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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA Programa de Pós-Graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva Análise citogenética e genotóxica de Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758) provenientes de ambiente natural e antropizado dos arredores de Manaus Vanessa Cristina Sales Oliveira MANAUS, AMAZONAS ABRIL, 2015

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Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA Programa de Pós-Graduação em Genética, Conservação e

Biologia Evolutiva

Análise citogenética e genotóxica de Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758) provenientes de ambiente natural e antropizado dos arredores de Manaus

Vanessa Cristina Sales Oliveira

MANAUS, AMAZONAS ABRIL, 2015

ii

Vanessa Cristina Sales Oliveira

Análise citogenética e genotóxica de Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758) provenientes de ambiente natural e antropizado dos arredores de Manaus

Orientador: Carlos Henrique Schneider, Dr.

Coorientadora: Eliana Feldberg, Dra.

Coorientador: Ronis Da Silveira, Dr.

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.

MANAUS, AMAZONAS ABRIL, 2015

iii

FICHA CATALOGRÁFICA O48a Oliveira, Vanessa Cristina Sales. Análise citogenética e genotóxica de Caiman crocodilus

(Linnaeus, 1758) provenientes de ambiente natural e antropizado dos arredores de Manaus / Vanessa Cristina Sales Oliveira. --- Manaus: [s.n.], 2015.

xiii, 64 f. : il. Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2015. Orientador : Carlos Henrique Schneider. Coorientador : Eliana Feldberg, Ronis Da Silveira. Área de concentração : Genética, Conservação e Biologia

Evolutiva.

1. Genotoxicidade. 2. Jacaretinga. 3. Caiman Crocodilus. 4. Elementos Retrotransponíveis.

I. Título. CDD 597.98

Sinopse: Caiman crocodilus, jacaré amazônico, foi estudado por meio de análises

genotóxicas e de citogenética clássica e molecular. Os resultados

evidenciaram que a poluição ambiental causa danos ao genoma e uma

diversificação na macroestrutura cariotípica dos representantes desta

espécie.

Palavras-chave: Caiman crocodilus, genotoxicidade, REX, FISH.

iv

Dedico esta dissertação a todos os que me apoiaram e

contribuíram direta ou indiretamente com a mesma.

v

Agradeço

À minha família que mesmo longe sempre me deram todo o apoio para a

conquista desse sonho e de tantos outros.

Ao meu orientador Dr. Carlos Henrique Schneider, por embarcar nessa

empreitada, dar-me todo o apoio científico, acadêmico, dedicação e

principalmente paciência, preocupando-se comigo não só como aluna, mas como

pessoa, afinal de contas não sou uma pessoa muito fácil de lidar!

À Dra. Maria Claudia Gross, pelos ensinamentos, correções e carinho ao

me acolher no seu laboratório e na grande família LACA.

À minha coorientadora, Dra. Eliana Feldberg, que se preocupa com todos

os alunos como sem fossem filhos e que desde o momento em que cheguei em

Manaus sempre procurou saber como eu estava e se “as coisas” estavam

caminhando.

Ao meu coorientador, Dr. Ronis Da Silveira, que apesar de ser um pouco

não convencional, sempre me ajudou nas coletas dentro da zona urbana de

Manaus, principalmente na pior de todas, no Igarapé do Mindu, contribuindo

bastante com a ampliação do meu conhecimento sobre jacarés e me dando todo

o suporte logístico.

Aos colegas do Laboratório de Citogenômica Animal da UFAM que me

ajudaram na bancada, sempre dispostos a me ensinar. Em especial Natália, Thais

e Erika.

Ao pessoal do Laboratório de Genética Animal do INPA por me acolherem

sempre que precisei de algum reagente ou mesmo pra jogar conversa fora.

Principalmente Patrik que me acompanhou nas coletas, bancada, disciplinas,

organização de Workshop, recepção dos novos alunos e etc.

À Diego, por juntamente com Patrik ter me ajudado em algumas coletas e

assim como ele ser um grande conhecedor da fauna amazônica.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), ao programa de

pós-graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva (GCBEv).

À Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e ao Laboratório de

Citogenômica Animal (LACA), onde realizei todas as metodologias e análises de

resultados.

vi

Aos financiamentos concedidos pelo Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Superior (CNPq) e pela Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) pela concessão da bolsa de mestrado.

Aos colegas da turma de mestrado, especialmente Mayara, Erika e Patrik.

À Lara que me deu abrigo e motivos para boas risadas nesse último mês,

firmando ainda mais nossa amizade de dez anos.

Ao Júlio César que foi o único que me apoiou incondicionalmente, desde o

momento em que decidi fazer a inscrição do mestrado, pelas conversas diárias,

conselhos, por ouvir meus lamentos, pelo amor dispensado e por tentar se fazer

presente mesmo distante.

Muito Obrigada!

vii

“A ciência nunca resolve um problema

Sem criar pelo menos outros dez."

George Bernard Shaw

viii

Resumo

Os crocodilianos são predadores de topo de cadeia e possuem um importante

papel nos ecossistemas em que estão inseridos. Das espécies que ocorrem no

Brasil, a mais abundante é o jacaretinga (Caiman crocodilus). Os jacarés da

região amazônica são os menos estudados em relação às outras espécies de

crocodilianos, onde os poucos estudos realizados estão circunscritos a áreas

protegidas, excluindo as populações de C. crocodilus ocorrentes no perímetro

urbano, que estão continuamente expostas a ambientes antropizados. Em termos

citogenéticos foi descrito o número diploide da espécie, porém uma abordagem

mais específica sobre bandeamentos cromossômicos diferenciais, hibridização

fluorescente in situ (FISH), teste de micronúcleo e ensaio do cometa se fazem

necessários para um melhor entendimento do efeito da poluição no genoma

desses animais. Exemplares oriundos de ambiente natural e antropizado de

Manaus, AM foram estudados para avaliar o potencial genotóxico dos poluentes

domésticos no genoma de C. crocodilus. Para as análises cromossômicas foram

utilizados 12 exemplares de C. crocodilus (6 ♂, 6 ♀), do Lago Catalão – Manaus,

Igarapé do Mindu e Igarapé da Assua, Estado do Amazonas. A espécie

apresentou número diploide de 42 cromossomos (24t+18m/sm e NF=60) com

pouca complexidade e heteromorfismo. O padrão de distribuição da

heterocromatina mostrou-se conservado, nas regiões centroméricas dos

cromossomos, porém mais acentuado no par 21. A região organizadora de

nucléolo (Ag-RON) é simples, cuja localização no par 13 coincidiu com a região

heterocromática centromérica, e com a localização de sítios de hibridação

duplicados com sonda de DNAr 18S no par 13 de C. crocodilus. Estes resultados

sugeriram a possibilidade de variação para a espécie, entre os exemplares da

América do Sul em relação aos da América do Norte, diferenciada através de

fissões cromossômicas, rearranjo comum a outras espécies do gênero. A análise

genotóxica, por Ensaio do Cometa, de 8 exemplares de C. crocodilus (4 ♀, 4 ♂),

do Lago Catalão e 7 (2 ♀, 1 ♂ e 4 indeterminados) dos igarapés urbanos de

Manaus – AM. Foi realizado por meio do teste U de Mann-Whitney. Observaram-

se que, o valor de “p” foi significativo para os níveis 3 (p = 0,007) e 5 (p = 0,010),

ao comparar os diferentes ambientes, onde o nível 3 é considerado um dano

moderado e o nível 5 que a célula se encontra em apoptose. Já para o teste do

ix

Micronúcleo, entre os 15 exemplares de C. crocodilus (7 ♀, 8 ♂), Lago Catalão e

15 (8 ♀, 9 ♂) do igarapé do Mindu. Nota-se que ao comparar a quantidade de

eritrócitos micronucleados encontrados com o ambiente, o valor de p = 0,04 se

mostrou significativo. O impacto da poluição no ambiente aquático pode ser

significativo a longo prazo para o surgimento de mutações e diferenciação no

cariótipo das espécies que ocorrem na região amazônica. Nossos resultados

podem contribuir significativamente com estratégias de conservação dos

crocodilianos no perímetro urbano da cidade de Manaus.

x

Abstract

Crocodilians are chain top predators and play an important role in the ecosystems

in which they live. Species that occur in Brazil, the most abundant is the

spectacled Caiman (Caiman crocodilus), which is found in many different

environments. Alligators in the Amazon region are the least studied in relation to

other species, occurring in other parts of the world where the few studies are

confined to protected areas, excluding the populations of C. crocodilus occurring

within the city limits, which are continuously exposed the anthropogenic

environments, generating an incipient knowledge about them. Although there is

description for the diploid number of the species, a more specific approach as

banding chromosome techniques, fluorescent in situ hybridization (FISH),

micronucleus test and comet assay are necessary for a better understanding of

pollution effect in the genome of these animals. Thus, we collected specimens in

non anthropic environment and anthropic for domestic effluents to assess the

genotoxic potential of these pollutants in the genome of alligators. For

chromosomal analyzes were used 12 Caiman crocodilus (6 ♂, ♀ 6), caughts in

Lake Catalão, in the Mindu stream and the Assua stream in the Amazon state.

Where, from the conventional staining subspecies showed diploid number of 42

chromosomes (24t+18m/sm and NF=60) with little complexity and

heteromorphisms. The pattern observed in C. crocodilus in relation to the

distribution of heterochromatin is shown maintained, presenting in the centromeric

regions of chromosomes, but more so in pair 21. The nucleolus organizer region

(Ag-RON) is simple, where your location the pair 13 coincides with the

heterochromatic centromeric region, and with the location of hybridization sites

with 18S rDNA probe. These hybridization sites showed a doubling in one of the

pair of chromosomes 13 in C. crocodilus. Cytogenetic characteristics suggested

the possibility of variation for the species in relation to North America,

differentiated by chromosomal fissions, common rearrangement to other species

of the genus. For genotoxic analysis of Comet Assay were captured 8 C.

crocodilus (4 ♀, 4 ♂) Lake Catalan and 7 (2 ♀, 1 ♂ and 4 indeterminate) of urban

streams of Manaus - AM. Using the Mann-Whitney U test, it was observed that the

p value was significant for levels 3 (p=0.007) and 5 (p=0.010) when comparing the

different environments, where the level 3 is considered damage moderate, and

xi

level 5 that the cell is undergoing apoptosis. As for the micronucleus test, 15 C.

crocodilus were captured (7 ♀, 8 ♂) on Lake Catalão and 15 (8 ♀, 9 ♂) of Mindu

stream - AM. Note that when comparing the amount of micronuclei with the size of

the animals, the value of p=0.04 was significant. Our study demonstrates that the

impact of pollution on the aquatic environment can be significant in the long term

for the emergence of mutations and differentiation in the karyotype of the species

occurring in the Amazon. Our results can significantly contribute to the crocodilian

conservation strategies within the city limits of the city of Manaus.

xii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS..........................................................................................XIII 1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 1

1.1 CROCODYLIA............................................................................................................ 1

1.1.1 Aspectos Gerais.........................................................................................................1

1.1.2 Aspectos Taxonômicos..............................................................................................1

1.1.3 Espécie-alvo...............................................................................................................2

1.2 CITOGENÉTICA DE CROCODILIANOS.................................................................................4

1.3 POLUIÇÃO NA BACIA AMAZÔNICA.................................................................................. 10

1.4 TESTE DE MICRONÚCLEO (MN) E ENSAIO DO COMETA................................................... 12

1.5 OBJETIVOS................................................................................................. 16

1.5.1 OBJETIVO GERAL....................................................................................................... 16

1.5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................ 16

2. MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................17

2.1 CAPTURA DOS EXEMPLARES.......................................................................................... 17

2.2 TESTE DO MICRONÚCLEO.............................................................................................. 21

2.3 ENSAIO DO COMETA...................................................................................................... 21

2.4 ANÁLISES CITOGENÉTICAS CLÁSSICAS........................................................................... 23

2.5 CITOGENÉTICA MOLECULAR.......................................................................................... 24

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 28

3.1 CAPÍTULO 1................................................................................................................... 29

4. CONCLUSÃO GERAL..................................................................................... 48 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 50

xiii

Lista de Figuras Figura 1 – Distribuição Geográfica de Caiman crocodilus ....................................... 3

Figura 2 - Origem do micronúcleo durante a divisão celular ................................. 10

Figura 3 – Mapa Indicando os pontos de coleta no Igarapé do Mindu .................. 16

Figura 4 – Mapa Indicando os pontos de coleta na Universidade Federal do

Amazonas. ............................................................................................................. 16

Figura 5 - Mapa Indicando os pontos de coleta no Lago Ouro Verde ................... 17

Figura 6 - Mapa Indicando os pontos de coleta no Lago Catalão ......................... 18

Figura 7 – Classificação de Cometas de acordo com o tamanho da cauda

segundo Ribeiro et al. (2004). ............................................................................... 21!

