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1 Insucesso empresarial: um fio condutor para mudanças e decisões sobre carreira de empreendedores Autoria: Lisiane Pellini Faller, Italo Fernando Minello Resumo Este artigo visa compreender de que maneira o insucesso empresarial influencia a carreira de empreendedores que vivenciaram tal situação, tendo como objeto de estudo 13 empreendedores de São Paulo. O estudo utilizou quadros de referência sustentados por Glasser e Strauss (1967) e por Ibarra (2004), de onde foi proposto o modelo com quatro categorias de análise. Contatou-se diferentes estratégias de enfrentamento diante do insucesso, caracterizando a resiliência como processo individual, confirmado pelas posturas e comportamentos singulares diante da experiência do insucesso. A aprendizagem adquirida pelos indivíduos foi observada diante das mudanças de carreira, das mudanças internas individuais e do empoderamento.

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Insucesso empresarial: um fio condutor para mudanças e decisões sobre carreira de empreendedores

Autoria: Lisiane Pellini Faller, Italo Fernando Minello

Resumo

Este artigo visa compreender de que maneira o insucesso empresarial influencia a

carreira de empreendedores que vivenciaram tal situação, tendo como objeto de estudo 13 empreendedores de São Paulo. O estudo utilizou quadros de referência sustentados por Glasser e Strauss (1967) e por Ibarra (2004), de onde foi proposto o modelo com quatro categorias de análise. Contatou-se diferentes estratégias de enfrentamento diante do insucesso, caracterizando a resiliência como processo individual, confirmado pelas posturas e comportamentos singulares diante da experiência do insucesso. A aprendizagem adquirida pelos indivíduos foi observada diante das mudanças de carreira, das mudanças internas individuais e do empoderamento.

  

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Introdução A atividade empreendedora vem sendo reconhecida como um dos fatores propulsores

do desenvolvimento econômico, da estabilidade social e da geração de novos empregos. Nesta atividade, na visão de Martinelli e Fleming (2010), o comportamento dos indivíduos empreendedores tem sido analisado tanto por correntes econômicas, envolvendo aspectos desde inovação e busca de oportunidades, como por comportamentalistas, abrangendo criatividade, intuição, atitudes e motivação (Lee, Yamakawa & Barney, 2011; Martinelli & Fleming, 2010).

Na visão de Aldrich e Yang (2013), a variabilidade de empreendimentos ocupa o cerne da evolução e da ação de inovar. Porém, uma parte representativa desses novos empreendimentos sucumbe diante da complexidade do mundo dos negócios, causando o insucesso empresarial (IE) e influenciando de forma significativa a vida do indivíduo empreendedor que, em muitos casos, provoca até mesmo mudanças em sua carreira profissional (Wiklund, Baker & Shepherd, 2010; Minello & Scherer, 2012).

Por outro lado, Coelho e McClure (2005) argumentam que a quebra de negócios não rentáveis é essencial para a criação de riqueza, de forma que os ecossistemas dinâmicos dependem da morte para substituir organismos senescentes, transformando o advento do fracasso empresarial bom para a economia e a sociedade em geral, uma vez que libera conhecimentos e recursos de empresas extintas (Hoetker & Agarwal, 2007).

Para Ucbasaran, Shepherd, Lockett e Lyon (2012), mais da metade dos novos negócios não vem de uma identificação de oportunidade no mercado, mas é oriunda de necessidades de se gerar uma ocupação, seja em situações de abertura de novos negócios pela primeira vez ou na reminiscência de insucessos anteriores. Nesse sentido, Baker, Miner e Easley (2003) afirmam que em condições determinantes, os seres humanos são capazes de agir de forma criativa na construção de soluções efetivas para novos problemas. Esse pensamento oriundo da teoria da evolução vê os seres humanos como dotados de criatividade diante de situações inusitadas, onde se utilizam de pragmatismo para empreender na busca de novos caminhos (Gross, 2009).

Conforme Aldrich e Yang (2013), enquanto poderia ser entendida como desperdício de recursos produtivos, a mortalidade de empresas, paradoxalmente, poderia ser vista também como crucial para os sistemas econômicos capitalistas. Nesse sentido, essa mortalidade acaba transferindo seus recursos produtivos para outras esferas dentro do contexto econômico, o que descaracteriza o desperdício e acentua o caráter de transferência do conhecimento e da aprendizagem decorrentes de mudanças e adaptações profissionais dos indivíduos ao longo da vida.

Para Duarte et al., (2009, p. 394), o sentimento conturbado sobre desenvolvimento de carreira não é mais privilégio de adolescentes, mas está posto para todos os indivíduos, especialmente “quando confrontados com uma série de grandes transições nas suas vidas, ocasionadas por mudanças na saúde, no emprego e nas relações pessoais mais íntimas”; como no caso de empreendedores que vivenciaram a experiência do insucesso empresarial.

Diante disso, a aprendizagem ao longo da vida profissional e a compreensão das contribuições de hábitos e heurísticas podem trazer novos insights sobre a carreira dos indivíduos, contribuindo para facilitar o processo de transição de carreira. Esse processo pode ser visto como um evento intrínseco ao indivíduo, repleto de questionamentos e sentimentos que influenciam diretamente o seu comportamento empreendedor (Aldrich & Yang, 2013).

  

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Nesse sentido, no momento em que a mudança de carreira acontece em função da

experiência do insucesso empresarial, é pertinente compreender e analisar com atenção redobrada as características do comportamento empreendedor, uma vez que a falha anda de mãos dadas com o processo empreendedor que experimenta o desconhecido (Ucbasaran et al., 2012). A compreensão destas características pode servir de referencial para o estabelecimento de ações proativas em direção a um novo empreendimento profissional, sendo determinante para o sucesso ou fracasso do mesmo.

Assim, tendo como objeto de estudo empreendedores que vivenciaram a experiência do insucesso empresarial e no intuito de responder a questão de pesquisa “De que maneira o insucesso empresarial influencia a carreira de empreendedores que vivenciaram tal situação?”, adotou-se os seguintes passos: identificar os fatores que levam ao insucesso empresarial; identificar quais as características comportamentais dos empreendedores e as estratégias de enfrentamento adotadas após a descontinuidade do negócio; identificar os fatores de decisão sobre a carreira; e verificar se insucesso empresarial ocasionou mudança de carreira e alteração das características comportamentais no indivíduo.

