integração de crianças recém -chegadas a portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

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Integração de crianças recém- chegadas a Portugal numa escola do 1º ciclo de escolaridade Dilaila Botas, Darlinda Moreira Universidade Aberta/CEMRI Setembro 2015 XIII Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagoxia

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Page 1: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Integração de crianças recém-chegadas a Portugal numa escola do 1º ciclo de escolaridade

Dilaila Botas, Darlinda Moreira Universidade Aberta/CEMRI Setembro 2015

XIII Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagoxia

Page 2: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Brev

e re

sum

o •Trata-se de uma investigação que pretende contribuir para a Inclusão na Educação

•Aborda a problemática do acolhimento e da integração de alunos provenientes de diferentes culturas nas escolas portuguesas

• Acompanha várias crianças numa escola do 1º ciclo de escolaridade localizada na região da grande Lisboa, onde os alunos de origem não portuguesa correspondem a cerca de dez por cento da população escolar

Objetivo principal:Compreender quais as práticas escolares

inerentes aos processos escolares de receção e integração de alunos recém-chegados.

Page 3: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Como é que a escola acolhe e integra os alunos recém-chegados provenientes de outros países?

Form

ulaç

ão e

car

ater

izaç

ão d

o pr

oble

ma

•A diversidade, a interculturalidade e a inclusão são dimensões relevantes no espaço escolar;

•Nas escolas portuguesas encontram-se alunos de origens culturais e étnicas muito diferentes;

•A sociedade portuguesa carateriza-se por uma crescente heterogeneidade;

•A escola portuguesa reflete a sua sociedade

• Face à pluralidade de culturas, a escola tem de ser um espaço aberto a todos e para todos e apoiar-se numa ideologia abalizada pelo principio da democracia, igualdade e promoção da diversidade.

Page 4: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Enqu

adra

men

to t

eóri

coDiversid

ade Cultural

e Sociedad

e

• Ambivalências relacionadas com a diversidade

• O conceito de diversidade cultural

Diversidade

Cultural e Escola

• Escola Inclusiva

Diversidade

Cultural e escola em Portugal

• Imigrantes em Portugal e a escola

Page 5: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

As diferenças entre as pessoas são encaradas, frequentemente, como um problema, porque são consideradas variadíssimas vezes causadoras de conflitos. A diferença pode tornar-se num desafio. Um desafio de escolha e de respeito pela diferença e perceber que não há culturas melhores que outras mas que há unicamente culturas diferentes.

A ideia de diversidade cultural esteve sempre associada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes ângulos de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade (Abramowicz, 2006)As suas interpretações têm sido variáveis e mutáveis.Encarar a diversidade de forma mais ampla para que se consiga entender as distintas questões da atual realidade cultural e ao mesmo tempo saber-se respeitar, sem preconceito, a luta pelo direito e pelo reconhecimento das diferenças, sem que estas se deem separadamente e isoladamente e não resultem em práticas culturais e politicas e pedagógicas solitárias e excludentes.

Ambivalências

Conceito

Page 6: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

O respeito pelas diferenças e pela diversidade propõe que a escola desenvolva um trabalho voltado para uma comunidade heterogénea sem que abra caminho a exclusões.O desafio atual consiste em articular o princípio da escola integradora e inclusiva com o da atenção diferenciada à diversidade.A inclusão implica tornar as escolas lugares acolhedores e estimulantes para todos os alunos, independentemente das suas diferenças e desigualdades.

