agroflorestas na paisagem amazonica

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AGROFLORESTAS NA PAISAGEM AMAZÔNICA GUIA DE CAMPO PARA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS NOS VALES DOS RIOS TARAUACÁ, ENVIRA E PURUS 2014 CARTILHA BR

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Agroflorestas na Paisagem Amazonica

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  • AGROFLORESTAS NA PAISAGEM AMAZNICA

    GUIA DE CAMPO PARA IMPLANTAO DE SISTEMAS AGROFLORESTAIS

    NOS VALES DOS RIOS TARAUAC, ENVIRA E PURUS2014

    CARTILHABR

  • WWF-BRASIL

    Secretaria GeralMaria Cecilia Wey de Brito

    Superintendncia de ConservaoMauro Jos Capossoli Armelin

    Coordenao do Programa AmazniaMarco LentiniRicardo Mello

    FICHA TCNICA

    EdioFernanda Melonio da Costa WWF-BrasilFlavio Quental Rodrigues WWF-Brasil

    TextoFlavio Quental Rodrigues WWF-BrasilAdriano Alex Santos e Rosrio Secretaria de Estado de Meio Ambiente do AcreMarinelson de Oliveira Brilhante Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Acre

    RevisoFernanda Melonio da Costa WWF-Brasil

    FotosFlavio Quental Rodrigues WWF-Brasil

    IlustraesClaudelicy Menezes de Lima WWF-Brasil

    Design grficoGuilherme K. Noronha gknoronha.com ISBN: 978-85-86440-81-6

  • 1SUMRIO

    Introduo 3A ecologia de orestas tropicais como princpio fundamental no desenvolvimento de agroorestas 5Planejamento agroorestal 9Sementes e materiais reprodutivos 15Tcnicas de implantao e manejo agroorestal 22Sugestes de arranjos agroorestais para os vales do Tarauac, Envira e Purus 27Referncias 29

  • 2

  • 3INTRODUONa Amaznia brasileira, a ocupao desordenada e a falta de planejamento do uso da terra e ma-nejo dos recursos naturais favorecem o desmata-mento e a extrao ilegal de madeira. O ciclo de desenvolvimento pautado na explorao ma-deireira e substituio da oresta por pastagens dura de 20 a 25 anos, gerando prosperidade e crescimento, seguido de decadncia e degrada-o dos recursos naturais. Este modelo desenvol-vimentista caracterizado por um ilusrio e rpi-do crescimento econmico nos primeiros anos de sua implementao, seguido de um severo decl-nio em renda, emprego e arrecadao de impos-tos (SCHNEIDER, ET AL., 2000).

    O desenvolvimento regional baseado na agroeco-logia tem sido uma das alternativas a este mode-lo predatrio de explorao dos recursos natu-rais. As agroorestas, tambm conhecidas como Sistemas Agroorestais (SAFs), termo utilizado para designar um amplo conjunto de sistemas produtivos que combinam espcies agrcolas e/ou animais com espcies orestais, tm a rvore como componente fundamental, buscando aliar produo com conservao dos recursos natu-rais. So vistas, ainda, como uma forma de dimi-nuir a presso de desmatamento sobre reas de oresta primria provocada pela agricultura de corte e queima praticada na regio Amaznica.

    Visando evitar o ciclo histrico de rodovias = desmatamento, o WWF-Brasil, em parceria com atores locais, vem contribuindo com a imple-mentao de uma proposta de desenvolvimento mais sustentvel nos vales dos Rios Tarauac, Envira e Purus, no Estado do Acre, regio corta-da pela recm-pavimentada Rodovia Federal BR-364, grande obra de infraestrutura que possibili-ta a integrao com o centro-sul do pas de uma extensa regio isolada e bem preservada da Ama-znia, historicamente ocupada por populaes indgenas e comunidades agroextrativistas.

    Atravs do Projeto Protegendo Florestas, apoia-do pela rede de televiso Sky do Reino Unido, so desenvolvidas aes de apoio produo sustentvel em base orestal e agroorestal, bus-cando incluso social e fortalecimento das as-sociaes e cooperativas existentes na regio. O projeto no se limita a promover mudanas de prticas agrcolas: trata-se de uma mudana no paradigma que rege os processos de desenvolvi-mento e de formulao de polticas pblicas.

    Assim, em consonncia com o Plano Nacional de Agroecologia e Produo Orgnica, e com o Pro-grama Estadual de Desenvolvimento Sustent-vel do Acre, o Projeto Protegendo Florestas tem contribudo efetivamente no desenvolvimento e integrao de aes voltadas ao fortalecimento da agroecologia e da produo orgnica na regio, proporcionando segurana alimentar e nutricio-nal s famlias com conservao e uso sustentvel dos recursos naturais; alm da construo e socia-lizao do conhecimento agroecolgico atravs da realizao de oficinas, cursos e intercmbios em reas de produtores; da formao e instrumen-talizao de professores das escolas rurais com metodologias e materiais didticos adaptados realidade local, apoio rede de Assistncia Tcni-ca e Extenso Rural (ATER), e remunerao por performance ambiental atravs do pagamento de bnus s famlias em processo de converso agro-ecolgica das unidades produtivas familiares.

    Este guia, voltado a tcnicos extensionistas, pro-fessores das escolas rurais e produtores-multipli-cadores, tem como objetivo fornecer informaes tcnicas, fazer perguntas de estmulo e propor-cionar acesso a dicas prticas para auxiliar no planejamento, manejo e implantao de agroo-restas, contribuindo com a disseminao do uso de boas prticas produtivas e conservao dos re-cursos naturais da regio.

  • 4

  • 5Por que o roado no sistema de derruba e queima no produz mais depois de dois ou trs anos sendo cultivado com espcies agrcolas como arroz, milho, feijo e mandioca?Aps poucos anos de cultivo, o roado no sistema

    de derruba e queima praticado tradicionalmente na Amaznia abando-nado e entra em pousio para que a capoeira cresa e recupere a fertili-dade do solo.

    Com o abandono da rea, diversas espcies de ervas e arbustos comeam a crescer e criar um ambiente favorvel ao desenvolvimento de rvores de rpido crescimento e das espcies arbreas que iro compor a oresta do futuro, fenmeno natural conhecido como sucesso ecolgica. Aps um perodo em pousio, que pode variar de dois a dez anos ou mais, depen-dendo da capacidade de regenerao da vegetao e das necessidades das famlias, a rea novamente derrubada e queimada, reiniciando o ciclo de cultivo com espcies agrcolas anuais.

    Este sistema de uso da terra, quando praticado por pequenas comunida-des que vivem e produzem em extensas reas bem preservadas, provoca impacto ambiental reduzido, no muito superior ao ocasionado por per-turbaes naturais que ocorrem com frequncia em orestas tropicais. Nessas condies, a vegetao consegue regenerar atravs das sementes e plntulas j existentes na rea, bem como da disperso de sementes orestais trazidas pelos animais, vento e gua, com ganho em biomassa e restabelecimento da ciclagem de nutrientes, permitindo seu uso nova-mente para agricultura.

