instituto nacional de pesquisas da amazÔnia inpa … · capítulo único (manuscrito formatado de...

56
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA RESPOSTAS ECOFISIOLÓGICAS E DE CRESCIMENTO DE PLÂNTULAS DE Hevea spruceana (BENTH.) MÜLL. ARG. DE ECOSSISTEMAS DE VÁRZEA EM QUATRO CENÁRIOS CLIMÁTICOS HELOIDE DE LIMA CAVALCANTE Manaus, Amazonas Julho, 2015

Upload: vanthien

Post on 17-Dec-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

RESPOSTAS ECOFISIOLÓGICAS E DE CRESCIMENTO DE

PLÂNTULAS DE Hevea spruceana (BENTH.) MÜLL. ARG. DE

ECOSSISTEMAS DE VÁRZEA EM QUATRO CENÁRIOS

CLIMÁTICOS

HELOIDE DE LIMA CAVALCANTE

Manaus, Amazonas

Julho, 2015

Page 2: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

HELOIDE DE LIMA CAVALCANTE

RESPOSTAS ECOFISIOLÓGICAS E DE CRESCIMENTO DE

PLÂNTULAS DE Hevea spruceana (BENTH.) MÜLL. ARG. DE

ECOSSISTEMAS DE VÁRZEA EM QUATRO CENÁRIOS

CLIMÁTICOS

ORIENTADORA: Dr.ª Maria Teresa Fernandez Piedade

Coorientadora: Dr.ª Maria Astrid Rocha Liberato

Manaus, Amazonas

Julho, 2015

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em Botânica.

Page 3: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

iii

Relação da banca julgadora

Qualificação

Nome – Instituição Parecer

Ricardo Antônio Marenco - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Aprovada

Jochen Schöngart - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Aprovada

Alberto Vicentini - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Aprovada

Defesa

Nome – Instituição Parecer

Jair Max Furtunato Maia - Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Aprovada

Jochen Schöngart - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Aprovada

Isolde D. Kossmann Ferraz - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Aprovada

Page 4: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

iv

Ficha catalográfica

C376 Cavalcante, Heloide de Lima.

Respostas ecofisiológicas e de crescimento de Hevea spruceana (Benth.)

Müll. Arg. de ecossistemas de várzea em quatro cenários climáticos Heloide de

Lima Cavalcante /. --- Manaus: [s.n.], 2015.

56 f.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2015.

Orientador: Maria Teresa Fernandez Piedade.

Coorientador: Maria Astrid Rocha Liberato.

Área de concentração: Botânica.

1. Hevea spruceana. 2. Microcosmos. 3. Mudanças climáticas. 4.

Alagamento I. Título.

CDD 583.95

Sinopse:

Foram estudados aspectos fisiológicos como concentração de clorofila e fluorescência da

clorofila a além de aspectos morfológicos de incremento em altura e diâmetro do colo

caulinar, número de folhas e biomassa de Hevea spruceana, espécie que habita ecossistemas

de várzea. Todos esses parâmetros foram medidos em plântulas submetidas a quatro cenários

climáticos em microcosmos, ambientes controlados que simulam as condições climáticas

previstas pelo 4º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC)

para 2100.

Palavras-chave: microcosmos, mudanças climáticas, CO2, temperatura, alagamento

Page 5: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

v

Aos meus maiores torcedores Idelfonso, Idelmar e Rudyere

Dedico

Page 6: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

vi

AGRADECIMENTOS

À Deus, o grande autor da vida.

Ao Programa de Pós-graduação em Botânica pelo apoio acadêmico e as oportunidades

oferecidas pelo curso.

À Capes pela bolsa de estudos e ao INCT ADAPTA pelo suporte financeiro.

Ao grupo MAUA pelo apoio financeiro e estrutural.

À minha orientadora, Dra Maria Teresa Fernandez Piedade, pela oportunidade de ser

sua orientanda, pelos ensinamentos, paciência e todo o apoio destinado a mim.

À minha coorientadora, Dra Maria Astrid, pelos ensinamentos, apoio e incentivo.

À Dra Aline Lopes pela ajuda com as análises estatísticas, correções e aprimoramento

do trabalho.

Aos avaliadores anônimos do plano, aos avaliadores da aula de qualificação e da

defesa, Dr. Jochen Schöngart (INPA), Dr. Ricardo Marenco (INPA) e Dr. Alberto Vicentini

(INPA), Dr. Jair Max Furtunato Maia e Drª. Isolde Krossman Ferraz pelas valiosas

contribuições.

Ao meu esposo Rudyere pelo amor, apoio, cuidado e compreensão.

Aos meus pais Idelfonso e Idelmar e aos meus irmãos pelo encorajamento.

Aos colegas do grupo MAUA/INPA Tatiana, Pauline, Diana, Aurélia, Josephina,

Ivone, Lucélia, Bianca, Kelvin, Layon e Yuri pela amizade e incentivo.

Aos colegas da turma do PPG-Botânica em especial Diana e Ednéia pela amizade,

companheirismo e as conversas agradáveis.

Ao barqueiro Mário, aos técnicos Valdeney, Elizabeth e Celso pelo auxílio nas coletas

e na montagem dos experimentos nos microcosmos.

À equipe de apoio nos microcosmos do LEEM Fernanda Dragan, Elessandra Gomes e

Jéssica Souza.

Às secretárias Neide e Léia por tornar nossa vida de pós-graduando mais fácil,

sobretudo, pela amizade.

Enfim, não haveria espaço suficiente para descrever o quanto sou grata a todos que de

alguma forma ajudaram para que esse trabalho fosse realizado.

Muito obrigada!

Page 7: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

vii

RESUMO

O CO2 e a temperatura são fatores abióticos que afetam o clima terrestre, o

crescimento e o desenvolvimento das plantas. O Painel Intergovernamental de Mudanças

Climáticas (IPCC) prevê até 2100 aumentos na temperatura de 1,7 ºC a 4,8 ºC e na

concentração de CO2 de 490 a 1370 ppm. Hevea spruceana é uma espécie abundante nas

férteis várzeas amazônicas, onde ocorrem cerca de 1000 espécies arbóreas capazes de

sobreviver até 230 dias, parcial ou totalmente submersas. Os cenários de mudanças climáticas

prognosticados prevêem que as plantas desses ambientes serão submetidas à interação do

aumento do CO2, temperatura e alagamento, embora estudos testando essa premissa sejam

escassos. Este trabalho objetivou avaliar em microcosmos o efeito da inundação e de

diferentes cenários climáticos de aumento de temperatura (T) e CO2 na morfologia e fisiologia

de plântulas de H. spruceana. Plântulas foram coletadas na Costa do Catalão, Amazônia

Central, e submetidas durante 115 dias em condições não inundada e inundada, a quatro

cenários climáticos baseados nos cenários do IPCC 2007: Controle T e CO2 (condições

atuais); Brando T +1,5 °C/CO2 +200 ppm; Intermediário T +2,5 °C/CO2 +400 ppm e Extremo

T +4,5 °C/CO2 +850 ppm. Mediu-se a concentração de clorofilas, fluorescência da clorofila a,

altura, diâmetro do colo, número de folhas e biomassa das plântulas. A fisiologia e a

morfologia de H. spruceana tanto não inundada como inundada foram influenciadas pelos

cenários climáticos. O cenário Extremo limitou o crescimento e a fisiologia das plantas não

inundadas, mas favoreceu esses parâmetros nas plântulas inundadas.

Palavras-chave: microcosmos, mudanças climáticas, CO2, temperatura, alagamento.

Page 8: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

viii

Ecophysiological responses and growth of seedlings of Hevea spruceana (Benth.) Müll.

Arg. várzea ecosystems in four climate scenarios

ABSTRACT

CO2 and temperature are abiotic factors affecting the Earth's climate, growth and

development of plants. The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) predicts up

to 2100 increases in temperature of 1.7 °C to 4.8 °C and the CO2 concentration from 490 to

1370 ppm. Hevea spruceana is a species abundant in the fertile Amazonian floodplains, where

approximately of 1000 tree species able to survive up to 230 days partially or completely

submerged can be found. The anticipated climate change scenarios predict that plants of these

environments will be subjected to the interaction of increased CO2, temperature and flooding,

although studies testing this assumption are scarce. This work aimed to evaluate in

microcosms the effect of flood and different climatic scenarios of increased temperature (T)

and CO2 on the morphology and physiology of seedlings of H. spruceana. Seedlings were

collected in the Costa do Catalão, Central Amazonia, and subjected for 115 days in flooded

not flooded conditions, to the four climatic scenarios based on IPCC 2007: : T and CO2

Control (present conditions); Mild T +1.5 °C/+200 CO2 ppm; Intermediary T +2.5 °C/+400

CO2 ppm and Extreme T +4.5 °C/+850 CO2 ppm. In all seedlings were measured:

concentrations of chlorophylls, fluorescence of a chlorophyll, height, stem base diameter,

number of leaves and biomass. The physiology and morphology of H. spruceana both not

flooded and flooded were influenced by climatic scenarios. The Extreme scenario has limited

the growth and physiology of plants not flooded, but favored these parameters in flooded

seedlings.

Key words: microcosms, climate change, CO2, temperature, flooding.

Page 9: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização da área de coleta das plântulas de Hevea spruceana utilizadas no

estudo - Costa do Catalão (várzea) na Amazônia Central. Fonte: INPE. Imagem Landsat TM

(05.12.1999) ........................................................................................................................... 12

Figura 2. Média dos teores de clorofila a, b e total em folhas de Hevea spruceana ao longo

do tempo experimental nos quatro cenários climáticos Controle; Brando;

Intermediário e Extremo (para detalhes sobre os cenários ver Tabelas 1 e 2). À esquerda

plântulas não inundadas e à direita plântulas inundadas. A) e B) clorofila a; C) e D) clorofila

b; E) e F) clorofila total ........................................................................................................... 19

Figura 3. Média de Fv/Fm dos indivíduos de Hevea spruceana em solo não inundado (A) e

inundado (B) nos cenários climáticos: Controle; Brando; Intermediário e

Extremo (para detalhes sobre os cenários ver Tabelas 1 e 2). Linha pontilhada indica o limite de danos

ao fotossistema II .................................................................................................................................. 20

Figura 4. Incremento do comprimento do caule de plântulas de Hevea spruceana em solo

inundado e não inundado nos cenários climáticos testados (para detalhes sobre os

microcosmos ver Tabela 1) ..................................................................................................... 21

Figura 5. Incremento do diâmetro do colo caulinar de plântulas de Hevea spruceana em solo

inundado e não inundado nos cenários climáticos testados (para detalhes sobre os

microcosmos ver Tabelas 1 e 2) .............................................................................................. 22

Figura 6. Média do número de folhas das plântulas de Hevea spruceana de várzea ao longo do tempo

nos diferentes cenários climáticos: Controle; Brando; Intermediário e

Extremo (para detalhes sobre os cenários ver Tabelas 1 e 2). A) Plântulas não inundadas B) Plântulas

inundadas............................................................................................................................................... 23

Figura 7. Biomassa total (parte aérea + raiz) de Hevea spruceana nos cenários climáticos

testados (para detalhes sobre os microcosmos ver Tabelas 1 e 2). A) Plântulas não inundadas;

B) Plântulas inundadas ........................................................................................................... 24

Page 10: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

x

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. ix

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................. 1

OBJETIVOS ............................................................................................................................ 5

Geral ............................................................................................................................... 5

Específicos ..................................................................................................................... 5

Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ......................... 6

Resumo ........................................................................................................................... 8

Abstract .......................................................................................................................... 9

Introdução ...................................................................................................................... 10

Material e Métodos ........................................................................................................ 11

Área de obtenção das plântulas............................................................................. 11

Descrição da espécie em estudo ........................................................................... 12

Procedimentos de coleta das plântulas e delineamento experimental .................. 12

Parâmetros medidos .............................................................................................. 14

Análise estatística ................................................................................................. 16

Resultados ...................................................................................................................... 16

Discussão ....................................................................................................................... 24

Agradecimentos.............................................................................................................. 31

Bibliografia citada .......................................................................................................... 31

CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 37

APÊNDICE A .......................................................................................................................... 42

APÊNDICE B .......................................................................................................................... 44

Page 11: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

1

APRESENTAÇÃO

Os grandes rios amazônicos obedecem ao pulso de inundação, cujo atributo principal é

a periodicidade anual, a ocorrência monomodal, e a grande amplitude, apresentando um

período de águas altas (fase aquática), e um período de águas baixas (fase terrestre) (Junk et

al., 1989). A alta precipitação na bacia amazônica se apresenta de forma desigual em sua

distribuição entre as estações de seca e de chuva, sendo responsável pelas grandes oscilações

na descarga dos rios, que resulta no alagamento sazonal das áreas marginais a eles associadas

(Junk et al., 2011).

Um dos ecossistemas sazonalmente inundado por rios de água branca ou barrenta

constitui as várzeas, formadas por sedimentos cretáceos (terciários) oriundos das regiões

Andinas e pré-andinas. A origem das várzeas é relativamente recente e, portanto, estão

sujeitas a intensos processos erosivos que produzem grande quantidade de sedimentos ricos

em sais minerais e pH próximo à neutralidade, em torno de 6,5 a 7 (Junk, 1983; Junk et al.,

2011). Essas características são refletidas na composição florística das florestas de várzea, que

são consideradas as mais ricas em espécies dentre as florestas das zonas úmidas mundiais

(Wittmann et al., 2006). Além disso, nas florestas de várzea muitas espécies são endêmicas,

adaptadas a altos níveis de inundação, sendo algumas delas capazes de permanecer inundadas

por até 230 dias por ano (Junk et al., 2011).

