50

-0,25

0,00

0,250,0 3,5 7,0

Posição Transversal (m)

Des

loca

men

to V

ertic

al (m

m) Experimental

SAP 2000IVPE-U

δA

δB

(b) Caminhão c/ Pneus Comuns com os eixos traseiros no ½ vão (Faixa 1)

-1,50

-1,25

-1,00

-0,75

-0,50

-0,25

0,00

0,250,0 3,5 7,0

Posição Transversal (m)

Des

loca

men

to V

ertic

al (m

m) Experimental

SAP 2000IVPE-U

δA

δB

(c) Caminhão c/ Pneus Comuns com os eixos traseiros no ½ vão (Faixa 2)

Figura IV.16 – Flechas estáticas para o Caminhão c/ Pneus Comuns com os eixos traseiros no ½ vão.

Page 111: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

92

IV.7 Comparação teórico – experimental das respostas no tempo

Após a calibração do modelo, em termos de freqüências naturais e

deslocamentos devidos ao carregamento estático, foi possível proceder com a

comparação entre as respostas no tempo devidas à passagem dos veículos. Para isso,

foram utilizados os registros de aquisição de dados obtidos no dia do ensaio

experimental.

Os registros utilizados foram obtidos nas seguintes situações:

• Caminhão de pneus comuns trafegando no eixo longitudinal da obra (centro

da pista);

• Caminhão de pneus maciços trafegando no eixo longitudinal da obra (centro

da pista);

• Caminhão de pneus maciços trafegando na faixa 1 (sentido Sul-Norte);

• Caminhão de pneus maciços trafegando no eixo longitudinal e passando por

obstáculo (ripa de madeira) localizado no meio do vão ensaiado.

O modelo unifilar da estrutura foi construído a partir do modelo tridimensional

da Figura IV.9a de acordo com o exposto no item III.4.Foram considerados todos os

modos de flexão vertical e torção até a freqüência de 18,6 Hz (totalizando 18 modos de

vibração, ver Figura IV.11 e Figura IV.12). Os modos de flexão transversal (a partir de

23 Hz) não podem ser representados no modelo unifilar (ver Figura IV.13).

Para análise do modelo numérico com o programa IVPE-U, os parâmetros de

rigidez e amortecimento das suspensões e dos pneus foram adotados segundo padrões

da literatura utilizada neste trabalho (ver Figura IV.17 e Tabela IV.6) . Com as cargas

atuantes nos eixos dos veículos foram calculados o centro de massa do mesmo e o

momento de inércia da massa suspensa (Io). As larguras de contato dos pneus (para

efeito de suavização do perfil de rugosidade do pavimento, ver Figura III.18) foram

tomados iguais a 15 cm para pneus maciços e 20 cm para pneus comuns.

Page 112: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

93

kv3 cv3

vm

cp2kp2 p3k p3cp1kp1c

kv1 cv1

mp1 p2m mp3

cv2kv2

vI

CM

L1 L3

L2

Figura IV.17 – Ilustração dos parâmetros considerados no modelo do veículo.

Tabela IV.6 – Parâmetros de massa, rigidez, amortecimento e geométricos para os caminhões de pneus

maciços e comuns.

Parâmetros Caminhão c/ pneus comuns Caminhão c/ pneus maciços

mv 16,3 t 16,5 t

Iv 80,5 t m2 80,5 t m2

mp1= mp2 1,06 t 1,06 t

mp3 0,635 t 0,635 t

kv1= kv2 1180 kN / m 1180 kN / m

kv3 580 kN / m 580 kN / m

kp1= kp2 3360 kN / m (4 pneus) 3360 kN / m (2 pneus)

kp3 1680 kN / m (2 pneus) 3360 kN / m (2 pneus)

cv1= cv2 12 kN s / m 12 kN s / m

cv3 6 kN s / m 6 kN s / m

cp1= cp2 4 kN s / m (4 pneus) 0

cp3 2 kN s / m (2 pneus) 0

L1 1,55 m 1,90 m

L2 0,25 m 0,70 m

L3 3,90 m 2,80 m

Como não havia precisão no registro de velocidade do veículo e nem garantia de

que a velocidade se mantinha constante, os valores de velocidade utilizados na analise

teórica foram ajustados de modo a compatibilizar os instantes de deslocamento nulo nas

respostas dinâmicas teórica e experimental.

A Figura IV.18 mostra as respostas para a passagem do veículo de pneus

maciços e comuns trafegando no eixo longitudinal. A resposta numérica é comparada

aos dois flexímetros em uma mesma figura já que o veículo trafegou pelo centro da

Page 113: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

94

pista. Na Figura IV.19 observam-se as respostas no tempo para o veículo de pneus

maciços trafegando na faixa 1.

Por fim, apresenta-se a situação em que o veículo de pneus maciços trafega no

eixo longitudinal da obra e passa por um obstáculo localizado exatamente na metade do

vão ensaiado. O obstáculo é materializado por uma ripa de madeira com seção

transversal de 2,5 cm de altura por 5,0 cm de largura (Figura IV.20). As respostas no

tempo para esta situação encontram-se na Figura IV.21.

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

Numérico

Flexímetro 1Flexímetro 2

Figura IV.18a - Veículo de pneus comuns a 23 km/h no centro da pista (comparação para os dois

flexímetros).

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

NuméricoFlexímetro 1

Flexímetro 2

Figura IV.18b – Veículo de pneus maciços a 15 km/h no centro da pista (comparação para os dois

flexímetros).

Flex 1 Faixa 1 Faixa 2 Flex 2

Flex 1 Faixa 1 Faixa 2 Flex 2

Page 114: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

95

-1.75-1.50-1.25-1.00-0.75-0.50-0.250.000.250.50

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

Numérico1

Flexímetro 1

Figura IV.19a – Veículo de pneus maciços a 16 km/h na faixa 1 (comparação com o flexímetro 1).

