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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO CAMPUS SÃO PAULO TECNOLOGIA EM GESTÃO DE TURISMO PROFA. RAFAELA MALERBA METODOLOGIA DA PESQUISA EM TURISMO - MCTX4 SÃO PAULO 2013

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO – CAMPUS SÃO PAULO

TECNOLOGIA EM GESTÃO DE TURISMO

PROFA. RAFAELA MALERBA

METODOLOGIA DA PESQUISA EM TURISMO - MCTX4

SÃO PAULO

2013

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

Caros alunos e alunas,

Este volume apresenta textos selecionados para o trabalho durante as atividades de Metodologia da Pesquisa em

Turismo. Ele é composto de textos sobre os conteúdos da disciplina e atividades complementares elaboradas

pela docente.

Os textos são de fontes variadas e alguns deles foram escritos especialmente para este fim. Os textos de outros

autores são identificados com o nome do autor após o título, e pela referência completa em nota de rodapé. Os

textos exclusivos para este material, muitas vezes, também citam outras obras e, nesses casos, as referências de

tais citações são apresentadas ao final do volume. Tais referências são fundamentais para que você possa

ampliar suas leituras.

Ao fazer suas leituras, procure sistematizar suas ideias: sinalize palavras-chaves, crie uma simbologia para

trechos importantes, trechos que suscitam dúvidas, registre as principais informações em um fichamento ou

esquema.

É fundamental que você encontre um caminho próprio para seus estudos. Assista às aulas com atenção e procure

participar ativamente, mas lembre-se: a leitura e a realização das atividades em casa são fundamentais para o

aprendizado.

Um ótimo semestre a todos,

Profa. Rafaela Malerba

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

Sumário 1 Óvnis, Matrix, Deus, Reencarnação (não) existem ........................................................................................................................ 4

2 Ciência e conhecimento científico ........................................................................................................................................................ 7

3 Método e pesquisa científica ................................................................................................................................................................ 10

3.1 Método científico ............................................................................................................................................................................ 10

3.2 Desenvolvimento histórico do método ................................................................................................................................ 11

3.3 Métodos que proporcionam as bases lógicas da investigação ................................................................................... 12

3.3.1 Método Dedutivo ................................................................................................................................................................. 12

3.3.2 Método Indutivo................................................................................................................................................................... 13

3.3.3 Método hipotético-dedutivo ........................................................................................................................................... 14

3.3.4 O método dialético .............................................................................................................................................................. 15

3.3.5 Método fenomenológico ................................................................................................................................................... 15

4 Pesquisa científica ..................................................................................................................................................................................... 16

5 Tipologia da pesquisa .............................................................................................................................................................................. 17

5.1 Tipos de pesquisa segundo os fins ou objetivos ............................................................................................................... 17

5.2 Tipos de pesquisa segundo o tratamento dos dados ..................................................................................................... 17

5.3 Tipos de pesquisa segundo os procedimentos de coleta de dados .......................................................................... 18

5.3.1 Pesquisa bibliográfica........................................................................................................................................................ 18

5.3.2 Pesquisa documental ......................................................................................................................................................... 19

5.3.3 Pesquisa experimental ...................................................................................................................................................... 19

5.3.4 Pesquisa ex-post-facto ...................................................................................................................................................... 19

5.3.5 Levantamento (survey) .................................................................................................................................................... 19

5.3.6 Estudo de campo .................................................................................................................................................................. 20

5.3.7 Estudo de caso ...................................................................................................................................................................... 20

5.4 Técnicas de pesquisa .................................................................................................................................................................... 21

5.4.1 Observação ............................................................................................................................................................................. 22

5.4.2 Sondagens ............................................................................................................................................................................... 22

5.4.3 Análise de texto .................................................................................................................................................................... 22

5.4.4 Entrevistas em profundidade ........................................................................................................................................ 22

6 Planejamento da pesquisa ..................................................................................................................................................................... 23

6.1 Seleção do tema .............................................................................................................................................................................. 23

6.2 Revisão bibliográfica .................................................................................................................................................................... 23

6.3 Estabelecimento do problema de pesquisa ........................................................................................................................ 23

6.4 Estabelecimento de objetivos ................................................................................................................................................... 24

6.5 Definição da estratégia de pesquisa ....................................................................................................................................... 25

7 O projeto de pesquisa ............................................................................................................................................................................... 25

7.1 Elaboração da justificativa ......................................................................................................................................................... 25

7.2 Apresentação da metodologia .................................................................................................................................................. 26

8 Relato das descobertas ............................................................................................................................................................................ 26

9 Atividades ...................................................................................................................................................................................................... 27

10 Roteiro para trabalho individual .................................................................................................................................................. 33

Referências das obras citadas nos textos produzidos para este material .................................................................................. 34

Apêndice 1 – Ficha resumo para elaboração de um projeto de pesquisa ................................................................................... 35

Apêndice 2 – Exemplos de pesquisas.......................................................................................................................................................... 36

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

1 Óvnis, Matrix, Deus, Reencarnação (não) existem

Salvador Nogueira1

Todo ano, na Inglaterra, é realizado um "acampamento para ateus" - onde crianças e jovens participam de

palestras e debates sobre ciência. A principal gincana desse evento, que até já foi tema de uma reportagem da

SUPER, gira em torno de dois unicórnios invisíveis - que vivem no acampamento e não podem ser vistos, ouvidos,

tocados ou cheirados. Ganha quem conseguir provar que eles não existem. Fácil, você dirá. É claro que unicórnios

não existem, muito menos os invisíveis. Mas, ano após ano, ninguém do acampamento consegue provar esse

óbvio ululante. Substitua os tais unicórnios por outras ideias que costumam ser rechaçadas por muitos cientistas,

como a existência de Deus, Matrix e visitas de aliens à Terra, e você chegará ao mesmo impasse: se os cientistas

têm tanta certeza de que essas coisas não existem, por que então não conseguem provar que estão corretos?

O problema está no chamado "método científico" - que é adotado por todos os pesquisadores e foi proposto por

Galileu Galilei no século 16. Em vez de simplesmente especular sobre as coisas, como se fazia até então, ele criou

um procedimento mais rigoroso. São 4 etapas (veja acima), e só passando por todas é possível chegar a uma

conclusão irrefutável. Só que a ciência, mesmo com todos os seus avanços, às vezes ainda tropeça em alguma

delas. E o mesmo rigor racional que permitiu confirmar as verdades mais fundamentais do Universo, como as leis

da física, torna impossível provar que determinadas crenças são falsas.

1 NOGUEIRA, Salvador. Óvnis, matrix, Deus, reencarnação não existem. Revista Superinteressante, São Paulo, ed. 279 jun. 2010, p. 76-79.

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

Quando a gente morre acabou

O corpo humano é feito de células. Quando elas morrem, você morre. Não existe alma nem

reencarnação. Essa é a visão científica tradicional. Mas bilhões de pessoas acreditam em vida

após a morte. Elas estão erradas? Não há como garantir que estejam. O fato é que a ciência não

consegue provar que alma e reencarnação não existem, por um motivo simples: como testar

algo que não deixa evidência palpável? Até hoje, ninguém conseguiu encontrar ou medir a alma

das pessoas. E olha que isso já foi tentado. Em 1907, o médico americano Duncan MacDougall

pesou 6 pacientes antes e depois da morte. Ele achava que, se a alma existisse, quando a pessoa

morresse, ela sairia do corpo, deixando o cadáver com um peso menor que o indivíduo tinha

quando estava vivo. MacDougall comprovou sua teoria. Mas, como ele mesmo admitiu depois,

duas das medições estavam erradas - e um cadáver voltou a recuperar o peso. Novos testes

foram feitos nas décadas seguintes, mas nunca provaram a tese. Estudos mais recentes sugerem

que o cérebro pode gerar alucinações, em que a pessoa sai do próprio corpo, durante a morte.

Mas só porque a nossa mente cria ilusões de alma não quer dizer que ela de fato não exista. Sem

testar a reencarnação em laboratório, é impossível provar que ela não é real.

Deus não existe

Esta o biólogo inglês Richard Dawkins, um dos principais cientistas do mundo e líder de várias campanhas

ateístas, adoraria dizer que pode provar. Afinal, dizer que alguma coisa acontece "por causa de Deus" é

inadmissível para cientistas como ele. Porque essa é uma afirmação que, no fundo, realmente não explica

nada. Mas é impossível provar que Deus não existe, porque o método científico só consegue testar a

validade de hipóteses que, em tese, possam ser refutadas com provas. Se você levantar uma hipótese

como "a Terra é quadrada", por exemplo, pode testá-la mandando uma nave espacial fotografar o planeta.

É uma prova objetiva. Já com a existência de Deus, não é assim. Como conseguir provas? Onde procurá-

las? Mesmo se fosse possível criar um teste para medir a existência de Deus, ele poderia optar por não

aparecer - ou simplesmente fingir que não estava lá.

O problema para os pesquisadores é que a ciência, ao contrário da Igreja, não prova as coisas pela

negativa. Quando o Vaticano quer provar um milagre, usa a ausência de provas em contrário - obtém

laudos de cientistas dizendo que eles não conseguem explicar aquele fato. "Se os peritos afirmam que a

ciência não pode explicar o acontecido, aquilo passa a ser reconhecido como intervenção divina", explica

Luiz Carlos Marques, especialista em história religiosa da Universidade Católica de Pernambuco. O

método científico não funciona assim. Como os cientistas costumam dizer, a inexistência de provas não é

uma prova de inexistência. A única coisa que a ciência pode fazer é afastar Deus do nosso dia a dia,

explicando o Universo e as coisas de forma lógica e racional em vez de atribuí-las a fenômenos

sobrenaturais. Mas daí a dizer que Deus não existe, vai uma enorme distância. E, se Richard Dawkins não

gostar, sempre pode tirar as calças e pisar em cima.

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

Óvnis não são reais

Normalmente, quando alguém aparece com uma suposta foto de disco voador, o especialista

consultado costuma ser um astrônomo. Eles conseguem refutar a esmagadora maioria das

supostas aparições de óvnis (geralmente fraudes ou ilusões de ótica). Mas não conseguem

descartar totalmente a questão. Tudo por causa do método científico. Quer ver? A primeira

etapa, observação, transcorre sem qualquer dificuldade: existem, afinal, aparições de óvnis a

ser estudadas. A segunda etapa, pergunta, também rola sem problemas. Basta formular a

questão "as visitas de extraterrestres à Terra são reais?" Depois vem a hipótese: essas visitas

não são reais porque as imagens são fraudes, ou apenas ilusões - existem certos fenômenos

atmosféricos que podem produzir efeitos semelhantes aos de óvnis. Até aí, tudo bem. O

problema vem na etapa seguinte, a experiência. Não é possível fazer um experimento

controlado com ETs. Nem sequer podemos prever quando os supostos discos voadores vão

aparecer no céu. Sem experiência, não há conclusão - e não se prova nada. Se os aliens apenas

deixassem um sinal físico de sua existência - um pedaço de nave, que pudesse ser testado em

laboratório para provar sua origem extraterrestre -, a questão voltaria ao alcance da ciência. "O

mais frustrante é que, mesmo após milhares de avistamentos de óvnis, nenhum produziu

evidências físicas que pudessem levar a resultados reprodutíveis em laboratório", diz o físico

Michio Kaku, da Universidade da Cidade de Nova York.

Não vivemos na Matrix

O filósofo francês René Descartes, no século 17, estabeleceu as bases do racionalismo. Ele começava

duvidando de tudo, e depois ia restabelecendo as verdades com base na razão. As 3 conclusões a que

chegou, que serviram de base a todo o resto, são bastante conhecidas: "Penso, logo existo", "Deus existe" e

"o mundo existe". É sempre chato desapontar um gênio como Descartes, mas é muito difícil justificar

cientificamente essas conclusões. Começando pela que talvez pareça mais óbvia: o mundo existe. O que

nos garante que o mundo existe de verdade - e não é apenas uma simulação criada por computadores ou

pelos nossos sentidos, como no filme Matrix? Nada. É impossível provar cientificamente que essa ilusão, a

Matrix, não existe. E isso acontece porque o método científico é freado já em sua primeira etapa: a

observação. Nós observamos o mundo a partir dos nossos sentidos: visão, olfato, paladar, tato e audição.

Só que eles nos enganam. Se estamos assustados, por exemplo, podemos ouvir barulhos que não existem.

E, principalmente, não temos acesso direto à realidade - nossas sensações são produzidas pelo cérebro,

que recebe e interpreta sinais e transforma o resultado em algo acessível pela consciência. Ora. Se o ser

humano não consegue observar o mundo sem passar por esse filtro, não tem como provar se ele é real ou

apenas uma ilusão. "E se a nossa civilização atingisse um estágio pós-humano [muito avançado] e

começasse a rodar simulações de épocas anteriores? Como podemos saber se não estamos numa dessas

simulações?", pergunta o filósofo Nick Bostrom, da Universidade de Oxford. Ele tem razão.

