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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO - CAMPUS SÃO CARLOS TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS Gabriela Alves Pereira ESTUDO DE CASO DA UFSCAR: Proposição de um Grupo de Trabalho focado na melhoria da gestão universitária São Carlos - SP 2015

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DE SÃO PAULO - CAMPUS SÃO CARLOS

TECNOLOGIA EM PROCESSOS GERENCIAIS

Gabriela Alves Pereira

ESTUDO DE CASO DA UFSCAR:

Proposição de um Grupo de Trabalho focado na melhoria da gestão

universitária

São Carlos - SP

2015

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GABRIELA ALVES PEREIRA

ESTUDO DE CASO DA UFSCAR: PROPOSIÇÃO DE UM GRUPO DE

TRABALHO FOCADO NA MELHORIA DA GESTÃO UNIVERSITÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Instituto Federal de São

Paulo – campus São Carlos, como parte das

exigências para a conclusão do Curso

Superior em Tecnologia em Processos

Gerenciais.

Orientador: Prof. Me. Marcelo Ferreira Batista

São Carlos - SP

2015

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GABRIELA ALVES PEREIRA

ESTUDO DE CASO DA UFSCAR: PROPOSIÇÃO DE UM GRUPO DE

TRABALHO FOCADO NA MELHORIA DA GESTÃO UNIVERSITÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentada ao Instituto Federal de São

Paulo – campus São Carlos, como parte

das exigências para a conclusão do Curso

Superior em Tecnologia em Processos

Gerenciais.

Data de Aprovação: _______________________________

_____________________________________________

Professor Me Marcelo Ferreira Batista

Instituto Federal de São Paulo – campus São Carlos

_____________________________________________

Instituto Federal de São Paulo – campus São Carlos

_____________________________________________

Instituto Federal de São Paulo – campus São Carlos

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TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE PUBLICAÇÃO E REPRODUÇÃO

Eu, ________________________________________________________________,

nacionalidade _________________________, residente e domiciliado na cidade de

____________________________, no estado de __________________________,

na qualidade de titular dos direitos morais e patrimoniais de autor da OBRA

(título):______________________________________________________________

________________________, trabalho de conclusão do Curso Superior de

Tecnologia em Processos Gerenciais, no ano de ___________________________,

da turma _________________, na modalidade de (monografia ou relatório técnico)

________________________________________________________, apresentada

no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus São

Carlos, em (data) ______/_______/______________, autorizo o Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus São Carlos, a disponibilizar

a OBRA física na biblioteca do campus, assim como a reproduzir e a disponibilizar

na rede mundial de computadores (Internet) e por meio eletrônico a versão digital da

OBRA, a partir da data da sua homologação.

São Carlos, _____ de _________________de________

______________________________________________________

Assinatura do Aluno

______________________________________________________

Assinatura do Orientador

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RESUMO

Uma estrutura organizacional hierarquizada e um modelo de Gestão

Funcional deixaram de ser a preferência das Instituições Federais de Ensino

Superior (IFES) do Brasil. Isso porquê uma nova abordagem administrativa, baseada

em processos, vem ganhando espaço, uma vez que, por meio desta, o recurso

investido na organização é melhor utilizado e as demandas são atendidas de

maneira mais eficiente. Desse modo, através de um estudo de caso realizado na

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), apoiando-se na literatura acerca de

temas como Gestão por Processos e Gestão do Conhecimento, a presente pesquisa

propõe a criação de um Grupo de Trabalho responsável pela implantação da Gestão

por Processos na universidade. Para que, assim, o grande número de funcionários

da UFSCar, sendo muitos deles recentemente contratados, por conta da expansão

universitária, desenvolva uma visão holística acerca da instituição a qual fazem

parte.

Palavras-chave: Gestão por Processos. Mapeamento de Processos. Gestão do

Conhecimento. Gestão Funcional.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Processo de Fornecimento de Informações para Reconhecimento de Curso

de Graduação. ........................................................................................................... 17

Figura 2. Processo das Atividades do Grupo de Trabalho Proposto. ........................ 21

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Gestão Funcional X Gestão por Processos ............................................... 12

Tabela 2. Expansão dos cursos e vagas por campus. .............................................. 15

Tabela 3. Dados sobre Gestão por Processos nas IFES. ......................................... 19

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

CONSUNI Conselho Universitário

DeCO Departamento de Controle Orçamentário

e-MEC Portal eletrônico do Ministério da Educação e Cultura

e-SIC Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão

IES Instituição de Ensino Superior

IFES Instituição Federal de Ensino Superior

MEC Ministério da Educação e Cultura

PMBOK Project Management Body of Knowledge

ProACE Pró Reitoria de Assuntos Comunitários Estudantis

ProAd Pró Reitoria de Administração

ProEx Pró Reitoria de Extensão

ProGPe Pró Reitoria de Gestão de Pessoas

ProGrad Pró Reitoria de Graduação

REUNI Programa do Governo Federal de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais Brasileiras

SPDI Secretaria Geral de Planejamento e Desenvolvimento Institucional

TGS Teoria Geral dos Sistemas

UFSCar Universidade Federal de São Carlos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 5