Figura 1 - Cariótipo de Caiman crocodilus em coloração convencional com

Giemsa (a); Distribuição de heterocromatina constitutiva (b); Localização da

região organizadora de nucléolo. .......................................................................... 35

Figura 2 - Cariótipo de Caiman crocodilus com hibridização de sonda telomérica

em vermelho; localização do DNAr 18S. Os cromossomos foram contra corados

com DAPI (azul). .................................................................................................... 37

Figura 3 - Cariótipos de Caiman crocodilus com hibridização do retroelemento

Rex1 (vermelho) de ambiente não antropizado em fêmeas (a) e machos. ........... 38

Figura 4 - Cariótipos de Caiman crocodilus com hibridização do retroelemento

Rex1 (vermelho) de ambiente antropizado em fêmeas (a) e machos (b).. ........... 39

Figura 5 – Células submetidas ao ensaio do cometa impregnadas com nitrato de

prata: núcleos sem danos (0), caudas de cometas indicando os danos

progressivos ao DNA (1 a 4) e apoptose (5) em indivíduos de ambiente não

antropizado (a) e antropizado (b). ....................... Error! Bookmark not defined.41

Figura 6 – Micronúcleo em Caiman crocodilus em coloração convencional com Giemsa (seta). Barra: 10µm................................................................................. Error! Bookmark not defined.42

1

1. Introdução

1.1. Crocodylia 1.1.1. Aspectos gerais

Os crocodilianos atuais apresentam uma história evolutiva de

aproximadamente 60 milhões de anos, estando associados a diversos habitats

aquáticos como rios, lagos, córregos e pântanos (Ross 1989).

Os indivíduos adultos apresentam uma dieta mais variada do que a dieta

dos juvenis (Webb et al. 1982). Durante o primeiro ano de vida a dieta é composta

principalmente por invertebrados, desde insetos (principalmente Odonata,

Hemiptera e Coleóptera), aranhas, crustáceos (principalmente caranguejos),

moluscos (principalmente Pomacea e Bivalvia) e pequenos peixes, enquanto que

os adultos incrementam a dieta com o acréscimo de peixes grandes, aves, outros

répteis e mamíferos de pequeno e médio porte (Magnusson et al. 1987;

Thorbjarnarson 1993; Da Silveira e Magnusson, 1999; Rueda-Almonacid et al.

2007; Coutinho e Campos 2007; Marioni et al. 2008).

1.1.2 Aspectos taxonômicos Os componentes da ordem Crocodylia são divididos em três famílias:

Crocodylidae, Gavialidae e Alligatoridae. Esta divisão se deve principalmente às

variações observadas no que diz respeito à morfologia da cabeça, estas

variações se devem basicamente às estratégias e preferências alimentares. Os

Alligatoridae apresentam o rostro mais largo, enquanto os representantes da

família Crocodylidae possuem uma variedade de larguras dos rostros, e os

representantes da família Gavialidae possuem um rostro bem estreito (Grigg e

Gans 1993).

O número de espécies atualmente aceito varia entre 23 (Brochu 2003), 24

(Martin 2008; Hekkala et al. 2011) e 25 (elevando uma subespécie ao nível de

espécie) (McAliley et al. 2006). Estas espécies estão distribuídas em nove

gêneros, que estão agrupados nas famílias: Alligatoridae (Caiman, Melanosuchus,

Paleosuchus, Alligator), Crocodylidae (Crocodylus, Osteolaemus, Tomistoma e

Mecistops) e Gavialidae (Gavialis) (McAliley et al. 2006), sendo que o maior nível

de diversidade de espécies é observado em Crocodylus, que reúne 13 espécies

(Martin 2008).

2

No Brasil ocorrem cinco espécies, pertencentes apenas à família

Alligatoridae: Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758), conhecido como jacaretinga;

Paleosuchus trigonatus (Schneider, 1801), conhecido como jacaré-coroa; Caiman

latirostris (Daudin, 1802), conhecido como jacaré-de-papo-amarelo; Paleosuchus

palpebrosus (Cuvier, 1807), conhecido como jacaré-paguá e Melanosuchus niger

(Spix, 1825), conhecido como jacaré-açu. Na Amazônia ocorrem quatro espécies

que são popularmente chamadas de jacarés: i) o jacaré-açu é um dos maiores

predadores das Américas, podendo atingir mais de cinco metros de comprimento

total (CT), onde o CT compreende a medida completa do animal, desde a

extremidade do rostro até a extremidade da cauda; ii) o jacaré-coroa que pode

atingir 1,7 m de CT, ocorrendo basicamente nos riachos de terra firme; iii) o

jacaré-paguá atinge pouco mais de 1,5 m de CT, sendo um dos menores

crocodilianos viventes; iv) o jacaré-tinga (Caiman crocodilus) é um dos

crocodilianos mais abundantes na Amazônia, chegando a atingir 2,5 m de CT

(Steel 1989; Rueda-Almonacid et al. 2007).

1.1.3 Espécie-alvo O Caiman crocodilus é um táxon amplamente distribuído no continente

americano, sendo a espécie com maior distribuição entre os jacarés, habitando

desde o sul do México até o norte da Bolívia (King e Burke 1989; Ross 1998;

Rodriguez 2000; Oliveira 2010) e foi introduzido nos EUA, em Cuba e Porto Rico

(Figura 1) (Da Silveira e Marioni 2010).

3

No que diz respeito à conservação, segundo a União Internacional para

Conservação da Natureza (IUCN), C. crocodilus está listado como “Pouco

Preocupante” (CSG 1996 apud IUCN 2013).

Caiman crocodilus pode suportar maior pressão de exploração pela

facilidade no recrutamento de indivíduos para a população reprodutiva (Rebêlo e

Magnusson 1983). Isto se deve ao fato de que esta espécie atinge o comprimento

reprodutivo com aproximadamente 60 cm para as fêmeas e 75 cm para os

machos, em um intervalo de tempo mais curto, entre 4 e 6 anos de idade,

diferentemente das outras espécies de crocodilianos, que alcançam a maturidade

sexual entre 10-20 anos, com comprimento variando de 130 cm para as fêmeas e

140 cm para os machos (Da Silveira 2001; Rueda-Almonacid et al. 2007).

Possuem comportamento territorialista na estação reprodutiva, exibindo

comportamento de corte (Rueda-Almonacid et al. 2007).

Figura 1 – Distribuição Geográfica de Caiman crocodilus (Fonte: IUCN Crocodile Specialist Group)

4

Os jacarés amazônicos figuram entre os crocodilianos menos estudados no

mundo. Padrões de distribuição, abundância, estrutura de tamanho e razão

sexual destas espécies ainda são pouco conhecidos, limitando-se a poucos

estudos realizados em áreas protegidas e em áreas de savana, sendo raramente

estudados em áreas florestais e urbanas (Ouboter e Nanhoe 1984; Da Silveira et

al. 1997).

Até o momento foram desenvolvidas várias pesquisas de cunho ecológico

(Da Silveira et al. 1997; Da Silveira e Magnusson 1999; Da Silveira e

Thorbjarnarson 1999; Da Silveira et al. 2010; 2013; Marioni et al. 2008; 2013), de

diversidade genética (Farias et al. 2004; Vasconcelos et al. 2006; 2008) e de

paternidade múltipla (Oliveira et al. 2010), entretanto, trabalhos que abordem a

estrutura cariotípica e a organização genômica destas espécies são escassos.

1.2 Citogenética de Crocodilianos

O cariótipo das espécies tende a diferir quanto à forma, tamanho e número

de cromossomos (Guerra 1988; Nicholas 1999). Assim, as análises dos

cromossomos de vertebrados e de outros organismos têm finalidades diversas,

como contribuir para o conhecimento da estrutura, da organização molecular e do

comportamento cromossômico, o que pode auxiliar na elucidação de espécies

crípticas, de complexo de espécies, além de revelar mecanismos de rearranjos e

identificar marcadores para híbridos interespecíficos (Kasahara 2009).

Dados citogenéticos disponíveis para as espécies de crocodilianos (Tabela

1) revelaram que o número diploide (2n) varia entre 30 (Crocodylus siamensis e

Crocodylus rhombifer) a 42 (Caiman latirostris, C. yacare, C. crocodilus,

Melanosuchus niger, Paleosuchus trigonatus e P. palpebrosus) e o número

fundamental (NF) varia entre 56 e 62 (King et al. 1986; Amavet et al. 2003;

Kawagoshi et al. 2008; Olmo e Signorino 2014), apresentando ausência de

microcromossomos, possivelmente pela ocorrência de uma série de fusões entre

eles, após a divergência ocorrida entre as linhagens de crocodilianos e aves há

220–250 m.a.a. (Kawagoshi et al. 2008). Das 23 espécies estudadas

citogeneticamente, nenhuma apresentou cromossomos sexuais diferenciados, o

que é facilmente compreendido devido à dependência da temperatura para

determinação do sexo (Amavet et al. 2003; Valenzuela e Lance 2004; Kawai et al.

2007).

5

Família

Espécie N

úmero

Diploide

Núm

ero Fundam

ental B

anda C

RO

N*

FISH**

Referência

Alligatoridae

A

lligator mississippiensis

2n=32 N

F=60

Cohen e G

ans 1970

A

lligator sinensis 2n=32

NF=60

Zeng et al. 2011

C

aiman crocodilus

2n=42 N

F=62 intersticial, constrição

secundária (par 16)

C

ohen e Gans 1970

King et al. 1986

Am

avet et al. 2000

Caim

an latirostris 2n=42

NF=60

centrômero, intersticial

(par indefinido) intersticial (par

indefinido)

Cohen e G

ans 1970, A

mavet et al. 2000,

2003

Caim

an yacare 2n=42

NF=60

centrômero

intersticial (par indefinido)

A

mavet et al. 2003

M

elanosuchus niger 2n=42

NF=60

C

ohen e Gans 1970

P

aleosuchus palpebrosus 2n=42

NF=58

C

ohen e Gans 1970

P

aleosuchus trigonatus 2n=42

NF=58

C

ohen e Gans 1970

Crocodylidae

Crocodylus cataphractus

2n=30 N

F=58

Cohen e G

ans 1970

C

rocodylus palustris 2n=30

NF=58

C

ohen e Gans 1970

C

rocodylus rhombifer

2n=30 N

F=58

Cohen e G

ans 1970 C

havananikul et al. 1994

Tabela 1 – Dados citogenéticos para a O

rdem C

rocodylia. *RO

N (R

egião Organizadora de N

ucléolo). **FISH (Fluorescence in situ hybridization)

6

C

rocodylus siamensis

2n=30 N

F=58 centrôm

ero e constrição

secundária (par 15)

18S/28S

(intersticial, par 15)

Chavananikul et al. 1994 K

awagoshi et al. 2008

C

rocodylus acutus 2n=32

NF=58

C

ohen e Gans 1970

C

rocodylus intermedius

2n=32 N

F=58

Cohen e G

ans 1970

C

rocodylus johnstoni 2n=32

NF=58

intersticial , crom

ossomo

heterocromático (par

15) e constrição secundária (par 10)

Cohen e G

ans 1970 K

ing et al. 1986

C

rocodylus moreletii

2n=32 N

F=56

Cohen e G

ans 1970

C

rocodylus niloticus 2n=32

NF=58

C

ohen e Gans 1970

Chavananikul et al. 1994

C

rocodylus novaeguineae

2n=32 N

F=58

Cohen e G

ans 1970 C

havananikul et al. 1994

C

rocodylus porosus 2n=34

NF=58

centrômero, braço

curto (14), braço curto e longo (par 15), crom

ossomo

heterocromático (par

16)

constrição secundária (10)

18S/26S (intersticial, ITS e telôm

ero) braço curto (1) e braço

longo (2, 3, 6 e 10)

Cohen e G

ans 1970 K

ing et al. 1986 C

havananikul et al. 1994 D

alzell et al. 2010

Gavialidae

G

avialis gangeticus 2n=32

NF=60

C

ohen e Gans 1970

Tom

istoma schlegelii

2n=32 N

F=58

Cohen e G

ans 1970

Tabela 1 – Dados citogenéticos para a O

rdem C

rocodylia (cont.)