-1.75-1.50-1.25-1.00-0.75-0.50-0.250.000.250.50

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

Numérico2

Flexímetro 2

Figura IV.19b – Veículo de pneus maciços a 16 km/h na faixa 1 (comparação com o flexímetro 2).

Ripa de Madeira

5 cm

2,5

cm

Figura IV.20 – Obstáculo colocado no meio do vão (ripa de madeira).

Flex 1 Faixa 1 Faixa 2 Flex 2

Flex 1 Faixa 1 Faixa 2 Flex 2

Page 115: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

96

-1.4

-1.2

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

12 13 14 15 16 17Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

Numérico1

Flexímetro1

Figura IV.21a – Veículo de pneus maciços a 26 km/h no centro da pista passando sobre obstáculo

(comparação com o flexímetro 1)

-1.4

-1.2

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

12 13 14 15 16 17Tempo (s)

Des

loca

men

to (m

m)

Numérico2

Flexímetro2

Figura IV.21b – Veículo de pneus maciços a 26 km/h no centro da pista passando sobre obstáculo

(comparação com o flexímetro 2)

Em geral as respostas teórico-numéricas obtidas com o programa IVPE-U

acompanham muito bem as respostas experimentais, particularmente no caso do veículo

passando sobre obstáculo no meio do vão. Para os casos de veículo passando no meio da

pista as respostas teóricas se correlacionam melhor com os registros do flexímetro 2,

localizado no lado das vigas não fissuradas.

Nas respostas experimentais observa-se a vibração em freqüências mais altas do

que aquelas apresentadas pelas respostas teóricas; estas vibrações estão associadas aos

modos de flexão transversal não considerados no modelo unifilar. Por outro lado, as

amplitudes de oscilação estão bastante bem correlacionadas.

Diante da boa correlação teórico-experimental alcançada com esta ponte pode-se

considerar que a modelagem analítico-numérica adotada representa bem o problema da

interação veículo-estrutura em pontes para a faixa de velocidades tratada.

Page 116: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

97

V Efeitos da passagem de veículos sobre pontes típicas do

Brasil.

V.1 Introdução

Este capítulo apresenta um estudo paramétrico com a intenção de fornecer uma

melhor compreensão da importância dos parâmetros mais influentes no fator de

amplificação dinâmica (FAD) definido como:

est

dinFADδδ

= (V.1)

onde, dinδ é o deslocamento máximo devido à passagem do veículo em velocidade e

estδ é o maior deslocamento devido ao peso do veículo.

Primeiramente são identificados os parâmetros que interferem na resposta

dinâmica das pontes para em seguida avaliar-se as influências de alguns destes

parâmetros. As faixas de variação dos mesmos representam valores da realidade

brasileira.

Apresentam-se também respostas típicas em termos da posição do eixo dianteiro

do veiculo e uma apreciação do coeficiente de impacto conforme indicado na NBR

7188 (2003).

Foram consideradas pontes com duas vigas principais biapoiadas com vãos entre

10 e 30m (ver Figura II.22c) sujeitas a passagem de veículos da classe 3C (Figura III.8)

com diferentes velocidades. Admitiram-se pavimentos com perfis classificados como

bom, regular e mau conforme o valor de IRI (ver Figura II.20). Considerou-se também a

possibilidade de existência de descontinuidade na pista de rolamento devido a recalques

da laje de acesso conforme ilustrado pela Figura V.1 e foi dada ao veículo uma distância

de percurso de 50m antes de entrar na estrutura.

No modelo unifilar da estrutura foram considerados 3 modos de flexão vertical e

3 modos de torção. A construção deste modelo unifilar está descrita no item III.4. Os

elementos de pórtico representativos das vigas principais foram adotados com 25 cm de

comprimento totalizando 40, 80 e 120 elementos respectivamente para as pontes de 10,

20 e 30m. Na Figura V.2 encontra-se ilustrada a malha para a ponte de 10m de vão.

Page 117: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

98

(a) – Cortina sem dente de apoio.

(b) – Giro da laje de acesso devido a recalque do pavimento.

Figura V.1 – Recalque da laje de acesso (ressalto)

1 11 21 31 41

40 Elementos de Pórtico (25cm cada)

Figura V.2 – Ilustração da malha da ponte de 10m.

V.2 Parâmetros do problema

Os parâmetros que regem o problema da resposta dinâmica de pontes sob ação

da passagem de veículos são identificados a seguir:

• Variável dependente

dinδ é o deslocamento do centro do vão, função do tempo.

Page 118: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

99

• Variáveis independentes referentes à estrutura representada por um modo de

vibração

fe é a frequência natural de vibração da estrutura;

me é a massa modal da estrutura;

eξ é a taxa de amortecimento associado ao modo de vibração

L é o comprimento do vão da estrutura;

• Variáveis independentes referentes ao veículo representado pelo modo de

vibração da massa suspensa

fv é a frequência natural de translação vertical da massa suspensa;

m é a massa total do veículo;

vξ é a taxa de amortecimento do veículo;

v é a velocidade do veículo.

• Variáveis independentes referentes ao pavimento

iru é o valor rms da amplitude do perfil longitudinal do pavimento;

h é a altura da descontinuidade na pista de rolamento.

• Fatores de forma geométrica

Os seguintes parâmetros adimensionais (números π ) podem ser obtidos pela

teoria da semelhança física (CARNEIRO, 1993):

velocidade reduzida ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛Lf

v

e

;

razão de frequências ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

e

v

ff

;

razão de massas ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

emm ;

amortecimento da estrutura ( )eξ ;

amortecimento do veículo ( )vξ ;

qualidade do pavimento ⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛L

uir ou alternativamente o valor IRI do pavimento;

fator de amplificação dinâmica ⎟⎠

⎞⎜⎝

⎛Ldinδ

ou alternativamente ⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛=

est

dinFADδδ

.

A Tabela V.1 apresenta as faixas de variação dos parâmetros adimensionais

conforme adotado no estudo paramétrico.

Page 119: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

100

Tabela V.1 – Faixas de variação dos parâmetros adimensionais.

