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Informativo 885-STF (28/11/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 Informativo comentado: Informativo 885-STF Márcio André Lopes Cavalcante Processos excluídos deste informativo pelo fato de não terem sido ainda concluídos em virtude de pedidos de vista ou de adiamento. Serão comentados assim que chegarem ao fim: AP 937 QO/RJ; RE 670.422/RS. ÍNDICE DIREITO CONSTITUCIONAL CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA CNJ não pode examinar controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário. DIREITO ADMINISTRATIVO CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão. DIREITO PROCESSUAL CIVIL COMPETÊNCIA Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário. DIREITO PENAL CRIMES POLÍTICOS Para a configuração do crime político exige-se o preenchimento de requisitos objetivo e subjetivo. DIREITO PROCESSUAL PENAL FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO Excepcionalmente, o STF mantém no Tribunal a apuração dos fatos envolvendo pessoas sem foro por prerrogativa de função caso o desmembramento cause prejuízo às investigações. PROVA TESTEMUNHAL Ordem de inquirição das testemunhas. DIREITO INTERNACIONAL EXTRADIÇÃO Desnecessidade de novo processo de extradição em caso de reingresso de extraditando foragido. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO COMPETÊNCIA Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista antes da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário.

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Informativo 885-STF (28/11/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1

Informativo comentado: Informativo 885-STF

Márcio André Lopes Cavalcante Processos excluídos deste informativo pelo fato de não terem sido ainda concluídos em virtude de pedidos de vista ou de adiamento. Serão comentados assim que chegarem ao fim: AP 937 QO/RJ; RE 670.422/RS.

ÍNDICE DIREITO CONSTITUCIONAL

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA CNJ não pode examinar controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário.

DIREITO ADMINISTRATIVO

CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

COMPETÊNCIA Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista antes da CF/88 e cuja lei

posteriormente transformou o vínculo em estatutário.

DIREITO PENAL

CRIMES POLÍTICOS Para a configuração do crime político exige-se o preenchimento de requisitos objetivo e subjetivo.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO Excepcionalmente, o STF mantém no Tribunal a apuração dos fatos envolvendo pessoas sem foro por prerrogativa

de função caso o desmembramento cause prejuízo às investigações. PROVA TESTEMUNHAL Ordem de inquirição das testemunhas.

DIREITO INTERNACIONAL

EXTRADIÇÃO Desnecessidade de novo processo de extradição em caso de reingresso de extraditando foragido.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

COMPETÊNCIA Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista antes da CF/88 e cuja lei

posteriormente transformou o vínculo em estatutário.

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Informativo comentado

Informativo 885-STF (28/11/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2

DIREITO CONSTITUCIONAL

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA CNJ não pode examinar controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário

Não cabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são exclusivamente administrativas, o controle de controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário.

STF. 1ª Turma. MS 28845/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/11/2017 (Info 885).

Imagine a seguinte situação hipotética: João foi destituído da função de tabelião de notas em razão de sua investidura ter sido considerada irregular. Ele impetrou mandado de segurança contra esse ato, tendo conseguido uma liminar. Apesar disso, Maria, aprovada no concurso público, foi designada pelo Tribunal de Justiça para o tabelionato de notas anteriormente ocupado por João. Diante disso, João ingressou com um Pedido de Providências no CNJ alegando que o Tribunal de Justiça estava descumprindo a decisão do MS. O CNJ determinou o arquivamento do procedimento, pois reconheceu que a questão estava judicializada. Agiu corretamente o CNJ? SIM. O STF entende que se a questão controvertida já está judicializada, ou seja, caso ela se encontre em exame pelo Poder Judiciário, não deverá o CNJ analisar o tema. Eventual alegação de descumprimento da decisão judicial não é matéria que deve ser solucionada na via administrativa do CNJ, devendo o interessado propor uma reclamação ou outra medida judicial. Em suma:

Não cabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são exclusivamente administrativas, o controle de controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário. STF. 1ª Turma. MS 28845/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/11/2017 (Info 885).

Outro precedente no mesmo sentido:

O Conselho Nacional de Justiça não pode decidir, em procedimento administrativo, matéria que já foi judicializada, ou seja, que está sendo discutida em uma ação judicial. O CNJ tem atribuições de natureza exclusivamente administrativa, razão pela qual não lhe é permitido decidir questões que estejam submetidas à análise judicial. Se a questão já está sendo discutida em ação judicial, não cabe ao CNJ conhecer e apreciar a matéria, sob pena de ele estar assumindo funções jurisdicionais. Se a parte interessada não concorda com a decisão judicial, ela dispõe de recursos para impugná-la, não podendo provocar o CNJ para interferir no assunto. STF. 2ª Turma. MS 27650/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 24/6/2014 (Info 752).

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DIREITO ADMINISTRATIVO

CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão

Importante!!!

A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão de usina hidrelétrica.

A União possui a faculdade de prorrogar ou não o contrato de concessão, tendo em vista o interesse público, não se podendo invocar direito líquido e certo a tal prorrogação.

Dessa forma, a prorrogação do contrato administrativo insere-se no campo da discricionariedade.

A Lei nº 12.783/2013 subordinou a prorrogação dos contratos de concessão de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica à aceitação expressa de determinadas condições. Se estas são recusadas pela concessionária, a Administração Pública não é obrigada a renovar a concessão.

A Lei nº 12.783/2013 pode ser aplicada para a renovação de contratos ocorrida após a sua vigência mesmo que a assinatura do pacto original tenha ocorrido antes da sua edição.

STF. 2ª Turma. RMS 34203/DF e AC 3980/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 21/11/2017 (Info 885).