Na próxima seção, são apresentados os pressupostos teóricos relacionados ao insucesso empresarial, fatores de decisão sobre carreira, comportamento empreendedor e mudança de carreira e características comportamentais do indivíduo após o insucesso empresarial. Na seção seguinte, são enfatizados os aspectos metodológicos relacionados à coleta e análise dos dados, para posteriormente analisar os resultados encontrados. Por fim, na seção cinco, são detalhadas as considerações finais acerca do estudo, limitações e sugestões para pesquisas futuras.

2 Referencial teórico 2.1 Insucesso empresarial: infortúnio ou aprendizado?

Inúmeras definições têm sido utilizadas por pesquisadores para o insucesso empresarial, incluindo tanto abordagens mais amplas (descontinuidade de propriedade), como abordagens menos permissivas (descontinuidade do negócio), até definições reduzidas que tratam o insucesso empresarial como falência (Ucbasaran et al., 2012).

Para Singh, Corner e Pavlovich (2007), a descontinuidade de propriedade é a definição mais ampla de insucesso empresarial e caracteriza-se pela saída do empreendedor de seu negócio, sendo pelo fechamento ou venda da empresa por diversos motivos, como disputas, problemas legais ou questões pessoais do empreendedor, caracterizando uma visão mais holística do empreendedorismo (Singh, Corner & Pavlovich, 2007).

A descontinuidade do negócio, por sua vez, geralmente ocorre quando as receitas não são suficientes para superar os custos para se dar continuidade ao negócio, ou seja, quando não se encontrou um limite mínimo para a viabilidade econômica, conforme estipulado pelo empresário (Coelho & Mcclure, 2005) e, por fim, a falência enfatiza o fraco desempenho econômico da organização, representando uma clara indicação de uma empresa insolvente, um dos principais passos em direção à morte (Moulton & Thomas, 1993).

De acordo com Longenecker, Simonetti e Sharkey (1999), o fracasso empresarial pode estar relacionado a diversas causas, tais como: a) ações da alta administração, envolvendo falta de visão, planejamento, estratégias adequadas, etc.; b) fracassos relativos aos clientes e ao mercado, envolvendo não atendimento de demandas, desconhecimento de clientes, desqualificação de pessoal para vendas e marketing, etc.; c) fracassos na administração financeira, envolvendo falta de controle financeiro, de planejamento de gastos e investimentos, problemas de fluxo de caixa e endividamento, entre outros; d) fracasso na estrutura organizacional e nos sistemas, quando ocorrem falhas no planejamento e alocação

  

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dos recursos tecnológicos, pessoais e informacionais, geralmente por competições internas e estruturas centralizadas e níveis elevados de autoridade.

Ao tratar processos de falhas nos negócios, Ucbasaran et al. (2012) adotam um esquema para pesquisas sobre insucesso no empreendedorismo empresarial, onde apontam etapas para o desenvolvimento de um raciocínio lógico dentro da temática proposta (Figura 1).

Figura 1: Esquema para pesquisas sobre insucesso no empreendedorismo empresarial Fonte: Adaptado de Ucbasaran et al. (2012)

Na concepção de Ucbasaran et al. (2012), para entender o processo do insucesso no

empreendedorismo empresarial, a primeira etapa compreende a definição de insucesso empresarial e o que determina o acontecimento da falha nos negócios. Na segunda etapa, os autores propõem discutir os resultados decorrentes desse insucesso relacionados a custos do negócio, onde pontuam os principais custos encontrados, ou seja, custos financeiros, custos sociais, custos psicológicos e custos de inter-relacionamentos. Na terceira etapa encontram-se os processos psicológicos e sociais decorrentes da falha do negócio, onde os autores consideram a aprendizagem e o ‘fazer sentido’ para o indivíduo. E, por fim, a última etapa trata dos resultados, que abordam os aspectos recuperação, os resultados cognitivos e os resultados comportamentais consequentes da experiência do insucesso. Madsen, Neergaard e Ulhoi (2003) afirmam que não é tanto traços de personalidade inerentes que influenciam a fundação e crescimento de novos empreendimentos como o emprego anterior e experiência empresarial.

De acordo com Shepherd (2003) e Ucbasaran et al. (2012), as pesquisas têm dado atenção limitada tanto para o fracasso empresarial como para os resultados de longo prazo desse insucesso para os empreendedores e para a capacidade do empreendedor de lidar com o fracasso e aprender com ele, embora já se saiba que o fracasso pode contribuir como aprendizado e melhorar as probabilidades de sucesso em novas iniciativas de negócios de um empreendedor. 2.2 Mudança de carreira

O vínculo das pessoas com as organizações vem sofrendo significativas mudanças nas últimas décadas. Premissas e definições pré-concebidas são modificadas continuamente, seguindo caminhos não-lineares, onde cadeias decisórias mutantes e complexas viraram regra (Duarte et al., 2009). O fato de pertencer a uma organização e estar empregado passou a ter grande significado na vida das pessoas, trazendo-lhes a sensação de segurança no momento em que o desemprego virou clichê, quando os empregos formais vão cedendo espaço para o trabalho autônomo, terceirizado e temporário (Boulart & Lanza, 2007).

As avaliações de carreira são feitas pelos indivíduos de forma racional, com base na satisfação das suas necessidades e dos resultados de seus esforços (Brice, 2006) e, segundo Costa (2013), são vários os fatores que podem gerar uma percepção de sucesso na carreira: empregabilidade, remuneração, competência, sucesso em equipe, hierarquia, contribuição à sociedade, equilíbrio vida-trabalho, desenvolvimento, criatividade, identidade e valores. No entanto, segundo estudo desenvolvido por Costa (2013), o fator que mais representa a percepção de sucesso é a identidade com a carreira. Nesta concepção, Ibarra (2004) afirma

  

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que não é possível separar a carreira da identidade profissional da pessoa, por isso uma pessoa só conseguirá fazer uma transição de carreira se ela estiver disposta a se reinventar.

De acordo com Brice (2006), a preferência por uma carreira empresarial está relacionada com a capacidade de atração de possíveis recompensas do empreendimento e com a magnitude da crença de que estas recompensas podem ser obtidas. Conforme Longenecker, Moore e Petty (2000), existem três categorias de recompensa capazes de influenciar potencialmente os indivíduos na escolha de suas carreiras: recompensa de lucro, recompensa de independência e recompensa por uma maneira satisfatória de vida.