Cientificamente, nada garante que não estejamos vivendo dentro da Matrix.

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

2 Ciência e conhecimento científico

Marina Marconi e Eva Lakatos2

O conhecimento científico e outros tipos de conhecimento

Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros tipos de

conhecimento existentes. Para tal, analisemos uma situação histórica, que pode servir de exemplo. Desde a

Antiguidade, até aos nossos dias, um camponês, mesmo iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabia

o momento certo da semeadura, a época da colheita, a necessidade da utilização de adubos, as providências a

serem tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as

diferentes culturas. Tinha também conhecimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo local,

exaure o solo. Já no período feudal, o sistema de cultivo era em faixas: duas cultivadas e uma terceira “em

repouso”, alternando-as de ano para ano, nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única

faixa. O início da Revolução Agrícola não se prende ao aparecimento, no século XVIII, de melhores arados,

enxadas e outros tipos de maquinaria, mas à introdução, na segunda metade do século XVII, da cultura do nabo e

do trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de deixar a terra em pouso: seu cultivo “revitalizava” o solo,

permitindo o uso constante. Hoje, a agricultura utiliza-se de sementes selecionadas, de adubos químicos, de

defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos daninhos.

Mesclam-se, neste exemplo, dois tipos de conhecimento: o primeiro, vulgar ou popular geralmente típico do

camponês, transmitido de geração para geração por meio da educação informal e baseado em imitação e

experiência pessoal; portanto, empírico e desprovido de conhecimento sobre a composição do solo, das causas

do desenvolvimento das plantas, da natureza das pragas, do ciclo reprodutivo dos insetos etc.; o segundo,

científico, é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo

racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar “por que” e “como” os fenômenos

ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão correlacionados, numa visão mais globalizante do que a

relacionada com um simples fato — uma cultura específica, de trigo, por exemplo.

Correlação entre conhecimento popular e conhecimento científico

O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum, não se distingue do conhecimento

científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou

o método e os instrumentos do “conhecer”. Saber que determinada planta necessita de uma quantidade ‘X’ de

água e que, se não a receber de forma “natural” deve ser irrigada, pode ser um conhecimento verdadeiro e

comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais além: conhecer a natureza

dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie de

outra. Dessa forma, patenteiam-se dois aspectos:

a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.

b) Um mesmo objeto ou fenômeno — uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações entre chefes

e subordinados — pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum;

o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.

Para Bunge (1976:20), a descontinuidade radical existente entre a Ciência e o conhecimento popular em

numerosos aspectos (principalmente no que se refere ao método) não nos deve fazer ignorar certa continuidade

em outros aspectos, principalmente quando limitamos o conceito de conhecimento vulgar ao “bom-senso”. Se

excluirmos o conhecimento mítico (raios e trovões como manifestações de desagrado da divindade pelos

comportamentos individuais ou sociais), verificamos que tanto o “bom-senso” quanto a Ciência almejam ser

racionais e objetivos: “são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e procuram adaptar-se aos fatos em vez

de permitir-se especulações sem controle (objetividade)”. Entretanto, o ideal de racionalidade, compreendido

como uma sistematização coerente de enunciados fundamentados e passíveis de verificação, é obtido muito mais

por intermédio de teorias, que constituem o núcleo da Ciência, do que pelo conhecimento comum, entendido

como acumulação de partes ou “peças” de informação frouxamente vinculadas. Por sua vez, o ideal de

objetividade, isto é, a construção de imagens da realidade, verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançado se

não ultrapassar os estreitos limites da vida cotidiana, assim como da experiência particular; é necessário

abandonar o ponto de vista antropocêntrico, para formular hipóteses sobre a existência de objetos e fenômenos

além da própria percepção de nossos sentidos, submetê-los à verificação planejada e interpretada com o auxílio

2 MARCONI, Marina de A.; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p.57-62

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

das teorias. Por esse motivo é que o senso comum, ou o “bom-senso”, não pode conseguir mais do que uma

objetividade limitada, assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente vinculado à percepção e

à ação.

Características do conhecimento popular

Se o “bom-senso”, apesar de sua aspiração à racionalidade e objetividade, só consegue atingir essa condição de

forma muito limitada, pode-se dizer que o conhecimento vulgar ou popular latu sensu é o modo comum, corrente

e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos: “é o saber que

preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e

sem se haver refletido sobre algo” (Babini, 1957:21).

Para Ander-Egg (1978:13-14), o conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente:

superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente

estando junto das coisas: expressa-se por frases como “porque o vi”, “porque o senti”, “porque o

disseram”, “porque todo mundo o diz”;

sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária;

subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto os que adquire

por vivência própria quanto os “por ouvi dizer”;

assistemático, pois esta “organização” das experiências não visa a uma sistematização das ideias, nem na

forma de adquiri-las, nem na tentativa de validá-las;

acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta

sempre de uma forma crítica.

Os quatro tipos de conhecimento

Verificamos, dessa forma, que o conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que se refere ao

seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Essa diferença ocorre também em relação aos

conhecimentos filosófico e religioso (teológico). Trujillo (1974:11) sistematiza as características dos quatro tipos

de conhecimento:

Conhecimento

popular

Conhecimento

científico

Conhecimento

Filosófico

Conhecimento

Religioso (teológico)

Valorativo Real (factual) Valorativo Valorativo

Reflexivo Contingente Racional Inspiracional

Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático

Verificável Verificável Não verificável Não verificável

Falível Falível Infalível Infalível

Inexato Aproximadamente exato Exato Exato

Conhecimento popular

O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com base em

estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o

sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de cena forma, pelo cognoscente, os

valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade

com o objeto, não pode ser seduzido a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na

“organização” particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das

ideias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a

transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecem. E verificável, visto que está limitado ao âmbito da

vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia a dia. Finalmente é falível e inexato, pois se

conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a

formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas.

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

Conhecimento filosófico

O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser

submetidas à observação: “as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento

emerge da experiência e não da experimentação” (Trujillo, 1974:12); por este motivo, o conhecimento filosófico

é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência,

não podem ser confirmados nem refinados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados

logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma

representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é

infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do

instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao

decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço

da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente

recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos,

positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de

observação, o objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são

redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta

(por instrumentos), como a que é exigida pela ciência experimental. O método por excelência da ciência é o

experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela

experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega “o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo,

que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica” (Ruia,

1979:110). O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui o

objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia encontra-se sempre à procura do

que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para

tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que

englobem e harmonizem as conclusões da ciência.

Conhecimento religioso

O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas

(valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são

consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado,

finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita

uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do

princípio de que as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da

divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo é

interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem

sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução das espécies,

particularmente do Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as posições dos teólogos

fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os cientistas buscam, em suas pesquisas, fatos

concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o fundamento do

conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do

conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de

conhecer deve a evidência resultar da pesquisa dos fatos ou da análise dos conteúdos dos enunciados, no caso do

conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidência, pois a toma da causa primeira, ou seja,

da revelação divina.

Conhecimento científico

Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda

“forma de existência que se manifesta de algum modo” (Trujiflo, 1974:14). Constitui um conhecimento

contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da

experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. E sistemático, já que se trata de um

saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e

desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem

ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não

ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o

desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

Apesar da separação “metodológica” entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no

processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao

estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada

no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, através de

investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-

lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser

criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.

Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por

exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema

filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso

comum.

3 Método e pesquisa científica

A principal atividade de construção de conhecimentos científicos é a pesquisa. A palavra está presente em nosso

vocabulário desde os primeiros anos escolares, mas será que compreendemos plenamente seu significado?

Segundo Ada Dencker (1998), pesquisa é um esforço organizado e sistemático para investigar de forma objetiva

problemas específicos. De forma geral, pesquisa é um “procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico,

que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento” (ANDER-

EGG, 1978 apud LAKATOS; MARCONI 2007, p.139). Por ser um procedimento organizado, sistemático,

controlado e crítico a pesquisa científica prevê a utilização de um método próprio e técnicas específicas.

3.1 Método científico

Débora Bonat3

Metodologia é a ciência que estuda os métodos utilizados no processo de conhecimento. É, portanto, “[...] uma

disciplina que se relaciona com a epistemologia e consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis,

identificando suas limitações ou não no âmbito das implicações de suas aplicações (COSTA, 2001, p.4).

O método é o caminho a ser trilhado pelo pesquisador, desde o início de sua caminhada, com a formulação de um

problema, até a comprovação da hipótese (resposta ao problema), ao final da pesquisa. Pode ser entendido como

um conjunto de etapas que serão vencidas de forma sistematizada na busca pela “verdade”.

Note-se que essa verdade é validada pela ciência, uma vez que, em sentido absoluto, ela jamais será alcançada,

“[...] pois mesmo de pois de mil experimentos que produzam resultados consistentes com uma teoria científica,

basta um, apenas um resultado contrário, para derrubar uma teoria científica (CRUZ; RIBEIRO, 2003, P.33).

E, para que uma pesquisa seja considerada científica, ela deverá utilizar um método também científico, ou seja,

deve propiciar que essa busca possa ser refeita por outros pesquisadores, os quais devem identificar com clareza

e precisão as técnicas e raciocínios já utilizados.

A ciência busca capturar e analisar a realidade, e é o método que faz com que o pesquisador consiga atingir seus

objetivos (DEMO, 1985, p. 20).

Não há ciência sem método; contudo, o método sozinho não consegue produzir ciência. A disciplina do

pesquisador na busca pela verdade faz que, juntamente com o método, respostas possíveis sejam alcançadas.

Isso porque o método é o responsável pela condução do pesquisador ao seu objetivo, é ele quem leva o

pesquisador desde o problema inicial que o motivou a pesquisar até a comprovação de uma resposta, ao término

da pesquisa.

3 BONAT, Débora. Metodologia da pesquisa. Belo Horizonte, MG: IESDE, 2008. p.21-22.

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O método é responsável pela transparência e pela objetividade da pesquisa. Significa, portanto, que o método

traduz a forma por meio da qual o pesquisador obteve seus resultados, possibilitando a outros pesquisadores

seguirem os mesmos passos, o mesmo caminho utilizado pelo pesquisador.

Todavia, não se pode confundir método com processo. Ao primeiro é fornecida uma abordagem mais ampla,

enquanto o processo é “[...] a aplicação específica do plano metodológico e a forma especial de execução das

ações” (CRUZ; RIBEIRO, 2003, p. 33).

3.2 Desenvolvimento histórico do método

Marina Marconi e Eva Lakatos4

A preocupação em descobrir e, portanto, explicar a natureza vem desde os primórdios da humanidade, quando

as duas principais questões referiam-se às forças da natureza, a cuja mercê viviam os homens, e à morte. O

conhecimento mítico voltou-se à explicação desses fenômenos, atribuindo-os a entidade de caráter sobrenatural.

A verdade era impregnada de noções supra-humanas e a explicação fundamentava-se em motivações humanas,

atribuídas a “força” e potenciais sobrenaturais.

À medida que o conhecimento religioso se voltou, também, para a explicação dos fenômenos da natureza e do

caráter transcendental da morte, como fundamento de suas concepções, a verdade revestiu-se de caráter

dogmático, baseadas em revelações da divindade. É a tentativa de explicar os acontecimentos através das causas

primeiras – os deuses -, sendo o acesso dos homens ao conhecimento derivado da inspiração divina. O caráter

sagrado das leis, da verdade, do conhecimento, como explicações sobre o homem e o universo, determina uma

aceitação sem crítica dos mesmos, deslocando o foco das atenções para a explicação da natureza da divindade.

O conhecimento filosófico, por seu lado, volta-se para a investigação racional na tentativa de captar a essência

imutável do real, através da compreensão da forma e das leis da natureza.

O senso comum, aliado à explicação religiosa e ao conhecimento filosófico, orientou as preocupações do homem

com o universo. Somente no século XVI é que se iniciou uma linha de pensamento que propunha encontrar um

conhecimento embasado em maiores garantias, na procura do real. Não se buscam mais as causas absolutas ou a

natureza íntima das coisas; ao contrário, procura-se compreender as relações entre elas, assim como a

explicação doas acontecimentos, através da observação científica aliada ao raciocínio.

