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EdiçãEdição 329 Ano XXIV Dezembro de 2016 Viçosa-MG Veja também nesta edição 6 5 2 3 Visita do Tobias ao produtor: Informativo da Produção de Leite Qualidade do Leite: Dica do Zootecnista Controles Zootécnicos: quais e porquê fazê-los! Henrique Normando Fazenda Boa Esperança Eficiência na recria de novilhas Avaliando a eficiência do pré-dipping Girolando: Aventura genética ou opção real? Os criadores mais antigos relataram que o gado Girolando surgiu por volta das décadas de 1940 e 1950, no Vale do Paraíba, estado de São Paulo, quando um touro da raça Gir invadiu uma pastagem vizinha e cobriu algumas vacas da raça Holandesa, a qual predominava nos rebanhos daquela região. Ao nascerem os produtos desse cruzamento, os criadores observaram que eram animais totalmente diferentes dos tradicionais daquela época. Com o tempo esses animais foram demonstrando várias características interessantes, como a rusticidade, a precocidade e principalmente a produção de leite. O sucesso foi tão grande que produtores passaram a realizar o cruzamento com maior frequência, porém de uma forma desordenada. Por volta de 1979, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o programa Procruza, e deu início a cruzamentos de animais puros da raça Holandês e animais puros da raça Gir leiteiro. Desta forma surgiu definitivamente o Girolando no Brasil, que em 1996 foi reconhecido como uma raça pelo próprio MAPA. Passados 37 anos do início dos cruzamentos, hoje a raça é extremamente difundida no rebanho nacional brasileiro, sendo responsável por 80% da produção de leite no Brasil. Atualmente o Girolando está herdando da raça Gir uma boa capacidade produtiva de leite, além da rusticidade. Juntando essas características com a qualidade inquestionável de produção de leite do Holandês, a raça Girolando “caiu nos braços do mercado brasileiro” pela rusticidade e pela boa produção de leite. Os índices zootécnicos da raça evoluíram ao longo dos anos no país, este aumento pode ser explicado pelo melhoramento genético tanto das raças de origem como o gado Gir e o gado Holandês, quanto do próprio Girolando, resultando em um excelente animal para produção leiteira no Brasil. Sendo animais que possuem boa adaptabilidade, sobretudo nos climas mais tropicais e de topografia difícil, apresentam boa adaptação à alimentação sob pastejo. Sendo assim, em épocas de crises do leite possibilita uma adequação da produção no sentido de reduzir ao máximo o custo de produção e não aumentar o volume do leite produzido a qualquer Trabalhos realizados em conjunto por pesquisadores e produtores rurais está possibilitando um aumento expressivo da capacidade produtiva de vacas da raça Girolando. A produção de leite quase dobrou em 13 anos. Segundo dados da Embrapa Gado de Leite, o aumento foi de 45,9%. Em 2000, a produção era de 3.558 kg em até 305 dias no ano. Em 2013 passou a ser de 5.061 kg no mesmo período, considerando as três primeiras lactações. Outros avanços de desempenho foram registrados no aumento de dias do período de lactação, saltando de 240 dias em 1989, para 283 em 2013. Como reflexo dessa evolução genética, as vendas de sêmen de touros da raça tiveram aumento de mais de 150% entre 2009 e 2013. Atualmente, a raça Girolando é a que mais cresce na produção de sêmen no Brasil, chegando à marca de mais de 774.000 doses produzidas no ano de 2014. Com o melhoramento do gado Girolando a evolução dos índices zootécnicos é constante, registrando um aumento não só da produção de leite, mas também uma melhoria nas demais características de funcionalidade. Para o produtor de leite, esses números representam maior retorno econômico do negócio. Os criadores que investem em animais geneticamente superiores conseguem aumentar a produção e a qualidade do leite produzido, sem precisar aumentar a área de pastagem e nem os gastos com sanidade. O elevado crescimento da raça ao longo dos mais de 20 anos em desenvolvimento no Brasil, demonstra a sua importância e qualidade para a cadeia leiteira nacional, sendo considerada atualmente a principal raça para esta finalidade. O sucesso se deve a fusão de seu ótimo desempenho produtivo em relação aos mais diversificados sistemas de produção leiteira, formas de manejo, topografia e climas encontrados no país. Com isso podemos afirmar que o Girolando atualmente é uma opção real para a produção leiteira do Brasil, afirmação pautada nos benefícios adquiridos de investir numa genética que acumula resultados há mais 70 anos. ANO Intervalo médio de partos (dias) Duração média do período de lactação (dias) Produção média de leite por período de lactação (Kg) Idade média à 1ª cria (meses) 1989 473 240 R$ 1.990,00 38 1992 423 278 R$ 3.323,00 33 1998 419 280 R$ 3.335,00 32 2000 418 287 R$ 3.558,00 32 2003 457 289 R$ 4.403,00 35 2006 457 286 R$ 4.407,00 33 2008 450 283 R$ 4.700,00 34 2010 469 280 R$ 4.761,00 35 2011 463 281 R$ 4.776,00 36 2012 458 284 R$ 4.819,00 36 2013 434 283 R$ 5.061,00 35 Tabela 1: Índices zootécnicos da raça Girolando ao longo dos anos no Brasil Fonte: Adaptação de Associação Brasileira de Criadores de Girolando Daniel Meytre e Pedro Henrique Teixeira Estudantes de Medicina Veterinária e Zootecnia Vaca da raça Girolando