Escola Inclusiva

Page 7: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

À data do estudo, o relatório apresentado pelos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras, os estrangeiros residentes em Portugal, perfaziam 436.822 cidadãos, (SEF, 2011)Aponta para uma diminuição da população residente em Portugal Portugal não deixa de espelhar uma vasta diversidade cultural e étnica na sua paisagem humana. Esta diversidade da sociedade portuguesa por sua vez reflete-se na população escolar

Imigrantes em Portugal

Page 8: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Pesquisa Estudo

Observação participante despercebida

Conversas

informais

Notas de campo

Investigação Qualita

tiva

Abordagem Etnográfica

Esta pesquisa apoia-se numa metodologia qualitativa de abordagem etnográfica. Incidindo o processo de recolha de dados através da observação participante e do registo de notas de campo

Met

odol

ogia

Page 9: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Participantes•Escola EB1 situada na zona da grande Lisboa•Agrupamento com oito escolas do 1º ciclo•514 alunos ;22 turmas no regime normal; 52 alunos de origem não portuguesa•Critério de escolha: ter ingressado nos anos letivos 2011/2012 e 2012/2013

Aluno Ano Idade Ingresso na escola País de origemA 1ºan

o8 anos 14 de setembro de

2012Guiné Bissau

E 3ºano

10 anos 30 de outubro de 2012

Guiné

G 3ºano

8 anos 30 de janeiro de 2013 Guinè

H 3ºano

10 anos 11 de novembro de 2012

Guiné

I 4ºano

9 anos 19 de novembro de 2012

Paquistão

J 4ºano

10anos 16 de setembro de 2013

Inglaterra

L 2ºano

8 anos 16 de setembro de 2013

Inglaterra

M 1ºano

6 anos 13 de setembro de 2013

Cabo Verde

N 4ºano

9 anos 9 de dezembro de 2013

Espanha

Page 10: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

A observação do quotidiano escolar das crianças: ao longo do terceiro período ( 2012/2013) durante ano letivo 2013/2014.

As observações incidiram tempos informais, recreios da manhã e da hora

do almoço Observações com a duração a 20 minutos. Não houve pré definição de número de

deslocações porque foram realizadas consoante a disponibilidade da investigadora

O registo das observações anotações reflexivas em diários de campo que

priorizaram aspetos tais como: descrição do espaço físico, dos sujeitos, do quotidiano, das reações e alterações no nosso comportamento e no comportamento das crianças, dos movimentos de entradas e saídas dos locais pesquisados e das situações inusitadas que por outra aconteciam nos locais.

Análise de dados : descrição, análise e interpretação

Proc

edim

ento

s

Page 11: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Res

ulta

dos

Vieram em 2013 para PortugalColocados no 4º ano Equivalência escolar

Notas biográficasAluno JFilho de imigrantes em

Inglaterra

Aluna IFilha de paquistaneses

Page 12: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Propostos para apoio educativoAluno J usufruiu durante o anoAluno I ficou em lista de espera

ApoioAluno J

Realizou teste de diagnóstico de língua

portuguesaCompletou o teste

Nível de proficiência A2(utilizador elementar)

Aluna INão conseguiu realizou o teste de diagnóstico de língua portuguesa

Nível de proficiência A1( nível mais baixo)

Res

ulta

dos

Page 13: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Tiveram que aprender português no dia a dia em contato com os

colegas e professora

O desempenho escolarAluno JEntendia algumas palavras

em portuguêsEscrevia em InglêsA colega de carteira

ajudava-o no vocabulário que desconhecia

Aluna INão sabia falar português,

nem entendiaComunicação era através

de gestos, desenhos e recurso à língua inglesa

Aprendizagem do português:

correspondência entre objeto e palavra falada

Res

ulta

dos

Page 14: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Quando ingressaram na turma, a professora sentou-os junto do melhor aluno da turma: tutor

Estratégias pedagógicas Aluno JPreparou fichas ,

materiais diferentes para ao nível do portuguêsMatemática o aluno

acompanhava

Aluna ISolicitou à turma que

acompanhassem nas horas do recreio

Page 15: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Foram superando as suas dificuldades ao nível do português

Como acompanha as aulasTentava acompanhar

os colegasNão queria fichas

diferentesFazia trabalho extra

Uso de uma só palavra“pen” para usar caneta“write” para copiar ou

desenharTodo o vocabulário que

aprendia, incluía nos seus desenhos

Page 16: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Grupo de alunos entre 7 e 10 anos

