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POR UMA POLÍTICA DE CULTURA

Na construção de uma política pública é sempre bom lembrar o tempo. O seu fluir, o seu ritmo, sua pressa, a sua calma, a urgência e a necessá-ria firmeza de propósito. Diz o rapper Criolo que “Di Cavalcanti, Oiti-cica e Frida Kahlo têm o mesmo valor da benzedeira do bairro”. Para a política pública de cultura que vem sendo desenvolvida pelo Governo do Estado de Pernambuco desde 2007, o verso não poderia ser mais representativo. Como princípio de ação, uma gestão deve prezar pelo benefício de todos e considerar a diversidade do seu povo, seja ela estética, territorial, social ou, simplesmente, cultural. Deve ter ainda como norte conceitos que primem pela inclusão, pela democracia, pela participação, pela descentralização.

Desde sua criação em 2011, quando adquiriu status e autonomia de secretaria estadual, a Secult-PE tem direcionado seus esforços nesse sentido, procurando aprimorar um trabalho que se constrói desde 2007. Junto à sociedade, a sua busca tem sido traçar uma política de cultura, e não somente um plano pontual. Tal posicionamento se coloca em total consonância com o Mapa Estratégico do Governo de Pernam-buco e, sobretudo, com as discussões feitas no Brasil para a elaboração de um Sistema Nacional de Cultura. Isso significa articulação, consistên-cia, continuidade.

Atuando junto à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Per-nambuco (Fundarpe), a Secult-PE trabalha com o objetivo de ampliar e consolidar a sua política cultural com ações de fomento, difusão, forma-ção, regionalização, reconhecimento, valorização e diversidade cultural, tendo ainda como horizonte o patrimônio e a memória. Dentro dessa perspectiva, foram realizadas, só em 2012, mais de 5 mil ações culturais, em festivais, encontros, seminários, exposições, exibições e outras oca-siões, nas diferentes Regiões de Desenvolvimento do Estado. No que diz respeito ao fomento, o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) vem se consolidando e se ampliando como um importante estímulo à produção, cujo investimento chegou a R$ 33,5 milhões entre 2011 e 2012, nos editais do Independente e Audiovisual.

É relevante ainda mencionar a formulação de uma política inédita para a área de patrimônio no estado, que deve se tornar pública em 2013, servindo de base para a atuação da Diretoria de Preservação Cultural. Além disso, a gestão da Secult-PE/Fundarpe tem voltado seus esforços para uma reforma administrativa, com vistas a melhorar seu funciona-mento e sua relação com a população. Com novas perspectivas para o nosso caminhar até 2014, a intenção maior é lançar luzes nos artistas, nos territórios, nos povos tradicionais e nos invisíveis para, assim, lançar cada vez mais luzes nas plateias, nas pessoas. E este é o nosso tempo. Boa leitura.

Secretaria de Cultura de Pernambuco

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EXECUÇÃO DA POLÍTICA CULTURAL

Até o ano de 2010, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Per-nambuco (Fundarpe) era vinculada à Secretaria de Educação e Cultura do Estado e tinha uma missão ainda maior que a de hoje, pois coordenava a política cultural do Estado e, ao mesmo tempo, cuidava de sua execução. Em 2011, o governador Eduardo Campos fortaleceu a gestão cultural com a criação da Secretaria de Cultura, que passou a coordenar a política cultural. À Fundarpe, coube a execução desta política. Atuando conjun-tamente, tanto os gestores da Secult-PE colaboram com a execução das ações culturais, como os da Fundarpe também contribuem na definição das políticas e estratégias.

Os exercícios de 2011 e 2012 foram muito positivos para a gestão cultural do nosso estado, uma vez que, mesmo executando 10 grandes festivais por ano inseridos no circuito Pernambuco Nação Cultural; realizando a gestão dos equipamentos culturais; executando as ações do Fundo de Incentivo à Cultura (Funcultura), que é da ordem de R$ 33,5 milhões/ano; realizando as atividades de tombamento, fiscalização e preservação do Patrimônio Cultural Material e Imaterial; além de outros projetos como a ação voltada para os Povos Tradicionais e Populações Rurais; as atividades de cogestão democrática da cultura a partir dos fóruns e reuniões setoriais; bem como diversas outras ações e apoios culturais contempladas neste balanço, ainda assim, pudemos fortalecer os controles internos da entidade, supri-la de pessoal, infraestrutura e instrumentos que estão melhorando as condições de trabalho na Fundação.

Para termos uma ideia do grau de formalização de processos implantados na Fundarpe em 2011 e 2012, 170 certames licitatórios foram realizados. Destes, a maior parte foi voltada à infraestrutura dos festivais e outras eventos culturais, como a contratação de palco, som, iluminação, gerado-res, banheiros químicos, alimentação, transporte, segurança, toldos e diver-sos outros itens indispensáveis à realização destas ações. Para chegarmos até aqui comemorando a nossa presença em todas as 12 microrregiões do Estado, também foram necessários esforços em atividades meio (adminis-trativo, financeiro, jurídico, contábil etc.) e também no fortalecimento de controles operacionais internos.

É importante reconhecer que os avanços e a ampliação da política cultural em Pernambuco tiveram início na primeira gestão do governo Eduardo Campos e continuaram ocorrendo a partir de 2011. É que a política cultural não se dissocia do desenvolvimento econômico implementado pelo Governo em todo o seu território. Como bem ressalta o governador, nosso estado tem crescido acima da média nacional e se destacado em políticas públicas, a exemplo da Saúde e Segurança.

Finalmente, destacamos as parcerias realizadas com todos os outros órgãos do governo, especialmente aquelas celebradas com as secretarias da Casa Civil, Planejamento e Gestão, Turismo, Empetur, Defesa Social e Fazenda. Parcerias que revelam nosso compromisso de tornar a ação pública de cultura, cada vez mais, uma ação de todo o Governo de Pernambuco.

Severino PessoaPresidente da Fundarpe

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Governador Eduardo CamposVice-governador João Lyra Neto

Secretário da Casa Civil Tadeu Alencar

SECRETARIA DE CULTURA

Secretário Fernando Duarte

Secretário Executivo Beto Silva

Diretores Executivos Vinícius Carvalho e Beto Rezende

Diretor de FormaçãoFélix Aureliano

Diretor de Gestão José Mário Duarte Coelho

Diretora de Planejamento Amara Cunha

Diretor de Políticas Culturais Carlos Carvalho

Coordenadora de Artes Cênicas Teresa Amaral

Assessora de Dança Marília Rameh

Coordenador de Artes Visuais Félix Farfan

Assessora de Design e Moda Cecília Pessoa

Assessor de Fotografia Jarbas Araújo

Coordenadora de Audiovisual Carla Francine

Coordenadora de Cultura Popular Alexandra Lima

Assessor de Artesanato Breno Nascimento

Coordenador de Literatura Wellington de Melo

Coordenadora de Música Andreza Portella

Coordenador de Articulação Institucional Claudemir Souza

Coordenador de Economia Criativa Luciano Gonçalo

Coordenador do Projeto Cultura Livre nas Feiras Alexandre Sena

Coordenadora para Populações Rurais e Povos Tradicionais

Erika NascimentoCoordenador do Festival

Pernambuco Nação Cultural Leo Antunes

Assessores do Festival Pernambuco Nação Cultural

Adriana Teles e Guilherme GatisGestoras de Comunicação

Michelle Assumpção e Olívia MindêloAssessores de Comunicação/Imprensa Tiago Montenegro, Gilberto Tenório, Giselly Andrade e Fernanda CristinaAssessores de Comunicação/Internet

Chico Ludermir, Dora Amorim, Gabriela Valadares e Leonardo Vila Nova.

Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe)

Presidente Severino Pessoa

Diretora de Gestão Sandra Simone dos Santos Bruno

Diretor de Gestão do Funcultura Emanuel Soares de Lima

Diretor de Gestão de Equipamentos Culturais André Araripe

Diretora de Preservação Cultural Célia Campos

Diretor de Produção Fernando Augusto

EquipeRevista de Balanço 2011/2012

Edição e textos Michelle Assumpção, Olívia Mindêlo e Tiago Montenegro

Textos Chico Ludermir, Dora Amorim, Joana Pires, Julya Vasconcelos,

Gilberto Tenório, Giselly Andrade, Gabriela Valadares e Raquel Lasálvia

Edição de Imagens Costa Neto e Ricardo MouraProjeto gráfico e diagramação Adeildo Leite

ÍNDICEEXPEDIENTE

POLÍTICA PÚBLICA DE CULTURA DE PERNAMBUCO

LUZ NAS PESSOAS E NOS TERRITÓRIOS

14.

16. 16.

17. 18.

30.31.

34.

36.

37.37.

38.39.40.40.41.42.43.43. 44.45.

49.49.49.50.50.50.50.51.51.51.52.52.52.53.

54.

55.

56.

57.

58.

62.

46.

47.

48.

32.

20.

20.

21.

21.

22.

24.

24.

25.

25.

26.

26.

27.

29.

Povos tradicionais e populações ruraisCultura livre nas feirasCultura e valorização da vidaMais culturaEntendendo os povos tradicionais e as populações rurais: um estudo sobre uma nova coordenação da Secretaria de Cultura

Ambiente criativoCulturando a economia em Pernambuco

Ações de melhoria para o editalEvolução do investimento do funcultura independente por área cultural - 2007 a 2012Formação e difusãoPerspectivas

Artes CênicasArtes VisuaisFotografiaDesign e ModaAudiovisualMúsicaCultura Popular ArtesanatoLiteraturaReinventar olhares sobre a literatura

Cinema são LuizCasa da Cultura Luiz GonzagaMuseu da Imagem e do somMuseu do Estado de PernambucoMuseu de Arte ContemporâneaTeatro ArraialTorre MalakoffMuseu de Arte Sacra de PernambucoEstação Cultural Senador Ermírio de MoraesMuseu do Barro de CaruaruEspaço PasárgadaMuseu Regional de OlindaCine Teatro GuaranyAvanços na consolidação da rede de equipamentos culturais

São João: Descentralizar e interiorizar as tradições juninasCarnaval: Fortalecer a vocação inebriante de um povoSemana Santa: Pernambuco de todas as paixões contemplou montagens em todo o estadoNatal: Ciclo natalino lançou luzes sobre os folguedos tradicionais

Controle social como instrumento de participação popular

Equipamentos culturais da Secult-PE | Fundarpe

Pela preservação dos bens materiais e imateriaisNúmeros da diretoria de preservação culturalPatrimônio cultural e políticas públicas:limites, possibilidades e desafios

Estímulo as artes eformação de plateia

Mata Norte: Luz nos brinquedos popularesSertão do Moxotó: valoriza-ção das culturas tradicionaisCaruaru: cultura em cada canto da cidadeSertão Central: consolidando calendários culturaisFestival de Inverno de Garanhuns: festa da diversidade culturalSertão do Pajeú: promovendo intercâmbios entre o local e o nacionalAgreste Central: apoio aos festejos dos municípiosAgreste Setentrional: diálogo com as diferentes realidades culturaisGravatá: cultura movimen-tando a economiaSertão do São Francisco: celebração das manifesta-ções locaisMata Sul: reanimando expressões culturaisGonzagão 100 anos: no cais ou no sertão, viva Luiz GonzagaQual a motivação de um festival: o questionamento enseja uma complexa e bem-vinda reflexão

FESTIVAL PERNAMBUCO NAÇÃO CULTURAL

ECONOMIA CRIATIVA

FORMAÇÃO

LINGUAGENSARTÍSTICAS

FUNCULTURA

PATRIMÔNIO

EQUIPAMENTOS CULTURAIS

CICLOS FESTIVOS

ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL

PERSPECTIVAS

GESTÃO DA CULTURA

SERVIÇOS

12.

14.

19.

30.

32.

34.

34.

46.

49.

54.

58.

61.

60.

62.

14

17

19

21

24

27

46 58

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POLÍTICA PÚBLICA DE CULTURA DE PERNAMBUCO

POLÍTICA PÚBLICA DE CULTURA DE PERNAMBUCO

Sob o signo da mandala, que aqui sintetiza a busca constante pelo desenvolvimento simbó-lico e cultural de Pernambuco, o Plano de Trabalho de Cultura 2011-2014 do Governo do Esta-do foi sistematizado a partir de conceitos centrais, pensados de forma articulada para compor o tecido de uma política pública que marca a criação da Secre-taria de Cultura, em 2011, e sua atuação junto à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).

Juntos, estes conceitos orien-tam o objetivo geral de ambas as instituições, voltadas a am-pliar e consolidar a sua política cultural com ações de fomento, formação, regionalização, reco-nhecimento, valorização e di-versidade cultural, tendo ainda como horizonte o patrimônio e a memória. Na prática, no-ções como descentralização, democracia e participação, além de outras, são norteado-ras das ações das diretorias, coordenações e gerências da Secult-PE/Fundarpe.

A construção dessa política interliga-se ao Mapa Estratégi-co do Governo do Estado, cuja estruturação incluiu escutas com a população. É, portanto, sintonizada a um programa que vem sendo desenvolvido des-de 2007, seja na interiorização da política, seja na busca pela inclusão daqueles cujo acesso aos bens materiais ou imate-riais tornou-se frágil e ao mes-mo tempo preponderante.

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Pernambuco é um estado culturalmente privilegiado. Conhecido pela sua músi-ca, literatura, dança, cine-ma... Por Chico Science e Luiz Gonzaga; João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira; Marcelo Gomes e Kleber Mendonça Filho; pelo frevo e pelo maracatu... Além dos nomes consagra-dos, nosso estado ainda guarda pérolas pouco co-nhecidas, mas igualmente importantes. O trabalho da Secult-PE tem sido reco-nhecer a diversidade dessa produção cultural, sobre-tudo em locais com ainda pouca presença de políticas permanentes. Nem criar, nem descobrir: iluminar pessoas e territórios menos conhecidos, mas não me-nos relevantes. Promover a visibilidade e apoiar os mais diversos grupos do estado.

Com a Coordenação para Populações Rurais e Po-vos Tradicionais, a gestão abraça quilombolas, indí-genas, ciganos, assentados e acampados. Através do Cultura Livre nas Feiras, reconecta artistas com o povo em um de seus espa-ços de encontro mais genu-ínos. No Mais Cultura, re-conhece a necessidade do desenvolvimento de pon-tos criativos em seus terri-tórios. E através do Cultura e Valorização da Vida, olha com atenção para áreas de vulnerabilidade social.

A Coordenação para Povos Tradicionais e Popula-ções Rurais, ligada à Secult-PE, iniciou suas atividades em janeiro de 2012, com o objetivo de desenvolver uma política inédita, especialmente voltada para grupos tão presentes e importantes na cultura de Pernambuco. A coordenação tem promovido apoios culturais, articulação com os povos, além de estudos e pesquisas, atividades de fomento e difusão. Entre os povos tradicionais apoiados pela Secretaria de Cultura estão os quilombolas, os indígenas, os ciganos, além daqueles que vivem em assentamentos e acampamen-tos rurais. Em uma articulação continuada, a coordenação finalizou o ano de 2012 em diálogo com as 12 etnias indíge-nas existentes em Pernambuco, com 80 das cerca de 130 co-munidades quilombolas e ainda em parceria com 10 grupos ciganos e 25 comunidades rurais. APOIOS CULTURAIS São apoios financeiros às comunidades, no sentido de contribuir para a continuidade das vivências culturais dos grupos, tanto no que se refere aos festejos, quanto aos de-mais elementos que compõem a sua cultura. Com os apoios, algumas manifestações culturais foram retomadas, a exem-plo do coco de roda da comunidade de Abelha (Carnaíba) na festa de São Sebastião. Os apoios já são 102 e somam R$ 217 mil para as comunidades do estado.

ARTICULAÇÃO O trabalho de articulação consiste em reuniões e encontros com entidades representativas e comuni-dades, fomentando um diálogo permanente para o pla-

LUZ NAS PESSOAS E NOS TERRITÓRIOS

LUZ NAS PESSOAS E NOS TERRITÓRIOS

nejamento, monitoramento e avaliação das ações rea-lizadas. Até dezembro de 2012, aproximadamente 310 encontros foram promovidos.

ESTUDOS E PESQUISAS A coordenação tem sistematizado informações acerca dos saberes culturais dos povos e das populações, e constru-ído calendários das festas, dos ritos e das manifestações pró-prias de um povo ou uma comunidade. Para a formatação e sistematização do inventário, foram utilizados os elementos culturais de patrimônio, registrando, assim, os principais as-pectos dos grupos entrevistados. Foram entrevistadas 74 co-munidades em seus territórios.

ATIVIDADES FORMATIVAS As atividades de formação se apresentam como eixo estruturante desta ação, configurando-se através de dois formatos específicos: rodas de diálogo e oficinas. Tal opção metodológica contribuiu significativamente para o alcance dos resultados esperados, reiterando o compromisso com a valorização dos conhecimentos e a autonomia das comuni-dades tradicionais.

FOMENTO E DIFUSÃO As atividades de difusão ocorreram sempre nos ter-ritórios étnicos e nas áreas rurais, através da socialização das vivências dos(as) mestres e dos grupos locais. Foram 93 apresentações artísticas oriundas das comunidades rurais e/ou povos tradicionais, em 10 encontros, realizados na maioria das vezes nos territórios tradicionais.

Trancelim no Quilombo Conceição das Crioulas • Salgueiro-PEFoto | Ricardo Moura

Mazurca no Quilombo Santana • Salgueiro -PE Foto | Ricardo Moura

NÚMEROS | POVOS TRADICIONAIS E POPULAÇÕES RURAIS

POVOS ARTICULADOS

INDÍGENAS • • • • • • 12ATIKUM, ENTRE SERRAS PANKARARU, FULNI-Ô, KAMBIWÁ, KAPINAWÁ, PANKARARU, PANKAIWKÁ, PANKARÁ, PIPIPÃ, TRUKÁ, TUXÁ E XUKURU.

QUILOMBOLAS • • • 80ENTRE ELES: CONCEIÇÃO DA CRIOULAS, CASTAINHO, CAATINGUINHA, ABELHA, TIMBÓ, TRIGUEIROS E SÃO CAETANO

CIGANOS • • • • • • • • 10DISTRIBUIÍDOS NAS CIDADES DE OURICURI, PAULISTA,ITAMBÉ, LAGOA DO OURO, ALTINHO, CUPIRA, TABIRA E FLORESTA.

POPULAÇÕES RURAIS (COMUNIDADES,ASSENTAMENTOS E

ACAMPAMENTOS) • • • • 25ENTRE ELAS: JOSIAS BARROS, NORMANDIA, TAMANDUÁ,JOSUÉ DE CASTRO, ENGENHO CAMARAZAL E RIACHO FECHADO.