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Page 1: Informativo da Produção de Leite - pdpl.ufv.br · Informativo da Produção de Leite ... custo de produção e não aumentar o volume do leite produzido a qualquer ... Na planilha

EdiçãEdição 329 Ano XXIV Dezembro de 2016 Viçosa-MG

Veja também nesta edição

652 3

Visita do Tobiasao produtor:

Informativo da Produção de Leite

Qualidade do Leite:Dica do Zootecnista

Controles Zootécnicos: quais e porquê fazê-los! Henrique Normando

Fazenda Boa Esperança

Eficiência na recria de novilhas

Avaliando a eficiência do pré-dipping

Girolando: Aventura genética ou opção real?

Os criadores mais antigos relataram que o gado Girolando surgiu por volta das décadas de 1940 e 1950, no Vale do Paraíba, estado de São Paulo, quando um touro da raça Gir invadiu uma pastagem vizinha e cobriu algumas vacas da raça Holandesa, a qual predominava nos rebanhos daquela região. Ao nascerem os produtos desse cruzamento, os criadores observaram que eram animais totalmente diferentes dos tradicionais daquela época. Com o tempo esses animais foram demonstrando várias características interessantes, como a rusticidade, a precocidade e principalmente a produção de leite.

O sucesso foi tão grande que produtores passaram a realizar o cruzamento com maior frequência, porém de uma forma desordenada. Por volta de 1979, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o programa Procruza, e deu início a cruzamentos de animais puros da raça Holandês e animais puros da raça Gir leiteiro. Desta forma surgiu definitivamente o Girolando no Brasil, que em 1996 foi reconhecido como uma raça pelo próprio MAPA.

Passados 37 anos do início dos cruzamentos, hoje a raça é extremamente difundida no rebanho nacional brasileiro, sendo responsável por 80% da produção de leite no Brasil. Atualmente o Girolando está herdando da raça Gir uma boa capacidade produtiva de leite, além da rusticidade. Juntando essas características com a qualidade inquestionável de produção de leite do Holandês, a raça Girolando “caiu nos braços do mercado brasileiro” pela rusticidade e pela boa produção de leite. Os índices zootécnicos da raça evoluíram ao longo dos anos no país, este aumento pode ser explicado pelo melhoramento genético tanto das raças de origem como o gado Gir e o gado Holandês, quanto do próprio Girolando, resultando em um excelente animal para produção leiteira no Brasil.

Sendo animais que possuem boa adaptabilidade, sobretudo nos climas mais tropicais e de topografia difícil, apresentam boa adaptação à alimentação sob pastejo. Sendo assim, em épocas de crises do leite possibilita uma adequação da produção no sentido de reduzir ao máximo o custo de produção e não aumentar o volume do leite produzido a qualquer

Trabalhos realizados em conjunto por pesquisadores e produtores rurais está possibilitando um aumento expressivo da capacidade produtiva de vacas da raça Girolando. A produção de leite quase dobrou em 13 anos. Segundo dados da Embrapa Gado de Leite, o aumento foi de 45,9%. Em 2000, a produção era de 3.558 kg em até 305 dias no ano. Em 2013 passou a ser de 5.061 kg no mesmo período, considerando as três primeiras lactações. Outros avanços de desempenho foram registrados no aumento de dias do período de lactação, saltando de 240 dias em 1989, para 283 em 2013. Como reflexo dessa evolução genética, as vendas de sêmen de touros da raça tiveram aumento de mais de 150% entre 2009 e 2013. Atualmente, a raça Girolando é a que mais cresce na produção de sêmen no Brasil, chegando à marca de mais de 774.000 doses produzidas no ano de 2014.