Sujeitos aos teste diagnóstico de língua

portuguesa

FamíliaInteresse e acompanha a

integração do alunoComparece sempre que

convocadaAuxília nos trabalhos de

casa

Matricula no ano correspondente ao que

frequentavam no seu país 1º dias de aulas forma

semelhantes

EscolaIgualdade de acesso

Não desenvolve projetos diferenciados

Principais agentes de inclusão: alunos portugueses ou

estrangeiros com mais tempo de permanência

Rotinas são aprendidas informalmente entre pares

Discussão conclusão

Page 17: Integração de crianças recém -chegadas a Portugal numa escola de 1º ciclo de escolaridade

Bib

liogr

afia

Abramowicz. A. (2006). Trabalhando a diferença na educação infantil. São Paulo: Moderna Costa, Marisa Vorraber. (2008)Currículo e pedagogia em tempo de proliferação da diferença: In Trajetórias e processos de ensinar e aprender: sujeitos, currículos e culturas – XIV ENDIPE; Porto Alegre – RS: Edipucrs. Fleury, M. T. L. (2000) Gerenciando a Diversidade Cultural: experiências de empresas brasileiras.In: RAE: Revista de Administração de Empresas. Volume 40. Número 3. Julho/Setembro Houssaye, J. (2000). Gérer le pluralisme en éducation?. In A. D. de Carvalho et al. (orgs.), Diversidade e Identidade. Actas da 1ª Conferência Internacional de Filosofia da Educação. Porto: Gabinete de Filosofia da Educação, Instituto de Filosofia – Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 79-90. Lopes, A, et al. (2007). Identidades profissionais de base e currículo de formação inicial: o caso do curso de 1976/1979 da escola do magistério primário do Porto. In LOPES, Amélia (Coord.), De uma escola a outra: temas para pensar a formação inicial de professores. (pp. 17-25). Porto: Centro de investigação e intervenção educativas (CIIE)/AfrontamentoOliveira,E, Souza,M (2011) Multiculturalismo, Diversidade Cultural e Direito Coletivo na Ordem Contemporânea, in Cadernos da Escola de Direito Internacional Nº16. Consultado a 30 de agosto de 2013 http://apps.unibrasil.com.br/revista/index.php/direito/article/viewFile/806/691Pascual, R., et all., (1988): La gestión educativa ante la innovación y el cambio, Madrid:Narcea.Romani, et al. (2004). Estação: Paulo Freire. In: Lucchesi, M. A. S. (Org.), Conhecimento e pesquisa no mestrado em educação: pesquisa em pós-graduação. Santos. L. (Série Educação)Sedano, A.M. & Perez, M.R., (1992): Modelos de Organizacion Escolar,Madrid: Cincel, S.SEF(2011)-Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo-2011.Consultado a 7 de maio de 2013 em http://sefstat.sef.pt/Docs/Rifa_2011.pdfSilva, M.S A.; Brandim, M. R. Multiculturalismo e educação: em defesa da diversidade cultural. Revista Diversa. Ano 1. n. 1. 2008. Consultado a 8 de agosto em: http://www.ufpi.br/subsiteFiles/parnaiba/arquivos/files/rd-ed1ano1-artigo4_mariasilva.PDF UNESCO (1994). Declaração de Salamanca e Enquadramento da ação: Conferência Mundial sobre as Necessidade educativas Especiais: Acesso e Qualidade Consultado a 20 de agosto de 2013 em http://redeinclusao.web.ua.pt/files/fl_9.pdfWilson, J. (2000). Doing justice to inclusion. European Journal of Special Needs Education, 15, 3, 297-304

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Obrigada pela atenção

Dilaila Botasdilaila [email protected]

Darlinda Moreira [email protected]