Com o passar do tempo, muitas modificações foram feitas nos métodos existentes, inclusive sugiram outros

novos. Estudaremos mais adiante esses métodos. No momento o que nos interessa é o conceito moderno de

método (independente do tipo). Para tal, consideramos, como Bunge, que o método científico é a teoria da

investigação. Esta alcança seus objetivos, de forma científica, quando cumpre ou se propõe a cumprir as

seguintes etapas de acordo com Bunge (1980:25):

a) descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de conhecimentos. Se o problema não tiver

enunciado com clareza, passa-se à etapa seguinte; se o estiver, passa-se à subsequente;

b) colocação precisa do problema, ou ainda a recolocação de um velho problema, à luz de novos

conhecimentos (empíricos ou teóricos, substantivos ou metodológicos);

c) procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema (por exemplo, dados numéricos,

teorias, aparelhos de medição, técnicas de cálculo ou de medição). Ou seja, exame do conhecido para tentar

resolver o problema;

d) tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados. Se a tentativa resultar inútil,

passa-se para a etapa seguinte; em caso contrário, à subsequente;

e) invenção de novas ideias (hipótese, teorias ou técnicas) ou produção de novos dados empíricos que

prometam resolver o problema;

f) obtenção de uma solução (exata ou aproximada) do problema com auxílio do instrumental conceitual ou

empírico disponível;

g) investigação das consequências da solução obtida. Em se tratando de uma teoria, é a busca de

prognósticos que possam ser feitos com seu auxílio. Em se tratando de novos dados, é o exame das

consequências que possam ter para as teorias relevantes;

4 MARCONI, Marina de A.; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p.65-67

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h) prova (comprovação) da solução: confronto da solução com a totalidade das teorias e da informação

empírica pertinente. Se o resultado é satisfatório, a pesquisa é dada como concluída, até novo aviso. Do

contrário, passa-se para a etapa seguinte;

i) correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta.

Esse é, naturalmente, o começo de um novo ciclo de investigação.

As etapas assim se apresentam de forma esquemática:

3.3 Métodos que proporcionam as bases lógicas da investigação

Antonio Carlos Gil5

Estes métodos esclarecem acerca dos procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no processo de

investigação científica dos fatos da natureza e da sociedade. São, pois, métodos desenvolvidos a partir de elevado

grau de abstração, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das regras de

explicação dos fatos e da validade de suas generalizações.

Podem ser incluídos neste grupo os métodos: dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e fenomenológico. Cada um

deles vincula-se a uma das correntes filosóficas que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da

realidade. O método dedutivo relaciona-se ao racionalismo, o indutivo ao empirismo, o hipotético-dedutivo ao

neopositivismo, o dialético ao materialismo dialético e o fenomenológico, naturalmente, à fenomenologia.

A adoção de um ou outro método depende de muitos fatores: da natureza do objeto que se pretende pesquisar,

dos recursos materiais disponíveis, do nível de abrangência do estudo e sobretudo da inspiração filosófica do

pesquisador.

3.3.1 Método Dedutivo

O método dedutivo, de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao

particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões

de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos

racionalistas (Descartes, Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento

verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis.

5 GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006. p.27-31.

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O protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo, que consiste numa construção lógica que, a partir de duas

preposições chamadas premissas, retira uma terceira, nelas logicamente implicadas, denominada conclusão. Seja

o exemplo:

Todo homem é mortal. (premissa maior) Pedro é homem. (premissa menor) Logo, Pedro é mortal. (conclusão)

O método dedutivo encontra larga aplicação em ciências como a Física e a Matemática, cujos princípios podem

ser enunciados como leis. Por exemplo, da lei da gravitação universal, que estabelece que "matéria atrai matéria

na razão proporcional às massas e ao quadrado da distância", podem ser deduzidas infinitas conclusões, das

quais seria muito difícil duvidar.

Já nas ciências sociais, o uso desse método é bem mais restrito, em virtude da dificuldade para se obter

argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida.

É verdade que no âmbito das ciências sociais, sobretudo na Economia, têm sido formuladas leis gerais, como a lei

da oferta e da procura e a lei dos rendimentos decrescentes. No entanto, apesar do valor atribuído a essas leis na

explicação dos fatos econômicos, suas exceções são facilmente verificadas. O que significa que considerar leis

dessa natureza como premissas para deduções torna-se um procedimento bastante crítico.

Mesmo do ponto de vista puramente lógico, são apresentadas várias objeções ao método dedutivo. Uma delas é a

de que o raciocínio dedutivo é essencialmente tautológico, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma

coisa. Esse argumento pode ser verificado no exemplo apresentado. Quando se aceita que todo homem é mortal,

colocar o caso particular de Pedro nada adiciona, pois essa característica já foi adicionada na premissa maior.

Outra objeção ao método dedutivo refere-se ao caráter apriorístico de seu raciocínio. De fato, partir de uma

afirmação geral significa supor um conhecimento prévio. Como é que se pode afirmar que todo homem é mortal?

Esse conhecimento não pode derivar da observação repetida de casos particulares, pois isso seria indução. A

afirmação de que todo homem é mortal foi previamente adotada e não pode ser colocada em dúvida. Por isso, os

críticos do método dedutivo argumentam que esse raciocínio assemelha-se ao adotado pelos teólogos, que

partem de posições dogmáticas.

3.3.2 Método Indutivo

O método indutivo procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um

produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. De acordo com o raciocínio indutivo, a

generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a partir da observação de casos concretos

suficientemente confirmadores dessa realidade. Constituí o método proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes,

Locke, Hume), para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em

consideração princípios preestabelecidos.

Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se deseja conhecer. A seguir, procura-

se compará-los com a finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à

generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos. Considere-se o exemplo:

Antonio é mortal. Benedito é mortal. Carlos é mortal. Zózimo é mortal. Ora, Antonio, Benedito, Carlos... e Zózimo são homens. Logo, (todos) os homens são mortais.

As conclusões obtidas por meio da indução correspondem a uma verdade não contida nas premissas

consideradas, diferentemente do que ocorre com a dedução. Assim, se por meio da dedução chega-se a

conclusões verdadeiras, já que baseadas em premissas igualmente verdadeiras, por meio da indução chega-se a

conclusões que são apenas prováveis.

O raciocínio indutivo influenciou significativamente o pensamento cientifico. Desde o aparecimento no Novum

organum, de Francis Bacon (1561-1626), o método indutivo passou a ser visto como o método por excelência das

ciências naturais. Com o advento do positivismo, sua importância foi reforçada e passou a ser proposto também

como o método mais adequado para investigação nas ciências sociais.

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Não há como deixar de reconhecer a importância do método indutivo na constituição das ciências sociais. Serviu

para que os estudiosos da sociedade abandonassem a postura especulativa e se inclinassem a adotar a

observação como procedimento indispensável para atingir o conhecimento científico. Graças a seus influxos é

que foram definidas técnicas de coleta de dados e elaborados instrumentos capazes de mensurar os fenômenos

sociais.

A despeito, porém, de seus reconhecidos méritos, a indução recebeu várias críticas. David Hume (1711-1776)

considerou que indução não poderia transmitir a certeza e a evidência, porque pode admitir que amanhã o sol

não nasça, mesmo que esteja encoberto pelas nuvens. Esse enunciado, que o senso comum tem como evidente

pela indução diária, não constitui rigorosamente uma evidência. Isso porque pode ocorrer que, por força de um

cataclismo universal, desapareça o sol. Seria possível, portanto, admitir o contrário. A objeção colocada por

Hume foi, de certa forma, contornada pela teoria da probabilidade, que possibilita indicar os graus de força de

um argumento indutivo. Outros autores, entretanto, retomaram no século XX as críticas ao método indutivo,

dentro os quais Karl Popper (1902-1994), como se verá a seguir.

3.3.3 Método hipotético-dedutivo

O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas à indução, expressas em A lógica

da investigação científica, obra publicada pela primeira vez em 1935.

A indução, no entender de Popper, não se justifica, pois o salto indutivo de "alguns" para "todos" exigiria que a

observação de fatos isolados atingisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por maior que fosse a quantidade

de fatos observados. No caso clássico dos cisnes, para se sustentar, com certeza e evidência, que todos os cisnes

são brancos, seria necessário verificar cada cisne particular possível, do presente, do passado e do futuro,

porque, na realidade, a soma dos casos concretos dá apenas um número finito, ao passo que o enunciado geral

pretende ser infinito.

Outro argumento de Popper é o de que a indução cai invariavelmente no apriorismo. A indução parte de uma

coerência metodológica porque é justificada dedutivamente. Sua justificação indutiva exigiria o trabalho de sua

verificação factual. Isso significaria cair numa petição de princípio, ou seja, apoiar-se numa demonstração sobre a

tese que se pretende demonstrar. No método hipotético-dedutivo, de acordo com Kaplan (1972, p. 12):

[...] o cientista, através de uma combinação de observação cuidadosa, hábeis antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as consequências por meio de experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário por outros e assim prossegue

Pode-se apresentar o método hipotético-dedutivo a partir do seguinte esquema:

Problema Conjeturas

ou hipóteses

Dedução de

consequências observadas

Tentativa

de falseamento

Corroboração

Quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um

fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são formuladas

conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou

falseadas. Falsear significa tentar tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método

dedutivo procura-se a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-

se evidências empíricas para derrubá-la.

Quando não se consegue demonstrar qualquer caso concreto capaz de falsear a hipótese, tem-se a sua

corroboração, que não excede o nível do provisório. De acordo com Popper, a hipótese mostra-se válida, pois

superou todos os testes, mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um fato

que a invalide. O método hipotético-dedutivo goza de notável aceitação, sobretudo no campo das ciências

naturais. Nos círculos neopositivistas chega mesmo a ser considerado como o único método rigorosamente

lógico. Nas ciências sociais, entretanto, a utilização desse método mostra-se bastante crítica, pois nem sempre

podem ser deduzidas consequências observadas das hipóteses. Proposições derivadas da Psicanálise ou do

Materialismo Histórico, por exemplo, não apresentariam, de acordo com Popper, condições para serem falseadas.

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Observação da professora:

O método hipotético-dedutivo se utiliza tanto da indução quando da dedução. Observe:

1 Um problema é detectado a partir de um fenômeno observável. 2 Para solucionar tal questão é formulada uma hipótese. 3 Tal hipótese deverá ser testada (tentativa de falseamento) 4 A partir dos resultados do teste, a hipótese será aceita (corroboração) ou descartada.

A formulação da hipótese realiza-se mediante a dedução, e a corroboração pela indução.

3.3.4 O método dialético

O conceito de dialética é bastante antigo. Platão utilizou-o no sentido de arte do diálogo. Na Antiguidade e na

Idade Média o termo era utilizado para significar simplesmente lógica. A concepção moderna de dialética, no

entanto, fundamenta-se em Hegel. Para esse filósofo, a lógica e a história da humanidade seguem uma trajetória

dialética, nas quais as contradições se transcendem, mas dão origem a novas contradições que passam a

requerer solução.

A concepção hegeliana de dialética é de natureza idealista, ou seja, admite a hegemonia das ideias sobre a

matéria. Essa concepção foi criticada por Karl Marx e Friedrich Engels, que "viraram a dialética de cabeça para

baixo" e apresentaram-na em bases materialistas, ou seja, admitindo a hegemonia da matéria em relação às

ideias.

O materialismo dialético pode, pois, ser entendido com um método de interpretação da realidade, que se

fundamenta em três grandes princípios (Engels, 1974):

a) A unidade dos opostos. Todos os objetos e fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são

organicamente unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos. Os opostos não se apresentam

simplesmente lado a lado, mas num estado constante de luta entre si. A luta dos opostos constitui a fonte

do desenvolvimento da realidade.

b) Quantidade e qualidade. Quantidade e qualidade são características imanentes a todos os objetos e

fenômenos e estão inter-relacionados. No processo de desenvolvimento, as mudanças quantitativas

graduais geram mudanças qualitativas e essa transformação opera-se por saltos.

c) Negação da negação. A mudança nega o que é mudado e o resultado, por sua vez, é negado, mas esta

segunda negação conduz a um desenvolvimento e não a um retorno ao que era antes.

A dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, já que estabelece que os

fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influências

políticas, econômicas, culturais etc. Por outro lado, como a dialética privilegia as mudanças qualitativas, opõe-se

naturalmente a qualquer modo de pensar em que a ordem quantitativa se torne norma. Assim, as pesquisas

fundamentadas no método dialético distinguem-se bastante das pesquisas desenvolvidas segundo a ótica

positivista, que enfatiza os procedimentos quantitativos.

3.3.5 Método fenomenológico

O método fenomenológico, tal como foi apresentado por Edmund Husserl (1859-1938), propõe-se a estabelecer

uma base segura, liberta de proposições, para todas as ciências. Para Husserl, as certezas positivas que permeiam

o discurso das ciências empíricas são "ingênuas". A suprema fonte de todas as afirmações racionais é a

"consciência doadora originária". Daí a primeira e fundamental regra do método fenomenológico: "avançar para

as próprias coisas". Por coisa entende-se simplesmente o dado, o fenômeno, aquilo que é visto diante da

consciência. A fenomenologia não se preocupa, pois, com algo desconhecido que se encontre atrás do fenômeno;

só visa o dado, sem querer decidir se este dado é uma realidade ou uma aparência: haja o que houver, a coisa está

aí.