A recompensa de lucro é a expectativa de ganhar um rendimento que retribua o tempo, o capital investido, os riscos e a iniciativa de empreender. A recompensa de independência é a expectativa de liberdade de regras, supervisão e burocracia. Esta recompensa corresponde ao desejo de ser seu próprio patrão e ter autonomia de perseguir interesses pessoais. Por fim, a recompensa de uma maneira satisfatória de vida é a expectativa de liberdade das rotinas, que são monótonas, sem desafios de trabalho (Longenecker, Moore & Petty, 2000). Essa expectativa é característica dos empreendedores que veem suas empresas como instrumentos de prazer ao invés de trabalho (Siciliano, 2006).

É possível que as recompensas previstas por Longenecker, Moore e Petty (2000) já tenham sido antecipadas na história quando Aristóteles proferiu conselho sobre carreira: “Onde as necessidades do mundo e seu talento se cruzam, aí reside sua vocação”. Nessa afirmativa, o filósofo condensa ideias contemporâneas acerca das recompensas nas escolhas profissionais, como as de Siciliano (2006), quando enfatiza que o sujeito tem necessidade de encontrar uma atividade que seja a extensão de si mesmo, a sua “verdadeira vocação”, algo que possa ser feito com prazer e que não se configure como um “trabalho” propriamente dito, mas como um prolongamento do lazer, ultrapassando a simples troca mercantil.

Nesse sentido, segundo Siciliano (2006), a mudança também surge como um valor positivo, onde os sujeitos valorizam a transformação, principalmente quando esta representa singularização e expressão individual do processo de autoconhecimento. Corroborando esse pensamento, Duarte et al. (2009, p. 396) apontam que “pessoas constroem carreiras quando fazem escolhas que expressam seus autoconceitos”. Esse autoconceito é construído através de experiências vividas pelos indivíduos nos contextos em que vivem ou trabalham. A vantagem é que existem várias formas de uma pessoa interpretar essas experiências de vida, tornando possível diferentes delineamentos e perspectivas de carreira (Duarte et al., 2009).

Ibarra (2004) aponta várias estratégias não convencionais para um indivíduo durante a reinvenção de sua carreira, tais como: o autoconhecimento; quais os possíveis eus que a pessoa quer testar; aceitar as oscilações entre o apego e o desprendimento; aceitar que os caminhos não são lineares; experimentar novos caminhos profissionais; encontrar pessoas semelhantes ao que se gostaria de ser; não esperar o momento da verdade, mas buscar significados nas mudanças diárias; buscar o momento de retroceder e reconstruir o caminho. Fontes (2010) aponta inclusive que perdas na capacidade da reserva biológica podem ser compensadas por ganhos na resiliência, que ajudam evitar efeitos negativos inerentes ao envelhecimento.

As transformações profissionais associadas à dissolução ou separação de grupos ou sociedades espelham profundas mudanças e transfigurações nos indivíduos em relação aos seus interesses e atitudes em relação à vida (Duarte et al., 2009). Dessa forma, entender as características comportamentais desses indivíduos e de que forma eles se comportam diante da adversidade do insucesso pode ser determinante para a sua recuperação e posterior investimento em novo empreendimento ou nova carreira.

2.3 Comportamento do Empreendedor

  

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Para Dornelas (2001, p. 15), “o empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização”. Um atributo do empreendedor é identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócios. Assim, “o empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ele, assumindo riscos calculados” (Dolabela, 2001; Dornelas, 2008, p. 23).

Filion (2000) apresenta o pensamento científico sobre o empreendedor dividindo-o em duas correntes principais: 1) a corrente dos economistas, que relaciona o empreendedor à identificação de oportunidades de negócio e à geração de lucro, conduzindo o empreendimento a mudanças necessárias para alcançar o desejado; 2) a corrente dos comportamentalistas, que visualiza o empreendedor à luz de valores específicos que conduzem a ações empreendedoras. Embora aparentem visões diferenciadas, as duas correntes de estudo procuram identificar os fatores que motivam a decisão de empreender no processo de empreendedorismo.

De acordo com Baron e Shane (2011), os empreendedores podem desenvolver ideias para tirar vantagem de cinco tipos de oportunidades resultantes de mudanças políticas, sociais, demográficas, tecnológicas ou de regulamentos: novos produtos e/ou serviços, novos métodos de produção, novos mercados, novas formas de organização e novas matérias-primas. Contudo, o desenvolvimento das ideias e a evolução das mesmas para o campo empírico são fatores que estão intrinsicamente ligados às características comportamentais do empreendedor, que podem ocorrer de formas distintas e em intensidades diferenciadas de um indivíduo para outro.

Adotando uma visão mais comportamental, McClelland (1972) estudou o que motiva as ações de um empreendedor. Sua teoria transformou-se em um dos poucos instrumentos de coleta de dados para mensurar as características comportamentais dos empreendedores, cujas médias estabelecem as características predominantes e permitem avaliar o perfil empreendedor, as quais são apresentadas em ordem decrescente de predominância: Estabelecimento de metas, Comprometimento, Busca de informações, Busca de oportunidades e iniciativa, Independência e autoconfiança, Planejamento e monitoramento sistemático, Persistência, Exigência de qualidade e eficiência, Persuasão e rede de contatos e Correr riscos calculados.

De acordo com McClelland (1972), as características do comportamento empreendedor podem ser divididas em três conjuntos: 1) Conjunto de Realização - envolve aspectos comportamentais como persistência, comprometimento, eficiência, iniciativa, busca de oportunidades, correr riscos calculados e exigência de qualidade; 2) Conjunto de Planejamento - envolve estabelecer metas, buscar informações e planejar e monitorar sistematicamente as propostas; 3) Conjunto de Poder - envolve autoconfiança, independência, poder de persuasão e rede de contatos. Para o autor, o empreendedor pode ser considerado como um ser habilidoso, perceptivo, criativo, versátil, inteligente, perseverante, confiante, diligente e visionário.

Dornelas (2008) entende que as características do comportamento empreendedor estão ligadas a uma visão de futuro, onde o indivíduo calcula riscos ao explorar oportunidades, tendo determinação nas tomadas de decisão, agindo com dinamismo e paixão e explorando aspectos como liderança, otimismo, independência, planejamento e criação de valor para a sociedade.

