informativo - sinproquim€¦ · 02 informativo sinproquim maio/junho 2015 editorial os desafi os...

8
Química em notícia: saiba sobre os principais acontecimentos do setor CONFIRA INFORMATIVO Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e da Petroquímica no Estado de São Paulo CANAL DA INDÚSTRIA QUÍMICA PAULISTA - ANO XXVIII Nº 142 MAIO/JUNHO 2015 Evento foi realizado no dia 30 de abril e contou com palestra do Embaixador Rubens Barbosa, que discutiu sobre “As transformações políticas e econômicas na América do Sul e no Brasil”. O encontro foi mediado pelo jornalista Augusto Nunes Diretora de Administração e Controle da Oxiteno, Ana Paula Santoro Coria faz parte da diretoria do SINPROQUIM há seis anos, onde tem a oportunidade de discutir temas que envolvem todo o setor químico industrial. Confira a entrevista CAFÉ COM OPINIÃO ENTREVISTA Assunto tem aberto discussões e suscitado opiniões divergentes. Para além das afirmações infundadas, é necessária uma análise jurídica do Projeto de Lei nº 4.330/04, e de como ela afetará, na prática, todos os envolvidos. O consultor jurídico do SINPROQUIM realizou uma avaliação dos artigos do PL, a fim de esclarecer alguns pontos. Presidentes de dois sindicatos, um laboral e outro de terceirizados, comentaram o assunto > O DEBATE SOBRE A LEI DA TERCEIRIZAÇÃO

Upload: others

Post on 04-Oct-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INFORMATIVO - SINPROQUIM€¦ · 02 INFORMATIVO SINPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 eDitoRiaL Os desafi os para o segundo semestre A indústria brasileira viveu um primeiro semestre de diversos

Química em notícia: saiba sobre os principais acontecimentos do setorcoNFiRa

INFORMATIVOSindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e da Petroquímica no Estado de São Paulo

CANAL DA INDÚSTRIA QUÍMICA PAULISTA - ANO XXVI I I Nº 142 MAIO/jUNhO 2015

Evento foi realizado no dia 30 de abril e contou com palestra do Embaixador Rubens Barbosa, que discutiu sobre “As transformações políticas e econômicas na América do Sul e no Brasil”. O encontro foi mediado pelo jornalista Augusto Nunes

Diretora de Administração e Controle da Oxiteno, Ana Paula Santoro Coria faz parte da diretoria do SINPROQUIM há seis anos, onde tem a oportunidade de discutir temas que envolvem todo o setor químico industrial. Confi ra a entrevista

caFÉ com oPiNiÃo

eNtReViSta

Assunto tem aberto discussões e suscitado opiniões divergentes. Para além das afi rmações infundadas, é necessária uma análise jurídica do Projeto de Lei nº 4.330/04, e de como ela afetará, na prática, todos os envolvidos. O consultor jurídico do SINPROQUIM realizou uma avaliação dos artigos do PL, a fi m de esclarecer alguns pontos. Presidentes de dois sindicatos, um laboral e outro de terceirizados, comentaram o assunto >

o DeBate SoBRea Lei Da teRceiRiZaÇÃo

Rafa

el R

igos

Page 2: INFORMATIVO - SINPROQUIM€¦ · 02 INFORMATIVO SINPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 eDitoRiaL Os desafi os para o segundo semestre A indústria brasileira viveu um primeiro semestre de diversos

INFORMATIVO S INPROQUIM MAIO/jUNhO 201502

eDitoRiaL

Os desafi os para o segundo semestreA indústria brasileira viveu um primeiro semestre de diversos

ajustes fi scais, cortes orçamentários, elevação das taxas de juros e do preço da energia, além da forte variação cambial, em um ano que já começou refreado economicamente. O momento pós-eleição, de medidas impopulares, mesmo que já aguardadas, trouxe impactos à indústria nacional, ainda mais quando se fala das pequenas e médias, agentes importantes para a manutenção da economia do País.

Os economistas do mercado fi nanceiro pioraram suas previsões para a infl ação e o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Se

confi rmada, a infl ação de 2015 atingirá o maior patamar desde 2003, quando fi cou em 9,3%. Já a previsão para o PIB é de retração de 1,27%. Se confi rmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.

Diante desse cenário, os refl exos da desaceleração da atividade econômica nacional já são sentidos em setores importantes para a economia, como a construção civil, óleo/gás, linha branca, indústria automobilística, entre outras. As indústrias químicas, que

são fornecedoras desses e de tantos outros segmentos também se ressentiram. O défi cit da balança comercial de produtos químicos atingiu US$ 7,8 bilhões, nos quatro primeiros meses do ano, equivalente a um recuo de 11,6% em relação ao mesmo período de 2014, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). O período também apontou recuo nas importações, o que reforça um cenário preocupante de substituição da demanda de químicos por produtos importados acabados.

Não se trata de um ano particularmente fácil ou promissor, uma

vez que o corte de gastos do governo afetou mais fortemente os investimentos, o que refl ete em desemprego e retenção do crescimento. Porém, vamos acreditar que o maior impacto já foi registrado no primeiro semestre e que a segunda metade do ano poderá ser, se não de crescimento, de acomodação.

Vamos acreditar que não teremos novos picos nos custos da energia, neste ano, apesar de estarmos entrando na época da estiagem propriamente dita nos próximos meses.

Outro ponto que pode trazer alguma luz são os anúncios do Governo Federal em termos de pacotes de concessão, em mais uma tentativa de modernização da infraestrutura logística do Brasil. O governo enfatizou que o Programa de Investimentos em Logística reforçou as parcerias com o setor privado e visa a trazer maior clareza aos modelos de concessões. A previsão é que as obras, se realmente saírem do papel, gerem investimentos de R$ 130 a R$ 190 bilhões, no País, nos próximos anos.

