inovaÇÃo em cadeias de valor de grandes empresas
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INOVAO EM CADEIA DE VALOR
22 CASOS
INOVAO EM CADEIAS DE VALOR
DE GRANDES EMPRESAS
22 CASOS
Braslia2013
9 788579 570995
ISBN 978-85-7957-099-5
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PRESAS 22 CA
SOS
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CONFEDERAO NACIONAL DA INDSTRIA CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
Diretoria de Comunicao
Carlos Alberto Barreiros
Diretor
Diretoria de Desenvolvimento Industrial
Carlos Eduardo Abijaodi
Diretor
Diretoria de Educao e Tecnologia
Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor
Diretoria de Inovao
Paulo Ml Junior
Diretor
Diretoria Jurdica
Hlio Jos Ferreira Rocha
Diretor
Diretoria de Polticas e Estratgia
Jos Augusto Coelho Fernandes
Diretor
Diretoria de Relaes Institucionais
Mnica Messenberg Guimares
Diretora
Diretoria de Servios Corporativos
Fernando Augusto Trivellato
Diretor
INSTITUTO EUVALDO LODI IEL
Conselho Superior
Robson Braga de Andrade
Presidente
IEL Ncleo Central
Paulo Afonso Ferreira
Diretor-Geral
Paulo Ml Junior
Superintendente
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INOVAO EM CADEIAS DE VALOR
DE GRANDES EMPRESAS
22 CASOS
Braslia2013
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2013. CNI Confederao Nacional da Indstria.
2013. IEL Ncleo Central.
Qualquer parte desta obra poder ser reproduzida, desde que citada a fonte.
CNI
Diretoria de Inovao DI
CNI
Confederao Nacional da Indstria
Setor Bancrio Norte
Quadra 1 Bloco C
Edifcio Roberto Simonsen
70.040-903 Braslia DF
Tel.: (61) 3317-9000
Fax: (61) 3317-9994
http://www.cni.org.br
FICHA CATALOGRFICA
Confederao Nacional da Indstria.
Inovao em cadeias de valor de grandes empresas:
22 casos. Braslia : CNI : IEL, 2013.
464 p. : il.
ISBN 978-85-7957-099-5
1. Inovao. I. Ttulo. II. CNI
CDU: 62
C748i
Servio de Atendimento ao Cliente SAC
Tels.: (61) 3317-9989 / 3317-9992
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APRESENTAO
SUMRIO EXECUTIVO ..................................................... 11
1 ALTUS ...................................................................... 25
2 BASF ........................................................................ 39
3 BOSCH ..................................................................... 59
4 BRASKEM ................................................................ 79
5 CAMARGO CRREA ............................................... 99
6 CPFL ........................................................................ 115
7 CRISTLIA ............................................................... 135
8 EMBRAER ................................................................ 161
9 FORD ....................................................................... 179
10 FIAT .......................................................................... 197
11 GE ............................................................................ 219
12 IBM .......................................................................... 235
13 JOHNSON & JOHNSON .......................................... 255
14 KLABIN .................................................................... 273
15 MARCOPOLO .......................................................... 289
16 MICROSOFT ............................................................ 307
17 NATURA ................................................................... 327
18 OXITENO .................................................................. 349
19 PETROBRAS ............................................................ 369
20 SIEMENS ................................................................. 395
21 THYSSENKRUPP ..................................................... 413
22 3M ............................................................................ 433
ANEXO AUTORES E COLABORADORES ...................... 453
SUMRIO
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AGRADECIMENTO
A Confederao Nacional da Indstria (CNI) agradece
s 22 grandes empresas e suas equipes na realizao
destes estudos de casos de inovao.
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APRESENTAO
INOVAR ESSENCIAL
O aprofundamento da concorrncia global, ampliado pela
crise econmica internacional, tem promovido intensas
transformaes nas estratgias, mtodos e processos
das empresas. Aliado a esse cenrio, o desenvolvimento
de novas mdias e da internet, a consolidao das redes
sociais, os avanos quase dirios da tecnologia, e a
sofisticao e o rigor dos consumidores resultaram numa
nova organizao da produo industrial.
Por tudo isso, inovar absolutamente essencial. A
inovao abre e consolida mercados, ajuda a superar os
concorrentes, reduz custos, aumenta a produtividade, cria
novas competncias na empresa e d sustentabilidade.
No se trata apenas de promover o progresso tecnolgico,
embora isso seja fator intrnseco inovao. A empresa
tambm inova quando desenvolve novos produtos e
processos ou melhora radicalmente aqueles j existentes,
quando d nova organizao produo, e quando agrega
mais valor ou implementa novas formas de comercializao
e relacionamento com clientes e fornecedores.
Inovar, em suma, questo de sobrevivncia para
as empresas.
O governo brasileiro, felizmente, definiu a inovao como um
dos pilares da estratgia de promoo da competitividade.
Essa importante deciso, colocada em prtica por uma srie
de iniciativas como a chamada Lei do Bem, a ampliao
das fontes de fomento e financiamento, a modernizao do
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a criao
do programa Cincia sem Fronteiras, o foco do BNDES na
inovao, o reposicionamento estratgico da Financiadora
de Estudos e Projetos (Finep) , certamente contribuir
para colocar o Brasil em posies melhores nos rankings
internacionais de competitividade e inovao.
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A Mobilizao Empresarial pela Inovao (MEI) est no
centro dessa evoluo. Criado em 2008 e coordenado pela
Confederao Nacional da Indstria (CNI), o movimento
rene regularmente dirigentes de empresas de ponta, as
federaes de indstrias, e instituies pblicas para sugerir
medidas de estmulo prtica da inovao nas empresas,
e estreitar o dilogo entre iniciativa privada e governo no
campo da inovao.
A mensurao de como a inovao nas grandes empresas
impacta sua cadeia de valor um dos projetos executados
pela MEI. Isso resultou no estudo que rene neste livro 22
casos, todos exemplares.
Encontram-se desde novos conceitos de nibus, avies
executivos e locomotivas a esponja de fibras naturais,
mquina de produo de fio dental, aplicaes de PVC
na construo civil e fabricao de solventes com baixa
emisso de gases volteis. Incluem-se a criao de
embalagens para exportao de frutas frescas, o estmulo
sociobiodiversidade, novas tecnologias de automao
e o primeiro transformador seco submersvel do mundo.
Comprova-se, com estes casos, que o Brasil consegue, sim,
inovar com esforo, ousadia e brilhantismo.
Esperamos que as experincias de sucesso aqui relatadas
se multipliquem por milhares de outras empresas e
intensifiquem a adoo de polticas pblicas de inovao que
coloquem o pas, com firmeza, na rota do desenvolvimento.
Robson Braga de Andrade
Presidente da Confederao Nacional da Indstria (CNI)
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SUMRIO EXECUTIVO
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cni inOVAO EM cADEiAs DE VALOR DE GRAnDEs EMPREsAs 22 cAsOs
H MUITaS fORMaS dE InOVaR, MaS nIngUM InOVa SOzInHO: ESTUdOS dE CaSOS dE InOVaO EM CadEIaS dE ValOR dE gRandES EMpRESaS
O conjunto de estudos de casos reunidos neste livro
traz uma srie de ensinamentos s empresas brasileiras
e ao prprio governo. A comear pela diversidade e
variedade de desafios a superar. Cada inovao, cada caso
em particular tem sua histria prpria, mas descortina
horizontes com pontos em comum. So relatos que
ajudam a entender o potencial das grandes empresas para
induzir trajetrias inovadoras ao longo de suas cadeias
produtivas e para alinhar e coordenar os esforos de
nosso sistema de inovao.
A trajetria concreta de cada empresa especfica. Visto em
detalhes, cada um desses casos revela muitas peculiaridades,
ainda que, observados em perspectiva, permitam traar linhas
que se articulam. Esta diversidade decorre da dinmica de
cada setor, da posio da empresa na cadeia de valor, do
ciclo de maturao de seus produtos, da maior ou menor
complexidade da rede de fornecedores, da forma com que se
organiza a relao com universidades e institutos de pesquisa,
das normas e regulaes que imperam no seu mercado ou da
natureza dos clientes e consumidores.
A especificidade do desafio cientfico ou tecnolgico
quase sempre um dos maiores desafios e o elemento de
maior risco tambm razo da diversidade. Com frentes
de pesquisa e desenvolvimento to distintas automao
ou manufatura, biotecnologia ou qumica, software ou
eletrnica, materiais energia , o resultado teria que ser um
mosaico heterogneo. Um mosaico de alternativas, contudo,
que pode ser muito til para inspirar outras empresas a trilhar
caminhos similares.
Esta rica diversidade tambm um bom ponto de partida
para entender um aspecto central da inovao nas grandes
empresas: ningum inova sozinho. O esforo de inovao
o que revelam estes 22 estudos de caso sempre
envolve muitos parceiros: por vezes, este parceiro o
consumidor final, outras vezes, alguns fornecedores
selecionados, muitas vezes, so as universidades e os
institutos de pesquisa, ou mesmo empresas que possuem
solues parciais para os problemas que se quer resolver.
Em muitos casos descritos na sequncia, a soluo envolve,
ao mesmo tempo, todos esses distintos tipos de parceiros:
clientes, fornecedores, empresas de base tecnolgica e
Instituies de Cincia e Tecnologia ICTs.
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SUMRIO EXECUTIVO
Esta rica
diversidade
tambm um bom
ponto de partida
para entender um
aspecto central
da inovao nas
grandes empresas:
ningum inova
sozinho.
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Algum poderia argumentar que este envolvimento de
muitos parceiros decorre de um vis de seleo porque
foram casos escolhidos para tentar formar um painel de
como as grandes empresas mobilizam os parceiros de sua
cadeia de valor. Evidente que h algum vis de seleo:
no ir se encontrar aqui um caso de rotundo fracasso. E
fracasso sempre h quando h um grande risco associado,
o que intrnseco da inovao tecnolgica. Mas os
fracassos tambm so fonte de aprendizado, chave para
futuros sucessos.