Na concepção de Bueno, Leite e Pilatti (2004), as características do comportamento empreendedor estão atreladas à predisposição do indivíduo para aprender e se adaptar ao meio onde vive e atua profissionalmente através do autoconhecimento. Filion (2000) destaca em empreendedores bem sucedidos características de comportamentos como: são controladores, possuem modo próprio de relação com os funcionários, trabalham em rede com moderação, possuem liderança, intuição, diferenciação e experiência em negócios, e são trabalhadores

  

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envolvidos, incansáveis e visionários. Geralmente os valores e a cultura de empreendedorismo são adquiridos por meio de contato com algum modelo empreendedor durante a juventude.

No entendimento de Hisrich, Peters e Shepherd (2009), características como a habilidade em executar, habilidade de adaptar situações valendo-se de cognições pré-estabelecidas e aprender com os insucessos são determinantes para o comportamento empreendedor, especialmente quando vivências anteriores de fracassos impelem os indivíduos a mudanças em suas carreiras. 2.4 Mudança de carreira e características comportamentais após o insucesso empresarial

A independência e os desafios presentes na realidade empresarial costumam atrair pessoas conscientes e abertas à experiência, o que torna possível que futuros empresários desenvolvam planos de negócios realistas e pragmáticos baseados no seu estilo de vida e de trabalho e com expectativas de remuneração também realistas (Brice, 2006). Nesse sentido, ao invés de se concentrar, exclusivamente, em recompensas ou elogios, esses profissionais ajudam a diminuir notoriamente os altos índices de falha de novos empreendimentos, valendo-se de características comportamentais que reconhecem que bons resultados exigem horas de trabalho, esforço e dedicação (Chandler & Jansen, 1992).

De acordo com Kalleberg (2011), o enfraquecimento das expectativas tradicionais sobre relações de trabalho estáveis de longo prazo vem colocando muitos funcionários em posições precárias, onde o empreendedorismo e o autoemprego surgem como atraentes alternativas para recomeçar a vida. No entanto, Aldrich e Yang (2013) advertem que grande parte dos empreendedores falham porque simplesmente não sabem o que estão fazendo, levando seus negócios à bancarrota. A saída desses profissionais para o mercado de trabalho aumenta o estoque de capital humano disponível, mas a mudança de carreira e o recomeço das atividades profissionais requerem capacidade e comportamento empreendedor desses indivíduos e a simples mudança de um status quo pode estimular um novo potencial empreendedor, como intenções de engajamento empresarial em outras atividades (Hessels et al., 2011).

Quando os custos do fracasso (financeiros, sociais e psicológicos) são altos demais quando comparados com os benefícios de aprender com os erros, os empresários adotam comportamentos reativos e optam por sair de suas carreiras empreendedoras. Ucbasaran et al. (2012) afirmam que tanto o empresário como a sociedade podem perder. Assim, com vistas a diminuir as perdas, Richardson (2009) afirma que para a tarefa mais ampla de reconstruir a vida, o processo intencional é central e focaliza-se na tomada de decisão e formação de escolhas.

Considerando-se que as perspectivas profissionais atuais se mostram menos previsíveis e definidas, e sendo as transições cada vez mais frequentes, espera-se dos trabalhadores competências, comportamentos e capacidades substancialmente diferentes de conhecimentos e aptidões que vigoravam nas profissões do século XX (Duarte et al., 2009). Para os autores, as dúvidas quanto ao futuro incerto não serão mais exclusivas de jovens iniciantes nas suas carreiras profissionais, mas confrontarão com velhas premissas, fazendo com que todos os indivíduos embretados no turbulento mercado de trabalho reavaliem seus parâmetros e realinhem seus comportamentos ao novo estilo de vida com propriedade. 3 Metodologia

O presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa de caráter qualitativo, a qual procura compreender em detalhes as características e significados situacionais apresentadas pelos entrevistados (Richardson, 2008), onde não há pretensão de generalização dos

  

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resultados. Por ser qualitativa, os dados são analisados através de observações e interpretações de um grupo específico em estudo (Silva & Menezes, 2001).

A amostra caracteriza-se como não probabilística intencional e por conveniência, cujo procedimento de seleção deu-se de maneira informal (Sampieri, Collado & Lucio, 2006), conforme a disponibilidade e concordância dos entrevistados, uma vez que a temática envolvida poderia trazer certo constrangimento por conta do relato de experiências negativas vividas. Assim, foram entrevistados 13 empreendedores da grande São Paulo que passaram por situação de insucesso empresarial e concordaram em expor suas experiências.

Para a coleta dos dados foi realizado um roteiro de entrevista semiestruturado contendo uma seção sobre o perfil dos entrevistados (gênero, idade, formação e tempo de empreendimento) e outras 25 perguntas relacionadas à história de vida, trajetória profissional, ao processo de descontinuidade e ao processo da resiliência. As entrevistas duraram em torno de uma hora e trinta minutos, aproximadamente, e foram gravadas de acordo com o roteiro pré-estabelecido. Para a descrição dos dados, foram feitas as transcrições das entrevistas com as descrições dos relatos, em seguida uma filtragem preliminar e a organização dos mesmos, e finalmente, a organização, de forma coerente, com embasamentos teóricos e comentários.

Para definir as categorias de análise, o presente trabalho utilizou-se a priori de dois quadros de referência: o primeiro, sustentado por Glasser e Strauss (1967), e o segundo sustentado em Ibarra (2004). Glasser e Strauss (1967) apresentam as seguintes categorias de análise: contexto, condições causais, fenômeno, estratégias de enfrentamento, condições intervenientes e consequências, conforme pode ser visualizado na Figura 2.

Figura 2: Quadro de referência para categorias de análise Fonte: Glasser e Strauss (1967)

No intuito de atingir o objetivo da pesquisa em identificar de que maneira o insucesso empresarial influencia a carreira de empreendedores que vivenciaram tal situação, foram retirados do modelo de Glasser e Strauss (1967) as seguintes categorias de análise: Fenômeno – no intuito de buscar as experiências e sentimentos vivenciados no processo de descontinuidade do negócio; Estratégias de Enfrentamento – buscando identificar as características comportamentais de afastamento de sentimentos ameaçadores ou perigosos; e, Consequência – processo de constante reflexão e aprendizagem diante do insucesso.

O modelo de Ibarra (2004) apresenta um sumário do processo de transição de carreira, onde diferentes aspectos da identidade profissional são considerados em cada categoria de análise (Figura 3).

  

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Figura 3: Identidade profissional: processo de transição e práticas que promovem mudanças de sucesso. Fonte: Adaptado de Veloso e Dutra (2010); Ibarra (2004).

