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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte) 1 CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL Apostila nº 19 Estudo de I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte) Introdução Nesta apostila continuaremos a estudar em profundidade a Primeira Carta de Paulo aos Coríntios. Esta carta que Paulo escreveu à Igreja de Corinto é muito prática. Aconselho você a não deixar de ler a primeira parte do estudo desta carta, para que tenha o conhecimento básico necessário para compreender melhor as verdades que Deus quer que aprendamos nesta última parte da Primeira Carta aos Coríntios. Capítulo 1 “Homem e Mulher, Deus e Cristo” (I Coríntios 11:1-16) Nos capítulos 8, 9 e 10 de Primeira Coríntios, Paulo compartilhou esta sua filosofia de vida e de ministério: “Você não consegue servir ao próximo e a você mesmo”. Mas depois dos primeiros versículos do capítulo 11, Paulo abordou outro problema da igreja de Corinto: o papel da mulher no corpo de Cristo. No versículo 6 do capítulo 11 ele escreveu: “Se a mulher não cobre a cabeça, deve também cortar o cabelo; se , porém, é vergonhoso para a mulher ter o cabelo cortado ou rapado, ela deve cobrir a cabeça”.

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

1

CURSO BÍBLICO INTERNACIONAL

Apostila nº 19

Estudo de I Coríntios

Versículo Por Versículo

(Segunda Parte)

Introdução

Nesta apostila continuaremos a estudar em profundidade a

Primeira Carta de Paulo aos Coríntios. Esta carta que Paulo escreveu

à Igreja de Corinto é muito prática. Aconselho você a não deixar de

ler a primeira parte do estudo desta carta, para que tenha o

conhecimento básico necessário para compreender melhor as

verdades que Deus quer que aprendamos nesta última parte da

Primeira Carta aos Coríntios.

Capítulo 1

“Homem e Mulher, Deus e Cristo”

(I Coríntios 11:1-16)

Nos capítulos 8, 9 e 10 de Primeira Coríntios, Paulo

compartilhou esta sua filosofia de vida e de ministério: “Você não

consegue servir ao próximo e a você mesmo”. Mas depois dos

primeiros versículos do capítulo 11, Paulo abordou outro problema

da igreja de Corinto: o papel da mulher no corpo de Cristo. No

versículo 6 do capítulo 11 ele escreveu: “Se a mulher não cobre a

cabeça, deve também cortar o cabelo; se, porém, é vergonhoso para

a mulher ter o cabelo cortado ou rapado, ela deve cobrir a cabeça”.

Page 2: Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)02b433758172738aad63-9bd66b8f81efe85247b52e4acbee6da4.r32.cf2.rackcdn.com/... · ler a primeira parte do estudo

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A partícula “se” neste versículo é de significativa

importância. Na cidade de Corinto a prostituição fazia parte da

cultura e até da adoração pagã no templo. Se uma mulher quisesse

que todos soubessem que ela era uma prostituta, uma mulher de

comportamento diferente das outras, ela não usava um véu nem

qualquer outra cobertura sobre a cabeça, e cortava seu cabelo curto.

Por isso, na cultura de Corinto, usar o cabelo curto era sinal de

prostituição.

Nas igrejas que se reuniam nos lares da cidade, algumas

mulheres, por causa da revolução espiritual pela qual tinham passado

e por causa da liberdade que tinham em Cristo, consideravam-se

livres para não usar mais nenhuma cobertura sobre a cabeça enquanto

oravam ou profetizavam.

Paulo começou a tratar dessa questão tão delicada no

versículo 2: “Eu os elogio por se lembrarem de mim em tudo e por se

apegarem às tradições exatamente como eu as transmiti a vocês”. A

palavra “tradições” aqui, tem um significado especial.

Aparentemente, nas primeiras igrejas eles tinham que tomar posição

a respeito de certas questões culturais, e Paulo manifestava sua

opinião sobre o que achava mais sábio para eles dentro daquela

cultura. Se não tivesse uma base específica das Escrituras, usava o

que ele próprio chamava de “tradições”.

Observemos o versículo 3, como ele continuou a tratar do

problema das mulheres que estavam tirando o véu durante a adoração

pública: “Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem

é Cristo, e o cabeça da mulher é o homem, e o cabeça de Cristo é

Deus. Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta

desonra a sua cabeça; e toda mulher que ora ou profetiza com a

cabeça descoberta desonra a sua cabeça; pois é como se a tivesse

rapada. Se a mulher não cobre a cabeça, deve também cortar o

cabelo; se, porém, é vergonhoso para a mulher ter o cabelo cortado

ou rapado, ela deve cobrir a cabeça. O homem não deve cobrir a

cabeça, visto que ele é imagem e glória de Deus; mas a mulher é

glória do homem. Pois o homem não se originou da mulher, mas a

mulher do homem; além disso, o homem não foi criado por causa da

mulher, mas a mulher por causa do homem. Por essa razão e por

causa dos anjos, a mulher deve ter sobre a cabeça um sinal de

autoridade” (3-10).

O que Paulo quis dizer nesta passagem? Primeiro está claro

que ele dizia que aquelas mulheres estavam erradas por tirarem a

cobertura que usavam sobre a cabeça durante a adoração pública, em

razão do que significava para a cultura de Corinto a mulher usar

cobertura sobre a cabeça. Nesse espírito de ser “tudo para com

todos” (cf. 9:22) e ser flexível para não perder nenhuma

oportunidade de ser uma testemunha, Paulo foi claro ao escrever que

essas mulheres deveriam cobrir suas cabeças. Ele explicou que “se”

era vergonhoso naquela cultura usar cabelo curto ou não usar o véu,

então elas deveriam usar o véu ou cabelo comprido por causa do

testemunho que deveriam dar.

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Para quem tinha sido um rabino judeu, Paulo escreveu algo

maravilhoso. Ele escreveu que quando um homem orasse ou

profetizasse, não deveria ter nada sobre a cabeça. Ainda hoje é

costume entre os judeus ortodoxos o uso do manto “tallith” sobre a

cabeça durante a oração. Neste texto Paulo escreveu que os homens

não deveriam usar nenhum tipo de véu na presença de Deus.

Na verdade Paulo estava escrevendo que o relacionamento do

marido e da mulher é extremamente parecido com o relacionamento

entre Cristo e Deus. É claro que o Deus Pai está sobre o Filho e que

a glória do Pai é a primeira preocupação do Filho. Ainda assim

ouvimos o Filho dizer: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30). Nessas

palavras Jesus estava dizendo que Ele e o Pai trabalham em perfeita

harmonia.

Tanto Paulo como Pedro foram consistentes em usar o

relacionamento entre Cristo e a igreja e a unidade entre Jesus e o Pai

como modelo inspirado da Bíblia para o casamento (Cf. I Pedro 2:25;

3:1,7; Efésios 5:22-27). Paulo não disse nesse texto que o homem é

tudo e a mulher é nada, mas que a mulher e o homem se relacionam

da mesma maneira que Jesus, o Filho, se relaciona com o Deus Pai.

O marido está sobre a mulher, no sentido de ter responsabilidade pelo

lar e a família. Ele tem a autoridade acompanhada da

responsabilidade. Assim como o Pai está sobre o Filho, ainda que o

Filho e o Pai sejam um e vivam em perfeita harmonia um com o

outro e, de certa forma Ele é igual a Deus, da mesma forma, o

homem e sua mulher têm um relacionamento de um estar sob a

autoridade do outro e ao mesmo tempo em absoluta igualdade.

Estude atentamente os 16 primeiros versículos do capítulo 11

de I Coríntios e você descobrirá como eles são profundos. Eles

falam sobre o papel e a função do homem e da mulher tementes a

Deus em um casamento cujo centro é Cristo. Também falam sobre o

mesmo valor que têm o homem e a mulher; tratam de problemas

essencialmente culturais, com aplicação cultural. Esses problemas

culturais e suas aplicações devem ser diferenciados dos ensinos

bíblicos sobre casamento os quais são supra-culturais, ou seja, são

aplicáveis em qualquer cultura. Por exemplo, a figura do

relacionamento do Filho com o Pai e de Cristo com a Igreja como

modelo para o casamento cristão.

Capítulo 2

“Ceia do Senhor ou Ceia de Vocês?”

(I Coríntios 11:17-34)

No versículo 17 do capítulo 11, Paulo começa a abordar outro

problema daquela igreja.

A celebração da Ceia do Senhor na igreja de Corinto era

precedida por um tipo de festa para a qual as pessoas traziam comida

de casa. Alguns membros da igreja eram escravos e muito pobres.

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Esses não podiam levar nada e, enquanto o resto comia, eles

passavam fome. Ao invés de colocar toda a comida sobre uma mesa

e repartir igualmente para todos, eles comiam em pequenos grupos.

Alguns se estufavam com tanta comida, enquanto outros passavam

fome olhando seus irmãos e irmãs comerem. Dá para imaginar essa

cena em uma reunião de cristãos?

Devia também ter muito vinho e quando chegava a hora da

celebração da Ceia do Senhor alguns estavam literalmente bêbados!

Esse foi o problema que Paulo passou a tratar nesta passagem dessa

carta: “Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as

reuniões de vocês mais fazem mal do que bem. Em primeiro lugar,

ouço que, quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre

vocês, e até certo ponto eu o creio” (11: 17-18).

Paulo dá uma explicação maravilhosa de como Deus usa as

divisões entre os crentes: “Pois é necessário que haja divergências

entre vocês, para que sejam conhecidos quais dentre vocês são

aprovados” (11:19). O que podemos dizer de bom sobre as divisões

entre os crentes é que Deus usa as diferenças para revelar aqueles que

têm Sua aprovação.

A seguir Paulo dá uma instrução freqüentemente lida na

celebração da Ceia do Senhor: “Pois recebi do Senhor o que também

lhes entreguei: Que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído,

tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu

corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de

mim’. Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse:

“Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isso sempre que

o beberem, em memória de mim’. Porque, sempre que comerem

deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor

até que ele venha” (23-26).

Nesta passagem, Paulo apresenta uma solução inspirada pelo

Espírito para o terrível problema de profanação da Ceia do Senhor na

igreja de Corinto: “Se alguém estiver com fome, coma em casa, para

que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação”

(34).

Com base neste versículo, muitas igrejas hoje crêem que não

é bíblico ter uma cozinha na igreja ou mesmo oferecer qualquer tipo

de refeição na igreja. Acho uma interpretação muito radical. O

problema não era o fato de que eles estavam comendo na igreja, mas

sim que estavam cometendo o pecado da glutonaria, não repartiam

com os irmãos que não tinham o que comer e se embebedavam. Era

isso que Paulo estava repreendendo nessa passagem. Eu não acho

que Paulo estava proibindo os crentes de terem comunhão na igreja

compartilhando uma refeição. As Escrituras usam o “cear” ou o

fazer uma refeição em conjunto como metáfora de um nível de

comunhão mais profundo (cf. Apocalipse 3:20; Lucas 14:16-24).

A Ceia do Senhor

Qual é o significado da Ceia do Senhor? Depois de mais de

vinte séculos de história da igreja os seguidores de Cristo ainda não

entraram em um acordo a esse respeito. Para alguns, o pão e o vinho

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literalmente se tornam o corpo e o sangue de Cristo. Isso é chamado

de “transubstanciação”. Outros acreditam que o Espírito Santo

apenas está com o pão e o vinho de uma forma muito especial. Isso é

chamado de “consubstanciação”. Outros ainda acreditam que a Ceia

do Senhor é apenas um memorial simbólico do sacrifício do Seu

corpo e sangue, porque Jesus disse “façam isto em memória de mim”.

Estes interpretam que na noite anterior à Sua morte na cruz Jesus

disse: “Essa foi a maneira que escolhi para ser lembrado”.

É interessante que essa figura de Cristo, que Ele próprio

apresentou à Igreja para que fosse observada até que Ele volte, não é

uma figura tão bonita. Na verdade é até mesmo uma figura trágica

do Senhor. É a figura do Cristo crucificado. Mas, é claro, quando

percebemos que ela representa o amor de Deus que trouxe salvação

para o mundo, ela se torna linda! Ao tratar de um problema tão

vergonhoso da igreja de Corinto, Paulo apresentou instruções muito

importantes sobre a Ceia do Senhor.

Capítulo 3

“Olhe Para Cima, Para Dentro e Para o Alto”

(I Coríntios 11:17-34)

As instruções do apóstolo Paulo referentes à celebração da

Ceia do Senhor já foram lidas milhões de vezes nas igrejas. Esse é

um assunto muito importante e por isso gostaria de continuar

comentando-o em mais um capítulo.

O ensino de Paulo continua no versículo 27: “Portanto, todo

aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente

será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor.

Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do

cálice. Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor,

come e bebe para sua própria condenação. Por isso há entre vocês

muitos fracos e doentes, e vários já dormiram. Mas, se nós

tivéssemos o cuidado de examinar a nós mesmos, não receberíamos

juízo. Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo

disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo.

Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer,

esperem uns pelos outros. Se alguém estiver com fome, coma em

casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em

condenação. Quanto ao mais, quando eu for lhes darei instruções”

(27-34).

Paulo dá uma instrução muito valiosa ao tratar da maneira

blasfematória com que a igreja de Corinto lidava com respeito à Ceia

do Senhor. Primeiro, ele deixa bem claro que o propósito desse

sacramento instituído pelo Senhor Jesus Cristo é que nos reunamos

para olhar para o alto. Isso é chamado de “comunhão” por alguns,

porque o propósito é mantermos nossa união com Cristo.

Paulo afirma que participar dessa Mesa “indignamente” é um

pecado muito sério. No versículo 30 ele escreveu: “Por isso há entre

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vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram”. Quando disse

“dormiram” Paulo estava se referindo à morte, ou seja, por isso havia

muitos que eram fracos, doentes e vários que já tinham morrido.

Em primeiro lugar, essa celebração nos faz olhar para o alto,

crendo no que a Ceia do Senhor representa. A Mesa representa o

Evangelho que nos salva e também representa a união que temos

com o Cristo Vivo e Ressurreto. Com o pão e o vinho, que se tornam

parte de cada fibra do nosso corpo através da digestão e depois da

circulação, nós celebramos o milagre de estarmos em união com

Cristo.

Depois, a Ceia do Senhor pede que olhemos para dentro de

nós mesmos: “Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão

e beba do cálice” (28). Isso me faz lembrar de uma grande verdade

que Jesus ensinou: que devemos julgar primeiro a nós mesmos, para

depois julgarmos os outros (Mateus 7:1-5). Esse é um importante

princípio que não podemos esquecer quando abordamos a Ceia do

Senhor.

