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1 Instituto A Vez do Mestre Licenciatura em pedagogia MUDANÇA NA AVALIAÇÃO: NECESSIDADES E RESISTÊNCIAS Apresentação de monografia ao IAVM como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em pedagogia Por: Rosane Conceição Henrique Da Silva Orientadora: profª Andressa Rocha RIO DE JANEIRO 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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Instituto A Vez do Mestre

Licenciatura em pedagogia

MUDANÇA NA AVALIAÇÃO:

NECESSIDADES E RESISTÊNCIAS

Apresentação de monografia ao IAVM

como requisito parcial para a obtenção

do grau de especialista em pedagogia

Por: Rosane Conceição Henrique Da

Silva

Orientadora: profª Andressa Rocha

RIO DE JANEIRO

2009

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2

AGRADECIMENTOS

Acima de tudo agradeço a Deus, como

Pai, Senhor e Criador de todas as

coisas, que nos dá forças para as

nossas realizações. A minha família

que é o bem mais precioso da minha

vida. Ao orientador que me ajudou a

cumprir as exigências para a realização

deste curso. Aos professores do curso

pelos conhecimentos compartilhados.

Aos colegas de turma que contribuíram

direta e indiretamente. Enfim, a todos

que contribuíram para tamanha alegria.

3

DEDICATÓRIA

A Deus, pelo dom da vida, do saber

adquirido, da esperança de tornar-se

útil a sociedade. A minha mãe, por

sempre estar disposta a ajudar-me a

encarar os obstáculos e por me apoiar

sempre, ensinando-me com a

sabedoria de mãe a caminhar com fé e

de cabeça erguida. Ao meu esposo

Marcos que sempre me incentivou e

apoiou. Aos meus filhos Victor e Lucas

pelas horas que lhe foram roubadas de

minha companhia.

4

RESUMO

O tema avaliação escolar tem sido bastante discutido por educadores e

estudiosos dessa temática como Luckesi, Hoffmann, entre outros. No entanto,

o que se tem observado em sala de aula muitas vezes, é uma prática avaliativa

que não condiz com as ideias dos estudiosos da área. Portanto, o presente

trabalho aqui apresentado objetiva uma analise sobre a prática avaliativa

empregada pelos professores.

A avaliação é vista como um processo cuja finalidade é verificar até que

ponto as experiências de aprendizagem foram desenvolvidas e organizadas, e

se estão realmente produzindo os resultados desejados. Portanto, é através do

processo avaliativo que se pode analisar em que medida os objetivos

educacionais estão sendo alcançados pelo programa do currículo e do ensino.

Sabe-se que a avaliação exerce uma poderosa influencia sobre a

aprendizagem, uma vez que os alunos são influenciados através do tipo de

avaliação que é realizada. Diante disso é necessário que os educadores

estudem mais sobre processos avaliativos e como estes se desenvolvem, para

que a avaliação venha ajudar o aluno e não prejudicá-lo.

Ao analisar o processo de ensino-aprendizagem vemos que a avaliação

pode ser caracterizada como um instrumento, que por um lado verifica os

avanços e as dificuldades dos alunos e por outro lado possibilita ao professor

analisar sua prática educativa, mas a mesma vem sendo questionada quanto

ao seu desenvolvimento nas escolas, pois os discentes encontram muitas

vezes dificuldades ao serem avaliado, o que faz surgir varias indagações: como

estes alunos são avaliados? Quais aspectos os professores levam em

consideração ao realizarem as avaliações? Que tipo de avaliação eles

utilizam? Mediante tais indagações e considerando que a avaliação é um dos

maiores desafios da prática pedagógica, pretendo com este estudo

proporcionar uma reflexão sobre o processo avaliativo adotado pelos

professores.

No capitulo 1, procuro abordar a avaliação escolar e a formação do

docente. No capítulo 2, descrevendo sobre a visão geral do cotidiano escolar.

No capítulo 3, comento sobre o mito da avaliação.

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METODOLOGIA

Esse estudo se caracterizou, por uma pesquisa bibliográfica, que

procura abordar a avaliação no sentido de entender o motivo da resistência dos

docentes em avaliar de forma estereotipada a partir de referencias teóricas

publicadas em documentos, que segundo Gil (2002), é a pesquisa

desenvolvida com base no material já elaborado, constituído principalmente por

livros e artigos científicos. Lakatos e Marconi (1991) ressaltam que pesquisa

bibliográfica é todo estudo realizado com documentos ou fontes secundarias, e

abrange toda bibliografia tornada pública em relação ao tema em estudo,

desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,

monografias, teses, material cartográfico e outros, além de meios de

comunicações orais, como rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais

como filmes, televisão e internet. Sua finalidade acrescentam os autores, é

colocar o pesquisador em contato direto com tudo que já foi escrito, dito ou

filmado sobre determinado assunto, sendo não somente uma mera repetição

do que foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame do tema

sob novo enfoque ou abordagem, podendo chegar a conclusões inovadoras,

pela organização de material, segundo as tendências ou versões com que

determinado assunto é abordado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8 CAPÍTULO I – A AVALIAÇÃO ESCOLAR E A FORMAÇÃO DOS DOCENTES.........................................................................................................9 1.1 O conceito de avaliação escolar....................................................................9 1.2 Funções da avaliação.................................................................................14 1.3 Influência da prática pedagógica na avaliação...........................................18

CAPITULO II – UMA VISÃO GERAL DO COTIDIANO ESCOLAR.................23 2.1 A escola que avalia para quantificar............................................................23 2.2 O que a avaliação deve significar para o aluno...........................................24 2.3 Fracasso escolar: De quem é a culpa?.......................................................27 CAPITULO III – O MITO DA AVALIAÇÃO.......................................................29 3.1 A diferença entre avaliar, testar e medir......................................................29 3.2 Aprendizagem significativa e avaliação escolar..........................................31 3.3 O porquê da resistência à mudança............................................................35 CONCLUSÃO....................................................................................................39 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................41 ANEXOS............................................................................................................43

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho nasceu de minhas dúvidas e inquietações enquanto

professora da rede pública do Rio de Janeiro e estudante de pedagogia sobre a

questão da avaliação escolar. Tem por finalidade descobrir porque a maioria

dos professores utiliza a prova como único instrumento de avaliação e resistem

à mudança no olhar sobre a real concepção de avaliação.

Pensar em avaliação é pensar, indiretamente, em um ato de julgamento

de valores, de examinação de resultados e ou comportamentos. Diante dessa

perspectiva, na tentativa de aguçar ainda mais os interesses de um público

diversificado, porém com um alvo em comum, que são o professor e a

educação, respectivamente, este trabalho vem tratar da avaliação educacional,

buscando conceitos de teóricos para aprofundamento no assunto.

Embora se fale em meios menos opressivos de avaliação educacional, é

aceitavelmente compreensivo que a expressão avaliar ainda cause pânico em

alguns alunos diante de certas situações. Talvez não se trate só do medo de

ser avaliado, mas sim, pelo caráter autoritário e segregador que a avaliação

propicia aos que a aplicam.

Para o professor, que também foi aluno um dia, avaliar deveria ser um

ato continuo e diário. É algo que o ser humano faz até mesmo

involuntariamente e, claro, a escola o faz com seus propósitos. Mas até que

ponto avaliamos coerentemente nossos alunos? E o que seria coerência em

um processo de avaliação? Que avaliação estamos buscando construir

enquanto docentes?

Por que as funções dos alunos estão centradas em reproduzir e a dos

professores em medir os objetivos educacionais propostos para quantificar os

conhecimentos aprendidos em cada momento?

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CAPÍTULO I

A AVALIAÇÃO ESCOLAR E A FORMAÇÃO DOS

DOCENTES

1.1 O conceito de avaliação escolar

Inicialmente para estudarmos o conceito de avaliação devemos

compreender que ela é um recurso pedagógico e como tal ela contribui para

que a escola possa desempenhar seu papel na educação e na formação do

aluno-cidadão. Embora nem sempre seja assim, uma escola pode fazer

avaliação, mas é um tipo que não contribui para escola atingir seu propósito.

Quando pensamos em avaliação escolar, as primeiras ideias que

surgem são: avaliação do aluno (realizada pelo professor), notas, aprovação e

reprovação, sucesso e fracasso, premio e castigo. Mas, sempre do aluno. Por

que? Será o aluno o único sujeito que merece ser avaliado na escola? Será

que na escola é só ele quem deve aprender? Será que, sozinho, ele faz o

sucesso e o fracasso escolares?

Ora, o aluno precisa, sim, aprender e é um personagem muito

importante, se não o mais importante, no contexto escolar. Mas há outro

elemento a considerar. É pensando no aluno, nos seus direitos a educação e a

cidadania que a escola deve se organizar e se estruturar. Essa organização

resulta do trabalho de diversas pessoas, em diferentes níveis do sistema

educacional. A forma como a escola se acha organizada é expressão das

ideias daqueles que dela participam e daqueles que elaboram as diretrizes

para sua organização, seja em nível municipal, estadual, seja federal ou

privado.

