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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO MESTRADO EM MARKETING A influência de uma comunidade nas redes social no Brand equity DISSERTAÇÃO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM MARKETING Autor: Jérémy Pascal Teixeira Orientador: Prof. Doutor Álvaro Lopes Dias Lisboa, Julho de 2014

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Page 1: INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO MESTRADO EM MARKETING A ... · As marcas e os mídias sociais.....25 1.4. Estratégia de comunicação nas redes sociais, proposta de modelo concetual

INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO

MESTRADO EM MARKETING

A influência de uma comunidade nas redes social no Brand equity

DISSERTAÇÃO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

MARKETING

Autor: Jérémy Pascal Teixeira

Orientador: Prof. Doutor Álvaro Lopes Dias

Lisboa, Julho de 2014

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RESUMO

Atualmente assistimos a um aumento da utilização das redes sociais para a

comunicação. O presidente da República comunica através das redes sociais Twitter

ou Facebook, os famosos têm milhões de seguidores do mundo inteiro nas redes

sociais e comunicam as novidades com um “post” que vai gerir milhões de

comentários.

Com essa aproximação e relação cada vez mais direta e globalizada, as marcas não

podem deixar de estar presentes nas redes sociais junto do seu público-alvo. Neste

conceito de rapidez e globalidade de divulgação da informação, as marcas devem

estar atentas aos acontecimentos nas redes sociais. De facto, uma imagem que

demorou tantos anos para ser construída, pode ser destruída em algumas horas

com uma má experiencia de um consumidor com a marca.

Ao longo desta dissertação pretende-se explicar, a influência das redes sociais, e

em particular o Facebook, no Brand equity (valor de marca).

O estudo desta questão é pertinente na medida em que reflete tendências atuais

cuja compreensão se pode traduzir numa importante ferramenta para desenvolver o

relacionamento das marcas com os consumidores através das redes sociais. Em

termos científicos, a dissertação constitui um contributo para o aprofundamento de

conhecimentos na área do marketing digital e poderá ser utilizada pelas

organizações nas estratégias do relacionamento com o seu público-alvo.

Com base na marca Nike Running, foi desenvolvido um estudo empírico através de

um questionário e respetivo tratamento quantitativo. Os resultados apontam para a

existência de diversas condicionantes do compromisso dos membros de uma

comunidade de marca, designadamente a ligação entre os membros, o networking,

a procura de informação por parte dos membros e o nível de contatos entre eles.

Os resultados apontam ainda para a identificação das consequências desse

compromisso, tais como a lealdade, a preferência pela marca e pelo produto e a

confiança que a marca transmite.

PALAVRAS-CHAVES: Redes sociais; Valor da Marca; Marca; Facebook; Marketing

digital.

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ABSTRACT

We are currently witnessing an increased use of social networks for communication.

The president communicates through social networks Twitter and Facebook, the

famous have millions of followers around the world in social networks and

communicate the news with a "post" that will manage millions of reviews.

With this approximation and increasingly globalized and direct relationship, brands

cannot fail to be present in social networks with the target audience. This concept of

rapid dissemination of information, brands must be aware of the happenings in social

networks. In fact, a picture that took many years to build can be destroyed in a few

hours with a bad experience with a consumer brand.

Throughout this dissertation seeks to explain the influence of social networks,

particularly Facebook, in Brand Equity.

The study of this question is relevant in that it reflects current trends whose

understanding can be translated into an important tool to develop the relationship of

brands with consumers through social networks. In scientific terms, the dissertation is

a contribution to the furthering of knowledge in the digital marketing area and could

be used in strategies for organizations in the relationship with your target audience.

Based on the Nike brand, an empirical study was developed based on a

questionnaire and the appropriate quantitative treatment. The results point to the

existence of several conditions of the commitment of the members of a brand

community, particularly the connection between members, networking, searching for

information from members and the level of contacts between them.

The results also point to the identification of the consequences of this commitment,

such as loyalty, brand preference and the product and trust that the brand conveys.

KEYWORDS: Social Networking; Brand equity; Brand; Facebook; Digital Marketing

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AGRADECIMENTOS

Aproveito este espaço para relembrar aqueles que deram a sua contribuição

para a realização desta tese. A todos eles deixo aqui o meu agradecimento sincero.

Em primeiro lugar agradeço ao Prof. Álvaro Dias a forma como orientou o

meu trabalho. Estou grato pela grande disponibilidade que sempre teve para orientar

o meu trabalho.

Em segundo lugar, agradeço aos gestores da página Nike Running Portugal e

todos os seguidores da página que responderam ao questionário.

Deixo também uma palavra de agradecimento aos professores do ISG, pela

forma como lecionaram o Mestrado de Marketing e por me terem transmitido o

interesse por estas matérias. São também dignos de uma nota de apreço os colegas

de grupo que me acompanharam no Mestrado e, em particular, o meu grupo de

trabalho, pela boa disposição com que realizámos os muitos trabalhos em comum.

Finalmente, gostaria de deixar um agradecimento à minha família e amigos

que me apoiaram durante todo o Mestrado.

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“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas

o que melhor se adapta às mudanças” Charles Darwin.

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ÍNDICE

Introdução ................................................................................................................. 10

Enquadramento e problemática ............................................................................. 10

Objetivos ................................................................................................................ 12

Estrutura da dissertação ........................................................................................ 12

1. Enquadramento teórico ......................................................................................... 13

1.1. A sociedade de consumo e a cultura das marcas ........................................... 13

1.1.1 Marca, conceitos e abordagens ................................................................ 13

1.1.2 A imagem de marca…………………………………………..………………..13

a. A tipologia da imagem de marca de Aacker……………………………….…15

b. A tipologia da imagem de marca de Keller……………………………………15

1.1.3. O valor da marca “Brand-Equity” .............................................................. 17

1.2. A Web 2.0 e redes sociais .............................................................................. 20

1.2.1. Mídia social ............................................................................................... 21

1.2.2. Web 2.0 .................................................................................................... 23

1.3. Consumidor 2.0 ............................................................................................... 25

As marcas e os mídias sociais ........................................................................... 25

1.4. Estratégia de comunicação nas redes sociais, proposta de modelo concetual

............................................................................................................................... 28

2. Metodologia ........................................................................................................... 30

2.1. Desenho da investigação ................................................................................ 30

2.2. Objeto de estudo ............................................................................................. 30

2.3. Instrumentos e procedimentos de recolha ...................................................... 31

2.4. Amostra ........................................................................................................... 32

3. Análise dos resultados .......................................................................................... 33

3.1. Fiabilidade das escalas ................................................................................... 33

3.2. Estatísticas descritivas .................................................................................... 34

3.3. Correlações ..................................................................................................... 38

3.4. Regressão linear ............................................................................................. 39

3.5. Sumário da Secção ......................................................................................... 44

Conclusões teóricas ............................................................................................... 45

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Implicações para a gestão ..................................................................................... 46

Limitações e futuras investigações ........................................................................ 48

ANEXO I: QUESTIONÁRIO ...................................................................................... 52

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Frequências de idades ..................................................................... 32

Tabela 2. Fiabilidade das escalas .................................................................... 33

Tabela 3. Descritivas para a variável aceitação do produto ............................. 34

Tabela 4. Descritivas para a variável preferência pela marca .......................... 34

Tabela 5. Descritivas para a variável preferência pela empresa ...................... 35

Tabela 6. Descritivas para a variável obtenção de opiniões de outros clientes 35

Tabela 7. Descritivas para a variável lealdade ................................................. 36

Tabela 8. Descritivas para a variável confiança ............................................... 36

Tabela 9. Descritivas para a variável comunidade ........................................... 37

Tabela 10. Descritivas para a variável recolha de opinião ............................... 37

Tabela 11. Correlações de Pearson ................................................................. 38

Tabela 12. ANOVA (Comunidade) ................................................................... 39

Tabela 13. Coeficientes (Comunidade) ............................................................ 39

Tabela 14. ANOVA (Comunidade) ................................................................... 39

Tabela 15. Coeficientes (Comunidade) ............................................................ 40

Tabela 16. ANOVA (Opinion) ........................................................................... 40

Tabela 17. Coeficientes (Opinion) .................................................................... 40

Tabela 18. ANOVA (Comunidade) ................................................................... 41

Tabela 19. Coeficientes (Comunidade) ............................................................ 41

Tabela 20. ANOVA (lealdade) .......................................................................... 41

Tabela 21. Coeficientes (lealdade) ................................................................... 41

Tabela 22. ANOVA (Trust) ............................................................................... 42

Tabela 23. Coeficientes (Trust) ........................................................................ 42

Tabela 24. ANOVA (Produto) ........................................................................... 42

Tabela 25. Coeficientes (Produto) .................................................................... 42

Tabela 26. ANOVA (Brandpref) ........................................................................ 43

Tabela 27. Coeficientes (Brandpref) ................................................................. 43

Tabela 28. ANOVA (Empresa) ......................................................................... 43

Tabela 29. Coeficientes (Empresa) .................................................................. 43

Tabela 30. Resultados dos testes de hipóteses ............................................... 44

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Modelo brand equity .......................................................................... 11

Figura 2. As categorias dos mídias sociais ...................................................... 22

Figura 3. Evolução da frequência dos sites institucionais ................................ 23

Figura 4. Evolução das frequências do Facebook ............................................ 24

Figura 5. Modelo concetual e hipóteses ........................................................... 29

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Introdução

Enquadramento e problemática

A recente evolução do peso das redes sociais nas comunicações em geral tem

provocado grandes alterações no relacionamento entre as empresas e os

consumidores. Até agora a comunicação era reservada às empresas, hoje os

consumidores podem falar, e dar opiniões (Kaufmann et al., 2009) e mais, podem

comunicar entre eles.