Com o melhoramento do gado Girolando a evolução dos índices zootécnicos é constante, registrando um aumento não só da produção de leite, mas também uma melhoria nas demais características de funcionalidade.

Para o produtor de leite, esses números representam maior retorno econômico do negócio. Os criadores que investem em animais geneticamente superiores conseguem aumentar a produção e a qualidade do leite produzido, sem precisar aumentar a área de pastagem e nem os gastos com sanidade.

O elevado crescimento da raça ao longo dos mais de 20 anos em desenvolvimento no Brasil, demonstra a sua importância e qualidade para a cadeia leiteira nacional, sendo considerada atualmente a principal raça para esta finalidade. O sucesso se deve a fusão de seu ótimo desempenho produtivo em relação aos mais diversificados sistemas de produção leiteira, formas de manejo, topografia e climas encontrados no país.

Com isso podemos afirmar que o Girolando atualmente é uma opção real para a produção leiteira do Brasil, afirmação pautada nos benefícios adquiridos de investir numa genética que acumula resultados há mais 70 anos.

ANOIntervalo médio

de partos (dias)

Duração média do período

de lactação (dias)

Produção média de leite por

período de lactação (Kg)

Idade média à

1ª cria (meses)

1989 473 240 R$ 1.990,00 38

1992 423 278 R$ 3.323,00 33

1998 419 280 R$ 3.335,00 32

2000 418 287 R$ 3.558,00 32

2003 457 289 R$ 4.403,00 35

2006 457 286 R$ 4.407,00 33

2008 450 283 R$ 4.700,00 34

2010 469 280 R$ 4.761,00 35

2011 463 281 R$ 4.776,00 36

2012 458 284 R$ 4.819,00 36

2013 434 283 R$ 5.061,00 35

Tabela 1: Índices zootécnicos da raça Girolando ao longo dos anos no Brasil

Fonte: Adaptação de Associação Brasileira de Criadores de Girolando

Daniel Meytre e Pedro Henrique TeixeiraEstudantes de Medicina Veterinária e Zootecnia

Vaca da raça Girolando

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Thiago CelsoEx-estagiário do PDPL/PCEPL

Controles Zootécnicos: quais e porquê fazê-los!

Informativo da Produção de Leite

PDPLPrograma de Desenvolvimento

da Pecuária Leiteira

PCEPLPrograma de Capacitação de

Especialistas em Pecuária Leiteira

Equipe PDPL/PCEPL:

Adriano Provezano GomesCoordenador Geral

André Navarro LobatoMédico Veterinário

Christiano NascifZootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Regiane Valéria MagalhãesAuxiliar Administrativa

Rita M. M. de JesusAuxiliar Administrativa

Endereço do PDPL:Ed. Arthur da Silva Bernardes

Subsolo/Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa-MG

Telefax: (31)3899-5250E-mail: [email protected]: www.pdpl.ufv.br

Facebook: PDPL Minas Gerais

Grandes interpretações e um único índiceNayara MagalhãesEstudante de Medicina Veterinária

2

Dica do Zootecnista

Os controles zootécnicos são um conjunto de planilhas e índices que foram desenvolvidos para auxiliar o produtor, saber a real situação de sua fazenda e tomar as decisões necessárias.

Por exemplo, na planilha Repro-dutivo de Vacas e Novilhas podemos agrupar os índices: DEL (Dias em lactação); DPP (Dias pós parto);PS (Período de serviço);IP( Intervalo de parto ); DPIA (Dias pós insemi-nação artificial); Previsão de parto e IPP (Idade ao primeiro parto).Com

esses dados podemos identificar possíveis erros de manejo reproduti-vo, corrigí-los ou até mesmo descar-tar “vacas problemas”.

