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REVISTA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAISoutubro | novembro | dezembro 2011 | v. 81 — n. 4 — ano XXIX
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1. Membros de Comissão de Licitação não podem ser responsabilizados solidariamente se não há comprovação de sua designação formal.
2. Constituem falhas, passíveis de multa, por contrariar as instruções normativas do TCEMG e a Lei de Licitações e Contratos: manter cadastro de fornecedores desatualizado; não comprovar a publicidade dos atos nos moldes do art. 16 da Lei n. 8.666/93; executar despesas de forma fracionada, com inobservância do valor global da compra; não criar almoxarifado central para controle de entrada e saída de materiais.
3. É inadmissível o fracionamento da despesa como pretexto para dispensar licitação, conduta que acarreta a imputação de multa em razão da desídia do administrador no planejamento de compras e serviços.
4. São irregularidades que resultam na aplicação de multa em decorrência da inobservância de determinações legais na realização de procedimentos licitatórios: falta de notas de empenho e respectivos comprovantes legais; inexistência de ato administrativo designando Comissão Permanente de Licitação; ausência de documentos de habilitação; omissão da numeração processual e da publicação dos instrumentos convocatórios.
EMENTA: PROCESSO ADMINISTRATIVO — INSPEÇÃO — PREFEITURA MUNICIPAL — PRELIMINAR — MEMBROS DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO — INCLUSÃO NA RELAÇÃO PROCESSUAL — REJEIÇÃO — AUSÊNCIA DE DESIGNAÇÃO FORMAL — MÉRITO — IRREGULARIDADES — FALHAS NA GESTÃO DO ÓRGÃO — REALIZAÇÃO DE DESPESAS SEM LICITAÇÃO — DISPENSAS IRREGULARES — PROCEDIMENTOS LICITATÓRIOS SEM OBSERVÂNCIA ÀS DETERMINAÇÕES LEGAIS — APLICAÇÃO DE MULTA AO PREFEITO MUNICIPAL
PROCESSO ADMINISTRATIVO N. 752.415
RELATOR: AUDITOR HAMILTON COELHO
RELATÓRIO
Trata-se de inspeção realizada na Prefeitura Municipal de Matias Cardoso para verificar a legalidade das despesas realizadas no período de janeiro de 2003 a agosto de 2004.
DICO
M TCEM
G
Inobservância das normas expedidas pelo TCEMG e dos preceitos da Lei n. 8.666/93 resultam na imputação de multa ao ordenador de despesas
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Encerrados os trabalhos, a equipe técnica lavrou o relatório a fls. 6-14. Citado, o responsável apresentou defesa e documentos, a fls. 1.261-1.293, que foram objeto de reexame pela diretoria técnica competente, a fls. 1.295-1.312.
O Ministério Público de Contas consignou parecer, a fls. 1.315-1.318, no qual opinou pela irregularidade dos procedimentos e das despesas analisados nos autos e aplicação de multa ao responsável, na forma do Regimento Interno deste Tribunal.
pRELIMINAR
O defendente, a fls. 1.262-1.263, reivindicou a citação dos membros da Comissão Permanente de Licitação e do Controle Interno nos seguintes termos:
A legislação vigente prescreve que os membros da Comissão Permanente de Licitação, bem como os membros do Controle Interno são responsáveis solidários por todos os atos praticados no desempenho de suas atribuições. Tendo em vista que eventuais imputações poderão atingir o patrimônio jurídico dos mesmos, imperioso que essa defesa se inicie reivindicando a necessária abertura de vista dos mesmos, sob pena de nulidade do processo, tendo em vista os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
Recuso o pleito preliminar de inclusão dos membros da Comissão de Licitação na relação processual, pois, apesar de assinarem o processo licitatório, não foram formalmente designados, não podendo portanto, serem responsabilizados.
No caso em apreço, os autos não foram instruídos com cópia da portaria que designou a comissão e, por ocasião de sua defesa, o ex-prefeito não juntou documentos que comprovassem a nomeação dos membros.
Assim, deixo de citar os membros da Comissão de Licitação, por entender que as falhas apreciadas nos autos são de responsabilidade do ordenador de despesas.
MéRITO
Passo a apreciar as irregularidades apontadas no relatório de inspeção, cotejando-as com as razões de defesa e com o estudo técnico promovido pela diretoria competente.