    Por outro lado, se a presso sobre o ambiente for maior que sua capaci-dade de regenerao, ocorrer a degradao dos recursos naturais, como se observa em projetos de assentamento e posses rurais nos vales dos rios Tarauac, Envira e Purus, onde as reas orestais esto sendo rapi-damente ocupadas por plantas consideradas indicadores de solos degra-dados, como o sap (Imperata spp.), ou por pastagens pouco produtivas, provocando o avano descontrolado do desmatamento em novas reas de oresta primria.

    A sucesso ecolgica de espcies em uma rea de oresta recm-desma-tada comea com o estabelecimento de uma enorme diversidade de plan-tas herbceas e arbustivas de rpido crescimento trazidas pelo vento, pela gua ou por animais, que ocupam a rea em alta densidade. Muitas outras espcies que j estavam presentes na rea, compondo o banco de semen-tes, germinam com a entrada de luz e aumento da temperatura causada

    A ECOLOGIA DE FLORESTAS TROPICAIS COMO PRINCPIO FUNDAMENTAL NO

    DESENVOLVIMENTO DE AGROFLORESTAS

    Sucesso ecolgica um fen-meno natural que ocorre em orestas tropicais, caracterizado pela substituio contnua de espcies ao longo do tempo. A partir da abertura de uma clareira na oresta, causada, por exemplo, pela queda de uma grande rvore, o ambiente transformado pela ao de uma sucesso de comu-nidades vegetais e animais, com acmulo de biomassa e aumento do armazenamento e ciclagem de nutrientes, at novamente formar uma oresta de dossel fechado. Odum, E.; 1983

    Na natureza, todos os elementos qumicos, inclusive os elementos essenciais s plantas, como clcio, fsforo, potssio, nitrognio, ferro e enxofre, tendem a circular do ambiente aos organismos e des-tes, novamente, ao ambiente. As principais vias de ciclagem de nu-trientes so pela decomposio da matria orgnica atravs da ao de microorganismos, como tam-bm pelas excrees dos animais, atravs da simbiose microbiana, ou por meios fsicos envolvendo a ao direta da energia solar.Odum, E.; 1983

  • 6pela maior exposio luz solar. As mudas de rvores que estavam na parte mais sombreada da oresta tambm vo se beneficiar com a entrada de luz e voltaro a se desenvolver, ganhando altura e acumulando matria vegetal (biomassa), enquanto outras espcies arbreas so gradualmente trazidas principalmente pela fauna, em especial mamferos e aves.

    As ervas e arbustos que do-minam a rea no incio da sucesso ecolgica possuem ciclo de vida curto, crescen-do e criando um microclima favorvel ao desenvolvimen-to das rvores e palmeiras de ciclo de vida mais longo. Quando entram na fase de senescncia e morrem, essas plantas que primeiro coloni-zaram a rea abrem espao para o desenvolvimento das

    espcies arbreas e palmeiras de ciclo de vida mais longo, com toda a bio-massa acumulada entrando em decomposio pela ao de microorganis-mos do solo, disponibilizando nutrientes para as plantas que iro domi-nar os prximos estgios (seres) da sucesso ecolgica.

    Com a oresta se desenvolvendo e atingindo um estgio adulto, fica mais evidente a estratificao das espcies, ou seja, as rvores mais altas ocu-pam o dossel e outras ficam no sub-bosque, enquanto muitas palmeiras ocupam o estrato mdio. Existem tambm as grandes rvores da oresta, como a samama e o currimboque, chamadas de emergentes, pois ultra-passam o dossel compondo o estrato mais alto da oresta.

    Com base na ecologia de orestas tropicais, possvel concluir que, com o avano da sucesso ecolgica:

    As plantas ganham altura e, consequentemente a biomassa da rea aumenta;

    O nmero total de indivduos diminui, pois nas fases mais iniciais da sucesso, as ervas, arbustos e rvores de rpido crescimento (chamadas espcies pioneiras) esto presentes em grande quanti-dade;

    Aumenta a quantidade de matria orgnica e de organismos vivos no solo;

    Espcies arbreas de ciclo de vida longo esto presentes desde as fases iniciais da sucesso ecolgica.

    Etapas serais da sucesso ecol-gica em bosque tropical. Fonte: adaptado de Odum, 1983 pg. 291

    EM UMA AGROFLORESTA,

    OS PRINCPIOS DA ECOLOGIA

    DE FLORESTAS TROPICAIS SO UTILIZADOS NA

    CONSTRUO DE SISTEMAS

    PRODUTIVOS QUE SE ASSEMELHAM

    EM ESTRUTURA E FUNO AO

    ECOSSISTEMA FLORESTAL

    campo arbustivo floresta secundria em desenvolvimento campo

    BIOMASS

    A

    BIODIVER

    SIDADE

  • 7 Em uma agrooresta, os princpios da ecologia de orestas tropi-cais so utilizados na construo de consrcios de espcies que se asse-melham em estrutura e funo ao ecossistema orestal, com alta diversi-dade de espcies pertencentes a diferentes grupos ecolgicos, procurando ocupar os estratos ao longo do tempo. As espcies agrcolas fazem o papel das plantas pioneiras, aquelas que primeiro se estabelecem na rea pro-porcionando as colheitas iniciais e criando um microclima favorvel ao desenvolvimento das mudas de rvores frutferas e orestais, que esto presentes desde o incio do plantio e iro compor a agrooresta do futuro.

    Sendo assim, busca-se combinar as espcies segundo seu ciclo de vida, taxa de crescimento e estratificao ao longo do tempo, caractersti-cas fundamentais do grupo ecolgico ao qual pertencem. O manejo agro-orestal tem como objetivo aportar matria orgnica ao sistema, favore-cendo a vida do solo e a ciclagem de nutrientes.

    Assim, para uma agrooresta ter estrutura e funo semelhante oresta, o sistema deve ser implantado com alta diversidade de espcies perten-centes a diferentes grupos ecolgicos, plantados juntos e em alta densida-de, otimizando a ocupao dos nichos ecolgicos ao longo do tempo.

    O nicho ecolgico de um orga-nismo refere-se ao espao fsico ocupado por ele e tambm ao seu papel funcional na comunidade, incluindo nutrio, fontes de energia, comportamento das suas populaes e relaes com outros organismos. Odum, E.; 1983

  • 8

  • 9PLANEJAMENTO AGROFLORESTAL

    As agroorestas podem ser implantadas nas re-as destinadas produo agropecuria ou serem utilizadas para restaurao de reas desmatadas, sejam reas de Reserva Legal RL ou reas de Preservao Permanente APPs (principalmente margens de rios, igaraps e nascentes de gua).

    Em qualquer caso, deve-se ter clareza da finalidade do plantio e conhecer muito bem as caractersticas da rea. Algumas perguntas podem ajudar:

    Qual o histrico da rea? Como foi utilizada antes? Foi desmatada h quantos anos? Quantas vezes foi cultivada? O que foi plantado e de que forma?