Dificilmente as empresas conseguem controlar os discursos dos consumidores que

podem ter um grande impacto nas vendas de um produto. Para Seguela (2010) o

consumidor tem direito de vida ou de morte sobre as marcas. O internauta é

coproprietário da marca, daí a necessidade de criar laços com o consumidor e

também de o controlar. Quando se vê uma onda de descontentamento na internet,

tem que se apagar o fogo.

Com essas mudanças e para contribuir a uma melhor perceção da importância das

redes sociais, vamos analisar a influência de uma comunidade nas redes social no

Brand equity – abordagem mista.

O tema abordado será o Brand equity (valor da marca) da marca NIKE RUNNING,

entre os consumidores seguidores da marca no Facebook (comunidade).

O tipo de trabalho que se pretende desenvolver será um estudo de caso, aplicado a

uma marca de equipamento desportivo, NIKE RUNNING.

As questões que se pretende analisar são 1) se o “commitment” a uma comunidade

através de uma página de Facebook da marca influência positivamente o Brand

equity, se 2) as interações na página do Facebook entre os membros da

“comunidade” influenciam o “Brand page comunity commitment”, se 3) as

publicações feitas pela empresa na página Facebook influenciam positivamente o

“Brand page comunity commitment”, se 4) o número de fãs no Facebook influenciam

positivamente o “Brand page comunity commitment”, se 5) o nível de transparência

da marca influencia positivamente o “Brand page comunity commitment” e se 6) o

tipo de utilizador do Facebook é uma variável moderadora das influências.

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A base que irá sustentar e fundamentar o modo de análise da realidade será o

modelo proposto por Aaker (1991).

O efeito da problemática é aferir a relação existente entre a comunicação efetuada

nas redes sociais (Facebook) e o valor da marca (Brand equity).

Deste modo, será utilizado o modelo de Aaker (1991):

Figura 1. Modelo brand equity

Fonte: Aaker (1991)

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12

Objetivos

O objetivo geral desta investigação consiste em analisar as variáveis que

influenciam uma comunidade de seguidores de uma marca na página Facebook, e a

influência do “commitment” nessa comunidade na página Facebook, no Brand

equity.

Em termos específicos, pretendem-se atingir os seguintes objetivos:

Conhecer as variáveis que condicionam o “commitment” com a comunidade;

Avaliar as implicações do “commitment” nas determinantes do brand equity;

Contribuir para incrementar o conhecimento das condicionantes do brand

equity no contexto das redes sociais.

Estrutura da dissertação

O presente trabalho é estruturado da seguinte forma. No capítulo seguinte é

desenvolvida uma revisão da literatura que servirá de suporte à identificação das

hipóteses e construção do modelo concetual.

De seguida, no capítulo destinado à metodologia, será apresentado o desenho da

investigação, a operacionalização das variáveis e construção do modelo de análise.

Será ainda apresentado o objeto de estudo, neste caso, a marca Nike servirá de

base à análise empírica.

No capítulo seguinte, iremos analisar os dados e apresentar o teste das hipóteses,

havendo lugar à discussão dos resultados.

Por último, nas conclusões, são apresentadas as principais implicações para a teoria

e prática da gestão. Serão ainda apresentadas as limitações e as futuras linhas de

investigação que poderão resultar desta investigação.

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13

1. Enquadramento teórico

1.1. A sociedade de consumo e a cultura das marcas

1.1.1 Marca, conceitos e abordagens

O conceito de marca é um conceito difícil de definir, tanto os bordos são “geometria

variável” (Nussenbaum e Jacquot, 2003). De facto, existem várias abordagens da

marca. Segundo Changeur, (2001, p.7), “a síntese das abordagens deixa aparecer

vários pontos comuns e uma grande complementaridade nas diferentes

conceptualizações”. (tradução livre).

Até aos anos 80, não existia verdadeira distinção na literatura marketing entre a

marca e o produto ou serviço. A marca era então considerada como um atributo do

produto (Changeur, 2001).

De acordo com a Associação Americana de Marketing (AMA – American Marketing

Association), “a marca é um nome, termo, sinal, símbolo ou design, ou uma

combinação destes, com o propósito de identificar os produtos e serviços de um

vendedor, ou grupo de vendedores, e diferenciá-los dos produtos ou serviços da

concorrência”. Uma definição virtualmente semelhante é dada por Kotler (1997).

Aaker (1991) considera a marca como um símbolo ligado a um grande número de

vantagens e desvantagens que servem a identificar e diferenciar os produtos. Ele

define o valor da marca como um conjunto de ativos e passivos ligados a uma

marca, ao seu nome e ao seu símbolo. O autor identifica 5 critérios que determinam

o valor da marca: a fidelidade à marca, a notoriedade da marca (conhecimento da

maca), a qualidade percebida, as associações à marca e os outros ativos da marca.

1.1.2 A imagem da marca

Existem várias definições da imagem da marca que Dobni e Zinkhan (1990)

classificam em 5 categorias:

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- As definições gerais. Essas definições são simples e gerais, como por exemplo

“tudo o que as pessoas associam a uma marca” (Newman 1957, reutilizado por

Dobni e Zinhkhan 1990, p. 111).

- As definições baseadas no aspeto simbólico. Um significado social ou pessoal é

conscientemente associado à marca. Os produtos da marca serão procurados se ela

aumenta o conceito do “ser” do consumidor.

- As definições que sublinham os significados e as mensagens. A preferência

para a marca vem tanto dos benefícios funcionais que dá (características tangíveis)

como na mensagem que veicula. Dobni e Zinkhan (1990) estimam que poucos

autores são claros na argumentação. As diferenças entre as definições baseadas na

vertente simbólica da marca e da vertente das mensagens parecem frágeis.

- A personalidade da marca. Essa vertente de pesquisa desenvolveu-se nos anos

80 e mais tarde nos anos 90, com a Jennifer Aacker (1997, p.247), que define a

personalidade da marca como “o conjunto das caraterísticas humanas associadas a

uma marca”. Ela distinga 5 traços: a sinceridade, o dinamismo, a competência, a

feminidade e a robustez.

- As definições baseadas em elementos cognitivos ou psicológicos, como as de

Aaker (1991) e Keller (1993). A imagem é, consoante os casos, baseada em

sentimentos, atitudes, ideias, esperanças. Nos anos 90, dois grandes contributos

foram realizados:

Aaker (1991, p.109-110) define a imagem da marca como “um conjunto de

associações geralmente organizadas de maneira significativa”. Uma associação é,

segundo o autor, “tudo o que está ligado, em memória, a uma marca”.

A definição da imagem da marca de Keller (1993, p. 3) é muito similar à definição de

Aaker (1991) : “ as perceções de uma marca refletidas pelas associações à marca

fixadas na memória do consumidor”; e acrescenta “ as associações à marca são os

outros nós informacionais ligados ao nó da marca em memória e contêm o

significativo da marca para os consumidores”.

Vamos destacar dois autores, Aacker e Keller para aprofundar as tipologias da

imagem de marca.

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a. A tipologia da imagem de marca de Aacker (1993)

Aacker distingue 11 dimensões possíveis da imagem da marca. Não faz hierarquia

nem as classifica em categorias mais largas:

1. O preço relativo, nomeadamente as relações entre o preço e a qualidade;

2. As utilizações da marca, nomeadamente os momentos de utilização (durante

o dia, a noite…);

3. Os atributos (tangíveis) dos produtos. Para atingir vários segmentos do

mercado, uma marca pode valorizar vários atributos. A diluição da imagem é

a maior parte das vezes o resultado.

4. As caraterísticas intangíveis dos produtos e serviços, que são os atributos

imateriais como a qualidade percebida.

5. Os benefícios dos consumidores. Aacker distingue os benefícios objetivos dos

benefícios psicológicos. Acrescenta que as publicidades que valorizam os

benefícios psicológicos são mais eficazes.

6. Os compradores e os consumidores. Aacker diferencia os compradores dos

consumidores porque não são sempre os mesmos.

7. Os famosos ligados à marca. Segundo Rossiter e Percy (1987), utilizar

pessoas famosas permite geralmente uma transferência de imagem e

notoriedade. Mais, personagens pouco famosos ou inventados (Bibendum

Michelin), podem tornar a marca mais simpática e mais facilmente

identificável para os consumidores.