Também para atender ao objetivo proposto pelo estudo, foram retirados do modelo de Ibarra (2004) as seguintes categorias de análise: Explorando Possíveis Eus – no intuito de entender os questionamentos “quem eu posso me tornar” e “quais as possibilidades”; Substituindo entre identidades – referindo-se à identidade profissional em transição; e, os resultados expressos através da Aprendizagem – buscando captar as mudanças externas e internas referentes à transição de carreira e o empoderamento decorrente das experiências.

Assim, a partir dos quadros de referência de Glasser e Strauss (1967) e de Ibarra (2004), foi criado um novo quadro de referência para definição das categorias de análise, a fim de atender mais especificamente o objetivo da presente pesquisa, conforme mostra a Figura 4.

Figura 4: Categorias de Análise a Priori Fonte: Elaborado pela autora e adaptado de Glasser e Strauss (1967) e Ibarra (2004).

Para a demonstração da síntese dos aspectos relevantes de cada entrevista na perspectiva dos pesquisadores, optou-se por apresentar um quadro exemplo de cada categoria de análise do estudo, contemplando um entrevistado selecionado aleatoriamente. Para o procedimento de análise dos dados, utilizou-se a análise de discurso, cujo objetivo é fazer a interpretação ou releitura das falas no intuito de responder qual a influência do insucesso empresarial sobre as suas carreiras como empreendedores. A análise de discurso não discute o que é certo ou errado, bem como não trabalha com a forma e o conteúdo, mas sim com os sentidos apreendidos nas interpretações das falas, podendo gerar vieses de interpretação (Caregnato & Mutti, 2006).

4 Análise dos resultados

Nas 13 entrevistas realizadas com empreendedores, observou-se que a sua formação variou de 1º Grau Incompleto até mestrado e doutorado, sendo a maior parte com curso superior completo ou incompleto. Os segmentos de atuação encontrados antes do insucesso foram: indústria, transportes, entretenimento, gastronomia, representação comercial, serralheria, engenharia, coleta de lixo, entre outros. O tempo de duração das atividades variou de 1,5 anos a 48 anos, sugerindo que qualquer atividade desenvolvida pode estar suscetível ao fracasso, em qualquer tempo a partir de sua criação. Os caminhos trilhados após o insucesso também avançaram por diferentes esferas do âmbito profissional, por vezes implicando na ruptura das atividades anteriores e no desenvolvimento de novas carreiras.

  

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Na sequência, foram contempladas as quatro categorias de análise definidas à priori (Fenômeno da Descontinuidade do Negócio, Estratégias de Enfrentamento, Transição de Carreira e Aprendizagem), cujos trechos das entrevistas são mostrados nos Quadros 1, 2, 3 e 4.

4.1 Fenômeno da Descontinuidade do Negócio

Segundo Singh, Corner e Pavlovich (2007), o fracasso de um empreendimento pode ser um intensificador do estresse, mas também um fator motivador e marco de mudança na vida. Para Shepherd (2003), a análise do fracasso pode prover conhecimento e contribuir para o sucesso em novas iniciativas empreendedoras. Nesse sentido, Glasser e Strauss (1967) evidenciam que o Fenômeno da Descontinuidade do Negócio se caracteriza a partir de duas subcategorias, a Experiência de fracasso e os Sentimentos associados ao fracasso (Quadro 1).

Quadro 1: Categoria de análise – Fenômeno da descontinuidade do negócio Fonte: Dados da pesquisa

A partir dos relatos dos entrevistados (Quadro 1), foi possível verificar o sentimento de culpa pelo fracasso e a falta de visão e direcionamento do negócio (E1 e E2). McClelland (1972) aponta planejamento, estabelecimento de metas, busca de informações e monitoramento como características do comportamento empreendedor. Essas características podem ter sido negligenciadas por E1 e E2, quando admitem irresponsabilidade, falta de visão e de direção na condução do negócio. Sentimentos associados ao fracasso, como vergonha, depressão, carência afetiva, ressentimento, abalo moral, sensação de ser perdedor, de não ser competente e até o sentimento de abandonar sonhos também foram constatados nas entrevistas. Tais sentimentos instigam vulnerabilidade no comportamento do sujeito, podendo gerar depressão e onipotência. A autoconfiança surge, então, como característica determinante para o fracasso do negócio, por sua excessiva valorização (Baron & Shane, 2011). Para Bateman e Snell (2013), o excesso de autoconfiança pode levar ao fracasso ao se ignorar ou não avaliar riscos. O sujeito acredita ser incapaz de errar, nutre exagerado otimismo em relação ao futuro e pensa ser imune ao fracasso.

O impacto do insucesso empresarial pode ser avassalador quando o empreendedor constrói a realidade através das incertezas, vergonha medos e angústias. Porém, os mesmos sentimentos também podem servir de estímulo para o indivíduo desenvolver estratégias de enfrentamento que lhe permitam uma nova perspectiva a partir do fracasso (Minello, 2010). 

4.2 Estratégias de Enfrentamento

Categoria de análise: Fenômeno da descontinuidade do Negócio Subcategoria Trechos das entrevistas Entr

Experiência de fracasso

(...) o primeiro erro, empresa aberta, gastando como empresa, sem ter nada (...) a gente tava criando passivos futuros (...) a gente nunca imaginou que a concorrência pudesse ser o estrangulador final da empresa (...) o impacto maior de todo mudo é acabou o sonho

E3

(...) você acredita naquela ideia e acha que só uma boa ideia é suficiente pra você ter o seu próprio negócio, mas não é, sabe, tem que ter um planejamento (...)

E10

(...) quem fez o negócio quebrar fui eu, por orgulho, por falta de visão, por irresponsabilidade (...) (...) vivendo fugindo de agiota (...) foi três anos aproximadamente de tortura psicológica (...) é mais um sobrevivente, é assim que eu me sentia (...)

E1

(...) queria tudo e mais (...) a miopia, de não direcionar, de entender o mercado, pra onde ele tava indo, pra onde, fiquei muito focado no meu umbigo mesmo (...)

E2

(...) eu fiquei com depressão, foi uma época, vê, que você realmente não tem mais amigos, que boa parte da sua família te despreza (...) você vira motivo de chacota, de riso, de conversinha de canto. Então isso aí impacta demais na vida da gente (...)

E9

(...) eu pensava o que meus filhos vão poder falar de mim? O que eles vão poder falar no futuro de mim, né? (...)