1 Falhas na gestão do órgão a) Não há segregação de funções: as compras e a liquidação das despesas são exercidas pela mesma pessoa (fls. 8).
O responsável, a fls. 1.263/1.265, alegou ser um homem de parca leitura e curta instrução e, por isso, acabou assinando declarações de interesse da equipe de inspeção, mas que não refletiam a realidade fática de determinadas situações. Afirmou não prosperar a conclusão dos técnicos de que não havia segregação de funções e muito menos de que as compras e a liquidação das despesas eram exercidas pela mesma pessoa. Aduziu, conforme demonstrado nas notas de empenho, que o ato de liquidação de despesa era exarado pelos secretários municipais em suas respectivas áreas de atuação, e que, conforme demonstrado a fls. 1.190 e 1.207, os gastos afetos à educação e à saúde eram liquidados pelas titulares, Sras. Joana Barbosa Duarte e Raimunda Alves Mota, respectivamente.
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O defendente destacou que, embora fosse o responsável por todos os setores, e porque
não delegou poderes, seria impossível realizar todas as “tarefas afetas ao ato de comprar
e distribuir materiais e bens para os diversos departamentos e setores do Município”
(fls. 1.265). Afirmou que, por zelo, acompanhava de perto os procedimentos relativos às
compras, realizadas em volumes pequenos, para consumo imediato, e, portanto, passíveis de
fiscalização direta. Ponderou, contudo, que tais circunstâncias não justificariam a suposição
de que realizava todas as compras pessoalmente.
O órgão técnico ratificou a alegação da defesa de que a liquidação das compras não era
realizada pelo ex-gestor, conforme verificado nos autos pelas assinaturas dos secretários
responsáveis pela liquidação nas notas de empenho, e concluiu ter havido equívoco por parte
da equipe de inspeção, pois o prefeito não atuou como liquidante das compras examinadas.
Acorde com o órgão técnico, desconsidero o apontamento inicial, observando que a imputação
não se fez acompanhar de fundamentação legal nem explicitou a suposta incompatibilidade
entre as atribuições de dar início ao processo de compra e a de proceder à liquidação das
respectivas despesas.
b) O cadastro de fornecedores encontra-se desatualizado, o que contraria o disposto no art.
5º, inciso II, da Instrução Normativa TC n. 08/03 (fls. 8).
Segundo o defendente, a instrução foi cumprida, porquanto o Município criou cadastro de fornecedores, que estava em pleno funcionamento à época da inspeção, e não há nos autos comprovação do que foi alegado pela equipe inspetora.
Informou que, como a IN n. 08/03 havia sido criada há apenas nove meses, o cadastro de fornecedores ainda estava sendo implantado, motivo pelo qual a equipe técnica deveria, apenas, ter orientado o gestor de forma a auxiliar a melhoria do cadastro.
Em reexame, o órgão técnico destacou que a equipe de inspeção deve relatar fielmente todo o fluxograma das funções administrativas controladas pela Comissão de Controle Interno e, conforme estabelecido na referida instrução, o Município tem o dever de criar e manter atualizado o cadastro de fornecedores, pois o cumprimento do objetivo pelo qual foi instituído está condicionado ao seu pleno funcionamento.
A alegação de pouco tempo para se adaptar à IN n. 08/03 não procede, pois a exigência de instituição de cadastro de fornecedores já era matéria regulada no art. 7º, II, da IN n. 05/99 do Tribunal de Contas do Estado.
Ressalto que, em declaração a fls. 40, o próprio ex-prefeito confirmou a desatualização do cadastro de fornecedores.
Diante do exposto, julgo caracterizada a infração ao comando do art. 5º, II, da IN n. 08/03.
c) A relação mensal das compras não é afixada na Prefeitura Municipal, o que contraria
o disposto no art. 16 da Lei n. 8.666/93.
O interessado informou que a Prefeitura realizava a divulgação das compras no quadro de
avisos pelo tempo necessário ao cumprimento do princípio da publicidade, uma vez que a
Lei de Licitações e Contratos não define o período em que a divulgação deve permanecer
no local.