Uma leitura desapaixonada mostrar que mobilizar
inmeros parceiros decorre no de uma opo a priori,
nem de um vis de seleo dos estudos de casos.
Uma estratgia de intensa cooperao e parcerias um
imperativo para qualquer empresa que opere bons modelos
de gesto. Nenhuma empresa bem gerida pode verticalizar
totalmente a produo ou reunir todos os conhecimentos
necessrios para lidar com os diversos desafios
tecnolgicos que as inovaes lhe impem.
Grande parte das empresas de maior sucesso busca dar
foco aos seus negcios e realiza atividades de pesquisa,
desenvolvimento e inovao (P&D&I) apenas na medida
em que essas esto alinhadas com sua estratgia
principal. A regra quase sempre mobilizar conhecimento
externo e organizar alianas estratgicas, em especial
quando este conhecimento pontual, para uma aplicao
ocasional. Quanto mais complexo o problema a ser
resolvido, quanto mais especfico o conhecimento a ser
mobilizado ou quanto mais distante do foco do negcio,
maior ser o nmero de parceiros. No plano interno, as
competncias devem se restringir s reas centrais de
negcios e aos requisitos necessrios para dialogar com
atores externos, quilo que fizer parte do core business e
da gesto da rede externa de conhecimento.
Mobilizar inmeros parceiros tem custo e risco. Envolve
uma grande capacidade de coordenao, implica
administrar culturas institucionais distintas, requer tempo
e boas equipes de gesto, amplia as possibilidades de
vazamentos mesmo involuntrios e dificulta a apropriao
plena dos resultados. Em muitos dos relatos a seguir, uma
parte dos desafios e riscos est associada a esta trama
complexa de atores envolvidos.
Por que ento as empresas buscam cada vez mais estas
parcerias? Simplesmente porque irracional querer fazer
tudo sozinho. No se trata apenas da introduo de novos
modelos de inovao aberta. Evidentemente que este
condicionante existe e a cada dia mais relevante. Ele
decorre da natureza progressivamente mais complexa
dos problemas reais conhecimento de muitos campos
distintos ou interdisciplinares , ou do crescente contedo
de cincia embutido na inovao tecnolgica. Para alm
da inovao aberta, trata-se da impossibilidade de fazer
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SUMRIO EXECUTIVO
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SUMRIO EXECUTIVO
tudo internamente empresa ou dos custos e riscos
excessivamente elevados deste tipo de opo.
H muito sabemos que o ritmo da inovao ditado
pela competio. O que impera aqui o mercado.
Este outro ensinamento clssico confirmado de
forma clara nestes estudos de casos. Nos textos, cabe
notar, porm, que a expresso mercado assume
mltiplas dimenses: por vezes, ser mais competitivo,
reduzir custos ou ter algum diferencial em relao aos
concorrentes; outras vezes, criar uma nova linha
de produtos ou de solues; pode ser tambm atrair
novos consumidores ou fomentar empreendedores e
difundir ainda mais suas solues e produtos; ou pode,
enfim, ser simplesmente reagir a movimentos de seus
concorrentes. Tambm por vezes, o mercado aparece
como uma oportunidade trazida por um cliente; outras
vezes, como uma deciso deliberada induzida pela
prpria empresa, retirada, por exemplo, de seu banco de
ideias ou de seus roadmaps e estudos de cenrios, ou
ainda de seu prprio pipeline de projetos.
No importa. Definida uma oportunidade, o planejamento
da inovao implicar quase sempre buscar e mobilizar
parceiros para uma soluo. As decises estratgicas
internas a depender dos modelos de gesto que
cada empresa adota sero tomadas pela equipe de
P&D&I, de engenharia e de design, de marketing e pelas
unidades de negcios diretamente envolvidas. Em certos
casos, at mesmo pela alta direo da empresa.
Avaliadas nas suas dimenses tcnicas e de negcios,
ponderados os riscos e dimensionado o potencial de retorno,
os passos seguintes sero identificar as competncias
in-house existentes ou a serem criadas, organizar equipes
capazes de gerir a inovao em cada uma de suas etapas
ou fases, definir requisitos, metas e objetivos destas etapas,
os pontos de avaliao e monitoramento os stage-gates
, as formas de apropriao e gesto da propriedade
intelectual. s vezes no incio, s vezes ao final deste
processo, preciso tambm identificar que parceiros
podem contribuir para a soluo quais e onde esto as
competncias externas necessrias ao projeto.
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InOVaO, ESTRaTgIaS E ValORES EMpRESaRIaIS
Vale a pena deter-se tambm em algumas lies adicionais
derivadas desses estudos. Em primeiro lugar, relevante
examinar as prprias estratgias empresariais. No h como
negar que a inovao passou a ser central para o sucesso
dessas empresas. No plano estratgico, quase universal
que a inovao aparea como um dos pilares de sustentao
de longo prazo de cada um desses negcios.
Em algumas empresas, a inovao faz parte do seu DNA.
So, em certos casos, empreendimentos que nasceram
da inovao, muitas vezes, em um desenvolvimento
tecnolgico especfico ou num setor intensivo em
tecnologia Em outras, a trajetria da empresa foi
paulatinamente transformando a inovao numa prtica
permanente. Mesmo em setores no intensivos em
tecnologia, a inovao tambm est presente. Nesses
comum que as inovaes assumam a forma de novos
modelos de negcios. Mas, mesmo assim, invariavelmente,
o percurso recheado de desafios de ordem tcnica.
H casos em que isto vai muito alm. Para algumas
companhias, a inovao passou a ser um valor intrnseco da
empresa. No se trata apenas de ser um pilar da estratgia.
A prpria empresa e sua imagem que vista por muitos
dirigentes como um dos maiores impactos positivos de
inovar se confundem com a ideia de inovao. Ser
admirada, ser respeitada pelo que faz, inspirar jovens e
atrair talentos, conquistar consumidores ou contar com
o forte apoio da sociedade e do governo faz parte de
alguns benefcios desta ousadia. As empresas percebem
e valorizam esta conduta como atestam os casos aqui
relatados da Camargo Corra, da FIAT, da GE, da IBM ou
ainda da Microsoft e da Natura. Um caso ilustrativo de como
esta imagem de inovadora beneficia a empresa a Embraer,
que organizou um programa de formao de engenheiros
em parceria com excelentes instituies e que atrai todo
Em algumas
empresas, a
inovao faz parte
do seu dna.
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SUMRIO EXECUTIVO
ano mais de 40 candidatos por vaga e tem sido vital para o
sucesso da empresa.
RESUlTadOS paRa aS EMpRESaS
Os resultados que trajetrias inovadoras trazem
para as empresas so incontestes. Antes de tudo,
e essencialmente, servem para abrir ou consolidar
mercados. Os exemplos da Braskem e da Ford so
ilustrativos. A primeira ao expandir sua atuao no
segmento da construo civil, a segunda ao conquistar,
como um subproduto de sua estratgia nacional, mercados
externos antes inimaginveis para o modelo EcoSport.
Este tipo de resultado geral para os casos estudados. Foi
assim que a Klabin viu fortalecida sua posio de mercado,
ao desenvolver uma nova embalagem para frutas. Ou com
a Siemens, a partir da soluo inovadora de um primeiro
transformador seco submersvel do mundo. Ou ainda com
a ThyssenKrupp, que ampliou sua clientela com base em
novas solues de automao com comissionamento virtual.
Basf, Embraer e GE engrossam esta lista com solues
de novos materiais para construo, de novos modelos de
aeronaves para a aviao executiva, e de locomotivas de
grande porte e alto desempenho.
Uma forma de se consolidar no mercado fidelizar sua
clientela ou seus parceiros. Este um dos resultados dos
Centros de Inovao da Microsoft (MIC), que fortalecem uma
rede de desenvolvedores fiis empresa e s suas solues
tecnolgicas. Outra forma atuar globalmente, como
mostram os casos da Altus, a partir do potencial de seus
sistemas de controladores programveis, ou da Marcopolo,
com o novo conceito de nibus rodovirio da sua Gerao 7
e com sua ousada estratgia de internacionalizao.
Os estudos mostram ainda outros resultados econmicos.
A lista longa e inclui reduo de custos, do consumo de
matrias-primas ou de energia, menores desperdcios, menores
tempos de produo ou de setup de plantas industriais. Este o
caso da 3M, com sua esponja feita de fibras naturais e material
reciclado, que alia sustentabilidade a uma sensvel reduo de
custos. tambm o caso da Johnson & Johnson do Brasil, com
sua nova gerao de mquinas para a produo de fio dental,
que transformou a subsidiria na plataforma global da empresa
para estes equipamentos. E ainda dos avanos nas tecnologias
de automao de manufatura do caso j mencionado da
ThyssenKrupp.
Ganhos em termos de sustentabilidade so outro resultado
muito relevante, quer pelo compromisso de cada empresa
com os desafios globais do meio ambiente, quer pela
valorizao que seus clientes ou a sociedade em geral do
a este posicionamento. O caso da 3M, mencionado acima,
um desses. A soluo inovadora de solventes com maior
nvel de carbono renovvel e baixa emisso de gases volteis
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da Oxiteno um bom exemplo, sintetizado na opo de fazer
da qumica verde o drive tecnolgico da empresa. A Natura
faz desse tipo de inovao um valor da empresa, como
atesta a ambio do Programa Amaznia, voltado a estruturar
uma cadeia produtiva sustentvel, articulando e engajando
empresas, cientistas e comunidades locais, com o objetivo
de transformar a sociobiodiversidade em inovao.
Criar competncias internas mais um subproduto do
esforo de inovao que contribui para o futuro das empresas.
Este um dos resultados alcanados pela Bosch, que com
sua tecnologia de partida a frio se tornou lder mundial no
desenvolvimento da tecnologia flex. O projeto da Planta de
Usina Solar de Tanquinho, da CPFL, tambm trouxe consigo um
grande aprendizado na integrao e combinao de distintas
tecnologias de gerao de energia e em smart grid. O caso da
Braskem anlogo pela necessidade de acumular know how
e capacidades internas complementares a seus parceiros,
ao buscar aplicaes de PVC e polietileno na construo
civil. O acmulo de competncias tcnicas, na produo, no
desenvolvimento e em testes clnicos hoje um diferencial
significativo do Laboratrio Cristlia no mercado de frmacos.