Imagine a seguinte situação adaptada: A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) possuía um contrato de concessão com a União para prestar o serviço de geração de energia elétrica. O contrato de concessão foi assinado em 1997, sob a égide da Lei nº 9.074/95, e expirou em agosto/2013. A Cemig (concessionária) formulou um pedido de prorrogação do contrato. A União exigiu, para que houvesse a prorrogação, que a Cemig aceitasse as novas condições fixadas pela Lei nº 12.783/2013, diploma legal que trouxe novas regras para as concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A concessionária recusou essas condições ao fundamento de que tem direito à prorrogação segundo o regime jurídico anterior, conforme previsto na cláusula quarta do contrato. Diante da recusa, o pedido de prorrogação do contrato foi negado por ato do Ministro de Minas e Energia. A concessionária impetrou, então, mandado de segurança alegando que uma lei de 2013 não poderia retroagir para alcançar e prejudicar um contrato firmado em 1997. A questão chegou até o STF por meio de recurso. O STF concordou com o pedido da concessionária? NÃO.

A concessionária não tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão de usina hidrelétrica. A União possui a faculdade de prorrogar ou não o contrato de concessão, tendo em vista o interesse público, não se podendo invocar direito líquido e certo a tal prorrogação. Dessa forma, a prorrogação do contrato administrativo insere-se no campo da discricionariedade. A Lei nº 12.783/2013 subordinou a prorrogação dos contratos de concessão de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica à aceitação expressa de determinadas condições. Se estas são recusadas pela concessionária, a Administração Pública não é obrigada a renovar a concessão. STF. 2ª Turma. RMS 34203/DF e AC 3980/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 21/11/2017 (Info 885).

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Discricionariedade na prorrogação A prorrogação de um contrato administrativo não está condicionada apenas a critérios objetivos (apresentação de documentos e comprovantes pela concessionária etc.). A prorrogação do contrato é uma decisão inserida no campo da discricionariedade administrativa, sempre pautada pelo interesse público. Assim, a discricionariedade é uma caraterística presente na prorrogação do contrato administrativo. Nesse sentido, confira o que diz a doutrina: “A Administração não está obrigada a prorrogar os contratos de prestação de serviços contínuos, ainda que dentro das hipóteses e nas situações autorizadas pela Lei nº 8.666/93. Isso porque, como dito, a validade da prorrogação depende das vantagens propiciadas por ela. Ora, a análise das vantagens ou desvantagens da prorrogação equivale à análise da sua conveniência e da oportunidade, o que toca ao núcleo da discricionariedade, uma vez que os agentes dispõem de margem de liberdade para realizar tal juízo. Registre-se que os agentes administrativos não agem com liberdade absoluta. Se a prorrogação for manifesta e objetivamente vantajosa, aos agentes administrativos não cabe pura e simplesmente recusá-la, em detrimento do interesse público.” (NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação Pública e Contrato Administrativo. 3ª dd. Belo Horizonte: Fórum, 2013, p. 774) Essa natural discricionariedade na realização ou não da prorrogação contratual é baseada na supremacia do interesse público e encontra razão de ser na própria finalidade da licitação. A exigência de licitação se dá, consoante prevê a lei nº 8.666/93, para “garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável”. Quando a lei se refere à licitação como forma de garantir a isonomia, encontra-se pressuposta a igualdade de oportunidades, e, portanto, a ocorrência PERIÓDICA de certames, o que define a delimitação temporal dos ajustes firmados com o Estado. De igual modo, ao se referir à vantajosidade, quer a lei ressaltar que o caráter competitivo que é estabelecido pela licitação é salutar ao interesse público, o que, novamente, traduz a intenção da legislação de criar mecanismos de renovação periódica da contratação. A regra, portanto, é que a contratação tenha um termo predefinido – prazo contratual – cabendo à Administração avaliar, ao final do termo e sempre de acordo com os parâmetros legais de atendimento ao interesse público que lhe foram traçados (e em especial a “promoção do desenvolvimento nacional sustentável”), o interesse e a possibilidade de renovação desse prazo. Um contrato de concessão também é firmado a partir de um certame licitatório e tem a temporariedade como uma de suas marcas fundamentais, ocorrendo, desse modo, o encerramento do contrato no prazo nele definido, salvo a realização de ajuste, ao final do termo, pela prorrogação contratual, se atendidas as exigências legais para tanto e se presente o interesse público na permanência do ajuste. A prorrogação é, portanto, um instrumento autorizado pela lei, nunca imposto, e sua realização pressupõe atendimento ao interesse público. Seria inaceitável (e nula) eventual cláusula contratual que obrigasse a Administração a renovar a concessão mesmo que ausente o interesse público nesta medida. Essa regra é ainda mais pertinente em se tratando de contrato de concessão de energia elétrica, em que a prorrogação se estabelece por décadas, a exigir da Administração ainda maior atenção na análise de seu interesse na renovação. Se houvesse um direito subjetivo da concessionária em obter a prorrogação, estaríamos conferindo supremacia dos interesses particulares sobre o público. Possibilidade de incidência da nova legislação sobre o contrato em curso: ausência de direito adquirido No caso concreto, não se trata de alteração legislativa com impacto em contrato em curso. O prazo contratual definido tinha seu término previsto para 28/8/2013. Após essa data não havia qualquer garantia de continuidade do contrato, salvo por meio de prorrogação contratual, se assim fosse do interesse público (discricionariedade administrativa).