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Entretanto, compulsando os autos, verifica-se que não há comprovação da realização das
publicidades, motivo pelo qual fica configurada a transgressão aos preceitos do art. 16 da
Lei Nacional de Licitações e Contratos.
d) Nas projeções de gastos com medicamentos, gêneros alimentícios e material
escolar, não foram observadas as reais necessidades do Município, e foi constatado
fracionamento de despesas em diversos setores da Prefeitura (fls. 8).
O defendente alegou que não há nos autos elementos suficientes para a conclusão de que
as projeções não atenderam às necessidades do Município. Informou a inocorrência do
parcelamento arguido pela equipe técnica por serem as contratações eventos isolados.
Aduziu que, por ser o último ano de mandato e devido à Lei de Responsabilidade
Fiscal, optou por agir com cautela no planejamento das compras. Esclareceu que a
Administração “priorizou as aquisições nas quantidades compatíveis com as necessidades
dos departamentos, evitando inclusive a estocagem de mercadorias, pois as finanças
municipais não admitem modalidade diferente disso” (fls. 1.270).
Afirmou ainda, que, a partir da vigência da Lei Complementar n. 101/00, deve ser verificada
pelo gestor a existência de recursos orçamentários e financeiros, não sendo razoável que a
Administração Pública priorize o planejamento de compras em grandes volumes. Concluiu
que não houve fracionamento deliberado de compras ou contratações.
Em reexame, a equipe técnica destacou que a alegação de falta de condições de
armazenamento para grandes quantidades de produtos não condiz com a realidade, pois
é possível a aquisição de mercadorias com entrega parcelada e pagamento de acordo com
o recebimento. Enfatizou que as compras referiam-se ao mesmo objeto e aconteceram ao
longo de 2003 e 2004, tendo o valor total ultrapassado o limite para dispensa de licitação,
tratando-se, portanto, de despesas previsíveis e passíveis de planejamento.
De fato, a Administração deve considerar o valor de todos os produtos da mesma natureza
a serem adquiridos durante o exercício financeiro, levando em conta as quantidades e os
valores, e não cada aquisição.
Isso posto, foi verificada infringência aos ditames do § 7º, II, art. 15 da Lei de Licitações e
Contratos, segundo a qual, nas compras, deverão ser observadas a definição das unidades
e da quantidade a serem adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, cujo
cálculo poderá ser obtido mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação.
Cabe registrar que a execução de despesas de forma parcelada, sem o procedimento
licitatório, contraria o disposto no art. 23, § 5º, da Lei n. 8.666/93. Assim, deve ser
considerado o valor global da compra para concluir se a dispensa de licitação poderá ou não
ser utilizada, não se devendo tomar como referência o dispêndio relativo a apenas um mês
quando é sabido que as aquisições ou fornecimentos ultrapassarão aquele período.
Em razão do exposto, julgo configurado o fracionamento da despesa e a ofensa ao previsto
no art. 23, § 5º, da Lei Nacional de Licitações e Contratos.
e) Não existe almoxarifado central. Cada setor controla o seu material, o que contraria
o comando do art. 5º, inciso IV, da IN 08/03 do TCEMG (fls. 8).
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O responsável, a fls. 1.271-1.273, transcreveu do referido art. 5º o seguinte trecho:
consoante normas próprias que vierem a baixar sobre as seguintes matérias [...] IV — criação de regime de almoxarifado, com os controles de entrada e saída de materiais pelo custo médio ponderado.
O defendente inferiu do trecho acima que as determinações do art. 5º não eram de eficácia plena e imediata e que sua execução dependia de normatização municipal. Exigiriam-se, segundo ele,
organização, mudança de paradigmas, criação de departamento dotado de servidores específicos, treinamento do pessoal, contratação ou implantação de sistema informatizado; enfim, muitas providências que demandam considerável lapso temporal para serem implementadas.
E, como a IN n. 08/03 entrara em vigor nove meses antes (início de 2004), o Município não havia ainda conseguido implantar as orientações da referida instrução.
Sustentou também que, por se tratar de município de pequeno porte, Matias Cardoso não teria condições financeiras de realizar compras em quantidades que justificassem a implantação de um almoxarifado central, pois as mercadorias eram adquiridas para consumo imediato. Segundo o ex-gestor, a criação de almoxarifado violaria os princípios da economicidade e da razoabilidade. Reforçou a alegação, mencionando doutrina do administrativista Jorge Ulisses Jacoby, e concluiu que o apontamento cuida de questão formal e irrelevante para município que mantém em um só prédio todos os departamentos, não devendo prosperar a imputação de afronta ao disposto na IN n. 08/03.