Neste tema, o exemplo da Petrobras emblemtico: a
gesto da enorme rede de parceiros externos empresas,
institutos e universidades s possvel pelo ncleo de
competncias estruturadas no CENPES Centro de Pesquisa
e Desenvolvimento Leopoldo Amrico Miguez de Mello ,
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SUMRIO EXECUTIVO
pea-chave para a execuo de todo o planejamento da
empresa e de seu Sistema de Gesto Tecnolgica.
RESUlTadOS paRa a CadEIa dE ValOR
Os resultados destas inovaes sobre as cadeias de valor de
cada empresa tambm so notveis. A lista de empresas que
mencionam a capacitao de fornecedores, a certificao e o
desenvolvimento de uma cultura de melhoria contnua destes
parceiros como um impacto relevante rene praticamente
todos os estudos de caso deste livro.
Os exemplos podem comear com as aes da 3M
voltadas melhoria dos fornecedores e da Altus, que
requer fornecedores qualificados; os impactos positivos
para a cadeia de construo civil nacional alcanados
pela Basf e pela Braskem; a certificao de madeireiras
empreendida pela Camargo Corra e a capacitao
das comunidades locais levada a cabo pela Natura.
Prosseguem com a melhoria da qualidade das matrias-
primas e a certificao de laboratrios buscada pelo
Cristlia; o desenvolvimento e a capacitao da cadeia da
GE e seus esforos de nacionalizao de componentes;
o desenvolvimento de novos conceitos tecnolgicos
com fornecedores pela Fiat. Repetem-se com a mudana
radical da cadeia de valor alcanada pela Ford; as
alianas estratgicas da Marcopolo com grupos locais
para desenvolvimento e fabricao de componentes; e a
enorme capacidade de induo que a Petrobras tem sobre
o ecossistema brasileiro de petrleo e gs.
Muitas dessas solues s so possveis em estreita
cooperao ou com base na transferncia de tecnologia
com e para a cadeia de fornecedores. Em muitas
situaes, eles so codesenvolvedores, responsveis
diretos ou indiretos pela oferta de solues inovadoras
e pelo atendimento dos requisitos tcnicos colocados
pela empresa. Com isso, igualmente ampliam mercados,
reduzem custos e aumentam a produtividade.
paRCERIaS COM UnIVERSIdadES, InSTITUTOS dE TECnOlOgIa E gOVERnO
O que estes estudos tambm revelam que as aes das
empresas ajudam a organizar pequenos sistemas setoriais
de inovao. A lista de instituies mencionadas nos textos
a seguir engloba praticamente todas as universidades de
pesquisa do pas e os melhores laboratrios e institutos
de tecnologia. Por vezes so colaboraes pontuais,
voltadas a mobilizar um conhecimento especfico. Mas
h muitos casos de parcerias estratgicas para atividades
de P&D, estruturadas para alm da colaborao eventual.
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cni inOVAO EM cADEiAs DE VALOR DE GRAnDEs EMPREsAs 22 cAsOs
Da mesma maneira, h iniciativas que buscam explorar
outros terrenos, como a gerao de startups e o estmulo ao
desenvolvimento de empreendedores.
o caso da extensa rede de quase duas centenas de ICTs
parceiras da Petrobras, que no fica restrita engenharia
de petrleo, mas que se estende por vrias reas do
conhecimento; ou do Cristlia, em que a maioria do portflio
de inovao advm da comunidade cientfica. Ou ainda
da rede de universidades e institutos de pesquisa que
colaboram com a Embraer. Em maior ou menor escala, isso
se repete com a CPFL, com a Ford, com a Klabin, com a
Microsoft, com a Oxiteno, com as plataformas de inovao
aberta da Natura e da Siemens, e com a parceria estratgica
da ThyssenKrupp com algumas das melhores instituies do
pas, no desenvolvimento de provas de conceito.
Essas parcerias pressupem a existncia de competncias
internas para gerir os processos de inovao e falar a mesma
linguagem das ICTs. E dependem do grau de maturao das
tecnologias e de quo estratgicas elas so para os negcios
de cada empresa.
O que o nmero e a qualidade das parcerias descritas
ao longo deste livro mostram que este um caminho
promissor para a cooperao entre universidades, institutos
e empresas. Ainda que subsistam dificuldades derivadas
das distintas culturas institucionais de cada parceiro ou
incompreenses no campo especfico da negociao da
propriedade intelectual, h um terreno frtil a ser trilhado. E
os nmeros mostram que a cooperao interessa a ambos
os lados. Possivelmente esta seja uma das formas mais
exitosas de buscar melhores resultados e um maior impacto
da pesquisa feita na academia.
Uma outra rede de cooperao singular aquela estruturada
pelas empresas com seus consumidores ou, de forma
mais ampla, com a sociedade. Esta foi uma iniciativa da
Bosch para sensibilizar seus parceiros do setor automotivo
na introduo de um novo sistema de partida a frio em
veculos flex. E foi a inovao ainda mais radical da Fiat no
desenvolvimento de um carro-conceito, numa abordagem de
design thinking, com grande participao dos consumidores,
que derivou no compartilhamento de contedo e em regras
especiais para copyright e propriedade intelectual.
Uma parceria essencial com o prprio governo, por meio
de suas agncias de fomento inovao e seus bancos de
desenvolvimento. CNPq, FINEP, BNDES e SEBRAE formam
o corao deste sistema, que complementado por outras
instituies regionais ou setoriais. Elas cumprem um papel
muito relevante, ao reduzir o risco associado ao investimento
privado em P&D, tanto pela oferta de crdito, como pelo
fomento direto s empresas. Esse sistema complementado
por um conjunto de incentivos fiscais que tm na Lei do Bem
e na Lei de Informtica seus principais instrumentos.
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SUMRIO EXECUTIVO
21
A ao governamental vem sendo aprimorada dia a dia,
com mais foco na inovao e com instrumentos cada vez
melhores e mais aderentes s necessidades das empresas.
Sua lgica a mesma que se v em outros pases: apoiar
o esforo de P&D privado pelo forte impacto que tem
na produtividade e na competitividade. E apoiar porque
o esforo de cada empresa gera externalidades que
beneficiam o conjunto da economia e so impossveis de
serem completamente apropriados pela prpria empresa. Os
benefcios da sociedade so invariavelmente maiores que o
de cada empresa singular.
Evidente que aqui tambm h melhorias a fazer, como
revelam estes estudos de casos: instrumentos mais
apropriados para apoiar o que se vem chamando de P&D
pr-competitivo, ou o escalonamento de tecnologias;
uma regulao e uma operao mais amigvel do regime
de propriedade intelectual; mais foco nos resultados da
inovao e, em especial, maior apoio direto s empresas.
As agendas da Mobilizao Empresarial pela Inovao MEI
renem vrias recomendaes j validadas pelo setor privado
tratando destes temas e da formao de recursos humanos,
em especial em engenharia e cincias ou no ensino tcnico
e tecnolgico. Importante notar que uma agenda de
mo dupla: maior apoio governamental implica maior
compromisso privado, com ganhos para a sociedade. Mais
investimentos, mais produtividade e mais competitividade.
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cni inOVAO EM cADEiAs DE VALOR DE GRAnDEs EMPREsAs 22 cAsOs
RISCOS E dESafIOS
Inovao envolve riscos e gerenciar estes riscos uma
tarefa central das empresas. Parte desses riscos deriva da
dimenso tecnolgica da inovao, outra consequncia
da dinmica dos prprios mercados. Para muitas empresas
deste estudo, um risco relevante esteve associado
organizao da prpria rede de parceiros necessria aos
projetos descritos.
Entender esses riscos pode ser importante para as empresas
que querem inovar. E pode ser particularmente relevante
para a formulao de uma nova gerao de polticas pblicas
que ao reduzir estes riscos, incentive mais e mais a conduta
inovadora das empresas.
Uma srie de empresas coloca a questo da identificao
dos parceiros e da seleo de fornecedores como um dos
desafios mais complexos. Ela aparece de forma acentuada em
casos como o da 3M, da Basf, da Bosch, da Camargo Corra,
da Embraer, da GE, da Klabin, da Natura e da Petrobras. E
mencionada no como o principal problema, mas como sendo
relevante tambm por muitas outras empresas.
A natureza tecnolgica de muitas das inovaes descritas
aqui tambm um fator de risco indicado por muitas
empresas, como a Braskem, a Bosch, a IBM, a Oxiteno e
muitas outras. Quanto mais desafiadora for a tecnologia
ou os esforos de desenvolvimento, evidentemente maior
ser o risco. o caso do desenvolvimento do equipamento
da Johnson e Johnson do Brasil, onde no havia soluo
no mercado e que requereu um novo design completo, da
concepo montagem, da integrao validao. Mas
mesmo os projetos que no se propem a serem disruptivos
trazem consigo este tipo de desafio.
Uma avaliao dos estudos de casos deste livro mostra
que difcil simplificar a realidade e classificar as inovaes
em modelos clssicos do tipo inovao tecnolgica, novos
modelos de negcios, introduo de novos produtos e
processos, design etc. Invariavelmente, a realidade impe s
empresas uma mescla ampla de atividades at o momento
de chegar ao mercado. E os riscos se somam: so riscos
tcnicos, produtivos, mercadolgicos, financeiros, associados
s barreiras de entrada de novas tecnologias, ao marco
regulatrio, segurana jurdica, ao regime de propriedade
intelectual, articulao de competncias e identificao
de parceiros, escassez de pessoal e de fornecedores
qualificados, ou riscos de eventuais repercusses negativas
para a imagem da empresa, em casos de fracasso.
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SUMRIO EXECUTIVO
Enfrentar esses riscos implica organizar da melhor
maneira possvel as competncias internas necessrias
e estruturar um eficiente modelo de gesto da inovao.