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Por escolha governamental, definiu-se novo rumo ao sistema de fornecimento de energia elétrica por meio da Lei nº 12.783/2013. Essa legislação trouxe novas disposições para as concessões de energia elétrica, que deviam ser observadas pela Administração Pública no momento de avaliar a renovação dos contratos de concessão. A lei era expressa nesse sentido. Também a mesma lei estipulou a necessidade de manifestação das concessionárias quanto ao interesse de permanecer sob a contratação nas novas bases legais, respeitando-se, assim, não apenas a discricionariedade administrativa na renovação do contrato, mas também a bilateralidade, igualmente característica dessa forma de ajuste. Vide o teor da norma, no ponto em referência:

Art. 1º A partir de 12 de setembro de 2012, as concessões de geração de energia hidrelétrica alcançadas pelo art. 19 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, poderão ser prorrogadas, a critério do poder concedente, uma única vez, pelo prazo de até 30 (trinta) anos, de forma a assegurar a continuidade, a eficiência da prestação do serviço e a modicidade tarifária. § 1º A prorrogação de que trata este artigo dependerá da aceitação expressa das seguintes condições pelas concessionárias: I - remuneração por tarifa calculada pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL para cada usina hidrelétrica; II - alocação de cotas de garantia física de energia e de potência da usina hidrelétrica às concessionárias e permissionárias de serviço público de distribuição de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional - SIN, a ser definida pela Aneel, conforme regulamento do poder concedente; III - submissão aos padrões de qualidade do serviço fixados pela Aneel;

O princípio do equilíbrio financeiro do contrato, que assegura a equivalência entre as vantagens e os custos tal como calculados no momento da celebração do contrato, deve ser aplicado durante o período de vigência do ajuste. Todo contrato possui um prazo definido e é durante esse período que se exige o equilíbrio da relação contratual. O princípio do equilíbrio do contrato não é obrigatório em caso de prorrogação do ajuste considerando que, neste caso, a Administração Pública poderá impor novas condições assim definidas na lei. Dessa forma, quando uma legislação nova surge, ela deverá respeitar as cláusulas do contrato que estão em vigor até que o ajuste chegue ao seu termo final. Em caso de prorrogação, contudo, é possível já exigir as novas condições, estando o concessionário livre para aceitar ou não os novos termos contratuais. Não se pode falar neste caso que haja violação ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato considerando que ele já chegou ao fim e o que se está discutindo é a sua prorrogação.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

COMPETÊNCIA Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista antes

da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário

Tema polêmico!

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso.

STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/09/2016 (Info 839).

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza trabalhista.

STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 01/10/2015 (repercussão geral).

Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos de vantagem remuneratória, que teve origem em período celetista anterior ao advento do regime jurídico único.

Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é estatutário, compete à Justiça comum processar e julgar a causa.

É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente ao tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional para a solução da controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período celetista.

STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/09/2016 (Info 840).

STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/11/2017 (Info 885).

SITUAÇÃO 1

Imagine a seguinte situação hipotética: Em 1982, João foi contratado pela Administração Pública estadual, sem concurso público, para atuar na função de auxiliar de serviços gerais de um órgão público. Vale ressaltar que João foi contratado para ocupar um emprego público, sendo seu vínculo jurídico celetista, ou seja, regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Nessa época, era permitida a vinculação de servidores à Administração Pública sob regime da CLT. Com o advento da Constituição Federal de 1988, João adquiriu estabilidade, nos termos do art. 19 do ADCT:

Art. 19. Os servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público.

Foi editada uma lei estadual transformando o emprego ocupado por João em cargo público, tendo seu regime jurídico mudado de celetista para estatutário.

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Logo em seguida, João percebeu que a Administração Pública não recolheu as parcelas do FGTS a que ele teria direito. Diante disso, ele procurou um advogado para ajuizar ação contra o Estado-membro pedindo o pagamento das parcelas do FGTS que não foram recolhidas. Surgiu, no entanto, uma dúvida quanto à competência: esta demanda deverá ser proposta na Justiça Estadual (pelo fato de atualmente ele ser servidor estatutário) ou na Justiça do Trabalho (em razão de a verba pleiteada ser trabalhista)? Justiça do Trabalho. Por que o STF decidiu assim? O art. 114, I, da CF/88 prevê o seguinte:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

O STF, ao analisar este dispositivo, decidiu que:

Regime celetista: Justiça do Trabalho Regime estatutário: Justiça comum

O art. 114, I, aplica-se apenas para as causas propostas por empregados públicos (regime celetista) contra a Administração Pública. A competência, neste caso, é da Justiça do Trabalho.

O art. 114, I, não se aplica para as causas propostas por servidores públicos estatutários contra a Administração Pública. Se envolver servidores estatutários, a competência não é da Justiça do Trabalho, mas sim da Justiça comum (estadual ou federal).

Veja a ementa do leading case:

(...) O disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não abrange as causas instauradas entre o Poder Público e servidor que lhe seja vinculado por relação jurídico-estatutária. STF. Plenário. ADI 3395 MC, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 05/04/2006.

O STF também entende que a Justiça competente para julgar litígios envolvendo servidores temporários (art. 37, IX, da CF/88) e a Administração Pública é a JUSTIÇA COMUM (estadual ou federal). A competência NÃO é da Justiça do Trabalho, ainda que o autor da ação alegue que houve desvirtuamento do vínculo e mesmo que ele formule os seus pedidos baseados na CLT ou na lei do FGTS (STF. Plenário. Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 11/11/2015. Info 807). Caso de João No caso de João, não se alega a existência de vínculo estatutário nem de trabalho temporário. Trata-se de contrato de trabalho celebrado em 1982, época na qual se admitia a vinculação de servidores à Administração Pública sob regime da CLT. A verba pleiteada é de natureza celetista e está relacionada com período anterior à CF/88, de empregado público que ingressou no serviço público sem concurso. Em tais situações, o STF possui diversos precedentes, inclusive um em sede de repercussão geral, afirmando que a competência é da Justiça do Trabalho, mesmo tendo havido alteração por meio de lei para o vínculo estatutário do servidor:

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso. STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/09/2016 (Info 839).

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Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza trabalhista. STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 01/10/2015 (repercussão geral).

