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INFORMATIVO SÃO VICENTE Boletim de circulação interna da

Província Brasileira da Congregação da Missão

Ano XLV - No 289

Janeiro Fevereiro de 2012

Rua Cosme Velho, 241

22241-125 Rio de Janeiro - RJ

Telefone: (21) 3235 2900

Fax: (21) 2556 1055

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Equipe responsável pelo Informativo São Vicente - Pe. Vinícius Augusto R. Teixeira - Pe. Paulo Eustáquio Venuto - Pe. Gentil José Soares da Silva Revisão: - Pe. Lauro Palú Formatação e Impressão: - Cristina Vellaco - Equipe de Mecanografia do Colégio São Vicente de Paulo

"Quando o Senhor manda as Santas

Missões a uma cidade, a uma vila, a

uma aldeia, renova, de certo modo,

em favor daquelas almas, a

misericórdia que usou com todo o

mundo, quando desceu do céu à

terra e, vestido de nossa carne, veio

livrar da escravidão do demônio, não

havendo nenhuma diferença, senão

que então veio chamar em pessoa os

pecadores e agora os chama por

meio de seus missionários"

(Dom Antônio Ferreira Viçoso, C. M.)

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Editorial ......................................................................................

Voz da Igreja ...............................................................................

Superior Geral .............................................................................

Palavra do Visitador ....................................................................

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Olhar

Teológico

Espiritualidade

Fontes

Vicentinas

Memória

Família

Vicentina

A Cultura Big Brother .......................................

João Batista Libânio, SJ

Fixar a estaca na Formação .............................

Pe. Eli Chaves dos Santos, C.M.

Obras Completas de São Vicente .....................

Frater Henrique Cristiano José Matos, CMM

Centenário de Nascimento do Padre

Dermeval José Mont’Alvão ..............................

Geraldinha Diniz Leite

Santas Missões Populares Vicentinas 2012 .....

Pe. Vinícius Augusto Ribeiro Teixeira, C. M.

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Notícias ....................................................................................... 40

Sumário

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O novo ano sempre chega com muitas expectativas e anseios de que

as coisas vão melhorar, de que a luta não é em vão. Pode-se levar algum

tempo, e talvez nem vejamos, mas temos a certeza de que o Reino de

Deus está em andamento.

Já com o ano adiantado, neste primeiro número do Informativo São

Vicente, nós podemos verificar que temos razões de sobra para acreditar

que esses nossos anseios e expectativas têm fundamento.

De ouvidos atentos à fala do Papa, sentimos que, nessa sociedade do

barulho, de muitas imagens e sons, é necessário criar espaço para o

silêncio a fim de discernir o que é importante e o que é inútil; desenvolver

a capacidade da escuta para acolher a palavra do outro e, principalmente,

a Palavra Encarnada. O Sumo Pontífice chega a nos conclamar a “criar um

Editorial

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‘ecossistema’ capaz de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons”. Somos

convidados a aprender, a escutar e a contemplar.

Somos também chamados por nosso Superior Geral à “Fidelidade

criativa à nossa Missão e Ministérios, seguindo a Cristo, Evangelizador dos

Pobres”, através de um plano estratégico para cinco anos que, num

primeiro momento, se concentrará no “Diálogo com os Pobres” e na

“Mudança de Estruturas”.

Diante de tanto a fazer, muitas vezes, somos tentados a desanimar. É

importante exercitar a paciência nas atividades do dia a dia e,

principalmente, nas ações transformadoras em longo prazo. Para essas,

precisamos da paciência histórica, remando contra a corrente de

propostas vazias de gastar momentos preciosos “a espiar” um grupo de

desocupados que, com sua cultura fútil e exibicionista, pouco tem a

contribuir por um mundo melhor.

Se a nossa tenda não tiver estacas sólidas fundadas numa formação

para um “estado de caridade”, nossa missão será infrutífera. Com o acesso

aos escritos de São Vicente na língua portuguesa, teremos a oportunidade

de beber, nas fontes originais, a espiritualidade que alia ação e

contemplação e que, certamente, nos sustentará em nossa caminhada.

Que o digam os nossos Coirmãos que nos precederam! Com seu ardor

missionário vicentino, sua devoção mariana e sua dedicação sem limites

são para nós, hoje, exemplos de trabalhadores incansáveis do Reino que

só largaram o arado no último momento.

Ainda bem que se encontram muitos missionários desse quilate,

dispostos a deixar comodidades e o conforto de seus afazeres para

continuar o trabalho no roçado do Senhor, escondidos nas distantes

serranias do Jequitinhonha ou nas pradarias longínquas de Rondônia. No

escutar os apelos daquela gente e no contemplar a efervescência da sua fé

e da sua cultura, certamente, cresce a certeza de que o Reino de Deus vai

medrando e fermentando o mundo novo que esperamos.

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Silêncio e palavra: caminho de evangelização Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial

das Comunicações Sociais de 2012

Amados irmãos e irmãs,

Ao aproximar-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2012, desejo partilhar convosco algumas reflexões sobre um aspecto do processo humano da co-municação que, apesar de ser muito importante, às vezes fica esquecido, sendo hoje particularmente necessário lembrá-lo. Trata-se da relação entre silêncio e palavra: dois momentos da comunicação que se devem equilibrar, alternar e

integrar entre si para se obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas. Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca um certo aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença; quando, porém, se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado.

O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos, com maior clareza, o que queremos dizer ou aquilo que

Voz da Igreja

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ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calar-nos, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma e permite-nos a nós não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias. Deste modo, abre-se um espaço de escuta recíproca e torna-se possível uma relação humana mais plena. É no silêncio, por exemplo, que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que encontram, precisamente nele, uma forma particularmente intensa de expressão. Por isto, do silêncio, deriva uma comunicação ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e àquela capacidade de escuta que frequentemente revela a medida e a natureza dos laços. Quando as mensagens e a informação são abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é importante e aquilo que é inútil ou acessório. Uma reflexão profunda ajuda-nos a descobrir a relação existente entre acontecimentos que, à primeira vista, parecem não ter ligação entre si, a avaliar e analisar as mensagens; e isto faz com que se possam compartilhar opiniões ponderadas e pertinentes, gerando um conhecimento comum autêntico. Por isto, é necessário criar um ambiente propício, quase uma espécie de “ecossistema” capaz de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons.

Grande parte da dinâmica atual da comunicação é feita por perguntas à procura de respostas. Os motores de pesquisa e as redes sociais são o ponto de partida da comunicação para muitas pessoas, que procuram conselhos, sugestões, informações, respostas. Nos nossos dias, a Rede vai-se tornando cada vez mais o lugar das perguntas e das respostas; mais, o homem de hoje se vê, frequentemente, bombardeado por respostas a questões que nunca se pôs e a necessidades que não sente. O silêncio é precioso para favorecer o necessário discernimento entre os inúmeros estímulos e as muitas respostas que recebemos, justamente para identificar e focalizar as perguntas verdadeiramente importantes. Entretanto, neste mundo complexo e diversificado da comunicação, aflora a preocupação de muitos pelas questões últimas da existência humana: Quem sou eu? Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar? É importante acolher as pessoas que se põem estas questões, criando a possibilidade de um diálogo profundo, feito não só de palavra e confrontação, mas também de convite à reflexão e ao silêncio, que às vezes pode ser mais eloquente do que uma resposta apressada,

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permitindo a quem se interroga descer até ao mais fundo de si mesmo e abrir-se para aquele caminho de resposta que Deus inscreveu no coração do homem.

No fundo, este fluxo incessante de perguntas manifesta a inquietação do ser humano, sempre à procura de verdades, pequenas ou grandes, que deem sentido e esperança à existência. O homem não se pode contentar com uma simples e tolerante troca de cépticas opiniões e experiências de vida: todos somos perscrutadores da verdade e compartilhamos este profundo anseio, sobretudo neste nosso tempo em que, “quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais” (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011).

Devemos olhar com interesse para as várias formas de “sítios”, aplicações e redes sociais que possam ajudar o homem atual não só a viver momentos de reflexão e de busca verdadeira, mas também a encontrar espaços de silêncio, ocasiões de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus. Na sua essencialidade, breves mensagens – muitas vezes limitadas a um só versículo bíblico – podem exprimir pensamentos profundos, se cada um não descuidar o cultivo da sua própria interioridade. Não há que se surpreender se, nas diversas tradições religiosas, a solidão e o silêncio constituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que dá sentido a todas as coisas. O Deus da revelação bíblica fala também sem palavras: “Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio. O silêncio de Deus, a experiência da distância do Onipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra Encarnada. (...) O silêncio de Deus prolonga as suas palavras anteriores. Nestes momentos obscuros, Ele fala no mistério do seu silêncio” (Exortação Apostólica Pós-sinodal Verbum Domini, 30 de Setembro de 2010, n. 21). No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra permanece em silêncio e, no Sábado Santo – quando “o Rei dorme (…), e Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos” (cf. Ofício de Leitura de Sábado Santo) – ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.

Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. “Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz

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entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora” (Homilia durante a Concelebração Eucarística com os Membros da Comissão Teológica Internacional, 6 de outubro de 2006). Quando falamos da grandeza de Deus, nossa linguagem revela-se sempre inadequada e, deste modo, abre-se o espaço da contemplação silenciosa. Desta contemplação, nasce, em toda a sua força interior, a urgência da missão, a necessidade imperiosa de ‘anunciar o que vimos e ouvimos’, a fim de que todos estejam em comunhão com Deus (cf. 1Jo 1, 3). A contemplação silenciosa faz-nos mergulhar na fonte do Amor, que nos guia ao encontro do nosso próximo, para sentirmos o seu sofrimento e lhe oferecermos a luz de Cristo, a sua mensagem de vida, o seu dom de amor total que salva”.