1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 6

1.3 METODOLOGIA ................................................................................................ 6

2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 8

2.1 GESTÃO POR PROCESSOS .................................................................................... 8

2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO ................................................................................. 9

2.3 GESTÃO FUNCIONAL ....................................................................................... 11

3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 13

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ........................................................... 13

3.2 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA .............................................................................. 14

3.3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO PROCESSO ..................................................... 16

3.4 PROPOSTA DE MELHORIA ............................................................................ 20

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 22

ANEXO 1 – ORGANOGRAMA DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UFSCAR .. 25

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1 INTRODUÇÃO

Conhecida pelo comum individualismo setorial, uma organização que

apresenta um modelo de gestão funcional pode ser vista como ultrapassada,

atualmente. Uma vez que o não compartilhamento de informações pode gerar uma

falta de cooperação entre as unidades administrativas. Como é caso da

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), muitos de seus processos

administrativos acabam excedendo os prazos, em geral, pela falta de colaboração

entre os setores.

Recentemente, a UFSCar tem passado por um processo de grande

crescimento, com a implantação de novos campi e contratação de aproximadamente

500 funcionários por meio de um programa do governo federal de expansão das

universidades públicas. Dessa maneira, a forma como a instituição é gerida passou

a ser obsoleta e ineficiente para atender às demandas apresentadas.

Visando um melhor aproveitamento do recurso público, a busca pela

eficiência e um atendimento de maior qualidade às demandas internas e da

comunidade, essa pesquisa tem a finalidade de propor um novo modelo gerencial

para a Instituição de Ensino Superior (IES) escolhida.

Contando com uma base teórica acerca de Gestão do Conhecimento e

Gestão por Processos, por meio de uma análise do modelo administrativo atual da

universidade, a pesquisa propõe a criação de um Grupo de Trabalho dedicado à

modelagem dos processos para que, após sua análise e discussão, um novo modelo

gerencial possa ganhar espaço.

1.1 OBJETIVOS

A presente pesquisa apresenta como objetivo geral de trabalho a proposição

de criação de um Grupo de Trabalho focado na melhoria do modelo gerencial da

UFSCar. Para isso, contará com os seguintes objetivos específicos:

Comparar modelo administrativo corrente da universidade com o

adotado por outras IFES do Brasil;

Mapear um processo que integre mais de uma unidade administrativa,

a fim de embasar a necessidade do modelo gerencial proposto;

Sugerir de melhoria baseada na revisão teórica e nos dados obtidos

com a pesquisa.

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1.2 JUSTIFICATIVA

A crescente expansão da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),

tanto na questão multicampi como na criação de novos cursos, somada ao

Programa do Governo Federal de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão

das Universidades Federais Brasileiras (REUNI), acarretou a contratação de um

grande número de funcionários afim de atender às demandas tanto internas da

instituição como da comunidade.

Esse cenário resultante das novas contratações e da implantação dos novos

campi trouxe consigo uma demanda por um modelo gerencial que ofereça um

suporte mais eficiente à universidade. Ou seja, capaz de atender principalmente à

demanda interna de necessidade de cooperação entre os setores.

Para que os procedimentos administrativos correntes fossem conhecidos

pelos novos funcionários, viu-se a necessidade de representação deles por meio de

fluxogramas. Os quais detalhariam as entradas e saídas de cada processo

administrativo, além de apresentar a documentação envolvida e os responsáveis por

cada atividade. Dessa maneira, num primeiro momento, os novos servidores

norteariam-se acerca de seu trabalho e também teriam conhecimento do processo

em sua totalidade. Havendo, assim, a geração de valor nas atividades feitas, além

de uma cooperação entre os setores administrativos. Sendo esta, fator fundamental

na busca por um melhor aproveitamento dos recursos públicos na instituição, uma

vez que grande parte dos processos administrativos conta com a participação de

mais de uma unidade.

Logo, a necessidade do compartilhamento de informações apresentada pela

IES escolhida abriu campo para que a presente pesquisa pudesse sugerir a criação

de um Grupo dedicado à implantação de um novo modelo gerencial na instituição. E,

para isso, contou com o mapeamento de um processo crítico escolhido

intencionalmente pela pesquisadora por conta de fazer parte de sua rotina de

estágio na universidade.

1.3 METODOLOGIA

Silva e Menezes (2000) caracterizam pesquisa como um processo no qual a

aplicação de procedimentos científicos permite a obtenção de respostas para

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problemas identificados. Eles apresentam formas básicas para classificação, as

quais foram aplicadas no atual trabalho.

Do ponto de vista de sua natureza, essa pesquisa classifica-se como

aplicada, uma vez que teve como objetivo a geração de conhecimento visando à

solução de problemas específicos do contexto em que é inserida.