7

Estudos evidenciam que o cariótipo ancestral de Crocodylia possuía 42

cromossomos telocêntricos, assim como as espécies de Paleosuchus.

Modificações estruturais como fusão, inversão pericêntrica e translocação

recíproca deram surgimento às fórmulas cariotípicas atuais, como as encontradas

nos gêneros Alligator, Crocodylus, Osteolaemus, Tomistoma e Gavialis (Cohen e

Gans 1970; King 1986; Amavet et al. 2003). Na maioria das espécies de

Crocodylidae observa-se a constrição secundária no par 10, ainda que em C.

crocodilus ela se apresente no par 16 (King et al. 1986).

Para C. crocodilus, assim como para a maioria dos crocodilianos, apenas o

número diploide foi descrito (King et al. 1986; Lui et al. 1994). Entretanto,

bandeamentos cromossômicos diferenciais, tais como detecção da região

organizadora de nucléolo, da heterocromatina e mapeamentos físicos de regiões

específicas são de fundamental importância quando se quer entender o efeito de

poluição ambiental, seja industrial ou doméstica, sobre o genoma das espécies

expostas a estas interferências, tornando-se necessário observar se esta está

causando alterações estruturais e/ou funcionais como mutações, rearranjos,

perda de regiões de interesse e modificações na expressão gênica.

1.3 Poluição na Bacia Amazônica

O crescimento urbano e populacional desordenado tem impactado de maneira

drástica os ecossistemas aquáticos e terrestres (Branco 1983; Payne 1986;

Tundisi e Barbosa 1995; Silva et al. 1998), causando uma redução na

biodiversidade (Tundisi et al. 1995; Silva et al. 1998).

A bacia amazônica possui o mais extenso e mais volumoso sistema fluvial do

mundo, formado pelo complexo Solimões/Amazonas e um incontável número de

pequenos igarapés (Santos e Ferreira 1999; Figueiredo et al. 2009; Mora et al.

2010), abrangendo aproximadamente sete milhões de km2 de área, onde 58%

desse total localiza-se no território brasileiro (Sioli 1985; Hoorn e Wesselingh

2010; Wanderley-Filho et al. 2010).

Nos últimos anos, os ecossistemas aquáticos da Amazônia Central vêm

sofrendo com efeitos da antropização, onde muitos deles tiveram um aumento na

quantidade de material particulado em 300 vezes comparados aos trechos

naturais (Cleto Filho e Walker 2001; Melo et al 2005; Pinto 2009). O despejo de

8

esgotos em corpos d’água pode criar um aumento na quantidade de nutrientes e

íons dissolvidos na água (eutrofização), ocasionando a proliferação de

organismos que em condições normais não existiriam, criando um desequilíbrio

ambiental e disputas por recursos como oxigênio e alimentos (Esteves 1988).

Entre os principais poluentes destacam-se os metais pesados (Hg, Au, Co,

Cu, Fe, Cr, Ni, Mn, Pb e Zn), que contaminam o meio ambiente devido o descarte

incorreto de pilhas, baterias e eletroeletrônicos. Ao entrarem no ecossistema

aquático se distribuem em diversos níveis como solo, sedimento, plantas e

animais, chegando a ser tóxicos dependendo do nível de bioacumulação

(Förstner 1987; Filgueiras et al. 2004; Santana e Barroncas 2007).

Substâncias como metal, plástico e matéria orgânica contribuem para a

produção de um chorume rico em metais pesados e, consequentemente,

aumentam o valor do pH da água. Esse aumento acaba por reduzir a quantidade

de oxigênio dissolvido disponível - OD (Oygard et al. 2004), o que facilita a

mobilidade dos metais pesados presentes no meio (Sletten et al. 1995; Manahan

1999; Bartolomeo et al. 2004; Silva et al. 2004). A antropização causa um

distúrbio que altera, além da mobilidade, a interação dos metais carreados com o

OD (Filgueiras et al. 2004), facilitando reações que alteram sua estrutura química,

resultando num aumento da potencial toxicidade dos metais pesados (Lacerda e

Fitzgerald 2001; Oliveira et al. 2007).

A cidade de Manaus, uma das maiores capitais da Região Norte, é um

exemplo de zona urbana localizada no meio da floresta (Nogueira et al. 2007). A

capital que em 1940 possuía aproximadamente 67 mil habitantes passou a 635

mil habitantes em 1980, com um crescimento demográfico de 405% (Santana e

Barroncas 2007), chegando em 2013 à 1.982.177 habitantes, sendo o sétimo

município mais populoso do Brasil (IBGE 2013). A cidade é recortada por uma

densa malha de igarapés e devido a essa intensa explosão demográfica houve

um aumento considerável de lixo, o que resulta em um armazenamento em locais

não apropriados, sendo despejados em locais a céu aberto, ou diretamente nos

corpos d’água sem nenhum tratamento (Silva 1996; Elias e Silva 2001; Cleto Filho

e Walker 2001; Melo et al. 2005). Isto vem alterando drasticamente as

características físico-químicas dos corpos d’água, tais como: a) aumento da

temperatura; b) aumento no pH; c) elevação no teor de cálcio e magnésio; d)

diminuição da condutividade elétrica; e) diminuição do oxigênio dissolvido na água

9

(Silva 1996; Melo et al. 2005). Estudos já mostram que há contaminação por

metais pesados em diversas bacias dos igarapés urbanos de Manaus (Silva 1996;

Sampaio 2000; Santana e Barroncas 2007).

A área urbana de Manaus possui três bacias hidrográficas (Bacia do

Puraquequara, Bacia do Tarumã-Açu e Bacia do Rio Negro), onde as duas

primeiras bacias se encontram parcialmente inseridas na malha urbana e a última

se encontra integralmente dentro da cidade (Santana e Barroncas 2007). A bacia

do Rio Negro tem como tributários urbanos as microbacias do São Raimundo e

Educandos, que possuem como principais tributários os igarapés do Mindu e do

Quarenta, respectivamente que drenam áreas densamente povoadas (Pinto et al.

2009).

Interferências humanas sobre a paisagem influenciam a riqueza e a

composição da fauna nestes ambientes. A fauna aquática, de modo geral é

sensível a mudanças no ambiente, principalmente quando se refere à qualidade

da água e o nível de OD (Cleto Filho e Walker 2001). Percebe-se então que

corpos hídricos amazônicos podem ser aceptores de poluentes liberados no

ambiente, seja de fontes naturais por lavagem e lixiviação do solo, seja por

atividades humanas que lançam diretamente os despejos industriais e urbanos,

servindo como um sistema de estoque de poluentes (Förstner e Wittmann 1983;

Al-Sabti e Metcalfe 1995; Filgueiras et al. 2004).

A contaminação química dos corpos hídricos pode motivar uma redução no

tamanho da população natural, por mutações deletérias em células somáticas

e/ou células germinativas ou ainda por perda da diversidade genética de aves e

peixes (Bickham et al. 2000). Entretanto, algumas espécies suportam viver

nestes ambientes poluídos e entre elas destacam-se os jacarés por serem

espécies-chave no ecossistema que ocupam. A presença deste grupo nos

igarapés urbanos se dá pelo fato destes serem predadores de topo de cadeia,

cuja dieta é generalista e oportunista que varia de acordo com a idade, tamanho

do indivíduo, sazonalidade, disponibilidade de presas, estação e o nicho que

ocupam (Webb et al.1982; Magnusson et al. 1987; Thorbjarnarson 1993).

Para medir esses danos, faz-se necessário uma melhor compreensão a

respeito do efeito da poluição no genoma dos organismos aquáticos, visto que

muito deles possuem ciclo de vida parcial ou completamente aquático.

10

1.4 Teste de Micronúcleo (MN) e Ensaio do Cometa Paralelamente às análises citogenéticas, o teste de micronúcleo é utilizado

para determinar componentes clastogênicos e aneugênicos a partir da contagem

de micronúcleos (MN) em linfócitos do sangue periférico, células epiteliais,

eritrócitos e fibroblastos (Fenech et al. 1999). O micronúcleo se origina a partir de

quebras de cromossomos ou da perda de cromossomos que não estão presentes

no núcleo da célula-filha durante a divisão celular (Figura 2) ou ainda, por

hipometilação de regiões centroméricas e intersticiais, sendo assim considerado

um bom marcador para fatores genotóxicos (Fenech et al. 1999; 2011; Singh et al.

2013).

A análise de MN foi desenvolvida primeiramente em camundongos (Schmid

1976; Pantaleão et al. 2006) e tem sido utilizada em estudos com outros animais,

considerados bioindicadores como peixes (Al-Sabit 2000; Bucker et al. 2006; Nan

et al. 2013), pequenos mamíferos (Benincá 2006; Arias et al. 2007; Ramsdorf

2007; Takeiri et al. 2013; Zhou et al. 2013), humanos (Tomanin et al. 1991; Anwar

et al. 1994; Severin 1995; Chang et al. 1996; Tates et al. 1996; Dertinger et al.

2003), plantas (Fernandes et al. 2002; Yi et al. 2007) e em crocodilos (Poletta et

al. 2009), para avaliar possíveis danos genotóxicos ocasionados por exposições a

poluentes ambientais como agrotóxicos, sendo considerado um bom bioindicador

de genotoxicidade (Al-Sabti e Metcalfe 1995; Al-Sabti 2000).

Figura 2 - Origem do micronúcleo durante a divisão celular (Fonte: Fenech et al. 1999)

Atualmente, vários estudos utilizam micronúcleo para medir lesões e

genotoxicidade no DNA, ocasionadas pela maioria dos compostos químicos e

radioativos (Lau et al. 2009; Watters et al. 2009; Cveticanin et al. 2010; Lal e

11

Ames 2011). Watters et al. (2009) observaram que a frequência de micronúcleos

mostra-se relacionada com quebras na dupla fita e em eventos de recombinação

do DNA. A formação dessas quebras na dupla fita é geralmente produto do reparo

por excisão de danos e de bases incorporadas erroneamente (Dianov et al. 1991).

O MN possui sequências teloméricas que podem ser reconhecidas por sondas

específicas (Boukamp et al. 2005), o teste de MN se torna um método importante

para observar a ação de agentes genotóxicos em diferentes organismos.