Se a organização da escola envolve tantas pessoas (direta ou

indiretamente), tantas normas, diretrizes e parâmetros, na tentativa de

assegurar uma boa educação aos alunos, por que será que, ao pensar em

avaliação, pensamos em avaliar primeiro ou somente o aluno? E mais: por que

a ideia de avaliação está sempre associada à ideia de erros, falhas, limitações,

deficiências?

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Quando se pergunta o que é avaliar, as respostas mais comuns que

encontramos são: avaliar é medir; avaliar é julgar; avaliar é valorizar; avaliar é

julgar para tomar decisões; avaliar é verificar se os objetivos foram alcançados.

Existem varias formas de se conceituar avaliação, vai sempre depender

da situação ou do objeto a ser avaliado. Na educação, por exemplo, a

concepção de avaliação para alguns, inclusive pais e alunos, é formulada a

partir do que ocorre nas práticas diárias, conceitos, aprovação, reprovação,

notas e recuperação.

Há quem diga que avaliar é julgar ou apreciar determinada situação,

Haydt confirma essa ideia comentando que:

Avaliar é julgar ou fazer apreciação de alguém ou alguma coisa, tendo

como base uma escala de valores [ou] interpretar dados quantitativos e

qualitativos para obter um parecer ou julgamento de valor, tendo por base

padrões ou critérios (HAYDT, apud ROMÃO, 1998, p.56)

Hoffmann vê a avaliação como:

[...] uma das mediações pela qual se encorajaria a reorganização do

saber. Ação, movimento, provocação, na tentativa de reciprocidade intelectual

entre os elementos da ação educativa. Professor e aluno buscando coordenar

seus pontos de vista, trocando ideias, reorganizando-as (HOFFMANN, apud

BELLONI, 2001, p.19)

Pelo ponto de vista de Hoffmann a avaliação é intermediaria entre o

saber adquirido e o saber a adquirir, organizando os conhecimentos e dando

um retorno a quem avalia e a quem é avaliado.

Do conceito de avaliação escolar podem surgir muitas ramificações e

uma delas é usar a avaliação para se ter o domínio da situação em sala de

aula. Por essa perspectiva, o sentido de avaliar prevalece a serviço do

conservadorismo social, que visa tão somente conservar e reproduzir uma

sociedade já alavancada com seus princípios. Talvez a escola, com sua

didática, seja um dos responsáveis pelo entendimento, adquirido através da

história, que a sociedade tem do ato de avaliar, o que explica a forma como

muitos docentes utilizam a avaliação. É importante lembrar que:

[...] a assunção do educando como sujeito deve conduzir as

considerações de que os métodos avaliativos não podem violar essa condição

sob pena de tomar o aluno apenas como objeto, o que compromete

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irremediavelmente a realização do produto pretendido. Esta simples

constatação deveria desencorajar métodos avaliativos com ameaças, punições

e castigos [...] comprometem a constituição do sujeito que é precisamente o

objetivo que a avaliação deveria cuidar de favorecer (PARO, 2003, p.37)

De acordo com Luckesi, “[...] os professores utilizam as provas como

instrumentos de ameaça e tortura prévia dos alunos, protestando ser um

elemento motivador de aprendizagem” (LUCKESI, 1998, p.18). Portanto, a

prova pode tornar-se uma arma disciplinar nas mãos de alguns professores,

pois, a fim de manter a disciplina em sala de aula, eles, às vezes, fazem

questão de lembrar a turma que uma prova virá e assim tentam manter os

alunos sob controle.

A atitude descrita por Luckesi desvia o real sentido da avaliação e coloca

sob suspeita a competência dos docentes que precisam usar desse subterfúgio

para ter o domínio de uma classe e preservar a postura autoritária que pode

fazer bem para o seu ego. Mas a verdade é que para um processo justo de

avaliação o autoritarismo traz muitas perdas, já que pode influenciar na tomada

de decisão docente diante do juízo de valor, ou seja, do conceito qualitativo

sobre o sujeito ou objeto avaliado. Eis ai um ponto forte e favorável ao

autoritarismo docente: a tomada de decisão. Esse direito, se posso assim dizer,

delega ao professor o poder de fazer ou desfazer, de dar ou retirar valores

atribuídos, sejam eles qualitativos ou quantitativos. Daí oportuniza-se ao

professor uma avaliação classificatória e não diagnóstica.

A avaliação, em síntese, serve de informação para a melhoria não só do

produto final, mas do processo de sua formação. Se a avaliação falhar, não

será possível dispor de orientação sobre a relação entre o plano e os

resultados obtidos. Daí resulta a frustração, a sensação de insegurança, a falta

de direção precisa.

Atualmente em algumas escolas, a avaliação tem sido praticada para

aprovar ou reprovar os alunos, caracterizando-se como uma ameaça que

intimida o aluno. Descomprometida com a aprendizagem do aluno, contribui

para a autoimagem negativa, causando reprovação e repetência e ainda,

fracasso escolar, sendo cada vez mais comum encontrar no âmbito escolar

uma avaliação que pronuncia castigo.

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Muitas vezes a avaliação do rendimento escolar em algumas instituições

não é usada corretamente pelos professores, pois não respeitam o ambiente

no qual o aluno está inserido. Ainda, numa educação que prioriza o depósito de

informações, onde um ensina e o outro aprende, os instrumentos de avaliação

são utilizados apenas como mediadores do conhecimento, e com isso afastam-

se das características humanas, caracterizando-se como uma ferramenta de

exclusão escolar e social.

Observa-se ainda que esta avaliação apresente um caráter

descontextualizado, autoritário e punitivo, que não considera o aspecto sócio

emocional, resultando num distanciamento entre professor e aluno. Muitas

vezes, caracterizada por um processo de julgamento de valores, sobre dados

relevantes da realidade em que ocorre a aprendizagem, inerentes ao contexto

social ou individual de cada aluno. Este processo é subjetivo e realiza

julgamentos segundo padrões pré-estabelecidos.

O ato de avaliar não se encerra na configuração do valor ou qualidade

atribuído ao objeto em questão, exigindo uma tomada de posição favorável ou

desfavorável ao objeto da avaliação, com uma consequente decisão de ação.

(LUCKESI, 1998, p.76)

Ao longo da história da educação moderna e de prática educativa, a

avaliação da aprendizagem escolar, por meio de exames e provas, foi se

tornando algo místico, onde se faz porque tem que ser feito, na maioria não se

explica ou se entende o porque. Transformando-se numa espécie de “entidade”

criada pelo homem para atender uma necessidade, mas que se torna

independente dele e o domina.

“Mais importante do que ser uma oportunidade de aprendizagem

significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de resistência do

aluno aos ataques do professor” (LUCKESI, 1998, p.23).

...O conceito “avaliação” é formulado a partir das determinações da

conduta de “atribuir” um valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de

ação...”, que por si, implica um posicionamento positivo ou negativo em relação

ao objeto, ato ou curso de ação avaliado. (LUCKESI, 1998, p.86).

A maneira como a escola avalia é o reflexo da educação que ela

valoriza. Quando indagamos a quem ela beneficia, a quem interessa,

questionamos o ensino que ela privilegia. Como instrumento de medida de

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conhecimento, a avaliação tem como enfoque principal aprovar ou reprovar o

aluno. Desta forma, a garantia do ensino de qualidade foi abolida do processo

escolar.

Avaliação significa ação provocativa do professor, desafiando o

educando a refletir sobre as situações vividas, a formular e reformular

hipóteses, encaminhando-se a um saber enriquecido. (HOFFMANN, 1994,

p.58).

A concepção de avaliação ainda é comumente relacionada à ideia de

mensuração de mudanças do comportamento humano. Essa abordagem

viabiliza o fortalecimento no aspecto quantitativo. A avaliação do rendimento

escolar tem como alvo a classificação do aluno. Serve como um meio de

controle, feito através de atribuição de pontos ou notas, para que os alunos

realizem as tarefas e tenham comportamentos esperados, no qual o professor

e a instituição desejam. Não se importam com o tipo de conhecimento que o

aluno adquiriu, e sim, com o tipo de nota que o aluno obteve. A nota, portanto,

passa a apresentar um objetivo diferente da representação do rendimento do

aluno.

Avaliar é então refletir sobre uma determinada realidade, a partir de

dados e informações, e emitir um julgamento que possibilite uma tomada de

decisão. Quando escolhemos um caminho, um método de avaliação adotamos

algum modelo de avaliação. Os modelos de avaliação escolar são construídos

a partir de teorias da educação que traduzem, portanto, diferentes concepções

de homem, de sociedade, de educação, de processo ensino aprendizagem, de

trabalho pedagógico e de trabalho docente.

1.2 Funções da avaliação

As funções da avaliação devem ser consideradas sob a ótica da

democracia e da participação, sem perder de vista que ela é parte integrante

do projeto pedagógico da escola. Ela faz parte desse processo, por isso não

deve ser deixada somente para o final.

A avaliação antecede, acompanha e sucede o trabalho pedagógico,

possuindo pois funções diferentes conforme o momento em que aconteceu.