As árvores das áreas alagáveis amazônicas desenvolveram características que as

tornaram capazes de sobreviver em condições de inundação e de seca (Parolin et al., 2010). O

período de águas altas se torna crítico para as plantas, pois elas necessitam suportar precárias

condições de oxigênio no solo (Schlüter et al., 1993; Kozlowski, 1984; Piedade et al., 2010),

sendo relatadas a redução da capacidade fotossintética e do crescimento, e a perda de folhas

em algumas espécies (Parolin, 2001). Tão logo o período de águas baixas chega, as plantas

conseguem restabelecer suas atividades metabólicas e de crescimento (Parolin, 2001). Tanto

para sobreviver em condições de inundação, quanto de submersão e de seca, é necessário que

as espécies arbóreas desenvolvam uma série de adaptações específicas de cunho morfológico,

anatômico e fisiológico (Piedade et al., 2000; 2010; Ferreira et al., 2005). Contudo, nas duas

últimas décadas, um aumento nos episódios de cheias e de secas extremas vem sendo

observado nas áreas alagáveis amazônicas (Piedade et al., 2013), o que tem sido relacionado

às mudanças climáticas. A discussão sobre as mudanças climáticas decorrentes da ação do

Page 12: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

2

homem no equilíbrio da natureza tem se intensificado e gerado grandes preocupações

(Buckeridge et al., 2008).

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (da sigla em inglês IPCC)

mostra que as mudanças climáticas são evidentes, sendo observadas alterações no

aquecimento da atmosfera e dos oceanos; as geleiras estão diminuindo, o nível do mar e as

concentrações de gases causadores do efeito estufa estão aumentando (IPCC, 2013).

Atualmente, as médias da concentração de CO2 atmosférico encontram-se em 400 ppm, valor

que vem se elevando intensamente nos últimos anos, conforme as medições realizadas pelo

“Scripps CO2 Program at the Mauna Loa Observatory” no Havaí (http://www.CO2now.org,

2015). A concentração global de CO2 atmosférico elevou-se, sobretudo, após a revolução

industrial, aumentando de 280 ppm para 379 ppm em 2005, excedendo as taxas dos últimos

800 mil anos (Lüthi et al., 2008; Ciais et al., 2013). As previsões sugerem que até 2100 as

concentrações de CO2 atmosférico possam variar de 490 ppm, no cenário mais otimista, a

1370 ppm no mais pessimista, assim como também as temperaturas podem variar de +1,7 ºC a

+4,8 ºC (IPCC, 2013).

O dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o ozônio (O3), o óxido de dinitrogênio

(N2O) e os vapores de água constituem os gases-traço da atmosfera. Esses gases,

diferentemente do nitrogênio (N2) e do oxigênio (O2) presentes em grandes quantidades na

atmosfera, interagem com o clima da Terra, pois absorvem cerca de 90% da radiação e

emitem a radiação infravermelha, causando, por conseguinte, o efeito estufa natural (Larcher,

2000). Entretanto, a atividade antropogênica adiciona gases causadores do efeito estufa na

atmosfera, principalmente o CO2, como resultado do uso de combustíveis fósseis e das

mudanças no uso do solo (IPCC, 2013).

As plantas se constituem em grandes agentes atenuadores do efeito estufa, pois a

principal fonte de carbono para as plantas é o CO2 consumido através da fotossíntese

(Buckeridge e Aidar, 2002). Nos organismos vegetais, os efeitos do enriquecimento do CO2

na fotossíntese devem ser considerados em seus aspectos diretos e indiretos. Os efeitos diretos

compreendem: 1) modulação direta da atividade da Ribulose-1,5-bisfosfato carboxilase /

oxigenase (Rubisco); 2) percepção das células-guarda aos níveis de CO2 e 3) modulação da

respiração mitocondrial. Esses três efeitos alteram os níveis de água e de carboidratos nas

plantas, gerando os efeitos indiretos que compreendem as respostas no crescimento, alocação

de biomassa, aumento de defesas químicas e maior fixação de nitrogênio (Sage, 2002).

A temperatura é um dos principais controladores da distribuição e da produtividade

das plantas com grandes efeitos na atividade fisiológica (Sage e Kubien, 2007). A fotossíntese

Page 13: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

3

é fortemente afetada pela temperatura. Na maioria das plantas, as mudanças na taxa

fotossintética em resposta à temperatura são reversíveis entre 10 a 35 ºC, mas a exposição

abaixo ou acima dessa faixa de temperatura pode causar injúrias irreversíveis ao aparelho

fotossintético. A dependência da fotossíntese à temperatura torna-se pronunciada em casos em

que a luz ou o nível intercelular de CO2 é aumentado (Berry e Björkman, 1980).

Muitos trabalhos consideram somente os efeitos isolados da concentração de CO2 ou

da temperatura. Em uma revisão de trabalhos sobre a interação entre o CO2 e a temperatura

nas plantas Morison e Lawlor (1999) salientam que, quando em conjunto, a elevação do CO2

e da temperatura geram um bom desempenho fotossintético no crescimento, na biomassa

total, na relação raiz/parte aérea e na proporção carbono/nitrogênio nos tecidos. Entretanto,

essas respostas são muito variáveis entre as espécies. Além disso, juntamente com a elevação

na concentração de CO2 e o aquecimento global, possivelmente várias outras mudanças

ambientais ocorrerão afetando a vegetação (Ramaswamy et al., 2001). Este é o caso, por

exemplo, da interação dessas variáveis com a inundação, que ocorre sazonalmente nas

florestas alagáveis amazônicas (Junk, 1989).

As respostas das plantas de áreas alagáveis amazônicas à elevação de CO2 podem ser

influenciadas pelas mudanças no padrão de alagamento e saturação do solo, que também são

esperadas como resultado das mudanças climáticas (Piedade et al., 2013). Entretanto, o

conhecimento das respostas fisiológicas de espécies arbóreas em regiões tropicais sob

inundação e em combinação com os cenários de mudanças climáticas globais ainda é

insuficiente. Os efeitos do alagamento e elevadas concentrações de CO2 em plantas de áreas

alagáveis amazônicas foi estudado por Arenque et al. (2014) e mesmo para regiões fora da

Amazônia, poucos experimentos avaliaram a ação combinada de altas concentrações de CO2 e

alagamento de plantas (Grandis et al., 2010; Megonigal et al., 2005).

Uma das formas de estudar os efeitos combinados de variáveis como o CO2, a

temperatura e o alagamento sobre as plantas é utilizar microcosmos, ambientes experimentais

onde esses parâmetros podem ser controlados e suas respostas sobre a vegetação medidas.

Para o sucesso desses experimentos, idealmente devem ser usadas populações de plantas

adaptadas aos ambientes a serem simulados, para as quais já se disponha de estudos

anteriores, que possam permitir comparações com os cenários a serem simulados.

Neste estudo a espécie selecionada foi a Hevea spruceana (Benth.) Müll. Arg.

(Euphorbiaceae), abundante em florestas alagáveis de várzea, e popularmente conhecida

como seringa barriguda (Wittmann et al., 2010). Populações de Hevea spruceana de várzea

foram previamente estudadas na Amazônia Central em condições de campo, tendo sido

Page 14: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

4

avaliados aspectos da fenologia e fotossíntese. Adicionalmente, a germinação e a quantidade

de reservas orgânicas nas sementes da espécie foram monitoradas em laboratório (Liberato,

2010).

Diante da disponibilidade de informações sobre as respostas de H. spruceana em

campo nas concentrações atuais de CO2 e temperatura, o presente trabalho teve por finalidade

avaliar a resposta ecofisiológica de plântulas de H. spruceana oriundas de populações de

várzea, em microcosmos combinando situações de inundação e diferentes cenários climáticos

de elevação da temperatura e concentrações de CO2.

Page 15: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

5

OBJETIVOS

Geral

Avaliar a influência da inundação e do efeito combinado do aumento da temperatura e

do CO2 de diferentes cenários climáticos na resposta ecofisiológica de plântulas de Hevea

spruceana (Benth.) Müll. Arg. de ambientes de várzea da Amazônia Central.

Específicos

I. Avaliar os aspectos fisiológicos de concentração de clorofilas e a fluorescência da

clorofila a em folhas de plântulas de H. spruceana em diferentes condições de

disponibilidade hídrica e sob diferentes cenários climáticos em microcosmos;

II. Avaliar os aspectos morfológicos de incremento no comprimento do caule e diâmetro

do colo caulinar, número de folhas e a produção de biomassa de plântulas de H.

spruceana em diferentes condições de disponibilidade hídrica e sob diferentes

cenários climáticos em microcosmos.

Page 16: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

6

Capítulo único

__________________________________________________________________________________________

Cavalcante, H. L.; Liberato, M. A. R.;

Piedade, M. T. F. Respostas

ecofisiológicas e de crescimento de

plântulas de Hevea spruceana (Benth.)

Müll. Arg. de ecossistemas de várzea em

quatro cenários climáticos. Manuscrito

formatado para Acta Amazonica

Page 17: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

7

Respostas ecofisiológicas e de crescimento de plântulas de Hevea spruceana (Benth.)

Müll. Arg. de ecossistemas de várzea em quatro cenários climáticos

Ecophysiological responses and growth of seedlings of Hevea spruceana (Benth.) Müll.

Arg. várzea ecosystems in four climate scenarios

Heloide de Lima CAVALCANTE1*, Maria Astrid Rocha LIBERATO2 & Maria Teresa

Fernandez PIEDADE3

1 Pós-graduação em Botânica. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/ Grupo MAUA

“Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas Amazônicas”. Av. André

Araújo 2.936, Aleixo CEP: 69060-001, Manaus, Amazonas, Brasil.

[email protected]

2 Universidade do Estado do Amazonas, Escola Normal Superior, Av. Djalma Batista 2470,

Chapada, CEP: 69050-010, Manaus, AM, Brasil.

[email protected]

3 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, CDAM/ Grupo MAUA “Ecologia,

Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas Amazônicas”. Av. André Araújo 2.936,

Aleixo CEP: 69060-001, Manaus, Amazonas, Brasil.

[email protected]

*Corresponding author: [email protected]

Page 18: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

8

Respostas ecofisiológicas e de crescimento de plântulas de Hevea spruceana (Benth.)

Müll. Arg. de ecossistemas de várzea em quatro cenários climáticos

RESUMO

O CO2 e a temperatura são fatores abióticos que afetam o clima terrestre, o

crescimento e o desenvolvimento das plantas. O Painel Intergovernamental de Mudanças

Climáticas (IPCC) prevê até 2100 aumentos na temperatura de 1,7 ºC a 4,8 ºC e na

concentração de CO2 de 490 a 1370 ppm. Hevea spruceana é uma espécie abundante nas

férteis várzeas amazônicas, onde ocorrem cerca de 1000 espécies arbóreas capazes de

sobreviver até 230 dias, parcial ou totalmente submersas. Os cenários de mudanças climáticas

prognosticados prevêem que as plantas desses ambientes serão submetidas à interação do

aumento do CO2, temperatura e alagamento, embora estudos testando essa premissa sejam

escassos. Este trabalho objetivou avaliar em microcosmos o efeito da inundação e de

diferentes cenários climáticos de aumento de temperatura (T) e CO2 na morfologia e fisiologia

de plântulas de H. spruceana. Plântulas foram coletadas na Costa do Catalão, Amazônia

Central, e submetidas durante 115 dias em condições não inundada e inundada, a quatro

cenários climáticos baseados nos cenários do IPCC 2007: Controle T e CO2 (condições

atuais); Brando T +1,5 °C/CO2 +200 ppm; Intermediário T +2,5 °C/CO2 +400 ppm e Extremo

T +4,5 °C/CO2 +850 ppm. Mediu-se a concentração de clorofilas, fluorescência da clorofila a,

altura, diâmetro do colo, número de folhas e biomassa das plântulas. A fisiologia e a

morfologia de H. spruceana tanto não inundada como inundada foram influenciadas pelos

cenários climáticos. O cenário Extremo limitou o crescimento e a fisiologia das plantas não

inundadas, mas favoreceu esses parâmetros nas plântulas inundadas.

Palavras-chave: microcosmos, mudanças climáticas, CO2, temperatura, alagamento.

Page 19: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

9

Ecophysiological responses and growth of seedlings of Hevea spruceana (Benth.) Müll.

Arg. várzea ecosystems in four climate scenarios

ABSTRACT

CO2 and temperature are abiotic factors affecting the Earth's climate, growth and

development of plants. The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) predicts up

to 2100 increases in temperature of 1.7 °C to 4.8 °C and the CO2 concentration from 490 to

1370 ppm. Hevea spruceana is a species abundant in the fertile Amazonian floodplains, where

approximately of 1000 tree species able to survive up to 230 days partially or completely

submerged can be found. The anticipated climate change scenarios predict that plants of these

environments will be subjected to the interaction of increased CO2, temperature and flooding,

although studies testing this assumption are scarce. This work aimed to evaluate in

microcosms the effect of flood and different climatic scenarios of increased temperature (T)

and CO2 on the morphology and physiology of seedlings of H. spruceana. Seedlings were

collected in the Costa do Catalão, Central Amazonia, and subjected for 115 days in flooded

not flooded conditions, to the four climatic scenarios based on IPCC 2007: : T and CO2

Control (present conditions); Mild T +1.5 °C/+200 CO2 ppm; Intermediary T +2.5 °C/+400

CO2 ppm and Extreme T +4.5 °C/+850 CO2 ppm. In all seedlings were measured:

concentrations of chlorophylls, fluorescence of a chlorophyll, height, stem base diameter,

number of leaves and biomass. The physiology and morphology of H. spruceana both not

flooded and flooded were influenced by climatic scenarios. The Extreme scenario has limited

the growth and physiology of plants not flooded, but favored these parameters in flooded

seedlings.