POVOS TRADICIONAISE POPULAÇÕES RURAIS

102

217

310

7410 74

93 APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS DOS POVOS E POPULAÇÕES

APOIOS CULTURAIS

MIL REAIS PARA AS COMUNIDADES

ENCONTROS DE ARTICULAÇÃO

ENTREVISTAS NAS COMUNIDADES

RODAS DE DIÁLOGO

OFICINAS

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16 17

Lançado em 2007 pelo Governo Federal, através do Ministério da Cultura, o Programa Mais Cultura marca o reconhecimento da cultura como necessidade básica e direito de todos os brasileiros. Em Pernambuco, no ano de 2011, o programa re-alizou o Tecendo Redes – En-contro Regional dos Pontos de Cultura, em cinco edições do Festival Pernambuco Na-ção Cultural, da Secult-PE/Fundarpe. Durante o 21º Fes-tival de Inverno de Garanhuns (FIG), entre 14 e 23 de julho de 2011, um Casarão dos Pontos de Cultura foi montado, con-gregando, em um só lugar, di-versas ações. Já durante o 22º FIG, foi realizada a interven-

“Quem sou eu?”, “Onde moro?”, “Como que-ro ser no futuro?”, “Como eu gostaria que fosse meu bair-ro?”. São estas as perguntas que, direta ou indiretamente, norteiam o trabalho da equi-pe do projeto Cultura Valori-zação da Vida, realizado pela Secretaria de Cultura de Per-nambuco e pela Fundarpe desde 2011, junto aos mora-dores de comunidades peri-féricas de Pernambuco onde a iniciativa tem atuado. O Cultura Valoriza-ção da Vida faz parte de uma ação maior do Estado, o Pro-grama Governo Presente, que une ações de várias se-cretarias com foco na melho-ria da qualidade de vida da população de territórios com alto índice de violência e vul-nerabilidade social, compre-endidos como Territórios Es-peciais de Cidadania (TECs). Ao longo dos 14 me-ses em atividade, o projeto beneficiou 2.230 pessoas em cinco comunidades do esta-do. Centenário (Caruaru), São Francisco (Caruaru), Alto San-ta Terezinha (Recife) e Lagoa Encantada (bairro do Ibura, Recife) foram os locais que receberam oficinas, encon-tros, mostras e o programa de formação de Agentes da Me-mória. Em 2013, pretende-se aumentar o número de locali-dades atendidas, estendendo o projeto para Petrolina, Jabo-atão dos Guararapes e Olinda.

Uma das ações espe-ciais da política pública de cul-tura do Estado, o projeto Cultu-ra Livre nas Feiras leva, desde o fim de 2011, apresentações de diferentes linguagens artísticas para as feiras do estado, indo do interior à capital. Teatro, música, literatura, cultura popular e ou-tras manifestações costumam compor a programação itine-rante, cujo objetivo é fortalecer a cultura pernambucana e mos-trar artistas cujo trabalho tem ainda pouca visibilidade. Travando um diálogo com os municípios pernam-bucanos e os articuladores regionais, o Cultura Livre nas Feiras atua a partir do cadas-tro de artistas, profissionais ou amadores, para compor a sua grade de eventos. O projeto já tem cadastrados 1.599 artis-tas, dos quais 878 já se apre-sentaram nas feiras. Desde sua criação, a inciativa vem atuando em 50 feiras de 49 cidades de Per-nambuco. Presente nas quatro regiões do estado, o mapa da ação é composto atualmente por 11 feiras na Região Metro-politana do Recife, além de 11 da Zona da Mata, 13 do Agres-te e 15 do Sertão. Até o final de 2012 fo-ram contabilizadas 348 edições do projeto, totalizando R$ 789 mil reais investidos nos cachês dos artistas participantes. Para 2013, a previsão é produzir 622 eventos do projeto, somando 2.600 apresentações.

Sanfoneiros na Feira Livre de Exu FPNC Gonzagão 100 AnosFoto | Eric Gomes

Encontro com a memória dos Bairros na ilha de Santa Terezinha em Recife Foto | Acervo Secult - PE

Debate no Casarão dos Pontos de Cultura • FIG 2011Foto | João Baltar Freire

ção Espaço Cultura no Ponto. Também em 2011, no município de Moreno, foram realizadas as oficinas do Cine Mais Cultura, a par-tir de um convênio entre a Fundarpe e o Conselho Na-cional de Cineclubes Brasi-leiros, com 88 participantes de 45 entidades. No ano de 2012, o Programa se voltou para a Análise de Prestação de Contas e de Cumprimen-to do Objeto dos Pontos de Cultura junto à Fundarpe, além do Monitoramento e Assessoramento às entida-des que se encontram com dificuldades para executar essa etapa. Foram 30 pro-cessos analisados e 33 visi-tas para assessoria.

MATA NORTE

MATA SULSERTÃO DO SÃO FRANCISCO

SERTÃO DO PAJEÚ

AGRESTE MERIDIONAL

GOIANA

17 pontos de cultura participantes

TRIUNFO

08 pontos de cultura participantes

GARANHUNS 09 pontos

de cultura participantes

PALMARES 05 pontos de cultura participantes

PETROLINA

09 pontos de cultura

participantes

Encontros Tecendo Redes nas edições do Festival Pernambuco Nação Cultural

ENCONTROS COM A MEMÓRIA 350 PESSOAS | RECIFE

FORMAÇÃO DOS AGENTES DE MEMÓRIA25 PESSOAS | RECIFE

OFICINA DE CUSTOMIZAÇÃO17 PESSOAS | CARUARU

OFICINA DE PRODUÇÃO DE VÍDEOS20 PESSOAS | RECIFE

OFICINA DE PINTURAS ESPECIAIS13 PESSOAS | CARUARU

OFICINA DE CONTAÇÃO DE HISTÓRIA09 PESSOAS | CARUARU

OFICINA DE DANÇAS POPULARES26 PESSOAS | CARUARU

CICLO DAS PAIXÕES 400 PESSOAS | RECIFE

CICLO DAS PAIXÕES 500 PESSOAS | CARUARU

OFICINAS 190 PESSOAS | RECIFE

MOSTRAS600 PESSOAS | RECIFE

OFICINA DE BRINCADEIRAS INFANTIS20 PESSOAS | RECIFE

OFICINA DE INICIAÇÃO MUSICAL25 PESSOAS | CARUARU

OFICINA DE CUSTOMIZAÇÃO15 PESSOAS | RECIFE

OFICINA DE FANZINE10 PESSOAS | RECIFE

ATIVIDADES | BENEFICIÁRIOSCIDADES CONTEMPLADAS

CULTURA E VALORIZAÇÃO DA VIDA

CULTURA LIVRE NAS FEIRAS

MAIS CULTURA

NÚMEROS | CULTURA LIVRE NAS FEIRAS 2011/2012

348 EDIÇÕES

878 APRESENTAÇÕES

789 MIL REAIS INVESTIDOS

11 FEIRAS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

11 FEIRAS NA ZONA DA MATA

13 FEIRAS NO AGRESTE

15 FEIRAS NO SERTÃO

CIDADES PERCORRIDAS PELO PROJETO

ABREU E LIMA, AFOGADOS DA INGAZEIRA, ÁGUAS BELAS, ALIANÇA, ARCOVERDE, BELO JARDIM, BEZERROS, BONITO, CABO DE SANTO AGOSTINHO, CAMARAGIBE, CARPINA, CARUARU, CATENDE, CUSTÓ-DIA, ESCADA, EXU, FLORESTA, GAMELEIRA, GARANHUNS, GOIANA, GRAVATÁ, IGARAS-SU, IPOJUCA, JABOATÃO DOS GUARARAPES, JOÃO ALFREDO, LIMOEIRO, MORENO, NAZARÉ DA MATA, OLINDA, OURICURI, PALMARES, PAULISTA, PE-TROLÂNDIA, PETROLINA, RECI-FE (AGROECOLÓGICA), RECIFE (TRADICIONAL), SALGUEIRO, SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE, SANTA MARIA DA BOA VISTA, SÃO CAETANO, SÃO JOSÉ DO EGITO, SÃO LOURENÇO, SERRA TALHADA, SURUBIM, TABI-RA, TIMBAÚBA, TORITAMA, TRACUNHAÉM E VITÓRIA DE SANTO ANTÃO.

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18 19

ENTENDENDO OS POVOS TRADICIONAIS E AS POPULAÇÕES RURAIS: UM ESTUDO SOBRE UMA NOVA COORDENAÇÃO DA SECRETARIA DE CULTURA

O conceito de povos tradicionais é bastante recente no cenário nacional. Surge a partir da reivindicação por direitos específicos de alguns grupos populacionais, que se fortale-ceram politicamente na década de 1980, período de eferves-cência do debate sobre o reconhecimento oficial dos “novos sujeitos coletivos”. É na Constituição de 1988 que o governo brasileiro reconhece, pela primeira vez, o caráter pluriétnico do País, ao afirmar que “constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individual-mente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da socie-dade brasileira” (artigo 216). Com a ratificação da Convenção 169 da Organização In-ternacional do Trabalho (2003), que trata dos direitos dos povos indígenas e tribais no mundo, e também com a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tra-dicionais (2007), que define povos tradicionais, o Estado passa a considerar que esses tais “sujeitos sociais” são marcados por uma existência coletiva, por critérios político-organizativos próprios que compreendem uma diversidade de grupos com demandas diferenciadas entre si, a exemplo dos quilombolas, indígenas, pescadores artesanais, ciganos etc. Essa definição foi decisiva para a formulação de uma concepção de política pública decor-rente das múltiplas experiências sociais, econômicas e culturais deste País e é essa concepção que sustenta a ação da Coordena-ção para Povos Tradicionais e Populações Rurais da Secretaria de Cultura de Pernambuco. Trata-se de um olhar diferenciado da gestão pública para esses povos e essas populações, dotadas de rico acervo cul-tural, e que durante séculos exerceram estratégias de produção e reprodução de seus saberes tradicionais. A proposta de ação está ancorada na descentralização da política cultural, com a in-teriorização das ações para todas as Regiões de Desenvolvimen-to (RDs) do estado; na valorização das especificidades étnicas e territoriais; no fortalecimento das memórias, das histórias e das identidades culturais desses grupos, identificando e sistemati-zando informações sobre seus patrimônios e suas práticas cultu-rais; na promoção de ações formativas sobre as diversas lingua-gens culturais, apoiando a realização das práticas culturais de seus calendários, difundindo e fortalecendo suas práticas cultu-rais e saberes tradicionais através da socialização das vivências dos (as) mestres e grupos locais.

Erika NascimentoCoordenadora para Povos Tradicionais e Populações Rurais

Momento de culminância das ações e políticas culturais do Estado, o Festival Pernambuco Nação Cultural (FPNC), criado em 2008, consolidou em 2011 um formato descentralizado, que leva a cada vez mais cida-des programações de difusão e formação cultural.

Shows, espetáculos, mos-tras, oficinas e encontros de cultura popular integraram as 20 edições do FPNC rea-lizadas em 2011 e 2012, in-cluindo as duas edições mais recentes do Festival de In-verno de Garanhuns (FIG) e do Centenário de Gonzagão.

O investimento de R$ 50,5 mi-lhões possibilitou uma maior circulação dos artistas, ajudou na formação cultural da nossa gente, estimulou o turismo e promoveu visibilidade à rica cultura pernambucana. No período, 82 municípios rece-beram ações.

Do maracatu na Mata Norte ao samba de véio nas margens do São Francisco, o circuito do FPNC percorre o estado pro-movendo expressões culturais locais, articulando trocas en-tre diferentes manifestações, estimulando a continuidade das tradições e o surgimento de novos artistas, brincantes e produtores culturais.

QUANTIDADE DE ATRAÇÕES DE DIFUSÃO CULTURAL POR LINGUAGEM DURANTE AS EDIÇÕES 2011 E 2012 DO FPNC

Oficinas, palestras, seminários e outras ações de formação cultural de todas as linguagens artísticas

487

1• Palco Pernambuco Nação Cultural em Pesqueira. Foto | Costa Neto 2• Casa Galeria Gal-pão • FIG 2011. Foto | João Baltar Freire. 3• Espetáculo “A inconveniência de ter coragem”, grupo do Pontinho de Cultura Galpão das Artes em Orobó • FPNC Agreste Setentrional 2012. Foto | Ricardo Moura 4• Caminhão do Artesanato em Triunfo. Foto | Eric Gomes 5• Inaugura-ção da Biblioteca Itinerante de Petrolina. Foto | Ricardo Moura 6• Cortejo pelas ruas de Pes-queira • FPNC Agreste Central 2012. Foto | Ricardo Moura 7• Cinema na Estrada em Flores, FPNC Sertão do Pajeú 2012. Foto | Edmar Melo 8• Exposição do IV e V Prêmios Pernambuco Nação Cultural de Fotografia. Foto | Edmar Melo 9• Postais da memória em Gravatá. Foto | Secult-PE 10• Lançamento do Fanzine Pantim • FIG 2012. Foto | Beto Figueiroa

FESTIVAL PERNAMBUCO NAÇÃO CULTURAL

FESTIVAL PERNAMBUCO NAÇÃO CULTURAL

85Artes Cênicas

23Patrimônio e Preservação

515Música

114Cultura Popular

74 LiteraturaDifusão e formação

05Design & Moda

20Fotografia

13Artes Visuais

12Artesanato

1

2

3

5

7

10 9

6

4

100AudiovisualExibições do ci-nema na estrada

8

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2020 21

MATA NORTELUZ NOS BRINQUEDOS POPULARES

Berço do maracatu de baque solto, terra dos caboclinhos, da ciranda e do cavalo-marinho, a Zona da Mata Norte é a primei-ra parada do Festival Pernambuco Nação Cultural. No palco, na rua ou no chão de terra batida, o intenso circuito de difusão e formação cultural se espalha por Goiana e outras 18 cidades da região, sempre fortalecendo as expressões culturais mais presentes em cada localidade. Em 2011 e 2012, o FPNC levou à Mata Norte um total de 209 ações culturais, entre shows, espetáculos, mostras artísticas, apresentações de cultura popular, oficinas e seminários. Todas as manifestações artísticas da região se encontram no festival. Em Aliança, Itaquitinga e Condado, encontros de cava-lo-marinho reúnem mestres e estimulam a continuidade do brin-quedo popular. Sambadas de maracatu acontecem em Lagoa do Carro e Nazaré da Mata; os cirandeiros se encontram em Chã de Alegria; os violeiros em Carpina. Glória do Goitá recebe os mestres mamulengueiros e em Goiana, caboclinhos e índios enriquecem a programação. Ações nas cidades de Goiana, Aliança, Buenos Aires, Camu-tanga, Carpina, Chã de Alegria, Condado, Ferreiros, Glória do Goitá, Itaquitinga, Itambé, Lagoa de Itaenga, Lagoa do Carro, Macapara-na, Nazaré da Mata, Paudalho, Timbaúba, Tracunhaém e Vicência.

SERTÃO DO MOXOTÓVALORIZAÇÃO DAS CULTURAS TRADICIONAIS

Realizado pela primeira vez em abril de 2012, o FPNC Ser-tão do Moxotó foi bem acolhido pelos moradores de Arcoverde, Sertânia, Betânia, Custódia, Ibimirim, Inajá e Manari. Durante sete dias, o povo que deu origem ao samba de coco, um dos símbolos da cultura pernambucana, ganhou mais uma vez as praças e os terreiros da região mostrando como resistem as mais ricas tradi-ções sertanejas. Para fortalecer manifestações artísticas e também promo-ver o intercâmbio entre expressões tradicionais e contemporâne-as, o festival ofereceu 66 ações gratuitas de difusão cultural, como grandes shows, palco garagem, mostra de audiovisual e fotografia, espetáculos de artes cênicas e o encontro de bois de Arcoverde. O Encontro de Poesia Oral do Moxotó reuniu grandes mestres violei-ros, aboiadores e declamadores. Em Betânia, apresentações artís-ticas, mostras de fotografia e artesanato quilombolas, indígenas e rurais mobilizou 30 comunidades tradicionais da região. Trinta e oito ações de formação, entre oficinas e rodas de diálogo, também movimentaram as cidades, aprimorando conheci-mentos de artistas locais, despertando talentos e formando plateias.

Encontro de Cavalo Marinho FPNC Mata Norte Foto | Roberta Guimarães

Encontro de Bois de Arcoverde FPNC Sertão do Moxotó Foto | Roberta Guimaraes

Apresentação do Samba de Coco Trupé de ArcoverdeFPNC Sertão do Moxotó Foto | Roberta Guimaraes

Encontro de Caboclinhos e Índios • FPNC Mata Norte Foto | Daniela Nader

CARUARUCULTURA EM CADA CANTO DA CIDADE

Celebrando o aniversário e a diversidade cultural de Caruaru, o FPNC chegou à capital do agreste pernambucano em maio de 2012. Do forró ao rock de garagem, da xilogra-vura às intervenções urbanas, o festival ofereceu um total de 80 ações de difusão cultural. Sempre garantindo espaço para os artistas locais e promovendo a circulação das produ-ções de todo o estado. Shows, espetáculos de rua no Parque Severino Montene-gro, palco garagem na estação ferroviária, mostras de design e fotografia e apresentações culturais em feiras ocuparam Caruaru durante os sete dias de festival. A mostra Cinema na Estrada per-correu diversos bairros da cidade, passando inclusive pela Peni-tenciária Juiz Plácido de Souza e pela Fundação de Atendimento Socioeducativo, permitindo também o acesso de pessoas em si-tuação de reclusão às produções do audiovisual pernambucano. A festa da cultura popular em Caruaru foi animada pelos encontros de bois, pifeiros, mazurca, trios pé-de-serra e bacamar-teiros e, que reuniram dezenas de grupos e artistas populares da região. No eixo de formação cultural, 39 oficinas e palestras das diversas linguagens artísticas foram realizadas com o objetivo de apresentar novas ferramentas aos artistas locais e impulsionar o surgimento de novos agentes culturais.

SERTÃO CENTRALCONSOLIDANDO CALENDÁRIOS CULTURAIS

A terra da bicharada do Mestre Jaime, dos aboiadores e dos festejos da Cavalgada à Pedra do Reino é um dos destinos de maio do Festival Pernambuco Nação Cultural. Vestida com o azul e o encarnado que simbolizam a festa de mouros e cristãos na cidade, São José do Belmonte acolhe os gran-des shows do festival, mostras de artesanato, encontros de literatura, apresentações de bandas filarmônicas e rodas de mestres da cultura popular. Tudo isso em meio às tradicionais Cavalhada Zeca Miron e Cavalgada à Pedra do Reino. Em Salgueiro, o palco é para as bandas de garagem, que re-velam a força da cena musical alternativa do sertão. O Teatro Alaíde Conserva também abre espaço para espetáculos de grupos locais; e a cultura popular sai em cortejo pelas ruas com a bicharada do Mestre Jaime, os bonecos gigantes do Ziriguidum e os caretas de Verdejante. Serrita, Mirandiba, Verdejante, Cedro, Terra Nova e Parnami-rim também recebem ações do festival. Em 2011 e 2012, o FPNC Ser-tão Central levou à região um total de 117 ações de difusão cultural e outras 45 oficinas e palestras sobre diversas linguagens artísticas.