O que também traz alguma luz ao segundo semestre é a maior concentração de eventos sazonais que geralmente impulsionam alguns segmentos da economia (datas comemorativas, Dia dos Pais, Dia das Crianças, festas de fi nal de ano etc.).

O período ainda é de desafi os e, diante desse cenário, o Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e da Petroquímica no Estado de São Paulo (SINPROQUIM) tem papel ainda mais relevante no apoio ao desenvolvimento do setor.

Nesse sentido, estamos alinhados com a Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – para resistir aos aumentos de impostos, mesmos que disfarçados, para se fazer o ajuste fi scal.

Continuaremos trabalhando para impulsionar o desenvolvimento continuado e sustentado da indústria química, com apoio adicional à pequena e média empresa paulistana, na tentativa de oferecer ferramentas ao empresário que busca a competitividade no mercado nacional e até mesmo no internacional.

Nelson Pereira dos Reis

“Informativo SINPROQUIM” é um órgão de divulgação do Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais e da Petroquímica no Estado de São Paulo.

Presidente Nelson Pereira dos Reis Vice-Presidente Ricardo Neves de Oliveira Diretor Administrativo Nivio Machado Rigos Diretor de Comércio Exterior Ricardo Lessa Pansa Diretor de Relações Institucionais Marcelo Arantes de Carvalho Diretores Ana Paula Santoro Coria, Eder Jones Bittencourt Corrêa e Marcelo Lacerda Soares Neto Conselho Fiscal (efetivos) Romel Raizer e Ronaldo Silva Duarte Conselho Fiscal (suplente) Cristiano Melcher, Maria Izabel Laczko Gebrael e Renata Oliveira Brostel Delegados Repres. junto à FIESP (efetivos) Nelson Pereira dos Reis e Ricardo Neves de Oliveira Delegados Repres. junto à FIESP (suplentes) Nivio Machado Rigos Secretária Executiva Alheli Carolina Concepción MóEdição Way Comunicações Ltda. - Rua dos Caetés, 696 - 05016-081 - São Paulo - Tel: (011) 3862-1586 Jornalista Responsável Stéfanie Rigamonti (Mtb 0076172/SP) Redação Stéfanie RigamontiRevisão Alessandra Nogueira Direção de Arte e Editoração Hilton Breymaier Impressão New Impress (2.700 exemplares) - Correspondências para o Informativo SINPROQUIM: Rua Rodrigo Cláudio, 185 - Aclimação 01532-020 - São Paulo - SP - Tel.: (011) 3287-0455 - [email protected] - www.sinproquim.org.br

eXPeDieNte

Nelson Pereira dos Reisé presidente do Sindicato

das Indústrias de Produtos Químicos para Fins Industriais

e da Petroquímica no Estado de São Paulo (SINPROQUIM),

vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

(Fiesp) e diretor-titular do Departamento de Meio

Ambiente (DMA) da entidade.

Page 3: INFORMATIVO - SINPROQUIM€¦ · 02 INFORMATIVO SINPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 eDitoRiaL Os desafi os para o segundo semestre A indústria brasileira viveu um primeiro semestre de diversos

>

Presidente da Dow AgroSciences prevê crescimento de 50% nas vendas de inseticidas, com lançamento de produto inovador

A Dow AgroSciences lançou ao mercado, no dia 7 de maio, o inseticida Exalt™. Com sua moderna tecnologia para o controle do complexo de lagartas de soja e altíssimo efeito de choque, o produto é a grande aposta da companhia para a cultura.

“Com Exalt, vamos crescer 50% nas vendas de inseticidas para o controle de lagartas”, disse Welles Pascoal, presidente da Dow AgroSciences, durante cerimônia de lançamento, no Espaço Contemporâneo.

Com a presença de clientes e representantes do setor agrícola, o evento de lançamento teve como inspiração temática uma grande partida de sinuca, em que Exalt™ elimina o complexo de lagartas na soja com uma única tacada.

>

Sika permanece com um crescimento dinâmico no primeiro trimestre de 2015

A Sika alcançou um crescimento muito dinâmico no primeiro trimestre de 2015 e teve, assim, um forte início de ano. Com um câmbio constante, as vendas subiram 5,1% - para CHF 1.195.000. Os ganhos em todas as regiões contribuíram para esse desempenho. A América do Norte e a América Latina tiveram crescimento de dois dígitos.

“Este trimestre bem sucedido demonstra mais uma vez que o nosso modelo de crescimento está funcionando. Abrimos três novas fábricas e nossa 91ª subsidiária foi fundada em Myanmar, na Ásia, neste ano. Ao investir em novas fábricas e produtos, em aquisições e na expansão acelerada nos mercados emergentes, continuamos com nossa trajetória de sucesso em 2015”, informa o CEO da Sika, Jan Jenisch.

As vendas na região EMEA (Europa, Oriente Médio e África) cresceram 1,1%. Por outro lado, a demanda nos mercados da Europa Ocidental foi menor do que no mesmo período do ano anterior. A abertura de novas fábricas em Dubai e em La Réunion (ilha francesa no Oceano Índico, localizada ao leste de Madagáscar), irá gerar, no futuro, um impulso no crescimento dessa região.

O maior crescimento foi observado nas regiões da América Latina e na América do Norte, com 17% e 10,7%, respectivamente. O setor de construção nos EUA e a forte presença de mercado da Sika na América Latina foram os

principais motores desses ganhos.O crescimento na região Ásia/Pacífico

desacelerou em 2,5%, mas ganhos significativos de vendas foram alcançados no Sudeste da Ásia e no Pacífico. No entanto, houve uma baixa sensível da procura nos mercados chineses e japoneses. A Sika abriu sua primeira fábrica no Sri Lanka.