A avaliação que antecede a elaboração de um projeto pedagógico, de

um plano de curso, de um, plano de unidade ou de qualquer outra atividade é a

avaliação diagnóstica. Essa avaliação tem como função básica: informar sobre

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o contexto em que o trabalho pedagógico irá se realizar, bem como sobre os

sujeitos que participarão desse trabalho. Ela fornecerá subsídios para uma

tomada de decisão mais ampla, ou seja, para que seja traçado um plano geral

de trabalho. Só após conhecer a realidade com a qual vamos trabalhar é que

podemos definir nossos objetivos e, consequentemente, o caminho a ser

percorrido para alcança-los. Dentre os recursos utilizados para obter os dados

e as informações, temos: questionário; observação; entrevista; analise de

resultados do período anterior; seminários, etc.

Mas a avaliação diagnóstica pode acontecer, também, após a definição

dos objetivos. Vejamos um exemplo: o projeto político pedagógico, o plano de

desenvolvimento ou o regimento da escola podem ter entre seus objetivos a

elaboração de projetos de recuperação paralela dos alunos. As atividades de

recuperação só poderão ser planejadas após ser feito o diagnostico das

dificuldades apresentadas pelos alunos. Ou seja, é necessário saber quais são

as dificuldades (avaliação formativa) e o porque dessas dificuldades (avaliação

diagnóstica). Esse diagnóstico deverá ser feito sempre que a recuperação for

necessária. Para isso poderão ser usados diversos recursos, como: análise das

provas e dos exercícios para verificar em quais questões o aluno apresenta

maior dificuldade; observação; trabalhos individuais, etc. A avaliação, portanto,

contribui para ajudar no alcance dos objetivos do trabalho pedagógico. A

avaliação do processo bem feita, seguida de decisões e ações que ajudem os

alunos a aprender mais e melhor, garantirá bons resultados na avaliação final.

A avaliação formativa ajuda a captar os avanços e as dificuldades que

forem se manifestando ao longo do processo, ainda em tempo de tomar

providencias para afastar as dificuldades percebidas. Sua função é: informar

sempre o que está acontecendo. Essa informação, contudo, não pode ser

apenas descritiva, ela deve ser realmente avaliadora, possibilitando novas

decisões, sempre que essas se fizeram necessárias, o que quase sempre

acontece.

A avaliação como parte integrante de um projeto pedagógico ou de

qualquer outra atividade deve ser tão dinâmica quanto estes, pois estes, pois

elas fornecem as bases para as novas decisões que se fazem necessárias ao

longo do processo de realização. Um projeto, mesmo quando bem elaborado

inicialmente, está em permanente construção, demandando sensibilidade e

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disposição para a mudança de todos o que dele participam. Essa predisposição

exige uma nova concepção de avaliação, que é condição para o sucesso do

projeto em desenvolvimento.

Os resultados da avaliação formativa, muitas vezes, mostram a

necessidade de rever planos, de fazer mudanças em algumas decisões

tomadas antes. A avaliação formativa e a avaliação diagnóstica, isto é, a

avaliação do processo, possibilitará a tomada de decisões durante o

desenvolvimento do trabalho pedagógico e contribuirão para garantir o sucesso

escolar.

Além desses dois tipos de avaliação, temos ainda a avaliação somática.

A avaliação somativa acontece no final de um trabalho desenvolvido. Pode ser

no final: de uma unidade de estudos, de um bimestre, de um projeto

desenvolvido, do semestre ou do ano letivo. A avaliação somativa preocupa-se

com o resultado final – o produto alcançado.

A avaliação tem sido utilizada muitas vezes de forma reducionista, como

se avaliar pudesse limitar-se a aplicação de um instrumento de coleta de

informações. É comum ouvir-se “vou fazer uma avaliação”, quando se vai

aplicar uma prova ou um teste. Avaliar exige, antes que se defina aonde se

quer chegar, que se estabeleçam os critérios, para, em seguida, escolherem-se

os procedimentos, inclusive aqueles referentes a coleta de dados. Além disso,

o processo avaliativo não se encerra com este levantamento de informações,

as quais devem ser comparadas com os critérios e julgadas a partir do contexto

em que foram produzidas. Somente assim elas poderão subsidiar o processo

de tomada de decisão quanto a que medidas devem ser previstas para

aperfeiçoar o processo de ensino, com vistas a levar o aluno a superar suas

dificuldades.

A avaliação tem sido limitada também pela hipertrofia que o processo de

atribuição de notas ou conceitos assumiu na administração escolar. Definir

através de nota ou conceito as dificuldades e facilidades do aluno a apenas um

recurso simplificado que identifica a posição do aluno em uma escala. Usado

com preocupação, este recurso não deveria produzir efeitos colaterais

indesejáveis. Contudo, acreditar, por exemplo, que uma nota sete ou um

conceito c possa, por si, explicar o rendimento do aluno e justificar uma decisão

de aprovação ou reprovação, sem que se analisem o significado desta nota no

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processo de ensino, as condições de aprendizagem oferecidas, os

instrumentos e processos de coleta de dados empregados para obtenção de tal

nota ou conceito, a relevância deste resultado na continuidade da programação

do curso é reduzir de forma inadequada o processo avaliativo; é, sobretudo,

limitar a perspectiva de analise do rendimento do aluno e a possibilidade do

professor em compreender o processo que coordena em sala de aula.

Enquanto classificatória a avaliação corre o risco de frear o crescimento

do sujeito avaliado, pois com essa função o processo avaliativo é limitado pelo

quantitativo. Mas será interessante se pararmos para analisar o que se ouve

com o que se vê na prática. Teoricamente prega-se que o conhecimento não

tem medidas, que é um processo contínuo, no entanto, quando o professor tem

que avaliar seu aluno por classificação ou por quaisquer outros meios que lhe

atribuam valores quantitativos, meios determinados pelo sistema, inclusive,

esse aluno está tendo seu conhecimento “medido”. Nessa perspectiva, o ato de

avaliar foge do propósito de pensar a prática da aprendizagem e passa a julgá-

la, tornando-a imutável e colocando um ponto final em um objeto dinâmico e

mutável, que, em nosso caso é a aprendizagem.

Em contrapartida, a avaliação diagnóstica permite a dialética do

processo de aprendizagem e o avanço para a conquista da autonomia. Trata-

se de uma avaliação cujo sentido é contrario a limitação e a medida de

conhecimento. Pela avaliação diagnóstica o discente tem a possibilidade de

viver e perceber as transformações do estagio em que está para o objetivado

pelo docente, e este acompanha o desenvolvimento daquele, avaliando e,

registrando esse crescimento. Com adequada aplicação de sua função, a

avaliação diagnóstica pode abrandar o autoritarismo docente, uma vez que se

trata de um processo de observação e de descoberta do saber.

Para Bloom et. al. (apud SANT’ANNA et. AL. 1998)

A avaliação formativa busca basicamente identificar insuficiências

principais em aprendizagens iniciais, necessárias a realização de outras

aprendizagens. [...] É formativa no sentido de que indica como os alunos estão

se modificando em direção aos objetivos desejados (BLOOM et. AL., apud

SANT’ANNA, 1998, p.183-184).

A avaliação formativa tem por função controlar, assegurando que a

maioria dos alunos alcance, com sucesso, as finalidades propostas pelo

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professor. Mas é relevante para a instituição que o professor selecione seus

conteúdos e formule seus objetivos dentro de uma estratégia voltada para a

realidade de seus alunos. Entretanto, é preciso usar da criatividade, lançado

mãos de recursos diferentes e inovadores na aplicação dos conteúdos, a fim de

que haja o maior aproveitamento possível por parte dos discentes.

Paralelamente aos conteúdos aplicados, é interessante que o professor articule

métodos de correção do ensino-aprendizagem, métodos esses que devem ser

colaboradores no processo de avaliação formativa.

Soma-se aos conceitos até aqui apresentados a avaliação normativa,

que traça uma linha de equidade a avaliação formativa. De acordo com

Perrenoud, o ato de “submeter regularmente o conjunto dos alunos a provas

que evidenciam uma distribuição dos desempenhos, portanto, de bons e maus

desempenhos [...]” (PERRENOUD, 1999 p.66), é aplicar, às vezes, uma

avaliação normativa “[...] no sentido de criar uma distribuição normal”

(PERRENOUD, 1999, p.66). Perrenoud (1999) também a chama de

comparativa, uma vez que “os desempenhos de alguns se definem em relação

aos desempenhos dos outros mais do que a domínios almejados ou a

objetivos” (PERRENOUD, 1999, p.66). Entretanto, tais aspectos denotam um

tipo avaliativo pouco individualizado, já que é feito no coletivo, o mesmo

processo para todos, porém é possível acompanhar o desempenho das

competências pessoais separadamente.

Avaliar o aluno deixa de significar um julgamento sobre a aprendizagem

do aluno, para servir como modelo capaz de revelar o que o aluno já sabe, os

caminhos que percorreu para alcançar o conhecimento, o que o aluno não

sabe, o que pode “vir a saber”, o que é potencializado e revelado em seu

processo, suas possibilidades de avanço e suas necessidades para superação,

sempre transitória do saber.