Na planilha Ganho de Peso, estão os índices: GMD (Ganho médio de diário); GPP (Ganho de peso ponderal); Idade a primeira inseminação artificial prevista e Idade ao primeiro parto previsto; que sinalizarão quanto ao desenvol-vimento e crescimento dos animais em recria da propriedade.

Temos também as planilhas Con-trole Leiteiro, Lactações Encerra-

das, Sanitário, CMT, Controle de Ocorrências, que irão auxiliar o produtor a ser mais eficiente, mos-trando a real situação de seus anima-is, identificando os problemas que podem passar despercebido na lida do dia a dia.

Desta forma é indispensável utilizar os controles zootécnicos na fazenda para tornar a atividade leite-ira cada vez mais eficiente, evitando prejuízos. Com um gerenciamento eficaz destes índices é possível que o produtor obtenha maior rentabilida-de com o seu negócio. Reprodução

Vacas em lactação/hectare (VL/ha) é um índice que pode avali-ar o potencial produtivo de uma pro-priedade, bem como o desempenho técnico nela realizado. O que define esse índice é a eficiência zootécnica e agrícola da fazenda.

A eficiência zootécnica nos fala sobre a composição do rebanho e a quantidade de vacas em lactação, ou seja, como está a distribuição dos animais nas diferentes categorias.

A eficiência agrícola também é importante para determinar os valo-res de VL/ha, através da produtivi-dade alcançada pelas forrageiras cultivadas e utilizadas como alimen-to na propriedade, como por exem-plo: pastagens, culturas para ensila-gem, cana-de-açúcar, capim, fena-ção entre outros. Áreas disponíveis para a atividade leiteira, mas que ainda não tem sido utilizada com alguma cultura, mais as áreas desti-nadas às benfeitorias (corredores e estradas) definem a capacidade de suporte da propriedade. O valor que buscamos para a relação VL/ha é de 1 vaca em lactação para cada hectare de terra utilizada para pecuária, no mínimo.

A Fazenda Taquaraçú, localiza-da em Divinésia, propriedade do produtor Cléber Magalhães, é um exemplo de evolução nos últimos 7 anos. Desde quando iniciou a sua participação no PDPL/PCEPL, há 7 anos, a propriedade possuía uma relação de 0,37 VL/ha e, atualmente, o valor é de 1,09 VL/ha, ou seja, melhor do que o mínimo preconiza-do.

A média de animais em lactação em 2010 era de 8,4 vacas, com pro-dutividade de 14,8 litros/dia. Atual-

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1000

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2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Vacas em lactação e produção/área pecuária - Fazenda Taquaraçu

VL/hectare (Vl/ha) Produção/Área pecuária (l/ha/ano)

mente o produtor Cléber possui média anual de 16 vacas em lacta-ção, com produtividade de 17,8 litros/dia. Um aumento de 20% na produtividade das vacas em lactação em 7 anos, com o dobro de animais.

O produtor tem melhorado seus resultados graças ao excelente mane-jo de forrageiras. Todo ano ele con-segue uma boa produtividade com a lavoura de milho (safra e safrinha) maior que 50 ton/ha de matéria natu-ral. Produz silagem com qualidade, sendo ela muito bem processada e armazenada. Além do mais, após a colheita do milho o produtor realiza plantio de azevém na área, de forma que o solo não fique ocioso e aumen-ta a eficiência do uso da terra. Essa forrageira riquíssima em proteína é fornecida como pastagem para vacas em lactação. Posteriormente, utiliza-se sua palhada para o plantio direto na safra de milho subsequen-te.

Na propriedade também existe área com plantio de cana de açúcar e uma pequena área de capim, que são fornecidos in natura e a cana corrigi-da com ureia e sulfato de amônio. Este ano teremos novidades que será a silagem de soja, mais um feito do produtor que sempre investe em inovação para potencializar a efi-ciência da terra. Mas não paramos

por aqui, lógico que a nutrição influ-encia muito no desempenho produ-tivo dos animais, mas a genética também é fundamental. Cléber utili-za a inseminação artificial em sua propriedade e possui bons índices reprodutivos. A maior parte de seu rebanho são vacas 3/4 e 7/8 HZ, com uma média de 10 meses de lactação. Durante a noite e entre as ordenhas, esses animais possuem acesso aos piquetes de mombaça adubados.