A abordagem do problema em questão foi de maneira tanto quantitativa como

qualitativa, já que a pesquisadora valeu-se de indicadores sobre a presença ou não

de grupos dedicados à Gestão por Processos em Universidades Públicas Federais

do Brasil. A interpretação dessas informações atrelada aos conhecimentos de

Gestão do Conhecimento e também da cultura organizacional da instituição

analisada, permite a classificação qualitativa. Miguel (apud CRESWELL E CLARK,

2006) retrata essa situação de uso combinado das abordagens através da

necessidade de explicação dos dados obtidos por meio da pesquisa quantitativa.

Considerando-se os objetivos, em seu primeiro momento a pesquisa

classifica-se como exploratória, pois conta com o levantamento de dados de outras

IFES. Na etapa de análise desses dados e comparação com os da instituição

estudada, a pesquisa assume caráter descritivo, pois retrata características e

relações entre as variáveis levantadas.

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa classifica-se como um estudo

de caso, uma vez que analisou a situação da gestão atual da UFSCar com o objetivo

de propor uma nova abordagem administrativa com base na Gestão por Processos.

O universo em que a pesquisa está inserida é o de Universidades Públicas

Federais do Brasil, já a amostra, por sua vez, é classificada como não-probabilística

e intencional, pois a pesquisadora escolheu para análise uma instituição com a qual

teve vínculos, através de estágio e iniciação científica.

Como instrumento de coleta de dados, a pesquisa apresenta um questionário

feito às demais IFES, através do Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao

Cidadão (e-SIC) acerca da aceitação de um modelo gerencial baseado na Gestão

por Processos e também sua implantação na instituição, caso esta seja favorável a

tal abordagem. Conta também com uma observação na vida real, ou seja, na qual o

registro de dados é feito à medida que ocorrem. Tal observação foi realizada pela

pesquisadora durante sua rotina de estágio, através de sua percepção acerca da

cultura organizacional da universidade no desenvolvimento dos procedimentos

executados.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O atendimento e a eficiência do serviço público prestado pelas universidades

carecem de uma mudança de paradigma que, para tal, são necessários o

entendimento de conceitos específicos. Assim foi realizado um estudo bibliográfico,

para melhor compreensão dos conceitos tratados no estudo de caso.

2.1 GESTÃO POR PROCESSOS

Processo é definido como um conjunto de atividades estruturadas numa

sequência lógica a fim de gerar um bem ou um serviço que tenha valor para o cliente

final. (BARBARÁ, 2012)

Dessa forma, entende-se que as atividades são as unidades lógicas de

trabalho que existem em um processo, ou seja, uma decomposição do processo em

partes menores. Podem ser realizadas manualmente ou com ajuda de máquinas ou

recursos tecnológicos. (SORDI, 2012)

Gestão por Processos é um método que visa a melhoria dentro das

organizações, evitando desperdícios de recursos em geral, bem como evita que

trabalhadores sejam alocados em setores sem terem entendimento do ambiente

organizacional em que foram inseridos. Segundo Orlando Pavani Júnior e Rafael

Scucuglia (2011), quando uma unidade organizacional não reconhece as demais,

acaba por buscar seus próprios interesses e necessidades, e pode não contribuir

como se deveria para a organização como um todo. Fato, esse, que pode ocasionar

alguns prejuízos para organização como encaminhamentos errados ou incompletos

e demora no atendimento ao cliente final. Resultando, assim, na perda da qualidade

do serviço ou produto oferecido e, consequentemente, desvalorização da imagem da

organização.

Vindo de encontro a esse modelo gerencial, na década de 1920, através de

estudos do biólogo húngaro Lugwig von Bertalanffy acerca da auto regulação dos

sistemas orgânicos, surge a Teoria Geral dos Sistemas (TGS). O corpo humano, que

possui diversos sistemas (como o nervoso, respiratório, digestório, etc.) trabalhando

em prol de um mesmo objetivo: o funcionamento regular do organismo como um

todo. Uma organização qualquer pode ser vista como um sistema, assim como o

corpo humano. Suas unidades são interdependentes e sempre tem um objetivo em

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comum. Portanto, Sordi (2012) conclui ao dizer que a TGS faz com que o

pesquisador enxergue o todo a ser pesquisado e não mais as partes

individualmente, mas sim a relação que há entre aquelas que se interconectam e

interagem.

Tendo sua formulação e fundamentação baseadas na Teoria Geral dos

Sistemas, a Gestão por Processos representa muito bem uma abordagem sistêmica

para gestão das organizações. Logo, no contexto administrativo, os subsistemas são

representados pelos setores ou departamentos da organização. Dessa maneira,

para que haja um funcionamento não somente eficaz mas também eficiente, é

necessário que as unidades tenham visão da empresa como um sistema e de suas

atividades como parte no funcionamento desse.

Os autores Pavani Júnior e Scucuglia (2011) definem a Gestão por Processos

como sendo, sobretudo, a troca desse paradigma funcional, que era apresentado até

então, por um modo de gerir os processos de maneira completa por meio de uma

visão interfuncional das unidades organizacionais.