1.3. Influencia da prática pedagógica na avaliação

O mundo muda numa velocidade muito grande e quem não se atualiza

acaba ficando para trás. Frases assim estão sendo ditas há pelo menos duas

décadas e, talvez pela repetição, acabaram perdendo o sentido. Por isso, é

preciso retomar o significado desta necessidade constante de renovação, para

que as relações sociais não se percam no caminho. Na prática pedagógica,

esta necessidade é urgente.

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Existe hoje uma sociedade que está em constante transformação. São

novos modos de vida social que temos em operação e essa nova organização

tem afetado sobremaneira a educação e, por conseguinte, o trabalho docente.

Com esses novos espaços de educação que tem se prenunciado, a prática

pedagógica do professor não tem sido tão segura. E alguns professores não

estão sabendo lidar com esse mundo, com esse processo de transformação

tão acelerado.

O professor não foi preparado para isso. Hoje se exige dele que

acompanhe a rapidez dessas mudanças aceleradas, ao mesmo tempo em que

precisa atuar pedagogicamente. E para ele isso é um desafio. Então, existe um

desafio de transformação, de mudança dessa prática pedagógica, a partir

dessa nova organização social e da própria organização da educação.

É preciso que o professor tenha uma formação técnico-científica, precisa

ter formação no conteúdo básico da sua atuação. Aquele que ensina

matemática tem de saber matemática, tem de conhecer profundamente o

conteúdo. O outro aspecto é que não basta apenas ter conhecimento desse

conteúdo. O bom professor não é aquele que apenas sabe a matéria. Ele tem

de saber trabalhar, mediar essa relação de conhecimento com o aluno. Então

ele tem de ter uma formação pedagógica primordial. Professor só é professor

porque tem formação pedagógica.

Fernandes (2004, p.94) afirma que:

Uma perspectiva sistêmica nos permite perceber que estabelecer novas

práticas avaliativas não deve vir desacompanhada de outros aspectos, tais

como: a autonomia da unidade escolar, um currículo dinâmico, flexível e

contextualizado, formação continuada dos professores, valorização do trabalho

coletivo na escola, a continuidade das propostas pedagógicas, respeitando-se

o tempo escolar como um tempo distinto do tempo das políticas

administrativas. [...] vale ressaltar que, partindo de uma perspectiva sistêmica,

quando as mudanças ocorrem de forma parcial ou fragmentada nas escolas ou

nas redes escolares, seu efeito conjunto não alcança uma modificação

substantiva nas práticas tradicionais arraigadas e, principalmente, nas práticas

avaliativas. (Grifo nosso)

18

É preciso dar uma visão mais ampla a avaliação, não é só trabalhar o

conteúdo da disciplina, mas a relação do conteúdo com o próprio individuo. A

relação dele com o contexto geral, ele como ser do mundo.

Fernandes (2004, p.96) afirma que:

Uma mudança na avaliação dos processos de aprendizagem exige uma

concepção de aluno como um ser crítico, criativo e participativo, com

autonomia e capacidade de tomar decisões. Exige também uma concepção de

ensino que privilegia a participação, o diálogo, a autonomia, a reflexão tanto

por parte dos professores quanto dos alunos. Nessa perspectiva também, o

erro é visto como propiciador de aprendizagens, e as dúvidas dos alunos

altamente significativas e reveladoras de um envolvimento e exercício

intelectuais. Dessa forma, a avaliação deixaria de ser vista como algo fora do

processo de aprendizagem e de ensino e passaria a ser vista como

propiciadora de aprendizagens e como parte integrante do currículo escolar e

consequentemente do planejamento em todas as suas etapas.

Os professores continuam meramente quantificando, presos à nota, pois

é muito difícil fazer avaliação qualitativa quando há um sistema que exige nota.

Para que isso comece a mudar é preciso dar visão ampla a avaliação.

Essa visão ampla deve partir do principio de que os professores, se afastem

mais dessa avaliação que somente quantifica, apresenta uma nota, e passem a

avaliar, também é, principalmente, a relação do conteúdo da disciplina com o

individuo, encarando esse individuo como ser ativo no mundo.

Segundo Mizukami (1996, p.8), na concepção tradicionalista:

A avaliação é realizada predominantemente visando a exatidão da

reprodução do conteúdo comunicado em sala de aula. Mede-se, portanto, pela

quantidade e exatidão de informações que se consegue reproduzir. Daí a

consideração de provas, exames, chamadas orais exercícios etc., que

evidenciam a exatidão da reprodução da informação.

O trabalho de elaboração do instrumento avaliativo torna-se prejudicado

em função de que o professor prima pelas questões objetivas, tendo em vista a

facilidade e agilidade de correção e a rapidez com que o processo vai se

desenvolver. Isso leva o aluno a ser condicionado a não elaborar respostas, a

não desenvolver a sua criticidade sobre o tema cobrado na questão, a não

formular raciocínio na construção da resposta, mas a encontrar a resposta que

19

já vem pronta na questão, restando ao aluno apenas o trabalho de encontrar a

resposta e marcar um “x”.

Quando não se diversifica também o instrumento de avaliação,

acabamos não dando chance para o aluno ter outras formas de expressar o

que ele aprendeu. Às vezes, o aluno fica inteiramente nervoso na hora da

prova e não consegue. Parece que dá um branco, ele não consegue. E se

fosse utilizada outras formas de avaliar, outro instrumento, ele poderia se sair

melhor, uma coisa que ele pudesse expressar o pensamento, por exemplo,

Behrens (2003, p.60) afirma que:

A produção de conhecimento com autonomia, com criatividade, com

criticidade e espírito investigativo provoca a interpretação do conhecimento e

não apenas a sua aceitação. Portanto, na prática pedagógica, o professor deve

propor em estudo sistemático, uma investigação orientada, para ultrapassar a

visão de que o aluno é um objeto, e torná-lo sujeito e produtor do seu próprio

conhecimento.

Infelizmente a nossa avaliação acaba incorrendo na prova escrita.

Na avaliação por meio de provas discursivas com o intuito de quantificar

somente, há sempre a influencia da subjetividade do professor, e para o aluno,

muitas vezes, o inicio feedback é a revelação quanto ao acerto ou erro de sua

resposta, perdendo-se a riqueza de encaminhamento que poderia acontecer,

por exemplo, na analise das questões em conjunto com o aluno, o que

certamente enriqueceria muito o processo.

Buscando fundamentação teórica para essa afirmação, é pertinente

abordar o pensamento de Behrens (2003, p.54). Segundo ela, referindo-se a

abordagens tecnicistas da avaliação, é preciso evidenciar que:

A metodologia tecnicista reprodutivista enfatiza a resposta e,

especialmente, a resposta certa. O erro é sancionado com rigorosidade. A

pergunta só pode ser formulada dentro do conteúdo exposto pelo professor.

Neste contexto, o aluno torna-se passivo, acrítico, obediente e ingênuo.

Em contrapartida podemos apresentar a concepção de Esteban (2004,

p.90), destacando que:

O erro não é resultado da impossibilidade de aprender, é parte do

processo em que o conhecimento se tece. O valor negativo que lhe é atribuído,

na prática classificatória, decorre da impossibilidade de reconhecimento e

20

validação do conhecimento que nele se faz presente. [...] Nessa perspectiva, o

que aparece como erro do aluno ou aluna pode ser resultado da incapacidade

do professor ou professora para compreender a lógica da resposta que não

coincide com o demarcado pelo processo de privilegiaçao. Não se trata de

culpabilizar o professor ou professora pelo erro do estudante. Apenas, há a

compreensão de que o erro não é um resultado negativo a ser evitado; o erro,

assim como o acerto, é a expressão do conhecimento que está sendo tecido na

relação pedagógica, indica o que já se avançou, o que já está consolidado e o

que está em elaboração, pelos sujeitos em interação no cotidiano da sala de

aula, na realização de um projeto coletivo de trabalho, sem apagar a ação

singular de cada um dos participantes da atividade. Nesse caso, o erro deixa

de representar a ausência de conhecimento válido, sendo apreendido como

pista que indica como o aluno ou aluna está articulando os conhecimentos que

já possui com os novos conhecimentos que vão sendo elaborados [...]

Logo, ensinar é criar condições para que os alunos desenvolvam as

condições básicas de domínio dos diversos conteúdos, fundamentalmente a

leitura e escrita, de modo a poder sistematizar o conhecimento e expressar

tanto suas dúvidas e incertezas quanto suas descobertas e criações. É,

também, ajudá-los a desenvolver a reflexão , a saber fazer as perguntas certas

e ir atrás das respostas adequadas.

21

CAPÍTULO II

UMA VISÃO GERAL DO COTIDIANO ESCOLAR

2.1 A escola que avalia para quantificar

Entendemos que a avaliação continua sendo o dilema para os que não

têm conseguido utilizar os procedimentos de avaliação para atender a

realidade dos alunos, mas isso não quer dizer que ela seja impossível de se

realizar, porém necessita de ser considerada em todas as suas peculiaridades

dentro do processo educativo. O educador deve ter uma postura avaliativa

coerente com a realidade de seus alunos. É importante enfatizar como já foi

mencionado, que a falta de aperfeiçoamento dos professores prejudica os

alunos, levando-os a uma desestimulação nos estudos. Este estudo nos

encaminha para uma análise crítica avaliativa e um repensar da prática

educativa, já que ambos estão integrados ao processo de formação do

educador.