    Sabemos que em uma rea alterada onde a terra no est to cansada, possvel cultivar espcies mais exigentes em fertilidade do solo, como arroz, milho, mamo, caf e aa. J em reas degradadas precisaremos utilizar espcies mais rsticas e resistentes no incio da implantao da agrooresta, como a mandioca e o abacaxi , alm das leguminosas fixado-ras de nitrognio, como feijo de porco, feijo-guandu, crotalria, emn-gia e ing de metro.

    Qual o tipo de solo? A terra mais argilosa ou arenosa? Encharca de gua no perodo chuvoso?

    Nas vales do Tarauac, Envira e Purus comum a existncia de solos com camadas de impedimento que acumulam gua em boa parte do ano. Existem espcies que se adaptam bem a essas condies, como aa, abacaba e buriti. Muitas no toleram encharcamento, como os citros, acerola, cupuau, pupu-nha, graviola, birib, manga, abiu, dentre outras. A textura do solo tambm importante, j que espcies como a mandioca gostam de solos mais arenosos, enquanto outras se desenvolvem bem em solos mais argilosos, como o caf.

    Quais as plantas que existem nessa rea? Est ocupada por pas-tagens? Tem muitas gramneas, sap ou outras plantas indicadoras de reas degradadas?

    Existem plantas que so indicadoras das condies do solo. As samam-baias indicam solos cidos, enquanto a tiririca indica solos compactados, e o sap indica solos degradados com baixa disponibilidade de nutrientes.

    Como a topografia do terreno? A rea de terra firme, encosta ou est na baixada?

    No planejamento da agrooresta, cada espcie tem seu ambiente prefe-rencial: o cupuau fica na terra firme, enquanto o cacau fica na baixada; a pupunha fica na terra firme e o aa na baixada; o abacaxi na terra firme e a taioba na baixada; o mogno na terra firme e o mulateiro na baixada. Muitos projetos agroorestais no tm resultado por no respeitar o am-biente preferencial das espcies.

  • 10

    NAS AGROFLORES-TAS SO CONSOR-CIADAS ESPCIES

    AGRCOLAS, ARBUS-TOS E RVORES DE

    RPIDO CRESCIMEN-TO, ALM DAS ES-PCIES ARBREAS

    FRUTFERAS E FLO-RESTAIS DE CICLO

    DE VIDA LONGO QUE IRO COMPOR O SIS-TEMA EM SUA FASE

    ADULTA.

    No planejamento das agroorestas, a combinao de espcies deve levar em considerao o grupo ecolgico ao qual pertencem. Com base na eco-logia de orestas tropicais, cada etapa de desenvolvimento da agroores-ta dever ter ainda o espao vertical ocupado por diferentes estratos ou alturas.

    De forma simplificada, para auxiliar no planejamento de agroorestas podemos considerar os seguintes grupos de espcies: i) espcies agrcolas anuais, ii) espcies agrcolas semiperenes; iii) espcies arbreas de ciclo de vida curto/mdio, e iv) espcies arbreas de ciclo de vida longo, tam-bm chamadas de espcies da oresta primria, ou somente primrias.

    Considerando as etapas de desenvolvimento de uma agrooresta baseada na sucesso ecolgica de espcies e na ocupao dos estratos ao longo do tempo, poderemos ter uma matriz de planejamento agroorestal consi-derando as espcies agrcolas na sucesso ecolgica, como apresentado a seguir:

    AO COMBINAR ESPCIES DE DIFERENTES GRUPOS SUCESSIONAIS ADAPTADAS AO LUGAR, OCUPANDO OS NICHOS ECOLGICOS DE FORMA ORGNICA E

    SEQUENCIAL, SO POTENCIALIZADAS AS INTERAES POSITIVAS ENTRE ELAS E O SISTEMA GANHA DINMICA, COM ENRIQUECIMENTO DA VIDA DO SOLO E

    OTIMIZAO DA CICLAGEM DE NUTRIENTES.

    Exemplo de matriz simplificada de planejamento de uma agrofloresta com base na sucesso ecolgica de espcies

    Grupos de espcies Estratificao Exemplo de espcies

    Agrcolas Anuais

    estrato baixo abboraestrato mdio arrozestrato alto milho

    Agrcolas Semiperenes ou

    bianuais

    estrato baixo abacaxiestrato mdio pimentaestrato alto banana

    Arbreas de ciclo de vida curto/mdio

    estrato baixo apuruestrato mdio ingestrato alto pupunha

    Arbreas de ciclo de vida longo

    estrato baixo cacauestrato mdio aaestrato alto seringueira

  • 11

    No exemplo apresentado, as 12 espcies que compe a agrooresta so in-troduzidas no mesmo momento e crescem juntas desde o incio, com cada uma delas sendo plantada respeitando o espaamento utilizado no plantio em monocultivo.

    As culturas anuais so as primeiras a produzir, proporcionando seguran-a alimentar e nutricional s famlias e gerao de renda com a venda dos excedentes. Diversas espcies de hortalias e tubrculos, como maxixe, couve, quiabo, car, ari e taioba tambm podem ser cultivados nos pri-meiros anos da agrooresta. Espcies como rabanete e rcula, por exem-plo, podem proporcionar aos 21 dias a primeira colheita de uma agroo-resta onde o aa a espcie principal do sistema com a produo voltada ao mercado.

    As espcies de ciclo de vida intermedirio e crescimento rpido, como as pimentas, mamo, banana, abacaxi, cubiu, amora e maracuj, entre ou-tras, proporcionam as colheitas seguintes e geram um microclima favor-vel ao desenvolvimento das rvores de ciclo de vida mais longo que for-maro a agrooresta nos prximos estgios de desenvolvimento.

  • 12

    A partir do terceiro e quarto ano de implantao, muitas espcies frutfe-ras, como apuru, birib, ing de metro, urucum e pupunha, dominam o sistema e comeam a produzir.

    Em sua fase adulta, as rvores de ciclo de vida longo dominam o sistema. Espcies frutferas e orestais como a seringueira, copaba e mogno ocu-pam os estratos mais altos, enquanto muitas palmeiras, entre elas o aa, ocupam o estrato intermedirio, e espcies tolerantes sombra, como ca-cau, cupuau e caf, ocupam o sub-bosque da agrooresta.

  • 13

    Espcies dos consrcios dominantes

    milho, feijo, arroz, gergelim

    mandioca, abacaxi, mamo, banana, feijo-guand, pimenta

    banana prata, urucum, amora, cubiu, ing, apuru

    pupunha, birib, abacate, graviola, abiu, caf

    aa, cacau, cupuau, bacaba, pato, buriti, seringueira, copaba, caj, manga, cedro, mogno, jatob

    Etapas de desenvolvimento de uma agrofloresta base-ada na sucesso ecolgica. Espcies pertencentes a diferentes grupos sucessionais so introduzidas juntas desde o incio, com ocupao dos estratos ao longo do desenvolvimento do sistema.

