inspirações à política de preservação

544
Da Tutela dos Monumentos à Gestão Sustentável das Paisagens Culturais Complexas: Inspirações à política de preservação cultural no Brasil UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Arquitetura e Urbanismo São Paulo, 2014 por Vanessa Gayego Bello Figueiredo sob orientação do Prof. Dr. Eduardo Alberto Cusce Nobre

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  • Da Tutela dos Monumentos Gesto Sustentvel das Paisagens Culturais Complexas:

    Inspiraes poltica de preservao cultural no Brasil

    UNIVERSIDADE DE SO PAULO Faculdade de Arquitetura e Urbanismo So Paulo, 2014

    por Vanessa Gayego Bello Figueiredo

    sob orientao do Prof. Dr. Eduardo Alberto Cusce Nobre

  • Vanessa Gayego Bello Figueiredo

    Da Tutela dos Monumentos Gesto Sustentvel das Paisagens Culturais Complexas:

    inspiraes poltica de preservao cultural no Brasil

    Tese apresentada

    Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    para obteno do ttulo de Doutora

    rea de concentrao:

    Planejamento Urbano e Regional sob orientao do Prof. Dr. Eduardo Alberto Cusce Nobre

    So Paulo, 2014.

  • AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL

    DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU

    ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE

    CITADA A FONTE.

    ASSINATURA:

    E-MAIL: [email protected]

    EXEMPLAR REVISADO E ALTERADO EM RELAO VERSO

    ORIGINAL, SOB RESPONSABILIDADE DO AUTOR E ANUNCIA DO

    ORIENTADOR.

    O original se encontra disponvel na sede do programa.

    So Paulo 20 de julho de 2014.

    Figueiredo, Vanessa Gayego Bello F475d Da Tutela dos Monumentos Gesto Sustentvel das Paisagens Culturais Complexas: inspiraes poltica de preservao cultural no Brasil / Vanessa Gayego Bello Figueiredo. So Paulo, 2014. 542 p.: il. Tese (Doutorado rea de Concentrao: Planejamento Urbano e Regional) FAUUSP. Orientador: Eduardo Alberto Cusce Nobre. 1.Patrimnio cultural (Preservao) 2.Polticas pblicas 3.Paisagem cultural 4.Gesto sustentvel I Ttulo CDU 7.025.3

  • Folha de Aprovao

    Vanessa Gayego Bello Figueiredo

    Da Tutela dos Monumentos Gesto Sustentvel

    das Paisagens Culturais Complexas: inspiraes

    poltica de preservao cultural no Brasil

    Tese apresentada

    Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

    da Universidade de So Paulo

    para obteno do ttulo de Doutora em

    Planejamento Urbano e Regional

    Defendida e aprovada em:

    _______________________

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Eduardo Alberto Cusce Nobre FAU USP

    Julgamento: Assinatura:

    Prof(a). Dr(a) Instituio:

    Julgamento: Assinatura:

    Prof(a). Dr(a) Instituio:

    Julgamento: Assinatura:

    Prof(a). Dr(a) Instituio:

    Julgamento: Assinatura:

    Prof(a). Dr(a) Instituio:

    Julgamento: Assinatura:

  • Ao Wagner, Vital e Vincius,

    pela complexidade da experincia do amor,

    pelas emoes e contradies das paixes,

    pelo desafio da convivncia,

    pela simplicidade da vida cotidiana,

    pela ensinncia e pelo aprendizado,

    nossa divina existncia, juntos.

  • Este trabalho foi realizado com apoio da Coordenao de

    Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES)

    Agradecimentos

    Ao Wagner, Vital e Vincius,

    pelas noites sem fim,

    pelos dias sem mim.

    minha me Mara Regina,

    irm Erica, madrinha Anemlia

    e afilhada Paola, pelo apoio, ateno e carinho.

    Ao meu pai, mesmo ausente, sempre presente.

    Ao meu orientador, professor Eduardo Nobre, pela rara oportunidade

    da liberdade, da autonomia, da escuta e do companheirismo, no

    enfrentamento deste tema to caro e ainda pouco trilhado.

    Aos professores e professoras: Marly Rodrigues, por ter lanado as sementes, que ainda hoje florescem; Nestor Goulart, pelo peso dos seus saberes e a leveza de suas anedotas; Nabil Bonduki, pela coragem e exemplo na conexo entre a vida acadmica e poltica; Simone Scifone e Flvia Brito, pela lucidez, competncia e paixo na luta pela democratizao do patrimnio; Nadia Somekh, pela partilha das angstias, experincias e aspiraes e pela disposio em comear a trilhar o caminho; Malu Refinetti, orientadora sempre, mesmo quando distante; Martin Gegner, pela troca de nossas experincias poltico-culturais; Mrcia Santanna, pela generosidade em partilhar seu primoroso trabalho; Flvio Carsalade, pela imensa contribuio ao campo, pela ateno, pelo debate, questionamento e exemplo entre a teoria e a prtica; Aos companheiros do IPHAN pela disposio, pela troca, pelo aprendizado e pela competncia, especialmente Luis Fernando de Almeida, Jurema Machado, Weber Sutti, Anna Finger, Jos Cavalcanti, Mnica Mongelli, George da Guia, Marcelo Brito, Robson de Almeida, Andrey Schlee, Victor Hugo, Soneca e, sobretudo, Jos Saia, pela presena e ensinamentos. Aos moradores, empreendedores e simpatizantes de Paranapiacaba, que, com sua sempre aguerrida participao, tornaram possvel a construo desta experincia, em especial Edu Pin, Edna, Zlia, Alzira, Amia, Wal, Antnio Lus, Benilde, Vera, Ivanise, Dona Lourdes, Dona Francisca, Gersino, Beto, a toda a juventude do PJ e os restauradores da Cooperativa, Portuga e Doel (ambos in memoriam). Aos amigos e companheiros de trabalho da Prefeitura de Santo Andr pela oportunidade do dilogo dos saberes, da tica da outridade e da construo conjunta, em especial Joo Avamileno, Joo Ricardo, Cludio Malatesta e Moretto pela confiana e seriedade, e aos amigos Gilson Lameira, Vanessa Valente, Ruth Ramos, Deise Brumati, Leandro Wada, Daniela Pin, Ricardo di Giorgio, Sergio Bombachini, Elisson Costa, Newton Gonalves, Mercedes, Ccero, Maria Emlia, Maurlio e Daniel Yuhasz, pela competncia, simbiose, paixo e luta.

  • Uma vida, a morte.

    A matria, uma aura.

    Uma parte, o todo.

    O fixo, um movimento.

    Uma linha, o horizonte.

    A causa, um efeito.

    Uma ordem, o progresso.

    A determinao, um resultado.

    O esttico, uma ao.

    Um sentimento, a razo.

    O bem, um mal.

    Um objetivo, o resultado.

    A quantidade, uma qualidade.

    Um passado, o futuro.

    A natureza, uma cultura.

    Uma histria, a esttica.

    O ideal, um real.

    Uma mquina, o previsvel.

    A separao, uma reduo.

    Uma luz, a cincia.

    O fechado, uma certeza.

    Uma revelao, o oculto.

    O objeto, um sujeito.

    Um preto, o branco.

    A oposio, uma dialtica.

    Um olhar, a escolha.

    A explicao, um dogma.

    O ditador, um ditame.

    Patrimnio, logo monumento.

    Preservao, logo tutela.

    (inspirado em Descartes)

    Nos elementos, organismos, conjuntos sistemas,

    No contexto, na estrutura, na relao, na organizao complexidade,

    Objetos, aes, interaes, integraes, retroalimentaes,

    Multiplicidade, dinmica, instabilidade, anacronismos, incerteza,

    Tanto mais, quanto menos?

    No real, evidncias, existncias; no ser, luz, sombra, cinzas;

    Na convergncia, simbiose; na compreenso, cooperao,

    Numa contradio, antagonismos; no conflito, disputas,

    Ego, luta, ganncia, competio,

    tica, solidariedade, outridade, comunho,

    Atrao, repulso; paixes, razes, afeto e fato negociao...

    Vidas, (con)vivncias, olhares, experimentos, memrias, experincias,

    Comunicaes, troca, interpretaes, aspiraes sinapse,

    Passado, presente, futuro objetivo, subjetivo; pblico, privado,

    Nessa nossa instabilidade aberta: ns, erros, rudos, iluses o caos.

    No paradoxo, interpolaes; no imprevisvel, perspectivas;

    Na ambiguidade, dialgicas; no risco, oportunidades desafio,

    Na homogeneizao, resistncia, sobrevivncia,

    No global, espetculo, cenrios, alegorias, erupes;

    No local, lugares, cotidianos, usos, smbolos, apropriaes, tradies;

    No pensamento, contestao, sentimento, reflexo, catarse:

    Na brecha, um acaso, um atrator o hbrido,

    Nessa mestiagem criativa, o novo de novo! com pitada de velho!

    Na vida, na sociedade, metamorfoses (ambulantes) (r)evolues?

    Apocalipse, mutao, inveno, fecundidade, gnese, regenerao,

    (Cons)cincia conhecimento, essncia, sabedoria conscilincia,

    Uma inspirao utpica: imperfeita, (auto)crtica, possvel,

    No caminho de um constante devir e rever ...

    Patrimnio, diversidade cultural complexa;

    Preservao, fomento, fruio e transformao social ...

    (inspirado em Morin)

  • Nota:

    A vida humana est tecida de prosa e poesia.

    A poesia no s um gnero literrio,

    tambm um modo de viver a participao,

    o amor, o fervor, a comunho, a exaltao, o rito,

    a festa, a embriaguez, a dana, o canto

    que transfiguram definitivamente a vida prosaica

    feita de tarefas prticas, utilitrias e tcnicas.

    Assim, o ser humano fala duas linguagens a partir de sua lngua.

    A primeira denota, objetiva,

    funda-se na lgica do terceiro excludo.

    A segunda fala atravs da conotao,

    dos significados contextualizados

    que rodeiam cada palavra,

    das metforas, das analogias,

    tenta traduzir emoes e sentimentos,

    permite expressar a alma. [...] No estado potico, o segundo estado se converte em primeiro.

    Edgar Morin (2002, s.p.)

  • Da Tutela dos Monumentos Gesto

    Sustentvel das Paisagens Culturais Complexas:

    inspiraes poltica de preservao cultural no Brasil

    RESUMO

    O trabalho analisa a trajetria de construo dos

    conceitos de patrimnio vinculados s politicas de

    preservao cultural. Estuda as polticas desenvolvidas

    pelo IPHAN, pela UNESCO e pelos municpios de So

    Paulo e Santo Andr. A partir delas, identifica, no Brasil,

    trs modelos de gesto, um referenciado na concepo

    de monumento, outro na de patrimnio cultural e o

    terceiro na de paisagem cultural. Defende, ora, o

    alinhamento desta ltima abordagem, como conceito,

    s formulaes da teoria da complexidade, visando

    inspirar a construo de um sistema sustentvel de

    gesto, ancorado no compartilhamento

    interinstitucional, na integrao disciplinar e na

    participao cidad.

    Palavras-chave: Paisagem cultural complexa.

    Polticas de preservao do patrimnio cultural.

    Polticas pblicas integradas. Gesto sustentvel.

    Guardianship of Monuments to Management

    Sustainable of Complex Cultural Landscapes:

    inspirations for cultural preservation policy in Brazil

    ABSTRACT

    This thesis analyzes the construction of heritage

    concepts related to cultural preservation policies. It

    examines the policies pursued by IPHAN, UNESCO

    and the municipalities of SP and SA. Then, it

    identifies, in Brazil, three management models: one

    referenced on the notion of monument, another in

    the design of cultural heritage and the last one in

    the cultural landscape. It assumes the alignment of

    the latter approach, as a concept, with

    the complexity theory formulation, aiming to

    support a sustainable management

    system construction, based on interinstitutional

    sharing, disciplinary integration and citizen

    participation.