Entre os problemas pedagógicos enfrentados pelos professores, nos

dias atuais, a avaliação escolar ocupa um lugar de destaque. Sabemos que o

caminho é árduo, os obstáculos são muitos e diversos. Para que a avaliação

escolar assuma o seu verdadeiro papel de instrumento dialético de diagnostico

para o crescimento, ela terá que se situar e estar a serviço de uma pedagogia

que esteja preocupada com a transformação social. Para tanto, é necessário

que o educador dê um novo encaminhamento a prática da avaliação é assumir

um posicionamento pedagógico claro e explicito, de tal modo que possa

orientar a prática no planejamento, na execução e na avaliação.

Segundo os parâmetros curriculares nacionais do ensino fundamental

(2001) a “avaliação é dialógica e deve se realizar num espaço em que sejam

considerados o aluno, o professor e a relação intrínseca que se estabelece

entre os participantes do processo”

A avaliação se constitui numa etapa necessária ao processo ensino-

aprendizagem e deve ser realizar dentro de um contexto que possibilite ao

aluno uma reflexão sobre os conhecimentos construídos.

O compromisso essencial da avaliação, como parte do processo de

ensino e aprendizagem, é favorecer a aprendizagem do aluno, que poderá

22

caminhar em ritmo mais lento, porém, em situações comuns, não tendo que

retroagir ou voltar para trás, pois sempre terá ganhos e lhe será assegurada a

possibilidade de prosseguir nesse processo (Hoffmann, 1993, apud Pinto,

p.88).

A avaliação da aprendizagem, para cumprir o seu verdadeiro papel,

deverá assumir a função de subsidiar a construção da aprendizagem, e para

que isso aconteça é necessário que a avaliação exerça o papel de auxiliar no

crescimento como Luckesi (1998, p.174) afirmou:

A avaliação da aprendizagem tem por objetivo auxiliar o educando no

seu crescimento e, por isso mesmo, na sua integração consigo mesmo,

ajudando-o na apropriação dos conteúdos significativos.

Na prática é fácil encontrar alunos com dificuldade e até muitas vezes

desestimulados devido ao processo avaliativo, que acaba classificando o aluno

e não avaliando a aprendizagem do mesmo e a metodologia utilizada pelo

educador. Esses professores avaliam para quantificar, o que não traz nenhum

benefício para o processo ensino-aprendizagem.

2.2. O que a avaliação deve significar para o aluno

A avaliação é um processo e como tal deve ser encarada. Por isso, ela

deve fazer parte da rotina da sala de aula, sendo usada periodicamente como

um dos aspectos integrantes do processo ensino-aprendizagem. O importante

é que os instrumentos de avaliação sejam utilizados tanto pelo aluno como pelo

professor: o aluno deve ter acesso a suas provas e trabalhos corrigidos, para

saber quais são seus avanços e necessidades; o professor deve analisar o

desempenho dos alunos, para aperfeiçoar seu ensino. A avaliação não tem um

fim em si mesma, mas é um meio a ser utilizado por alunos e professores para

o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem. O professor deve fazer

uso de todos os recursos a seu alcance para obter o máximo de informações

sobre o comportamento e o aproveitamento do aluno. Por isso, não convém

utilizar apenas um instrumento de avaliação, o mais recomendável é empregar

técnicas diversificadas e instrumentos variados. É nesta perspectiva que

utilizamos o projeto como ferramenta de avaliação no processo ensino-

aprendizagem, ou seja, o eixo da avaliação deixa de girar exclusivamente em

torno do aluno e da preocupação técnica de medir o seu rendimento. Passa a

centrar as atenções em torno das condições em que é oferecido o ensino,

23

formação do professor e suas condições em que é oferecido o ensino,

formação do professor e suas condições de trabalho, currículo, cultura e

organização da escola e, ainda, postura de seus dirigentes e demais agentes

educacionais. É comum alguns professores apresentarem aos alunos apenas

uma nota fria. Sem maior significado. O resultado das provas e dos trabalhos

deve ser comentado com eles, indicando-lhes os progressos e necessidades a

fim de que a avaliação contribua para o aperfeiçoamento do ensino-

aprendizagem, pois a opinião do aluno na compreensão das matérias

ministradas em sala de aula é tão importante quanto à participação dele

através de comentários. As tarefas relacionadas ao de processo ensino-

aprendizagem não são estanques, isoladas. Elas efetivamente fazem parte do

cotidiano dos indivíduos na escola e não devem ser avaliadas apenas em

momentos isolados. A avaliação efetiva vai ser durante o processo, nas

relações dinâmicas de sala de aula, que orientam as tomadas de decisões

frequentes, relacionadas ao tratamento do conteúdo e a melhor forma de

compreensão e produção do conhecimento pelo aluno. Para que isso ocorra,

faz-se necessário que o professor esteja permanente atento as alterações de

comportamento dos alunos; que haja um clima favorável à participação de

todos em sala de aula; que os alunos não se sintam reprimidos e possam

manifestar suas duvidas, inquietações e incompreensões quanto ao que está

sendo aprendido. É nas relações cotidianas e dinâmicas entre professor e

aluno que vai se dar a aquisição, reelaboração e produção do conhecimento.

As visões que os alunos têm da avaliação tem um traço comum, o de terem

características de uma avaliação essencialmente somativa, isto é, mais

preocupada coma revelação do estado dos alunos e menos com a regulação

dos processos de aprendizagem. O seu caráter desligado do processo de

aprendizagem, mas ao mesmo tempo visto como um momento de prestação de

contas e, como tal, indutor eventual de preparação para essa mesma prestação

pode desenvolver nos alunos uma visão redutora e utilitarista da necessidade

do conhecimento e do desenvolvimento de competências. Esta é uma

problemática que deve merecer a nossa atenção: até que ponto a escola está

ou não a contribuir para desenvolver nos alunos uma perspectiva face ao

conhecimento e ao trabalho contraditório com aquilo que é a sua missão

social?

24

A imagem que os alunos traduzem sobre o processo da atribuição de

notas ao final do período é a de um processo que cabe inteiramente ao

professor. Não surgem referencias de nenhuma ordem sobre a co-avaliação, e

mesmo a auto-avaliação está praticamente omissa. Ao utilizar a nota como fim

absoluto, o docente demonstra não ter ideia que a avaliação é um dos vários

momentos de coleta de dados a ser realizado dentro do processo ensino-

aprendizagem, capaz de lhe proporcionar um subsidio para um juízo de valor,

que permita a tomada de uma decisão sobre o trabalho pedagógico. Souza

(1992, p.57), ao se referir ao assunto diz que:

A avaliação exerce um poderoso controle sobre o conhecimento, porque

o aluno ‘estuda’ para fazer prova, responde corretamente aquilo que nem

mesmo compreendeu, sem esquecer que as questões são mal formuladas e

permitem varias interpretações.

Desta maneira professor e aluno não interagem. O processo de

construção do conhecimento, através da aquisição gradual de saberes, não é

levado em consideração. O professor trabalha com situações fechadas e

orientadas para a memorização e o condicionamento, cabendo ao aluno a

função de obedecer a normas pré-estabelecidas e repetir no momento exato o

conteúdo determinado e narrado por este docente, através de respostas que

serão consideradas certas ou erradas, conforme critérios por ele estabelecidos.

No entanto, o texto de Vasconcellos (1994, p.46) nos diz:

(...) O conhecimento não tem sentido em si mesmo: deve ajudar a

compreender o mundo, e a nele intervir. Assim sendo, compreendemos que a

principal finalidade da avaliação no processo escolar é ajudar a construção do

conhecimento, a aprendizagem por parte dos alunos.

2.3. Fracasso escolar: De quem é a culpa?

O fracasso escolar aparece hoje entre os problemas de nosso sistema

educacional mais estudado e discutido. Porém, o que ocorre muitas vezes é a

busca pelos culpados de tal fracasso e, a partir daí, percebe-se um jogo onde

ora se culpa a criança, ora a família, ora o professor, ora uma determinada

classe social, ora todo um sistema econômico, político e social. Mas será que

existe mesmo um culpado para a não aprendizagem?

Quando se fala em fracasso, supõe-se algo que deveria ser atingido. Ele

é definido por um mau êxito, uma ruína. Porem mau êxito em quê? De acordo

25

com que parâmetro? O que a nossa sociedade atual define como sucesso? Daí

a necessidade de analisar o fracasso escolar de forma mais ampla,

considerando-o como peça resultante de muitas variáveis.

A sociedade do êxito educa e domestica. Seus valores, mitos relativos a

aprendizagem muitas vezes levam muitos ao fracasso. Em nosso sistema

educacional, o conhecimento é considerado conteúdo, uma informação a ser

transmitida. As atividades visam a assimilação da realidade e não possibilitam

o processo de autoria “o processo e o ato de produção de sentidos e de

reconhecimento de si mesmo como protagonista ou participante de tal

produção” (FERNANDEZ, 2001, p.90). Este caráter informativo da educação se

manifesta até mesmo nos livros didáticos, nos quais o aluno é levado a

memorizar conteúdos e não a pensa-los; não ocorrendo de fato uma

aprendizagem.