O acelerado crescimento dos mercados em desenvolvimento irá continuar. A Sika planeja abrir entre sete a nove fábricas em 2015. A empresa espera um aumento nas vendas de 6% a 8%, com as taxas de câmbio constantes, em conformidade com a estratégia de 2018. Um desafio considerável para as margens de lucro é o Franco Suíço, considerado uma moeda forte. No entanto, com os preços das matérias-primas caindo e tendo em vista o sucesso desse modelo de negócio, a empresa pretende alcançar melhorias nas margens em comparação com o ano anterior.

>

Henkel assume novos mercados na Austrália e Nova Zelândia

A Henkel assinou um acordo com a empresa Colgate-Palmolive para adquirir toda a sua linha de sabão para roupas e marcas de produtos para pré-lavagem na Austrália e na Nova Zelândia.

Com a aquisição das marcas de sabões em pó e líquido e dos produtos para pré-lavagem, incluindo as marcas Cold Power, Dynamo, Fab e Sard, a Henkel se tornará uma das maiores atuantes na categoria de sabões para roupas na região da Austrália e da Nova Zelândia. No total, as marcas que serão adquiridas geraram vendas de cerca de € 110 milhões no ano fiscal de 2014.

“Este acordo é mais um passo na execução da nossa estratégia global de investir seletivamente em atraentes posições de categorias nacionais”, disse o vice-presidente executivo de Laundry & Home Care da Henkel, Bruno Piacenza. “Com esta transação, nós englobaremos um ponto regional interessante em nossa principal categoria, a Laundry Care, com marcas de sucesso. A empresa adquirida também oferece uma plataforma para expandir mais o nosso setor de Laundry & Home Care, alavancando o nosso amplo portfólio de marcas líderes e inovações nesses mercados”, concluiu.

A aquisição foi feita por € 220 milhões e será financiada em dinheiro. A transação será contabilizada aos rendimentos após o fechamento, que ainda está sujeito a aprovações regulatórias; espera-se que ele ocorra no terceiro trimestre de 2015.

A Henkel já está presente na Austrália e na Nova Zelândia nos setores de Beauty Care e Adhesive Technologies por meio das marcas

Schwarzkopf e Loctite, que são conhecidas mundialmente.

>

Bayer oferece série de benefícios às suas funcionárias

A integração harmoniosa das diversas atividades, como carreira, lazer, vida social, bem-estar físico e psíquico, desenvolvimento intelectual e espiritual ainda é um desafio para muitas mulheres. Algumas empresas, como a Bayer, oferecem políticas e programas corporativos que têm como objetivo tornarem o dia a dia dessas profissionais mais agradável.

Hoje, as mulheres podem contar com o programa Bem-Nascer, que tem como objetivo tornar o momento da maternidade ainda mais gratificante às colaboradoras e às esposas ou companheiras grávidas dos colaboradores.

Os benefícios oferecidos são: prorrogação da licença-maternidade - o período total pode chegar a seis meses de afastamento das atividades profissionais; isenção de coparticipação do seguro de saúde para exames e consultas; dieta especial desenvolvida pela nutricionista que atende na Saúde Ocupacional para as funcionárias alocadas nos sites Socorro ou Cancioneiro e licença amamentação - até que a criança complete seis meses de vida. Além disso, a colaboradora poderá utilizar: uma hora da jornada diária de trabalho para amamentar, podendo dividi-la; no Espaço Mamy - no site Socorro (SP), as colaboradoras podem contar com um local adequado e preparado especialmente para a ordenha e armazenamento do leite materno; o Conte Comigo – programa que oferece atendimento telefônico confidencial de profissionais que podem ajudar a colaboradora gestante ou a esposa do colaborador; o estacionamento a partir do 7º mês de gravidez. As colaboradoras gestantes cadastradas no programa que apresentarem restrições para caminhar, poderão utilizar uma vaga interna no estacionamento do site Socorro.

“O programa Bem-Nascer foi essencial para desmistificar algumas inseguranças que surgem durante a gravidez - medo de não voltar para a empresa com o mesmo ritmo, receio de não dar conta das atividades e de ser substituída”, afirma Angel Soubhie, mãe do Eduardo e gerente da Área Médica na Bayer.

“É claro que depois percebi que estes pensamentos não tinham fundamento e o Bem-Nascer me trouxe essa segurança. Foi fundamental para essa transição saber que eu tinha um programa totalmente voltado para gestantes e funcionou como uma retaguarda, que me permitiu ficar seis meses cuidando do meu filho e voltar 100% apta para desempenhar as minhas funções”, completa Soubhie.

INFORMATIVO S INPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 03

Química em Notícia

Page 4: INFORMATIVO - SINPROQUIM€¦ · 02 INFORMATIVO SINPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 eDitoRiaL Os desafi os para o segundo semestre A indústria brasileira viveu um primeiro semestre de diversos

caPa

A regulamentação da terceirização no Brasil: análises e opiniões

Aprovado pela Câmara dos Deputados, recentemente, o Projeto de Lei nº 4.330/04, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), regulamenta a questão da terceirização no Brasil. A próxima etapa é a aprovação, pelo Senado, para que o PL prossiga em tramitação e entre em vigor. A proposta suscitou opiniões distintas, e um dos pontos mais discutidos é a respeito da atividade-meio e atividade-fi m. O consultor jurídico do

SINPROQUIM, Dr. Enio Sperling Jaques, elaborou uma análise do PL, a fi m de elucidar alguns temas que geraram debates, nos últimos meses:

“Você pode impedir o avanço de um exército invasor, mas não pode impedir uma ideia nova cuja hora tenha chegado” (Victor Hugo)

Impende registrar que terceirização é uma prática de melhoria de gestão mundial e, no Brasil, essa modalidade de contratação já envolve 12,7 milhões de trabalhadores, atualmente, sem o amparo de qualquer lei.