E11

  

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Segundo Folkman et al. (1986), o enfrentamento caracteriza-se por ser um processo que se concentra no que a pessoa pensa e faz em situações estressantes, e como isso muda à medida em que a situação se desenrola. As estratégias de enfrentamento podem ser ferramentas de capacitação para lidar com o insucesso empresarial. O Quadro 2 apresenta a categoria de análise Estratégias de Enfrentamento e os principais resultados encontrados nas entrevistas. Quadro 2: Categoria de análise – Estratégias de Enfrentamento Fonte: Dados da pesquisa

Ao passar por adversidades em decorrência do insucesso empresarial, é frequente o

empreendedor ter de enfrentar situações críticas de transição, onde a consciência funcional de cada indivíduo envolve o processamento deliberativo de informações para a selecionar, construir, regular e avaliar os possíveis cursos de ação diante de uma situação (Bandura, 2001).

Nas situações de transição, onde é “difícil abandonar o passado/presente, seguro e confortável, para enfrentar um presente/futuro incerto, que impõe alterações na própria identidade”, o sujeito utiliza-se de objetos transacionais que o ajudam a superar os processos inconscientes dessa passagem (Moscovici, 2008, p. 24). Para a autora, esses objetos de transição também podem ser representados por pessoas, e a utilização dos mesmos ajuda os

indivíduos a manterem seu senso de identidade e segurança psicológica, importantes na aceitação e controle do processo de mudança. Pessoas que perdem seu senso de identidade como selves tendem a perder também o senso de relacionamento (May, 1973). Desenvolver múltiplos selves está ligado à capacidade de ocupar diferentes papeis e identidades, propiciando uma diversidade de contatos, experiências e significados, principalmente quando um dos papeis está empobrecido ou limitado, como no caso do papel profissional diante do insucesso empresarial (Fontes, 2010).

Diante disso, pode-se constatar que tais objetos foram encontrados principalmente em pessoas, nos papeis das esposas, pais, filhos, amigos, famílias, advogados, entre outros.

A bebida também pode ser considerada objeto de transição, quando ingerida socialmente (Moscovici, 2008), porém, quando perdura além do razoável, pode acarretar consequências negativas, como transformar-se em vício até passar a viver como mendigo (E11).

(...) eu passei um ano fora da minha esposa (...) e um dia ela me mandou um recado, é, que queria me ver em casa, e eu fui em casa, na casa dela que eu tinha deixado, mas fui alcoolizado, fui bêbado, mas ela falou olha, senta aí, vamos conversar (...) você não é um homem de rua, você não é um mendigo, você é um empresário, você é um estudioso, você nunca teve mancha na sua vida e agora você virar mendigo, é inacreditável (E11)

Categoria de análise: Estratégias de Enfrentamento Subcategoria Trechos das entrevistas Entr

Afastamento de sentimentos ameaçadores ou perigosos

(...) O primeiro pensamento que eu tive que lidar foi o de medo de fazer negócio (...) eu vi que você pode, assim, quebrar a cara em um ano (...) tu precisa ta estruturado, tu precisa ta resistente (...) preciso não ter medo de fazer, e preciso saber como fazer

E7

(...) eu passei a desacreditar né, e junto com esse desacreditar, você passa a desacreditar nas pessoas, no mundo (...) eu trabalhava, mesmo mendigo eu procurava trabalhar, não cheguei a ser um catador de papelão (...)

E11

Apoio externo

(...) a coisa bacana de tudo é que eu tive amigos que me ajudaram, eu tenho um amigo que tava indo pra Argentina, com a namorada... suspendeu a, a viagem pra vim me ajudar, pra vim, pra conversar comigo (...)

E5

(...) a família sempre trabalhou junta, é... a esposa, ela é um braço, o filho (...) ele é que, é bem responsável pelo que foi feito nessa mudança, acho que uns sessenta por cento disso se deve a ele, né (...)

E8

  

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Para Bandura (2001), não é incomum as pessoas contribuirem para a sua própria miséria por meio de atos transgressivos intencionais gerados pelo erro de cálculo bruto de consequências. Observa-se que a bebida não atuou como objeto de transição positivo para E11, mas sim a esposa, que teve o importante papel de apoio após a descontinuidade do seu negócio. Bandura (2001) diz que a atividade humana é socialmente interdependente e condicionalmente orquestrada dentro de uma dinâmica social. As estratégias de enfrentamento, segundo Carver e Connor-Smith (2010) podem ser consideradas esforços individuais para prevenir ou diminuir ameaças, danos e perdas, ou para reduzir o sofrimento associado a situações estressantes. No estudo realizado observou-se que as mesmas mostraram-se fundamentais para a recuperação do indivíduo na sociedade e serviram como mola propulsora no processo de transição de carreira.

4.3 Transição de Carreira

No conceito de carreira sem fronteiras de Arthur e Rousseau (1996), o indivíduo vai além dos limites de um único contexto empregador, verificando todas as oportunidades de trabalho possíveis e sendo chamado a assumir sua evolução profissional e à corresponsabilidade pela própria carreira (Veloso & Dutra, 2011). Para May (1973), a evolução do ser humano pode ser considerada um processo de diferenciação, onde o indivíduo assume a responsabilidade pelo próprio self e pela própria existência na pretensão de atingir a liberdade. Assim, a gestão da carreira passa, quase em sua totalidade, da organização para o indivíduo, onde, de forma ativa, este busca as melhores oportunidades para o seu desenvolvimento, embora muitas vezes isso implique em lidar com transição de organização ou de profissão (Van Buren III, 2003).

O Quadro 3 apresenta a terceira categoria de análise Transição de Carreira e os principais resultados captados por meio das entrevistas realizadas.

Quadro 3: Categoria de análise – Transição de Carreira Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com os relatos analisados, constatou-se que grande parte dos entrevistados

passou por diversas experiências profissionais, conforme mostram os trechos das falas de E4 e E10 (Quadro 3), onde tiveram de explorar seus possíveis Eus no intuito de entender quem poderiam se tornar profissionalmente e quais as possibilidades de trabalho poderiam ser consideradas mais adequadas para as suas capacidades pessoais e profissionais.

Categoria de análise: Transição de Carreira Subcategoria Trechos das entrevistas Entr

Explorando possíveis

Eus

(...) fui empregada doméstica, açougueira, cozinheira (...) com 18 anos eu vim pra São Paulo e comecei a trabalhar na Varig (...) eu era auxiliar administrativa (...) trabalhei na TAM (...) depois eu fui trabalhar com ele (um inglês), foi aí onde que eu aprendi esse serviço de currier, de transporte (...)