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os precedentes formados na ADI 3.395-MC não se aplicam ao julgamento de ação envolvendo direitos de servidor público contratado sem concurso, pelo regime celetista e anteriormente à atual Constituição. STF. 1ª Turma. Rcl 17654 ED, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 15/03/2016.

(...) É pacífica a jurisprudência da Corte de que é da Justiça do Trabalho a competência para processar e julgar o feito em que se discute o direito a verbas remuneratórias relativas ao período em que o servidor mantinha vínculo celetista com a Administração, antes, portanto, da transposição para o regime estatutário em decorrência do regime jurídico único. 2. No caso dos autos, não se discute a existência, a validade ou a eficácia das relações entre servidores e o poder público fundadas em vínculo jurídico-administrativo, mas tão somente o direito ou não da ora agravante ao ressarcimento de verbas pagas aos agravados à época em que esses eram regidos pelo regime celetista. (...) STF. 1ª Turma. RE 649995 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/10/2014.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. TRABALHISTA. SERVIDOR CELETISTA. CONTRATO DE TRABALHO ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988. INOCORRÊNCIA DE MUDANÇA AUTOMÁTICA PARA O REGIME ESTATUTÁRIO. DIREITO AO RECEBIMENTO DE VERBAS TRABALHISTAS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. JURISPRUDÊNCIA REAFIRMADA: ARE N. 906.491-RG. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO CONTRATO DE TRABALHO: SÚMULA N. 284 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. STF. 2ª Turma. ARE 913070 AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/11/2015.

TST O TST possui OJ relativamente semelhante e que é importante conhecer. Confira:

OJ-SDI1-138 Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada após a edição da referida lei. A superveniência de regime estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, limita a execução ao período celetista.

Tudo parecia tranquilo e calmo, mas o STF tem proferido algumas decisões aparentemente contraditórias com a sua jurisprudência e que serão explicadas na situação 2 logo abaixo: SITUAÇÃO 2

Imagine a seguinte situação hipotética: Em 1982, Maria foi contratada pela Administração Pública estadual para um emprego público em regime celetista. Em 1990, foi editada uma lei estadual transformando o emprego ocupado por Maria em cargo público, tendo seu regime jurídico mudado de celetista para estatutário. Posteriormente, ela ajuizou ação na Justiça pedindo diferenças remuneratórias decorrentes de reajustes promovidos entre 1987 e 1988, período em que ainda era celetista.

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Informativo 885-STF (28/11/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 9

Quem será competente para julgar esta ação? Justiça Comum (estadual). Segundo decidiu o STF: Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos de vantagem remuneratória, que teve origem em período celetista anterior ao advento do regime jurídico único. Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é estatutário, compete à Justiça comum processar e julgar a causa. É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente ao tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional para a solução da controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período celetista. STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/09/2016 (Info 840). STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/11/2017 (Info 885). Se você perceber bem, esta conclusão exposta nas reclamações contraria os precedentes do STF listados na situação 1 e vai de encontro, inclusive, ao que a Corte decidiu no ARE 906491/RG. Posição para concursos O tema, como visto, está polêmico. Caso seja cobrado nas provas, penso que será exigida a redação literal daquilo que foi divulgado nos informativos ou nas ementas oficiais. Portanto, memorize essas duas conclusões que, se aparecerem nas provas, estarão corretas:

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso. STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/09/2016 (Info 839).

Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos de vantagem remuneratória, que teve origem em período celetista anterior ao advento do regime jurídico único. Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é estatutário, compete à Justiça comum processar e julgar a causa. É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente ao tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional para a solução da controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período celetista. STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/09/2016 (Info 840). STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/11/2017 (Info 885).

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Informativo comentado

Informativo 885-STF (28/11/2017) – Márcio André Lopes Cavalcante | 10

DIREITO PENAL

CRIMES POLÍTICOS Para a configuração do crime político exige-se o

preenchimento de requisitos objetivo e subjetivo

Atenção! Concursos federais

O réu ingressou clandestinamente em uma Usina Hidrelétrica e alterou a posição da chave da bomba de alta pressão de óleo.

O MPF denunciou o agente pela prática do delito de sabotagem, previsto no art. 15 d Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83), que consiste em crime político.

O STF entendeu que não houve crime político considerando que:

• não houve lesão real ou potencial a um dos bens jurídicos listados no art. 1º da Lei nº 7.170/83 (requisito objetivo); e

• o agente não tinha motivação política (requisito subjetivo).

Além disso, o Tribunal entendeu que se tratava de crime impossível, considerando que essa alteração da posição da chave não tinha condão de provocar qualquer embaraço ao funcionamento da Usina.

STF. 1ª Turma. RC 1473/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

Imagine a seguinte situação: João ingressou clandestinamente em uma das unidades geradoras de energia da Usina Hidrelétrica e alterou a posição da chave da bomba de alta pressão de óleo. Diante desse fato, o Ministério Público afirmou que João praticou atos preparatórios de sabotagem contra instalações da Usina Hidrelétrica a fim de impedir o pleno funcionamento de mecanismos (bombas de alta pressão de óleo), conduta que se amoldaria ao crime do art. 15, §2º, da Lei nº 7.170/83:

Art. 15. Praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras instalações congêneres. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. (...) § 2º - Punem-se os atos preparatórios de sabotagem com a pena deste artigo reduzida de dois terços, se o fato não constitui crime mais grave.

De quem é a competência para julgar este delito? Da Justiça Federal. Por quê? Porque os delitos previstos na Lei nº 7.170/83 são considerados crimes políticos, sendo de competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

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Quais são os crimes políticos?