Inovar um imperativo para sobreviver no mercado. E
inovar como fica claro neste conjunto de estudos
significa articular capacitaes internas e externas.
Gerenciar a incerteza , portanto, a alternativa obrigatria
das empresas e gerenci-las num sentido amplo, nas
dimenses tecnolgicas, produtivas e de mercado. O rol de
riscos descritos mostra que esta tarefa complexa, mas o
sucesso das empresas aqui retratadas mostra tambm que
o esforo mais do que compensa, quase sempre a razo
do sucesso destas companhias.
pERSpECTIVaS E pOlTICaS dE apOIO InOVaO
As perspectivas indicadas pelas empresas que compem
esse estudo so bastante encorajadoras, no sentido da
percepo geral de que suas estratgias de inovao sero,
progressivamente, mais e mais ambiciosas. Para a quase
totalidade delas, a inovao um valor ou um pilar essencial
de sua estratgia.
Mas as dificuldades listadas sugerem que podemos fazer
muito mais se soubermos andar no caminho certo e na
velocidade adequada. Nas entrevistas realizadas com
os dirigentes, chamam ateno em especial os desafios
derivados do ambiente de inovao (disponibilidade de
mo de obra qualificada, relaes universidades-empresas,
incentivos e investimentos governamentais etc.). Tambm
ganham destaque os problemas relacionados aos marcos
regulatrios (regulao setorial, segurana jurdica e regime
de propriedade intelectual) e as deficincias relativas
capacitao dos fornecedores (desafios de competitividade
e qualificao das cadeias produtivas, debilidades da gesto
empresarial, em particular da inovao).
as perspectivas
indicadas pelas
empresas que
compem
esse estudo
so bastante
encorajadoras.
-
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cni inOVAO EM cADEiAs DE VALOR DE GRAnDEs EMPREsAs 22 cAsOs
Uma parte importante desta agenda essencialmente
relacionada ao mundo empresarial, sobretudo no que
toca gesto e capacitao das cadeias. Outra parte
est relacionada s polticas de apoio inovao, como,
alis, salientam os documentos produzidos no mbito da
Mobilizao Empresarial pela Inovao MEI.
A lio maior destes textos que as grandes empresas podem
ter um papel ativo na estruturao do sistema nacional de
inovao, mobilizando fornecedores, clientes, universidades e
institutos de pesquisa, a partir das competncias internas que
acumulam e de sua capacidade de gesto. Podem e precisam
faz-lo por obrigao da concorrncia.
Um conjunto de polticas pblicas igualmente pr-ativas
poderia potencializar este protagonismo empresarial para
usar uma expresso muito cara MEI. Esta agenda
conhecida e no carece de ser aqui detalhada. Mas pode
ser sintetizada na ideia de regimes adequados de estmulos
fiscais, de financiamento e de fomento; na estruturao
de projetos mobilizadores e plataformas mais ambiciosas,
em setores de maior complexidade tecnolgica e risco;
na criao de condicionalidades externas ao ambiente de
inovao, na agenda de educao e qualificao de pessoal
ou nos marcos regulatrios.
Inovao e competitividade so as duas chaves desse
processo e andam, como se sabe, estreitamente ligadas.
Uma agenda muito determinada nesta direo encontrar
grande respaldo no mundo privado, porque esta a trajetria
inexorvel das empresas. No h possibilidade de sobreviver
ou de alavancar negcios sem perseguir essa dupla
competncia, com foco e clareza.
Essa a direo que interessa a todos sociedade,
governo, empresas porque o caminho do aumento da
produtividade e da construo de um pas desenvolvido.
Os relatos deste livro reforam, como afirmamos nos
compromissos da MEI, que esta a agenda do futuro.
Inovao e
competitividade
so as duas
chaves desse
processo e andam,
como se sabe,
estreitamente
ligadas.
-
altus 1
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altus: o sucesso de uma trajetria baseada em desenvolvimento tecnolgico
Em junho de 2011, a empresa gacha Altus surpreendeu
o mercado industrial e o mundo dos negcios no Brasil
ao conquistar um dos mais importantes contratos de
fornecimento de solues em automao do pas nos
ltimos anos. Um total de dez plataformas de petrleo da
Petrobras passariam a contar com as solues integradas,
que foram concebidas, fabricadas e implantadas por essa
empresa localizada no parque tecnolgico da Universidade
do Vale dos Sinos.
Fornecedores tradicionais multinacionais foram suplantados
pela Altus, que durante muito tempo estivera na posio de
fornecedora de produtos e servios para segmentos que
as grandes empresas deixavam em segundo plano. Aps
uma trajetria de trinta anos desenvolvendo tecnologias
e formando competncias em torno do seu negcio de
automao, a empresa, finalmente, tinha chegado l.
Novidade para muitos, essa conquista era tudo, menos
uma zebra na corrida pelos contratos de fornecimento
Petrobras. Por trinta anos, desde a sua fundao, em
1982, a Altus preparou-se para esse desafio galgando
paulatinamente todos os degraus de uma trajetria que , a
esta altura, nica no mercado de tecnologia de automao
do Brasil. E se os planos no estavam traados de modo
preciso, nem os passos seguiram o rigor do planejamento
detalhado. Sob o comando de seus dois dirigentes, a
empresa contava, desde o incio, com os componentes que
lhe permitiriam alcanar esse resultado. O ncleo central
da sociedade e da estratgia empresarial rene dois perfis
muito diferentes: enquanto um dos scios, Luiz Gerbase,
respira tecnologia, o outro, Ricardo Felizzola, pulsa no ritmo
do mercado. Essa complementaridade vem funcionando h
trinta anos.
Nascida sob o perodo da chamada reserva de mercado,
a empresa conviveu com a transio abrupta do incio da
dcada de 1990 e preparou-se para o seu grande salto, no
comeo dos anos 2000. Foi sob a reserva de mercado que
o embrio das competncias empresariais e tecnolgicas
da empresa se formou. Porm, foi no novo ambiente de
abertura e globalizao que a empresa vislumbrou suas
necessidades e definiu os desafios que lhe permitiram alar-
se a um novo patamar.
Entre esses dois mundos to distintos, h um elemento
de continuidade na trajetria da empresa: a tecnologia
como chave mestra de oportunidades. Essa opo nem
sempre a mais fcil, pois raramente os investimentos
em novas tecnologias frutificam na mesma velocidade de
26
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
-
outros. As incertezas tambm so mais significativas. Por
isso, a escolha da tecnologia prpria como vetor central
do desenvolvimento e da expanso da Altus representa
um elemento de suma importncia na sua estratgia
empresarial, to mais relevante quando se tem em mente
que as opes costumeiras de tantas outras empresas so
as tecnologias de terceiros, por meio de licenciamento e,
eventualmente, de mera representao comercial.
A seguir, mostra-se o caminho percorrido por essa empresa
cujo nome uma referncia h muitos anos. Essa evoluo
e as transformaes que ela produziu criaram a mais
importante empresa brasileira de automao industrial, fato
(ou feito) que a histria do setor torna ainda mais notvel:
contemporneas de nascimento da Altus, muitas outras
empresas h muito desapareceram da cena industrial ou
foram relegadas a posies secundrias, por razes diversas.
a empresa
A visita ao museu dos produtos da Altus oferece uma
perspectiva bastante ilustrativa sobre a sua extraordinria
evoluo nos ltimos trinta anos: as caixas metlicas muito
rsticas que mal escondiam tecnologia com limites
evidentes deram lugar a produtos compactos, de design
funcional e uso prtico, contendo eletrnica e software
capazes de controlar desde equipamentos muito simples a
uma plataforma de petrleo. Mais importante, entretanto,
que foi esse embrio que permitiu Altus acumular
conhecimentos, desenvolver competncias e criar uma
base de clientes que seriam, no futuro, vitais para sua
sobrevivncia e consolidao.
Os primeiros produtos da empresa so avaliados hoje
como muito rudimentares. No obstante, eles ainda esto
operacionais vinte anos ou mais aps serem desenvolvidos
e instalados. Essa , possivelmente, uma caracterstica
especfica dos produtos e servios da Altus: a capacidade
de definir solues adequadas aos clientes, sem excessos
tecnolgicos, com funcionalidades adequadas s demandas
dos usurios, assegurando uma longa vida til e sem
surpresas. Foi assim que a empresa conseguiu, na difcil
passagem da reserva de mercado (que vigorou at o
incio do governo Collor) ao mercado aberto, defender o seu
mercado e sobreviver.
27
1 altus
-
Breve histrico
A Altus Sistemas de Automao S/A, fundada em 1982 por
Luiz Gerbase e Ricardo Felizzola, no Rio Grande do Sul, atua
nos segmentos de automao e controle de processos
industriais. A origem da empresa remete universidade e
nesse ambiente que a Altus ainda hoje encontra pessoas
interessadas em colaborar com suas necessidades de
pesquisa e desenvolvimento, buscando solues para os
seus problemas presentes e futuros.
A sede da empresa est hoje localizada no Tecnosinos, o
Parque Tecnolgico da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos, em So Leopoldo cidade at ento conhecida pela
indstria de calados, mas onde se respira o dinamismo da
indstria e o empreendedorismo do tecido industrial formado
por muitas empresas.
Suas filiais esto situadas nas cidades de So Paulo,
Campinas, Rio de Janeiro, Maca, Belo Horizonte,
Salvador, Curitiba e Sapucaia do Sul. Seu processo de
internacionalizao j criou unidades em outros pases:
Argentina e Chile, na regio mais prxima; Estados
Unidos e Alemanha, dois polos continentais que permitem
proximidade com mercados relevantes e com pases de
produo muito expressiva. A percepo do mundo como
dimenso de oportunidades para a empresa a despeito de
sua localizao numa pequena cidade no entorno de Porto
28
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
-
Alegre e de suas razes brasileiras possivelmente um dos
elementos diferenciadores da Altus com relao a tantas
outras empresas com vocao para o dinamismo.
reas de atuao
A empresa possui diferentes linhas de produtos para
automao industrial (Controladores Lgicos Programveis
CPs, Interfaces Homem-Mquina IHMs e Inversores)
e integrao de sistemas. Atravs dos processos de
integrao, a Altus fornece sistemas de automao em
setores como produo e distribuio de petrleo, gerao,
distribuio e transmisso de energia, saneamento,
siderurgia, transporte e produo de manufaturados.