A formação de MN parece ser regulada por mecanismos epigenéticos

como: 1) metilação do DNA, 2) modificações nas histonas, 3) remodelação da

cromatina e 4) expressão de RNA não-codificante (Gibney e Nolan 2009; Bonasio

et al. 2010). Aypar et al. (2011) demonstraram que a exposição à radiação induziu

a formação de MN acompanhada de alteração na metilação do DNA e na

expressão do miRNA. Apesar do importante papel desempenhado pelas

mudanças epigenéticas no comportamento do centrômero, ainda não são bem

conhecidas quais delas estão associadas com a formação do micronúcleo

(Luzhna et al. 2013).

Complementarmente, o ensaio do cometa é um teste utilizado para

comparar danos ao DNA ocorridos durante a apoptose e que não são observados

por outros métodos (Huang et al. 2005). O ensaio consiste em uma técnica de

eletroforese em gel para analisar danos no DNA de cada célula, individualmente,

induzidos por agentes alquilantes, intercalantes e oxidantes (Singh et al. 1988;

Tice et al. 2000). As células são então incorporadas em géis de agarose e

submetidas a um campo elétrico, o que gera um padrão de distribuição que, após

a coloração com fluorocromo se assemelha a um cometa e a extensão da cauda

está diretamente relacionada com a gravidade dos danos no DNA (Ostling e

Johanson 1984).

O ensaio do cometa é amplamente utilizado na biomonitoração e na

detecção de agentes mutagênicos e genotóxicos em diferentes animais (Piperakis

et al. 2009; Poletta et al. 2009; Capriglione et al. 2011; Nan et al. 2013) por

apresentar: 1) grande sensibilidade na detecção de pequenos danos no DNA, 2)

simplicidade, 3) pelo baixo custo e 4) por produzir resultados rápidos nos estudos

de genotoxicidade. Assim, pode ser utilizado em qualquer organismo eucarioto,

independentemente se estão em estado proliferativo ou não e apresenta bons

12

resultados, mesmo com uma pequena quantidade de células (Singh et al. 1988;

Tice et al. 2000).

Sabe-se que os crocodilianos são muito sensíveis a pesticidas, pois estas

substâncias imitam a ação de esteroides sexuais, como o estrógeno, alterando a

síntese de hormônios e o metabolismo dos embriões, aumentando assim a

proporção de machos no ninho (Rueda-Almonacid et al. 2007).

Deste modo, a técnica do MN e o ensaio do cometa apresentam-se como

ferramentas robustas para testar possíveis alterações provocadas por substâncias

provenientes dos efluentes despejados no ecossistema aquático, que agem como

um provável agente genotóxico/citotóxico, devido a diferentes vantagens como

fácil detecção, rápida formação (Luzhna et al. 2013) e sensibilidade a pequenos

danos ao DNA (Tice et al. 2000).

Sabe-se que os organismos aquáticos respondem diretamente às

alterações físico-químicas do meio então, faz-se necessário verificar se estas

alterações se estendem a nível cromossômico e molecular e se pode estar

relacionado a estratégias adaptativas dos crocodilianos nestes ambientes, visto

sua maior plasticidade à matriz urbana, por ser generalista.

13

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 Objetivo Geral

Avaliar o impacto da poluição doméstica sobre o genoma de jacaretinga

(Caiman crocodilus) e determinar a composição cromossômica de indivíduos da

espécie, que ocorrem em corpos hídricos antropizados e não antropizados,

utilizando marcadores cromossômicos clássicos e moleculares.

!

1.5.2 Objetivos Específicos

– Inferir o potencial genotóxico dos corpos hídricos impactados da cidade de

Manaus em Caiman crocodilus.

– Comparar o potencial genotóxico dos esgotamentos sanitários e de

ambientes não impactados em Caiman crocodilus.

– Comparar o cariótipo de indivíduos silvestres e urbanos, observando se

existem modificações referentes à poluição.

– Determinar a macroestrutura cariotípica de indivíduos da espécie C.

crocodilus que ocorrem na Amazônia.

– Estabelecer padrões cromossômicos estruturais para a espécie C.

crocodilus, pelo uso de bandamentos cromossômicos como identificação

da heterocromatina constitutiva e de regiões organizadoras de nucléolo.

– Mapear as sequências do gene ribossomal 18S, sequências teloméricas e

do retroelemento Rex1 nos espécimes coletados por meio de hibridação

fluorescente in situ (FISH).

14

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Captura dos Exemplares

Foram coletados 30 animais adultos, de ambos os sexos, em idade

reprodutiva, sendo: 15 de ambientes que recebem efluentes domésticos, zona

urbana de Manaus – AM (Tabela 1; Figura 3, 4, 5 e 6) e 15 espécimes de

ambiente não antropizado, Lago Catalão – AM (Tabela 2; Figura 7) com

autorização do ICMBio/SISBIO (Instituto Chico Mendes de

Biodiversidade/Sistema de Autorização e Informação de Biodioversidade: 5532-1).

Tabela 1 – Pontos de coletas de espécimes de Caiman crocodilus da zona urbana de Manaus.

Coordenadas geográficas N° de Espécimes

Sexo

3°07’22.5’’S/60°01’53.1’’W 1 ♂

3°07’23.5’’S/60°01’48.4’’W 3 ♀

3°07’23.0’’S/60°01’48.2’’W 1 ♀

3°06’52.0’’S/60°01’58.0’’W 2 ♂

3°07’20.9’’S/60°01’53.8’’W 1 ♂

3°07’25.3’’S/60°01’50.6’’W 2 ♀

3°06’02.0”S/59°58’54.7”W 1 ♂

3°04’53.8”S/59°57’38.5”W

2 ♂

3°05’50.8”S/59°59’03.3”W

1

3°05’50.8”S/59°59’03.3”W

1

15

Tabela 2 – Pontos de coletas de espécimes de C. crocodilus do Lago Catalão, Manaus.

Coordenadas geográficas N° de

Espécimes

Sexo

03°10.428’S/059°54.411’W 3 ♂

03°09.730’S/059°55.406’W 2 ♂

03°09.941’S/059°55.406’W 3 ♀

03°09.673’S/059°55.213’W 3 ♀

03°10.197’S/059°54.217’W 3 ♂

03°10.213’S/059°54.936’W 1 ♀ ! ! !

Figura 3 - Mapa dos pontos de coletas de C. crocodilus na cidade de Manaus:

Mindu (1); UFAM (2); Acariquara (3); Catalão (4) (Fonte: Google Earth, com modificações)

16

Figura 4 – Mapa dos pontos de coletas de C. crocodilus no Igarapé do Mindu

(Fonte: Google Maps)

Figura 5 – Mapa dos pontos de coletas de C. crocodilus no campus da

Universidade Federal do Amazonas (Fonte: Google Maps).

17

Figura 6 - Mapa dos pontos de coletas no Lago Ouro Verde, Manaus (Fonte: Google Maps).

18

Figura 7 - Mapa dos pontos de coletas no Lago Catalão (Fonte: Google Maps).

Indivíduos de C. crocodilus foram capturados em levantamentos noturnos,

nos períodos de cheia do rio utilizando uma canoa de alumínio, equipada com

motor de popa, movendo-se ao longo das margens dos corpos hídricos.

A captura dos espécimes foi manual, com auxílio de pegador-de-pinça

(Reptile Snare), cambão (Ketch-All Animal Restraining Pole) e/ou laço especial de

cabo de aço (Locking Cable Snares) (Da Silveira et al. 1997), imobilizado-os com

cordas e fita gomada. Estes foram acondicionados em saco de pano umedecido e

transportados à base de apoio onde foram marcados com Markal Paintstik “3”

Orange (Figura 8).

Amostras de sangue obtidas dos indivíduos foram obtidas segundo Tourn

et al. (1993), transferidas para Vacutainers e mantidas em refrigerador a 10° C,

visando a realização do Teste de Micronúcleo, Ensaio do Cometa e obtenção de

preparações cromossômicas.

19

!Figura 8 - Marcação provisória com cera. (Fonte: Instituto Mamirauá)

2.2 Teste do Micronúcleo

No Teste de Micronúcleo (MN), 10 µl do sangue total foram obtidos de cada

indivíduo para ser utilizado até 24 horas a partir da perfuração do bulbo arterioso.

Uma gota foi colocada sobre uma lâmina limpa e espalhada por meio do método

de distendido sanguíneo. Os distendidos sanguíneos foram corados com solução

de Giemsa e tampão fosfato pH 6,8. A análise microscópica das lâminas foi feita

sob aumento de 100x. Três lâminas de cada indivíduo foram identificadas por

códigos e analisadas de forma cega, sem identificação, por um único observador.

A determinação da frequência de micronúcleos (MN) foi realizada a partir da

observação de 2000 eritrócitos periféricos por animal e definidos de acordo com

Heddle (1973), Schmid (1975) e Fenech (2000). Imagens dos micronúcleos foram

capturadas, utilizando objetiva de imersão em microscópio Zeiss Axio CAM ERC

5S e câmera digital Canon Power Shot A650 IS.

2.3 Ensaio do Cometa

O ensaio do cometa foi utilizada a técnica alcalina descrita por Singh et al.

(1988) com modificações (Hartmann et al. 1995; Nadin et al. 2001; Fukumasu et

al. 2006; Brianezi et al. 2009) onde: lâminas histológicas foram mergulhadas em

gel de agarose (1,5%), mantido em banho-maria a 85 °C. Após a remoção do

excesso com papel absorvente, as lâminas foram secas em temperatura

ambiente. O sangue coletado (10 µl) foi previamente misturado com heparina e

diluído em 600 µl de meio de cultura RPMI 1640 (composto de sais inorgânicos,

20

aminoácidos, vitaminas, glicose, glutatione e vermelho de fenol). Posteriormente,

10 µl do sangue diluído foi misturado com 95 µl de agarose 1,5% low melting, e

esta solução aplicada por toda a lâmina previamente revestida com o gel de

agarose, coberta com lamínula até sua solidificação. Após a solidificação e

adesão das células à agarose, a lamínula foi então removida e as lâminas

dispostas em cubeta vertical com solução de lise gelada e protegida da luz por 24

horas. Posteriormente, elas foram incubadas por 20 minutos em solução de EDTA

(1mM) e NaOH (300 mM) com pH >13 na cuba de eletroforese de um lado a outro

e submetidas à uma corrente de 25 V e 300 mA por 20 minutos. As lâminas foram

então retiradas do tampão de eletroforese, colocadas em uma solução tampão

neutralizadora de Tris (Invitrogen), por 5 minutos e logo em seguida, as lâminas

foram lavadas com água destilada duas vezes. Após a lavagem, as lâminas foram

secas em temperatura ambiente e imersas em uma cubeta com solução fixadora

por 10 minutos; em seguida foram novamente lavadas com água destilada por

três vezes, secas em temperatura ambiente e hidratadas por 5 minutos com água

destilada. A coloração foi realizada com prata pelo método descrito por Nadin et

al. (2001) e Fukumasu et al. (2006). Para isto, foram misturadas em uma cubeta

32 mL de solução A (50 g Na2CO3 [q.s.p.] 1000 mL de água bidestilada) e 68 mL

de solução B (0,2 g de NH2NO3, 0,2 g de AgNO3, 1 g de ácido silicotungstênico,

500 µl de formaldeído, q.s.p. 1000 mL de água bidestilada) por um minuto. Em

seguida, as lâminas foram lavadas por 5 minutos em solução de parada (1mL de

ácido acético q.s.p. 1000 mL de água bidestilada) e depois em água bidestilada

por um minuto, secas e observadas ao microscópio óptico. Como recomendado

na literatura, foram analisados 50 cometas (Wiklund et al. 2003; Ribeiro et al.

2004) com rastreamento contínuo de toda a lâmina. Estes foram classificados

conforme o tamanho da cauda em seis classes: 0, 1, 2, 3, 4 e 5 correspondentes

à gravidade dos danos ao DNA (Ribeiro et al. 2004) (Figura 7).

21

Figura 9 – Classificação de Cometas de acordo com o tamanho da cauda segundo Ribeiro et al. (2004).