“Pra gente é um desafio apresentar o samba em pleno Sertão de forrós e cantorias. É muito bom poder contar com o FPNC para divulgar nosso traba-lho também no interior do estado”.

Gerlane Lops, cantora, sobre sua participação no FPNC Sertão Central.

Espetáculo Ato Sertão do Moxotó (Grupo Magiluth) • FPNC Caruaru

Foto | Marília Chalegre

Show da Banda Devotos no Palco Garagem • FPNC Caruaru

Foto | Clara Gouvêa

Cavalgada à Pedra do Reino em São José do Belmonte • FPNC

Sertão Central 2012. Foto | Costa Neto

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Música, literatura, dan-ça, circo, teatro, cultura popu-lar, cinema e muitas outras formas de arte fazem do Fes-tival de Inverno de Garanhuns (FIG) um dos momentos mais importantes e aguardados do calendário cultural de Per-nambuco. São mais de 20 anos de história que ajudaram a consolidar um evento cuja programação é motivo de ex-pectativa a cada edição. Não apenas entre os habitantes da cidade agrestina, situada a 230 km do Recife, mas ainda entre as milhares de pessoas vindas de outros lugares para aproveitar, no mês de julho, o friozinho de Garanhuns em clima de festival.

1. A contagem inclui as apresentações no Palco da Cultura Popular 2. As apresentações nos Caminhões de Cultura e no Alto do Magano também estão contabilizadas como shows.

Em sentido horárioPúblico do Palco Guadalajara • FIG 2012. Foto | Costa NetoMovimentação no Parque Euclides Dourado • FIG 2011. Foto: Clara Gouvêa. Agentes da Palavra, com a poeta Mariane Bigio. Foto | João Baltar Apresentação do Maracatu Baque Solto Piaba de Ouro no palco Cultura Popular. Foto | Edmar MeloApresentação do grupo Deveras: Um balé Popular. Foto | Edmar MeloEspetáculo “Quatro” da Cia. Brincantes de Circo. Foto | Ricardo MouraShow de Tulipa Ruiz no Placo Pop. Foto | Daniela Nader

Durante dez dias, os 12 polos de animação rece-bem atrações locais, nacio-nais e internacionais. Nos parques, é possível ouvir boa música, assistir a espetáculos de artes cênicas, ver mos-tras e outras ações das mais diversas linguagens. As ruas são tomadas por cortejos de cultura popular, performan-ces e intervenções urbanas. Vários espaços recebem ofi-cinas e até a praça se trans-forma num lugar de criativi-dade e fruição. Em 2011 e 2012, fo-ram 932 ações de difusão de todas as linguagens artísticas oferecidas gratuitamente aos moradores e visitantes, esco-

lhidas a partir de uma con-vocatória, aberta a artistas de todo o País, e de convites. Oficinas também integraram a programação do festival. Nas duas últimas edições, 117 cursos foram ministrados. Importante vitrine da política cultural do Estado, o FIG homenageou Lula Côrtes em 2011 e em 2012, comemorou o centenário de Luiz Gonzaga. FORMATO DESCENTRALIZADO

Com o formato des-centralizado adotado em 2011 e consolidado em 2012, o festival espalha-se ainda mais por Garanhuns, chegan-

do também aos bairros de periferia, ao Alto do Magano e à comunidade quilombola do Castainho. Além dessa ex-pansão territorial, o FIG 2012 ampliou ações e conceitos. A tríade ‘sustentabilidade, em-preendedorismo e acessibilida-de’ surgiu, pela primeira vez, como norteadora do festival, costurando as ações com ini-ciativas voltadas à difusão de novos valores entre a popula-ção local e visitantes. MULTICULTURAL

A cada ano, o festi-val reúne e valoriza todos os segmentos da cultura, não só a música, que é sua prin-

cipal vitrine. As artes cênicas receberam novos espaços, a exemplo da lona do Circo, que mudou de local para acolher melhor o público in-fanto juvenil. Também foram am-pliadas as ações de artes plásticas no Casarão das Ar-tes. A literatura recebeu um espaço exclusivo, a Praça da Palavra, um pavilhão para recitais, debates, lançamen-tos, oficinas, feira de livros e outras atividades. A Casa Galeria Galpão e o Espaço Design e Moda ganharam exposições, performances, palestras, desfiles e bazares. Outra novidade de 2012 foi o Ambiente Cria-

tivo, espaço que deu aos visitantes a oportunidade de entrar em contato com empreendimentos culturais pautados pela economia criativa, sustentabilidade e valorização da identida-de cultural pernambucana. Além de comercializar pro-dutos sustentáveis e orien-tar o público sobre iniciati-vas no setor. Todas essas ações, aliadas aos grandes shows musicais, fazem do FIG um mecanismo de fomento à cultura, ao turismo e à eco-nomia pernambucana, pro-movendo o acesso aos bens simbólicos para um número cada vez maior de pessoas.

FESTA DA DIVERSIDADE CULTURAL

4238020354 - - -0618

19606

33

453

45220307590212010489

26117

12

596

87600510

11302120110

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45

1049

TOTAL20122011

Artes Cênicas

Artes Visuais

Artesanato

Audiovisual

Cultura Popular♂1

Cultura Livre nas Feiras

Design & Moda

Economia Criativa

Fotografia

Literatura

Música/Shows2

Patrimônio e Preservação

Pontos de CulturaMais Cultura

QUANTIDADE DE AÇÕES DE DIFUSÃO CULTURAL POR LINGUAGEM

OFICINAS, PALESTRAS E RODAS DE DIÁLOGO 55 62 117

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SERTÃO DO PAJEÚPROMOVENDO INTERCÂMBIOS ENTRE O LOCAL E O NACIONAL O destino do Nação Cultural na última semana de julho é o berço das mais belas poesias sertanejas: o Sertão do Pajeú. Com uma programação que valoriza tradições culturais como o cordel, o pífano, o reisado e os caretas de Triunfo, o FPNC levou à região em 2011 e 2012 um total de 125 ações de difu-são das mais diversas linguagens artísticas. Sempre apostando também em novos formatos e artistas de todo o Brasil. Triunfo é a cidade polo, mas a caravana do festival avança sobre os municípios de Afogados da Ingazeira, Carnaí-ba, Tabira, Flores, Serra Talhada, São José do Egito, Tuparetama, Ingazeira e Solidão. Além de shows com artistas locais e nacio-nais, Triunfo acolhe apresentações cênicas que movimentam o Cine Teatro Guarany, exposições, intervenções urbanas, ações de educação patrimonial e encontros de cultura popular. Terra natal do poeta Cancão, São José do Egito recebe programação especialmente dedicada à difusão da sua obra e de outros grandes escritores e declamadores da região, através das mesas de glosa, rodas de prosa e cantorias de viola. A produção audiovisual pernambucana percorre os municípios e ganha público com o Cinema na Estrada. Nas duas últimas edições, 40 oficinas e palestras também foram ofertadas pelo festival, apontando para a continuidade das ri-cas expressões culturais do Pajeú.

AGRESTE SETENTRIONALDIÁLOGO COM AS DIFERENTES REALIDADES CULTURAIS

Conhecida como a “Dália da Serra”, rica em belezas natu-rais e famosa pela prática de esportes radicais, Taquaritinga do Norte se transforma, todo mês de agosto, na cidade polo do FPNC Agreste Setentrional. Em 2011 e 2012, o festival levou à região um total de 73 ações de difusão de todas as linguagens artísticas, além de 33 ofi-cinas e palestras, que ajudaram a formar novos multiplicadores da cultura pernambucana e impulsionar os talentos da região. Descentralizado e repleto de atrações que promovem as características culturais de cada município, o FPNC chega também a Limoeiro, Orobó, Feira Nova, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe, Frei Miguelinho, Passira, Salgadinho e São Vicente Férrer. Um percurso que contempla a realização de grandes shows em Taquaritinga; a cena teatral e o coco do Mestre Zé de Teté em Limoeiro; o polo da moda em Toritama; o cavalo- marinho de Feira Nova; as bandas de garagem em Santa Cruz do Capibaribe; além das ações de artesanato, literatura, audiovisual, fotografia e encontros de cultura popular.

AGRESTE CENTRALAPOIO AOS FESTEJOS DOS MUNICÍPIOS

Em meio às comemorações da Festa da Renascença, em Pesqueira, o circuito do Festival Pernambuco Nação Cultural che-ga à região do Agreste Central no mês de agosto. Na bagagem, grandes nomes da música pernambucana e nacional, além de es-petáculos de artes cênicas, ações de audiovisual, literatura, artesa-nato, fotografia, design e moda. Presente em cada vez mais cidades da região, a caravana do FPNC também alcança os municípios de Sanharó, Belo Jar-dim, Agrestina, Brejo da Madre de Deus, São Bento do Una, São Caetano e Tacaimbó. No território repleto de expressões da cultura popular, o povo agrestino vive dias de intensa movimentação em torno dos caiporas e da renascença de Pesqueira; dos grupos de La Ursa em São Caetano; da mazurca de Agrestina, entre outras manifesta-ções que o festival ajuda a iluminar. Como os saberes e as culturas de povos tradicionais, que também enriquecem a programação através dos encontros de comunidades quilombolas e indígenas. Nas edições 2011 e 2012, 84 ações de difusão cultural fo-ram realizadas no Agreste Central. E 43 oficinas e palestras gratui-tas foram ministradas à população, contribuindo para a formação cultural de diversos públicos.

GRAVATÁCULTURA MOVIMENTANDO A ECONOMIA

Na primeira quinzena de setembro, o Festival Per-nambuco Nação Cultural sobe a Serra de Russas em direção a uma das cidades mais visitadas do Agreste pernambucano: Gravatá. O município, situado a 80 km do Recife, empresta seu charme e temperatura amena para a Festa da Estação, que simboliza o fim do inverno no Estado. A diversidade da programação valoriza a cultura per-nambucana e também inclui na grade de shows artistas de reconhecimento nacional, atraindo um grande público e movimentando a economia da cidade. Espetáculos de artes cênicas, encontros de cultura popular, mostras de audiovi-sual, fotografia, além de ações de design e moda completam o leque de atrações culturais que o FPNC leva à Gravatá. Em 2011 e 2012, o festival promoveu 65 ações de difusão cultural. No eixo de formação, foi responsável pela realização de 27 oficinas e palestras gratuitas que potencia-lizaram fazeres artísticos locais, como a oficina de “Design na produção de móveis rústicos”. Desde 2011, as comunidades rurais de Gravatá tam-bém são inseridas no festival através de ações descentraliza-das nos distritos de Mandacaru, Uruçu Mirim, São Severino, Russinhas e Avencas.

“A iniciativa da Fundarpe em realizar o Pernambu-co Nação Cultural é de muita importância para o estado. Porque além de fomentar o mercado, revela novos artistas e integra o Estado Cultu-ral como um todo. É do cais ao sertão”.

Josildo Sá, cantor, atra-ção do FPNC Agreste Setentrional.

“O Festival PE Nação Cultural já está conso-lidado e com um jeito de ser próprio, o que é muito importante para a cena artística do Estado. A descentralização das ações é sempre muito bem-vinda, pois acredito na importância de es-tabelecermos vínculos com o interior do Estado e esse diálogo entre as regiões é muito salutar.”

Geraldo Maia, cantor, atração do FPNC Sertão do Pajeú.

Show do cantor Fagner em TriunfoFPNC Sertão do Pajeú 2012 Foto | Edmar Melo

Toré Fulni-ô no Encontro de Povos Indígenas em Pesqueira FPNC Agreste Central 2012 Foto | Ricardo Moura

Roda de conversa com rendeiras de Sanharó • FPNC Agreste Central 2012. Foto | Costa Neto

Público e palco do show de Marcelo Jeneci em Taquaritinga do Norte

FPNC Agreste Setentrional 2012 Foto | Costa Neto

Público do show de Nando Reis FPNC Gravatá 2012

Foto | Costa Neto

Encontro de Blocos Líricos FPNC Gravatá 2012

Foto | Costa Neto

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SERTÃO DO SÃO FRANCISCOCELEBRAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES LOCAIS

Integrada ao Festival da Primavera de Petrolina e espa-lhando arte e cultura também pelas cidades de Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó e Santa Maria da Boa Vista, a ca-ravana do FPNC chega em setembro ao Sertão do São Francisco. A edição 2011 levou à região um total de 100 ações de for-mação e difusão cultural. Incluindo shows de artistas pernambu-canos e nacionais, palco garagem, espetáculos de artes cênicas, exposições de artes visuais, ações de literatura e audiovisual. Encontros de reisado e são gonçalo em Lagoa Grande e de pífanos em Orocó foram destaques da programação de cultura popular. Em Santa Maria da Boa Vista, o samba, o coco de roda, o toré e outras expressões quilombolas e indígenas animaram o encontro de povos tradicionais. A música e a poesia também ganharam as águas do Velho Chico com o projeto Som Francisco, que ofereceu passeios fluviais à população. E na Ilha do Massangano, berço do samba de véio, moradores e turistas despediram-se do festival celebrando a be-leza dessa rica manifestação da nossa cultura.

MATA SULREANIMANDO EXPRESSÕES CULTURAIS

Reverenciando a memória de grandes escritores nascidos na região, como Ascenso Ferreira e Hermilo Borba Filho, o Festi-val Pernambuco Nação Cultural voltou à Mata Sul em outubro de 2011 com o objetivo de reanimar tradições como as rodas de bois, guerreiros, bandas filarmônicas e o samba de matuto. Desta vez, além de Palmares, 84 ações de formação e di-fusão das mais diversas linguagens artísticas alcançaram também os municípios de Água Preta, Barreiros, Catende, Gameleira, Rio Formoso, Tamandaré e Vitória de Santo Antão. Shows, espetáculos, palco garagem, apresentações de cultura popular, mostra de cinema pernambucano e ações de in-centivo à leitura foram destaques da programação. Como o pro-jeto Literatura nas Paradas, que instalou uma minibiblioteca no Terminal Rodoviário de Palmares e a Mostra Cinema na Estrada, que percorreu as cidades exibindo filmes pernambucanos. Em Vitória de Santo Antão, carnavalescos discutiram ca-minhos para sustentabilidade das agremiações locais; e em Água Preta, a população ganhou às ruas acompanhando as canções e a poesia do Encontro de Mestres de Guerreiros.

O Festival Pernambuco Nação Cultural encerrou o circuito de 2012 com a ação mais esperada do ano: a comemoração do centenário de Luiz Gonzaga. A grande festa em homenagem ao Rei do Baião foi realizada no Exu, no Sertão do Araripe, e no Recife, fazendo um público numeroso, de várias partes do País, viajar para conferir os shows e ou-tras atrações de uma intensa programação cultural temática. No Sertão ou no Litoral, não faltaram tributos a Luiz Gon-zaga. De 10 a 16 de dezembro, o FPNC promoveu 94 ações de difu-são cultural. A edição especial do FPNC contemplou não só música, como outras linguagens artísticas, envolvendo o audiovisual, as artes cênicas, a literatura e a cultura popular. Também envolveu atividades de formação cultural. Entre seminários e oficinas, 14 ações foram rea-lizadas com o intuito de aprofundar debates sobre a importância da obra de Gonzaga ou transmitir conhecimentos essenciais à preser-vação do imaginário gonzagueano, como as oficinas de oito baixos (instrumento como sanfona) e de ressignificação da indumentária relativa à estética do Rei do Baião. Na capital do estado, foram promovidos shows abertos ao pú-blico no Recife Antigo, além de espetáculos, apresentações musicais, mostras e exposições em 13 equipamentos culturais da Secult-PE/Fun-darpe, teatro de rua e mesa de glosa em torno do imaginário do Mestre Luiz. No dia oficial do centenário, 13 de dezembro, Alceu Valença e Fag-ner, parceiro de Gonzagão, lotaram a Praça do Arsenal, num parabéns que celebrou a música e o povo nordestino. Enquanto isso, no Exu, fize-ram a festa Domiguinhos e Gilberto Gil – músicos declaradamente in-fluenciados pelo pernambucano – e familiares como Daniel Gonzaga e Joquinha Gonzaga, neto e sobrinho do músico respectivamente. Ainda no Recife, a vinda da jornalista e escritora francesa Do-minique Dreyfus foi de suma importância para a comemoração oficial do aniversário de Lua, promovida pelo Governo do Estado. Ela é autora da principal biografia do Rei do Baião, “Vida do viajante: a saga de Luiz Gonzaga”, lançada em 1996, e teve a chance de conviver intensamente com o músico pernambucano. Durante o centenário, Dominique par-ticipou de uma roda de diálogo sobre a vida e a trajetória musical de Gonzagão, revelando curiosidades da personalidade do artista e sua relevância para a cultura brasileira. No Exu, palcos montados no Parque Aza Branca, na Fazenda Araripe e no Módulo Esportivo, atraíram milhares de pessoas para a terra natal do homenagedo. Como um remédio pra matar a saudade, o público cantou junto a artistas de peso, como Dominguinhos, Elba Ramalho e Gilberto Gil, as canções do rei, verdadeiros hinos do Sertão e do povo nordestino.

Oficina de pífano no Quilombo Águas Velhas, em OrocóFPNC Sertão do São Francisco 2011 Foto | Costa Neto

Guerreiro do Mestre Cícero em Tamandaré • FPNC Mata Sul 2011 Foto | Eric Gomes

Público no embarque do projeto Som Francisco, em Petrolina FPNC Sertão do São Francisco 2011 Foto | Eric Gomes

Roda de Bois em Vitória de Santo Antão • FPNC Mata Sul 2011Foto | Costa Neto

“Pernambuco está de para-béns por fazer este festival. Isso é um exemplo de como se deve tratar a cultura”.

Fagner, cantor, atração do FPNC especial Gonzagão 100 anos.

NO CAIS OU NO SERTÃO, VIVA LUIZ GONZAGA! CONCERTO

Gilberto Gil cantou no dia da celebração oficial dos 100 anosFoto | Eric Gomes

SHOWSDominguinhos e Elba Ramalho estavam entre os grandes nomes do centenárioFotos | Marcelo Soares

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QUAL A MOTIVAÇÃO DE UM FESTIVAL? O QUESTIONAMENTO ENSEJA UMA COMPLEXA E BEM-VINDA REFLEXÃO.