Por seu turno, o único parâmetro para as empresas terceirizarem é fundamentado na Súmula nº 331 do TST, que ainda não resolveu o problema da terceirização, uma vez que há milhares de ações tramitando na Justiça do Trabalho, aguardando julgamento para ser defi nido o que é uma atividade-fi m e meio.

O Projeto de Lei nº 4.330/04, que aguarda votação do Senado, gerou controvérsias entre empresários, trabalhadores internos e terceirizados

Ademais, até o presente momento, não existe nenhuma lei que regulamente a terceirização. Em razão disso, não dá para negar que todos sofrem - de um lado, as empresas, pois não há segurança jurídica para esta modalidade de contratação e, de outro lado, os trabalhadores terceirizados, uma vez que não contam com nenhuma proteção legal.

Portanto, não é bom para o País querer transformar a terceirização em uma luta de classes entre empregadores e trabalhadores. Por sua vez, o debate em torno do Projeto de Lei nº 4.330/04, que regulamenta a terceirização no Brasil, pode se revestir de veemência, mas não pode ser equivocado; sempre deve ser equilibrado.

A principal polêmica é no sentido de que, liberar para execução de quaisquer atividades da empresa contratante à empresa contratada representaria precarizar as relações de trabalho, resultando na extinção dos direitos dos trabalhadores. Essa forma de entender a terceirização é carregar demais nas tintas. Pois, hodiernamente, é um argumento que não se sustenta, tendo em vista que, pela proposta do aludido Projeto de Lei, todos os terceirizados terão os mesmos direitos previstos na CLT e o cumprimento desses direitos pela empresa contratada, obrigatoriamente, será fi scalizado pela empresa contratante.

Com efeito, outro ponto bastante discutido: qual será a regra de sindicalização dos terceirizados se a empresa contratante e a empresa contratada pertencerem à mesma categoria econômica? A resposta é no sentido de que, se a terceirização for entre empresas pertencentes à mesma categoria econômica, os empregados da empresa contratada serão representados pelo mesmo sindicato que representa os empregados da empresa contratante.

Por outro lado, o citado Projeto de Lei extinguiu a responsabilidade subsidiária, assim, a empresa contratante será responsável solidária, o que é um exagero determinar que a empresa contratante responda solidariamente ao invés de subsidiariamente pela inadimplência de obrigações trabalhistas por parte da empresa contratada. Nesse sentido, o Projeto de Lei nº 4330/04 piorou o modelo atual, uma vez que abre espaço para que, na cobrança de direitos

trabalhistas, seja atacada diretamente a empresa contratante.

Nessa moldura, o SINPROQUIM entende que é essencial uma lei sobre terceirização e que o Projeto de Lei nº 4330/2004, que regulamenta a terceirização, pode não ser o ideal, mas é bom, tendo em vista que amplia e regulariza a terceirização; dará segurança jurídica na contratação do trabalho terceirizado; poderá criar mais postos de trabalho; haverá garantia dos direitos trabalhistas aos trabalhadores terceirizados; fortalecerá as negociações coletivas; diminuirá confl itos laborais; e reduzirá processos trabalhistas.

Assim, diante dessa nova economia, será de extrema relevância para a sobrevivência das empresas, para manutenção e geração de empregos, que ocorra a adequação das leis que regem as relações de trabalho consoante ao pensamento do século XXI e não da década de 1940; e que, por sua vez, abra-se caminho para outros tipos de contratações mais fl exíveis, aumentando a liberdade de escolha dos protagonistas sociais (empregadores e empregados).

Impende asseverar que o debate sobre a terceirização precisa ser qualifi cado e avançar sem preconceitos. O PL já foi aprovado na Câmara dos Deputados e tramita no Senado, aguardando uma posição.

Principais alterações do Projeto de Lei nº 4330/2014

1º - QUAIS AS ATIVIDADES QUE PODEM SER TERCEIRIZADAS?Permite a terceirização de qualquer atividade da empresa contratante – meio e fi m.

2º - QUAL O CRITÉRIO PARA TERCEIRIZAR? Especialização da empresa contratada - deve ter objeto social único; não pode ser uma empresa contratada que “faz-tudo”.

3º - QUEM PODE ATUAR COMO PRESTADOR DE SERVIÇOS? Todas as empresas, inclusive as associações, fundações e empresas individuais (de uma pessoa só) – “pejotização”.

Enio Sperling Jaques

Rafa

el R

igos

INFORMATIVO S INPROQUIM MAIO/jUNhO 201504

Page 5: INFORMATIVO - SINPROQUIM€¦ · 02 INFORMATIVO SINPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 eDitoRiaL Os desafi os para o segundo semestre A indústria brasileira viveu um primeiro semestre de diversos

4º - PODE OCORRER QUARTERIZAÇÃO? Apenas poderá ocorrer quando a subcontratação por parte da empresa contratada (“quarterização”) se tratar de serviços técnicos especializados.

5º - QUAL A ESPÉCIE DE RESPONSABILIDADE QUE SERÁ APLICADA QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS?A empresa contratante responde solidariamente pelas obrigações trabalhistas e previdenciárias devidas pela empresa contratada – empresa contratante não mais terá o “benefício de ordem”.