A unidade técnica alega que a defesa não pode prosperar, pois, pelas regras que regem a Contabilidade Pública, o registro de todos os atos e fatos contábeis é obrigatório. Reforça seu entendimento destacando que a Instrução Normativa n. 08/03 foi precedida pela de n. 05/99, de 15/12/99, que, no inciso IV do art. 7º, determinava a criação do almoxarifado com controle de entrada e saída de materiais.
Corroborando com o entendimento técnico, considero irregular o apontamento.
Por considerar que as ocorrências supracitadas, letras b-e, demonstram inobservância de dispositivos legais e caracterizam fragilidade nos mecanismos de controle, aplico multa de R$1.000,00 ao então gestor.
2 Realização de despesas sem licitação, no valor total de R$614.278,61
2.1 Favorecidos: N.N. Comércio e Indústria Ltda. e outros
Objeto: aquisição de material de limpezaValor: R$20.682,95Exercício: 2003
2.2 Favorecidos: Auto Posto Verde Azul e outros
Objeto: aquisição de combustíveis da frota municipalValor: R$45.999,09Exercício: 2003
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2.3 Favorecidos: 2 Irmãos Autopeças Ltda. e outros
Objeto: aquisição de peças para manutenção da frota municipalValor: R$26.426,30Exercício: 2003
2.4 Favorecidos: Cirúrgica Santa Bárbara Ltda. e outros
Objeto: aquisição de materiais para escolas municipaisValor: R$43.105,53Exercício: 2003
2.5 Favorecidos: Distribuidora Jaíba Ltda. e outros
Objeto: aquisição de gêneros alimentícios para escolas e creches municipaisValor: R$21.184,80Exercício: 2003
2.6 Favorecidos: Medical Comércio de Produtos Médicos Hospitalares Ltda. e outros
Objeto: aquisição de medicamentos e materiais para postos de saúde municipaisValor: R$101.883,91Exercício: 2003
2.7 Favorecidos: Geraldo Boas dos Santos e outros
Objeto: prestação de serviços de transporte escolarValor: R$24.804,86Exercício: 2003
2.8 Favorecidos: Poup Gran Material de Construção Ltda. e outros
Objeto: aquisição de materiais de construção e pintura para reforma de escolas e creches municipaisValor: R$31.463,76Exercício: 2003
2.9 Favorecidos: Comércio e Representações Nutrijan Ltda. e outros
Objeto: aquisição de material para uso da Secretaria de EducaçãoValor: R$64.775,85Exercício: 2004
2.10 Favorecidos: Distribuidora Jaíba Ltda. e outros
Objeto: aquisição de gêneros alimentícios para escolas e creches municipais Valor: R$58.081,34Exercício: 2004
2.11 Favorecidos: Poup Gran Material de Construção Ltda. e outros
Objeto: aquisição de materiais de construção e pintura para reforma de escolas e creches municipais
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Valor: R$43.243,15Exercício: 2004
2.12 Favorecidos: Posto Jaíba Ltda. e outros
Objeto: aquisição de combustíveis para a frota municipal
Valor: R$11.518,64
Exercício: 2004
2.13 Favorecidos: 2 Irmãos Auto Peças Ltda. e outros
Objeto: aquisição de peças para manutenção da frota municipal
Valor: R$48.773,65
Exercício: 2004
2.14 Favorecidos: JS — Diagnóstica Ltda. e outros
Objeto: aquisição de medicamentos para postos de saúde municipais
Valor: R$72.334,78
Exercício: 2004
O defendente afirmou que não teve acesso aos documentos públicos desde o término
de seu mandato de prefeito em 2004, e, que portanto, não teria condições de verificar
se essas despesas foram realizadas sem licitação. Acrescentou que, embora a soma de
vários subitens tenha ultrapassado o valor para a dispensa de licitação, nenhuma aquisição
isoladamente ultrapassou o limite de R$8.000,00 previsto na Lei n. 8.666/93. Explicou
que, no caso da aquisição de material de limpeza (item 2.1), as compras foram efetuadas
de quatro fornecedores diferentes, prática também observada em todos os demais
contratos detalhados pela equipe de inspeção a fls. 16-27 dos autos. Portanto, apesar
de não ter havido licitação, todas as contratações seriam regulares, defende. Repetiu
que o Município de Matias Cardoso não possuía condições financeiras de executar grandes
aquisições e ou contratações sem comprometer seu equilíbrio fiscal, pelo que teriam sido
promovidas conforme a necessidade imediata, ao longo do exercício, permanecendo todos
os dispêndios abaixo do limite para dispensa. Mencionou, ao final, decisão judicial do
Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a fls. 1.275-1.279, excerto doutrinário de
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a fls. 1.279-1.285, e concluiu não haver irregularidades nas
referidas aquisições.