    Fonte: adaptado de UFAC/Arboreto, 2005, pg. 47. Ilustraes de Darci Seles para a Mochila do Educador Agroorestal elaborada pela UFAC/Arboreto, disponvel em www.agrooresta.net baseado no trabalho de Ernst Gotsch

    Idade: 4 meses

    Idade: 1,5 ano

    Idade: 5 anos

    Idade: 18 anos

    Idade: 40 anos

  • 14

    Como vimos, no planejamento da agrooresta fundamental conhecer as espcies que iro compor o arranjo agroorestal a ser implantado: Qual ambiente elas preferem? So plantas que crescem bem no sol ou na som-bra? Gostam da terra firme ou da baixada?

    A tabela abaixo mostra as caractersticas das principais espcies agroo-restais utilizadas para compor sistemas agroorestais na regio.

    Nome Popular Nome cientfico Famlia GrupoEstrato no

    consrcio a que pertence

    Ciclo de Vida (aproxi-mado)

    Milho Zea mays Poaceae Agrcola anual Alto 4 mesesArroz Oriza sativa Poaceae Agrcola anual Baixo 4 mesesFeijo-de-porco Canavalia ensiformis Fabaceae Agrcola anual Baixo 6 mesesAbbora Corcubita sp. Curcubitaceae Agrcola anual Baixo 4 mesesCrotalria Crotalria sp. Fabaceae Agrcola anual Mdio 6 mesesGergelim Sesamum indicum Pedaliaceae Agrcola anual Baixo/mdio 6 mesesMandioca Manihot esculenta Euphorbiaceae Agrcola anual Alto 1,5 anoFeijo-guandu Cajanus cajan Fabaceae Agrcola semi-perene Alto 2 anosAbacaxi Ananas comosus Bromeliaceae Agrcola semi-perene Baixo 1,5 anoBanana Musa spp. Musaceae Agrcola semi-perene Alto 2 anosMamo Carica papaya Caricaceae Agrcola semi-perene Alto 2 anosIng de metro Inga edulis Mimosaceae Arbrea de ciclo curto Mdio 6-8 anosMamona Rhiicinus communis Euphorbiaceae Arbrea de ciclo curto Alto 8 anosUrucum Bixa orellana Bixaceae Arbrea de ciclo curto Mdio 15 anosEmbaba Cecropia sp. Cecropiaceae Arbrea de ciclo curto Alto 20 anosAlgodoeiro Ochroma pyramidalys Bombacaceae Arbrea de ciclo mdio Alto 20 anosCapoeiro Colubrina glandulosa Rhamnaceae Arbrea de ciclo curto Alto 20 anosFreij Cordia alliodora Boraginaceae Arbrea de ciclo curto Alto 20 anosIng ferro Inga sp. Mimosaceae Arbrea de ciclo mdio Mdio 20 anosCaf Coffea spp. Rubiaceae Arbrea de ciclo mdio Baixo 20 anosBiriba Rollinia mucosa Anonaceae Arbrea de ciclo mdio Alto 20 anosPupunha Bactris gasipaes Arecaceae Arbrea de ciclo mdio Alto 20 anosFaveira Schyzolobium amazonicum Caesapiniaceae Arbrea de ciclo mdio Alto 40 anosMamu Jacaratia spinosa Caricaceae Arbrea de ciclo mdio Alto + 40 anosCupuau Theobroma grandiflorum Sterculiaceae Arbrea de ciclo longo Baixo + 40 anosAbiu Pouteria caimito Sapotaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosAa Euterpe precatoria Arecaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosMogno Swietenia macrophylla Meliaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosCacau Theobroma cacao Sterculiaceae Arbrea de ciclo longo Baixo + 40 anosJaca Arthocarpus altilis Moraceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosPequi Cariocar vilosum Cariocaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosCerejeira Torresia acreana Fabaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosJatob Hymenaea courbaril Fabaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosAndiroba Carapa guianensis Meliaceae Arbrea de ciclo longo Mdio + 40 anosSamama Ceiba pentandra Bombacaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosCastanheira Bertholetia excelsa Lecytidaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosCopaba Copaifera spp. Caesalpiniaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosCedro Cedrela odorata Meliaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosCumar ferro Dypterix ferrea Fabaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosCaj Spondias mombim Anacardiaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosManga Mangifera indica Anarcadiaceae Arbrea de ciclo longo Alto + 40 anosAbacate Persea americana Lauraceae Arbrea de ciclo longo Mdio/alto + 40 anosBacaba Oneocarpus mapora Arecaceae Arbrea de ciclo longo Mdio + 40 anosPatau Atallea pataua Arecaceae Arbrea de ciclo longo Mdio + 40 anosBacuri Rhedia spp. Clusiaceae Arbrea de ciclo longo Baixo/mdio + 40 anos

    Espcies indicadas para composio de agroorestas regidas pela su-cesso ecolgica nos Vales dos rios Tarauac, Envira e Purus. O grupo ecolgico, o estrato que ocupam dentro do consrcio a qual perten-cem e o ciclo de vida das espcies so caractersticas fundamentais para subsidiar o planejamento par-ticipativo dos sistemas produtivos com as famlias agroextrativistas.

    Fonte: Adaptado de Peneireiro, F & Brilhante, M. de O., 2004.

  • 15

    Conhecendo as sementes agroorestais

    As sementes so o mais importante insumo para implantao de agroorestas. Alm das se-mentes das culturas agrcolas anuais, tambm

    chamadas lavouras brancas (milho, arroz, feijo) e das hortalias (ab-bora, maxixe, quiabo...), sero necessrias sementes das rvores frutferas e orestais em quantidade e qualidade.

    Basicamente existem dois tipos de sementes de espcies arbreas agroo-restais:

    sementes secas, tambm chamadas de ortodoxas, como as semen-tes da samama, mulungu, freij e muitas outras sementes de r-vores que ocorrem na oresta nos meses de seca. Elas podem ser armazenadas, pois duram um certo tempo sem perder a capacida-de de germinao;

    sementes midas, tambm chamadas de recalcitrantes, como as sementes do cacau, cupuau, birib, ing e muitas outras fruteiras que possuem polpa carnosa. Essas sementes devem ser plantadas logo depois de separadas do fruto, pois perdem a viabilidade em pouco tempo. Antes do plantio, as sementes devem ser despolpa-das e secas sombra.

    SEMENTES E MATERIAIS REPRODUTIVOS

  • 16

    Quebrando a dormncia das sementes

    Existem sementes que possuem baixa taxa de germinao quando semea-das diretamente no campo ou na caixa de germinao do viveiro de mu-das. Dizemos que essas sementes possuem dormncia, j que tm dificul-dade em germinar e precisam ser acordadas.

    Diversas tcnicas so utilizadas para quebrar a dormncia das sementes. Na tabela abaixo so apresentados procedimentos realizados antes do plantio no preparo de sementes agroorestais.

    Espcie Tcnicas de quebra de dormncia

    AaRetira-se a polpa dos frutos atravs de processo mecnico ou manual, o que facilitado pela imerso prvia em gua temperatura ambiente por 1h ou 20min em gua a 40C. Deixar as sementes em saco plstico fechado por trs dias. Imerso em gua fria por 48 horas, seguido de escarificao mecnica (lixar).