6º - QUAL SERÁ A REGRA PARA A SINDICALIZAÇÃO DOS TERCEIRIZADOS SE A CONTRATANTE E A CONTRATADA PERTENCEREM À MESMA CATEGORIA ECONÔMICA?Quando a terceirização ocorrer entre empresas pertencentes à mesma categoria econômica, os empregados da empresa contratada serão representados pelo mesmo sindicato que representa os empregados da empresa contratante.

7º - COMO FICARÁ ALIMENTAÇÃO, TRANSPORTE E CONDIÇÕES DE SEGURANÇA, HIGIENE E SALUBRIDADE DOS EMPREGADOS DA CONTRATADA E NA HIPÓTESE DE OCORRÊNCIA DE ACIDENTE?A empresa contratante deve assegurar aos empregados da empresa contratada o acesso às mesmas condições oferecidas aos empregados da empresa contratante quanto à alimentação, serviços de transporte fretado, atendimento médico, treinamento adequado e garantir as condições de segurança, higiene e salubridade aos empregados da empresa contratada.Na ocorrência de acidentes nas dependências da empresa contratante ou local por ela designado, deverá ser comunicado à empresa contratada e ao sindicato da categoria profi ssional.

8º - COMO SERÁ A FISCALIZAÇÃO DO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIAS?Ficará sob responsabilidade da empresa contratante.

9º - QUANTO AO RECOLHIMENTO DOS TRIBUTOS?A empresa contratante deve reter sobre o valor bruto da fatura mensal da prestação dos serviços:• Contribuição Previdenciária – Cessão de Profi ssionais (MOB) – 11% sobre a folha de pagamento ou 3,5% para quem recolhe sobre o faturamento• Terceirização de Serviços – maquinário, transporte de cargas e terraplanagem – 20% sobre a folha de pagamento• IR = 1,5% ou alíquota menor prevista em lei• Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) = 1%• PIS/PASEP = 0,65%• COFINS = 3,0%

10º - QUAIS AS PESSOAS JURÍDICAS QUE NÃO PODEM ATUAR COMO CONTRATADAS NA TERCEIRIZAÇÃO?• Pessoas Jurídicas cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado da contratante.• Pessoas Jurídicas cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com a contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade.• Pessoas Jurídicas cujos titulares ou sócios,

nos últimos 12 meses, tenham prestado serviços à contratante na qualidade de empregado ou trabalhador, sem vínculo empregatício, exceto se referidos titulares ou sócios sejam aposentados.

11º - É POSSÍVEL A EXIGÊNCIA DE CAUÇÃO?Sim, os contratos de terceirização deverão prever o fornecimento de garantia (caução) por parte da contratada, de 4% do valor do contrato, limitada a 50% de um mês de faturamento.

a lei em vigor, haverá uma terceirização generalizada. Afi nal, os artigos do PL exigem a especialização; impedem a locação da mão de obra; e estipulam o objeto único no contrato social, ou seja, a empresa contratante não pode desenvolver

múltiplos serviços. “Nenhuma empresa em sã consciência vai terceirizar uma atividade altamente especializada. Terceiriza-se o que tem custo menor, e o que não é especialidade da empresa, como o serviço de contabilidade, publicidade, setor jurídico, comunicação etc.”, aponta Morales.

Segundo o sindicalista, a economia do País e a competitividade das empresas, orquestradas pelo capitalismo, estão

baseadas na divisão do trabalho, o que exige a especialização. Se cada etapa do trabalho de uma empresa fosse composta de trabalhadores internos, isso resultaria

em um custo absurdo para o produto fi nal. Para Morales, esses trabalhadores não devem ser considerados terceirizados, mas sim especialistas.

O Sindeprestem é a favor do PL nº 4.330/2004, porque eles entendem que, para os terceirizados, a proposta é positiva: “ela colocará fi m à diferenciação entre duas classes trabalhadoras (os terceirizados e os internos), porque

ambos serão regidos pela CLT”, comenta o presidente da entidade.

O Projeto de Lei também diminuirá a informalidade nas empresas, que acontece, atualmente, devido a uma confusão sobre o que é atividade-fi m e meio. Então, as empresas acabam nem contratando, nem terceirizando os funcionários, devido à falta de distinção. Com isso, os trabalhadores caem na informalidade. Ainda segundo Morales, o PL também é bom para as empresas, devido à segurança jurídica.

Embora o Projeto de Lei englobe um único conjunto de artigos, a forma de enxergá-los é distinta, de acordo com a posição social de cada indivíduo envolvido no processo do trabalho. O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (FEQUIMFAR), Sergio Luiz Leite, afi rma que, apesar de, hoje, a maioria dos sindicatos ter consciência de que é importante regulamentar a terceirização, já que, atualmente, cerca de30% da mão de obra brasileira é terceirizada, ele é contra o PL nº 4.330/2004.

“A nossa federação é a favor da regulamentação da terceirização, porque ela é boa para a indústria, porém, a proposta aprovada na Câmara cita o termo ‘qualquer atividade’. Entende-se, portanto, que todos os serviços podem ser terceirizados. Mas tem que haver um limite”, explica Leite. Além do limite, o sindicalista conta que a luta da FEQUIMFAR também é contra a “pejotização”, já que, diferente dos terceirizados, os que trabalham por regime PJ não são registrados e protegidos pela CLT.

De acordo com Leite, atualmente, o terceirizado ganha 30% a menos que os demais trabalhadores, sofrem com um índice maior de acidentes, devido à falta de treinamento, e possuem baixa formação, o que pode provocar perda de produtividade. “E a indústria química, hoje, demanda alta especialização, será que queremos perder isso?”, questiona.