8. Personalidade e estilo de vida da marca. Características humanas associadas

à marca (Aacker 1997).

9. A concorrência. Uma empresa pode ser percebida por ela própria mas

também em relação aos seus concorrentes.

10. A origem da marca. Por exemplo, os consumidores podem dar uma

importância ao país de origem de uma marca.

11. A categoria de produtos. A categoria dos produtos comercializados sobre o

nome da marca.

b. A tipologia da imagem de marca de Keller (1993)

Keller (1993) classifica as associações à marca, que constituem a imagem de marca,

em três categorias, segundo um continuum da mais concreta até a mais abstrata: os

atributos, os benefícios e a atitude perante a marca.

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16

“Os atributos são os elementos descritivos que caracterizam um produto – o que o

consumidor pensa o que o produto é, ou o que implica a sua compra ou o seu

consumo…Os atributos ligados ao produto são definidos como os ingredientes

necessários para que o produto corresponda às esperanças dos consumidores. Os

atributos não ligados ao produto são aspetos externos ao produto ligados à sua

compra ou ao seu consumo” (Keller, 1993,p.4).

Keller distingue quatro tipos de atributos não ligados aos produtos:

1. O preço. Por exemplo, os consumidores associam geralmente preço e

qualidade.

2. O packaging, que, na maioria das vezes, não está diretamente ligado às

performances procuradas pelo consumidor.

3. Os utilizadores. Associações entre a marca e o consumidor tipo ou outros

consumidores. Essas associações são na maioria ligadas a fatores

psicográficos ou demográficos.

4. A utilização. Associações referentes geralmente à utilização habitual do

produto (localização, ocasião de utilização…).

Os atributos ligados aos produtos são ligados à composição física do produto

(Keller, 1993, p.4), e são assim procurados pelos consumidores.

“Os benefícios são valores pessoais que os consumidores ligam aos atributos

do produto – o seja, o que os consumidores pensam que o produto pode fazer

para eles” (Keller, 1993,p.4). Existe 3 tipos de benefícios:

1. Os benefícios funcionais. Principalmente ligados às necessidades

psicológicas, à necessidade de segurança, mas também ao desejo de

evitar ou eliminar um problema.

2. Os benefícios experimentais. Ligados às sensações procuradas pela

utilização do produto, às noções de prazer sensorial, de variedade e de

estímulo cognitivo.

3. Os benefícios simbólicos. São as necessidades de expressão pessoal,

de aprovação social, ou ainda das necessidades ligadas ao olhar dos

outros.

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17

As atitudes, que constituem uma avaliação global da marca pelo consumidor.

A atitude tem uma influência importante sobre o comportamento de compra, e

é muitas vezes ligada aos atributos ligados aos produtos como também aos

benefícios funcionais e experimentais.

1.1.3. O valor da marca “Brand-Equity”

A noção de “Brand-Equity” (valor da marca) aparece com as obras de Srinivasan

(1979) que mostra que a marca e o produto são dois componentes distintos da

oferta. Srinivasan (1979) consegue demonstrar que os consumidores conferem à

marca uma utilidade independente daquela do produto. Essa distinção foi a origem

da noção de “Brand equity”, ou seja a consciência que existe um valor da marca

para os consumidores.

Várias obras interessam-se pelos efeitos da marca nas perceções, as preferências e

o comportamento do consumidor. Na literatura de marketing, o valor da marca foi

estudado do ponto de vista do consumidor. Kapferer (1997,2012), Aacker (1991) ou

ainda Keller (1993, 1998) iniciaram as pesquisas.

Desde então, assistimos à publicação de inúmeras definições do termo valor da

marca:

Segundo Kapferer (2012), o valor da marca é baseado num contrato tácito entre a

marca e os seus clientes, “troca” de um “label” de qualidade contra a repetição

automática das compras. Para Kapferer, o valor da marca reduz o risco das compras

para o consumidor.

Para Farquhar (1989), a marca confere valor ao produto, valor este que vai para

além da sua função. A marca pode, assim, ser portadora de valor acrescentado para

a empresa, para o comércio e para o consumidor.

Axelrod (1992) diz que o valor da marca é a quantia adicional que o consumidor está

disposto a pagar para obter um produto com marca, em vez de um produto

fisicamente comparável mas sem marca.

Segundo Simon e Sullivan (1993) é o cash flow adicional obtido pela empresa

devido ao seu investimento na marca.

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18

Keller (1998) diz que é o efeito diferencial que o conhecimento da marca tem sobre a

resposta do consumidor ao marketing dessa marca. A este conceito o autor dá o

nome de customer-based brand equity.

Para Marketing Science Institute (MSI 1988-1990 Research Topics), o valor da

marca é o conjunto de associações e comportamento dos consumidores, dos canais

de distribuição e da empresa proprietária da marca que conduzem a maiores

volumes de vendas e margens, e que permitem uma vantagem diferenciada e

sustentada face à concorrência.

Aaker define o valor da marca (Brand equity) como “o conjunto de ativos e passivos

ligados a uma marca, seu nome e seu símbolo, que se somam ou se subtraem ao

valor proporcionado por um produto ou serviço para uma empresa ou para os seus

consumidores” (1998:16). O autor classifica o brand equity em 5 categorias:

1. Lealdade à marca: é a principal fonte de valor da marca, de facto, uma base

de clientes fiéis proporciona um montante de vendas e lucros adicionais, e

reduz a vulnerabilidade da marca às ações da concorrência, uma redução

substancial nos gastos de marketing, uma vez que manter os clientes

existentes é bem menos dispendioso que conquistar novos (Reichheld e

Schefter, 2000); Hart, et al. 1990). Oliver (1997) e Yoo et al (2000:4), definem

lealdade à marca como “um firme comprometimento em recomprar ou

referendar um produto ou serviço consistentemente no futuro, a despeito de

influências situacionais e esforços de marketing que tenham o potencial de

causar mudança de comportamento”.

2. Conhecimento da marca (Brand awareness): é a presença da marca na

mente dos consumidores. O conhecimento da marca é medido com os 4

graus de exposição à marca. O primeiro nível é o mais baixo, de total

desconhecimento ou nenhum contato visual, auditivo, de nenhuma natureza.

O segundo nível é o “reconhecimento”, onde o cliente consegue imaginar a

marca por um estímulo externo (já esteve exposto à marca?). O terceiro nível

é a “lembrança” onde o cliente consegue imaginar a marca pela própria

cognição (quais as marcas desta categoria de produtos que consegue

lembrar?). O quarto nível é o “top of mind” (marca dominante) que representa

a única marca lembrada de uma categoria de produto.

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Segundo Aaker (1996), geralmente existe uma correlação positiva entre o

reconhecimento e a recordação das marcas. Nos casos de marcas de nicho,

em que há um reconhecimento baixo, mas uma recordação elevada, graças

aos clientes fiéis, há um potencial para expansão de base de clientes, com o

aumento do reconhecimento. A existência de marcas com elevados níveis de

reconhecimento e baixos níveis de recordação pode ser um indicador

importante de uma tendência para um declínio das vendas e uma redução da

participação do mercado.

3. Qualidade percebida: é o conhecimento que o consumidor tem da qualidade

geral ou superioridade de um produto ou serviço em relação às alternativas

(Zeithaml, 1998). A qualidade percebida pode diferir da qualidade real por

causa de uma influência de uma imagem inadequada adquirida

anteriormente, porque a avaliação da qualidade está feita numa dimensão

diferente daquela que o produtor considera importante ou também porque os

consumidores não têm informação ou motivação suficiente para realizar um

julgamento objetivo quanto à qualidade ou porque não sabem avaliar a

qualidade.

4. Associações à marca: Aaker (1998) define a associação à marca como

“qualquer coisa ligada na memória à marca” e imagem de marca como “um

conjunto de associações à marca, usualmente com um certo significado”.

Segundo Aaker (1998), estes tipos de associações podem ser: país – área

geográfica; atributos do produto intangíveis; benefícios aos clientes; preço

relativo; uso – aplicação, usuário – consumidor; celebridade / pessoa; estilo

de vida – personalidade; classe de produto e concorrentes.

As associações são mais fortes quando são baseadas em múltiplas

experiências ou exposições à marca (Alba e Hutchinson, 1987). Segundo Yoo

et al., (2000), as associações à marca que resultem em alto reconhecimento

de marca, estão positivamente correlacionadas ao brand equity, porque elas

podem ser um sinal de qualidade e comprometimento do produtor e esses

sinais ajudam o comprador a considerar a marca no ponto de venda, o que

leva a um comportamento favorável à marca.

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5. Outras propriedades da marca: Segundo Aaker (1998), esta categoria inclui,

entre outros ativos intangíveis, as patentes, marcas registadas, relações com

o canal de distribuição. Aaker (1996) reconhece que esta é uma dimensão

subjacente ao conceito de brand equity. Caso os símbolos da marca ou a sua

denominação tenham de ser modificados, perder-se-ia uma parte ou a

totalidade do valor da marca.