Portanto, devemos ter dois olhares ao celebrarmos a Ceia do

Senhor. (1) Devemos olhar para a cruz de Jesus Cristo e (2) devemos

olhar para frente, para a volta de Jesus Cristo. A cruz de Cristo é o

tema central das Escrituras. O Velho Testamento enfoca o

significado da cruz através do sacrifício de animais e o Novo

Testamento olha de volta para a cruz.

Lembre-se de que Jesus estava celebrando a Páscoa Judaica

com Seus apóstolos judeus quando transformou aquela forma de

adoração judaica na principal forma de adoração cristã (conclusão

extra-bíblica). Essa é a única instrução que Jesus deu aos Seus

apóstolos de como Sua igreja deveria adorá-lO! A refeição da

Páscoa dos judeus comemora a libertação milagrosa do filhos de

Israel da cruel escravidão no Egito. Naquele dia, eles sacrificaram

um cordeiro e um pouco do seu sangue foi espargido nos batentes das

portas das casas. Quando o anjo do mal, enviado por Jeová, via o

sangue derramado ali, passava direto por aquela casa e não vitimava

o seu primogênito (cf. Êxodo 12:12-13).

Quando Jesus celebrou a Páscoa com os apóstolos, disse que

eles não comeriam aquela refeição novamente até que ela fosse

cumprida (cf.Lucas 22:15,16). Ele estava dizendo que quando

morresse na cruz, seria o cumprimento de tudo que a Páscoa do

Cordeiro representava. Quando celebramos a Ceia do Senhor

olhamos de volta para a cruz, e depois olhamos para frente, pois

Jesus disse: “...sempre que comerem deste pão e beberem deste

cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha.” (26).

Portanto, quando nos reunimos para a Ceia do Senhor, olhamos para

frente, para a esperança da Sua Segunda Vinda (cf. Tito 2:13).

Finalmente, nessa admoestação envolvendo a Comunhão,

Jesus e Paulo ensinaram que devemos olhar ao redor quando

participamos dessa mesa. A comunhão não é apenas vertical, mas

também horizontal. Existem muitas passagens no Novo Testamento

que mencionam este ensino: “Portanto, se você estiver apresentando

sua oferta diante do altar e ali se lembrar de que seu irmão tem algo

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contra você, deixe sua oferta ali, diante do altar, e vá primeiro

reconciliar-se com seu irmão; depois volte e apresente sua oferta”

(Mateus 5:23 e 24). João também foi muito claro e objetivo no final

do capítulo 4 de sua primeira carta, quando disse que se nós dizemos

que amamos a Deus e não amamos nosso irmão, somos mentirosos,

porque o relacionamento vertical com Deus e o relacionamento

horizontal com nosso irmão são inseparáveis.

A Mesa da Comunhão também ensina uma disciplina

espiritual. Paulo disse que devemos esperar até que todos estejam

presentes para depois tomarmos nossa porção. Se as coisas não

estiverem bem na comunhão horizontal com seus irmãos e você sabe

que vai participar da Ceia do Senhor, vá se acertar com seu irmão ou

irmã. Reconcilie a comunhão dos seus relacionamentos horizontais,

porque você sabe que vai celebrar o relacionamento vertical, a sua

comunhão com Cristo.

Resumo

Nessa passagem Paulo instrui como participar da Mesa do

Senhor e manda que ao fazê-lo olhemos para cima, para dentro, para

trás, para frente e depois ao redor, a fim de participarmos da Ceia do

Senhor.

Capítulo 4

“Quanto aos Dons Espirituais”

(I Coríntios 12:1-11)

O capítulo 12 dessa magnífica carta pastoral é uma parte de

suma importância. Os onze primeiros capítulos compreendem a

parte destinada à correção; a partir do capítulo 12 inicia-se a parte

construtiva da carta.

Nos onze primeiros capítulos Paulo apresentou soluções

específicas para problemas específicos, dos quais tomou

conhecimento através da igreja que se reunia na casa de Cloe e de

carta que tinha recebido da igreja. Mas nos capítulos restantes Paulo

apresenta soluções espirituais gerais, capazes de solucionar todos os

problemas da igreja de Corinto e das nossas igrejas hoje.

Os três primeiros capítulos desta nova divisão podem ser

intitulados de “A Função do Espírito Santo”. Neles Paulo ensinou

aos coríntios, a você e a mim como o Espírito Santo quer trabalhar na

igreja.

É impossível não questionar a situação espiritual dos

coríntios. Paulo os chamou de “santos”, mas depois mencionou

todos os problemas que eles tinham; chamou-os de “carnais” e disse

que eles eram bebês espirituais. No capítulo 12, Paulo apresenta o

diagnóstico do estado espiritual dos coríntios: ignorantes espirituais!

Eles não eram ignorantes quanto à existência do Espírito Santo, mas

eram ignorantes em relação à função do Espírito Santo na igreja.

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No capítulo 13 Paulo tratou do que chamou em outras

passagens, de “o fruto do Espírito” (cf. Gálatas 5:22,23). O Espírito

Santo opera duas obras muito importantes na vida dos crentes. Uma

dessas obras ocorre dentro de nós e Jesus a chamou de “novo

nascimento”. Se você fizer uma busca da preposição “sobre” no

Livro de Atos, verá que o Espírito Santo também trabalha sobre nós

para que depois trabalhe através de nós como Seus agentes humanos.

A obra do Espírito Santo sobre nós está associada ao

ministério que exercemos. A evidência ou prova de que o Espírito

Santo está operando em nós é o fruto do Espírito. A prova de que o

Espírito veio sobre nós para nos usar é o que Paulo chama de “os

dons do Espírito”. Os dons do Espírito nos equipam para vários tipos

de ministérios. No capítulo 12 Paulo fala como o Espírito Santo

opera na igreja.

Paulo compartilha a segunda solução espiritual no capítulo

13. Este é o famoso “Capítulo do Amor” da Bíblia. Nele lemos que

o amor é a grande evidência da obra do Espírito em nós. A essência

do capítulo do amor é que a obra do Espírito sobre nós jamais poderá

substituir a dinâmica obra do Espírito em nós. Um princípio

facilmente aplicável é o seguinte: “Não é uma questão de uma coisa

ou outra, mas sim de uma e outra”. Devemos todos orar pedindo a

obra milagrosa do Espírito Santo em nós e sobre nós.

No capítulo 14 Paulo vai ensinar a ordem que deve prevalecer

entre nós quando o Espírito Santo trabalha em e sobre nós. Esses

capítulos maravilhosos nos quais Paulo ensina sobre questões

espirituais são o coração desta carta.

No capítulo 15 Paulo vai apresentar a quarta solução

espiritual ao escrever uma obra-prima sobre a ressurreição, não

apenas a morte e a ressurreição de Jesus, que constituem o Evangelho

que nos salva, mas sobre a nossa própria ressurreição – a ressurreição

nos últimos dias e o poder de ressurreição que opera diariamente em

nós dando-nos vitória sobre o pecado.

No capítulo 16 Paulo apresenta a solução espiritual

conclusiva e dá instrução para uma coleta para os santos sofredores

de Jerusalém. O último capítulo dessa carta é mais do que um pós-

escrito e uma despedida. Deliberadamente Paulo coloca a mordomia

entre os dons espirituais, que são soluções gerais para os problemas

da igreja de Corinto. Encontramos a correção de Paulo quanto à

“carnalidade” daquela igreja nos onze primeiros capítulos dessa carta

e as soluções espirituais gerais para todos os problemas da igreja em

Corinto e também para nossas igrejas hoje, nos capítulos 12 a 16.

Existem duas observações que devem ser feitas nessa segunda

parte da Carta de Paulo aos Coríntios. Paulo escreve que não

devemos ser ignorantes a respeito das funções do Espírito Santo. O

desejo de Paulo, que podemos perceber em toda carta, era que

nenhum crente “fosse ignorante”.

Não podemos deixar de destacar uma segunda observação

feita no final do capítulo 14: “Se alguém pensa que é profeta ou

espiritual, reconheça que o que lhes estou escrevendo é mandamento

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do Senhor. Se ignorar isso, ele mesmo será ignorado” (I Coríntios

14:37,38).

Paulo compartilha verdades espirituais maravilhosas nesses

três capítulos e no final, basicamente, escreve o seguinte: “Se vocês

são realmente espirituais, então reconheçam as verdades escritas

nesses mandamentos do Senhor. Se vocês continuarem ignorantes

depois de eu ter compartilhado essas verdades, será porque

escolheram continuar ignorantes e eu escolho respeitar a escolha de

vocês e deixar que vivam em sua própria ignorância”.

Paulo também escreveu nesses capítulos que contêm soluções

espirituais gerais, que é errado ignorar a função do Espírito Santo.

Se com o estudo desses capítulos você entender como o Espírito

Santo funciona neste mundo e escolher ignorar a obra dEle estará

sendo desobediente e, como crente, pode perder o seu ministério.

Paulo também vai falar que é errado idolatrar certos dons ou

manifestações do Espírito Santo.

Capítulo 5

“Dons e Ministérios”

(I Coríntios 12:1-6)

Os onze primeiros versículos do capítulo 12 levam-nos ao

que considero ser o coração desta carta. Pretendo enfocar cada um

desses versículos. No versículo 3 obviamente o apóstolo Paulo está

tratando da atividade demoníaca associada à adoração de ídolos na

cidade de Corinto. O povo que estava adorando e oferecendo

sacrifícios aos ídolos estava adorando e oferecendo sacrifícios a

demônios (cf. 10:19-21; 12: 2, 3).

Quando o povo adorava ídolos, espíritos do mal o levavam a

amaldiçoar Jesus. Paulo escreveu no versículo 3: “Por isso, eu lhes

afirmo que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: “Jesus seja

amaldiçoado”; e ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor”, a não ser

pelo Espírito Santo”.

A doutrina básica de comunhão nas igrejas do Novo

Testamento pode ser resumida nesta frase: “Jesus é Senhor”. Jesus

disse: “Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher,

seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a

mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua

cruz e não me segue não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:26 e 27).

No contexto dessa passagem Jesus estava dizendo: “Da mesma

forma, quem não desistir de tudo, não pode ser Meu discípulo” (cf.

Lucas 14:25-35).

O que significava tudo isso para aqueles que ouviram essas

palavras de Jesus? Significava estar disposto a morrer por Ele, caso

contrário não poderia ser Seu discípulo. Jesus Cristo tem que ser

mais importante do que qualquer bem ou pessoa em sua vida, caso

contrário, você não pode ser Seu discípulo. Paulo estava ensinando

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essa verdade ao escrever a doutrina básica de comunhão para a igreja

do Novo Testamento.

Como o crente pode ter essa conquista em sua vida? De

acordo com Jesus, para que alguém veja o Reino de Deus e usufrua

um relacionamento com Ele, de acordo com o que Ele é, ou seja,

como seu Rei, precisa nascer de novo. Foi isso que Jesus disse a

Nicodemos (cf. João 3:3,5). Paulo concorda com Jesus ao escrever

que para declararmos com nossa boca e com a nossa vida “Jesus é

Senhor” devemos ter uma experiência com o Espírito Santo, ou seja,

devemos ter nascido de novo.

Com essa introdução, a partir do versículo 4 do capítulo 12 e

nos próximos três capítulos, Paulo expõe seu ensino sobre as funções

do Espírito Santo na igreja. O apóstolo enfatiza dois conceitos nesse

capítulo. De acordo com Paulo, quando o Espírito Santo atua

devidamente em uma igreja, essa igreja tem a marca da diversidade e

da unidade. Observe quantas vezes Paulo repetiu esses dois

conceitos nesse capítulo. Como esses dois princípios antagônicos

coexistem em uma igreja? Com a inspiração do Espírito Santo,

Paulo une esses dois princípios opostos entre si, diversidade e

unidade, quando diz que a igreja funciona como o corpo humano. É

grande a diferença entre o olho e o ouvido, entre a mão e o pé, mas a

diversidade funciona em perfeita união, porque todos os diversos

membros de um corpo estão sob o controle da Cabeça.

Na última metade do século XX houve um reavivamento do

interesse pelo Espírito Santo. Devemos ser cuidadosos na maneira

como rotulamos nossas experiências com o Espírito Santo, para não

criarmos divisão nem confusão. Por exemplo, você já ouviu pessoas

se referindo ao pastor, a outros crentes ou a igrejas como sendo

cheios do Espírito? Isso implica que há crentes, pastores e igrejas

que são cheios do Espírito e outros crentes, pastores e igrejas que não

o são.

Será que é isso que está implícito quando a Bíblia usa a

expressão “cheio do Espírito”? Todos os crentes receberam o

mandamento para serem “cheios do Espírito” (Efésios 5:18). No

original grego fica claro que este é um mandamento e não uma opção

para o discípulo verdadeiro de Jesus Cristo.

O que significa ser cheio do Espírito? No Livro de Atos

lemos que Pedro, “cheio do Espírito”, pregou e milhares se

converteram. Mais adiante lemos novamente que “Pedro, cheio do

Espírito”, fez isso e aquilo outro. E agora? Como estava Pedro entre

um episódio e outro, quando a Bíblia afirmou que Pedro estava

“cheio do Espírito”?

O Espírito Santo não é um líquido. O Espírito Santo é uma

Pessoa. Ou nós temos a Pessoa do Espírito Santo em nossas vidas ou

não temos. A questão não é o quanto do Espírito você tem, mas

quanto de nós o Espírito Santo tem. Quando Ele tem tudo de nós,

então estamos cheios do Espírito.

Um crente cheio do Espírito é um crente controlado pelo

Espírito. Antes de ordenar que fossemos cheios do Espírito, Paulo

escreveu: “Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem,

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

11

mas deixem-se encher pelo Espírito” (Efésios 5:18). Assim como a

pessoa bêbada está sob a influência ou controle do álcool, nós

estamos sob a influência ou controle do Santo Espírito.

Paulo está dizendo, neste capítulo, que quando nós e os

membros da nossa igreja estamos cheios do Espírito, a igreja é

caracterizada por uma diversidade e unidade maravilhosas. Paulo

explicou que “Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o

mesmo” (4). Como os dons espirituais nos equipam para ministérios

espirituais? “Há diferentes tipos de ministérios” (5). Isto significa

que há diferentes maneiras de servir a Deus. Existe diversidade de

dons e por causa dessa diversidade, existe uma diversidade de

ministérios. Em uma igreja controlada pelo Espírito, seus membros

não têm os mesmos dons nem os mesmos ministérios.