Mas, segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo (Sindeprestem), Vander Morales, é errado pensar que, com

Vander Morales

Divu

lgaç

ão

Sergio Luiz Leite

Divu

lgaç

ão

INFORMATIVO S INPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 05

Page 6: INFORMATIVO - SINPROQUIM€¦ · 02 INFORMATIVO SINPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 eDitoRiaL Os desafi os para o segundo semestre A indústria brasileira viveu um primeiro semestre de diversos

Embaixador Rubens Barbosa analisa o panorama político e econômico do Brasil

No dia 30 de abril, a Sede do SINPROQUIM foi palco da primeira edição do ano do Café com Opinião, prestigiado evento promovido pelo sindicato, que tradicionalmente reúne empresários e profi ssionais do setor químico e petroquímico para discussões sobre conjunturas política, econômica, ambiental etc. O encontro

teve a palestra do Embaixador Rubens Barbosa, que versou sobre o tema “As transformações políticas e econômicas na América do Sul e no Brasil”. Como mediador, o evento contou, mais uma vez, com a presença do jornalista Augusto Nunes.

A palestra foi introduzida pelo presidente do SINPROQUIM, Nelson Pereira dos Reis, que falou brevemente a respeito da regulamentação da terceirização e apresentou o embaixador. Rubens Barbosa é membro do Conselho de Empresas e trabalha como Consultor de Negócios. Entre outros cargos, é presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No início de sua palestra, Barbosa trouxe um panorama político do atual contexto sul-americano.

De acordo com ele, a América Latina, como um todo, está cada vez mais marginalizada dos grandes fl uxos fi nanceiros, que estão modifi cando a geografi a econômica do mundo. “Temos acompanhado mega-acordos que terão impacto no mundo inteiro, mas nada disso tem passado pela América do Sul”. A causa disso é histórica.

Nos últimos 20 anos, aproximadamente, um novo perfi l político de liderança tem surgido, juntamente com uma fragmentação

O convidado palestrou na primeira edição do ano do Café com Opinião sobre o tema “As transformações políticas e econômicas na América do Sul e no Brasil”. O jornalista Augusto Nunes foi o mediador do evento

caFÉ com oPiNiÃo

causada pelos partidos. Aliado a isso, desde a década de 1990, vê-se levantes sociais contra a escassez em diversos âmbitos, sobretudo com movimento dos índios, o que tem gerado discussões sobre o papel intervencionista do Estado e também a respeito da desigualdade. Na esteira desse processo, portanto, aparece uma onda de líderes de esquerda, com uma retórica anti-americana. “Com o atual reestabelecimento das relações entre os Estados Unidos e Cuba, acredito que essa retórica vá perder forças”, comenta Barbosa.

Em termos do cenário econômico, o embaixador afi rmou que o ciclo exportador de produtos agrícolas sofreu queda nos últimos anos, gerando grande incerteza na região sul-americana com relação ao comportamento da economia global. Hoje, as empresas privadas da região, que atendem esse setor, possuem mais de US$ 300 bilhões de endividamento.

Além disso, devido às transações do petróleo e à queda nos preços das commodities, os países sul-americanos têm pago mais pelo que importam do que ganham com a exportação. Essa crise econômica, de acordo com Barbosa, tem acarretado aumento da desigualdade, da pobreza, da falta de educação na maioria dessas nações. O embaixador também comentou sobre um agravante dessa situação: o desvio do comércio sul-americano para a China, devido aos altos investimentos do país asiático, aqui no continente. Hoje, a economia chinesa cresce cerca de 7% ao ano.

Outro ponto ressaltado pelo palestrante é a falta da produção de mercadorias competitivas para a disputa com os demais países no mercado global. Os acordos regionais poderiam melhorar a situação, mas, segundo Barbosa, o processo de integração regional econômico e comercial, com o Mercosul, a Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA) e a UNASUL, está paralisado. “Uma novidade seria a Aliança do Pacífi co, criada devido à percepção da importância de negociação com os países asiáticos”, comentou.

Diante de todo esse cenário, o palestrante fez uma análise sobre o Brasil nesse contexto e afi rmou que, em termos de projeção externa, o País perdeu peso até mesmo no âmbito regional da América do Sul. Ele acredita ser necessária a inserção do Brasil na política geográfi ca, com a participação de novas negociações internacionais. E encerrou a palestra com ar de otimismo: “se conseguirmos vencer a crise econômica nos próximos dois anos, abriremos caminho a um novo governo”, conclui.

Ao fi nal, o mediador Augusto Nunes fez considerações sobre a palestra do embaixador e abriu os microfones da plateia para interação com os participantes do evento.

Augusto Nunes, Rubens Barbosa e Nelson Pereira dos Reis

Bete

Faria

Nica

stro

INFORMATIVO S INPROQUIM MAIO/jUNhO 201506

Page 7: INFORMATIVO - SINPROQUIM€¦ · 02 INFORMATIVO SINPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 eDitoRiaL Os desafi os para o segundo semestre A indústria brasileira viveu um primeiro semestre de diversos

Com o objetivo de capacitar profi ssionais da indústria química de São Paulo a julgarem e tomarem decisões acertadas quando as operações envolverem o transporte de produtos perigosos, bem como orientá-los para a correta preparação de

embarques nos três modais – rodoviário, marítimo e aéreo, de acordo com toda a regulamentação vigente, o SINPROQUIM promoveu evento com o tema “Embalagens para o Transporte de Produtos Perigosos”. O encontro ocorreu no dia 28 de abril, na sede do sindicato.