Em reexame, a equipe técnica afirmou que houve equívoco de interpretação, pois a decisão
do TJMG se refere às sanções previstas no art. 89, caput e parágrafo único, da Lei n.
8.666/93 para os casos em que o contratante, comprovadamente, se valeu da dispensa ou
inexigibilidade fora das hipóteses legais para celebrar contrato com o Poder Público, o que
não corresponderia ao fato apontado. Esclareceu que, embora a Lei Nacional de Licitações
e Contratos não tenha fixado período (anual ou mensal), o limite para dispensa da licitação
deve ser observado ao longo do exercício financeiro, e que, para aferir a modalidade de
licitação a ser utilizada ou a possibilidade de se realizar dispensa fundada no art. 24, I e II,
do Estatuto das Licitações e Contratos, a Administração deve observar o total dos dispêndios
previstos para a contratação de objetos da mesma natureza ao longo do período.
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Como elucidado no item 1.d, a Administração deveria ter considerado a soma do valor de todos os produtos da mesma natureza a serem adquiridos ao longo do exercício financeiro para concluir se a licitação poderia ou não ser dispensada.
Segundo ensinamentos do administrativista Marçal Justen Filho:
é perfeitamente válido (eventualmente obrigatório) promover fracionamento de contratações. Não se admite porém, que o fracionamento conduza à dispensa de licitação. É inadmissível que se promova dispensa de licitação fundando-se no valor da contratação que não é isolada. Existindo pluralidade de contratos homogêneos, de objeto similar, considera-se o seu valor global - tanto para fins de aplicação do art. 24, incisos I e II, como relativamente à determinação da modalidade cabível de licitação (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 6. ed. São Paulo: Dialética, 1999, p. 223). (grifo nosso).
As compras e as prestações de serviços deveriam ter sido licitadas globalmente, pois todas são passíveis de planejamento anual por parte da Administração, providência que viabiliza a licitação pelo valor total.
O administrativista Jessé Torres Pereira Júnior, no mesmo sentido, nos ensina que o Tribunal de Contas da União,
tem insistido, vigente o novo regime, na censura à prática do fracionamento, especialmente quando possa significar ladeamento do dever de licitar, substituição indevida da modalidade mais ampla de licitação por outra mais restrita, ou gestão imprevidente das necessidades da Administração. (Decisão n. 294-95. Plenário. Relator: Min. Paulo Affonso Martins de Oliveira, DOU de 24/07/95, Seção I, p. 11.052) (Comentários à Lei de Licitações e Contratações da Administração Pública. 7. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 292).
O fracionamento das contratações como subterfúgio para dispensa de licitação é prática danosa, pois afasta a possibilidade de competição e dá espaço à escolha arbitrária do fornecedor pelo administrador.
Novamente esclareço que a regra a ser seguida pelo gestor público é a de cumprir os ditames constitucionais que determinam a realização do procedimento licitatório ao contratar com particulares, assegurando sempre a igualdade de condições a todos os concorrentes e o melhor negócio para o Poder Público.
A Administração está obrigada a proceder à licitação para obras, serviços, compras e alienações, ressalvados “os casos especificados na legislação”, de acordo com o estabelecido no art. 37, XXI, da Constituição da República, e no art. 2º da Lei n. 8.666/93.
Assim, em face da constatação de que as despesas de R$614.278,61 foram efetuadas sem o devido planejamento e controle rigoroso, implicando inobservância do art. 37, XXI, da Constituição da República, e dos arts. 2º e 24, I, II, da Lei n. 8.666/93, aplico multa de R$61.000,00 ao gestor à época.