As multiplicidades de manifestações e gêneros que encontramos em todas as regiões de Pernambuco e dentro destas, em cada uma das cidades e comunidades, são um desafio para qualquer gestão pública. Desde a construção da programação, que demanda diversas reuniões com re-presentantes da base cultural local e dos poderes públicos municipais, até as minúcias da logística de palco, som, ilu-minação, transporte dentre outras, tudo requer um cuidado e nos insere em um processo de aprendizagem constante sobre as características artísticas, socioculturais, históricas e geográficas de cada localidade. Afinal, a cultura seria um conceito vago sem a incorporação destes elementos. Uma tarefa como esta não pode ser encarada sem uma grande articulação interna e externa ao governo. A mobilização de órgãos das mais diversas áreas como saúde, assistência social, criança e juventude, segurança, educação, livre orientação sexual, povos tradicionais e diretos huma-nos é necessária como forma de contemplar a gama de te-mas encontrados, numa perspectiva de intersetorialidade e transversalidade de ações. Programas, projetos e atividades encontram nos festivais um espaço de troca e convergência. Ouvir artistas, brincantes e produtores culturais das regiões também é condição para o sucesso de cada etapa. Com isto, além de valorizar e ampliar a visibilidade dos di-ferentes repertórios culturais, o festival assume também o compromisso de trabalhar potencialidades e reduzir garga-los que ainda persistem, como a ausência de uma política de formação cultural continuada na maioria dos municípios. Compreender e dialogar com esta rica teia cultural que, mesmo enfrentando dificuldades até históricas, man-tém vivos os nossos bens culturais, como o cavalo-marinho da Mata Norte ou a folia de bois no Moxotó, são desafios que nos impulsionam nesta caravana. A motivação de um festival? Aproximar público e plateia, realizar trocas, valorizar e construir saberes. Neste mosaico de cores, sons, formas, cores e sabores, Pernambu-co se encontra e se revela.

Beto SilvaSecretário Executivo de Cultura de Pernambuco

Dois momentos especiais da programação ressalvaram a presença do sanfoneiro no imaginário de sua terra: a caravana do pau de arara (ação especial do Cultura Livre nas Feiras), com forrozei-ros da região, e a missa realizada em sua homenagem, embaixo do Juazeiro do Parque Aza Branca, onde Gonzagão morou. No primeiro, sanfoneiros, alguns dos que já haviam tocado com o mestre, conta-ram causos do mestre e reviveram o caminho que Gonzagão costu-mava fazer, da Fazenda Araripe (seu antigo lar) até a Feira do Exu. Já a missa cantada, no último dia da festa, reuniu visitantes e moradores da cidade, com a participação de vários músicos, que lembraram as principais canções de Lua.

EM 2011 O FPNC em homenagem a Luiz Gonzaga não aconteceu só em 2012. Na verdade, o festival se junta todos os anos ao calendário do Exu, que já comemora o aniversário de sua majestade a cada mês de dezembro. Em 2011, na abertura do Ano de Gonzagão, o FPNC levou à cidade 36 atrações musicais, entre grandes nomes da sanfona e do forró, antigos parceiros de Seu Lua e também representantes da nova geração de forrozeiros.

944812

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ações de difusão cultural foram promovidas pelo FPNC

shows animaram a festa no Exu

apresentações musicais no Recife

oficinas foram realizadas no Exu, com destaque para as oficinas de oito baixos, xaxado e xilogravura

equipamentos culturais de Pernambuco abriram as portas para atividades durante o centenário, como o Teatro Arraial – que recebeu uma edição especial do Arraial Instrumental com Cláudio Rabeca

filmes foram exibidos no projeto Cinema na Estrada, no Exu. O longa-metragem “Gonzaga: de pai para filho” também ganhou uma sessão no Parque Aza Branca

forrozeiros animaram a Fazenda Araripe (onde Gonzaga morou na infância), no dia 13 de dezembro, dia oficial do centenário

shows Festival Pernambuco Nação Cultural do Sertão do Araripe

Público e palco dos shows de Gilberto Gil, Elba Ramalho, Dominguinhos e outros artistas em Exu, 2012. Foto | Marcelo Soares

OFICINACrianças aprendendo as téc-nicas da sanfona de 8 baixosFoto | Eric Gomes

JUAZEIROMissa foi realizada em home-nagem a Gonzagão e reuniu sanfoneiros que tocaram ao longo da celebraçãoFoto | Eric Gomes

PAU DE ARARADa Fazenda Araripe à Feira do Exu, sanfoneiros lembra-ram as canções de GonzagãoFoto | Eric Gomes

2012

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ECONOMIA CRIATIVA

Recém-criada, a Coordena-doria de Economia Criativa da Secult-PE é norteada pelo incentivo à diversidade cul-tural, à inovação, à sustenta-bilidade e à inclusão social. Desde sua criação, tem tra-balhado na construção de um ambiente favorável para o desenvolvimento do setor no Estado, levantando infor-mações a respeito do tema, articulando espaços de di-álogo e comercialização, orientando novos empreen-dimentos desde sua forma-ção, passando por questões como marcos legais e infra-estruturas adequadas.

Entre as principais ações, es-tão o Ambiente Criativo e o Culturando a Economia em Pernambuco. A coordena-doria também foi responsá-vel pela criação de um canal de diálogo entre os diversos produtores culturais pernam-bucanos, com a página Rede Criativa PE no facebook. Atu-almente, a página conta com mais de 1.550 assinantes.

A meta para 2013 é, em par-ceria com o Ministério da Cultura, inaugurar o Criativa Birô PE. Um espaço de 300m² na Casa da Cultura que vai oferecer suporte técnico, consultoria, workshops e for-talecer arranjos produtivos locais. Escritórios de apoio em cidades polos do Agreste, Sertão e Zona da Mata tam-bém estão previstos.

AMBIENTE CRIATIVO

Funcionando como uma plataforma itinerante da cultura pernambucana, o Ambiente Criativo tem o objetivo de promo-ver a cultura e as artes, na perspectiva de evidenciar a criativi-dade nos arranjos produtivos, empreendedores e colaborativos, tendo a inovação e o ineditismo como ferramentas primordiais das realizações. Em 2011 e 2012, a ação passou pelo Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), pela Casa da Cultura Luiz Gonzaga e pelo projeto Travessia, na Universidade Católica de Pernam-buco. O espaço do Ambiente Criativo contou com encontro de gestores, festival gastronômico e showroom (Papos Criativos, Mercado Criativo, Salão das Iniciativas Inovadoras, Praça de Par-ceiros, Governança + Set de Filmagem, Café e Lounge). A inicia-tiva contou com a parceria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, além do apoio da Secretaria da Mulher, da Secretaria da Copa e da Secretaria do Trabalho. Durante o FIG, o espaço sediou a rea-lização do I Encontro Nacional de Gestores de Economia Criativa do Brasil, que contou com a participação de 07 estados.

CULTURANDO A ECONOMIA EM PERNAMBUCO

Ação da Coordenadoria de Economia Criativa, visa a for-mação de comunidades tradicionais em relação aos principais conceitos que norteiam a Economia Criativa, como fomento, inovação, formação e empreendedorismo cultural. Através da promoção de diálogos, a ação incentiva a construção de novas formas e práticas culturais pelo desenvolvimento do cidadão, de forma sustentável e inclusiva, com ênfase na criatividade e

transformação social através da cultura. De março a maio de 2012, o Culturando a Economia em Pernambuco, percorreu seis Festivais Pernambuco Nação Cultural, em Goiana, Arco-verde, Caruaru, Salgueiro, Parnamirim e São José do Belmonte. Nas ações presenciais, as 6 oficinas contaram com a participa-ção de 80 pessoas. No Sertão Central, atividades por meio de videoconferência alcançaram 3 cidades. Em cada região, uma temática se destacava: Rede Criativa PE e Processo Criativo (Salgueiro); a Pedra do Reino e a Economia Criativa (São José do Belmonte) e Ciclo Junino e Economia Criativa (Parnamirim).

1.550 INTERNAUTAS

conectados na Rede Criativa, página on line,

criada para trocas de informações sobre economia criativa

06 OFICINAS

Culturando Economia em Goiana, Arcoverde,

Caruaru, Salgueiro, Parnamirim e São José

do Belmonte

Papos Criativos no Ambiente CriativoFestival de Inverno Garanhuns 2012

Foto | Ricardo Moura

Video Conferência “A Pedra do Reino e a Economia Criativa” em

São José do BelmonteFPNC Sertão Central 2012

Foto | Clara Gouvêa

Secretário executivo de Cultura, Beto Silva e Claudia Leitão, titular da Secretaria

de Economia Criativa do MinC, assinam convênio para

instalação do Criativa Birô PE Foto | Ricardo Moura

O 1º Encontro Criativo aconteceu em dezembro de 2011 no Recife, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco ereuniu cerca de 150 empreendedoresFoto | Ricardo Moura

ECONOMIA CRIATIVA

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32 33

A diretoria tem atua-do em todos os festivais re-alizados pela Secult-PE. Ao longo de 2011 e 2012, esteve presente em 19 edições do Festival Pernambuco Nação Cultural (FPNC), incluindo o Festival de Inverno de Ga-ranhuns (FIG). Em 2011, as ações da diretoria totalizaram 279. No ano seguinte este nú-mero saltou para 325. No período também foi realizada a Capacitação Regionalizada de Produtores, Artistas e Gestores para o edi-tal do Funcultura 2011/2012; e o Curso de Extensão em Ela-boração de Projetos Culturais, em parceria com a Universi-dade de Pernambuco (UPE). Além de proporcionar uma melhor compreensão acerca do funcionamento do edital, a capacitação contribuiu para diminuir a atual concentra-ção geográfica de projetos na Região Metropolitana do Recife, ofertando meios para qualificação de produtores em regiões nas quais a políti-ca de cultura do estado ainda

é menos presente. A Formação também promoveu, em 2012, a Pós--Graduação Lato Sensu em Gestão Cultural, através de parceria com o Ministério da Cultura, a Fundação Joaquim Nabuco e a Universidade Fe-deral Rural de Pernambuco (UFRPE). A atividade faz parte de um projeto mais amplo da DFC, tendo em vista a con-solidação da cultura como campo acadêmico no ensi-no superior. A atividade, que contou com representantes de todo o Nordeste, teve a participação de gestores da Secult-PE, da sociedade civil e do Conselho de Cultura. Já em novembro de 2012, foi realizada, numa par-ceria entre a DFC e o Obser-vatório Itaú Cultural (SP), a Semana de Gestão e Políticas Culturais. A atividade promo-veu palestras com renoma-dos pesquisadores do campo da cultura, ofertando opor-tunidades de qualificação de artistas, produtores culturais e gestores públicos.

Em agosto de 2012, a diretoria deu início ao pro-jeto Feiras de Cultura das Escolas Públicas. Articulado à Secretaria de Educação do estado, o conjunto de ações propôs a realização de ma-peamentos dos patrimônios e das produções por jovens

Oficina de Pinhole em Mirandiba

FPNC Sertão Central 2012. Foto | Daniela Nader

Oficina de 8 Baixos em ExuFPNC Gonzagão 100 Anos.

Foto | Eric Gomes

ESTÍMULO ÀS ARTES E FORMAÇÃO DE PLATEIA

Oficina de Cinema de Animação em ExuFPNC Gonzagão 100 Anos.

Foto | Eric Gomes

Feira de Cultura em Exu FPNC Gonzagão 100 anos

Foto | Marcelo Soares

FORMAÇÃO

A Diretoria de Formação Cultural (DFC) teve seus tra-balhos iniciados em 2011, com foco no aprimoramen-to das políticas e ações for-mativas da cultura em todas as regiões do estado.

A constituição de um setor com esta missão específica na estrutura da Secult-PE surge como uma demanda comum das mais diversas conferências municipais e estaduais, bem como dos fóruns setoriais e regio-nais com a participação da sociedade civil, tendo em vista a consolidação de uma política pública mais aprofundada para a área. A formação e seus processos, além disso, são vetores es-tratégicos para consolida-ção do atual Sistema e Pla-no Nacional de Cultura. A atuação da DFC, portanto, possui um caráter transver-sal em âmbito institucional, atuando em conjunto com as coordenações das dife-rentes linguagens e setores.

Para a DFC, a difusão e a va-lorização de saberes, técni-cas e práticas que compõe o patrimônio artístico-cultural pernambucano somam-se à inclusão social e digital, vi-sando à formação de sujei-tos críticos e situados, como podem ser observadas nas mais variadas ações promo-vidas por sua equipe.

Oficina de Figurino em Triunfo.FPNC Sertão do Pajeú 2012.

Foto | Ricardo Moura.

55AÇÕES

FIG

224AÇÕES

263AÇÕES

62AÇÕES

FPNC

2011 | 2012 2011 | 2012

AÇÕES • 2011 | 2012

Oficinas, seminários, rodas de diálogos, workshops

Capacitação Regionalizada de Produtores, Artistas e Gestores para o edital do Funcultura 2011-2012

Curso de Extensão em Elaboração de Projetos Culturais

Semana de Gestão e Políticas Culturais

Pós-graduação Lato Sensu em Gestão Cultural

Feiras de Cultura das Escolas Públicas

ligados à rede pública de ensino. Tal atividade não apenas identifica manifes-tações culturais, mas alia ao percurso formativo uma abordagem política que ob-serva nestas produções o caráter identitário e históri-co de cada contexto social.

FEIRAS DE CULTURA DAS ESCOLAS PÚBLICAS

FORMAÇÃO

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O Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Fun-cultura) — implantado em 2003, a partir do diálogo en-tre o Governo e a sociedade civil — é o mais relevante mecanismo de fomento a ar-tistas e produtores culturais no estado. Os recursos, pro-venientes da isenção fiscal de empresas, são repassados diretamente aos projetos se-lecionados em editais.

Desde a sua criação, o Fun-cultura já distribuiu R$ 159,1 milhões para projetos nas áreas de Artes Cênicas (Te-atro, Dança, Ópera e Circo), Audiovisual, Fotografia, Lite-ratura, Música, Artes Plásticas e Gráficas, Cultura Popular e Artesanato, Patrimônio, Gas-tronomia, Artes Integradas, Formação e Pesquisa Cultu-ral. Em 2011 e 2012, através do Funcultura Independente e do Funcultura Audiovisual, foram disponibilizados R$ 63,5 milhões a 758 projetos.

Qualquer artista, cidadão ou instituição pernambucana, que atue de forma a promover e preservar as nossas expres-sões culturais pode participar. Para tanto, é necessária a ins-crição no Cadastro de Produ-tores Culturais (CPC), realizado pela Secretaria Executiva do Funcultura, por meio de sua Diretoria de Gestão. Atualmen-te, o CPC conta com 3.260 ins-crições, entre pessoas físicas e jurídicas, em situação regular.

Dentre os avanços nos últimos anos, o destaque é a anualização do orçamento do Fundo Público. Assim, a gestão garante que os recursos dis-poníveis no Funcultura sejam gastos adequadamente dentro de cada exercício e assegura a destinação do fomento aos projetos selecionados. No ano de 2012, a Dire-toria de Gestão do Funcultura também avançou em questões para garantir a democratiza-ção do acesso aos recursos do Fundo. A inscrição no Cadastro de Produtores Culturais e sua renovação já podem ser reali-zadas também pelos Correios, possibilitando que produtores culturais e artistas do interior do estado se inscrevam ou re-novem o CPC sem se deslocar de seus municípios. Outra conquista no sentido de descentralizar o acesso aos mecanismos do Funcultura foi a emissão on line da Certidão de Regularidade de Prestação de Contas, necessária para inscrição e renovação do CPC. Até o primeiro semestre de

AÇÕES DE MELHORIA PARA O EDITAL

2012, esta certidão era emitida, apenas, na sede da Controlado-ria Geral do Estado, no Recife. Hoje, os produtores culturais podem retirá-la no endereço www.webcertidao.pe.gov.br. A Comissão Delibera-tiva (CD) do Funcultura, ins-tância máxima de discussão do fundo, formada por 30 membros, representantes do Governo e da sociedade civil, também vem debatendo mu-danças no processo de seleção do Funcultura Independente. Em dezembro de 2012, a Diretoria do Funcultura e a Comissão realizaram um semi-nário interno durante dois dias. O objetivo foi avaliar propos-tas de reformulação do julga-mento dos projetos culturais e discutir alterações nas Re-soluções da CD, relacionadas, principalmente, às linhas de ação das linguagens artísticas e às exigências para análise dos projetos. Com isso, a Diretoria de Gestão do Funcultura e a Comissão buscam tornar a se-leção do Funcultura mais ágil, transparente e acessível.

Still do filme O som ao redor, de Kléber Mendonça Filho,incentivado pelo Funcultura Audiovisual

FUNCULTURAA MAIOR FERRAMENTA DE FINANCIAMENTO DA NOSSA CULTURA

FUNCULTURA

NÚMERO DE PROJETOS APROVADOS NOS ÚLTIMOS EDITAIS E RECURSOS DISPONIBILIZADOS

FUNCULTURAINDEPENDENTE & AUDIOVISUAL

R$ 142,1 MILHÕES

200720082009

2010|20112011|20122012|2013

135 projetos 277 projetos 293 projetos 379 projetos 379 projetos seleção em curso

FUNCULTURA AUDIOVISUAL

R$ 43,1 MILHÕES

200720082009

2010|20112011|20122012|2013

29 projetos 47 projetos 61 projetos 82 projetos 105 projetos seleção em curso

R$ 2

,1 m

ilhõe

s

R$ 4

milh

ões

R$ 6

milh

ões

R$ 8

milh

ões

R$ 1

1,5

milh

ões

R$ 1

1,5

milh

ões

FUNCULTURA 2003 - 2006O mesmo edital contemplava todas as

linguagens, inclusive o audiovisual

R$ 17 MILHÕES

2003200420052006

R$ 3

milh

ões

R$ 6

milh

ões

R$ 4

milh

ões

R$ 4

milh

ões

DESDE SUA CRIAÇÃO, O FUNCULTURA

DESTINOU R$ 159,1 MILHÕES À

CULTURA PERNAMBUCANA

R$ 8,1 milhões

R$ 16 milhões

R$ 21 milhões

R$ 30 milhões

R$33,5 milhões

R$33,5 milhões

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A formação em elaboração de projetos culturais e a ampla divulgação do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura tam-bém fazem parte deste processo de democratização do incentivo. Em janeiro de 2012, a Diretoria de Formação da Secult-PE realizou uma série de oficinas sobre inscrição e elaboração de projetos para o Funcultura, em todas as Regiões de Desenvolvimento do estado. O objetivo deste espaço de diálogo e formação é esclare-cer todos os procedimentos formais necessários para participação de artistas e produtores independentes no processo de seleção. Além desta ação, durante as edições 2011 e 2012 do Fes-tival de Inverno de Garanhuns (FIG), a Secretaria de Cultura e a Fundarpe disponibilizaram ao público um estande do Funcultura, no Parque Euclides Dourado. Livros, CDs e DVDs financiados pelo fundo estadual foram expostos. Uma equipe ficou à disposição para tirar dúvidas, explicar os mecanismos de acesso ao incentivo e realizar a inscrição no Cadastro de Produtores Culturais.

Apesar do grande número de projetos culturais já con-templados nos editais do Funcultura, a Secult-PE e Fundarpe buscam, ainda, diversificar e descentralizar o fomento disponí-vel no fundo público de cultura do estado. Para isso, uma das propostas em formulação é a publicação, em 2013, do edital do Funcultura Regionalizado, que pretende distribuir os recursos do Funcultura, equitativamente, entre as doze Regiões de De-senvolvimento de Pernambuco. Entre as prioridades de ação da Diretoria do Funcultura em 2013 está a informatização de todo o processo de seleção dos editais de convocação, garantindo a inscrição dos projetos e o acompanhamento do julgamento via internet. A informatização de todo o processo do Funcultura garantirá, ainda mais, a eficiên-cia e transparência da seleção. A Secretaria de Cultura e a Fundarpe também pretendem realizar, em 2013, uma série de consultas públicas. A finalidade é ouvir, de cada linguagem e segmento cultural, proposições e su-gestões para o aparato legal do Funcultura Independente, desde mudanças no texto do edital até reformulações na lei e no decreto que regulam o fundo público.