Key words: microcosms, climate change, CO2, temperature, flooding.

Page 20: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

10

INTRODUÇÃO

A alta precipitação na Amazônia provoca grandes oscilações anuais na descarga das

águas dos rios, resultando em áreas inundadas sazonalmente (Junk et al., 2011). As áreas

inundadas por rios de água branca de alta fertilidade constituem as várzeas, que cobrem

aproximadamente 400.000 km2 da região (Melack e Hess, 2010). Cerca de 70% dessas áreas

são cobertas por florestas, com mais de 1000 espécies arbóreas (Wittmann et al., 2006), que

sobrevivem à inundação parcial ou total por períodos de até 230 dias (Junk et al, 1989). A

inundação reduz o oxigênio no solo e limita o crescimento das plantas (Schlüter et al., 1993;

Kozlowski, 1984), levando a uma zonação de espécies arbóreas (Wittmann et al, 2010),

conforme sua tolerância diferencial ao estresse da inundação (Piedade et al. 2010)

Nas duas últimas décadas, os episódios de cheias e secas extremas vêm aumentando nas

áreas alagáveis amazônicas (Piedade et al., 2013), possivelmente devido às mudanças

climáticas. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (da sigla em inglês IPCC)

mostra um aumento nas temperaturas da atmosfera devido às emissões de gases de efeito

estufa. As médias da concentração de CO2 atmosférico atuais encontram-se em 400 ppm

(http://www.CO2now.org, 2015), sendo prognosticados até 2010 valores de 490 ppm no

cenário mais otimista a 1370 ppm no pior cenário. Para a Amazônia, os aumentos previstos

para 2010 nas temperaturas são entre 2,0 ºC e 7,0 ºC (IPCC, 2013).

O CO2 e a temperatura afetam o sistema climático terrestre e a fisiologia das plantas,

gerando respostas em seu crescimento e desenvolvimento (Morison e Lawlor 1999). Na

natureza, porém, situações mais complexas se apresentam, pois a elevação do CO2 será

acompanhada pelo aquecimento global e várias mudanças ambientais (Ramaswamy et al.,

2001), como por exemplo, interações entre a elevação do CO2 e da temperatura com o

alagamento (Megonigal et al., 2005). Diante da estreita relação da vegetação arbórea das

Page 21: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

11

áreas alagáveis com níveis específicos de inundação e de altura do relevo, qual será o futuro

dessa vegetação frente aos cenários de mudanças climáticas prognosticados para a Amazônia?

Uma das formas de responder a essa pergunta é utilizar microcosmos, onde variáveis

como o CO2, a temperatura e o alagamento podem ser controlados. Desta forma, foi escolhida

para este estudo a espécie Hevea spruceana (Benth.) Müll. Arg. (Euphorbiaceae), abundante

em florestas de várzea da Amazônia, e anteriormente estudada em condições de campo e

laboratório (Liberato, 2010), para avaliar a influência da inundação e do efeito combinado do

aumento da temperatura e do CO2 de diferentes cenários climáticos na resposta ecofisiológica

de plântulas para responder às seguintes perguntas: 1) A elevação da temperatura e das

concentrações de CO2 de diferentes cenários climáticos altera a fisiologia e a morfologia de

plântulas não inundadas de H. spruceana? 2) A inundação modifica as respostas fisiológicas e

morfológicas de H. spruceana frente aos mesmos cenários climáticos?

MATERIAL E MÉTODOS

Área de obtenção das plântulas

O material vegetal foi coletado na Costa do Catalão (S 03º11’ 00.4” W 059º 56’ 03.7”),

situado na margem esquerda do rio Solimões, cerca de 11 km a sudeste do porto fluvial de

Manaus (Figura 1). Embora essa região do Catalão tenha influência tanto das águas do rio

Negro (igapós, pobres e ácidos; Sioli, 1985), quanto do rio Solimões (várzeas, férteis e ricas

em sedimentos, Sioli, 1985) as características físicas e químicas predominantes na maior parte

do ciclo hidrológico permitem classificá-la como sendo da várzea (Brito et al., 2014).

Page 22: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

12

Figura 1. Localização da área de coleta das plântulas de Hevea spruceana utilizadas no estudo -

Costa do Catalão (várzea) na Amazônia Central. Fonte: INPE. Imagem Landsat TM

(05.12.1999).

Descrição da espécie em estudo

Hevea spruceana (Benth.) Müll. Arg. é uma espécie arbórea pertencente à família

Euphorbiaceae, conhecida popularmente como seringa barriguda. Possui distribuição pela

América Central, Amazônia Central, Ocidental e Equatorial. É uma espécie arbórea que

coloniza tanto ambientes de várzea quanto de igapó de água preta. Além de ser importante

ecologicamente nestes ambientes, produz látex em abundância que, misturado ao látex de

Hevea brasiliensis, é usado na fabricação de borracha. As sementes são utilizadas na produção

de artesanatos e segundo Goulding (1997) são consumidas por peixes de valor comercial. A

madeira, por sua vez, é utilizada na confecção de laminados (Wittmann et al., 2010; Brito et

al., 2008).

Procedimentos de coleta das plântulas e delineamento experimental

Plântulas de H. spruceana, com altura entre 20 e 30 cm foram coletadas em abril de

2013, e transplantadas ainda no campo para vasos plásticos de 2,5 L (13 cm de diâmetro

Page 23: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

13

basal, 16 cm em toda a abertura, e 15 cm de altura). Cada vaso recebeu um único indivíduo

com solo retirado do próprio local de coleta; cada vaso foi considerado uma unidade amostral.

As plântulas foram transportadas para o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA),

onde permaneceram em aclimatação em casa de vegetação durante dois meses, sendo

posteriormente submetidas aos experimentos descritos a seguir.

Experimento de disponibilidade hídrica do solo: 1) Solo não inundado – as plântulas

receberam regas a cada dois dias; 2) Solo inundado - as plântulas foram mantidas sob

inundação durante todo o período de experimentação. Para isso, cada vaso contendo um

indivíduo foi colocado em um balde de polietileno (12 L), onde foi acrescentada água

proveniente de poço artesiano do INPA, até 5 cm acima do solo. Uma trena foi utilizada para

assegurar que o nível da água sempre permanecesse a essa altura. Quinzenalmente a água era

trocada para manter condições adequadas de oxigênio e diminuir o efeito do potencial

acúmulo de toxinas resultantes da respiração anaeróbica (Ferreira et al., 2007).

Experimentos em microcosmos: Os microcosmos foram montados no Laboratório de

Genética e Evolução Molecular (LEEM), INPA/Manaus – AM. Esses microcosmos consistem

de quatro câmaras com concentração de CO2, temperatura e umidade controladas em tempo

real. Cada sala mede 4,0 x 3,0 m e possui um fotoperíodo diário de 12 h (12 h com luz e 12 h

sem luz) com intensidade do fluxo de fótons de 7,5 a 8,9 µmol m-2 s-1. O monitoramento das

condições climáticas no interior dos microcosmos é realizado diariamente a cada dois

minutos. As câmaras foram projetadas de acordo com os cenários climáticos previstos para

2100 pelo IPCC (2007): Brando (cenário B1), Intermediário (cenário B2) e Extremo (cenário

A2). Além destas, há uma câmara Controle que monitora em tempo real as condições atuais

de temperatura, concentração de CO2 e umidade no ambiente florestal circundante. Uma vez

que a temperatura ambiente e as concentrações de CO2 variam ao longo do dia, as câmaras

foram concebidas para simular essas flutuações que ocorrem ao longo de 24 horas (Tabela 1).

Page 24: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

14

A média anual de temperatura na cidade de Manaus é de 26,7 com pouca variação sazonal

entre 25,9 a 27,7 ºC (Alvares et al., 2013).

Cada tratamento nos microcosmos foi constituído por 20 plântulas de H. spruceana,

sendo 10 em solo não inundado e 10 em solo inundado, totalizando 80 plântulas. Os

experimentos tiveram duração de 115 dias, tendo sido realizados entre julho e novembro de

2013.

Tabela 1. Condições em tempo real (Controle) e projetadas de temperatura, CO2 e umidade relativa

nos microcosmos, conforme os cenários B1, B2 e A2 (IPCC, 2007).

Tratamento

(número)

Cenário do

IPCC

Temperatura (ºC) CO2 (ppm) Umidade

relativa (%)

Controle (1) - ± 27 ± 400 ± 75

Brando (2) B1 Controle + 1.5 Controle + 200 ± 75

Intermediário (3) B2 Controle + 2.5 Controle + 400 ± 75

Extremo (4) A2 Controle + 4.5 Controle + 850 ± 75

Parâmetros medidos

Aspectos fisiológicos

Concentração das clorofilas a, b e total: foi determinada quinzenalmente com medidor

eletrônico Clorofilog (CFL 1030, Falker, Porto Alegre, Brasil). Foram utilizadas folhas

completamente expandidas e situadas no terço médio da planta. As coletas de dados foram

efetuadas entre 09:00 e 12:00 h, sendo analisada uma folha por planta de cada indivíduo de

todos os tratamentos. Em cada folha foram feitas duas leituras, uma na face adaxial e outra na

face abaxial.

Os dados obtidos provenientes do medidor eletrônico foram correlacionados com a

clorofila extraível a partir de uma análise de regressão. Para esta finalidade foram

selecionadas 10 folhas. Em cada uma das 10 folhas foram realizadas 4 leituras na região

adaxial ao lado da nervura central com o medidor eletrônico. Logo em seguida, de cada folha

foram retirados 4 discos foliares, de 9 mm de diâmetro, dos mesmos pontos onde foram feitas

Page 25: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

15

as leituras com o medidor eletrônico. O teor de clorofila absoluto foi determinado pelo

método de Wellburn (1994), utilizando acetona 80%. A absorbância da clorofila foi medida

nos comprimentos de onda 663 e 645 nm, utilizando espectrofotômetro (Uvikon 930, Kontron

Instruments, Milano, Itália). As concentrações de clorofila a e b foram calculadas a partir das

equações descritas por Hendry e Price (1993): Chla (µmol. mm-2) = (12,7 x A663 – 2,69 x A645)

x 1,119 x V/1000 x unidade de área (mm-2); Chlb (µmol. mm-2) = (22,9 x A645 – 4,68 x A663) x

1,102 x V/1000 x unidade de área (mm-2). Onde A é a absorbância em determinado

comprimento de onda e V é o volume final do extrato de clorofila.

As quantidades de clorofilas a, b e total extraídas das folhas de Hevea spruceana

foram significativamente relacionadas às leituras do medidor portátil Clorofilog (clorofila a:

R2= 0,88; clorofila b: R2= 0,84; clorofila total: R2= 0,87; p< 0,001).

Fluorescência da clorofila a: A razão de fluorescência Fv/Fm, (Fv: fluorescência variável, Fm:

fluorescência máxima) indica a eficiência fotoquímica máxima do fotossistema II (PSII), e é

usada como um indicador da capacidade fotossintética nas plantas, sendo uma importante

característica fisiológica nos estudos relacionados aos vários tipos de estresses (Krause e

Weiss, 1991). Medições de Fv/Fm foram realizadas quinzenalmente em uma folha por

indivíduo localizada entre as 3 primeiras, do ápice para a base, por meio de um fluorômetro

portátil de luz modulada (PAM 2000, Walz, Effeltrich, Alemanha). As mensurações foram

feitas com o auxílio de pinças de metal acopladas ao sensor, colocadas na região mediana da

folha, na face adaxial. As folhas foram adaptadas ao escuro por 20 min antes da medição do

sinal de fluorescência, e em seguida iluminadas com pulso de luz de 3000 μmol. m-2. s-1.

A obtenção dos parâmetros foi conforme van Kooten e Snel (1990): fluorescência

inicial (F0), fluorescência máxima (Fm), fluorescência variável (Fv= F0-Fm) e a eficiência

intrínseca do fotossistema II (Fv/Fm), que mede a taxa relativa máxima da transferência de

elétrons no fotossistema II (PSII). Geralmente folhas saudáveis apresentam valores de Fv/Fm

Page 26: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

16

entre 0,66 e 0,80, e valores abaixo dessa faixa indicam que o PSII apresenta danos [para

diversas plantas do mundo em Bolhàr-Nordenkampf e Götzl, (1992); para diversas espécies

de áreas alagáveis em Waldhoff et al., (2000)].

Aspectos morfológicos e biomassa: O incremento do comprimento (cm) e o diâmetro (mm)

do colo caulinar foram tomados em todos os indivíduos, através da diferença das mensurações

realizadas no início e no final do experimento. O diâmetro do colo foi medido com

paquímetro digital em um ponto a um centímetro do solo, e a altura das plântulas com trena

posicionada desde a superfície do solo até atingir a gema apical. O número de folhas foi

contado a cada vinte dias. Quando os experimentos foram finalizados, as plântulas foram

retiradas dos vasos, lavadas cuidadosamente e fracionadas em folhas, caule e raiz. A obtenção

da massa seca foi realizada pela secagem do material vegetal em estufa de circulação forçada

(Heraeus e Memmert) a 75 ºC, até peso constante aferido em balança analítica (Bel Mark 210

A) com capacidade para 210 g e precisão de 0,0001g. Com esses valores, foram calculadas a

biomassa total e razão raiz: parte aérea (R/PA = Biomassa de raiz/Biomassa folhas e caule).