    Keywords: Complex cultural landscape.

    Cultural heritage preservation policies.

    Integrated public policies. Sustainable management.

  • Sumrio

    Apresentao

    27

    Captulo 1 Dos Monumentos s Paisagens Culturais:

    conceitos e aes em (re)construo

    47

    1.1. Conceitos e Aes Clssicas:

    a dimenso material do patrimnio e os valores esttico, artstico e histrico

    49

    Os monumentos, o patrimnio histrico e artstico e o restauro arquitetnico

    Debates e embates em torno da noo de patrimnio urbano

    Stio, cidade e centro: histricos

    51 66 78

    1.2 Conceitos e Aes Contemporneas:

    a dimenso imaterial do patrimnio e a diversidade de valores

    Patrimnio cultural, natural, imaterial e industrial:

    ampliaes e dicotomias

    95

    95

    1.3. Paisagem Cultural: um conceito dialgico

    109

    Revisitando a noo ocidental de paisagem A institucionalizao da ideia de paisagem cultural

    Paisagem cultural e paisagem histrica urbana no mbito do Centro do Patrimnio Mundial

    110 112 116

    139 Captulo 2

    Polticas, Estruturas e Instrumentos no Brasil: da tutela rumo gesto sustentvel

    141

    2.1. O IPHAN do sculo XX: monumento, tombamento e tutela em trs fases

    143 157 168

    184

    188 202 207 210 228

    Monumento nacional, musealizao e restauro Cidades tursticas, planos urbanos e desenvolvimento regional Conceitos em disputa e competncias concorrentes

    2.2. O IPHAN do sculo XXI: a diversidade cultural em quatro frentes e o Sistema Nacional do Patrimnio As Cidades histricas, o financiamento e o tombamento O patrimnio intangvel e o registro O patrimnio ferrovirio e sua lista A paisagem cultural e a chancela Construindo o Sistema Nacional do Patrimnio Cultural

    247 2.3. Integraes necessrias: outorga de valor e instrumentos urbansticos

    247

    A tutela do monumento e a gesto urbana: entraves e hiatos na experincia paulistana recente

  • Captulo 3 Da Tutela do Monumento Histrico

    Gesto Sustentvel da Paisagem Cultural:

    a experincia de Paranapiacaba

    261

    3.1. O Reconhecimento Institucional como

    Monumento Histrico

    267

    Sobre a Vila Ferroviria de Paranapiacaba A Outorga de Valor e os Primeiros Planos de Preservao

    267 278

    3.2. A Gesto Sustentvel da Paisagem Cultural

    288

    A Descentralizao Administrativa O Programa de Desenvolvimento Local Sustentvel:

    O Turismo comunitrio O Desenvolvimento social e a participao cidad

    A Conservao ambiental A Preservao cultural e o Planejamento urbano

    288 293 295 308 315 321

    3.3. Continuidades e Rupturas Legados e lies

    Continuidades e Rupturas ps-pleito eleitoral Legados e Lies Gesto Pblica

    379 380 402

    407

    Captulo 4 Inspiraes Poltica de Preservao Cultural no Brasil

    409 415 423

    429 429 440

    4.1. A preservao cultural hoje, dois modelos de gesto vigentes: A poltica tradicional centrada no monumento A poltica contempornea centrada no patrimnio cultural

    4.2. Inspiraes a um novo paradigma: a gesto sustentvel da paisagem cultural complexa A paisagem cultural complexa: um conceito,no uma categoria Uma proposta para a gesto sustentvel: princpios, mtodos, estruturas e instrumentos

    459 471

    Referncias Bibliogrficas Anexos

    Anexo 1 Quadro-sntese: evoluo do conceito de patrimnio Anexo 2 Paisagens Culturais inscritas na lista do Patrimnio Mundial da UNESCO 1992-2012 Anexo 3 Quadro-sntese: o IPHAN em perodos Anexo 4 Lista de bens tombados pelo IPHAN 1968-2012 Anexo 5 Cronologia da estruturao do IPHAN e da poltica nacional de patrimnio cultural Anexo 6 Processo de descentralizao administrativa do IPHAN Anexo 7 Estruturao das Instituies Estaduais e Municipais para preservao do Patrimnio Cultural no Brasil Anexo 8 Lista do Patrimnio Cultural Ferrovirio Anexo 9 Quadro-sntese: as fases de gesto em Paranapiacaba Anexo 10 Lei n 9.018/07 ZEIPP Paranapiacaba/Santo Andr Anexo 11 Quadro-sntese dos trs modelos de gesto: monumento; patrimnio cultural; paisagem cultural complexa

  • Lista de Tabelas Captulo 1

    P.

    Tabela 1 Sntese da Teoria dos Valores de Alois Riegl (1903) 55

    Tabela 2 Critrios de Valor Excepcional Universal para nomeao na lista

    do Patrimnio Mundial UNESCO

    98

    Tabela 3 Classificao das Paisagens Culturais - UNESCO (1992-2012) 124

    Tabela 4 Reunies de Especialistas sobre Paisagem Cultural - UNESCO 129

    Captulo 2

    Tabela 1 Bens Tombados pelo IPHAN por tipo (FASE 1: 1937-1967) 148

    Tabela 2 Bens Tombados pelo IPHAN por valor (FASE 1: 1937-1967) 149

    Tabela 3 Bens Tombados pelo IPHAN por data (FASE 1: 1937-1967) 149

    Tabela 4 Estrutura Administrativa do IPHAN na FASE 1: 1937-1967 150

    Tabela 5 Bens Tombados pelo IPHAN por tipo (FASE 2: 1968-1979) 159

    Tabela 6 Bens Tombados pelo IPHAN por valor (FASE 2: 1968-1979) 159

    Tabela 7 Instituies Estaduais de Patrimnio (1960-1979) 162

    Tabela 8 Estrutura do IPHAN (SPHAN) na FASE 2: 1968-1979 164

    Tabela 9 Bens Tombados pelo IPHAN por tipo (FASE 3: 1980-1999) 170

    Tabela 10 Bens Tombados pelo IPHAN por valor (FASE 3: 1980-1999) 170

    Tabela 11 Estrutura do IPHAN (SPHAN) na FASE 3: 1980-1999 177

    Tabela 12 Instituies Estaduais de Patrimnio (1980-1999) 177

    Tabela 13 Instituies Municipais de Patrimnio (1980-1999) 178

    Tabela 14 PAC-CH 2: previso de investimentos por rea 195

    Tabela 15 PAC-CH 2: lista de cidades beneficiadas 195

    Tabela 16 Bens Tombados pelo IPHAN por tipo (FASE 4: 2000-2012) 200

    Tabela 17 Bens Tombados pelo IPHAN por valor (FASE 4: 2000-2012) 200

    Tabela 18 Bens Imateriais Registrado pelo IPHAN entre 2002 e 2013 203

    Tabela 19 Paisagens Culturais chanceladas ou em estudo no IPHAN 225

    Tabela 20 Estrutura do IPHAN na FASE 4: 2000-atual 230

    Tabela 21 Instituies Estaduais de Patrimnio (2000-2013) 234

    Tabela 22 Instituies Municipais de Patrimnio (2000-2013) 238

    Captulo 3

    Tabela 1 Nmero mensal de visitantes registrado aos finais de semana e

    feriados na Vila de Paranapiacaba 2002/2008

    303

    Tabela 2 Indicadores do Turismo Pedaggico, visitaes realizadas em dias

    da semana em 2007 e 2008 na vila de Paranapiacaba

    304

    Tabela 3 Evoluo Demogrfica na Vila de Paranapiacaba 314

    Tabela 4 Trilhas do Parque Nascentes de Paranapiacaba 317

    Tabela 5 Primeira Fase de Restauros ou Reformas do Patrimnio Material

    em Paranapiacaba (2001-2005)

    323

    Tabela 6 Composio da Comisso da ZEIPP, 2006 327

    Tabela 7 Zoneamento: definio de usos e estoques (Lei n 9.018/07) 332

    Tabela 8 Emisso sonora permitida por zona (Lei n 9018/07 ZEIPP) 335

    Tabela 9 Solicitaes e execues de obras de manuteno ou adaptao

    de imveis pelos permissionrios

    347

    Tabela 10 Segunda Fase de Intervenes no Patrimnio Material em

    Paranapiacaba (2006-2008): restauros, manuteno, adaptao,

    atualizao tecnolgica, novas construes e infraestrutura urbana

    352

    Tabela 11 Balano dos Investimentos no Patrimnio Material (2001-2008) 371

    Tabela 12 Balano das licitaes para ocupao de imveis, 2005-2008 373

    Tabela 13 Balano dos empreendimentos fechados e abertos na gesto

    2009-2012

    382

    Tabela 14 Paranapiacaba: aes previstas no PAC-CH I, 2010 386

    Tabela 15 Paranapiacaba: aes previstas no PAC-CH II, 2013

    397

  • Captulo 4

    Tabela 1 Caractersticas do Modelo Tradicional de Gesto da Preservao

    Cultural no Brasil

    422

    Tabela 2 Caractersticas do Modelo Contemporneo de Gesto da

    Preservao Cultural no Brasil

    427

    Tabela 3 Instrumentos para a gesto da paisagem cultural 450

    Tabela 4 Caractersticas do Modelo Sustentvel de Gesto da Preservao

    Cultural no Brasil

    458

    Lista de Mapas Captulo 2

    P.

    Mapa 1 Colnias de imigrantes alemes, poloneses e italianos (SC) 219

    Mapa 2 Patrimnio da Imigrao em Santa Catarina 221

    Mapas 3 e 4 Permetro da Chancela da Paisagem Rural de Testo Alto

    (Pomerode) e Rio da Luz (Jaragu do Sul) em 2011

    222

    Mapa 5 Data de Abertura das Instituies Estaduais de Patrimnio 234

    Mapa 6 Bens arquitetnicos tombados isoladamente pelos rgos

    estaduais

    235

    Mapa 7 Conjuntos Urbanos tombados pelos rgos estaduais 235

    Mapa 8 Programas de Incentivo Fiscal e Aes de Fomento dos Estados

    brasileiros preservao do patrimnio cultural

    237

    Mapa 9 Conselhos e Legislao Municipal de Patrimnio 239

    Mapa 10 CONPRESP Resoluo n 37/1992. Vale do Anhangaba 254

    Mapa 11 CONPRESP Resoluo n 17/2007. Centro Velho Tringulo

    Histrico S

    255

    Mapa 12 Plano Regional Estratgico Subprefeitura da S. Mapa 5 -

    Desenvolvimento Urbano.

    257

    Mapa 13 Plano Regional Estratgico Subprefeitura da S. Mapa 4 Uso e

    Ocupao do Solo

    258

    Captulo 3

    Mapa 1 Diferentes Ncleos Urbanos da Vila de Paranapiacaba 276

    Mapa 2 Permetros dos tombamentos estadual, federal e municipal 284

    Mapa 3 Reserva da Biosfera do Cinturo verde de So Paulo zoneamento

    (RBCV): em verde escuro as zonas ncleo

    287

    Mapa 4 rea administrada pela Subprefeitura de Paranapiacaba e Pq.