Nas pesquisas realizadas sob o enfoque fenomenológico, o pesquisador preocupa-se em mostrar e esclarecer o

que é dado. Não procura explicar mediante leis, nem deduzir com base em princípios, mas considera

imediatamente o que está presente na consciência dos sujeitos. O que interessa ao pesquisador não é o mundo

que existe, nem o conceito subjetivo, nem uma atividade do sujeito, mas sim o modo como o conhecimento do

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mundo se dá, tem lugar, se realiza para cada pessoa. Interessa aquilo que é sabido, posto em dúvida, amado,

odiado etc. (Bochenski, 1962). O objeto de conhecimento para a Fenomenologia não é o sujeito nem o mundo,

mas o mundo enquanto é vivido pelo sujeito.

O intento da fenomenologia é, pois, o de proporcionar uma descrição direta da experiência tal como ela é, sem

nenhuma consideração acerca de sua gênese psicológica e das explicações causais que os especialistas podem

dar. Para tanto, é necessário orientar-se ao que é dado diretamente à consciência, com a exclusão de tudo aquilo

que pode modificá-la, como o subjetivo do pesquisador e o objetivo que não é dado realmente no fenômeno

considerado.

Do ponto de vista fenomenológico, a realidade não é tida como algo objetivo e passível de ser explicado como um

conhecimento que privilegia explicações em termos de causa e efeito. A realidade é entendida como o que

emerge da intencionalidade da consciência voltada para o fenômeno. A realidade é o compreendido, o

interpretado, o comunicado. Não há, pois, para a fenomenologia, uma única realidade, mas tantas quantas forem

suas interpretações e comunicações (Bicudo,1994, p. 18).

Em virtude da inexistência de planejamento rígido e da não-utilização de técnicas estruturadas para coleta de

dados, que caracterizam as pesquisas fenomenológicas, não há como deixar de admitir o peso da subjetividade

na interpretação dos dados. Mas para Husserl, o abandono de pressupostos e julgamentos é condição

fundamental para se fazer Fenomenologia. Por essa razão propôs a adoção da redução fenomenológica, que

requer a suspensão das atitudes, crenças e teorias - a colocação "entre parênteses" do conhecimento das coisas

do mundo exterior - a fim de concentrar-se exclusivamente na experiência em foco, no que essa realidade

significa para a pessoa. Isto não significa que essas coisas deixam de existir, mas são desconsideradas

temporariamente. Quando, pois, o pesquisador está consciente de seus preconceitos, ele minimiza as

possibilidades de deformação da realidade que se dispõe a pesquisar. A pesquisa fenomenológica parte do

cotidiano, da compreensão do modo de viver das pessoas, e não de definições e conceitos, como ocorre nas

pesquisas desenvolvidas segundo a abordagem positivista. Assim, a pesquisa desenvolvida sob o enfoque

fenomenológico procura resgatar os significados atribuídos pelos sujeitos ao objeto que está sendo estudado. As

técnicas de pesquisa mais utilizadas são, portanto, de natureza qualitativa e não estruturada.

4 Pesquisa científica

Texto elaborado para esta obra.

Pesquisa pode ser definida como “o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico” e tem como objetivo descobrir respostas para problemas – perguntas – com base na aplicação de procedimentos científicos6. Entretanto, tais procedimentos são variados e podem também ser empregados de maneiras muito distintas conforme a finalidade da pesquisa, a base lógica da investigação, os objetivos, entre outros fatores.

Dessa forma, padronizar uma sequencia de etapas para realização da pesquisa científica seria leviano e irreal. Entretanto, é possível identificar grandes fases geralmente presentes na maioria das investigações científicas. O esquema a seguir procura sistematizar as ideias de autores representativos como Gil (2006), Marconi e Lakatos (2010), Dencker (2000) e Veal (2011) de modo a orientar futuros pesquisadores em seus primeiros passos. É importante destacar, porém, que essas etapas e fases não necessariamente ocorrem de maneira linear e sequencial.

6 GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006. p.42.

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Planejamento

O produto final desta etapa é o Projeto de Pesquisa.

Seleção do tema A partir do interesse pessoal, social; com base em leituras, experiências e vivências diversas do pesquisador.

Revisão bibliográfica Identificação e estudo de pesquisas anteriores sobre o tema de interesse.

Estabelecimento do problema de pesquisa

Pergunta(s) que deverá(ão) ser respondidas com a investigação proposta.

Estabelecimento de objetivos

Coerentes com o problema proposto.

Definição da estratégia de pesquisa

Identificação dos procedimentos mais adequados para coleta, sistematização e análise dos dados. Definição de orçamento e cronograma.

Condução da pesquisa

Coleta e sistematização dos dados

Mediante a utilização das técnicas definidas no projeto de pesquisa. Análise dos dados

Relato das descobertas

Produção de relatório Monografias Artigos científicos Dissertação e tese

5 Tipologia da pesquisa

Texto elaborado para esta obra.

A pesquisa científica pode ser classificada com base em diferentes critérios. Quando se leva em conta as bases

lógicas da investigação, pode-se definir seu método como dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético ou

fenomenológico (item X).

Entretanto, é possível considerar também os objetivos da pesquisa, o tratamento dos dados e os procedimentos.

5.1 Tipos de pesquisa segundo os fins ou objetivos

A pesquisa exploratória, como o nome já diz, procura explorar determinado assunto. É indicada para temas

pouco trabalhados. Pode também constituir a primeira etapa de um estudo posterior mais amplo. Muitas vezes, a

pesquisa exploratória apresenta como conclusão questões para novos estudos que poderão aprofundar o tema.

A pesquisa descritiva, por sua, vez registra e analisa fenômenos ou populações e suas características. Em geral.

O pesquisador preocupa-se em registrar, analisar e correlacionar fatos sem manipulá-los, apenas procurando

estabelecer relações e conexões entre as diferentes variáveis.

Por fim, a pesquisa explicativa tem como intuito estabelecer relações de causa e efeito, sendo a principal base

para a criação do conhecimento científico. Entretanto, para que se realize prevê a existência anterior de estudos

exploratórios e descritivos sobre o tema e certa maturidade do sujeito como pesquisador.

5.2 Tipos de pesquisa segundo o tratamento dos dados

As pesquisas são também classificadas como quantitativas ou qualitativas. A pesquisa quantitativa – ou

simplesmente pesquisa quanti – dados estatísticos, ao passo que a pesquisa qualitativa – pesquisa quali –

investiga o sentido que os atores sociais dão a determinado fato. A pesquisa quanti trabalha com grandes grupos;

já a pesquisa quali privilegia a coleta e a análise de muitas informações sobre um grupo pequeno.

O quadro a seguir apresenta algumas das principais diferenças entre elas.

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Quantitativa Qualitativa

Paradigma Hipotético-dedutivo Holístico-interpretativo

Dados Representados numericamente Representados verbalmente

Papel do pesquisador

Observador a partir de uma distância objetiva Interpretador da realidade imerso no contexto

Abordagem Positivista, experimental Interpretativa, não experimental

Principais técnicas de coleta de dados

Questionários

Observação não participam mediante contagem

Fontes secundárias

Entrevistas aprofundadas

Observação participante

Pesquisas de campo etnográficas

Análise Estatística De conteúdo, fenomenológica

Fonte: Adaptado de Dias, 2000.

É possível dizer que um dos tipos é melhor que outro? Segundo Veal (2011), ainda que haja um debate entre as

duas abordagens, atualmente ambas são aceitas como complementares, sendo que, em geral, a pesquisa

quantitativa baseia-se em um trabalho qualitativo inicial.

Pesquisa positivista e Pesquisa interpretativa

O positivismo surgiu com o Auguste Comte, no século XIX, no contexto da Revolução Industrial. Naquele contexto, a ordem, a ciência e o progresso eram objeto de devoção pois permitiam ao homem surpreendentes avanços no modo de produção, na saúde, nos transportes, entre outros.

O referencial de pesquisa adotado é similar à abordagem clássica das Ciências Naturais, isto é, os objetos e fenômenos são vistos de fora e explicados com base em fatos e observações coletadas por pesquisadores mediante procedimentos quantitativos (VEAL, 2011).

A abordagem interpretativa, por sua vez, prioriza procedimentos qualitativos e se baseia nas explicações e comportamentos elaborados pelos próprios sujeitos estudados. O pesquisador procura colocar-se no lugar das pessoas de determinada comunidade ou grupo, vendo o mundo da perspectiva deles. Trata-se de uma abordagem mais flexível para a coleta de dados e costuma envolver abordagem indutiva (VEAL, 2011).

5.3 Tipos de pesquisa segundo os procedimentos de coleta de dados

Antônio Carlos Gil7

5.3.1 Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e

artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há

pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios podem

ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir da

técnica de análise de conteúdo.

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma

gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna

particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço. Por

exemplo, seria impossível a um pesquisador percorrer todo o território brasileiro em busca de dados sobre a

população ou renda per capita; todavia, se tem à sua disposição uma bibliografia adequada, não terá maiores

obstáculos para contar com as informações requeridas. A pesquisa bibliográfica também é indispensável nos

7 GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006. p.27-31.

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estudos históricos. Em muitas situações, não há outra maneira de conhecer os fatos passados senão com base em

dados secundários. [...]

5.3.2 Pesquisa documental

A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A única diferença entre ambas está na

natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos

diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam

ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. O

desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa bibliográfica. Apenas há que se

considerar que o primeiro passo consiste na exploração das fontes documentais, que são em grande número.

Existem, de um lado, os documentos de primeira mão, que não receberam qualquer tratamento analítico, tais

como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc. De

outro lado, existem os documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados, tais como:

relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc.

Observação da professora:

Dados primários e secundários

Os dados primários são aqueles dos quais o pesquisador é o primeiro usuário, ou seja, as informações coletadas por ele. Já os dados secundários são aqueles já analisados em outros estudos (VEAL, 2011).

5.3.3 Pesquisa experimental

De modo geral, o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa científica. Essencialmente, o

delineamento experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam

capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no

objeto. [...]

Quando os objetos em estudo são entidades físicas, tais como porções de líquidos, bactérias ou ratos, não se

identificam grandes limitações quanto à possibilidade de experimentação. Quando, porém, se trata de

experimentar com objetos sociais, ou seja, com pessoas, grupos ou instituições, as limitações tornam-se bastante

evidentes. Considerações éticas e humanas impedem que a experimentação se faça eficientemente nas ciências

sociais, razão pela qual os procedimentos experimentais se mostram adequados apenas a um reduzido número

de situações.

5.3.4 Pesquisa ex-post-facto

[...]Pode-se definir pesquisa ex-post-facto como uma investigação sistemática e empírica na qual o pesquisador

não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque já ocorreram suas manifestações ou porque

são intrinsecamente não manipuláveis (Kerlinger, 1975, p. 268). Nesse caso são feitas inferências sobre a relação

entre variáveis sem observação direta, a partir da variação concomitante entre as variáveis independentes e

dependentes. Na pesquisa ex-post-facto a manipulação da variável independente é impossível. Elas chegam ao

pesquisador já tendo exercido os seus efeitos. Também não é possível designar aleatoriamente sujeitos e

tratamentos a grupos experimentais. A pesquisa ex-post-facto lida com variáveis que, por sua natureza não são

manipuláveis, como: sexo, classe social, nível intelectual, preconceito, autoritarismo, etc.[...]

5.3.5 Levantamento (survey)

As pesquisas deste tipo se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja

conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do

problema estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes dos

dados coletados.

Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo.

[...] Na maioria dos levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da população estudada. Antes

seleciona-se, mediante procedimentos estatísticos, uma amostra significativa de todo o universo, que é tomada

como objeto de investigação. As conclusões obtidas a partir desta amostra são projetadas para a totalidade do

universo, levando em consideração a margem de erro, que é obtida mediante cálculos estatísticos.

Dentre as principais vantagens dos levantamentos estão:

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a. Conhecimento direto da realidade. À medida que as próprias pessoas informam acerca de seu

comportamento, crenças e opiniões, a investigação torna-se mais livre de interpretações

calcadas no subjetivismo dos pesquisadores.

b. Economia e rapidez. Desde que se tenha uma equipe de entrevistadores, codificadores e

tabuladores devidamente treinados, torna-se possível a obtenção de grande quantidade de

dados em curto espaço de tempo.[...]

c. Quantificação. Os dados obtidos mediante levantamentos podem ser agrupados em tabelas,

possibilitando a sua análise estatística. [...]

Dentre as principais limitações dos levantamentos estão:

a) Ênfase nos aspectos perspectivos. Os levantamentos recolhem dados referentes à percepção que as

pessoas têm acerca de si mesmas. Ora, a percepção é subjetiva, o que pode resultar em dados

distorcidos. Há muita diferença entre o que as pessoas fazem ou sentem e o que elas dizem a esse

respeito. Existem alguns recursos para contornar este problema. [...]

b) Pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais. Mediante levantamentos é possível a

obtenção de grande quantidade de dados a respeito dos indivíduos. Como, porém, os fenômenos sociais

são determinados sobretudo por fatores interpessoais e institucionais, os levantamentos mostram-se

pouco adequados para a investigação profunda desses fenômenos.

c) Limitada apreensão do processo de mudança. O levantamento, de modo geral, proporciona uma visão

estática do fenômeno estudado. Oferece, por assim dizer, uma espécie de fotografia de determinado

problema, mas não indica suas tendências à variação e muito menos as possíveis mudanças estruturais.