Para (Zhou, Zhang, Su e Zhou, 2011), os consumidores de uma comunidade de

marca tendem a comprar na mesma marca de forma consistente. Com efeito, ao

adquirirem uma marca concorrente terão, provavelmente, dissonância cognitiva e as

suas relações com outros membros serão afetadas. A interação com outros

membros ajuda a fortalecer a experiência com a marca, levando a um maior grau de

lealdade.

1.2. A Web 2.0 e redes sociais

A última década foi testemunha de um crescente interesse na comunidade em

torno das marcas, um termo diferente de outros conceitos de branding (por exemplo,

a atitude da marca, marca de personalidade) (Zhou et al., 2011).

Com efeito, a Mídia social captura a "sabedoria da multidão". Facilita a

transformação do negócio em termos de gestão de relacionamento com clientes,

ativos de marca e processos de negócios. Tal permite acompanhar as métricas de

diversas Mídias sociais digitais, a fim de avaliar o feedback dos clientes e o buzz em

torno de marca e, como consequência, melhorar o desempenho da empresa (Luo,

Zhang e Duan, 2013).

Assim, a internet permitiu “oferecer” aos consumidores a capacidade de partilhar as

experiências sobre um produto ou um serviço, o que mudou a relação entre o

consumidor e as empresas.

Martin Ouellete (2009), diretor de Provokat (agência de publicidade de Montréal), diz

que antigamente, antes da publicidade, existia uma verdadeira proximidade entre o

vendedor e o consumidor. Vender era fácil, o vendedor conhecia muito bem os seus

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clientes e podia oferecer produtos ou serviços personalizados. Com a chegada da

produção em massa, que permitiu produzir a baixo custo e aumentar o poder de

compra dos consumidores, o circuito da distribuição instalou uma distância entre o

vendedor e o consumidor. A publicidade foi criada para diminuir essa distância, e a

marca tornou-se representante do vendedor.

As empresas comunicavam em direção dos consumidores, sem possibilidade de

resposta deles: a comunicação estava feita num sentido único. A chegada da

internet modificou completamente essa relação. Os compradores ganharam em

liberdade, podem agora falar sem pedir a autorização. Os clientes podem ser

sempre mais críticos sobre os produtos e as marcas. Esse discurso não é controlado

pelos vendedores. Pior, os motores de busca como a Google vão facilitar o acesso a

conversas e opiniões dos outros consumidores sobre um produto. Alem disso,

existem programas que permitem bloquear as publicidades online, o que reduz ainda

mais a comunicação das empresas para os clientes.

Para Cavazza (2014), a marca já não é da empresa, ela está agora no inconsciente

dos clientes que falam muito nos blogs, redes sociais e fóruns. As conversas

acontecem com ou sem a empresa que já não pode controlar a sua marca tanto a

frequentação dos blogs e redes sociais aumentou.

1.2.1. Mídia social

Cavazza (2014) diz que na palavra “Mídias sociais”, temos “Mídias” ou seja, suportes

numéricos que permitem falar e publicar, mas também “Social” que implica trocas

(ficheiros, pensamentos) e interações sociais (influencia, estruturação de grupos em

rede, aquisição de notoriedade). Segundo o autor “as Mídias sociais são ferramentas

e serviços que permitem aos indivíduos exprimirem-se (e existir) online, na finalidade

de encontrar/partilhar”.

Segundo Luo et al. (2013) a mídia social tem implicações importantes no

desempenho das empresas. É importante não perder de vista que a mídia social é

atualmente responsável por quase um quarto do tempo online dos utilizadores,

superando por muito os jogos e o e-mail.

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Cavazza (2014) divide os mídias sociais em sete categorias (ver a figura 2) com uma

posição central das redes sociais (Facebook, Twitter, Google+)

As ferramentas de publicação: plataformas de blogs, de wiki e de jornalismo,

As ferramentas de partilha de vídeos, fotografias, música,

As plataformas de jogo,

As plataformas de compras, recomendações,

As plataformas de networking,

As ferramentas de localização mobile ou guias sociais de cidades.

Figura 2. As categorias dos mídias sociais

Fonte: Cavazza (2014)

Para o autor, nesta nova versão, podemos encontrar um conjunto de serviços

online que permitem conversas e interações sociais, em computadores, mas

também em dispositivos móveis (smartphones, i-pad…). Embora este gráfico seja

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dividido em camadas para torná-lo mais fácil de ler, a mídia social é um ecossistema

muito denso, onde vivem todos em simbiose: se eles tendem a se sobrepor às

vezes, eles facilmente vivem juntos.

1.2.2. Web 2.0

Segundo Cavazza (2008), os três que se encontram no círculo central, fornecem aos

utilizadores um conjunto muito grande de funcionalidades (Facebook, Twitter e

Google +). Se é possível para um utilizador publicar / compartilhar / jogar /

networking / comprar / localizar em apenas uma dessas plataformas.

Para o autor não existe competição entre os três, pois cada um tem uma orientação

distinta: Twitter para a descoberta de conteúdo, o Google + para gerir a sua

identidade online e Facebook para interagir com os seus amigos.

Helpburn (2009) comparou a evolução da frequentação dos diferentes sites internet

entre 2007 e 2009 e notou um aumento da frequentação dos mídias sociais e uma

diminuição da frequentação dos sites institucionais.

Através da ferramenta Google trends, vamos analisar essa evolução entre até 2012.

Figura 3. Evolução da frequência dos sites institucionais

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Fonte: Google Trends

Podemos verificar uma diminuição de frequentação dos sites institucionais. A saber

que essa diminuição entra num período de aumento do número de utilizadores da

internet.

Figura 4. Evolução das frequências do Facebook

Fonte: Google Trends

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Num mesmo período, a frequência do Facebook aumentou de maneira considerável.

Uma das explicações é o facto de as empresas utilizarem sempre mais as mídias

sociais como ferramenta de relacionamento e “deixam” os sites principais como

suporte a comunicação.

O termo “rede social” foi utilizado pela primeira vez em 1954 pelo sociólogo Inglês

Barnes durante o estudo sobre o funcionamento das classes sociais de uma Ilha

Norueguesa. Desde então, o termo foi utilizado várias vezes e evoluiu. Hoje,

podemos definir uma rede social do ponto de vista sociológico e tecnológico.

De um ponto visto sociológico, as redes sociais tradicionais podem ser corporativas,

associativas, profissionais, políticas, ou económicas e que relacionam indivíduos

e/ou profissionais (Balagué e Fayon, 2010).

De um ponto de visto tecnológico, Kaplan e Haenlein (2010,p.60) definiam as redes

sociais como “ferramentas que permitem aos indivíduos se conectar, criando perfis

que contêm dados pessoais, convidando amigos e colegas na finalidade de ter

acesso a esses perfis. Esses dados pessoais podem conter todo o tipo de

informação como fotografias, vídeos, áudio e blogs” (tradução livre).

Podemos distinguir duas palavras muito parecidas mas que precisam de ser

definidas para não haver confusões. Essas duas palavras são as redes sociais e o

mídias sociais.

1.3. Consumidor 2.0

As marcas e os mídias sociais

De acordo com Laroche, Habibi e Richard (2013), a comunidade de marca baseada

nas redes sociais é composta por dois conceitos; mídia sociais e comunidade de

marca. De acordo com Kaplan e Haenlein (2010: 61.) os mídias sociais representam

"um grupo de aplicações baseadas na Internet que se baseia nos fundamentos

ideológicos e tecnológicos da Web 2.0, e permite a criação e troca de conteúdo

gerado pelo utilizador".

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Nesta definição considera-se que não existe um «consumo» passivo de informação,

mas sim a produção e partilha ativa de conteúdos. Existem muitas plataformas

diferentes para mídias sociais, como as redes sociais, mensagens de texto, partilha

de fotos, wikis, blogs e fóruns de discussão (Harris, 2009). Porém são as redes

como YouTube, Wikipedia, Facebook, Twitter e Second Life que concentram a maior

atenção, Laroche, et al. (2013).

Segundo Dupin (2010), as redes sociais são baseadas numa ligação social, quando

os mídias sociais são baseados no conjunto de sites que oferecem uma interacção

social ou seja “ no primeiro caso, é o indivíduo que está no centro das trocas,

quando no segundo, é o conjunto dos objectos presentes que favorecem a

interacção. Nessa lógica, as redes sociais são uma parte dos mídias sociais. Eles

são a mais pura representação do termo “social”, que conota a relação entre os

diferentes indivíduos e de onde a expressão centraliza-se por um perfil de utilizador”

(Dupin, 2010, p.91).

De acordo com Zhou et al., (2011) a comunidade de marca refere-se a uma

comunidade especializada, não enquadrada geograficamente, com base num

conjunto estruturado de relações sociais entre os fãs de uma marca.