3 Realização de despesas mediante procedimentos licitatórios desenvolvidos sem observância de determinações legais — fls. 13-17.
3.1 Convite n. 002/03, a fls.1193-1206
Favorecido: Comercial Floresta ZZ Ltda.Objeto: compra de material didático
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Valor contratado: R$54.303,00Valor empenhado e pago em 2003: R$40.108,70.Comissão de Licitação: Portaria n. 031/03, a fls. 32.
3.2 Convite n. 015/03, a fls. 1230-1238
Favorecido: Regina Pereira dos SantosObjeto: compra de merenda escolarValor contratado: R$13.195,28Valor empenhado e pago em 2003: R$13.558,08Comissão de Licitação: Portaria n. 031/03, a fls. 32.
Outras irregularidades em face da Lei n. 8.666/93:
a) Ausência da Portaria que designou a Comissão de Licitação (art. 38, inciso III).
O defendente afirmou, a fls. 1.285 e 1.286, que, por um lapso, a portaria não foi anexada ao processo, mas o problema teria sido solucionado com a sua juntada extemporânea na fiscalização, não tendo ocorrido prejuízo ao controle exercido por esta Corte de Contas. Referenciou doutrina do Prof. Marçal Justen Filho para comentar o art. 38 da Lei de Licitações e Contratos, segundo o qual:
A ausência de documento nos autos apenas será relevante na medida em que o ato documentado tenha sido viciado ou inexistente. Pode dificultar o controle da legalidade do procedimento licitatório ou produzir dúvida sobre a regularidade dos atos. Exigirá a adoção de providências outras, visando suprir a ausência dos documentos nos autos (Comentários a Lei de licitações e Contratos Administrativos. 11. ed. São Paulo: Dialética, 2005, p. 380).
Alegou também que a ausência da cópia da portaria que designou a Comissão de Licitações é falha “meramente formal, sem grande relevância, [...] totalmente suprimida com sua apresentação, ainda que a posteriori.”
O órgão técnico destacou que o inciso III, art. 38, do Estatuto das Licitações e Contratos determina que deve constar do procedimento licitatório a indicação da composição da Comissão de Licitação responsável, uma vez que seus integrantes têm responsabilidade solidária pelos atos por ela praticados, conforme estabelece o art. 51, § 3º, da referida lei.
Portanto, a posterior juntada de documentos não sanou a impropriedade apontada pela equipe de inspeção.
b) As notas de empenho e os comprovantes legais, que se encontram arquivados no setor de contabilidade, não foram juntados aos respectivos processos licitatórios (art. 38, XII).
O responsável aduziu que a exigência é excesso de formalismo e que o Tribunal de Contas não pode atuar como legislador impondo o que nem mesmo a Lei de Licitações e Contratos impõe. Segundo ele, as instruções normativas são recomendações que “buscam o aperfeiçoamento e uniformização dos procedimentos, com vistas à facilitação da atuação dos controles interno e externo”. Esclareceu que as notas de empenho e os outros documentos estavam arquivados em pasta exclusiva, destinada aos trabalhos do TCEMG, não sendo necessário
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manter mais uma cópia na pasta de licitações onerando os cofres municipais. Ressaltou que todos os departamentos da Prefeitura de Matias Cardoso concentram-se em um único prédio, sendo fácil o acesso às notas de empenho, tanto que, quando requeridas pelos técnicos, foram entregues e juntadas aos autos, o que teria sanado a falha ainda durante os trabalhos de inspeção.
A unidade técnica, por ocasião do reexame, assinalou que não há como sanar a posteriori a irregularidade apontada, já que o relatório refere-se à situação constatada na época da inspeção.
O art. 3º da Lei Complementar n. 102/08 estabelece que compete ao Tribunal expedir atos normativos sobre matéria de sua competência, no exercício do poder regulamentar.
De acordo com a Resolução TC n. 06/09, instrução normativa é ato formal, por meio do qual o Tribunal delibera sobre as normas gerais de orientação externa a serem observadas pelos jurisdicionados visando assegurar o cumprimento de sua ação fiscalizadora.
Assim, demonstrado o descumprimento da regulamentação emanada desta Corte de Contas quanto à documentação que deve instruir os processos licitatórios, fica configurada a infração ao comando do art. 38, XII, da Lei n. 8.666/93.
c) Ausência de rubrica, em todos os documentos, dos licitantes presentes (art. 43, § 2º).