Parâmetros Faixa de variação dos valores

v / fe L 0,15 a 1,30

fv / fe 0,15 a 0,84

m / me 0,03 a 0,99

IRI

Pavimento em bom estado = 2,70

Pavimento em estado regular = 3,80

Pavimento em mau estado = 4,70

eξ 2,5 %

vξ ≈ 5%

h / L 20 mm / L

V.3 Respostas típicas das pontes

Apresentam-se a seguir as respostas em termos de deslocamentos no meio do

vão para as estruturas de tabuleiro de modelo atual do DNER (Figura II.22b). As

mesmas foram submetidas à passagem de um veiculo da classe 3C (Figura III.8) com

um peso total de 250 kN. Foi empregado o pavimento considerado em bom estado de

conservação de acordo com os padrões expostos no Capítulo II (Tabela II.4). As

velocidades de tráfego do veículo foram variadas de 20 a 100 km / h.

A variação do deslocamento é apresentada na Figura V.3 em função da posição

do eixo dianteiro do veículo para cada valor de velocidade. Este formato alternativo de

apresentação das respostas no tempo foi adotado para permitir a comparação entre as

respostas para diferentes velocidades e a resposta estática.

Observa-se na Figura V.3 que a resposta à passagem do veículo a baixas

velocidades (20 km/h) é bem próxima da resposta estática enquanto que para médias e

altas velocidades a estrutura apresenta comportamento dinâmico. Para a estrutura com

30m de vão e veículo a 100 km/h as oscilações têm significativa amplitude na

freqüência de 28 Hz, correspondente ao 3º modo de flexão vertical e ao 3º modo de

torção, conforme se observa na Figura V.5 que apresenta o espectro de aceleração da

estrutura para este caso. Verifica-se, portanto, que o tráfego de veículos em altas

velocidades pode excitar modos de vibração com freqüências mais elevadas. Não foi

obtida uma diferença significativa entre os espectros de aceleração para o pavimento

bom, com ou sem a introdução de ressalto, porém, as respostas no tempo para estas

situações mostram-se bem diferentes (ver Figura V.4c).

Page 120: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

101

A Figura V.4 apresenta as respostas das estruturas considerando a presença de

um ressalto igual a 20mm na cabeceira da ponte (ver Figura V.1) sob a passagem de

veículo em alta velocidade (100 km/h).

Verifica-se uma grande alteração na resposta dinâmica, tanto maior quanto

menor for o comprimento do vão, indicando a grande importância deste tipo de

irregularidade no comportamento das pontes.

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Posição do eixo dianteiro (m)

Des

loca

men

to (m

m)

20 km/h

60 km/h

100 km/h

Estático

10,0 m

V1

V1

(a) Deslocamento no meio do vão para a estrutura de 10m com pavimento bom .

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Posição do eixo dianteiro (m)

Des

loca

men

to (m

m)

20 km/h

60 km/h

100 km/h

Estático

20,0 m

V1

V1

(b) Deslocamento no meio do vão para a estrutura de 20m com pavimento bom .

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Posição do eixo dianteiro (m)

Des

loca

men

to (m

m)

20 km/h

60 km/h

100 km/h

Estático

30,0 m

V1

V1

(c) Deslocamento no meio do vão para a estrutura de 30m com pavimento bom .

Figura V.3 – Resposta em termos de deslocamentos no meio do vão em função da posição do eixo dianteiro do veículo 3C com peso de 250 kN.

Page 121: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

102

-8.0

-7.0

-6.0

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Posição do eixo dianteiro (m)

Des

loca

men

to (m

m)

Pavimento bomPavimento bom c/ ressalto

Estático

10,0 m

V1

V1

(a) Deslocamento no meio do vão para a estrutura de 10m.

-8.0

-7.0

-6.0

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Posição do eixo dianteiro (m)

Des

loca

men

to (m

m)

Pavimento Bom

Pavimento Bom c/ ressalto

Estático

20,0 m

V1

V1

(b) Deslocamento no meio do vão para a estrutura de 20m.

-8.0

-7.0

-6.0

-5.0

-4.0

-3.0

-2.0

-1.0

0.0

1.0

2.0

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Posição do eixo dianteiro (m)

Des

loca

men

to (m

m)

Pavimento BomPavimento Bom c/ ressalto

Estático

30,0 m

V1

V1

(c) Deslocamento no meio do vão para a estrutura de 30m.

Figura V.4 – Resposta em termos de deslocamentos no meio do vão em função da posição do eixo dianteiro do veículo 3C com 250 kN a 100 km/h com e sem introdução de ressalto na cabeceira da obra

Page 122: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

103

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

0 5 10 15 20 25 30 35Frequência (Hz)

Ace

lera

ção

(m/s

2 )

Pavimento BomPavimento Bom c/ ressalto

Figura V.5 – Espectro de aceleração para a estrutura de 30m de vão sujeita ao veículo 3C de 250 kN a

100 km/h.

V.4 Fator de amplificação dinâmica e o coeficiente de impacto da NBR

7188

O coeficiente de impacto da NBR 7188 tem por finalidade afetar as respostas

estáticas (em termos de deslocamentos e de esforços internos) para levar em conta os

efeitos dinâmicos da passagem dos veículos. Este coeficiente é expresso em função do

vão L da ponte da seguinte forma:

1007041 ≥−= L,,ϕ (V.2)

onde L é o comprimento do vão.

A Figura V.6 apresenta os valores de FAD (equação (V.1)) em função do vão de

pontes em vigas bi-apoiadas com pavimento bom sob a passagem de veículos 3C com

diferentes massas m e diferentes velocidades v trafegando sobre estruturas com tabuleiro

de modelo atual do DNER. Observa-se na Figura V.6a-b referentes a velocidades baixas

e médias (20 a 60 km/h) que realmente existe uma tendência de redução do FAD em

função do vão. Entretanto, isto não se verifica para altas velocidades (v = 80 e 100

km/h, Figura V.6c–d).