O tema merece devida atenção, porque diz respeito à rotina das indústrias químicas e qualquer desvio pode acarretar sérias punições às empresas. No ano passado, a entidade já havia promovido evento para discussão do assunto e, dessa vez, os participantes puderam acompanhar as atualizações na legislação a respeito do transporte de produtos perigosos e sobre a homologação de embalagens. A engenheira química e consultora do SINPROQUIM, Glória S. M. Benazzi, tratou das novidades na lei, e o instrutor Robnilson L. S. da Conceição, que é técnico em Química e graduando em Direito, falou acerca da regulamentação, exigências, regras e controvérsias com relação às normas para embalagens de produtos químicos perigosos.

Com relação às atualizações na legislação, Benazzi discorreu sobre a Convenção 170, que visa à proteção do trabalhador no local do trabalho e não se restringe

ao âmbito do transporte de produtos químicos em si, mas trata da produção, manuseio, armazenamento, transporte e destinação dos resíduos. A palestrante também alertou que a primeira etapa que se deve executar com relação aos produtos ou resíduos é a classifi cação. “A rotulagem, os itens da Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) e a fi cha de emergência devem estar de acordo com a classifi cação”, reforçou.

A profi ssional também informou que foi publicada uma emenda da norma ABNTNBR14725-parte 4, em que não é exigida a inclusão do nome e registro de qualquer profi ssional na FISPQ, porque a mesma é multidisciplinar. Além disso, é obrigatório o treinamento dos colaboradores que produzem e manuseiam produtos perigosos e é necessário que a empresa tenha registrado o conteúdo ministrado; qualifi cação profi ssional do ministrador; certifi cação dos participantes com carga horária; e lista de presença com assinatura, de acordo com a legislação trabalhista.

Outro ponto destacado por Benazzi é que, de acordo com a legislação, os produtos perigosos não podem ser transportados na mesma cabine do condutor e auxiliar. Ela também discutiu sobre o padrão de preenchimento da documentação necessária que deve ser portada pelo motorista, como CIPP e CIV - originais para transporte a granel, documento fi scal, declaração do expedidor, fi cha de emergência e envelope para transporte, autorização de licenças e demais declarações. É importante ter em mente que, com a nova obrigatoriedade de porte do extintor ABC em qualquer veículo, exigida pelo Código de Trânsito Brasileiro, a lei abrange o transporte de produtos classifi cados como perigosos, segundo a norma ABNTNBR9735.

Após sua palestra, o instrutor Robnilson Conceição discorreu a respeito da homologação de embalagens no Brasil, que, diferentemente de outros países, exige marcação de cada autoridade homologadora, ou seja, a embalagem deve ser distinta para o transporte rodoviário, marítimo e aéreo. Isso gera um custo maior para o usuário no País, pois o mesmo precisará adquirir três modelos para fazer o transporte em cada modal, enquanto, no exterior, adquire-se um único, que pode ser utilizado indiferentemente.

Segundo o palestrante, os profi ssionais envolvidos no transporte de produtos químicos perigosos precisam estar treinados e necessitam saber decodifi car os homologados blocos de informações constantes nas embalagens certifi cadas. Além disso, deve-se analisar qual a embalagem (interna e externa) apropriada para o transporte de determinados produtos. “A homologação não se trata apenas de ligar para a empresa que realiza os testes e pedir orçamento. É preciso analisar vários fatores”, explicou Robnilson. O palestrante ainda informou que as normas brasileiras estão de acordo com as internacionais e devem ser cumpridas; não são apenas uma burocracia desnecessária do Brasil.

De acordo com a Resolução ANTT 420/04, “produtos perigosos devem ser acondicionados em embalagens de boa qualidade e sufi cientemente resistentes”. Por isso, o uso de embalagens para o transporte de certos produtos demanda testes. Ao longo da palestra, o instrutor mostrou vídeos sobre o processo dos ensaios de queda e empilhamento, feitos em laboratório, para certifi car que as embalagens estejam de acordo com a norma.

Os palestrantes Glória Santiago Marques Benazzi e Robnilson L. S. da Conceição discorreram a respeito das atualizações na legislação e as normas para as embalagens internas e externas de produtos químicos para os três modais

Encontro propiciou discussão sobre o Transporte de Produtos Perigosos

Robnilson Conceição e Gloria Benazzi

Bete

Faria

Nica

stro

eVeNto

Decomtec organizou estudo sobre a desoneração da folha de pagamentosDepartamento da Fiesp pesquisou os resultados e impactos das mudanças apresentadas para a indústria nacional de transformação

No dia 20 de março, o Projeto de Lei 863/15 do Executivo foi enviado à Câmara dos Deputados, a fi m de substituir a Medida Provisória 669/15, de 27 de fevereiro, que, dentre outras medidas, planeja aumentar a alíquota sobre o faturamento das empresas para a contribuição previdenciária, de 1% para 2,5%, e de 2% para 4,5%. Após a referida MP ser barrada no Senado, o Governo Federal instituiu, em regime de urgência para votação no Congresso, o Projeto de Lei, de março de 2015, que, na prática, não altera nada em relação à MP, apenas o prazo para a vigência da lei, que fi cou para agosto deste ano; além do caráter opcional para a permanência no regime da desoneração da folha.