Na Gestão por Processos, o mapeamento dos procedimentos é fundamental

para a análise do modo que estas têm sido realizadas, possibilitando, assim, a

melhoria do processo em questão. Há diversos modelos para representar os

processos, portanto, deve-se utilizar aquele mais adequado para a realidade a ser

trabalhada. Uma primeira versão de mapeamento de um ambiente deve ser

construída. Para que, a partir dela, possa-se empregar técnicas de áreas como, por

exemplo, Gestão da Qualidade (BARBARÁ, 2006), para que determinadas

atividades possam ser melhoradas.

Para agregar melhorias no mapeamento de processos, o conhecimento

daqueles que trabalham no ambiente, combinado com um ferramental de métodos e

técnicas de racionalização da área de Gestão da Qualidade, Gestão de Operações e

Gestão de Projetos, permite aperfeiçoar os processos para uma situação melhor que

a inicial. Tal conhecimento intrínseco do funcionário será classificado, em seção

específica que trata de Gestão do Conhecimento, como conhecimento tácito.

2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO

O entendimento de como as organizações utilizam as informações que

possuem possibilita um melhor aproveitamento dos recursos internos. Para isso,

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uma Gestão do Conhecimento eficiente busca apresentar de maneira clara os

processos organizacionais e humanos através dos quais a informação se transforma

em conhecimento e ação dentro da organização. (CHOO, 2006)

Barroso e Gomes (1999) definem dado como algo tangível, ou seja, que pode

ser lido, tocado ou medido. Informação corresponderia à um “dado” dentro de um

contexto. Sobre a evolução de dados em informações e, após, em conhecimento,

Sordi (2012) diz que o processamento bem elaborado dos dados e a ciência acerca

do que fazer com as informações que são geradas, são condições para se comece a

ter conhecimento.

O mesmo autor apresenta duas definições para o termo conhecimento:

a) Explícito: também chamado de codificado ou formal, refere-se ao conhecimento já

estruturado. Como exemplo, tem-se manuais de instrução e algoritmos de software.

b) Tácito: ou informal, é o conhecimento pessoal dos indivíduos. Envolvendo

crenças, valores e até mesmo perspectivas. Tal forma de conhecimento advém de

experiências singulares a cada pessoa.

Para Pavani Júnior e Scucuglia (2011), através da gestão do conhecimento

em uma organização, pode-se traduzir o capital intelectual diferencial, que é o

conhecimento intrínseco a cada indivíduo, a um conhecimento partilhado com os

demais, tornando-o, assim, tangível e replicável.

Portanto, é importante para uma organização a criação de um ambiente

propício tanto para o processo de externalização do conhecimento como o de

internalização.

O primeiro consiste na transformação de conhecimentos tácitos em explícitos,

havendo, dessa forma, a formalização de comportamentos e procedimentos que

antes eram particulares a algumas pessoas. Vindo ao encontro dessa necessidade

de codificação do conhecimento pessoal, o mapeamento de processos de negócios

é apresentado como alternativa para um sistema de gestão de qualidade, com o

objetivo de identificar restrições e melhorá-las antes de qualquer automatização via

softwares. (PAVANI JÚNIOR e SCUCUGLIA, 2011)

O segundo processo citado anteriormente, o de internalização do

conhecimento, refere-se à aplicação do conhecimento explícito em procedimentos

internos da organização, no dia a dia. (SORDI, 2012)

Um ambiente adequado e que estimule essas transformações do

conhecimento é justamente a proposta da abordagem administrativa de gestão por

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processos. Uma vez que os diversos dados manipulados durante a operação de um

processo são documentados e detalhados, cria-se a possibilidade de melhorias em

procedimentos e técnicas. (SORDI, 2012)

2.3 GESTÃO FUNCIONAL

Segundo Vaz (2013), um modelo gerencial baseado em funções é

caracterizado por apresentar seus processos delimitados às áreas em que os

colaboradores trabalham. Ou seja, o processo não é visto como um todo, mas sim

de acordo com as funções do setor em que está inserido. Dessa maneira, o foco do

trabalho desenvolvido é centrado em atender sua própria realidade, não o cliente

final, o que pode resultar em problemas na qualidade do produto ou do serviço

oferecido, assim como em baixa produtividade.

Paim et al. (2009) defende que a Gestão Funcional apresenta limitações ao

lidar com as organizações da atualidade, uma vez que essas apresentam como

importantes características em sua atuação a flexibilidade, a agilidade e a integração

entre seus setores. Assim como Vaz (2013), o autor ainda argumenta que, em tal

abordagem administrativa, os processos reais de negócio, aqueles que envolvem

desde o pedido até a o atendimento completo da demanda, em geral, não são

conhecidos por aqueles que o executam.

No gerenciamento por funções, os objetivos dos funcionários são a nível

departamental, não organizacional. Gerando, dessa maneira, uma cultura de

competências individuais que não ultrapassam as fronteiras funcionais. Assim, tanto

o reconhecimento, como as premiações que possam ocorrer são departamentais,

mostrando uma lógica de avaliação de desempenho que é localmente definida. Tudo

isso converge para uma baixa atenção ao mercado no qual a organização está

inserida. Ou seja, na Gestão por Funções, os departamentos trabalham de forma

isolada, visando seu próprio crescimento e desenvolvimento. (PAIM et al., 2009)

A Tabela 1 apresenta uma esquematização acerca das principais diferenças

entre os modelos gerenciais propostos pela presente pesquisa.