2.4 Análises Citogenéticas Clássicas

Na obtenção das preparações cromossômicas mitóticas foi utilizada a

técnica de cultura de linfócitos descrita por Moorhead et al. (1960) com algumas

modificações, que consistiram em coletar 4 mL de sangue via punção do bulbo

arterioso com seringas descartáveis heparinizadas. Em seguida a amostra, até 1

mL, foi transferida para o meio de cultura completo para cariótipo e levada para

estufa a 29 ºC por 96 horas. Uma hora antes do término deste período

acrescentou-se 0,1 mL de colchicina a 0,025% ao meio de cultura. Após este

tempo, a cultura foi transferida para um tubo de centrífuga e centrifugada por 10

minutos, a 800 rpm. O sobrenadante foi então desprezado e acrescentou-se 8 mL

de solução hipotônica de cloreto de potássio (KCl 0,075M) previamente aquecida

a 37 ºC, o material foi homogeneizado com uma pipeta Pasteur e colocado em

estufa a 37 ºC por 1 hora.

Transcorrido o tempo total de hipotonização, o processo foi interrompido

acrescentando-se 0,3 mL de fixador Carnoy I (Metanol 3:1 Ácido Acético), recém-

22

preparado. O material foi centrifugado por 10 minutos a 800 rpm. O sobrenadante

foi descartado e acrescentou-se 10mL de fixador Carnoy I. Novamente o material

foi ressuspendido com o auxílio de uma pipeta Pasteur, 10 mL de fixador Carnoy I

foram adicionados e a suspensão foi novamente centrifugada durante 10 minutos

a 800 rpm, sendo desprezado o sobrenadante. Este procedimento foi repetido por

mais uma vez. Após esta fase, adicionou-se 1,5 mL de fixador seguido de

ressuspensão cuidadosa do material. Essa suspensão celular foi então estocada

em tubo “eppendorf” e mantida em freezer (-4° C).

Na caracterização da heterocromatina constitutiva utilizou-se a técnica de

banda C descrita por Sumner (1972), com modificações. As lâminas contendo as

preparações cromossômicas foram tratadas durante 2 minutos com HCl 0,2 N a

42 ºC, lavadas em água destilada à temperatura ambiente e secas ao ar. Em

seguida foram incubadas a 45 ºC, em solução de hidróxido de bário a 5%, filtrada

e recém-preparada, por 32 segundos. A ação do hidróxido de bário foi

interrompida imergindo-se rapidamente a lâmina em solução de HCl 0,2N (37 ºC),

sendo posteriormente lavada em água destilada. Após secas, as lâminas foram

incubadas em solução 2xSSC (cloreto de sódio 0,3 M e citrato trisódico 0,03 M,

pH 6,8), em banho-maria a 60 ºC, por um período de 15 minutos, sendo

posteriormente secas ao ar, coradas com Giemsa 5% em tampão fosfato 0,06M e

pH 6,8 por 10 minutos, lavadas em água de torneira e secas novamente ao ar.

Após secagem, foi possível visualizar com microscópio óptico a heterocromatina

constitutiva dos cromossomos.

Para a caracterização das regiões organizadoras de nucléolos (RON) foi

utilizada a técnica descrita por Howell e Black (1980), com modificações.

As lâminas contendo as preparações cromossômicas são tratadas com HCl

0,2N a 37° C por 10 minutos, lavadas com água destilada à temperatura ambiente

e secas ao ar. Em seguida colocou-se 2 gotas de uma solução coloidal preparada

com gelatina e sobre cada gota de gelatina, 2 gotas de solução aquosa de AgNO3

(nitrato de prata) a 50%, agitando levemente para que ocorra a homogeneização.

Cobre-se então com lamínula, a lâmina é incubada em câmara úmida a 60° C, por

um período de 4 minutos, após a lâmina atingir coloração marrom dourada, a

mesma é lavada com água destilada, permitindo a remoção da lamínula e seca ao

ar para posterior análise.

23

2.5 Citogenética Molecular

A extração de DNA foi realizada a partir de tecido muscular, utilizando o

protocolo básico de Sambrook e Russel (2001) com algumas modificações.

Foram macerados aproximadamente 20 mg de tecido muscular e transferidos

para um tubo de volume de 1,5 mL. Adicionou-se 500 µL de tampão de lise (Tris-

HCl 10 mM em pH 8,0, NaCl 0,3 M, EDTA 10 mM, Urea 4 M, SDS 1%) de Estoup

et al. (1993) e Asahida et al. (1996). Posteriormente acrescentou-se: 15 µL de

proteinase K (10 mg/mL) e 6 µL de RNAse (10 mg/mL). As amostras foram

incubadas a 60 ºC por aproximadamente 2 horas para que o tecido estivesse

totalmente digerido. Adicionou-se 100 µL de acetato de amônio 3M, 1 volume

(600 µL) de fenol-clorofórmio (1:1) e agitou-se por inversão, por alguns minutos.

Centrifugou-se por 30 minutos a 14.000 rpm em temperatura ambiente. A fase

superior foi transferida para um novo tubo, adicionando-se 600 µL de clorofórmio

e misturando, gentilmente, por alguns minutos, por inversão. Em seguida, a

mistura foi centrifugada por 20 minutos a 14.000 rpm. O sobrenadante transferido

para um novo tubo e acrescentou-se 100 µL de acetato de amônio 3M, 1 volume

(600 µL) de isopropanol gelado e misturado gentilmente por inversão. Deixou-se

precipitar a -20 °C por cerca de 14 horas ou a -80 °C por 1 hora. O material foi

retirado do freezer e centrifugado por 30 minutos a 14.000 rpm, descartando o

sobrenadante. O pellet foi lavado com 1 mL de etanol 70% e centrifugado por 20

minutos a 14.000 rpm. Novamente, o sobrenadante foi descartado, e o pellet seco

em estufa a 55 °C, ressuspendido em 100 µL de TE 0,2X ou água milli-Q e

deixou-se eluir por 14 horas. Para possibilitar a análise da quantidade e

integridade do material, o DNA extraído foi quantificado por comparação com

marcador de concentração conhecida, em eletroforese padrão (com tampão Tris-

Borato-EDTA 0,5X e corrida a 70 V por 40 minutos) em gel de agarose 0,8% e

corado com GelRed (Biotium). A visualização e análise do DNA no gel foram

feitas no fotodocumentador Easy Doc 100 (BioAgency), o qual possui acoplado

um transluminador de luz ultravioleta (260 nm).

As sondas de sequências repetitivas foram obtidas por amplificação por

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR - Saiki et al. 1988), utilizando o DNA

genômico extraído do tecido muscular e o primer: - DNAr 18S (IpF

5’CCGCTTTGGTGACTCTTGAT e IpR 5’CCGAGGACCTCACTAAACCA) (Gross

24

et al. 2010), Rex1 (RTX1-F1 5’TTC TCC AGT GCC TTC AAC ACC e RTX1-R3

5’TCC CTC AGC AGA AAG AGT CTG CTC) (Volff et al. 1999; 2000; 2001a).

Nas sequências teloméricas as amplificações foram feitas sem DNA com

os seguintes primers: (TTAGGG)5 e (CCCTAA)5 (Ijdo et al. 1992). Os ciclos de

amplificação seguiram as seguintes etapas:

a) DNAr 18S: 2 minutos a 94 ºC (desnaturação inicial); 35 ciclos de 1 minuto a 95

ºC (desnaturação), 1 minuto a 55 ºC (ligação dos primers), 1 minuto e 40

segundos a 72 ºC (extensão); 7 minutos a 72 ºC (extensão final).

b) Rex1: 5 minutos a 95 °C (desnaturação inicial); 35 ciclos de 1 minuto a 95 °C

(desnaturação), 40 segundos a 55 °C (ligação dos primers), 2 minutos a 72 °C

(extensão); 5 minutos a 72 °C (extensão final).

c) Telomérica: a primeira parte da amplificação foi feita em baixa extringência: 4

minutos a 94 °C (desnaturação inicial), 12 ciclos de 1 min a 94 °C (desnaturação),

45 segundos a 52 °C (ligação dos primers) e 1 minuto e 30 segundos a 72 °C

(extensão); seguida por 35 ciclos de alta extringência: 1 minuto a 94 °C

(desnaturação), 1 minuto e 30 segundos a 60 °C (ligação dos primers) e 1 minuto

e 30 segundos a 72 °C(extensão); 7 minutos a 72 ºC (extensão final).

As reações de PCR foram feitas em um termociclador BioRad, para volume

final de 15 µL (1 µL de DNA genômico (100 ng); 1,5 µL de Tampão 10X com

cloreto de magnésio (1,5 mM); 0,15 µL de Taq DNA polimerase (5U/µL); 3,0 µL de

dNTP (1 mM); 0,6 µL de cada primer (5 mM); água milli-Q para completar o

volume. Os produtos de PCR foram utilizados como sondas que são marcadas

pelo método de nick translation, utilizando biotina 14-dATP (Bionick labeling

system-Invitrogen) e/ou digoxigenina-11-dUTP (Dig-Nick Translation mix Roche).

Para tanto, em um tubo eppendorf de 1,5 mL, foi preparada uma solução

contendo 1 µL de Mix dNTP 10x; 1 µL do produto do PCR (200 ng/ µL); 1 µL de

Mix de enzima 10x; 6 µL de água milli-Q, totalizando 9 µL para cada lâmina

hibridizada. Esta solução foi homogeneizada, centrifugada brevemente e

incubada a 16 ºC por 90 minutos no termociclador. Em seguida, para interromper

a reação adicionou-se 1 µL de stop buffer, contendo 1 µL de acetato de sódio 3M

e, posteriormente, foi mantida em freezer para posterior utilização.

25

Utilizou-se a técnica de hibridização fluorescente in situ (FISH) descrita por

Pinkel et al. (1986) com algumas modificações no produto da PCR, sendo estes

então utilizados como sondas.

As lâminas, contendo preparações cromossômicas ou esfregaços

sanguíneos, foram lavadas em tampão PBS 1x por 5 minutos em temperatura

ambiente. As lâminas foram desidratadas em uma série alcoólica gelada (70%,

85% e 100%) durante 5 minutos cada. Em seguida foram tratadas com 90 µL de

RNase 10 µg/mL por 1 hora em câmara úmida a 37 ºC. As lâminas foram lavadas

três vezes em 2xSSC durante 5 minutos cada. Após isso, as lâminas foram

lavadas em PBS 1x durante 5 minutos.

As lâminas frescas foram fixadas em formaldeído 1% em PBS 1X durante 10

minutos à temperatura ambiente. Posteriormente lavadas em PBS 1x por 5

minutos. Após, as lâminas foram desidratadas em uma série alcoólica gelada

(70%, 85% e 100%) durante 5 minutos cada.

As lâminas foram desnaturadas em formamida 70% em 2xSSC a 70 ºC por 5

minutos e novamente desidratadas em etanol gelado 70%, 85% e 100% por 5

minutos cada.

Em um tubo eppendorf foram adicionados 4 µL de sonda 1, 4 µL de sonda 2,

20 µL de formamida, 8 µL de sulfato de dextrano 50% e 4 µL de 20xSSC. A sonda

foi desnaturada a 99 °C por 10 minutos e transferida imediatamente ao gelo.

Colocou-se 40 µL de solução de hibridização sobre uma lamínula e a lâmina

foi invertida sobre a lamínula. As lâminas foram mantidas com o material voltado

para baixo em câmara úmida a 37 °C por cerca de 14 horas.

As lamínulas foram removidas das lâminas. Em seguida as lâminas foram

lavadas duas vezes em formamida 15% a 42°C durante 10 minutos cada. Em

seguida, foram lavadas novamente em solução Tween 0,5% durante 5 minutos à

temperatura ambiente.