    Andreense (laranja) e rea urbana de Santo Andr (roxo)

    289

    Mapa 5 Circuito Museolgico de Paranapiacaba 2008 305

    Mapa 6 Unidades de Conservao no Entorno da Vila de Paranapiacaba 315

    Mapa 7 Mapeamento das trilhas no Parque Nascentes de Paranapiacaba 316

    Mapa 8 Parque Nascentes de Paranapiacaba: hipsometria 2008 318

    Mapa 9 Parque Nascentes de Paranapiacaba: geologia, 2008 319

    Mapa 10 Parque Nascentes de Paranapiacaba: zonas de manejo 2008

    320

    Mapa 11 Macrozoneamento estabelecido pelo Plano Diretor Participativo

    de Santo Andr em 2004

    325

    Mapa 12 Paranapiacaba: Uso do Solo em 1999 331

    Mapa 13 Paranapiacaba: Uso do Solo em 2006 331

    Mapa 14 Paranapiacaba: Zoneamento (Lei n 9.018/2007 ZEIPP) 331

    Mapa 15 ZEIPP - Circulao viria 335

    Mapa 16 Tipologias Habitacionais em Paranapiacaba, Inventrio 2006-2008. 338

    Mapa 17 Imveis Recuperados em Paranapiacaba (2001-2008) 371

    Mapa 18 Permetro proposto Lista Indicativa do IPHAN ao patrimnio

    mundial UNESCO 2008

    376

  • Lista de Grficos Captulo 2

    P.

    Grfico 1 Investimentos do IPHAN por fonte de recursos (2000-2010) 187

    Captulo 3

    Grfico 1 Empreendimentos em Paranapiacaba (2001-2008)

    305

    Lista de Imagens Captulo 1

    P.

    Imagem 1 Paisagem Claramente Definida: Sintra, muralhas no entorno do

    Castelo dos Mouros Portugal (1995). Autor: Tlumaczeniowa

    118

    Imagem 2 Paisagem Claramente Definida: Sintra, Palcio Nacional 118

    Imagem 3 Paisagem Relquia: Rota do Incenso-Cidades do Deserto de

    Negev, Israel (2005)

    119

    Imagem 4 Paisagem Contnua: Cinque Terre, Itlia (1997) 119

    Imagem 5 Paisagem Associativa. Montanha Sagrada do Parque Nacional

    Uluru-KataTjuta, Austrlia (2002)

    120

    Imagem 6 Floresta Sagrada de Osun-Osogbo, Nigria (2005) 120

    Imagem 7 Floresta Sagrada de Osun-Osogbo, Nigria (2005) 120

    Imagem 8 Paisagem rural agrcola: Terraos de Arroz, Philipinas (1995) 121

    Imagem 9 Paisagem rural agrcola: Viales (ncleo urbano), Cuba (1999) 121

    Imagem 10 Vale do Loire - Chinon, Frana (2000). Autor: Touriste 121

    Imagem 11 Hallstatt-Dachstein Salzkammergut, ustria (1997) 122

    Imagem 12 Paisagem urbana e rural, com arquitetura vernacular:

    Paisagem do Ncleo Urbano do Lago Fert/Neusiedlersee, ustria e

    Hungria (2001)

    122

    Imagem 13 Arquitetura vernacular das aldeias ribeirinhas na Paisagem do

    Lago Fert/Neusiedlersee, ustria e Hungria (2007)

    122

    Imagem 14 Paisagem e patrimnio natural: Curonian Spit, Lituania/Rssia

    (2000)

    123

    Imagem 15 Paisagem e patrimnio natural: Pirineus - Mont Perdu, Frana

    e Espanha (1999)

    123

    Imagem 16 Paisagens com forte dimenso imaterial: Vat Phou, Lao (2001) 123

    Imagem 17 Paisagem com formaes montanhosas de grande expresso:

    Le Morne nas Ilhas Mauritius, (2008)

    124

    Imagem 18 Paisagens com valores arqueolgicos: Vale de Bamiyan,

    Afeganisto (2003)

    125

    Imagem 19 Lavaux Vineyard Terraces, Sua (2007) 125

    Imagem 20 Paisagem Cultural de Saint Emilion, Frana (1999) 125

    Imagem 21 Wachau, ustria (2000) 126

    Imagem 22 Ilha do Pico, paisagem urbana com o vulco ao fundo, Portugal

    (2004)

    126

    Imagem 23 Ilha do Pico, Portugal (2004): cultura vincola 126

    Imagem 24 Paisagem rural agrcola: Paisagem Cultural do Agave, Mxico

    (2006)

    126

    Imagem 25 Paisagem Cultural de Bali, Indonsia (2012). Terraos de cultivo

    de arroz e sistema subak de irrigao

    126

    Imagem 26 Arquitetura Monumental na Paisagem Cultural de Bali, Indonsia

    (2012)

    127

    Imagem 27 Arquitetura Vernacular na Paisagem Cultural de Koutammakou,

    Togo (2004)

    127

    Imagem 28 Parque Nacional de Lushan, China (2010) 127

    Imagem 29 Stios sagrados e rotas de peregrinao do Monte Kii, Japo

    (2004)

    128

    Imagem 30 Paisagem Ferroviria da Rhaetian Railway no Lago Bianco (Itlia 128

  • e Sua, 2008)

    Imagem 31 Tneis e pontes da Rhaetian Railway 129

    Imagem 32 Paisagem Industrial de Blaenavon (valor arqueolgico), Reino

    Unido (2000)

    129

    Imagem 33 Cidade Mineira de Rros, Noruega (2010) 133

    Imagem 34 Runas Astecas na Cidade do Mxico (2008) 133

    Imagem 35 Paisagem urbana com fortes atributos naturais, paisagsticos,

    imateriais e monumentos: Paisagem Cultural do Rio de Janeiro, Brasil (2012).

    138

    Captulo 2

    P.

    Imagem 1 Requalificao da Orla de Corumb 190

    Imagem 2 Ofcio da Paneleiras de Goiabeiras, Vitria, Esprito Santo 203

    Imagem 3 Arte Kusiwa (AP) 203

    Imagem 4 Arte Kusiwa (AP) 203

    Imagem 5 Feira de Caruaru (PE) 205

    Imagem 6 Samba de Roda do Recncavo Baiano 205

    Imagem 7 Ritual Yaokwa do Povo Indgena Enawene Nawe (MT) 206

    Imagem 8 Casas de Turma de Maraj (SC) 209

    Imagem 9 Casas de Turma de Maraj (SC) 209

    Imagem 10 Jangadeiros de Fortaleza (CE) 216

    Imagem 11 Trapiche em Camocim (CE) 216

    Imagem 12 Patrimnio naval em Elesbo (AP) 216

    Imagem 13 Patrimnio naval em Elesbo (AP) 216

    Imagem 14 Canoa de Tolda no Rio So Francisco 217

    Imagem 15 Saveiros na Baa de Todos do Santos, Salvador (BA) 217

    Imagem 16 Jangada de Dois Mastros em Pitimbu (PB) 218

    Imagem 17 Abrigos caiaras em Pitimbu (PB) 218

    Imagem 18 Paisagem Cultural Rural no Vale do Itaja (SC) 219

    Imagem 19 Vila Itoupava em Blumenau (SC), ainda sem chancela ou 220

    tombamento federal

    Imagem 20 Stio Tribess, Pomerode, tombado em 2007 e chancelado em

    2011, dentro do permetro de Testo Alto

    220

    Imagem 21 Stio Tribess, Pomerode 220

    Imagem 22 Comrcio Weege e Haut, Testo Alto, Pomerode (SC) 221

    Imagem 23 Igreja da Liberdade e Cemitrio, Benedito Novo (SC) 222

    Imagens 24 e 25 Tradio culinria com uso do forno lenha 222

    Imagens 26 e 27 Tradio culinria com uso do forno lenha 223

    Imagem 28 Loteamento irregular em rea chancelada e tombada de Rio da

    Luz, Jaragu do Sul, acervo IPHAN-SC

    223

    Imagem 29 Organograma do IPHAN em 2004 229

    Imagem 30 Organograma do IPHAN em 2009 229

    Imagem 31 Princpios do SNC 241

    Imagem 32 ZEPEC-AUE: Bairro Pacaembu, 2004 251

    Imagem 33 ZEPEC-BIR: Edifcio rua Direita com Quintino Bocaiuva 252

    Imagem 34 Igreja no Largo do Paissand 252

    Imagem 35 Catedral da S e Palcio da Justia (ZEPEC-BIR); Praa da S

    (ZEPEC-APP), 2006

    252

    Imagem 36 Viaduto Santa Ifignia (ZEPEC-APP) 253

    Imagem 37 Centro de So Paulo em 1939: incio da Verticalizao 255

    Imagens 38 Praa e Igreja da S em 1938 256

    Imagem 39 Praa e Igreja da S em 1954 256

    Imagem 40 Praa e Igreja da S em 1969 256

    Imagem 41 Praa da S, nos anos 70, novo projeto paisagstico 256

    Imagem 42 Edifcio Esther, primeiro edifcio moderno e de uso misto de

    So Paulo (1936)

    256

    Imagem 43 Edifcio Martinelli 256

    http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=15776&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucionalhttp://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=15776&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucional

  • Captulo 3

    P.

    Imagem 1 Foto Area de Paranapiacaba em 1940 267

    Imagem 2 Vila Velha e Largo dos Padeiros esquerda, 1900 269

    Imagem 3 Vila Velha, Rua da Estao e Largo dos Padeiros esquerda 269

    Imagem 4 5 Patamar dos Novos Planos Inclinados da Serra, 1900 270

    Imagem 5 esquerda, o 3 Patamar dos Novos Planos Inclinados da Serra,

    1922

    271

    Imagem 6 Ptio Ferrovirio: o relgio e a terceira estao da RFFSA

    (inoperante), 2013

    271

    Imagem 7 Ptio Ferrovirio: o Museu Funicular, 2013 271

    Imagem 8 Ptio Ferrovirio. 5 mquina e guindaste ferrovirio, 2013 272

    Imagem 9 Planta da Vila Nova: Servios de gua e esgoto, 1914 272

    Imagem 10 A Vila Nova (em primeiro plano); o ptio ferrovirio (ao lado); a

    Vila Velha (ao fundo), 2006

    273

    Imagem 11 Grupo Musical Lyra em frente ao Antigo Clube Lyra, 1910 274

    Imagem 12 rea dos Canudos, ao lado a escola estadual 274

    Imagem 13 Casas de alvenaria da rua Nova e Campo Charles Miller 275

    Imagem 14 Paranapiacaba, Parte Alta, 2005 275

    Imagem 15 Parte Alta: ocupao colonial com arquitetura em madeira na

    rua Willian Speers, 2013

    276

    Imagem 16 Parte Alta: ocupao colonial com casas em alvenaria na rua

    Rodrigues Quaresma, 2013

    277

    Imagem 17 Parte Alta: Largo da Igreja, cemitrio e acesso principal, 2006 277

    Imagem 18 Rabique: ocupaes irregulares em encosta, 2013 277

    Imagem 19 Rabique: ocupaes irregulares com acesso de veculos, 2006 278

    Imagem 20 Parte Baixa da Vila, em frente ao Clube Lyra, 1999 282

    Imagem 21 Parte Baixa: imveis degradados e seus moradores, 1999 282

    Imagem 22 Parte Baixa: casas em alvenaria e comrcio, 1999 282

    Imagem 23 Parte Baixa: imvel prximo ao Campo de Futebol, 1999 282

    Imagem 24 Rua Ford: imvel com garagem improvisada, 1999 282

    Imagem 25 Parte Baixa: viela sanitria, 1999 282

    Imagem 26 Parte Baixa: imvel invadido, 1999 283

    Imagem 27 Parte Baixa: varal de roupas na viela, 1999 283

    Imagem 28 Organograma da Subprefeitura (2001-2004) 291

    Imagem 29 Organograma da Subprefeitura (2005-2008) 291

    Imagem 30 Restaurante de Moradores da Parte Alta, 2010 296

    Imagem 31 Atelier-Residncia da Dona Francisca (artes, poetisa e uma

    das mais antigas moradoras da Vila)