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12

Tabela 1. Gestão Funcional X Gestão por Processos

Características Analisadas Gestão Funcional Gestão por Processos

Alocação de pessoas Agrupados junto aos seus ares

em áreas funcionais

Times de processos envolvendo diferentes perfis e

habilidades

Avaliação de desempenho Centrada do desempenho

funcional do indivíduo Centrada nos resultados do

processo de negócio

Capacitação dos indivíduos Voltada ao ajuste da função

que desempenham/ especialização

Dirigido às múltiplas competências da

multifuncionalidade requerida

Escala de valores da organização

Metas exclusivas de áreas geram desconfiança e

competição entre as áreas

Comunicação e transparência no trabalho gerando clima de

colaboração mútua

Estrutura organizacional Estrutura hierárquica,

departamentalização/ vertical Fundamentada em equipes de

processos/horizontal

Medidas de desempenho Foco no desempenho de

trabalhos fragmentados das áreas funcionais

Visão integrada dos processos de forma a manter uma linha de agregação constante de valor

Utilização de tecnologia Sistemas de informação com

foco em áreas funcionais Integração e “orquestração” dos

sistemas de informação

Fonte: adaptado de Laurindo e Rotondaro, 2011.

Como pode ser observado, a Gestão Funcional apresenta como principal

característica o individualismo setorial, o que resulta em uma cultura organizacional

em que há falta de cooperação entre as unidades envolvidas em um mesmo

processo. Tal fato acaba ocasionando o uso ineficiente dos recursos internos e,

consequentemente, o atendimento às demandas torna-se pouco eficiente.

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3 ESTUDO DE CASO

A presente pesquisa apresenta um estudo de caso realizado intencionalmente

na UFSCar. Essa IES foi escolhida pela autora por conta do vínculo acadêmico

existente pelo período de aproximadamente um ano e meio. A atuação como

estagiária possibilitou à pesquisadora estar inserida na rotina administrativa da

universidade e, assim, observar como é o atendimento das demandas e o uso dos

recursos públicos.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO

A Universidade Federal de São Carlos foi criada pelo Decreto nº 62.758, de

22 de maio de 1968 e, então, inscrita como pessoa jurídica no dia 24 de abril de

1969, no Cartório do 2º Ofício de São Carlos.1

A UFScar é a primeira Instituição Federal de Ensino Superior do interior do

estado de São Paulo, que tem a sua sede na cidade de São Carlos, a qual está

localizada a 235 quilômetros da capital, possui ainda os seguintes campi: Araras,

Sorocaba e Lagoa do Sino, localizado na cidade de Buri.

A Universidade oferece, atualmente, 62 cursos de graduação presenciais e 5

cursos de graduação a distância. Para isso, a instituição possui 1.186 docentes e

936 técnicos-administrativos.2

A Instituição de Ensino Superior escolhida apresenta uma estrutura

organizacional hierarquizada, ou seja, suas unidades trabalham isoladamente.

Dessa maneira, buscam seus próprios objetivos, sem tomar ciência do processo, em

que suas atividades são inseridas, como um todo.

Caracterizada como uma organização funcional, a UFSCar apresenta sua

estrutura administrativa, constante no anexo 1, dividida em diversos setores, como

as Pró Reitorias, secretarias, departamentos, centros, entre outros.

1 UFSCAR (São Carlos). Secretaria Geral de Órgãos Colegiados (Org.).FUFSCar -

Estatuto. Disponível em: <http://www.soc.ufscar.br/documentos/estatuto_fufscar.pdf>. Acesso em: 04 de novembro de 2015. 2 UFSCAR, Secretaria Geral de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da (Org.). UFSCar em

números. 2015. Disponível em:http://www2.ufscar.br/interface_frames/index.php?link=http://www.spdi.ufscar.br>. Acesso em: 16 set. 2015.

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3.2 PROBLEMÁTICA DA PESQUISA

O Programa do Governo Federal de Apoio a Planos de Reestruturação e

Expansão das Universidades Federais Brasileiras, no caso da UFSCar,

correspondeu ao Projeto REUNI. Segundo a terceira edição do Guia PMBOK® de

gerenciamento de projetos, o termo “programa” é utilizado para designar um

conjunto de projetos geridos de maneira coordenada a fim de obter benefícios que

não seriam alcançados se aqueles fossem tratados de modo individual. (Guia

PMBOK apud CAVALIERI, 2009)

Dessa forma, o REUNI, instituído em 24 de abril de 2007 pelo Decreto

Presidencial 6.096, tem como função auxiliar as instituições federais a expandir o

acesso da população ao Ensino Superior e garantir condições para que possam

permanecer. Tal auxílio deve ser aplicado na instituição com o objetivo de garantir a

qualidade da graduação oferecida, para que isso aconteça, faz-se necessária a

contratação de docentes e servidores administrativos, assim como a aquisição de

equipamentos.