O defendente informou que não houve participação dos licitantes nas sessões e sustentou que a imputação deve ser desconsiderada.
Assiste razão ao responsável, pois não há, nos convites analisados, comprovação da presença dos licitantes nas respectivas atas de julgamento.
Logo, desconsidero a impropriedade apontada.
d) Ausência dos documentos de habilitação (art. 38, inciso IV, c/c arts. 28-30).
Segundo o interessado, a fase de habilitação não seria necessária na modalidade convite, e o art. 32, § 1º, da Lei de Licitações e Contratos dispõe que a documentação pode ser dispensada no todo ou em parte.
O gestor reporta-se à documentação a fls. 1.197-1.198 e 1.232-1.233 dos autos, sustentando que a exigência constante do edital dizia respeito apenas à prévia realização ou atualização do cadastro e que, mesmo não estando juntada ao processo, a documentação serviria apenas para efetuar ou renovar o cadastro do licitante no momento do julgamento da habilitação, conforme se observa no campo Ocorrências das atas das sessões. Concluiu que a ausência de documentos é totalmente lícita e regular.
A equipe técnica aduziu que não assiste razão ao responsável, pois os editais examinados exigiam a apresentação dos documentos de habilitação, mesmo que para renovar ou efetuar o registro cadastral e, segundo o § 2º do art. 32, o certificado de registro cadastral estaria apto a substituir os documentos de habilitação.
Assim, o órgão técnico concluiu que, para fins de comprovação do cumprimento das condições previstas no art. 41, caput, do edital, o Certificado de Registro Cadastral deve ser anexado aos autos do processo licitatório.
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Apoiado nas explanações da unidade técnica, em reexame, julgo configurada a infração apontada pela equipe de inspeção.
e) O processo não se encontra autuado, protocolado e numerado com indicação
sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa (art. 38, caput).
De acordo com o defendente, o apontamento refere-se a formalidade de pouca relevância,
que não teria causado prejuízo ao certame nem constituiria grave infração às normas de
licitação. Citou, a fls. 1.290, comentário de Marçal Justen Filho sobre o art. 38, ao dizer
que a reunião dos documentos da licitação em volume único “não se constitui condição de
sua validade nem da essência da própria licitação. Trata-se de instrumento assecuratório da
fiscalização acerca da regularidade dos atos praticados”.
Em reexame, o órgão técnico destacou que o art. 38, caput, determina a autuação, o
protocolo e a numeração dos processos, bem como dos atos procedimentais que o
compõem. Trouxe à baila o ensinamento do administrativista Carlos Motta, que também
frisa a importância da organização documental como garantia da lisura dos procedimentos
licitatórios:
A autuação, o protocolo e a numeração destinam-se a assegurar a seriedade e a confiabilidade da atividade administrativa. A documentação por escrito e a organização dos documentos em um único volume asseguram a fiscalização e controle da legalidade do procedimento (Eficácia nas licitações e contratos. 10. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 235)
Em relação à indicação do crédito orçamentário, a equipe técnica esclareceu que não basta
a informação na nota de empenho, pois a verificação do recurso próprio para a despesa deve
ser prévia à sua realização, na abertura do procedimento licitatório.
A inobservância de tais formalidades pode ser terreno fértil para fraudes, inserções
intempestivas e adulterações, que ameaçam a autenticidade dos documentos.
Pelo exposto, ante a insuficiência das justificativas apresentadas pelo gestor, julgo
configurada a violação do art. 38 da Lei n. 8.666/93.
f) O aviso de publicação do edital não se encontra no processo (art. 21, inciso II).
Em razões de defesa, sustentou-se que o legislador foi claro ao definir quais modalidades
de licitação são de publicação obrigatória e que, portanto, não existiria a irregularidade
apontada pela equipe de inspeção. Aludiu-se também à lição do Prof. Marçal Justen Filho no
sentido de que não é obrigatória a publicação.