[...]

Considerando as vantagens e limitações expostas, pode-se dizer que os levantamentos tornam-se muito mais

adequados para estudos descritivos que explicativos. São inapropriados para o aprofundamento dos aspectos

psicológicos e psicossociais mais complexos, porém muito eficazes para problemas menos delicados como

preferência eleitoral, comportamento do consumidor. São muito úteis para o estudo de opiniões e atitudes,

porém pouco indicados no estudo de problemas referentes e estruturas sociais complexas.

5.3.6 Estudo de campo

Os estudos de campo apresentam muitas semelhanças com os levantamentos. Distinguem-se destes, porém, em

relação principalmente a dois aspectos. Primeiramente, os levantamentos procuram ser representativos de um

universo definido e fornecer resultados caracterizados pela precisão estatística. Já os estudos de campo

procuram muito mais o aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da

população segundo determinadas variáveis.

Como consequência, o planejamento do estudo de campo apresenta muito maior flexibilidade, podendo ocorrer

mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo do processo de pesquisa. Outra distinção é a de que no

estudo de campo estuda-se um único grupo ou comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja,

ressaltando a interação de seus componentes. Assim, o estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de

observação do que de interrogação.

Para ilustrar essas diferenças, considere-se um levantamento a ser realizado em determinada comunidade.

Procurar-se-á, neste caso, descrever com precisão as características de sua população em termos de sexo, idade,

estado civil, escolaridade, renda etc. Já num estudo de campo, a ênfase poderá estar, por exemplo, na análise da

estrutura.

5.3.7 Estudo de caso

O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a

permitir o seu conhecimento amplo e detalha do, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de

delineamentos considerados.

De acordo com Yin (2005, p. 32), o estudo de caso é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro

do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas e

no qual são utilizadas várias fontes de evidência.

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O estudo de caso vem sendo utilizado com frequência cada vez maior pelos pesquisadores sociais, visto servir a

pesquisas com diferentes propósitos, tais como:

a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos;

b) descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; e

c) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a

utilização de levantamentos e experimentos.

O estudo de caso pode, pois, ser utilizado tanto em pesquisas exploratórias quanto descritivas e explicativas.

Cabe ressaltar, todavia, que existem preconceitos contra o estudo de caso, como os que são indicados a seguir

(Yin, 1981, p. 22).

a) Falta de rigor metodológico. Diferentemente do que ocorre com os experimentos e levantamentos, para a

realização de estudos de caso não são definidos procedimentos metodológicos rígidos. Por essa razão são

frequentes os vieses nos estudos de caso, os quais acabam comprometendo a qualidade dos seus resultados.

Ocorre, porém, que os vieses não são prerrogativa dos estudos de caso, podendo ocorrer em outras modalidades

de pesquisa. Logo, o que se propõe ao pesquisador disposto a desenvolver estudos de caso é que redobre seus

cuidados tanto no planejamento quanto na coleta e análise dos dados.

b) Dificuldade de generalização. A análise de um único ou mesmo de múltiplos casos fornece uma base muito

frágil para a generalização. No entanto, os propósitos do estudo de caso não são os de proporcionar o

conhecimento preciso das características de uma população a partir de procedimentos estatísticos, mas sim o de

expandir ou generalizar proposições teóricas.

c) Tempo destinado à pesquisa. Alega-se que os estudos de caso demandam muito tempo para ser realizados e

que frequentemente seus resultados tornam-se pouco consistentes. De fato, os primeiros trabalhos qualificados

como estudos de caso foram desenvolvidos em longos períodos de tempo e seus resultados deixaram muito a

desejar. Todavia, a experiência acumulada nas últimas décadas mostra que é possível a realização de estudos de

caso em períodos mais curtos e com resultados passíveis de confirmação por outros estudos. Convém ressaltar,

no entanto, que um bom estudo de caso constitui tarefa difícil de realizar. Pesquisadores inexperientes,

entusiasmados pela flexibilidade metodológica dos estudos de caso, ao final de sua pesquisa, conseguem apenas

um amontoado de dados que não conseguem analisar e interpretar.

5.4 Técnicas de pesquisa

Texto elaborado para esta obra.

O pesquisador tem a sua disposição uma enorme variedade de técnicas de pesquisa. Técnicas de pesquisa são

procedimentos que operacionalizam os métodos. E para cada método adotado podem ser aplicadas uma ou mais

técnicas desde que sejam adequadas aos objetivos propostos, aos recursos e ao tempo disponível, bem como à

formação e às habilidades do pesquisador.

A seguir, elencam-se diferentes técnicas que podem ser aplicadas em pesquisa de turismo. Elas são descritas

brevemente, portanto, ao optar por uma delas para realização de seu TCC acadêmico, procure mais informações

na bibliografia do curso.

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5.4.1 Observação

Técnica de coleta de dados a partir da observação do fato estudado. Pode envolver diferentes formas de registro

e atuação do pesquisador, conforme o quadro a seguir.

Observação estruturada ou sistemática Sujeita a regras escritas sobre o que deve ser observado e com que frequência. Os resultados são registrados em formulário e analisados de forma quantitativa. O pesquisador é um observador não-participante.

Observação não estruturada ou naturalista Não há regras formais ou procedimentos de registro de dados formal. O pesquisador descreve o fenômeno elaborando explicações.

Observação elaborada O pesquisador intervém para alterar o ambiente e verificar o que. A observação e análise podem ser estruturadas ou não. É uma forma de pesquisa experimental.

Observação participante O pesquisador é participante do ambiente estudado, ao invés de um pesquisador distante.

Fonte: Adaptado de Veal, 2011.

5.4.2 Sondagens

As sondagens envolvem a coleta de dados (opiniões, experiências, avaliações) diretamente com os sujeitos da

pesquisa, com abordagem predominantemente quantitativa. Segundo Veal (2011), pode realizar-se no formato

de uma entrevista, em que o pesquisador lê questões para o entrevistado e registra suas respostas ou no formato

de preenchimento de um questionário pelo próprio participante, sem envolvimento de um pesquisador.

Ainda segundo Veal (2011), podem ser identificadas diferentes formas de sondagem:

a) Sondagem domiciliar: pessoas são entrevistas em suas residências.

b) Sondagem de rua (ou de cota): as pessoas são abordadas na rua ou locais públicos.

c) Sondagem por telefone

d) Sondagem por correspondência

e) Sondagem eletrônica: por email ou formulário online

f) Sondagem com usuário ou visitante de determinado local ou equipamento

g) Sondagem de grupos cativos: membro de um grupo de especial interesse à pesquisa

h) Sondagem no trajeto (interceptação): as pessoas são abordadas durantes suas viagens

5.4.3 Análise de texto

Neste caso, o foco é textual, como mensagens publicitárias, relatórios de empresas, planos do governo, artigos de

revista, entre outros. A análise e a interpretação do conteúdo desses textos pode realizar-se de forma

quantitativa – análise de conteúdo – ou qualitativa – hermenêutica. (VEAL, 2011).

5.4.4 Entrevistas em profundidade

Diferentemente das entrevistas realizadas em sondagens, a entrevista em profundidade caracteriza-se por sua

extensão, profundidade e estrutura. Em geral, é conduzida com um pequeno número de sujeitos e guiada por um

roteiro de tópicos, ao invés de utilizar um questionário. Recomenda-se que sejam gravadas (em som e/ou áudio)

e transcritas posteriormente. Em razão de sua profundadidade, demora pelo menos 30 minutos, podendo-se

estender por horas (VEAL, 2011).

Como muitas vezes o entrevista é identificado na apresentação dos resultados, é imprescindível que ele assine

um documento de cessão de direitos autorais e autorização de reprodução, tendo em vista resguardar o

pesquisador e garantir a confiabilidade do estudo.

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6 Planejamento da pesquisa

Texto elaborado para esta obra.

6.1 Seleção do tema

A escolha do tema pode ser realizada com base em diferentes critérios, o interesse e afinidade do pesquisador a

partir de suas experiências, relevância acadêmica e possibilidades efetivas de estudá-lo, isto é, habilidades,

tempo e recursos necessários.

No início da pesquisa, o tema é estabelecido e, com base em revisão bibliográfica e observações, ele deverá ser

delimitado, problematizado.

Toda pesquisa tem um tema e um objeto, e eles são coisas diferentes O tema é abrangente, o objeto é

particularizado. Veja: turismo rural pode ser tema; o Circuito das Frutas é um objeto.

Na escolha do tema deve-se tomar cuidado para evitar dois extremos: a banalidade – resultado óbvio – e a

excentricidade – assunto que interessa a poucas pessoas.

6.2 Revisão bibliográfica

A revisão bibliográfica é uma atividade decisiva para o sucesso da pesquisa. Muitas vezes, em razão dos prazos,

ela é realizada de maneira preliminar no planejamento e depois aprofundada durante a condução do estudo.

“Nenhuma pesquisa se inicia do nada. Toda investigação é parte de processo cumulativo de aquisição de

conhecimento e se enquadra em um modelo teórico a partir do qual se fazem deduções” (DENCKER, 2000, p.68).

Assim, o pesquisador deve reconhecer que ele é parte de uma construção histórica de conhecimento e, ainda que

seu problema e/ou objeto de pesquisa sejam inéditos, é impossível ignorar tudo que se estudou antes dele.

A revisão bibliográfica tem várias funções. Em primeiro lugar, permite que o pesquisador conheça o que já foi

produzido sobre o tema escolhido e, dessa forma, possa identificar perguntas ainda não respondidas sobre o

mesmo o que será fundamental para a definição do(s) problema(s) de pesquisa (VEAL, 2011).

Ela também atua como fonte de ideias metodológicas ou teóricas, como referência para comparação e como fonte

para o marco teórico do estudo.

O marco ou referencial teórico de uma pesquisa deve ser apresentado no relatório de pesquisa e abordar a

análise da situação atual do conhecimento relacionado ao tema escolhido; a contextualização do tema e do objeto

e os conceitos e explicações que servem de fundamento para a pesquisa.

A revisão da literatura irá apresentar ideias trabalhadas por outros autores, consequentemente, será composta

de citações diretas e indiretas. Entretanto, não deve ser apenas uma transcrição de textos. Ao ser referencial

teórico, o pesquisador deverá dialogar com os autores, discutindo, analisando e/ou interpretando as ideias e os

conceitos abordados.

Leitura complementar: ALVES, Alda Judith. A revisão da bibliografia em teses e dissertações – meus tipos inesquecíveis. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.81, p. 53-60, maio 1992.

6.3 Estabelecimento do problema de pesquisa

Uma pesquisa procura sempre construir um conhecimento, ou seja, levantar uma informação. Para isso,

responde a uma determinada questão: o problema de pesquisa. Para ter clareza de seus objetivos, deve-se

formular a pergunta que irá responder com sua pesquisa.

O problema deve explicitar o tema e o objeto, indicando claramente qual o conhecimento novo que a pesquisa

pretende construir. O tema é um enunciado abrangente, já o problema indica pontualmente a dificuldade a ser

resolvida.

Um problema de pesquisa deve sempre ser formulado em forma de pergunta, ser passível de testes científicos e

não apresentar juízos de valores.

Alguns estudos apresentam hipóteses de pesquisa. Hipóteses são possíveis soluções para o problema. São sugestões de explicações, de respostas para a pergunta formulada. As hipóteses deverão ser testadas durante o estudo e podem ser rejeitadas ou corroboradas.

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6.4 Estabelecimento de objetivos

O objetivo geral corresponde àquilo que pesquisador pretende com a pesquisa e está diretamente relacionado ao

problema. Os objetivos específicos definem as ações a serem cumpridas para alcançar o objetivo geral. Uma

pesquisa deve ter um objetivo geral e quantos objetivos específicos forem necessários. Atenção:

Os objetivos devem ser formulados com o verbo no infinitivo.

Cada objetivo deve expressar apenas uma ideia: devem ter apenas um verbo.

Devem ser claros, precisos, explícitos e concisos.

Devem ser alcançáveis e passíveis de verificação.

- Verbos mais utilizados na formulação do objetivo geral: analisar, avaliar, diagnosticar, estudar,

explicar, entender, compreender, esclarecer, conhecer.

- Verbos mais utilizados na formulação dos objetivos específicos: identificar, descrever, caracterizar,

distinguir, enumerar, identificar, comparar, relacionar, verificar, listar, levantar.

Exemplos de objetivos de estudos de turismo (TCCs acadêmicos)

Avaliar a importância da experiência obtida na realização dos eventos curriculares do curso de Turismo do IFSP para a formação dos alunos.

Avaliar a contribuição dessa experiência para o interesse do aluno pela área de turismo; Avaliar a contribuição para a formação pessoal do aluno; Avaliar os efeitos da experiência da realização de eventos sobre a empregabilidade nesse setor. Avaliar o programa de inclusão social do projeto Concertos Matinais, da Sala São Paulo.