A Altus hoje controlada por uma sociedade holding
(PARIT Participaes em Inovaes e Tecnologia) que
controla duas outras empresas de tecnologia, sendo uma
delas a sociedade com uma empresa da Coreia do Sul
para encapsulamento e teste de semicondutores no
Brasil. Este parece ser o passo mais ousado do conjunto
empresarial da PARIT, pois a entrada num segmento
industrial mais avanado, no qual o pas possui condies
preexistentes em evoluo, envolve riscos muito distintos
da trajetria gradualista (e sem rupturas) da Altus. Na
rea de automao, as principais tecnologias da empresa
envolvem uma evoluo relativamente lenta, mas
segura, ao longo das trajetrias de automao industrial,
sobretudo nas reas de petrleo e de energia, ao passo
que o grupo ento se apresenta para novos e importantes
desafios tecnolgicos.
a estratgia alinhamento do projeto com o negcio
Durante muitos anos, a Altus sobreviveu e cresceu
apoiada em fatores relacionados ao fechamento do
mercado brasileiro e s especificidades dos mercados
locais. Mas t-lo feito desse modo no nega a matriz
da empresa, calcada em tecnologia, em conhecimento
adquirido inicialmente no mbito universitrio, que depois
foi reunindo novos elementos, numa combinao de
fatores que vo da proximidade com os clientes s feiras
internacionais, passando pela engenharia reversa e pelos
esforos genunos.
O elemento que a Altus valoriza no seu processo de
crescimento e desenvolvimento precisamente a sua
capacidade de captar e consolidar novos conhecimentos.
Foi assim que a empresa conseguiu construir novas
solues, sejam elas mais avanadas ou simplesmente
melhor adaptadas.
29
1 altus
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
30
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o elemento que
a altus valoriza
no seu processo
de crescimento e
desenvolvimento
precisamente
a sua capacidade
de captar e
consolidar novos
conhecimentos.
o projeto
O projeto que a Altus definiu como mais emblemtico
de sua histria e de sua trajetria o do controlador
programvel Nexto. A histria do desenvolvimento desse
produto tambm a da transformao da Altus, de
empresa gacha com atuao no mercado brasileiro em
uma empresa com insero internacional e aspiraes
mais amplas: a nova famlia de programadores um
produto classe mundial, desenvolvido para ser integrado
em solues de qualquer origem e em muitas diferentes
atividades de uso.
Em meados da dcada de noventa, a Altus tinha resistido
abertura, mas ainda no tinha perspectivas de futuro muito
claras. Foi ento que a empresa compreendeu alguns dos
problemas que afetavam os seus produtos e o seu negcio:
seus controladores tinham limitadas possibilidades de
utilizao fora do mercado brasileiro. Mesmo neste, com a
abertura do mercado e a forte presena de empresas globais
compradoras desses produtos em muitos pases, somadas
presena local de vrios fornecedores internacionais,
tornavam muito reduzida a possibilidade de sobrevivncia
com produtos customizados. Foi a que a empresa
encontrou, dentro dela, uma reserva de informaes,
conhecimentos e capacidades ainda pouco exploradas: a sua
experincia internacional.
Por um bom perodo (tipicamente, os anos 80), a Altus
foi capaz de sobreviver no seu mercado natural. Apesar
disso, os fundadores da empresa olhavam para o ambiente
externo naquela poca, principalmente para o Japo
como fontes de informao, conhecimento e aprendizado.
A Altus era uma empresa brasileira, mas queria aprender
com o que havia l fora. Era assim que ela definia,
naquela poca, o que fazer aqui dentro. Nessa fase
inicial, o mercado brasileiro era fechado, mas a empresa
era aberta; e essa abertura facilitava a absoro de novas
competncias e possibilidades.
Foi ento que a empresa construiu a ideia de que precisaria
ter um produto capaz de falar a lngua do mundo, capaz de
se comunicar com mquinas e com processos industriais
e de produo em outros pases. S assim poderia ampliar
suas oportunidades no Brasil e criar novas em outros pases.
Entre o reconhecimento dessa necessidade e os meios para
viabiliz-la, era grande a distncia. Foi a que a experincia
internacional, lentamente acumulada, jogou um papel
importante: a Altus firmou uma parceria com empresas
de outros pases para viabilizarem juntas uma estratgia
de desenvolvimento de produtos capazes de encontrar
mercados em todos os pases.
31
1 altus
-
As empresas que definiram, junto com a Altus, uma
estratgia de cooperao para desenvolvimento de soluo
prpria provinham de trs pases: ndia, Repblica Tcheca
e Taiwan. Sendo empresas de dimenses relativamente
similares, o projeto apresentava, para todas elas, a evidente
vantagem do compartilhamento de custos, mas tambm
oferecia, a cada uma, a possibilidade de contribuir com a sua
melhor competncia, ao mesmo tempo em que facilitava,
pela participao das demais, um atalho eficaz para a
superao de deficincias. Ademais, sendo empresas de
origens muito distintas, o projeto tinha, desde partido incio,
horizontes mais amplos. Tudo isso lhes permitiria defender o
seu mercado de atuao nacional (para todas, o principal at
ento) e conquistar novos mercados.
Metodologia
No se pode afirmar que a Altus possua metodologia
de inovao estabelecida de forma ortodoxa, apesar
de processos bem definidos relativos pesquisa e
desenvolvimento de novos processos e produtos, posto
que ainda existe certo grau de flexibilidade e fluidez nos
processos internos da empresa. Entretanto, possvel
constatar que ela tem forte compromisso com a mudana
em direo a produtos que possam agregar funcionalidades
e desempenho a seus sistemas e, por meio deles, aos
processos de seus clientes.
No caso do seu produto principal, o Nexto, o elemento
divisor de guas foi a percepo de desafio de grande
envergadura, associado a uma grande oportunidade. A
transformao dos controladores da Altus em produtos
de classe mundial era evidentemente um grande desafio,
mas esse desafio estava em correspondncia com as
oportunidades. Se havia muito a fazer, havia tambm frutos
importantes a colher. E o principal deles era a transformao
da Altus: de empresa confinada ao mercado nacional (e
pouco mais) em empresa brasileira com possibilidades de
atuao em mltiplos mercados.
32
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
-
Havia ainda dois conjuntos de circunstncias que favoreciam
uma avaliao positiva das possibilidades. O primeiro
era a experincia acumulada tanto no desenvolvimento
tecnolgico das geraes anteriores de produtos e nos
sistemas integrados como na experincia internacional,
fruto de numerosas viagens para feiras, congressos, visitas
tcnicas e prospeco de oportunidades. O segundo
elemento favorvel foi construdo no prprio caminho, por
meio das parcerias firmadas com empresas congneres de
outros pases.
resultados para a empresa
O projeto do novo controlador alou a Altus da condio
de empresa dedicada ao mercado brasileiro, com poucas
oportunidades externas, para uma empresa com potencial
de atuao global. Com seu novo produto, a Altus pode
atuar hoje no mercado europeu, por meio de seu parceiro e
acionista sueco. tambm com ele que os produtos da Altus
conseguem compor sistemas de automao e controle com
desempenho capaz de atender s necessidades de clientes
mais exigentes como a Petrobras. Foi assim que a empresa
conseguiu superar fornecedores tradicionais (grandes
empresas multinacionais) e conquistar, por desempenho
tcnico, um contrato que todos cobiaram e se empenharam
para conquistar.
O Nexto parte de uma nova plataforma de hardware que
possibilitou a incluso de mltiplas funcionalidades que
os controladores programveis anteriores no forneciam.
O processamento de dados, novos perifricos e uma
nova tecnologia no barramento baseada em Ethernet
de alta velocidade, foram essenciais para fornecer uma
nova experincia aos usurios. Alm disso, o sistema de
diagnsticos avanados disponibiliza informaes dos
mdulos em vrios nveis: estruturas de dados para uso
na aplicao, pginas web da UCP e atravs do boto de
diagnstico dos mdulos pode ser identificado o problema
no visor grfico da UCP (Unidade Central de Processamento).
33
1 altus
-
O MasterTool IEC XE, ferramenta de programao e
configurao da Altus, oferece simulao e depurao da
aplicao e suporta as cinco linguagens de programao
da norma IEC 61131-3 e uma linguagem adicional. Alm
de tornar muito simples a configurao e a incluso
dos mdulos da srie atravs de um editor grfico, a
configurao PROFIBUS realizada na mesma ferramenta
sem a necessidade de softwares adicionais.
Outras caractersticas inovadoras includas foram o
armazenamento do cdigo fonte no prprio controlador,
os nveis de direitos de acesso tanto na UCP quanto no
projeto, as reas de memria para armazenamento de
dados do usurio, a expanso de memria de dados
atravs de carto de memria, a reutilizao de cdigos
(uso de blocos funcionais), a atualizao do firmware das
UCPs em campo, as UCPs com um elevado desempenho
com capacidade de executar 1000 laos PID (Proporcional
Integral Derivative) em menos de 5ms, a no utilizao
de bateria para manuteno de memria e a operao
do relgio de tempo real. A Srie Nexto tambm permite
a utilizao de maior quantidade de expanses de
barramento e mdulos, e os mdulos de entrada e sada
possuem um mecanismo inovador patenteado para
insero e extrao de conectores.
Foram investidos milhares de horas em especificao,
desenvolvimento e validao em todas as partes que
compem os mdulos, como hardware, mecnica, firmware
embarcado, assim como na ferramenta de programao/
configurao. Foram necessrias viagens nacionais e
internacionais para tratar diretamente com os fornecedores
os detalhes sobre como deveria ser o projeto e se havia
viabilidade nas especificaes propostas. Tambm um
esforo muito grande foi empregado nas comunicaes
entre os envolvidos no projeto para, no fim, gerar os
produtos. Todo esse esforo envolveu uma participao
mais intensa da universidade na concepo da srie e
durante a fase de testes dos produtos. Durante o tempo de
desenvolvimento, houve a integrao de novas tecnologias
que foram incorporadas aos produtos. A parceria com
diversos fornecedores envolveu um trabalho muito forte
de diferentes procedncias nacionais com o propsito de
garantir que as especificaes fossem atendidas.