No versículo 6 Paulo escreveu: “Há diferentes formas de

atuação, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos”. Os dons

e ministérios do Espírito não são dados conforme nossa vontade, mas

conforme o Espírito quer (cf. 11). Concluímos, então, a partir dos

versículos 4, 5 e 6, que os dons são diversos, os ministérios são

diversos e a maneira como Deus opera através desses dons e

ministérios não é sempre a mesma. Mas Paulo reforça a idéia de que

é o mesmo Espírito quem trabalha e opera em e através desses

diversos dons e ministérios. Essas manifestações do Espírito são

dadas para o proveito de toda igreja.

Capítulo 6

“Os Dons do Espírito Santo”

(I Coríntios 12:7-11)

Essa passagem descreve os diversos dons espirituais da

igreja, que é o corpo de Cristo. No versículo 8 Paulo escreveu: “Pelo

Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria”. Estou convencido de

que, usando a expressão “palavra de sabedoria” Paulo estava se

referindo ao dom de pregação e ensino da Palavra de Deus quando se

sabe aplicar e ilustrar o que a Palavra significa para nós.

Paulo também explica que “pelo único Espírito Deus dá a

outro, dons de curar” (9). Quanto ao dom de cura, não pense apenas

em cura física. Lembre-se de que a dimensão espiritual do ser

humano é muito mais importante do que a física, porque é eterna, e a

dimensão visível e física de um homem ou uma mulher é temporal.

Por isso a cura espiritual ou interior é mais importante do que a

exterior ou física.

No versículo 10 lemos: “a outro, profecia”. O profeta é

aquele através de quem Deus fala. Na minha opinião, quando

pastores-mestres ou evangelistas pregam com a unção do Espírito, o

que sai da boca deles é profecia, porque Deus está falando através

deles.

Paulo continua: “a outro, discernimento de espíritos” (10).

Nos primeiros versículos deste capítulo 12, Paulo destacou que antes

de se converterem a Cristo, os coríntios eram completamente

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

12

controlados por espíritos do mal ligados à adoração a ídolos. Como

podemos saber que estamos sendo controlados pelo Espírito Santo e

não por espíritos do mal? A resposta é que precisamos da Palavra de

Deus e do dom do discernimento no corpo de Cristo.

Ainda no versículo 10 lemos: “a outro, variedade de

línguas”. O que é isso que Paulo escreveu? Sabemos que no dia do

Pentecostes aconteceu um fenômeno miraculoso e as barreiras das

línguas foram quebradas. Quando Pedro pregou seu maravilhoso

sermão e os apóstolos louvaram a Deus, uma só língua foi falada.

Todos entenderam, independentemente da língua nativa de cada um.

Foi um milagre. A mensagem de Pedro e dos apóstolos era para os

ouvidos dos homens. E foi por isso que foi rotulada de “profecia”

pelo profeta Joel e pelo autor do Livro de Atos (Joel 2:28; Atos

2:17,18).

Comentaremos mais sobre “línguas” quando chegarmos no

capítulo 14 desta carta, onde Paulo afirma que aquele que fala em

línguas fala para Deus e não para homens. Paulo explica que os

homens não podem entender porque, o que fala em línguas fala no

seu espírito, fala mistério; não línguas, mas mistérios (14:2). Não foi

isso o que aconteceu no dia do Pentecoste. Lucas, no Livro de Atos,

e Paulo, nesta carta aos coríntios, descreveram dois tipos diferentes

de línguas.

Veja a lista dos dons nos versículos 7 a 10 e procure

familiarizar-se com eles. Olhe os dons espirituais listados no

capitulo 12 de I Coríntios e tente descobrir que tipo de dom o

Espírito Santo lhe deu. Depois procure maneiras de exercitar os dons

que você acha que o Espírito lhe deu.

Paulo conclui seu ensino sobre dons espirituais escrevendo:

“Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único

Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer”

(11). É assim que o Espírito Santo trabalha. Ele dá dons como esses

aos que pertencem ao Corpo, para equipá-los para seus ministérios.

Capítulo 7

“Cinco Impressões Digitais de uma Igreja Saudável”

(I Coríntios 12:4-19)

Depois de falar como os dons espirituais se tornam

ministérios, Paulo dá continuidade a outra parte deste importante

ensino. Ele toma os princípios da diversidade e da unidade que são

opostos entre si e os une ao falar que a igreja funciona como o corpo

humano.

O que é a igreja? Qual é a essência e a função da igreja?

Jesus disse: “... edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não

poderão vencê-la” (Mateus 16:18). Jesus anda no meio das Suas

igrejas (Apocalipse 1:12,13,20). Quais são as evidências de que

nossa igreja faz parte da igreja que o Cristo Vivo e Ressurreto está

construindo e visitando hoje?

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Existem mais de 60 bilhões de impressões digitais neste

mundo e cada uma é distinta da outra. Agências de investigação em

todo o mundo podem identificar você e eu pelas nossas impressões

digitais. Será que a igreja que Cristo está construindo tem

“impressões digitais” que a identificam? Em outras palavras, será

que existem provas suficientes que a igreja que freqüentamos faz

parte da Igreja que Cristo está construindo?

Encontrei, no Novo Testamento, dez “impressões digitais”

que podem identificar essa igreja que Cristo está construindo e

abençoando com Sua divina presença. Elas não apenas identificam a

igreja de Cristo, mas também nos ajudam a monitorar a saúde de uma

igreja.

Essas “impressões digitais” podem ser encontradas em dois

lugares. As cinco primeiras, bem no começo da Igreja, ou no que

chamamos de “A Grande Comissão” que deu origem à Igreja. Jesus

deu um mandamento aos apóstolos: “Portanto, vão e façam

discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do

Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu

lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”

(Mateus 28:19-20).

O Livro de Atos é um registro de como os apóstolos e os

discípulos de Jesus implementaram a Grande Comissão. O objetivo

de pregar o Evangelho é fazer discípulos, batizá-los e ensiná-los. A

Grande Comissão literalmente significa: “Fazer discípulos,

batizando-os e ensinando-os”.

Assim, no dia do Pentecoste, quando três mil judeus se

converteram, os apóstolos sabiam o que fazer com eles. Lemos que

aqueles que se converteram “se dedicavam ao ensino dos apóstolos e

à comunhão, ao partir do pão e às orações” (Atos 2:42). É o início

da Igreja de Jesus Cristo e é aí que encontramos as cinco primeiras

“impressões digitais” de uma igreja sadia.

Na “mão direita”, considere o “polegar” como o evangelismo.

Os apóstolos pregaram o Evangelho e levaram os convertidos para a

Igreja. O “dedo indicador” representa o ensino. Em obediência à

Grande Comissão, os apóstolos ensinaram aqueles que se

converteram no dia do Pentecoste. O “dedo do meio” é a comunhão.

Os discípulos que se converteram pela pregação dos apóstolos não

foram apenas evangelizados. Eles permaneceram no ensino e na

comunhão dos apóstolos. O “dedo anular” é adoração. Eles

expressaram o amor deles pelo Cristo Vivo e Ressurreto através do

partir do pão com os apóstolos. Isso quer dizer que eles celebravam

juntos, a Ceia do Senhor. Rotulei de “dedo mindinho” a impressão

digital da oração, porque os novos discípulos permaneciam em

oração com os apóstolos.

Encontrei mais cinco impressões digitais no capítulo 12 da

Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, as quais creio que são a

declaração mais importante do Novo Testamento sobre a igreja

planejada pelo Cristo Vivo para funcionar no mundo.

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Capítulo 8

“Outras Cinco Impressões Digitais de uma Igreja Saudável”

(I Coríntios 12:12-24)

No último capítulo mencionei que as impressões digitais da

mão direita de uma igreja saudável são: o polegar, o evangelismo; o

dedo indicador o ensino; o dedo do meio a comunhão; o dedo anular

a adoração e dedo mindinho a oração.

Neste capítulo encontramos mais cinco impressões digitais de

uma igreja saudável. De acordo com essa descrição inspirada de

Paulo, de como a igreja funciona, o dedo polegar da mão esquerda é

a unidade. Numa oração de Jesus, Ele pediu cinco vezes pela

unidade da Sua igreja. Por isso só podemos esperar que esta seja

uma marca visível da igreja.

A impressão digital do dedo indicador da mão esquerda é a

diversidade. Paulo estava dizendo basicamente que, se formos

exatamente iguais, um de nós será desnecessário. Paulo usa uma

ilustração chocante na pergunta do versículo 17: “Se todo o corpo

fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido,

onde estaria o olfato?”. Dá para imaginar um corpo feito só de olho

ou só de ouvido? O corpo humano é marcado pela beleza da

diversidade e sem ela o corpo humano seria uma coisa horrorosa.

Unidade sem diversidade é uniformidade. Uma igreja controlada

pelo Espírito tem unidade sem sacrificar a diversidade de dons e

ministérios.

O dedo do meio é a pluralidade: “O corpo não é feito de um

só membro, mas de muitos” (14). Muitas igrejas têm pastores com

dons maravilhosos e isso é muito bom, mas quando a igreja se reúne,

o pastor não deve ser o único a manifestar seus dons. Isso não é

pluralidade. Os líderes sempre são referidos no Novo Testamento no

plural. A igreja não funciona como um corpo deficiente, mas sim

como um corpo saudável, no qual todos os membros funcionam bem.

O corpo de Cristo precisa que todos os membros funcionem como

Deus planejou.

O dedo anular da mão direita seria a compaixão ou o amor de

um para com o outro. Se um membro sofre, todos os outros sofrem

com ele. “Vejam como eles se amam!”. Esse era o comentário que

faziam a respeito da primeira geração da igreja, e que seja isso o que

se diga hoje a respeito da igreja do Cristo Vivo.

A impressão digital do dedo mindinho da mão direita poderia

ser chamada de igualdade. Todos os membros do corpo têm a

mesma importância. Dentro do nosso aparelho auditivo existe um

pequeno osso que controla nosso equilíbrio. Não podemos vê-lo, tão

pouco nos lembramos que ele existe, mas se ele for removido, vamos

direto ao chão. Na igreja existem os pequenos membros, aqueles

membros do corpo que não vemos, mas que têm uma função vital na

vida para o corpo. Todos os membros, os da frente ou os do fundo,

os que todos vêem e os que são anônimos, são iguais em importância

para o funcionamento do corpo de Cristo.

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Unidade, diversidade, pluralidade, compaixão e igualdade –

essas são as cinco impressões mais importantes da igreja, de acordo

com este ensino do apóstolo Paulo, ao descrever a natureza e a

função da verdadeira igreja do Cristo Vivo e Ressurreto.

Problemas na Manutenção da Unidade e da Diversidade

Paulo aborda vários problemas ao escrever sobre a

diversidade e a unidade da igreja. Podemos chamar o primeiro

problema de “discriminação espiritual”. Existiam, na igreja de

Corinto, pessoas com dons do Espírito, como o dom de línguas, por

exemplo. Quando alguém recebia o dom de línguas, achava que era

mais espiritual do que os que não o tinham recebido.

Esse problema de discriminação espiritual existe hoje nas

igrejas. Muitos acham que o dom de línguas é um “dom credencial”.

Aqueles que têm o dom tratam os que não o têm como se não fossem

tão espirituais. Isso é descriminação espiritual. Se eu fosse um

crente novo, ficaria sentido se fosse descriminado por não ter os

mesmos dons que o resto dos membros tem. Paulo tratou da

descriminação espiritual ao escrever: “E se o ouvido disser: ’Porque

não sou olho, não pertenço ao corpo’, nem por isso deixa de fazer

parte do corpo” (16).

O próximo problema enfocado por Paulo pode ser chamado

de “depreciação espiritual”. Muitos crentes são inseguros

espiritualmente e porque não têm os mesmos dons do grupo, logo

começam a depreciar ou subestimar os dons espirituais que Deus lhes

deu.

Por último, outro problema que preocupava Paulo era o

problema da divisão espiritual. A ordem em que as coisas acontecem

é a seguinte: a discriminação espiritual leva à depreciação espiritual e

este problema pode levar à divisão no corpo de Cristo. Se eu for

tratado como membro de segunda categoria na igreja que freqüento,

acabo procurando outra igreja onde não serei tratado dessa maneira.

O problema de divisão existe. Infelizmente, a discriminação

espiritual às vezes se manifesta quando os crentes se reúnem em

grupos, de acordo com os dons que têm, excluindo aqueles que não

receberam o mesmo tipo de dons espirituais que eles.

Em Sua oração pela igreja, Jesus pediu cinco vezes que

sejamos um (cf. João 17). Que trágico pensar que os crentes

permitem que o diabo use a manifestação do Espírito Santo dada por

Cristo para cultivar e manter nossa unidade, para causar divisão e

fraturas nessa unidade pela qual Ele orou.

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Capítulo 9

“O Corpo de Cristo”

(I Coríntios 12:27-31)

Como podemos resumir esse estudo maravilhoso do apóstolo

Paulo agora que estamos quase no fim do capítulo 12?

Primeiramente devemos observar que o apóstolo enfatizou mais de

uma vez que é Deus quem coloca todos no corpo. Não temos os

dons do Espírito que desejamos, mas os que Ele quer que tenhamos.

Paulo escreve: “Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo

mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada

um, como quer... De fato, Deus dispôs cada um dos membros no

corpo, segundo a sua vontade” (12:11,18). Obviamente Paulo estava

se referindo ao corpo de Cristo, a Igreja. Em outras palavras, Deus

une o corpo de Cristo com a diversidade de dons e ministérios, da

maneira que Ele quer; também com a unidade necessária para que

todos trabalhem juntos, sob o controle do Cabeça, que é o Cristo

Vivo e Ressurreto.

Observe que o dom de línguas, que os coríntios

transformaram em um tipo de “dom credencial”, é o último a ser

mencionado em uma ordem de preferência (cf. 12:10). Se fôssemos

tornar algum dom do Espírito em um tipo de credencial, o dom de

línguas seria a última opção.

É evidente que Deus quer que essa diversidade de dons

funcione em unidade no corpo de Cristo. Toda essa gente diferente,

ainda mais diferente devido à diversidade de dons do Espírito que

recebeu, pode exercitar seus dons espirituais e trabalhar juntos de

maneira sobrenatural, porque todos são controlados pelo Cristo Vivo.