Análise estatística

A análise estatística foi realizada usando o software Systat 12 (SYSTAT, 2007). A

ANOVA foi utilizada para analisar os efeitos dos tratamentos nos aspectos morfológicos e

fisiológicos das plantas. Para verificar o efeito do tempo foi utilizada ANOVA de medidas

repetidas. Quando encontrada diferença entre os fatores foi utilizado o teste de Tukey (p

<0,05). Foi realizada análise de correlação entre o teor de clorofila relativo obtido por meio

do Clorofilog e o teor de clorofila extraível, tendo os teores de clorofila extraível como

variável independente (y) e os valores do Clorofilog como variável dependente (x).

Page 27: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

17

RESULTADOS

Durante todo o período experimental (julho a novembro de 2013) as condições

climáticas nos microcosmos variaram em resposta às condições ambientais (Tabela 2).

Tabela 2. Condições climáticas dos microcosmos durante o período experimental. Valores representam

média ± desvio padrão. Tratamento: Controle (1); Brando (2); Intermediário (3); Extremo (4).

O teor de clorofila a das folhas de H. spruceana não inundada foi afetado pelos

cenários climáticos (F= 4,03; p= 0,015), com os maiores teores encontrados no cenário

Intermediário (APÊNDICE A). O teor de clorofila a variou ao longo do tempo (F= 4,59; p<

0,001) entre os cenários climáticos. No final dos experimentos, aos 115 dias, as plântulas de

H. spruceana de todos os cenários climáticos exibiram maiores médias do conteúdo de

clorofila a em relação ao Controle (APÊNDICE A). Quando considerada a interação entre

tempo e cenários climáticos não houve diferença significativa entre os teores de clorofila a

(F= 1,28; p= 0,172). O teor de clorofila b variou significativamente ao longo do tempo (F=

10,60; p< 0,001), sendo observado maior teor desse pigmento aos 60 dias nos cenários

Brando (18,33 µmol.mol-1) e Intermediário (20,05 µmol.mol-1), em relação ao Controle (16,44

µmol.mol-1). O teor de clorofila total também apresentou diferença significativa (F= 11,19; p<

0,001) ao longo do tempo, apresentando maior média no final do experimento. O cenário

Intermediário apresentou maior valor médio (55,76 µmol.mol-1) em comparação com o

Brando (53,57 µmol.mol-1), o Extremo (52,62 µmol.mol-1) e o Controle (48,98 µmol.mol-1)

CO2 Temperatura (ºC) Umidade (%)

Cenários/

Meses 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4

Julho

408.61

±57.85

616.21

±46.0

828.31

±63.01

1255.56

±48.18

26.94

±1.04

28.71

±1.03

30.11

±1.33

31.44

±1.02

75.93

±2.46

77.02

±2.78

76.28

±3.22

75.21

±3.04

Agosto 521.31

±15.2

719.89

±26.67

944.04

±17.61

1361.0

±25.13

28.09

±1.09

29.29

±1.18

30.38

±1.05

32.24

±0.98

74.54

±3.15

73.66

±3.1

75.7

±2.93

72.22

±3.53

Setembro 524.62

±11.34

743.86

±11.48

957.66

±16.59

1382.31

±23.22

28.27

±1.85

29.12

±1.85

30.63

±1.21

32.63

±1.15

75.31

±3.73

73.74

±2.78

75.41

±2.68

72.09

±3.42

Outubro 533.33

±18.65

739.87

±19.68

954.15

±28.15

1388.62

±26.13

28.3

±1.45

29.69

±1.61

30.86

±1.46

33.21

±1.47

74.7

±3.83

73.9

±3.89

76.02

±3.42

72.57

±4.40

Novembro 536.77

±17.08

747.59

±15.08

953.67

±21.6

1367.88

±14.92

27.1

±1.05

28.38

±1.06

29.43

±1.02

31.93

±0.83

79.18

±2.05

77.83

±2.41

80.11

±2.06

78.48

±3.12

Page 28: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

18

(Figura 2; APÊNDICE A).

Nas plantas inundadas o teor de clorofila a foi influenciado pelos cenários climáticos

(F= 3,57; p= 0,024), pelo tempo (F= 6,30; p< 0,001) e pela interação tempo e cenários

climáticos (F= 4,50; p< 0,001). As maiores médias de clorofila a, em relação ao Controle,

foram encontradas no cenário Extremo (APÊNDICE A). No final do experimento, aos 115

dias, foi registrado o maior valor médio de clorofila a (39,36 µmol.mol-1). Os teores de

clorofila b e total foram afetados pelos cenários climáticos e pelo tempo (APÊNDICE B). O

cenário climático que apresentou as maiores médias de clorofila b em relação ao Controle foi

o cenário Extremo, com altas concentrações desde o início até o final dos experimentos, sendo

registrado aos 90 dias o maior valor médio (20,98 µmol.mol-1). Os maiores teores de clorofila

total também foram registrados no cenário Extremo em comparação com o Controle

(APÊNDICE A), sendo o maior teor de clorofila total observado no final do experimento, aos

115 dias (Figura 2; APÊNDICE A). A razão clorofila a/b apresentou diferença significativa

entre os cenários climáticos de plântulas não inundadas (F= 13,63; p< 0,001) e inundadas (F=

11,09; p< 0,001). Em plântulas não inundadas a razão variou de 2,33 a 2,90, e em plântulas

inundadas de 2,18 a 2,78 (Tabela 3).

A eficiência quântica (Fv/Fm) média de H. spruceana variou de 0,66 a 0,81 em

plântulas não inundadas ao longo do tempo experimental (F= 8,18; p< 0,001). Houve

diferenças significativas dos valores entre os cenários climáticos (F= 11,05; p< 0,001) e na

interação entre tempo e cenários (F= 2,28; p= 0,001). Não foram encontrados valores

indicativos de danos ao PSII (> 66).

Page 29: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

19

Figura 2. Média dos teores de clorofila a, b e total em folhas de Hevea spruceana ao longo do tempo

experimental nos quatro cenários climáticos Controle; Brando; Intermediário e

Extremo (para detalhes sobre os cenários ver Tabelas 1 e 2). À esquerda plântulas não inundadas

e à direita plântulas inundadas. A) e B) clorofila a; C) e D) clorofila b; E) e F) clorofila total.

Tabela 3. Razão clorofila a/b de plântulas inundadas e não inundadas em cada tratamento (para

detalhes sobre os cenários ver Tabelas 1 e 2). Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si

pelo teste de Tukey P ≤ 0,05. ± desvio padrão.

Cenários Não inundado Inundado

Controle 2,49 ± 0,78 b 2,78 ± 0,91 a

Brando 2,44 ± 0,63 b 2,18 ± 0,66 b

Intermediário 2,33 ± 0,75 b 2,68 ± 0,67 a

Extremo 2,90 ± 0,70 a 2,25 ± 0,70 b

Page 30: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

20

A razão Fv/Fm de plântulas inundadas variou de 0,80 a 0,63, ao longo do tempo (F=

7,34; p< 0,001). Houve diferença significativa entre tempo e os cenários climáticos (F= 2,26;

p< 0,001). No Controle inundado foram encontrados valores indicativos de estresse aos 15

dias (0,64), seguidos de uma recuperação aos 30 dias (0,68), declinando novamente aos 60

dias (0,65), seguindo então até o final do experimento sem valores indicativos de danos (>

0,66). No cenário Extremo foi encontrado valor indicativo de danos (0,63) somente no final

do experimento (Figura 3).

Figura 3. Média de Fv/Fm dos indivíduos de Hevea spruceana em solo não inundado (A) e

inundado (B) nos cenários climáticos: : Controle; Brando; Intermediário e

Extremo (para detalhes sobre os cenários ver Tabelas 1 e 2). Linha pontilhada indica o limite de

danos ao fotossistema II.

Page 31: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

21

A morfologia das plântulas de H. spruceana também foi afetada pelas condições

hídricas e pelo aumento da temperatura e das concentrações de CO2 proporcionados pelos

cenários climáticos dos microcosmos. Os indivíduos em ambas as condições hídricas do solo

apresentaram diferença significativa no incremento do comprimento do caule entre os

cenários climáticos (Figura 4). Nas plântulas não inundadas (F= 3,79; p= 0,018), as maiores

médias ocorreram no cenário Brando (15,77 cm) em relação às do Controle (6,49 cm). Já nas

plântulas inundadas (F= 4,03; p= 0,014), as maiores médias no incremento do comprimento

foram observadas no cenário Extremo (14,93 cm) em relação ao Controle (6,39 cm).

Figura 4. Incremento do comprimento do caule de plântulas de Hevea spruceana em solo inundado e

não inundado nos cenários climáticos testados (para detalhes sobre os cenários ver Tabelas 1 e 2).

O incremento em diâmetro do colo caulinar dos indivíduos de H. spruceana que

estavam em solo não inundado não foi alterado pelos cenários climáticos (F= 0,51; p= 0,623)

(Figura 5), enquanto que o incremento do diâmetro do colo dos indivíduos inundados mostrou

diferenças estatísticas significativas entre os tratamentos (F= 3,71; p= 0,020) (Figura 5). No

cenário Brando as médias foram maiores (0,61 mm), com valores próximos àqueles do

Page 32: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

22

tratamento Extremo (0,60 mm); no cenário Intermediário (0,27 mm) as médias foram

inferiores às do Controle (0,32 mm).

Figura 5. Incremento do diâmetro do colo caulinar de plântulas de Hevea spruceana em solo

inundado e não inundado nos cenários climáticos testados (para detalhes sobre os cenários ver

Tabelas 1 e 2).

A produção de folhas nas plântulas de H. spruceana ocorreu durante todo o período

experimental. Plântulas em solo não inundado apresentaram, em relação à condição inicial

dos experimentos, maior número de folhas produzidas no cenário Brando com um aumento de

98,27%, seguido do Extremo com 94,64% de aumento, Intermediário com 69,09% de

aumento e, por último, o Controle, que foi o único tratamento no qual houve uma redução de

13,33% na quantidade de folhas produzidas em relação à condição inicial dos experimentos.

Para as plantas que estavam inundadas, a maior produção de folhas, em relação ao início dos

experimentos se deu na ordem decrescente de temperatura e CO2 dos cenários climáticos,

tendo sido observados aumentos de 103,57% no cenário Extremo, 76,78% no cenário

Intermediário, 62,79% no cenário Brando e 57,78% no Controle (Figura 6).

Page 33: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

23

1

A

B

Figura 6. Média do número de folhas das plântulas de Hevea spruceana de várzea ao longo do tempo

nos diferentes cenários climáticos: Controle; Brando; Intermediário e

Extremo (para detalhes sobre os cenários ver Tabelas 1 e 2). A) Plântulas não inundadas B) Plântulas

inundadas.

Foram observadas diferenças significativas na incorporação de biomassa de H.

spruceana em condição não inundada entre os cenários (Figura 7A), tanto na biomassa total

(F= 2,94; p= 0,046), quanto na biomassa das folhas (F= 4,76; p= 0,007). Em todos os cenários

houve maior incorporação de biomassa total em relação ao Controle (3,39 g), com maior

incorporação no cenário Brando (5,95 g), declinando no Intermediário (4,63 g) e no Extremo

(4,54 g). Para as plântulas inundadas, em nenhuma das frações, raiz (F= 0,14; p= 0,932), caule

(F= 0,36; p= 0,782) e folhas (F= 2,01; p= 0,131) foram encontradas diferenças significativas

Page 34: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

24

na biomassa entre os tratamentos (Figura 7B).

Figura 7. Biomassa total (parte aérea + raiz) de Hevea spruceana nos cenários climáticos testados

(para detalhes sobre os cenários ver Tabelas 1e 2). A) Plântulas não inundadas; B) Plântulas inundadas.

DISCUSSÃO

Alguns aspectos morfológicos e fisiológicos de Hevea spruceana foram afetados pela

inundação e pela elevação do CO2 e da temperatura dos cenários climáticos testados no

presente estudo. Os resultados das concentrações de clorofila mostraram que,

independentemente da inundação e do aumento da temperatura e do CO2, a planta manteve

Page 35: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

25

sua atividade fotossintética. Os pigmentos cloroplastídicos estão ligados à eficiência

fotossintética e à adaptação a vários ambientes (Engel e Poggianni, 1991), sendo a clorofila a

a molécula responsável pela captura da energia usada na fotossíntese (Marenco e Lopes,

2005). Em plântulas não inundadas os maiores teores de clorofila a e total foram encontrados

no cenário Intermediário (T+ 2,5 ºC; CO2 400 ppm) e os menores no Extremo (T+ 4,5 ºC;

CO2 +850 ppm), no qual as temperaturas chegavam a valores entre 31 e 33 ºC. Esta redução

da clorofila a em plantas submetidas a temperaturas mais elevadas pode estar indicando

algum dano direto no aparelho fotossintético (Wise et al., 2004), devido a mudanças na

membrana tilacóide e alteração das propriedades físico-químicas e na organização funcional

dessas estruturas celulares (Berry e Björkman, 1980). Entretanto, esse efeito parece haver sido

atenuado pela inundação, pois nas plântulas inundadas, os maiores teores de clorofila a foram

medidos no tratamento Extremo, e os menores no Brando (T+1,5 ºC; CO2 + 200 ppm). De

fato, é reportado que as espécies de várzea possuem seu aparelho fisiológico altamente

adaptado ao pulso de inundação, como observado para Senna reticulata, que mesmo quando

inundada por uma coluna de água de 4 m com poucas folhas acima da superfície da água

apresentou uma taxa de assimilação de CO2 15% mais elevada do que aquela de indivíduos

não inundados (Parolin, 2001a). Da mesma forma, durante a inundação, várias espécies

arbóreas da várzea apresentaram picos de assimilação de CO2 (Piedade et al., 2000).