Os valores de FAD para veículos pesados (m = 42 t) que mais se aproximam do

coeficiente φ da NBR 7188 estão associados a velocidades médias (60 km/h, Figura

V.6b), isto sem considerar a presença de ressaltos na pista.

A importância dos diferentes parâmetros que interferem no comportamento

dinâmico das pontes pode ser analisada nos itens seguintes.

Page 123: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

104

1.00

1.05

1.10

1.15

1.20

1.25

1.30

1.35

1.40

1.45

1.50

0 5 10 15 20 25 30 35

Comprimento do vão (m)

FAD

(δdi

n / δ

est)

m = 9 tm = 17 tm = 22 tm = 25 tm = 31 tm = 42 tφ (L)

Figura V.6a - FAD em função do comprimento do vão para v =20 km / h.

1.00

1.10

1.20

1.30

1.40

1.50

1.60

0 5 10 15 20 25 30 35

Comprimento do vão (m)

FAD

(δdi

n / δ

est)

m = 9 tm = 17 tm = 22 tm = 25 tm = 31 tm = 42 tφ (L)

Figura V.6b - FAD em função do comprimento do vão para v = 60 km / h.

1.00

1.10

1.20

1.30

1.40

1.50

1.60

0 5 10 15 20 25 30 35

Comprimento do vão (m)

FAD

(δdi

n / δ

est)

m = 9 tm = 17 tm = 22 tm = 25 tm = 31 tm = 42 tφ (L)

Figura V.6c - FAD em função do comprimento do vão para v = 80 km / h.

Page 124: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

105

1.00

1.10

1.20

1.30

1.40

1.50

1.60

1.70

1.80

1.90

2.00

0 5 10 15 20 25 30 35

Comprimento do vão (m)

FAD

(δdi

n / δ

est)

m = 9 tm = 17 tm = 22 tm = 25 tm = 31 tm = 42 tφ (L)

Figura V.6d - FAD em função do comprimento do vão para v = 100 km / h.

Figura V.6 – FAD em função do comprimento do vão para as velocidades de 20, 60 e 100 km / h

V.5 Efeitos da relação entre as freqüências naturais do veículo e da

estrutura

A Figura V.7 mostra os gráficos do fator de amplificação dinâmica em função da

razão de freqüências (fv/fe). Observa-se que há uma clara tendência de amplificação da

resposta quando esta relação fv/fe se aproxima de 1. Também observa-se que este fato se

acentua para obras de vãos mais longos, pois estas possuem freqüências naturais de

vibração mais baixas, e portanto mais próximos das freqüências dos veículos. Os

gráficos da Figura V.7 foram traçados para as estruturas de tabuleiro com modelo atual

do DNER e para vãos indicados.

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50fv / fe

FAD

(δdi

n / δ

est)

v = 20km/hv = 40km/hv = 60km/hv = 80km/hv = 100km/hφ (10)

Figura V.7a - FAD em função de fe/fv para o vão de 10m.

Page 125: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

106

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70fv / fe

FAD

(δdi

n / δ

est)

v = 20km/h

v = 40km/h

v = 60km/h

v = 80km/h

v = 100km/h

φ (20)

Figura V.7b - FAD em função de fe/fv para o vão de 20m.

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00fv / fe

FAD

(δdi

n / δ

est)

v = 20km/hv = 40km/hv = 60km/hv = 80km/hv = 100km/hφ (30)

Figura V.7c - FAD em função de fe/fv para o vão de 30m.

Figura V.7 – FAD em função da relação entre as freqüências do veículo e da estrutura para os vãos de 10m, 20m e 30m.

V.6 Efeitos da razão das massas e da velocidade reduzida

A Figura V.8 ilustra, para as estruturas de 10, 20 e 30m com tabuleiro atual do

DNER, a importância da relação entre as massas do veículo e estrutura e da velocidade

reduzida. Observa-se que os veículos mais leves são os responsáveis pelos maiores

valores de FAD, pois são também os que tendem a se aproximar da freqüência natural

da estrutura.

Em relação ao parâmetro de velocidade reduzida não é possível identificar uma

tendência de comportamento comum aos 3 vãos considerados.

Page 126: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

107

1,00

1,10

1,20

1,30

1,40

1,50

1,60

1,70

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50

Velocidade reduzida ( v / f e L )

FAD

(δdi

n / δ

est)

m/me = 0,15m/me = 0,28m/me = 0,35m/me = 0,39m/me = 0,49m/me = 0,66φ (10)

(a) FAD em função da velocidade reduzida (vão de 10m)

1,00

1,10

1,20

1,30

1,40

1,50

1,60

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00Velocidade reduzida ( v / f e L )

FAD

(δdi

n / δ

est)

m/me = 0,06m/me = 0,12m/me = 0,15m/me = 0,17m/me = 0,21m/me = 0,28φ (20)

(b) FAD em função da velocidade reduzida (vão de 20m)

1,001,101,201,301,401,501,601,701,801,902,00

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00

Velocidade reduzida ( v / f e L )

FAD

(δdi

n / δ

est)

m/me = 0,03m/me = 0,07m/me = 0,08m/me = 0,09m/me = 0,12m/me = 0,16φ (30)

(c) FAD em função da velocidade reduzida (vão de 30m)

Figura V.8 – FAD em função da velocidade reduzida para seis veículos da classe 3C e para as estruturas de 10m, 20 e 30m.

V.7 Efeitos das condições do pavimento sobre a resposta das estruturas

Nesta seção são apresentadas comparações entre as respostas para três tipos de

pavimentos sobre os tabuleiros das pontes e também para pavimento bom com ressalto.

Foram selecionadas as estruturas de 10m e 30m com tabuleiro atual do DNER como

representativas e para cada uma delas foram empregadas velocidades de 20, 60 e 100

km/h. Os resultados do FAD em função da razão de freqüências estão mostrados na

Figura V.9 e na Figura V.10.