Paulo prioriza alguns ministérios e papéis de liderança da

igreja em outra lista. No versículo 28, ele escreveu: “Deus

estabeleceu primeiramente apóstolos”. Alguns dizem que Paulo

estava se referindo aos Doze Apóstolos e ao ministério que eles

tiveram. Outros dizem que a palavra “apóstolo” aqui significa

“missionário” ou “enviado”. Portanto, podemos considerá-lo o dom

dos missionários ou daqueles que plantam igrejas ou iniciam

ministérios e por isso pode ser considerado como um dom apostólico.

Paulo continua: “em segundo lugar, profetas”. Profetas são

aqueles que falam por Deus ou aqueles através de quem Deus fala

durante um ensino ou pregação da Palavra de Deus. Depois, “em

terceiro lugar, mestres”. A Grande Comissão determina que os

novos discípulos sejam ensinados. É por isso que encontramos

pessoas na igreja com o dom de ensino. Depois Paulo lista “os que

realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dom de

prestar ajuda, os que têm dons de administração...”. Esses dons

práticos não tinham sido mencionados antes. Nenhum dom é tão

pastoral como o dom de cura pela fé e o dom da pregação da Palavra.

As igrejas e ministérios precisam desesperadamente de bons

administradores para implementar a Grande Comissão! E aqui

encontramos a citação dos prestadores de ajuda, ou seja, as pessoas

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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que ajudam a fazer as coisas acontecerem! Finalmente, no final da

lista, Paulo menciona “os que falam diversas línguas”.

Paulo faz algumas perguntas ao concluir o capítulo: “São

todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm

todos o dom de realizar milagres? Têm todos os dons de curar?

Falam todos em línguas? Todos interpretam?” (29, 30). A resposta

óbvia é “Não!”. Se dois forem exatamente iguais, um passa a ser

desnecessário. Se algum de nós tivesse todos os dons não

precisaríamos dos outros membros do corpo. Mas da maneira como

Deus organizou, ninguém tem todos os dons. Por esta razão somos

todos necessários e precisamos todos uns dos outros. Louvado seja

Deus que nos fez todos diferentes uns dos outros e todos necessários

ao corpo de Cristo!

Capítulo 10

“A Sinfonia do Amor”

(I Coríntios 13)

O capítulo 13 desta carta é considerado o “Capítulo do Amor”

da Bíblia. Entretanto, devemos observar que apesar disso, o “amor”

não é o assunto principal desta passagem, mas sim os dons

espirituais. Antes de comentarmos versículo por versículo deste

capítulo, veremos o contexto no qual Paulo escreveu essas palavras

inspiradas sobre o amor. Essa declaração sobre amor vem depois de

um ensino sobre os dons espirituais, que terminou com as seguintes

palavras: “Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons.

Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente”

(12:31).

Depois dessa introdução, Paulo escreveu o grande “Capítulo

do Amor da Bíblia”. E a conclusão do capítulo 13 é o primeiro

versículo do capítulo 14: “Sigam o caminho do amor e busquem com

dedicação os dons espirituais, principalmente o dom de profecia”.

No início desse maravilhoso tratado do amor, Paulo admoesta para

que busquemos com dedicação os melhores dons; e no final a

admoestação se repete, “busquem com dedicação os dons

espirituais” (12:31; 14:1).

Neste capítulo Paulo contrasta o amor com os dons

espirituais, que eram supervalorizados pelos crentes de Corinto. Um

joalheiro usa um fundo de veludo preto para exibir seus diamantes.

Da mesma maneira, Paulo traz o assunto do amor em sua

argumentação como um pano de fundo para que tenhamos uma

perspectiva melhor dos dons espirituais. Entendemos assim, porque

no capítulo 12 ele ensina sobre dons espirituais e volta a este assunto

no capítulo 14.

O Capítulo 13 apresenta a evidência dessa grande obra do

Espírito Santo em nós. Este capítulo é como uma “Sinfonia do

Amor” em três movimentos. O primeiro movimento são os três

primeiros versículos, o qual intitulei de “Amor Comparado”.

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Nesses três primeiros versículos o apóstolo Paulo compara o

amor com coisas que eram muito valorizadas pelos coríntios, crentes

dentro de uma cultura grega. Por exemplo, como crentes, eles

valorizavam o dom de línguas e como gregos valorizavam a

eloqüência, o saber falar bem. Por isso Paulo começa dizendo:

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver

amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine”

(13:1). Em outras palavras, eu não vou passar de uma barulheira se

falar em línguas muito bem, mas sem amor.

Paulo então compara o amor ao dom da profecia, sabedoria

de mistérios, conhecimento e fé suficiente para mover montanhas.

Ele afirma que todas essas coisas, sem amor, é nada. E continua

escrevendo que mesmo que ele dê todo o seu dinheiro aos pobres e o

seu corpo para ser queimado como mártir, mas não tiver amor, “nada

disso valerá” (3). Ao comparar o amor a essas coisas que os crentes

de Corinto valorizavam tanto, Paulo estava declarando: “Não há nada

que eu faça, que eu tenha, ou que eu seja, que substitua a importância

do amor na minha vida”.

O segundo movimento dessa sinfonia intitula-se “Conjunto

do Amor” (4-7). A respeito desses versículos, o autor Henry

Drummond escreveu: “O conceito do amor passa pelo prisma do

intelecto de Paulo, inspirado pelo Espírito Santo e se expressa do

outro lado como um conjunto de virtudes”. Ele chamou esse

segundo movimento de “Amor Analisado”.

Existem na Bíblia diferentes palavras em grego para a palavra

“amor”. “Eros” refere-se ao amor erótico. “Phileo” representa um

tipo de amor entre irmãos. Mas nesses quatro versículos é o conceito

de amor representado pela palavra grega “ágape” que passa pelo

prisma do intelecto de Paulo, inspirado pelo Espírito Santo. Esse

amor ágape, amor altruísta, só pode ser compreendido através de um

conjunto de virtudes. Paulo apresenta quinze virtudes nos versículo

4 a 7 e mostra que se você tiver esse amor, terá também essas

atitudes.

O terceiro movimento dessa sinfonia do amor está nos

versículos 8 a 13. Chamo esse movimento de “Amor

Recomendado”. No último movimento dessa magnífica sinfonia do

amor, Paulo mostra por que o amor é incomparável e por que cada

uma das qualidades com as quais ele comparou o amor no primeiro

movimento não o podem substituir. Esse último movimento se

encerra com estas palavras: “Assim, permanecem agora estes três: a

fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor” (13). Ao

contrastar e recomendar o amor nesse terceiro movimento, Paulo

mostra por que o amor é a coisa mais importante do mundo.

Por que a fé, a esperança e o amor são os três valores eternos?

Fé é um valor eterno porque, de acordo com a Bíblia, sem fé não

podemos chegar a Deus nem agradá-lO (Hebreus 11:6). E a

esperança? Esperança é a convicção no coração do ser humano, de

que existe algo de bom para acontecer em sua vida. No Livro de

Hebreus também lemos: “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

19

prova das coisas que não vemos” (Hebreus 11:1). Em outras

palavras, a fé dá substância à nossa esperança. A esperança é

importante porque nos leva à fé. E a fé é importante porque nos leva

a Deus.

Aqui, Paulo está dizendo que o amor é maior do que a

esperança e do que a fé, porque o amor não é algo que nos leva a

Deus. Esse Amor Ágape descrito por Paulo é o próprio Deus (I João

4:8,16). Quando descobrimos esse amor ágape, descobrimos Deus;

descobrimos a divina presença de Deus, porque esse amor é a

essência do Seu ser. É por isso que Paulo conclui que esse amor é o

que existe de mais importante no mundo.

Não é de se maravilhar que Paulo tenha iniciado esse capítulo

escrevendo: “Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais

excelente”. Segundo Paulo, esse amor é incomparável e é a coisa

mais importante do mundo. Podemos entender porque, depois de

falar sobre o amor ágape, ele escreveu: “Sigam o caminho do amor e

busquem com dedicação os dons espirituais” (14:1). Os dons

espirituais são importantes. Deseje-os. Mas faça do amor o seu

maior objetivo, por que Deus é amor.

Capítulo 11

“Um Conjunto de Virtudes”

(I Coríntios 13:4-7)

No coração do capítulo 13 de Primeira Coríntios devemos

examinar o “conjunto de virtudes”, que é a essência do amor, a

essência de Deus. Paulo não poderia definir o amor, assim como não

poderia definir Deus. Mas aqui e em outros dos seus escritos, o

apóstolo afirma que se o Espírito Santo de Deus vive em nossos

corações, essas quinze virtudes são a evidência desse milagre (cf.

Gálatas 5:22,23). Isso quer dizer que nesses versículos, o amor não é

apenas analisado. Se quisermos conhecer mais sobre quem e o que

Deus é, devemos examinar essas virtudes separadamente, porque elas

não apenas analisam o amor, mas são uma análise da essência de

Deus.

Primeiro Paulo afirma que o “amor é paciente”. No original,

ao invés de “paciente” temos a palavra grega que indica que o amor é

misericordioso, incondicional, que ele não se vinga, mesmo quando

tem o direito e a oportunidade de fazê-lo.

A seguir lemos que “o amor é bondoso”. Essa palavra em

grego significa “o amor é fácil de se conviver”, ou seja, o amor é

doce, é bom, faz o que é bom. Todos esses conceitos estão contidos

na palavra grega que foi traduzida por “bondoso”.

Paulo continua dizendo que o amor “não tem inveja”. As

palavras de Paulo sugerem um compromisso altruísta com o bem

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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estar do outro. Um altruísmo santificado; um compromisso

deliberado e altruísta com o bem estar daquele a quem se ama.

A próxima qualidade é: o amor “não se vangloria”. Quer

dizer, a pessoa com essa qualidade não precisa impressionar

ninguém.

A seguir lemos: o amor “não se orgulha”. O amor não é

arrogante ou, em outras palavras, é humilde.

Continuando, lemos: “Não maltrata”. O amor tem boas

maneiras, tem um comportamento cortês e educado porque está

voltado para o bem-estar do outro. E depois, “não se ira facilmente”,

não fica irritado por qualquer coisa. Entre essas duas qualidades

Paulo acrescenta que o amor “não procura os seus interesses”. Se

você tem essa qualidade do amor, jamais será egocêntrico, porque o

amor não busca as coisas sempre do seu jeito.

“Não guarda rancor”, o amor não fica com uma lista dos

erros da pessoa que ama. A pessoa que ama com o amor ágape não

tem o que se pode chamar de “memória muito santificada”, que

guarda uma lista de todos os erros da pessoa que ama.

“O amor não se alegra com a injustiça”, significa que o amor

não fica feliz com os erros ou falhas dos outros. “... mas se alegra

com a verdade”, o que significa alegrar-se quando a verdade

prevalece na vida daquele que você ama.

“Tudo sofre”, essa frase, no original grego, sugere que com

esse amor, você quer que a pessoa amada prospere espiritualmente e

quando ela erra, você não fica falando para todo mundo. E quando a

pessoa conta os erros dela, você sabe manter o sigilo.

“Tudo crê” significa acreditar no melhor da pessoa amada.

Esse amor tem fé para ver e crer no potencial da pessoa amada.

“Tudo espera” significa que o amor espera com alegria pelo

cumprimento do que vê e crê a respeito da pessoa amada.

“Tudo suporta” significa que o amor persevera enquanto

espera o cumprimento do que crê e acredita que verá na vida da

pessoa que é objeto do seu amor.

Depois de apresentar essas quinze virtudes, Paulo escreve: “O

amor nunca perece” (8). O original grego sugere que aquele que

ama tem confiança para esperar, crer e suportar, porque sabe que esse

amor não vem dele. Esse amor vem de Deus e esse conjunto de

virtudes é uma expressão do milagre de Deus existindo no homem e

expressando-se através dele. Como Deus é amor e essas virtudes

revelam o amor que Deus, esse amor jamais perecerá, porque Deus

jamais vai perecer. Nós falhamos em não acessarmos nem nos

apropriarmos de Deus; falhamos em não amar. Mas esse amor que

Deus tem por nós e através de nós jamais perece.

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Capítulo 12

“Amor Excêntrico”

(I Coríntios 13:4-7)

O Capítulo do Amor da Bíblia afirma que o amor é

incomparável, porque Deus é amor. O amor definido e recomendado

neste capítulo é o próprio Deus, porque esse amor é Deus, é

incomparável e insubstituível. Essas quinze virtudes não

compreendem toda a lista de virtudes do amor ágape. Elas são

apenas alguns exemplos que caracterizam a pessoa cheia do Espírito

d’Aquele que na Sua essência é Amor.

Ao examinar as quinze virtudes que definem e expressam o

amor que é Deus, podemos afirmar que o amor é “excêntrico” porque

ele é “descêntrico”. Os coríntios acusaram o apóstolo Paulo de ser

“excêntrico” ou de estar “fora do seu centro”. Todos nós temos um

centro ao redor do qual nossas vidas giram. Para muitas pessoas,

esse centro é o próprio “eu” ou o interesse próprio. Os coríntios

viram que o centro da vida de Paulo era diferente do centro da vida

deles e Paulo concordou com eles (cf. II Coríntios 5:13).

Engenheiros espaciais cunharam a palavra “descêntrico”, que

define o fato de um satélite estar em uma órbita irregular e

disfuncional, ou seja, um satélite cujo centro de sua órbita foi

trocado.

A palavra “descêntrico” descreve o que têm em comum as

quinze virtudes que expressam o amor ágape. Se o Espírito Santo

habita em você e assim você tem esse amor em sua vida,

conseqüentemente você passa a ser “excêntrico”, porque se tornou

“descêntrico”. As pessoas do mundo vão considerá-lo excêntrico

devido a esse centro de vida diferente; você será descêntrico porque

o centro da sua vida mudou quando o Cristo Vivo e Ressurreto

estabeleceu residência em seu coração.

Outra observação sobre esse conjunto de virtudes é que elas

se manifestam exteriormente porque foram antes vividas

interiormente. Elas são uma expressão exterior de uma realidade

interior. Por exemplo, poderíamos dizer que esse amor é

exteriormente indestrutível, porque interiormente é incondicional.

Quando você ama alguém com o amor ágape, pela graça de Deus,

você pode dizer: “Meu amor por você não depende do que você faz

ou deixa de fazer. Meu amor por você é incondicional. Nada que

você diga ou faça me fará deixar de amar você. Esse amor é forte.

Esse amor agüenta qualquer coisa que você disser ou fizer, porque eu

o amo com o amor de Deus”.