A razão clorofila a/b de H. spruceana foi elevada tanto em plântulas inundadas quanto

em não inundadas e em todos os cenários climáticos, principalmente no Extremo. Geralmente

a proporção de clorofila a e b diminui com a redução da luminosidade, devido a uma maior

proporção relativa de clorofila b em ambiente sombreado (Kozlowski et al., 1991), como

encontrado por Almeida et al. (2004) em Cryptocarya aschersoniana. As plântulas de H.

spruceana estavam em câmaras climáticas cuja intensidade do fluxo de fótons era de 7,5 a 8,9

µmol m-2 s-1, o que pode ter influenciado a obtenção de altos valores de razão clorofila a/b. A

Page 36: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

26

proporção das clorofilas muda de acordo com a intensidade luminosa, deficiência nutricional

ou em resposta à senescência das folhas (Engel e Poggianni, 1991). Pantoja (2011) encontrou

alta razão clorofila a/b na herbácea aquática Montrichardia arborescens tendo relacionado

esses valores elevados à concentração de nitrogênio, que segundo Furch e Junk (1997) é um

elemento relativamente abundante nos ecossistemas de várzea e de igapó. Possivelmente isso

pode também explicar os altos valores de razão clorofila a/b em H. spruceana, já que as

plântulas foram mantidas crescendo no solo da várzea.

A análise da fluorescência da clorofila a tem sido uma ferramenta importante no

diagnóstico da saúde foliar. Os valores de eficiência quântica do PSII (Fv/Fm) de folhas

saudáveis geralmente compreendem entre 0,80 a 0,66, e valores abaixo desses indicam que o

PSII está sofrendo danos estruturais [para diversas plantas do mundo em Bolhàr-

Nordenkampf e Götzl, (1992); para diversas espécies de áreas alagáveis em Waldhoff et al.,

(2000)]. Neste estudo, em H. spruceana a maior parte dos valores de Fv/Fm foi acima de

0,66, assim como encontrado em outros experimentos de inundação com espécies arbóreas de

áreas alagáveis amazônicas. Pouteria glomerata em tratamentos não inundados, parcial e

totalmente inundados apresentou valores de Fv/Fm acima de 0,68 (Maurenza et al., 2011).

Waldhoff et al. (2002) analisando folhas submersas, a 1 metro de profundidade, de Symmeria

paniculata encontraram médias de Fv/Fm acima de 0,66, indicando que o aparelho

fotoquímico não sofreu danos. Em estudos realizados por Parolin (2001b) com 6 espécies de

várzea adaptadas ao alagamento Cecropia latiloba, Senna reticulata, Nectandra amazonum,

Crateva benthami, Tabebuia barbata e Vitex cymosa em condições não inundadas (controle),

inundadas, submersas e de seca, os valores médios de Fv/Fm em todas as condições e em

todas as plantas foram superiores a 0,72, ou seja, o aparelho fotoquímico estava saudável.

Somente Senna reticulata na condição de seca apresentou média de Fv/Fm no limite inferior

de danos irreversíveis (<0,66; Bolhàr-Nordenkampf e Götzl, 1992). Em alguns momentos

Page 37: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

27

durante o período experimental Fv/Fm de H. spruceana atingiu valores abaixo de 0,66 (0,63),

em plântulas inundadas. Apesar disto, a espécie não alcançou valores muito críticos e mostrou

se recuperar ao longo do tempo, pelo aumento dos valores de Fv/Fm e também pela produção

de biomassa. Isso mostra a grande tolerância de H. spruceana a ambientes inundáveis, visto

que em ambiente natural a espécie ocupa as posições mais baixas do gradiente de inundação

(Wittmann et al., 2010), chegando a ficar até 210 dias ininterruptos alagada, necessitando, por

sua vez, ajustar sua fisiologia e morfologia para sobreviver a longos períodos nesses

ambientes.

Nas concentrações de CO2 da atmosfera atual, a fotossíntese de plantas C3 está

limitada pela pequena quantidade de CO2 em relação ao O2 presente na atmosfera, mas

quando essa concentração de CO2 é aumentada, as plantas exibem elevado crescimento

causado pelo aumento da atividade carboxilase da Rubisco e a consequente redução da

fotorrespiração (Drake e González-Meler, 1997; Long, 2004). No entanto, altas temperaturas

podem levar a um aumento da fotorrespiração e da respiração mitocondrial, além de poderem

levar à redução da assimilação de carbono devido a seu efeito em processos fotoquímicos, ou

pelo aumento na fotorrespiração (Ishida et al., 1999; Pons e Welschen, 2003). As plântulas de

H. spruceana não inundadas apresentaram valores superiores de comprimento do caule,

biomassa total e número de folhas em condições mais amenas de concentração de CO2 e

temperatura, que prevaleceram no cenário Brando (T +1.5, CO2 +200 ppm). Por outro lado,

para as plântulas inundadas, o maior comprimento do caule e a maior produção de folhas foi

nas condições de concentração de CO2 e temperatura mais elevadas encontradas no cenário

Extremo (T +4,5; CO2 + 850 ppm), mas as maiores médias de diâmetro do colo foram obtidas

no cenário Brando, indicando que a energia das plantas neste tratamento foi alocada para

alongar o caule, fugindo da inundação. Essa característica observada para a espécie já foi

reportada para as espécies arbóreas que habitam as áreas inundáveis da Amazônia por Parolin

Page 38: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

28

(2002), que categoriza o crescimento das plantas que habitam esses ambientes em duas

estratégias: a tolerância e o escape da submersão. Entretanto, no presente estudo, a mesma

espécie, H. spruceana, parece lançar mão das duas estratégias em condições inundadas e não

inundadas, indicando a grande plasticidade fenotípica da planta, conforme já reportado por

Liberato (2010). Contudo, considerando que a planta ocorre preferencialmente nas cotas mais

baixas de inundação, estudos futuros para confirmar ou não essa estratégia da espécie ainda se

fazem necessários.

As respostas morfológicas exibidas por H. spruceana são compatíveis com outros

estudos dos efeitos da elevada concentração de CO2 em espécies arbóreas, onde a maioria das

espécies estudadas mostrou um aumento no ganho de carbono e no crescimento (Morison e

Lawlor, 1999) como resultado do enriquecimento com o CO2. Entretanto a interação do CO2

com outros fatores abióticos como a temperatura e o alagamento pode alterar

significativamente a resposta das plantas a esse gás (Grandis et al., 2010). Segundo Long

(1991), o efeito de enriquecimento do CO2 pode não se manifestar caso fatores estressantes

possam limitar o crescimento. O alagamento se configura em um fator estressante que pode

limitar a resposta de crescimento das plantas, devido às mudanças físicas, químicas e

biológicas que promovem alterações na qualidade do solo tornando-o hipóxico e até mesmo

anóxico nas várzeas amazônicas (Piedade et al., 2010). No entanto, o grau de tolerância à

inundação de plantas que habitam os ecossistemas de várzea varia entre as espécies e sua

posição no gradiente de inundação (Parolin et al., 2004) e H. spruceana parece enquadrar-se

entre as espécies com grande tolerância à inundação.

Um dos poucos estudos que tratam do efeito interativo do alagamento e da elevação

das concentrações de CO2 em plantas lenhosas (350 e 700 µL. L-1) foi conduzido com

Taxodium distichum, uma espécie de conífera arbórea adaptada à inundação, e nele foi

verificado que altas taxas fotossintéticas resultaram em um aumento na produção de biomassa

Page 39: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

29

nas plântulas dos tratamentos não alagados, mas que o efeito negativo causado pelo

alagamento limitou a resposta de crescimento das plântulas sob elevação de CO2 (Megonigal

et al., 2005), porém, este não foi o padrão verificado para H. spruceana.

Geralmente plantas que crescem em atmosfera com elevadas concentrações de CO2

exibem um aumento de biomassa devido a maiores taxas de fotossíntese (Grandis et al.,

2010). O acúmulo de biomassa e sua partição entre os diferentes órgãos depende tanto do

balanço líquido de carbono, como da sequência de abertura e expansão dos órgãos da planta

(Morison e Lawlor, 1999). O incremento na biomassa é provavelmente correlacionado com a

diminuição da fotorrespiração, que ocorre em altas concentrações de CO2 como resultado da

baixa atividade de oxigenação da Rubisco (Aidar et al., 2002), como encontrado para

plântulas de Senna reticulata crescendo em atmosfera enriquecida com 760 µmol. mol-1 de

CO2, que apresentaram 30% de aumento na biomassa total no final dos experimentos

(Arenque et al, 2014).

A diferença na biomassa total encontrada para H. spruceana foi decorrente da

diferença encontrada na biomassa das folhas, refletindo assim uma maior alocação de recursos

na parte aérea do que nas raízes. De fato, a elevação do CO2 é relatada como promovendo

maior quantidade de folhas por planta (Buckeridge et al., 2008). Resultados semelhantes

foram encontrados para Hymenaea courbaril crescendo em atmosfera enriquecida de CO2

(720 ppm) onde um alto investimento na parte aérea se deu pela mudança na concentração do

CO2, favorecendo o aumento na capacidade de sequestrar carbono durante o estabelecimento

da plântula (Aidar et al., 2002). Nesse estudo, em nenhum momento as plântulas de H.

spruceana perderam todas as folhas. Segundo Maia e Piedade (2002), que acompanharam a

fenologia da espécie durante todo o ciclo hidrológico, ela pode ser classificada como

semidecídua, pois mesmo no pico de senescência ainda mantém uma pequena porcentagem de

folhas na copa. Esse comportamento dos indivíduos adultos em condições de campo, também

Page 40: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

30

observado para as plântulas em todos os cenários estudados, pode representar uma estratégia

vantajosa para a planta enfrentar as mudanças sazonais observadas nas áreas inundáveis

amazônicas (Schöngart et al., 2002).

No presente estudo, somente as plântulas não inundadas mostraram ter sido

negativamente influenciadas pelos cenários climáticos mais elevados quanto à incorporação

de carbono, apresentando maior incorporação em concentrações intermediárias de CO2 e

temperaturas mais amenas (cenário Brando), declinando com os cenários de CO2 e

temperatura mais elevados (Intermediário e Extremo). Considerando o efeito interativo da

elevação do CO2 e da temperatura, Buckeridge et al., (2008) afirmam que o efeito da

temperatura poderá se somar aos efeitos do enriquecimento do CO2, aumentando os efeitos

positivos sobre as plantas. No entanto, se as temperaturas aumentarem demasiadamente, esse

parâmetro poderá passar a anular os efeitos do enriquecimento do CO2, fazendo com que este

efeito desapareça ou se torne negativo.

Por outro lado, o aumento das concentrações de CO2 pode interagir com os efeitos

negativos causados pela inundação, amenizando-os (Grandis et al., 2010; Buckeridge et al.

2008). Para Senna reticulata, na fase terrestre e com altas concentrações de CO2 (+760

µmol.mol-1) as plântulas responderam positivamente com aumento na fotossíntese e no

acúmulo de biomassa. No entanto, quando submetidas à inundação parcial, as plântulas

responderam ao que os autores descrevem como “efeito tampão” causado pelo CO2 aos

efeitos da inundação, o que reduziu, portanto, o impacto na diminuição do acúmulo da

biomassa total notado durante situações de alagamento (Arenque et al., 2014). Entretanto,

para H. spruceana a inundação parece não gerar efeitos negativos tão intensos, pois a planta

manteve sua atividade fotossintética e foi capaz de se alongar nas condições impostas pelos

cenários climáticos.

Page 41: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

31

Sendo assim, independente da inundação, H. spruceana respondeu aos efeitos da

elevação do CO2 e da temperatura. No entanto, as plântulas de tratamento não inundado

tiveram seu crescimento limitado em condições mais extremas, mas nas plântulas que estavam

em condição de inundação parcial o crescimento foi estimulado sob tais condições.

Diferentemente de Senna reticulata, que quando completamente inundada morre (Parolin,

2001a), H. spruceana se mostrou bastante tolerante à inundação em todo o ciclo anual

(Liberato, 2010). Isto indica que H. spruceana parece ser uma planta extremamente adaptada

às áreas alagáveis amazônicas, podendo inclusive melhorar seu comportamento fisiológico,

caso o alagamento seja combinado ao aumento do CO2 e da temperatura.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela concessão

da bolsa de estudos. Ao Grupo de Monitoramento de Áreas Úmidas - MAUA, INCT

ADAPTA e Laboratório de Genética e Evolução Molecular (LEMM), pelo suporte financeiro,

equipamentos e infraestrutura destinada à pesquisa. Ao barqueiro Mário Picanço e aos

técnicos Valdeney Azevedo, Elizabeth Rebouças e Celso Rabelo pelo auxílio nas coletas.

Jéssica Souza, Fernanda Dragan e Elessandra Gomes pelo apoio técnico nos microcosmos.