Os crimes políticos a que se refere este inciso são aqueles previstos na Lei de Segurança Nacional (Lei n. 7.170/83). Art. 30 da Lei nº 7.170/83 O art. 30 da Lei nº 7.170/83 afirma que os crimes contra a Segurança Nacional são de competência da Justiça Militar. Este dispositivo não foi recepcionado pelo art. 109, IV, da CF/88, ou seja, a regra ali exposta não é mais válida. Assim, com a CF/88, os crimes previstos na Lei de Segurança Nacional passaram a ser de competência da Justiça Federal comum (Juiz Federal de 1ª instância). Recurso Contra a sentença do Juiz Federal que julgar crime político não cabe apelação, mas sim recurso ordinário constitucional, de competência do STF:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: II - julgar, em recurso ordinário: b) o crime político;

Trata-se, portanto, de um interessante caso no qual uma sentença de Juiz Federal é apreciada diretamente pelo STF em grau de recurso. Vale ressaltar que o STF funcionará como “tribunal de apelação”, ou seja, ele poderá inclusive reexaminar as provas. Neste caso concreto acima narrado, houve crime? NÃO. Necessidade de prova da motivação política Para que se configure crime político, além de a conduta estar enquadrada em um dos tipos previstos na Lei nº 7.170/83, exige-se também que fique comprovada a motivação política do agente. Assim, para que seja crime político, exige-se um especial fim de agir do réu (“dolo específico”), que é a motivação política do agente. Desse modo, pode-se dizer que para que uma conduta seja enquadrada em um dos tipos penais previstos na Lei de Segurança nacional, isto é, para que seja considerada crime político, exige-se o preenchimento de requisitos de ordem objetiva (art. 2º, II c/c art. 1º) e de ordem subjetiva (art. 2º, I): 1) Requisito de ordem objetiva: lesão real ou potencial a um dos bens jurídicos listados no art. 1º da Lei nº 7.170/83. 2) Requisito de ordem subjetiva: o agente deve ter motivação e objetivos políticos em sua conduta.

(...) O Supremo Tribunal Federal, a partir de interpretação sistemática da Lei nº 7.170/83, assentou que, para a tipificação de crime contra a segurança nacional, não basta a mera adequação típica da conduta, objetivamente considerada, à figura descrita no art. 12 do referido diploma legal. 2. Da conjugação dos arts. 1º e 2º da Lei nº 7.170/83, extraem-se dois requisitos, de ordem subjetiva e objetiva: i) motivação e objetivos políticos do agente, e ii) lesão real ou potencial à integridade territorial, à soberania nacional, ao regime representativo e democrático, à Federação ou ao Estado de Direito. (...) STF. Plenário. RC 1472, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 25/05/2016.

No caso concreto, houve dúvidas sobre a real motivação do agente ao alterar a posição da chave da bomba. Pode ter sido por curiosidade ou para causar algum tipo de dano. O certo é que não havia nenhum indício de que ele tenha agido por motivação política.

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Dessa forma, isso, por si só, já afasta a tipificação do crime definido no art. 15 da Lei nº 7.170/83. Não havendo crime político, a conduta é atípica Nos casos em que se reconhece que não houve crime político, a solução a ser adotada consiste em verificar se a conduta se enquadra em um “crime comum”. Ocorre que, na presente situação, a conduta do réu, apesar de reprovável, não se amolda em nenhum outro tipo penal. Crime impossível Por fim, a conduta do réu configura aquilo que é chamado de crime impossível. Isso porque a conduta do réu de “virar a chave do controle remoto para o controle local” não tinha condições de causar nenhum embaraço ao funcionamento da Usina, uma vez que a lesividade em concreto dependia de um segundo comando, no painel central, que não foi feito pelo acusado. Processo: STF. 1ª Turma. RC 1473/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

DIREITO PROCESSUAL PENAL

FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO Excepcionalmente, o STF mantém no Tribunal a apuração dos fatos envolvendo pessoas sem

foro por prerrogativa de função caso o desmembramento cause prejuízo às investigações

Em regra, o STF entende que deverá haver o desmembramento dos processos quando houver corréus sem prerrogativa. Em outras palavras, permanece no STF apenas a apuração do investigado com foro por prerrogativa de função e os demais são julgados em 1ª instância.

No entanto, no caso envolvendo o Senador Aécio Neves, sua irmã, seu primo e mais um investigado, o STF decidiu que, no atual estágio, não deveria haver o desmembramento e a apuração dos fatos deveria permanecer no Supremo para todos os envolvidos. Isso porque entendeu-se que o desmembramento representaria inequívoco prejuízo às investigações.

STF. 1ª Turma. Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

A situação concreta foi a seguinte: Tramita no STF um inquérito para investigar o Senador Aécio Neves (PSDB-MG) e mais três pessoas (Andrea Neves da Cunha, Mendherson Souza Lima e Frederico Pacheco de Medeiros) que teriam supostamente praticado os crimes de corrupção passiva e obstrução de investigação de infração penal envolvendo organização criminosa. A Procuradoria-Geral da República já ofereceu, inclusive, denúncia contra os quatro. Surgiu a dúvida, no caso concreto, se deveria haver o desmembramento dos processos e se a apuração dos fatos relacionados com os três investigados que não possuem foro por prerrogativa de função deveria ser remetida para a 1ª instância. O que entendeu o STF? A 1ª Turma do STF decidiu manter no Tribunal a apuração contra todos, ou seja, Aécio Neves e mais as outras três pessoas sem foro privativo.

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STF analisa a conveniência do desmembramento Vale ressaltar que compete ao STF decidir quanto à conveniência de desmembramento de procedimento de investigação ou persecução penal quando houver pluralidade de investigados e um deles tiver prerrogativa de foro perante a Corte. Em outras palavras, se, durante a investigação criminal, houver investigados com foro por prerrogativa de função no STF e outros sem foro privativo, o STF poderá decidir desmembrar os feitos e permanecer investigando apenas as autoridades, circunstância em que a investigação dos demais será feita em 1ª instância. STF. 2ª Turma. AP 871, 872, 873, 874, 875, 876, 877 e 878 QO/PR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgados em 10/6/2014 (Info 750). Qual é a regra geral em pedidos como esse? Em regra, o STF entende que deverá haver o desmembramento dos processos quando houver corréus sem prerrogativa. Nesse sentido:

O desmembramento de inquéritos ou de ações penais de competência do STF deve ser a regra geral, admitida exceção nos casos em que os fatos relevantes estejam de tal forma relacionados, que o julgamento em separado possa causar prejuízo relevante à prestação jurisdicional. STF. Plenário. Inq 3515 AgR/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/2/2014 (Info 735).