As redes sociais são comunidades virtuais que dão a possibilidade de formar

pequenas entidades que se multiplicam de maneira contínua, e algumas dessas

entidades, que se chamam comunidades virtuais de marcas, são criadas numa única

finalidade de poder reunir os indivíduos que partilham valores ligadas a uma marca.

As redes sociais podem então favorecer a emergência de comunidades virtuais de

marca…(Guillou, 2008).

Segundo Deforges (2011, p.3), “para as empresas, verificar ou que se diz sobre as

suas marcas nas comunidades torna-se indispensável. Ouvir as conversas,

descobrir os sinais fracos é vital para controlar a sua e-reputação, antecipar os

riscos e gerir as crises” (tradução livre). Podemos perceber que a marca não vai

impor a sua comunicação, mas sim criar um suporte que favorece a formação de

comunidade e as trocas entre os membros. A marca deve então criar uma estratégia

de “escuta” dos membros.

As marcas que querem estabelecer uma relação privilegiada com os seus

consumidores deverão então conseguir reuni-los e criar uma verdadeira

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comunidade. Para Dupin (2010:128), “criar e animar uma comunidade incentiva os

membros satisfeitos a envolverem-se na valorização da empresa, dos seus produtos

ou serviços e com isso, defender os valores da marca junto dos amigos, família,

colegas” (tradução livre).

Segundo Dupin (2010), a dificuldade é a maneira de quantificar a troca humana com

um indicador fiável e rápido que permite julgar a pertinência das ações.

Em 2009, o IAB (Interactive Advertising Bureau) estandardizou os indicadores dos

mídias sociais. Segundo este estudo, é possível medir o ROI (retorno sobre

investimento) com os seguintes indicadores:

Visitantes únicos: número de visitantes no mesmo site durante um período;

Custo por visitantes únicos: custo dividido pelo número de visitantes

únicos;

- Número de páginas vistas: número de páginas carregadas para um

visitante no mesmo site;

Número de visitas: número de visitas não únicas

Número de antigos visitantes: Número de visitantes que voltam depois de

ter deixado a página ou site;

Taxa de interação: o número de utilizador que faz um click numa publicidade

ou numa aplicação.

O tempo: o tempo de que o utilizador interage durante uma sessão sem

interrupção de mais de 30 minutos;

O número de vídeos instaladas: número de vídeos partilhadas

Distribuição viral: o número de utilizadores expostos ao conteúdo através

dos amigos, dos comentários…

Para Dupin (2010:117), “o ROI não pode ser definido, enquanto estamos nas

estratégias qualificativas. É então necessário encontrar novas soluções mais

pertinentes, que se efetuam no tempo e tomam em consideração evolução

imateriais”. (Tradução livre).

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Segundo Cavazza (2010), a análise desse tipo, só pode ser realizada depois a

definição dos objetivos da presença nas redes sociais.

1.4. Estratégia de comunicação nas redes sociais, proposta de modelo

concetual

De acordo com o exposto anteriormente, a palavra “commitment” é definida como a

vontade de manter no tempo uma relação importante e valiosa (Moorman et

al.1992). Essa palavra vai ser utilizada em Inglês ao longo do estudo porque não

encontrei a palavra equivalente em português.

O “Brand page community commitment” é definido como o “commitment” para a

comunidade da página Facebook da marca.

Relembro que o objetivo do estudo é a análise das variáveis que influenciam uma

comunidade de seguidores de uma marca na página Facebook, e a influência do

“commitment” a essa comunidade na página Facebook, no Brand equity.

Como referem Zhou et al. (2011), os consumidores de uma comunidade de marca

identificam-se e comprometem-se com a mesma, afetando a própria imagem da

marca devido à partilha de experiências. Além disso, a relação entre as

características da comunidade (por exemplo, dados demográficos e psicográficos

dos membros da comunidade) e os traços da marca (por exemplo, a marca de

personalidade) são fortes condicionantes da relação consumidor-marca.

Neste contexto, baseamo-nos no modelo proposto por Zhou et al. (2012) para criar o

modelo estrutural das variáveis que influenciam o Brand Equity, resultando o

seguinte enquadramento das hipóteses.

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Figura 5. Modelo concetual e hipóteses

Fonte: Elaboração própria

H1: A ligação entre os membros incrementa o “commitment” à comunidade.

H2: O networking aumenta o “commitment” à comunidade

H3: A procura de informação por parte dos membros melhora o “commitment” à

comunidade

H4: O nível de contatos entre os membros incrementa o “commitment” à

comunidade

H5: O “commitment” à comunidade melhora o brand equity da marca.

H5a: O “commitment” à comunidade aumenta a lealdade à marca

H5b: O “commitment” à comunidade aumenta a confiança na marca

H5c: O “commitment” à comunidade aumenta a preferência pela marca

H5d: O “commitment” à comunidade aumenta a preferência pelo produto

H5e: O “commitment” à comunidade aumenta a preferência pela empresa

Ligação entre membros

networking

Procura de informação

Contato com outros clientes

Comunidade Brand Equity

H1

H2

H3

H4

H5

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2. Metodologia

2.1. Desenho da investigação

Esta investigação reveste-se de cariz exploratório, seguindo uma abordagem

hipotético-dedutiva, assente num estudo quantitativo baseado em questionário.

O estudo foi iniciado com uma revisão da literatura em revistas internacionais e livros

de referência, adquirindo-se assim a base para suportar as hipóteses e o modelo

concetual proposto.

Selecionou-se a marca Nike Running como objeto de estudo, por ser uma marca

bem implantada no nosso mercado e por ter um número elevado de pessoas a

manifestarem o seu interesse pela comunidade online da marca.

Para testar as hipóteses, recorreu-se ao desenvolvimento de um questionário,

assente numa escala Likert de 5 pontos, tendo-se operacionalizado as variáveis com

base em instrumentos disponíveis em publicações de referência.

As questões foram traduzidas para português e posteriormente voltaram a ser

traduzidas para inglês (reverse translation) de forma a evitar que houvesse alteração

do sentido das questões originais.

Uma vez estruturado o questionário, o mesmo foi sujeito a um pré-teste a três

pessoas, identificando-se os problemas de interpretação das questões. De seguida,

procedeu-se às devidas alterações e à aplicação do questionário, optando-se por

uma amostra aleatória. Foi aplicado recorrendo à plataforma Google Docs, tendo-se

enviado o link para pessoas de nacionalidade portuguesa que tenham colocado

«gosto» na página Facebook oficial da Nike Running. Foi garantida a anonimidade

dos respondentes.

2.2. Objeto de estudo

Como referido, selecionou-se a marca Nike Running, especificamente através da

sua página no Facebook. A razão desta escolha prende-se com o elevado número

de fãs que reúne a nível internacional, cerca de 18 milhões de pessoas.

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Deste número selecionou-se os fãs portugueses, com o total de 272 370 seguidores

da página portuguesa. Não sendo possível caraterizar esse universo nas suas

caraterísticas demográficas, decidiu-se recorrer a uma amostra aleatória.

2.3. Instrumentos e procedimentos de recolha

Para a operacionalização das variáveis recorreu-se a escalas pré-existentes

na bibliografia. Deste modo, para medir a força da comunidade recorreu-se à escala

de Laroche, et al. (2013), constando questões como os benefícios da comunidade, a

partilha de um vínculo comum com outros membros da comunidade ou a associação

forte entre os membros da comunidade.

Para medir a relação com o produto recorreu-se aos mesmos autores,

considerando-se questões como amar o produto da marca, o orgulho no produto ou

o produto é divertido de usar.

Ainda com base nos mesmos autores, para medir a preferência pela marca usaram-

se questões como a valorização da herança da marca, a substituição por outros

produtos da mesma marca, o reconhecimento de que a minha marca é da mais alta

qualidade.

A mensuração da preferência pela empresa resultou também dos mesmos autores,

usando-se questões como a empresa compreender as minhas necessidades ou as

minhas opiniões.

A importância dos outros clientes foi medida com base nestes autores,

considerando-se questões como conheci pessoas maravilhosas por causa da

comunidade; eu tenho um sentimento de parentesco com os outros ou eu tenho um

interesse na comunidade por causa dos outros proprietários das marcas.

Recorrendo aos mesmos autores, a mensuração da lealdade à marca baseou-se

nas seguintes questões: eu considero-me leal à marca; se a marca não está

disponível na loja, gostaria de comprar a mesma marca noutra loja; eu estou

disposto a pagar mais pela minha marca.

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A confiança na marca veio da mesma fonte, desta vez com questões como a minha

marca dá-me tudo que eu espero; confio na marca; a marca não me dececiona.

Para medir a força da ligação entre os membros recorreu-se à escala de Chu e Kim

(2011) que considera as seguintes questões: aproximadamente com que frequência

comunica com os contatos na sua lista de 'amigos' desta rede social; quão

importante se sente sobre os contatos da sua lista de "amigos" ou quão perto se

sente para os contactos da sua lista de "amigos".