Oficina de Criação de Bonecos de Mamulengo Foto | Yêda Costa

Contos e Encontros da Terra de Camarás Foto | Yêda Costa

Gravação do DVD Areia Projeto Foto | Yêda Costa

III Tocando Pífanos Foto | Yêda Costa

XII Cine Chinelo NoPE Foto | Yêda Costa

FORMAÇÃO E DIFUSÃO

PERSPECTIVAS

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Ampliar o diálogo com o público e privilegiar o traba-lho dos artistas pernambuca-nos. A Coordenadoria de Artes Visuais da Secult-PE procura atuar na formação de novas plateias, além de dinamizar o setor e as suas cadeias produ-tivas, através de exposições, oficinas, intervenções e per-formances, organizadas prin-cipalmente nas edições do Festival Pernambuco Nação Cultural pelo estado. Uma de suas principais ações, o Salão de Artes Plásti-cas de Pernambuco é impor-tante ferramenta de fomento às artes visuais pernambuca-nas. Em 2011, a mostra da 47ª edição foi realizada e, no final do ano, o salão tornou público o seu 48º edital, cujo resultado foi divulgado em abril de 2012, contemplando 26 projetos de Pernambuco e de outros esta-dos. A exposição com resulta-do final destes trabalhos está prevista para 2013. Atividade de difusão também relevante tem sido a Casa Galeria Galpão, realizada no Festival de Inverno de Ga-

26 PROJETOS contemplados pelo 48º Salão de Artes Plásticas

3 MIL VISITANTES por dia em média na Casa Ga-leria Galpão, espaço de artes visuais do FIG em 2012

15 INTERVENÇÕES URBANAS no FIG 2011

1,2 MILHÕES DE REAIS no Funcultura 2011 | 2012 com 16 projetos aprovados

Espetáculo Divinas no FIG 2012,

foto | Eric Gomes

Grafitagem em Taquaritinga do Norte. FPNC Agreste Setentrional 2012.Foto | Costa Neto

ranhuns (FIG) desde 2007. A casa reúne o trabalho de vários artistas e, em 2012, um público médio de 3 mil pessoas por dia visitou o espaço. A coordenadoria tam-bém incentiva os artistas de Pernambuco através do Fun-cultura Independente. No edital 2011/2012, foram apro-vados 16 projetos e destina-dos cerca de R$ 1,2 milhões para a sua execução.

LINGUAGENS ARTÍSTICAS

ARTES VISUAISFUNCULTURA 2011|2012

4,5 MILHÕES DE REAIS

FPNC 2011

190 MIL REAIS

31 ESPETÁCULOS17 OFICINAS

FPNC 2012

220 MIL REAIS

47 ESPETÁCULOS07 COREOGRAFIAS18 OFICINAS11 RODAS DE DIÁLOGOS

FIG 2011

395 MIL REAIS

42 ESPETÁCULOS05 OFICINAS FIG 2012

500 MIL REAIS

45 ESPETÁCULOS06 OFICINAS02 WORKSHOPS02 RODAS DE BREAK02 RODAS DE DIÁLOGO

PERNAMBUCO DE TODAS AS PAIXÕES 2011|2012

521 MIL REAIS

30 ESPETÁCULOS 21 CIDADES CONTEMPLADAS

Música, artes cênicas (cir-co, dança, teatro e ópera), literatura, audiovisual, ar-tes visuais, design e moda: linguagens artísticas que, ao lado de cultura popular, compõem as coordenações da Diretoria de Políticas Culturais da Secult-PE.

Cada um desses grupos de trabalho é responsável por olhar com atenção para a área que representa. É a partir das coordenações, com profissionais especia-lizados, que se estabelece o diálogo cotidiano entre o governo e os artistas e que se desenvolvem as políticas culturais de cada expressão.

Respeitando esta divisão, mas também com foco nas interseções entre todas as áreas, são organizadas ações como oficinas, seminários te-máticos, concursos, mostras e exposições, além de editais de fomento a cada lingua-gem. As coordenações tam-bém são responsáveis por ar-ticular a realização de escutas com as comissões setoriais, garantindo momentos de avaliação das políticas cultu-rais com a sociedade civil.

Desta forma são aprimora-das as ações e os projetos que fortalecem cada expres-são artística em todas as re-giões e mantém pulsante a cultura de Pernambuco.

A Coordenadoria de Artes Cênicas desenvolve ações e políticas voltadas às expressões que têm a cena em comum: circo, dança, teatro e ópera. O intenso plano de tra-balho contempla atividades de formação, espetáculos, cur-sos técnicos e elaboração de projetos que contribuem para o desenvolvimento das lingua-gens em todo o Estado. Nas edições do Festi-val Pernambuco Nação Cultu-ral (FPNC) ao longo de 2012, foram promovidos 47 espetá-culos, 18 oficinas e 11 rodas de diálogo em mais de 15 cidades. Entre as ações, vale ressaltar o contato direto com o público através das ações de formação, fundamentais para a continui-dade da produção artística. No Festival de Inverno de Gara-nhuns 2012, espetáculos com audiodescrição também foram ofertados, permitindo o aces-so de pessoas com deficiência às encenações. Ao longo dos últimos dois anos, a coordenadoria dedicou-se ainda ao edital Per-nambuco de Todas as Paixões,

Apresentação do espetáculo Leve (Coletivo Lugar Comum), em Goiana • FPNC Mata Norte 2012. Foto | Daniela Nader

que incentiva montagens da Paixão de Cristo em diversas cidades (leia também a seção de Ciclos Festivos). Outra im-portante conquista no perío-do foi a ampliação de recursos investidos nas linguagens de circo, teatro, dança e ópera no Funcultura, além da elabora-ção do planejamento estraté-gico do segmento que contou com a participação de artistas e outros representantes da so-ciedade civil. Homenagens pelo centenário de Nelson Rodri-gues, através de espetáculos, mesas redondas e performan-ces; e de Luiz Gonzaga, com espetáculos de dança e teatro, marcaram ainda o ano de 2012. No período também foi elabo-rado o Projeto de Salvaguarda do Frevo para o Edital do Fun-do Nacional de Cultura, com o objetivo de garantir ações de preservação, intercâmbio, di-fusão, formação e estímulo à autonomia e sustentabilidade dos artistas. No fim de 2012, o frevo foi considerado Patrimô-nio Cultural Imaterial da Hu-manidade, pela Unesco.

LINGUAGENSARTÍSTICAS

ARTES CÊNICASCirco, dança, teatro e ópera

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40 41

Nos últimos anos, come-moramos a posição de destaque do cinema pernambucano no cenário nacional. Desde 2007, o setor audiovisual aprimora a sua política pública, sendo conside-rado uma linguagem estratégica para o Governo de Pernambuco, através das ações da Coordena-doria de Audiovisual da Secreta-ria de Cultura do Estado. Não é à toa que, ao longo de 2012, filmes como O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, Eles voltam, de Marcello Lordelo, Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes, e Febre do Rato de Cláudio Assis – todos incentivados pelo Funcul-tura – circularam pelos maiores festivais de cinema nacionais e internacionais, ganhando prê-mios e recebendo boas críticas. No edital do Funcultura Audiovisual 2011/2012, foram concedidos R$ 11,5 milhões a mais de 100 projetos. A lei espe-cífica do edital já foi trabalhada pelas Secult-PE e Fundarpe e será encaminhada à Assembleia Legislativa do Estado. A organização e a am-pliação do FestCine – Festival de Vídeo de Pernambuco também tem sido determinante para a produção audiovisual pernam-

1.500 ALUNOS de escolas públicas em média,

por semana, assistiram aos filmes do projeto cineCabeça,

no cinema São Luiz

ANO INVESTIMENTOS EM R$

Nº PROJETOS FORMAÇÃO, DIFUSÃO E PESQUISA

INCENTIVO AO CINECLUBISMO

PROD. P/ TV LONGA CURTA

2011 8.000.000,00 19 22 11 22 8 82

2012 11.500.000,00 24 27 11 25 16 103

5º Festival de Cinema de Triunfo

Foto| Ricardo Moura

Noite de premiação do 14º FestCine, no Cinema São Luiz, em Recife. Foto | Ricardo Moura

bucana. Em 2012, o evento celebrou 14 edições no Cine-ma São Luiz, consolidando-se como um dos grandes difuso-res das obras independentes de Pernambuco. O São Luiz, aliás, é parte importante da política pública de cultura para o audiovisual no Estado. Em agosto de 2011, a sala tornou--se patrimônio público (ler mais na seção de equipamentos). O Festival de Cinema de Triunfo, um panorama da produção regional e nacional que movimenta o Cine Teatro Guarany desde 2008, também marca o processo de interiori-zação da política pública para o setor audiovisual. A gestão vem promo-vendo ainda atividades de for-mação, através de iniciativas cineclubistas e oficinas – pro-movidas, sobretudo, dentro das edições do FPNC. Atualmente existem mais de 130 cineclubes no estado, espalhados por 60 municípios. A Mostra Cinema na Estrada, que percorre todo o estado com o FPNC, colabora também na formação de novos olhares. Nos últimos 2 anos, fo-ram realizadas 100 exibições em 78 cidades e distritos.

40% é o aumento médio na geração

de empregos no setor de audiovisual pernambucano,

durante o governo de Eduardo Campos, segundo pesquisa

publicada no Jornal do Commercio em 2012

20 OFICINAS realizadas pelos

FPNC 2011 e 2012

100 EXIBIÇÕES em 78 cidades e distritos

pernambucanos Mostra Cinema na Estrada,

2011|2012

Municípios como Carpina, Vicência, Tracunhaém, Goiana,

Betânia, Sertânia, Ibimirim, Custódia, Tabira, Afogados

da Ingazeira, Flores, Solidão, Triunfo e outros receberam a

Mostra Cinema na Estrada

Em 2011, as ações da linguagem chegaram aos municípios de Serrita, Pesqueira, Taquaritinga do Norte, Gravatá, Petrolina e Palmares

Em 2012, foi a vez de Goiana, Arcoverde, Caruaru, São José do Belmonte, Triunfo e novamente Pesqueira, Gravatá e Taquaritinga do Norte

A Assessoria de Fotogra-fia, ligada à Coordenadoria de Artes Visuais da Secult-PE, tem voltado seus esforços a ativida-des de difusão e formação, ten-do como proposta pedagógica o incentivo à profissionalização do setor. Nos últimos dois anos, foram oferecidas, ao longo das edições do Festival Pernambuco Nação Cultural (FPNC), oficinas de photoshop, pinhole, fotogra-fia digital, fotomontagem, ilumi-nação, entre outras. O Concurso de Fotogra-fia Pernambuco Nação Cultural é uma das ações mais significati-vas da assessoria. Em 2012, além da finalização de sua quinta edi-ção, foram abertas as inscrições para a sexta edição do concurso, cujo tema foi “Interiores”. O resul-tado, divulgado em janeiro de 2013, premiou 12 trabalhos que, além de compor o acervo do Go-verno do Estado, também serão expostos nas edições do Festival Pernambuco Nação Cultural.

A Assessoria de Design e Moda da Secult-PE, criada em setembro de 2011 integra a Co-ordenação de Artes Visuais e vem promovendo as linguagens artísticas a partir da valorização de profissionais locais e da regio-nalização de aspectos estéticos e ações práticas, que fomentam a produção em diversas cidades. Com ações difundidas em várias regiões, a assessoria investe em um aprendizado te-órico (oficinas, palestras, rodas de diálogos) e prático, através de desfiles, performances, exposi-ções e outras atividades desen-volvidas nas edições do FPNC. Técnicas de modelagem, custo-mização, figurino, estamparia, mobiliário, tingimento natural, desenvolvimento de produtos e acessórios de moda foram algu-mas das oficinas ofertadas. O projeto SustentHabi-lite-se, ministrado pela designer Simone Andrade, destacou-se entre as ações da gestão. Através de cooperativas formadas por

profissionais da moda, foram produzidos calçados, bolsas, ca-pas, carteiras e sombrinhas rea-proveitando as lonas utilizadas nos festivais. No FIG 2012, o pro-jeto chamou a atenção do pú-blico, que adquiriu grande parte dos produtos. Ainda no festival, foi produzido o Espaço Design e Moda, que reuniu artigos de no-vos criadores. O Museu do Estado de Pernambuco recebeu a Bienal Tipos Latinos/Recife 2012, que contou com produções de 13 países latinoamerica-nos. Foram promovidos tam-bém desfiles dentro da pro-gramação da Fenearte. Outra linha de traba-lho é direcionada ao incenti-vo e à autonomia da cadeia produtiva. Na comunidade do Jenipapo, em Sanharó, foi criada, em 2012, uma roda de diálogo com as rendeiras da cidade para valorizar a produção e orientar sobre o mercado de trabalho.

90 MIL REAIS no Con-curso de Fotografia Per-nambuco Nação Cultural 2011|2012

15 OFICINAS em 2011 e 2012, nas edições do FPNC

20 EXPOSIÇÕES de artistas nas edições do FPNC 2011 e 2012 1 MILHÃO DE REAIS no Funcultura 2011/2012 em 11 projetos

Foto de Rodrigo Almeida, uma das vencedoras do 6º Concurso de Fotografia Pernambuco Nação Cultural

Espaco Design e ModaFIG 2012. Foto | Beto Figueiroa

FIG 2011

FIG 2012

FPNC 2011 | 2012

R$ 60 MIL

R$ 25 MIL

R$ 135 MIL

FOTOGRAFIA DESIGN E MODA AUDIOVISUAL

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CULTURA POPULAR Nos últimos anos, a Coordenadoria de Cultura Popular da Secult-PE tem pensado as políticas públicas na área de cultura po-pular e tradicional de Pernambuco. Para tanto, busca trabalhar na difusão, formação e preservação desse patrimônio, articulando-se com outras diretorias e coordenações, além da sociedade civil, para fomentar o trabalho de grupos, mestres, brincantes e outros parti-cipantes dessa cultura. Como principal atividade da coordenação, destacam-se as iniciativas promovidas durante as edições do Festival Pernambuco Nação Cultural. Em 2011, 53 atrações foram ofertadas e, em 2012, o circuito do festival contou com 61 apresentações. Encontros, corte-jos e apresentações das mais diversas expressões, tais como frevo, maracatu, coco, cavalo marinho, reisado, entre outras, estiveram entre as atividades. Um formato que respeita o contexto cultural de cada região e suas práticas. O esforço foi identificar os locais de origem das manifestações e incluí-las nas programações de difusão e formação (oficinas, rodas de diálogo, etc.). Em 2011 e 2012, a Secult-PE realizou ainda 3 capacitações para editais, uma edição do Seminário de Cultura Popular: Tradição e Apropriações e a construção do cadastro único de grupos e artistas da cultura popular de Pernambuco.

ARTESANATO No biênio 2011/2012 a coordenação de artesanato atuou junto aos artesãos de Pernambuco. Dentre as ações, destacam-se as feiras de artesanato, os espaços de comercialização , as oficinas de capacitação (junto à diretoria de Formação), além de exposi-ções e a parceria com a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper) na unidade móvel do Programa de Ar-tesanato de Pernambuco, conhecido como Caminhão do PAPE.

Palco da Cultura Popular Festival de Inverno de Garanhus 2012Foto | Beto Figueiroa

Maracatu Leão Dourado no Quilombo do Barro Preto em Lagoa do Carro-PE • FPNC Mata Norte 2012 Foto | Clara Gouvêa

MANIFESTAÇÕES PERNAMBUCANAS ATENDIDAS

PELA COORDENAÇÃO DE CULTURA POPULAR

FREVO • MARACATU • COCO • CAVALO MARINHO • REISADO • MAZURCA FORRÓ • BANDAS DE PÍFANO • SÃO GONÇALO • LA URSAS • MAMULENGOS BOIS • CIRANDA • BLOCOS LÍRICOS • SAMBA DE MATUTO • BLOCOS LÍRICOS XAXADO • PASTORIL • TRIOS PÉ-DE-SERRA • CABOCLINHOS • VIOLEIROS PÉ DE PAREDE • REPENTISTAS • EMBOLADORES • REZADEIRAS • BENZEDEIRAS BACAMARTEIROS • ABOIADORES

TOTAL DE ATRAÇÕES DE CULTURA POPULAR NO FESTIVAL

PERNAMBUCO NAÇÃO CULTURAL

TOTAL DE ATRAÇÕES DE CULTURA POPULAR NO FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS

A contagem inclui as apresentações no Palco da Cultura Popular.

53 61

2011 2012

54 59

2011 2012

MÚSICA

Difundir o trabalho de artistas locais, regionalizar o acesso à música e promover atividades de formação. Estes são alguns dos objetivos da Coordenadoria de Música da Se-cult-PE. Com ações voltadas para a Região Metropolitana do Recife e as demais macrorregiões pernambucanas, a coorde-nadoria tem como horizonte aproximar a música do público, fomentando e difundindo diferentes gêneros pernambuca-nos e de fora do estado. Durante as edições do Festival Pernambuco Nação Cultural (FPNC), a coordenadoria monitora e acompanha as atividades dos palcos. Além das ações de difusão no FPNC, que percorre as 12 regiões de desenvolvimento do estado, levando shows e outras formas de contato com a música, a coordenadoria integra a realização de projetos como o Arraial Instrumental, desenvolvido em conjunto com a Diretoria de Equipamentos Culturais da Fundarpe. Em 2012, mais de 30 atrações pernambucanas passaram pelo Teatro Arraial, locali-zado na Rua da Aurora, num prédio anexo à Secult e Fundar-pe, no centro do Recife. Os shows são gratuitos e acontecem às sextas-feiras, sempre ao meio dia. A ação garante mais um palco para bandas e artistas pernambucanos e ajuda a formar novas plateias para gêneros e estilos com ainda pouca visibi-lidade no cenário musical. O público do projeto é, em grande parte, formado por trabalhadores em horário de almoço. Outro projeto importante foi o Observa e Toca Malakoff, que promoveu concertos, atividades de formação e palestras na Torre Malakoff. No ano de 2011, o público médio foi de 600 pessoas por edição. A previsão é de que, em 2013, o projeto volte com nova programação. A coordenadoria pretende dar ainda continuidade ao Seminário de Música que, em 2012, debateu o tema Luiz Gonzaga e a invenção do forró. Com relação ao fomento, o Funcultura Independente cumpre importante papel. Na última edição, o edital aprovou 50 projetos na área de música, para a qual foram destinados mais de R$ 4 milhões. Em 2011, o incentivo somou R$ 6,7 mi-lhões para 76 projetos.