Aquilo que as pessoas consideram amor é condicional,

porque o amor humano geralmente se baseia no que a pessoa amada

faz. Muitas vezes as crianças são amadas condicionalmente. Os pais

chegam a dizer explicita ou sutilmente: “Se você tirar boas notas e

não nos causar problemas, então nós o amaremos”. Isso deixa a

criança insegura, porque mesmo que durante uma semana ela se

comporte bem, como ter certeza de que na próxima, conseguirá o

mesmo comportamento?

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Se uma mulher acredita que é amada pelo seu marido apenas

porque é boa parceira sexual, ela poderá alimentar dentro de si o

pensamento: “E se eu ficar doente ou engravidar? E se eu não puder

mais ter o mesmo desempenho na cama, será que ele vai me amar

mesmo assim?”.

Se um homem acredita que é amado pela sua esposa

simplesmente porque é um bom provedor para a família, poderá

também alimentar dentro de si o pensamento: “E se eu perder meu

emprego? E se eu ficar doente e não puder mais prover o necessário

para minha família, será que ela vai me amar mesmo assim?”.

Finalmente, esse amor jamais se manifestará exteriormente se

interiormente não ocorrer um milagre espiritual. Você não pode

amar ninguém com suas próprias forças. Nós temos a capacidade de

expressar esse amor apenas porque Deus é a fonte miraculosa desse

amor interior.

Capítulo 13

“A Solução que Jamais Falha”

(I Coríntios 13)

Ao ler a Primeira Carta de Paulo aos Coríntios procure

observar que o Capítulo do Amor pode ser uma solução espiritual

geral para todos os problemas tratados até agora. Por exemplo, o

primeiro problema tratado foi a divisão na igreja. Qual era realmente

o centro dessa questão? Orgulho, arrogância, egocentrismo e

egoísmo. Mesmo tendo apresentado uma solução específica nos

quatro primeiros capítulos dessa carta, ao ensinar que o amor é

humilde e voltado para os interesses do outro, Paulo apresentou uma

solução geral para o problema de divisão na igreja.

No capítulo 5 Paulo tratou do problema de um irmão que

estava tendo um caso com sua madrasta. Observe que o coração da

solução apresentada por Paulo para esse problema foi o amor por

Cristo, amor pela Sua Igreja e amor pelo irmão caído. Toda

disciplina na igreja, ensinada nas Escrituras é baseada no princípio

do amor, da reconciliação e da restauração do irmão.

No capítulo 6, o problema dos coríntios era que um estava

processando o outro na justiça comum da cidade e Paulo, no coração

da solução específica para esse problema, perguntou: “Por que vocês

não aceitam ser a parte lesada? Por que não ser a parte que leva

prejuízo, a fim de que se preserve o testemunho da igreja na cidade

de Corinto?” (cf. 7). Como podemos perceber, o amor não busca

levar vantagem em tudo nem procura os seus próprios interesses.

Portanto, o amor ágape seria a solução geral que resolveria o

problema dos processos judiciais entre os irmãos de Corinto.

Certamente o espírito do ensino específico sobre casamento

no capítulo 7 é o amor ágape. Qual é a causa principal da maioria

dos problemas nos casamento dos crentes? O egoísmo. Qual é a

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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solução geral para o egoísmo? O amor ágape, apresentado com

clareza no capítulo 13.

Ao tratar da questão da carne oferecida aos ídolos, Paulo

escreveu: “O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica” (8:1).

A solução específica apresentada por Paulo não determinava se era

certo ou errado comer carne, mas quanto era amado o irmão mais

fraco, que achava errado comer daquela carne. Jesus amou esse

irmão mais fraco o suficiente para morrer por ele. Você o ama o

suficiente para abrir mão de um prato de carne?

Nos capítulos que tratam dos dons e ministérios do Espírito

na igreja, o princípio do amor foi enfatizado novamente quando

Paulo apresentou as soluções específicas no capítulo 12. Os dons e

ministérios espirituais não são para edificar você mesmo, mas para

edificar o irmão. Eles foram dados para todos os membros do corpo.

No capítulo 14 o conceito de que você deve edificar os outros

membros do corpo é mencionado mais de quarenta vezes. Esse

capítulo é todo voltado para o amor que serve e que se centraliza no

outro.

Mesmo na aplicação da Ressurreição, no capítulo 15,

encontramos o amor. Quando você compreende o Evangelho da

morte e da ressurreição de Jesus Cristo que lhe salvou, a aplicação é

que você deve ser sempre abundante na obra do Senhor, para que

outros experimentem essa salvação. E o amor, obviamente, é o

espírito da coleta para os santos em sofrimento de Jerusalém, no

capítulo 16. Isso também é um exemplo muito bonito de solução

geral encontrada no amor ágape, no capítulo 13.

Do começo ao fim da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios,

encontramos soluções específicas para problemas específicos.

Quando Paulo encerra suas admoestações específicas para as

carnalidades da igreja de Corinto, ele inicia o capítulo 12 escrevendo:

“Irmãos, quanto aos dons espirituais, não quero que vocês sejam

ignorantes”. Com essas palavras ele começou a apresentar soluções

gerais para os problemas da igreja. Junto com a obra do Espírito

Santo, o amor ágape é o primeiro na ordem que resulta em edificação

de toda igreja, em ressurreição, em mordomia, e a solução geral para

todos os problemas da igreja de Corinto. Portanto, esse Capítulo do

amor é o coração desta carta de Paulo aos Coríntios, e a solução geral

para todos os problemas da igreja de Corinto encontra-se neste

capítulo maravilhoso.

Capítulo 14

“A Edificação da Igreja”

(I Coríntios 14:1-5)

No capítulo 14 Paulo trata novamente da questão do dom de

línguas. Ao estudar este assunto no Livro de Atos ou nesta carta de

Paulo, chegamos à conclusão que descrevi quando comentei a

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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maneira como Paulo mencionou o dom de línguas no capítulo 12

desta carta. As línguas faladas no Pentecoste não são as mesmas às

quais Paulo se refere nesta carta aos Coríntios. As línguas faladas no

Dia do Pentecoste são chamadas de profecia, porque um profeta é

aquele que fala por Deus para os homens e aquelas línguas foram

dirigidas aos ouvidos dos homens (cf. Joel 2:28; Atos 2:17,18).

Neste capítulo Paulo inicia o ensino sobre o dom de línguas

afirmando que aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas

a Deus. As línguas, mencionadas dezessete vezes neste capítulo, são

dirigidas aos ouvidos de Deus e não aos ouvidos dos homens. “Pois

quem fala em uma língua não fala aos homens, mas a Deus. De fato,

ninguém o entende; em espírito fala mistérios” (2).

As Escrituras afirmam que Deus nos deu a música para nos

apresentarmos diante d’Ele em adoração, expressando o

inexprimível. É por isso que o povo de Deus tem sido sempre muito

musical. Davi nos exortou a nos apresentarmos diante de Deus com

cânticos (cf. Salmo 100:2). Davi coordenava quatrocentos sacerdotes

que não faziam outra coisa senão louvar a Deus com instrumentos

para adoração, que ele próprio tinha confeccionado (I Crônicas 23:5).

Pela maneira como o capítulo 12 acaba, fica evidente que

nem todo mundo tem o dom de línguas nem deve esperar ter. Esse

dom não deve ser considerado como um dom credencial, ou seja, um

dom que atesta que a pessoa é realmente espiritual. Se algum dom da

lista que Paulo apresentou pudesse ser considerado como um dom

credencial, este seria o de profecia. Depois de dizer que aquele que

fala em línguas fala com Deus, Paulo escreveu: “Mas quem profetiza

o faz para edificação, encorajamento e consolação dos homens”

(14:3). Um profeta é aquele através de quem Deus fala Sua Palavra

para Seu povo visando à edificação. Como o objetivo de todos os

dons é a edificação da igreja (cf. 14:26), aquele que tem o dom

de profecia é maior do que aquele que fala em línguas.

Paulo afirma claramente no versículo 4, que aquele que fala

em línguas estranhas edifica apenas a si mesmo, mas a pessoa que

profetiza, aquela através de quem Deus fala Sua Palavra, edifica a

igreja. Foi por isso que Paulo escreveu: “Gostaria que todos vocês

falassem em línguas, mas prefiro que profetizem. Quem profetiza é

maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que as interprete,

para que a igreja seja edificada” (5).

Mais uma vez observe a ênfase dada ao propósito de todos os

dons espirituais, qual seja, a edificação da igreja. Portanto, de acordo

com o ensino inspirado de Paulo, se houver manifestação de línguas

na igreja, deve haver também um intérprete. Tudo o que acontece

em uma assembléia deve edificar toda a assembléia.

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Capítulo 15

“Com Decência e Ordem”

(I Coríntios 14:6-22)

O apóstolo Paulo foi enfático ao encorajar o exercício do dom

de línguas durante as reuniões da igreja. Entretanto, lançou algumas

regras para o exercício desse dom: não deve haver mais de duas ou

três ocorrências em uma reunião; deve ocorrer uma de cada vez e

deve haver sempre interpretação. A interpretação é ordenada para

que todos sejam edificados. As línguas sem interpretação edificam

apenas ao que as fala e isso é inaceitável para o apóstolo.

No versículo 6 ele escreveu: “Agora, irmãos, se eu for visitá-

los e falar em línguas, em que lhes serei útil, a não ser que lhes leve

alguma revelação, ou conhecimento, ou profecia, ou doutrina?”.

Em outras palavras, deve haver proclamação, pregação ou ensino da

Palavra de Deus para que, através de mim, você seja edificado.

No versículo 9 ele conclui: “Assim acontece com vocês. Se

não proferirem palavras compreensíveis com a língua, como alguém

saberá o que está sendo dito? Vocês estarão simplesmente falando

ao ar”. Em outra passagem, na tradução revista e atualizada de João

Ferreira de Almeida lemos: “Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos

de muita ousadia no falar” (II Coríntios 3:12). Ou seja, devemos ser

explícitos, claros na pregação e fáceis de sermos entendidos!

Com relação ao dom de línguas, Paulo continuou: “Sem

dúvida, há diversos idiomas no mundo; todavia, nenhum deles é sem

sentido. Portanto, se eu não entender o significado do que alguém

está falando, serei estrangeiro para quem fala, e ele, estrangeiro

para mim” (10, 11). Se a língua não é inteligível, como pode haver

edificação? “Assim acontece com vocês. Visto que estão ansiosos

por terem dons espirituais, procurem crescer naqueles que trazem a

edificação para a igreja. Por isso, quem fala em uma língua, ore

para que a possa interpretar. Pois, se oro em uma língua, meu

espírito ora, mas a minha mente fica infrutífera. Então, que farei?

Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento;

cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento”

(12-15).

Paulo ensinou que, mesmo que você esteja orando sozinho no

seu quarto e experimentar esse fenômeno, deve orar pedindo a

interpretação para que seja ainda mais edificado. Mas aí ele volta a

falar sobre o dom de línguas na assembléia: “Dou graças a Deus por

falar em línguas mais do que todos vocês. Todavia, na igreja prefiro

falar cinco palavras compreensíveis para instruir os outros a falar

dez mil palavras em uma língua” (18 e 19).

O que ele continuou a enfatizar foi que, no meio da

assembléia, toda a igreja deve ser edificada com tudo o que acontece

quando a igreja se reúne. Depois ele resume tudo dizendo: “Irmãos,

deixem de pensar como crianças. Com respeito ao mal, sejam

crianças; mas, quanto ao modo de pensar, sejam adultos” (20). Em

outras palavras, cresçam! Isso quer dizer que é melhor ter a

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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inocência e a pureza de uma criança do que ser cínico. Mas,

principalmente o que ele quis dizer foi: cresça no seu entendimento.

No capítulo 3 Paulo chamou os coríntios de “bebês” (cf. 3:1).

No terceiro movimento dessa sinfonia do amor, no capítulo 13, ele

ensinou que devemos colocar de lado nossas atitudes infantis. Agora

aqui, pela terceira vez ele diz aos coríntios que eles eram crianças,

espiritual e intelectualmente falando.

A Mulher Falando na Igreja

Nos últimos versículos deste capítulo encontramos uma

passagem controversa que proíbe as mulheres de falarem na igreja.

Paulo chega ao ponto de dizer que é uma vergonha para a mulher

falar na igreja. Um pouco de conhecimento cultural vai nos ajudar a

compreender esses versículos.

Os estudiosos acreditam que na igreja reunida nos lares de

Corinto, o costume mandava que as mulheres e os homens sentassem

em lados opostos da sala. Como o nível educacional das mulheres

era baixo naquela cultura, temos a impressão que elas não

compreendiam o ensino e se envolviam em conversas entre si. Além

disso também ficavam perguntando ao marido o significado do que

era ensinado, causando muita distração, pois chamavam seus maridos

do outro lado da sala. Isso explica por que elas deveriam esperar até

que chegassem em casa para fazer perguntas a seus maridos.

No capítulo 11 Paulo deu instruções sobre as mulheres

orarem e profetizarem na igreja. Isso quer dizer que ele não proibiu

que as mulheres falassem na igreja. O que era vergonhoso para as

mulheres eram os falatórios e as perguntas aos maridos, feitas de um

lado para o outro do recinto.

Capítulo 16

“Tudo Seja Feito Para a Edificação da Igreja”

(I Coríntios 14:26-36)

Nestes próximos onze versículos Paulo faz um resumo do

ensino do capítulo 14. Apesar de ter tratado da questão do dom de

línguas e, como já comentamos, ter mencionado “línguas” dezessete

vezes, o verdadeiro tema deste capítulo é mencionado mais de

quarenta e cinco vezes. O verdadeiro tema é: quando a igreja se

reúne, tudo deve ser feito para edificação de toda igreja.

O resumo do seu ensino também é uma instrução de como os

crentes devem adorar quando a igreja está reunida. Se onde você

vive, existem muitas igrejas, experimente durante três meses visitar

uma igreja diferente a cada domingo. Você vai ficar impressionado

com as diferentes formas de adoração. Vamos supor que você

abrisse o Novo Testamento com a pergunta: de todas as igrejas

visitadas, qual dentre elas é a correta na maneira de adorar a Deus e a

Cristo? Você ia acabar descobrindo que a única instrução de Jesus

para a Igreja sobre formas de adoração é a chamada “Ceia do

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Senhor” ou “Santa Ceia”. A passagem citada no início desse capítulo

do nosso estudo é a instrução mais completa do Novo Testamento

referente à adoração na igreja.

Observe alguns dos princípios que Paulo apresentou nos

versículo 26 a 36 deste capítulo 14 de I Coríntios. Em primeiro

lugar, todos os presentes deveriam ser participantes. Quando nos

reunimos, cada um de nós deve ter algo para compartilhar: um salmo,

um ensino, uma revelação, uma língua ou uma interpretação (cf. 26).