As lâminas foram incubadas em tampão NFDM (Non Fat Dry Milk) por 15

minutos. Em seguida lavadas duas vezes com solução Tween 5% por 5 minutos à

temperatura ambiente. Então, foram colocadas sobre cada lâmina 20 µL de anti

digoxigenina-rodamina e 100 µL de solução contendo tampão NFDM e

estreptavidina/Alexa Fluor 488. Em seguida foram cobertas com lamínula e

deixadas por 60 minutos em câmara úmida com água destilada. Posteriormente,

as lamínulas foram removidas e as lâminas foram lavadas três vezes em solução

26

Tween 5% por 2 minutos a temperatura ambiente cada. As lâminas foram

desidratadas em uma série alcoólica 70, 85 e 100% durante 5 min cada. Deixou-

se secar, foi adicionado a cada lâmina solução de DAPI diluído em antifade

VectaShield Vector (20 µL de antifade e 1 µL de DAPI).

As metáfases completas e mais nítidas obtidas foram fotografadas e os

cromossomos foram classificados morfologicamente de acordo com Levan et al.

(1964) em metacêntricos (M), submetacêntricos (SM) e telocêntricos (T), o

número fundamental (NF) foi determinado de acordo com a contagem dos braços

de cada cromossomo, onde os cromossomos metacêntricos e submetacêntricos

foram considerados como portadores de dois braços e os telocêntricos foram

considerados como tendo um braço cromossômico.

Para análise das amostras independentes, de sangue em cada ambiente,

foi utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney (U), implementado no

programa Statistica (Statsoft), utilizando o valor de significância p=0,05.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

CAPÍTULO 1

27

Oliveira, V. C. S.; Viana, P. F.; Gross, M. C.; Feldberg, E.; Da Silveira, R.; Schneider, C. H. 2015. Análise genotóxica comparativa associada com sequências repetitivas em Caiman crocodilus (LINNAEUS, 1758) dos arredores de Manaus. Manuscrito em preparação

__________________________________________________________________________

28

Análise genotóxica comparativa associada com sequências repetitivas em

Caiman crocodilus (LINNAEUS, 1758) dos arredores de Manaus.

Vanessa Cristina Sales Oliveiraa*, Patrik Ferreira Vianab, Maria Claudia Grossa,

Eliana Feldbergb, Ronis Da Silveirac, Carlos Henrique Schneidera

Laboratório de Citogenômica Animal, Departamento de Genética, Instituto de Ciências Biológicas,

Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brazila

Laboratório de Genética Animal, Coordenação de Biodiversidade, Instituto Nacional de Pesquisas

da Amazônia, Manaus, Amazonas, Brazilb

Laboratório de Zoologia Aplicada à Conservação, Departamento de Biologia, Instituto de Ciências

Biológicas, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, Amazonas, Brazilc

RESUMO

Os ecossistemas aquáticos amazônicos vêm sofrendo com efeitos do

aumento populacional desordenado, que tem alterado os corpos hídricos e

prejudicado a biota aquática. Caiman crocodilus é um táxon complexo que possui

ampla distribuição e uma ótima adaptabilidade a diversos ambientes, mesmo os

impactados. O presente estudo objetivou caracterizar citogeneticamente a

espécie C. crocodilus oriunda de igarapés urbanos de Manaus, Amazonas e

demonstrar os efeitos da poluição ambiental no genoma destes animais,

utilizando técnicas de citogenética clássica e molecular, Teste do Micronúcleo e o

Ensaio do Cometa. Foi utilizado um total de 30 indivíduos adultos, 15 de ambiente

antropizado e 15 de ambiente não antropizado. Nas análises cromossômicas por

coloração convencional C. crocodilus apresentou 42 cromossomos (24t+18m/sm;

NF=60). As regiões ricas em heterocromatina foram evidenciadas nas regiões

centroméricas, porém mais acentuada no par 21. A região organizadora de

nucléolo (Ag-RON) foi coincidente com a região heterocromática do par 13, e com

a localização de sítios de DNAr 18S. Estes sítios de hibridação evidenciaram uma

duplicação em um dos homólogos do par 13 em C. crocodilus. Já, a análise

genotóxica comparativa dos dois ambientes demonstraram um valor de p= 0,007

e p=0,010, para os níveis 3 e 5, respectivamente, no Ensaio do Cometa, enquanto

para o Teste do Micronúcleo o valor de p= 0,04, independente do ambiente. Os

resultados aqui encontrados descrevem um novo citótipo, divergente do padrão

29

cariotípico da população de Nova Iorque e Flórida (2n= 42; 22t+20m/sm; NF= 62),

descrito anteriormente. Esta condição sugere uma variação, diferenciada através

de fissões cromossômicas, rearranjo comum a outras espécies do gênero ou um

caso a ser esclarecido de nova subespécie. Os dados obtidos para os dois

biomarcadores evidenciam a necessidade de tomar medidas de preservação mais

eficazes.

*Correspondência para: Vanessa Cristina Sales Oliveira, Laboratório de Citogenômica Animal, Departamento

de Genética, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amazonas, Av. Gen. Rodrigo Otávio

3000, CEP 69077000, Manaus, Amazonas, Brazil

Email: [email protected]

INTRODUÇÃO

Caiman crocodilus é amplamente distribuída no continente americano,

sendo a espécie com maior distribuição entre os jacarés, habitando do sul do

México ao norte da Argentina (King e Burke 1989; Ross 1998; Rodriguez 2000;

Oliveira 2010) e foi introduzido nos Estados Unidos em Cuba e Porto Rico (Farias

et al. 2013).

Caiman crocodilus é um táxon complexo, que atualmente inclui cinco

subespécies morfológicas. Dentre as quais, no Brasil ocorre apenas a subespécie

C. crocodilus (Rueda-Almonacid et al. 2007; Oliveira 2010; Farias et al. 2013) que

está listada como “Pouco Preocupante” na União Internacional para a

Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (International Union for

Conservation of Nature – IUCN), possivelmente pela quantidade de espécimes

existentes, pela ampla distribuição (CSG 1996 apud IUCN 2013) e pela

adaptabilidade a diversos ambientes, como lagos, córregos, pântanos, rios e

zonas estuárias (Steel 1989).

Nos últimos anos, os ecossistemas aquáticos da Amazônia Central vêm

sofrendo com efeitos da antropização, onde muitos deles tiveram um aumento na

quantidade de material particulado em 300 vezes, quando comparado aos trechos

naturais (Cleto Filho e Walker 2001). Esta contaminação deve-se principalmente

ao fato destes corpos hídricos tornarem-se o destino final de vários tipos de

efluentes industriais e domésticos (Förstner e Wittmann 1983; Al-Sabti e Metcalfe

1995). Em Manaus, uma das maiores capitais do norte do Brasil, o aumento

30

populacional e a implementação do Complexo Industrial têm contribuído para a

antropização dos ambientes aquáticos urbanos e prejudicando a biota (Fonseca

et al. 1982; Silva 1995; Cleto Filho 1998; Nava 1999).

A contaminação química dos corpos hídricos pode motivar uma redução no

tamanho da população natural, por mutações deletérias em células somáticas

e/ou células germinativas ou ainda por perda da diversidade genética (Bickham et

al. 2000). Entretanto, algumas espécies suportam viver nestes ambientes

poluídos e entre elas destacam-se os jacarés. Neste caso, a avaliação de danos

genotóxicos ocasionados por exposições a poluentes ambientais são

interessantes para verificar a integridade do material genético dos indivíduos que

habitam este meio, seja pela realização do teste de micronúcleo (MN), pelo

ensaio cometa ou até mesmo pela organização cromossômica diferencial do

genoma.

Dados citogenéticos disponíveis para crocodilianos demonstram um

número diploide (2n) que variando entre 30 e 42 cromossomos e número

fundamental (NF) entre 56 e 62 (King et al. 1986; Amavet et al. 2003; Kawagoshi

et al. 2008; Olmo e Signorino 2014), apresentando ausência de

microcromossomos (Kawagoshi et al. 2008). Das 23 espécies estudadas

citogeneticamente, nenhuma apresenta cromossomos sexuais diferenciados, o

que é justificado pela dependência da temperatura para determinação do sexo

(Amavet et al. 2003; Valenzuela e Lance 2004; Kawai et al. 2007). Entretanto,

dados de mapeamento físico cromossômico são incipientes para crocodilianos, e

a integração de mapeamento com ensaios genotóxicos realizada neste trabalho

evidenciou o efeito da poluição sobre o genoma de animais provenientes de

ambientes aquáticos antropizados.

Portanto, o objetivo deste estudo é avaliar o impacto da poluição

doméstica sobre o genoma de Caiman crocodilus e determinar a composição

cromossômica de indivíduos da espécie, que ocorrem em ambientes impactados

e não impactados.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram analisados 30 animais adultos, de ambos os sexos, de Caiman

crocodilus, sendo 15 (7 fêmeas e 8 machos) da zona urbana de Manaus – AM,

31

ambientes que recebem efluentes domésticos (Cleto Filho e Walker 2001; Melo et

al 2005; Pinto 2009) (Tabela 3) e 15 espécimes (8 fêmeas e 7 machos) do Lago

Catalão – AM, ambiente não antropizado (Brito et al 2014) (Tabela 4). As coletas

foram realizadas de Maio a Agosto de 2014, com autorização do ICMBio/SISBIO

(Instituto Chico Mendes de Biodiversidade/Sistema de Autorização e Informação

de Biodiversidade: 5532-1) e do Comitê de Ética de Utilização Animal (CEUA) do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Após a caracterização morfológica do animal (Comprimento total, peso total

e sexo) e coleta do sangue, todos os indivíduos foram soltos no ponto exato de

captura.

Tabela 3 – Espécimes de Caiman crocodilus capturados na zona urbana de Manaus, Amazonas.

Ponto de Coleta N° de Espécimes

Sexo

3°07’22.5’’S/60°01’53.1’’W 1 ♂

3°07’23.5’’S/60°01’48.4’’W 3 ♀

3°07’23.0’’S/60°01’48.2’’W 1 ♀

3°06’52.0’’S/60°01’58.0’’W 2 ♂

3°07’20.9’’S/60°01’53.8’’W 1 ♂

3°07’25.3’’S/60°01’50.6’’W 2 ♀

3°06’02.0”S/59°58’54.7”W 1 ♂

3°04’53.8”S/59°57’38.5”W

2 ♂

3°05’50.8”S/59°59’03.3”W

1

3°05’50.8”S/59°59’03.3”W

1

Tabela 4 - Espécimes de C. crocodilus capturados no Lago Catalão, Manaus.

Ponto de Coleta N° de Espécimes Sexo

03°10.428’S/059°54.411’W 3 ♂

32

03°09.730’S/059°55.406’W 2 ♂

03°09.941’S/059°55.406’W 3 ♀

03°09.673’S/059°55.213’W 3 ♀

03°10.197’S/059°54.217’W 3 ♂

03°10.213’S/059°54.936’W 1 ♀

Análise do Potencial Genotóxico

As amostras de sangue foram obtidas por punção do bulbo arterioso,

seguindo o método de Tourn et al. (1993) e mantidas sobe refrigeração em

temperatura baixa (10° C).

Para o Teste de Micronúcleo (MN) foram obtidas lâminas em triplicata para

cada indivíduo e cada lâmina de distendido sanguíneo foi preparada segundo

Ribeiro et al. (2004). As lâminas foram coradas com Giemsa e sua frequência

determinada de acordo com Heddle (1973), Schmid (1975) e Fenech (2000) após

contabilizar 2000 células por indivíduo. Foram analisadas 30 amostras,

totalizando 90 lâminas.