Observa e Toca MalakoffShow da banda Júpiter Maça no Observa e Toca Malakoff 2011 Foto | Daniel Barros

972 SHOWS e apresentações musicais nas edições 2011 e 2012 do Festival Pernambuco Nação Cultural, incluindo as edi-ções do Festival de Inverno de Garanhuns

R$ 4 MILHÕES investidos através do edital do Funcultura para Produção Indepen-dente 2011/2012. Mais de 50 projetos foram contemplados

32 ATRAÇÕES passaram pelo Arraial Instrumental em 2012

3 EDIÇÕES do Projeto Observa e Toca Malakoff ao longo de 2011 contemplando 9 artistas, através de convocatórias e convite. Um público médio de 600 pessoas por edição foi contabilizado

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REINVENTAR OLHARES SOBRE A LITERATURA Uma surpresa: literatura não se faz no gabinete. Ilusão aquilo de o ofício do escritor ser solitário. Quem diz isso esquece que livros são os companheiros mais impertinentes que alguém pode ter: não nos deixam um segundo sós, nos acompanham até no espaço em branco entre cada palavra, quando queremos esquecê-los, até. E esquece outra coisa: a literatura só acontece na vida, onde dói mais e por onde escorre, a cada instante, a nossa existência. Lá dentro e aqui fora. Ao mesmo tempo. Quem ignora essa premissa inventará novas ordens para palavras, novas manei-ras de dizer nada. E só. Mas entenda: nada contra o gabinete. Haverá os que se sentem suficientemente confortáveis nele a ponto de ignorar o que pulsa do lado de fora. Mas trabalhar pela literatura em um estado plural como Pernambuco pressupõe reinventar o olhar, descobrir rotas, lançar luz sobre as vozes que não chegavam até então ao cais. Desenvolver políticas públicas para a literatura implica no exercício constante do assombro: porque conhecemos me-tropolitanamente muito pouco do que acontece no Pernambu-co profundo, sabemos ainda muito pouco dos anseios da cadeia do livro: escritores, poetas, críticos, tradutores, mediadores de leitura, editores, cordelistas e cordeleiros, contadores de histó-rias e tantos outros profissionais que fazem o aqui e agora da literatura pernambucana. Os avanços que conseguimos em dois anos são difíceis de ignorar, mas é mais difícil pensar que isso para por aqui, na frieza dos números. O desafio é garantir que as conquistas se preservem de forma perene. E isso depende, em grande parte, da apropriação desses avanços por parte da cadeia do livro, aliada a uma transparência cada vez maior nos processos de formulação e execução das ações culturais em torno do livro, da leitura e da literatura. Por fim, considerar que o setor de bibliotecas, embora não esteja sob a gestão da Secretaria de Cultura, é estraté-gico para qualquer política pública de literatura. Daí que a aproximação entre a Secretaria de Cultura e a Secretaria de Educação, iniciada nestes dois anos, é um dos rumos neces-sários para que nos assombremos cada vez mais com a força da literatura em Pernambuco.

Wellington de MeloEscritor e coordenador de Literatura da Secult-PE

3

1. Congresso do Livro, Leitura e Literatura no SertãoCLISERTÃO - inauguração da Biblioteca Itinerante de Petrolina, Foto | Ricardo Moura

2. Festival Internacional de Poesia do RecifeDelmo Montenegro conversa com Ernesto de Melo e Luiz de Serguilha. Foto | Ricardo Moura

3. Poeta Miró no A Gente da Palavra. Foto | João Baltar Freire

LITERATURA A Coordenadoria de Li-teratura da Secult-PE, que exis-te de forma autônoma desde 2011, já acumula uma expressi-va lista de ações relativas à for-mação, à difusão e ao estímulo à cadeia do livro. Os projetos A Gente da Palavra, Escambo de Livros e Livros Livres se colocam como norteadores desta ges-tão, cuja intenção é desmisti-ficar o objeto-livro e tornar o contato com a literatura algo cada vez mais presente no dia a dia do pernambucano. Além dessa tríade, fo-ram realizados eventos lite-rários no calendário de ações da secretaria. O Congresso In-ternacional do Livro, Leitura e Literatura no Sertão (Clisertão) e o Festival Internacional de Poesia (FIP), ambos iniciados em 2012, são exemplos fortes disso. Além deles, as edições do Festival Pernambuco Na-ção Cultural também levaram literatura para todas as regiões do estado. Foram 74 ações lite-rárias (sendo 19 em 2011 e 55 em 2012), entre palestras, mi-nicursos, aulas, shows, mesas--redondas, encontros temá-ticos, recitais, mesas de glosa etc. No 22º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), em 2012, a Literatura ganhou um espaço exclusivo, a Praça da Palavra. Reflexões sobre a cadeia produtiva do livro também estão presentes em

quase todos os eventos pro-postos, com destaque para o Seminário do Livro, Leitura e Literatura (23 e 24 de abril de 2012) e o I Encontro Estadual de Bibliotecas (13 e 14 de no-vembro de 2012). Já o Projeto Laborató-rio: cultura e crítica, debateu, ao longo de 2011, a atual pro-dução literária do estado, com 14 horas de programas grava-dos em sete edições apresen-tadas pela TV Pernambuco, alcançando 109 municípios. Em novembro de 2012, também foi lançado o I Prêmio Pernambuco de Literatura, que vai distribuir R$ 40 mil em prê-mios e publicar obras inéditas ainda em 2013. A linguagem também tem sido incenti-vada através do Funcultura. Entre 2010 e 2012, foram des-tinados R$ 2,16 milhões, a 45 projetos aprovados. O investimento anual em literatura, incluindo o Fun-cultura, as ações de formação e difusão, passou de R$ 1,05 milhões em 2010 para R$ 2,19 milhões em 2012, um aumen-to de 108,33%. Ao longo des-tes dois anos, a coordenadoria também reabriu o canal de cogestão entre o setor do livro e o Governo do Estado, com a recomposição da Comissão Setorial de Literatura e a ela-boração do Planejamento Estratégico de Literatura.

1 2

R$ 40 MIL para obras

inéditas no I Prêmio

Pernambuco de Literatura

AÇÕES DE DIFUSÃO E FORMA-ÇÃO LITERÁRIA NAS EDIÇÕES

DO FPNC E DO FIG

19AÇÕES

23AÇÕES

55 AÇÕES

102 AÇÕES

2011

FPNC FIG

20112012 2012

FIP 2012

23 Ações literárias

CLISERTÃO 2012

41 Ações literárias

Mais de

R$ 2,1 milhões, destinados a 45 projetos

literários através do Funcultura (2010-2012)

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PATRIMÔNIO

NÚMEROS DA DIRETORIA DE PRESERVAÇÃO CULTURAL

PATRIMÔNIOS VIVOS

BENS MATERIAIS

Em 2011/2012, fiscalizações/visitas técnicas para analisar o tombamento de 120 BENS por todas as regiões de PE.

Realização de 54 AÇÕES de educação que mobilizaram 962 PESSOAS em torno de saberes rela-cionados ao patrimônio.

Até 2012, o nú-mero de bens materiais protegidos pelo Estado foi de 187. Já os bens tom-bados somaram 144 até o mesmo ano.

Foram investi-dos, em 2011 e 2012, R$ 534.141,96 nas seguintes obras de restauro:• Engenho Manjope (Iga-rassu)• Terreiro Obá Ogunté (Recife)• Igreja Santo Amaro das Salinas (Recife)♦• Igreja São Lourenço de Tejucupapo (Goiana)

Em março de 2012, foi criado e realiza-do o Seminário Memória & Patrimônio Cultural: sujeitos, práticas e políticas públicas. Já em agosto, foi realizada a V Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, em Olinda.

LISTA DOS PATRIMÔNIOS VIVOS DO ESTADO Caboclinho Sete Flexas • Camarão • Clube Indígena Canindé • Fernando Spencer • Maestro Nunes Maestro Duda • Didi do Pagode • Homem da Meia-Noite Maracatu Leão Coroado • Selma do Coco • Índia More-na • Mestre Galo Preto • Maracatu Estrela Brilhante Lia de Itamaracá • Banda Musical Curica • Zé do Carmo Sociedade Musical E. J. Nazarena • Maracatu Estrela de Ouro de Aliança • José Costa Leite • Nuca • Zezinho de Tracunhaém • Maria Amélia • J. Borges • Dila • Manuel Eudócio • Teatro Experimental de Arte • Confraria do Rosário • Arlindo dos 8 Baixos • João Silva • Associação Musical Euterpina de Timbaúba

NOVOS PATRIMÔ-NIOS VIVOS EM 2012: ARLINDO DOS 8 BAIXOS, JOÃO SILVA E ASSOCIA-ÇÃO MUSICAL EUTERPI-NA DE TIMBAÚBA, agora são 30 PATRIMÔNIOS VIVOS no Estado.

NOVOS PATRIMÔ-NIOS VIVOS EM 2011: MARIA AMÉLIA DA SILVA, MESTRE GALO PRETO E MARACATU ESTRELA DE OURO DE ALIANÇA.

A política de Patrimônios Vivos existe desde 2002. Em 2012, a ação chegou a investir um total de R$ 429.804,00 em bolsas que garantam o fomento das atividades dos selecionados.

Mestre Galo Preto Patrimônio VivoFoto | Ricardo Moura

Selma do CôcoPatrimônio VivoFoto | Ricardo Moura

A Diretoria de Preservação Cultural está em atividade desde 1973. As demandas de proteção do patrimônio estadual foi o que, inclusive, motivou a criação da própria Fundarpe, na ocasião.

Atualmente, a diretoria é res-ponsável por implementar, coordenar e supervisionar as atividades relacionadas à política de preservação, res-tauração, recuperação, con-servação e valorização do patrimônio cultural pernam-bucano.

Constituído de bens imó-veis, móveis, materiais e imateriais, de valor históri-co, artístico, arquitetônico, arqueológico, bibliográfico, documental, iconográfico, etnológico e paisagístico, o patrimônio cultural é pro-tegido através de processos de registro e tombamento, de execução de obras de recuperação e restauro do patrimônio e da utilização e destinação dos bens preser-vados e passíveis de preser-vação do estado.

Atualmente, a diretoria vem ampliando gradativamente seu espectro de ação, dando ênfase aos patrimônios ima-teriais e às ações de educa-ção patrimonial, olhando não apenas para o patrimônio fí-sico, material, arquitetônico.

O patrimônio cultural de um estado é constituído pelos bens materiais e imateriais relacionados à identidade e à me-mória dos diferentes grupos que compõem sua sociedade. Para o Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Cultura (Secult-PE) e da Fundarpe, o reconhecimento, o fomento e a sal-vaguarda do patrimônio cultural é uma ação estratégica para o desenvolvimento sustentável do estado. Nos últimos anos, a diretoria vem trabalhando uma vi-são integrada e transversal da área, numa tentativa de atender à sua amplitude temática e geográfica. Seguindo essa perspec-tiva, foram desenvolvidas ações para o registro do maracatu nação, do maracatu de baque solto, do caboclinho e do cavalo marinho, incluindo a realização do Inventário Nacional de Re-ferências Culturais (INRC), uma metodologia do Iphan que via-biliza a identificação, a produção de conhecimento e as formas mais adequadas de apoio, marcos e referências de identidade de diversos grupos culturais brasileiros. O frevo também foi, em 2012, formalmente reconhecido e inscrito na Lista Representati-va de Bens Culturais Imateriais da Humanidade, da Unesco, após processo de mobilização, pesquisa e dedicação em prol das tra-dições culturais do Brasil. Essa conquista reconhece o papel do frevo na história da cultura pernambucana, brasileira e mundial, e representa um incentivo às políticas públicas de salvaguarda do patrimônio imaterial. Ainda no campo dos bens imateriais, a Secult-PE e a Fun-darpe realizaram, em 2012, a oitava edição do Concurso Público do Registro do Patrimônio Vivo, que inseriu Arlindo dos 8 Baixos, João Silva e a Associação Musical Euterpina de Timbaúba na lista de 30 patrimônios que recebem apoio do Governo do Estado, reconhecidos por sua atuação de destaque na cultura pernam-bucana. Com eles, foram realizadas seis oficinas de transmissão de saberes dos Patrimônios Vivos. Já entre as ações de valorização e preservação do patri-mônio material do Estado, estiveram a iniciação e o prossegui-mento dos processos de tombamento de oito bens culturais, en-tre eles a Cruz do Patrão, considerado o monumento mais antigo do Recife. Além disso, foram desenvolvidas ações de proteção em 33 bens tombados na Região Metropolitana do Recife e em 120 bens das demais Regiões de Desenvolvimento do Estado. A atuação da Diretoria de Preservação Cultural vem ga-nhando ainda mais solidez com a construção, desde 2011 (e pela primeira vez no Estado), de uma política de preservação do pa-trimônio cultural, que visa a desenvolver o Sistema Estadual de Preservação. A estruturação dessa política articula-se também ao contexto nacional e internacional. Nessa perspectiva, a Se-cult-PE e a Fundarpe consideram o patrimônio cultural como um objeto de gestão econômica, política e cultural a ser priorizado em face à transformação da memória, das identidades e dos re-cursos econômicos de Pernambuco.

PATRIMÔNIO

PELA PRESERVAÇÃO DE BENS MATERIAIS E IMATERIAIS

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PATRIMÔNIO CULTURAL E POLÍTICAS PÚBLICAS:LIMITES, POSSIBILIDADES E DESAFIOS

As políticas públicas voltadas para o patrimônio cultural têm sofrido profundas alterações nos últimos anos, nos contextos locais, nacionais e trans-nacionais. A adoção de novos dispositivos legais, instrumentos e formas de fi-nanciamento, o uso de inúmeras metodologias, a participação e a multiplicação de interlocutores têm, cada vez mais, demandado a atualização dos aprendiza-dos, dos arranjos institucionais e dos modos de ação pública. Ademais, a própria ampliação conceitual tem exigido, de diferentes ato-res sociais, uma atuação mais transversal, comprometida com a construção de um olhar que considere o caráter amplo, multifacetado e pluralista do patrimô-nio cultural nos processos de formulação, implementação e gestão das políticas. Por outro lado, há de reconhecer o espaço estratégico que o patrimônio cultural precisa ocupar, enquanto um campo de oportunidades. Isso, natural-mente, implica num esforço estruturante de potencializar as áreas de planeja-mento e gestão, mas, igualmente, de fortalecer e ampliar ações de pesquisa, mapeamento, diagnóstico, avaliação e monitoramento. Hoje, o patrimônio cultural é um valor a ser preservado em sua di-versidade e pluralismo, mas, também, é um recurso que gera e atrai inves-timentos, cuja distribuição e utilização, seja para o desenvolvimento eco-nômico ou para fortalecimento de identidades, precisam ser destacadas frente às mudanças sociais contemporâneas. Para tanto, é preciso enunciar e visibilizar os conteúdos patrimoniais; aperfeiçoar as estruturas adminis-trativas; aumentar a governança dos municípios; articular e integrar as diferentes instituições; elaborar instrumentos de gestão; definir papéis e competências; e aumentar a participação social. É imperativo, ainda, considerar o patrimônio cultural enquanto um di-reito. Direito de criar, reinvidicar, se expressar. Direito à memória e à cidadania. Respeitá-lo é garantir a proteção dos saberes e fazeres, não apenas vinculados ao passado, mas especialmente, à salvaguarda do futuro. Sem dúvida, este momento desafia não apenas os governos e a maneira de governar, mas exige também uma reorientação do gestor de políticas pú-blicas. É evidente que tudo isso demanda a inserção coletiva e política dos ci-dadãos como agentes e cogestores. Por fim, a questão da elaboração e gestão das políticas patrimoniais está longe de ser um consenso, uma ação acabada. Muitos caminhos ainda podem e devem ser trilhados, tanto do ponto de vista reflexivo como prático. O processo está em curso e o próprio campo em constru-ção. É necessário, portanto, saber planejar, conhecê-lo, coordená-lo e enxergá-lo com amplitude, inclusive crítica.

Eduardo SarmentoHistoriador, especialista em Gestão Cultural e doutorando em Antropologia. Coordenador de Patrimônio Imaterial / Fundarpe e membro-pesquisador do Observatório de Museus e Patrimônio Cultural – Observamus (PPGA/UFPE)

Preservar e qualificar os equipamentos culturais do estado é missão permanen-te da Diretoria de Gestão em Equipamentos Culturais (DGEC) da Fundação do Pa-trimônio Histórico e Artístico dePernambuco – Fundarpe.

No biênio 2011/2012, a dire-toria tem colocado em práti-ca ações de gestão, coorde-nação e supervisão destes espaços culturais. Promo-vido exposições, mostras e apresentações artísticas que dinamizam esses equipa-mentos e contribuem para valorização dos artistas lo-cais e também para a forma-ção de plateias.

Em 2013, a DGEC entregará aos pernambucanos e visi-tantes um novo equipamen-to cultural: a Estação Central Capiba - espaço que será o museu da memória ferroviá-ria de Pernambuco.

EQUIPAMENTOS CULTURAIS

EQUIPAMENTOS CULTURAIS

VISITAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

MUSEUS

Em 2012 o São Luiz recebeu cerca de 37 mil espectadores pagantes.

36.3

94

46.2

31 64.4

85

505.

224

515.

776

53.4

44

2011

587.849VISITAÇÕES

633.705VISITAÇÕES

2012

CINE TEATROS

ESTAÇÕES CULTURAIS

Templo da sétima arte e um dos últimos cinemas de rua em funcionamento no Brasil, o São Luiz passou a in-tegrar, a partir de agosto de 2011, a rede de equipamen-tos do Estado. O governo in-vestiu um aporte de mais de R$ 2,5 milhões na compra do cinema. Recentemente, foram

Localizada às mar-gens do Rio Capibaribe, a Casa da Cultura Luiz Gonzaga é o maior polo de comercializa-ção de artesanato de Pernam-buco e um dos cartões pos-

Atualmente fechado para reformas, o Museu da Imagem e do Som de Pernam-buco (Mispe), fundado em outubro de 1970, tem como principal objetivo documen-

aplicados cerca de R$ 780 mil na requalificação do espaço. Em 2012, o cinema recebeu 37 mil espectadores pagantes. Para 2013, a novidade é a im-plantação do sistema de som digital (7.1 Dolby Digital) e projeção (projetor 4K-3D), modernizando ainda mais as suas estruturas.

> 60 anos em 2012 - Extensa programação com clássicos que marcaram a história do cinema, além de produções contemporâneas > Sede de Festivais - Janela Internacional de Cinema | Ani-mage – Festival Internacional de Animação | FestCine | Brasil Stop Motion

tais recifenses. A atual gestão também prioriza a vocação do centro cultural para apresenta-ções artísticas, especialmente de cultura popular.