    Birib Escarificar (lixar) as sementes nos dois lados, seguida de embebio em gua durante 24h.

    Bacaba Imerso dos frutos em gua temperatura de 50C por 30min. Em seguida, despolpar e retirar todos os res-duos que porventura permaneam nas sementes e sec-las sombra.

    Pupunha Os frutos devem ser lavados e imersos em gua por 36 a 72h, trocando-se a gua a cada 24h para evitar fer-mentao. Aps raspar em peneira grossa, retirar o resto da polpa e secar sombra por 24h.

    Castanheira Imerso em gua por 24h, em seguida retirar o tegumento com prensa, faca ou estilete. Outra alternativa enfraquecer mecanicamente a casca para permitir a entrada de gua.

    Caj Cortar a ponta da semente com tesoura de poda na regio prxima ao embrio e imerso em gua por 8h.

    Cerejeira Imerso em gua temperatura inicial de 80C, seguido de repouso na mesma gua fora do aquecimento por 24h.

    Sucupira Escarificao mecnica com lixa.

    Pau-ferro Escarificao mecnica com lima de ferro.

    Copaba Lavagem das sementes e imerso em gua por 96h.

    Louro-pardo Escarificao mecnica com lixa.

    Cumaru Retirar as sementes dos frutos, seguido de escarificao mecnica com lima.

    Mulungu Escarificao mecnica com lixa.

    Genipapo Imerso em gua temperatura ambiente por 48h.

    Mutamba Escarificao por 50min seguida de lavagem em gua corrente e imerso em gua por 12h.

    Juta Escarificao por 35min seguida de lavagem em gua corrente e imerso em gua por 12h.

    Jatob Corte da ponta da semente com tesoura de poda ou imerso em gua temperatura ambiente por 10 dias.

    Angelim Corte de pequena poro do tegumento na extremidade oposta ao eixo embrionrio.

    Patau Imerso das sementes em gua temperatura ambiente por 48h ou imerso das sementes em gua tempera-tura de 50C por 15min.

    Ingazeiro Remoo da polpa e plantio imediato.

    Inaj Remoo da polpa e escarificao mecnica (lixar).

    Sabi Escarificao mecnica com lixa, seguida de imerso em gua a 60C, por 3min.

    Aroeira Imerso em gua temperatura ambiente por 48h.

    Guaran Imerso em gua temperatura ambiente por 48h.

    Goiaba Imerso em gua temperatura ambiente por 48h.

    Ara Imerso em gua temperatura ambiente por 48h.

    Faveira Imerso em gua quente (50C) por 2min seguido de imerso em gua fria (15C) por 2min, ou escarificao com lixa e semeadura imediata ou semeadura aps 24h de imerso em gua.

    Tamarindo Escarificao manual com lixa e imerso em gua, por 48h.

  • 17

    Algumas dicas importantes no trabalho com sementes

    Sementes agroorestais so coletadas durante todo o ano, portan-to esteja atento com a poca de orao e frutificao das espcies que voc conhece. Consulte tambm os produtores e produtoras rurais, ribeirinhos, indgenas e moradores locais, bem como tcni-cos e pesquisadores que trabalham com o tema na regio;

    As rvores escolhidas para coletar sementes so chamadas matri-zes. Uma boa matriz produtora de sementes deve ser uma rvore frondosa, bem formada, saudvel e boa produtora de frutos. Tam-bm recomendvel que ela no esteja isolada ou na borda de uma rea de oresta. Outra boa dica mapear a rvore com uso do GPS e registar seu comportamento ao longo dos anos;

    Existem diversas tcnicas de coleta de sementes. Quando for ne-cessrio subir na rvore para a coleta, utilize sempre equipamento de segurana, como cinto, corda, mosqueto e capacete;

    Quando estiver na cidade, procure por sementes nas despolpadei-ras de frutas, sorveterias e lanchonetes. Elas costumam ser descar-tadas no lixo ou em terrenos baldios. Aproveite tambm as semen-tes das frutas que voc gosta de comer... o produtor e o tcnico agroorestal nunca jogam sementes fora;

    Como j vimos, existem sementes que precisam ser plantadas ra-pidamente para no perder a viabilidade, enquanto outras podem ser guardadas por um certo perodo de tempo antes de serem plan-tadas. O armazenamento das sementes deve ser sempre em local limpo, seco, arejado e livre da presena de animais.

  • 18

    Utilizando a reproduo vegetativa na implantao de agroorestas

    Alm das sementes, tambm so utilizados outros tipos de materiais reproduti-vos na implantao de agroorestas, como estacas, manivas e brotos. A utiliza-o desse tipo de material de reproduo vegetativa garante que a planta origin-ria da estaca ou broto seja exatamente igual matriz de onde ela foi retirada.

    A seguir so apresentadas algumas tcnicas de triagem e preparao do material reprodutivo, com objetivo de melhorar a sanidade, aumentar o pegamento e facilitar seu transporte.

    Plantio por estacas

    Diversas espcies so propagadas por estacas, que podem ser retiradas do caule ou dos galhos das plantas matrizes. A planta fornecedora das es-tacas deve ser vigorosa e saudvel, fazendo com que seus descendentes mantenham essas caractersticas.

    Mandioca

    A mandioca a espcie mais conhecida na utilizao da reproduo ve-getativa de plantas cultivadas. So utilizados pedaos do caule principal de plantas adultas, as chamadas manivas. Elas devem possuir de 8 a 10 gemas (ou ns, por onde ocorre a brotao), com comprimento entre 15 e 20 centmetros, e podem ser plantadas com faco [a] na posio hori-

    zontal (deitadas), ligeiramente inclinadas [b], direcionando a brotao da parte area para um lado [c] e das razes para o lado oposto. A man-dioca tambm pode ser plantada na vertical (em p), utilizando estacas de 60 a 80 centmetros, plantadas tambm levemente inclinadas. O pre-paro das manivas deve ser realizado utilizando faco bem afiado, evitando que as estacas sejam apoiadas sobre superfcies duras que podem causar danos nas gemas no momento do corte.

    [a]

    [b] [c]

  • 19

    Amora e hibisco

    So duas espcies de porte arbustivo e rpido crescimento que podem ser utilizadas durante os primeiros anos da agrooresta no sombreamento e fornecimento de nutrientes para as mudas de espcies frutferas e ores-tais em crescimento.

    As estacas devem ser retiradas de galhos sadios em crescimen-to, com pelo menos 3 centmetros de di-metro e comprimento entre 90 centmetros e 1,2 metro. O corte deve ser feito em for-mato de bisel (bico de gaita) utilizando tesoura de poda ou serrote de poda [foto], evitando faco para no rachar e danificar as plantas.