Depois, na contemplação silenciosa, surge ainda mais forte aquela Palavra eterna pela qual o mundo foi feito e identifica-se aquele desígnio de salvação que Deus realiza, por palavras e gestos, em toda a história da humanidade. Como recorda o Concílio Vaticano II, a Revelação divina realiza-se por meio de “ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal modo que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido” (Constituição Dogmática Dei Verbum, 2). E tal desígnio de salvação culmina na pessoa de Jesus de Nazaré, mediador e plenitude de toda a Revelação. Foi Ele que nos deu a conhecer o verdadeiro Rosto de Deus Pai e, com a sua Cruz e Ressurreição, nos fez passar da escravidão do pecado e da morte para a liberdade dos filhos de Deus. A questão fundamental sobre o sentido do homem encontra a resposta capaz de pacificar a inquietação do coração humano no Mistério de Cristo. É deste Mistério que nasce a missão da Igreja e é este Mistério que impele os cristãos a tornarem-se anunciadores de esperança e salvação, testemunhas daquele amor que promove a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz.

Palavra e silêncio. Educar-se em comunicação quer dizer aprender a escutar, a contemplar, para além de falar; e isto é particularmente importante para os agentes da evangelização: silêncio e palavra são ambos elementos essenciais e integrantes da ação comunicativa da Igreja para um renovado anúncio de Jesus Cristo no mundo contemporâneo. A Maria, cujo silêncio “escuta e faz florescer a Palavra” (Oração pela Ágora dos Jovens Italianos em Loreto, 1-2 de Setembro de 2007), confio toda a obra de evangelização que a Igreja realiza através dos meios de comunicação social.

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ticano, 24 de Janeiro – Dia de São Francisco de Sales – de 2012.

CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE CURIA GENERALIZIA

Via dei Capasso, 30 Tel. (39) 06 661 3061

00164 Roma – Itália Fax (39) 06 666 3831

e-mail: cmcuria@cmglobal.org

25 de janeiro de 2012

Dia da Fundação da Congregação da Missão

A todos os membros da Congregação da

Missão

Queridos Missionários,

A graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo

encham seus corações agora e sempre!

Feliz Dia da Fundação! Como a Igreja celebra a

Festa da Conversão de São Paulo nesta data, nós celebramos um

aniversário na experiência de São Vicente que mudou sua vida. Depois de

pregar em Folleville, Vicente viu resultados assombrosos que o

conduziram a fundar nossa Congregação:

“Houve tanta gente que não pude atender com o outro sacerdote que me

ajudava… O Pe. Portail, outro sacerdote e eu residíamos no Colégio de

Bons-Enfants… Dalí, saíamos os três a percorrer os povoados da região,

pregando missões…”.

Quando celebramos o Dia da Fundação, recordamos com gratidão a Missão e a Comunidade que São Vicente nos confiou desde 1617. Para ser

Superior Geral

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fiéis à nossa herança, creio que São Vicente quer que nos centremos em como podemos seguir mais fielmente a Cristo, evangelizador dos Pobres, no momento atual.

A Assembleia Geral se centrou no tema Fidelidade criativa à Missão, formulando algumas Linhas de Ação para guiar a Congregação nos próximos seis anos. Ao refletir sobre o trabalho da Assembleia, a Cúria desenhou um plano estratégico com um tema e objetivos anuais para implementar o bom trabalho da Assembleia. Este plano estratégico é um meio prático para integrar e estender as Linhas de Ação dentro de nossas Províncias e em nosso apostolado. O Dia da Fundação é o momento mais oportuno para anunciar este plano e pedir as bênçãos de Deus para que se realize plenamente.

Fidelidade Criativa à nossa Missão e Ministérios, seguindo a Cristo, Evangelizador dos Pobres, é o plano global para liderar os cinco anos deste plano estratégico. O plano estabelece objetivos anuais e estratégias específicas para Visitadores, Províncias e Missionários. O plano completo, seus objetivos e estratégias para os cinco anos, estão enumerados em um adendo a esta carta, que se pode encontrar também em nossa página web: www.cmglobal.org. Nesta carta, centrar-me-ei nos objetivos e em suas estratégias de aplicação para 2012. São Diálogo com os Pobres e Mudança de Estruturas.

2012-16: DIÁLOGO COM OS POBRES: Que seja possível aos

Missionários escutar as vozes dos Pobres nos ministérios e que façam esforços contínuos e práticos de participar em suas vidas. Estratégia aplicável de Linhas de Ação: Esforçar-nos em partilhar com os Pobres os processos que lhes permitam chegar a ser sujeitos de sua própria história, protagonistas de seu destino e agentes de sua libertação.

Esta estratégia transcorre ao longo de todo o plano, bem como aparece cada ano como parte essencial do tema dominante Fidelidade Criativa à nossa Missão e Ministérios, seguindo a Cristo, Evangelizador dos Pobres. Também irão unidos Diálogo com os Pobres e Mudança de Estruturas, já que o último objetivo traz consigo uma metodologia concreta e prática para entrar no mundo dos Pobres e oferecer-lhes não só esperança e solidariedade, mas também assistência real.

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2012: MUDANÇA DE ESTRUTURAS: Educar e dotar os Missionários de meios e métodos para a promoção da mudança de estruturas em suas Províncias e apostolados. Estratégias aplicáveis das Linhas de Ação: • Privilegiar os trabalhos que promovem mudanças de estruturas na sociedade: desenvolvimento do autogoverno local, formação de grupos de autoajuda, programas de microcréditos autônomos ; • Favorecer o trabalho em equipe e em rede; • Formar Missionários com uma espiritualidade e uma metodologia que favoreçam a conversão pessoal e pastoral e a mudança estrutural; • Proporcionar assistência legal para a defesa dos Pobres e a promoção da justiça; • Criar programas que qualifiquem o atendimento das pessoas e assegurem a promoção da vida, o acesso universal à saúde pública, a dignidade das mulheres e das crianças, os direitos dos imigrantes e a participação cidadã.

Neste Dia da Fundação, em 2012, peço a Visitadores, Conferências, Províncias, Comunidades locais e Missionários que se fixem nestes dois objetivos de Diálogo com os Pobres e Mudança de Estruturas. Reflitam sinceramente sobre como podem aplicar estas Linhas de Ação em sua comunidade local, nos apostolados e na Província. Que este plano estratégico para colaborar entre Províncias e com a Família Vicentina, com a variedade de estratégias sugeridas, encaixe-se bem em todos os âmbitos das Províncias.

Ao dar graças a Deus pelo dom da vocação vicentina, vemos na vida e exemplo de nosso Santo Fundador uma pessoa com um gênio para fazer o “prático e possível”, contra ventos e marés. Por intercessão de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, que sejamos criativos na fidelidade à nossa missão e ministérios, seguindo a Cristo, o Evangelizador dos Pobres.

Atenciosamente, em São Vicente,

G. Gregory Gay, C. M., Superior Geral

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Exercício de Paciência

“Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o

peso do seu fardo e eu lhes darei descanso... A minha carga é

suave e o meu fardo é leve” (Mt 11, 28-30).

Frequentemente, temos de ser semelhantes a um filtro de água, que recebe todo tipo de impurezas e deixa escoar somente a água pura. Pensemos em Maria ao pé da Cruz. Ela simplesmente está aí, de pé (cf. Jo 19, 25). Uma presença de fé, força e coragem, vendo, meditando, guardando no coração o que a simples inteligência não consegue desvendar. É a Mãe que sofre com o sofrimento do Filho. Misteriosamente, não intervém para reverter o desfecho, nem proclama a inocência de Jesus. Como suportar, transformar, iluminar e ter paciência em situações de sofrimento? É preciso bastante maturidade humano-espiritual:

1. Suportando: como atitude de quem não abandona, mas aprende a aceitar o que causa tensão, sofrimento. Somos levados a desistir, deixar de lado, fugir... O desafio é aceitar, de modo incondicional, o inevitável. Haja visto o exemplo de Jesus. Ele tomou sobre si o ódio de seus agressores, suportando o peso dos pecados da humanidade. Em troca, deu amor e perdão: “Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que estão fazendo...” (Lc 23, 34).

Os antigos diziam: “experiências agradáveis tornam a vida prazerosa; experiências dolorosas ajudam a crescer”. Então, perguntamo-nos: que proveito alguém pode tirar de tal ou tal situação indesejada? É a busca de sentido no sem-sentido. Bem-aventurança da cruz.

Palavra do Visitador

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2. Transformando: como quem emprega tempo e energia, a fim de passar por um processo de reconciliação interior face à tensão. Isso significa, frequentemente, que devemos reconciliar-nos com aqueles que provocam tensão em nossa vida. Este tipo de reconciliação se faz não de repente, mas gradualmente. É um caminho que se faz caminhando. Sem exercício não se vai longe. Caminho que requer tempo, paciência, coragem, compreensão e, sobretudo, humildade. É preciso ir além do que está aí, num processo pascal de morte e ressurreição. Isso pressupõe trabalho, luta, dom da própria vida, perdão aos inimigos. O crescimento humano-espiritual pressupõe um trabalho interior de autoconhecimento. 3. Iluminando: para compreender que, quando tentamos mudar o que em nós não nos agrada, à força de lutar contra, simplesmente empurramos para baixo. Mas, se conseguimos aceitá-lo cordialmente, então a realidade indesejada sobe, vem à tona e evapora ou se transforma, deixando de ser fantasma. Qualquer coisa contra a qual resistimos obstinadamente e sem lucidez, geralmente reage e persiste. Consideremos o exemplo de Jesus: ele veio ao mundo para mover montanhas e batalhar contra os piores inimigos. Até na ira não perde o amor, nem o autocontrole. Sabe combinar intenso desejo de mudança com a aceitação da realidade tal como é.