Destes autores também se usou a medição para a procura de informação, com

questões como quando contemplo os novos produtos, peço conselho aos meus

contatos da rede social; obtenho opinião dos meus contatos da rede social antes de

comprar novos produtos; eu me sinto mais confortável na escolha de produtos

quando peço a opinião aos meus contatos das redes sociais.

2.4. Amostra

Após a aplicação do questionário, obtiveram-se 48 respostas válidas, verificando-se

uma média de 33 anos, sendo o respondente mais novo de 17 anos e o mais velho

de 59 anos. A tabela seguinte pormenoriza esta distribuição.

Tabela 1. Frequências de idades

Value Label Value Frequency Percent Valid Percent Cum Percent

17 1 2,08 2,08 2,08

21 1 2,08 2,08 4,17

22 1 2,08 2,08 6,25

24 1 2,08 2,08 8,33

25 2 4,17 4,17 12,50

26 4 8,33 8,33 20,83

27 2 4,17 4,17 25,00

28 2 4,17 4,17 29,17

29 5 10,42 10,42 39,58

30 2 4,17 4,17 43,75

31 5 10,42 10,42 54,17

32 2 4,17 4,17 58,33

33 1 2,08 2,08 60,42

34 4 8,33 8,33 68,75

36 2 4,17 4,17 72,92

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33

37 2 4,17 4,17 77,08

38 1 2,08 2,08 79,17

39 2 4,17 4,17 83,33

41 1 2,08 2,08 85,42

42 3 6,25 6,25 91,67

44 1 2,08 2,08 93,75

45 1 2,08 2,08 95,83

56 1 2,08 2,08 97,92

59 1 2,08 2,08 100,00

Total 48 100,0 100,0

3. Análise dos resultados

3.1. Fiabilidade das escalas

Para se analisar a fiabilidade das escalas, recorreu-se ao método do Alfa de

Cronbach, selecionando-se como válidas as que apresentarem valores iguais ou

superiores a 0,6. Os valores obtidos constam da tabela seguinte.

Tabela 2. Fiabilidade das escalas

Variável Alfa

Opinião produto 0,89

Brand preference 0,79

Opinião empresa ,66

Opinião de outros clientes

,86

Lealdade ,92

Trust ,94

Comunidade ,86

Network ,92

Opinião ,93

Ligação entre membros da comunidade (tie)

0,87

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3.2. Estatísticas descritivas

Analisando em primeiro lugar os resultados referentes à aceitação do produto,

verifica-se que a média foi de 3,73, com um desvio padrão de 0,89 e obtiveram-se

os seguintes valores de frequências:

Tabela 3. Descritivas para a variável aceitação do produto

Value Label Value Frequency Percent Valid Percent Cum Percent

1,00 1 2,08 2,08 2,08

1,75 1 2,08 2,08 4,17

2,00 1 2,08 2,08 6,25

2,25 2 4,17 4,17 10,42

2,50 2 4,17 4,17 14,58

3,00 2 4,17 4,17 18,75

3,50 8 16,67 16,67 35,42

3,75 11 22,92 22,92 58,33

4,00 6 12,50 12,50 70,83

4,25 2 4,17 4,17 75,00

4,50 5 10,42 10,42 85,42

4,75 2 4,17 4,17 89,58

5,00 5 10,42 10,42 100,00

Total 48 100,0 100,0

Analisando de seguida os resultados referentes à preferência pela marca, verifica-se

que a média foi de 3,62, com um desvio padrão de 0,87 e obtiveram-se os seguintes

valores de frequências:

Tabela 4. Descritivas para a variável preferência pela marca

Value Label Value Frequency Percent Valid Percent Cum Percent

1,33 1 2,08 2,08 2,08

1,67 1 2,08 2,08 4,17

2,00 1 2,08 2,08 6,25

2,33 2 4,17 4,17 10,42

2,67 4 8,33 8,33 18,75

3,00 2 4,17 4,17 22,92

3,33 7 14,58 14,58 37,50

3,67 11 22,92 22,92 60,42

4,00 10 20,83 20,83 81,25

4,67 4 8,33 8,33 89,58

5,00 5 10,42 10,42 100,00

Total 48 100,0 100,0

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Com resultados médios inferiores, os resultados referentes à preferência pela

empresa, obteve-se uma média de 2,91, com um desvio padrão de 0,80 e

obtiveram-se os seguintes valores de frequências:

Tabela 5. Descritivas para a variável preferência pela empresa

Value Label Value Frequency Percent Valid Percent Cum Percent

1,00 2 4,17 4,17 4,17

1,50 2 4,17 4,17 8,33

2,00 3 6,25 6,25 14,58

2,50 13 27,08 27,08 41,67

3,00 13 27,08 27,08 68,75

3,50 8 16,67 16,67 85,42

4,00 5 10,42 10,42 95,83

4,50 2 4,17 4,17 100,00

Total 48 100,0 100,0

No que concerne à obtenção de opiniões de outros clientes, os resultados referentes

à preferência pela empresa dão uma média de 2,49, com um desvio padrão de 0,95

e obtiveram-se os seguintes valores de frequências:

Tabela 6. Descritivas para a variável obtenção de opiniões de outros clientes

Value Label Value Frequency Percent Valid Percent Cum Percent

1,00 3 6,25 6,25 6,25

1,33 4 8,33 8,33 14,58

1,67 4 8,33 8,33 22,92

2,00 11 22,92 22,92 45,83

2,33 5 10,42 10,42 56,25

2,67 5 10,42 10,42 66,67

3,00 6 12,50 12,50 79,17

3,33 1 2,08 2,08 81,25

3,67 2 4,17 4,17 85,42

4,00 6 12,50 12,50 97,92

5,00 1 2,08 2,08 100,00

Total 48 100,0 100,0

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Relativamente à lealdade, os resultados são igualmente elevados, com uma média

de 3,37, com um desvio padrão de 1,16 e obtiveram-se os seguintes valores de

frequências.

Tabela 7. Descritivas para a variável lealdade

Value Label Value Frequency Percent Valid Percent Cum Percent

1,00 4 8,33 8,33 8,33

1,33 2 4,17 4,17 12,50

2,00 1 2,08 2,08 14,58

2,33 3 6,25 6,25 20,83

2,67 4 8,33 8,33 29,17

3,00 3 6,25 6,25 35,42

3,33 6 12,50 12,50 47,92

3,67 6 12,50 12,50 60,42

4,00 7 14,58 14,58 75,00

4,33 3 6,25 6,25 81,25

4,67 5 10,42 10,42 91,67

5,00 4 8,33 8,33 100,00

Total 48 100,0 100,0

No que concerne à confiança, os resultados referentes à lealdade são bastante

superiores, com uma média de 3,63, com um desvio padrão de 1,02 e obtiveram-se

os seguintes valores de frequências:

Tabela 8. Descritivas para a variável confiança

Value Label Value Frequency Percent Valid Percent Cum Percent

1,00 2 4,17 4,17 4,17

1,33 1 2,08 2,08 6,25

2,00 3 6,25 6,25 12,50

2,33 1 2,08 2,08 14,58

2,67 1 2,08 2,08 16,67

3,00 4 8,33 8,33 25,00

3,33 5 10,42 10,42 35,42

3,67 4 8,33 8,33 43,75

4,00 15 31,25 31,25 75,00

4,33 4 8,33 8,33 83,33

4,67 2 4,17 4,17 87,50

5,00 6 12,50 12,50 100,00

Total 48 100,0 100,0

Analisando agora a ligação à comunidade, os resultados apresentam valores

também interessantes, com uma média de 3,12, com um desvio padrão de 0,68 e

obtiveram-se os seguintes valores de frequências:

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Tabela 9. Descritivas para a variável comunidade

Value Label Value Frequency Percent Valid Percent Cum Percent

1,00 2 4,17 4,17 4,17

1,83 1 2,08 2,08 6,25

2,17 1 2,08 2,08 8,33

2,33 1 2,08 2,08 10,42

2,50 2 4,17 4,17 14,58

2,67 3 6,25 6,25 20,83

2,83 1 2,08 2,08 22,92

3,00 10 20,83 20,83 43,75

3,17 7 14,58 14,58 58,33

3,33 5 10,42 10,42 68,75

3,50 5 10,42 10,42 79,17

3,67 2 4,17 4,17 83,33

3,83 4 8,33 8,33 91,67

4,00 1 2,08 2,08 93,75

4,17 3 6,25 6,25 100,00

Total 48 100,0 100,0

Relativamente à recolha de opinião, os resultados apresentam valores menores,

com uma média de 2,61, com um desvio padrão de 1,07 e obtiveram-se os

seguintes valores de frequências:

Tabela 10. Descritivas para a variável recolha de opinião

Value Label Value Frequency Percent Valid Percent Cum Percent

1,00 7 14,58 14,58 14,58

1,67 2 4,17 4,17 18,75

2,00 15 31,25 31,25 50,00

2,67 3 6,25 6,25 56,25

3,00 6 12,50 12,50 68,75

3,33 1 2,08 2,08 70,83

3,67 2 4,17 4,17 75,00

4,00 11 22,92 22,92 97,92

4,33 1 2,08 2,08 100,00

Total 48 100,0 100,0

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3.3. Correlações

A tabela de correlações apresentada na tabela seguinte evidencia que todas as

correlações são significativas, havendo um potencial para aprovação das hipóteses

em estudo. Na seção seguinte serão analisadas as regressões lineares.