    Caj, tapereb e mulungu

    So espcies muito utilizadas como cercas-vi-vas, com suas estacas substituindo os moires das cercas convencionais. As vantagens de utili-zao desta tecnologia agroorestal so a maior durabilidade da cerca e diminuio no custo de manuteno, alm de produzirem frutos (caj e tapereb) e forragem para alimentao animal (mulungu). Funcionam tambm como cortinas quebra-vento e valorizam a propriedade rural, alm de capturarem carbono contribuindo para a mitigao dos efeitos das mudanas climticas globais. As estacas devem ser retiradas de tron-cos secundrios, preservando a rvore matriz, possuindo pelo menos 2 metros de comprimen-to e 20 centmetros de dimetro. Pequenos cor-tes superficiais feitos com faco na casca das es-tacas ajudam no seu rpido enraizamento. Aps o corte devem ser preservadas as brotaes que vo dar origem a novas estacas [foto].

  • 20

    Plantio de brotos

    Abacaxi

    Espcie rstica que consegue produzir bem em reas degradadas. Nas agroorestas, so introduzidas sementes de rvores junto s fileiras sim-ples, duplas ou triplas de abacaxi. Assim, alm de proteger as mudas, a espcie utilizada para identificar a localizao das linhas de rvores plantadas na rea por sementes. Podem ser utilizadas as mudas de aba-caxi que brotam da base dos frutos, chamadas de filhotes, ou as mudas que perfilham da base dos abacaxizeiros, os rebentes. As mudas devem ser examinadas individualmente, sendo descartadas aquelas doentes ou com sintomas de ataque de pragas.

    Em seguida devem ser eliminadas as folhas localizadas na base das mu-das, expondo a regio do colo da planta para estimular e acelerar o enrai-zamento aps o plantio [foto]. As mudas so ainda separadas por tama-nho, facilitando o plantio, manejo e colheita da produo.

  • 21

    Banana

    A bananeira uma das mais importantes espcies agroorestais, respon-svel pela subsistncia e gerao de renda para as famlias agroextrati-vistas, alm de promover a ciclagem de nutrientes e criar um microclima favorvel ao desenvolvimento das rvores e palmeiras introduzidas nas agroorestas.

    Na preparao das mudas para plantio, podem ser utilizadas as tradicionais mudas dos tipos chifre e chifrinho [a], ou ser plantada apenas a batata localizada na base do pseudocaule da bananeira, eliminando a parte area da muda [b]. Em seguida deve ser feita uma cuidadosa limpeza da batata com faco, eliminando restos de terra, razes e partes danificadas, expondo as gemas e estimulando a brotao [c]. As batatas maiores podem ser di-vididas, dando origem a duas ou mais mudas [d]. Com a limpeza [e], alm de facilitar o transporte das mudas at o local de plantio, torna-se possvel identificar a presena de doenas e pragas, com imediato descarte e elimi-nao das mudas doentes ou com problemas.

    Deve ser dada ateno especial s ferramentas utilizadas no manejo das touceiras de banana, principalmente o faco ou terado, pois o principal veculo transmissor de doenas como a sigatoka negra, que causa a morte das plantas. As ferramentas que entraram em contato com touceiras do-entes no devem ser utilizadas no manejo de plantas sadias.

    [a]

    [b]

    [c]

    [e]

    [d]

  • 22

    TCNICAS DE IMPLANTAO E MANEJO AGROFLORESTAL

    Existem diferentes tcnicas de implantao de agroorestas, dependendo das caractersticas da rea onde ser implantado o sistema produtivo e da finalidade do plantio. O plantio em capo-eiras requer intervenes de manejo diferentes daquelas utilizadas em uma rea de pastagem,

    da mesma forma que um quintal agroorestal ser implantado e maneja-do com tcnicas distintas daquelas utilizadas em uma rea de reoresta-mento com grandes propores.

    A seguir so apresentadas situaes comumente encontradas nos vales do Purus, Tarauac e Envira para implantao de agroorestas:

    Plantio no abafado em capoeira

    Trata-se de uma tcnica de plantio sem uso do fogo herdada dos povos in-dgenas dos troncos etnolingusticos Aruak e Pano que habitam os Vales do Purus, Tarauac e Envira. Neste sistema, as sementes de cultivos anuais, principalmente milho [foto], arroz e feijo, so plantadas a lano dentro da capoeira, que posteriormente cortada com faco, terado ou foice, com toda a massa verde gerada sendo depositada sobre o solo, proporcionando condies favorveis germinao e desenvolvimento das plantas cultiva-das. Diversos tubrculos, como car e inhame, alm de banana e mamo, tambm so cultivados tradicionalmente neste sistema, onde alm das es-pcies anuais e bianuais podem ser introduzidas e manejadas espcies ar-breas frutferas e orestais para formao de uma agrooresta.

  • 23

    Plantio no abafado de leguminosas

    Em reas degradadas, onde a regenerao natural j no consegue formar uma capoeira nos primeiros anos, o plantio no abafado pode ser feito utilizando leguminosas herbceas de rpido crescimento que possuem a capacidade de fixao biolgica de nitrognio, como a mucuna-preta e a puerria, formando os chamados roados sustentveis sem fogo. Suas sementes so plantadas diretamente no solo uti-lizando a ponta do faco [a] ou um espeque de madeira. A rea fica ento em pousio at que a leguminosa ocupe totalmente o terreno [b], o que pode levar de trs meses at um ano ou mais, dependendo das condies da rea e do espaa-mento utilizado. Neste sistema tambm pode ser utilizado um coquetel de adubos verdes forma-do por uma mistura de diversas espcies de le-guminosas herbceas. Aps ser formada a massa verde que cobre toda a rea, o produtor planta as sementes de cultivos anuais (com a matraca ou na ponta do terado no caso do milho e arroz, ou a lano no caso do feijo), e em seguida corta as leguminosas com terado ou faco, eliminando o uso do fogo para preparo do solo.

    O nitrognio um dos mais importantes elementos qumicos da natureza, responsvel pelo cres-cimento vegetativo das plantas. A fixao biolgica de nitrognio realizada por diversas espcies de plantas leguminosas atravs de uma associao com bactrias do gnero Rhizobium que se localizam em ndulos nas suas razes. Essa associao de organismos chamada de simbitica ou mutualista, pois favorece as duas espcies: a bactria fixa o nitrognio da atmosfera e a legumi-nosa fornece o ambiente para a bactria se desenvolver. Espcies como o feijo-guandu (Cajanus cajan) [foto] so chamadas de adubos verdes pois tm alta capacidade de fixao biolgica de nitrognio. Alm de fornecer nutrientes atravs da poda, o guandu tem um sistema radicular vi-goroso que ajuda a recuperar solos compactados. A espcie tambm utilizada como fonte de pro-tena na alimentao humana e animal.