Fazendo um exercício, consideremos alguns sentimentos desagradáveis, por exemplo, raiva ou rancor contra alguém, desânimo diante de uma derrota qualquer ou outros sentimentos à sua escolha. Falemos com cada um deles de maneira compreensiva e amável. Escutemos o que cada um tem a nos dizer, até descobrir que tais sentimentos estão conosco para se cumprir algum desígnio bom que agora tentamos descobrir, não obstante as inúmeras contradições da vida. E continuemos em diálogo com eles, mesmo nas dificuldades. Não desistir, mas persistir, até que se chegue à aceitação real destes sentimentos. Assim, já não nos sentimos deprimidos por causa de nossa depressão, nem irados por causa de nossas raivas, nem desanimados pela nossa falta de coragem, nem assustados por causa de nossos temores e nem rejeitados por causa de nossas rejeições. Podemos viver em paz com eles por vermos que Deus pode usá-los para nosso bem, por que não? Este exercício pode e deve ser ampliado para múltiplos cenários de nossa vida pessoal, comunitária e social. Trata-se de um diálogo até descobrir, sentir

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e perceber, como o Apóstolo Paulo, que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28).

Agindo assim, experimenta-se uma transformação: mesmo ficando tudo igual dentro de nós ou ao nosso redor, nossos sentimentos, memórias, conceitos e preconceitos, as pessoas, a comunidade, a sociedade, contudo, já não são os mesmos. Tornamo-nos mais amáveis, mais capazes de aceitar também o indesejável. Mais pacíficos também, por chegarmos à conclusão de que a violência nunca produz mudança para o bem. Somente o amor e a compreensão podem fazê-lo com sucesso.

A vida de compaixão é um caminho de paciência. A paciência não consiste somente em tolerar – no sentido de suportar – o que é pesado. Ela é uma certa transparência, permeabilidade ligada à inteligência. Quanto mais desenvolvemos este tipo de inteligência, tanto mais seremos pacientes. Por meio dela, sabemos da não permanência das coisas, vemos que tudo passa. Só Deus é eterno.

Observemos nossa impaciência quando esperamos o ônibus ou um prato de comida no restaurante, ou quando estamos na fila de um posto de saúde. Observe a maneira como você respira quando está impaciente ou com raiva. A respiração se torna curta, fragmentada, ofegante. Você quase perde o fôlego. Fica fora de si. Exercícios práticos de auto-observação neste sentido nos conduzem aos nossos pés. Voltamos à realidade. Sentimos novamente o chão. Em hebraico, para dizer ser paciente, se diz ter grandes narinas, isto é, respirar profundamente. Ser paciente é ter respiração larga, profunda.

A respiração é o elo que liga a consciência à vida, que une o corpo à mente. É, ao mesmo tempo, o elemento que harmoniza um ao outro, iluminando a ambos. É como um frágil fio de linha. Sabendo usá-lo, pode tornar-se um instrumento para nos ajudar a vencer situações aparentemente insuperáveis. Sempre que nossa mente começar a vagar ou nossos nervos a ficar agitados e nosso bom humor a decair, usemos a respiração para retomarmos nosso autocontrole emocional. É um remédio caseiro, simples e barato. Experimente-o e verá o quanto é eficiente.

Ser paciente nada tem de abstrato ou alienante. Tem muito a ver com nossa respiração, com nossos pés. Ser paciente é voltar sobre os próprios pés, enraizar-se, aterrissar, estar aí, não se deixar arrastar pela emoção. Após ter suportado, transformado, iluminado e expirado profundamente, alguém é capaz de escutar o outro, é capaz de ser paciente.

Pe. Geraldo Ferreira Barbosa, C. M.

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A Cultura Big Brother João Batista Libânio, SJ

O êxito mercadológico

deve-se a um conjunto de

fatores. Olhares diversos

debruçam-se sobre ele à

busca de encontrar-lhe razões

que vêm de ramos diferentes

do saber. A psicologia de

massa conhece segredos de

mobilização. A sociologia do

conhecimento desvenda as

condições sociais. A filosofia e a teologia sondam o profundo do ser

humano para captar-lhe os mistérios do coração. Esses olhares convergem

para uma última estrutura humana: o desejo. O ser humano está sempre a

desejar. Que deseja? Como despertar o desejo? Como alimentá-lo durante

certo tempo? Eis os desafios dos sucessos.

A sociedade atual embaralhou dois departamentos que em outros

tempos funcionavam em prédios diferentes. As pessoas distinguiam muito

bem o que pertencia ao mundo público ou ao privado, à rua ou à casa, à

vida profissional ou à doméstica. Na publicidade, na rua, na profissão, as

pessoas se comportavam sabendo que seu procedimento caía sob o olhar

crítico da opinião geral. E, em casa, a liberdade dos indivíduos não podia

ser violada por ninguém de fora.

Por duas vias, aconteceu uma destruição dessa divisão de terrenos

existenciais. Nos regimes militares e ditatoriais, as forças da repressão

Olhar Teológico

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violaram escandalosamente a privaticidade das pessoas, seja por invasões

arbitrárias de domicílio seja pela via da espionagem com os famigerados

grampos. Doença que até hoje grassa em setores da sociedade. Mas a

inversão maior veio por força da mídia. Esta joga na praça o que se faz na

alcova. É nesse veio que se situam o programa Big Brother e a exploração

na imprensa de escândalos morais cometidos por pessoas na intimidade.

Foi o caso do Presidente Clinton que viu a vida privada lançada na Internet

com fotos e comentários. Essa perda dos limites entre mundo privado e

público vem açulando a curiosidade crescente pela vida íntima, sobretudo

afetivo-sexual das pessoas. A mídia não se acanha em lançá-la nas telas da

comunicação para satisfazer à doença voyeurista da sociedade moderna.

Explora-se o lado mórbido da psicologia humana que se deleita em

ver as intimidades sem ser vista e identificada. Milhões de telespectadores

deliciam-se em contemplar cenas que normalmente lhes escapam do

visual, sem nenhum risco de vergonha ou de perda de prestígio.

Escondem-se no anonimato da massa escondida por trás do televisor.

Soma-se outro fator enfermiço de exibicionismo por parte dos

participantes do jogo de intimidades que se expõem despudoradamente a

qualquer olhar curioso.

Há um jogo de ingredientes psicopatológicos no gosto desse

programa que refletem o estado doentio da sociedade. Faz-nos pensar

nos tempos antecedentes ao desmoronar-se do império romano quando

as pessoas se entregavam a orgias, como nos descreve São Paulo na

epístola aos romanos.

Talvez vivamos um momento de trabalhar a interioridade psíquica,

sem moralismos nem condenações, mas serenamente em busca de

escolher programas sadios e culturais. É de audiência que a mídia vive. Se

deslocarmos os gostos para outra programação, conseguiremos modificar-

lhe o elenco. Não é a mídia a culpada. Ela oferece o alimento que a

sociedade pede e deseja. As mudanças virão a partir do telespectador que

tem condições de ditar a pauta das emissões.

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Damos sequência à publicação das meditações do Pe. Eli Chaves em nosso Retiro

Provincial de 2011.

“Fixar a estaca da Formação”

Pe. Eli Chaves dos Santos, C. M. Assistente Geral (Roma)

Mt 9, 35-38

Jesus, na proclamação do Reino, viu a multidão cansada e abatida, como ovelha sem pastor. Teve compaixão dela e apelou para a necessidade de novos trabalhadores e discípulos. Teve compaixão, teve misericórdia – em hebraico, misericórdia (rahamim) vem de “rehem”, que significa entranhas, uma atitude feminina. É o amor entranhado, amor de mãe para com o filho, amor incondicional, fundado nos laços de sangue. Este é o amor do Pai por seus filhos, é o amor do Pai misericordioso, para com seu filho pródigo – ao ver o filho voltar, comoveram-se-lhe as entranhas (Lc 15, 20). O mesmo amor entranhado, visceral, teve Jesus para com a multidão cansada. Este é o amor, entranhado, que deve ter o discípulo. Neste amor, o

discípulo deve crescer e configurar sua vida. O amor entranhado é a base para nosso caminhar em Deus e para Deus. O amor, que é o distintivo de Deus (1Jo 4, 7-21), é igualmente o que dá identidade ao discípulo de Jesus. Todo Evangelho é um apelo à prática do amor a Deus e ao próximo; um amor enquanto atitude interna (caridade interna) de bondade de coração, e enquanto atitude externa (caridade externa) de serviço efetivo ao próximo; um amor amplo, em suas muitas dimensões e exigências (cf. 1Cor 13, 1-13), que se concretiza no aqui e nos abre para plenitude, onde ele é a única realidade que não passa.

Espiritualidade

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Em sua trajetória de vida, São Vicente experimentou, a partir da leitura de fé dos acontecimentos, este amor entranhado, a caridade, como fonte e núcleo de sua vida e ação apostólica. Descobriu que Jesus veio “evangelizar os Pobres, só os Pobres, a outros ia só de passagem”, identificou-se com os Pobres, tornou-se o Divino Pobre e que “nossa missão é fazer o que fez Cristo na terra”. A caridade missionária junto aos Pobres libertou-o de suas interrogações e ambições financeiras pessoais e o abriu para um amor compassivo e para um trabalho efetivo. Às Filhas da Caridade, de forma lapidar, disse São Vicente: “A caridade está acima de todas as regras e é preciso, pois, que todas as coisas a ela se relacionem. É uma grande dama, é preciso fazer o que ela ordena” (XI, 393).