    296

    Imagem 32 Pousada Shambala em antiga casa de engenheiro, 2013 297

    Imagem 33 Porta aberta: Caf Bar Tradio dos Pampas, com sinalizao

    padro, 2013

    297

    Imagem 34 Logomarca Turstica de Paranapiacaba 297

    Imagem 35 Baile de Mscaras com a Banda Lira de Santo Andr no Carnaval

    de Paranapiacaba, 2011

    298

    Imagem 36 Festival do Cambuci feira de produtos artesanais no Antigo

    Mercado de Paranapiacaba, 2010

    299

    Imagem 37 Conveno das Bruxas e Magos em Paranapiacaba, 2011 299

    Imagem 38 Festival de Inverno, Show do UAKTI, Clube Unio Lyra Serrano 300

    Imagem 39 FIP - Grupos musicais da regio em show de rua 301

    Imagem 40 Festival de Inverno - Barracas de empreendedores da regio 301

    Imagem 41 Encontro e Concurso Brasileiro de Ferreomodelismo 302

    Imagem 42 Retiro de Yoga em Paranapiacaba 302

    Imagem 43 Monitores da AMA - Associao de Monitores Ambientais 303

    Imagem 44 Monitores da AMA - Associao de Monitores Ambientais 303

    Imagem 45 Circuito Museolgico: Clube Unio Lyra Serrano - exposio

    sobre a vida social articulada aos usos sociais, 2005

    306

    Imagem 46 Clube Lyra Serrano antes do restauro: fechado e com gradio 306

    Imagem 47 Clube Lyra Serrano antes do restauro: fechado e com gradio 306

    Imagem 48 Museu Funicular, 2013 306

    Imagem 49 Museu Funicular: 4 mquina, 2013 306

    Imagem 50 Maria-fumaa: locomotiva a vapor de 1867 307

    Imagem 51 Expresso Turstico da CPTM na Estao Provisria de 307

  • Paranapiacaba, 2010

    Imagem 52 Casa Fox Casa da Memria, j restaurada em 2005 311

    Imagem 53 Casa Fox antes do restauro, 1999 311

    Imagem 54 Projeto Museogrfico da Casa da Memria Ncleo de

    Memria Audiovisual da Paisagem Humana de Paranapiacaba

    311

    Imagem 55 Projeto Museogrfico da Casa da Memria 312

    Imagem56 PJ - Programa de Jovens da Reserva da Biosfera do Cinturo

    Verde de So Paulo (UNESCO) Ncleo de Paranapiacaba

    312

    Imagem 57 Parque Nascente, entrada principal, 2005 316

    Imagem 58 Parque Nascente, arborismo sobre sistema de captao e

    armazenamento de gua da Vila construdo pela SPR, 2005

    316

    Imagem 59 Centro de Visitantes de Parque em casa de engenheiro 317

    Imagem 60 Biomapa de Paranapiacaba realizado no Projeto GEPAM 319

    Imagem 61 CIT Centro de Informaes Tursticas 321

    Imagem 62 Antigo Mercado antes do restauro com as crianas jogando

    bola na praa. esquerda o Posto de Sade da Prefeitura

    322

    Imagem 63 Antigo Mercado exposies diversas do calendrio cultural 322

    Imagem 64 Castelinho antes do restauro, com a fachada Sudoeste

    degradada em funo do vento salinizado que sobre do litoral

    323

    Imagem 65 Castelinho depois do restauro, com a fachada Sudoeste

    reconstituda e iluminao, 2005

    323

    Imagem 66 Reunies da Comisso da ZEIPP no Lyra, 2006 328

    Imagem 67 Reunies da Comisso da ZEIPP no Lyra, 2006 328

    Imagem 68 Zoneamento: ASD rea de Servios Diferenciados (Hospital

    Velho, direita)

    333

    Imagem 69 Invases na Zona de Transio do Parque: ocupaes no fundo

    do lote

    333

    Imagem 70 CDARQ Centro de Documentao de Arquitetura e

    Urbanismo, em um conjunto de casas Tipo E

    337

    Imagem 71 CDARQ maquetes escala 1:10 da tcnica construtiva em

    madeira das tipologias construdas pela SPR na Vila Nova

    337

    Imagem 72 Casa de Fibrocimento 338

    Imagem 73 Casa em madeira Tipo A: planta 339

    Imagem 74 Casa em madeira Tipo A 339

    Imagem 75 Casa em madeira Tipo B: planta 339

    Imagem 76 Casa em madeira Tipo A: fachada 339

    Imagem 77 Casa em madeira Tipo E2: planta 340

    Imagem 78 Casa em madeira Tipo E2: mo-francesa reta 340

    Imagem 79 Casa em madeira Tipo X: planta 340

    Imagem 80 Casa Tipo X, com entrada lateral e banheiro interno 340

    Imagem 81 Casa em Alvenaria Isolada 341

    Imagem 82 Casa em alvenaria geminada Tipo AL1 341

    Imagem 83 Casa em alvenaria geminada Tipo AL2 341

    Imagem 84 Casas Tipo E-CDARQ: Cooperativa de Restauro em madeira. 342

    Imagem 85 Restauro-piloto das Casas Tipo E-CDARQ: Recomposio dos

    sanitrios externos

    342

    Imagem 86 Oficina da Cooperativa de Restauro: produzindo elementos

    construtivos para o banco de materiais de reposio

    342

    Imagem 87 Oficina da Cooperativa de Restauro: produzindo elementos

    construtivos para o banco de materiais de reposio

    342

    Imagem 88 Preservao da paisagem cultural: relao de cheios e vazios

    tpica da Vila Martin Smith

    343

    Imagem 89 Retirada de anexos precrios no recuo lateral 343

    Imagem 90 Retirada de anexos precrios no recuo lateral 343

    Imagem 91 Retirada de anexos precrios na Vila Velha 344

    Imagem 92 Retirada de anexos precrios na Vila Velha 344

    Imagem 93 Retirada de anexos ao fundo do Lote em Casa Tipo E2 344

    Imagem 94 Anexos em casas de alvenaria na rua Nova 344

    Imagem 95 Vista area da Vila Nova: anexos ao fundo e cercamentos 345

    Imagem 96 Guarda corpo com reutilizao de trilhos de trem 345

    Imagem 97 Garagem no recuo lateral em imvel de madeira 346

    Imagem 98 Garagem no recuo lateral em imvel de alvenaria 346

    Imagem 99 Rodeiros de carro com piso permevel 346

    Imagem 100 Galpo de Solteiros do Caminho do Hospital Velho 348

  • Imagem 101 Galpo de Solteiros Sanitrios externos danificados e

    alterados

    348

    Imagem 102 Projeto de Adaptao do Galpo de Solteiros, 2006 348

    Imagem 103 Barraco de solteiros da Vila Velha, 2013 349

    Imagem 104 Poste em concreto, 2005 350

    Imagem 105 Postes em trilho na rua Direita, 2008 350

    Imagem 106 Cruzetas cruzadas e transformador vazando, 2005 350

    Imagem 107 Novo posteamento em trilho antioxidado, 2013 352

    Imagem 108 Casa de Engenheiro da rua Rodrigues Alves antes do incndio,

    2005

    354

    Imagem 109 Casa de Engenheiro aps o incndio, 2005 354

    Imagem 110 Casa de Engenheiro lves aps o incndio, 2005 354

    Imagem 111 Projeto para recomposio de imvel rua Rodrigues Alves

    Biblioteca da EMEIF

    356

    Imagem 112 Projeto para recomposio de imvel Rua Rodrigues Alves. 356

    Imagem 113 Projeto da Casa da Rua Rodrigues Alves. Elevao frontal e de

    fundos

    357

    Imagem 114 Biblioteca Rua Rodrigues Alves, 2013 357

    Imagem 115 Projeto EMEIF, quadra coberta, biblioteca e paisagismo 358

    Imagem 116 Restauro das Casas Tipo B sede do corpo de bombeiros 359

    Imagem 117 Conjunto do Antigo Lyra da Serra, dois lados casas Tipo D,

    invadido na dcada de 1990

    359

    Imagem 118 Galpo ferrovirio na mesma quadra do Conjunto do Antigo

    Lyra da Serra, 1999

    360

    Imagem 119 Antigo Lyra parcialmente ocupado, 2005 360

    Imagem 120 Conjunto do Antigo Lyra da Serra depois da desocupao 360

    Imagem 121 Casa Tipo D, onde funcionou o Primeiro Grupo Escolar depois

    da desocupao e da recomposio

    361

    Imagem 122 Antigo Lyra: cartaz do concurso com levantamento do estado

    de conservao pela Universidade Politcnica de Torino

    361

    Imagem 123 Projeto para o Antigo Lyra, 2008 363

    Imagem 124 Antigo Lyra da Serra, obra paralisada com a edificao sem a 363

    cobertura, 2013

    Imagem 125 Antigo Lyra da Serra, obra paralisada, 2013 363

    Imagem 126 Galpo ferrovirio do conjunto do Antigo Lyra, j finalizado 363

    Imagem 127 Imagem do Largo dos Padeiros por volta de 1900 365

    Imagem 128 Largo dos Padeiros por volta de 1940 365

    Imagem 129 Largo dos Padeiros com barracas comerciais, 2005 366

    Imagem 130 Largo dos Padeiros com barracas comerciais, 2005 366

    Imagem 131 Largo dos Padeiros visto do Castelinho, 2008 367

    Imagem 132 Largo dos Padeiros visto da Parte Alta, 2013 367

    Imagem 133 Cobertura fixa do Largo dos Padeiros, 2013 367

    Imagem 134 Cobertura mvel no Largo dos Padeiros, 2013 367

    Imagem 135 Projeto para o Largo dos Padeiros, 2006 368

    Imagem 136 Paranapiacaba: Bar da Zilda 368

    Imagem 137 Antiga Padaria do Mendes, em runas, 2007 369

    Imagem 138 Antiga Padaria durante o restauro: sem soalho, 2008 370

    Imagem 139 Antiga Padaria durante o restauro: escada descoberta sobre o

    embasamento posterior, 2008

    370

    Imagem 140 Antiga Padaria depois do restauro, 2013 370

    Imagem 141 Antiga Padaria: nova rampa, 2013 370

    Imagem 142 Antiga Padaria: nova rampa, 2013 370

    Imagem 143 Antiga Padaria: internamente, 2013 371

    Imagem 144 Antiga Padaria: internamente, 2013 371

    Imagem 145 Estudo para a Candidatura de Paranapiacaba ao patrimnio

    da humanidade da UNESCO, 2008

    376

    Imagem 146 Nova estrutura administrativa da Regio de Paranapiacaba,

    2009-2012

    380

    Imagem 147 Novo Posto de Sade rua Fforde, 2013 384

    Imagem 148 Mapa com aes propostas pelo Plano de Ao das Cidades

    Histricas em Paranapiacaba, 2010

    386

    Imagem 149 Projeto para os galpes ferrovirios da PMSA 387

    Imagem 150 Produtos de cambuci elaborados pela comunidade no festival

    gastronmico de 2011

    391

  • Imagem 151 Campo de Futebol Charles Miller 397

    Imagem 152 Projeto para a recuperao do Campo Charles Miller 397

    Imagem 153 Projeto Memorial do Futebol no Campo C. Miller, antes 397

    Imagem 154 Projeto Memorial do Futebol no Campo C. Miller, depois 397

    Imagem 155 Arquibancada em madeira do Campo Charles Miller,

    restaurada em 2008

    398

    Imagem 156 Casa da rua Dr. Marun o momento do incndio 398

    Imagem 157 Casa da rua Dr. Marun depois do incndio 398

    Imagem 158 Trilhos de trem improvisados como vigas estruturais da

    plataforma de piso

    399

    Imagem 159 Trilhos de trem improvisados como vigamento de laje mista

    em concreto, onde possivelmente fora o banheiro

    399

    Imagem 160 Casa da rua Dr. Marun- Modelo tridimensional 399

    Imagem 161 Casa da rua Dr. Marun - Modelo tridimensional 399

    Imagem 162 Volumetria final do modelo tridimensional 399

    Imagem 163 Auditrio e face da parede carbonizada que ser mantida

    como testemunho do incndio

    399

    Imagem 164 Casa de Engenheiro antes do incndio (IPHAN, 7 dez. 2005) 400

    Imagem 165 Projeto para recomposio de Casa de Engenheiro aprovado

    pelos rgos estadual e municipal, conforme acordado

    400

    Imagem 166 Biblioteca depois da recomposio em 2008 (mai. 2013) 400

    Imagem 167 Projeto para recomposio de Casa de Engenheiro aprovado

    pelo IPHAN em 2007 (verso antiga)

    401

    Captulo 4

    P.