A desoneração sobre a folha de pagamentos entrou em vigor em dezembro de 2011, pelo Executivo, para substituir a antiga forma de

INFORMATIVO S INPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 07

Page 8: INFORMATIVO - SINPROQUIM€¦ · 02 INFORMATIVO SINPROQUIM MAIO/jUNhO 2015 eDitoRiaL Os desafi os para o segundo semestre A indústria brasileira viveu um primeiro semestre de diversos

eNtReViSta

Expertise e competência no desenvolvimento do setor químico industrial

Formada em Administração de Empresas, com especialização em Finanças, Ana Paula Santoro Coria traçou toda sua trajetória profi ssional na área industrial. Após consolidar sua carreira no Grupo Ultra, desde 2009 integra a equipe da Oxiteno, indústria petroquímica subsidiária do Grupo Ultra. Na empresa, ela cumpre o cargo de Diretora de Administração e Controle. Nesse mesmo ano que iniciou na Oxiteno, Coria passou a fazer parte da diretoria do SINPROQUIM, onde participa do debate de temas que circundam o setor químico e petroquímico industrial. Ela acredita que um dos papéis do sindicato é fornecer palestras e cursos ministrados por profi ssionais conceituados, que auxiliem seus associados a entender aspectos econômicos e jurídicos, para que seja possível compreender a atual conjuntura do Brasil. A equipe de reportagem do SINPROQUIM entrevistou a profi ssional, a fi m de acompanhar sua trajetória no segmento:

Qual sua formação acadêmica?Sou formada em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas e tenho especialização em Finanças pela Universidade de Berkeley – Califórnia (EUA).

Conte sua trajetória profi ssional no setor químico industrialFiz toda a minha trajetória profi ssional no Grupo Ultra. Entrei como Trainee na área Corporativa, desenvolvi toda a minha carreira na área Financeira e me juntei à Oxiteno, em 2009, como Diretora de Administração e Controle, quando passei a ter contato direto com o setor.

Como foi sua entrada na diretoria do SINPROQUIM?A Oxiteno sempre teve uma presença importante no SINPROQUIM e fui convidada a ocupar o cargo de Diretoria logo que me iniciei na empresa, em 2009. É uma oportunidade de networking bastante interessante, além de discutirmos temas que envolvem o setor como um todo.

Conte sua história na OxitenoEstou na empresa há seis anos, atuando como Diretora de Administração e Controle. Tenho como responsabilidades as áreas de Planejamento e Controle, Tecnologia da Informação, Jurídico, Processos, Controles Internos e Projetos Especiais, Relações Institucionais, além das áreas fi nanceiras de todas as nossas unidades internacionais (México, Estados Unidos, Venezuela e Uruguai). Temos trabalhado ativamente no processo de internacionalização da companhia - seja do ponto de vista da entrada em novos mercados via aquisições, sendo que, nesse período, compramos ativos nos EUA e Uruguai, além de abrirmos escritórios comerciais na Colômbia e na China; seja do ponto de vista de defi nir políticas e procedimentos e melhorar nossos sistemas de gestão.

Quais são seus objetivos profi ssionais no setor químico industrial?O setor químico brasileiro tem questões importantes de competitividade, então participar das principais entidades de classe é fundamental, pois apoiamos as discussões que envolvem medidas para alavancar o desenvolvimento do setor.

Quais têm sido as medidas adotadas pelo SINPROQUIM no sentido de auxiliar os associados a enfrentar a crise econômica que acomete o Brasil?O SINPROQUIM oferece, aos seus associados, palestras com profi ssionais renomados para auxiliar o entendimento do contexto macroeconômico e ambiente jurídico que acometem o Brasil neste momento.

Há seis anos na diretoria do SINPROQUIM, Ana Paula Santoro Coria é Diretora de Administração e Controle da Oxiteno e busca apoiar discussões que possam estimular o progresso do setor

contribuição tributária patronal aos fundos previdenciários sociais, realizada de acordo com a folha de pagamentos da empresa – eram cobrados 20% desses pagamentos. Com a desoneração da folha, hoje, o empresário contribui com 1 ou 2% de seu faturamento, dependendo do segmento do negócio. Isso proporcionou um alívio fi scal para os contribuintes. O benefício é desfrutado por 56 nichos econômicos – 44% dos produtos que são fabricados pela indústria de transformação estão incluídos na desoneração.

Em março deste ano, o Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), realizou um estudo intitulado “Desoneração da Folha de Pagamentos: resultados e impactos das alterações propostas”. O objetivo é provar o quanto a desoneração da folha de pagamentos é importante para aumentar a competitividade da indústria, principalmente em um período como o atual, de arrefecimento das atividades econômicas.

O estudo atesta o cumprimento dos objetivos iniciais do governo, que afi rmou na cartilha da Desoneração da Folha, de 2012, que “em primeiro lugar, [a desoneração da folha de pagamento] amplia a competitividade da indústria nacional por meio da redução dos custos laborais”. Os objetivos do governo, com a implementação do regime, eram: ampliar a competitividade nacional, com a redução da assimetria tributária entre produto nacional e importado; e estimular a formalização do mercado de trabalho.

A partir disso, o estudo rebate os atuais argumentos do governo acerca do custo alto e da baixa efetividade dessa política, devido à falta de estudos e aos resultados inconclusivos sobre o tema. O relatório do Decomtec aponta que, com o novo Projeto de Lei 863/15, duas consequências devem impactar a indústria: no intuito de absorver o aumento de custos, as empresas prejudicarão a margem e abalarão seus investimentos; ou repassarão o aumento de custos para os preços, o que causará infl ação e prejudicará as vendas.

A conclusão da pesquisa atesta que a desoneração da folha de pagamentos foi boa à indústria nacional, porém agora, com o PL 863/15, a indústria de transformação, que já passa por um ano difícil, será afetada com o aumento das alíquotas sobre o faturamento das empresas, que resultará no aumento do custo de capital, elevação dos preços de energia e desaquecimento da economia doméstica, por exemplo. “O ajuste fi scal é necessário, mas o governo deve procurar outras fontes e concentrar-se no corte de gastos. A indústria brasileira já enfrenta uma das maiores cargas tributárias do mundo, o que prejudica gravemente sua competitividade”, aponta o relatório.

eVeNto

Ana Paula Santoro Coria

Divu

lgaç

ão

INFORMATIVO S INPROQUIM MAIO/jUNhO 201508