Foi a prioridade da caridade que levou São Vicente, entre outras iniciativas, a fundar a Congregação da Missão. Ele quis uma congregação livre das ciladas do formalismo, do juridismo das instituições da época, para estar conectada com a caridade missionária de Cristo. Uma congregação totalmente livre para a Missão, com pastores realmente empenhados e sintonizados com as multidões cansadas e abatidas. Dizia ele, na Conferência de 30/5/1659: “Dizem dos religiosos que estão em estado de perfeição. Nós não somos religiosos. Mas podemos dizer que estamos em um estado de caridade, porque constantemente estamos empenhados na prática real do amor e na disposição de realizá-lo” (XII, 262). Este estado de caridade missionária, que habitou o coração de São Vicente, deve habitar o coração dos Missionários e de toda a Congregação. “Quanto a nós, meus irmãos, se temos amor, devemos mostrá-lo levando os povos a amar a Deus e ao próximo. Somos escolhidos por Deus como instrumentos de sua imensa e paternal caridade, que quer estabelecer-se e dilatar-se nas almas. Ah! Se soubéssemos o que significa esta santa aplicação” (XII, 262). Somos congregados, reunidos em Congregação, para a missão junto às multidões cansadas e abatidas. Nossa vocação não é seguir Jesus pobre, casto e obediente, em linha direta, mas seguir Cristo Evangelizador dos Pobres através de uma missão específica e, em função desta missão, assumimos os votos de pobreza, obediência e castidade. Prioritariamente, buscamos o seguimento a Cristo no exercício de um serviço apostólico específico. O voto de Estabilidade ou de Serviço aos Pobres é o distintivo de nossa consagração, ele exprime essa consagração total à caridade missionária, evangelizadora dos Pobres, como constitutivo do ser, da forma de vida, do trabalho de cada membro e de toda a Congregação. Pelo Voto de Estabilidade, damos uma resposta pessoal a Cristo Evangelizador dos Pobres; encontramos força e capacitação para os desafios da Missão; conferimos um sentido missionário aos 3 votos; e nos congregamos para uma missão comum (cf. Instrução sobre os Votos, p. 31).

Damo-nos a Deus para seguir Cristo numa missão específica (estado de caridade), em vista do Reino, em comunidade. Dizia São Vicente: “O estado da

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Missão é um estado de amor. “Ora, se é verdade que somos chamados a levar para longe ou para perto o amor de Deus, se devemos inflamar com ele as nações, se temos vocação para ir acender esse fogo divino por todo o mundo, se assim é, digo, se é assim, meus irmãos, quanto mais devo incendiar-me com esse fogo divino! Quanto mais devo inflamar no amor aqueles com quem moro e edificar meus próprios irmãos pelo exercício deste amor e levar meus caros coirmãos a praticar os atos que dele emanam!” (XII, 263). A caridade missionária a que somos chamados requer de nós a caridade, em nível pessoal e comunitário: “Como levá-la aos outros se não a temos entre nós? Como uma Companhia que não tem em si a caridade poderá inflamar os corações com a verdadeira caridade”.

O estado de caridade, de amor compassivo, torna-nos propriedade dos Pobres e requer todo um processo de contínuo crescimento e configuração da vida neste amor. Os apelos das multidões cansadas e abatidas são grandes e inquietantes – os Pobres incomodam, aparecem nas horas impróprias, nos ameaçam. No tempo de São Vicente, as autoridades queriam limpar as cidades, retirar e prender os Pobres. Hoje, há um processo de escondimento, de afastamento da pobreza; nós mesmos cercamos nossas casas para nos proteger, criamos uma série de atitudes e comportamentos que nos distanciam dos Pobres e nos tranquilizamos. Sem perceber, podemos nos tornar missionários dos Pobres, longe e afastados dos Pobres. A Assembleia Geral nos recorda este amor compassivo, constitutivo de nossa vocação. Todos os membros e bens da CM pertencem aos Pobres e requerem, pois, ser bem encaminhados, organizados, formados e utilizados, efetiva e adequadamente, em favor dos Pobres.

A Assembleia propõe a formação permanente como um instrumento e uma necessidade para este devido ordenamento dos recursos humanos em favor dos Pobres. É uma estaca indispensável para nos ajudar a estender e a manter bem estendida sobre nós a lona do amor compassivo de Cristo. A paixão por Cristo nos Pobres requer um fortalecimento contínuo da espiritualidade, requer colocar a Palavra de Cristo, Regra da Missão, no centro do ser e do agir do missionário, requer uma transformação e configuração contínuas da pessoa, requer uma sólida capacitação espiritual, humana e pastoral para discernir e responder aos atuais apelos dos Pobres. A comunidade é um lugar privilegiado para estímulo e desenvolvimento dos missionários. Os textos normativos da CM contêm ricos elementos que são guias de ação e devem ser melhor aproveitados. Os programas de formação, sob suas diversas modalidades, são necessários e devem ser atualizados e fortalecer a fidelidade na vocação vicentina e ajudar a responder aos apelos do tempo presente.

A formação permanente afirmada como necessidade para melhor utilizar os recursos humanos, bens dos Pobres, aponta a necessidade de firmeza, radicalidade, maturidade, perseverança e competência no seguimento a Cristo

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evangelizador dos Pobres. A cultura dominante, atrelada à economia de mercado e de compreensão cada vez mais complexa, por um lado, situa os desejos e ideais na linha da estética da moda, do corpo escultural perfeito, dos imediatismos, da vida feliz dentro do individualismo consumista, da religião do sucesso e de uma existência “leve” (modernidade líquida); por outro lado, fragmenta e fragiliza a pessoa, alimenta uma ideologia e comportamentos que fortalecem e justificam a injustiça e mantêm o escândalo da desigualdade social.

A falta de sentido de pertença, com solidez humana e evangélica e com atualizada capacitação missionária, constitui um sério desafio a ser enfrentado e superado. Tudo isto requer um bem cuidar dos Coirmãos e um buscar constante dos sentidos e dos modos de ser instrumento de Cristo no serviço aos Pobres. Só no assumir esta exigência, numa atitude responsável e profunda de diálogo e de conversão, de atualização e discernimento, é que se pode tornar estável e fecundo o testemunho de ser seguidor de Cristo evangelizador dos Pobres. Penso que necessitamos eliminar as cercas das atitudes, dos comportamentos e estruturas que existem em nossas vidas e que nos impedem um amor compassivo coerente, atualizado e com força de geração de vida. A formação permanente aparece aqui como uma necessidade fundamental. Agora, precisamos superar algumas ideias feitas, algumas compreensões indevidas sobre a formação. Muitas vezes, aceitamos e somos exigentes com a formação inicial, opinamos, queremos rigor, programas bem feitos; mas, quando se trata da formação permanente, somos tolerantes, até mesmo omissos. Ainda, quando falamos em formação, pensamos logo num programa de cursos, encontros, apenas no aspecto intelectual ou capacitação técnico-pastoral. A formação, na verdade, é um processo contínuo, dinâmico, progressivo, gradual e integral de desenvolvimento pessoal e comunitário de nossa opção por Deus, no seguimento a Cristo evangelizador dos Pobres. A formação configura nossa vida e trabalhos aos apelos de Cristo nos Pobres. Neste sentido, penso que hoje, diante de tantos desafios, a formação permanente se torna uma exigência para refundar nossa vida de consagrados vicentinos. Li e apreciei muito o livro de Amedeo Cencini, Formazione Permanente: ci crediamo davvero?1. Ele afirma a necessidade de criarmos uma verdadeira “cultura” da Formação Permanente, com uma mentalidade, uma sensibilidade e uma práxis bem próprias, na busca de ter Cristo como modelo a quem seguir e com quem devemos nos identificar: A Formação Permanente (FP) não é um conceito temporal, mas psicológico-espiritual. É um processo de conformação e assimilação dos sentimentos e

1 CENCINI, Amedeo. Formazione Permanente: ci crediamo davvero? Bologna: EDB, 2011.

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atitudes de Cristo, Filho Obediente e Servo Sofredor. Visando esta identificação total e profunda com Cristo, ela dura naturalmente toda a vida e deve atingir a pessoa toda, em toda a sua profundidade, em todas as dimensões e por toda a existência. Muito mais que um processo metodológico e pedagógico de preparação para um tipo de vida e de trabalho, é um itinerário de profunda conversão, assimilação e configuração com Cristo. Não é um simples projeto humano, de cursos, programas, atividades acadêmicas e intelectuais, mas obra de Deus, obra da graça divina. A FP é, antes de tudo, obra da graça que vem do Alto, em vista do viver em Cristo, com Cristo e por Cristo. Ela é fruto da graça que nos chama, nos educa e nos forma a partir da Palavra de cada dia, da Eucaristia diária, da oração constante, da vivência comunitária, do serviço ministerial, de todos os elementos que nos educam e nos fazem crescer no homem novo, proposto e testemunhado por Cristo.