A seguir ele escreve que os profetas, os quais, acredito, sejam

os pregadores e mestres da Palavra, não devem ser apenas um, mas

dois ou três (cf. 29). Como esses dois ou três profetas são os que

pregam a Palavra, se alguma coisa for revelada por alguém mais, o

que estiver falando deve silenciar e deixar que os outros falem (cf.

30). A idéia é que, se todo mundo tiver alguma coisa para

compartilhar e tiver uma oportunidade para fazê-lo, na sua vez, todos

serão instruídos, consolados, exortados e edificados.

Paulo descreve algo parecido com o que é considerado o

método mais eficiente de ensino hoje em dia nos seminários e muito

utilizados nas faculdades. Nos seminários, o professor é uma fonte

para consulta e cada aluno tem a sua vez para apresentar e

argumentar o seu tema diante da classe. Esse método é considerado

a maneira mais eficiente de aprendizado por envolver discussão e

interação. Foi essencialmente isso que Paulo escreveu nesses onze

versículos há mais de dois mil anos.

Como são as reuniões das igrejas hoje? Será que as pessoas

têm algo para compartilhar? Se você freqüenta uma igreja onde

esses princípios são aplicados, talvez um grupo pequeno, então todos

os dias da semana você deverá estar buscando na Palavra, um Salmo,

um ensino, algo que o Senhor lhe revelou pessoalmente, sabendo que

quando o corpo se reunir, terá oportunidade para compartilhar. Se

nunca lhe for dada oportunidade, jamais você buscará algo para

compartilhar. Para que essa ordem de adoração funcione, todos

devem trazer alguma coisa e cada um deve ter a oportunidade para

compartilhar o que trouxe. Na igreja onde essa ordem de adoração

funciona, as pessoas têm oportunidade para exercitar seus dons,

crescendo e amadurecendo. No Livro aos Hebreus encontramos uma

instrução para adoração semelhante (cf. 10:21-25).

As duas passagens possuem o mesmo princípio de adoração.

Esse princípio é que quando nos reunimos com outros crentes, nosso

objetivo deve ser buscar edificar e abençoar uns aos outros.

Posso fazer um pergunta particular? Por que você vai à

igreja? Muitos crentes freqüentam a igreja pensando no que vão

ganhar com isso. Observe que essas duas passagens instruem os

crentes a receber do Senhor antes de se reunirem. Quando eles se

tornam parte da experiência de adoração, o objetivo passa a ser o que

lemos nesta passagem: “E consideremos uns aos outros para nos

incentivarmos ao amor e às boas obras” (Hebreus 10:24).

Mesmo que para muitos, o capítulo 14 de Primeira Coríntios

seja “O Capítulo do Dom de Línguas do Novo Testamento”,

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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devemos saber que sua verdadeira ênfase está nestas palavras de

Paulo: “Tudo seja feito para a edificação da igreja” (14:26).

Capítulo 17

“O Que É o Evangelho?”

(I Coríntios 15:1-4)

Vamos imaginar que eu lhe dê um pedaço de papel e uma

caneta e peça que você escreva sua resposta para a pergunta “O que é

o Evangelho?”. Imagine que sua resposta deva ser acompanhada de

algumas referências a textos bíblicos. Qual seria sua resposta?

Jesus comissionou Seus apóstolos e discípulos para

proclamarem o Seu Evangelho a toda criatura de todas as nações da

terra (cf. Marcos 16:15). Se levarmos a sério a Grande Comissão,

devemos começar conhecendo precisamente o que é o Evangelho.

De acordo com o apóstolo Paulo, o Evangelho consiste em

dois fatos sobre Jesus Cristo. Paulo escreveu: “Irmãos, quero

lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e

no qual estão firmes (...) Pois o que primeiramente lhes transmiti foi

o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as

Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as

Escrituras” (I Coríntios 15:1,3,4). Esta é a resposta certa para a

pergunta “O que é o Evangelho?”. O apóstolo iniciou essa carta

dizendo que quando ele foi a Corinto estava determinado a não saber

nada entre eles a não ser Jesus Cristo e Este crucificado (cf. 2:1,2).

Ele conclui a carta lembrando os coríntios de que tinha pregado o

Cristo crucificado e ressurreto.

Você já percebeu que para os autores dos quatro Evangelhos

a Celebração da Ressurreição é muito mais importante do que a

Celebração do Natal? Quando o apóstolo João escreveu seu

Evangelho, dedicou aproximadamente metade dos vinte e um

capítulos aos 33 anos que Jesus viveu na terra, e a outra metade à Sua

última semana de vida aqui. Dos 89 capítulos dos quatro

Evangelhos, quatro capítulos cobrem o nascimento e os trinta

primeiros anos da vida de Jesus na terra, e vinte e sete capítulos,

cobrem a última semana dEle na terra. Por que a última semana de

vida de Jesus é tão importante e por que a Páscoa é tão mais

importante do que o Natal para aqueles que escreveram as biografias

inspiradas de Jesus?

A resposta óbvia a essas perguntas é que durante esta única

semana, Jesus morreu e ressuscitou dos mortos para nossa salvação.

Outra resposta que não é tão óbvia é que durante essa semana Jesus

Cristo demonstrou vida eterna, que é a estrutura ou a perspectiva

através da qual aqueles que crêem no Evangelho devem viver, morrer

e estabelecer suas prioridades de vida neste mundo.

No capítulo 15 de Primeira Coríntios, depois de afirmar

claramente que o Evangelho é a morte e a ressurreição de Jesus

Cristo, Paulo enfoca, como com um raio laser, o segundo fato do

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Evangelho, a ressurreição de Jesus Cristo. Ele escreveu 58

versículos que mostram de maneira prática e devocional, qual deve

ser o significado da ressurreição de Jesus Cristo para você e para

mim. Neste importante capítulo do Novo Testamento, o apóstolo

Paulo retira o véu da sepultura e mostra que existe vida após a morte,

vida depois da sepultura.

Todos os domingos, seguidores de Jesus Cristo se reúnem

para adorá-lO, celebrando o segundo fato do Evangelho: Jesus Cristo

ressuscitou dos mortos. Você nunca se perguntou por que os

apóstolos, que eram todos judeus, mudaram o dia de adoração de

sábado para domingo, o primeiro dia da semana? Se você ler

atentamente, observará que eles nunca chamaram o domingo de

“Sabath”. O primeiro dia da semana foi chamado pelos apóstolos “O

Dia do Senhor”, porque foi neste dia que Jesus ressuscitou dos

mortos. Todos os domingos a Igreja se reúne para adoração,

celebrando a ressurreição de Jesus Cristo, porque no primeiro dia da

semana Jesus declarou e demonstrou o valor eterno e absoluto da

ressurreição e da vida eterna.

Na obra-prima da ressurreição escrita por Paulo, a força

propulsora da sua mensagem é que a ressurreição de Jesus Cristo é a

profecia, a prova, o protótipo e uma pré-estréia do milagre tremendo

que acontecerá na Segunda Vinda de Jesus Cristo, a ressurreição de

todos os crentes, tantos dos vivos como dos mortos. De acordo com

Paulo, esse grande milagre está provado, previsto e proclamado na

ressurreição de Jesus Cristo.

Jesus Cristo morreu e ressuscitou dos mortos para nos salvar.

As Boas Novas (Evangelho) são que quando Jesus morreu na cruz,

Deus colocou sobre Seu Filho amado todo o castigo que nós, seres

humanos rebeldes, merecíamos pelos nossos pecados. Dessa

maneira, Deus exerceu e satisfez Sua justiça perfeita. Com a morte

de Jesus na cruz Deus também expressou o Seu Amor Perfeito. João,

o apóstolo amado, apontou para a cruz e escreveu que Jesus “... é a

propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas

também pelos pecados de todo o mundo” (I João 2:2).

Quando você coloca sua fé no fato de que Cristo morreu em

seu lugar e confia nEle como Seu Salvador, você passa a usufruir a

salvação pela qual Jesus morreu e ressuscitou (Isaías 53; II Coríntios

5:21; I Pedro 2:24).

A palavra grega traduzida para “confessar”, na verdade é

formada por duas palavras que significam “a mesma coisa” e “falar”.

Portanto, “confessar” literalmente significa “falar a mesma coisa”

que Deus fala ou concordar com Deus. Este é o sentido no qual

somos exortados, no Novo Testamento, para confessarmos Jesus

Cristo (cf. I João 4:1-6).

Ao considerarmos o significado da morte e da ressurreição de

Jesus Cristo, eu o desafio a falar a mesma coisa e a concordar com

Deus a respeito da morte de Jesus Cristo.

O profeta Isaías mostra como confessar que Jesus Cristo

morreu por nossos pecados neste versículo: “Todos nós, tal qual

ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

30

caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós”

(Isaías 53:6).

Este versículo começa e termina com “todos nós”. O

primeiro “todos nós” refere-se à má notícia de que cada um de nós se

desviou para o seu próprio caminho. Você se inclui neste “todos”?

O último “todos nós” deste versículo refere-se às Boas Novas

de que Deus colocou sobre Jesus Cristo os pecados ou as iniqüidades

de todos nós. Você acredita que está incluído nesse “todos nós”?

Quando, pela fé, você se incluir nos dois “todos nós” desse

maravilhoso versículo de Isaías, você estará confessando o valor

eterno, que Jesus Cristo morreu pelos seus pecados.

O Capítulo da Ressurreição da Bíblia

O assunto do capítulo 15 de Primeira Coríntios é sobre

ressurreição. Neste capítulo Paulo mostra que a ressurreição, não

apenas a de Jesus Cristo, mas também a ressurreição dos crentes que

já morreram faz parte do Evangelho que ele pregou quando esteve

em Corinto. Foi por isso que ele iniciou o capítulo dizendo: “Irmãos,

quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês

receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês

são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes

preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão” (15:1, 2).

Paulo então passa a enfocar o Evangelho que tinha pregado:

“Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo

morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e

ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras” (3, 4).

O Evangelho é constituído de dois fatos: a morte de Jesus

Cristo e a Ressurreição de Jesus Cristo. Muitos acreditam que o

Evangelho consiste apenas de um fato: que Cristo morreu pelos

nossos pecados. A morte de Jesus Cristo, quando colocamos nossa

fé nela, significa perdão. Mas colocar nossa fé no segundo fato do

Evangelho, a Ressurreição de Jesus Cristo, significa comunhão com

Cristo, Aquele que pode realmente nos dar a graça de sermos tudo

aquilo para que Ele nos chamou para ser, e fazer. Esses dois fatos

constituem o Evangelho.

Nos próximos cinqüenta e oito versículos, Paulo continua

argumentando sobre o segundo fato do Evangelho, a ressurreição de

Jesus Cristo. Provavelmente a razão para isso seja porque, em carta

que tinham enviado a Paulo os coríntios tinham levantado perguntas

e dúvidas a respeito da ressurreição. Ou talvez essa questão de

ressurreição fosse um problema intelectual para aqueles gregos

filosófica e intelectualmente sofisticados.

Esse capítulo trata principalmente da ressurreição, mas se

inicia com uma declaração explícita sobre o que é o Evangelho.

Você compreende o que é o Evangelho? Pode ser que você não siga

a Cristo porque nunca ouviu sobre o Evangelho. Os quatro primeiros

versículos deste capítulo são uma declaração explícita sobre o que é

o Evangelho ou Boas Novas. Jesus Cristo morreu na cruz, não

apenas pelos pecados do mundo, mas pelos meus e os seus pecados.

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

31

Se você está pensando em crer em Jesus e acha que jamais

poderia viver como os seguidores de Cristo são chamados e

instruídos a viver, você está absolutamente certo! Você não

conseguirá viver dessa maneira se não tiver o poder do Cristo Vivo e

Ressurreto em sua vida. Por isso precisamos compreender o segundo

fato do Evangelho, a Ressurreição de Jesus Cristo. Isso quer dizer

que Ele está vivo, é real e você pode ter um relacionamento pessoal

com Ele, que lhe dará a graça para viver da maneira como um

discípulo de Jesus Cristo deve viver.

Se você ainda não confia em Cristo, gostaria de crer no

Evangelho agora? Se fizer isso, então conhecerá a salvação. E

depois de experimentar a salvação, acompanhe-me no estudo do resto

deste capítulo maravilhoso e veja o que as Boas Novas de

Ressurreição significam para você, tanto para hoje como para quando

você tiver que encarar a inegável realidade da morte.

Capítulo 19

“Fé nos Fatos”

(I Coríntios 15:1-10)

Ao estudarmos o Capítulo da Ressureição do Novo

Testamento, precisamos entender que Jesus Cristo não é apenas uma

figura histórica. Ele não é um profeta ou um mestre morto, nem um

líder que viveu há muitos anos. Estudando a pessoa de Cristo nas

Escrituras descobrimos que Ele é a Palavra que se tornou carne ou

Deus em forma humana. Ele morreu na cruz pelos pecados do

mundo em geral, e em particular pelos nossos pecados. Quando

colocamos nossa fé nessa obra acabada de Cristo por nós na cruz, o

resultado é a nossa salvação pessoal.

Mas Jesus Cristo também ressuscitou dos mortos. Durante a

Última Ceia, antes da traição de Judas, Jesus declarou a Seus

discípulos que as coisas mudariam. Depois de Sua morte e

ressurreição, Jesus estaria no mundo, de uma maneira que

possibilitaria um relacionamento com Ele ainda mais íntimo do que

aquele que eles tiveram enquanto Ele esteve em um corpo físico. E é

isso o que tem acontecido há mais de dois mil anos. Quando você

coloca sua fé pessoal no fato da ressurreição de Cristo, o resultado

pode ser uma comunhão íntima com Ele.

Um dos maiores argumentos que testificam a ressurreição de

Jesus Cristo é a vida e o ministério do apóstolo Paulo. O que foi que

transformou Saulo de Tarso, o homem que odiava os cristãos, no

grande apóstolo de Jesus Cristo? A ressurreição de Jesus Cristo.

Não dá para explicar a vida do Apóstolo Paulo sem pensar em

“experiência”. Ele teve pelo menos três grandes experiências. Ele

teve a experiência na estrada de Damasco e também a experiência no

deserto da Arábia. Paulo alegou que ficou no deserto da Arábia

durante três anos, onde o Cristo Ressurreto lhe ensinou tudo o que

ele compartilhou em suas obras-primas teológicas (Gálatas 1:11-

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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2:10). Ele também teve uma experiência envolvendo o céu (II

Coríntios 12:1-4). No seu capítulo da ressurreição, Paulo alega que o

encontro que teve com o Cristo Vivo transformou sua vida. Ele

escreveu: “...depois destes apareceu também a mim, como a um que

nasceu fora de tempo” (15:8).