    Imagem 1 Modelo Tradicional de Gesto da Preservao cultural, centrado

    na concepo de monumento

    419

    Imagem 2 Poltica Tradicional de Preservao cultural, modelo paralelo de

    gesto das aprovaes de interveno. Fonte: elaborao da autora

    421

    Imagem 3 Modelo Contemporneo de Gesto da Preservao Cultural,

    centrado na concepo de patrimnio cultural

    424

    Imagem 4 Edgar Icaro, arteso, pensador e andarilho uruguaio trabalhando

    no Pelourinho, Salvador, 2013

    443

    Imagem 5 Edgar Icaro, arteso, pensador e andarilho uruguaio trabalhando

    no Pelourinho, Salvador, 2013

    443

    Imagem 6 Esquema de organograma proposto para um Comit Gestor

    Matricial das paisagens culturais complexas

    445

    Imagem 7 Esquema da proposta metodolgica para gesto sustentvel da

    paisagem cultural complexa

    447

    Imagem 8 Modelo vertical proposto para a gesto de aprovao de

    intervenes no patrimnio edificado tombado

    453

    Imagem 9 Modelo circular proposto para a gesto de aprovao de

    intervenes no patrimnio edificado tombado

    454

    Imagem 10 Modelo misto proposto para a gesto de aprovao de

    intervenes no patrimnio edificado tombado

    454

    Imagem 11 Modelo Proposto para a Gesto Sustentvel da Preservao

    Cultural, centrado na concepo de paisagem cultural complexa

    456

  • Lista de Siglas ABCH ASSOCIAO BRASILEIRA DE CIDADES HISTRICAS

    ABPF ASSOCIAO BRASILEIRA DE PRESERVAO FERROVIRIA

    BNH BANCO NACIONAL DE HABITAO

    CEF CAIXA ECONMICA FEDERAL

    CIAM CONGRESSOS INTERNACIONAIS DE ARQUITETURA MODERNA

    COMDEPHAAPASA CONSELHO MUNICIPAL DE DEFESA DO

    PATRIMNIO HISTRICO, ARTSTICO, ARQUITETNICO E PAISAGSTICO

    DE SANTO ANDR

    CONDEPHAAT - CONSELHO DE DEFESA DO PATRIMNIO HISTRICO,

    ARQUEOLGICO, ARTSTICO E TURSTICO DO ESTADO DE SO PAULO

    CPTM COMPANHIA PAULISTA DE TRENS METROPOLITANOS

    CNPC CONSELHO NACIONAL DE POLTICA CULTURAL

    CNRC CENTRO NACIONAL DE REFERNCIA CULTURAL

    DAC DEPARTAMENTO DE AO CULTURAL FEDERAL

    DNIT DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE

    TRANSPORTES

    EMBRATUR INSTITUTO BRASILEIRO DE TURISMO

    EMPLASA EMPRESA PAULISTA DE PLANEJAMENTO METROPOLITANO

    FAU FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA USP

    FIP FESTIVAL DE INVERNO DE PARANAPIACABA

    FNIHS FUNDO NACIONAL DE HABITAO DE INTERESSE SOCIAL

    FUPAM FUNDAO PARA A PESQUISA AMBIENTAL DA FAUUSP

    FNpM FUNDAO NACIONAL PR-MEMRIA

    IBPC INSTITUTO BRASILEIRO DO PATRIMNIO CULTURAL

    IBRAM INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS

    ICCROM CENTRO INTERNACIONAL PARA O ESTUDO DA PRESERVAO

    E RESTAURO DE BENS CULTURAIS

    ICOM INTERNACIONAL COUNCIL OF MUSEUNS

    ICOMOS INTERNATIONAL COUNCIL ON MONUMENTS AND SITES

    IUCN INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE

    IPHAN INSTITUTO DO PATRIMNIO HISTRICO NACIONAL

    LUME LABORATRIO DE URBANISMO DA METRPOLE DA

    FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA USP

    MC MINISTRIO DAS CIDADES

    MDU MINISTRIO DO DESENVOLVIMENTO URBANO E MEIO

    AMBIENTE

    MinC MINISTRIO DA CULTURA

    MMA MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE

    MS MINISTRIO DA SADE

    MTUR MINISTRIO DO TURISMO

    MSAOAG MUSEU DE SANTO ANDR DR. OCTAVIANO ARMANDO

    GAIARSA

    OEA ORGANIZAO DOS ESTADOS AMERICANOS

    PAC-CH PROGRAMA DE ACELERAO DO CRESCIMENTO DAS CIDADES

    HISTRICAS

    PCH PROGRAMA DE CIDADES HISTRICAS

    PDTUR PLANO DE DESENVOLVIMENTO TURSTICO SUSTENTVEL DE

    PARANAPIACABA

    PEO PLANEJAMENTO ESTRATGICO E OPERACIONAL DO IPHAN

    PES PLANEJAMENTO ESTRATGICO SITUACIONAL

    PIRCHIN PROGRAMA INTEGRADO DE RECONSTRUO DAS CIDADES

    HISTRICAS DO NORDESTE

    PMSA PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANDR

    PMSP PREFEITURA MUNICIPAL DE SO PAULO

    PNC PLANO NACIONAL DE CULTURA

    PNM POLTICA NACIONAL DE MUSEUS

    PPSH PLANO DE PRESERVAO DE STIOS HISTRICOS URBANOS

    PQST PROGRAMA DE QUALIFICAO DOS SERVIOS TURSTICOS DE

    PARANAPIACABA

    PRRNH PROGRAMA DE RECUPERAO E REVITALIZAO DE NCLEOS

    HISTRICOS

  • PRSH PROGRAMA DE REVITALIZAO DE STIOS HISTRICOS

    PRONAC PROGRAMA NACIONAL DE INCENTIVO CULTURA

    PRAUC PROGRAMA DE REABILITAO DE REAS URBANAS CENTRAIS

    PNPI PROGRAMA NACIONAL DO PATRIMNIO IMATERIAL

    RFFSA REDE FERROVIRIA FEDERAL S.A.

    SPR - SO PAULO RAILWAY

    SBM SISTEMA BRASILEIRO DE MUSEUS

    SEPLAN SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DA PRESIDNCIA DA

    REPBLICA

    SERFHAU - SERVIO FEDERAL DE HABITAO E URBANISMO

    SICG SISTEMA INTEGRADO DE CONHECIMENTO E GESTO

    SNHIS SISTEMA NACIONAL DE HABITAO DE INTERESSE SOCIAL

    SISNAMA SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

    SNC SISTEMA NACIONAL DE CULTURA

    SNDU SISTEMA NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO URBANO

    SNPC SISTEMA NACIONAL DO PATRIMNIO CULTURAL

    SNM SISTEMA NACIONAL DE MUSEUS

    SUDENE SUPERINTENDNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO

    NORDESTE

    SUS SISTEMA NICO DE SADE

    SNT SISTEMA NACIONAL DE TURISMO

    TICCIH THE INTERNATIONAL COMMITTEE FOR THE CONSERVATION OF

    THE INDUSTRIAL HERITAGE

    UNESCO ORGANIZAO DAS NAES UNIDAS PARA A EDUCAO, A

    CIENCIA E A CULTURA

    USP UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    WMF WORLD MONUMENTS FUND

    ZEIPP ZONA ESPECIAL DE INTERESSE DO PATRIMNIO DE

    PARANAPIACABA

    ZEPEC ZONA ESPECIAL DE PRESERVAO CULTURAL DE SO PAULO

  • Da Tutela dos Monumentos Gesto

    Sustentvel das Paisagens Culturais Complexas:

    Inspiraes poltica de preservao cultural no Brasil

    Apresentao

  • 29

    Apresentao

    Problematizao e Hipteses

    Levantar a discusso sobre a poltica de preservao cultural no

    Brasil implica, primeiramente, empreender uma reflexo sobre

    as recentes ampliaes conceituais relativas prpria noo de

    patrimnio para, enfim, compreender a prtica institucional,

    analisar instrumentos e arranjos administrativos que resultaro

    em aes de preservao.

    O progressivo alargamento daquilo que considerado objeto de

    interesse para a preservao, que passou do monumento, como

    elemento destacado (natural ou construdo), aos conjuntos

    arquitetnicos e urbanos, centros e cidades histricas

    reconhecidos em seus valores estticos e histricos e,

    recentemente, aos patrimnios imateriais e paisagem em

    diversas escalas territoriais (unidades intraurbanas e sistemas

    regionais de paisagem), agregando outros valores rumo ao

    reconhecimento da diversidade cultural cria novos problemas

    e, portanto, novos desafios gesto.

    Todavia, este amplo espectro de bens e significados, de culturas

    cada vez mais variadas, de um passado cada vez mais prximo

    num territrio cada vez mais superposto e extenso, no deve ser

    abordado e compreendido a partir de cada elemento

    isoladamente, tampouco a partir da simples soma de suas partes,

    como tem sido a prtica corrente. Aquilo que as cincias

    biolgicas e exatas postulam h tempos, a exemplo da fsica

    quntica e da ecologia, buscando uma viso sistmica e

  • . Apresentao .

    30

    complexa, que supere o reducionismo e o excesso de

    positivismo, razo e cartesianismo hegemnicos, tem sido alvo

    de rduos debates e construo tambm nas cincias humanas e

    sociais.

    No campo do patrimnio cultural, especificamente, h fortes

    indcios de que vivemos um momento de transio. O paradigma

    tradicional, e ainda predominante, ancorado na noo de

    monumento e na ao de proteo via tombamento, tutela do

    Estado e restauro da matria, apresenta sintomas de desgaste e

    esgotamento. Revela-se insuficiente e no se adequa mais

    diversidade cultural, de significados, aos anseios, problemas e s

    necessidades (objetivas e subjetivas) da sociedade brasileira,

    bem como s prprias formulaes conceituais recentes.

    Faz-se necessrio esclarecer, de antemo, que o sentido de

    monumento empregado no ttulo deste trabalho compreende

    tanto os monumentos intencionais, quanto os artsticos,

    histricos e naturais, que compem uma coleo fragmentada e

    alegrica de objetos monumentalizados, que, a despeito das

    formulaes de Alois Riegl (1984), sobrepujaram-se por seu valor

    esttico-artstico e, depois, histrico-cientfico. Este ltimo

    estrito assero crtica de Le Goff (1994), onde a ideia de

    autenticidade histrica sacraliza o documento ao ponto de

    transform-lo em monumento. Esta concepo construiu uma

    ideia de preservao do ambiente ou da paisagem urbana

    ancorada no binmio monumento-entorno, estabelecendo-se

    dentro de uma hierarquia visual de inspirao barroco-

    absolutista, que busca o objeto monumentalizado como ponto

    focal.

    Contudo, embora se constate que haja, atualmente, uma crise do

    paradigma dominante, importante reconhecer que este logrou

    e consolidou no Brasil alguns dos principais desafios da poltica

    de preservao cultural no sculo XX: instituiu o princpio do

    direito difuso, a funo social da propriedade e a preservao do

    patrimnio como atribuio do Estado e, consequentemente,

    como poltica pblica.