> 35 anos em 2011 - Progra-mação especial com apresen-tações musicais, cultura popu-lar e espetáculos > Ciclos Festivos – Programa-ções especiais no São João e no Natal, contemplando tradi-ções populares> Centenário de Nelson Ro-drigues em 2012 - Leitura dramatizada da peça “Vestido de noiva” (Grupo Viver a Cena).

tar e divulgar a memória da cultura pernambucana nos segmentos da música e do audiovisual. O atual projeto de recuperação do casarão da Rua da Aurora tem como metas a otimização na salva-guarda do acervo, através de mudança de suporte para o material audiovisual, partitu-ras e fotografias, e a adequa-ção estrutural do prédio para pesquisa direta no acervo e exposições de longa e curta duração, além da reforma da Sala Fernando Spencer, que passará a funcionar como au-ditório multimídia.

CINEMA SÃO LUIZ

CASA DA CULTURA LUIZ GONZAGA

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM - MISPE

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Espaço que abriga ver-dadeiras relíquias da história pernambucana, o Museu do Estado de Pernambuco vem desenvolvendo uma série de ações culturais, como exposi-ções com artistas pernambu-canos e nacionais, e realização de palestras com nomes de destaque no setor histórico-cultural. Nos últimos anos, exposições, palestras, semi-nários e lançamentos de livros ocuparam o equipamento, um

No prédio-sede do museu, estão expostas obras pertencentes ao acervo do MAC-PE, composto por 15 coleções. Além da sede, fa-zem parte do seu complexo cultural: a Capela de São Pe-dro Advíncula, a Praça Assis Chateaubriand (ambas em frente à sua sede), a Casa da Reserva Técnica e a Galeria de Arte Tereza Costa Rêgo. Esta última destinada a exposições temporárias de artistas per-

A gestão da Torre Ma-lakoff busca a ocupação inte-gral do seu espaço. A partir de 2011, parcerias permitiram vá-rias exposições, de diferentes segmentos, dialogando prin-cipalmente com as universida-

A residência, construí-da na passagem da década de 50 para 60, pertenceu ao Se-nador José Ermírio de Moraes, cuja história compõe o me-morial destinado ao pernam-bucano, em exposição perma-nente no espaço. Atualmente, em processo de reforma, o equipamento será reinaugu-rado em 2013 com espaços para mostras de curta dura-ção, e um atelier destinado à formação, a experimentações

O Museu do Barro de Caruaru desenvolve um traba-lho com foco na formação de seus visitantes, propiciando o conhecimento e incentivando a participação da comunida-de. Ao longo dos últimos dois anos, exposições, aulas espe-táculos, palestras e cursos fo-ram promovidos.

> Barro - “O santo é de barro”, mostra que refletiu sobre o uso do material na sociedade, agradou tanto ao público que após sua montagem em Caru-aru, percorreu outras cidades, como Garanhuns, durante o Festival de Inverno 2011, e o Recife, no Museu da Abolição, em 2012> Quilombola - A exposição “Boi Tira Teima - a história de um povo” prestou home-nagem à comunidade qui-lombola de Queimadinha e suas tradições> Vitalino - “Memórias de Vitalino” percorreu, através de 100 obras de vários ar-tesãos do Alto do Moura, a vida do mestre caruaruense do artesanato

O museu tem um acer-vo com mais de 900 peças e começou a ser construído a partir de doações da Arqui-diocese de Olinda e do Recife. Em 2011, o quadro de funcio-nários do museu foi reforçado com o intuito de viabilizar a abertura do equipamento no turno da tarde, aos sábados e

dos principais espaços de di-fusão da cultura no estado.

> Salão - O 47º Salão de Ar-tes Plásticas de Pernambu-co prestou homenagem, em 2011, ao artista plástico Jairo Arcoverde> Mauá - A exposição “Barão de Mauá - o empreendedor” (em cartaz em maio de 2011) resgatou a trajetória de Irineu Evangelista de Souza, indus-trial, banqueiro e diplomata do século XIX> Abstrato - A artista plástica Solange Magalhães, viúva de Aloisio Magalhães, trouxe para o Mepe, em março de 2012, a mostra “Pinturas recentes”> Religião e arte - Ana Lis-boa, Renato do Valle, Lucia-no Pinheiro e Montez Magno apresentaram, em agosto de 2012, a exposição “Interseção: Arte&Religiosidade”

nambucanos, nacionais e in-ternacionais. O MAC mantém sua vocação como espaço de divulgação para a arte con-temporânea do estado, além de trazer artistas nacionais e internacionais. > Internacional - Em 2011, o coletivo de artistas italianos Associazione Culturale Terre Incognite marcou presença na programação comemora-tiva dos 27 anos do museu, com a exposição “Altri confini - outros confins” > Artes Plásticas - Após mais de 30 anos longe do estado, o artista plástico Sérgio Bello ocupou o espa-ço em 2012 com “Gritos de Eros” e “Gritos da Terra”> Carnaval 2012 - No período momesco, obras de Paulo Per-digão, Rosa Rendall e Bajado compuseram a exposição “Sal-ve o meu Carnaval”

MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO - MEPE

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA - MAC-PE

TORRE MALAKOFF

ESTAÇÃO CULTURAL SENADOR JOSÉ ER-MÍRIO DE MORAES

MUSEU DO BARRO DE CARUARU – MUBAC

MUSEU DE ARTE SA-CRA DE PERNAMBU-CO – MASPE

TEATRO ARRAIAL

des. Em 2012, o conteúdo de formação foi destaque, assim como a reativação do Obser-vatório Astronômico.

> Exposição – Em maio de 2011, o equipamento recebeu a exposição inédita em Per-nambuco “Paris la nuit”, com registros únicos de um dos mais famosos fotógrafos do século 20: Brassaï> Eclipse - Em junho de 2011, o público conferiu o eclipse total da lua, em evento que marcou a re-abertura do Observatório Astronômico da Torre> 100 Anos de Nelson Ro-drigues e Luiz Gonzaga em 2012 - As exposições “Coisas que aprendi nos discos” – edi-ção Luiz Gonzaga e “Ocupação Nelson Rodrigues” levaram mais de 12 mil visitantes à Tor-re Malakoff> Fotografia – Também des-taque de 2012, a Sala Alcir La-cerda foi reaberta com a expo-sição “O templo do sacrifício”, selecionada em edital para ocupação de pautas

Dentre os equipa-mentos culturais geridos pela Secult-PE e Fundarpe, o Teatro Arraial foi pioneiro no lançamento de convocató-rias públicas para ocupação do espaço, consolidando um processo democrático e cri-terioso. Localizado na Rua da Aurora, vem conquistando o público recifense através de uma programação diversifi-cada e de qualidade.

> Instrumental - Música de qualidade na hora do almoço. Este é o mote que tem agra-dado o público do Arraial às sextas-feiras, para conferir a programação do projeto Ar-raial Instrumental> Artes cênicas - Dramas, comédias e teatro infantil têm lugar garantido na pro-gramação do Teatro Arraial, que abriga produções da cena teatral pernambucana a preços populares.

domingos, bem como desen-volver projetos e aperfeiçoar a dinâmica do espaço cultural. Desde o segundo semestre de 2011, diversas ações foram realizadas, tais como: visitas guiadas, oficinas, palestras e apresentações artísticas, con-tação de história e exposições temporárias. Em fevereiro de 2012, teve início a reforma física (instalações elétrica, hi-dráulica e pintura externa) e restauro dos balcões da facha-da do casarão.

> Horário integral - A partir de outubro de 2011, o Mas-pe voltou a funcionar em horário integral. Marcando a data, houve a comemoração do Dia de São Cosme e Da-mião, com atividades recrea-tivas e culturais > Férias no Maspe 2011 e 2012 - Apresentações mu-sicais, circenses e oficinas para crianças

e a residências artísticas.

> Coletivo - A exposição “ECO”, do coletivo de arte Chelpa Ferro (Barrão, Luiz Zer-bini e Sérgio Mekler), propôs uma ativação do espaço, atra-vés das sonoridades do local, ao dialogar com a arquitetura modernista da construção.

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AVANÇOS NA CONSOLIDAÇÃO DA REDE DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS O balanço da gestão dos equipamentos culturais pertencentes ao Governo de Pernambuco durante o ano de 2012 aponta para um avanço sig-nificativo na construção de uma abordagem que prioriza as ações em rede e privilegia a implantação de circuitos específicos. Esses dois aspectos visam po-tencializar os museus, cinemas, teatros, galerias e centros culturais geridos pela Fundarpe como espaços de oferta de conteúdos culturais consistentes para a população, de forma constante. Na gestão administrativa avançou-se na viabilização de contratos de ma-nutenção preventiva do patrimônio de todos os equipamentos, o que qualificou a vigilância, a limpeza, o controle de pragas e outros serviços de conservação. Assim, impôs-se um mesmo padrão de serviços para todos os equipamentos da Rede e a gestão dos mesmos foi otimizada. Na implantação de novos equipamentos cultu-rais, recuperação, equipagem e manutenção (corretiva) dos equipamentos existen-tes, consolidou-se uma equipe multidisciplinar que foi capaz de elaborar, contratar e acompanhar a execução de uma significativa carteira de projetos e obras. Destacam-se os esforços para a implantação do Centro Cultural Capiba / Museu da Memória Ferroviária, da sede do Museu da Imagem e do Som (MISPE), além das ações de recuperação, manutenção e equipagem do Cinema São Luiz, do Espaço Pasárgada, da Torre Malakoff, do Cine Teatro Guarany (Triunfo), do Museu do Estado de Pernambuco (MEPE), do Museu de Arte Sacra de Pernambuco (MAS-PE) e do Parque Aza Branca, em Exu. Ainda nesse quesito, destacam-se os projetos elaborados para a rede de museus e submetidos ao Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) para financiamento, incluindo propostas de qualificação da gestão, dos acervos, das estruturas e programações de oito museus da Rede da FUNDARPE. Quanto à programação nos equipamentos, avançou-se na consolidação das vocações de cada equipamento, ao mesmo tempo em que se experimenta-ram ações de programação em rede, valorizando as especificidades de cada um e a complementaridade nas abordagens dos conteúdos culturais. Destaca-se a re-gularidade da pauta do Teatro Arraial, viabilizada através de editais públicos para música instrumental e as artes cênicas, a consolidação do Cinema São Luiz como templo de festivais audiovisuais e de programação “de fora do circuito comercial” e a programação de exposições das artes visuais na Torre Malakoff. Os museus, por sua vez, abriram espaço para importantes acervos e ar-tistas. Já no final do ano, durante os meses de novembro e dezembro, realizaram--se dois programas em rede, identificados pela temática da Cultura Negra e do Centenário de Luiz Gonzaga, respectivamente, contemplando 12 equipamentos. Essa estratégia em rede deu maior visibilidade à programação dos equipamen-tos e permitiu maior aprofundamento, uma vez que diversas linguagens pude-ram expressar os conteúdos relacionados aos dois temas. A interação entre os equipamentos foi provocada e houve expressivo público nas atividades de for-mação, nas mostras e eventos. Esses avanços na administração, nos projetos, obras e na programação demonstram que algumas opções na gestão da Rede de Equipamentos Culturais da FUNDARPE foram acertadas. Mas mostram, também, que outras ações ainda são necessárias para que a oferta dos conteúdos culturais em todos esses espaços tenha a mesma intensidade, amplie a pluralidade de temas, a diversidade de lin-guagens e disponibilize as condições necessárias para a população acessá-los.

André AraripeDiretor de Gestão em Equipamentos Culturais

A casa onde o poeta Manuel Bandeira viveu parte de sua infância guarda a aura contemplativa de outros tempos. A gestão do equipa-mento ressalta o comprome-timento com a manutenção

O Museu Regional de Olinda é uma casa-museu que recompõe, em conjunto com seu entorno, o cenário da vida doméstica e social dos moradores da Olinda de 1700. A exposição perma-nente do Mureo foi monta-da de acordo com as carac-terísticas espaciais originais da casa e com os costumes

Reformado em 2012, o equipamento localizado em Triunfo, no Sertão do Pa-jeú, abriga o já tradicional e nacionalmente prestigiado Festival de Cinema de Triun-fo. O espaço também serviu de palco para apresentações de grupos teatrais e de dança durante as edições de 2011 e 2012 do Festival Pernambuco Nação Cultural.

> Festival de Cinema de Triunfo - Evento que já se consolidou no calendário audiovisual nacional como um dos mais prestigiados do Brasil, o festival ocupa o Cine Teatro Guarany desde a sua primeira edição. Em 2011 e 2012, ganhou ainda mais pro-jeção, trazendo para o Sertão do Pajeú produções e artistas de renome nacional;> FPNC - O Cine Teatro Gua-rany foi o templo das artes cênicas e da dança durante as edições 2011 e 2012 do Festival Pernambuco Nação Cultural. Grupos da capital e da região subiram ao palco do equipamento com apresenta-ções prestigiadas pela popula-ção e por visitantes.

ESPAÇO PASÁRGADA

MUSEU REGIONAL DE OLINDA - MUREO

CINE TEATRO GUARANY

de sua vocação: um espaço para se discutir, pensar e vi-ver a literatura, sem esque-cer, contudo, do diálogo com outras linguagens.

> Café em Pasárgada - en-contro nos qual escritores e poetas apresentam sua obra e falam de momentos marcan-tes de sua trajetória> Cine Pasárgada - projeto ci-neclubista que promove a in-teração do cinema com o pú-blico, através de debates com convidados especiais> Bloco O Bacanal do Ban-deira - agremiação carnava-lesca homenageia o ilustre poeta pernambucano e sua obra. O bloco inovou a partir de 2012, ao unir literatura e folia, com desfile pelas ruas do Centro do Recife e um recital poético do grupo As BemDita.

de seus primeiros morado-res, e acaba por transportar o visitante para a vida coti-diana do século 18. Na atual gestão, o espaço desenvolve atividades com escolas da rede pública (municipal e es-tadual), buscando despertar o interesse da juventude e formar novos públicos.

> Exposições - Durante o biênio, exposições das mais diversas correntes artísticas passaram pelos salões do Mu-reo, entre elas: “Santos do ci-clo junino”, de BiamDhifá; “As roupas na esteira do tempo”, organizada pelo coordenador do educativo do museu, Lu-ciano Borges, e a mostra de móveis do acervo do artista plástico Kilder Menezes.

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CICLOS FESTIVOS

A diversidade de rit-mos e manifestações da cultu-ra pernambucana encontra no período do Carnaval o seu ápi-ce e principal período de reco-nhecimento. Aproveitando a vocação do estado para a folia, a Secretaria de Cultura de Per-nambuco e Fundarpe trabalha-ram pela democratização da festa, com estímulo a diferen-tes expressões populares, em todas as regiões. O conceito vem norteando a elaboração e a produção do ciclo carnava-lesco pelo Governo do Estado, que realizou a festa através de parceria entre a Casa Civil, a Secretaria de Cultura/Fundar-pe, a Secretaria de Turismo/Empetur e as prefeituras das cidades participantes. A grade artística foi montada a partir de uma articu-lação entre o Governo do Esta-do e as prefeituras. Essa parce-ria foi ampliada de 2011 para 2012, passando de 19 para 22 os polos que receberam apoio para realizar suas festas, sobre-tudo no interior do estado. Para garantir a democratização das grades, foi realizada uma con-vocatória e a partir dela foram montadas as programações. Nas grades, foram se-lecionados artistas que forta-lecem a vocação carnavalesca pernambucana, tais como Al-

ceu Valença, Quinteto Violado, Claudionor Germano, Gustavo Travassos, Elba Ramalho, Nena Queiroga, etc. Ao todo, cerca de 400 artistas foram contra-tados nos carnavais de 2011 e 2012, para apresentações em 23 cidades do estado. Além de oferecer shows locais, regionais e nacionais nos palcos dos municípios parti-cipantes, o Carnaval de Per-nambuco buscou fortalecer a brincadeira nas ruas, que representa a verdadeira voca-ção da nossa folia. Embaixada dos Bonecos Gigantes, Bloco Pierrot São José, Maracatu Es-trela de Ouro de Aliança, Ca-boclinho União Sete Flechas de Goiana, Maracatu Nação Raízes de Pai Adão, Caipo-ras de Pesqueira, Caboclinho Sete Flexas do Recife, Mara-catu Piaba de Ouro, Afoxé Oya Alaxé, Escola Gigantes do Samba e Bicharada do Mestre Jaime são alguns dos muitos grupos que fizeram parte dos 206 cortejos de rua durante a Festa de Momo. A ideia foi garantir a preservação e a divulgação das matrizes car-navalescas, feitas pelo e para o povo. Isso significou ainda o estímulo a expressões e grupos que em alguns mu-nicípios, por exemplo, esta-vam desaparecendo.

CARNAVALFORTALECER A VOCAÇÃO INEBRIANTE DE UM POVO

CARNAVAL 2011/2012

23 cidades envolvidas: Recife • Olinda • Águas Belas • Arcoverde • Belém do São Francisco • Bezerros Catende • Goiana • Ipojuca Itamaracá • Jaboatão dos Guararapes • Nazaré da Mata • Paudalho • Pesquei-ra • Petrolina • Salgueiro Surubim • Tamandaré • Tim-baúba • Trindade • Triunfo • Vitória de Santo Antão João Alfredo

399

apresentações de palco

206

cortejos de rua e orquestras de frevo

Carnaval 2012 em Nazaré da MataFoto | Juarez Ventura

Carnaval 2012 em Bezerros-PEFoto | Paloma Amorim

Nos anos de 2011 e 2012, a Secult-PE e a Fundarpe incentivaram um São João tra-dicional e descentralizado, que chegou à população das 12 Re-giões de Desenvolvimento do estado, ao mesmo tempo em que buscou promover e incluir artistas independentes cuja es-tética musical é formada a par-tir das matrizes do forró, gênero que abriga dezenas de ritmos, sendo ainda a base da música, da dança e da festa junina. Em 2011, vinte e nove cidades receberam o apoio do Governo do Estado em suas festividades. A partir de um diálogo com as prefeitu-ras, a Secretaria de Cultura atuou na composição das grades artísticas dos municí-pios apoiados. Em 2012, o nú-mero de cidades incentivadas subiu para cinquenta. Ao longo desses dois

CICLOS FESTIVOS

SÃO JOÃODESCENTRALIZAR E INTERIORIZAR AS TRADIÇÕES JUNINAS

SÃO JOÃO 2011|2012

45 municípios envolvidos, entre eles: Serra Talhada, Mirandiba, Palmares, Timbaúba, Aliança, Parnamirim, Carpina, Bom Conselho, Bonito, Iati, Tacaratu, Limoeiro, Agrestina, João Alfredo, Carnaíba, Araripina, Catende, Lagoa do Carro, Pesqueira, Salgueiro, Exu, Tracunha-ém, Ferreiros, Vicência, Iguaraci, Itapetim, Oro-có, Olinda, Taquaritinga, Sertânia e Itamaracá.

340

artistas contratados

500

apresentações de palco

anos, cerca de 900 apresenta-ções foram realizadas no ciclo junino, em polos espalhados por todo o estado. Além disso, foram apoiados eventos, in-cluindo alguns já consagrados em Pernambuco, tais como o São João da Casa da Rabeca, em Olinda, e a Roda de Sanfona do Espaço Cultural Alberto da Cunha Melo e, ainda, o Pipoco no São João da Mata Norte. Com esse formato de parceria, a Secult-PE e Fundar-pe, através de diálogos com as prefeituras, promovem a inclu-são de artistas que seguem a cultura junina. A proposta tem sido estimular a manutenção da tradição, através da valorização dos artistas que dão continui-dade à obra de Luiz Gonzaga, seja por meio da interpretação das músicas do Rei do Baião, seja com novas composições a partir de suas influências.