    [a]

    [b]

    Nutrientes fornecidos pela biomassa de leguminosas utilizadas como adubos verdes. Fonte: UFAC/Arboreto, 2005; Almeida, N. F. et. al., 2006

    EspcieNitrognio (N)

    kg/haFsforo (P2O5)

    kg/haPotssio (K2O)

    kg/haClcio (Ca)

    kg/haMagnsio (Mg)

    kg/haFeijo de porco

    Canavalia ensiformis 114-228 6-12 40-80 30-60 11-12Crotalria

    Crotalaria spectabilis 54-162 4-12 44-132 30-90 7-21Guandu

    Cajanus cajan 153-340 18 60-340 23-230 11-58Mucuna preta

    Stizolobium aterrimum 162-270 12-20 72-120 36-60 15-25Puerria

    Pueraria phaseoloides 30-99 5-10 40-60 34-41 6-15Ing de metro

    Inga edulis 30,8 1,8 7,6 15,0 3,4Mulungu

    Erytrina poeppigiana 36,8 3,0 19,1 3,1 1,9Palheteira

    Clitoria racemosa 26,5 2,3 9,9 14,6 1,7

  • 24

    Plantio direto da muvuca de sementes em capoeira jovem

    O manejo da rea comea pela capina seletiva realizada com faco ou ter-ado [a], onde as espcies herbceas, gramneas e cips so cortados, e as

    plantas arbustivas so podadas [b], com toda a matria vege-tal gerada sendo depositada sobre o solo, cobrindo-o comple-tamente. Na operao de manejo, as mudas de espcies ar-breas em crescimento oriundas da regenerao natural so preservadas para composio da agrooresta em formao.

    Em seguida introduzida na rea a chamada muvuca de se-mentes, que consiste na mistura de terra frtil com semen-tes de diversas espcies pertencentes a diferentes grupos ecolgicos, incluindo os adubos verdes, as agrcolas anuais, agrcolas semi-perenes, as rvores, arbustos e palmeiras. A muvuca pode ser plantada na ponta do faco, em peque-nas covas feitas com enxadeco ou espeque de madeira, em sulcos preparados com a enxada, ou ainda utilizando a plan-tadeira-adubadeira acoplada ao trator.

    Plantio direto da muvuca de sementes em pastagem degradada

    Em rea de campo utilizado para criao de gado, onde o solo encontra-se degradado, fundamental que toda a pastagem seja eliminada e em seu lugar sejam introduzidas espcies rsticas de rpido crescimento para ocupao daquele nicho ecolgico. O preparo de solo pode ser realizado de forma ma-nual com enxada [a] e enxadeco, ou com utilizao de arao por trao ani-mal, ou ainda atravs de mecanizao agrcola. A recuperao de solos sob pastagens degradadas na Amaznia se d a partir do incremento em matria orgnica, e a formao de agroorestas requer a ocupao dos nichos ecol-gicos ao longo do tempo, no sendo recomendado o uso do fogo e a roagem da pastagem. Algumas espcies de adubos verdes que possuem sementes pequenas, como crotalria, gergelim e emngia, podem ser jogadas a lano [b] antes ou depois da capina. As leguminosas de rpido crescimento devem ser introduzidos em alta densidade no incio do plantio para fornecimento de nutrientes e criao de um microclima favorvel ao desenvolvimento das espcies cultivadas. A muvuca de sementes [c] pode ser plantada de forma manual [d], ou atravs da utilizao de plantadeira tratorizada, especialmen-te em reas extensas com pouca disponibilidade de mo de obra.

    [a]

    [b]

    [a]

    [b]

    [c] [d]

  • 25

    [a] [b]

    Enriquecimento de capoeira

    Nas reas em estgio mais avanado de regenerao, o manejo consis-te no corte de ervas, cips e plantas com espinho, seguido de poda alta das rvores e arbustos feita com terado, foice ou machado. A poda com terado deve ser realizada com firmeza, sempre no sentido de baixo para cima formando o bisel, tambm conhecido como bico de gaita, evitan-do rachaduras e danos no tronco e galhos. Os galhos de espcies frutferas so cortados com serrote de poda e no com faco ou machado, evitando danos e rachaduras internas que podem comprometer a produo ou at mesmo matar as rvores. Toda a matria orgnica gerada pelas podas depositada sobre o solo e em seguida realizado o plantio de mudas [a] de espcies arbreas, especialmente as frutferas nativas, como abiu, biri-b, ara e cacau, bem como de palmeiras, como o aa, que se desenvolve bem com o sombreamento parcial proporcionado pelas rvores de rpido crescimento [b]. Nas reas onde o manejo permite maior entrada de luz possvel introduzir tambm culturas anuais, abacaxi, mamo e banana no sistema produtivo.

    A implantao de sistemas agroorestais em pastagens utilizando a ro-ada da vegetao torna o plantio extremamente dependente de mo de obra, j que so necessrias intervenes constantes de manejo que tor-nam o sistema invivel economicamente. Por sua vez, o coroamento ao redor das mudas plantadas, alm de ser uma operao de custo ele-vado, provoca alta mortalidade em campo, especialmente das espcies mais exigentes como o aa, j que o solo fica desprotegido, compactado e sem vida. No vale do Purus, experincias de campo registraram desen-volvimento lento, amarelecimento das folhas e mortalidade entre 70% e 100% das mudas de aa plantadas em monocultivo a pleno sol em rea de pastagem degradada [foto].

  • 26

    Manejo da bananeira em agrofloresta

    Nas agroorestas, o manejo da bananeira deve respeitar o sistema me--filha-neta, ou seja, aps a colheita do cacho, o pseudocaule deve ser cortado e as brotaes devem ser eliminadas deixando apenas uma ou duas filhas. Com o desenvolvimento da touceira, surge uma nova gera-o de brotaes, que novamente devem ser eliminadas deixando apenas uma ou duas netas, e assim sucessivamente. Desta maneira, a bananei-ra ter sempre o pseudocaule principal em produo, enquanto uma ou duas filhas e netas esto em desenvolvimento, proporcionando colheitas sucessivas e a manuteno da sade da touceira, com produo de frutos de maior tamanho.

    Touceira de banana sem manejo [a] e aps interveno com conduo no sistema me-filha-neta [b].

    Pedaos do pseudocaule de touceiras manejadas so cortados ao meio no sentido horizontal (sentido do com-primento) e colocados prximo regio do colo das mu-das de rvores e palmeiras introduzidas na agrofloresta, mantendo a umidade do solo e fornecendo nutrientes atravs da decomposio de sua biomassa [c].

    [a]

    [b]

    [c]