A FP não visa simplesmente a atualização pastoral, mas a revitalização constante da pessoa toda inteira. Ela plasma em nós o autêntico discípulo e missionário de Cristo, totalmente identificado e comprometido com o Mestre e sua causa. A FP não se reduz ao aprendizado para bem exercer o ministério, mas é o processo que nos leva a aprender a viver o ministério como verdadeira escola de crescimento humano, espiritual e missionário. A FP, ao longo de toda a vida, é expressão da identidade da pessoa e do crente, na qual se encontram os dois pólos do eu: a continuidade (elemento estático, ligado ao eu atual) e uma certa descontinuidade (elemento dinâmico, ligado ao eu ideal). A FP, de um lado, garante a perseverança nas escolhas feitas; de outro lado, abre a vida ao novo, ao crescimento de novas possibilidades de crescimento no ideal assume. Assim, mais que perseverança, a FP possibilita a fidelidade. Perseverante é aquele que permanece no próprio posto, resistindo virtuoso às tentações de mudar e abandonar o ideal. Fiel é quem decide permanecer porque na opção feita percebe um novo apelo, um compromisso mais exigente, uma maneira mais rica de vivê-la, permanece, mas de modo dinâmico. Amor fiel é amor que cresce, aprofundando sempre mais as belezas do ideal assumido. Ainda, nesta mentalidade sobre a FP, é preciso frisar que a PF não é só dever dos consagrados ou dos padres, mas direito da Igreja que os envia e do povo a quem são enviados. A Igreja que chama e confere um ministério tem direito de pedir a fidelidade e a coerência ao dom conferido. Também o povo, em função de quem o ministério é conferido, tem direito de exigir servidores preparados, responsáveis e dignos para o serviço. A FP é, pois, questão de justiça.

Nesta mentalidade ou compreensão da FP emerge uma sensibilidade, uma disposição psíquico-afetiva, existencial, de caminhar nesta direção. Requer uma docilidade ativa, que é uma disposição de se deixar tocar e provocar pela vida, pelos outros, pelas situações e acontecimentos e livremente deixar-se

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educar, formar e crescer a partir da experiência concreta diária. A docilidade ativa é uma atitude interior com vários componentes que devem ser cultivados e desenvolvidos. O primeiro é a responsabilidade pessoal, cada pessoa chamada tem uma responsabilidade inalienável na busca do crescimento vocacional. Nesta responsabilidade pessoal, é preciso aprender a reconhecer e acolher a realidade da vida que é cheia de graça. A docilidade ativa é uma predisposição positiva nos confrontos da vida, parte da certeza de que a vida contém recursos e potencialidades formativas, é como um instrumento do qual Deus se serve para realizar em cada um de nós o projeto da criação. É preciso deixar-se formar pela vida, onde cada instante tem um valor formativo, mas para isso toda experiência vivida precisa ser bem integrada, pois o que não é integrado acaba desintegrando a pessoa.

Essa docilidade ativa, assumida responsavelmente e na abertura formativa em relação à vida, requer ainda uma boa percepção de si e da realidade para descobrir e despertar elementos novos, enriquecedores e geradores de crescimento. Aprender com a vida, percebendo em si novas dimensões e valores que nos fazem corrigir rumos, superar lacunas e saborear a grandeza da vida e do ministério. Esta percepção leva a um terceiro elemento importante: a capacidade de relação com a alteridade. Superando a tendência seletiva e de fechamento em si, é preciso abrir-se ao outro, aos outros, pois eles são mediação indispensável para nossa educação e formação. Abrir-se ao outro nos leva ao grande Outro, Deus. A alteridade nos leva a fugir da mesmice, do horizonte estreito, do fechar-se.

Por fim, dentro desta compreensão e sensibilidade, podemos falar da práxis, da ação concreta da FP. Esta, enquanto processo contínuo de toda a vida de amadurecimento na identidade de pessoa de fé e na fidelidade criativa à própria vocação, possui duas faces concretas: a) Ordinária = que tem como agente responsável a própria pessoa, realiza-se no cotidiano a partir do ministério e da comunidade, abarca a totalidade da vida, busca configurar-se e revestir-se espiritual e existencialmente dos sentimentos e atitudes de Cristo. b) Extraordinária = sob a responsabilidade da pessoa, dos superiores e instituições, consiste em cursos, atividades e programas eventuais, para atualizar e capacitar pessoas no fazer pastoral com uma finalidade funcional e operativa. Estas duas formas devem ser complementares e devem comprometer as pessoas, as comunidades e criar em nós uma cultura da FP para não cairmos na mediocridade e numa vida pessoal, espiritual e pastoral de inadequação em relação ao nosso grande modelo, Cristo.

A Assembleia apresenta várias propostas para a promoção da formação, quer ajudar a fortalecer a espiritualidade e capacitar-nos em resposta aos apelos atuais dos Pobres. Somos todos convocados a cuidar de nós mesmos, como primeiros e mais importantes bens dos Pobres. Precisamos desenvolver

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e cultivar, em âmbito pessoal e comunitário, uma cultura da FP. Lembremos: “Se a vida não é FP, é frustração permanente”. Os desafios atuais exigem uma verdadeira refundação de nossas vidas, só possível com uma autêntica e evangélica formação permanente de busca de configuração profunda com Cristo Evangelizador dos Pobres. Rezemos esta exigência e peçamos a Deus as forças para esta desafiante tarefa.

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REZEMOS COM SÃO VICENTE,

“Ó Salvador, que viestes trazer esta lei, de amar seu próximo como a

si mesmo, que tão perfeitamente a praticastes para com os homens, não

somente a seu modo, mas de uma maneira incomparável, sede, Senhor,

propício, chamando-nos a este estado de vida, que nos faz amar

continuamente o próximo.

Sim, por estado e por profissão aplicados a este amor, ocupados no

exercício atual do mesmo ou com a disposição de ser, até deixar toda

outra ocupação para nos dedicar às ações caridosas. Dos religiosos se diz

que estão num estado de perfeição; nós não somos religiosos, mas

podemos dizer que estamos num estado de caridade, porque estamos

constantemente ocupados na prática real do amor ou em disposição de o

ser.

“Ó Salvador, como sou feliz por estar num estado de amor ao

próximo, num estado que vos fala por si mesmo, vos suplica e vos

apresenta incessantemente o que faço em seu favor! Dai-me a graça de

conhecer minha felicidade e de amar muito esse bem-aventurado estado!

Que eu contribua para que esta virtude da caridade brilhe na Companhia

hoje, amanhã e sempre. Amém” (XII, 275-276).

“Todos nós e nossos bens pertencemos aos Pobres, se cremos

verdadeiramente, para além de simples palavras que são nossos amos e

senhores” (Síntese, 7).

Leia, medite e reze:

Sl 118(117); 119(118), 124-151; Lc 14, 25-35; Cl 3, 1-17

Como bem e propriedade dos Pobres, como cuidar-se bem, para

crescer em humanidade e em conformidade com Cristo Evangelizador dos

Pobres?

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Obras Completas de São Vicente

Conforme o prometido, veremos publicadas – pela primeira vez em língua portuguesa – as Obras Completas de São Vicente de Paulo, tradução direta dos 14 tomos originais editados pelo insigne Coirmão, Padre Pierre Coste, entre os anos de 1920 e 1925, acrescidos das cartas e documentos posteriormente encontrados. O Volume I – primorosa tradução do Pe. Getúlio Mota Grossi, C. M., coordenador desse portentoso trabalho – já se encontra no prelo e, muito em breve, será publicado pela Editora O Lutador, de Belo Horizonte. Para ajudar-nos a tomar consciência da incontestável relevância dessa fonte de primeira grandeza para toda a Família Vicentina, damos a palavra ao Frater Henrique Cristiano, CMM, bem conhecido de todos nós, ele que tem dado significativa e qualificada assessoria aos encaminhamentos da edição brasileira das Opera Omnia de nosso santo fundador.

As Obra Completas de São Vicente

de Paulo são de extraordinária

importância do ponto de vista histórico.

Na abordagem do passado, dois aspetos

são indispensáveis e devem ser

harmoniosamente articulados entre si: o

contexto de uma época, incluindo as

dimensões sócio-culturais, político-

econômicas e religiosas, e o contato vivo

com as fontes primárias que

proporcionam uma comunicação direta com os personagens e fatos.

Sobre São Vicente de Paulo, possuímos — mesmo em língua

portuguesa — um número considerável de publicações, em parte

traduções, em parte oriundas da nossa terra. Chamaria isso de

aproximações au dehors, ou seja, abordagens “filtradas” pela mente e

Fontes Vicentinas

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pena de seus autores. O que nos faltou, em boa parte, até agora, foi uma

aproximação au dedans, isto é, o acesso aos escritos originários,

possibilitando uma entrada “para dentro”. No caso de São Vicente, temos

a obra clássica de Pierre Coste (1873-1935), em língua francesa, constando

de nada menos do que 14 nutridos volumes. O que faltava era uma

acurada tradução, em português, destas Opera Omnia, lacuna agora

felizmente preenchida. Podemos doravante, em nosso idioma, beber da

água cristalina que brota da fonte vicentina originária. Contextualizando

São Vicente de Paulo no seu tempo, com as condições históricas concretas

— condição sine qua non de um sério trabalho histórico — teremos

possibilidade de mergulhar, a partir da tradução de suas obras, no próprio

pensamento do grande Santo da Caridade e assimilar, assim, sua

experiência fundante de carisma e missão.

Para nós, membros da Família Vicentina, trata-se de uma graça

singular, de um momento privilegiado na nossa caminhada. Conhecer

melhor o que já amamos, querendo aprofundá-lo para viver melhor o

carisma vicentino, contribuirá significativamente para o fortalecimento da

nossa identidade de filhos espirituais de Vicente de Paulo. Igualmente

nossa decidida opção pelo serviço dos Pobres — em nome da

autenticidade da mensagem evangélica — terá aqui uma fundamentação

e um incentivo que tornarão essa missão uma das mais belas e urgentes

da atualidade, na Igreja e no mundo.