Na UFSCar, o programa prevê a criação de 20 novos cursos de graduação e

expansão de 16 dos já existentes, conforme apresentado na Tabela 2. Nota-se que

o programa prevê a implantação de pelo menos três cursos novos por centro

acadêmico, o que explicita a demanda por novos docentes e técnicos-

administrativos. Para tal foram contratados um total de 455 funcionários.3

Além do REUNI, a UFSCar passou também por outros projetos de expansão:

a criação do campus de Sorocaba, aprovado pelo Conselho Universitário

(CONSUNI), em 2005; mais recentemente, em 2011, foi criado também pelo

CONSUNI, o campus de Lagoa do Sino.

Estes processos de expansão fizeram com que a UFSCar passasse a ser

uma universidade ainda maior e, consequentemente, passasse a ter demandas

tanto internas, como externas, maiores também. De tal forma que os procedimentos

até então utilizados em sua gestão pudessem ser substituídos por nova abordagem

administrativa que melhor atendesse às necessidades institucionais. Uma forma de

3 UFSCAR, Reuni (Comp.). Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. 2015.

Disponível em: <http://www.reuni.ufscar.br/>. Acesso em: 6 set. 2015.

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notar esta situação se dá pelo grande número de contratações nesta expansão.

Assim, o alto número de servidores novos na Universidade mostrou a necessidade

da busca por uma padronização dos processos que são executados, assim como de

uma revisão dos principais procedimentos de maneira que possibilite uma fácil

compreensão por aqueles que os executarão. Esta revisão objetiva a valorização

das atividades-fim da instituição: ensino, pesquisa e extensão.

Tabela 2. Expansão dos cursos e vagas por campus.

Centro Campus Cursos Período Duração

(semestres)

Cursos

Novos

Cursos

Expansão

de Vagas

Total de

Vagas

REUNI

Centro de Ciências

Agrárias Araras 5

D - 2

N – 3

08 - 1

10 – 4 4 – 160 5 165

Centro de Ciências

Biológicas e da

Saúde

São

Carlos 4 D – 4 ´08 – 04 3 – 120 ´1 – 10 130

Centro de Ciências

Exatas e de

Tecnologia

São

Carlos 12

D - 9

N – 3

08 - 3

09 - 1

10 – 8

3 – 120 9 – 135 255

Centro de Educação

e Ciências Humanas

São

Carlos 9

D - 4

V - 1

N – 4

08 - 7

10 – 2 3 – 125 ´6 – 57 182

Centro de Ciências e

Tecnologias para a

Sustentabilidade

Sorocaba 7 N – 7

08 - 2

09 - 1

10 – 4

7 - 280

280

Total de vagas REUNI 1.012

Fonte: Tabela adaptada do sítio eletrônico www.reuni.ufscar.br

Como resposta a essa necessidade, a presente pesquisa, por meio da

combinação de conceitos de Gestão do Conhecimento e Gestão por Processos,

propôs a criação de um Grupo de Trabalho focado na revisão dos processos e

procedimentos, de maneira a torna-los mais racionais e planejados, na busca da

melhor eficácia da gestão. Para melhor representar essa necessidade, a pesquisa

contou com o mapeamento de um processo importante para instituição, o de

Fornecimento de Informações para Reconhecimento de Curso de Graduação.

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3.3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO PROCESSO

O trabalho realizado pela administração superior da universidade, por ser

departamentalizado e visar seus próprios interesses, acarreta restrições no

desenvolvimento de seus processos. Tais como retrabalho, falta de informações,

não cumprimento de prazos, entre outros. Isso acontece pois não há, implantada na

cultura atual da instituição, uma visão holística das atividades desenvolvidas. Dessa

maneira, as unidades agem de modo individualista, sem se preocupar com as

necessidades dos demais setores.

Ainda que possam ser encontrados processos envolvendo mais de uma

unidade administrativa, em geral, não há uma cooperação mútua em prol de seu

objetivo final. Uma vez que os funcionários não compreendem o processo em sua

totalidade, sua motivação limita-se a atingir os objetivos de sua própria unidade.

Escolhido intencionalmente pela pesquisadora, por fazer parte de sua rotina

de estágio na UFSCar e apresentar, frequentemente, problemas em sua execução,

o processo representado (Figura 1) é um exemplo de procedimento realizado pela

instituição que pode sofrer os danos advindos do individualismo setorial citado

anteriormente.

Intitulado como “Fornecimento de informações para Reconhecimento de

Curso de Graduação”, o processo descrito faz parte de um macroprocesso que

aborda a regularização dos cursos de graduação no Ministério da Educação e

Cultura (MEC). Para tal, conta com participação de 3 agentes: a Coordenação do

Curso que passará pela fase de reconhecimento, a Pró Reitoria de Graduação

(ProGrad) que é a responsável pelo controle dos prazos de reconhecimento dos

cursos e análise das informações recebidas e, por último, a Secretaria Geral de

Planejamento e Desenvolvimento Institucional (SPDI) que é a unidade encarregada

de contatar o MEC através de seu portal eletrônico (e-MEC) afim de fornecer as

informações necessárias.