O trabalho bem feito pelo produtor ao longo dos 7 anos, proporcionou um aumento de mais de 350% da produtividade por área de pecuária/ano, que era 1973,34 litros por hectare em 2010, foi para 7075,43 litros por ha em 2016, sendo o recomendado maior que 5000 litros/ha/ano.

Avaliar o tamanho da terra para determinar o potencial da proprieda-de é fundamental. Vamos buscar extrair de maneira oportuna e dinâ-mica o máximo que o solo pode pro-porcionar. A rentabilidade cada vez maior é consequência da eficiência do trabalho e administração do pro-dutor, e claro, do apoio de toda equi-pe do PDPL/PCEPL.

Não podemos nos esquecer de que a tendência é por grandes produtores de leite em pequenas áreas, pois ser eficiente é produzir

Vl/ha l/ha/ano

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Visita do Tobias ao Produtor...

PDPL/PCEPL, desde 1988, aliando teoria à prática!

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“Aôo pessoal!” Eu sou o Tobias, faço

parte da equipe do PDPL/PCEPL.

Para garantir um melhor resultado e e otimizar o rendimento da fazenda o Sr. Rogério prioriza os indicadores técnicos e econômicos.

Este mês na companhia do estagiário, Isaías Júnior,

vamos conhecer o Sítio Dona Chiquinha no

município de Teixeiras.

O sítio possui uma área de 12,5ha

que são utilizados para pecuária leiteira,

divididos entre pastagem, canavial,

capineira e milho.

A propriedade tem um rebanho composto por 24 vacas em lactação com

produção diária de 573L. A média produtiva dos animais é de 23,81L/VL/dia e

18,5l/VL/dia.

O produtor espera chegar à 30 vacas em lactação durante todo ano, tendo uma produ-ção superior a 650 litros/dia. Este é o volume necessário para ultrapassar o ponto de cober-tura total da atividade, o que deve ocorrer até

o final de 2017.

Esse é o Sr. Rogério Barbosa, proprietário do sítio e parceiro do

PDPL/PCEPL desde 2011.

O rebanho é formado por vacas

Holandezas, Girolando e Jerssey, de boa

qualidade, resultado de sua ótima média de

produção, que está sempre superior a 20

litros/VL/dia e com contagem de células

somáticas baixa.

O bom treinamento da mão de obra também contribui para manter a

baixa contagem bacteriana garantindo a qualidade do leite.

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Para garantir sempre altas produtividades o produtor utiliza dejetos de suíno em suas áreas

de produção de forragens, proveniente de uma granja vizinha o que é uma ótima

forma de melhorar o solo da sua fazenda e maior produtividade de suas lavouras.

Há uma grande atenção e preocupação quanto a produção de

volumosos

Sem o dejeto utilizado, não seria possível produzir

na quantidade de volumosos necessários para seus animais e manter-se na

atividade leiteira.

Durante o período das águas, a fazenda utiliza os seus 5ha de pastagem de Brachiaria e complementa a nutrição dos seus animais com

Silagem de Milho, capim elefante e concentrado. Já no período da seca, o produtor suplementa seu

rebanho com Silagem de Milho, capim elefante, um pouco de pastagem e concentrado. Este manejo garante uma nutrição completa durante todo ano,

mantendo uma boa produção e um ganho de peso diário de 0,65 kg dos animais jovens.

O senhor Rogério está sempre antenado no mercado e nas novas tecnologias que

poderão ser utilizadas na sua fazenda. Para isso sempre consulta os estagiários e os

técnicos do PDPL/PCEPL, pois acredita que juntos poderemos fazer mais pela sua

atividade.

Isaías JúniorEstudante de Agronomia

Até a próxima!Um forte abraço.