Frater Henrique Cristiano José Matos, CMM

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Dos Coirmãos de nossa Província, alguns conheceram pessoalmente o Padre Dermeval Mont’Alvão, outros ouviram falar de sua pessoa. Uns amigos de Bambuí resolveram prestar-lhe uma homenagem no seu Centenário. Lá, ele viveu os últimos 17 anos de vida; lá, ele faleceu deixando para todos um exemplo marcante de verdadeiro sacerdote, missionário vicentino e devoto de Maria. Como foi esta homenagem, podemos ver no relato que segue abaixo.

Pe. Luiz de Oliveira Campos, C. M.

Centenário de Nascimento do Padre Dermeval José Mont’Alvão, nosso saudoso pároco e amigo.

Januária (MG) Bambuí (MG)

3/1/1912 3/1/2012

Pe. Dermeval, parecido com o Mestre, discípulo-missionário de Jesus

Cristo e devoto de Nossa Senhora.

Com o coração agradecido, uma imensa saudade, os amigos do Padre

Dermeval e as Paróquias Sant’Ana e Nossa Senhora das Graças, em

Bambuí (MG), celebraram o centenário de seu nascimento.

Memória

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Iniciamos nossas comemorações no dia 2/1/2012, quando estivemos

em vigília, preparando a Ação de Graças, durante o Terço dos Homens,

suas famílias e todas as comunidades. Eram, aproximadamente, 700

pessoas. Recordamos, através de testemunhos, a vida piedosa do Padre

Dermeval e sua fidelidade a Deus e à Igreja. Padre Dermeval rezava todos

os dias o Rosário e o oferecia por intenções especiais: Congregação da

Missão, Casais, Jovens, Família Mont’Alvão, Famílias de Bambuí e

Funcionários da Paróquia Sant’Ana, sua segunda família. Nossa Vigília e

nosso terço foram rezados diante da bela imagem de Nossa Senhora das

Graças, presente da Família Mont’Alvão ao Padre Dermeval, agradecendo

a Deus e à Senhora das Graças por seu jubileu de ouro sacerdotal,

realizado em Bambuí, no dia 8/12/1988. Após um minuto de silêncio em

memória do Pe. Dermeval, cantamos os parabéns para os aniversariantes

do mês, inclusive ele. Em cada mistério, refletimos sobre sua vida de

discípulo-missionário de Jesus, lembrando sua devoção a Nossa Senhora,

imortalizada na igreja da Medalha Milagrosa, na Novena Perpétua e na

consagração de nossa cidade à Santíssima Virgem. Os depoimentos

marcantes de nossos paroquianos e do Pe. Sebastião Carvalho fizeram-nos

recordar sua pessoa e rever sua firmeza na fé, seu dinamismo, seu

compromisso no ministério sacerdotal de celebrar a Missa todos os dias,

seu exemplo de vicentino, fundador e participante da Conferência de

Jovens São Luiz Gonzaga (que existe até hoje!), etc. Seu espírito fraterno e

a caridade o levaram a ajudar, material e espiritualmente, muitas pessoas

e famílias necessitadas. Era um padre de soluções práticas. Não temia os

desafios da idade. Com seu esforço de buscar recursos, construiu o

patrimônio da igreja da Medalha, sem onerar as despesas da paróquia. Na

aparência do “gigante Golias”, seu coração do menino Davi falava mais

alto e nos contagiava com a devoção à Santíssima Virgem. Foi uma noite

maravilhosa! Com certeza, lá do céu, Padre Dermeval rezou conosco e

repetiu o que dizia sempre: “Confiemos na proteção da Santíssima Virgem.

Que ela abençoe esta iniciativa concretizando os nossos propósitos”. Sob o

manto azul de Nossa Senhora Aparecida e os aplausos à memória de Pe.

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Dermeval, encerramos nossa vigília com a bênção dos sacerdotes, Pe. Luiz

de Oliveira Campos e Pe. Sebastião de Carvalho Chaves.

No dia seguinte, terça-feira, 3 de janeiro de 2012, todas as

comunidades das duas paróquias ofereceram flores para ornamentar o

túmulo do Pe. Demerval, na igreja da Medalha. As faixas, com os dizeres:

“Pe. Dermeval, o senhor está entre nós, todos os dias, em cada Missa,

cada Novena e em todas as celebrações. Deo Gratias!” (Paróquia Nossa

Senhora das Graças). “Pe. Dermeval, recordando sua memória, nosso

coração rejubila, nossos ouvidos ouvem e nossos olhos vêem sua presença.

Obrigada!” (Paróquia Sant’Ana) completaram a ornamentação e

revelaram os nossos sentimentos. Durante todo o dia, foram registradas

visitas ao túmulo e à igreja da Medalha. Às 19 horas, celebramos

solenemente a Ação de Graças pelo centenário do nascimento. Padre Luiz

de Oliveira Campos, no esplendor de seus 80 anos, aceitou nosso convite e

veio presidir a celebração, juntamente com Pe. Daniel (Pároco de Nossa

Senhora das Graças), Pe. Sebastião Carvalho, C. M., Pe. Maurício Paulinelli,

C. M., e Monsenhor Eustáquio, da Diocese de Luz. Com muito carinho, a

Equipe organizadora cuidou para que fossem entoados os cânticos da

época do Pe. Dermeval, relembrando os 31 anos do início da Novena

Perpétua, no tão sonhado Santuário de Nossa Senhora das Graças.

Deus permitiu e a Santíssima Virgem quis que esta data fosse

celebrada, hoje, terça-feira, dia em que rezávamos a Novena Perpétua.

Atualmente, ela é rezada às quintas-feiras. A escolha do Padre Luiz como

celebrante tem um significado muito especial: Padre Luiz conviveu com o

Pe. Dermeval desde 1943, portanto, quase 70 anos.

Na Liturgia da Palavra, ouvimos dois testemunhos. Ambos

destacaram fatos importantes da vida do Padre Dermeval. Em sua

mensagem e testemunho, Pe. Luiz começou lembrando o texto evangélico

que, muitas e muitas vezes, escutou dos lábios do aniversariante, quando

comentava o valor da vocação sacerdotal: “Não fostes vós que me

escolhestes, mas fui eu que vos escolhi, para irdes e produzirdes fruto e o

vosso fruto permaneça” (Jo 15,16). Com riqueza de detalhes, Pe. Luiz

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relatou toda a sua caminhada vocacional até o sacerdócio, sempre

marcada pela presença do Pe. Dermeval, como seu professor e reitor até o

momento de trabalharem juntos na Paróquia de Sant’Ana de Bambuí. Pe.

Luiz declarou que foi neste período que ele pôde conhecer muito a vida

edificante do homem e do sacerdote vicentino: “Pe. Dermeval era um

‘gigante’ no físico, mas, mais gigante ainda na vida espiritual, homem de

oração, como poucos que já conheci”. Trabalharam e conviveram juntos

durante cinco anos. O trabalho apostólico era realizado com muito zelo,

particularmente pelo exemplo e testemunho de sua devoção – que só

podemos chamar de “apaixonada” – a Nossa Senhora da Medalha

Milagrosa. Encerrando a homilia, Pe. Luiz leu a mensagem do Padre

Geraldo Ferreira Barbosa, Visitador Provincial da Congregação da Missão.

Na procissão de ofertas, oferecemos, com o Pão e o Vinho, a pequena

imagem de madeira de Nossa Senhora das Graças, presente do seu jubileu

de prata sacerdotal e símbolo de sua contagiante devoção à Nossa

Senhora. Esta imagem serviu de inspiração para a atual imagem de

madeira, à entrada da Igreja. Oferecemos ainda sua túnica, sua estola e o

cálice, símbolos do ministério sacerdotal e dos seus 59 anos celebrando o

Mistério Pascal do Senhor.

Após a Celebração Eucarística, vimos o data-show sobre a vida do Pe.

Dermeval e sua caminhada de discípulo-missionário de Cristo: 85 anos de

vida, 59 anos de sacerdote e 17 anos de convivência entre nós, em

Bambuí.

Para sempre, diante de Deus, Pe. Dermeval eterniza o seu amor à

Virgem Santíssima e nos une sob o seu manto. Nosso Magnificat é a sua

vida, a sua história e a sua devoção à Santíssima Virgem.

Geraldina Diniz Leite

Bambuí (MG)

31

Santas Missões Populares Vicentinas – 2012 Pe. Vinícius Augusto Ribeiro Teixeira, C. M.

De 8 a 22 de janeiro de 2012, as Santas Missões Populares Vicentinas

tiveram lugar na cidade de Coronel Murta, diocese de Araçuaí (MG).

Foram dias inesquecíveis de revitalização espiritual e missionária junto às

19 comunidades que compõem aquela paróquia.

Há alguns anos, as belezas e as agruras do Vale do Jequitinhonha vêm

se tornando bem familiares aos missionários vicentinos. Nossas Missões

Populares já se realizaram em Francisco Badaró, Jenipapo, Chapada do

Norte (zona rural) e, agora, em Coronel Murta. Este pequeno município,

banhado pelo rio Jequitinhonha, tem sua população estimada em

aproximadamente 9 mil habitantes, sendo que uma média de 70% se

encontra na zona urbana. Voltamos deveras enriquecidos pela

originalidade da cultura popular e profundamente edificados pela fé da

sua gente, partilhada e celebrada em comunidades acolhedoras, fraternas

e alegres. A exuberância das paisagens que contemplamos – compostas de

Família Vicentina

32

serras altaneiras, matas virgens, vegetações cheias de viço, fauna

diversificada – reflete o esplendor da alma de um povo que não se cansa

de lutar por melhores condições de vida, inabalável na certeza de que

Deus caminha à sua frente, como tantas vezes ouvimos: “Com Deus na

frente, a gente vence”. Mas trouxemos também inquietantes

preocupações, que se tornaram matéria de nossa oração, objeto de nossa

reflexão, centro de nossas partilhas, foco do relatório que deixamos às

lideranças locais.