Analisar perfil do público do projeto Concertos Matinais.

Analisar perfil do público dos concertos regulares. Avaliar se o projeto promove inclusão social a partir do perfil de ambos os públicos. Avaliar a satisfação do expectador em relação ao projeto Concertos Matinais

Avaliar a eficácia das técnicas expositivas do Museu do Futebol para a satisfação do visitante.

Identificar a impressão geral que o museu causa em seu visitante. Avaliar a importância do uso de métodos interativos existentes no museu para a experiência do

visitante. Analisar os pontos fortes e fracos das técnicas expositivas percebidas pelos visitantes. Levantar o grau de satisfação do Museu do Futebol como atrativo turístico.

Analisar as condições para o uso da bicicleta como opção de lazer na cidade de São Paulo dentro do projeto “Use bike” do Instituto Parada Vital.

Identificar a motivação dos usuários para a escolha da bicicleta como opção de lazer. Verificar as adversidades e facilidades encontradas pelos ciclistas nos percursos da cidade. Analisar a viabilidade do projeto na opinião dos usuários do serviço.

Analisar o parque de diversões Playcenter como espaço de lazer e atrativo turístico da cidade de São Paulo.

Avaliar a infraestrutura, instalações e serviços ofertados. Analisar as estratégias de marketing utilizadas pelo parque. Retratar a cultura organizacional da empresa. Levantar o perfil dos frequentadores do parque.

Analisar a utilização do Museu da Polícia Civil como equipamento de lazer e espaço para aprendizado na cidade.

Identificar o perfil do visitante. Analisar os objetivos para utilização do museu na visão do gestor. Avaliar a satisfação dos visitantes quanto a infraestrutura. Levantar e avaliar a situação atual do equipamento, na utilização do mesmo como local de lazer

associado à aprendizado e conscientização dos visitantes.

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6.5 Definição da estratégia de pesquisa

Esta etapa deve responder às seguintes questões:

Como fazer?

Com que fazer?

Onde fazer?

Quanto fazer?

Quando fazer?

Para isso, é necessário selecionar os procedimentos metodológicos (técnicas de coleta e análise de informação),

identificar os recursos necessários (físicos, humanos e financeiros) e definir o cronograma.

A definição dos procedimentos metodológicos deve ser coerente com os objetivos formulados, ou seja, para cada

objetivo uma ou mais procedimentos e fontes podem ser necessários. Por exemplo, para identificar o perfil do

visitante de um atrativo pode-se realizar entrevista com o gestor, pesquisa documental em registros do atrativo e

aplicação de questionários junto ao público.

Veal (2011) destaca que o bom-senso é fundamental para esta definição, considerando sempre o tempo e os

recursos disponíveis. Da mesma forma, uma revisão adicional de literatura pode contribuir indicando os

métodos que obtiveram sucesso ou não.

7 O projeto de pesquisa

Texto elaborado para esta obra.

O produto final da etapa de planejamento é o projeto de pesquisa. Trata-se de um documento fundamental com

duas funções concomitantes: 1) orientar a equipe envolvida na realização da pesquisa durante as atividades

evitando desvios de foco e mal uso dos recursos; 2) provar à comunidade acadêmica e órgãos financiadores que

a pesquisa é relevante. No IFSP, por exemplo, você deverá elaborar um projeto de pesquisa que convença seu

orientador. Nos processos seletivos de mestrado e doutorado, os candidatos devem apresentar seus projetos

para conseguir a vaga. Dessa forma, sua elaboração deve ser criteriosa, traduzindo-se em texto claro, que

transmita a segurança do pesquisador e seja convincente.

As instituições têm diferentes modelos de projetos de pesquisa, mas em geral eles contemplam os seguintes

itens:

Apresentação do tema, do problema e das hipóteses (quando for o caso).

Objetivos

Justificativa

- Exposição dos motivos da pesquisa, sua relevância e viabilidade.

Referencial teórico

Metodologia

- A metodologia apresenta a definição da estratégia de pesquisa.

- Os recursos e o cronograma podem ser um subitem da metodologia ou constituírem itens à parte.

A maioria desses elementos traduz o que foi decidido e elaborado durante o planejamento conforme o item 4.1,

entretanto são pertinente algumas orientações específicas em relação à justificativa e à apresentação da

metodologia.

7.1 Elaboração da justificativa

A justificativa é em texto fundamental do projeto em que o pesquisador deve defender seu trabalho,

argumentando em prol da pertinência do tema e do problema a fim de convencer seus pares, a comunidade

científica, seus orientadores e eventuais agências de fomento da importância de realização de seu estudo. Nesse

sentido, deve procurar responder a algumas perguntas:

O tema é relevante? Por quê?

A pesquisa proposta é inédita e original?

Quais os benefícios desta pesquisa para a comunidade acadêmica?

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A justificativa é, essencialmente, um texto argumentativo, já que deve convencer o avaliador da viabilidade da

pesquisa. Nesse sentido, é fundamental que apresente:

Contextualização: aspectos do contexto acadêmico e mercadológico justificam a escolha do tema e do

problema.

Para redigir este item, o pesquisador deve mostrar as relações do tema com um quadro teórico

consistente, com dados estatísticos e com fatos documentados.

Motivos de ordem pessoal que levaram à escolha do texto.

Para redigir este item, o pesquisador deverá expor sua experiência profissional e acadêmica relacionada

ao tema e ao problema de pesquisa.

Relevância e originalidade da pesquisa proposta.

Finalidade da pesquisa e benefícios que proporcionará à comunidade acadêmica e à sociedade.

Embora o pesquisador possa apresentar os motivos de ordem pessoal que levaram à escolha do tema, não deve –

de forma alguma – se pautar em achismos e opiniões pessoais. Dessa forma, para defender a relevância e a

originalidade do trabalho, o pesquisador deve se basear em três tipos de argumentos:

Argumentos de autoridade: citações diretas e indiretas.

Dados estatísticos: verificados em sites e boletins de órgãos municipais, estaduais e federais de turismo,

institutos de pesquisa, IBGE, publicações institucionais, associações de classe e entidades

representativas do setor, entre outros.

Fatos comprovados: documentados, principalmente, pela grande imprensa. Selecionar apenas fontes de

credibilidade: jornais, revistas e websites conceituados.

7.2 Apresentação da metodologia

Para aprovar um projeto de pesquisa, os avaliadores julgam a viabilidade do trabalho proposto. Para isso,

buscam verificar se o pesquisador tem condições de cumprir com os objetivos propostos. A metodologia,

portanto, deve provar ao avaliador que o pesquisador domina os procedimentos necessários para alcançar cada

um dos objetivos formulados.

Neste item, o pesquisador deve escolher e descrever os procedimentos metodológicos que utilizará (métodos,

técnicas, materiais e etapas). Além de mostrar ao avaliador a viabilidade da pesquisa, tal processo irá organizar e

facilitar seu futuro trabalho.

A fim de demonstrar segurança aos avaliadores, é fundamental que o pesquisador seja preciso em sua descrição.

Por exemplo: se irá fazer uma pesquisa quantitativa, deve indicar o tamanho da amostra. Se optar por um

trabalho de campo, deve elencar os aspectos que serão analisados.

8 Relato das descobertas

Texto elaborado para esta obra.

Uma vez finalizada a investigação, o pesquisador deverá relatar suas descobertas para a comunidade acadêmica.

Este relato visa não somente a compartilhar novos conhecimentos produzidos como também suscitar novos

problemas de pesquisa que possam ser estudados por outras pessoas, e dessa forma, contribuir para o avanço no

campo de estudos em questão.

O relatório de pesquisa pode ter diferentes formatos: uma monografia ou um artigo científico a ser publicado em

periódico acadêmico. O IFSP, assim como a grande maioria das instituições brasileiras, recomenda a

padronização dos trabalhos acadêmicos com base nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas –

ABNT. No site do campus São Paulo é possível encontrar um Manual de Normalização que resume as principais

orientações da ABNT a serem aplicadas em trabalhos acadêmicos. Tanto o Manual do IFSP quanto o da USP são

facilmente acessíveis pelo site da disciplina: http://rafaelamalerba.weebly.com/mct

Nesta disciplina, sugere-se também à consulta ao Manual disponibilizado pela USP que também resume as

orientações da ABNT com o auxílio de vários exemplos.

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É importante lembrar também que, no curso de Gestão de Turismo do IFSP, os trabalhos de conclusão de curso

do tipo acadêmico devem ser apresentados no formato de um artigo. Eles não necessariamente serão publicados,

mas eventualmente, conforme a avaliação da banca, o aluno poderá sim submeter seu trabalho a um evento ou

publicação. O curso disponibiliza a seus alunos um Manual do TCC, onde as diretrizes para escrita do artigo são

explicitadas. Além disso, os alunos contam com o apoio de um orientador para o desenvolvimento da pesquisa.

9 Atividades

1. Os fragmentos a seguir foram extraídos de textos filosóficos, livros religiosos, artigos científicos ou textos de

cultura popular. Classifique-os conforme a legenda.

CC – Conhecimento científico

CE – Conhecimento empírico

CR – Conhecimento religioso

CF – Conhecimento filosófico

A missão suprema do homem é saber o que precisa para ser homem.

Gelatina diet (sem adição de açúcar), contendo três vitaminas e dois sais minerais, é indicada para

quem necessita fazer tratamento de ingestão controlada de açúcar.

Deus é verdadeiramente infinito em toda a perfeição.

Para emagrecer pelo menos cinco quilos por mês, deve-se tomar diariamente 200 ml de infusão de

carqueja, espinheira e alcachofra.

O sexo fetal pode ser conhecido com apenas dois meses de gestação. Para isso, deve-se extrair uma

amostra de sangue da mãe, que baseada na quantidade do cromossomo “Y” das células fetais na

circulação materna pode indicar se o futuro bebê será menino ou menina.

Assim como uma pessoa veste roupas novas e joga fora as roupas antigas e rasgadas, uma alma

encarnada entra em novos corpos materiais, abandonando os antigos.

Segundo a tradição do Vale do Paraíba, a ingestão concomitante de uva e melancia pode causar dor

de estômago.

O homem é uma corda esticada entre o animal e o super-homem – uma corda sobre o abismo.

O leite de soja sem lactose é um alimento com proteína isolada de soja e é

indicado para quem não pode beber leite de vaca.

A costa brasileira tem as praias mais belas do mundo.

O Brasil recebeu em 2010, cerca de 5 milhões de turistas estrangeiras, conforme dados do

Ministério do Turismo.

A vida é uma viagem.

2. Para cada afirmação, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) e justifique sua escolha. Leia os anunciados com

muita atenção.

a) O conhecimento religioso é incontestável em suas verdades e tem natureza inspiracional.

b) O conhecimento científico é sistemático e infalível.

c) O conhecimento filosófico não é passível de observações sensoriais, portanto, é irracional.

d) O conhecimento empírico é superficial e exato.

3. Elabore a referência dos documentos a seguir

a) Livro

Autor: Fritjof Capra

Título: O ponto de mutação

Edição: 20ª

Local: São Paulo

Editora: Cultrix

Data de publicação: 1997

b) Livro

Autor: Rafaela Camara Malerba

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

Editora: Saberes

Local de edição: São Paulo

Ano de publicação da obra: 2010

Título: Muita calma nessa hora

Subtítulo: Dicas para evitar o estresse durante o X4

c) Livro em meio eletrônico

Autor: Aluísio de Azevedo

Título: Casa de Pensão

Edição: 5ª

Local: São Paulo

Editora: Ática

Data de publicação: 1989

Endereço eletrônico: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.html?principal.html&2

Data de acesso: 10 jan. 2011

d) Capítulo de livro

Nome do livro: Mi Buenos Aires Querida

Organizador: Brenno Vitorino Costa

Editora: Dia a dia

Local de edição: Maringá

Ano de publicação da obra: 2011

Nome do capítulo: Tango sem mistérios

Autor do capítulo: Rafael Chequer Bauer

Páginas do capítulo: 20 a 25

e) Artigo de jornal

Autor: Não é indicado

Título do artigo: Coquetel do Turismo é um sucesso!

Jornal: IFSP e você

Local da publicação: São Paulo

Número: 2

Página inicial do artigo: 34

Página final do artigo: 35

Data: 30/09/2010

f) Artigo de periódico

Título do artigo: Paisagens construídas, mineração e turismo conforme a percepção dos moradores em Minaçu –

GO.