No ensaio do cometa, a técnica utilizada foi a alcalina, descrita por Singh et

al. (1988) com modificações e as lâminas foram obtidas em duplicatas (Hartmann

et al. 1995; Nadin et al. 2001; Fukumasu et al. 2006; Brianezi et al. 2009). As

lâminas foram coradas com prata pelo método descrito por Nadin et al. (2001) e

Fukumasu et al. (2006). Foram analisadas 50 células por indivíduo, que foram

classificadas conforme o tamanho da cauda em seis classes: 0, 1, 2, 3, 4 e 5

correspondentes à gravidade dos danos ao DNA (Ribeiro et al. 2004) a partir de

15 amostras, sendo 8 (4 fêmeas e 4 machos) de ambiente limpo e 7 (2 fêmeas, 1

macho e 4 indeterminados) de ambiente poluído.

As imagens dos micronúcleos e dos cometas foram capturadas, utilizando

objetiva de imersão em microscópio Zeiss Axio CAM ERC 5S e câmera digital

Canon Power Shot A650 IS.

Na análise das amostras independentes foi utilizado o teste não-

paramétrico de Mann-Whitney (U), implementado no programa Statistica

33

(Statsoft), com o valor de significância p=0,05 para comparar as variáveis:

ambiente não antropizado frente ambiente antropizado e verificar se havia

influência entre os sexo dos indivíduos.

Obtenção de Cromossomos Mitóticos

Os cromossômicos mitóticos foram obtidos pela técnica de cultura de linfócitos

descrita por Moorhead et al. (1960) com algumas modificações.

As suspensões celulares foram submetidas à coloração convencional com

Giemsa para determinação do número diploide e fundamental. A heterocromatina

constitutiva foi determinada, utilizando a técnica de banda C descrita por Sumner

(1972) e as regiões organizadoras de nucléolos (RON) pela impregnação por

nitrato de prata (Howell e Black 1980). Sequências teloméricas (Ijdo et al. 1991),

Rex1 (Volff et al. 1999; 2000; 2001a) e DNA ribossomal 18S (Gross et al. 2010)

foram amplificadas por PCR (Saiki et al. 1988) e utilizadas como sondas no

mapeamento físico cromossômico, por hibridização fluorescente in situ (FISH)

descrita por Pinkel et al. (1986).

As metáfases completas e mais nítidas obtidas foram fotografadas e os

cromossomos foram classificados morfologicamente de acordo com Levan et al.

(1964) em metacêntricos (M), submetacêntricos (SM) e telocêntricos (T), o

número fundamental (NF) foi determinado de acordo com a contagem dos braços

de cada cromossomo, onde os cromossomos metacêntricos e submetacêntricos

foram considerados como portadores de dois braços e os telocêntricos foram

considerados como tendo um braço cromossômico.

RESULTADOS

Citogenética Clássica

A análise cariotípica de Caiman crocodilus revelou um número diploide

igual a 42 cromossomos (24t+18m/sm e NF=60) com ausência de

microcromossomos, polimorfismo intraespecífico, cromossomos sexuais

diferenciados e supranumerários (Figura 1a). A heterocromatina constitutiva foi

34

observada no centrômero de todos os cromossomos em blocos conspícuos,

englobando praticamente todo o cromossomo no caso do par 21 (Figura 1b). A

Região Organizadora Nucleolar apresentou marcação na região centromérica de

apenas um par cromossômico (par 13), coincidindo com a região heterocromática

nesse mesmo par (Figura 1c).

Figura 1 - Cariótipo de Caiman crocodilus em coloração convencional com Giemsa (a); Distribuição de heterocromatina constitutiva (b); Localização da região organizadora de nucléolo (c).

35

Citogenética Molecular

Os resultados das hibridizações fluorescentes in situ (FISH) utilizando a

sonda de DNAr 18S foram coincidentes com as regiões organizadoras de

nucléolo (RON) detectadas pela prata, entretanto em um dos homólogos ocorreu

uma duplicação deste sitio (Figura 2b).

A sonda telomérica detectou sítios nas regiões terminais de todos os

cromossomos do complemento. Adicionalmente, nos pares 14, 15 e 16 foram

verificados sítios teloméricos intersticiais (ITS) em todas as metáfases analisadas.

(Figura 2b).

O retroelemento Rex1 foi detectado de forma dispersa ao longo de todos

os cromossomos em indivíduos de ambientes antropizados e não antropizados,

em ambos os sexos. Ainda, é possível visualizar uma compartimentalização

desse retroelemento em alguns pares de cromossomos. Em fêmeas de ambiente

não antropizado, os sinais foram detectados nas regiões teloméricas dos pares

cromossômicos 7, 12, 13, 15 e 17 (Figura 3a). Em machos, detectou-se

marcações nas regiões teloméricas dos pares 1, 2, 3, 5, 6, 7, 9, 10, 11, 14, 15, 17

e 19 (Figura 3b).

Nos espécimes de ambiente antropizado além dos sinais dispersos, foram

detectados elementos compartimentalizados em ambos os sexos. Nas fêmeas

uma maior quantidade de pares cromossômicos apresentou marcações

conspícuas, tais como na região terminal dos pares 1, 3, 4, 5, 6, 11, 13, 15 e

sinais intersticiais no par cromossômico 14 (Figura 4a). Entretanto, nos machos a

localização do retroelemento Rex1 apresentou-se distribuída de forma

compartimentalizada em um menor número de pares cromossômicos, quando

comparados aos do ambiente não antropizado, como mostram as regiões

terminais dos pares 1, 5, 6, 7, 9, 11, 13, 15, 18 (Figura 4b).

36

Figura 2 - Cariótipo de Caiman crocodilus com hibridização de sonda telomérica em vermelho (a); localização do DNAr 18S (b). Os cromossomos foram contra corados com DAPI (azul).

37

Figura 3 - Cariótipos de Caiman crocodilus com hibridização do retroelemento Rex1 (vermelho) de ambiente não antropizado em fêmeas (a) e machos (b).

38

Figura 4 - Cariótipos de Caiman crocodilus com hibridização do retroelemento Rex1 (vermelho) de ambiente antropizado em fêmeas (a) e machos (b).

39

Ensaio do Cometa

Para indivíduos do ambiente não poluído, das 400 células analisadas,

69,5% apresentaram danos, sendo 14,75% em nível 1; 11,5% em nível 2; 10,75%

em nível 3; 21,75% em nível 4 e 10,75% em nível 5 (apoptose) (Figura 5a). Já,

para indivíduos do ambiente antropizado das 350 células analisadas, 86,57%

apresentaram danos sendo 9,71% em nível 1; 14% em nível 2; 26,6% em nível 3;

34,28% em nível 4 e 1,98% em apoptose (Figura 5b). Não observamos diferenças

na quantidade de células em cada nível em razão do sexo dos espécimes.

Diferenças significativas foram observadas entre o ambiente antropizado e não

antropizado para o nível 3 (p =0,007) e nível 5 (p =0,010).

40

Figura 5 – Células submetidas ao ensaio do cometa impregnadas com nitrato de prata: núcleos sem danos (0), caudas de cometas indicando os danos progressivos ao DNA (1 a 4) e apoptose (5) em indivíduos de ambiente não antropizado (a) e antropizado (b).

41

Teste do Micronúcleo (MN)

Um total de 59.071 eritrócitos foi analisado e destes, 401 apresentaram

micronúcleo (Figura 6). Em média foram encontrados 159 (~5,26%) micronúcleos

em ambiente não antropizado e 242 micronúcleos (~8,38%) em ambiente

antropizado. Ainda, a quantidade de micronúcleos diferiu significativamente entre

os ambientes analisados, p=0,046.

Figura 6 – Micronúcleo em Caiman crocodilus em coloração convencional com Giemsa (seta). Barra: 10µm.

DISCUSSÃO

A macroestrutura cromossômica da Ordem Crocodylia

A ordem Crocodylia apresenta uma macroestrutura cariotípica variável,

onde Crocodylus cataphractus, C. palustris, C. siamensis e C. rhombifer possuem

o menor número diploide com 30 cromossomos e Caiman latirostris, C. yacare, C.

crocodilus, M. niger, P. trigonatus e P. palpebrosus possuem o maior número

diploide com 42 cromossomos dos tipos telocêntrico, meta e submetacêntricos e o

número fundamental (NF) variando entre 56 e 62 (King et al. 1986; Amavet et al.

2003; Kawagoshi et al. 2008; Olmo e Signorino 2014), acreditam-se que o

cariótipo basal para a ordem é semelhante ao descrito para o gênero

42

Paleosuchus, onde os cariótipos atuais derivaram do cariótipo ancestral, a partir

de inversões pericêntricas e rearranjos robertsonianos do tipo fusão.

Para o gênero Caiman, o cariótipo de C. latirostris é análogo ao que teria

dado origem ao cariótipo de C. crocodilus e C. yacare por meio de duas inversões

(Cohen e Gans 1970).

Amavet et al. (2003) ao compararem os cariótipos de C. latirostris e C.

yacare, espécies que ocorrem na Argentina, por meio de marcações

convencionais (Giemsa, Banda C e RON) notaram que os cariótipos de ambas as

espécies são similares, ou seja, o mesmo número diploide (2n=42), mesma

fórmula cariotípica (24t+14m/sm+4mi) e número fundamental (NF=58). Marcações

teloméricas observadas aqui se mostraram bastante conservadas, com

marcações terminais em todos os cromossomos, mas marcações intersticiais

(ITS) foram evidentes nos pares metacêntricos 14, 15 e 16, sugeridas como

resultados de fusões ou inversões da sequência (TTAGG)n (Meyne et al 1990;

Wiley et al 1992), corroborando em parte a teoria de Cohen em Gans (1970),

entretanto os nossos resultados sugerem que teriam ocorrido três inversões e não

duas como previsto pelos autores.

No presente trabalho, o número diploide se mantém (2n=42), mas a

fórmula cariotípica (24t+18m/sm e NF=60) difere da descrita por Cohen e Gans

(1970) (22t+20m/sm e NF=62) e por King et al. (1986) (24t+18m e NF=60). Ainda,

segundo King et al. (1986) o padrão da heterocromatina constitutiva revela uma

marcação predominantemente centromérica e pericentromérica com marcação

heteromórfica coincidente à constrição secundária no par 16. Nesta pesquisa,

detectamos heterocromatina apenas em regiões centroméricas e presença de

blocos heterocromáticos na região centromérica e pericentromérica do par 21.

Das 23 espécies de crocodilianos analisadas citogeneticamente

previamente, nenhuma demonstrou possuir cromossomos sexuais

heteromórficos, ratificando a possibilidade de que a determinação do sexo se dá

pela temperatura de incubação dos ovos (Cohen e Gans 1970; Ferguson e

Joanen 1982; Head et al. 1987; Menzies e Kushlan 1991; Lang e Andrews 1994;

Sarre, Georges, Quinn 2004; Valenzuela e Lance 2004).

Corroborando estes dados, no presente trabalho não observamos

diferenças na distribuição da heterocromatina constitutiva entre os ambientes

analisados e entre machos e fêmeas, rejeitando assim a possibilidade da

43

presença de cromossomos sexuais como já observado em estudos prévios. O

padrão encontrado foi exclusivamente centromérico, evidenciando um

conservadorismo cromossômico, assim como descrito para Crocodylus johnstoni,

embora seja distinto do encontrado por King et al. (1986) para C. crocodilus, onde

eles observaram uma distribuição dos blocos heterocromáticos no centrômero dos

pares 6, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 17, 18 e 21. Em nossos dados, nos demais pares

cromossômicos observaram -se uma ausência de marcação.

A região organizadora de nucléolo (RON) ativa foi localizada no décimo

terceiro par, na região centromérica, ao contrário do descrito por King et al.

(1986), onde esta foi detectada no par 16. Esta variação pode ser devido à

qualidade do material analisado e ao padrão de compactação dos cromossomos

observado por King et al. (1986). A ocorrência de apenas um sitio de DNAr

também foi corroborada pela hibridização fluorescente in situ (FISH) da sonda de

DNAr 18S. Ainda, é possível notar a presença de um bloco duplicado em um dos

cromossomos homólogos do par. A presença de duplicações de sítios de DNAr

correspondendo a uma região C-positiva é comum para o gênero Caiman como

descrito anteriormente (Lui 1994; Amavet et al. 2003). Este fato é devido a

processo de crossing-over desigual comum entre sequencias repetitivas como os

sítios de DNAr.