E4

(...) comecei a trabalhar em feira (...) fui trabalhar sempre no comércio (...) ia pro Paraguai (...) buscava alguma coisa pra vender na rua (...) quebrei a produtora e a escola de inglês (...) comecei numa pizzaria (...) um ano e meio depois eu era gerente (...) na empresa de para-raios eu fazia projeto e instalação de para-raios (...) comecei a fazer vários estágios (em restaurantes) (...) fui fazer consultoria (...) montei vários restaurantes (...)

E10

Subsistindo entre

identidades

(...) quando eu tive essas crises, eu tive os melhores projetos, na verdade (...) porque eu me envolvia de tal maneira, e até, e até é uma coisa meio engraçada, acordava preocupado com a dívida e aí pra esquecer a dívida, eu ia trabalhar no meu projeto

E5

(...) Não importa quantas vezes você vai quebrar, mas eu acho que você nunca deve desistir do teu sonho (...) eu sonhei que com 40 anos eu ia ta bem, e eu nunca desisti do meu sonho, apesar de quebrar, apesar de todos os percalços, de sofrimento (...)

E9

  

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Na concepção de Calvosa (2009), o modelo de carreira idealizado pela maioria dos indivíduos é marcado pela busca de estabilidade e segurança no emprego. No entanto, ao considerar uma carreira empresarial, indivíduos empreendedores mostram-se altamente conscientes e significativamente atraídos por uma carreira que lhes proporcione recompensas intrínsecas de independência e uma maneira satisfatória de vida (Brice, 2006), como foi o caso de E5 e E7, que não queriam ser funcionários subordinados. Por isso, não é incomum que muitos tenham passado por diversas experiências profissionais até chegar ao status atual, tendo, inclusive, sucumbido por mais de uma vez (E2, E5, E6, E8, E9, E10). Essas experiências contribuem para facilitar a aprendizagem ao longo da vida, traduzidas pela mudança de carreira, e pelo empoderamento do indivíduo ao retomar a carreira após o insucesso empresarial.

O Quadro 4 apresenta a última das quatro categorias de análise (Aprendizagem) e os resultados obtidos através das falas dos sujeitos entrevistados.

Quadro 4: Categoria de análise – Aprendizagem Fonte: Dados da pesquisa

Bandura (2001) afirma que quando os indivíduos interpretam seus fracassos como apresentando desafios superáveis, eles redobram seus esforços para obter os resultados que desejam. Nesse sentido, os trechos das falas de E10 e E4 corroboram o julgamento de Bandura (2001) e confirmam a teoria de Ibarra (2004), onde o indivíduo é capaz de buscar novas alternativas profissionais e aprender através das suas transformações individuais. Portanto, a transição profissional “está sujeita a variações decorrentes da realidade de cada pessoa”, não seguindo um padrão único, (Veloso & Dutra, 2011, p. 5), mas sim, considerando as necessidades pessoais, familiares e profissionais de cada um (Arthur & Rousseau, 1996).

No que concerne ao empoderamento como resultado ou consequência (Glasser & Strauss, 1967), em nível individual, este pode referenciar a sensação de controle sobre uma determinada situação, indicando a liberdade de escolha e de ação e possibilitando influenciar

Categoria de análise: Aprendizagem Subcategoria Trechos das entrevistas Entr

Mudança de Carreira

(...) quando os meus negócios não deram certo (...) foi que eu comecei a deixar a minha esposa nos negócios e eu comecei a ser convidado a fazer consultoria (...) eles precisavam de ajuda de um cara que entendesse bem de materiais, aí eu fui lá, comecei a ajudar ele sem cobrar nada (...)

E5

(...) houve esse processo de descontinuidade, é... eu, eu já estava com uma outra empresa em andamento, e... então aí passou a questão da dedicação (...) uma outra agência de viagens (...) só a parte aérea, só na parte dos passageiros

E6

Mudança interna do Eu

Dia seguinte, imediatamente eu tava fazendo alguma coisa, sabe, procurando emprego, sabe, analisando novas propostas (...) a minha técnica pessoal foi essa (...) se você parar e focar, a descontinuidade, você descontinua também (risos) você descontinua como pessoa (...) pra não parar de vez, eu sempre procurei uma outra coisa (...)

E10

(...) sempre consegui dar a volta por cima em tudo o que fiz na vida (...) transformava o erro num acerto (...) sempre tive o cuidado de reduzir o meu padrão de vida às circunstâncias do momento (...) sou um homem muito simples, eu gosto de coisas simples (...) sou muito alegre (...) sou um homem feliz, eu consegui dar a volta.

E13

Empoderamento

(...) o mais importante de ver que, mesmo com todas as adversidades do mundo, a gente pode melhorar (...) eu quebrei, fali, me fodi, mas eu continuo sonhando, eu to ótimo, com a saúde melhor, me sinto mais bonito, me sinto melhor, mais preparado (...) se você olhar o conjunto do ser humano lá atrás e aqui, eu to mais experiente (...)

E2

(...) eu acredito que a força de vontade, coragem e determinação, quando você for querer montar um outro negócio de novo, você tem que ir com vontade e coragem (...) você tem que ir sabendo que vai poder errar (...)se der errado você corrige, porque você já teve uma experiência do fracasso (...) se der errado, eu já tenho aqui um, um, atalho.

E4

  

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o curso da vida, as decisões a serem tomadas ou ainda a capacidade de mobilização de recursos a fim de obter os resultados desejados. As análises das entrevistas permitiram observar várias características do empoderamento, tais como força de vontade, coragem e determinação (E4); desenvolvimento da sensibilidade e aprendizagem (E2); força e capacidade (E1); perceber oportunidades, acreditar e sentir-se estimulado (E6); persistência, confiança e aprendizagem através dos erros (E7); acreditar no trabalho e não desistir dos sonhos (E9); busca por informação (E10); riqueza cultural (E11), entre outras.

Conforme as análises dos relatos realizadas nos Quadros 1, 2, 3 e 4 é possível verificar que os entrevistados, durante o fenômeno de descontinuidade do negócio, vivenciaram diferentes experiências e sentimentos associados ao fracasso, bem como conceberam suas estratégias de enfrentamento de acordo com seu modo particular de perceber e conduzir os eventos em suas vidas. Da mesma forma, observou-se que a transição de carreira também se moldou de acordo com características comportamentais particulares de cada empreendedor, explorando as possibilidades de cada indivíduo no que tange a desconstrução e reconstrução de sua identidade diante do fracasso empresarial.