Autor(es): Lídia Milhomem Pereira; Maria Geralda de Almeida

Periódico: Cultur - Revista de Cultura e Turismo

Ano: 2009

Volume: 3

Número: 1

Endereço eletrônico: http://www.uesc.br/revistas/culturaeturismo/edicao4/artigo_4.pdf

Data de acesso: 3 de março de 2011

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

g)

h)

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i)

4. Leia atentamente o artigo Lazer e educação em museus: o caso do Catavento Cultural e Educacional, São Paulo-

SP. Em seguida, realize as atividades e responda às questões propostas.

a) Qual a fonte deste artigo? Indique conforme a ABNT.

b) Como seria a referência se o artigo fosse publicado no periódico Turismo em dia, publicado na

Universidade de São Carlos, v. 3, de novembro de 2010?

c) Releia o título do artigo. Que informações ele apresenta ao leitor?

d) Que argumentos a autora apresenta para justificar a relevância da pesquisa?

e) Quais os objetivos do pesquisador?

f) Qual foi a metodologia utilizada? Detalhe.

g) Que assuntos o autor abordou em seu referencial teórico?

h) Quais os principais resultados encontrados pela autora?

i) Localize no texto:

i. Citação direta com menos de 3 linhas. Indique página e parágrafo.

ii. Citação direta com mais de 3 linhas. Indique página e parágrafo.

iii. Citação indireta. Indique página e parágrafo.

j) Na página 3, há uma nota de rodapé. Explique a função da mesma.

k) Faça o mesmo com as notas de rodapé que aparecem na página 5.

l) De que maneira as características do conhecimento científico se manifestam neste artigo?

5. Um pesquisador está elaborando o projeto de seu mestrado. Ele já definiu seu tema: “Turismo e

automobilismo: os efeitos da Fórmula 1 em São Paulo”. Agora, o pesquisador precisa escrever sua justificativa.

Observe alguns apontamentos que o pesquisador fez em seu bloco de anotações.

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São Paulo é a maior cidade da América do Sul e sedia, anualmente, o Grande Prêmio de Fórmula 1.

Segundo Cooper (2001), o turismo é uma atividade de alta tecnologia e alto nível de envolvimento, no

qual as pessoas fazem a diferença. Por isso, as questões relacionadas à educação devem ser revistas para

se manter a qualidade do destino turístico e a competitividade do empreendimento

Ayrton Senna foi o maior piloto brasileiro de Fórmula 1. Infelizmente, faleceu em um grave acidente

automobilístico no ano de 1994.

No Brasil, a literatura sobre as relações entre turismo e automobilismo é escassa.

O Brasil apresenta um vasto potencial para o ecoturismo.

Eu trabalhei na organização do GP Brasil de Fórmula 1.

Para Kurtzman e Zauhar (2000), o Turismo Esportivo oferece impacto econômico significativo, não

apenas por sediar grandes eventos esportivos, mas também por desenvolver núcleos receptores de

esportes e atrações esportivas.

Dados da SPturis (2009): O GP Brasil de Fórmula 1 é um dos maiores eventos esportivos do mundo, ao

lado da Copa e dos Jogos Olímpicos, e reverte para a cidade cerca de R$ 200 milhões apenas

considerados os 85 mil turistas que vêm à cidade por conta do evento, além de garantir a geração de 14

mil postos de trabalhos diretos e indiretos.

Segundo a OMT, 2009 foi um dos anos mais difíceis da história do setor turístico, com queda de 4% nas

chegadas de turistas internacionais e retração de 6% nos ganhos.

Com essa pesquisa, vou contribuir para o dimensionamento da importância do GP de Fórmula 1 para São

Paulo. Assim, os profissionais e estudiosos da área vão poder sacar melhor como acontecem os impactos

bons e ruins. Isso vai ser bom pra eles saberem como funciona a cadeia produtiva.

Para analisar o impacto do GP Fórmula 1 em São Paulo, vou fazer uma pesquisa bibliográfica e

documental sobre esporte e turismo.

Base de dados que utilizarei para análise: pesquisa que a SPTuris faz anualmente sobre os impactos do

GP pode me ajudar.

Os brasileiros gostam muito de assistir às corridas de Fórmula 1.

Circule, dessas informações, aquelas pertinentes à justificativa do projeto de pesquisa citado. Em seguida, redija

um primeiro esboço da mesma. Não se esqueça de fazer adequações na linguagem utilizada.

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

6. Observe, misturados, os objetivos de cinco pré-projetos de pesquisa.

( ) Analisar os eventos realizados gastronômicos promovidos por Associações de Classe em São Paulo. ( ) Avaliar o Parque Municipal Chico Mendes como equipamento de lazer da cidade de São Paulo. ( ) Analisar a estrutura interna das empresas de recreação. ( ) Avaliar a atuação das Associações de Classe com relação à gastronomia Paulista. ( ) Identificar que referenciais bibliográficos são os mais utilizados nos textos ( ) Identificar as necessidades dos empresários que procuram o apoio da instituição. ( ) Identificar o perfil dos funcionários das empresas de recreação. ( ) Descrever as ações de promoção realizadas pelas Associações de Classe. ( ) Identificar quais são as temáticas utilizadas pelos pesquisadores da revista ( ) Realizar um levantamento da estrutura e dos equipamentos de lazer oferecidos no Parque Chico Mendes. ( ) Descrever o tipo de serviço oferecido por essas empresas. ( ) Analisar os planos de articulação dessas associações. ( ) Verificar as principais dificuldades e/ou facilidades para a execução das orientações obtidas pelos empreendedores. ( ) Verificar quais são as áreas de formação dos autores. ( ) Analisar o mercado consumidor dos serviços de recreação em condomínios. ( ) Verificar junto ao empresário as orientações que mais contribuíram para a gestão da sua empresa. ( ) Analisar os artigos científicos publicados no periódico Turismo em Análise do ano de 2003 até 2008. ( ) Analisar a oferta de serviços de recreação em condomínios residenciais na cidade de São Paulo. ( ) Analisar principais dificuldades encontradas pelos gestores do atrativo. ( ) Analisar, junto ao empreendedor, em que medida o suporte técnico-empresarial oferecido pelo Sebrae-SP impactou nos resultados da sua empresa. ( ) Identificar a procedência geográfica dos autores. ( ) Analisar a contribuição do Sebrae-SP aos empreendedores no desenvolvimento de micros e pequenas empresas do setor turístico na cidade de São Paulo. ( ) Identificar como é feita fiscalização dos estabelecimentos por essas associações. ( ) Caracterizar o perfil de frequentadores e suas reais necessidades. ( ) Verificar a frequência de publicação dos autores na revista ( ) Identificar as empresas que oferecem o serviço de recreação em condomínios.

a) Agrupe os objetivos de cada pré-projeto utilizando um número para cada objeto de pesquisa:

1 = Parque Chico Mendes 2 = Associações de Classe 3 = Revista Turismo em Análise 4 = Sebrae-SP 5 = Serviços de recreação

b) Circule o objetivo geral de cada conjunto de objetivos.

7. Observe três problemas de pesquisa.

( ) O Museu Catavento motiva apenas ao público escolar ou interessado em Ciências ou ele pode ser considerado

também um atrativo de lazer da cidade de São Paulo?

( ) Qual a estrutura e o funcionamento do turismo receptivo a cruzeiristas em Ilhabela?

( ) Como os meios de hospedagem estabelecidos no Parque Nacional de Itatiaia se “comportam” em relação à

sustentabilidade?

a) Para cada um deles, redija os objetivos geral e específicos correspondentes.

b) Elabore uma proposta de metodologia para cada um desses objetivos.

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10 Roteiro para trabalho individual

Escolha um possível tema para realização de uma pesquisa científica em turismo.

Selecione três artigos relacionados a este tema. Os artigos devem ter sido publicados em periódicos

científicos nacionais ou internacionais. Para encontrar os artigos, utilize o mecanismo de busca do site

www.publicacoesdeturismo.com.br ou o Google acadêmico. Mas certifique-se de que seja efetivamente

um artigo de periódico científico.

Para cada artigo, faça o que se pede:

o Título do artigo

o Identifique os objetivos da pesquisa.

o Caracterize, com suas palavras, o método e os procedimentos empregados.

o Sintetize, com suas palavras, os principais resultados.

Uma vez lidos e compreendidos os artigos, escreva um texto contextualizando seu tema com base nas

ideias apresentadas pelos autores. Imagine que esse texto seja a introdução de seu projeto de pesquisa e

que, por meio dele, você precise demonstrar domínio do tema.

o Espera-se que este texto tenha entre 1 e 2 páginas.

o Cuidado: ao invés de simplesmente reproduzir citações, estabeleça um diálogo entre os autores.

Se quiser, complemente com outras fontes.

o Não se esqueça de aplicar as normas da ABNT!

Estrutura sugerida para o trabalho

Capa: o tema escolhido deve ser o título de seu trabalho

Sumário

1 Leitura dos artigos

1.1 Artigo 1: título

1.1.1 Objetivos

1.1.2 Método

1.1.3 Principais resultados

1.2 Artigo 2: título

1.2.1 Objetivos

1.2.2 Método

1.2.3 Principais resultados

1.3 Artigo 3: título

1.3.1 Objetivos

1.3.2 Método

1.3.3 Principais resultados

2. Contextualização

Referências

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Referências das obras citadas nos textos produzidos para este material

DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. São Paulo: Futura, 2000.

DIAS, Claudia. Pesquisa qualitativa – características gerais e referências. 2000. Disponível em: <http://www.reocities.com/claudiaad/qualitativa.pdf>. Acesso em: 9 ago. 2012.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006. p.27-31.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2007.

VEAL, A. J. Metodologia da pesquisa em lazer e turismo. São Paulo: Aleph, 2011.

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Apêndice 1 – Ficha resumo para elaboração de um projeto de pesquisa

Título

Escreva o título por último, quando você já tiver clareza

do tema, do recorte e dos objetivos da pesquisa. O título

deve informar: seu tema, a problemática e o objeto de

estudo.

Problema

Uma pesquisa procura sempre construir um

conhecimento, ou seja, levantar uma informação. Para

isso, responde a uma determinada questão: o problema

de pesquisa. Para ter clareza de seus objetivos, você deve

formular a pergunta que irá responder com sua pesquisa.

Hipótese(s)

As hipóteses são as possíveis soluções para o problema.

São sugestões de explicações, de respostas para a

pergunta formulada. Uma pesquisa empírica deverá

verificar se as hipóteses são verdadeiras ou falsas.

Objetivos

O objetivo geral corresponde àquilo que pesquisador

pretende com a pesquisa e está diretamente relacionado

ao problema. Os objetivos específicos definem as ações a

serem cumpridas para alcançar o objetivo geral. Uma

pesquisa deve ter um objetivo geral e quantos objetivos

específicos forem necessários. Atenção:

Os objetivos devem ser formulados com o verbo

no infinitivo.

Cada objetivo deve expressar apenas uma ideia:

devem ter apenas um verbo.

Devem ser claros, precisos, explícitos e concisos.

Devem ser alcançáveis e passíveis de verificação.

Verbos mais utilizados na formulação do objetivo geral:

analisar, avaliar, diagnosticar, estudar, explicar, entender,

compreender, esclarecer, conhecer.

Verbos mais utilizados na formulação dos objetivos

específicos: identificar, descrever, caracterizar, distinguir,

enumerar, identificar, comparar, relacionar, verificar,

listar, levantar.

Justificativa

Um projeto de pesquisa apresenta sempre uma

justificativa, isto é, a exposição dos motivos da pesquisa,

sua relevância e viabilidade. Nela, o pesquisador deve

defender seu trabalho, argumentando em prol da

pertinência do problema de pesquisa a fim de convencer

seus pares, a comunidade científica, seus orientadores e

eventuais agências de fomento da importância de

realização de seu estudo. Nesse sentido, deve procurar

responder a algumas perguntas:

a) O tema é relevante? Por quê?

b) A pesquisa proposta é inédita e original?

c) Quais os benefícios desta pesquisa para a comunidade

acadêmica?

Para defender a relevância e a originalidade do trabalho,

o pesquisador deve se basear em três tipos de

argumentos:

Argumentos de autoridade: citações diretas e

indiretas.

Dados estatísticos: verificados em sites e

boletins de órgãos municipais, estaduais e

federais de turismo, institutos de pesquisa, IBGE,

publicações institucionais, associações de classe

e entidades representativas do setor, entre

outros.

Fatos comprovados: documentados,

principalmente, pela grande imprensa.

Selecionar apenas fontes de credibilidade:

jornais, revistas e websites conceituados.

Metodologia

Para aprovar um projeto de pesquisa, os avaliadores

julgam a viabilidade do trabalho proposto. Para isso,

buscam verificar se o pesquisador tem condições de

cumprir com os objetivos propostos. A metodologia,

portanto, deve provar ao avaliador que o pesquisador

domina os procedimentos necessários para alcançar cada

um dos objetivos formulados.

Neste item, o pesquisador deve escolher e descrever os

procedimentos metodológicos que utilizará (métodos,

técnicas, materiais e etapas). Além de mostrar ao

avaliador a viabilidade da pesquisa, tal processo irá

organizar e facilitar seu futuro trabalho.

A fim de demonstrar segurança aos avaliadores, é

fundamental que o pesquisador seja preciso em sua

descrição. Por exemplo: se irá fazer uma pesquisa

quantitativa, deve indicar o tamanho da amostra. Se optar

por um trabalho de campo, deve elencar os aspectos que

serão analisados.

Recursos necessários

Cronograma

Referências bibliográficas

Devem ser apresentadas as fontes dos materiais citados

no projeto. Para isso, é fundamental seguir as normas da

ABNT.