    Diante deste problema, esta tese discutir a hiptese de que o

    patrimnio seja compreendido e gerenciado a partir da

    abordagem holstica e sustentvel proposta pela noo de

    paisagem cultural, aqui entendida e aplicada como conceito e

    no como categoria ou tipologia de patrimnio, tal qual vem

    delineando a prtica institucional, a exemplo da United Nation

    Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) e do

    Instituto de Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN),

    casos que sero abordados neste trabalho.

    Apropriado da geografia humana, o termo paisagem cultural,

    cunhado por Carl Sauer em 1925, ganha novo contorno ao

    associar-se noo de patrimnio nos anos 1990, agregando

    outros sentidos a este e, sobretudo, novas intenes. A priori,

    essencial elucidar que o adjetivo cultural, cujos significados

    trazem sempre polmica ao debate, cumpre diversas funes,

    paradoxalmente, contrapondo-se s noes clssicas de

  • . Apresentao .

    31

    paisagem e complementando-as. Primeiramente, refora a ideia

    da paisagem criada pelo homem, por ele percebida ou

    apropriada culturalmente, refutando, mas suplementando, a

    abordagem naturalista, que historicamente forjou a noo de

    paisagem natural corrente na geografia fsica e na filosofia

    clssica. Uma paisagem, como diria Carlos Drummond de

    Andrade (1973), [...] espao vacante, a semear de paisagem

    retrospectiva.

    Por outro lado, ao considerarmos os apontamentos de Anne

    Cauquelin (1998), o adjetivo ajuda a adicionar outros aspectos

    enraizada ideia renascentista de paisagem, ancorada naquela

    construo pictrica perspectiva, que faz tambm da natureza

    (phusis) um de seus elementos primordiais. Ademais, colabora

    para a ampliao da noo de paisagem projetada ligada

    tradio do paisagismo no campo da arquitetura e para a

    superao do lugar comum que simplifica a ideia de paisagem

    como panorama, enfocando sua percepo meramente visual.

    Como possvel perceber, [...] a paisagem um conceito

    complexo, que admite uma infinidade de aportes e passeia por

    diferentes disciplinas, desde a geografia, [...] at atingir o mbito

    da preservao cultural. (MENESES, 2002, p. 29).

    Enquanto conceito, no mbito da geografia, parte de uma viso

    integradora entre a ao do homem e a natureza (RIBEIRO,

    2007). No campo do patrimnio, esta viso integradora

    corresponde unificao das dimenses cultural, natural,

    material e imaterial do patrimnio, buscando a superao da

    fragmentao ainda praticada, congregando as vrias tipologias,

    os vrios objetos e valores desta crescente ampliao. Dispe-se

    a admitir o constante movimento e as relaes intrnsecas,

    inseparveis, interdisciplinares e complementares entre

    concepes e abordagens de diversas reas da histria, da

    arqueologia, da arte, da arquitetura, do urbanismo, da

    sociologia, da antropologia, da cultura, da geografia, da

    etnografia, da ecologia, da biologia, do turismo, da cincia

    poltica e suas correspondncias no meio fsico, seja nos

    objetos mveis, na edificao ou no territrio (urbano, rural ou

    natural). No mbito da gesto, pressupe a ao integrada do

    planejamento territorial com as polticas ambientais e sociais,

    sobretudo em suas dimenses culturais, econmicas e polticas.

    Busca conjugar a poltica de preservao ao processo dinmico

    de desenvolvimento da cultura, das sociedades e suas cidades, o

    que implica, necessariamente, em no impedir as mudanas, mas

    em direcion-las a favor dos patrimnios e, portanto, trabalhar

    na perspectiva da sustentabilidade.

    Advoga-se ainda, nesta tese, algo no encontrado na escassa

    bibliografia e na pequena prxis da nova abordagem da paisagem

    cultural: que o conceito se alinhe s formulaes da teoria da

    complexidade desenvolvida por Edgar Morin (2000; 2005; 2007),

    apontando para uma epistemologia mais ampliada da realidade

    social em que se constri o patrimnio, apostando, desta forma,

    em trilhar caminhos mais profcuos s polticas de preservao.

  • . Apresentao .

    32

    Transportados nossa reflexo, prope-se que a gesto da

    paisagem cultural seja empreendida no nvel de sua totalidade

    complexa, isto , sistmica, interdependente, aberta, dinmica,

    contraditria, ambgua e simblica, ao invs do nvel dos

    elementos fracionados, fechados, simplificados, estticos,

    hierrquicos e alegricos, conforme pratica o paradigma

    reducionista imperativo.

    No se trata de ancorar a anlise em mais um modelo explicativo

    da realidade, mas perceptivo e interpretativo. Consiste num

    modo de pensar que se constri e se reconstri frente a uma

    realidade instvel, no linear e mltipla. Como prediz Morin

    (2005), um sistema complexo precisa passar a ser concebido, ao

    mesmo tempo, tanto mais quanto menos que a soma de suas

    partes, considerando as relaes recprocas de um sistema de

    objetos e um sistema de aes que possuem ordem, desordem e

    organizao e so entre si complementares, convergentes,

    concorrentes e antagnicos. Distintamente do que nos legou a

    teoria dos sistemas, cuja principal deficincia justamente a

    noo de equilbrio, a descoberta dos sistemas complexos, a

    exemplo dos fenmenos naturais, tem constatado que as

    situaes de equilbrio so antes excees do que regras.

    (BAUER, 2009).

    Assim, a reunio das partes pode conferir novas potencialidades,

    qualidades, significados, interpolaes, sinergias e sinapses ao

    conjunto, que tambm retroalimenta as partes, estimulando-as a

    expressar-se no todo, cada qual com suas singularidades e

    simbioses. Por outro lado, admite-se que o conjunto pode acabar

    tambm por determinar restries s partes que podero

    minimizar ou at inibir a expresso daquelas mesmas

    caractersticas individuais.

    No se trata, como refuta Harvey (2005), de reduzir foras e

    intenes antitticas a um processo de pacificao ou cooptao,

    ainda que existam, mas de superar a simples dialtica da

    oposio por meio da construo de um ambiente de

    convivncia e negociao entre movimentos que, mesmo

    distintos, podem comungar em pontos fundamentais, at mesmo

    em seus objetivos e ideias, ou na disputa por direitos, objetos,

    reconhecimento, interesses setoriais e territrio.

    Ao contrrio do que se verifica em algumas interpretaes

    equivocadas, no se trata da simples [..] dissoluo do dualismo

    cartesiano numa unidade holstica complexa. (LEFF, 2010, p.

    292). O pensamento complexo no contra as disciplinas. Abre a

    disciplina a outros campos, a outros dilogos, a outras conexes.

    Como esclarece Morin (2002, s.p.), esta proposta:

    [...] fruto de um esforo em articular saberes dispersos, diversos e adversos [...] no uma receita, apenas um convite para a civilizao das ideias. O pensamento complexo a unio entre a simplicidade e a complexidade. Isso implica processos como selecionar, hierarquizar, separar, reduzir e globalizar. Trata-se de articular o que est dissociado e distinguido e de distinguir o que est indissociado. Mas no uma unio superficial, uma vez que essa relao ao mesmo tempo antagnica e complementria.

  • . Apresentao .

    33

    No campo do patrimnio, diversos autores brasileiros vm

    apontando a necessidade da aproximao disciplinar, da

    construo de uma inter ou transdisciplinaridade, fundamentais

    ao preservacionista. Dentre eles, Meneses (1978), SantAnna

    (1995), Carsalade (2007), Zanchetti (2007), Castriota (2009) e

    Mrcia Chuva, que sintetiza bem a questo:

    Nenhuma disciplina tem condies de assumir, na sua totalidade, as discusses sobre a preservao cultural, tampouco a formao de profissionais para atuarem nessa seara. Contudo, a importncia da contribuio de cada disciplina nesse universo inter e multidisciplinar , justamente, o que ela pe em dilogo graas sua singularidade. (CHUVA, 2012, p. 12).

    Em razo destas intenes que a paisagem cultural, entendida

    aqui como conceito, ganha outro adjetivo, vislumbrando a

    abordagem epistemolgica complexa com que o patrimnio

    deve ser compreendido e gerenciado hoje.

    To logo, o ttulo proposto, Da Tutela dos Monumentos

    Gesto Sustentvel das Paisagens Culturais Complexas,

    estabelece uma linha investigativa que se estrutura na anlise da

    relao conceito-ao, buscando compreender o vnculo entre a

    concepo de patrimnio e a prtica da preservao, cuja

    construo se d, tal como percebe e admite o pensamento

    complexo, num processo paradoxalmente diacrnico, sincrnico

    e anacrnico.

    Desta maneira, torna-se necessrio discriminar a reflexo cabvel

    expresso tutela. Usada correntemente para designar a

    proteo, a defesa, a guarda, o amparo e a vigilncia sobre o

    patrimnio, no h dvidas de que esta ao fez, faz e ainda far

    parte da atribuio do Estado no mbito das polticas de

    patrimnio. No isto que pretendemos negar ou contrapor. O

    que se questiona a sua persistncia como diretriz central ou, na

    maioria das vezes, nica, das polticas de patrimnio.

    A ao da tutela est ligada, no Brasil, noo de dever e de

    compromisso praticadas desde a gnese institucional da poltica

    preservacionista, cujo principal instrumento de reconhecimento

    o tombamento coloca o Estado como responsvel precpuo

    sobre o patrimnio (material). E, de fato, o , do ponto de vista

    legal. Porm, no somente quanto matria, mas quanto aos

    significados deste patrimnio e de sua transmisso, atributo

    essencial da preservao. Assim, a misso maior da poltica

    patrimonial, como j advoga Carsalade (2007), deveria pautar-se

    mais pelos objetivos da preservao do que pela ao tutelar do

    objeto.

    Diante da persistncia anacrnica do paradigma dominante

    (ancorado na noo de monumento e na ao de outorga de

    valor, tutela e restauro), faz-se premente a construo de uma

    nova poltica, associada abordagem da paisagem cultural

    complexa.

    Deste modo, apresenta-se ao debate uma segunda hiptese: a

    gesto sustentvel como caminho para a preservao das

    paisagens culturais complexas. Duas hipteses, simplesmente,

    porque a primeira, referente ao conceito, no se viabiliza sem a

  • . Apresentao .

    34

    segunda, referente ao ao passo que a segunda no se

    construir, seno a partir de uma nova ideia de patrimnio. So

    elementos imbricados, conceito-ao, que se constroem

    mutuamente.

    Visto que no podemos discordar de que h certo modismo,

    pluralidades e retrica no trato do significado e das prticas de

    sustentabilidade, qual seria, pois, esta agenda sustentvel

    quanto gesto das paisagens culturais complexas no Brasil?

    Defende-se que esta gesto sustentvel se fundamente num

    sistema ancorado no trip compartilhamento, integrao e

    participao. Compreendendo o compartilhamento como

    interinstitucional vertical, com articulao entre as instituies

    de patrimnio nas trs esferas de governo (Unio, Estados e

    Municpios), bem como interinstitucional horizontal, com

    articulao entre setores de um mesmo nvel de governo; a

    integrao interdisciplinar como promotora da transversalidade

    temtica desde a concepo e identificao do patrimnio

    (valores, significados) simbiose dos instrumentos de gesto; e

    uma participao que se pretende cidad, isto , que se estenda

    para alm do notrio-saber tcnico-acadmico, incluindo o

    citadino e a classe politica seara de direitos e deveres quanto

    ao patrimnio cultural, exercendo, enfim, aquilo que se designa

    por cidadania.