Sítios teloméricos intersticiais (ITS) foram detectados em alguns

cromossomos, onde a presença destes ITS é alusiva a rearranjos cromossômicos

do tipo fusão, possivelmente por eventos de fusões, após a divergência ocorrida

entre as linhagens de crocodilos e aves há 220–250 M.a. (Kawagoshi et al. 2008).

Portanto, corrobora a teoria de Cohen em Gans (1970) que sugere que o cariótipo

basal para a ordem Crocodylia deriva do cariótipo do gênero Paleosuchus. Ao

comparar o cariótipo considerado basal com o descrito no presente trabalho,

observa-se uma notável diferença em sua fórmula cariotípica, onde Paleosuchus

(26t+16m/sm e NF=58) (Cohen e Gans 1970) e Caiman crocodilus (24t+18m/sm e

NF=60).

Sequências repetitivas de DNA podem estar envolvidas na evolução do

genoma por controle gênico e principalmente por intermédio de rearranjos

cromossômicos (Valente et al. 2011). As sequências repetitivas mapeadas

cromossomicamente neste trabalho provavelmente estão envolvidas na evolução

e adaptação do genoma da espécie ao seu habitat. É possível sugerir isso devido

44

à maior quantidade de cópias dos elementos transponíveis no genoma dos

animais de ambiente contaminado, considerando que os animais de ambiente

natural possuem menos cópias.

Semelhante aos resultados encontrados nesse trabalho, os retroelementos

Rex são encontrados dispersos ao longo dos cromossomos ou

compartimentalizados em diferentes grupos de peixes (Mazzuchelli e Martins,

2009; Gross et al. 2009; Teixeira et al. 2009; Valente et al. 2011; Schneider et al.

2013), incluindo regiões eucromáticas (Gross et al. 2009; Teixeira et al. 2009;

Terencio et al. 2012, Schneider et al. 2013), demonstrando que estes elementos

possuem uma função estrutural ou regulatória (Schneider 2013b). Para Caiman

crocodilus o retroelemento Rex1 foi encontrado na mesma região das sequências

teloméricas dos cromossomos mitóticos, porém não foram evidenciados em

regiões teloméricas intersticiais. Estas marcações coincidentes com regiões

terminais podem estar relacionadas à perda ou inativação de sequências

teloméricas, tornando essas regiões propícias a eventos de recombinação

(Slijepcevic 1998; Cherry e Blackburn 1985; Wyman e Blackburn 1991; Ashley e

Ward 1993; Nergadze et al. 2007) o que propiciaria eventos de evolução

cromossômica para o grupo, visto que acredita-se que os cariótipos derivados se

originam por fusões e consequentemente redução no número diplóide (Cohen e

Gans 1970; King et al. 1986).

Ainda, o aumento na quantidade do Rex1 nos cromossomos das fêmeas

do ambiente limpo em relação ao ambiente poluído pode estar associado à

influência hormonal somada a fatores ambientais, os quais representam uma

condição ideal para a transcrição dos retrotransposons (Barbosa et al. 2014).

Além disso, em alguns organismos aquáticos foi observado que fatores

ambientais como hipóxia, pH, temperatura, doenças e poluentes influenciam na

mobilização destes elementos (Arnault e Dufournel 1994; Grandbastien 1998;

Capy et al. 2000; Edwards e Myers 2007; de La Vega et al. 2007) como

observado em plantas (Grandbastien 1998; Pourteau et al. 2004), camarão (de La

Vega et al. 2007), ratos (Lu e Ramos 1998; El-Sawy et al. 2005) e peixes (Roling,

Bain e Baldwin 2004; Barbosa et al. 2014). Assim estes fatores podem estar

influenciando na quantidade destes retroelementos nos indivíduos de ambiente

poluído por representarem condições de estresse, como observado nos

45

resultados aqui descritos e corroborados pelos resultados demonstrados pelo

Teste do MN e CA.

Aspectos genotóxicos de Caiman crocodilus

A bacia amazônica possui a maior e mais volumosa rede hidrográfica do

mundo, com inúmeros “igarapés” (Santos e Ferreira 1999; Figueiredo et al. 2009;

Mora et al. 2010). Estes igarapés são a principal porta de entrada de efluentes

domésticos e industriais nos ecossistemas aquáticos, pois fazem parte da malha

urbana de cidades da Amazônia Central, como Manaus (Cleto Filho e Walker

2001). Estes contaminantes ao entrarem nos corpos hídricos se distribuem em

graus distintos desde o solo até animais, chegando a ser letais (Förstner 1987;

Filgueiras et al. 2004; Santana e Barroncas 2007).

A fauna aquática, de modo geral é sensível a mudanças no ambiente,

principalmente quando se refere à qualidade da água e ao nível de oxigênio

dissolvido (Cleto Filho e Walker 2001). A presença dos crocodilianos nos igarapés

urbanos se dá pelo fato destes serem predadores de topo de cadeia, cuja dieta é

generalista e oportunista que varia de acordo com a idade, tamanho do indivíduo,

sazonalidade, disponibilidade de presas, estação e o nicho que ocupam (Webb et

al.1982; Magnusson et al. 1987; Thorbjarnarson 1993). Sabe-se ainda que os

crocodilianos são muito sensíveis a pesticidas, pois estas substâncias imitam a

ação de esteroides sexuais, como o estrógeno, alterando a síntese de hormônios

dos mesmos (Rueda-Almonacid et al. 2007).

Em indivíduos de C. crocodilus analisados nesse trabalho, o Ensaio do

Cometa (CA) evidenciou uma alta frequência de cometas no nível 3 para o

ambiente antropizado e nível 5 para o ambiente não antropizado.

Esses resultados demonstram que houve um aumento de danos no DNA e

uma possível inibição da apoptose nos organismos residentes em ambiente

poluído, visto que determinados compostos presentes na carga orgânica do

esgotamento doméstico, como ferro, manganês, zinco, cobre, cálcio, magnésio,

sódio, potássio, nitrato, alteração no pH da água (Melo et al. 2005) e

concentração de mercúrio no solo (Medeiros et al. 2014), induzem efeitos

genotóxicos/citotóxicos, interferindo na ação das caspases, chegando a agir como

um anti-apóptotico em concentrações elevadas (Kirkland e Müller 2000). No

46

ambiente não antropizado provavelmente está ocorrendo indução de apoptose

pelas características da água, que se mostram pouco oxigenadas, com pH ácido

e altos valores de nitrato e amônia (Brito et al. 2014), estes fatores podem causar

privações de nutrientes (Evan e Littlewood 1998), estresse oxidativo (Dypbukt et

al. 1994) e danos no DNA que não podem ser corrigidos pelo sistema de reparo

(Junqueira e Carneiro 2005).

O ensaio do cometa é um teste utilizado para comparar danos ao DNA

ocorridos durante o ciclo celular e que não são observados por outros métodos

(Huang et al. 2005). É amplamente utilizado na biomonitoração e na detecção de

agentes mutagênicos e genotóxicos em jacarés, lagartos, sapos e tartarugas

(Cotelle e Férard 1999; Poletta et al. 2009; Ruiz de Arcaute et al. 2014;

Schaumburg et al. 2014; Caliani et al. 2014). Contudo, observa-se que as

imagens das células de jacarés do ambiente limpo não são tão nítidas quanto as

de ambiente poluído devido ao fato das primeiras preparações terem sido feitas

em laboratório de campo, sem ambiente laboratorial climatizado, com temperatura

e umidade ambiental não controlada, ao contrário das preparações referentes a

indivíduos de ambientes antropizados. Portanto, este teste não parece ser o mais

indicado para ser realizado em campo, quando não se pode controlar o ambiente

laboratorial. Neste caso, a análise de micronúcleos se torna muito mais robusta

por não sofrer estes efeitos.

Para Caiman crocodilus o teste do Micronúcleo (MN) revelou diferenças

significativas na ocorrência de danos entre ambiente antropizado e não

antropizado, sendo mais frequente no primeiro. Possivelmente isso ocorre porque

os crocodilianos possuem um alto nível de magnificação no ecossistema aquático,

determinado por apresentar um ciclo de vida longo, consumidor primário de

presas aquáticas e por possuir metabolismo lento, o que dificulta a detoxificação

dos contaminantes (Novillo et al. 2005). Em estudos anteriores realizados em

outros crocodilianos do gênero Crocodylus (Crocodylus acutus e Crocodylus

moreletii) o teste do MN foi utilizado apenas para análise da quantidade de MN

formados espontaneamente, onde observa-se que a frequência observada é bem

reduzida, sem valores significativos, onde a média obtida de MN/1000 eritrócitos

foi de 0,12 e 0,30 respectivamente (Zúñiga-González et al. 2000) enquanto que

nossos resultados demonstram uma média de 0,18 micronúcleos a cada 1000

47

eritrócitos (MN/1000) em ambiente não antropizado e de 0,11 MN/1000 em

ambiente antropizado.

Além disso, a análise de MN já havia sido previamente utilizada em Caiman

latirostris, que ocorrem na Argentina, visando avaliar a ação de agrotóxicos e

pesticidas no genoma dos espécimes, porém não foi observada diferença

significativa em nenhum dos tratamentos adotados, mesmo com doses elevadas

(Poletta et al. 2007; Poletta et al. 2011; López González et al. 2013). Estes

valores encontrados que tendem ao zero, demonstram que o sistema

reticuloendotelial dos crocodilianos é eficiente, evitando o aumento e acumulação

de MN nestes organismos.

Em análise genotóxica comparativa entre ambientes não antropizados e

antropizados da Amazônia central usando MN como biomarcador em espécies de

peixes como Prochilodus nigricans, Mylossoma duriventris e Hoplias malabaricus,

detectou-se uma diferença significativa na frequência dos MN em indivíduos de

ambiente poluído (Porto et al. 2005). Entretanto em Hoplosternum littorale, não foi

observada diferença significativa na quantidade de micronúcleos entre os dois

ambientes, porém uma organização cromossômica diferencial de elementos

repetitivos de DNA foi evidente, tais como retroelementos da família Rex (Da Silva

et al. 2015).

Portanto, os dados demonstrados nesse trabalho apesar de serem novos,

reforçam a ideia de que é necessário tomar medidas cabíveis em relação à ação

antrópica e como ela pode estar afetando a dinâmica das espécies que vivem nos

ecossistemas aquáticos. Deste modo mais estudos se fazem necessários para

ampliar o conhecimento sobre as características genéticas destes animais.

4 CONCLUSÃO

– As análises de citogenética clássica para fórmula cariotípica e rearranjos

cromossômicos foram diferentes dos dados encontrados em estudos

anteriores, apesar de no presente estudo não haver diferenças entre os

ambientes analisados.

– O mapeamento do retroelemento Rex1 no genoma de Caiman crocodilus

sugere que estes estão sob forças evolutivas que tendem a acumula-los

48

em regiões cromossômicas especificas, principalmente em regiões

terminais.

– As análises genotóxicas utilizadas demonstraram que os ambientes afetam

o genoma dos animais, principalmente os ambientes contaminados com

efluentes. Isso se deve ao fato de que os indivíduos tendem a passar o

início do seu desenvolvimento no mesmo local.

– O ambiente interfere no DNA dos espécimes expostos à poluição. Como as

análises de MN que demonstraram diferença entre as frequências destes e

o ambiente em que o animal habita, assim como as análises de cometa

demonstram que a fragmentação do DNA é bem intensa em ambientes

antropizados.

– Caiman crocodilus demonstrou ser um bom indicador de genotoxicidade,

evidenciando resultados mesmo com sutis diferenças.

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