Tabela 11. Correlações de Pearson

P

rod

uto

Bra

nd

pre

f

Emp

resa

ou

tclie

leal

dad

e

Tru

st

Co

mu

nid

ade

Op

inio

n

ne

two

rk

tie

Produto Pearson Correlation 1,00 ,87 ,42 ,42 ,81 ,86 ,56 ,58 ,42 ,56

Sig. (2-tailed) ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00

Brandpref Pearson Correlation ,87 1,00 ,38 ,48 ,84 ,81 ,51 ,53 ,32 ,53

Sig. (2-tailed) ,00 ,01 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,03 ,00

Empresa Pearson Correlation ,42 ,38 1,00 ,21 ,45 ,41 ,54 ,19 ,39 ,23

Sig. (2-tailed) ,00 ,01 ,16 ,00 ,00 ,00 ,19 ,01 ,12

outclie Pearson Correlation ,42 ,48 ,21 1,00 ,55 ,46 ,46 ,60 ,61 ,78

Sig. (2-tailed) ,00 ,00 ,16 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00

lealdade Pearson Correlation ,81 ,84 ,45 ,55 1,00 ,84 ,51 ,43 ,39 ,50

Sig. (2-tailed) ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,01 ,00

Trust Pearson Correlation ,86 ,81 ,41 ,46 ,84 1,00 ,63 ,42 ,41 ,51

Sig. (2-tailed) ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00

Comunidade Pearson Correlation ,56 ,51 ,54 ,46 ,51 ,63 1,00 ,50 ,71 ,63

Sig. (2-tailed) ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00

Opinion Pearson Correlation ,58 ,53 ,19 ,60 ,43 ,42 ,50 1,00 ,63 ,74

Sig. (2-tailed) ,00 ,00 ,19 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00

network Pearson Correlation ,42 ,32 ,39 ,61 ,39 ,41 ,71 ,63 1,00 ,75

Sig. (2-tailed) ,00 ,03 ,01 ,00 ,01 ,00 ,00 ,00 ,00

tie Pearson Correlation ,56 ,53 ,23 ,78 ,50 ,51 ,63 ,74 ,75 1,00

Sig. (2-tailed) ,00 ,00 ,12 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00 ,00

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3.4. Regressão linear

Nesta secção serão analisadas as regressões subjacentes às hipóteses,

percebendo-se a sua validade ou rejeição.

Analisando a relação entre os membros da comunidade e a sua ligação, obtiveram-

se os seguintes resultados.

Tabela 12. ANOVA (Comunidade)

Sum of Squares df Mean Square F Significance Regression 8,59 1 8,59 30,73 ,00 Residual 12,85 46 ,28 Total 21,44 47

Tabela 13. Coeficientes (Comunidade)

B Std. Error Beta t Significance (Constant) 1,98 ,22 ,00 9,09 ,00 tie ,52 ,09 ,63 5,54 ,00

Com base nestes elementos, podemos validar a hipótese H1: A ligação entre os

membros incrementa o “commitment” à comunidade.

Relativamente à segunda hipótese, verifica-se, com base nos resultados abaixo

indicados que o networking afeta a ligação entre a comunidade.

Tabela 14. ANOVA (Comunidade)

Sum of Squares df Mean Square F Significance Regression 10,93 1 10,93 47,85 ,00 Residual 10,51 46 ,23 Total 21,44 47

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Tabela 15. Coeficientes (Comunidade)

B Std. Error Beta t Significance (Constant) 1,73 ,21 ,00 8,15 ,00 network ,57 ,08 ,71 6,92 ,00

Pode assim, concluir-se como válida a hipótese H2: O networking aumenta o

“commitment” à comunidade

Considerando agora a regressão da procura de informação sobre a comunidade,

obtiveram-se os seguintes resultados.

Tabela 16. ANOVA (Opinion)

Sum of Squares df Mean Square F Significance Regression 13,54 1 13,54 15,62 ,00 Residual 39,87 46 ,87 Total 53,41 47

Tabela 17. Coeficientes (Opinion)

B Std. Error Beta t Significance (Constant) ,13 ,64 ,00 ,21 ,84 Comunidade ,79 ,20 ,50 3,95 ,00

Pelos valores obtidos constata-se que se valida a H3: A procura de informação por

parte dos membros melhora o “commitment” à comunidade.

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41

Na regressão de relação entre clientes e a comunidade, os valores obtidos são os

constantes das tabelas seguintes.

Tabela 18. ANOVA (Comunidade)

Sum of Squares df Mean Square F Significance

Regression 4,47 1 4,47 12,13 ,00

Residual 16,97 46 ,37

Total 21,44 47

Tabela 19. Coeficientes (Comunidade)

B Std. Error Beta t Significance

(Constant) 2,31 ,25 ,00 9,32 ,00

outclie ,32 ,09 ,46 3,48 ,00

Considerando os valores da significância valida-se a H4: O nível de contatos entre

os membros incrementa o “commitment” à comunidade.

Percebendo agora as relações referentes à hipótese H5, verifica-se que a ligação ou

«commitement» entre os membros melhora a lealdade dos clientes à marca.

Tabela 20. ANOVA (lealdade)

Sum of Squares df Mean Square F Significance Regression 16,59 1 16,59 16,30 ,00 Residual 46,80 46 1,02 Total 63,39 47

Tabela 21. Coeficientes (lealdade)

B Std. Error Beta t Significance

(Constant) ,63 ,69 ,00 ,90 ,37

Comunidade ,88 ,22 ,51 4,04 ,00

Valida-se portanto a H5a: O “commitment” à comunidade aumenta a lealdade à

marca.

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42

Na regressão da comunidade para a confiança na marca, verificaram-se os valores

constantes das tabelas seguintes.

Tabela 22. ANOVA (Trust)

Sum of Squares df Mean Square F Significance Regression 19,44 1 19,44 30,10 ,00 Residual 29,72 46 ,65 Total 49,16 47

Tabela 23. Coeficientes (Trust)

B Std. Error Beta t Significance (Constant) ,66 ,55 ,00 1,20 ,24 Comunidade ,95 ,17 ,63 5,49 ,00

De acordo com a significância valida-se H5b: O “commitment” à comunidade

aumenta a confiança na marca.

No que respeita à regressão tendo o valor do produto como variável dependente, os

valores obtidos são:

Tabela 24. ANOVA (Produto)

Sum of Squares df Mean Square F Significance Regression 11,62 1 11,62 20,77 ,00 Residual 25,73 46 ,56 Total 37,35 47

Tabela 25. Coeficientes (Produto)

B Std. Error Beta t Significance (Constant) 1,43 ,52 ,00 2,78 ,01 Comunidade ,74 ,16 ,56 4,56 ,00

Tal como nas anteriores, valida-se H5d: O “commitment” à comunidade aumenta a

preferência pelo produto.

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43

Considerando agora a preferência pela marca como variável dependente verifica-se

que a regressão gera os seguintes valores:

Tabela 26. ANOVA (Brandpref)

Sum of Squares df Mean Square F Significance Regression 9,14 1 9,14 16,05 ,00 Residual 26,19 46 ,57 Total 35,33 47

Tabela 27. Coeficientes (Brandpref)

B Std. Error Beta t Significance (Constant) 1,58 ,52 ,00 3,05 ,00 Comunidade ,65 ,16 ,51 4,01 ,00

Neste caso, também se valida H5c: O “commitment” à comunidade aumenta a

preferência pela marca.

Por último, considerando o valor da empresa como variável dependente, obtiveram-

se os seguintes resultados:

Tabela 28. ANOVA (Empresa)

Sum of Squares df Mean Square F Significance Regression 8,54 1 8,54 18,45 ,00 Residual 21,29 46 ,46 Total 29,83 47

Tabela 29. Coeficientes (Empresa)

B Std. Error Beta t Significance (Constant) ,94 ,47 ,00 2,00 ,05 Comunidade ,63 ,15 ,54 4,30 ,00

Também se valida a H5e: O “commitment” à comunidade aumenta a referência pela

empresa.

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3.5. Sumário da Secção

Na tabela seguinte são apresentados os resultados para o teste de hipóteses.

Tabela 30. Resultados dos testes de hipóteses

H1: A ligação entre os membros incrementa o “commitment” à comunidade.

Validada

H2: O networking aumenta o “commitment” à comunidade Validada

H3: A procura de informação por parte dos membros melhora o “commitment” à comunidade

Validada

H4: O nível de contatos entre os membros incrementa o “commitment” à comunidade

Validada

H5: O “commitment” à comunidade melhora o brand equity da marca.