    No obstante, no se trata de colocar ao revs dois modelos

    antagnicos monumento x paisagem cultural complexa tutela

    x gesto sustentvel o que estabeleceria uma falsa dicotomia,

    visto que o ltimo mantm em si algumas caractersticas do

    primeiro, enquanto refuta, transforma e agrega outras, abrindo,

    ainda, novas possibilidades a serem construdas e maturadas. O

    olhar que se pretende no dialtico, mas dialgico. Uma

    abordagem que [...] une dois princpios ou noes antagnicas

    que aparentemente deveriam se repelir simultaneamente, mas

    so indissociveis e indispensveis para a compreenso da

    mesma realidade. A dialgica permite assumir racionalmente a

    associao de aes, de noes contraditrias para conceber um

    imenso fenmeno complexo. (MORIN; LE MOIGNE, 2000, p. 34).

    O que se constata no complexo campo cultural do patrimnio,

    que ele foi se estruturando sobre diversas dicotomias. H sempre

    duas percepes, duas lgicas, que constituram bipolaridades

    elementares. Uma no universo da cincia e outra no universo do

    sensvel: a histria e a esttica. Uma no plano material e outra no

    imaterial: o suporte e o significado o perene e o efmero. Uma

    no stio intocado e outra no stio apropriado: a natureza e a

    cultura. Uma na escala global e outra na local: o universal e o

    pitoresco. Uma em perspectiva pictrica e outra antropolgica: a

    paisagem e o lugar. Uma no nvel da informao

    institucionalizada e outra da comunicao social: o erudito e o

    popular. Uma ancorada no princpio da transmisso e outra da

    inovao: a tradio e a modernidade. Uma sob a ptica da

    representao e outra da interpretao: a alegoria e o smbolo.

    Uma no mbito do afeto e outra do fato: a memria e a

  • . Apresentao .

    35

    historiografia a ferida e a cicatriz. Uma em busca de finalidade

    pragmtica e outra existencial: o uso e a essncia. Uma em busca

    do controle e outra da participao: o autoritarismo e a

    democracia. Uma no plano das ideias e outra da ao: a teoria e

    a prtica. Uma na esfera pessoal e outra na coletiva: o privado e

    o pblico. Uma em busca da proteo e outra da preservao: a

    tutela e a fruio social. Uma visando o objeto e o fragmento

    outra o objetivo e o todo: o monumento e a paisagem cultural.

    Aspectos que foram separados, mas esto unidos, que se

    complementam, mas se contrapem, numa unidade que,

    paradoxalmente, no dispensa estas dualidades e a possibilidade

    de inmeras relaes, entreveros e simbioses.

    Objetivos

    A partir desta problematizao e das hipteses levantadas, o

    trabalho estrutura-se sob o objetivo de investigar o percurso da

    formulao da noo de patrimnio, desde a ideia de

    monumento ao conceito de paisagem cultural, compreendendo-

    o de maneira vinculada prtica institucional da preservao,

    orientando-se, pois, pela linha investigativa conceito-ao

    estabelecida. Busca analisar o amadurecimento e as

    ampliaes terico-conceituais, disciplinares e prticas,

    identificando problemas, avanos, retrocessos,

    contradies, sincronias, persistncias anacrnicas e

    potencialidades. Vislumbra-se, ademais, constituir as bases

    argumentativas que sustentaro a tese proposta: que a poltica

    de preservao cultural brasileira seja norteada pelo conceito da

    paisagem cultural complexa, cuja aplicao dar-se- por meio da

    instituio de um sistema sustentvel de gesto, ancorado no

    compartilhamento interinstitucional, na integrao disciplinar e

    na participao cidad.

    O percurso histrico como metodologia de anlise

    Em que pese a constatao de um processo-progresso que se

    faz com retrocessos, contradies e persistncias anacrnicas, a

    evoluo temporal (e societal) tambm constituiu fator relevante

    ao amadurecimento, desenvolvimento e reviso dos conceitos

    e das prticas. Assim, corrobora compreenso desta dialgica o

    percurso histrico, que se constitui como importante categoria

    de anlise na medida em que nos auxilia na organizao, leitura e

    percepo do processo, dos contextos histrico-culturais e

    econmicos, enfim, evidencia o esprito do tempo na construo

    e reconstruo destes conceitos e aes.

    Dentro desta atmosfera ambgua transita, ainda, a influncia do

    cosmo eurocntrico, em torno do qual orbitam aqueles que

    almejam sincronia ou reconhecimento, muitas vezes a despeito

    de suas distintas, diversas e peculiares realidades, e que, para o

    nosso caso latino, sempre fora fonte de erudio, referncia,

    civilidade e saber. Por outro lado, a anlise tambm revela

    como os ramos, inevitavelmente e pouco a pouco, influenciam e

  • . Apresentao .

    36

    alteram o cerne, contrapondo e mesclando vises de mundo,

    prticas sociais e institucionais, ainda que prevalea o ditame do

    core.

    Tanto no Brasil como fora (no mundo ocidental), a preservao

    do patrimnio construiu-se, durante todo o sculo XX, no mbito

    das prticas institucionais. Sendo assim, no se pode deixar de

    compreender a relao conceito-ao a partir, obviamente, da

    atuao das prprias instituies, sem perder de vista a

    dimenso poltica de suas aes (MENESES, 2006), indissociada

    do perfil tcnico-acadmico caracterstico de seus grupos

    gestores.

    Por conseguinte, a busca pela compreenso do conceito de

    paisagem cultural exigiu a investigao do trabalho de maior

    substncia no assunto, cujo segundo decnio completou-se em

    2012, realizado pelo Centro do Patrimnio Mundial da UNESCO.

    No Brasil, o IPHAN foi a instituio que iniciou um trabalho neste

    sentido, quando, em 2007, comeou a delinear o conceito

    sistematizado na Carta de Bag e, em 2009, instituiu um novo

    instrumento: a chancela da paisagem cultural.

    Para compreender as inter-relaes e integraes que buscam a

    superao de dicotomias e lacunas clssicas do campo propostas

    pelo novo conceito, bem como suas ambiguidades e

    contradies atuais, o estudo exigiu um recuo na investigao,

    retomando o processo de construo da noo de patrimnio.

    Tal recuo se faz necessrio para a prpria elucidao do termo,

    que, dentro de sua construo dialgica, ora nega, ora retoma e

    ora avana, colocando em disputa e comunho concepes,

    debates e estratgias de preservao anteriores.

    Desta maneira, este trabalho apresenta um breve panorama ab

    initio dos conceitos e prticas de preservao, mas o faz com o

    preciso intuito de us-lo mais como contexto relacional,

    buscando pontos de apoio referenciais e argumentativos, do que

    como quadro na busca uma genealogia ou arqueologia do

    pensamento terico ou um mtodo cronolgico de anlise. O

    objetivo situar a problemtica, os retrocessos, as polmicas, os

    avanos e desafios do momento atual. Este exerccio consiste

    numa das principais dificuldades do estudo de temas

    contemporneos, visto que a investigao do hoje exige,

    inevitavelmente, sua compreenso em perspectiva histrica.

    O Captulo 1

    Dos monumentos s paisagens culturais: conceitos e aes em

    (re)construo

    O captulo de abertura organiza-se a partir de uma leitura

    histrica da formulao das concepes de patrimnio em

    mbito internacional, mais precisamente das ideias emanadas do

    ocidente europeu, que se mundializaram (CHOAY, 2006) e que

    no Brasil, especialmente, influenciaram e ainda influenciam tanto

    as formulaes terico-conceituais quanto a prtica institucional

    da preservao.

  • . Apresentao .

    37

    Apresentaremos como as primeiras noes de patrimnio, cuja

    gnese situa-se entre os sculos XV e XVIII, condensar-se-iam nas

    expresses: monumento, monumento histrico, monumento

    natural e patrimnio histrico e artstico. Ancoradas no trabalho

    de especialistas e eruditos das reas da histria, da arqueologia e

    das artes, estes campos disciplinares configurar-se-iam

    hegemonicamente na identificao, na seleo, na atribuio de

    valor e, portanto, no delineamento inicial do conceito de

    patrimnio.

    Logo depois, o campo da arquitetura seria fundamentalmente

    responsvel pela formulao da ideia de monumento histrico e

    patrimnio histrico e artstico, que se constituiria

    substancialmente, a partir da prxis emprica da restaurao e da

    discusso sobre os valores do patrimnio (RIEGL,1984/1903);

    suas ambiguidades (memoriais, artsticas, estticas, histricas e

    de uso), disputas e preponderncias, notadamente a do valor, o

    artstico (em primeiro lugar), o esttico e o histrico. Discusses

    que giravam em torno da matria do exemplar arquitetnico

    destacado, em geral excepcional, ao qual se almeja a

    manuteno de sua integridade e autenticidade.

    A operao bsica da ao preservacionista associada a esta

    noo de patrimnio ancorou-se no trip: seleo/outorga de

    valor, tutela do Estado e conservao/restaurao da matria.

    Esta referenciada na transposio dos princpios do restauro de

    obras de arte, das artes meramente visuais, da histria e da

    arqueologia, arquitetura. Princpios que, como mostra Flvio

    Carsalade (2007, p. 6) [...] no se aplicam universalmente

    Arquitetura face natureza prpria desta, a qual incorpora,

    dentre outras, a dimenso do uso, do espao articulado e do

    lugar, alm de uma dimenso imaterial ligada funo social. Por

    outro lado, no seu modo patrimnio, ela tambm no pode se

    desvincular da vida e do contexto a que serve.

    Estas concepes e aes acabaram por reduzir o patrimnio a

    uma coleo de objetos representativos, sacralizados e

    intocveis, musealizados stricto sensu. Processo que Franoise

    Choay (2006) designou complexo de No, cuja prtica ainda se

    faz presente.

    Em que pese o intenso debate que ampliou a noo de

    monumento histrico da unidade ao conjunto do elemento

    edificado ao urbano , desde as grandes transformaes urbanas

    industriais sobre as cidades medievais europeias e da

    emergncia da disciplina do urbanismo, de meados do sculo XIX

    at o ltimo quartel do sculo XX, o foco continuou sendo o

    aspecto material, o fragmento, e a noo de valor, transitando

    entre o esttico, o artstico (para artefatos produzidos pelo

    homem) e o histrico.

    A ao persistiu igualmente, transpondo equivocadamente as

    premissas das teorias do restauro do edifcio ao urbano

    (SANTANNA, 1995), associada, por um lado, ao iderio da escola

    francesa, que busca a visibilidade dos monumentos principais,

    compartilhada pelo campo da preservao a partir da prxis

  • . Apresentao .

    38

    haussmanniana de inspirao barroco-absolutista, e por outro,

    associada preservao da homogeneidade do tecido urbano de

    interesse patrimonial, separando o antigo do novo, e s prticas

    de liberao, desobstruo e curetagem no interior das quadras,

    caractersticas da escola italiana.

    Neste contexto so gestadas noes mais especficas, incluindo a

    arquitetura modesta (vernacular) e funes urbanas como a de

    centralidade, expressas nas terminologias: de stio, conjunto,

    cidade e centro histricos. Conceitos que seriam

    sistematizados no ps-guerra, momento em que comeam a

    despontar diversos organismos internacionais preocupados tanto

    com a devastao de monumentos, conjuntos urbanos e cidades

    inteiras, quanto com a formulao e pactuao internacional dos

    princpios da conservao e da restaurao. Asseres que

    podem ser constatadas na leitura das numerosas cartas

    patrimoniais internacionais do perodo. Estes conceitos e aes

    so aqui considerados clssicos, pois, embora exaustivamente

    debatidos e criticados por diversos autores, so ainda

    largamente empregados nas polticas de preservao,

    coexistindo com noes e prticas mais contemporneas, tanto

    no Brasil quanto no exterior.