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Fonte: feito pela autora

Figura 1. Processo de Fornecimento de Informações para Reconhecimento de Curso de Graduação.

O processo inicia-se, portanto, na ProGrad com a verificação do ato publicado

pelo Ministro de Estado da Educação acerca das formas e períodos de

reconhecimento dos cursos de graduação da instituição.4 Após a verificação, a Pró

Reitoria elabora um aviso formal sobre as informações contidas no ato publicado e

encaminha aquele à Coordenação do Curso que passará pelo processo de

reconhecimento. Chegando à Coordenação, os responsáveis organizam as

informações requisitadas e as encaminham para a Pró Reitoria de Graduação, que

fará a verificação do que foi fornecido. Havendo algum problema, um aviso sobre o

mesmo é enviado à Coordenação e, esta corrigirá as informações, enviando-as

novamente para verificação da ProGrad. Assim que as informações fornecidas

encontram-se de acordo com o requisitado, são encaminhadas à SPDI, que fará o

preenchimento do formulário eletrônico, no portal do MEC, para que o processo de

reconhecimento seja iniciado na plataforma. Caso exista alguma dificuldade no

preenchimento, a SPDI avisa a ProGrad, que analisará o problema relatado e, caso

seja possível resolvê-lo na própria unidade, será feito e, então, as informações

retornam à SPDI. Não sendo possível, a Pró Reitoria entra em contato com a

4 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Constituição (2007). Portaria nº 40, de 12 de dezembro

de 2007. MinistÉrio da EducaÇÃo Gabinete do Ministro. Diário Oficial da União, 13 dez. 2007. n. 239, Seção 1, p. 39-43

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Coordenação do Curso, que tomará as devidas providências para que o problema

seja corrigido e, assim, as informações retornem à ProGrad e depois à SPDI para

que o processo de preenchimento seja concluído.

Por envolver 3 unidades com funções completamente distintas dentro da

universidade, pode-se observar a necessidade de cooperação entre elas para que o

processo mapeado aconteça dentro do período previsto e da forma solicitada pelos

órgãos superiores de educação. Uma dificuldade muitas vezes encontrada, no

desenvolvimento desse fluxo, é o fornecimento das informações, por parte da

Coordenação do Curso, conforme a maneira que foram solicitadas. Também é vital

uma boa comunicação entre a SPDI e a ProGrad, uma vez que a Secretaria precisa

enviar à Pró Reitoria o formato de como as informações devem ser organizadas para

que o preenchimento no e-MEC seja facilitado, por exemplo, há um limite no número

de caracteres disponíveis em algumas etapas, como a de preenchimento acerca do

projeto pedagógico. Caso essa informação não seja repassada à ProGrad, o pedido

que chegará à Coordenação do Curso não abordará esse detalhe, o que pode

desencadear a necessidade de revisão das informações e, assim, um atraso no

preenchimento dessas na plataforma do MEC. Portanto, o mapeamento das

atividades desse processo visa o compartilhamento interno da necessidade de

cooperação entre as unidades envolvidas. Havendo essa colaboração,

principalmente, por parte da Coordenação do Curso na etapa de organização das

informações solicitadas, atividades decorrentes dos problemas encontrados pela

ProGrad e SPDI, deixariam de existir ou seriam minimizadas e, assim, o período de

desenvolvimento do processo seria reduzido, juntamente com o retrabalho advindo

das correções, ocasionalmente, necessárias.

Foi realizada, pela autora, uma pesquisa, através do Sistema Eletrônico do

Serviço de Informações ao Cidadão (e-SIC), sobre a aceitação, por parte das IFES,

de um modelo gerencial baseado na Gestão por Processos. A Tabela 3 contém os

dados obtidos através de pesquisa realizada, os dados mostram as IFES favoráveis

e não, à Gestão por Processos.

Tal pesquisa abrangeu todas as Instituições Federais de Ensino Superior, em

todas as regiões do Brasil. Entretanto, por conta da greve dos servidores, ocorrida

no período da pesquisa, algumas não se manifestaram ao questionamento feito

sobre tema Gestão por Processos.

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Tabela 3. Dados sobre Gestão por Processos nas IFES.

IFES FAVORÁVEL AO MODELO GERENCIAL DE GESTÃO POR PROCESSOS?