É preciso distinguir aquilo que é próprio da criança, em termos de

dificuldades, daquilo que ela reflete em termos do sistema em que se insere.

A família, por sua vez, também é responsável pela aprendizagem da

criança, já que os pais são os primeiros a ensinarem as crianças. Ou seja, são

responsáveis por possibilitem as primeiras aprendizagens. Quando se fala em

“famílias possibilitadoras de aprendizagens” tem-se uma tendência a excluir as

famílias de classes baixas já que estas não podem fornecer uma qualidade de

vida satisfatória, uma alimentação adequada acesso a diversas formas de

cultura (cinema, teatro, cursos, computador, etc.). Entretanto é possível a

existência de facilitadores de autoria de pensamento mesmo convivendo com

carências econômicas.

Em seu livro, “O saber em jogo”, Alicia Fernandez cita uma pesquisa

com famílias de classe baixa facilitadoras da aprendizagem. O que caracteriza

estas famílias é a criação de um espaço favorável para que cada membro

possa escolher e responsabilizar-se pelo escolhido, propiciando um espaço

para a autoria de pensamento. O perguntar é possível e favorecido, há

facilidade de aceitar as diferentes opiniões e ideias. Condições estas que não

são comuns em famílias produtoras de problemas de aprendizagem.

Também contribuem para o fracasso escolar a própria instituição

educativa que muitas vezes não leva em consideração a visão de mundo do

aluno.

26

Conclui-se que não existe um único “culpado” pelo fracasso escolar.

Muitas vezes a escola situa o problema do fracasso no individuo,

considerando-o como portador de algum tipo de “desvio” ou “anormalidade”.

Em face da criança que fracassa muitas vezes a escola e os

profissionais da educação não levantam problemas como a estrutura da escola,

o tipo de avaliação escolar, a estrutura social e a inadequação dessa estrutura

a situação real de vida da criança. Portanto, buscar soluções para o fracasso

escolar não consiste em patologizar o aluno, mas em ampliar este foco, abrindo

espaço para outras variáveis que também influenciam no processo da

aprendizagem.

27

CAPÍTULO III:

O MITO DA AVALIAÇÃO

3.1. A diferença entre avaliar, medir e testar.

Avaliar é uma ação rotineira e espontânea, realizada por qualquer

pessoa acerca de qualquer atividade humana; é, assim, um instrumento

fundamental para conhecer, compreender, aperfeiçoar e orientar ações de

indivíduos ou grupos. É uma forma de olhar o passado e o presente sempre

com vistas ao futuro. Faz parte de instrumentos de sobrevivência de qualquer

individuo, resultando de uma necessidade natural, instintiva, de sobreviver,

evitando riscos e buscando prazer e realizações.

Medir genericamente significa estabelecer ou designar um valor a algo

físico. Este valor é estabelecido por meio da comparação com instrumentos

numéricos; ou melhor, instrumentos de medida. Os instrumentos de medida

são pré-determinados, e visam registrar os resultados alcançados, e

estabelecer a relação numérica, por meio da comparação entre os resultados

com aqueles contidos no próprio instrumento.

Testar – existem vários tipos de teste: de aptidão, de atitudes, de

maturação, de personalidade, entre outros. Os que dizem respeito diretamente

à avaliação da aprendizagem são os testes de rendimento escolar, também

chamado de escolaridade, de conhecimento, de aproveitamento escolar.

Servem para medir a aquisição de informações e ou o domínio de capacidades

e habilidades resultantes do ensino.

Como pudemos verificar existe uma diferença grande entre os conceitos.

A simples constatação (que insiste em chamar de avaliação) é uma situação

estanque em que o aluno “interrompe” seu processo de aprendizagem para

mostrar o que aprendeu. É pontual. Apenas uma fotografia do que se sabe no

momento, sem nenhum compromisso com o processo que gera a

aprendizagem. Passado e futuro são ignorados nesse processo. O que vale é o

presente “formatado” para constatar o que se sabe “aqui e agora”. Outra

característica desse processo é a classificação. A separação dos que

aprenderam dos que aprenderam, ou seja, o sucesso e o fracasso. Desse

modo, a avaliação que só constata é excludente, pois não assume nenhum

compromisso com o “vir-a-saber” do aluno. A real avaliação não é uma

28

fotografia, é um filme. Os “estragos” causados por essa avaliação excludente

são muito bem pontuados por Vasconcellos que aponta cinco principais

consequências:

(...) do ponto de vista estritamente pedagógico, ela provoca a não

aprendizagem, porque o aluno fica mais preocupado em tirar nota do que

aprender (...). do ponto de vista psicológico, os estragos são enormes (...) Só

pra citar um exemplo bem concreto: Existe criança que possa ter mais prazer

em ver o coleguinha ir mal do que em ela ir bem (...) Do ponto d vista

econômico, o dinheiro que é gasto com reprovações e evasões poderia ser

aplicado na educação de crianças que estão fora da escola (...) um efeito

político: esse tipo de avaliação acaba levando o sujeito aquela posição de

passividade. “É o pacto cidadão”. (VASCONCELLOS, 2001, entrevista)

A real avaliação se preocupa em diagnosticar para agir no sentido que

se obtenha sucesso. Desse modo, a real avaliação é inclusiva. Ela inclui os que

ainda não sabem sob o compromisso de que venham, a saber. A avaliação tem

que estar comprometida com a aprendizagem de todos. A própria Lei de

Diretrizes e Bases da educação nacional, lei 9394/96, deixa clara a

necessidade de nos comprometermos com uma avaliação mais qualitativa do

que quantitativa, o que traduz uma preocupação crescente em aliarmos cada

vez mais o ato de avaliar ao ato de aprender e de incluir e cada vez menos ao

ato de classificar e de excluir.

Avaliar é uma tarefa que exige certa objetividade e clareza dos sujeitos

nela envolvidos. Porém, apesar das dificuldades na sua realização, não se trata

de algo inatingível, que apresenta obstáculos intransponíveis, e sim de algo

que necessita ser encarado com todas as suas peculiaridades, como, por

exemplo, seu caráter processual. No entanto, ao nos depararmos com um

momento avaliativo, faz-se necessário pensar sobre questões como: para que

vou avaliar? O que vou avaliar? Como vou avaliar?

3.2. Aprendizagem significativa e a avaliação escolar

Em todas as instancias nas quais educadores reúnem-se para discutir

sobre educação, parece haver um consenso de que a educação básica deveria

visar fundamentalmente a preparação para o exercício da cidadania, cabendo a

escola formar o aluno em conhecimentos, habilidades, valores, atitudes, formas

29

de pensar e atuar na sociedade através de uma aprendizagem que seja

significativa.

A despeito deste aparente consenso, em grande parte a realidade de

nossas escolas continua dominada por uma concepção pedagógica tradicional,

na qual se ensina uma grande quantidade de informações – geralmente tendo

como básica única e exclusivamente o programa do livro didático – que

servirão momentaneamente e serão descartadas após a prova, não chegando

sequer a modificar as concepções espontâneas que os alunos trazem de seu

cotidiano.

É comum que os currículos escolares sejam organizados em torno de

um conjunto de disciplinas nitidamente diferenciadas, dominadas por uma

ritualização de procedimentos escolares muitas vezes obsoletos, cujos

conteúdos se apoiam numa organização rigidamente estabelecida,

desconectada das experiências dos próprios alunos e na qual uma etapa é

preparação para a seguinte. A despeito de todo avanço das pesquisas em

educação, da ciência e da tecnologia, nossas aulas mais se assemelham a

modelos do inicio do século, tendo com perspectiva metodológica dominante a

exposição, a exercitação e a comprovação.

A escola, organizada sob tal enfoque, carece de significados aos alunos,

gera abandono, desmotivação e mesmo rebeldia que se manifesta, entre

outras coisas, na agressividade dos alunos e em sua disciplina.

A resposta que a escola da a isso, por vezes, acentuar procedimentos

repressivos, impor recursos disciplinares ou atribuir os problemas a fatores

externos tais como desequilíbrio familiar, imaturidade do aluno, ou os

incontáveis problemas de aprendizagem.