Considerações Finais

No intuito de responder ao questionamento da pesquisa, “De que maneira o insucesso empresarial influencia a carreira de empreendedores que vivenciaram tal situação?” foi utilizado um quadro de referência criado a partir de Glasser e Strauss (1967) e de Ibarra (2004), definindo as categorias de análise para as entrevistas.

O primeiro passo para atender o objetivo do estudo foi identificar os fatores que levam ao insucesso empresarial. Segundo os depoimentos, vários fatores podem ser apontados como condutores do insucesso empresarial, tais como: não enxergar os erros, falta de visão ou miopia; imaturidade ou falta de experiência; relacionamento entre os sócios, falta de administração, de profissionalismo e de conhecimento; dificuldade de diálogo, desconfiança, traição; dívidas, falta de dinheiro e de estrutura; não entender o mercado, não acompanhar a economia e a crise; desamor; não saber separar coisas pessoais de problemas com a sociedade, entre outros.

O segundo passo do estudo foi identificar quais as características comportamentais dos empreendedores e as estratégias de enfrentamento adotadas após a descontinuidade do negócio. Nesse sentido, a partir das análises das entrevistas constatou-se que: a) diversas características comportamentais destacaram-se nos depoimentos dos empreendedores que vivenciaram o insucesso, tais como coragem, dedicação, força de vontade, determinação, persistência, confiança, autoestima, busca por informação, sensibilidade, suporte emocional, perceber oportunidades, acreditar no trabalho, não desistir dos sonhos, ter objetivos e estabelecer metas, aprender através dos erros, entre outros; b) o Apoio externo foi a estratégia de enfrentamento mais evidenciada como fundamental para os entrevistados após o insucesso, encontrado principalmente nos papeis das esposas, pais, filhos, amigos, famílias, advogados, entre outros.

O terceiro passo adotado foi identificar os fatores de decisão sobre a carreira e verificar se o insucesso empresarial estimulou a mudança de carreira e a alteração de características comportamentais no indivíduo. Nesse aspecto, primeiramente buscou-se identificar a trajetória profissional dos indivíduos e as rupturas profissionais posteriores ao insucesso empresarial. Na sequência, buscou-se compreender as transformações e aprendizagens individuais decorrentes da transição entre a carreira anterior, o insucesso empresarial e as novas alternativas profissionais vislumbradas ou efetivamente exercidas pelos empreendedores entrevistados.

Nesse sentido, os fatores de decisão de carreira foram analisados considerando-se a exploração das possibilidades profissionais pelo indivíduo empreendedor e o modo como ele

  

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manteve-se vivo ou subsistiu entre as identidades adotadas no processo de transição. Para Ibarra (2004), é importante a experimentação de atividades novas e de funções profissionais em escala pequena antes de efetivamente firmar um compromisso para um caminho diferente.

Nesse aspecto, observou-se que a maioria dos entrevistados transitou por várias experiências em diferentes áreas profissionais, utilizando-se do sensemaking (Ucbasaran et al., 2012) para encontrar ou criar catalisadores e gatilhos para a mudança e usá-los como pilares para reconstruir a sua história. Para esses sujeitos, o insucesso empresarial e a transição de carreira representaram o momento de parar, analisar e refletir as suas expectativas e sonhos, o momento de tentar de novo, de aprender com os erros e procurar fazer o certo, de aproveitar as adversidades para desenvolver novos projetos a partir da experiência adquirida, e, ainda, um espaço de reconquista do respeito e carisma da família e amigos e do seu espaço na sociedade.

Segundo Ibarra (2004), a percepção de uma mudança de carreira geralmente ocorre quando velhas estruturas sociais são interrompidas, em um ponto de inflexão vida ou depois de um fracasso profissional. Os resultados encontrados apontaram que a aprendizagem pode ocorrer de diversas maneiras, acarretando mudanças não somente no âmbito intelectual, mas também em aspectos pessoais, profissionais, sociais, psicológicos, entre outros.

A aprendizagem adquirida pelos indivíduos empreendedores foi observada diante das mudanças de carreira, das mudanças internas individuais e do seu empoderamento, conforme seus depoimentos quando questionados sobre o que a experiência do insucesso lhes trouxe de positivo: saber que, apesar de todas as adversidades do mundo, é possível melhorar; conseguir dar a volta por cima; transformar os erros em acertos; pensar que vai dar certo, ir com vontade e coragem para o outro negócio; saber que sempre existe a chance de o negócio dar errado; aceitar que perdeu; retomar o mercado, buscar emprego; ajudar os outros e deixar-se ajudar.

A partir do exposto, verificou-se que os indivíduos apresentam capacidades diferenciadas em relação às estratégias de enfrentamento diante da adversidade do insucesso, caracterizando, assim, a resiliência como um processo individual e interno a cada sujeito, confirmado no estudo pelas singularidades de posturas e comportamentos diante da experiência do insucesso empresarial.

De acordo com Hamel e Välikangas (2003), a vida é a coisa mais resistente do planeta, e ainda assim, não se precavê contra o imprevisto e o infortúnio. Desse modo, o que a vida ensina de essencial sobre a resiliência é que ela é essencial, é o único seguro contra o inesperado e é a garantia de que, não importa o que de especial o futuro desenrolará, haverá, pelo menos, alguns organismos que estarão bem adaptados às novas circunstâncias. Referências Aldrich, H. E., & Yang, T. (2013). How do entrepreneurs know what to do? Learning and organizing in new ventures. J Evol Econ. DOI 10.1007/s00191-013-0320-x. Springer-Verlag Berlin Heidelberg. Arthur, M. B., & Rousseau, D. M. (1996). Introduction: the boundaryless career as a new employment principle. In: Arthur, M. B.; Rousseau, D. M. (Eds.). The boundaryless career: a new employment principle for a new organizational era (pp. 3-20). New York: Oxford University Press. Baker, T., Miner, A. S., & Easley, D. T. (2003). Improvising firms: bricolage, account giving and improvisational competencies in the founding process. Res Policy, 32(2):255–276. Bandura, A. (2001). Social Cognitive Theory: an agentic perspective. Annu. Rev. Psychol. 52:1-26. Baron, R. A., & Shane, S. A. (2011). Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Centage Learning.

  

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