Com a Srie Nexto, a Altus consegue se firmar e competir
em igualdade com os grandes fabricantes com posies de
destaque no mercado em que atua. Os produtos gerados
no so inferiores aos dos concorrentes e, por ser um
produto de classe mundial, a Srie Nexto abre as portas do
mercado mundial de automao para a Altus.
34
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
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ao longo da sua
trajetria, a altus
nunca deixou
de desenvolver
um elo de
relacionamento,
presente
desde a sua
fundao, com a
universidade.
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1 altus
-
resultados para a cadeia de valor
Uma empresa como a Altus depende de fornecedores
qualificados, capazes de acompanhar a sua evoluo. A
trajetria de expanso internacional da empresa colaborou
para que ela pudesse dispor de solues adequadas aos
padres globais. Isso ajuda a trazer para dentro de casa
necessidades novas e diferenciadas. O atendimento
dessas necessidades exige relacionamento prximo
com fornecedores e, por vezes, um desenvolvimento
cooperativo que assegure o alcance desses padres. A
internacionalizao da Altus representa uma promoo da
indstria local a padres superiores de capacitao tcnica,
eficincia e competitividade.
Adicionalmente, a presena de tecnologia brasileira no
mercado internacional contribui para a construo de uma
imagem mais forte em mercados aplicveis, onde a presena
de muitos possveis fornecedores torna o processo de
venda necessariamente mais qualificado. Assim, a indstria
brasileira desenvolve, mesmo que de forma incipiente,
uma imagem de capacitao que pode transbordar para
outras empresas. Quanto mais empresas do pas tiverem
tal presena internacional e puderem estar associadas a
atributos de tecnologia, qualidade e eficincia tcnica, tanto
menores tendero a ser as barreiras penetrao de outras
empresas nesses mercados.
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
-
Ao longo da sua trajetria, a Altus nunca deixou de
desenvolver um elo de relacionamento, presente desde a
sua fundao, com a universidade. Sua origem no ambiente
universitrio de pesquisa e a familiaridade de seus scios
com os usos e costumes desse universo permitiu evitar
a formao do estranhamento que frequentemente existe
entre os dois ambientes. Por um lado, a empresa possui
como regra necessidades e demandas com horizontes
temporais mais estreitos, mesmo quando sua viso de longo
prazo est bem estabelecida. Por outro lado, a universidade
(ou as instituies de pesquisa de maneira geral) possui
horizontes temporais mais dilatados e objetivos especficos
menos delimitados. Construir convergncias entre esses
dois mundos, organizados em torno de objetivos que
podem ser muito diferentes, exige, por parte de ambos
os lados, a compreenso das diferenas. Evidentemente,
o conhecimento prvio do funcionamento da pesquisa
cientfica e tecnolgica no ambiente universitrio, no qual
os objetivos concretos so muitas vezes mais difusos
ou difceis de apreender, contribui para a superao das
distncias e para a fixao de objetivos realistas. A origem da
Altus facilita que a comunicao ocorra de modo mais fcil e
que os mecanismos de cooperao possam funcionar com
agilidade e eficincia.
Ainda no tocante aos recursos humanos, uma das
caractersticas diferenciadas da empresa a sua
familiaridade com o ambiente externo, com o mundo dos
negcios em outros pases. Essa experincia acumulada,
a partir da iniciativa pioneira de seus fundadores, permitiu
formar um corpo de pessoas executivos, gerentes e
tcnicos com facilidade de trnsito internacional. Esse
um ativo que a Altus possui em intensidade muito superior
ao de outras empresas, mesmo empresas com proporo de
exportaes mais elevada que ela.
fotografias
Foto 1 (abertura) Pgina 25 Laboratrio de testes. Crdito: Divulgao Altus.
Foto 2 Pgina 28 Verificao de produtos. Crdito: Divulgao Altus.
Foto 3 Pgina 30 Testes e Simulaes do CLP Nexto. Crdito: Divulgao Altus.
Foto 4 Pgina 32 Foto ilustrativa: placa de circuito impresso. Crdito: Canstock.
Foto 5 Pgina 35 este de Funcionalidades da Srie Nexto. Crdito: Divulgao Altus.
Foto 6 Pgina 36 Montagem de mecnica diferenciada do CLP Nexto. Crdito: Divulgao Altus.
37
1 altus
-
perspectivas futuras
A principal lio aprendida pela Altus envolve a
necessidade de adaptao a ambientes institucionais
muito volteis: nascida na reserva de mercado, a empresa
adaptou-se ao ambiente da abertura do mercado. Essa
abertura teve, alis, uma dimenso dupla. Inicialmente,
produtos do mundo todo passaram a ter acesso ao
mercado brasileiro, ampliando o leque de escolhas das
empresas locais usurias. Em segundo lugar, mas no
menos importante, empresas multinacionais lderes
do mercado de automao e com presena local
(industrial ou no) passaram a poder apresentar as suas
solues globais aos clientes brasileiros e s empresas
multinacionais aqui instaladas.
Essa dupla fonte de competio reforou e acelerou a
busca, pela Altus, de um padro global de produtos e
tambm de parcerias. Nesse processo de busca, a empresa
continua inserida de modo muito ativo. Os mercados de
tecnologia ou de produtos com forte dimenso tecnolgica
envolvem escolhas de natureza fortemente tcnica. Isso
vlido, sobretudo, quando os produtos possuem uso
industrial e determinam a competitividade e a segurana dos
processos de outras empresas. Segurana e confiabilidade
so elementos-chave nos processos de automao, visto
que qualquer falha envolve custos e riscos extremamente
elevados. Por esta razo, riscos antecipados pelas empresas
compradoras de solues precisam ser superados ou
mitigados com elementos objetivos consistentes.
A experincia internacional da Altus pode ser considerada
precoce, pelo menos para os padres brasileiros. O mercado
interno (relativamente avantajado) e a geografia brasileira
(afastada dos grandes eixos de comrcio) facilitaram
o isolamento e a dependncia das empresas de quase
todos os setores do seu mercado interno. por isso
que a internacionalizao particular da Altus constitui uma
singularidade importante. Como foi que aquela ento
pequena empresa gacha foi se lanar no empreendimento?
A ousadia da experincia internacional revelou-se muito
importante quando o mercado brasileiro foi aberto e,
em seguida, quando a Altus concebeu o seu plano de
desenvolver e fabricar produtos classe mundial.
possvel que mesmo o vislumbre dessa necessidade e
das oportunidades oferecidas pelo ambiente internacional
sequer fosse percebido se a empresa no possusse na sua
constituio essa sua vocao internacional. E de onde ela
vinha? A resposta mais provvel, a julgar pelas entrevistas
e depoimentos das pessoas que conhecem o ambiente da
empresa e a sua dinmica, a existncia de certa dose de
arrojo por parte dos fundadores: mesmo sem uma agenda
internacional clara e objetiva, a empresa compreendia que
deveria frequentar esse ambiente para se capacitar a voos
mais ousados. E assim o fez.
rEfErNCias
CASAIS, Rosana. Os desafios do processo de internacionalizao de novos produtos. 1 abr. 2013. Entrevista concedida Confederao Nacional da Indstria (CNI) e Elabora Consultoria.
FELIZZOLA, Ricardo Menna Barreto. Insero da indstria nacional no mercado de microeletrnica. 1 abr. 2013. Entrevista concedida Confederao Nacional da Indstria (CNI) e Elabora Consultoria.
GERBASE, Luiz Francisco. Estratgia de inovao da Altus: evoluo e novos desafios. 1 abr. 2013. Entrevista concedida Confederao Nacional da Indstria (CNI) e Elabora Consultoria.
TREIN, Fernando. O processo de P&D e inovao da Altus. 1 abr. 2013. Entrevista concedida Confederao Nacional da Indstria (CNI) e Elabora Consultoria.
38
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
-
BASF 2
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40
CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
EFicinciA EnErgticA E SuStEntABilidAdE nA conStruo civil: A casaE
A BASF uma das empresas mais inovadoras do mundo,
como testemunham seu compromisso secular com
pesquisa e desenvolvimento (P&D), seu contingente de
pesquisadores e seu portflio de patentes. O lema atual
da empresa reafirma o compromisso com a tecnologia e
a inovao ao propor transformar a qumica para oferecer
solues inovadoras1. No mbito de sua atuao em
inovao, a BASF priorizou no mundo investimentos no
mercado da construo, campo estratgico para a empresa
nos prximos dez anos2.
No Brasil, o investimento que simboliza essa opo a
construo da CasaE, um projeto desenvolvido com a
reunio de tecnologias mais eficientes e sustentveis. A
casa brasileira foi a primeira construda em clima subtropical,
apresentando condies diversas de suas congneres em
pases como Alemanha, Argentina, Coreia do Sul, Estados
Unidos, Frana, Inglaterra, Itlia, Hungria e Polnia. A CasaE
1 Fonte: http://www.BASF.com.br/?id=7041
2 Fonte: http://www.BASF.com.br/?id=918
foi toda planejada para que solues da BASF, desenvolvidas
para o setor da construo civil, fossem aplicadas no pas,
respeitando as condies locais. Essa diferena geradora
de desafios importantes para produtos e processos utilizados
na construo civil. O resultado uma casa de conceito
harmonizado com um projeto facilmente assimilvel: ao
mesmo tempo em que aplica e testa diversas solues
inovadoras, apresenta diferentes possibilidades para a cadeia
da construo civil.