Com diferentes matrizes cul-turais, as expressões artísticas pernambucanas seguem pul-santes em todas as regiões do estado. São manifestações e brincadeiras populares liga-das a vivências cotidianas ou sazonais. Ritos de fé, festa e trabalho transformados em festejos.

Fomentando as mais diversas expressões culturais, a gestão estadual tem promovido en-contros e organizado progra-mações em locais e períodos do ano nos quais a população historicamente vivencia suas tradições. Assim, é possível perceber e valorizar as mani-festações do Carnaval (ma-racatu, caboclinhos, troças, orquestras de frevo, la ursas e outras); da Semana Santa (en-cenações da Paixão de Cristo); do São João (quadrilhas, ban-das de forró) e também do Natal (pastoril, mamulengo, cavalo-marinho etc.).

Em cada ciclo festivo, é garan-tida a participação de grupos, artistas e mestres das tradi-ções populares. Trabalhando em parceria com as gestões municipais, o Carnaval e o São João contam com expressivos festejos descentralizados, nos palcos e nas ruas. Na Semana Santa, o incentivo é para es-petáculos de todo o estado através do edital Pernambu-co de Todas as Paixões. Já no Natal, os equipamentos da Fundarpe se enchem de luz e tradição popular, com apre-sentações de reisado, cavalo marinho, pastoril, entre outras expressões ligadas ao ciclo.

Quadrilha Lumiar no São João de AliançaFoto | Renato Spencer/Santo Lima

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07 equipamentos envolvidos: Casa da Cultura, Teatro do Arraial, Torre Malakoff, Mu-seu de Arte Contemporânea, Museu de Arte Sacra de Per-nambuco, Museu do Estado de Pernambuco e Museu Regional de Olinda.

09 cidades envolvidas (Encontros de Reisado e Cavalo Marinho): Paranatama, Lagoa de Itaenga, Glória do Goitá, Tracunhaém, Aliança, Condado, Itaquitinga e Araçoiaba, Camutanga.

Em 2011/2012, o ciclo natalino promovido pela Se-cult-PE/Fundarpe visou des-tacar e incluir os folguedos tradicionais mais representa-tivos da região Nordeste nes-se período. Reisado, pastoril, mamulengo e cavalo marinho foram algumas das manifes-tações artísticas que tiveramdestaque nas festividades na-talinas. Ao montar uma pro-gramação temática, o objeti-vo do Governo do Estado foi procurar levar para o público o encanto do Natal de uma forma genuína, valorizando a simplicidade e a beleza da nossa cultura popular. Os festejos natali-nos tiveram como principais atrações as manifestações existentes no estado, prin-cipalmente do interior per-nambucano, como os grupos

de Cavalo Marinho dos Mes-tres Antonio Teles, Grimário, Aicão, Zé de Bibi, e os Rei-sados Imperial, Três Reis do Oriente, das Carnaíbas, entre tantos outros, sempre a fim de garantir a disseminação e a preservação da cultura po-pular, através daqueles que a vivenciam e são responsá-veis pela sua resistência. Foi elaborada uma programação que buscou divulgar a ex-pressão local e atrair não só o público do Recife, como de outras localidades. Nestes dois anos, aproximadamente 55 gru-pos participaram do ciclo natalino, através de apre-sentações de música e dança em equipamentos culturais da Fundarpe e en-contros de cultura popular no interior do estado.

NATALCICLO NATALINO LANÇOU LUZES SO-BRE OS FOLGUEDOS TRADICIONAIS

55 grupos

145 apresentações

NATAL 2011|2012

Natal da Cultura Solidária. Cavalo Marinho na Torre Malakoff, em Recife. Foto | Ricardo Moura

Em Pernambuco, fé e devoção já são parte do ca-lendário cultural durante as celebrações da Semana Santa. Em todo o estado, espetáculos cênicos são montados neste período, para relembrar o dra-ma da Paixão de Cristo. Com o objetivo de incentivar essa cul-tura religiosa, através do apri-moramento e da manutenção de montagens realizadas em diversos municípios do estado, a Secretaria de Cultura do Es-tado e Fundarpe patrocinaram a realização de 30 encenações pernambucanas, em 2011 e 2012. Os espetáculos são sele-cionados através do edital Per-nambuco de Todas as Paixões, lançado todos os anos. De 2011 para 2012, os recursos foram ampliados , indo de R$ 270 mil para R$ xxx mil. Um aumento que aprimo-

21 cidades envolvidas: Limoeiro, Lajedo, Taquari-tinga do Norte, Garanhuns, Paulista, Cabo de Santo Agos-tinho, Gravatá, Jaboatão dos Guararapes, Serra Talhada, Bom Jardim, Sertânia, Carua-ru, Ipojuca, Camaragibe, Reci-fe, Orobó, Santa Maria da Boa Vista, Pesqueira, São Louren-ço da Mata, Tracunhaém, Ver-dejante.

ra a política pública de cultura do Estado para este ciclo festi-vo, buscando garantir, de for-ma democrática, que os gru-pos pernambucanos tenham acesso aos recursos de uma maneira mais igualitária. Além do aumento, o orçamento foi distribuído de maneira des-centralizada nas quatro ma-crorregiões de Pernambuco, contemplando, assim, espetá-culos apresentados do Litoral ao Sertão. A ampliação do valor do incentivo garantiu ainda a ampliação do número de es-petáculos selecionados. Em 2011, 13 encenações conta-ram com o apoio da Secult--PE/Fundarpe e, em 2012, 17 delas foram contempladas, entre montagens tradicionais e aquelas que vêm se firman-do no cenário pernambucano.

SEMANA SANTAPERNAMBUCO DE TODAS AS PAIXÕES CONTEMPLOU MONTAGENS EM TODO O ESTADO

74 projetos inscritos

30 montagens habilitadas

SEMANA SANTA 2011/2012

Espetáculo Jesus, Alegria dos HomensGaranhuns 2012. Foto | Acervo Secult-PE

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tre a Secult-PE/Fundarpe, secretários, gestores e assessores de cultura municipais de todas as regiões do estado. Além disso, em dezembro de 2011 também foram realizados 14 Fóruns Seto-riais, atraindo diversos agentes de todas as linguagens artísticas, que renovaram suas comissões setoriais incluindo representa-ções do interior do estado. Já em 2012, a Secult-PE realizou o Fórum Estadual de Cultura, instância na qual foi aprovado o regimento que concei-tua e regulamenta o funcionamento das Comissões Regionais e Setoriais de Cultura junto ao Estado. Outra importante realização de 2012 foi o Planejamento Estratégico Situacional da Secult-PE, resultado de oito meses de intenso trabalho que contou com a colaboração do Ministério da Cultura, gestores municipais e representantes das Comissões Regionais e Setoriais. O documento aponta as 11 principais tare-fas que o Governo de Pernambuco deve cumprir para avançar na gestão da política cultural. Entre elas: aderir ao Sistema Nacional de Cultura, consolidar a política de formação cultural, criar ge-rências regionais de cultura e lançar editais regionalizados. Nos últimos dois anos, o incentivo à participação popu-lar que a Secult-PE tem promovido aponta para a consolidação de uma gestão democrática, com foco na ampliação das con-quistas e na busca pela superação de problemas apontados por técnicos, gestores, produtores e artistas de todo o estado.

Fórum Estadual de Cultura em Gravatá. Dezembro 2012. Foto | Ricardo Moura

Avaliação do Carnaval 2012 com representantes da cultura popular e da Secult-PE. Foto | Costa Neto

Reunião do Fórum Setorial do Audiovisual. Dezembro de 2011. Foto | Ricardo Moura

“ É um momento muito im-portante, tanto para os pro-dutores quanto para a Se-cult, que tem a oportunidade de dialogar com a cena. Os fóruns são fantásticos por proporcionarem essa inte-ração real e por vermos o que propomos sair do papel. Pernambuco é referência no campo da cultura, mas nós sabemos o quanto ainda é preciso avançar. Nesses mo-mentos de diálogo, temos a chance de construir coleti-vamente as ações e políticas culturais”.

Ana Paula Ribeiroatriz e produtora culturalOrobó/PE

05 MIL PARTICIPANTES DE ESCUTAS E FÓRUNS

12 FÓRUNS REGIONAIS

01 FÓRUM ESTADUAL

14 COMISSÕES SETORIAIS

12 FÓRUNS DE GESTORES DA CULTURA

ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL

Compreendendo a importância da participação popular na definição de rumos e avaliação permanente das políticas cul-turais em Pernambuco, a Diretoria de Articulação da Secretaria de Cultura tem mantido constante diálogo com agentes cultu-rais do estado que atuam nas 12 regiões de desenvolvimento. No que diz respeito à cogestão, o Plano de Ação da Secretaria de Cultura para o período 2011-2014 é norteado pelos princípios da democracia, da descentralização, da re-gionalização e da transparência. Nos últimos dois anos, mais de 5 mil pessoas participaram das escutas e fóruns promovi-dos pela Diretoria de Articulação. Em 2011, foram realizados 12 Fóruns Regionais de Cul-tura com algumas novidades. O primeiro passo foi estimular a realização de plenárias públicas municipais que escolheram e encaminharam 12 representantes da sociedade civil para o Fó-rum Regional e mais 03 representantes de cada prefeitura. Em cada fórum, o período da manhã foi reservado para discussões e levantamento de propostas por linguagens, e o da tarde, para a realização da Plenária, apresentação dos trabalhos e interação da Secult-PE com os participantes. A realização dos 12 Fóruns de Gestores de Cultura foi ou-tra novidade que abriu um espaço permanente de diálogo en-

Fórum Setorial de Cultura Popular. Dezembro 2011. Foto | Ricardo Moura

CONTROLE SOCIAL COMO INSTRUMENTO DE PARTICIPAÇÃO POPULARPROMOVENDO MOMENTOS DE ESCUTA AOS DIVERSOS AGENTES CULTURAIS, A SECULT-PE INCENTIVA A COGESTÃO DAS POLÍTICAS CULTURAIS EM TODO O ESTADO

A história recente da políti-ca cultural de Pernambuco é marcada não apenas pelo aumento significativo do investimento em todas as formas de expressão artís-tica, mas também por uma característica que move e dá sentido à Diretoria de Articulação Institucional da Secult-PE: a inclusão da so-ciedade civil na definição de rumos e avaliação perma-nente das ações e projetos do poder público.

Através de processos democrá-ticos, como escutas e fóruns, a gestão incentiva o controle social enquanto instrumento efetivo de participação popu-lar. Sempre respeitando o acúmulo político dos mili-tantes da cultura, o objetivo central tem sido democra-tizar e regionalizar a política pública, mantendo diálogo constante com os diversos agentes culturais.

Neste processo de escuta e tomadas de decisão coleti-vas, são estabelecidas metas e estratégias prioritárias que objetivam tanto consolidar avanços da política cultur-al como também superar problemas históricos que ainda persistem. Outra mis-são é potencializar a organi-zação dos segmentos cul-turais, propiciando assim as condições necessárias para a implantação do Sistema Es-tadual de Cultura.

ARTICULAÇÃO INSTITUCIONAL

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6160

Após concluir dois anos de gestão, a Secretaria de Cultura de Pernambuco já tem prontas as principais me-tas que irão nortear o próximo biênio. Com um orçamento de R$ 113 milhões aprovados para 2013, a Secult e a Fun-darpe elaboram um conjunto de ações planejadas no senti-do de criar, desenvolver, apri-morar e incrementar as polí-ticas públicas para a cultura no estado. Uma das principais ações para a produção inde-pendente será o lançamento do edital regionalizado do Funcultura, no valor de R$ 3 milhões, previstos para o pri-meiro semestre de 2013. Entre as prioridades de ação da Diretoria do Fun-cultura em 2013 está o lan-çamento da convocatória para renovação da Comissão Deliberativa. Instância máxi-ma de definições relativas ao fundo, a comissão é formada por representantes do gover-no, de instituições culturais e de entidades da sociedade civil que representam artis-tas e produtores de todas as linguagens. Além disso, há também o compromisso de dar cada vez mais agilidade à análise dos projetos, redu-zir exigências burocráticas e

Transformar cultura em produto, em atividade artística, é tarefa que pas-sa por uma boa gestão. Nos últimos dois anos, ao lado da então criada Secretaria de Cultura de Pernambuco, a Fundarpe passou por im-portantes mudanças admi-nistrativas, no sentido de melhor executar as ações da política pública estadual. Em meio aos neces-sários trâmites burocráticos,

PERSPECTIVAS 2013|2014GESTÃO DA CULTURA

PERSPECTIVAS 2013|2014

GESTÃO DA CULTURA garantir o incentivo a todas

as linguagens, respeitando percentuais pactuados na Co-missão Deliberativa, em escu-tas e fóruns. Até 2014, as ações para os equipamentos liga-dos à Cultura seguirão no sentido da requalificação fí-sica, da dinamização da pro-gramação de acordo com a vocação de cada um, e tam-bém na consolidação de uma programação em rede. No caso das linguagens contem-pladas pela política de cultu-ra da Secult - música, audio-visual, literatura, artes visuais, artes cênicas, artesanato, cir-co, design e moda, fotografia, gastronomia e cultura popu-lar – o objetivo é concluir a gestão fazendo com que cada setor tenha desenvolvido sua própria política de atuação, no sentido de fortalecer e es-timular cada vez mais a inde-pendência de grupos e artis-tas dos mais diversos estilos e regiões do estado.Com foco no planejamento, a gestão dinamizar o atendi-mento aos artistas que parti-cipam das programações cul-turais. O objetivo é consolidar tanto o circuito de festivais quanto os ciclos festivos – Carnaval, Semana Santa, São

João e Natal – e ampliar im-pactos destas ações cultu-rais na sociedade. A carava-na do Pernambuco Nação Cultural começa pela Mata Norte, de 02 a 07 de abril. Depois segue pelo Sertão do Moxotó, Caruaru, Sertão Central, FIG, Sertão do Pa-jeú, Agreste Setentrional, Gravatá, Mata Sul, Sertão de Itaparica e Exu (Aniver-sário de Luiz Gonzaga). No quesito am-pliação, os esforços serão no sentido de aumentar o número de artistas den-tro das grades de progra-mação, e de ações como o projeto Cultura Livre nas Feiras. Potencializar as ações da coordenadoria de Povos Tradicionais e da Di-retoria de Formação, para que as oficinas e todos os espaços de capacitação para a cultura sejam uma constante. Também have-rá a ampliação das ações do Cultura Valorização da Vida, que estão integradas ao programa governamen-tal de diminuição da vio-lência, o Pacto pela Vida. A partir de março, o projeto chegará à comunidades das cidades de Jaboatão, Olinda e Petrolina.

Sistema de protocolo eletrônico agiliza a tramitação de processosFoto | Costa Neto

Coco Raízes de ArcoverdeFoto | Roberta Guimarães

através de legislações que regem a matéria, por em prá-tica e transformar a Cultura em algo mensurável é percor-rer caminhos desafiadores. A área de Gestão é responsável por conduzir, da melhor for-ma, a concretização da criati-vidade cultural. Não há como fazer o destaque da Cultura, se não for por atuação em equipe. Assim como o cantor necessita da voz para expres-sar-se, a área de produção

precisa de infraestrutura que possibilite a este cantor estar no palco, por exemplo. E tudo isto deve ser bem formaliza-do por tratar-se de gastos pú-blicos, passíveis de controle e acompanhamento pelas esfe-ras fiscalizadoras. Diante de tais respon-sabilidades, são latentes me-didas que objetivem a forma-lização de processos, e é neste caminho que a Fundarpe tem direcionado seus esforços.

2011

78

92

2012

LICITAÇÕESAÇÕES DE QUALIFICAÇÃO DA GESTÃO CULTURAL

•Reestruturação do arquivo, com o objetivo de preservar a memória documental da Fundarpe

•Implantação do sistema de protocolo eletrônico, que dá mais segurança e agilidade à tramitação dos processos

•Adoção do Sistema Eletrônico de Pregão para o proces-samento mais ágil e seguro das licitações

-Implantação dos projetos físicos e executivos de reestru-turação das redes de dados, lógica e elétrica da Fundarpe

•Criação de um fluxograma no atendimento específico à contratação artística e implantação de sistema eletrôni-co que garante maior celeridade no pagamento de cachês

•Formalização dos processos, que desencadeou num au-mento considerável no número de licitações processa-das, conforme representada no quadro ao lado

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MUSEU DA IMAGEM E DO SOM DE PERNAMBUCO – MISPERua da Aurora, 379Boa Vista | Recife-PEFone • (81) 3184.3090

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA - MACRua 13 de Maio, 149Varadouro | Olinda-PEFone • (81) 3184.3153

MUSEU DO BARRO DE CARUARU - MUBACPraça Cel. José de Vasconcelos, 100 Centro | Caruaru-PEFone • (87) 3701.1533

MUSEU DE ARTE SACRA DE PERNAMBUCO - MASPERua Bispo Coutinho, 726 Alto da Sé | Olinda-PEFone • (81) 3184.3154

ESTAÇÃO CULTURAL SENADOR ERMÍRIO DE MORAESAv. Beira Mar, 990Piedade | Jaboatão dos Guararapes-PEFone • (81) 3424.8704 | 3184.3163

CINE-TEATRO GUARANYPraça Carolino Campos S/NCentro | Triunfo-PEFone • (87) 9623.6410 (81) 3184.3090

SECRETARIA DE CULTURAFUNDARPERua da Aurora, 463/469Boa Vista | Recife-PEFone • (81) 3184.3000

www.fundarpe.pe.gov.brTwitter: @culturapeFacebook: facebook.com/secultpe

EQUIPAMENTOS CULTURAIS DA SECULT-PE/FUNDARPE

CASA DA CULTURA DE PERNAMBUCOCais da Detenção S/NSanto Antônio | Recife-PEFone • (81) 3184.3151 | 3152

CINEMA SÃO LUIZRua da Aurora, 175Boa Vista | Recife-PEFone • (81) 3184.3157 | 3090

ESPAÇO PASÁRGADARua da União, 263Boa Vista | Recife-PEFone • (81) 3184.3165 | 3166

TORRE MALAKOFFPraça do Arsenal, S/NRecife Antigo | Recife-PEFone • (81) 3184.3180 | 3145

TEATRO ARRAIALRua da Aurora, 463/469Boa Vista | Recife-PEFone • (81) 3184.3057

MUSEU DO ESTADO DE PERNAMBUCO – MEPEAv. Rui Barbosa, 960Graças | Recife-PEFone • (81) 3184.3170 | 3178

MUSEU REGIONAL DE OLINDA - MUREORua do Amparo, 128Olinda-PEFone • (81) 3184.3159

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