BIBLIOGRAFIA CITADA

Aidar, M. P. M.; Martinez, C. A.; Costa, A. C.; Costa, P. M. F.; Dietrich, S. M. C.; Buckeridge,

M. S. 2002. Effect of atmospheric CO2 enrichment on the stablishment of seedlings of Jatobá,

Hymenaea courbaril L. (Leguminosae, Caesopinoideae). Biota Neotropica, 2(1): 2-10.

Almeida, L. P.; Alvarenga, A. A.; Castro, E. M.; Zanela, S. M.; Vieira, C. V. 2004.

Crescimento inicial de plantas de Cryptocaria aschersoniana Mez. submetidas a níveis de

radiação solar. Ciência rural, 34, 1: 83-88.

Page 42: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

32

Alvares, C. A.; Satape, J. L.; Sentelhas, P. C.; de Moraes, G.; Leonardo, J.; Sparovek, G. 2013.

Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, 22 (6): 711-728.

Arenque, B. C.; Grandis, A.; Pocius, O.; Souza, A. P.; Buckeridge, M. S. 2014. Responses of

Senna reticulata, a legume tree from the Amazonian floodplains, to elevated atmospheric CO2

concentration and waterlogging. Trees, 28 (4): 1021-1034.

Berry, J.; Björkman, O. 1980. Photosynthetic response and adaptation to temperature in higher

plants. Annual Review of Plant Physiology, 31: 491-543.

Bolhàr-Nordenkampf, H.R.; Götzl, M. 1992. Chlorophyllfluoreszenz als Indikator der mit der

Seehöhe zunehmenden Streßbelastung von Fichtennadeln. FBVA-Berichte Schriftenreihe der

Forstlichen Bundesversuchsanstalt, 67:119-131.

Brito, J. M. de; Wittmann, F.; Schöngart, J.; Piedade, M. T. F.; Silva, R. P. 2008. Guia de 42

Espécies Madeireiras da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - Tefé/AM.

IDSM-OS, Tefé. 148p.

Brito, J. G.; Alves, L. F.; Espírito Santo, M. V. 2014. Seasonal and spatial variations in

limnological conditions of a floodplain lake (Lake Catalão) connected to both the Solimões

and Negro Rivers, Central Amazonia. Acta Amazonica, 44(1): 121-134.

Buckeridge, M. S.; Aidar, M. P. M.; Martinez, C. A.; Silva, E. A. 2008. Respostas de plantas

às mudanças climáticas globais. In: Buckeridge, M. S (org.). Biologia das mudanças

climáticas no Brasil. Ed. Rima, São Carlos, p.77-92.

CO2 now. Atmospheric CO2. Disponível em: (http://co2now.org/current-co2/co2-now/)

Acesso em: 29/01/2014.

Drake, B. G.; González-Meler, M. A. 1997. More efficient plants: a consequence of rising

atmospheric CO2? Annual Review Plant Physiology Plant Molecular Biology, 48:609–639.

Engel, V. L.; Poggiani, F. 1991. Estudo da concentração de clorofila nas folhas e seu espectro

de absorção de luz em função do sombreamento em mudas de quatro espécies florestais

nativas. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, 3: 39-45.

Ferreira, C. S.; Piedade, M. T. F.; Junk, W. J.; Parolin, P. 2007. Floodplain and upland

populations of Amazonian Himatanthus sucuuba: Effects of flooding on germination,

seedling growth and mortality. Environmental and Experimental Botany 60: 477–483.

Furch, K.; Junk, W. 1997. Physicochemical conditions in the floodplains. In: The Amazon

Floodplain, Ecological Studies (W.J. Junk, ed.). Springer-Verlag, Berlin Heidelberg, 71-108.

Grandis, A.; Godói, S.; Buckeridge, M. S. 2010. Respostas fisiológicas de plantas amazônicas

de regiões alagadas às mudanças climáticas globais. Revista Brasileira de Botânica 33, 1:1-

12.

Goulding, M. História natural dos rios amazônicos. Brasília: Sociedade Civil

Mamirauá/CNPq/Rainforest Alliance, 1997.

Page 43: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

33

Hendry, G. A. F.; Price, A. H. 1993. Stress indicators: chlorophylls and carotenoids. In:

Hendry, G. A. F.; Grime, J. P. (eds), Methods in Comparative Plant Ecology, Chapman e Hall,

London, 148-152.

IPCC, 2007: Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II

and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change

[Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. IPCC, Geneva, Switzerland, 104

p.

IPCC, 2013: Summary for Policymakers. In: Climate Change 2013: The Physical Science

Basis. Contribution of Working Group I to the Fifth Assessment Report of the

Intergovernmental Panel on Climate Change [Stocker, T.F., D. Qin, G.-K. Plattner, M. Tignor,

S. K. Allen, J. Boschung, A. Nauels, Y. Xia, V. Bex and P.M. Midgley (eds.)]. Cambridge

University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA.

Ishida, A.; Nakano, T.; Matsumoto, Y.; Sakoda, M.; Ang, L. H. 1999. Diurnal changes in leaf

gas exchange and chlorophyll fluorescence in tropical tree species with contrasting light

requirements. Ecological Research, 14: 77-88.

Junk, W. J.; Bayley, P. B.; Sparks, R. E. 1989. The flood pulse concept in river-floodplain-

systems. In: Dodge, D.P. (ed.): Proceedings of the International Large River Symposium.

Canadian Special Publication of Fisheries and Aquatic Sciences, 106:110-127.

Junk, W. J.; Piedade, M. T. F.; Schöngart, J.; Cohn-Haft, M.; Adeney, J. M.; Wittmann, F. A.

2011. Classification of Major Naturally-Occurring Amazonian Lowland Wetlands. Wetlands,

31: 623–640.

Kozlowski, T. T. 1984. Plant responses to flooding of soil. BioScience, 34, 3:162-167.

Kozlowski, T. T.; Kramer, P. J.; Pallardy, S. G. 1991. The physiological ecology of woody

plants. London: Academic, 657p.

Krause, G. H.; Weiss, E. 1991. Chlorophyll fluorescence and photosynthesis: the

basics. Annual Review Plant Physiology Plant Molecular Biology, 42: 313-349.

Liberato M. A. 2010. Metabolismo e emissão de compostos orgânicos voláteis por Hevea

spruceana (Benth.) Mull. Arg. em diferentes ecossistemas inundáveis da Amazônia Central.

Tese de Doutorado. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Universidade Federal do

Amazonas, Manaus, Amazonas, 123p.

Long, S. P. 1991. Modification of the response of photosynthetic productivity to rising

temperature by atmospheric CO2 concentrations: Has its importance bee underestimated?

Plant Cell Environment, 14: 729­739.

Long, S. P.; Ainsworth, E. A.; Rogers, A.; Ort, D. R. 2004. Rising atmospheric carbon

dioxide: plants FACE the future. Annual Review of Plant Biology, 55: 591-628.

Maia, L. A.; Piedade, M. T. F. 2002. Influência do pulso de inundação na fenologia foliar e

conteúdo de clorofila em duas espécies da floresta de igapó da Amazônia Central, Brasil. Acta

Amazonica, 32(1): 55-64.

Page 44: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

34

Marenco, R. A.; Lopes, N. F. 2005. Fisiologia vegetal: fotossíntese, respiração, relações

hídricas e nutrição mineral. Viçosa-MG, Editora UFV, 451p.

Maurenza, D. O.; Marenco, R. A.; Parolin, P.; Piedade, M. T. F. 2011. Physiological responses

to flooding and light in two tree species native to Amazonian floodplains. Aquatic Botany. 96:

7-13.

Megonigal, J. P.; Vann, C. D.; Wolf, A. A. 2005. Flooding constraints on tree (Taxodium

distichum) and herb growth responses to elevated CO2. Wetlands, 25, 2: 430–438.

Melack, J. M.; Hess, L. L. 2010. Remote sensing of the distribution and extent of wetlands in

the Amazon basin. In: Junk, W. J.; Piedade, M. T. F.; Wittmann, F.; Schöngart, J.; Parolin, P.

(eds.). Amazon floodplain forests: Ecophysiology, biodiversity and sustainable management.

Springer, Ecological Studies, 43-59.

Morison, J. I. L.; Lawlor, D. W. 1999. Interactions between increasing CO2 concentration and

temperature on plant growth. Plant Cell and Environment, 22: 659-682.

Pantoja, P. O. Comparação ecofisiológica e de atributos de crescimento das herbáceas

aquáticas Montrichardia linifera (Arruda) Schott e M. arborescens (L.) Schott em tipologias

alagáveis contrastantes na Amazônia Central. Dissertação de mestrado. Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, 82p.

Parolin, P. 2001 a. Senna reticulata, a pioneer tree from Amazonian várzea floodplains.

Botanical Review, 67:239–254.

Parolin, P. 2001 b. Morphological and physiological adjustments to waterlogging and drought

in seedlings of Amazonian flooplain trees. Oecologia, 128: 326-335.

Parolin, P. 2002. Submergence tolerance vs. escape from submergence: two strategies of

seedling establishment in Amazonian floodplains. Environmental and Experimental Botany,

48: 177-186.

Parolin, P.; De-Simone, O.; Haase, K.; Waldhoff, D.; Rottenberger, S.; Kuhn, U.; Kesselmeier,

J.; Kleiss, B.; Schmidt, W.; Piedade, M. T. F;. Junk, W. J. 2004. Central Amazonian

floodplains: tree adaptations a pulsing system. The Botanical Review. 70(3): 357-380.

Piedade, M. T. F.; Junk, W. J.; Parolin, P. 2000. The flood and photosynthetic response of trees

in a white water floodplain (várzea) of the Central Amazon, Brazil. Verhandlungen des

Internationalen Verein Limnologie, 27:1734-1739.

Piedade, M. T. F.; Ferreira, C. S.; Oliveira-Wittmann, A.; Buckeridge, M.; Parolin, P. 2010.

Biochemistry of amazonian floodplain trees. In: Junk, W. J.; Piedade, M. T. F.; Wittmann, F.;

Schöngart, J.; Parolin, P. (Eds.) Amazonian floodplain forests: ecophysiology, biodiversity and

sustainable management. Ecological Studies 210. Springer, Heidelberg, p: 127–139.

Piedade, M. T. F.; Schöngart, J.; Wittmann, F.; Parolin, P.; Junk, W. 2013. Impactos da

inundação e seca na vegetação de áreas alagáveis amazônicas. In: Borma, L.S.; Nobre, C.

(Org.). Secas na Amazônia: causas e consequências. 1ed. São Paulo: Oficina de Textos, 268-

305.

Page 45: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

35

Pons, T. L.; Welschen, R. A. M. 2003. Midday depression of net photosynthesis in the tropical

rainforest tree Eperua grandiflora: contributions of stomatal and internal conductances,

respiration and Rubisco functioning. Tree Physiology, 23: 937-947.

Ramaswamy, V.; Boucher, O.; Haigh, J.; Hauglustaine, D.; Haywood, J.; Myhre, G.;

Nakajima, T.; Shi, G. Y.; Solomon, S. 2001. Radiative forcing of climate change. p. 236–287.

In J. T. Houghton, Y. Ding, D. J. Griggs, M. Noguer, P. J. van der Linden, X. Dai, K. Maskell,

and C. A. Johnson (eds.) Climate Change 2001: The Scientific Basis. Contribution of Working

Group I to the Third Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change.

Cambridge University Press, Cambridge, UK.

Schlüter, U. B.; Furch, B.; Joly, C. A. 1993. Physiological and anatomical adaptations by

young Astrocaryum jauari Mart (Arecaceae) in periodically inundated biotopes of Central

Amazonia. Biotropica, 25, 4: 384–396.

Schöngart, J.; Piedade, M. T. F.; Ludwigshausen, S.; Horna, V.; Worbes, M. 2002. Phenology

and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain forests. Journal of

Tropical Ecology, 18:581-597.

Sioli, H. 1985. Amazônia: Fundamentos da ecologia da maior região de florestas tropicais.

3ªed. Vozes, Petrópolis. 72p.

Systat Inc. 2007. SYSTAT 12 SYSTAT Software Inc.

Van Kooten, O.; Snel, J. F. H. 1990. The use of chlorophyll fluorescence nomenclature in

plant stress physiology. Photosynthesis Research, 25:147-150.

Waldhoff, D.; Junk, W. J.; Furch, B. 2000. Comparative measurements of chlorophyll a

parameters of Nectandra amazonum under different environmental conditions in climate

controlled chambers. Verhandlungen des Internationalen Verein Limnologie, 27, 2052-2056.

Waldhoff, D.; Furch, B.; Junk, W. J. 2002. Fluorescence parameters, chlorophyll

concentration, and anatomical features as indicators for flood adaptation of an abundant tree

species in Cantral Amazonia: Symmeria paniculata. Envionmental and Experimental Botany,

48: 225-235.

Wellburn, A. R. 1994. The spectral determination of chlorophylls a and b, as well as total

carotenoids, using various solvents with spectrophotometers of different resolution. Journal

Plant Physiology, 144: 307-313.

Wise, R. R.; Olson, A. J.; Schrader, S. M.; Sharkey, T. D. 2004. Electron transport is the

functional limitation of photosynthesis in field-grown Pima cotton plants at high temperature.

Plant, Cell and Environment, 27: 717-724.

Wittmann, F.; Schöngart, J.; Montero, J.C.; Motzer, T.; Junk, W. J.; Piedade, M. T. F.;

Queiroz, H. L.; Worbes, M. 2006. Tree species composition and diversity gradients in white-

water forests across the Amazon basin. Journal of Biogeography, 33(8): 1334–1347.