Exceção no caso concreto No caso concreto, a 1ª Turma do STF entendeu que, neste momento, o desmembramento prejudicaria o andamento das investigações. O STF entendeu que as acusações e a conduta de cada um dos investigados relaciona-se com um único fato supostamente delituoso – a solicitação de R$ 2 milhões a Joesley Batista para ajudar a pagar a defesa de Aécio Neves em investigações da Operação Lava-Jato. Desse modo, a investigação se refere a fato único, com diversidade de funções entre os acusados, o que justifica a manutenção das investigações no STF. Neste estágio das investigações, as condutas dos quatro investigados estão indissociavelmente unidas à do Senador e o desmembramento representaria “inequívoco prejuízo às investigações”. Conforme já explicado, a regra é o desmembramento, mas, no caso concreto, as condutas estão de tal forma imbricadas que a separação prejudicaria as investigações. Em suma:

Em regra, o STF entende que deverá haver o desmembramento dos processos quando houver corréus sem prerrogativa. Em outras palavras, permanece no STF apenas a apuração do investigado com foro por prerrogativa de função e os demais são julgados em 1ª instância. No entanto, no caso envolvendo o Senador Aécio Neves, sua irmã, seu primo e mais um investigado, o STF decidiu que, no atual estágio, não deveria haver o desmembramento e a apuração dos fatos deveria permanecer no Supremo para todos os envolvidos. Isso porque entendeu-se que o desmembramento representaria inequívoco prejuízo às investigações. STF. 1ª Turma. Inq 4506 AgR/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

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PROVA TESTEMUNHAL Ordem de inquirição das testemunhas

Segundo a redação atual do art. 212 do CPP, quem primeiro começa fazendo perguntas à testemunha é a parte que teve a iniciativa de arrolá-la. Em seguida, a outra parte terá direito de perguntar e, por fim, o magistrado.

Assim, a inquirição de testemunhas pelas partes deve preceder à realizada pelo juízo.

Em um caso concreto, durante a audiência de instrução, a magistrada primeiro inquiriu as testemunhas e, somente então, permitiu que as partes formulassem perguntas.

O STF entendeu que houve violação ao art. 212 do CPP e, em razão disso, determinou que fosse realizada uma nova inquirição das testemunhas, observada a ordem prevista no CPP.

STF. 1ª Turma. HC 111815/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

O art. 212 do Código de Processo Penal dispõe sobre a forma de inquirição das testemunhas na audiência. Este dispositivo foi alterado no ano de 2008 e atualmente prevê:

Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. (Redação dada pela Lei nº 11.690/2008)

Com a reforma do CPP, operada pela Lei nº 11.690/2008, a participação do juiz na inquirição das testemunhas foi reduzida ao mínimo possível. Desse modo, as perguntas agora são formuladas diretamente pelas partes (MP e defesa) às testemunhas (sistema de inquirição direta ou cross examination). Outra inovação trazida pela Lei é que, agora, quem primeiro começa perguntando à testemunha é a parte que teve a iniciativa de arrolá-la. Ex: na denúncia, o MP arrolou duas testemunhas (Carlos e Fernando). A defesa, na resposta escrita, também arrolou uma testemunha (André). No momento da audiência de instrução, inicia-se ouvindo as testemunhas arroladas pelo MP (Carlos e Fernando). Quem primeiro fará perguntas a essas testemunhas? O Ministério Público. Quando o MP acabar de perguntar, a defesa terá direito de formular seus questionamentos e, por fim, o juiz poderá complementar a inquirição, se houver pontos não esclarecidos. Depois de serem ouvidas todas as testemunhas de acusação, serão inquiridas as testemunhas de defesa (no exemplo dado, apenas André). Quem primeiro fará as perguntas a André? A defesa. Quando a defesa acabar de perguntar, o Ministério Público terá direito de formular questionamentos e, por fim, o juiz poderá complementar a inquirição, se houver pontos não esclarecidos. Quadro resumo (forma de perguntar): As perguntas são formuladas pelas partes diretamente à testemunha. É o chamado sistema da inquirição direta. O sistema de inquirição direta divide-se em: a) direct examination (quando a parte que arrolou a testemunha faz as perguntas) e b) cross examination (quando a parte contrária é quem formula as perguntas). Em provas, contudo, é comum vir a expressão cross examination como sinônima de inquirição direta.