Muito obrigado ao Sr. Rogério por compartilhar um pouco da

história.Período 2013 2014 2015 2016

Total de vacas 26 25 23 31

Produtividade (L/Vaca/Dia) 16,10 14,70 19,30 20,31

Produção/MDO (L/Dh) 174,72 165,61 201,00 228,89

Produção por área (L/ha/ano) 9.183,40 8.704,52 10.564,56 12.030,40

Taxa de lotação (animais/ha) 2,08 2,00 2,08 2,48

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Eficiência na recria de novilhasPatrícia MoreiraEstudante de Agronomia

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A criação de novilhas em um sistema de ciclo completo tem por objetivo a reposição de matrizes e o aumento da produção de leite do rebanho. Para isso, não deve ser considerado somente a genética dos animais, mas também suas taxas de ganho de peso e nutrição durante o período de crescimento, assim como seu manejo sanitário. A garantia de sucesso da recria começa na correta colostragem. O colostro tem como função promover imunidade passiva (fornecer anticorpos “prontos”) e nutrição ao bezerro, devendo o primeiro fornecimento ser até as 6 horas após o nascimento. Realizados os primeiros cuidados, os bezerros devem ser alocados em ambiente limpo, seco e saudável para que não fiquem expostos e susceptíveis à doenças, como por exemplo a diarréia. Uma estratégia econômica a ser adotada é o desaleitamento precoce, que reduzirá os custos com o fornecimento de leite e mão de obra, mas também manterá o ganho de peso satisfatório nessa fase da cria. A fazenda Boa Vista adota tais medidas e além disso, após a fase da cria, as bezerras passam por um lote transição para que sejam adaptadas à nova dieta, composta de volumoso e concentrado. O produtor Antônio Moreira conta com a ajuda do seu filho Fabrício Moreira e ambos sabem da importância de manter a recria saudável. Uma outra alternativa utilizada por eles para reduzir os gastos, é misturar o concentrado de novilhas na fazenda. Dessa forma, eles garantem que os alimentos que compõem a dieta dos 18%

O reflexo da eficiência do trabalho dos produtores e da equipe do PDPL/PCEPL pode ser observada nos índices zootécnicos que a fazenda apresenta. O ganho de peso ponderal mantido na propriedade tem média de 0,710kg, refletindo na idade ao primeiro parto de 24 meses. Todos esses bons resultados são consequências de uma boa nutrição, calendários de vacinações em dia, vermifugação e o cuidado diário com as bezerras e novilhas.

Novilhas

Primíparas IPP* (meses)

Produção

(Litros) DEL**(dias)

Primavera

25,9

19

83

Maravilha

23

18

68

Patricia

22,7

18

50

Furnaia

24,3

17

49

Média

24 meses

18 Litros

-

Vale ressaltar que a identificação e o ajuste dos principais pontos críticos devem ser realizados dentro de cada sistema de produção, não existindo receita única de eficiência técnica e produtiva.

Tabela: Dados atualizados do controle leiteiro do mês de Outubro de novi-lhas primíparas da Fazenda Boa Vista. * IPP: Idade ao Primeiro Parto **Dias em Lactação

O Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira no dia 14 de Dezembro de 2016 homenageou os alunos formandos em Agronomia, Zootecnia e Medicina Veterinária egressos em janeiro de 2017. Na ocasião estava presente toda a equipe responsável pelo PDPL/PCEPL e também os paraninfos da turma, ex-alunos e ex-estagiários, Neylor Faber Sepúlveda e Maria Laura Teixeira.

Neylor e Maria Laura são casados e puderam relatar todas suas experiências vividas no programa e trajetória profissional servindo de exemplo de sucesso para os futuros profissionais. Neylor que ao se formar trabalhou com assistência técnica/gerencial no projeto Educampo e que atualmente é autônomo e empresário em sua cidade natal. Laura Mariadestacou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no campo, deixando claro que não é fácil, mas que é possível e fundamental a presença delas nas mais diversas atividades. A lição que ficou, realmente foi que sempre haverá dificuldades a serem sobrepostas, e que os alunos que se formam no PDPL/PCEPL sem dúvidas estão muito bem preparados para encarar o mercado de trabalho, não só com sua excelência profissional, mas também como cidadãos singulares e diferenciados.

Como um dos alunos formando de janeiro de 2017 e egresso do PDPL/PCEPL o principal sentimento que fica é o de gratidão por todos que fizeram parte deste processo. E através desta homenagem podemos perceber de fato o quanto os alunos também são importantes para o programa.