Page 46: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

36

Wittmann, F.; Schöngart, J.; Brito, J. M. de; Oliveira-Wittmann, A.; Piedade, M. T. F.;

Parolin, P.; Junk, W. J.; Guillaumet, J. L. 2010. Manual de árvores de várzea da Amazônia

Central: taxonomia, ecologia e uso. Editora INPA, Manaus.

CONCLUSÕES

Este estudo mostrou que a fisiologia e a morfologia das plântulas não inundadas de H.

spruceana foram influenciadas pela elevação em conjunto do CO2 e da temperatura dos

cenários climáticos testados, contudo, a eficiência quântica do FSII demonstrou que as plantas

em todos os tratamentos não sofreram danos irreversíveis no aparelho fotossintético.

O cenário Brando favoreceu o crescimento em altura, a produção de folhas e a

alocação de biomassa na parte aérea. Porém, o cenário Extremo favoreceu uma maior razão

clorofila a/b, e as condições do cenário Intermediário promoveram um aumento na

concentração de clorofilas. Isso parece sugerir que H. spruceana utiliza diferentes estratégias

para ajustar seu metabolismo às condições ambientais, e assim garantir a manutenção do

processo fotossintético, mesmo quando sob diferentes estresses ambientais.

A inundação alterou a eficiência quântica do PSII, e modificou as respostas

fisiológicas e morfológicas de plantas jovens de H. spruceana. A maior amplitude de

respostas se deu nos cenários Intermediário e Extremo onde ocorreu maior produção de

folhas, as concentrações de clorofilas e a razão clorofila a/b foram favorecidas, promovendo

aumento no comprimento do caule. Por outro lado, o cenário Brando favoreceu o aumento do

diâmetro caulinar.

Os resultados obtidos nesse trabalho sugerem que H. spruceana estabelecida em áreas

de várzea apresenta comportamento fisiológico ajustável às condições ambientais e, portanto,

capaz de se adaptar a diferentes cenários de alagação combinada ao aumento de temperatura e

CO2 atmosférico, podendo melhorar seu comportamento fisiológico nessas condições.

Page 47: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aidar, M. P. M.; Martinez, C. A.; Costa, A. C.; Costa, P. M. F.; Dietrich, S. M. C.; Buckeridge,

M. S. 2002. Effect of atmospheric CO2 enrichment on the stablishment of seedlings of Jatobá,

Hymenaea courbaril L. (Leguminosae, Caesopinoideae). Biota Neotropica, 2(1): 2-10.

Almeida, L. P.; Alvarenga, A. A.; Castro, E. M.; Zanela, S. M.; Vieira, C. V. 2004.

Crescimento inicial de plantas de Cryptocaria aschersoniana Mez. submetidas a níveis de

radiação solar. Ciência rural, 34, 1: 83-88.

Alvares, C. A.; Satape, J. L.; Sentelhas, P. C.; de Moraes, G.; Leonardo, J.; Sparovek, G. 2013.

Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, 22 (6): 711-728.

Arenque, B. C.; Grandis, A.; Pocius, O.; Souza, A. P.; Buckeridge, M. S. 2014. Responses of

Senna reticulata, a legume tree from the Amazonian floodplains, to elevated atmospheric CO2

concentration and waterlogging. Trees, 28 (4): 1021-1034.

Berry, J.; Björkman, O. 1980. Photosynthetic response and adaptation to temperature in higher

plants. Annual Review of Plant Physiology, 31: 491-543.

Bolhàr-Nordenkampf, H.R.; Götzl, M. 1992. Chlorophyllfluoreszenz als Indikator der mit der

Seehöhe zunehmenden Streßbelastung von Fichtennadeln. FBVA-Berichte Schriftenreihe der

Forstlichen Bundesversuchsanstalt, 67:119-131.

Brito, J. M. de; Wittmann, F.; Schöngart, J.; Piedade, M. T. F.; Silva, R. P. 2008. Guia de 42

Espécies Madeireiras da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá - Tefé/AM.

IDSM-OS, Tefé. 148p.

Brito, J. G.; Alves, L. F.; Espírito Santo, M. V. 2014. Seasonal and spatial variations in

limnological conditions of a floodplain lake (Lake Catalão) connected to both the Solimões

and Negro Rivers, Central Amazonia. Acta Amazonica, 44(1): 121-134.

Buckeridge, M.S.; Aidar, M.P.M. 2002. Carbon sequestration in the rain forest: alternatives

using environmentally friendly biotechnology. Biota Neotropica, 2(1): 1-5.

Buckeridge, M.S.; Aidar, M.P.M.; Martinez, C.A.; Silva, E.A. 2008. Respostas de plantas às

mudanças climáticas globais. In: Buckeridge, M.S (org.). Biologia das mudanças climáticas

no Brasil. Ed. Rima, São Carlos, p.77-92.

Ciais, P.; Sabine, C.; Bala, G.; Bopp, L.; Brovkin, V.; Canadell, J.; et al. 2013: Carbon and

Other Biogeochemical Cycles. In: Climate Change 2013: The Physical Science Basis.

Contribution of Working Group I to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental

Panel on Climate Change [Stocker, T.F., D. Qin, G.-K. Plattner, M. Tignor, S.K. Allen, J.

Boschung, A. Nauels, Y. Xia, V. Bex and P.M. Midgley (eds.)]. Cambridge University Press,

Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA.

Page 48: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

38

CO2 now. Atmospheric CO2. Disponível em: < http://co2now.org/current-co2/co2-now/>

Acesso em: 29 jan. 2015.

Drake, B. G.; González-Meler, M. A. 1997. More efficient plants: a consequence of rising

atmospheric CO2? Annual Review Plant Physiology Plant Molecular Biology, 48:609–639.

Engel, V. L.; Poggiani, F. 1991. Estudo da concentração de clorofila nas folhas e seu espectro

de absorção de luz em função do sombreamento em mudas de quatro espécies florestais

nativas. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, 3: 39-45.

Ferreira, C.; Piedade, M. T. F.; Parolin, P.; Barbosa, K. M. 2005. Tolerância de Himatanthus

sucuuba Wood. (Apocynaceae) ao alagamento na Amazônia Central. Acta bot. bras.,

19(3):425-429.

Ferreira, C. S.; Piedade, M. T. F.; Junk, W. J.; Parolin, P. 2007. Floodplain and upland

populations of Amazonian Himatanthus sucuuba: Effects of flooding on germination,

seedling growth and mortality. Environmental and Experimental Botany 60: 477–483.

Furch, K.; Junk, W. 1997. Physicochemical conditions in the floodplains. In: The Amazon

Floodplain, Ecological Studies (W.J. Junk, ed.). Springer-Verlag, Berlin Heidelberg, 71-108.

Grandis, A.; Godói, S.; Buckeridge, M.S. 2010. Respostas fisiológicas de plantas amazônicas

de regiões alagadas às mudanças climáticas globais. Revista Brasil. Bot. 33, 1: 1-12.

Goulding, M. História natural dos rios amazônicos. Brasília: Sociedade Civil

Mamirauá/CNPq/Rainforest Alliance, 1997.

Hendry, G. A. F.; Price, A. H. 1993. Stress indicators: chlorophylls and carotenoids. In:

Hendry, G. A. F.; Grime, J. P. (eds), Methods in Comparative Plant Ecology, Chapman e Hall,

London, 148-152.

IPCC, 2007: Climate Change 2007: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II

and III to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change

[Core Writing Team, Pachauri, R.K and Reisinger, A. (eds.)]. IPCC, Geneva, Switzerland, 104

p.

IPCC, 2013: Summary for Policymakers. In: Climate Change 2013: The Physical Science

Basis. Contribution of Working Group I to the Fifth Assessment Report of the

Intergovernmental Panel on Climate Change [Stocker, T.F., D. Qin, G.-K. Plattner, M. Tignor,

S. K. Allen, J. Boschung, A. Nauels, Y. Xia, V. Bex and P.M. Midgley (eds.)]. Cambridge

University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA.

Ishida, A.; Nakano, T.; Matsumoto, Y.; Sakoda, M.; Ang, L. H. 1999. Diurnal changes in leaf

gas exchange and chlorophyll fluorescence in tropical tree species with contrasting light

requirements. Ecological Research, 14: 77-88.

Junk, W. J.; Bayley, P. B.; Sparks, R. E. 1989. The flood pulse concept in river-floodplain-

systems. In: Dodge, D.P. (ed.): Proceedings of the International Large River Symposium.

Canadian Special Publication of Fisheries and Aquatic Sciences, 106:110-127.

Page 49: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

39

Junk, W. J. 1983. As águas da Região Amazônica. In: Salati, E.; Junk, J. W.; Schubart, H. O.

R.; Oliveira, A. E. (Ed.) Amazônia: desenvolvimento, integração e ecologia. São Paulo:

Brasiliense, 1983. p: 14-44.

Junk, W. J.; Piedade, M. T. F.; Schöngart, J.; Cohn-Haft, M.; Adeney, J. M.; Wittmann, F. A.

2011. Classification of Major Naturally-Occurring Amazonian Lowland Wetlands. Wetlands,

31: 623–640.

Kozlowski, T. T. 1984. Plant responses to flooding of soil. BioScience, 34, 3:162-167.

Kozlowski, T. T.; Kramer, P. J.; Pallardy, S. G. 1991. The physiological ecology of woody

plants. London: Academic, 657p.

Krause, G. H.; Weiss, E. 1991. Chlorophyll fluorescence and photosynthesis: the

basics. Annual Review Plant Physiology Plant Molecular Biology, 42: 313-349.

Larcher, W. 2000. Ecofisiologia Vegetal. Rima, São Carlos, 531p.

Liberato M. A. 2010. Metabolismo e emissão de compostos orgânicos voláteis por Hevea

spruceana (Benth.) Mull. Arg. em diferentes ecossistemas inundáveis da Amazônia Central.

Tese de Doutorado. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia/Universidade Federal do

Amazonas, Manaus, Amazonas, 123p.

Long, S. P. 1991. Modification of the response of photosynthetic productivity to rising

temperature by atmospheric CO2 concentrations: Has its importance bee underestimated?

Plant Cell Environment, 14: 729­739.

Long, S. P.; Ainsworth, E. A.; Rogers, A.; Ort, D. R. 2004. Rising atmospheric carbon

dioxide: plants FACE the future. Annual Review of Plant Biology, 55: 591-628.

Lüthi, D.; Floch, M. L.; Bereiter, B.; Blunier, T.; Barnola, J. M.; Siegenthaler, U.; et al. 2008.

High-resolution carbon dioxide concentration record 650,000–800,000 years before present.

Nature, 453:379-382.

Maia, L. A.; Piedade, M. T. F. 2002. Influência do pulso de inundação na fenologia foliar e

conteúdo de clorofila em duas espécies da floresta de igapó da Amazônia Central, Brasil. Acta

Amazonica, 32(1): 55-64.

Marenco, R. A.; Lopes, N. F. 2005. Fisiologia vegetal: fotossíntese, respiração, relações

hídricas e nutrição mineral. Viçosa-MG, Editora UFV, 451p.

Maurenza, D. O.; Marenco, R. A.; Parolin, P.; Piedade, M. T. F. 2011. Physiological responses

to flooding and light in two tree species native to Amazonian floodplains. Aquatic Botany. 96:

7-13.

Megonigal, J. P.; Vann, C. D.; Wolf, A. A. 2005. Flooding constraints on tree (Taxodium

distichum) and herb growth responses to elevated CO2. Wetlands, 25, 2: 430–438.

Melack, J. M.; Hess, L. L. 2010. Remote sensing of the distribution and extent of wetlands in

the Amazon basin. In: Junk, W. J.; Piedade, M. T. F.; Wittmann, F.; Schöngart, J.; Parolin, P.

Page 50: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

40

(eds.). Amazon floodplain forests: Ecophysiology, biodiversity and sustainable management.

Springer, Ecological Studies, 43-59.

Morison, J. I. L.; Lawlor, D. W. 1999. Interactions between increasing CO2 concentration and

temperature on plant growth. Plant Cell and Environment. 22: 659-682.

Pantoja, P. O. Comparação ecofisiológica e de atributos de crescimento das herbáceas

aquáticas Montrichardia linifera (Arruda) Schott e M. arborescens (L.) Schott em tipologias

alagáveis contrastantes na Amazônia Central. Dissertação de mestrado. Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, 82p.

Parolin, P. 2001 a. Senna reticulata, a pioneer tree from Amazonian várzea floodplains.

Botanical Review, 67:239–254.

Parolin, P. 2001 b. Morphological and physiological adjustments to waterlogging and drought

in seedlings of Amazonian flooplain trees. Oecologia, 128: 326-335.

Parolin, P. 2002. Submergence tolerance vs. escape from submergence: two strategies of

seedling establishment in Amazonian floodplains. Environmental and Experimental Botany,

48: 177-186.

Parolin, P.; De-Simone, O.; Haase, K.; Waldhoff, D.; Rottenberger, S.; Kuhn, U.; Kesselmeier,

J.; Kleiss, B.; Schmidt, W.; Piedade, M. T. F;. Junk, W. J. 2004. Central Amazonian

floodplains: tree adaptations a pulsing system. The Botanical Review. 70(3): 357-380.

Parolin, P.; Lucas, C.; Piedade, M. T. F.; Wittmann, F. 2010. Drought responses of flood-

tolerant trees in Amazonian floodplains. Annals of Botany, 105(1): 129-139.