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Ex: o juiz passa a palavra ao promotor: Dr., o senhor pode formular as perguntas diretamente à testemunha arrolada pela acusação. Daí, então, o promotor inicia as perguntas, dirigindo-se diretamente à testemunha: Você viu o réu matar a vítima? O réu segurava um revólver? Qual era a cor de sua camisa? O que o juiz fará? Em regra, o juiz deverá apenas ficar calado, ouvindo e valorando, em seu íntimo, as perguntas e as respostas. O juiz deverá, contudo, intervir e indeferir a pergunta formulada pela parte caso se verifique uma das seguintes situações: a) quando a pergunta feita pela parte puder induzir a resposta da testemunha; b) quando a pergunta não tiver relação com a causa; c) quando a pergunta for a repetição de outra já respondida. Se ocorrer alguma dessas três situações, o juiz deverá indeferir a pergunta antes que a testemunha responda. Quadro resumo (ordem de inquirição): As partes formulam as perguntas à testemunha antes do juiz, que é o último a inquirir. A ordem de perguntas é atualmente a seguinte: 1º) a parte que arrolou a testemunha faz as perguntas que entender necessárias; 2º) a parte contrária àquela que arrolou a testemunha faz outras perguntas; 3º) o juiz, ao final, poderá complementar a inquirição sobre os pontos não esclarecidos. Ex: Ivo foi arrolado como testemunha pela defesa. A defesa do réu começa perguntando. Quando acabar, o juiz passa a palavra ao MP, que irá formular as perguntas que entender necessárias. Por fim, o juiz poderá perguntar sobre algum ponto que não foi esclarecido. Vimos que o juiz é, portanto, o último a perguntar, fazendo-o apenas para complementar pontos não esclarecidos. O que acontece se o juiz não obedecer a esta regra? O que ocorre se o juiz iniciar as perguntas, inquirindo a testemunha antes das partes? Haverá nulidade absoluta ou relativa? Segundo o STF, trata-se de caso de nulidade RELATIVA. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. HC 123840, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 01/08/2017. Alguns pontos importantíssimos que devem ser ressaltados sobre o tema: • Não deve ser acolhida a alegação de nulidade em razão da não observância da ordem de formulação de perguntas às testemunhas, estabelecida pelo art. 212 do CPP, se a parte não se desincumbiu do ônus de demonstrar o prejuízo decorrente da inversão da ordem de inquirição das testemunhas. • O STF vem entendendo que a demonstração de prejuízo, a teor do art. 563 do CPP, é essencial à alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis que “(...) o âmbito normativo do dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans grief compreende as nulidades absolutas” (HC 85.155/SP, Rel. Min. Ellen Gracie). • A inobservância do procedimento previsto no art. 212 do CPP pode gerar, quando muito, nulidade relativa, cujo reconhecimento necessita que a parte demonstre a ocorrência de prejuízo. Trata-se de entendimento reiterado do STF: HC 103525, Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, julgado em 03/08/2010; RHC 110623/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2ª Turma, julgado em 13/3/2012. Importante frisar que o STJ também entende que se trata de nulidade relativa:

A inobservância ao disposto no art. 212 do Código de Processo Penal gera nulidade meramente relativa. São necessárias para seu reconhecimento a alegação no momento oportuno e a comprovação do efetivo prejuízo. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 62.461/MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 03/10/2017.

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Situação concreta decidida pelo STF:

Em um caso concreto, durante a audiência de instrução, a magistrada primeiro inquiriu as testemunhas e, somente então, permitiu que as partes formulassem perguntas. O STF entendeu que houve violação ao art. 212 do CPP e, em razão disso, determinou que fosse realizada uma nova inquirição das testemunhas, observada a ordem prevista no CPP. STF. 1ª Turma. HC 111815/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

DIREITO INTERNACIONAL

EXTRADIÇÃO Desnecessidade de novo processo de extradição em caso de reingresso de extraditando foragido

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Em caso de reingresso de extraditando foragido, não é necessária nova decisão jurisdicional acerca da entrega, basta a emissão de ordem judicial.

STF. 2ª Turma. Ext 1225/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/11/2017 (Info 885).

Imagine a seguinte situação: O Governo da Espanha pediu a extradição de seu nacional Miguel, que vivia no Brasil. O STF deferiu a extradição, tendo esta sido executada (extraditando entregue) em 2014. Ocorre que, em 2016, Miguel fugiu da Espanha e voltou para o Brasil, tendo sido localizado e preso em 2017, em São Paulo. Quando soube da prisão, o Governo da Espanha requereu nova entrega do indivíduo extraditado. Diante disso, indaga-se: neste caso, será necessária nova decisão do STF analisando e deferindo a extradição? NÃO. Veja o que diz o art. 98 da Lei de Migração (Lei nº 13.445/2017):

Art. 98. O extraditando que, depois de entregue ao Estado requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se no Brasil, ou por ele transitar, será detido mediante pedido feito diretamente por via diplomática ou pela Interpol e novamente entregue, sem outras formalidades.

A análise da extradição já foi feita pelo STF por ocasião da primeira entrega. Assim, não é necessária uma segunda avaliação jurisdicional, em caso de reingresso indevido no território nacional. Essa entrega pode ser feita apenas pela via administrativa (diplomática), ou seja, sem a participação do Poder Judiciário? NÃO. A CF/88 proíbe a prisão administrativa e diz que ninguém será preso “senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente” (art. 5º, LXI). Logo, é indispensável a intervenção jurisdicional para decretar a prisão e viabilizar a nova entrega. Resumindo:

Em caso de reingresso de extraditando foragido, não é necessária nova decisão jurisdicional acerca da entrega, basta a emissão de ordem judicial. STF. 2ª Turma. Ext 1225/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/11/2017 (Info 885).

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Vale ressaltar que essa ordem judicial determinando a entrega pode ser uma decisão monocrática proferida pelo Ministro do STF, não se exigindo um julgamento do colegiado.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

COMPETÊNCIA Ação proposta contra a Administração Pública por servidor que ingressou como celetista antes

da CF/88 e cuja lei posteriormente transformou o vínculo em estatutário

Compete à Justiça do Trabalho julgar causa relacionada com depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de servidor que ingressou no serviço público antes da Constituição de 1988 sem prestar concurso.

STF. Plenário. CC 7.950/RN, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/09/2016 (Info 839).

Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar demandas propostas contra órgãos da Administração Pública, por servidores que ingressaram em seus quadros, sem concurso público, antes da CF/88, sob regime da CLT, com o objetivo de obter prestações de natureza trabalhista.

STF. Plenário. ARE 906491 RG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 01/10/2015 (repercussão geral).

Não compete à Justiça do Trabalho julgar controvérsia referente aos reflexos de vantagem remuneratória, que teve origem em período celetista anterior ao advento do regime jurídico único.