Page 127: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

108

1,00

1,10

1,20

1,30

1,40

1,50

1,60

1,70

1,80

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

fv / fe

FAD

(δdi

n / δ

est )

Pavimento BomPavimento RegularPavimento MauPav Bom c/ ressaltoφ (10)

(a) FAD em função de fe/fv para a estrutura de 10m de vão e veículo a 20 km/h

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

fv / fe

FAD

(δdi

n / δ

est )

Pavimento Bom

Pavimento Regular

Pavimento Mau

Pav Bom c/ ressalto

φ (10)

(b) FAD em função de fe/fv para a estrutura de 10m de vão e veículo a 60 km/h

1,001,25

1,501,752,002,25

2,502,753,00

3,253,50

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

fv / fe

FAD

(δdi

n / δ

est)

Pavimento BomPavimento RegularPavimento MauPav Bom c/ ressaltoφ (10)

(c) FAD em função de fe/fv para a estrutura de 10m de vão e veículo a 100 km/h

Figura V.9 – FAD em função da relação entre as freqüências do veículo e da estrutura para o vão de 10m, e para os três tipos de pavimento.

Page 128: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

109

1,00

1,10

1,20

1,30

1,40

1,50

1,60

1,70

1,80

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90fv / fe

FAD

(δdi

n / δ

est )

Pavimento Bom

Pavimento Regular

Pavimento Mau

Pav Bom c/ ressalto

φ (30)

(a) FAD em função de fe/fv para a estrutura de 30m de vão e veículo a 20 km/h

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

2,25

2,50

2,75

3,00

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90fv / fe

FAD

(δdi

n / δ

est )

Pavimento BomPavimento RegularPavimento MauPav Bom c/ ressaltoφ (30)

(b) FAD em função de fe/fv para a estrutura de 30m de vão e veículo a 60 km/h

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

2,25

2,50

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90fv / fe

FAD

(δdi

n / δ

est )

Pavimento BomPavimento RegularPavimento MauPav Bom c/ ressaltoφ (30)

(c) FAD em função de fe/fv para a estrutura de 30m de vão e veículo a 100 km/h

Figura V.10 – FAD em função da relação entre as freqüências do veículo e da estrutura para o vão de 30m, e para os três tipos de pavimento.

Conforme esperado, a qualidade do pavimento influencia a resposta dinâmica da

estrutura, mas é a presença de ressalto considerado na cabeceira da obra que induz às

maiores diferenças no comportamento dinâmico, podendo conduzir a valores bastante

altos do FAD, maiores do que 4,0 (ver Figura V.9b).

Page 129: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

110

V.8 FAD para veículos pesados

Conforme foi possível observar na Figura V.6 e na Figura V.8 os maiores

valores de FAD foram obtidos para veículos 3C mais leves. Entretanto, em termos

absolutos, os veículos mais pesados produziram os maiores deslocamentos, conforme

ilustrado na Figura V.11.

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75

Velocidade reduzida ( v / f e L )

(δdi

n / φ

δ36

)

m/me = 0.22m/me = 0.41m/me = 0.53m/me = 0.59m/me = 0.73m/me = 0.99

Figura V.11 – Relação entre o deslocamento dinâmico e o de projeto ( )36/ δϕδ din para diversos veículos 3C e o veículo normativo (classes 36) em função da velocidade reduzida para a estrutura de 10m

e com tabuleiro antigo do DNER.

Nesta seção são apresentadas comparações entre os deslocamentos devidos aos

veículos reais mais pesados ( dinδ ) e aqueles obtidos pela aplicação dos veículos

normativos das classes 36 e 45 devidamente majorados pelo coeficiente de impacto da

NBR-7187 ( 4536 δϕδϕ e ). Os resultados foram obtidos para as estruturas de tabuleiro

estreito, no caso do trem-tipo classe 36, e para o tabuleiro mais largo, para o trem-tipo

classe 45. A Tabela V.2 mostra os deslocamentos obtidos no meio vão para a aplicação

dos veículos normativos nas estruturas de 10, 20 e 30m. O veículo 3C utilizado na

comparação possui massa total de 42 toneladas e foi aplicado a velocidades de 20 a

100km/h.

Tabela V.2 – Deslocamentos no meio do vão para os veículos normativos.

δϕ em função do comprimento do vão (mm) Trem-tipo

10 m 20 m 30 m

Classe 45 -8,5 -10,3 -12,0

Classe 36 -6,8 -8,2 -9,7

Page 130: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

111

A Figura V.12 mostra a relação 45/ δϕδ din para as estruturas projetadas com o

veículo da classe 45 e a Figura V.13 mostra 36/ δϕδ din para as estruturas da classe 36.

Ambas as relações são mostradas em função da velocidade reduzida.

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50Velocidade reduzida ( v / f e L )

(δdi

n / φ

δ45

)

L=10m Pav bom c/ ressalto

L=10m Pav bom

10,0 m

V1

V1

(a) Relação 45/ δϕδ din para a estrutura de 10m.

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00Velocidade reduzida ( v / f e L )

(δdi

n / φ

δ45

)

L=20m Pav bom c/ ressalto

L=20m Pav bom

20,0 m

V1

V1

(b) Relação 45/ δϕδ din para a estrutura de 20m.

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00Velocidade reduzida ( v / f e L )

(δdi

n / φ

δ45

)

L=30m Pav bom c/ ressalto

L=30m Pav bom

30,0 m

V1

V1

(c) Relação 45/ δϕδ din para a estrutura de 30m.

Figura V.12 – Relação entre o deslocamento dinâmico e o deslocamento de projeto pelo veículo-tipo classe 45 (δdin / φδ45) em função da velocidade reduzida.

Page 131: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

112

0.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

1.20

1.40

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25Velocidade reduzida ( v / f e L )

(δdi

n / φ

δ36

)L=10m Pav bom c/ ressalto

L=10m Pav bom

10,0 m

V1

V1

(a) Relação 36/ δϕδ din para a estrutura de 10m.

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00Velocidade reduzida ( v / f e L )

(δdi

n / φ

δ36

)

L=20m Pav bom c/ ressalto

L=20m Pav bom

20,0 m

V1

V1

(b) Relação 36/ δϕδ din para a estrutura de 20m.