O objetivo do projeto, em sntese, promover solues
capazes de integrar produtos qumicos avanados e
tcnicas de construo mais sustentveis. A CasaE rene
-
41
2 BASF
tecnologias de demanda global, classificadas pela BASF
como grandes desafios para os prximos anos, que serviro
como direcionadores da expanso da empresa. O projeto
envolveu quase duas dezenas de parceiros. Em vrios
casos, a aplicao das tecnologias foi realizada em parceria
com empresas brasileiras e estrangeiras. Algumas dessas
tecnologias eram inditas no mercado brasileiro, outras
existiam no portflio local da BASF e foram incorporadas
CasaE. Alm disso, cada parceiro identificou junto BASF as
solues mais aderentes proposta da CasaE.
O principal diferencial da casa concebida e construda
pela BASF sua eficincia energtica. De acordo com
a empresa, e baseado no World Business Council for
Sustainable Development3 (WBCSD), a etapa de construo
e os materiais de um edifcio representam 40% do gasto
total de energia ao longo do ciclo de vida da edificao. Por
isso, todos os esforos para projetar e implantar solues
eficientes, desde a concepo do projeto, passando pela
execuo e operao, so altamente compensadores em
termos de sustentabilidade. O maior desafio que a BASF
visualiza para a CasaE e para a disseminao das tecnologias
da empresa voltadas para a construo civil no Brasil a
superao de uma cultura conservadora, na qual imperam
prticas bastante arraigadas, influenciadas pela permanncia
de formas tradicionais de construo.
A CasaE pretende contribuir para que a indstria de
construo civil e toda a sua cadeia dos arquitetos
aos compradores, passando pelas construtoras, pelos
trabalhadores que executam a construo, pelos
rgos certificadores e organismos reguladores
possam incorporar os novos produtos, difundindo-os
e contribuindo para edificaes mais confortveis,
duradouras e cada vez mais sustentveis. Este o grande
desafio da BASF para desenvolver os novos mercados que
priorizou em sua estratgia.
3 Fonte: http://www.wbcsd.org/work-program/sectorprojects/buildings/ eebmanifesto.Aspx
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
A EmprESA
A BASF uma das maiores empresas qumicas do mundo.
De origem alem, com sede em Ludwigshafen, foi fundada
em 1865. Suas unidades de produo esto distribudas
em 39 pases, incluindo quase todos os que compem
a Amrica do Sul, e mantm relaes comerciais com
clientes em mais de 170 pases. A empresa possui um
portflio de mais de 8.000 produtos (plsticos, poliuretanos,
qumicos industriais, produtos de performance, tintas e
qumica fina, at petrleo cru e gs natural), atuando nos
setores de agricultura e nutrio, qumicos, produtos de
performance, plsticos e petrleo e gs.
A BASF atua em 13 principais mercados: Care Chemicals;
Nutrio e Sade; Qumicos Industriais; Qumicos de
Performance; Qumicos para Papel; Tintas; Poliuretanos;
Petrleo e Gs; Polmeros de Performance; Disperses
e Pigmentos; Proteo de Cultivos; Catalisadores e
Qumicos para Construo.
Atualmente, a empresa possui mais de 110.000
colaboradores4, dos quais cerca de 5% so funcionrios da
BASF Amrica do Sul5 e 4.352, do Brasil, onde sua atuao
remonta a 1911. Com sede em So Paulo, a empresa possui
fbricas e filiais na Bahia (Camaari), Pernambuco (Jaboato
dos Guararapes) e outras oito unidades no estado de So
Paulo (Guaratinguet, So Bernardo do Campo no bairro do
Demarchi e na Anchieta , Indaiatuba, Mau, Santo Antnio
de Posse, Paulnia, Vila Prudente e Jacare).
Alm das unidades industriais e comerciais, a BASF Brasil
detm uma dentre as seis estaes experimentais6 da
empresa no mundo, a nica localizada na Amrica Latina (em
Santo Antnio de Posse, SP). Ela possui ainda sete centros
experimentais avanados7 no pas: em Mato Grosso (Lucas
do Rio Verde), Minas Gerais (Uberlndia), Gois (Goinia), So
Paulo (Ribeiro Preto), Paran (Ponta Grossa e Bandeirantes)
e Rio Grande do Sul (Santa Brbara).
4 Fonte: http://www.BASF.com/group/about-BASF/employees
5 Fonte: http://www.BASF.com.br/ra2011/portugues/indexhtml#/60/zoomed
6 As estaes experimentais da BASF operam como centros de pesquisa e desenvolvimento de proteo de culturas agrcolas. Os centros conduzem estudos laboratoriais e testes de menor escala e de campo.
7 Os Centros Experimentais Avanados (CEA) conduzem estudos de eficcia biolgica e fitotoxicidade de agroqumicos para o controle de doenas, plantas daninhas e pragas. Os centros podem emitir laudos para fins de registro junto ao Ministrio da Agricultura.
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2 BASF
Em 2012, as vendas globais da BASF superaram 72 bilhes
de euros. Em conjunto, Amrica do Sul, frica e Oriente
Mdio (agregao utilizada pela BASF na divulgao de seus
resultados) responderam por mais de 4 bilhes de euros.
A Amrica do Sul se destaca pela relevncia geogrfica e
econmica no segmento de proteo de cultivos, tambm
com forte crescimento dos investimentos em inovaes
dirigidas para os segmentos ligados construo.
EStrAtgiA dE inovAo
A necessidade da sociedade por construes mais
sustentveis e a projeo de contnuo crescimento desse
mercado so duas das principais razes que levaram a BASF
a investir no desenvolvimento da CasaE. O propsito da
empresa transformar a qumica para um futuro sustentvel
to vlido para o mercado da construo civil como
para outras reas de atuao da empresa no Brasil. Para a
aplicao de solues nesse mercado, e em especial no
projeto da CasaE, parcerias com clientes e outros atores
foram muito importantes.
A BASF, por meio da cincia e da inovao, possibilita o
atendimento das atuais e futuras necessidades de seus
clientes e da sociedade em geral8. No mundo todo, a BASF
8 Fonte: http://www.BASF.com.br/?id=7618
investe cerca de 1,4 bilho de euros por ano em Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D), dos quais aproximadamente 25%
so destinados a pesquisas na rea de proteo de cultivos.
Essa uma das divises da empresa com maior crescimento
na Amrica do Sul em termos de faturamento. No Brasil, so
cerca de R$ 100 milhes investidos anualmente em P&D. A
empresa vem investindo principalmente em inovaes em
qumicos para os setores de minerao, petrleo, construo
e higiene pessoal e cosmticos9.
A estratgia global de inovao da BASF envolve o
desenvolvimento conjunto de projetos e tecnologias com
parceiros. Existem 600 parcerias da BASF no mundo com
universidades, institutos de pesquisa e outras organizaes10.
No Brasil, a BASF conta com parcerias voltadas inovao
de produtos e processos com a Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuria (Embrapa) e, mais recentemente,
o convnio de cooperao com a Universidade Estadual
de Maring, com o Centro de Tecnologia Canavieira, e um
protocolo de inteno para a construo de um Parque de
Inovao em Braslia, com a Universidade de Braslia e com a
Building Research Establishment BRE.
9 Fonte: http://exame.abril.com.br/gestao/noticias/por-quena-BASF-inovacao-e-palavra-chave
10 BASF. Report 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2013.
A estratgia
global de
inovao da
BASF envolve o
desenvolvimento
conjunto de
projetos e
tecnologias com
parceiros.
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
o projEto
A CasaE uma iniciativa global da BASF para o
desenvolvimento de solues capazes de integrar produtos
qumicos avanados e tcnicas de construo mais
sustentveis. No Brasil, a CasaE foi desenvolvida pela unio
de tecnologias de cinco unidades de negcio da BASF, em
parceria com diversas outras empresas do segmento de
construo, envolvendo empresas multinacionais de origem
brasileira e estrangeiras instaladas no Brasil. As unidades de
negcio foram coordenadas por um lder responsvel pela
construo da casa. Cada uma dessas unidades de negcio
da BASF e parceiros devero se beneficiar do mtodo de
divulgao e promoo comercial propiciado pela CasaE.
O projeto consiste no desenvolvimento de solues que
atendam a todas as etapas previstas em obras civis.
A existncia, em muitas dessas etapas, de processos
e mtodos muito distintos do processo convencional
empregado no Brasil representou um importante desafio
para a BASF. A empresa precisou ainda investir em esforos
para criar essas solues.
A CasaE brasileira uma dentre dez casas da BASF
construdas no mundo e a segunda a ser erigida na Amrica
do Sul a primeira foi na Argentina. O principal desafio da
BASF Brasil foi a aplicao de produtos que no existiam
no mercado brasileiro, tendo sido necessrio respeitar as
condies especficas do pas, em especial as climticas
muito diversas daquelas encontradas nos pases que
abrigam as outras nove casas. As condies da mo de obra
local, treinada em mtodos tradicionalmente empregados
e nem sempre preparada para lidar com outras tecnologias,
tambm representaram um desafio de ordem prtica.
Ainda mais desafiador o contexto geral das prticas de
construo no Brasil, por exemplo, na opo corriqueira de
se utilizar a laje cermica para construo: pesada, difcil de
instalar, incapaz de produzir conforto trmico ou acstico, que
sobrecarrega a estrutura e induz a desperdcio de materiais
e, posteriormente, de energia e, portanto, de alto impacto
ambiental. Ciente desse quadro de desconhecimento de
solues mais contemporneas e efetivas, com o emprego
de materiais qumicos com propriedades superiores, a BASF
props a construo da CasaE para apresentar suas solues
e inovaes para esse tema ao pblico e mercados, decidindo
inseri-la na malha urbana da cidade de So Paulo.
O desenvolvimento desta casa-conceito tem a finalidade de
difundir informao e conhecimento sobre diversos produtos
e solues inovadoras da BASF para o ramo da construo
civil. A casa rene, em um nico espao, tecnologias que
atendem s demandas globais que, segundo avaliao da
empresa, so grandes desafios para os prximos anos. A
BASF decidiu ento adot-las como direcionadores dos seus
processos de inovao e sustentabilidade.