No reexame, o órgão técnico rechaçou as alegações, trazendo ensinamentos do mesmo
doutrinador referenciado pelo defendente:
Deve haver a divulgação pela imprensa da abertura da licitação. Não é necessária publicação do edital em sua integralidade. Basta a publicação de um ‘aviso’, contendo as informações fundamentais acerca da licitação, indicando os locais onde os interessados poderão obter informações completas e precisas. O aviso deverá conter as principais informações acerca da licitação, para permitir identificar o órgão que promove a licitação, seu objeto e datas e prazos previstos para prática de atos pertinentes a ela. O acesso a informação específica e exigências impostas
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para participar far-se-á através do edital propriamente dito. Bem por isso, o aviso deverá conter as indicações suficientes para que os leitores apurem se possuem um interesse (ainda que eventual) na licitação (JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. São Paulo: Dialética, 2009, p. 243.).
As exigências formais da lei, longe de serem inconvenientes ou caprichos, constituem a única
forma de comprovar o desenvolvimento regular do procedimento licitatório, no qual cada
etapa deve ser rigorosamente documentada e publicada, viabilizando o controle interno
e externo, a participação de todos os interessados em igualdade de condições e a lisura e
transparência do certame.
Ante o exposto, fica caracterizada a transgressão ao disposto no art. 21, II, da Lei n. 8.666/93.
Assim, pelo descumprimento de preceitos insculpidos no Estatuto de Licitações e Contratos,
considero irregulares as despesas examinadas em razão das impropriedades apontadas pela
equipe de inspeção nos itens a, b, d, e e f, cominando ao ordenador multa de R$2.600,00.
Conclusão: diante do exposto, manifesto-me, em preliminar, pela rejeição do pedido,
formulado pelo responsável, de citação dos membros da Comissão Permanente de Licitação
que supostamente participaram dos procedimentos tratados nos autos, haja vista que não
foi comprovada a designação formal da comissão nem a nomeação de seus integrantes. No
mérito, com amparo no comando do art. 85, II, da Lei Complementar n. 102/08, proponho
aplicação de multa no total de R$64.600,00 ao Sr. Josemir Cardoso dos Santos, Prefeito
Municipal à época, sendo:
a) R$1.000,00 por falhas na gestão do órgão, com ênfase para a ausência de
planejamento e publicação de compras, inexistência de almoxarifado e desatualização
do cadastro de fornecedores, em desconformidade com os termos dos arts. 15-16 da
Lei de Licitações e Contratos e os arts. 5º-6º da IN n. 08/03;
b) R$61.000,00 em virtude da realização de despesas sem o devido procedimento
licitatório no valor de R$614.278,61, implicando inobservância do art. 37, XXI, da
Constituição da República e dos arts. 2º e 24, I, II, da Lei n. 8.666/93 (subitens 2.1-
2.14);
c) R$2.600,00 devido à realização de despesas de R$53.666,78 mediante procedimentos
licitatórios promovidos sem observância de determinações legais, com destaque para:
falta das notas de empenho e respectivos comprovantes legais nos autos, inexistência
de portaria designando a Comissão Permanente de Licitação, ausência de documentos
de habilitação, omissão da numeração processual e da publicação dos instrumentos
convocatórios, com ofensa frontal ao previsto nos incisos III, IV, XII do art. 38, e inciso
II do art. 21 da Lei n. 8.666/93.
Observo que a multa estabelecida no item c acima refere-se à inobservância do cumprimento
de determinações legais que se prestam a garantir lisura, transparência e controle dos atos
negociais públicos e a inibir a prática de fraudes que redundam em prejuízo à Administração
Pública e à sociedade. A sanção ora cominada é objetiva e independe de dano quantificável,
que, uma vez materializado, além do ressarcimento, ensejaria também a aplicação de
multa, nos termos do art. 316 do Regimento Interno.
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Transitado em julgado o decisum, cumpram-se as disposições contidas no art. 364 do Regimento Interno deste Tribunal.
Findos os procedimentos pertinentes à espécie, proponho, com amparo nos preceitos regimentais do inciso I do art. 176, o arquivamento do presente processo.
O processo administrativo em epígrafe foi apreciado pela Segunda Câmara na sessão do dia 04/08/11, presidida pelo Conselheiro Eduardo Carone Costa; presentes o Conselheiro Substituto Licurgo Mourão, Conselheiro Substituto Gilberto Diniz e Auditor Hamilton Coelho. Foi aprovado o voto do relator, Auditor Hamilton Coelho. Vencido o Conselheiro Substituto Licurgo Mourão.