0.00

0.10

0.20

0.30

0.40

0.50

0.60

0.70

0.80

0.90

1.00

0.00 0.25 0.50 0.75 1.00Velocidade reduzida ( v / f e L )

(δdi

n / φ

δ36

)

L=30m Pav bom c/ ressalto

L=30m Pav bom

30,0 m

V1

V1

(c) Relação 36/ δϕδ din para a estrutura de 30m.

Figura V.13 – Relação entre o deslocamento dinâmico e o deslocamento de projeto pelo veículo-tipo classe 36 (δdin / φδ36) em função da velocidade reduzida.

Page 132: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

113

O carregamento da classe 45 mostrou-se conservador para a passagem do

veículo 3C, tanto mais conservador quanto maior for o comprimento do vão, pois nota-

se que os valores de 45/ δϕδ din afastam-se de 1,0 para os vãos de 20 e 30m. Esta

tendência foi verificada mesmo com a introdução de ressalto no pavimento.

Para o carregamento da classe 36, entretanto, verificou-se valores de 36/ δϕδ din

mais próximos de 1 para as estruturas de 20 e 30m e no caso do vão de 10m, 36/ δϕδ din

chegou a alcançar o valor de 1,2 com a introdução de ressalto no pavimento. A

tendência de decaimento de 36/ δϕδ din com o aumento do comprimento do vão também

foi observada para as estruturas de tabuleiro com modelo antigo.

Entretanto, estas conclusões não podem ser generalizadas para as outras classes

de veículos, principalmente os da classe 2S3 (ver Figura II.5 e Figura II.7f) que

trafegam em faixas de peso maiores do que a classe 3C.

Page 133: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

114

VI Conclusões e sugestões para trabalhos futuros

VI.1 Resumo e conclusões

De acordo com as normas brasileiras (NBR 7188), para se levar em conta os

efeitos dinâmicos das cargas móveis sobre as pontes, multiplicam-se os efeitos estáticos

devido a um carregamento especificado pelas normas, pelo coeficiente, anteriormente

denominado coeficiente de impacto, função apenas do vão da ponte. Esta abordagem

não corresponde à realidade do comportamento das pontes já que uma série de outros

parâmetros interfere na resposta dinâmica das estruturas.

As normas de projeto mais modernas (Eurocódigo 1 e AASHTO) prescrevem

modelos de cargas móveis nos quais já se encontram incluídos os efeitos das ações

dinâmicas. Estes modelos foram desenvolvidos a partir de medições do tráfego

existente.

Para contribuir com a elaboração de modelos de cargas móveis no Brasil que

representem o tráfego real, desenvolveu-se neste trabalho uma modelagem analítico-

numérica da interação veículo- estrutura e sua implementação computacional. Neste

modelo os veículos são considerados como conjuntos de corpos rígidos associados a

molas e amortecedores enquanto a estrutura é representada por um modelo unifilar de

barras (dispostas ao longo do eixo central da obra).

A avaliação das respostas teóricas obtidas com este modelo foi efetuada por

comparação com resultados experimentais da monitoração da Ponte do Porto de

Sepetiba realizada por BATTISTA (1993). Em função das características particulares

da Ponte do Porto de Sepetiba, como por exemplo a ausência de transversinas, o modelo

unifilar da estrutura não representou os modos de flexão transversal presentes na ponte.

Mesmo assim, verificou–se que o modelo desenvolvido representou bem o

comportamento da ponte tanto em termos de deslocamento máximo quanto de

amplitude de vibração, especialmente no caso crítico da passagem do veículo sobre uma

ripa de madeira colocada no meio do vão para simular a existência de obstáculos na

pista.

Para a aplicação do modelo desenvolvido à realidade brasileira efetuou-se um

levantamento dos estudos estatísticos existentes com respeito ao tráfego de veículos e às

condições de qualidade dos pavimentos. Assim, foi elaborado um estudo paramétrico,

para avaliar as faixas de variação do fator de ampliação dinâmica (FAD)- definido pela

Page 134: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

115

razão est

din

δδ

- para pontes de vãos curtos no Brasil sob ação da passagem do veículo de 3

eixos (o mais freqüente) com diferentes velocidades (entre 20 e 100 km/h) e pesos (100

a 420 kN). Este estudo conduziu às seguintes conclusões:

• O FAD depende de diversos fatores que envolvem as características

dinâmicas tanto da estrutura quanto do veículo, além das condições da

irregularidade do pavimento.

• A razão de freqüências do veículo e da estrutura mostrou-se como um

importante parâmetro. Os valores de FAD aumentaram à medida que a razão de

freqüências se aproxima de 1, o que ocorre para a estrutura mais flexível

considerada neste estudo (com vão de 30 m) e veículo mais leve.

• Em geral os maiores valores de FAD para uma mesma estrutura foram

obtidos com a passagem dos veículos mais leves, já que estes são mais

facilmente excitáveis.

• A velocidade do veículo também influencia muito a resposta, mas não se

identificou uma clara tendência ao se considerar o parâmetro de velocidade

reduzida de forma isolada. A consideração da qualidade do pavimento mostrou-

se de grande influência na resposta dinâmica das estruturas, mas a introdução de

ressalto na cabeceira da obra (simulando descontinuidades devidas a recalques

da laje de acesso) conduziu às maiores diferenças no comportamento dinâmico,

levando a valores bastante elevados do FAD, da ordem de 4,0, para os veículos

mais leves.

Apesar dos maiores valores de FAD estarem associados a veículos leves, os

maiores deslocamentos dinâmicos são originados da passagem dos veículos mais

pesados (420 kN conforme adotado neste trabalho). Efetuou-se então uma comparação

entre estes deslocamentos máximos e os deslocamentos devidos aos carregamentos

classe 36 e classe 45 das normas brasileiras NBR 6 (1960) e NBR 7188 (2003)

respectivamente, afetados do coeficiente de impacto das normas. Estes resultados foram

apresentados na forma das razões 36/ δϕδ din e 45/ δϕδ din entre deslocamentos devidos

à passagem do veículo pesado e os deslocamentos devidos aos carregamentos das

normas.