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2 BASF
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
O mercado de construo considerado prioritrio e vem
recebendo investimentos no Brasil como parte da estratgia
da BASF para os prximos dez anos. So exemplos a
inaugurao, em 2008, da primeira fbrica de PCE (ter
policarboxilato) da Amrica do Sul, em Guaratinguet, So
Paulo; a construo, em 2012, do novo complexo Acrlico
de Camaari, Bahia, com investimentos de cerca de 500
milhes de euros; e o investimento de R$ 100 milhes na
plataforma de P&D aplicada ao desenvolvimento industrial e
competitividade.
A CasaE brasileira possibilita ao mesmo tempo
funcionalidade residencial ou no escritrio. Nesse ambiente,
as cinco unidades de negcios da BASF podero mostrar
aos potenciais clientes e outros parceiros do mercado da
construo civil as vantagens dos 33 produtos integrados
a diversas solues para o setor civil, alm das solues
dos parceiros. A CasaE est localizada na zona sul de So
Paulo. Sua construo demandou cerca de treze meses,
ao passo que seu planejamento, um ano. Foram investidos
cerca de R$ 3 milhes. A casa possui elementos tipicamente
residenciais (quartos, cozinha, varanda com churrasqueira)
combinados com elementos do ambiente empresarial
(auditrio para 40 pessoas e sala de reunies executiva).
O projeto de construo contou com 18 parceiros nacionais
e internacionais: Tigre, Leroy Merlin, Deca, Elevadores Atlas
Schindler, Grupo Bosch, Gerdau, Guardian, Grupo Knauf,
Daikin, Leicht, Arquivo Vivo Locao, Supermix, Veka, Philips,
OWA, Isoeste, Whirlpool e Nespresso. Com alguns desses
parceiros, foi realizada transferncia de tecnologia da BASF
e foram desenvolvidos ou adaptados produtos. O projeto foi
executado pelo escritrio de arquitetura e gerenciamento
da obra Athi Wohnrath. Para a construo da CasaE, foi
necessrio tambm o desenvolvimento de fornecedores
locais, por exemplo, a PLM Construo e a Obraplan.
O principal diferencial da casa sua eficincia energtica.
Placas solares captam energia solar para aquecimento da
gua e painis fotovoltaicos que fornecem parte da energia
consumida na casa e vidros especiais garantem a entrada de
luz natural sem aquecer demais o local. Alm disso, a casa
proporciona maior conforto trmico, sendo que as tcnicas
utilizadas permitem uma rpida construo, sem comprometer
o design e a arquitetura do projeto. O principal objetivo do
projeto mostrar que mtodos, tcnicas e produtos utilizados
na CasaE podem ser utilizados tanto em construes de
grande porte como em moradias comum, sendo acessveis
ao mercado brasileiro e apresentando vantagens ambientais
e econmicas (menor consumo de energia e outros recursos
naturais, aumento da produtividade, reduo do tempo de
construo e de mo de obra).
A casaE brasileira
possibilita ao
mesmo tempo
funcionalidade
residencial ou
no escritrio.
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2 BASF
O projeto de construo proposto pela BASF consiste em
blocos de poliestireno expandido da BASF em Sistema ICF
(Insulated Concrete Formwork) e lajes fabricadas com o mesmo
material. Tais solues proporcionam um isolamento trmico
muito eficiente. As peas de poliestireno expandido (EPS, na
sigla em ingls) so fabricadas na empresa industrial (que
expande a matria-prima da BASF), montadas no canteiro,
recheadas por armaduras de concreto usinado de modo
rpido e fcil (em balde ou bombeado por mangueira), sendo
depois lixadas para alinhamento e colocao de uma tela de
polipropileno (PP) sobre a qual aplicado o reboco (formado
por cimento ou argamassa com aditivos) para adeso ao bloco
de EPS e tela de PP. Espumas especiais, no propagadoras de
chama, so aplicadas no teto para conforto acstico.
As disperses e os pigmentos da BASF apresentam
diferenciais para as tintas, vernizes, adesivos e materiais de
construo aplicados na CasaE, bem como no controle da
temperatura, proporcionando conforto trmico e contribuindo
diretamente para a economia de energia. Os arquitetos
podem, com esta soluo, usar, por exemplo, a cor preta em
ambientes expostos ao sol sem temer os efeitos trmicos.
A linha de produtos base poliuretano ajudam no conforto
trmico, na reduo no consumo de energia e oferecem
compostos para a construo de pisos drenantes que evitam
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
o acmulo de gua no piso. O ambiente externo possui
dois tipos de piso: o concreto permevel e um composto
aglutinante base poliuretano. Esses pisos no somente
evitam o acmulo de gua como tambm permitem a
recuperao da gua drenada para reso, por exemplo, na
limpeza geral ou rega de plantas. O concreto permevel
possui elevada resistncia e presta-se, entre outras
finalidades, a reas de baixa circulao de veculos, enquanto
o piso de composto aglutinante destina-se principalmente a
reas tipicamente residenciais, para a circulao de pessoas.
Os produtos qumicos para construo aumentam a
eficincia da hidratao do cimento, reduzindo o uso de
gua e emisses de CO2 e garantem maior flexibilidade
s operaes. Tambm esto presentes produtos para
revestimento, impermeabilizantes e antiderrapantes.
Foram utilizadas tintas imobilirias do segmento premium,
Suvinil, pertencente BASF. A tinta com propriedade
antibacteriana, aprovada pela Anvisa, foi utilizada na parte
interna da residncia, levando preveno de colonizao
de 99% das bactrias nas paredes e na fachada da casa foi
utilizada tinta antifissura. As tintas possuem baixos teores
de compostos orgnicos volteis (VOC, na sigla em ingls),
uma tendncia mundial que a BASF tambm pratica no
mercado brasileiro.
Metodologia
As estruturas das paredes e da laje da CasaE foram
inteiramente construdas com blocos de poliestireno expandido
contendo microcpsulas de grafite, que possuem a capacidade
de refletir a radiao infravermelha, responsvel pela gerao
de calor. Com isso, o composto capaz de proporcionar
isolamento trmico 20% superior ao do poliestireno expandido
(isopor) convencional. A utilizao desse material em
associao a outros mtodos para controle de temperatura,
como esquadrias de PVC, vidros duplos e tinta base de
pigmento frio, permite alcanar um nvel superior de conforto
trmico e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo de energia.
Portanto, os benefcios do produto e da tcnica associada
consistem na possibilidade de construir uma parede
estrutural convencional, bem como fechamento regular
substituto alvenaria, mas com maior conforto trmico,
reduzindo custos com o uso reduzido do ar condicionado
ou da calefao. A tecnologia ainda permite que as paredes
sejam mais finas e leves. A montagem dos blocos de EPS
cerca de quatro vezes mais rpida do que a de blocos
convencionais de cermica ou concreto, diminuindo
sobremaneira o impacto e o volume dos resduos de
construo. A tecnologia com microcpsulas de grafite
possui benefcios adicionais, como repelncia gua, boa
rigidez, estabilidade dimensional e elevada resistncia
degradao e ao envelhecimento.
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2 BASF
Alm da estrutura de EPS, algumas paredes dos quartos e da
guarita foram construdas com a utilizao de uma espuma
rgida de poliuretano. O uso desse material proporciona:
economia de energia, pois mantm a temperatura estvel
por mais tempo sem a necessidade de utilizao de ar
condicionado ou outras formas de resfriamento;
agilidade de construo, pois pode ser empregado na
fabricao de peas pr-fabricadas, que substituem
o uso de tijolos e concreto, que exigem maior tempo
de secagem;
leveza na construo, pois seu uso dispensa a utilizao
de outros materiais como trelias, por exemplo, reduzindo
tambm o custo da obra. Uma placa desse material
tem eficincia equivalente de placas de l de vidro ou
concreto com espessuras muito maiores.
Outra estratgia empregada na estrutura da CasaE para
proporcionar conforto trmico foi a aplicao de materiais
que incorporam composto de transio de fase (Phase
Change Material PCM) em algumas paredes internas.
Esse composto de microcpsulas de polmero recheadas
com ceras de parafina se liquefaz (derrete) a temperaturas
prximas da ambiente. Para que isso ocorra, a cera
utiliza a energia do ambiente, provocando assim queda
de temperatura. Durante a noite, quando em geral a
A boa fluidez
do concreto
aditivado
dispensa a
utilizao de
mquinas e
outras tcnicas
para assent-lo.
temperatura mais baixa, ocorre o processo inverso: a cera
se solidifica, liberando para o ambiente o calor armazenado
durante o dia.
Os blocos de poliestireno expandido utilizadas para a
construo da estrutura da CasaE demandam um concreto
mais fluido, capaz de preencher toda a extenso da
cavidade dos blocos. Na CasaE foi utilizado um aditivo
base de ter policarboxilato para garantir boa fluidez
ao concreto, favorecendo o rpido preenchimento da
cavidade do bloco. Outras vantagens atribudas ao uso do
aditivo incluem: aumento de at 20% na resistncia do
concreto; exigncia de menor quantidade de gua (at 30%
de reduo) e de concreto, contribuindo para a reduo
de custos e uso de recursos naturais. A boa fluidez do
concreto aditivado dispensa a utilizao de mquinas e
outras tcnicas para assent-lo, diminuindo tambm gastos
com mo de obra.
Para adequar as propriedades do aditivo s caractersticas
do concreto brasileiro, a BASF realizou um trabalho de
desenvolvimento durante dois anos, avaliando diferentes
molculas de derivados policarboxilatos. O cimento
comumente produzido no Brasil possui caractersticas
prprias muito diversas do mesmo produto em outros
pases. Para o projeto da CasaE, foram criados dois novos
grades de molculas de policarboxilatos que possuem
tamanho de cadeia e densidade de carga diferenciados. As
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CNI INOVAO EM CADEIAS DE VALOR DE GRANDES EMPRESAS 22 CASOS
molculas foram testadas por instituies nacionais, como
a Universidade de So Paulo (USP), o Instituto de Pesquisas
Tecnolgicas (IPT) e a Associao de Cimento Portland.
Na calada e no passeio da CasaE foi aplicado um
composto aglutinante de poliuretano, cujo principal objetivo
era tornar as superfcies altamente permeveis, permitindo
o reso d