Na essência, ainda temos uma escola meritocrática, classificatória que,

se não exclui por meio de reprovações, exclui por uma aprendizagem que não

ocorre. Não estamos ainda preparados para as diferenças individuais. Falamos

sobre classes heterogêneas, sonhando com a homogeneidade e, como

consequência mais direta, criamos a categoria dos atrasados, dos excluídos,

dos imaturos e dos carentes de pré-requisito para estarem em nossas salas de

aula. Tal cenário certamente passa distante do discurso sobre formação para

cidadania e, mais especificamente, da aprendizagem significativa. De fato, para

que uma aprendizagem ocorra, ela deve ser significativa, o que exige que seja

30

vista como a compreensão de significados, relacionando-se as experiências

anteriores e vivencias pessoais dos alunos, permitindo a formulação de

problemas de algum modo desafiantes que incentivem o aprender mais, o

estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos, objetos,

acontecimentos, noções e conceitos, desencadeando modificações de

comportamentos e contribuindo para a utilização do que é aprendido em

diferentes, variadas, múltiplas, diversas, inúmeras, várias situações e

contextos. Se quisermos que os conhecimentos escolares contribuam para a

formação do cidadão e que se incorporem como ferramentas, como recursos

aos quais os alunos recorram para resolver com êxito diferentes tipos de

problemas, que se apresentem a eles nas mais variadas situações, e não

apenas num determinado momento pontual de uma aula, a aprendizagem deve

desenvolver-se num processo de negociação de significados. Por outro lado,

se os alunos não apreciam o valor dos conceitos escolares para analisar,

compreender e tomar decisões sobre a realidade que os cerca, não se pode

produzir uma aprendizagem significativa. Não queremos dizer com isso que

todas as noções e conceitos que os alunos aprendem devem estar ligados a

sua realidade imediata, o que seria olhar para os conteúdos escolares de

maneira muito simplista, queremos isso sim afirmar que os conteúdos que a

escola veicula devem servir para desenvolver novas formas de compreender e

interpretar a realidade, questionar, discordar, propor soluções, ser um leitor

reflexivo do mundo que o rodeia. Nesse sentido Pérez Gómez (1998, p.95)

afirma que “o problema não é tanto como aprender, mas sim como construir a

cultura da escola em virtude de sua função social e do significado que adquire

como instituição dentro de uma comunidade social”.

Para que o discurso da aprendizagem significativa passe a ação, para

que haja integridade entre o processo de aprendizagem de ensino e

aprendizagem, é preciso mais do que novas metodologias, recursos didáticos e

mesmo aparato tecnológico. Certamente a condição mais básica para que as

mudanças efetivamente ocorram é a melhoria da formação e das condições de

trabalho do professor. A aprendizagem significativa não combina com a ideia

de conhecimento encadeado, linear, seriado. Essa forma de conceber o

conhecimento pode organizar o ensino, mas não a aprendizagem, que acaba

se constituindo como um processo a parte, marginal ao trabalho do professor.

31

Conceber o conhecimento organizado linearmente contribui para reforçar a

ideia de pré-requisitos que acaba justificando fracassos e impedindo

aprendizagens posteriores. Na concepção da linearidade do conhecimento, o

ensino funcionaria como uma engrenagem, uma cadeia na qual cada

fragmento tem função de permitir acesso a outro fragmento. Talvez esta forma

de conceber o conhecimento permita ao aluno armazenar e mecanizar algumas

informações por um tempo, ter bom desempenho em provas de devolução e

até ,mesmo avançar de uma serie para outra, o que não significa

necessariamente uma aprendizagem com compreensão.

Segundo Santos (2008, p.9) para que aconteça a aprendizagem

significativa é essencial que o professor não dê aulas, como se estivesse

passando conteúdos prontos, estáticos, mas que construa junto com os alunos;

que os desafie nos seus acontecimentos já adquiridos; os professores devem

promover questionamentos nos alunos que causem sede do saber e não dar-

lhes respostas prontas.

Falar em aprendizagem significativa é assumir que aprender possui um

caráter dinâmico que exige ações de ensino direcionadas para que os alunos

aprofundem e ampliem os significados elaborados mediante suas participações

nas atividades de ensino e aprendizagem. Nessa concepção o ensino é um

conjunto de atividades sistemáticas, cuidadosamente planejadas, em torno das

quais, conteúdo e forma articulam-se inevitavelmente e nas quais o professor e

o aluno compartilham parcelas cada vez maiores de significados com relação

aos conteúdos do currículo escolar, ou seja, o professor guia suas ações para

que o aluno participe de tarefas e atividades que o façam se aproximar cada

vez mais dos conteúdos que a escola tem para lhe ensinar. É preciso levar em

conta ainda que uma aprendizagem significativa não se relaciona apenas a

aspectos cognitivos dos sujeitos envolvidos no processo, mas está também

intimamente relacionada com suas referencias pessoais, sociais e afetivas.

Nesse sentido, afeto e cognição, razão e emoção se compõem em uma

perfeita interação para atualizar e reforçar, romper e ajustar, desejar ou repelir

novas relações, novos significados na rede de conceitos de quem aprende. Por

esse motivo, a aprendizagem não ocorre da mesma forma e no mesmo

momento para todos; interferem nesse processo as diferenças individuais, o

perfil de cada um, as diversas maneiras que as pessoas têm para aprender, o

32

que nos remete para muitas outras variáveis de interferência na aprendizagem

significativa. Pode-se afirmar que a situação de ensino é também uma situação

direcionada pela avaliação, que estabelece parâmetros de atuação de

professores e alunos. Se considerarmos verdadeiramente que a aprendizagem

deve ser significativa, e fundamentadas em novas metáforas para o

conhecimento e a inteligência, a avaliação necessita formar parte desse

processo de aprender, servindo para mediar tomadas de decisão no processo

de ensino e aprendizagem, ou seja, para corrigir os rumos das ações, através

da reflexão sobre a prática docente.

Santos (2008, p.10) diz que “A verdadeira aprendizagem se dá quando o

aluno (re) constrói o conhecimento e forma conceitos sólidos sobre o mundo, o

que vai possibilita-lo agir e reagir diante da realidade”.

Nesse sentido, a intenção de uma aprendizagem significativa, exige uma

avaliação a favor do aluno, que contribua para torna-lo consciente de seus

avanços e necessidades fazendo com que se sinta responsável por suas

atitudes, comportamento, decisões, tomada de consciência e sua

aprendizagem. A avaliação no contexto de uma aprendizagem significativa

deveria ocorrer no próprio processo de trabalho dos alunos, no dia a dia. É

nesses momentos que o professor pode perceber se os alunos estão ou não se

aproximando dos conceitos e habilidades que considera importantes, localizar

dificuldades e auxiliar para que elas sejam superadas através de intervenções.

3.3 O porquê da resistência a mudança

O professor, psicólogo e autor Júlio César Furtado em uma de suas

palestras (2008) elegeu cinco discursos dos professores resistentes a

mudança:

1- “Eu sempre fui avaliado assim e cheguei até aqui”

2- “A criança precisa ser preparada para o mundo real, que é

competitivo.”

3- “Os pais querem os filhos prontos para a competitividade que o

sistema de avaliação simula.”

4- “Como vou manter meus alunos interessados nas aulas se eles não

temerem a avaliação?”

5- “Avaliar dessa forma é camuflar os resultados ruis. É forçar a barra

pra se aprovar todo mundo”.

33

O mito que ainda persiste é de que uma escola que não reprova não é

uma escola de qualidade. A grande resistência dos professores em, ainda,

manter a aprovação e a reprovação, e mesmo criticar novas estratégias, como

regimes seriados e escolaridade por ciclos, se explica pela necessidade natural

de uma sociedade em desenvolvimento de perceber a sua escola como uma

escola de qualidade. E a escola de qualidade que se conhece é aquela

conservadora, tradicional, a que os pais tiveram e que as famílias conhecem.

A maioria das escolas promove exames, que não são uma pratica de

avaliação. O ato de examinar é classificatório e seletivo. A avaliação, ao

contrário, é diagnóstica e inclusiva. Hoje aplicamos instrumentos de qualidade

duvidosa: corrigimos provas e contamos os pontos para concluir se o aluno

será aprovado ou reprovado. O processo foi concebido para que alguns

estudantes sejam incluídos e outros, excluídos. Do ponto de vista político-

pedagógico, é uma tradição antidemocrática e autoritária, porque centrada na

pessoa do professor e no sistema de ensino, não em quem aprende.

As avaliações realizadas nas escolas decorrem, portanto, de

concepções diversas, das quais nem sempre se tem clareza dos seus

fundamentos. O sistema educacional apoia-se na avaliação classificatória com

a pretensão de verificar aprendizagem ou competências através de medidas,

de quantificações. Este tipo de avaliação pressupõe que as pessoas aprendem

do mesmo modo, nos mesmos momentos e tenta evidenciar competências

isoladas. Ou seja, algumas, que por diversas razoes tem maiores condições de

aprender, aprendem mais e melhor. Outras, com outras características, que

não respondem tão bem ao conjunto de disciplinas, aprendem cada vez menos

e são muitas vezes excluídos do processo de escolarização.

As ações dos professores em sala de aula baseiam-se, há séculos, em

crenças fortemente sedimentadas. Essas crenças alimentam o que podemos

chamar “hábitos de resistência” a uma mudança mais profunda no fazer

pedagógico.