    Em seguida apresentaremos, brevemente, o debate mais

    recente, cuja ampliao disciplinar enceta novas noes de

    patrimnio, abrindo lugar, sobretudo, valorizao de sua

    dimenso imaterial, mas tambm ampliando-se no tempo e no

    espao. Temporalmente corresponde, sobretudo, ao

    rompimento da barreira do perodo da industrializao, incluindo

    assim o chamado patrimnio industrial, os patrimnios

    modernos e modernistas. Sua ampliao espacial significa o

    englobamento de bens, conceitos e prticas externas ao mundo

    europeu, experincia que se d por meio da UNESCO, a partir da

    criao da Lista do Patrimnio Mundial, em 1972, ainda que o

    pensamento fundador europeu mantenha-se central.

    Depois, analisaremos a prtica institucional do Comit do

    Patrimnio Mundial da UNESCO, que acabou por reduzir o

    conceito de paisagem cultural a categorias e subcategorias de

    patrimnio. Mesmo assim, aponta avanos na prpria ampliao

    da noo de patrimnio, especialmente quanto aproximao

    entre as dimenses cultural, natural, material e imaterial, e

    amplia suas tipologias, sobretudo, por meio da atribuio de

    valor s paisagens rurais com tcnicas de agricultura tradicional e

    aos valores imateriais associados paisagem.

    Inclusive, relevante destacar que a referida categoria deu um

    passo significativo no reconhecimento dos valores intangveis,

    antecipando a preservao formal da prpria UNESCO, que viria

    a criar mecanismos especficos para isto apenas em 2003.

    Tais ampliaes representam ainda um importante passo ao

    reconhecimento da diversidade cultural mundial. No entanto,

    constatamos que a noo ocidental de paisagem, essencialmente

    embasada na construo pictrica perspectiva e na forte relao

    com a natureza (CAUQUELIN, 1998), est onipresente nas

  • . Apresentao .

    39

    paisagens culturais inscritas. Talvez por isto exista grande

    presena dos ambientes pouco modificados pelo homem, como

    os rurais e periurbanos, com culturas tradicionais e sustentveis,

    ou de paisagens com vestgios arqueolgicos, onde esta

    construo pictrica mais evidente, e sua relativa estabilidade,

    integridade e autenticidade constituem fatores relevantes para a

    nomeao e aplicao das polticas tradicionais de preservao.

    neste sentido que o conceito se constri dialogicamente, no

    opondo os novos patrimnios e valores s velhas concepes,

    mas compondo-os e transformando-os paulatinamente.

    Outrossim, no mbito da gesto permanece o embate entre

    preservao e desenvolvimento, simbolizado pelo caso extremo

    da retirada de Dresden da lista do patrimnio mundial, no por

    acaso, nesta categoria. A nomeao da paisagem cultural do Rio

    de Janeiro, embora tenha aberto pioneiramente espao aos

    ambientes urbanos de grande porte, ancora-se, outra vez, na

    forte relao entre elementos naturais e a construo pictrica

    da paisagem, somada ao valor dos monumentos destacados. Os

    elementos no conformes so excludos, resolvendo tambm a

    disputa entre preservao e desenvolvimento. Este processo

    revela como o procedimento de seleo para enquadramento

    numa categoria exige a reduo do patrimnio a elementos

    supostamente representativos que, paradoxalmente,

    fragmentam e restringem a abordagem proposta pelo prprio

    conceito da paisagem cultural.

    Buscando complementar a concepo mais particular de

    paisagem cultural praticada pela UNESCO, bem como ajustar a

    compreenso dos termos centro histrico e conjunto

    histrico, frequentemente compreendidos mais quanto aos

    aspectos fsico-morfolgicos, a prpria instituio vem forjando o

    termo paisagem histrica urbana, tema tambm explorado neste

    debate.

    O Captulo 2

    Polticas, estruturas e instrumentos no Brasil: da tutela rumo

    gesto sustentvel

    Por outro lado, intentando compreender as bases nas quais se

    ancorou e se desenvolveu a noo de patrimnio e a prtica da

    preservao no Brasil, o captulo dois trar uma anlise da

    construo deste binmio, conceito-ao, a partir das polticas

    implementadas pelo IPHAN.

    A leitura se d em perspectiva histrica, fundamentada numa

    periodizao organizada com base nos trabalhos de Mrcia

    Santanna (1995) e Maria Ceclia Londres Fonseca (2005) a

    respeito do atual perodo, iniciado na virada do milnio. A

    periodizao elaborada em funo das diferentes concepes,

    estratgias e aes de preservao do patrimnio, bem como do

    aparelho de Estado e dos instrumentos criados para responder a

    estas mudanas.

  • . Apresentao .

    40

    A priori, necessrio distinguir dois grandes perodos: o IPHAN

    do sculo XX e o do sculo XXI. O primeiro caracteriza-se pela

    forte atuao sobre o patrimnio material, reconhecido em seus

    aspectos artsticos e histricos, sob a ao de tutela do Estado e

    pela ao de conservao/restaurao, valendo-se de um nico

    instrumento, o tombamento. A atuao do instituto neste

    perodo, sobretudo em seus primeiros trinta anos, contribuiu

    decisivamente para a consolidao da noo de monumento,

    bem como para a construo de uma imagem colonial,

    barroca e moderna, associada identidade brasileira, tanto

    dentro quanto fora do pas.

    Este primeiro perodo subdivide-se, ainda, em trs fases: entre

    1937 e 1967, a fase de estruturao, tambm chamada fase

    heroica; entre 1968 e 1979, a fase moderna, caracterizada

    pelo incio da modernizao do aparelho estatal e pelo

    investimento voltado ao desenvolvimento das cidades

    tursticas; e entre 1980 e 1999, fase marcada por conflitos

    conceituais e ideolgicos, pela quase inoperncia institucional,

    bem como pela instituio de competncias concorrentes entre

    os rgos de patrimnio nas trs esferas de governo.

    A primeira fase (1937-1967), heroica em seus brados pela funo

    social da propriedade-patrimnio, caracterizou-se pela

    instituio da ideia de monumento, pela musealizao do

    patrimnio e pela ao voltada ao restauro da arquitetura. Em

    busca da chamada identidade nacional, instituiu uma viso

    bastante elitista, restrita, especfica e fragmentada do

    patrimnio, promovendo-o tambm como dispositivo de poder

    do Estado, dentro de uma estrutura burocrtica insulada.

    Ademais, a outorga de valor associada limitao do direito de

    construir e ocupar, exigncia de visibilidade dos monumentos e

    obrigao do Estado para com a conservao dos bens

    reconhecidos, matria autoaplicvel, instituda pelo instrumento

    do tombamento, tornar-se-iam as diretrizes centrais da poltica

    de preservao durante todo o sculo XX. (FONSECA, 2005).

    J apresentada como hiato sem relevncia para a constituio da

    poltica nacional de patrimnio (AZEVEDO, 2013), as aes

    desenvolvidas entre 1968 e 1979 marcariam uma nova fase.

    Uma fase caracterizada pelo primeiro ato de extenso

    administrativa do IPHAN no territrio nacional, pelo incentivo e

    tentativa de dilogo com as instituies estaduais de patrimnio,

    pela formao de quadros tcnicos, pelas primeiras relaes com

    as instituies internacionais e pela elaborao dos primeiros

    estudos urbanos com vistas revitalizao, como chamavam, e

    ao desenvolvimento turstico e regional. Estas ltimas, aes que

    foram desenvolvidas no mbito do Programa de Cidades

    Histricas (PCH), sem, contudo, descartar a ao voltada ao

    patrimnio arquitetnico isoladamente, isto , ao monumento.

    Os anos 1980 e 1990 seriam marcados pelo pior momento da

    instituio. Externamente, o Brasil vivia seu maior pesadelo

    econmico em razo da conta de um anunciado milagre,

    baseado em emprstimos internacionais que quebrariam o pas.

    O IPHAN sofreria sua primeira ingerncia poltica, ao que quase

  • . Apresentao .

    41

    o extinguiu e diminuiu consideravelmente seus recursos e

    quadros tcnicos. Como se no bastasse esta conjuntura, dois

    grupos disputavam poder internamente: o grupo da poltica

    tradicional da Academia SPHAN Servio do Patrimnio

    Histrico e Artstico Nacional e o novo grupo da Fundao

    Nacional Pr-Memria (FNpM), resultante da anexao do

    Centro Nacional de Referncia Cultural (CNCR). Enquanto o

    primeiro fundamentava-se na abordagem tcnica, nos valores

    artsticos do objeto material, numa viso elitista e no

    procedimento de coletar e tutelar para guardar, o segundo

    voltava-se a outros valores, ao processo de transformao e

    continuidade cultural, ao papel das comunidades e proteo de

    bens ditos imateriais, no necessariamente pertencentes s

    tradies euro-crist e luso-europeia (SANTANNA, 1995). As

    disputas conceituais e polticas foram grandes, estabelecendo

    muitas dicotomias e poucos acordos, prevalecendo a viso do

    SPHAN, ancorada novamente na noo de patrimnio como

    monumento.

    Felizmente, o IPHAN do sculo XXI tem construdo aes

    verdadeiramente revolucionrias, cujas sementes, h de se

    reconhecer, foram lanadas no ltimo quartel do sculo anterior.

    O atual perodo marcado por mudanas substanciais, desde

    conceituais e estruturais a estratgicas e ferramentais, incluindo

    uma ampliao considervel de recursos. Encampando,

    definitivamente, o conceito de patrimnio cultural,

    sistematizado na Constituio Federal desde 1988, este

    momento caracteriza-se pela abertura ao reconhecimento da

    diversidade cultural brasileira, abrangendo, enfim, a cultura

    indgena e a afrodescendente ao patrimnio nacional.

    Neste contexto, o instituto tem orientado sua atuao em quatro

    frentes: uma sobre o patrimnio intangvel, essencialmente por

    meio do instrumento do registro; outra sobre as cidades

    histricas, traduzida nos volumosos recursos destinados ao

    Programa de Acelerao do Crescimento das Cidades Histricas

    (PACCH); outra sobre o patrimnio ferrovirio, em funo da

    herana herdada do esplio da extinta Rede Ferroviria Federal

    S.A. (RFFSA); e aos estudos-piloto sobre a chancela das paisagens

    culturais, esta ltima a menos priorizada e, portanto, a mais

    incipiente das aes at o momento. Para alm destas frentes, o

    IPHAN imputa pauta a discusso sobre o mais do que

    necessrio, urgente, o Sistema Nacional do Patrimnio Cultural

    (SNPC), tambm a ser tratado neste captulo.

    Embora o IPHAN esteja inaugurando uma nova fase, esta no a

    toada dominante na maioria das instituies de preservao

    cultural brasileiras. E no estamos falando apenas dos Estados

    mais perifricos ou das cidades menores. Uma poltica

    referenciada, ainda, na noo de monumento, no

    reconhecimento apenas dos valores artsticos e histricos, na

    fragmentao da abordagem, do objeto e da gesto, na ao de

    tutela e restauro, predomina at nos grandes centros urbanos,

    tambm providos de estrutura para a administrao pblica,

  • . Apresentao .

    42

    recursos, corpo tcnico e expertise cientfico-acadmica, como a

    capital paulista.

    O estudo do caso de So Paulo, analisado quanto integrao

    desejvel e necessria entre o planejamento territorial e a

    poltica de preservao cultural municipais, mais especificamente

    a articulao entre o tombamento e os instrumentos

    urbansticos, como o plano diretor, as zonas especiais e aqueles

    do Estatuto da Cidade, ilustra bem a questo. Revela, alm

    disso, as contradies, descompassos e hiatos entre as polticas

    de preservao e desenvolvimento, reproduzindo dicotomias

    clssicas entre os patrimnios cultural e natural, material e

    imaterial, e mesmo entre a arquitetura e o urbano, confirmando

    a inexistncia de uma abordagem e poltica integradas.

    H de se esclarecer por que exploramos um caso

    substancialmente errtico dentro desta discusso sobre as

    polticas de preservao cultural. Primeiramente, para apontar

    que a nova po