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Apêndice 2 – Exemplos de pesquisas

MOREIRA, Jaqueline Costa Castilho; SCHWARTZ, Gisele Maria. Sintonizando sensações e emoções com

roteiros de turismo alternativo: um estudo com praticantes de atividades físicas na natureza. Turismo em

Análise, São Paulo, v. 17, n. 1, p. 108-126, 2006.

Resumo: Este estudo exploratório investigou, na visão de praticantes de atividades físicas em ambientes

natural, as emoções e sensações advindas do estreitamento do contato humano com esses locais de

vivência. Foi desenvolvido por meio da utilização adaptada do questionário de demanda de Beni (1997),

durante atividades de trilhas e acampamento. Os resultados foram analisados de forma descritiva,

indicando as impressões agradáveis e desagradáveis dos praticantes, sendo que os roteiros mais fáceis

permitem maior grau de adesão. Os meios de acompanhamento e divulgação das atividades são,

principalmente, os conselhos de amigos e parentes, viagens anteriores e mídia impressa, tornando-se

imprescindíveis o aprofundamento nessas questões, no sentido de aprimorar a qualidade nessas relações.

MONDO, Tiago Savi; SANTOS, Fabio dos; COSTA, Jane Iara Pereira da. Os websites vistos da perspectiva do

cliente: um estudo na hotelaria. Revista Acadêmica Observatório de Inovação do Turismo, Rio de Janeiro,

v. 5, n. 4, 2010.

Resumo: As informações disponibilizadas nos sites dos hotéis podem desempenhar papel primordial no

processo de decisão do cliente. Saber a percepção de importância dessas informações na visão

consumidora proporciona indicativos importantes para os gestores traçarem suas estratégias. O objetivo

do presente estudo é analisar a percepção de importância de clientes de hotéis com relação ao conteúdo

comercial disponibilizado em sites hoteleiros. O estudo caracteriza-se exploratório, de caráter

quantitativo do tipo survey. A amostra compreendeu 133 clientes, e o instrumento utilizado foi o

questionário fechado on-line. Realizaram-se procedimentos estatísticos descritivos, teste ANOVA, teste t

de student e teste de Alpha de Conbrach. Os principais resultados mostram que os clientes denotam maior

importância para as informações relativas à oferta do hotel, em seguida pelas informações de localização

e, por último, pelas informações de comercialização e de atendimento. Além disso, verificou-se que os

clientes que já procederam ao contato, à reserva, ou até à compra de produtos turísticos pela internet

demonstraram uma maior importância das dimensões pesquisadas.

CERETTA, Caroline Ciliane. Eventos de Marca: Evidências de “Valor Turístico” na Culinária Regional do Rio

Grande do Sul/Brasil. Revista Rosa dos Ventos, Caxias do Sul (RS), v. 4, n. 1, p. 89-99, 2012.

Resumo: O estudo trata da realização de eventos gastronômicos que inserem a culinária regional como um

fator capaz de gerar atratividade e classificar um evento como sendo de marca. O objetivo do estudo é

apresentar os eventos de marca que trazem a culinária regional como evidencias de valor turístico em

muitos municípios do Rio Grande do Sul, bem como, identificar a culinária regional como manifestação

cultural, apresentar a transformação dos atrativos culturais em produto turísticos. Como metodologia,

estudo caracteriza-se fundamentalmente como um artigo de revisão de literatura de abordagem

qualitativa. Compõe-se de uma pesquisa secundária, investigada na bibliografia e em sites de informações.

Por fim, o estudo traz a culinária regional como um patrimônio cultural imaterial capaz de oportunizar aos

eventos de marca, a característica de “atrativo turístico” para os municípios.

SOUZA, Anderson Gomes de; MELO, Francisco Vicente Sales; BARBOSA, Maria de Lourdes de Azevedo.

Riscos percebidos na aquisição de serviços hoteleiros online: fatores determinantes das estratégias de

redução e suas relações com as características demográficas do consumidor. Revista Brasileira de

Pesquisa em Turismo, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 75-89, 2012.

Resumo: O objetivo deste artigo foi identificar quais fatores determinam a adoção de estratégias de

redução de risco percebido na aquisição de serviços hoteleiros online, verificando se há relação entre

estes e as características demográficas dos consumidores. O método de análise fatorial foi utilizado após

aplicação de questionário estruturado junto a consumidores que têm o hábito de viajar e reservar hotéis

pela internet. Os resultados demonstraram que os fatores que caracterizam as estratégias utilizadas por

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consumidores como meio de redução de risco no ambiente virtual são: experiência de uso própria ou de

pares, garantias e certezas de regulamentação e preço mais caro. Ou seja, pode-se considerar que estes

fatores são relevantes e tendem a ser utilizados pelos consumidores como forma de reduzir os riscos ao

adquirir um serviço hoteleiro pela web. Por outro lado, constatou-se que as características demográficas

não apresentam relações com a percepção de risco destes consumidores. Com estes resultados a questão

que fica é saber se as empresas deste ramo de atividade desenvolvem ações alinhadas com tais fatores de

modo a permitir que os consumidores reduzam suas percepções de risco ao comprar estes serviços em

seus websites.

LEITÃO, Carla Renata Silva; SILVA, José Dionísio Gomes da. Rentabilidade de clientes e a gestão hoteleira:

uma pesquisa em hotéis do Nordeste brasileiro. Turismo em Análise, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 190-205,

2006.

Resumo: O presente estudo trata da rentabilidade de clientes no setor hoteleiro. Para extrair a realidade

dos hotéis, efetua-se uma pesquisa de campo em 147 hotéis de médio e grande porte, localizados em cinco

estados no Nordeste brasileiro. A pesquisa revela que 81,6% da amostra estudada não avalia a

rentabilidade individual obtida com seus clientes, enquanto 18,4% o fazem por um sistema com

informações estruturadas. Porém, 85,8% dos hotéis, mesmo com algumas restrições, consideram

importante a existência de um sistema eletrônico que forneça esse tipo de informação para uma decisão.

Finalmente, conclui que as informações sobre a rentabilidade de cliente podem proporcionar boa

oportunidade aos hotéis de maximizar as suas relações com estes.

SILVA, Joao Paulo; SANTOS, Maria Salett Tauk. Trabalho, turismo rural e desenvolvimento local na Zona da

Mata de Pernambuco. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo, v. 4, n. 3, p. 5-23, 2010.

Este texto tem como objetivo principal analisar a situação dos trabalhadores rurais do Engenho

Itamatamirim, em Vitória de Santo Antão, Pernambuco. Esses trabalhadores, que são ex-canavieiros vêm

sendo submetidos a uma jornada de trabalho que combina a atividade agrícola com o turismo rural. Por

isso, busca identificar as mudanças produzidas por essa experiência nos campos do trabalho e da vida

desses híbridos de agricultores e trabalhadores de turismo rural. Como procedimentos metodológicos

foram utilizadas técnicas combinadas de coleta de dados, como: entrevista semi-estruturada e uso da

história oral. Os resultados dessa investigação demonstraram as transformações processadas nos campos

do trabalho e da vida que os ex-canavieiros do Engenho Itamatamirim tiveram nas formas de participação

política, no uso do tempo livre, no lazer, no acesso às novas tecnologias da comunicação e da informação e

nas aspirações para o futuro.

LAVANDOSKI, Joice; TONINI, Hernanda; BARRETTO, Margarita. Uva, vinho e identidade cultural na Serra

Gaúcha (RS, Brasil). Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 90-106, 2012.

O artigo objetiva compreender a relevância da vitivinicultura na Serra Gaúcha (Estado de Rio Grande do

Sul, Brasil) edesvendara função da uva e dovinho para os imigrantes italianos no século XIX e para os

descendentes contemporâneos. Foi realizada uma pesquisa no Vale dos Vinhedos (RS, Brasil), lugar onde

há uma ligação entre o vinho e o turismo. A partir de material bibliográfico, de história oral e de

entrevistas semiestruturadas elaborou-se um discurso do sujeito coletivo. A pesquisa revelou que a

vitivinicultura foi um importante meio de sustento das famílias de imigrantes italianos e também uma

maneira de desenvolver e promover o crescimento econômico da região e, que na atualidade, a uva e o

vinho são elementos de identificação cultural da comunidade perante turistas e visitantes. Trata-se de um

estudo de caso sem pretensão de generalização para outras regiões vitivinícolas do Brasil e traz um novo

aporte às relações entre turismo e patrimônio cultural.

BURITI, Iranilson; MARTINS, José Clerton de Oliveira; RIBEIRO, Rosânia Mara de Sales. Bumba-Meu-Boi do

Pirambu: Tradição Afro-Cabocla e potencial atrativo para o Turismo em Fortaleza. Revista Eletrônica de

Turismo Cultural, São Paulo, v. 5, 2009.

Material organizado por Rafaela Malerba para fins didáticos. Distribuição gratuita. Disponível em: <http://rafaelamalerba.weebly.com>.

Este trata sobre influência negra no folguedo bumba-meu-boi, existente em um bairro da periferia de

Fortaleza, chamado Pirambu e a potencialidade de se tornar atração turística cultural na capital cearense.

A influência negra nas tradições culturais cearenses é vasta, mas é pouco conhecida da população

cearense e dos turistas. É dito popular que bumba-meu-boi, assim como, maracatu e reisado são

manifestações próprias de negros. Para confirmar esse dito popular e tentar apresentar dados que

contestassem outra assertiva do povo, a qual fala que no Ceará não existem negros, utilizou-se como fonte

para obter dados, a história escrita e a história oral. A história escrita mostrou quais foram as tradições

culturais e lendas africanas que influenciaram na origem do folguedo estudado, bem como, mostrou dados

sobre o turismo cultural e o turismo no Ceará. A história oral acrescentou à pesquisa dados sobre a

tradição do bumba-meu-boi do Pirambu. As entrevistas acrescentaram dados da oralidade cearense e

também agregaram informações sobre a atualidade do turismo em Fortaleza e a utilização das tradições

culturais na atividade turística.

KUSHANO, Elizabete Sayuri. A importância do brincar e do turismo na infância: um olhar para a

Brinquedoteca Keka & Companhia, Itabuna, Bahia. Caderno Virtual de Turismo, Rio de Janeiro, v. 7, n. 3, p.

35-45, 2007.

Resumo: Brincar é uma atividade inerente às crianças que desfrutam de uma infância sadia. As

brinquedotecas existem como espaços onde o ato de brincar é valorizado e conduzido por profissionais,

para que a criança seja estimulada à criatividade, à socialização e à produção de cultura. A Keka &

Companhia destaca-se por ser a pioneira dentre as brinquedotecas do Estado da Bahia, bem como por

estar inserida na Costa do Cacau. No presente artigo, cujos procedimentos metodológicos foram os de um

estudo de caso, por meio de visitas técnicas ao local, entrevistas semi-estruturas junto aos funcionários da

Keka e observação não-participante, objetivou-se apurar o olhar para a brinquedoteca supracitada, a fim

de identificar se a mesma permitia, em sua atuação, uma interface com o turismo. Nesse sentido, após

investigação, pontuaram-se determinadas propostas de atuação junto à atividade turística. Os conteúdos

desse estudo têm o caráter interdisciplinar, sobretudo em cultura, turismo e comunicação, devido aos

aportes teóricos da disciplina "Comunicação e Produção Cultural", que lhe deu origem.

LEME, Fernanda B. Maciel. Guias de turismo de Salvador – Olhares sobre a profissão e reflexões sobre o

papel do guia como sujeito na cidade. Cultur - Revista de Cultura e Turismo, Ilhéus (BA), v. 4, n. 2, p. 19-37,

2010.

Resumo: O guia de turismo, apesar de sua importância na atividade turística, ainda é tema pouco

analisado pelos estudos acadêmicos da área. A bibliografia disponível indica funções atribuídas a estes

profissionais que cumprem também exigências impostas pelo mercado de trabalho. Essas funções e

limitações refletem no próprio entendimento que os guia possuem em relação à sua classe e, também, nas

narrativas que estes fazem sobre a cidade. Porém, partindo dos pressupostos teóricos indicado por Elias

(1994) e Castoriadis (1982), construiu-se a hipótese de que estes podem, mesmo sendo sujeitos

socialmente formados, através de sua capacidade de reflexão e criatividade, estabelecer novas funções

para sua profissão e também novas narrativas sobre o lugar. Essas novas funções seriam as resultantes de

processos dialógicos e relacionais, envolvidos na conformação dos sujeitos-guias de turismo como agentes

sociais. Utilizando o método fenomenológico para pesquisa de campo com guias de turismo de Salvador

(BA), chegou-se ao relato destes profissionais que corroboraram com a hipótese levantada pelo estudo.

Mais do que isso, demonstrou que os profissionais, ao ampliarem sua percepção sobre suas funções,

ampliam também suas possibilidades de modificação na dinâmica social da qual faz parte, assim como de

modificações na realidade de sua cidade.