Depois Paulo fez a seguinte declaração a respeito de si

mesmo: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para

comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles;

contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo” (10). Alguns

estudiosos consideram que neste texto Paulo se mostrou egoísta, mas,

estudando seus escritos, vemos que não se trata de egoísmo. Preste

atenção nesta importante qualificação do apóstolo: “Mas, pela graça

de Deus, sou o que sou”. Paulo reconheceu que não foi ele quem fez

todas essas coisas. Ele não estava se gloriando, mas apenas falando

de fatos. Ele trabalhou mais do que todos os outros apóstolos juntos,

pela graça de Deus que lhe foi dada.

A ênfase de Paulo nesta passagem é principalmente no

resultado de todo este trabalho apostólico: “Portanto, quer tenha sido

eu, quer tenham sido eles, é isto que pregamos, e é isto que vocês

creram” (11).

Ressurreição Aplicada

No versículo 12 Paulo retoma este fato: se a ressurreição de

Jesus Cristo é verdadeira, então a ressurreição dos seguidores de

Cristo já falecidos também é verdadeira. O resto do capítulo não

enfoca tanto a ressurreição de Jesus Cristo, mas a ressurreição de

todos os crentes.

Os coríntios não duvidaram apenas da ressurreição de Jesus,

mas principalmente do ensino de Paulo sobre a ressurreição dos

crentes. Por isso, até o final do capítulo Paulo associa a ressurreição

de Jesus à ressurreição de todos os seguidores de Cristo.

Leia esses primeiros onze versículos como uma introdução a

este Capítulo da Ressurreição. Observe que Paulo enfoca a

ressurreição de Cristo, tanto como uma parte do Evangelho, como

uma transição para a questão da nossa própria ressurreição. Quando

nos deparamos com a realidade da nossa própria morte ou da morte

de algum dos nossos queridos, esse capítulo passa a ter um

significado muito importante.

Capítulo 20

“Os Quatro Conquistadores”

(I Coríntios 15:12-22)

A partir do versículo 12 Paulo argumenta que a ressurreição

do crente está intrinsecamente ligada à ressurreição de Jesus. Se

temos fé para crer no milagre da ressurreição de Cristo, devemos ter

fé para crer que um dia seremos ressuscitados dos mortos.

Entretanto, se Cristo não ressuscitou dos mortos, então não existe

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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ressurreição dos mortos para ninguém. Procure sempre acompanhar

a lógica do apóstolo Paulo. Ele escreveu: “Ora, se está sendo

pregado que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como alguns de

vocês estão dizendo que não existe ressurreição dos mortos? Se não

há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cristo não

ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que

vocês têm. Mais que isso, seremos considerados falsas testemunhas

de Deus, pois contra ele testemunhamos que ressuscitou a Cristo

dentre os mortos. Mas se de fato os mortos não ressuscitam, ele

também não ressuscitou a Cristo. Pois, se os mortos não

ressuscitam, nem mesmo Cristo ressuscitou. E, se Cristo não

ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus

pecados. Neste caso, também os que dormiram em Cristo estão

perdidos. Se é somente para esta vida que temos esperança em

Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão”

(15: 12-19).

Você está acompanhando a argumentação de Paulo? Essas

duas ressurreições estão intrinsecamente ligadas. A ressurreição de

Jesus foi a prova de que a ressurreição do crente é possível. O

milagre da nossa própria ressurreição leva-nos à dimensão eterna.

A seguir Paulo passa a ensinar um assunto que para mim é

fascinante. Ele escreveu: “Visto que a morte veio por meio de um só

homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só

homem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em

Cristo todos serão vivificados” (21-22).

Na Carta aos Romanos Paulo escreveu uma versão mais

completa deste ensino, o qual podemos chamar de “Os Quatro

Conquistadores” (cf. Romanos 5:12-21). Nesta passagem Paulo

descreve quatro conquistadores nos quais podemos pensar como

quatro reis. Primeiramente Paulo fala do Rei Pecado. O pecado

entrou no mundo e abundou nele até conquistá-lo. Depois passou a

reinar no mundo.

Paulo ensina que o Rei Morte veio logo depois do Rei

Pecado. Quando a morte entrou no mundo como uma conseqüência

do pecado, ela abundou até que conquistou toda a humanidade.

Morte aqui significa tanto a morte física como a espiritual – “o

salário do pecado é a morte” (cf. Romanos 6:23). Cedo ou tarde a

morte conquista cada um de nós e a única razão por que a morte

conquista todos nós é porque o pecado conquistou a todos. As duas

primeiras coisas que Paulo descreve nessas palavras profundas que

escreveu aos romanos são “as más notícias”.

Mas depois Paulo anuncia as Boas Novas. Ele conta que o

Rei Jesus entrou neste mundo e abundou nele até que conquistou e

reinou, possibilitando que nós reinemos em vida através de um

relacionamento pessoal com Ele. Assim, o terceiro Rei é Jesus e o

quarto é, potencialmente, você e eu, o Rei Você e o Rei Eu. Nós

podemos entrar nesta vida e abundar nela em Cristo (cf. João 10:10).

Podemos reinar em vida através de Jesus Cristo e sermos mais do que

vencedores através dEle (Romanos 5:17; 8:37). Tudo isso que foi

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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bem explicado na versão ampliada da Carta aos Romanos, encontra-

se de maneira simplificada nos versículos 21 e 22.

A expressão “em Cristo” é a mais bonita do Novo

Testamento. Paulo usa essas duas palavras 97 vezes em suas cartas.

O que significa estar em Cristo? Estar em Cristo é mais do que estar

em uma igreja ou em um ministério. Estar em Cristo significa estar

localizado na Pessoa, relacionado com a Pessoa da mesma maneira

que um ramo está relacionado com a vinha. Jesus Cristo está vivo e

ativo no planeta Terra como resultado da Sua ressurreição. Nós

podemos habitar como ramos no Cristo Vivo e Ressurreto, com Ele

sendo nossa Vinha (cf. João 15:1-16).

Em seus escritos, o apóstolo Paulo conta que ele estava

constantemente em Cristo. Tudo o que fazia era em Cristo, por

Cristo e para Cristo. Cristo se tornou o centro de sua vida. É esse o

significado destas suas palavras: “... em Cristo todos serão

vivificados”. Nós só experimentamos vida verdadeira depois que

passarmos a viver em Cristo.

Capítulo 21

“O Corpo Espiritual”

(I Coríntios 15:23-46)

Nesses versículos Paulo ensina que existe uma ordem na

ressurreição. “Mas cada um por sua vez...”, afirma ele. Aqueles que

já estudaram sobre a Segunda Vinda de Cristo sabem que quando

Cristo voltar chamará deste mundo aqueles que estão nEle. Lemos

que “dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de

Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo

ressuscitarão primeiro” (I Tessalonicenses 4:16). Os crentes que

estiverem vivos quando Cristo voltar, serão radicalmente

transformados para estarem preparados para o estado eterno.

Comentaremos melhor este assunto mais adiante. Mas, no versículo

24 Paulo afirma: “Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a

Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e

poder”.

No versículo 30 Paulo levanta a seguinte pergunta: “Também

nós, por que estamos nos expondo a perigos o tempo todo?”. E

continua: “Todos os dias enfrento a morte, irmãos; isso digo pelo

orgulho que tenho de vocês em Cristo Jesus, nosso Senhor. Se foi

por meras razões humanas que lutei com feras em Éfeso, que ganhei

com isso? Se os mortos não ressuscitam, ‘comamos e bebamos,

porque amanhã morreremos’” (31 e 32). De certa forma, ele

continua com o assunto que iniciou no versículo 19: “Se é somente

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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para esta vida que temos esperança em Cristo, somos, de todos os

homens, os mais dignos de compaixão”.

No versículo 33 Paulo repreende os coríntios citando um

provérbio grego - “Não se deixem enganar: 'As más companhias

corrompem os bons costumes’”. Ele estava sugerindo que os crentes

de Corinto tinham sido corrompidos pelos valores da cultura grega.

No versículo 34 lemos: “Como justos, recuperem o bom senso e

parem de pecar; pois alguns há que não têm conhecimento de Deus;

digo isso para vergonha de vocês”. Paulo queria chocar os crentes

de Corinto e fazê-los voltar aos valores de um seguidor de Cristo e

considerarem a ressurreição como parte vital desses valores. Ele

estava enfocando os valores eternos de um crente e, essencialmente,

dizendo: “Porque vocês permitiram ter o caráter corrompido pela

cultura na qual vivem? Por causa disso existem pessoas na cidade de

Corinto que ainda não conhecem a Deus. Vocês deveriam se

envergonhar!”

Essas palavras de Paulo são chocantes e deveriam recuperar

os verdadeiros valores daqueles que crêem no Evangelho. Em sua

carta aos romanos o apóstolo recomendou aos que desejam descobrir

e fazer a vontade de Deus, que “se ofereçam em sacrifício vivo, santo

e agradável a Deus; este é o culto racional” (Romanos 12:1). Jesus

ensinou que podemos ser a luz do mundo e o sal da terra (cf. Mateus

5:13-16). Essas duas metáforas significam que devemos causar

impacto e revolucionar nossa cultura, e não sermos impactados pela

cultura em que vivemos. Paulo ensinou essa mesma verdade nesses

versículos.

No versículo 35 ele inicia o que considero o coração desse

grande Capítulo da Ressurreição. Nele Paulo responde duas

perguntas que os coríntios tinham feito: “Como os mortos são

ressuscitados?” e “Que tipo de corpo terão?”. Essas duas perguntas

são óbvias para qualquer um que reflita sobre a ressurreição dos

crentes em Jesus. De que forma acontece a ressurreição? E que tipo

de corpo os ressuscitados terão?

Para responder a estas duas perguntas, Paulo usa a ilustração

da semente na terra. É uma ilustração muito bonita dentro da

chamada “lógica inspirada” desse apóstolo. Como você pode

perceber, os crentes de Corinto, como intelectuais gregos que eram,

diziam que não acreditavam em ressurreição porque não podiam

compreendê-la. Acho que Paulo argumentou: “Olha, vocês

acreditam em muitas coisas que não compreendem. Quando jogamos

uma semente na terra, ela morre e deixa de ser uma semente. Deus

lhe dá um novo corpo. Pode ser o corpo de uma linda flor. Mesmo

que vocês não compreendam esse milagre, sabem que ele existe e

crêem nele”.

Naquele tempo era comum as pessoas terem suas próprias

hortas para sustento da família. Elas plantavam as sementes crendo

que elas produziriam verduras e legumes. Por esse motivo Jesus e os

escritores do Velho Testamento usaram tanto a metáfora de plantar e

colher. Paulo argumentou que eles, pelo fato de terem seus jardins e

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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hortas, criam no milagre da semeadura e da colheita, mesmo sem

compreender como uma semente se torna uma flor ou uma fruta.

Paulo argumentou que o corpo humano é exatamente como

uma semente. E neste cenário, ele não é enterrado, mas plantado.

Nesses versículos o apóstolo conclui: “Assim será com a

ressurreição dos mortos. O corpo que é semeado é perecível e

ressuscita imperecível; é semeado em desonra e ressuscita em

glória; é semeado em fraqueza e ressuscita em poder; é semeado um

corpo natural e ressuscita um corpo espiritual. Se há corpo natural,

há também corpo espiritual” (42-44).

Esta é uma descrição muito bonita da ressurreição. As

Escrituras ensinam que o homem é feito de pelo menos duas partes: a

parte física, tangível e material, que se pode vê, e a parte espiritual,

aquela que não se vê. Quando o homem morre, a parte física se

corrompe e é plantada na terra em corrupção. Como uma semente

que deixa de ser semente para produzir uma flor, assim, a fim de nos

prepararmos para o estado eterno, nosso corpo corruptível tem que

passar por um milagre que o fará incorruptível. Quando esse corpo é

plantado não tem honra, mas quando ressuscitar, será em glória.

Quando morre, o corpo é a epítome absoluta da fraqueza, por

isso é plantado em fraqueza. Mas quando ressuscitado, será

levantado em poder.

Paulo então traz um grande ensino: “é semeado um corpo

natural e ressuscita um corpo espiritual” (44). Um corpo espiritual?

O que ele quis dizer com “corpo espiritual”? João afirmou que ainda

não foi revelada a natureza de um corpo ressurreto. Ele escreveu:

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o

que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestara,

seremos semelhantes a ele, pois (então) o veremos como ele é

(agora)” (I João 3: 2).

O nosso corpo ressurreto vai ser exatamente igual ao corpo

ressurreto de Jesus? No primeiro capítulo de sua primeira carta, João

ressaltou que ele viu e apalpou o corpo ressurreto do Cristo

Ressuscitado. Entretanto no terceiro capítulo, João escreveu que

ainda não foi revelado como serão nossos corpos ressuscitados.

No Capítulo da Ressurreição o ensino de Paulo é claro: existe

o corpo natural e o corpo espiritual. E mais, “Não foi o espiritual

que veio antes, mas o natural; depois dele, o espiritual” (15:46).

Continue a estudar esse capítulo refletindo sobre o que Paulo

quis dizer ao escrever que temos um corpo natural e que através do

milagre da ressurreição Deus vai nos dar um corpo espiritual.

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Capítulo 22

“Vitória Sobre a Morte”

(I Coríntios 15:46-58)

Os coríntios tinham duas dúvidas a respeito da ressurreição

do crente: como ele seria ressuscitado e que tipo de corpo teria. E a

resposta de Paulo foi: “Existem dois tipos de corpos. Existe o corpo

natural e o corpo espiritual. O corpo natural vem primeiro e é

seguido pelo corpo espiritual. ‘O primeiro homem era do pó da

terra; o segundo homem, dos céus. Os que são da terra são

semelhantes ao homem terreno; os que são dos céus, ao homem

celestial. Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos

também a imagem do homem celestial’ (47-49)”.

Paulo estava dizendo que fomos feitos para viver em dois

mundos, não apenas em um. Recebemos um corpo físico para viver

na Terra. Na parte mais importante desse capítulo Paulo afirma que

também fomos feitos pelo nosso Criador para vivermos no céu.

Nosso Deus um dia nos dará um corpo espiritual que nos equiparará

para vivermos no céu por toda eternidade.