Os resultados mostraram que os deslocamentos devidos ao carregamento da

classe 45 são maiores do que os obtidos para a passagem do veículo pesado de 3 eixos.

Page 135: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

116

O carregamento classe 45 se apresenta tanto mais conservador quanto maior o

comprimento do vão. Já para o carregamento da classe 36, verificaram-se valores de

36/ δϕδ din mais próximos de 1 para as estruturas de 20 e 30m e no caso do vão de 10m,

36/ δϕδ din chegou a alcançar o valor de 1,2 com a introdução de ressalto no pavimento,

ou seja, verifica-se que os deslocamentos de projeto estão sendo excedidos para esta

situação.

VI.2 Sugestões

Para a continuidade deste trabalho no sentido de elaborar modelos de carga

móveis que representem o tráfego real, o modelo de interação veículo-estrutura aqui

desenvolvido e implementado deve ser utilizado na determinação de histogramas de

freqüência de ocorrência de esforços solicitantes em pontes típicas da malha rodoviária

brasileira. Seguindo o trabalho realizado por ROSSIGALI (2006) para os esforços

solicitantes sem considerar a interação veículo-estrutura, após o ajuste de densidade de

probabilidade destes histogramas chega-se, por meio da estatística de extremos, aos

valores representativos dos esforços associados a um determinado tempo de recorrência.

Os modelos de carga móvel devem ser então buscados, por otimização, de forma a

reproduzir nas estruturas analisadas, os esforços extremos devidos ao trafego real.

Os dados de tráfego disponíveis e que foram utilizados por ROSSIGALI (2006)

devem ser atualizados e complementados para incluir dimensões e pesos de todas as

classes de veículos catalogadas além de espaçamentos entre veículos. Isto permitirá a

simulação de tráfego com vários veículos sobre a ponte, com fluxo livre ou a baixas

velocidades além de engarrafamentos em distintas faixas. Além de pontes em grelhas e

de pistas simples e de vãos curtos devem ainda ser consideradas outras situações tais

como:

- outras classes de pontes, com 4 faixas de tráfego;

- outros sistemas estruturais e outras faixas de comprimentos de vão:

- pontes em laje, para vãos curtos, com comprimento entre 5m e 10m;

- pontes com mais de duas longarinas de seção aberta, (3, 4, 5, 6...);

- pontes de seção celular, para meios urbanos (onde há redução da altura da

seção);

- vãos maiores, de 50m a 200m.

Modelagem do veículo e da estrutura em três dimensões.

Page 136: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

117

Resolução das equações por métodos diretos para verificar se há mudança dos

modos de vibração conforme a passagem dos veículos.

Outra linha de pesquisa pode ser seguida para desenvolvimento de modelos de

cargas móveis específicos para segurança à fadiga de pontes metálicas ou mistas.

Page 137: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

118

Referências Bibliográficas

ABNT, 1960, NB 6 – Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre.

Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.

ABNT, 1982, NBR 7188 – Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestre.

Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.

ABNT, 2003, NBR 7187 – Projeto e Execução de Pontes em Concreto Armado e

Protendido - Procedimento. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de

Janeiro.

BARBOSA, F. S., 1998. Efeitos da Interação Veículo-Pavimento-Estrutura em Pontes

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Page 143: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

124

Anexo A Sistemas de medição de irregularidade

longitudinal

A.1 Introdução

Para realizar a medida de parâmetros ligados à irregularidade longitudinal,

diversos equipamentos ou processos foram concebidos, podendo genericamente ser

enquadrados em quatro grupos (BENEVIDES, 2006):

• Sistemas de medidas diretas do perfil

• Sistemas de medidas indiretas do perfil

• Sistemas baseados na reação do veiculo

• Sistemas de medida com sonda sem contato

Sistemas de medidas diretas do perfil

Envolvem medidas diretas ou manuais da geometria vertical do pavimento,

mediante emprego de equipamentos de topografia ou instrumentos adequados. Os

resultados obtidos devem ser processados para fornecer valores estatísticos indicativos

de irregularidade. Como exemplos, têm-se:

• Método do nível e mira (Figura A.1a)

• Abay Beam do TRRL

• Dipstick (Figura A.1b)

(a) - Método do nível e mira (adaptada de SAYERS e KARAMIHAS,1998).

Page 144: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

125

(b) - Esquema de um Dipstick (adaptada de SAYERS e KARAMIHAS,1998).

Figura A.1 – Sistemas de medidas diretas do perfil. (a) método do nível e mira, (b) Dipstick

Sistemas de medidas indiretas do perfil

Estes sistemas executam medidas mecanizadas do perfil da via. Os dados

resultantes devem ser processados para fornecer valores como amplitude de onda,

coeficiente de regularidade, etc. Como exemplos, têm-se:

• Perfilômetro dinâmico de superfície – GMR

• Perfilômetro AASHTO

• Analisador de perfil longitudinal – APL

• Perfilômetro CHLOE

• MERLIN do TRRL

Sistemas baseados na reação do veiculo

Também conhecidos como sistemas medidores tipo-resposta, estes, baseiam-se

em instrumentos que determinam acumulativamente os movimentos relativos entre o

eixo traseiro do veículo e sua carroceria, a partir do que, estatisticamente, pode-se

caracterizar a irregularidade. Os sistemas tipo-resposta mais conhecidos são:

• Rugosímetro BPR

• Maysmeter

• Bump Integrator

• Integrados de deslocamentos lineares sul-africano (LDI)

• PCA roadmeter

• Sistema integrador IPR/USP

Page 145: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

126

Os sistemas do tipo-resposta são montados em veículos de passeio

convencionais ou em pequenos reboques. Seu funcionamento é estritamente dependente

das características da suspensão e dos pneus do veiculo ou do reboque utilizado, o que

requer um procedimento de calibração para que os resultados obtidos por vários

sistemas sejam reprodutíveis e compatíveis entre si. Além disso, qualquer alteração no

sistema de rodagem ou na suspensão do veiculo pode provocar alterações nas leituras

fornecidas, o que leva a necessidade de calibrações periódicas.