Reconhecido que o vínculo atual entre o servidor e a Administração Pública é estatutário, compete à Justiça comum processar e julgar a causa.

É a natureza jurídica do vínculo existente entre o trabalhador e o Poder Público, vigente ao tempo da propositura da ação, que define a competência jurisdicional para a solução da controvérsia, independentemente de o direito pleiteado ter se originado no período celetista.

STF. Plenário. Rcl 8909 AgR/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgado em 22/09/2016 (Info 840).

STF. 2ª Turma. Rcl 26064 AgR/RS, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/11/2017 (Info 885).

Veja comentários em Direito Processual Civil.

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EXERCÍCIOS Julgue os itens a seguir: 1) Não cabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são exclusivamente administrativas, o

controle de controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário. ( ) 2) A concessionária tem direito adquirido à renovação do contrato de concessão de usina hidrelétrica desde

que cumpridos os requisitos objetivos previstos no ajuste. ( ) 3) Para que se configure crime político, além de a conduta estar enquadrada em um dos tipos previstos na

Lei nº 7.170/83, exige-se também que fique comprovada a motivação política do agente. ( ) 4) (Juiz TJ/PE 2013 FCC) As perguntas no procedimento comum serão formuladas pelas partes diretamente

à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. ( )

5) (Juiz TJ/AM 2013 FGV) Desde a reforma do Código de Processo Penal realizada pela Lei n. 11.690/2008, a oitiva de testemunhas no procedimento ordinário passou a ser feita pelo sistema cross examination, ou seja, primeiro as partes devem formular as perguntas, cabendo ao magistrado a sua complementação. De acordo com a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, a inversão dessa ordem configura hipótese de nulidade relativa. ( )

6) Em caso de reingresso de extraditando foragido, é necessária nova decisão jurisdicional acerca da entrega. ( )

Gabarito

1. C 2. E 3. C 4. C 5. C 6. E

OUTRAS INFORMAÇÕES

CLIPPING DA R E P E R C U S S Ã O G E R A L DJe de 13 a 24 de novembro de 2017

REPERCUSSÃO GERAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO 936.790 - SC RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO

Ementa: MAGISTÉRIO PÚBLICO – JORNADA DE TRABALHO – ARTIGO 2º, § 4º, DA LEI Nº 11.738/2008 – CONSTITUCIONALIDADE – RECURSO

EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA.

REPERCUSSÃO GERAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.027.633 - SP RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO

Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO – RÉU AGENTE PÚBLICO – ARTIGO 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL – ALCANCE –

ADMISSÃO NA ORIGEM – RECURSO EXTRAORDINÁRIO – REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA.

REPERCUSSÃO GERAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO 968.646 - SC RELATOR: MIN. ALEXANDRE DE MORAES

Ementa: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIÁRIAS DEVIDAS AOS JUÍZES. EQUIPARAÇÃO AO VALOR PAGO

AOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ISONOMIA ENTRE AS CARREIRAS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.

REPERCUSSÃO GERAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO 883.542 - SP RELATOR: MIN. GILMAR MENDES

Ementa: Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Direito Tributário. 3. Contribuição Sindical Rural recepcionada pela Constituição

Federal de 1988. 4. Hipótese de bitributação. Inocorrência. 5. Repercussão geral reconhecida com reafirmação de jurisprudência desta Corte. 6.

Recurso extraordinário provido.

Decisões Publicadas: 4

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INOVAÇÕES LEGISLATIVAS 13 A 24 DE NOVEMBRO DE 2017

Lei n° 13.506, de 13.11.2017 - Dispõe sobre o processo administrativo sancionador na esfera de atuação do

Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários; altera a Lei no 6.385, de 7 de dezembro de

1976, a Lei no 4.131, de 3 de setembro de 1962, a Lei no 4.829, de 5 de novembro de 1965, a Lei no 6.024, de

13 de março de 1974, a Lei no 7.492, de 16 de junho de 1986, a Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, a Lei

no 9.613, de 3 de março de 1998, a Lei no 10.214, de 27 de março de 2001, a Lei no 11.371, de 28 de novembro

de 2006, a Lei no 11.795, de 8 de outubro de 2008, a Lei no 12.810, de 15 de maio de 2013, a Lei no 12.865,

de 9 de outubro de 2013, a Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964, o Decreto no 23.258, de 19 de outubro

de 1933, o Decreto-Lei no 9.025, de 27 de fevereiro de 1946, e a Medida Provisória no 2.224, de 4 de setembro

de 2001; revoga o Decreto-Lei no 448, de 3 de fevereiro de 1969, e dispositivos da Lei no 9.447, de 14 de

março de 1997, da Lei no 4.380, de 21 de agosto de 1964, da Lei no 4.728, de 14 de julho de 1965, e da Lei

no 9.873, de 23 de novembro de 1999; e dá outras providências. Publicada no DOU, Seção 1, Edição n° 218,

p.1, em 14.11.2017

Lei nº 13.509, de 22.11.2017 - Dispõe sobre adoção e altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto

da Criança e do Adolescente), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no

5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Publicada no DOU,

Seção 1, Edição n° 224, p.1, em 23.11.2017

OUTRAS INFORMAÇÕES 13 A 24 DE NOVEMBRO DE 2017

Decreto nº 9.199, de 20.11.2017 - Regulamenta a Lei no 13.445, de 24 de maio de 2017, que institui a Lei de

Migração. Publicado no DOU, Seção 1, Edição n° 222, p.1, em 21.11.2017

Medida Provisória nº 808, de 14.11.2017 - Altera a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo

Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Publicada no DOU, Seção 1, Edição n° 218, p.1, em 15.11.2017

Secretaria de Documentação – SDO Coordenadoria de Jurisprudência Comparada e Divulgação de Julgados – CJCD

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