Hoffmann (1996, p.90), “diz que os professores percebem a ação de

educar e avaliar como momentos distintos e não relacionados”. Deste modo,

por não dar a importância necessária que a avaliação deve possuir dentro o

processo de aprendizagem, os professores exercem as ações acima citadas,

de forma diferenciada. Sendo assim, o professor “dá” matéria, aplica prova

34

escrita, atribui nota e encerra o ato da avaliação. Os educadores brasileiros

ainda não aprenderam a lidar com o descompasso entre ensino e avaliação

que vem se instalando nas salas de aula. No ensino, conceitos modernos de

pedagogia, baseados em competências e habilidades, são incorporados ao

discurso e a prática de algumas escolas. Na avaliação, porém, ainda impera o

modelo desenvolvido pelos jesuítas. Fazendo uma analise da história da

educação, especificamente a questão da avaliação, através dos tempos,

percebe-se que desde o principio da história da educação no Brasil e em

muitos outros momentos desta história a questão de avaliar sempre esteve

ligada a uma prova escrita ou oral, centrando-se o poder absoluto no professor,

que avaliava e dava nota sobre o que o aluno sabia naquele momento sobre

determinado conteúdo. E dentro desta perspectiva histórica, por muitos anos

fez-se uso de métodos de avaliação como um instrumento a serviço de quem a

aplicava, buscando-se em uma série de perguntas com respostas prontas a ser

estudadas, decoradas e transmitidas em dias de prova. Julgava-se, dentro

desta visão, que existia um controle do professor sobre a aprendizagem e

sobre todo um grupo de alunos, aplicando-se a ideia de homogeneidade do

saber das crianças. Isto, baseando no principio de que o professor ensina e o

aluno devolve a informação.

Outro desdobramento desse drama é o registro de resultados (notas,

conceitos, relatórios, etc.). Avaliar e registrar também são processos distintos.

Um não impede o outro. A grande questão não está na forma de registro, mas

sim em como encaramos esses registros, o que fazemos com eles. A

organização da escola e a sociedade como um todo exige que se registre os

resultados obtidos através de instrumentos de medida (provas, testes,

pesquisas, projetos, etc.). É preciso saber sobre a serviço de quê e d quem é

dado o tratamento aos registros feitos constantemente. Na maioria das vezes

utiliza-se as medias como instrumento de registro final. Encara-se a nota como

algo fixo, imutável, que deverá fazer parte da história do aluno para todo o

sempre. Luckesi nos esclarece brilhantemente essa questão:

Por exemplo, quando um estudante tem um desempenho insatisfatório

numa prova de uma determinada unidade de ensino e obtém uma nota 2,0

(dois), nós professores lhe aconselhamos estudar um pouco mais e submeter-

se a uma nova prova. Então, ele faz isso e nesta segunda oportunidade, obtém

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nota 10,0 (dez). Qual será a nota final dele? Certamente será 6,0, que é a

média entre os 2,0 inicial e o 10 final. Mas, por que não 10,0, se foi essa a

qualidade que ele manifestou na segunda oportunidade? Antes, ele não sabia,

porém, agora, sabe. Não atribuímos o 10 a ele, devido ao fato de ter obtido

dois antes. Esse 2 era definitivo, de tal forma que não nos possibilitou atribui-

lhe o 10, apesar de ter manifestando essa qualidade plenamente satisfatória

em sua aprendizagem. (LUCKESI, 2000, p.3).

As propostas curriculares atuais, bem como a legislação vigente, primam

por conceder uma grande importância a avaliação, reiterando que ela deve ser:

continua, formativa e personalizada, concebendo-a como mais um elemento do

processo de ensino aprendizagem, o qual nos permite conhecer o resultado de

nossas ações didáticas e, por conseguinte, melhora-las. Analisando-se as

propostas pedagógicas das escolas, os planos escolares, os regimentos

escolares, todos eles pertencentes ao plano das ordenações legais, pode-se

afirmar que esse conceito de processo de avaliação encontra-se presente na

maioria deles. Essas ideias, presentes no papel e no discurso formal de muitos

docentes, precisam, porém, concretizarem-se e desenvolverem-se para

modificar as práticas cotidianas (as quais infelizmente divergem do discurso e

dos papeis) para uma direção inovadora que traga um aumento da qualidade

do ensino.

Perrenoud (1999, p.156) coloca que “o sistema tradicional de avaliação

oferece uma direção, um parapeito, um fio condutor; estrutura o tempo escolar,

mede o ano, dá pontos de referencia, permite saber se há um avanço na tarefa,

portanto, se há cumprimento do seu papel”.

Quando avalia, o professor o faz a partir de suas concepções, seus

valores, expectativas e tambem a partir das determinações do contexto

(institucional), sendo que muitas vezes nem ele próprio tem muita clareza ou

mesmo sabe explicitar estes dados considerados na avaliaçao dos alunos. As

avaliações realizadas nas escolas decorrem, portanto, de concepções diversas,

das quais nem sempre se tem clareza dos seus fundamentos. O sistema

educacional apoia-se na avaliaçao classificatória com a pretensão de verificar

aprendizagem ou competências através de medidas, de quantificações. Este

tipo de avaliaçao pressupõe que as pessoas aprendem do mesmo modo, nos

mesmos momentos e tenta evidenciar competências isoladas. Ou seja,

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algumas, que por diversas razoes tem maiores condições de aprender,

aprendem mais e melhor. Outras, com outras características, que não

respondem tão bem ao conjunto de disciplinas, aprendem cada vez menos e

são muitas vezes excluídos do processo de escolarização.

Transformar a prática avaliativa significa questionar a educação desde

as suas concepções, seus fundamentos, sua organização, suas normas

burcraticas. Significa mudanças conceituais, redefinição de conteudos, das

funções docentes, entre outras.

Neste momento, o que se propõe é uma reestruturação interna na

escola quanto a sua forma de avaliação. Necessita-se, sobre tudo, de uma

avaliação contínua, formativa, na perspectiva do desenvolvimento integral do

aluno. O importante é estabelecer um diagnostico correto para cada aluno e

identificar as possíveis causas de seus fracassos e/ou dificuldades visando

uma maior qualificação da aprendizagem.

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Conclusão

Pode-se perceber que, a avaliação vem desempenhando ao longo do

tempo uma função seletiva e classificatória.

O fato de a avaliação ser pouco trabalhada pelas instituições formadoras

de docentes é sem duvidas um problema grave, pois não se pode esperar que

os professores desenvolvam bem esta capacidade, para o exercício de sua

função se não lhes forem dados embasamento teórico. A ação avaliativa

implica reflexão, planejamento e fundamentação, e isto exige conhecimento e

estudos. A resistência a mudança dá-se justamente pela falta de

conhecimento, aprofundamento maior no assunto. Daí a continuidade nesse

paradigma onde avaliar se confunde com medir, ou seja, medir o número de

informações memorizadas, decoradas, retidas, e desenvolvidas ao professor.

Outra análise permite vê que a avaliação é sempre um processo e que o que

se pretende enquanto educadores utilizá-la a serviço dos alunos, respeitando

os seus interesses e dificuldades.

A avaliação escolar é sem dúvidas alguma de suma importância, uma

vez que, é potencialmente o instrumento a ser usado na construção ou no

pleno desenvolvimento do modelo de atuação escolar. Se conduzida com

caráter reflexivo e, na medida em que sirva de termômetro a identificar as

carências apresentadas pelos alunos, no decorrer do período letivo, serve

como balizador, para que possa o professor, tomar certas decisões ou executar

modificações e reforços que favoreçam o desenvolvimento necessário ao

alcance pleno dos objetivos planejados.

É preciso um rompimento com o modelo tradicional de avaliação, que

fuja da aplicação de provas como mediador de conhecimentos e ainda, que se

instale um novo modelo, onde o aluno seja acompanhado e estimulado

constantemente, podendo assim ser avaliado, também constantemente, em

função da construção em si dos conhecimentos que tenha sido capaz de auferir

e processar. O que deve ser modificado, antes de qualquer outra questão, é a

verdadeira função da avaliação no contexto escolar. Enquanto for realizada

com a intenção única de atribuir ao aluno, não contribui para um maior

desenvolvimento dos envolvidos em sua confecção, mas ao contrário até, pode

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ser um dos fatores geradores de um maior índice, tanto de evasão como de

reprovação escolar.

É fundamental que se tenha uma visão sobre o aluno como um ser

social e político, capaz de atos e fatos, dotado de um grande potencial, e em

conformidade com o senso crítico, sujeito de seu próprio desenvolvimento.

Somente uma avaliação levada a termo de forma adequada, é capaz de

favorecer o desenvolvimento crítico pleno ou a construção perfeita da

autonomia.

E para mudar, é preciso vencer alguns medos e romper certas

resistências. Bem sabemos que o medo, a apreensão e a resistência dos

docentes existem, especialmente quando se trata de efetivar uma prática

diferente, com objetivos de transformação do ensino/aprendizagem e da

avaliação. Entretanto, as mudanças que precisam ser feitas, exigem que o

professor seja um dos protagonistas, isto é, um “personagem-chave” no

processo de transformação.

Desse modo, quando existir por parte do professor o desejo da

transformação, um grande passo já estará dado. Se o professor deseja abrir

mão da avaliação, poderá estar sendo sinalizada uma possível mudança de

postura e dos rumos em sua prática docente.

A partir desse trabalho pretendo contribuir para a melhoria da prática

avaliativa como mecanismo de diagnóstico da situação, tendo em vista o

crescimento e o avanço dos educandos.

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BIBLIOGRAFIA

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