  • 27

    SUGESTES DE ARRANJOS AGROFLORESTAIS PARA OS

    VALES DO TARAUAC, ENVIRA E PURUS

    Sistema Agroflorestal Multiestrato rea degradada

    Ambiente preferencial

    EspaamentoAmbiente

    preferencialEspaamento

    Estratificao Terra firme Baixada

    Agrcolas anuais

    estrato baixo feijo-de-porco 0,2 x 0,2 maxixe 1,0 x 1,0

    estrato alto mandioca 1,8 x 0,8 taioba 1,0 x 2,0

    Agrcolas semiperenes

    estrato baixo abacaxi 1,5 x 0,5 car 1,0 x 2,0

    estrato mdio hibisco 2,0 x 2,0 amora 2,0 x 2,0

    estrato alto feijo-guandu 1,0 x 1,0 banana comprida 3,0 x 3,0

    Perenes ciclo mdio

    estrato baixo banana prata 3,0 x 3,0 urucum 4,0 x 5,0

    estrato alto ing 4,0 x 5,0 ing 4,0 x 5,0

    Perenes ciclo longo

    estrato baixo caf 3,0 x 2,0 cacau 4,0 x 5,0

    estrato mdio pato 4,0 x 3,0 aa 4,0 x 3,0

    estrato alto caj 8,0 x 6,0 seringueira 5,0 x 6,0

    Sistema Agroflorestal Multiestrato rea alterada

    Ambiente preferencial

    EspaamentoAmbiente

    preferencialEspaamento

    Estratificao Terra firme Baixada

    Agrcolas anuais

    estrato baixo arroz 1,0 x 0,5 melancia 1,0 x 1,0

    estrato alto milho 1,0 x 0,5 taioba 1,0 x 2,0

    Agrcolas semiperenes

    estrato baixo abacaxi 1,5 x 0,5 pimenta 2,0 x 1,5

    estrato alto mamo 2,0 x 1,5 banana comprida 3,0 x 3,0

    Perenes ciclo mdio

    estrato baixo banana prata 3,0 x 3,0 urucum 4,0 x 5,0

    estrato alto pupunha 6,0 x 6,0 abacaba 6,0 x 6,0

    Perenes ciclo longo

    estrato baixo caf 5,0 x 4,0 cacau 4,0 x 5,0

    estrato mdio aa 4,0 x 3,0 aa 4,0 x 3,0

    estrato alto caj 8,0 x 6,0 seringueira 5,0 x 6,0

  • 28

    Agrofloresta rea degradada

    Ambiente preferencial

    EspaamentoAmbiente

    preferencialEspaamento

    Estratificao Terra firme Baixada

    Agrcolas anuaisestrato baixo feijo-de-porco 0,2 x 0,2 maxixe 1,0 x 1,0estrato mdio gergelim 0,2 x 0,2 gergelim 0,2 x 0,2estrato alto mandioca 1,8 x 0,8 taioba 1,0 x 2,0

    Agrcolas semiperenes

    estrato baixo abacaxi 1,5 x 0,5 car 1,5 x 1,0

    estrato mdio crotalria 0,2 x 0,2 cubiu 2,0 x 1,0hibisco 2,0 x 2,0 amora 2,0 x 2,0

    estrato alto feijo-guandu 1,0 x 1,0 banana cumprida 3,0 x 3,0emngia 2,0 x 1,0 emngia 2,0 x 1,0

    Perenes ciclo curto

    estrato mdio urucum 4,0 x 5,0 urucum 4,0 x 5,0estrato alto banana prata 3,0 x 3,0 banana prata 4,0 x 5,0

    Perenes ciclo mdio

    estrato mdio

    baginha 4,0 x 5,0 ing de metro 4,0 x 5,0mutamba 4,0 x 5,0 ing macaco 4,0 x 5,0birib 5,0 x 5,0 abacabinha 5,0 x 5,0caju 5,0 x 6,0 mulung 4,0 x 4,0

    estrato alto teca 6,0 x 8,0 bordo de velho 4,0 x 5,0faveira 8,0 x 8,0 mapati 4,0 x 5,0

    Perenes ciclo longo

    estrato baixo cupuau 6,0 x 8,0 cacau 4,0 x 5,0

    estrato mdio aa 6,0 x 5,0 aa 6,0 x 5,0patau 6,0 x 6,0 abacaba 6,0 x 6,0

    estrato alto

    mogno 8,0 x 6,0 buriti 6,0 x 8,0tamarindo 8,0 x 6,0 mulateiro 6,0 x 8,0caj 8,0 x 6,0 seringueira 6,0 x 8,0manga 8,0 x 8,0 copaba 6,0 x 8,0

    Agrofloresta rea alterada

    Ambiente preferencial

    EspaamentoAmbiente

    preferencialEspaamento

    Estratificao Terra firme Baixada 1,0 x 1,0

    Agrcolas anuaisestrato baixo arroz 1,0 x 0,5 abbora 1,0 x 2,0estrato mdio gergelim 0,2 x 0,2 gergelim 0,2 x 0,2estrato alto milho 1,0 x 0,5 taioba 1,0 x 2,0

    Agrcolas semiperenes

    estrato baixo abacaxi 1,5 x 0,5 car 1,5 x 1,0estrato mdio batata doce 1,0 x 1,0 cubiu 2,0 x 1,0

    estrato alto cana 2,0 x 1,5 emngia 2,0 x 1,0mamo 2,0 x 1,5 banana 4,0 x 5,0Perenes ciclo

    curtoestrato baixo pimenta 2,0 x 1,5 urucum 4,0 x 5,0estrato alto banana prata 3,0 x 3,0 banana prata 3,0 x 3,0

    Perenes ciclo mdio

    estrato baixo apuru 3,0 x 2,0 ara goiaba 4,0 x 3,0

    estrato mdio

    birib 5,0 x 5,0 baginha 5,0 x 5,0abiu 6,0 x 5,0 ing de metro 4,0 x 5,0ing mirim 6,0 x 5,0 ing macaco 4,0 x 5,0bacuri 6,0 x 5,0 mapati 4,0 x 5,0

    estrato alto pupunha 6,0 x 6,0 cajarana 4,0 x 5,0faveira 6,0 x 8,0 mulungu 4,0 x 4,0

    Perenes ciclo longo

    estrato baixo caf 5,0 x 4,0 cacau 4,0 x 5,0estrato mdio aa 6,0 x 5,0 aa 6,0 x 5,0

    estrato alto

    andiroba 8,0 x 8,0 pequi 6,0 x 8,0patau 6,0 x 6,0 abacaba 6,0 x 6,0mogno 6,0 x 8,0 mulateiro 6,0 x 8,0cerejeira 6,0 x 8,0 buriti 6,0 x 8,0caj 6,0 x 8,0 seringueira 6,0 x 8,0jatob 6,0 x 8,0 copaba 6,0 x 8,0

  • 29

    REFERNCIAS AGROECOLOGIA E SISTEMAS AGROFLORESTAISALMEIDA, N. F. et al. Produo de mudas e formao de sistemas agro-florestais caderno agroflorestal n. 1. Governo do Estado do Acre/SEA-TER, 2006, 49 p.

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    Rede Brasileira Agroflorestal - www.rebraf.org.br

    Centro Mundial Agroflorestal (ICRAF) - www.worldagroforestry.org

  • Por que existimos.Para interromper a degradao do meio ambiente e construir umfuturo no qual seres humanos vivam em harmonia com a natureza._____________________________________________________wwf.org.br

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    Agroflorestas e Agricultura Familiar

    R$ 49 milhes/ano o valor bruto obtido pela produo de culturas permanentes no Estado do Acre.

    89Espcies vegetais foram identificadas nas agroorestas cultivadas no Acre.

    70%Dos alimentos no Brasil so produzidos pela agricultura familiar, segundo o ltimo Censo Agropecurio do IBGE.

    400Famlias agroextrativistas nos municpios de Manoel Urbano, Feij e Tarauac so apoiadas diretamente pelo Projeto Sky Protegendo Florestas na transio agroecolgica de suas unidades produtivas.

    WWF.ORG.BR AGROFLORESTAS NA PAISAGEM AMAZNICA