Lamentamos a situação de abandono em que se encontram muitas

das famílias visitadas, carecendo do indispensável a uma sobrevivência

digna e privadas de adequadas condições de trabalho, devido, sobretudo,

à inoperância dos órgãos públicos. Em algumas comunidades rurais, a

captação da água ainda não se dá de forma regular e equitativa, o que

ocasiona sérios transtornos no cuidado da saúde e no trato dos animais. A

má distribuição da renda mostra sua cara nos baixíssimos e vergonhosos

salários pagos a lavradores e empregadas domésticas. As condições das

estradas e a precariedade dos meios de transporte ainda não garantem o

acesso de todas as crianças a um ensino escolar de qualidade. Muitos

jovens, sem perspectiva de futuro, descambam para as drogas e a

marginalidade, o que faz crescer o índice de violência, particularmente na

periferia da cidade. A depressão e outras doenças psíquicas proliferam

33

com impressionante rapidez, incapacitando mulheres e homens, moças e

rapazes. O enorme contingente de portadores de doenças crônicas aponta

para a necessidade de qualificação do atendimento médico-hospitalar,

ainda insuficiente para a demanda. A situação de muitos idosos relegados

ao ostracismo e à indigência clama por providências que iluminem o

entardecer da vida desses nossos irmãos. Neste cenário, a Igreja é

chamada a tornar-se uma fonte de consolo e esperança para o povo,

facilitando sua organização e estimulando sua luta pelos direitos que lhe

são devidos em razão da justiça. A figura ímpar de Dom Enzo, pastor

zeloso do Jequitinhonha, falecido em 2011, permanece viva na memória

do povo, sobretudo por sua extraordinária solicitude pastoral para com as

pequenas comunidades, frequentemente visitadas por ele. Na mesma

linha, nossos missionários deixaram várias recomendações ao pároco, cuja

dedicação nos edificou a todos, e a outras lideranças, pedindo que se

voltem para as comunidades, intensificando o acompanhamento,

escutando os apelos, qualificando a ação evangelizadora, investindo na

formação de seus animadores, apoiando suas iniciativas, estimulando suas

lutas.

Dentro de 15 dias, sem agitação e pressa, mas também sem perder

tempo, todas as casas foram visitadas pelos missionários, distribuídos em

11 equipes, todas coordenadas por leigos. Os primeiros instantes de cada

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dia eram dedicados à oração, quando, na presença de Deus, podíamos

partilhar as vivências do dia anterior e as expectativas para a nova

jornada. As distâncias eram, às vezes, quilométricas, incluindo escalada de

morros íngremes, travessia de córregos e rios, abertura de trilhas pela

mata afora e companhias inesperadas de animais peçonhentos. À tarde, o

sol inclemente se levantava em todo o seu esplendor e o calor se tornava

bastante intenso. Nada que pudesse arrefecer o ardor apostólico de

nossos missionários, incansáveis quando o assunto é fazer o bem.

Celebrações, reuniões e encontros, preparados com esmero e realizados

com criatividade, envolveram crianças, jovens, famílias e lideranças,

confirmando-lhes a fé, revigorando-lhes a esperança, convocando-os a um

renovado compromisso eclesial e a uma decidida participação em

iniciativas de transformação da realidade. Nas Missões Vicentinas, mais

uma bela demonstração do que a Igreja é chamada a ser: sacramento do

Reino e servidora da humanidade!

Nas avaliações das equipes,

tivemos confirmadas nossas

convicções em relação à Missão

Vicentina:

O mundo dos Pobres é o nosso

lugar, como lembrava São Vicente.

Os leigos são os protagonistas

dessa obra de evangelização e

serviço. Nem mesmo a cada vez mais

restrita e diminuta participação dos

Padres é capaz de fazê-los esmorecer.

Investir na formação de nossos

missionários leigos continua sendo a

graça e o desafio que temos à nossa frente.

Uma criteriosa seleção dos missionários tem se mostrado indispensável

ao bom andamento da Missão, sobretudo no que diz respeito ao

testemunho de vida que somos chamados a dar e à constituição de

equipes fraternas, orantes, laboriosas, audazes e criativas.

Na Missa de Encerramento, unidos às comunidades que visitamos,

reafirmamos agradecidos nosso compromisso com a construção do Reino

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de Deus, causa da vida de Jesus, na pista do evangelho proclamado (cf. Mc

1, 14-20), repetindo a súplica da Oração que tantas vezes rezamos:

“Trindade Santa, concedei que as Santas Missões Populares Vicentinas

produzam entre nós os frutos que esperais, ajudando-nos a firmar nossos

pés no caminho que conduz a vós, fonte e meta de nossa vida de

peregrinos. É o que vos pedimos, com Maria, a Senhora das Graças, e com

São Vicente, o irmão dos Pobres”. E os Missionários regressaram, corados

do sol, com sapatos e chinelos gastos, olhos marejados, sorridentes,

falantes, entusiasmados, felizes por terem feito o que deveriam fazer,

dispostos a começar tudo de novo...

A seguir, os testemunhos do pároco e de uma liderança leiga da

Paróquia sobre nossas Missões:

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A Paróquia de Nossa Senhora Auxiliadora, Coronel Murta, acolheu

as Santas Missões Populares Vicentinas. Momento forte de

evangelização em nossa região. Tendo como meta reafirmar a fé e o

compromisso com Deus e com a comunidade, respeitando a

diversidade religiosa, chamados a anunciar e a dar testemunho da

graça de Deus que se realiza em nós, os missionários, vindos de tão

longe, se organizaram em grupos para melhor atender e visitar as

famílias em todo o município. Foram 15 dias de alegria e desafio, mas

o trabalho incansável de cada equipe motivava a esperança nos

corações das pessoas que, ao longo do dia, eram encontradas, às vezes

desmotivados. Contamos com o apoio dos Padres Vicentinos,

seminaristas, das irmãs Filhas da Caridade e de leigos e leigas que

vivem a espiritualidade de São Vicente de Paulo, no total de 60

missionários.

No final de cada dia, mesmo com o cansaço do sol quente, os

missionários encontravam força para os encontros com crianças, jovens

e famílias, a celebração da Missa e ainda os atos de devoções populares.

O povo simples e esperançoso, aos poucos quebrando a timidez, recorria

aos missionários para escutar e partilhar suas experiências de vida.

Nossa querida cidade de Coronel Murta, com seu povo simples e

acolhedor, mostrou não só por palavras, mas com gestos de gratidão

para com todos os missionários, que é possível viver a fé,

transformando os corações dos homens para a vivência do amor

fraterno. A alegria da chegada dos missionários em cada lar foi

marcada pelo sorriso e o muito obrigado pela presença deles no meio

de nós.

Na acolhida aos missionários pelas comunidades rurais, ficaram

registrados o sentimento e o reconhecimento pelo despojamento dos

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mesmos, jovens e pessoas de mais idade, que, vindo de tão longe,

demonstravam disposição em caminhar horas, perfazendo muitos

quilômetros, para visitar as famílias.

A Igreja, nascida da missionariedade dos apóstolos, percebe, cada

vez mais, que é urgente plantar nos corações dos homens a

responsabilidade de dar continuidade à missão de Jesus Cristo:

“Venham todos trabalhar em minha vinha”, forte apelo para todos os

batizados, chamados a formar o corpo místico de Cristo e proclamar a

mensagem do Evangelho a todos os povos.

A Igreja, presença viva Jesus, fortalece a caminhada do povo no Vale

do Jequitinhonha, particularmente a Diocese de Araçuaí, preparando-

se para celebrar seu centenário. A paróquia Nossa Senhora Auxiliadora

também quer afirmar sua comunhão missionária, comunidade tão

carente de formação, para assumir as tarefas da evangelização, porque

acredita no sonho de construir uma civilização de amor, onde haja

homens e mulheres competentes que buscam o fortalecimento do

Reino de Deus.

Obrigado, Senhor, pela presença dos missionários no meio de nós.

Maria, Nossa Senhora Auxiliadora, discípula de Cristo, interceda a Deus

por todos nós!

Pe. Fernando Luiz dos Santos

Pároco

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Coronel Murta, pequena

cidade do interior mineiro, no

Vale do Jequitinhonha, recebeu

a visita das Santas Missões

Populares Vicentinas, no

período de 8 a 22 de janeiro de

2012.

Para a população local, foi

um acontecimento maravilhoso.

As pessoas se sentiram alegres e

felizes com a visita dos missionários em suas casas e relatam que eles

foram atenciosos com elas, conversaram, fizeram amizade, levaram

esperança, rezaram, pediram a Deus para abençoar seus lares. Houve

vários encontros; momentos de orações; visitas especiais, feitas pelos

padres, aos doentes; celebrações nos bairros, durante a semana e, aos

domingos, as celebrações na igreja foram bastante animadas.

Na chegada, os missionários, após uma longa viagem, estavam

alegres, muitos deles dispostos a prosseguirem viagem até as

comunidades rurais. É um mistério que envolve as coisas de Deus. Ele,

ainda hoje, continua enviando seus escolhidos. É a mensagem de Jesus

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levada a todos os cantos, para todos os povos.

O período passou depressa. Foi um belo trabalho! A semente foi

plantada. Ficou a saudade e a inquietação: por que existe tanto

comodismo, enquanto pessoas se doam tanto, deixam seus lares e

partem ao encontro do próximo, levando conforto e alegria?