UFAC Sim

UNIFAP Sim

UFAM Sim

UFOPA Sim

UNIR Sim

IFMA Sim

UFMA Sim

UFPE Sim

UFERSA Sim

UFGD Sim

UFES Sim

CEFET-MG Sim

UFLA Sim

UFMG Sim

UFOP Sim

UFU Sim

UNIFAL Sim

CEFET-RJ Sim

UFF Sim

UFRRJ Sim

UNIRIO Sim

UFABC Sim

UFPR Sim

UNILA Sim

UTFRP Sim

UFSM Sim

UNIPAMPA Sim

UFFS Sim

UFRR Não

UFT Não

UFRB Não

UFC Não

UFCA Não

UFCG Não

UFRPE Não

UNIVASF Não

UFMT Não

UFMS Não

UFSJ Não

UFTM Não

UFRJ Não

UNIFESP Não

FURG Não

UFCSPA Não

UFSC Não

UFPI Não

Fonte: feito pela autora

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A Tabela 3 foi organizada de modo que as IFES favoráveis à Gestão por

Processos ficassem ao topo, sendo seguidas por aquelas que optam por outro

modelo gerencial. Muitas daquelas apresentam apenas a intenção de implantação

de tal modelo, outras possuem um grupo dedicado ao mapeamento de seus

processos e análise dos mesmos, há também instituições que contrataram serviço

terceirizado a fim de gerirem melhor seus processos administrativos e, por fim, têm-

se aquelas que já possuem o modelo administrativo de Gestão por Processos

implantado em sua instituição. Seja na fase de estudo da viabilidade ou na de

execução do modelo discutido, de acordo com a tabela, nota-se que cerca de 60%

das IFES mostram-se favoráveis à Gestão por Processos.

Desse modo, o modelo gerencial apresentado pela pesquisa pode ser

indicado como alternativa para a gestão da UFSCar, uma vez que tem ganhado

cada vez mais espaço entre as IFES de todo o Brasil por apresentar uma proposta

mais dinâmica para administração das universidades e, consequentemente,

aumentar a eficiência do trabalho realizado pelos servidores, que passaram a

conhecer os processos em que estão inseridos, não apenas as atividades pelas

quais são responsáveis.

3.4 PROPOSTA DE MELHORIA

Considerando as informações apresentadas nas seções anteriores da

pesquisa, propõe-se a criação e implantação de um Grupo de Trabalho para a

revisão da estrutura organizacional da UFSCar. Para que, de tal forma, os processos

administrativos sejam devidamente explicitados aos envolvidos e também aos

demais interessados. Em outros termos, que haja por meio de um novo modelo

gerencial, baseado em processos, uma melhor integração setorial e também uma

agregação de valor ao trabalho desenvolvido pelos funcionários da instituição,

através da compreensão e cooperação acerca dos objetivos finais de cada

processo. Estes resultados refletem em termos de melhor comunicação entre os

procedimentos atuais, maior rapidez, por parte da administração para atender as

demandas tanto acadêmicas como da comunidade e, com isso, contribuir para um

melhor uso dos recursos públicos. Na medida em que a prática de Gestão por

Processos é disseminada, por meio do grupo de trabalho sugerido, as unidades

administrativas, e mesmo acadêmicas, passam a estar cada vez mais integradas.

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Para que tal revisão seja possível, o Grupo de Trabalho valer-se-á da

representação dos processos administrativos em fluxogramas que explicitem e

descrevam as atividades desenvolvidas. Gerando, dessa maneira, fácil acesso às

informações dos procedimentos realizados na administração da IES.

Fonte: feito pela autora

Figura 2. Processo das Atividades do Grupo de Trabalho Proposto.

Numa primeira etapa do Grupo de Trabalho será realizado um estudo acerca

dos processos administrativos e feito uma análise dos mesmos a fim de encontrar

suas principais restrições e oportunidades de melhoria. Após isso, o Grupo de

Trabalho se dedicará no melhoramento da logística processual da administração da

universidade. Feito, as mudanças devem passar por aprovação dos responsáveis a

fim de serem implantadas e difundidas entre os servidores. Tais atividades do Grupo

de Trabalho podem ser entendidas através do esquema representado pela Figura 2.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram observados esforços por parte de algumas unidades administrativas

como a Pró Reitoria de Administração (ProAd), Pró Reitoria de Gestão de Pessoas

(ProGPe) e Pró Reitoria de Extensão (ProEx) na questão de representação de seus

processos em fluxogramas, por meio da contratação de empresa especializada para

tal. Entretanto, a cultura gerada pela Gestão Funcional apresenta-se como barreira

na etapa de construção dos fluxos. Muitos servidores, geralmente os mais antigos

da instituição, não se mostram abertos às mudanças propostas por um novo modelo

gerencial, como o de Gestão por Processos e, por isso, não cooperam

compartilhando as informações sobre as atividades que desempenham. Por outro

lado, há um grande número de servidores, em geral os recém-contratados, que se

mostram abertos às mudanças que possam ocorrer em sua rotina de trabalho.

Através do estudo de caso realizado, pôde-se apresentar à necessidade

apresentada pela UFSCar a Gestão por Processos como sendo uma alternativa de

modelo administrativo, frente ao seu percentual de aceitação nas demais IFES e à

sua capacidade de acompanhar seu próprio processo crescente de expansão. Para

tal, a proposição de um Grupo de Trabalho dedicado à implantação desse modelo

gerencial busca introduzir uma mudança na cultura na instituição, a qual tenha como

base uma visão holística dos processos executados, para que, assim, o espírito de

colaboração entre os setores seja desenvolvido até o ponto de se tornar intrínseco à

organização.

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ANEXO 1 – ORGANOGRAMA DA ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA UFSCAR