Validada

H5a: O “commitment” à comunidade aumenta a lealdade à marca Validada

H5b: O “commitment” à comunidade aumenta a confiança na marca

Validada

H5c: O “commitment” à comunidade aumenta a preferência pela marca

Validada

H5d: O “commitment” à comunidade aumenta a preferência pelo produto

Validada

H5e: O “commitment” à comunidade aumenta a preferência pela empresa

Validada

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45

CONCLUSÕES

Conclusões teóricas

Com base no capítulo anterior podemos considerar um conjunto de

conclusões que poderão contribuir para ao conhecimento em torno das implicações

da comunidade da marca na própria marca.

Em primeiro lugar destacamos as condicionantes do envolvimento em torno dessa

comunidade. Assim, os resultados sugerem que os fatores que condicionam o

envolvimento em torno da comunidade da marca são:

A ligação entre os membros;

O networking;

A procura de informação por parte dos membros;

O nível de contatos entre os membros.

Em segundo lugar, foram estudadas as consequências desse mesmo envolvimento

ao nível do brand equity. Assim, os resultados apresentados oferecem alguma

evidência de que um maior grau de “commitement” dos membros tem repercussões

em vários elementos do brand equity.

Verifica-se que a confiança e a lealdade à marca são duas das consequências

desse maior compromisso, o que vem em linha com resultados similares verificados

na bibliografia, sobretudo porque a ligação à marca acaba por ter também

repercussões para o sentido de pertença dos membros à comunidade.

Simultaneamente, observámos outras implicações organizacionais para além da

marca, designadamente em termos da preferência pelos produtos comercializados e

da imagem da empresa. Com efeito, as implicações ao nível da imagem corporativa

são bastante interessantes evidenciando uma maior notoriedade e confiança.

Provavelmente este efeito tem a ver com o apadrinhamento da própria comunidade,

apresentando-se a empresa como não tendo nada a esconder e estimulando os

seus membros a exporem as suas opiniões.

Naturalmente que esta interpretação não pode ser generalizada a todas as marcas.

Em torno da Nike, foi possível perceber esta relação, mas isso não significa que esta

ligação seja interpretada da mesma forma noutras marcas e/ou empresas.

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46

Em terceiro, foi possível dar um contributo para a literatura ao avaliarmos o

compromisso dos membros da comunidade da marca como um preditor do brand

equity, percebendo-se que os modelos tradicionais, assentes no conhecimento,

associações e preferência/lealdade deverão ser complementados quando estamos

perante comunidades assentes em redes sociais online. Assim, o brand equity

ganha uma dimensão mais complexa e, tal como a maioria das atividades online, de

maior risco, uma vez que diminui o grau de controlo dos acontecimentos e dinâmicas

geradas em torno da marca.

Em quatro e último lugar, foi ainda possível operacionalizar um conjunto de variáveis

e realizar um estudo empírico de uma marca desportiva, usualmente, mais

emocional do que outras que oferecem produtos ‘mais técnicos’. Naturalmente que a

confirmação destas relações e a aceitação das hipóteses deverá ser lida ao abrigo

de uma marca com este tipo de associações. Eventualmente se se trabalhar outros

produtos, por exemplo, software ou equipamento áudio, é natural que o grau de

racionalidade seja maior, o que poderá levar a diferentes leituras do modelo

proposto.

Implicações para a gestão

O trabalho apresentado apresenta algumas implicações para a gestão. Em

primeiro lugar, o reconhecimento da importância da comunidade da marca e da sua

gestão. Com efeito foram identificados diversos fatores que predizem esse

relacionamento entre os membros, nomeadamente a ligação entre os membros, o

networking, a procura de informação por parte dos membros e o nível de contatos

entre eles.

Em segundo, percebeu-se as implicações ao nível do desempenho da marca por via

da existência da comunidade da marca. Com efeito, existem diversos indicadores

que podem ser monitorizados para se perceber se a gestão dessa comunidade está

a produzir os resultados pretendidos, como é o caso da lealdade, da preferência

pela marca e pelo produto e da confiança que a marca transmite.

Em terceiro, o modelo concetual proporciona aos gestores a evidência de uma

relação causal entre o desenvolvimento de uma comunidade em torno da marca e o

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47

desempenho da mesma. Apesar de a gestão das redes sociais apresentar um certo

risco, associado à livre e espontânea participação dos seus membros, não deixa de

ser uma ferramenta essencial no desenvolvimento do brand equity.

Por último, ao verificarmos a influência da comunidade da marca em indicadores

como a lealdade ou a preferência da marca, não deixa margem para dúvidas que

estes fatores são importantes antecedentes do desempenho organizacional.

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48

Limitações e futuras investigações

Uma das limitações deste trabalho reside na reduzida amostra. Futuros trabalhos, de

índole confirmatória poderão aprofundar os resultados com amostras que

possibilitem uma maior margem de conforto.

Possivelmente, uma amostra maior e aplicada em diversos países poderá permitir

analisar outras variáveis que poderão moderar as relações estudadas,

designadamente, as questões culturais e sociais.

Outros investigadores poderão usar o modelo concetual aqui apresentado para

estudar outras variáveis que poderão moderar a relações. Assim, seria interessante

perceber se o género ou a idade influenciam as relações.

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49

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ANEXO I: QUESTIONÁRIO

Running - Facebook

Este questionário procura perceber a relação dos consumidores com a marca NIKE RUNNING através das redes

sociais. As questões abaixo indicadas deverão ser respondidas tendo em consideração uma escala de 1 (discordo

totalmente) a 5 (concordo totalmente). Obrigado pela sua participação.

* Required

Idade *

Sexo *

o Masculino

o Feminino Eu gosto do produto da marca. *

1 2 3 4 5

Estou orgulhoso do produto. *

1 2 3 4 5

O produto é um dos meus bens mais preciosos. *

1 2 3 4 5

O produto é agradável de se usar. *

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1 2 3 4 5

Eu valoriso o património da marca. *

1 2 3 4 5

Se tivesse de substituir o produto, substituiria por outro produto da mesma marca. *

1 2 3 4 5

A minha marca é da maior qualidade. *

1 2 3 4 5

A empresa compreende as minhas necessidades. *

1 2 3 4 5

A empresa preocupa-se com as minhas opiniões. *

1 2 3 4 5

Conheci pessoas maravilhosas através da comunidade. *

1 2 3 4 5

Eu tenho uma relação de parentesco com os outros consumidores da marca. *

1 2 3 4 5

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Eu tenho interesse na comunidade por causa dos outros consumidores da marca. *

1 2 3 4 5

Eu considero-me leal à marca. *

1 2 3 4 5

Se a marca não estiver disponível numa loja eu comprá-la-ei noutra loja. *

1 2 3 4 5

Estou disposto a pagar mais pela minha marca. *

1 2 3 4 5

A minha marca supera as minhas expectativas do produto. *

1 2 3 4 5

Eu confio na minha marca. *

1 2 3 4 5

A minha marca nunca me desaponta. *

1 2 3 4 5

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A comunidade permite acesso livre à página bem como publicações na mesma. *

1 2 3 4 5

Os clientes partilham experiencias dos produtos com outros clientes. *

1 2 3 4 5

A comunidade é útil para garantir informações à cerca do produto ou da marca. *

1 2 3 4 5

Os membros da comunidade são beneficiários da comunidade. *

1 2 3 4 5

Os membros partilham um vínculo comum com os outros membros da comunidade. *

1 2 3 4 5

Os membros da comunidade são fortemente ligados entre si. *

1 2 3 4 5

A comunidade mantém-se em contacto comigo com as notificações. *

1 2 3 4 5

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Pelo menos alguns membros da comunidade conhecem-me. *

1 2 3 4 5

Passei a receber tratamento especial desde que me tornei membro da comunidade. *

1 2 3 4 5

A comunidade informa-me sobre o produto. *

1 2 3 4 5

A comunidade está consciente das minhas necessidades. *

1 2 3 4 5

A comunidade recolhe as minhas opiniões sobre os serviços/produto. *

1 2 3 4 5

A comunidade felicita-me nas ocasiões especiais. *

1 2 3 4 5

Eu partilho as minha opiniões na comunidade. *

1 2 3 4 5

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Com que frequência comunica com os contactos da lista de amigos da página? *

1 2 3 4 5

Nunca

Com muita frequência

Em geral, qual importância dá aos contatos da lista dos "amigos" da página? *

1 2 3 4 5

Nada importante

Muito importante

Em geral, até que ponte sente-se próximo dos contatos da lista dos "amigos" da

página? *

1 2 3 4 5

Nada próximo

Muito próximo

Quando eu penso em produtos novos eu peço conselhos aos meus contactos na

página. *

1 2 3 4 5

Gosto de ter opinião dos meus contactos na página antes de comprar novos

produtos. *

1 2 3 4 5

Sinto-me mais confortável em adquirir novos produtos quando tenho a opinião dos

meus contatos na página. *

1 2 3 4 5

Enviar

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