Figura A.2 – Sistemas medidores tipo-resposta (adaptada de SAYERS e KARAMIHAS,1998).

Modelo algorítmico para os sistemas baseados na reação do veiculo

Processando-se as medidas de um modelo algorítmico (por exemplo, o modelo

de quarto-de-carro), que simula a forma com que os veículos respondem às

irregularidades dos pavimentos. O modelo de simulação de quarto-de-carro, apresentado

na Figura A.4 é um sistema composto por uma massa suspensa (mv), uma mola de

suspensão (kv), um amortecedor (cv), uma roda, que tem comportamento de uma mola

(kp) e a sua respectiva massa (mp). A resposta à irregularidade, obtida pela simulação de

movimentos no quarto-de-carro, é aceita como uma medida padrão de irregularidade e é

expressa em “metros por quilômetro” (m / km).

pm up

pkru

vcvk

vm uv

Massasuspensa

não-suspensaMassa

Figura A.4 – Modelo representativo do quarto de carro.

Page 146: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

127

O IRI é calculado por integração das diferenças das velocidades entre a massa

amortecida e a massa não amortecida. O resultado obtido é o somatório da diferença de

elevação entre a carroceria e o eixo do veículo, como resposta ao perfil longitudinal da

rodovia (SAYERS, 1995). A eq. (A.1) representa a fórmula matemática utilizada para o

cálculo.

dtuuL

IRIvx

pv∫ −=/

0

1&& (A.1)

onde:

IRI é o Índice Internacional de Irregularidade (mm/m ou m/km);

L é o comprimento da seção (m);

x é a distância longitudinal percorrida (m);

v é a velocidade de percurso (m/s);

vu& é a velocidade vertical da massa suspensa (m/s);

pu& é a velocidade vertical da massa não amortecida (m/s).

As equações diferenciais de movimento do modelo da Figura A.4, deduzidas da

mesma forma que na seção III.1.2 , que representam o comportamento do quarto-de-

carro são as seguintes:

⎪⎩

⎪⎨⎧

=++

=−+−+

rpppppvv

pvvpvvvv

ukukumum

uukuucum&&&&

&&&& 0)()( (A.2)

onde,

cv é a constante de amortecimento da suspensão;

kv é a rigidez da suspensão;

kp é a rigidez dos pneus;

mv é a massa suspensa (porção da massa do corpo do veículo sustentada por uma roda);

mp é a massa não suspensa (composta pelo conjunto formado pelo pneu, roda e metade

do eixo de suspensão);

uv é a altura (coordenada vertical) da massa suspensa;

up é a altura (coordenada vertical) da massa não-suspensa;

ur é a altura (coordenada vertical) correspondente ao perfil irregular.

Page 147: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

128

De acordo com SAYERS e KARAMIHAS, (1998), os parâmetros do quarto de

carro são especificados como parte da estatística de cálculo do IRI e a velocidade v de

percurso especificada para a simulação é de 80 km / h. A proporção entre os parâmetros

é a seguinte:

⎪⎪⎪⎪⎪

⎪⎪⎪⎪⎪

=

=

=

=

(-)150

)s / (1363

)s / (1653

s) / (106

2

2

,

,

,

v

p

v

v

v

p

v

v

mmmkmkmc

(A.3)

Vantagens e desvantagens dos sistemas do tipo-resposta

As principais vantagens desse tipo de dispositivo são: custo relativamente baixo,

simplicidade de operação e possibilidade de medição em altas velocidades (GILLESPIE

et al, 1980). Uma das suas desvantagens é a dificuldade em correlacionar as medidas

realizadas com outros sistemas similares ou não. Outra grande dificuldade é a sua

suscetibilidade a mudanças que afetem a estabilidade das respostas no tempo. A maior

parte dos usuários tenta minimizar os efeitos destas mudanças através de calibrações

periódicas.

Alguns procedimentos de calibragem utilizados resumem-se em realizar o

processo de medição em rodovias que tenham sido aceitas previamente como

superfícies de referência. As medidas obtidas são então comparadas aos valores de

rugosidade da superfície de referência. Baseando-se nessa comparação, é obtida uma

correlação que pode ser aplicada a medições realizadas em outras rodovias. Existem

dois problemas com essa metodologia de calibragem: primeiro que os valores de

rugosidade da superfície de referência são de difícil determinação e em segundo lugar,

uma vez determinados, esses valores podem ser alterados com a ação das intempéries,

envelhecimento da rodovia e em função do seu próprio uso.

No Brasil, o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER)

determina, através de determinados procedimentos (DNER PRO 164/94), os padrões e

recomendações que devem ser obedecidos para calibragem e manutenção dos

equipamentos do tipo-resposta.

Page 148: INTERAÇÃO DINÂMICA VEÍCULO-ESTRUTURA EM PEQUENAS

129

Sistemas de medida com sonda sem contato

Baseiam-se na reflexão de uma onda sonora ou raio laser emitido por um

dispositivo situado sob o veiculo. Estes aparelhos digitais coletam dados do perfil em

pontos discretos que servem de entrada para um programa de computador que calcula as

elevações, distâncias e índices de irregularidade. Como exemplos desses equipamentos,

têm-se:

• Perfilômetro laser do TRRL (“Transport and Road Research Laboratory of

England”)

• Perfilômetro “acústico” da universidade FELT

• ARAN (Automatic Road Analyser)

• Laser Road Surface Test (RST)

Figura A.3 – Esquema do perfilômetro com sonda sem contato (adaptada de SAYERS e KARAMIHAS,1998).

Para maiores detalhes sobre os sistemas de medida do pavimento, recomenda-se

a leitura do estudo criterioso realizado por BENEVIDES, (2006).