Para viver nessa segunda dimensão, a dimensão celestial,

precisamos experimentar o milagre da morte e da ressurreição. Paulo

está dizendo que duas coisas precisam ser cumpridas através do

milagre da morte e da ressurreição. Nosso corpo corruptível tem que

experimentar um milagre que o tornará incorruptível. E nosso

espírito mortal tem que experimentar um milagre que o fará imortal.

Quando nosso corpo se tornar incorruptível e nosso espírito se tornar

imortal, pelo milagre da ressurreição, estaremos prontos para viver

no céu com Deus e com Cristo para sempre!

Vida em Duas Dimensões

Você já observou uma libélula voando de flor em flor com

suas maravilhosas asas duplas? Ás vezes ela fica parada no ar, como

um helicóptero e pode ficar assim durante todo o dia. Essas criaturas

são uma maravilha da aerodinâmica. Com seu par de asas duplas

elas podem voar continuamente.

A libélula passa de um a quatro anos de sua existência dentro

d’água. Em um estudo laboratorial de uma libélula durante o seu

primeiro ano de vida constataremos que essa criatura aquática possui

dois sistemas respiratórios. A libélula que vive debaixo d’água tem

um sistema respiratório que a capacita inalar água através de seu

estreito corpo, retirando oxigênio dela, como acontece com outros

animais aquáticos. Mas também constataremos que essa criatura

fascinante tem um segundo sistema respiratório, que um dia, quando

ela entrar para a segunda dimensão de sua vida, vai capacitá-la a

inalar o ar.

Quando se encerra a primeira fase da vida da libélula na água,

ela sai para a terra, estende suas asas magníficas sob o sol para secá-

las e começa de maneira gloriosa a segunda dimensão da sua

existência. A libélula foi criada por Deus para viver sua existência

em duas dimensões.

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

38

Nesse maravilhoso Capítulo da Ressurreição descobrimos que

temos muito em comum com a libélula. De acordo com Paulo, nós

também fomos criados por Deus para vivermos em duas dimensões.

Deus nos deu um corpo terreno para vivermos aqui na Terra e vai nos

dar um corpo celeste que nos capacitará a viver para sempre, na

segunda e eterna dimensão da nossa existência no céu.

Falando de maneira figurada, se fizéssemos um estudo

laboratorial em um crente nascido de novo, descobriríamos que ele,

assim como a libélula, está equipado com dois sistemas de vida.

Todo crente verdadeiro está equipado com um corpo terreno, um

sistema de vida que o capacita a viver nesta primeira dimensão de

vida e também descobriríamos que todo crente verdadeiro está

equipado com o que Paulo chama de “nova criação” ou “novo

homem” ou ainda “homem interior”. De acordo com Paulo, essa

obra miraculosa de criação do Espírito Santo, como o segundo

sistema de respiração da libélula, é um prenúncio do corpo espiritual

que Deus dará a todo o que crê e com o qual será equipado para viver

no céu eternamente.

Na segunda dimensão da sua vida a libélula revela uma

aerodinâmica maravilhosa. Quando os crentes forem ressuscitados,

quando Deus der a você e a mim corpos espirituais que nos

equipararão para a segunda e eterna dimensão de vida, imagine como

seremos!

Quase no final do Novo Testamento, na Primeira Epístola de

João, esse velho líder da Igreja do Novo Testamento reflete sobre

quem e o que somos como crentes e quem e o que seremos. João

afirma que isso ainda não nos foi revelado, mas será algo

maravilhoso, além de qualquer coisa que possamos imaginar, porque

no céu seremos exatamente como é o Cristo Vivo e Ressurreto (cf. I

João 3: 1, 2)!

No versículo 50 Paulo registrou a empolgante conclusão do

Capítulo da Ressurreição ao escrever: “eu lhes declaro que carne e

sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível

pode herdar o imperecível”. Esta é uma declaração muito profunda!

Como é a dimensão celestial? Paulo está dizendo que nós não

teremos corpos físicos no céu, porque o reino de Deus é incorruptível

e nossos corpos físicos são corruptíveis.

Nos versículos 51 e 52, Paulo continua: “Eis que eu lhes digo

um mistério: Nem todos dormiremos...”. Isso quer dizer que nem

todo mundo vai morrer, porque quando Cristo voltar pessoas estarão

vivas. “... mas ...”, Paulo continuou, “... todos seremos

transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som

da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão

incorruptíveis e nós seremos transformados”.

Mais uma vez Paulo ensina um pouco sobre as coisas futuras

e fala do chamado “arrebatamento da Igreja”. Paulo escreveu que

Jesus Cristo virá e levará Sua Igreja deste mundo. Quando isso

acontecer, os mortos em Cristo serão ressuscitados (cf. I

Tessalonicenses 4:13-18).

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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Paulo escreveu “num momento, num abrir e fechar de

olhos...”, para explicar que se estivermos vivos quando Cristo vier,

num instante seremos totalmente transformados para sermos

preparados para o céu. A expressão grega usada nessa passagem é

literalmente “em um átomo”, ou seja, na menor medida de tempo

possível. Usando um termo mais atual, poderíamos dizer que

seremos “atomizados”.

A questão é que temos que ser totalmente transformados pela

morte e pela ressurreição, porque a carne e o sangue não podem

entrar no Reino de Deus. Não podemos levar nosso corpo

corruptível para o céu incorruptível, conforme Paulo escreveu no

versículo 53: “Pois é necessário que aquilo que é corruptível se

revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de

imortalidade”.

Depois vem a conclusão no versículo 54: “Quando, porém, o

que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal,

de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: ‘A

morte foi destruída pela vitória’”. Em outras palavras, o milagre da

ressurreição ocorreu e a morte foi conquistada. O significado literal

da palavra “ressurreição” é “vitória sobre a morte”.

Todos os que crêem no Evangelho e têm entendimento dele,

por experiência própria não devem temer a morte. Através dessa

transformação total e completa que experimentaremos quando o

Senhor voltar, venceremos o problema da morte. A ressurreição

eliminará o ferrão da morte. Por isso, para nós a sepultura é uma

vitória. Nossa morte literal e nossa ressurreição literal removerão o

ferrão do pecado e a força da lei que nos condena.

Não é de se estranhar que Paulo exclame: “Mas graças a

Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”

(57). E como sempre, existe uma conclusão na lógica inspirada de

Paulo que devemos guardar no coração. E porque tudo isso é

verdadeiro, ele escreveu: “Portanto, meus amados irmãos,

mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados

à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de

vocês não será inútil” (58).

Capítulo 23

“Quanto à Coleta”

(I Coríntios 16)

Depois de nos elevar aos céu com o Capítulo da Ressurreição,

Paulo nos traz de volta à terra com a maneira como ele inicia o

último capítulo desta carta pastoral tão prática: “Quanto à coleta...”.

Descobrimos um episódio muito interessante na vida e no ministério

do Apóstolo Paulo com o enfoque que ele dá a esta coleta em

particular. Paulo teve dificuldade para ser aceito pelos crentes judeus

de Jerusalém, talvez porque antes de sua conversão na estrada de

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Damasco ele perseguia ferozmente os crentes messiânicos (Atos 8:1-

3; 9:1, 2).

Acho muito tocante observar que aquele que antes odiava

Cristo e perseguia os Seus seguidores passou a fazer coleta para os

crentes judeus que antes perseguia, e que estavam passando fome em

Jerusalém e na Judéia. A força que sempre fez a igreja de Jesus

Cristo poderosa neste mundo é a graça de Deus que transforma vidas.

Nessas instruções referentes à coleta na igreja, Paulo deixou

alguns princípios de mordomia muito importantes. Esses princípios

estão claramente expostos na seqüência dessa carta (cf. II Coríntios,

capítulos 8 e 9). Estas são as instruções de Paulo neste capítulo: “No

primeiro dia da semana, cada um de vocês separe uma quantia, de

acordo com a sua renda, reservando-a para que não seja preciso

fazer coletas quando eu chegar” (16:2).

Existem dois pontos muito importantes neste versículo. Um

deles é a menção ao primeiro dia da semana. Não é interessante

observar que naquele tempo o “Dia do Senhor”, como os apóstolos

costumavam se referir, não fosse mais o sétimo dia da semana, mas o

primeiro?

Existem muitas provas sobre a ressurreição de Jesus Cristo.

Uma delas é que a Igreja escolheu o primeiro dia da semana para ser

o dia de adoração, em razão de ter sido esse, o dia em que o Senhor

ressuscitou dos mortos. Por isso é importante o que Paulo escreveu,

que “No primeiro dia da semana...” todos deveriam separar fundos

para essa coleta.

A seguir, ele apresenta este princípio: “de acordo com a sua

renda”. Qual é a base que determina quanto o povo deve dar para a

obra do Senhor? No Velho Testamento o padrão era o dízimo, que

correspondia à primeira décima parte da renda da pessoa. Deus

estabeleceu o dízimo para o povo de Israel, como um padrão de

medida, a fim de lhes mostrar que Ele era o primeiro em suas vidas.

Deus sempre soube a medida do comprometimento daquele povo

com Ele.

O povo de Deus também foi instruído a dar ofertas além do

dízimo. Eles também faziam sacrifícios. Davi determinou que não

ofertaria nada a Deus que não lhe fosse um sacrifício, que não lhe

custasse alguma coisa (II Samuel 24:24).

Mas quando chegamos no Novo Testamento, a questão é

mordomia. A mordomia engloba todos esses padrões, porque é o

reconhecimento de que tudo que possuímos já pertence a Deus.

Como mordomos desses bens que pertencem a Deus, devemos ser

fiéis na maneira como administramos os recursos do Senhor. O

critério do Novo Testamento para ofertar é “de acordo com a sua

renda”. Na carta seguinte que Paulo escreveu aos Coríntios ele

ensina que a mordomia se baseia no que você tem e não naquilo que

você não tem.

Também vemos aqui o princípio da integridade, na maneira

como as ofertas são administradas pelos responsáveis em entregar a

coleta para os santos que sofriam em Jerusalém. Paulo deu

instruções para que fossem escolhidos homens que levassem a oferta

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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(3). Vemos aqui o princípio da responsabilidade. Existe uma trágica

irresponsabilidade na prestação de contas dentro do corpo de Cristo.

Alguns ministérios não prestam conta dos milhões que recebem. Isso

não deveria acontecer no corpo de Cristo. Veja como Paulo foi

cuidadoso ao levantar a oferta, insistindo que houvesse prestação de

contas.

Nos dois capítulos de II Coríntios que mencionei, Paulo se

referiu aos padrões de ofertar dos filipenses como exemplo para os

coríntios (II Coríntios 8,9). A igreja de Filipos era a preferida de

Paulo e o apoiava financeiramente de forma constante. Essa igreja

era madura espiritualmente com relação aos princípios de mordomia,

a ponto de Paulo permitir que eles fossem a base principal de apoio

do seu ministério.

No último capítulo desta carta Paulo escreveu: “Se Timóteo

for, tomem providências para que ele não tenha nada que temer

enquanto estiver com vocês, pois ele trabalha na obra do Senhor,

assim como eu. Portanto, ninguém o despreze. Ajudem-no a

prosseguir viagem em paz, para que ele possa voltar a mim. Eu o

estou esperando com os irmãos” (10-11).

Timóteo é um personagem bíblico muito interessante. Ele

parece ser um jovem extremamente sensível e tímido. Quando Paulo

queria transmitir uma verdade, ele a “embrulhava” em uma pessoa, e

com freqüência Timóteo era essa pessoa. Quando Paulo quis mostrar

à igreja de Filipos como viver com Cristo, ele enviou Timóteo para

viver com eles. Ele escreveu aos filipenses: “Espero no Senhor Jesus

enviar-lhes Timóteo brevemente, para que eu também me sinta

animado quando receber notícias de vocês. Não tenho ninguém que,

como ele, tenha interesse sincero pelo bem-estar de vocês, pois todos

buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo”

(Filipenses 2:19-21).

No versículo 13 ele iniciou sua exortação final: “Estejam

vigilantes, mantenham-se firmes na fé, sejam homens de coragem,

sejam fortes. Façam tudo com amor”. Paulo costumava encerrar

suas cartas com esse tipo de exortação. A partir daí Paulo passa aos

cumprimentos, como por exemplo, aos da casa de Estéfanas, e

menciona outras pessoas que ele conhecia. A maioria das cartas de

Paulo termina com esse tipo de cumprimento.

Preste atenção agora nos últimos versículos dessa carta: “As

igrejas da província da Ásia enviam-lhes saudações. Áqüila e

Priscila os saúdam afetuosamente no Senhor, e também a igreja que

se reúne na casa deles” (19). A igreja em Corinto se reunia na casa

de pessoas, como Cloe, e Priscila e Áquila. “Todos os irmãos daqui

lhes enviam saudações. Saúdem uns aos outros com beijo santo. Eu,

Paulo, escrevi esta saudação de próprio punho. Se alguém não ama

o Senhor, seja amaldiçoado. Vem, Senhor! A graça do Senhor Jesus

seja com vocês. Recebam o amor que tenho por todos vocês em

Cristo Jesus. Amém” (20-24).

A saudação de Paulo em todas as suas cartas era: “A graça do

Senhor Jesus seja com vocês”. Paulo cria que se você tiver a graça

do Senhor Jesus Cristo, terá o favor, a bênção e o poder de Deus

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Apostila nº 19: I Coríntios Versículo Por Versículo (Segunda Parte)

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trabalhando em sua vida. Sem a graça de Deus a vida que ele viveu e

usou como exemplo seria impossível. Por isso não há nada que ele

desejasse mais para o povo do que a graça do Senhor Jesus Cristo.

Quando Paulo finalizava suas cartas dessa maneira, era como

se dissesse: “Pela graça de Deus posso viver esta vida para a qual fui

salvo e chamado e você também pode, pela graça do nosso Senhor

Jesus Cristo”. Paulo iniciou essa carta chamando os coríntios de

“santos” e dizendo que eles foram chamados para serem santos. Ele

também escreveu que Deus é fiel e os tinha preparado para cumprir

os propósitos para os quais tinham sido chamados. Na verdade Paulo

conclui a carta do mesmo jeito que começou (1:1-3,9).

Espero que esse estudo de I Coríntios o ajude a crescer na

graça do Senhor Jesus Cristo. A graça do Senhor Jesus é o poder que

você e eu devemos ter para viver a vida para a qual fomos salvos e

para a qual fomos chamados para Deus, em Jesus Cristo, como

santos que vivem em um mundo pecador.