A Paróquia de Coronel Murta é grata a todos os missionários.

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Amariles Santos Lima (Fia)

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I - Notícias do Visitador

1. Pe. Geraldo Barbosa participou do Encontro dos Novos Visitadores,

em Roma, de 3 a 11 de janeiro de 2012. Estiveram presentes 17

Visitadores, 4 tradutores, 5 assessores e 11 membros da Cúria Geral.

Notícias

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Temas estudados: Documento Final da AG 2010; Perfil do Visitador; Princípios de Governo; Direitos, obrigações e competências do Visitador; Reconciliação e pregação; Progresso pessoal dos membros; Família Vicentina; Missões internacionais; Membros em dificuldades nos aspectos pastorais e jurídicos; O Visitador e a Província: Assembleia, Conselho, Projeto, Superiores Locais; Animação Vocacional e Missão Apostólica; Papel do Secretário Geral; Papel do Ecônomo Geral; Visita Canônica; Informações sobre o CIF, SIEV e Vincentiana; Diálogo livre com o Superior Geral. O Encontro valeu não só pelos bons conteúdos de estudo, mas também pelo entrosamento com Coirmãos de outras nacionalidades e culturas. O intercâmbio de experiências e a internacionalidade da Congregação foram outros elementos de destaque. Todo este conjunto de pessoas, temas, diálogos e trocas de experiências concorreu para reforçar o senso de pertença à Congregação. Deo Gratias!

2. Dia 3 de fevereiro, Pe. Vanderlei e Pe. Weliton partiram para nossa nova

missão na Arquidiocese de Porto Velho (RO). Foram bem recebidos pelo arcebispo, Dom Moacyr Grechi, Padres, Seminaristas e Leigos. Já deram boas notícias. Estão muito contentes. No próximo número, teremos notícias mais detalhadas desta missão. Louvado seja Deus!

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II – Homenagem ao Pe. Donizete

No dia 9 de dezembro, no

Centro Pastoral João Paulo II, em Campina Verde (MG), Pe. João Donizete Dombroski, C. M., recebeu a Medalha Desembargador Hélio Costa. A iniciativa foi da juíza desta comarca, Dra. Eleusa Maria Gomes.

A indicação de Pe. Donizete, atual administrador do Santuário do Caraça, foi feita por uma comissão constituída na comarca de Campina Verde. A trajetória de Pe. Donizete como pároco desta cidade teve início em 27/11/2004, quando tomou posse na Paróquia Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, onde promoveu, com a ajuda da comunidade, várias realizações de reconhecido valor.

Esta justa homenagem contou com a participação do Bispo Diocesano de Ituiutaba, Dom Francisco Carlos da Silva; Pe. Geraldo Ferreira Barbosa, Visitador da PBCM; Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, então Diretor do Seminário Interno e Superior da Casa de Campina Verde; os Coirmãos Padres Calixto e José Gonzaga; as Filhas da Caridade; autoridades locais e grande parte da população campinaverdense, em agradecimento pelos relevantes serviços prestados a esta Paróquia pelo sacerdote que tanto se

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empenhou na construção de uma Campina Verde de justiça, união e solidariedade.

Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, C. M.

III – Abertura do Seminário Interno

Na tarde do dia 18 de janeiro de 2012, na Capela do Hospital São

Vicente de Paulo, de Campina Verde (MG), em solene Celebração

Eucarística, foram admitidos ao Seminário Interno da Congregação da

Missão os seguintes Coirmãos: Ailton Ferreira Batista (Itatim-BA), Gustavo

Alivino Silva (Luz-MG), Jocimar Costa Rosa (Prudentópolis-PR), José Carlos

Galeno de Olivindo (Tianguá-CE) e Nárion Alécio de Mendonça (Maceió –

AL).

Na presença de muitos leigos e leigas, de confrades e consócias da

SSVP, de voluntárias da AIC, de várias Filhas da Caridade e de alguns

Padres da Congregação da Missão, os cinco Coirmãos foram oficialmente

acolhidos na Congregação da Missão, manifestando seu desejo de seguir

Jesus nos caminhos idealizados e vividos por São Vicente de Paulo. Esta

data, que a cada ano será celebrada como aniversário de sua vocação

vicentina, marca na vida desses jovens um novo tempo: a admissão à

Congregação da Missão, pelo ingresso no Seminário Interno, o “coração

-

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da formação”, momento mais que especial em que os jovens são

instruídos em vista de sua vocação de Missionários Vicentinos.

A Celebração Eucarística foi presidida pelo Padre Geraldo Ferreira

Barbosa, Visitador da Província Brasileira da Congregação da Missão, e foi

concelebrada pelo novo Diretor do Seminário, Padre Onésio Moreira

Gonçalves, pelo Padre Odair Miguel Gonsalves dos Santos, Assistente do

Visitador da Província de Curitiba, e pelos Coirmãos da Casa de Campina

Verde.

A esta nova turma, que adentra o coração sagrado de nossa

espiritualidade e carisma, coração este tão pulsante como o do próprio

São Vicente de Paulo, que nem a morte deixou sossegar, nossas orações,

fraternidade e acolhida sincera, desejando uma feliz e fecunda caminhada

vocacional!

Pe. Marcus Alexandre Mendes de Andrade, C. M.

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IV – Aniversário da C. M. no Jequitinhonha

A comunidade vicentina do Vale do Jequitinhonha (Francisco Badaró

e Jenipapo de Minas) comemorou os 395 anos do "primeiro sermão da

Missão", aquela experiência de São Vicente que marca a fundação mística

da Congregação da Missão. A celebração aconteceu numa comunidade de

Jenipapo, com a Celebração Eucarística presidida pelo Padre Getúlio

Grossi, concelebrada pelos Padres Paulo José, Raimundo João e pelos dois

coirmãos visitantes, Emanoel Bedê e Luís Veras. A celebração teve grande

participação de leigos da Família Vicentina, principalmente das Filhas da

Caridade que residem em Jenipapo. Após a bênção final foi servido um

lanche para todos, estendendo, assim, a festa pelo dom da Congregação

da Missão para o mundo, especialmente para os mais pobres.

Pe. Paulo José de Araújo, C. M.

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V – Retiro dos Seminaristas

Depois de participarmos das Santas Missões Populares Vicentinas, nós, das comunidades formativas da Teologia e da Filosofia, reunimo-nos em retiro na Fazenda do Engenho, nos dias 26, 27, 28 e 29 de janeiro deste ano. Conduzidos pelo Espírito de Deus e pelas sábias e iluminadoras palavras do Pe. Bonfim, penetramos no sentido mais profundo da nossa existência e no cerne de nossa vocação vicentina. O pregador partiu de três eixos principais em sua reflexão, a saber: a filiação a São Vicente de Paulo, cujo testemunho nos inspira e nos mobiliza para a construção de uma sociedade mais justa; o enraizamento em Cristo Jesus, condição imprescindível à consagração missionária; e a missão como concretização de todos os esforços empreendidos no seio da Congregação. Cinco conferências constituíram o itinerário temático: Vicente de Paulo: um profeta da Caridade e da Missão; O filho de Vicente de Paulo, enraizado em Cristo; Consagrados para amar e servir; Consagrados para amar e servir (II) – Unidade de coração e de espírito; Consagrados e enraizados em Cristo – Impelidos para a missão. Ressaltamos, sobretudo, os momentos em que nos reunimos em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia. Com espontaneidade e com o coração contrito, encontramo-nos com o Pai Misericordioso na celebração penitencial, reconfigurando nossa vida segundo os valores evangélicos anunciados no Sermão da Montanha. Queremos, aqui, externar nosso agradecimento ao Pe. Bonfim que, com solicitude e esmero, nos apresentou meditações consistentes e fecundas. Com gratidão, lembramos também a acolhida fraterna dos Irmãos Edmar e Miguel, no Engenho, e do Pe. Donizete, no Santuário do Caraça.

Lucas de Souza Santos (2º de Filosofia)

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Allyson Giovanni Garcia (2º de Filosofia)

VI – Caraça: uma das 7 maravilhas da Estrada Real

Mais de 42 mil votos

elegeram as 7 Maravilhas da

Estrada Real, dentre elas o

Santuário do Caraça. O anúncio

foi feito no dia 30 de janeiro de

2012, no auditório da

Federação das Indústrias do

Estado de Minas Gerais

(FIEMG), na capital.

O complexo turístico

Estrada Real possui mais de

1.600 km e atravessa 199

municípios de Minas, São

Paulo e Rio de Janeiro. As

principais atrações do antigo

caminho, aberto há mais de

300 anos pela coroa portuguesa em cidades de Minas, Rio de Janeiro e São

Paulo, foram anunciadas depois de quatro meses de consulta popular.

Foram eleitas como destaque do circuito as belezas de Cachoeira do

Tabuleiro, em Conceição do Mato Dentro; a Gruta da Lapinha, em Lagoa

Santa; a Praça Minas Gerais, em Mariana; o Santuário do Caraça, em Catas

Altas; o Teatro Municipal, em Sabará; o Parque Nacional da Serra do Cipó,

que compreende Jaboticatubas, Itambé do Mato Dentro, Morro do Pilar e

Santana do Riacho; e o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida,

na cidade paulista de Aparecida.

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Alegramo-nos por ver reconhecida nossa Casa-Mãe no Brasil, lugar

que tão profundamente nos fala ao coração, evocando vivências e

suscitando admiração, “esta jóia nacional, o Caraça – como cantamos –

que São Vicente com arte lapidou”.