Homenagem aos FormandosPablo PagliotoEstudante de Medicina Veterinária

Bezerras em fase de cria

Animais em recria - Lote 1

Animais em recria - Lote 2

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Qualidade do Leite

Amanda NeriEstudante de Medicina Veterinária

Ord. Produtores Município Produção

1 Antônio Maria Araújo Cajuri 159.4882 Juninho Cabral Dores do Turvo 85.7463 Hermann Muller Visconde do Rio Branco 76.849

4 Cristiano Lana Piranga 54.817

5 Paulo Cupertino Coimbra41.7216

Áureo de Alcântara Guaraciaba 33.4097Rafaela Araújo de Castro Guaraciaba

44.940

8 Geraldo Aleixo Porto Firme 28.551

9 Alvimar Sérgio Teixeiras 20.119

10 José Maria de Barros Presidente Bernardes 18.385

As 10 maiores produções do mês de novembro de 2016

6

Ord. Produtores Município

1 Marcus Duarte Canaã 22,02

Cristiano Lana Piranga 14,7

3 Rafaela Araújo Guaraciaba 18,1

4

José Maria de Barros Presidente Bernardes 13,3

5

Juninho Cabral Dores do Turvo 15,26

Hermann Muller Visc. do Rio Branco 12,8

7

Rogério Barbosa Ponte Nova 18,0

8

Áureo de Alcântara Guaraciaba 21,8

9 Edmar Lopes Canaã 13,1

10

Marcus Paulo Canaã 16,7

As 10 maiores produtividades do mês de novembro de 2016

22,0

17,4

23,6

15,7

18,4

15,3

23,3

24,2

17,5

16,7

Avaliando a eficiência do pré-dipping

Produtividade por vaca em lactação

Produtividade por vaca total

A pele do teto é uma das principais fontes de microrganismos que contaminam o leite. A desinfecção dos tetos antes da ordenha (pré-dipping) é uma medida bastante eficiente, podendo reduzir em até 50% novos casos de mastite. No pré-dipping os produtos usualmente utilizados são: hipoclorito de sódio, iodo, clorexidina e ácido lático.

O iodo é um ativo que age rapidamente e tem amplo espectro, mas tem sua atividade reduzida na presença de matéria orgânica (barro,fezes). Já a clorexidina além de amplo espectro possui bom efeito residual, permite ser utilizada em maiores concentrações, ao contrário do iodo que pode deixar resíduos no leite, e não tem sua ação alterada na presença de matéria orgânica. Quando há considerável resíduo de matéria orgânica e/ou minerais, esses se combinam à solução de cloro (hipoclorito), dando origem ao cloro combinado, que apresenta baixa ação desinfetante. Bactérias gram positivas são menos sensíveis ao ácido láctico.

Há grandes variações nos estudos disponíveis a respeito de qual o produto mais eficaz e existem variações de eficácia entre fazendas com a utilização de um mesmo produto, pois a forma de utilização e os tipos de microrganismos presentes são determinantes para o sucesso da utilização.

Detectado que existe um problema de baixa eficiência do pré-dipping na propriedade, existem testes laboratoriais que podem indicar se o produto está inadequado. Assim, a escolha de um novo princípio ativo pode ser feita.

Em duas propriedades assistidas pelo PDPL foram realizados swabs de teto (parecido com um cotonete, o swab é um instrumento que serve para coletar amostras) antes e após a realização do pré-dipping (em ambas o princípio ativo em uso era o ácido lático). Após os resultados laboratoriais, concluiu-se que esse produto apresentava baixa eficiência por eliminar menos que 50% dos microrganismos da pele do teto após sua aplicação correta (utilizando recipiente não retornável, com tempo de espera de 30 segundos antes da secagem dos tetos com um papel toalha por teto). A tomada de decisão para a troca do produto foi diferente entre as propriedades, no caso da propriedade do Sr. Marcos Duarte testou-se o hipoclorito de sódio, que não resultou em melhora significativa e a segunda escolha foi a base de clorexidina, que apresentou ótimos resultados, como redução dos casos de mastite e melhora no CMT. Na propriedade do Sr. Carlos Alberto, o produto a base de hipoclorito está em teste.

Para ter uma boa eficiência do controle de mastite é necessário um bom manejo de ordenha, uso adequado dos produtos de limpeza de tetos e que esses produtos sejam de boa qualidade e utilizados na concentração adequada.

Desinfetando o teto