inquisição

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Inquisição Sobre a heresia “Existem heresia e seita, quando a compreensão ou interpretação do Evangelho está em desacordo com a compreensão e a interpretação tradicionalmente defendidas pela Igreja Católica [...] Por causa da heresia [...] há perturbação da paz e da ordem pública” (La Peña, p. 32) “A verdade católica é a que está contida, explícita ou implicitamente, nas Escrituras. Cabe à Igreja [grifo nosso] explicar os conteúdos implícitos, já que ela é o próprio fundamento da verdade” (La Peña, p. 34) Sobre o herege “[É herege] Quem se opuser à Igreja de Roma e contestar a autoridade [grifo nosso] que ela recebeu de Deus.” (Eymerich, p. 36) “[É herege] Quem tiver opinião diferente da Igreja de Roma sobre um ou vários artigos de fé” (idem) “[...] são necessárias duas condições para que alguém possa ser qualificado, com toda a propriedade, como herético. A primeira diz respeito à inteligência [grifo nosso] (na medida em que cabe a ela selecionar e organizar): se o erro está no intelecto, no tocante à fé. A outra diz respeito à vontade [grifo nosso] (na medida em que cabe a ela completar e concluir): se ela se apega com teimosia ao erro intelectual. A reunião destas duas condições define perfeitamente o herege, assim como a fé no intelecto e a perseverança na vontade definem o verdadeiro católico [...] Esta é a opinião de Santo Tomás e outros teólogos e canonistas” (Eymerich, p. 37) “Conclui-se que herege é quem se apega intransigentemente ao erro, pertinácia essa cuja expressão é a recusa de abjurar” (Eymerich, p. 38) Agravantes, atenuantes, excludentes de ilicitude “[...] na aplicação das penas, levar-se-ão muito em conta as circunstâncias que habitualmente agravam ou atenuam o delito: a questão do medo, a idade do réu, sua instrução, condição (leigo, sacerdote, praticante) etc.” (La Peña, p. 40)

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História

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Page 1: Inquisição

Inquisição

Sobre a heresia

“Existem heresia e seita, quando a compreensão ou interpretação do Evangelho está

em desacordo com a compreensão e a interpretação tradicionalmente defendidas pela

Igreja Católica [...] Por causa da heresia [...] há perturbação da paz e da ordem

pública” (La Peña, p. 32)

“A verdade católica é a que está contida, explícita ou implicitamente, nas Escrituras.

Cabe à Igreja [grifo nosso] explicar os conteúdos implícitos, já que ela é o próprio

fundamento da verdade” (La Peña, p. 34)

Sobre o herege

“[É herege] Quem se opuser à Igreja de Roma e contestar a autoridade

[grifo nosso] que ela recebeu de Deus.” (Eymerich, p. 36)

“[É herege] Quem tiver opinião diferente da Igreja de Roma sobre um ou vários

artigos de fé” (idem)

“[...] são necessárias duas condições para que alguém possa ser qualificado, com toda

a propriedade, como herético. A primeira diz respeito à inteligência [grifo nosso]

(na medida em que cabe a ela selecionar e organizar): se o erro está no intelecto, no

tocante à fé. A outra diz respeito à vontade [grifo nosso] (na medida em que cabe a

ela completar e concluir): se ela se apega com teimosia ao erro intelectual. A reunião

destas duas condições define perfeitamente o herege, assim como a fé no intelecto e a

perseverança na vontade definem o verdadeiro católico [...] Esta é a opinião de Santo

Tomás e outros teólogos e canonistas” (Eymerich, p. 37)

“Conclui-se que herege é quem se apega intransigentemente ao erro, pertinácia essa

cuja expressão é a recusa de abjurar” (Eymerich, p. 38)

Agravantes, atenuantes, excludentes de ilicitude

“[...] na aplicação das penas, levar-se-ão muito em conta as circunstâncias que

habitualmente agravam ou atenuam o delito: a questão do medo, a idade do réu, sua

instrução, condição (leigo, sacerdote, praticante) etc.” (La Peña, p. 40)

Page 2: Inquisição

“[...] a criança rejudaizante será tratada com menos rigor” (La Peña, p. 60)

“Quanto à denúncia e à prisão de hereges, qualquer pessoa, particular ou não, é

obrigada a denunciá-los, sob pena de excomunhão. No entanto, se você é a única que

sabe que ele vai lhe bater se o denunciar à Inquisição, e se você não o denuncia, não

vou considerá-la como „benfeitora‟ [o benfeitor de hereges, alguém que o ajuda de

alguma forma, sofre sanções por parte da Inquisição]. Mas isso não muda em nada o

ódio que nós, os inquisidores, sentimos dos hereges. Com este caso, quisemos,

simplesmente, mostrar que é necessário ponderar as razões que levam à omissão de

uma obrigatoriedade geral [de denunciar os hereges, grifo nosso]” (La Peña, p. 74)

“O filho que não denunciar o próprio pai herético, dando-lhe guarida em casa, ou a

mesma coisa em relação a marido e mulher etc., todos serão punidos com um pouco

menos de rigor [...]

Alguns teóricos do Direito Canônico defendem que os laços de amizade devem ser

considerados como iguais aos laços de sangue, e que, conseqüentemente, o amigo do

herege deve-se beneficiar de certa indulgência. Estes mesmos teóricos defendem que

essa clemência deve ser estendida ao amante do herege, alegando para fundamentar

este ponto de vista, a “irracionalidade” da força do amor. Que seja!” (La Peña, p. 81)

Curiosidades

“[...] consideram-se apenas como suspeitos de heresia os que tenham praticado esses

atos [heréticos] tanto por dinheiro, como para obedecer aos impulsos da carne ou

para ceder às pressões de conhecidos e amigos” (La Peña, p. 41)

Igreja e Monarquia

“Todo aquele que tenta perverter ou corromper príncipes trama contra todo o reino,

pois, conforme são os príncipes, serão, no futuro, os cidadãos” ( La Peña, p. 47)

Origem da execução pela fogueira

“Os autores se perguntam sobre o tipo de execução que se deve aplicar aos [hereges]

relapsos. Devem morrer pela espada ou pela fogueira? A opinião geral, confirmada

pela prática generalizada em todo o mundo cristão, é que devem morrer na fogueira,

de acordo com a lei: “Que os patarinos e todos os hereges, quaisquer que sejam os

seus nomes, sejam condenados à morte. Serão queimados vivos em praça pública,

Page 3: Inquisição

entregues em praça pública ao julgamento das chamas”” (La Peña, p. 48. Segundo

Boff, a lei citada no trecho em questão é determinação do Imperador Frederico e dos

papas Inocência IV, Alexandre IV e Clemente IV. Ainda segundo Boff, a prática veio

antes da codificação.)

Distinção entre os foros

“[...] depois da absolvição canônica concedida pelo inquisidor, o penitente deverá

solicitar do seu pároco a absolvição sacramental, de acordo com as instruções

madrilenhas de 1561” (La Peña, p. 49)