Piedade, M. T. F.; Junk, W. J.; Parolin, P. 2000. The flood and photosynthetic response of trees

in a white water floodplain (várzea) of the Central Amazon, Brazil. Verhandlungen des

Internationalen Verein Limnologie, 27:1734-1739.

Piedade, M.T.F.; Ferreira, C.S.; Oliveira-Wittmann, A.; Buckeridge, M.S.; Parolin, P. 2010.

Biochemistry of Amazonian floodplain trees. In: Junk, W.J.; Piedade, M.T.F.; Schöngart, J.;

Parolin, P. (Eds). Amazonian floodplain forests: Ecophysiology, biodiversity and sustainable

management. Ecological Studies. Dordrecht, Springer. p. 127-139.

Piedade, M. T. F.; Schöngart, J.; Wittmann, F.; Parolin, P.; Junk, W. 2013. Impactos da

inundação e seca na vegetação de áreas alagáveis amazônicas. In: Borma, L.S.; Nobre, C..

(Org.). Secas na Amazônia: causas e consequências. 1ed. São Paulo: Oficina de Textos, 268-

305.

Pons, T. L.; Welschen, R. A. M. 2003. Midday depression of net photosynthesis in the tropical

rainforest tree Eperua grandiflora: contributions of stomatal and internal conductances,

respiration and Rubisco functioning. Tree Physiology, 23: 937-947.

Ramaswamy, V.; Boucher, O.; Haigh, J.; Hauglustaine, D.; Haywood, J.; Myhre, G.;

Nakajima, T.; Shi, G. Y.; Solomon, S. 2001. Radiative forcing of climate change. p. 236–287.

In J. T. Houghton, Y. Ding, D. J. Griggs, M. Noguer, P. J. van der Linden, X. Dai, K. Maskell,

and C. A. Johnson (eds.) Climate Change 2001: The Scientific Basis. Contribution of Working

Page 51: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

41

Group I to the Third Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change.

Cambridge University Press, Cambridge, UK.

Sage, R. 2002. How terrestrial organisms sense, signal and respond to carbon dioxide.

Integrative and Comparative Biology, 42:469-480.

Sage, R.F.; Kubien, D. The temperature response of C3 and C4 photosynthesis. Plant, Cell and

Environment 30, 1086-1106.

Schöngart, J.; Piedade, M. T. F.; Ludwigshausen, S.; Horna, V.; Worbes, M. 2002. Phenology

and stem-growth periodicity of tree species in Amazonian floodplain forests. Journal of

Tropical Ecology, 18:581-597.

Schlüter, U. B.; Furch, B.; Joly, C. A. 1993. Physiological and anatomical adaptations by

young Astrocaryum jauari Mart (Arecaceae) in periodically inundated biotopes of Central

Amazonia. Biotropica, 25, 4: 384–396.

Sioli, H. 1985. Amazônia: Fundamentos da ecologia da maior região de florestas tropicais.

3ªed. Vozes, Petrópolis. 72p.

Systat Inc. 2007. SYSTAT 12 SYSTAT Software Inc.

Van Kooten, O.; Snel, J. F. H. 1990. The use of chlorophyll fluorescence nomenclature in

plant stress physiology. Photosynthesis Research, 25:147-150.

Waldhoff, D.; Junk, W. J.; Furch, B. 2000. Comparative measurements of chlorophyll a

parameters of Nectandra amazonum under different environmental conditions in climate

controlled chambers. Verhandlungen des Internationalen Verein Limnologie, 27, 2052-2056.

Waldhoff, D.; Furch, B.; Junk, W. J. 2002. Fluorescence parameters, chlorophyll

concentration, and anatomical features as indicators for flood adaptation of an abundant tree

species in Cantral Amazonia: Symmeria paniculata. Envionmental and Experimental Botany,

48: 225-235.

Wellburn, A. R. 1994. The spectral determination of chlorophylls a and b, as well as total

carotenoids, using various solvents with spectrophotometers of different resolution. Journal

Plant Physiology, 144: 307-313.

Wise, R. R.; Olson, A. J.; Schrader, S. M.; Sharkey, T. D. 2004. Electron transport is the

functional limitation of photosynthesis in field-grown Pima cotton plants at high temperature.

Plant, Cell and Environment, 27: 717-724.

Wittmann, F.; Schöngart, J.; Montero, J.C.; Motzer, T.; Junk, W.J.; Piedade, M.T.F.; Queiroz,

H.L.; Worbes, M. 2006. Tree species composition and diversity gradients in white-water

forests across the Amazon basin. Journal of Biogeography, 33(8): 1334–1347.

Wittmann, F.; Schöngart, J.; Brito, J.M. de; Oliveira-Wittmann, A.; Piedade, M.T.F.; Parolin,

P.; Junk, W.J.; Guillaumet, J.L. 2010. Manual de árvores de várzea da Amazônia Central:

taxonomia, ecologia e uso. Editora INPA, Manaus.

Page 52: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

42

APÊNDICE A. Média ± desvio padrão das concentrações de clorofila a, b e total nos tratamentos

Controle, Brando, Intermediário e Extremo em plântulas de H. spruceana não inundada e inundada.

Não inundado

Cenários

Clorofila a

Controle

Brando

Intermediário

Extremo

Tempo

1 37,05 ± 0,76 37,57 ± 0,98 37,70 ± 0,78 37,04 ± 1,53

15 37,46 ± 1,55 37,74 ± 0,65 37,95 ± 0,60 37,58 ± 1,03

30 38,39 ± 0,82 38,27 ± 0,98 38,35 ± 1,22 38,63 ± 1,39

45 38,77 ± 1,17 38,64 ± 0,83 38,71 ± 1,08 37,84 ± 0,90

60 38,09 ± 0,84 38,47 ± 0,90 38,72 ± 1,18 38,17 ± 1,21

75 38,92 ± 1,02 38,89 ± 1,11 39,04 ± 1,17 38,50 ± 1,43

90 38,13 ± 2,31 38,78 ± 1,08 38,81 ± 1,29 38,44 ± 1,11

105 38,61 ± 1,50 38,39 ± 1,14 38,84 ± 0,82 38,42 ± 1,09

115 34,61 ± 1,48 38,73 ± 2,36 39,07 ± 1,16 38,40 ± 1,42

Clorofila b

1 12,33 ± 5,46 12,09 ± 2,73 13,04 ± 4,28 12,16 ± 4,44

15 14,77 ± 5,24 13,97 ± 2,87 14,32 ± 3,08 13,02 ± 4,28

30 16,30 ± 4,20 14,81 ± 3,18 15,92 ± 5,01 12,58 ± 3,15

45 18,32 ± 6,01 16,44 ± 2,86 18,48 ± 6,55 12,95 ± 3,04

60 16,44 ± 5,63 18,33 ± 5,28 20,05 ± 5,15 13,21 ± 2,33

75 17,79 ± 5,54 18,60 ± 5,25 21,21 ± 6,77 14,60 ± 4,11

90 17,14 ± 5,73 18,75 ± 8,28 19,37 ± 4,79 13,64 ± 3,55

105 18,28 ± 7,68 17,08 ± 5,90 18,92 ± 5,21 13,84 ± 3,88

115 15,87 ± 9,41 15,66 ± 3,57 18,36 ± 7,18 14,91 ± 4,95

Clorofila total

1 49,02 ± 4,39 49,63 ± 3,04 50,43 ± 3,54 48,90 ± 4,68

15 51,16 ± 4,94 51,07 ± 2,46 51,59 ± 2,61 50,23 ± 4,03

30 53,48 ± 3,18 52,38 ± 2,67 53,18 ± 4,39 51,49 ± 3,26

45 55,27 ± 4,62 53,93 ± 2,17 55,31 ± 5,05 50,58 ± 2,95

60 53,12 ± 3,91 54,88 ± 3,64 56,32 ± 3,80 51,22 ± 2,68

75 55,18 ± 3,75 55,66 ± 3,65 57,51 ± 5,03 52,56 ± 3,98

90 54,17 ± 4,81 55,59 ± 6,16 56,02 ± 3,81 51,88 ± 3,02

105 55,04 ± 5,92 54,47 ± 4,39 55,79 ± 4,00 51,97 ± 3,08

115 48,98 ± 7,15 53,57 ± 5,01 55,76 ± 5,38 52,62 ± 4,17

Inundado

Clorofila a

1 36,96 ± 1,34 34,20 ± 1,02 36,89 ± 0,53 37,63 ± 0,84

15 37,52 ± 0,97 34,22 ± 1,62 37,26 ± 1,16 37,95 ± 0,87

30 37,87 ± 1,20 34,89 ± 1,15 38,22 ± 1,09 38,84 ± 1,21

45 38,56 ± 1,32 34,86 ± 1,00 38,34 ± 0,67 38,65 ± 0,91

60 38,23 ± 1,47 35,00 ± 1,02 38,79 ± 1,13 38,94 ± 0,99

75 38,43 ± 2,06 35,12 ± 1,04 38,71 ± 0,97 38,65 ± 2,23

90 38,25 ± 1,25 34,79 ± 0,88 38,91 ± 0,97 38,93 ± 0,85

105 38,16 ± 1,53 33,68 ± 3,54 38,72 ± 1,11 39,26 ± 0,85

115 37,63 ± 1,87 35,87 ± 0,92 34,99 ± 1,09 39,36 ± 1,13

Page 53: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

43

Continuação: APÊNDICE A. Média ± desvio padrão das concentrações de clorofila a, b e total

nos tratamentos Controle, Brando, Intermediário e Extremo. NI – plantas não inundadas e I –

plantas inundadas.

Clorofila b Inundado

Cenários

Tempo Controle Brando Intermediário Extremo

1 11,93 ± 3,61 11,57 ± 3,22 10,43 ± 1,37 14,92 ± 4,88

15 13,83 ± 3,71 14,57 ± 3,56 11,98 ± 2,70 14,87 ± 4,86

30 13,53 ± 3,35 14,82 ± 4,34 13,68 ± 2,38 16,43 ± 5,43

45 15,68 ± 5,49 15,59 ± 4,55 14,31 ± 1,87 16,92 ± 5,41

60 16,55 ± 6,04 17,29 ± 4,85 15,79 ± 3,08 18,44 ± 5,55

75 15,07 ± 4,59 17,73 ± 5,18 16,12 ± 3,41 20,84 ± 5,86

90 14,85 ± 5,15 17,52 ± 4,51 16,46 ± 3,75 20,98 ± 4,68

105 15,86 ± 7,13 20,19 ± 6,23 15,74 ± 5,40 18,57 ± 5,91

115 15,11 ± 9,10 20,61 ± 6,28 15,35 ± 4,87 19,28 ± 4,46

Clorofila total

1 48,65 ± 4,16 45,68 ± 3,30 47,60 ± 1,54 51,49 ± 4,03

15 50,66 ± 3,58 47,58 ± 4,24 49,12 ± 3,19 51,93 ± 4,12

30 50,99 ± 3,39 48,74 ± 3,35 51,59 ± 2,26 54,23 ± 3,99

45 53,33 ± 4,76 49,16 ± 3,82 52,15 ± 1,59 54,25 ± 4,11

60 53,41 ± 5,20 50,44 ± 3,38 53,78 ± 2,96 55,63 ± 3,71

75 52,76 ± 5,07 50,88 ± 3,38 53,83 ± 2,93 57,51 ± 3,95

90 52,36 ± 4,23 50,29 ± 3,76 54,34 ± 2,83 57,20 ± 2,93

105 52,86 ± 6,12 52,07 ± 5,65 53,61 ± 4,50 56,18 ± 4,46

115 51,63 ± 7,72 53,79 ± 4,53 49,20 ± 4,01 56,77 ± 3,26

Page 54: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

44

APÊNDICE B. Resultado da ANOVA de medidas repetidas para as variáveis tempo, cenário

climático e suas interações para: clorofila a, b, total e Fv/Fm. NI – plantas não inundadas e I –

plantas inundadas.

Efeito DF F-ratio p-value

Clorofila a – NI

Tempo (T) 8 4.594 0.000

Cenário (C) 3 4.030 0.015

Interação T x C 24 1.285 0.172

Clorofila a – I

Tempo (T) 8 6.302 0.000

Cenário (C) 3 3.575 0.024

Interação T x C 24 4.496 0.000

Clorofila b – NI

Tempo (T) 8 10.600 0.000

Cenário (C) 3 2.123 0.115

Interação T x C 24 0.886 0.622

Clorofila b – I

Tempo (T) 8 13.585 0.000

Cenário (C) 3 2.896 0.049

Interação T x C 24 1.045 0.409

Clorofila total – NI

Tempo (T) 8 11.199 0.000

Cenário (C) 3 2.615 0.066

Interação T x C 24 0.688 0.862

Clorofila total – I

Tempo (T) 8 13.497 0.000

Cenário (C) 3 3.301 0.032

Interação T x C 24 1.158 0.281

Fv/Fm – NI

Tempo (T) 8 8.181 0.000

Cenário (C) 3 11.059 0.000

Interação T x C 24 2.279 0.001

Fv/Fm – I

Tempo (T) 8 7.343 0.000

Cenário (C) 3 0.809 0.497

Interação T x C 24 2.264 0.001

Page 55: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

45

ANEXO A. Ata da qualificação

Page 56: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA … · Capítulo único (manuscrito formatado de acordo com as normas da Acta Amazonica) ..... 6 Resumo

46

ANEXO B. Ata da defesa